Revista APAE em Destaque 016

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APAE em destaque

Publicação da FEAPAE-SP - Federação das APAEs do Estado de São Paulo

Ano 2017 • Edição 16

REVISTA APAE EM DESTAQUE

FUNDO DE PROJETOS JÁ BENEFICIOU MAIS DE

ANO 2017 • EDIÇÃO 16

40 APAES

EM 2017

TEMPLE GRANDIN LOTA TEATRO EM PIRASSUNUNGA APAE_v16_capa_lombada.indd 1

EXPOSIÇÃO FOTOGRÁFICA MOSTRA COTIDIANO DA APAE DE TAQUARITINGA 09/08/2017 15:35:34


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CAPA

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FUNDO DE PROJETOS: SUMÁRIO

NOVA REALIDADE PARA MAIS DE 40 APAES

6 GALERIA DE FOTOS

APAE EM DESTAQUE

RANCHARIA

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SANTA BÁRBARA D’OESTE

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PARIQUERA AÇU

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CERQUEIRA CÉSAR BAURU COTIA

8 NOTAS APAE

DRACENA ITU NOVA ODESSA PEDREIRA TAUBATÉ

47 ESPECIAL COOP

PIRACICABA

SANTOS

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PORTO FERREIRA

JURÍDICO EM DESTAQUE

PIRASSUNUNGA

TAQUARITINGA

FEAPAES EM REVISTA BENEFÍCIOS PARA AS APAES

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PESQUISAS REALIZADAS COM AS APAES

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CAMPANHA SETEMBRO VERDE

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APAE EXCELÊNCIA

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CAPACITAÇÃO DE PROFISSIONAIS DE EDUCAÇÃO FÍSICA

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CONGRESSOS REGIONAIS

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INSPIRAÇÃO SUPERANDO LIMITES: DO TATAME AO PÓDIO

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ARTIGOS

52 ENTREVISTA PATRÍCIA ZUTIÃO

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CLASSIFICAÇÃO INTERNACIONAL DE FUNCIONALIDADE, INCAPACIDADE E SAÚDE

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ALTERAÇÕES NAS REGRAS DO BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA

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EXPEDIENTE DIRETORIA EXECUTIVA

EDITORIAL

Presidente Cristiany de Castro Vice-presidente José Marcelo Alduíno 1ª Secretária Patrícia Regina Miranda da Cruz 2º Secretário Celso Roberto Pegorin 1º Dir. Financeiro Salvador Anésio Ruiz Aylon

2º Dir. Financeiro Luis Roberto Roson Diretor Social Paulo Arantes Diretor de Patrimônio Ivanil de Marins Procurador Jurídico Paulo Rogério Geiger

CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO

É com muita alegria e satisfação que estamos entregando a 16.ª edição da Revista APAE em Destaque, recheada de notícias boas. É nítido como as APAES têm, com muito amor, inovado em seus projetos e proporcionado aos seus usuários atendimento de excelência. E por falar em excelência, nesta edição, traçamos um panorama completo do Programa APAE Excelência, que entra em sua quarta etapa, a de assessoramentos, e apresentamos um exemplo de Associação que conseguiu, com todas as dificuldades que o movimento apaeano vem enfrentando, aplicar as orientações e colher os frutos. Nesta edição também falaremos sobre as articulações políticas em prol das APAES, especialmente a respeito da ampliação do prazo da Nota Fiscal Paulista, uma luta árdua encabeçada pela nossa presidente Dra. Cristiany de Castro, que com muita força e comprometimento não tem medido esforços para que as APAES não sejam prejudicadas pelas mudanças. E já que estamos falando de grandes batalhas, sugiro que leiam a história de superação do judoca Danilo Santa Pacheco, da APAE de Ribeirão Preto, que tem servido de inspiração para os colegas da Associação. Nas próximas páginas também mostraremos como, com um bom toque de inovação, a APAE de Santa Barbara D’Oeste conseguiu inserir seus usuários no ambiente universitário, promovendo assim um belo trabalho de inclusão social. E é claro que não poderíamos encerrar essa conversa sem que eu fizesse um pedido: conheça a história do galo Biquinho e da cadela Princesa e veja como eles mudaram a realidade da APAE de Nova Odessa. Desejo uma excelente leitura! Thaís Demacq Jornalista — Mtb 44568/SP comunicacao@feapaesp.org.br

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Celso Aparecido Cassiano Helio Tadeu Zago Jorge Martins Salgado José Carlos da Silva José Luiz Beneciuti José Perez Perez Josiane Claudia da Silva Jacob Lilian Carla de Oliveira Lúcia Helena Gonçalves Senteio Luiz Antonio Lopes Garcia Márcia Cardoso Luquetti Gianoti

CONSELHO FISCAL Titulares Marcelo Colombo Antônio Pio Neto Eugênia Amorim Ubiali

Marcio Chagas Fernandes da Silva Maria de Fátima Dalmédico de Godoy Maria José de Sousa Nunes Moacyr Fonseca Júnior Nilza Ribeiro Fernandes Afonso Paulo Cesar Zeni Rita de Cássia Ramos Rodrigo de Oliveira Prévide Silvio Filippini Sonia Ap. Martins Bento de Oliveira Vera Lucia Ferreira Lima

Suplentes Celso Bueno José Roberto Guimarães Carlos Eduardo Torres

CONSELHO CONSULTIVO Antônio Cândido Naves

Marco Aurélio Ubiali

EQUIPE TÉCNICA | FEAPAES-SP Superintendência Fernanda Peres Gomes superintendencia@feapaesp.org.br Comunicação Thaís Demacq Mtb 44568/SP Débora Simões Mtb 81427/SP comunicacao@feapaesp.org.br Cursos Lays Alves eventos01@feapaesp.org.br Desenvolvimento Institucional Marina Salomão Anna de Ruijter (estagiária) institucional@feapaesp.org.br Financeiro Simone Coelho Fátima Melo Lucas Almeida Eduardo Carlone (estagiário) financeiro@feapaesp.org.br

Equipe da Qualidade Aline Lima Cássia Regina Rosa Cintia Faccirolli Eliete Travaini Keila Stefani Ketully Cadorim Lucila Castro coordqualidade@feapaesp.org.br Jurídico Thales Araújo Murilo Colombini Cauê Varjão (estagiário) juridico@feapaesp.org.br Recepção e Administrativo Amanda Cristina da Silva Souza Érica Biondi Karla Pereira Veranice Abreu Silva faleconosco@feapaesp.org.br Tecnologia da Informação Rafael Assis tecnologia01@feapaesp.org.br

Edição concluída em julho de 2017 Federação das APAES do Estado de São Paulo Rua Tomaz Pedro do Couto, 471 | Polo Industrial Abílio Nogueira | Franca/SP CEP: 14406-065 | Fone: 16 3403-5010 | Fax: 16 3403-5015 E-mail: feapaes@feapaesp.org.br www.feapaesp.org.br

Revista APAE em Destaque

Redação: Débora Simões e Thaís Demacq. Edição: Thaís Demacq Produção editorial: Zeppelini Publishers / Instituto Filantropia

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PALAVRA DA PRESIDENTE

VITÓRIA PARA AS APAES

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s últimos meses foram de muita luta, uma verdadeira corrida contra o tempo para que as APAES não fossem prejudicadas com as alterações no Programa da Nota Fiscal Paulista, propostas pelo governo estadual. É sabido que essa mudança repentina, na atual conjuntura econômica que se encontram nossas APAES, seria quase catastrófica. Depois de várias reuniões com diversos parlamentares e até mesmo com o governador do estado de São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB), conseguimos ampliar o prazo do Programa da Nota Fiscal Paulista, que se encerraria em setembro, para o fim de dezembro. Assim, as APAES terão um período maior para se adequarem às mudanças. Aproveitamos as visitas à Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (ALESP) para levar outras reivindicações, como o per capita da educação, a isenção de Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) para deficientes intelectuais e a liberação de algumas emendas parlamentares que estão travadas. Também iniciamos no mês de julho uma agenda de visitas a diversas APAES do estado, atendendo o pedido de várias afiliadas a fim de esclarecer dúvidas e também de ouvir as principais demandas de cada uma. As visitas in loco e esse contato têm sido imprescindível no fortalecimento de nossa luta. E não poderia encerrar essa conversa sem antes falar da nossa alegria em concluir o ciclo de 11 congressos regionais e em realizar o congresso estadual, em Águas de Lindoia. Uma oportunidade que temos para contribuir com o aperfeiçoamento da gestão de nossas filiadas, bem como auxiliá-las na busca pela excelência nos serviços prestados, em todas as suas áreas de atuação: assistência, saúde e educação. Observamos assim, que realizamos muito trabalho e que temos muito a avançar. Conto com vocês nessa empreitada! Cristiany de Castro Presidente da Federação das APAES do Estado de São Paulo

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GALERIA DE FOTOS

ARRAIÁ DAS APAES

FERNANDÓ

POLIS

ERI

BARU

GUAÍRA

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IO PATROCÍN

PAULISTA

PENÁPO

LIS

BATATAIS

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NOTAS APAE

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APAE DE CARAGUATATUBA COMEMORA 40 ANOS

017 é um ano de festa para a APAE de Caraguatatuba. No dia 16 de maio a instituição celebrou 40 anos de fundação. A entidade é referência em prestação de serviços para pessoas com deficiência intelectual e múltipla em Caraguatatuba e região. São 40 anos de muita luta e trabalho, para hoje poder oferecer aos 133 usuários uma estrutura que abrange projetos de culinária, artes, esportes, horticultura e jardinagem, além de programas socioeducacionais, da escolarização inicial e do centro de convivência. “A APAE de Caraguatatuba é referência na cidade, e a cada ano eu posso perceber a evolução do nosso trabalho. Estamos expandindo nossos serviços e fazemos questão de mostrar isso para a população. Com isso, cada vez mais a sociedade abraça a causa e entende a necessidade cada vez maior da inclusão de pessoas com deficiência. São 40 anos trabalhando em defesa dos direitos da pessoa com deficiência, isso é motivo de comemoração, estamos muito felizes”, afirma a coordenadora pedagógica Cristiane Souza dos Santos Rocha.

PROJETO JUDÔ É DESTAQUE NA APAE DE SANTA CRUZ DAS PALMEIRAS

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dealizado em 2015 pela presidente da APAE de Santa Cruz das Palmeiras, Marilaine Ferranti Antonialli (Bya), e pela professora de Educação Física, Andrea Cristina Almeida, o projeto leva a prática do Judô para todos os usuários da área educacional da entidade. A iniciativa tem como objetivo trabalhar nos usuários consciência corporal, autoconfiança, concentração e socialização. Marilaine, além de presidente da APAE, também é judoca, árbitra internacional e faixa preta 5.° Dan. Além disso, é mãe de Rafael, de 8 anos, que tem Síndrome de Down. “São 35 anos de esporte, e poder trazê-lo para a APAE é gratificante, ver a alegria dos usuários faz a diferença. Meu filho me trouxe para a instituição, e aqui pude ver o quão diverso é o mundo, cada um é único”, conta Bya. O trabalho tem aprovação unânime dos usuários, que iniciam os treinos a partir dos 6 anos de idade. Como o projeto trabalha a coordenação motora, é possível treinar todos os usuários, inclusive os cadeirantes, mas sempre respeitando os limites de cada pessoa.

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APRESENTAÇÃO DA APAE DE IGUAPE EMOCIONA A POPULAÇÃO LOCAL

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o dia 28 de maio, seis casais de usuários da APAE de Iguape participaram das comemorações do Agita Galera do município, apresentando a dança “A Rosa e o Beija-flor”. A mostra foi realizada na Concha Acústica de Iguape e reuniu cerca de 100 pessoas. O espetáculo é fruto do sucesso das apresentações do Setembro Verde 2016, em que a APAE fez diversas atividades envolvendo a população local. Agita Galera é uma proposta das secretarias de Estado da Educação e da Saúde, apoiada na filosofia que defende a garantia de melhor qualidade de vida por meio da prática diária de 60 minutos (consecutivos ou acumulados) de atividade física.

USUÁRIOS DA APAE DE VALINHOS PARTICIPAM DE CORRIDA COM PAULA FERNANDES

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o dia 21 de maio, dois usuários da APAE de Valinhos participaram, em Campinas, da corrida de rua em comemoração ao segundo aniversário do Projeto Pernas de Aluguel. Os usuários Thiago Rodrigues e Wellington da Silva, acompanhados pelo diretor e coordenador pedagógico Rodrigo Souza da Silva, foram convidados pelo coordenador do programa, João Marcelo. Fazendo uma grande surpresa para todos os participantes, a cantora Paula Fernandes chegou para fazer uma gravação do programa Estrelas Solidárias (exibido no dia 1º de junho na Rede Globo), vestiu a camisa, caminhou com os cadeirantes e no fim fez a entrega de medalhas para os participantes. Em seu Instagram, Paula Fernandes comentou sobre a corrida: “Hoje tive a sorte de vivenciar uma experiência inesquecível, gravei o Estrelas Solidárias com @pernasdealuguel e só tenho a agradecer esses momentos lindos que passei. Um trabalho emocionante que todos vocês têm de conhecer. Obrigada a todos os envolvidos. Eu amei fazer parte desse projeto tão especial”. Pernas de Aluguel atua em Belo Horizonte e Campinas. É um projeto sem fins lucrativos cujos objetivos são promover diversão para pessoas com deficiência motora e proporcionar aos atletas voluntários que conduzem os triciclos a oportunidade de transformar a linha de chegada em algo mais especial do que normalmente é.

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UM CLIQUE NA

INCLUSÃO DIGITAL

APAE de Cerqueira César inaugura moderna sala de informática e permite acesso dos alunos à tecnologia digital

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s alunos da APAE de Cerqueira César conquistaram um novo espaço de aprendizagem. Foi inaugurada no mês de maio a sala de informática, por intermédio do Projeto “Inovar Tecnologia Digital”, que tem entre os principais objetivos auxiliar no desenvolvimento intelectual e educacional dos alunos. O local conta com 10 computadores, que atenderão a 50 crianças e adolescentes. O projeto foi financiado pelo Fundo Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (FMDCA) de Cerqueira César, após análise e aprovação do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA). Pela sala de

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informática, os alunos terão acesso à tecnologia digital, o que fortalecerá a integração neurossensorial e cognitiva e possibilitará aos profissionais apoio relevante no processo de ensino. “Nossa meta é trabalhar o desenvolvimento da autonomia de cada aluno, no uso do computador, para que eles tenham interação no processo ensino-aprendizagem, por intermédio das aulas de informática”, explica Ilana Ribeiro, assistente social da APAE de Cerqueira César. Além disso, o projeto busca inovar as atividades, com os objetivos de estimular ganhos funcionais, possibilitar melhor qualidade de vida, promover a inclusão digital, o desenvolvimento e o conhecimento, proporcionar alegria no convívio com a escola e colegas e integrar uns aos outros.

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RESIDÊNCIA INCLUSIVA DA APAE DE BAURU COMPLETA 10 ANOS DE ATIVIDADES Convidada pelo Ministério do Desenvolvimento Social para apresentar detalhes do projeto em Brasília, a residência situada em Bauru é considerada modelo nacional de excelência na execução desse trabalho

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expressão lar, doce lar encaixa-se bem ao que se propõe a Residência Inclusiva de responsabilidade da APAE de Bauru. Quem entra no local logo percebe o clima aconchegante e acolhedor. Atualmente, a casa conta com 10 moradoras totalmente ativas: estão inseridas no mercado de trabalho e praticam exercícios físicos e outras atividades com a comunidade, como jogos em parques públicos.

