Associação da qualidade da dieta de idosos com variáveis sociodemográficas econômicas, antropomét...

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ARTIGO TÉCNICO

1(1): 8-17 Maio 2022 Unisinos ISSN: 2764-6556

doi.org/10.4013/issna.2022.11.2

AUTORES Victória Freitas de Carvalho [1] Ana Beatriz Cauduro Harb [2] Adriana da Silva Lockmann [3] Estela Scariot [4] Ramona Vidori [5] Caroline Buss [6] Denise Zaffari [7] * [1] Bacharel em Nutrição, Curso de Nutrição, Universidade do Vale do Rio do Sinos - Porto Alegre (RS) - vic.carvalho99@ gmail.com. ORCID: orcid.org/0000-0003-0825-9992. [2] Professora do Curso de Nutrição, Universidade do Vale do Rio do Sinos - Porto Alegre (RS) - anaharb@unisinos.br. ORCID: orcid.org/0000-0003-4407-5314. [3] Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde, Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre - Porto Alegre (RS) e Nutricionista, Responsável Técnica do Banco de Alimentos do Rio Grande do Sul – Porto Alegre RS - adriana.lockmann@bancodealimentosrs.org.br. ORCID: orcid.org/0000-0003-0982-0059. [4] Mestre em Ciências da Saúde, Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde, Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre Porto Alegre (RS) - estela_scariot@hotmail.com. ORCID: orcid. org/0000-0002-2675-0614. [5] Bacharel em Nutrição, Curso de Nutrição, Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre - Porto Alegre (RS) - nutricionistaramonavidori@ gmail.com. ORCID: orcid.org/0000-0002-3320-7273. [6] Professora do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde, Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre - Porto Alegre (RS) - carolinebuss@ufcspa.edu. br. ORCID: orcid.org/0000-0002-0916-3127. [7] Professora do Programa de Pós-Graduação Mestrado Profissional em Nutrição e Alimentos, Universidade do Vale do Rio dos Sinos - São Leopoldo - RS e Coordenadora do Projeto Social Banco de Alimentos/Unisinos, Universidade do Vale do Rio dos Sinos – Porto Alegre (RS) - zaffari@unisinos.br. [*] Autor correspondente. ORCID: orcid.org/0000-0003-4342-0083.

FLUXO DA SUBMISSÃO Submissão: 08/03/2022 Aprovação: 04/04/2022

Associação da qualidade da dieta de idosos com variáveis sociodemográficas econômicas, antropométricas e de saúde Association of diet quality in the elderly with socio-demographic, economic, anthropometric and health variables

RESUMO A alimentação de idosos pode se alterar pelo envelhecimento, provocar riscos nutricionais e aumentar o risco de comorbidades e mortalidade. Métodos: Estudo transversal que avaliou a associação entre a qualidade da dieta (QD) de 59 idosos com variáveis sociodemográficas, econômicas, antropométricas e de saúde. Resultados: Palavras-chave: Boa QD foi encontrada em 83,1% dos idosos Nutrição do Idoso. Idosos. e, destes, 91,8% sem perda de massa magra, Estado Nutricional. 34,7% eutróficos e 57,1% com excesso de peso. Comportamento Alimentar. Não houve associações entre a QD com o sexo, renda, risco cardiovascular, Índice de Massa Corporal e circunferência da panturrilha. Entre os idosos ativos, 91,9% tinham boa QD e houve associação significativa entre estas variáveis, quando comparados com os idosos sedentários.

CONTATO DA REVISTA Universidade do Vale do Rio dos Sinos. Instituto Tecnológico em Alimentos para a Saúde – itt Nutrifor. Av. Unisinos, 950, Cristo Rei. 93022-750, São Leopoldo, RS, Brasil. Contato principal: Prof. Dr. Valmor Ziegler. Universidade do Vale do Rio dos Sinos. Programa de Pós-Graduação em Nutrição e Alimentos. E-mail: revistappgna@unisinos.br.

