Conhecimento dos pais sobre alimentação saudável e práticas alimentares de crianças de até 5 anos...

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ARTIGO TÉCNICO

2(3): 50-62 Dezembro 2023 Unisinos ISSN: 2764-6556

doi.org/10.4013/issna.2023.32.6

AUTORAS

Conhecimento dos pais sobre alimentação saudável e práticas alimentares de crianças de até 5 anos de idade Parental knowledge about healthy eating and eating habits of children up to 5 years old

Bruna Saraiva Goeth brunasgoeth@gmail.com Bacharel em Nutrição, Curso de Nutrição, Universidade do Vale do Rio do Sinos, Porto Alegre, RS.

Denise Zaffari[*] zaffari@unisinos.br Professora do Programa de Pós-Graduação Mestrado Profissional em Nutrição e Alimentos, Universidade do Vale do Rio dos Sinos, São Leopoldo, RS. [*] Autora correspondente.

Marina Costenaro Serpa marinacostenaroserpa@gmail.com Bacharel em Nutrição, Curso de Nutrição, Universidade do Vale do Rio do Sinos, Porto Alegre, RS.

Paula Dal Bó Campagnolo pcampagnolo@unisinos.br Professora do Programa de Pós-Graduação Mestrado Profissional em Nutrição e Alimentos, Universidade do Vale do Rio dos Sinos, São Leopoldo, RS.

RESUMO Os pais exercem importante papel pois os priPalavras-chave: meiros anos de vida da criança são importantes compreensão; nutrição da criança; educação para garantir crescimento e desenvolvimento alimentar e nutricional; adequados. O objetivo do estudo foi avaliar o comportamento alimentar. conhecimento de pais sobre alimentação saudável. Pais de crianças até 5 anos preencheram um questionário, via Google Forms, com questões baseadas no Guia Alimentar para Crianças Menores de Dois Anos. O escore de adequação do conhecimento em relação à alimentação saudável na infância mostrou que 85% demonstraram conhecimento ≥ 75% de adequação, 62,2%, 61,7% e 48,7% dos respondentes ofereciam alimentos ultraprocessados para as crianças como chocolate, bolacha “Maria” e sorvete, respectivamente. Além disso, 62,5% e 58,5% dos participantes mostraram interesse em capacitações sobre receitas saudáveis e atividades lúdicas envolvendo alimentação, respectivamente.

FLUXO DA SUBMISSÃO

RESUMO GRÁFICO

Submissão: 26/04/23 Aprovação: 10/10/23

CONTATO DA REVISTA Universidade doVale do Rio dos Sinos - UNISINOS. InstitutoTecnológico em Alimentos para a Saúde – itt Nutrifor. Av. Unisinos, 950, Cristo Rei. CEP: 93022-750, São Leopoldo, RS, Brasil. Contato principal: Prof. Dr. Cristiano Dietrich Ferreira. Universidade do Vale do Rio dos Sinos – UNISINOS. Programa de Pós-Graduação em Nutrição e Alimentos. E-mail: revistappgna@ unisinos.br.

DISTRIBUÍDO SOB

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INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE EM SAÚDE, NUTRIÇÃO E ALIMENTOS

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APLICABILIDADE A aplicabilidade se relaciona ao entendimento sobre o grau de conhecimento de pais/responsáveis de crianças até 5 anos sobre alimentação saudável na infância. Os resultados poderão trazer subsídios para o planejamento de ações de educação alimentar e nutricional direcionados aos pais, educadores e crianças com o objetivo de estimular a adoção de práticas alimentares saudáveis.

[1] Introdução

alimentação da criança. Assim, incentivar as crianças a terem hábitos alimentares saudáveis pode ser uma estratégia de prevenção contra a obesidade, a hipertensão arterial, o diabetes e outras doenças que prejudicam a qualidade de vida (TORRES et al., 2020). As escolhas alimentares são influenciadas por questões emocionais, afetivas, familiares, culturais e sociais. Os hábitos alimentares são reflexos de determinado modo e estilo de vida, sendo os pais/responsáveis os principais exemplos. Assim, é importante que a família realize, pelo menos, uma refeição junto às crianças, consumindo e oferecendo frutas, verduras e legumes e evitando os alimentos com elevado teor de açúcar e sódio, prevenindo, assim, a obesidade infantil e diversas patologias (COSTA et al., 2019). Além disso, as mídias têm grande influência nos hábitos alimentares familiares e os pais/responsáveis, principalmente as mães, sendo as principais responsáveis pela alimentação da família, exercem grande influência seja na compra, no preparo das refeições ou até mesmo nas orientações das escolhas alimentares (SOUZA; CADETE, 2017). Especialmente para a criança, a questão da comensalidade é essencial, pois compartilhar refeições em família não apenas nutre o corpo, mas nutre laços sociais e emocionais. O comer junto promove aprendizado sobre comunicação e interação, através de uma atmosfera de conexão ao socializar à mesa. Além disso, ao envolver a criança no preparo das refeições a curiosidade e o interesse pela comida são estimulados, contribuindo para uma relação mais saudável e consciente. Diante deste contexto, o presente trabalho teve como objetivo avaliar o conhecimento de pais/responsáveis sobre alimentação saudável na infância e práticas alimentares de crianças de até 5 anos de idade.