Com uma equipe composta por cuidadores, psicólogos, assistentes sociais, terapeutas ocupacionais e coordenadores, a Residência Inclusiva tem conseguido atingir os principais objetivos estabelecidos pela Tipificação Nacional de Serviço Socioassistenciais, que são superar as vivências de violência, garantir a proteção integral à pessoa com deficiência e acolher aqueles que estejam saindo de outras instituições. “A estrutura física é o principal destaque desse serviço, pois garante a individualidade, o conforto dos residentes e respeita suas crenças e valores”,

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afirma Roberto Franceschetti Filho, coordenador do Serviço de Acolhimento da APAE de Bauru. Considerada referência nacional, a Residência Inclusiva, localizada em Bauru, já recebeu inúmeras visitas de outras entidades vindas de todo o país, para conhecer como o trabalho é realizado. Foram 45 municípios do estado de São Paulo, além de outros estados que estavam com projetos semelhantes em processo de implantação, como Alagoas, Espírito Santo e Santa Catarina. “Importante ressaltar que em 2012 e 2016 a APAE Bauru foi convidada pelo Ministério de Desenvolvimento Social para apresentar sua experiência nesse projeto”, acrescenta Roberto.

UMA HISTÓRIA DE SUCESSO O serviço de Residência Inclusiva da APAE de Bauru teve início em maio de 2007, com o

convite da diretora técnica da Diretoria Regional de Assistência e Desenvolvimento Social de Bauru (DRADS) Maria Moreno Perrone, que hoje é considerada a madrinha do projeto. Na ocasião, ela convidou a APAE de Bauru a desenvolver o trabalho, que funcionava no Bairro Vila Independência e acolhia dez mulheres com deficiência intelectual. O serviço prestado pela APAE de Bauru cresceu e tornou-se referência para outras instituições. E as conquistas, fruto do empenho dos profissionais da APAE de Bauru, não cessaram. Em julho de 2014, a residência feminina conquistou sua sede própria, graças à parceria da Secretaria de Desenvolvimento Social do Estado de São Paulo (SEDS), e passou a funcionar no Residencial Parque Granja Cecília. Atualmente, o serviço de Residência Inclusiva da APAE atua com uma residência feminina e uma masculina, acolhendo no total 26 pessoas com deficiência intelectual. Nos dez anos de atuação, o serviço de acolhimento da Residência Inclusiva feminina reintegrou ao convívio familiar 14 pessoas, e uma moradora de 22 anos foi adotada.

VIDAS MUDADAS COM AMOR E DEDICAÇÃO A Residência Inclusiva é uma casa comum, composta de cozinha, sala, banheiros e quartos, onde dormem até três moradoras. Em cada cantinho do local é possível ver a personalidade e o gosto de cada uma. A rotina delas é como a de qualquer pessoa. Levantam, arrumam suas camas, tomam café e dirigem-se para seus trabalhos ou para outras atividades. Vanessa de Cássia Ataíde, 26 anos, é uma das moradoras mais antigas da residência e fala com orgulho do seu lar e de tudo que conquistou. Ela tem ensino médio completo, fez curso de balconista de farmácia e já conseguiu emprego na área. Além disso, faz hidroginástica com sua amiga Natália Cristina Belório, 21 anos, que também é moradora da casa e que trabalha em um supermercado de Bauru há mais de um ano. “Consideramos o serviço um sonho realizado. Um trabalho que vem ao encontro da missão da instituição, que é zelar pela implantação de políticas sociais inclusivas e de proteção, que ampliem as oportunidades, potencialidades e autonomia das pessoas com deficiência”, conclui o coordenador.

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APAE DE COTIA LANÇA LIVRO

APRENDENDO A OLHAR Publicação foi baseada em depoimentos de famílias que aprenderam a olhar o novo com o nascimento dos filhos com Síndrome de Down

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ançado pela APAE de Cotia, no dia 27 de abril, o livro Aprendendo a Olhar: Depoimentos de Famílias que Aprenderam a Olhar o Novo foi idealizado e organizado por Sonia dos Santos e Nathalie Alves, respectivamente diretora pedagógica e psicóloga da instituição. A publicação, que tem o apoio da Henkel Brasil, traz depoimentos de pais e familiares de crianças com Síndrome de Down. Foi elaborada para auxiliar as famílias a enfrentarem o momento do diagnóstico e a enxergar as possibilidades da nova caminhada. Durante todo o processo, que começou em abril de 2016, as organizadoras reuniram-se com diversas famílias que participam da Estimulação Precoce, área da saúde que atende usuários entre 0 e 6 anos e 11 meses. Ao todo foram colhidos 17 depoimentos diferentes, transcritos manualmente por três mães — Célia Nunes, Elida Silva e Renata Borba —, com os objetivos de aproximar o leitor e também evidenciar a realidade. De acordo com Sonia, os depoimentos são reais, mas o livro não tem a pretensão de ser um “manual de instrução” para lidar com crianças com deficiência. “O objetivo desse projeto é compartilhar experiências e a doçura de ser pai, mãe, irmão, tia, avó de pessoas que vêm ao mundo com a missão de encantar. E mostrar que as diferenças são superadas

“MEDO. ESSA FOI A PRIMEIRA PALAVRA QUE ME VEIO À MENTE QUANDO SOUBE QUE MINHA FILHA TINHA SÍNDROME DE DOWN E, EM SEGUIDA, UM SENTIMENTO DE TRISTEZA TAMBÉM [...]. NÃO É FÁCIL RECEBER A NOTÍCIA DE QUE UM FILHO NOSSO É ESPECIAL [...]. ENTRETANTO, O TEMPO VAI PASSANDO E A GRAVIDEZ EVOLUINDO. AQUELE SER PEQUENO COMEÇA A CRESCER [...], A GENTE COMEÇA A IMAGINAR A CARINHA QUE VAI TER, O CABELO, OS OLHINHOS...” (SOLANGE MACHADO, MÃE DE RAFAELA MACHADO)

com amor, respeito, conhecimento e coragem para, muitas vezes, lidar com o preconceito”, afirma a diretora pedagógica. O exemplar também conta com um capítulo com a visão dos profissionais da APAE de Cotia que trabalham na Estimulação Precoce. “O livro também apresenta informações relevantes sobre a importância da estimulação, dedicamos um capítulo sobre mitos e verdades e dicas de leitura”, conta Nathalie Alves. “O livro é um marco na história da APAE de Cotia, que completou 28 anos. Não é um livro da APAE, mas dos pais da APAE”, comentou Paulo Generoso, presidente da instituição. “E não para comércio, mas para instrução, orientação, e isso emociona. A APAE de Cotia trabalha para a qualidade de vida da pessoa com deficiência e tentamos buscar o melhor possível”. Na noite de autógrafos estavam presentes convidados, autoridades e todos os pais e parentes que assinam os depoimentos, além da equipe clínica e demais colaboradores da APAE de Cotia.

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GALOPES DE ALEGRIA:

AJUDA QUE VEM DOS CAVALOS! Equoterapia beneficia usuários da APAE de Dracena há nove anos e os avanços podem ser observados no cotidiano de cada um

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á é mais que comprovado que o convívio com animais traz inúmeros benefícios aos seres humanos: alivia o estresse, diminui a depressão e até mesmo o risco de alergia em crianças. Porém, o que poucos sabem é que os animais também são importantes quando o assunto é reabilitação de pessoas com deficiência. Pensando nisso, a APAE de Dracena tem oferecido aos seus usuários, desde 2008, tratamento por meio da equoterapia. Atualmente, 40 usuários da entidade usufruem os benefícios desse método terapêutico e educacional que utiliza o cavalo numa abordagem interdisciplinar nas áreas de saúde, educação e equitação e que busca o desenvolvimento biopsicossocial das pessoas com deficiência. Entre os ganhos que a terapia oferece, estão a melhora do equilíbrio e da postura, do desenvolvimento da coordenação dos movimentos, membros e visão, a estimulação da sensibilidade tátil, visual, auditiva e olfativa, o aumento da autoestima e da afetividade, a motivação para o aprendizado e o encorajamento do uso da linguagem.

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“Notamos melhora significativa principalmente na postura e no andar de nossos usuários. Percebemos o desenvolvimento que eles tiveram do início até hoje”, comenta Adriana Miyagui, diretora pedagógica da APAE de Dracena. No entanto, o resultado positivo alcançado pela APAE de Dracena é fruto de uma avaliação individualizada de cada usuário. Ou seja, a equoterapia é aplicada de acordo com as peculiaridades e potencialidades de cada um, por intermédio de três programas específicos: a hipoterapia, a educação e reeducação equestre e o pré-esportivo.

COMPETIÇÃO QUE MOTIVA Desde 2014, a APAE realiza no fim do ano letivo a prova dos três tambores, um momento de descontração em que os usuários têm reconhecidos os seus esforços. A competição é dividida em três categorias: A, B e C. Da categoria A, fazem parte os praticantes dependentes que necessitam de um guia para realizar o trajeto e a montaria é ao passo, ou seja, o cavalo tem o andar calmo, que equivale ao caminhar de uma pessoa. Na categoria B, estão inseridos os praticantes independentes, que conduzem o animal sem o auxílio do guia, e a montaria também é ao passo. Já na categoria C, os praticantes são independentes e a montaria é feita por intermédio do trote ou a galope. Ao final, todos os competidores são premiados com medalhas.

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CONSELHO REGIONAL DE ITU PROMOVE 2º FESTIVAL

REGIONAL DE BASQUETE DAS APAES

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arra, determinação e integração são palavras que definem o 2º Festival Regional de Basquete das APAES. O evento foi realizado no dia 18 de maio na Associação Atlética Ituana, em Itu (SP), e reuniu 46 atletas de seis cidades paulistas: Itu, Cotia, Votorantim, Mairinque, São Roque e Sorocaba. Com o intuito de promover a integração entre as APAES do Conselho Regional de Itu, o evento foi idealizado durante as reuniões regionais de esporte, em que ficou definido que cada cidade iria sediar uma modalidade esportiva. A APAE de Itu ficou responsável por sediar o basquetebol, por conta da facilidade em conseguir o espaço e a estrutura. “Nós da APAE temos uma relação muito bacana com a prefeitura e com a Associação Atlética Ituana. Sempre que precisamos do local para realizar algum evento, os responsáveis sempre nos apoiam”, afirma o professor de Educação Física da APAE de Itu, Carlos Alberto dos Santos. Um dos diferenciais do evento foi a integração entre as APAES. Os times não foram definidos por

cidade, mas sim por tamanho e gênero. Assim, as equipes jogavam em igualdade. Segundo Carlos, o objetivo não era a competição, mas sim a festividade. “Foi mais uma seletiva regional para as XIX Olímpiadas Especiais das APAES 2018 e também um momento para os atletas se conhecerem”, afirma o educador. Durante o evento, foram disputadas quatro partidas de basquete, e após os jogos os atletas e técnicos receberam medalhas e troféus de participação. A coordenadora regional de educação física, desporto e lazer do Conselho de Itu, Jociana de Cássia Dias Santos conta que o evento foi maravilhoso. “A recepção da APAE local foi muito boa, os atletas ficaram muito animados. Ver a alegria deles praticando esportes é uma das maiores gratificações que a gente pode ter”, afirma a coordenadora. O 2º Festival Regional de Basquete definiu as equipes masculina e feminina do Conselho Regional de Itu que vão disputar a próxima olimpíada especial das APAES. Os requisitos, segundo Jociana, não era apenas em relação à qualidade técnica, mas também garra, determinação e espirito de equipe contaram para a seleção. APAE EM DESTAQUE • ANO 2017 • EDIÇÃO 16

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BIQUINHO E PRINCESA: MORADORES PARA LÁ DE ESPECIAIS Troca de carinho e afeto faz toda a diferença no desenvolvimento dos usuários da APAE de Nova Odessa, além de promover empatia e senso de responsabilidade

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ra uma vez, um galo muito bonito e uma cadela muito carinhosa... Toda boa história começa assim, e a do galo Biquinho e da cadela Princesa não poderia ser diferente. Eles chegaram à APAE de Nova Odessa e mudaram a realidade do local, levando amor e ensinando sobre sentimentos e valores familiares. O galo Biquinho foi doado à entidade por um vizinho que encontrou no espaço um bom lugar para ele. Já Princesa apareceu há aproximadamente seis anos com outros cachorros que vagavam pelo bairro e, graças ao empenho dos colaboradores, teve a permissão de ficar: foi vacinada, castrada e ganhou até um prontuário como a dos usuários. “Demos comida e, quando fomos pedir para que pudesse passar a noite aqui, tivemos a autorização

para sua adoção. Foi uma festa! De lá para cá, acompanha os professores nas atividades, nos ensaios da quadrilha, os alunos em sala de aula. Enfim, está em todos os lugares, porque sempre tem alguém para lhe dar carinho”, comenta a professora de Educação Física Andiara Lima, uma das responsáveis por sua adoção. Segundo Maria Tereza Casazza, diretora geral da APAE, a presença dos animais traz inúmeras vantagens para o desenvolvimento dos usuários. “Já foi constatado que o contato com animais traz benefícios terapêuticos para as pessoas, e essa interação proporciona bem-estar aos nossos alunos, desenvolvendo-os cognitiva e emocionalmente, levando-os a perceber e valorizar a natureza e os animais”, explica.

AULAS RECHEADAS DE APRENDIZADO E AMOR Um incentivo muito fofo. Assim se pode definir a participação de Princesa durante as aulas. Maria Tereza conta que ela tem carinho por todos os alunos e vice-versa. A cachorrinha acompanha-os até a sala e, por vezes, até assiste às aulas. “Quando cantamos parabéns para os aniversariantes, ela corre e late ao redor, festejando também. Nas atividades fora de sala de aula, está sempre por perto e não se furta a um chamego”, conta. Mas o galo Biquinho, muito charmoso e de postura imponente, não fica para trás quando o assunto é interagir com os usuários. Ele dá um show à parte e encanta a todos com seu lindo cocoricar. “Quando vamos ao pomar para contar a história dele, destacamos os valores e sentimentos, e os alunos ficam observando-o, ele sobe no banco e canta bem alto”, conclui a diretora.

Professora Andiara Lima e a cadela Princesa em momento de descontração

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APAE DE PEDREIRA REALIZA

V FESTIVAL DE ATLETISMO

Atividades esportivas promoveram a inclusão social e a integração entre as APAES da região

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ão restam dúvidas de que o esporte é um importante instrumento educacional que trabalha as capacidades físicas e as habilidades motoras, promove a evolução da qualidade de vida, além de estimular a integração e a inclusão social. Pensando nisso, a APAE de Pedreira realizou no dia 28 de abril o seu V Festival

de Atletismo. As atividades foram realizadas nas próprias instalações da APAE. No dia do festival, aconteciam também manifestações por todo o país, o que impossibilitou que algumas APAES se locomovessem até a cidade de Pedreira. No entanto, o inconveniente não impediu que as atividades fossem realizadas de forma plena. O festival teve início às 8h30, com a solenidade de abertura, que contou com a presença do vice-prefeito

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de Pedreira Fabio Polidoro, Valdir Carlos Volpato (Patão), diretor de esportes da cidade, e Francisco Bertevello, vice-presidente da APAE de Pedreira. Na ocasião, Polidoro falou sobre a importância do esporte como ferramenta de inclusão social. “O esporte é importante na inclusão social para todo e qualquer cidadão. Tenho certeza de que é uma das principais ferramentas para que possamos trabalhar a inclusão social de quem mais necessita, não só em Pedreira, mas em toda a região”, disse. O apoio da prefeitura foi reiterado por Valdir Carlos Volpato. “Temos o intuito de ajudar todos os esportes da cidade, e não poderíamos deixar a APAE de lado, num projeto que já se estende há cinco anos. É gratificante organizar essas competições para esses alunos que são muito especiais para nós”, declarou Volpato.