DISTRIBUÍDO SOB

APLICABILIDADE A aplicabilidade envolve o conhecimento gerado sobre a QD dos idosos vinculados ao Banco de Alimentos do RS. A QD, embora tenha sido adequada na grande maioria, os idosos ativos apresentaram melhor QD, quando comparados com os sedentários. Os resultados deste trabalho trouxeram informações para o planejamento e execuções de ações de educação em saúde, como prática de atividade física orientada, dinâmicas de educação alimentar e nutricional e outras que possam contribuir na melhoria da qualidade de vida desta população.

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RESUMO GRÁFICO

[1] Introdução

do envelhecimento e aos aspectos econômicos e sociais, aumentam a prevalência de doenças cardíacas, dislipidemias, hipertensão, diabetes e vários tipos de câncer (BATISTA et al, 2008; BRASIL, 2014). Por outro lado, a desnutrição também é prevalente na população idosa, gerando, do mesmo modo, diversos prejuízos na qualidade de vida (OLIVEIRA; OLIVEIRA, 2010). A depleção nutricional pode ocorrer pela insuficiente ingestão energética, por alterações metabólicas, má digestão e/ou absorção, além de um possível aumento na excreção de nutrientes essenciais (SERGI et al., 2017; TEK, KARACIL-ERMUMCU, 2018). Importante salientar que a qualidade da dieta dos idosos no nosso meio é, ainda, pouco conhecida. Araújo et al., (2021), a partir de uma revisão integrativa da literatura, avaliaram 18 estudos transversais, sendo dois de base populacional. Nestes estudos, os instrumentos utilizados para a realização da avaliação da qualidade da dieta incluíram Questionário de Frequência Alimentar (44,4%), Recordatório Alimentar de 24 horas (33,3%) e Índices Dietéticos (ID), desenvolvidos para avaliar a qualidade da dieta de uma população segundo os guias dietéticos (22,22%). Os resultados deste estudo sinalizaram que a alimentação dos idosos foi considerada monótona, com pouca variação e, portanto, com tendência à inadequação. Além disso, foram observados padrões alimentares não saudáveis, ricos em alimentos processados, com alta densidade calórica; inadequados em proteínas, vitaminas e minerais, principalmente vitaminas A, D, E, piridoxina, tiamina, cálcio, magnésio, zinco e cobre e, ainda com elevado teor de sódio. Diante este contexto, e considerando a vulnerabilidade socioeconômica dos idosos vinculados às Instituições cadastradas no Banco de Alimentos do Rio Grande do Sul (RS), (a grande maioria aposentados, em situações

O

envelhecimento humano é um fenômeno global estando ligado a inúmeros fatores, como a transição demográfica que compreende a redução das taxas de mortalidade e a queda nas de natalidade, além do aumento da expectativa de vida da população (MIRANDA et al., 2016; SOUZA, 2010). O número de idosos tem aumentado consideravelmente, sendo previsto um aumento de 22% até o ano de 2050 (OPAS, 2015). A qualidade da alimentação dos idosos pode sofrer alterações devido aos processos fisiológicos causados pelo envelhecimento e por fatores econômicos e sociais, o que pode levar a riscos nutricionais (KAC et al., 2007; DONINI et.al., 2013; DUARTE, 2007; KABURAGI et al., 2011; COSTA et al., 2021). Além disso, ocorre a redução da absorção de nutrientes, que pode estar relacionada à polifarmácia e à presença de patologias. O elevado consumo de alimentos ultraprocessados e o baixo nível de atividade física, colaboram, também, para desfechos negativos que podem levar à má nutrição, à piora da qualidade de vida e aumentar o risco de ocorrência de comorbidades e de mortalidade (BRASIL, 2011). O estado nutricional pode ser um preditor da qualidade de vida dos idosos (NASABIAN et al., 2017). A relação entre a má nutrição e o aumento da expectativa de vida aumenta a prevalência de doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), gerando comprometimento da qualidade de vida dos idosos (GOULART, 2011). No Brasil, os fatores de risco associados às DCNT incluem o sedentarismo, o baixo consumo de frutas e vegetais e a ingestão de alimentos com altos teores de gordura e açúcar (BRASIL, 2011; IBGE, 2011; IBGE, 2020). Esses hábitos alimentares, associados aos fatores fisiológicos

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de vulnerabilidade social e afiliados a Associações Comunitárias), este estudo teve o objetivo de avaliar a associação entre a qualidade da dieta (QD) destes idosos com variáveis sociodemográficas, econômicas, antropométricas e de saúde.

de atividade física (caminhada, natação, vôlei, pilates, hidroginástica etc.), foi considerada quando essa atividade era realizada, pelo menos, 1 vez na semana. O risco cardiovascular foi avaliado pela circunferência abdominal (CA) e a massa magra pela circunferência da panturrilha (CP). Os valores considerados adequados para CA (sem risco), de acordo com a Federação Internacional de Diabetes (2006), são ≥90 cm para homens e ≥80 cm para mulheres. Em relação à CP, os valores utilizados como pontos de corte para homens foram 33 a 34 cm e para as mulheres 31 a 35 cm (PAGOTTO et al.). O presente estudo foi aprovado pelo CEP da Universidade do Vale do Rio dos Sinos, sob o Parecer n° 4.614.012. A análise estatística foi realizada através do programa SPSS versão 21.0. As variáveis quantitativas foram descritas por média e desvio padrão e as categóricas por frequências absolutas ou relativas. Para avaliar as associações entre as variáveis, os testes qui-quadrado de Pearson e exato de Fisher foram utilizados. O nível de significância adotado foi de 5% (p<0,05).

[2] Metodologia Este estudo transversal utilizou dados secundários de indivíduos de ambos os sexos, com idade igual ou superior a 60 anos que participaram de grupos de convivência em Instituições atendidas pelo Banco de Alimentos do RS. As informações coletadas incluíram variáveis, sociodemográficas, econômicas, antropométricas, dados de saúde e a QD, avaliada pelo Índice de Qualidade da Dieta dos Idosos (IQD-I) (GOMES; SOARES; GONÇALVES, 2016). O IQD-I é um índice que avalia as frequências de consumo semanal de cada grupo de alimentos, a partir da aplicação prévia de um Questionário de Frequência Alimentar. A pontuação total do IQD-I pode variar de 0 até 33 pontos, sendo uma maior pontuação sugestiva de maior frequência de consumo de alimentos mais saudáveis e menor frequência de consumo de alimentos não saudáveis. A pontuação total do IQD-I é dividida em tercis, com a seguinte classificação: 1° tercil (menor pontuação, baixa qualidade da dieta); 2° tercil (qualidade intermediária da dieta) e 3° tercil (maior pontuação, boa qualidade da dieta) (GOMES; SOARES; GONÇALVES, 2016). A renda familiar foi categorizada pela Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa (ABEP), a partir de critérios que estimam a classe social da população brasileira de forma decrescente de A até E. Os dados de saúde foram autorrelatados e a prática

1

[3] Resultados Foram analisados dados de 59 idosos, com média de idade de 70,4 anos, 89,8% mulheres, 81,4% da cor branca e 39% viúvos. No que diz respeito à renda e a escolaridade, 49,2% foram classificadas na categoria B e 37,3% possuíam ensino médio completo. Sobre o estilo de vida e saúde, 76,3% não fumavam, 62,7% praticavam alguma atividade física, 88,1% e 76,3% usavam algum tipo de medicação e tinham alguma comorbidade, respectivamente. Na tabela 1 estão descritas as características sociodemográficas da amostra.

Tabela 1- Caracterização sociodemográfica TABELA 1da amostra.

Caracterização sociodemográfica da amostra

2 Variáveis

Amostra Total N=59 Média ± DP

Idade (anos)

70,4 ± 6,6

Sexo

n (%)

Feminino

53 (89,8)

Masculino

6 (10,2)

Estado civil Casado Solteiro

20 (33,9) |

10

Divorciado

7 (11,9)

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| CARVALHO ET AL | Sexo n (%) ASSOCIAÇÃO DA QUALIDADE DA DIETA DE IDOSOS COM VARIÁVEIS SOCIODEMOGRÁFICAS ECONÔMICAS, ANTROPOMÉTRICAS

Feminino

53 (89,8)

Masculino

6 (10,2)

Estado civil Casado

20 (33,9)

Solteiro

7 (11,9)

Divorciado

9 (15,3)

Viúvo

23 (39,0)

Cor da pele Branco

48 (81,4)

Não branco

11 (18,6)