ANIMAÇÃO NAS DIVERSAS MODALIDADES Após a cerimônia de abertura, tiveram início as atividades envolvendo as delegações de Pedreira, Jaguariúna e Santo Antônio de Posse, com os alunos divididos nas categorias infantil, juvenil, adulto e máster. Foram disputadas provas de

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salto em distância, arremesso de peso, lance livre, entre outras. Já no período da tarde, os alunos disputaram as provas no Clube Náutico Joaquim Carlos, onde também foi realizada a premiação, com troféu para todas as delegações e medalha para todos os alunos, evidenciando que no festival todos são vencedores, pregando a união entre as APAES. “Além do esporte, esse é um festival de amor, de carinho e de união entre as APAES da região. Hoje a APAE de Pedreira está acolhendo as unidades de outras cidades, mas somos todos uma única família, somos todos irmãos”, explica Francisco Bertevello. Graças à prática de esportes, todos os anos pontos positivos são agregados aos alunos, como, por exemplo, no aspecto alimentar e disciplinar, como aponta Bianca Carbonatto, professora de Educação Física da APAE e organizadora do festival. “Essas atividades são ótimas para os alunos do ponto de vista de qualidade de vida, pela socialização. Além disso, a prática de esportes traz muitos ganhos para os alunos, como alguns que apresentavam problemas de alimentação e não comiam direito, mas que passaram, com a prática de esportes, a se alimentar adequadamente. Também é importante na questão disciplinar”, declarou.

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PROJETO ESCOLA NA HORTA E JARDINAGEM NA ESCOLA RECEBE HONRA AO MÉRITO DA CÂMARA MUNICIPAL DE TAUBATÉ APAE de Taubaté utiliza o meio ambiente como tema norteador para os processos de aprendizagem dos usuários

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remiada por cinco anos consecutivos, a APAE de Taubaté busca trabalhar elementos da natureza como fonte de estudo para seus usuários. Em 2017 o foco do Projeto Escola na Horta e Jardinagem na Escola foi a revitalização da instituição com o plantio de flores e ervas medicinais utilizando pneus velhos como vasos. No dia 6 de junho de 2017 a APAE de Taubaté recebeu o 5.º Certificado de Honra ao Mérito. A premiação faz parte da programação da Semana do Meio Ambiente, promovida pela Câmara Municipal da cidade. O Projeto de Educação Ambiental é uma iniciativa que envolve todas as instituições de ensino do município. Nela todos os projetos são apresentados para a comissão avaliadora, e ao final quatro são premiadas com a certificação. Além do projeto premiado, a APAE busca trabalhar o meio ambiente em todos os processos de aprendizagem dos usuários. Segundo a diretora da escola da APAE Sonia Aparecida de Angelis Moreira, a instituição busca estimular o interesse dos usuários. Para isso, o projeto é dividido em três etapas: pesquisa, plantio e produto final. Além do processo de produção, as plantas escolhidas também são trabalhadas na alfabetização dos usuários. “Os usuários executam todo o projeto. Antes do plantio, eles fazem uma pesquisa na sala de informática sobre o tipo de planta que querem cultivar, a

melhor época, como plantar e para o que ela serve. Logo depois, cultivam e colhem as plantas, e para finalizar a planta é utilizada no dia a dia da entidade, para o preparo de alimentos, para uso medicinal (ervas medicinais), para decoração e para a produção de outros produtos, como óleos e colônias de cheiro”, conta Sonia. Para comprar novas mudas e outros materiais para a produção, os usuários também comercializam canteiros de cheiro-verde. Como é uma pequena produção, quem acaba comprando são os próprios funcionários. O dinheiro é distribuído entre os usuários e eles fazem as compras com a ajuda dos familiares.

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AULAS QUE

DESPERTAM A CURIOSIDADE

Projeto Integração promove a interação entre os usuários da APAE de Piracicaba, além de instruir sobre temas relevantes do cotidiano

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om os objetivos de integrar todos os seus usuários e promover aulas que incitem a curiosidade, a APAE de Piracicaba vem desenvolvendo desde o início de 2016 o Projeto Integração, que acontece duas vezes ao mês e trabalha sempre temas diferentes que são escolhidos pela equipe de professores, direção e coordenação pedagógica. Desde que teve início, já foram abordados diversos assuntos, como: profissão, Dia Internacional da Mulher, Dia do Circo, saúde e nutrição, Brasil: seus jogos e brincadeiras, Dia do Trabalho e festa junina. Entre os principais objetivos do Projeto Integração, está o de proporcionar aos alunos mais experiências no ambiente escolar, bem como a possibilidade de vivenciar o papel de multiplicadores daquilo que estão aprendendo dentro da sala de aula. “Notamos ao longo do nosso trabalho que muitos possuem essa barreira, essa dificuldade de se relacionar, e queremos trabalhar nesse sentido, para promover essa abertura e fortalecer a nossa comunicação, os nossos laços de afeto, a troca de

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saberes e a socialização”, explica Juliana Zullini, coordenadora pedagógica. Juliana ainda conta que os temas são escolhidos por meio de um levantamento das datas comemorativas do mês em vigência e é selecionada aquela que faz parte do cotidiano dos alunos. No caso do tema profissões, por exemplo, o intuito foi instruir os alunos sobre o papel de cada profissional. “O objetivo foi que os alunos conseguissem identificar as diversas profissões, que fazem parte do seu cotidiano, para que possam conhecer as funções desempenhadas pelos profissionais. Trabalhamos com as profissões que eles têm mais contato diário, considerando a limitação cognitiva e para que tenha funcionalidade, visto que a APAE desenvolve o trabalho com foco na perspectiva do currículo funcional natural”, afirma. “Com essa atividade, também despertamos o interesse de cada criança ou adolescente a escolher sua futura profissão, já que a instituição realiza a inserção da pessoa com deficiência no mercado de trabalho. O resultado está sendo positivo, e surpreendemo-nos a cada dia com o interesse e a participação dos alunos”, conclui Juliana.

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PROJETO EDUCAÇÃO AMBIENTAL PROMOVE A PRESERVAÇÃO DO MEIO AMBIENTE EM RANCHARIA Usuários da APAE do município e alunos das escolas municipais aprendem a cultivar árvores e plantas

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om o objetivo de proporcionar um momento de aprendizado sobre a importância do cuidado e da preservação da natureza, a prefeitura de Rancharia em 2014 criou o Projeto Educação Ambiental, levando profissionais da área às escolas para aprofundar a consciência social das crianças em relação ao meio ambiente. Em 2015 o projeto passou a ser realizado no Centro de Educação Ambiental (CEA), localizado no Parque Ecológico de Rancharia. Segundo a responsável pelo programa, Lilian Stedefeldi, a mudança fez as crianças terem mais interesse, pois as oportunizaram saírem do ambiente escolar e estar em total contato com a natureza. Desde o ano passado, 2016, a APAE de Rancharia passou a fazer parte do projeto, que envolve todos os professores e usuários da instituição. Quinzenalmente os usuários vão ao CEA durante o horário escolar. Conforme a diretora escolar da entidade, Maria Idália Marques Correia Apparicio, o projeto, além de proporcionar conhecimento e responsabilidade ambiental, também promove lazer e qualidade de vida para os usuários.

“É muito bacana ver o entusiasmo dos usuários com o aprendizado sobre todo o processo de plantação e cultivo. Estar fora do ambiente escolar é um diferencial. O Parque Ecológico é um dos principais lugares de recreação da cidade, eles se divertem”, afirma a diretora escolar. No dia 9 de junho os usuários participaram do programa de Arborização Urbana, no qual eles plantaram cerca de cinco mudas de árvore na entrada da cidade. A atividade faz parte da programação da Semana do Meio Ambiente do CEA. De acordo com Lilian, a atividade foi muito rica, pois os usuários se sentiram importantes ajudando a cidade a ficar mais bonita. “Nosso objetivo é fazer com que as crianças desde pequenas tenham consciência ambiental e saibam que se continuarmos a poluir o planeta os recursos naturais vão ficar cada vez mais escassos para as gerações futuras”, afirma Lilian. Para dar continuidade ao trabalhado desenvolvido no projeto, os professores da APAE de Rancharia também desenvolvem ações de preservação do meio ambiente dentro da instituição, colocando em prática os conhecimentos adquiridos no projeto.

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APAE DE SANTA BÁRBARA D’OESTE INOVA E LEVA

USUÁRIOS PARA UNIVERSIDADE

Parceria entre a APAE e a Universidade Metodista de Piracicaba proporcionou aos usuários o contato com um novo ambiente e incentivou a inclusão social

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ma parceria realizada entre a APAE de Santa Bárbara D’Oeste e a Universidade Metodista de Piracicaba (UNIMEP) deu origem a um importante projeto, o Cidade e Cidadania – A Inclusão em Parceria com a Universidade, que permitiu aos usuários daquela APAE interagir em um novo ambiente e conhecer novas realidades profissionais por meio de atividades realizadas com alunos do curso de Arquitetura e Urbanismo da Faculdade de Engenharia, Arquitetura e Urbanismo (FEAU).

O OBJETIVO GERAL DO PROJETO É PROPORCIONAR AÇÕES EXTENSIONISTAS DE ENSINO-APRENDIZADO ENTRE O CORPO SOCIAL DO CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO E OS ALUNOS, MONITORES, TÉCNICOS E PROFESSORES DA APAE

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O acordo aconteceu pela elaboração e assinatura de convênio de cooperação técnica e científica com a instituição. O objetivo geral do projeto é proporcionar ações extensionistas de ensino-aprendizado entre o corpo social do curso de Arquitetura e Urbanismo e os alunos, monitores, técnicos e professores da APAE. “Essa parceria foi muito importante na inclusão dos alunos. A questão de eles irem até a universidade propiciou muito aprendizado, principalmente na independência para ir até lá. Nós trabalhamos essa questão do caminho e localização. Também ajudou no desenvolvimento de forma geral, na parte cognitiva, das habilidades, da parte motora. Enfim, foi importante para todo o desenvolvimento global”, explica Viviane Gonçalves de Oliveira Ribeiro, coordenadora da área da saúde da APAE de Santa Barbara D’Oeste.

APRENDIZADO PARA A VIDA As atividades realizadas nos ateliês do curso de Arquitetura tiveram seu foco no conteúdo das dimensões na percepção sinestésica dos espaços construídos, urbanos e naturais, na percepção e manipulação de materiais, na expressão pessoal e representação nas artes plásticas, no reconhecimento e referenciação espacial cognitiva e de inserção humana no território, na cidade e no ecossistema. Nesse primeiro semestre do trabalho participaram 50 usuários com idades entre 12 e 30 anos, divididos em três grupos. Além das oficinas semanais, realizadas na Universidade, aconteceram visitas programadas a espaços urbanos no município de Santa Bárbara D’Oeste. A Universidade pretende para o segundo semestre deste ano iniciar cursos profissionalizantes nas áreas de panificação e mestre de obras.

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NOTA FISCAL PAULISTA É INSTRUMENTO PARA A APLICAÇÃO DO CURRÍCULO FUNCIONAL NATURAL

APAE de Pariquera Açu utiliza as informações da nota fiscal para ensinar matemática

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Currículo Funcional Natural (CFN) é a prática de ensinar habilidades que tenham função para a vida atual e futura da pessoa com deficiência, baseando os ensinamentos em situações do cotidiano de cada pessoa, com o objetivo de tornar a pessoa com deficiência mais independente e produtiva. Foi pensando em colocar em prática a metodologia que a APAE de Pariquera Açu desenvolveu um trabalho pedagógico utilizando a Nota Fiscal Paulista como ferramenta de ensino. Com a nota fiscal, os usuários aprendem nas aulas de matemática conceitos numéricos como data, valores e quantidade. A escolha da Nota Fiscal Paulista como objeto norteador da metodologia deu-se por ela ser uma importante ferramenta de arrecadação de verbas para as instituições do terceiro setor, em que a previsão média anual por meio desse recebimento representa até 20% de seu orçamento. Durante as aulas, além de ensinar conceitos matemáticos, os profissionais da educação da APAE de Piraquera Açu também ensinam o que é a nota, para que ela serve e como ela auxilia nas despesas da entidade, criando assim responsabilidade social nos usuários, incentivando-os a conscientizar as famílias sobre a doação. “O projeto é muito bem aceito pelos usuários, os encontros são durante as aulas de matemática e as atividades são divididas de acordo com o nível de

compreensão de cada um. Eles gostam bastante e incentivam muito as famílias. Toda semana chegam com muitas notas que os familiares arrecadam” conta a diretora escolar Cida Sampaio. Trinta e cinco usuários, entre 15 e 30 anos, participam do projeto, que abrange as áreas de educação e assistência social da APAE.

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DIA DA FAMÍLIA: MAIS DIVERSIDADE, INCLUSÃO E AMOR

APAE de Santos comemora a data para valorizar as diversas configurações familiares e fortalecer as relações entre as famílias

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palavra diversidade nunca foi tão falada como no século XXI. Vivemos em um cenário social diverso, e o movimento apaeano sempre foi plural. E os modelos familiares também estão mudando. Foi pensando na importância de incluir, sem diferenciação, as chamadas famílias não tradicionais que a APAE de Santos trocou as comemorações do Dia das Mães e do Dia dos Pais pelo Dia da Família. A coordenadora pedagógica da instituição, Jéssica de Souza Parente, conta que durante as

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comemorações tradicionais os usuários sofriam com a ausência do homenageado, pois as famílias mudaram muito, e tendo um representante independentemente do grau fez com que os usuários ficassem mais felizes. “Atualmente existem usuários que vivem com o pai e com a mãe. Outros moram só com o pai ou só com a mãe. Há ainda aqueles que são criados pela avó ou que residem com a mãe, o padrasto, os meios-irmãos. Tem também os filhos adotados por casais homoafetivos. Enfim, existe uma grande variedade de estruturas familiares. Mas essas diferenças não impedem as pessoas de serem felizes e de se tratarem com respeito, amor, carinho e atenção, valores que mantêm os laços de afetividade bem definidos no grupo”, afirma Jéssica. O evento foi realizado na sede da APAE de Santos no dia 15 de maio, Dia Internacional da Família, data definida em Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) para discutir e traçar projetos para o futuro da instituição familiar. A decisão da ONU, enquanto organização internacional, de escolher um dia para homenagear a família está relacionada com os problemas e transformações que a sociedade vem apresentando desde o século XX. O evento foi realizado com usuários da educação com faixa etária de 4 a 30 anos. As atividades do Dia da Família foram divididas em dois momentos. No primeiro os familiares participaram com os usuários de um circuito na quadra de esportes. Conforme a coordenadora pedagógica, essa ação teve como objetivo mostrar para a família as principais dificuldades dos usuários e assim juntos criarem alternativas para superarem os obstáculos. O segundo momento foi dentro de sala de aula, onde cada professor desenvolveu atividades diversas.

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APAE DE PORTO FERREIRA CRIA GRUPO DE ORIENTAÇÃO AOS PAIS Projeto inovador aproxima familiares e ajuda o desenvolvimento de crianças com autismo

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oas ideias só precisam do primeiro passo para saírem do papel. E foi isso que aconteceu na APAE de Porto Ferreira. Por iniciativa da fonoaudióloga Leila Cabral Cruz, da terapeuta ocupacional Renata Meireles e da psicóloga Roseane

Roldão, foi criado naquela Associação um grupo de orientação aos pais. O objetivo do projeto é ajudar crianças em seu desenvolvimento. Convencidas de que a solução de problemas envolvendo crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA) sempre passa pelo núcleo familiar, elas criaram o Grupo AZUL: A de apoio, Z de zelo, U de união e L de laços.