Grau de instrução Analfabeto/ Fundamental I incompleto/ Primário incom-

5 (8,5)

pleto Fundamental I completo/ Fundamental II incompleto/ Pri-

11 (18,6)

mário completo (4 anos) / Ginásio incompleto Fundamental completo/ 1ºgrau completo/ Médio incom-

7 (11,9)

pleto/ Ginásio completo (8 anos) / Colegial incompleto Médio completo/2ºgrau completo/ Superior incompleto/

22 (37,3)

Colegial completo (11 a 12 anos) / Superior incompleto Superior completo

14 (23,7)

Tabagista Não

45 (76,3)

Sim

3 (5,1)

Ex tabagista

11 (18,6)

Prática de atividade física Não

22 (37,3)

Sim

37 (62,7)

Uso de medicamentos Não

7 (11,9)

Sim

52 (88,1)

Presença de comorbidades Não

14 (23,7)

Sim

45 (76,3)

Classificação ABEP A

1 (1,7)

B1

9 (15,3)

B2

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C2

20 (33,9)

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13 (22,0)


Sim

52 (88,1)

| CARVALHO ET AL | Presença de comorbidades ASSOCIAÇÃO DA QUALIDADE DA DIETA DE IDOSOS COM VARIÁVEIS SOCIODEMOGRÁFICAS ECONÔMICAS, ANTROPOMÉTRICAS

Não

14 (23,7)

Sim

45 (76,3)

Classificação ABEP A

1 (1,7)

B1

9 (15,3)

B2

20 (33,9)

C1

13 (22,0)

C2

13 (22,0)

D/E

3 (5,1)

3 4

FONTE: ABEP - Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa

ABEP = Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa

5

O excesso de peso foi observado em 61,1% dos idosos, sendo 6destes 47,5% classificados com obesidade. A média da CA foi 95,6 cm e 74,6% apresentaram risco cardiovascular. Em relação à CP, a média encontrada

7

foi de 37,4 cm e 93,2% apresentaram CP adequada em relação ao sexo. A tabela 2 apresenta os dados das medidas antropométricas.

Tabela 2 – Resultados das medidas antropométricas TABELA 2 Resultados das medidas antropométricas

8 Variáveis

Amostra Total N=59 Média ± DP

CA (cm)

95,6 ± 10,5

CP (cm)

37,4 ± 3,3

IMC (kg/m2)

29,6 ± 4,4 n (%)

Risco cardiovascular Sem

15 (25,4)

Com

44 (74,6)

Perda de massa muscular pela CP – n (%) Sem

55 (93,2)

Com

4 (6,8)

Classificação do IMC Baixo peso Eutrofia

19 (32,2)

Sobrepeso

8 (13,6)

Obesidade 9

4 (6,8)

|

12

28 (47,5)

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Perda de massa muscular pela CP – n (%) | CARVALHO ET AL | Sem DA QUALIDADE DA DIETA DE IDOSOS COM VARIÁVEIS SOCIODEMOGRÁFICAS ECONÔMICAS, 55 (93,2) ASSOCIAÇÃO ANTROPOMÉTRICAS

Com

4 (6,8)

Classificação do IMC Baixo peso

9 10

4 (6,8)

Eutrofia

19 (32,2)

Sobrepeso

8 (13,6)

Obesidade

28 (47,5)

LEGENDAS: CA – Circunferência abdominal; CP – Circunferência da panturrilha; IMC – Índice de Massa Corporal.

CA – Circunferência abdominal; CP – Circunferência da panturrilha; IMC – Índice de Massa

11IQD-ICorporal. O sinalizou 83,1% dos idosos (84,9% mulheres e 66,7% homens) com boa QD e não foram encontradas associações entre a QD com o sexo e a renda familiar. 12 13

A figura 1 apresenta o resultado da qualidade da dieta da amostra total e por sexo.

FIGURA 1 Resultado da qualidade da dieta na amostra total e por sexo (p=0,26)*

(*) Teste exato de Fisher

No grupo de idosos com QD intermediária, 90% apresentaram risco cardiovascular. Os idosos com boa QD, 91,8% não apresentaram perda de massa magra, 34,7% eram eutróficos e 57,1% tinham excesso de peso.

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Não foram encontradas associações entre o IQD-I com risco cardiovascular, IMC e CP. A tabela 3 apresenta a associação das medidas antropométricas com o IQD-I.

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Tabela 3 - Associação das medidas antropométricas TABELA 3 com o IQD-I

Associação das medidas antropométricas com o IQD-I

15 Variáveis

Qualidade

Boa

p

da dieta in-

qualidade da dieta

termediária

n=49

n=10 Risco cardiovascular – n (%)

0,426*

Não

1 (10,0)

14 (28,6)

Sim

9 (90,0)

35 (71,4)

Perda de massa magra pela CP – n

1,000*

(%) Não

10 (100)

45 (91,8)

Sim

0 (0,0)

4 (8,2)

Classificação do IMC – n (%)

0,285**

Baixo peso

0 (0,0)

4 (8,2)

Eutrofia

2 (20,0)

17 (34,7)

Sobrepeso

3 (30,0)

5 (10,2)

Obesidade

5 (50,0)

23 (46,9)

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LEGENDAS: CP – Circunferência da panturrilha; IMC – Índice de Massa Corporal

17

CP – Circunferência da panturrilha; Índice de MassadeCorporal (*) Teste exato deIMC Fischer–(**) Teste Qui-quadrado Pearson

18

* Teste exato de Fischer

19 os **Teste de Pearson boa QD Entre idosos Qui-quadrado ativos, 91,9% apresentaram e foi encontrada associação significativa entre estas 20 quando comparados com os idosos sedentários. variáveis, A figura 2 apresenta os resultados da QD e da atividade física.

seus respectivos estudos. A amostra deste estudo foi predominantemente feminina (89,8%), bem como do estudo de Gomes et al. 2016, realizado na cidade de Pelotas, RS, que investigou fatores associados à baixa QD de idosos. Resultado semelhante também foi encontrado em um estudo conduzido por Assumpção et al. 2014, realizado em Campinas, SP que analisou a qualidade da alimentação associada a dados sociodemográficos de 1509 idosos desta região onde a prevalência do gênero feminino foi de 57%. Sobre a QD dos idosos, este estudo apontou 83,1% com boa qualidade e 16,9% com qualidade intermediária. Os homens mostraram pior QD, quando comparados as mulheres e, embora este resultado não tenha apresentado significância estatística, foi encontrado em outros estudos (FREISLING et al., 2013; FERNANDES, et al., 2017). As mulheres tradicionalmente possuem uma preocupação maior com a saúde, além de terem maior cuidado com a alimentação e possuírem um

[4] Interpretações Os resultados deste estudo sinalizaram que a prática de atividade física foi associada com boa QD, ou seja, idosos ativos apresentaram melhor QD, quando comparados com aqueles sedentários. Outros trabalhos com a população idosa também encontraram desfecho semelhante, com a prática de atividade física associada a melhor QD (FREISLING et al., 2013; ROBINSON, 2018). Em relação à idade dos idosos, a média foi de 70,4 anos. Dados semelhantes foram encontrados por Assumpção et al., (2014) e Glidden et al., (2019) em

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FIGURA 2 Resultados da qualidade da dieta e da atividade física (p=0,03)*

(*) Teste exato de Fisher

Em relação ao IMC, 47,5% dos idosos foram classificados com obesidade. Um estudo realizado na cidade de Cruz Alta, RS também encontrou um percentual elevado de idosos com excesso de peso (59%) (ROSA et al., 2016). Quando se analisou o grupo de idosos com qualidade intermediária da dieta, 50% apresentaram obesidade. No estudo de Freisling et al., 2013, o IMC acima de 30kg/m2 foi associado com uma dieta de pior qualidade. O risco cardiovascular, mesmo não tendo apresentado significância estatística, foi presente em 74,57% dos idosos, sendo 90% naqueles com qualidade da dieta intermediária. Um estudo, realizado com 37 idosos institucionalizados avaliou o risco nutricional e os resultados sinalizaram que 86,4% e 57,1% dos sexos feminino e masculino, respectivamente, apresentavam risco cardiovascular (FÉLIX; SOUZA, 2009). Um estudo sueco, com 3607 idosos, demonstrou que a CA foi relacionada com hábitos alimentares inadequados, aumentando, assim, o risco de desenvolvimento de Síndrome Metabólica (SIERRA-JOHNSON, et al., 2008). Algumas limitações devem ser consideradas neste estudo. O seu delineamento transversal, além do número pequeno de idosos estudados pode ter reduzido a possibilidade de associação de algumas variáveis. Além disso, as variáveis que foram autorreferidas, principalmente, para a pontuação do IQD-I podem ter apresentado um viés de memória e, consequentemente, de informação (LIMA-COSTA; BARRETO, 2003).