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“O eixo central da proposta, aprovada pela nova diretoria da APAE de Porto Ferreira, baseia-se na convicção de que a família é fundamental e deve ser coparticipante no processo terapêutico para o melhor desenvolvimento da criança e o sucesso nas terapias”, afirma Meire Aparecida Vergs Terossi, diretora escolar da APAE. Ainda segundo Meire, mais do que acolher e incentivar os pais a participar do projeto, seria necessário empoderá-los para que pudessem assimilar as estratégias propostas pelo grupo no sentido de ampliar o repertório de habilidades das crianças e, ao mesmo tempo, proporcionar-lhes independência e autonomia. “Definidos esses objetivos, estabelecidos as diretrizes, a metodologia e o cronograma de atividades, foram dez reuniões de março a julho, com abordagens temáticas específicas que envolveram a participação de outros profissionais da equipe multidisciplinar”, explica. O enfermeiro Thiago Simel, por exemplo, foi convidado a falar sobre medicalização, tema sugerido pelo grupo. As professoras também aderiram à iniciativa ajudando na finalização de um porta-retrato confeccionado pelas crianças e entregue aos pais no último encontro do semestre.

RESULTADOS POSITIVOS De acordo com a fonoaudióloga Leila, as respostas dessa primeira experiência do Grupo AZUL

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foram gratificantes. Para ela, a mudança mais palpável constatada pelas terapeutas em praticamente todos os procedimentos foi a visão dos pais em relação aos filhos. “No primeiro encontro fizemos uma dinâmica de apresentação em que os pais tinham que relatar as qualidades e habilidades de seus filhos. Não conseguiram, pois estavam muito presos às limitações do diagnóstico. Esses quesitos envolvendo habilidades, qualidades e potencialidades das crianças com TEA foram exaustivamente abordados ao longo do semestre. No último dia repetimos a dinâmica e os resultados foram completamente diferentes”, comemora a fonoaudióloga. A assiduidade das crianças no atendimento foi outra conquista do grupo, como destaca a terapeuta ocupacional Renata. “As orientações transmitidas ao longo dos encontros e a dedicação dos pais foram fundamentais para a evolução das crianças nas terapias individuais, como ficou constatado pelas coordenadoras do grupo e demais profissionais da equipe, professoras e familiares”, explica. No último encontro, no dia 5 de julho, a maioria dos envolvidos tinha o que testemunhar. Uma das mães relatou que transmitiu aos parentes e amigos todas as informações que absorveu no grupo. Outra foi mais longe: no fim do curso já verbalizava termos técnicos relacionados às características e ao comportamento da criança com TEA.

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#SEMFILTRO:

UM CLIQUE DE REALIDADE ATRAVÉS DAS LENTES Projeto fotográfico captura o cotidiano da APAE de Taquaritinga

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trabalho da APAE é reconhecido em todo o Brasil, mas, apesar de muitos conhecerem o nome, poucos sabem como é o dia a dia de uma APAE. Foi com o intuito de agradecer o que a fotografia lhes proporcionou e conhecer de perto as atividades da APAE de Taquaritinga que a equipe da Dinho Fotos idealizou o Projeto Olhar “Especial” Através das Lentes, que teve como objetivos fazer com que o trabalho da instituição se tornasse mais conhecido e, assim, sensibilizar a população e aumentar o número de doações para a entidade.

Daniel Amatuzzi e André Abuchaim foram os fotógrafos responsáveis por realizar o projeto. A iniciativa, além de capturar o cotidiano interno da APAE de Taquaritinga, também registrou o dia de dois usuários, desde o acordar até o dormir. Segundo Daniel, a proposta era mostrar o quão bom é o trabalho da APAE para a sociedade. “Eu mesmo não conhecia o que a APAE fazia. Sabia que era um trabalho sério, mas não tinha a dimensão. Com isso, veio a ideia de trazer a público como a instituição funciona, como é a estrutura e ao mesmo tempo mostrar quais pontos precisam de ajuda”, conta Daniel.

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A produção fotográfica durou cinco dias, três dentro da APAE e dois nas casas dos usuários, resultando em mais de 300 imagens que emocionam, pois retratam uma realidade com diversas dificuldades, mas que são superadas com muito amor, carinho e profissionalismo. Matheus Eduardo Coghi é um dos usuários da APAE de Taquaritinga que teve seu dia fotografado. Ele tem apenas 7 anos e, segundo sua mãe, Ana Cláudia da Silva, ele ama fotos. “Matheus adorou todo o processo. Ele gosta muito quando tiram fotos dele, sempre sorri. E eu achei muito legal essa iniciativa. Os fotógrafos foram muito atenciosos, porque além das fotos também brincaram muito com o Matheus” afirma Ana. A gerente administrativa Silvia Elena de Lima Rossi conta que as fotografias do cotidiano dos usuários foi uma surpresa. “Apesar de estarmos em contato com eles todos os dias e trabalharmos com as famílias, ver a realidade fora da APAE foi impactante”, afirma Silvia. Cleber Aparecido das Taboas tem 33 anos e também foi escolhido para ter seu dia registrado através das lentes do Dinho Fotos, e para seu pai, José das Taboas, o projeto foi muito bom. “O Cleber ficou

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muito feliz, ele adora essas coisas. Ficou muito bonito e o processo foi uma brincadeira para toda a família. Os fotógrafos são muito legais”, afirma José. Após as sessões fotográficas, veio o processo de seleção das imagens para a exposição. Toda essa etapa foi feita juntamente com colaboradores da APAE, para que em conjunto apresentassem a essência da instituição. A primeira exposição aconteceu no dia 7 de maio, quando a APAE de Taquaritinga também realizou o Leilão de Gado e o Porco no Rolete para arrecadar fundos para a instituição. O evento reuniu cerca de 1.500 pessoas. “Quando o pessoal da Dinho Fotos veio com a proposta, eu achei muito interessante, mas não imaginava a dimensão do que ia tomar. O projeto sensibilizou muito a população. Conseguimos arrecadar mais de R$ 130 mil no Leilão de Gado. Acredito que, como o nosso trabalho estava exposto, as pessoas passaram a conhecer de fato o que fazemos, isso foi um diferencial”, diz a gerente administrativa. As fotografias fizeram tanto sucesso que também foram expostas em uma feijoada em prol da APAE de Taquaritinga e ainda haverá uma exposição delas no centro da cidade.

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TEMPLE GRANDIN

ATRAI GRANDE PÚBLICO EM PIRASSUNUNGA

Evento, idealizado pela APAE de Pirassununga, reuniu profissionais de diversas APAES do estado e superou as expectativas

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APAE de Pirassununga realizou no dia 5 de julho a palestra Como o autismo me ajudou no trabalho com os animais, com Temple Grandin, cientista de renome mundial. O evento foi um sucesso de público, haja vista que foram recebidas aproximadamente 500 pessoas, entre profissionais de várias APAES do estado e pais de autistas. Estiveram presentes também a presidente da Federação das APAES do Estado de São Paulo (FEAPAES-SP),

Cristiany de Castro, e Marco Aurélio Ubiali, médico e conselheiro consultivo da FEAPAES-SP. “Ficamos tocados com tanta sabedoria vinda de uma pessoa que venceu todas as suas limitações. Estendo meus parabéns a APAE de Pirassununga pelo excelente evento, por ter proporcionado aos demais profissionais, de várias APAES, ensinamentos tão valiosos com relação ao autismo”, comenta a presidente da FEAPAES-SP, Cristiany de Castro. A visita da Temple ao Brasil deu-se por conta do seu trabalho na área de zootecnia e de uma parceria com a Universidade de São Paulo (USP) de

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Moacir Fonseca, presidente da APAE de Pirassununga, Cristiany de Castro, presidente da FEAPAES-SP, e Temple Grandin.

“ELA FALOU COISAS QUE, ENQUANTO AUTISTA, ELA SENTE E ISSO CLAREOU NOSSA MENTE, NOS DEU UM DIRECIONAMENTO DE COMO LIDAR COM AS CRIANÇAS QUE TÊM AUTISMO. ELA NOS AJUDOU A ENTENDER A QUESTÃO DO TOQUE, DO ABRAÇO, E É REALMENTE O QUE ACONTECE COM NOSSAS CRIANÇAS. AGORA NÓS TEMOS UMA VISÃO, UMA COMPREENSÃO MELHOR POR MEIO DO QUE ELA FALOU, O QUE REALMENTE ELES SENTEM”, EXPLICA CLARISSA.

Pirassununga. Após ser informada que na cidade havia um centro de referência no tratamento do autismo, partiu dela o interesse em fazer o evento. Segundo Maria Elisa Granchi Fonseca, psicóloga da APAE de Pirassununga e coordenadora geral do Centro de Estudos e Desenvolvimento do Autismo e Patologias Associadas (CEDAP), a sua presença representou muito para os profissionais e, especialmente, para ela, que dedicou grande parte da sua vida profissional ao estudo do autismo. “Foi a coroação de tudo o que já fiz ao longo da minha vida, ela foi a pessoa que mais me motivou a trabalhar com autismo e foi uma das primeiras leituras que fiz. A gente ouve falar de Temple antes mesmo de ouvirmos falar em autismo. Ela ainda é a única personagem viva que escreve sobre isso”, comenta Maria Elisa. Clarissa Campanharo, diretora da APAE de Taiaçu, viajou cerca de 100 quilômetros para participar do evento e considerou-o muito rico, pois para ela foi uma oportunidade única de ouvir a experiência e o que de fato sente um autista e, com isso, aperfeiçoar o atendimento dos usuários portadores

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da síndrome. “Ela falou coisas que, enquanto autista, ela sente e isso clareou nossa mente, nos deu um direcionamento de como lidar com as crianças que têm autismo. Ela nos ajudou a entender a questão do toque, do abraço, e é realmente o que acontece com nossas crianças. Agora nós temos uma visão, uma compreensão melhor por meio do que ela falou, o que realmente eles sentem”, explica Clarissa.

A TRAJETÓRIA DE TEMPLE GRANDIN Temple Grandin nasceu com autismo grave. Durante a infância, passou por muitos desafios até conseguir entender a doença. A descoberta aconteceu quando foi levada para passar uma temporada em uma fazenda e conviveu com os animais. Ali ela entendeu que pensava de forma diferente. Hoje, ela tem pós-doutorado em veterinária. É especialista em neurociência e dá palestras no mundo inteiro para pecuaristas sobre como criar o gado, respeitando os animais. Temple surpreendeu psicólogos e psiquiatras, escrevendo livros e uma autobiografia, em que conta como é ser autista. Ela ensina como os sentimentos afetam quem tem autismo.

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FUNDO DE PROJETOS: NOVA REALIDADE PARA MAIS DE 40 APAES

Iniciativa já beneficiou mais de 40 APAES, que conseguiram implantar seus projetos e proporcionar ganhos ao aprendizado e à qualidade de vida de centenas de usuários

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ma sala nova de fisioterapia, iluminação para a quadra de esportes, novos computadores ou uma boa reforma. É isso e muito mais que o Fundo de Projetos tem feito pelas APAES do estado de São Paulo. A parceria entre a Federação das APAES do Estado de São Paulo (FEAPAES-SP) e o Vale Cap do Vale do Paraíba já beneficiou nos dois ciclos do ano de

2017 42 APAES, que ganharam um novo fôlego e estão conseguindo aprimorar o atendimento prestado. “Essa é uma importante iniciativa que possibilita o financiamento de projetos das APAES do estado de São Paulo, nas áreas de assistência social, educação e saúde. Por meio do fundo, as APAES conseguem viabilizar projetos que não teriam como arcar sem essa ajuda. É uma vitória que tem melhorado significativamente o atendimento oferecido, em um momento

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O FUNDO DE PROJETOS ABRIU UMA PORTA PARA A GENTE CONSEGUIR PÔR EM PRÁTICA UM SONHO, VAMOS UNIR A TÉCNICA E O AMOR. ALÉM DA CONTRATAÇÃO DO PROFISSIONAL, VAMOS COMPRAR ALGUNS INSTRUMENTOS, REFORMAR OS ANTIGOS E CONSTRUIR NOVOS POR MEIO DE SUCATAS

tão difícil para as APAES do estado”, comenta Cristiany Castro, presidente da FEAPAES-SP. A segunda e última relação das APAES contempladas foi divulgada no dia 14 de junho e atendeu 35 APAES. Os projetos contemplados abrangem desde a aquisição de uniformes para usuários e colaboradores, a compra de brinquedos para playground que permitem o uso de cadeira de rodas e de equipamentos para atendimento da triagem neonatal auditiva até a implantação de um sistema de aquecimento para piscinas. A APAE de José Bonifácio foi uma das beneficiadas com o Projeto Ensinando Através da Música. Os objetivos desse projeto são aguçar e desenvolver o gosto musical nos usuários, estimulando-os e consequentemente contribuindo para a formação global. Busca-se nesse trabalho inserir a música como facilitadora no processo de aprendizagem. “Os próprios professores já trabalham nas aulas a música, o que é muito importante no ensinoaprendizagem, porém agora nós vamos conseguir contratar um profissional para isso. O Fundo de Projetos abriu uma porta para a gente conseguir pôr em prática um sonho, vamos unir a técnica e o

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amor. Além da contratação do profissional, vamos comprar alguns instrumentos, reformar os antigos e construir novos por meio de sucatas”, explica Danielle Villar Blota Alexandre, diretora da APAE de José Bonifácio. Salete Regiane Monteiro Afonso, diretora técnica da APAE de Bauru, também comemorou a ajuda que segundo ela chegou em um bom momento e será utilizada para aprimorar a estrutura física do local. “Temos 52 anos de existência e nosso prédio é da década de 1980. Com essa ajuda, vamos melhorar nosso espaço, deixá-lo mais seguro, bonito e acolhedor”, comemora a diretora.

SONHOS CONCRETIZADOS De acordo com Roberto Shinyashiki, psiquiatra e disputado palestrante brasileiro, tudo o que um sonho precisa para ser realizado é alguém que acredite que ele possa ser alcançado, e não restam dúvidas de que a APAE de Valinhos acreditou em um sonho e lutou para realizá-lo. Isso porque o seu Projeto de Comunicação Alternativa Através da Tecnologia do Tablet no Contexto Educacional foi um dos selecionados no primeiro ciclo do Fundo de Projetos. O intuito é possibilitar que os usuários estejam, de fato, inseridos na sociedade e consigam se comunicar de forma eficiente nos diversos contextos e estabelecer variedade de parceiros comunicativos. “O tablet é uma ferramenta muito valiosa que tem facilitado para que os alunos assimilem o conhecimento. Notamos um ganho muito grande na aquisição do conhecimento, além da melhora na independência, na interação social e na comunicação. E já aproveitamos a aquisição dos tablets para

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Usuários utilizam tablets conquistados por meio do Fundo de Projetos obter a licença do Livox, ou seja, a junção dos dois benefícios oferecidos pela FEAPAES”, explica Rodrigo Souza da Silva, diretor pedagógico da APAE de Valinhos. Quem também acreditou que para mudar bastava dar o primeiro passo foi a APAE de Areiópolis. Eles apresentaram o Projeto Sala de Integração Sensorial, que tem como objetivo ajudar no tratamento de crianças, adolescentes e jovens com problemas de aprendizagem, comportamento e movimento. “Para nós foi um ganho muito grande. Os usuários estão tendo um avanço significativo, está sendo muito bom para eles”, fala Eldi Gomes Guimarães, coordenadora pedagógica.