maior conhecimento relacionado com alimentos, alimentação e nutrição (KIEFER et al., 2005). A boa QD foi predominante no grupo de idosos das classes sociais com maior escolaridade e poder aquisitivo. Esses achados vão ao encontro de resultados encontrados em outros estudos realizados com a população idosa (HIZA et al., 2013; SHATENSTEIN et al., 2013; FERNANDES, et al., 2017). Os idosos com menor poder aquisitivo apresentaram QD intermediária sendo que este aspecto impacta diretamente na escolha e disponibilidade de alimentos. O padrão alimentar mais saudável é mais dispendioso, quando comparado aos padrões onde a predomina o consumo de alimentos com alta densidade calórica, ricos em gordura e açúcar (CLARO; MONTEIRO, 2010). Nesse estudo, 88,1% dos idosos utilizavam alguma medicação e 76,3% apresentavam alguma patologia e, mesmo assim, boa parte da amostra demonstrou possuir uma boa QD (83,1%). Esses achados se assemelham aos dados encontrados no estudo de Gomes et al. (2016). Uma possível explicação pode estar relacionada com a presença de comorbidades que estimula o idoso e a família a consumirem uma alimentação mais saudável, visando a melhoria da qualidade de vida. Neste estudo, não foi encontrada associação entre tabagismo e QD, o que difere de resultados de outros trabalhos onde o tabagismo foi associado com piores escores de QD (FREISLING et al., 2013; ASSUMPÇÃO et al., 2014).

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[5] Conclusão A boa QD foi encontrada em um grande número de idosos e, aqueles ativos, apresentaram melhor QD quando comparados com os sedentários. Importante salientar que o estilo de vida, no envelhecimento, pode auxiliar na manutenção da saúde, na prevenção de doenças crônicas, na melhoria da qualidade de vida e na redução da mortalidade.

REFERÊNCIAS

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CLARO, R. M.; MONTEIRO, C. A. Renda familiar, preço de alimentos e aquisição domiciliar de frutas e hortaliças no Brasil. Rev. Saúde Pública, São Paulo, v. 44, n. 6, p. 1014-1020, dec. 2010. DONINI, L. M. et al. Anorexia and Eating Patterns in the Elderly. PLOS ONE, v. 8, n. 5, p. 3–10, 2013.

ASSUMPÇÃO, D. et al. Qualidade da dieta e fatores associados entre idosos: estudo de base populacional em Campinas. Cad. Saúde Pública, v. 30, n. 8, p. 1680-1694, ago. 2014. Disponível em: https://www.scielo.br/j/csp/a/ GvYJTsqHCDcqpqGtJLXQTkH/?lang=pt. Acesso em: 28 Mai. 2021.

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BATISTA, A.S. et al. Envelhecimento e Dependência: Desafios para a Organização da Proteção Social Envelhecimento e Dependência. Ministério da Previdência Social, [S. l.], v. 28, p. 160, 2008. Disponível em: http://sa.previdencia. gov.br/site/arquivos/office/3_081208-173354-810.pdf. Acesso em: 29 mai. 2021.

FERNANDES, D. P. D. S. et al. Evaluation of diet quality of the elderly and associated factors. Archives of Gerontology and Geriatrics, MGi, v. [s.i], n. [s.i], p. 1-23, maio 2017. FREISLING, H; KNAZE, V.; SLIMANI, N. A. Systematic Review of Peer-Reviewed Studies on Diet Quality Indexes Applied to Old Age: A Multitude of Predictors of Diet Quality. Nutrition and Health, New York, v. 2, n. 1, p. 365-381, fev. 2013.

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