TEMOS 52 ANOS DE EXISTÊNCIA E NOSSO PRÉDIO É DA DÉCADA DE 1980. COM ESSA AJUDA, VAMOS MELHORAR NOSSO ESPAÇO, DEIXÁ-LO MAIS SEGURO, BONITO E ACOLHEDOR APAES Contempladas no primeiro e no segundo ciclo Areiópolis

Batatais

Diadema

Franca

Presidente Venceslau

São Caetano do Sul

Valinhos Agudos

Americana

TERCEIRO CICLO DO FUNDO DE PROJETOS ACONTECERÁ NO SEGUNDO SEMESTRE

Andradina

Bebedouro

Bauru

Botucatu

Cabreúva

Catanduva

As APAES interessadas em participar da seleção, ainda em 2017, já podem começar a se preparar. É importante que as filiadas fiquem atentas ao edital que será lançado em breve e comecem a reunir algumas das documentações, tais como a relação de todos os usuários da APAE, contendo nome, documento, endereço e telefone. Lembrando que só serão escolhidos projetos que contemplem atividades nas áreas da educação, saúde e assistência social, no valor de até R$20 mil. Caso a proposta ultrapasse esse valor, a própria APAE deverá providenciar a contrapartida. “Nosso objetivo é que todas as APAES sejam beneficiadas pelo fundo. Aquelas que já foram contempladas, só poderão participar novamente quando todas já tiverem projetos selecionados”, finaliza Cristiany de Castro, presidente da FEAPAES-SP.

Conchal

Cruzeiro

Dois Córregos

Itu

Jaboticabal

José Bonifácio

Lorena

Mauá

Mirassol

Mogi Mirim

Monte Azul Paulista

Osvaldo Cruz

Pedreira

Pompeia

Presidente Prudente

Salto

Santa Bárbara D’Oeste

Santo Antônio de Posse

São Miguel Arcanjo

São Vicente

Sud Mennucci

Sumaré

Suzanápolis

Tanabi

Taquarituba

Taubaté

Teodoro Sampaio

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FEAPAES EM REVISTA Washington Sieleman, presidente da FEAPAES-SC, Marco Aurélio Ubiali, conselheiro consultivo da FEAPAES-SP, Cristiany de Castro, presidente da FEAPAES-SP, Geraldo Alckmin, governador do Estado de São Paulo e o presidente da FEAPAES-ES, Júlio Cesar Aguiar

ARTICULAÇÕES DA FEAPAES RESULTAM EM BENEFÍCIOS PARA AS APAES Com a ampliação do prazo na Nota Fiscal Paulista, as APAES também terão prazo maior para se adaptarem às mudanças

A

Federação das APAES do Estado de São Paulo (FEAPAES-SP) provocou nos últimos meses uma grande movimentação nos corredores da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (ALESP). Isso porque a presidente da Federação, Cristiany

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de Castro, esteve lá muitas vezes levando as demandas das APAES do estado. Nas diversas ocasiões em que a presidente viajou para São Paulo, ela tratou com muitas autoridades, principalmente sobre a alteração na Nota Fiscal Paulista, o per capita da educação e a isenção do Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) para deficientes intelectuais.

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A CONVERSA COM O GOVERNADOR FOI MUITO ESCLARECEDORA, PONTUAMOS OS PREJUÍZOS QUE ESSA MUDANÇA IMEDIATA CAUSARIA ÀS APAES. ELE SE MOSTROU MUITO RECEPTIVO, TANTO QUE ALGUNS DIAS DEPOIS RECEBEMOS A NOTÍCIA DO DEPUTADO ED THOMAS DE QUE OS PRAZOS PARA AS MUDANÇAS HAVIAM SIDO AMPLIADOS ATÉ DEZEMBRO

Cristiany de Castro em reunião com o deputado Ed Thomas

Desde o anúncio do governo do estado sobre as mudanças referentes ao repasse de créditos da Nota Fiscal Paulista às entidades filantrópicas, a FEAPAES-SP vem promovendo diversas articulações políticas para impedir que as APAES sejam prejudicadas pelas mudanças propostas. Foram enviados diversos ofícios para deputados estaduais que apoiam o movimento apaeano, para pleitear intervenções ao governador do estado de São Paulo Geraldo Alckmin. Toda essa movimentação gerou resultados positivos, haja vista que a presidente da FEAPAES foi recebida pelo governador Geraldo Alckmin, no Palácio dos Bandeirantes, no dia 19 de junho, graças as articulações do conselheiro consultivo da FEAPAES/SP, Marco Aurélio Ubiali, ocasião em que ele se mostrou muito receptivo ao movimento apaeano. “A conversa com o governador foi muito esclarecedora, pontuamos os prejuízos que essa mudança imediata causaria às APAES. Ele se mostrou muito receptivo, tanto que alguns dias depois recebemos a notícia do deputado Ed Thomas de que os prazos para as mudanças haviam sido ampliados até dezembro”, explica Castro. Atualmente mais de 70% das APAES do estado de São Paulo estão cadastradas nesse programa, e a previsão média anual por meio dessa arrecadação representa 20% de seu orçamento.

OUTRAS REIVINDICAÇÕES As APAES do estado de São Paulo têm atravessado um momento difícil, e muitos pleitos, caso

Carlos Alberto Cruz Filho, presidente da Associação Paulista de Prefeitos, e a presidente da FEAPAES Cristiany de Castro

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acatados pelo governo, ajudariam bastante na sustentabilidade delas. Por isso, a FEAPAES tem lutado para que o convênio com a Secretaria da Educação sofra mudanças. Isso porque os repasses, frutos da parceria, são insuficientes para a manutenção dos serviços prestados pelas APAES do estado de São Paulo. “Importante destacar que o custo médio mensal do atendimento especializado em educação é de R$ 807 por aluno e que o valor recebido pela parceria mantida com a Secretaria de Estado da Educação é de R$ 291 por mês, representando assim a defasagem de R$ 516 por aluno”, afirma a presidente da FEAPAES Cristiany de Castro. A presidente da Federação foi atrás de apoio para que os valores sigam pelo menos o valor do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (FUNDEB), que atualizados representam anualmente R$ 4.715 por aluno. Devendo ainda ser atualizado o valor pago para o atendimento aos alunos com autismo, considerando ao menos o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), o que representará R$ 14.663 por aluno/ano. “Não desistiremos dessa luta tão importante para a sustentabilidade das APAES de todo o estado. Sabemos da importância desses valores e continuaremos pleiteando essas alterações”, afirma Cristiany.

“IMPORTANTE DESTACAR QUE O CUSTO MÉDIO MENSAL DO ATENDIMENTO ESPECIALIZADO EM EDUCAÇÃO É DE R$ 807 POR ALUNO E QUE O VALOR RECEBIDO PELA PARCERIA MANTIDA COM A SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO É DE APROXIMADAMENTE R$ 291 POR MÊS, REPRESENTANDO ASSIM UMA DEFASAGEM DE R$ 515 POR ALUNO”, AFIRMA A PRESIDENTE DA FEAPAES, CRISTIANY DE CASTRO

ENCONTRO COM O PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO PAULISTA DE PREFEITOS No dia 4 de julho, Cristiany reuniu-se com Carlos Alberto Cruz Filho, presidente da Associação Paulista de Prefeitos (APM) para tratar da ampliação das parcerias entre as APAES e os municípios. De acordo com a presidente, Cruz Filho mostrou-se interessado em colaborar com a ampliação dessas importantes parcerias. No mesmo dia, Cristiany também se encontrou com o conselheiro substituto do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo (TCE-SP) Alexandre Sarkis, ocasião em que a presidente articulou sobre os procedimentos a serem observados na prestação de contas das APAES do ano de 2017, haja vista que no respectivo ano as APAES já devem observar as disposições legais da Lei n.º 13.019/14 e da Normativa n.º 2.

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Cristiany de Castro e o conselheiro substituto do TCE-SP Alexandre Sarkis

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FEAPAES EM REVISTA

FEAPAES DIVULGA

PESQUISAS REALIZADAS COM AS APAES

Além da divulgação dos resultados, Federação estende prazo para associações responderem a pesquisas sobre o movimento apaeano

U

ma das formas mais eficientes que as empresas e organizações possuem para medir a satisfação dos seus clientes é a realização de pesquisas. O objetivo é que, com base nos resultados, os produtos e serviços sejam aprimorados. Tendo como política de qualidade promover ações de assessoramento, defesa e garantia de direitos, visando à melhoria contínua dos serviços prestado pelas APAES, a Federação das APAES do Estado de São Paulo (FEAPAES-SP) mensurou o resultado de três pesquisas desenvolvidas: Pesquisa de Satisfação 2016, Organização do Festival Estadual Nossa Arte e Captação de Recursos Através da Nota Fiscal Paulista, sendo essa última importante no que diz respeito à defesa dos direitos das APAES. A Pesquisa de Satisfação 2016 foi feita mediante um método inovador, o NPS (Net Promoter Score), que tem como meta mensurar o grau de satisfação e fidelidade dos consumidores de qualquer tipo de empresa ou organização. Sua ampla utilização deve-se à simplicidade, flexibilidade e confiabilidade. Nesse contexto, a pesquisa apontou que quatro áreas da Federação estão na zona de aperfeiçoamento: assessoramento, jurídico, qualidade e ouvidoria. O departamento de comunicação ficou dentro da zona de qualidade, assim como a satisfação geral quanto aos serviços oferecidos pela FEAPAES. Já a pesquisa sobre a Organização do Festival Estadual Nossa Arte foi respondida apenas pelas APAES participantes e teve como finalidade levantar os pontos relevantes da organização do evento, para a melhoria constante no que diz respeito à organização dele. Das APAES que responderam

à pesquisa, 56% consideraram a estrutura do evento excelente e 73% aprovaram o show de abertura com nota máxima. A pesquisa sobre a Captação de Recursos Através da Nota Fiscal Paulista, que tinha como intuito levantar a quantidade de APAES que fazem uso do programa e o impacto dessa arrecadação no orçamento total da instituição, mostrou que 93% das APAES têm até 20% dos seus recursos captados por esse meio. “Essas pesquisas são extremamente importantes, pois são elas que proporcionam subsídios para a FEAPAES trabalhar em prol dos direitos das APAES. Ou seja, fortalece a defesa dos direitos realizada pela Federação perante as APAES e seus atendidos”, destaca Fernanda Gomes, superintendente da FEAPAES-SP.

PESQUISA SOBRE O MOVIMENTO APAEANO Com os propósitos de fomentar e aperfeiçoar cada vez mais os serviços prestados às APAES do estado de São Paulo, a FEAPAES está realizando a pesquisa Movimento Apaeano do Estado de São Paulo, até o dia 29 de setembro, a fim de produzir um estudo sobre os resultados sociais do movimento apaeano do estado e lutar por melhores resultados nas parcerias com a Secretaria da Educação do estado de São Paulo, bem como para a realização da defesa da não suspensão da isenção da cota patronal e da captação de recursos por meio do Programa Nota Fiscal Paulista. Das 305 APAES do estado, até o fechamento desta revista, 208 tinham respondido à pesquisa. Para colaborar na busca por esses dados, a APAE deve entrar no acesso restrito no site da FEAPAES, preencher a página com o Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ) e a senha e clicar em “responder pesquisa”.

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SETEMBRO: UM MÊS DEDICADO À INCLUSÃO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA No terceiro ano da Campanha Setembro Verde, várias ações estão sendo planejadas para mobilizar o maior número de pessoas

N Tema do Facebook estará disponível à partir do dia 31 de agosto

“A GRANDE NOVIDADE DESTE ANO E QUE DEVERÁ ANIMAR E FOMENTAR A CAMPANHA NAS REDES SOCIAIS É A POSSIBILIDADE DE AS PESSOAS ADICIONAREM O TEMA SETEMBRO VERDE A SUA FOTO DE PERFIL. A FEDERAÇÃO CONSEGUIU ESSE BENEFÍCIO COM O FACEBOOK, E O RECURSO ESTARÁ DISPONÍVEL A PARTIR DO DIA 31 DE AGOSTO”

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os últimos anos, muito se têm discutido sobre acessibilidade e inclusão. E foi pensando em conscientizar a população que há dois anos a Federação das APAES do Estado de São Paulo (FEAPAES-SP) e a APAE de Valinhos lançaram juntas a Campanha Setembro Verde. O objetivo foi tornar o mês referência na luta pelos direitos e pela inclusão social da pessoa com deficiência. Para o ano de 2017, muitas atividades estão previstas para movimentar o maior número de pessoas em universidades, empresas e espaços públicos. Como era esperado, a campanha ganhou repercussão nacional em 2016. Grandes portais, como Catraca Livre, R7 e CBN, divulgaram diversas notícias sobre o assunto. Além disso, outras entidades, como Associação para o Desenvolvimento Integral (ADID), Ahimsa, Caminhando, Nurap Aprendizagem Profissional e Assistência Social e Instituto Olga Kos de Inclusão Cultural, também aderiram ao movimento. De lá para cá, setembro tornou-se o mês oficial da luta pela inclusão da pessoa com deficiência. “Tivemos uma repercussão muito boa nos anos anteriores, e nossos objetivos são intensificar isso e levar a campanha aos locais onde existe boa concentração de pessoas. Nossa luta pela pessoa com deficiência é diária, mas é importante termos um mês dedicado para mobilizar e conscientizar a população”, comenta a presidente da FEAPAES-SP Cristiany de Castro.

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AÇÕES EM 2015 E 2016 MOBILIZARAM A POPULAÇÃO A Campanha Setembro Verde incentiva ações conjuntas entre as APAES, outras entidades e a comunidade em geral, e em apenas dois anos milhares de pessoas foram impactadas por essas atividades. Em 2015, a Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência apoiou a luta e destinou um espaço para a realização da cerimônia de abertura, que foi marcada por apresentações artísticas dos usuários das APAES. Na ocasião, também foi apresentado o resultado do concurso de fotografia intitulado Como Você Vê a Inclusão?. E não parou por aí. Como forma de despertar a curiosidade das pessoas e sensibilizá-las, muitos prédios e estabelecimentos do país receberam iluminação verde. Outro fato marcante na edição de 2015 foi o recebimento da Moção de Apoio n.º 99, um importante reconhecimento da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (ALESP). No segundo ano de campanha, em 2016, o sucesso repetiu-se. A FEAPAES-SP obteve novamente o apoio da Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência para a realização da cerimônia de abertura. O dia também foi recheado de apresentações artísticas, sorteios de aplicativos de inclusão social e pela divulgação do resultado do I Concurso de Redação Inclusiva Como Incluir a Pessoa com Deficiência no meu Dia a Dia, realizado nas escolas da rede pública, em parceria com a Secretaria da Educação. Ainda em 2016, aconteceu a I Exposição de Arte Inclusiva, no Memorial da Inclusão, com a exibição de obras de pessoas com deficiência intelectual. Além disso, a edição ganhou o apoio de algumas celebridades, como Tico Santa Cruz, Daniel e Guilherme e Santiago.

de verde, a gravarem vídeos de incentivo, a fixarem um laço verde em seus websites, bem como divulgar mensagens de apoio em suas mídias sociais. Porém, a grande novidade deste ano e que deverá animar e fomentar a campanha nas redes sociais é a possibilidade de as pessoas adicionarem o tema Setembro Verde a sua foto de perfil. A Federação conseguiu esse benefício com o Facebook, e o recurso estará disponível a partir do dia 31 de agosto.

MOVIMENTAÇÃO PARA 2017 Neste ano de 2017, a cerimônia de abertura acontecerá no Auditório Franco Montoro, nas dependências da ALESP, e marcará o início da campanha 2017. Assim como nos outros anos, o mês será marcado por muitas atividades de inclusão. No dia 7, diversas APAES e instituições parceiras desfilarão com faixas e vestidas de verde. No dia 13, os usuários farão visitas a universidades e escolas. Para o dia 20, estão previstas ações e competições esportivas em parceria com a rede municipal ou estadual, e no dia 27 as APAES e instituições visitarão uma empresa amiga, para que os usuários conheçam o espaço de trabalho e interajam com os funcionários. Além disso, estabelecimentos comerciais e empresas amigas serão convidadas a iluminarem-se

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NOVA ETAPA:

APAE EXCELÊNCIA INICIA FASE DE ASSESSORAMENTOS Programa tem propiciado às APAES do estado de São Paulo atendimento de excelência para os mais de 60 mil usuários.

EM VISITA TÉCNICA À APAE DE SÃO MANUEL NO ÚLTIMO DIA 7 DE JUNHO, TIVEMOS A ALEGRIA DE CONSTATAR QUE A APAE ESTÁ TRABALHANDO DE ACORDO COM AS LEGISLAÇÕES VIGENTES, PRINCIPALMENTE NA ÁREA DA EDUCAÇÃO. NESSE SENTIDO, PEDIMOS QUE A DIRETORA ESCOLAR FIZESSE UM RELATO DE TODO O PROCESSO DE MUDANÇA QUE A APAE PASSOU, VISANDO À INCLUSÃO ESCOLAR DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA, SENDO ENTÃO EXEMPLO PARA OUTRAS APAES

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programa APAE Excelência, uma ação inovadora que tem como foco a melhoria contínua da gestão e do atendimento das 305 Associações de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAES) do estado de São Paulo, deu mais um importante passo no que diz respeito à busca pela qualidade do atendimento oferecido aos usuários. Isso porque o programa entrou em sua quarta etapa de execução, que é a de assessoramento e orientações técnicas. Até o momento, as associações já passaram pelas outras três fases do programa, que foram: aplicação de checklist, orientações técnicas e elaboração dos manuais de orientação e realização de workshops.

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Nos últimos meses, a equipe de qualidade da Federação das APAES do Estado de São Paulo (FEAPAES-SP) deu início às visitas in loco e à quarta fase do programa, com os objetivos de orientar e assessorar as APAES com relação a diversos procedimentos. “Trata-se de uma importante etapa, pois é nela que vamos orientar com relação às não conformidades legais e estatutárias das APAES, entre elas: seguir o estatuto corretamente, orientar acerca da regulamentação fiscal e contábil, organização de prontuários conforme a legislação, termos de colaboração, além das parcerias e fomento, de acordo com a Lei n.º 13.019/14”, explica Cristiany de Castro, presidente da FEAPAES-SP. Como previsto, o programa tem gerado bons frutos e as mudanças já podem ser observadas em muitas instituições. A APAE de São Manuel, por exemplo, é uma das que aderiram ao APAE Excelência e desde o começo do programa tem atendido às orientações e, graças a isso, colhido ótimos resultados. “Em visita técnica à APAE de São Manuel no último dia 7 de junho, tivemos a alegria de constatar que a APAE está trabalhando de acordo com as legislações vigentes, principalmente na área da educação. Nesse sentido, pedimos que a diretora escolar fizesse um relato de todo o processo de mudança que a APAE passou, visando à inclusão escolar da pessoa com deficiência, sendo então exemplo para outras APAES”, comemora Keila Cristina Stefani, responsável pela área da educação da FEAPAES. “Eu percebi que foram boas as orientações até mesmo para termos um norte para seguir, nas três áreas: saúde, educação e assistência. Quanto ao último relatório, há coisas que já estamos melhorando, então acredito que o APAE Excelência é importante por conta disso. Se você comparar 2014, quando foi aplicado, até agora, já mudou muita coisa”, afirma Karoline Angélico Galvão, assistente social da APAE de São Manuel.

ETAPAS ANTERIORES Na fase do checklist, a FEAPAES detectou as principais demandas das APAES e suas dificuldades mais proeminentes. Já na fase seguinte, foram desenvolvidos os Manuais de Orientações Técnicas, com informações necessárias para o bom funcionamento de uma APAE nas áreas de assistência social, educação, gestão e saúde. Por meio dos workshops, as APAES receberam capacitação e orientação nas quatro áreas de atendimento. Foi também nessa etapa que a FEAPAES

recebeu das APAES os Relatórios de Implantação de Melhorias (RIM), com base nos aperfeiçoamentos realizados e nas dificuldades encontradas. As APAES que participaram dos workshops e apresentaram os seus relatórios receberam o certificado de participação no Programa APAE Excelência, emitido pela FEAPAES. “O certificado atesta que a APAE está participando das atividades e em busca da melhoria contínua na prestação de serviços às pessoas com deficiência. É uma forma de mostrar à população em geral o empenho da APAE em melhorar suas atividades, buscando a excelência dos serviços prestados”, explica a presidente. Ainda segundo a presidente, para oferecer mais respaldo para as APAES na implantação das melhorias, a Federação colocou sua equipe à disposição para sanar qualquer dúvida ou dificuldade. “Em qualquer fase do programa, as APAES que tiverem dúvidas serão assessoradas pela equipe de qualidade e pelos demais setores da Federação”, conclui.

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FEAPAES-SP CAPACITOU

CENTENAS DE PROFISSIONAIS DE EDUCAÇÃO FÍSICA EM TODO O ESTADO DE SÃO PAULO Durante o primeiro semestre, foram realizadas 10 edições do curso de Educação Física: Avaliação, Planejamento e Desporto

C

om o objetivo de instruir os profissionais das APAES na prática de atividades físicas da pessoa com deficiência, a Federação das APAES do Estado de São Paulo (FEAPAES-SP) promoveu em todo o estado o curso Educação Física: Avalição, Planejamento e Desporto. Ao todo, dez cidades receberam a capacitação. As cidades escolhidas foram geograficamente divididas para englobar os 22 Conselhos de Administração da FEAPAES-SP, facilitando a participação de todos. Foram mais de 360 inscrições, que capacitaram profissionais de 161 APAES do estado de São Paulo. O curso foi ministrado pelos profissionais Roberto Antônio Soares, que é coordenador estadual de educação física, desporto e lazer da FEAPAES/SP, e Fabio Bertapelli, coordenador do Grupo de Estudos Atividade Física Adaptada e Saúde, da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (FCM/ UNICAMP). Cada edição do curso teve carga horária de 8 horas, que foram divididas em quatro

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blocos: história e estrutura da rede APAE; fundamentos legais e avaliação física; planejamento, metodologia e ambiente de aprendizagem; e desporto e lazer. O coordenador regional de Miracatu, Giovani Arcângelo dos Santos Vieira, participou da edição de São Vicente. Para ele, o diferencial foi o conteúdo do curso, bem como a didática dos palestrantes. “Tanto o Fábio quanto o Roberto dominam completamente o conteúdo, apresentaram uma programação completa, atenderam a todas as dúvidas e fizeram uma interação do grupo. O curso atende a uma demanda muito grande em relação a nossas necessidades e justificativas. O apoio da federação para a área de educação física é muito importante”, conta Giovani. “Os dez encontros foram uma oportunidade única de aproximação com os profissionais das APAES, no sentido de compartilhar experiências de sucesso, verificar os desafios que enfrentam no dia a dia e estreitar o relacionamento dos profissionais com a FEAPAES-SP para benefício de um atendimento de excelência. Foram encontros que fortaleceram ainda mais o trabalho em rede e a motivação dos presentes”, avalia Roberto Antônio Soares.

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FEAPAES EM REVISTA Marco Aurélio Ubiali, Adriano Melo e Marcelo Alduíno, vice-presidente da FEAPAES/SP, com representantes da APAE de Itu.

CONGRESSOS REGIONAIS CAPACITARAM CENTENAS DE PROFISSIONAIS EM DIFERENTES ÁREAS DE ATUAÇÃO DA APAES Intuito da Federação das APAES do Estado de São Paulo foi promover o debate entre os profissionais das APAES sobre temas relevantes ao movimento apaeano

O

ano de 2017 foi de muito aprendizado para as 305 APAES do estado de São Paulo, isso porque neste ano aconteceu os 11 congressos regionais que foram estrategicamente programados para abranger todas as regiões do estado. A primeira cidade a sediar o evento foi Tupã, no mês de fevereiro, e Limeira fechou o ciclo de palestras regionais, no dia 27 de junho. Em todas as edições, o congresso reuniu uma equipe de palestrantes de peso. Adriano de Melo, advogado e mestrando em Políticas Públicas

pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (Unesp/Franca), abordou a Lei 13.019/2014. Patrícia Lessi, especialista em educação especial, tratou do tema “Educação — Planejamento Curricular”. Já Moira Sampaio Rocha, terapeuta ocupacional, discutiu sobre “Autodefensoria”. Marco Aurélio Ubiali, renomado médico neurologista, e que há vários anos atua no movimento apaeano, tendo sido presidente da FEAPAES/SP por três mandatos, palestrou em todas as edições regionais e na ocasião ele apresentou a palestra “Desenvolvimento neurológico: o olhar da APAE”. APAE EM DESTAQUE • ANO 2017 • EDIÇÃO 16

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Patrícia Lessi explanou sobre planejamento curricular. Moira falou sobre Autodefensoria.

“Os congressos regionais foram, sem dúvida, um passo rumo à excelência que tanto buscamos para as APAES. Todos os participantes tiveram acesso a uma grande quantidade de conhecimento nas áreas da assistência social, educação, saúde e gestão, e nós, enquanto palestrantes, transmitimos todo o conhecimento possível, referente ao tema. A minha experiência como médico, especialmente, pelos muitos anos que dedico ao movimento apaeano, permitiu-me transmitir muita informação relevante”, explica Marco Aurélio Ubiali, que também atuou como presidente da APAE de Franca por três vezes, atualmente é presidente de honra, foi tesoureiro da Federação Nacional das APAES (FENAPAES) por duas vezes e deputado federal por dois mandatos, tendo a defesa das APAES como sua principal bandeira. Além disso, foi médico da APAE por mais de 15 anos.

TEMAS RELEVANTES Todos os palestrantes foram cuidadosamente escolhidos para abranger os temas mais pertinentes ao movimento apaeano. Entre eles, foram escolhidos Adriano de Melo, que abordou de maneira ímpar os 10 pontos de mais relevância da Lei 13.019/2014. Na sequência, foram abordados os aspectos gerais da lei, que entrou em vigência nos âmbitos federal e estadual em janeiro de 2016. Durante sua apresentação, os presentes puderam ter uma visão mais abrangente sobre todo o Marco Regulatório das Organizações da Sociedade Civil. Patrícia Lessi falou sobre o planejamento educacional e seus objetivos, abordou a educação básica na modalidade de ensino de educação especial e as etapas de escolarização, segundo a Lei 9.394/1996. Na ocasião, ela também explicou com detalhes o Atendimento Educacional Especializado (AEE) e falou sobre

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a Educação Especial para o Trabalho, item de grande relevância, haja vista que propicia a aquisição de habilidades e competências a alunos na faixa etária de 15 a 30 anos com deficiência intelectual, múltipla e Transtorno do Espectro Autista (TEA), visando a sua inserção no mercado de trabalho, bem como ao seu exercício pleno da cidadania, por intermédio de cursos de capacitação para o primeiro emprego. Moira Sampaio deu destaque ao tema “Autodefensoria”, movimento importante em que os usuários têm espaço para sugestões e ideias visando a seus direitos. Na sua apresentação, ela disse que a pessoa com deficiência intelectual e múltipla, quando não consegue ser ouvida, tende a se acomodar em uma situação de dependência, que pode levar à infantilização extremada, transformando homens e mulheres em eternas crianças. Marco Aurélio Ubiali apresentou, dentro do seu tema, os padrões normais e alterados de desenvolvimento; a Avaliação do Desenvolvimento Neuropsicomotor (DNPM), os principais tipos e causas de atraso do DNPM e o DNPM na visão da APAE. “Cumprimos a nossa missão de levar conhecimento às 305 APAES do estado e, no congresso estadual, encerraremos os ciclos do congressos regionais com chave de ouro”, explica Ubiali. Cristiany de Castro, presidente da FEAPAES-SP, acredita que o congresso estadual é a coroação do trabalho que teve início em fevereiro. “A etapa estadual vai complementar os ensinamentos com novos temas. Os profissionais sairão do evento com uma grande bagagem de informação. Além disso, com o congresso, atingiremos dois dos nossos principais objetivos: a profissionalização da gestão das APAES e o aprimoramento contínuo de seus profissionais”, conclui a presidente.

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ESPECIAL COOP

PARCERIA COM A COOP RENDE MAIS DE R$ 2 MILHÕES PARA AS APAES Repasses advindos da Coop são utilizados para arcar custos de manutenção, recursos humanos e até mesmo materiais pedagógicos para oficinas

A

parceria realizada entre a Federação das APAES do Estado de São Paulo (FEAPAES-SP) e a Rede Coop tem gerado bons frutos para diversas APAES do estado. Por meio do Projeto Troco do Bem e da comercialização da Revista Coop, já foram repassados para a FEAPAES e para as APAES aproximadamente R$ 2 milhões, desde o início da parceria, em 2012. A Coop, cooperativa de consumo responsável por 29 unidades – farmácias e supermercados – distribuídas em todo o estado de São Paulo, tem se destacado pelo apoio a projetos sociais e pelos trabalhos realizados juntamente com as comunidades em que atua. A Revista Coop é comercializada a R$ 2,60, e metade do valor de venda de cada exemplar, descontados os impostos, é destinada para a FEAPAES, que repassa parte da verba para as APAES das regiões onde atuam os estabelecimentos da cooperativa. Só em 2015, a Revista Coop foi responsável pelo repasse de R$ 208 mil. Além de contribuir com as APAES, parte dos valores também é investido em cursos e outros tipos de capacitações para as próprias associações, por intermédio da FEAPAES. No Troco do Bem, os consumidores são incentivados a doar pequenas quantias do troco de suas compras. “A parceria com a Coop é de extrema importância para a FEAPAES-SP e para as APAES. A verba advinda da parceria contribui para a realização de inúmeras ações da Federação, entre elas, o pioneiro Programa APAE Excelência, que tem como

ENTRE AS INÚMERAS MELHORIAS REALIZADAS, OS REPASSES TÊM CONTRIBUÍDO PARA A MANUTENÇÃO DA ESTRUTURA DOS PRÉDIOS E PARA A COMPRA DE MATERIAIS PEDAGÓGICOS.

objetivo propiciar aos mais de 60 mil usuários das APAES atendimento de excelência”, explica Cristiany de Castro, presidente da FEAPAES-SP. As APAES beneficiadas também têm feito bom uso dos valores. Entre as inúmeras melhorias realizadas, os repasses têm contribuído para a manutenção da estrutura dos prédios e para a compra de materiais pedagógicos. Algumas investiram em aulas de capoeira e de música, enquanto outras adquiriram até mesmo forno industrial para a padaria da instituição, beneficiando todos os usuários e seus familiares. “Nossas filiadas beneficiadas também consideram a parceria essencial, pois utilizam a verba para desenvolver projetos voltados à melhoria da qualidade de vida das pessoas com deficiência intelectual atendidas nas áreas da assistência social, educação e saúde. Temos apenas a agradecer a Coop pela parceria”, completa a presidente da FEAPAES-SP.

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PROJETOS QUE DÃO MAIS VIDA ÀS APAES Na APAE de Diadema os repasses advindos da parceria com a Coop são destinados para arcar os custos de manutenção da instituição, recursos humanos, além de auxiliar na complementação da alimentação diária dos usuários.

Para a APAE de Mauá, os repasses contribuem na manutenção da estrutura do prédio e ainda na compra de materiais pedagógicos. Além disso, compram materiais que são utilizados na realização de diversos eventos em datas comemorativas.

Com os repasses, aulas de capoeira e de música são realizadas na APAE de Piracicaba. Além disso, foi possível adquirir um forno industrial para a padaria da instituição, beneficiando todos os usuários e seus familiares. Uma sala de costura também foi construída para as mães dos usuários.

A verba advinda da parceria auxilia a APAE de Santo André na compra de material técnico e no pagamento de profissionais como fonoaudiólogos, psicólogos, pedagogos e fisioterapeutas. Os repasses também contribuíram para a capacitação de fonoaudiólogos que participaram de um curso sobre bandagem terapêutica e para a compra dos kits dessa área.

A APAE de São Bernardo do Campo investe o dinheiro advindo da parceria com a Coop em funcionários e em capacitação da equipe. Um exemplo disto é a fonoaudióloga da instituição que conseguiu fazer um curso de bandagem terapêutica que já está beneficiando os usuários.

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A parceria com a Coop auxilia a APAE de São Caetano do Sul em sua manutenção e na compra de materiais, como toners para impressoras para as aulas de informática, luvas descartáveis e lençóis para maca, que são utilizados em atividades do currículo funcional.

Em São José dos Campos, os valores são investidos em vários projetos, como: Programa de Oficinas, voltado a adolescentes e adultos acima de 18 anos que produzem artesanatos, realizam corte e costura e artes plásticas; Programa de Intervenção Precoce, com foco em bebês e crianças de 0 a 6 anos; Programa Escolar, direcionado a crianças e adolescentes de 6 a 18 anos; entre outros.

A APAE de São Paulo atende a cerca de 16 mil pessoas anualmente nas áreas da assistência social e saúde e utiliza os recursos advindos da parceria com a Coop como complementação dos recursos para a aquisição de testes de psicologia utilizados no ambulatório do serviço de referência em triagem neonatal.

Já a APAE de Sorocaba possui uma parceria com a Coop local, em que os usuários são empregados e, uma vez por semana, passam por orientação com a psicóloga, com o intuito de manter os usuários no mercado de trabalho. Dessa forma, a verba obtida é direcionada à manutenção desse projeto, que visa à empregabilidade e inclusão social da pessoa com deficiência.

Os repasses da parceria para a APAE de Tatuí contribuem para as atividades operacionais. O Programa de Integração ao Mundo do Trabalho é um exemplo de atividade desempenhada pela Associação. Esse programa tem o objetivo de promover a proteção social com o desenvolvimento de atividades da vida prática e instrumental, fomentando o protagonismo e a participação cidadã.

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JURÍDICO EM DESTAQUE

APAE E O DIREITO DE HABILITAÇÃO E REABILITAÇÃO DA LBI

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ordenamento jurídico de proteção à pessoa com deficiência ganhou mais força com o advento da Lei n.º 13.146, de 6 de julho de 2015, também conhecida como Lei Brasileira de Inclusão (LBI). Essa lei foi criada com o objetivo de adequar a nossa legislação à Convenção da Organização das Nações Unidas sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, um tratado internacional que desde 2009 se encontra em nosso ordenamento jurídico com força de Emenda Constitucional. Dessa forma, a LBI reforçou direitos já existentes das pessoas com deficiência, assim como apresentou novos. Essa nova lei, como já está determinado em seu artigo 1.º, é “destinada a assegurar e a promover, em condições de igualdade, o exercício dos direitos e das liberdades fundamentais por pessoa com deficiência, visando à sua inclusão e cidadania”. Um dos direitos defendidos pela LBI é o direito à habilitação e à reabilitação. Este, por determinação da LBI, é um direito fundamental, visto que se encontra presente em seu Título II, que trata especificamente dos direitos fundamentais das pessoas com deficiência. No parágrafo único do artigo 14 da lei, estão estabelecidos o processo de habilitação e reabilitação da pessoa com deficiência e seu objetivo, que é: “O desenvolvimento de potencialidades, talentos, habilidades e aptidões físicas, cognitivas, sensoriais, psicossociais, atitudinais, profissionais e artísticas que contribuam para a conquista da autonomia da pessoa com deficiência e de sua participação social em igualdade de condições e oportunidades com as demais pessoas”. Em consonância com esse objetivo, temos o movimento apaeano, a Federação das APAES

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do Estado de São Paulo (FEAPAES-SP) e as 305 APAES paulistas, que asseguram em seus estatutos sociais, no artigo 2.º, suas funções e seus objetivos à assistência social, ao assessoramento, à defesa e garantia de direitos, com foco no desenvolvimento do movimento social da pessoa com deficiência, na defesa e promoção de novos direitos, na promoção da cidadania e no combate às desigualdades. As APAES surgiram diante da ineficiência constante do Estado de promover a inclusão das pessoas com deficiência. Assim, pais e amigos uniram-se em busca de soluções alternativas para que seus filhos, com deficiência intelectual ou múltipla, passassem a ter condições de serem incluídos na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas, podendo gozar de maneira plena todos os seus direitos fundamentais, entre eles a cidadania. Portanto, as áreas de atuação das APAES de todo Brasil, que incluem educação, saúde, assistência social, educação física, educação profissional, arte, defesa de direitos etc., representam o que a LBI defende ao tratar do direito à habilitação e à reabilitação. Os serviços presentes nas APAES ainda apresentam dentro de suas instalações acessibilidade em todos os ambientes e serviços, tecnologia assistiva, tecnologia de reabilitação, capacitação continuada de todos os seus profissionais, tendo a FEAPAES-SP importante papel no assessoramento, entre outras, das garantias previstas no artigo 16 da LBI, que trata dos programas e serviços de habilitação e reabilitação da pessoa com deficiência.

Murilo Colombini Thales Araújo Cauê Varjão Departamento Jurídico Juridico@Feapaesp.org.br

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ENTREVISTA

“A COLABORAÇÃO ENTRE ESCOLA E FAMÍLIA É ESSENCIAL PARA O DESENVOLVIMENTO DA INDEPENDÊNCIA DO ALUNO”, DIZ PATRÍCIA ZUTIÃO O PEI é um documento que norteia a prática de professores e profissionais e permite prestar contas sobre o desenvolvimento do aluno perante o trabalho realizado

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atrícia Zutião, profissional reconhecida no movimento apaeano, graduada em Educação Especial pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e mestre em Educação Especial pela mesma universidade, abriu um espaço na sua agenda para atender à equipe de repórteres da Federação das APAES (FEAPAES), no mês de julho. Na ocasião, ela falou sobre o Plano de Ensino Individualizado (PEI) e sua importância para a educação de pessoas com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento ou com altas habilidades. Com vasta bagagem profissional, Patrícia é doutoranda em Educação Especial e professora efetiva de Sala de Recursos Multifuncionais na Prefeitura de Porto Ferreira. Tem larga experiência na área de educação especial, atuando principalmente nos temas: currículo funcional natural; jovens e adultos com deficiência intelectual; família; e planejamento e implementação de programas de ensino.

Patrícia, comece nos explicando o que é o PEI e qual é a sua importância. R: O Plano de Ensino Individualizado (PEI), como o próprio termo já diz, é um plano que deve ser feito centrado na pessoa. O planejamento de forma personalizada surgiu há muitos anos, juntamente com a educação especial, porém era focado nos serviços, na instituição, o que ainda vemos em diversos locais. Ou seja, nessa perspectiva, os planos visam à deficiência, apenas as limitações, e focam em serviços de reabilitação, não tendo como centro do plano a pessoa nem suas especificidades. Já o PEI tem como intuito o desenvolvimento global, tanto nas habilidades intelectuais quanto nas adaptativas, buscando fornecer mais independência e autonomia ao aluno público-alvo da educação especial (pessoas com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e/ou altas habilidades/superdotação). Esse planejamento deve ser feito em equipe de forma colaborativa. Todos, professores, profissionais da saúde, assistência social e familiares, precisam se articular para planejar e implementar, buscando o objetivo maior, ou seja, a independência. Aqui, vale ressaltar que trabalhar de forma colaborativa não é estar todo o tempo de execução

JÁ PARA O ALUNO, O PEI TEM GRANDE VALIA, POIS ELE É INDIVIDUAL, É O CENTRO DO PLANEJAMENTO.

da atividade junto, mas sim pensar e implementar atividades que tenham o mesmo objetivo. Quanto à importância do PEI, para os professores e profissionais ele é um documento norteador da prática, que permite prestar contas sobre o desenvolvimento do aluno perante o trabalho realizado, e o plano deve estar pautado na avaliação contínua e global. A família consegue acompanhar esse desenvolvimento e tem papel primordial no planejamento, pois a maior parte do tempo a pessoa público-alvo da educação especial fica em casa, onde sua independência também deve ser trabalhada, de maneira que mantenha e generalize a aprendizagem. Já para o aluno, o PEI tem grande valia, pois ele é individual, é o centro do planejamento. Os objetivos, as estratégias e os materiais precisam considerar as especificidades e a realidade dele.

Quais são as principais etapas para a construção do PEI? Por que é importante seguir essas etapas? R: As principais etapas do PEI são: breve histórico do aluno, avaliação inicial, objetivos, metodologia e estratégias, avaliação contínua e reavaliação. Vou descrever de forma básica cada uma das etapas para vocês: • Breve histórico: registrar momentos relevantes do desenvolvimento do aluno em sua vida, dentro e fora da escola, como atendimentos realizados durante a vida ou atuais, estratégias já utilizadas que tiveram bons resultados, dificuldades; • Avaliação inicial: realizar uma entrevista com os pais ou responsáveis, para conhecer a rotina e como se dá o ensino em casa. Também são

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ESSE PLANEJAMENTO DEVE SER FEITO EM EQUIPE DE FORMA COLABORATIVA. TODOS, PROFESSORES, PROFISSIONAIS DA SAÚDE, ASSISTÊNCIA SOCIAL E FAMILIARES, PRECISAM SE ARTICULAR PARA PLANEJAR E IMPLEMENTAR, BUSCANDO O OBJETIVO MAIOR, OU SEJA, A INDEPENDÊNCIA

aplicados instrumentos como a Escala de Intensidade de Apoio (SIS), o Inventário Portage Operacionalizado, a Avaliação Pedagógica Especializada, entre outros, para conhecer as habilidades do aluno, que vão nortear o planejamento e a escolha das atividades a serem ensinadas; • Objetivos: precisam ser metas mensuráveis, ou seja, que podem ser medidas por algum tipo de instrumento de avaliação. Para construir tais objetivos, precisamos pensar em três componentes: comportamento (o que a intervenção pretende modificar?), condição (o que precisa no ambiente? Que condições são favoráveis para a aprendizagem?) e critério (nível aceitável de desempenho?). Além disso, os objetivos precisam ter função imediata ou a curto prazo na vida do aluno; • Metodologia e estratégias: selecionar e descrever as atividades, os materiais e as estratégias utilizados para favorecer o aprendizado do aluno; • Avaliação contínua: avaliar e registrar continuamente o desempenho do aluno perante as atividades e estratégias utilizadas. O registro pode ser em diário de campo, protocolo com níveis de ajuda, vídeos, fotografias e portfólios; • Reavaliação: o PEI não é um instrumento para ser escrito e guardado na gaveta, precisa ser constantemente revisto. É importante não pular etapas, pois, como se pode observar no relato das etapas, uma é interligada a outra.

No PEI, a escola (APAE) e a família podem trabalhar juntas, desde a escolha do conteúdo e das habilidades até a forma de trabalhar? Como isso pode ajudar o aluno? R: Sim, a colaboração entre escola e família é essencial para o desenvolvimento da independência do aluno. Tendo em vista que o aluno

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fica apenas quatro ou oito horas na escola e que o maior tempo está com a família, esses pais ou responsáveis precisam ser empoderados sobre quais estratégias utilizar. É a família que pode informar a rotina e como é o desempenho do aluno em casa, ambiente totalmente diferente da escola. Portanto, se essas instâncias trabalharem juntas, poderão trocar experiências, estratégias, dificuldades, o que auxiliará na aprendizagem do aluno, principalmente em sua manutenção ao longo do tempo e generalização para diferentes ambientes.

Como os educadores devem traçar as metas e estratégias do PEI? R: Considerando as especificidades de cada aluno, suas facilidades, dificuldades e realidades, de forma que o planejamento seja individualizado e tenha função para o aluno. As metas ou os objetivos precisam ser mensuráveis e salientar o comportamento, condição e critério. E devem estar divididos em curto, médio e longo prazo, pensando sempre se terão funcionalidade e auxiliarão na independência do aluno.

Para finalizar, qual é a importância de as APAES elaborarem a aplicarem o PEI? R: O PEI é de suma importância para as APAES, pois é norteador do trabalho, permite prestar contas, é centrado na pessoa, e não no serviço, registra o desempenho do aluno, as estratégias utilizadas e seus resultados. Além disso, fornece subsídios para a colaboração e articulação da educação, saúde e assistência social com a família. Tendo em vista que o trabalho das APAES é buscar a independência de seus alunos, o planejamento individual, centrado em cada um deles, e a articulação de seus profissionais com as famílias, o PEI trará grandes benefícios.

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INSPIRAÇÃO

SUPERANDO LIMITES: DO TATAME AO PÓDIO Danilo Pacheco, usuário da APAE de Ribeirão Preto, conquista medalha de bronze em torneio internacional

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eterminação define a vida de Danilo Pacheco, diagnosticado com paralisia cerebral ainda criança. O atleta busca superar as limitações motoras por intermédio do esporte. Atualmente com 30 anos, Danilo é usuário da APAE de Ribeirão Preto e foi na instituição com a parceria da Equipe de Judô de Ribeirão Preto (Associação Corpore Sano/Secretaria Municipal de Esporte) que ele começou a participar do Programa Judô Para Todos. O projeto chegou à APAE de Ribeirão Preto pelo professor de Educação Física e técnico Christopher Rodrigues, que tem formação para dar aulas de judô e viu no Judô Para Todos uma oportunidade de mudar vidas por meio do esporte.

UM DOS PRINCIPAIS DESAFIOS FOI ARRECADAR O DINHEIRO PARA OS CUSTOS COM VIAGEM, HOSPEDAGEM E INSCRIÇÃO, QUE FICAVAM EM TORNO DE R$6 MIL POR PESSOA.

Segundo a irmã do atleta, Adriana Santana Pacheco, o esporte mudou a vida de Danilo. “Depois que ele começou a treinar, o comportamento dele mudou muito. Ele era muito agressivo e nervoso, hoje às vezes nem parece que tem gente em casa”, conta Adriana.

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VER A SUPERAÇÃO DAS DIFICULDADES DELE EMOCIONA A GENTE, E QUANDO ELE CONTA OS NOVOS SONHOS SABEMOS QUE É POSSÍVEL, BASTA ACREDITAR EM DEUS.

Há dois anos praticando o esporte e com grande aproveitamento nas competições, Danilo Pacheco chamou a atenção do coordenador da seleção brasileira Ricardo Lúcio, que após diversas avaliações convocou o rapaz para o Torneio de Ravenna.

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Um dos principais desafios foi arrecadar o dinheiro para os custos com viagem, hospedagem e inscrição, que ficavam em torno de R$ 6 mil por pessoa. “No começo achamos que não ia dar certo, fizemos uma grande mobilização online, conseguimos um bom dinheiro, mas foi graças ao apoio da Centauro, empresa onde o Danilo trabalha, que o sonho virou realidade”, explica Christopher, que foi convocado para a comissão técnica da equipe brasileira. Após mais de 10 horas de viagem, Danilo e Christopher chegaram, juntamente com toda a seleção brasileira, à Itália para o Torneio de Ravenna, que reuniu 15 países. Para Danilo, foram muitas novidades de uma única vez. O atleta conheceu a praia, andou de avião pela primeira vez e conheceu pessoas de vários lugares do mundo. Mas nada tirou seu foco e, segundo o técnico, Danilo treinou pesado, dormia cedo e alimentava-se corretamente.

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“Nós focamos na autonomia dos atletas, delegamos responsabilidades e planejamos metas de comportamento, para que em eventos futuros eles possam ser independentes e não precisem sempre da nossa companhia”, afirma Christopher. Danilo Pacheco é faixa azul de judô e conquistou o terceiro lugar no torneio internacional, competindo na categoria Promocional Lento, que condiz com seu grau de deficiência. Christopher conta como foram as disputas: “Ele se saiu muito bem para a primeira competição internacional, ganhou duas lutas muito difíceis. A luta que perdeu foi por falta de experiência. Acredito que ano que vem se sairá ainda melhor”. A medalha e o troféu são motivos de orgulho para Danilo e sua família. “Ver a superação das dificuldades dele emociona a gente, e quando ele conta os novos sonhos sabemos que é possível, basta acreditar em Deus”, conta a irmã. A Câmara Municipal de Ribeirão Preto homenageou o atleta com o Prêmio Dr. Luís da Rocha Cerqueira. A cerimônia foi realizada como parte da semana da saúde mental, pela história de superação do judoca.

NOVOS RUMOS Danilo já está pré-convocado para as próximas competições da seleção brasileira do Judô Para Todos, mas sua história também inspira outros atletas. Após sua volta, a equipe da APAE de Ribeirão Preto vem treinando mais do que nunca. “Danilo é modelo para os outros atletas, agora todos eles querem participar de torneios internacionais. Nossa equipe tem um nível alto, acredito que ano que vem mais usuários da APAE serão convocados” afirma o treinador. Matheus Alves da Silva, de 22 anos, também é judoca da APAE de Ribeirão Preto e diz gostar muito dos treinos. “Meu sonho é viajar igual o Danilo, lutar em outro país. Eu sonho bastante, porque eu nunca fui e eu treino bastante”, conta Matheus. Christopher diz que Matheus é um dos atletas mais dedicados da equipe. “Depois que Danilo voltou, o Matheus passou a treinar ainda mais. Se continuar assim, ele tem grandes chances de ser convocado ano que vem”, finaliza o técnico.

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ARTIGO

CLASSIFICAÇÃO INTERNACIONAL DE FUNCIONALIDADE, INCAPACIDADE E SAÚDE E SEUS COMPONENTES E FORMAS DE CLASSIFICAÇÃO

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Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF) é, sobretudo, um instrumento de comunicação desenvolvido pela Organização Mundial de Saúde (OMS) que possibilita o intercâmbio de dados entre diferentes usuários em diversas regiões e culturas. Entre seus objetivos, podem-se destacar: descrever estados de saúde e condições relacionadas à saúde; melhorar a comunicação “entre profissionais de saúde, pesquisadores, elaboradores de políticas públicas e o público, inclusive pessoas com incapacidades”; “permitir a comparação de dados entre países, entre disciplinas relacionadas à saúde, entre serviços, e em diferentes momentos ao longo do tempo” (OMS/OPAS, 2003, p. 16). A CIF ultrapassou as cercanias da saúde e, pelas possibilidades de aplicação (segurança social, trabalho, educação, economia, política social etc.), “foi aceita como uma das classificações sociais das Nações Unidas, sendo mencionada e estando incorporada nas Normas Padronizadas para a Igualdade de Oportunidades para Pessoas com Incapacidades” (OMS/OPAS, 2003, p. 17). Tratase de uma ferramenta clínica, estatística, de pesquisa, de política social e pedagógica.

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A CLASSIFICAÇÃO, DE MODO MINUCIOSO, BUSCA AINDA TIPIFICAR A DEFICIÊNCIA, A LIMITAÇÃO DE CAPACIDADE E A RESTRIÇÃO DE DESEMPENHO APLICANDO-LHES QUALIFICADORES

A princípio, pode-se afirmar que ela classifica três aspectos fundamentais: a funcionalidade, a incapacidade e a saúde, definindo-os, de modo geral, como segue: 1. a funcionalidade: integridade funcional e estrutural do corpo, uma vida ativa e participativa; 2. a incapacidade: perda da integridade funcional e estrutural do corpo, a presença de limitação na realização da atividade e a restrição da participação (envolvimento) na vida, acentuados ou atenuados por fatores ambientais (barreiras e facilitadores); 3. a saúde: dividida em dois aspectos, os estados de saúde e os relacionados à saúde, o primeiro representa as doenças agudas ou crônicas, distúrbios, lesões ou traumatismos, e o segundo

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aquelas condições “que, embora tenham uma forte relação com uma condição de saúde, não são claramente uma responsabilidade principal do sistema de saúde” (OMS/OPAS, 2003, p. 186), ou seja, educação, saneamento, transporte, habitação etc. Segmentando ainda mais, a CIF classifica os tipos de incapacidade, isto é, as deficiências, as limitações de capacidade e as restrições de desempenho. O termo deficiência define alterações ou problemas que afetam o corpo (funções e estruturas). O termo limitação de capacidade estabelece as alterações na realização de atividades (como, por exemplo, comunicação, aprendizagem, autocuidado etc.) em ambiente padronizado ou denominado de ambiente de teste, e o termo restrição de desempenho determina as alterações na realização das mesmas atividades, contudo em situação real de vida, isto é, no ambiente habitual da pessoa, onde as barreiras e os facilitadores (fatores ambientais) contrastam com o corpo, com o desempenho e com os fatores pessoais, ou seja, o contexto. A classificação, de modo minucioso, busca ainda tipificar a deficiência, a limitação de capacidade e a restrição de desempenho aplicando-lhes qualificadores (adjetivos, ou qualidades). Isto é, trata-se de ofertar qualidades à deficiência, à limitação de capacidade e à restrição de desempenho. Dessa forma, pode-se qualificar cada um dos três tipos de incapacidade pela extensão do problema (amplitude do problema). Assim, com base nos qualificadores oferecidos pela CIF, é possível dizer uma deficiência LEVE ou MODERADA de uma dada função do corpo, ou uma deficiência GRAVE ou COMPLETA de uma dada estrutura do corpo. O mesmo ocorre nos casos da limitação de capacidade e da restrição de desempenho, como, por exemplo, limitação LEVE da capacidade, ou restrição GRAVE do desempenho. Ao processo de classificação pode sobrevir a codificação, que é a comunicação via código de uma frase. Por exemplo, a frase deficiência moderada da função da atenção dá-se pelo código alfanumérico b140.2 (alfa = alfabeto), em que b significa função do corpo, b1 função mental, b140

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especificamente a função da atenção, e b140.2, isto é, com o acréscimo do número 2 após o ponto (.) que há uma deficiência nessa função e que sua extensão é MODERADA. Os códigos no livro da CIF estão organizados e ordenados (taxonomia) do geral para o específico. A codificação é um processo que facilita a computação dos dados (organização e remessa de dados para um repositório), o tratamento estatístico deles, a redução da linguagem escrita em prontuários, entre outros. A descodificação permite a tradução precisa das informações para outras línguas, essencialmente a comunicação.

Mario Cesar Guimarães Battisti CREFITO-3301 Graduado em Terapia Ocupacional pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas), Mestre em Filosofia-Ética também pela PUC-Campinas.

REFERÊNCIA ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE (OMS)/ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DE SAÚDE (OPAS). Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde. São Paulo: EDUSP, 2003.

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ALTERAÇÕES NAS REGRAS DO BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA

No atual contexto, o Brasil vivencia um novo marco de alterações em suas políticas públicas, entre elas, a Política de Assistência Social

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Política de Assistência Social desde que foi incorporada ao tripé da Seguridade Social nos marcos da Constituição Federal de 1988, juntamente com a saúde e a Previdência Social, vem experimentando um continuado e expressivo movimento reformador,

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desencadeado com a Lei Orgânica de Assistência Social (LOAS/1993), apresentando forte inflexão a partir da Política Nacional de Assistência Social (PNAS/2004), da Norma Operacional Básica do Sistema Único de Assistência Social (NOB-SUAS/2005), da Norma Operacional Básica de Recursos Humanos do Sistema Único de Assistência Social (NOB-RH/SUAS/2006) e, mais recentemente, com as mudanças introduzidas

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pela Lei n.º 12.435/2011, que modificam a LOAS (BRASIL, 2011). O Benefício de Prestação Continuada (BPC) consiste numa garantia de renda básica, no valor de um salário-mínimo. É um direito estabelecido diretamente na Constituição Federal de 1988 e posteriormente regulamentado pela LOAS dirigido às pessoas com deficiência e aos idosos a partir de 65 anos de idade, observado, para acesso, o critério de renda previsto na lei. Tal direito à renda se constituiu como efetiva provisão que traduziu o princípio da certeza na Assistência Social, como política não contributiva de responsabilidade do Estado. Trata-se de prestação direta de competência do governo federal, presente em todos os municípios (BRASIL, 2005). O BPC é um benefício coordenado pelo Ministério do Desenvolvimento Social (MDS) e operacionalizado pelo Instituto Nacional de Seguro Social (INSS). Ele parte da concepção dos requisitos de que as pessoas com deficiências são aquelas em qualquer faixa etária, com impedimentos de longo prazo, de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, que comprovem não possuir meios para prover a própria manutenção nem de tê-la provida por sua família. Assim, o BPC é reconhecido e tratado por sua significativa cobertura, com cerca de 2,3 milhões de pessoas com deficiência e 1,9 milhão de idosos beneficiários, segundo dados do Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS) (BRASIL, 2017). A sua magnitude no investimento social gira em torno de R$ 8 bilhões, refletindo consideravelmente no impacto econômico e social e por retirar as pessoas do patamar da indigência e da desigualdade social. O benefício é ainda o processador de inclusão dentro do patamar civilizatório que dá ao Brasil um lugar significativo em relação aos demais países que possuem renda básica, principalmente na América Latina. Trata-se de uma garantia de renda que dá materialidade ao princípio da certeza do direito à Assistência Social (BRASIL, 2005). Para requerer o BPC, o cidadão poderá procurar o Centro de Referência de Assistência Social (CRAS), a Secretaria Municipal de Assistência Social ou o órgão responsável pela Política de Assistência Social de seu município. Para ter acesso

O BENEFÍCIO É AINDA O PROCESSADOR DE INCLUSÃO DENTRO DO PATAMAR CIVILIZATÓRIO QUE DÁ AO BRASIL UM LUGAR SIGNIFICATIVO EM RELAÇÃO AOS DEMAIS PAÍSES QUE POSSUEM RENDA BÁSICA, PRINCIPALMENTE NA AMÉRICA LATINA. TRATA-SE DE UMA GARANTIA DE RENDA QUE DÁ MATERIALIDADE AO PRINCÍPIO DA CERTEZA DO DIREITO À ASSISTÊNCIA SOCIAL (BRASIL, 2005).

ao benefício, não é necessário ter contribuído com a Previdência Social. Com a publicação do Decreto n.º 8.805/2016, a inscrição no Cadastro Único para Programas Sociais (CadÚnico) do governo federal passou a ser requisito obrigatório para a concessão do BPC. É válido ainda pontuar que além do CadÚnico é necessária a inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas (CPF) do requerente e dos membros da família. O Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal (Cadastro Único) é um instrumento que identifica e caracteriza as famílias de baixa renda, permitindo que o Governo conheça melhor a realidade socioeconômica dessa população. Nele são registradas informações como: características da residência, identificação de cada pessoa, escolaridade, situação de trabalho e renda, entre outras (BRASIL, 2017). A excepcionalidade à regra da obrigatoriedade da inscrição no CadÚnico — menores de 16 anos, idosos ou pessoas com deficiência que sejam interditadas total ou parcialmente, sem referência familiar e que, assim, contam apenas com representante legal (curador, guardião ou tutor) — deve procurar diretamente uma agência do INSS para requerer o BPC. O decreto vigente de 2016 prevê ainda o prazo de dois anos (2017 e 2018) para que as famílias

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com beneficiários estejam no CadÚnico. Portanto, para o ano de 2017, o foco serão os idosos e suas famílias, já o ano de 2018 será destinado para a pessoa com deficiência e suas respectivas famílias. Um dos requisitos estabelecidos no decreto ora vigente é a renda bruta familiar, que deverá ser composta de todos os rendimentos declarados pelo membro da família do requerente, via CadÚnico. Desse modo, a renda mensal per capita é calculada por meio da divisão mensal bruta pelo número de integrantes da família, tendo como requisito possuir renda inferior a ¼ de salário-mínimo. Conforme estabelecido no Decreto n.º 8.805 (BRASIL, 2016), “as informações para o cálculo da renda mensal, per capita, serão declaradas no momento da inscrição da família do requerente no Cadastro Único”. Para o reconhecimento do direito ao benefício às pessoas com deficiência, além da comprovação da renda familiar, deverá ser realizada a avaliação da deficiência e do grau de impedimento, composta de avaliação social e médica, feita por assistentes sociais e médicos peritos e do INSS. Tais avaliações são agendadas pelo próprio INSS. O INSS é o responsável pela operacionalização do BPC, ou seja: receber o requerimento, conceder, cessar e suspender o benefício; realizar avaliação social e médica, realizar a revisão do beneficiário, geração de crédito e controle de pagamento do benefício (BRASIL, 2017). Destarte, o INSS deverá enviar uma carta informativa após avaliações, notificando ao beneficiário a concessão ou o indeferimento do BPC. Conforme

REFERÊNCIAS BRASIL. Decreto nº. 8.805. Brasil, 2016. ______. Gestão do Trabalho no âmbito do SUAS: uma contribuição necessária para ressignificar as ofertas e consolidar o direito socioassistencial. Brasília: Secretaria Nacional de Assistência Social, 2011. ______. Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA). Texto para discussão. Brasília; Rio de Janeiro: Ipea, 2017. Disponível em: <https://craspsicologia.files.

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Aline Lima da Silva determinado no artigo 21 da LOAS, a cada dois anos, deve-se verificar se o beneficiário continua atendendo aos requisitos estabelecidos por lei para o recebimento do BPC. Desse modo, o BPC constitui um mecanismo protetivo relevante aos idosos e às pessoas com deficiência, e sua efetivação proporciona um impacto inegável na melhoria do bem-estar desse público-alvo, reduzindo a desigualdade social.

Aline Lima da Silva CRESS: 53964. Técnica Especializada, Membro da Equipe da Qualidade da Federação das APAES do Estado de São Paulo (FEAPAES-SP) — Assistência Social.

wordpress.com/2017/06/o-benefc3adcio-de-prestac3a7c3a3o-ipea.pdf>. Acesso em: 15 jul. 2017. ______. Ministério do Desenvolvimento Social (MDS). Conselho Nacional de Assistência Social. Disponível em: <http://www.mds.gov. br/cnas>. Acesso em: 15 jul. 2017. ______. Política Nacional de Assistência Social – PNAS/2004: Norma Operacional Básica – NOA/SUAS. Brasília: Secretaria Nacional de Assistência Social, 2005.

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