É

bem documentado que na infância os cuidados com a alimentação devem ser mais rigorosos para a promoção e proteção da saúde, evitando distúrbios nutricionais a curto e longo prazo. A principal responsável pelo desenvolvimento, educação, bem-estar, segurança e proteção da criança é a família, pois é ela quem transmite os significados culturais, sociais e os valores relacionados à alimentação, nutrição e hábitos alimentares (SOUZA; CADETE, 2017). O Guia Alimentar para Crianças Brasileiras Menores de 2 anos, lançado em 2019 pelo Ministério da Saúde, também enfatiza a participação da família na construção do comportamento alimentar (BRASIL, 2019). O ambiente familiar deve proporcionar interações e fortificar vínculos entre a criança e os demais membros da família. A segurança, o acolhimento, as relações de afeto e uma alimentação adequada e saudável, são essenciais para o desenvolvimento integral da criança (BRASIL, 2014). A caracterização do hábito alimentar é consolidada a partir dos alimentos que são servidos diariamente, do tipo de preparo, da forma como são servidos, do ambiente onde família está inserida, da disponibilidade e do acesso aos alimentos e dos fatores psicológicos, sociais e culturais. Por meio da observação do padrão alimentar dos pais/responsáveis, as crianças adquirem conhecimento pouco a pouco do “saber comer”, ou seja, da escolha dos alimentos em função do seu benefício e valor nutricional. Através da vivência da seleção, preparação e confecção das refeições pelas pessoas as quais convivem diariamente, as crianças estabelecem o comportamento alimentar que será mantido até a idade adulta (TORRES et al., 2020). Portanto, quando o ambiente onde costumam passar a maior parte do tempo é desfavorável, podem ocorrer alterações prejudiciais para o aprendizado de hábitos alimentares saudáveis que, uma vez estabelecidos, poderão permanecer até a idade adulta. Uma alimentação adequada e saudável começa com o aleitamento materno e, a introdução alimentar deve ter como base alimentos in natura ou minimamente processados. Os alimentos processados industrialmente devem ser limitados e, se forem consumidos, utilizados em pequenas quantidades. Os alimentos ultraprocessados não devem fazer parte da

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[2] Método Este estudo transversal contou com uma mostra de conveniência de 386 pais de crianças de 0 meses até 5 anos que foram convidados a preencherem um questionário com questões relacionadas à dados sociodemográficos e práticas de alimentação saudável na infância, baseadas nas orientações disponíveis no Guia Alimentar para Crianças Menores de Dois Anos (BRASIL, 2019). O questionário, contendo dados sociodemográficos e

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questões relacionadas ao conhecimento dos pais sobre alimentação infantil e práticas alimentares do ambiente domiciliar, foi elaborado através da ferramenta Google Forms e foi disponibilizado nas redes sociais (Facebook e Instagram) dos pesquisadores, juntamente com o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e ficou disponível entre os dias 17 e 30 de agosto de 2020. Para avaliar a adequação dos conhecimentos e práticas alimentares e do ambiente domiciliar em relação à alimentação saudável na infância foi elaborado um escore de adequação para conhecimentos e práticas alimentares e outro para o ambiente. As 22 variáveis que integraram o escore de adequação dos conhecimentos e práticas alimentares foram: aleitamento materno (AM) exclusivo no momento ou AM exclusivo até os 6 meses; consumo, antes de 6 meses de: carne vermelha, ovos, fórmula infantil, leite de vaca, macarrão, batata, arroz, feijão, sucos naturais, frutas e vegetais, sopas, achocolatados e água; idade que as crianças devem receber os alimentos com a consistência normal; apresentação dos alimentos no prato; idade aconselhável para introduzir leguminosas, raízes e tubérculos na alimentação da criança; porções de leite ou preparações a base de leite que devem ser ofertadas à criança a partir de 1 ano de vida e número de frutas e vegetais oferecidos ao dia. As 6 variáveis que integraram o escore de adequação do ambiente domiciliar foram: conversa com educadores da escola sobre a alimentação do filho (a), consistência dos alimentos oferecidos no almoço e no jantar, distrações na hora das refeições principais, reunião à mesa para realizar as refeições, recompensa para estimular o filho (a) à comer e local de realização das principais refeições. A partir desta definição, a cada item considerado correto foi adicionado (somado) 1 ponto aos escores sendo que a 1 2

pontuação final do escore de adequação do conhecimento dos pais/responsáveis poderia variar de 0 a 22 e o do ambiente domiciliar de 0 a 6. Desta forma, o percentual de adequação foi calculado dividindo-se o escore total pela pontuação máxima e, após, multiplicado por 100. Os dados coletados nos questionários foram codificados em uma planilha Excel e analisados no programa SPSS versão 21.0. As variáveis quantitativas foram descritas por média e desvio padrão e as categóricas por frequências absolutas e relativas. Para avaliar a associação entre as variáveis categóricas, o teste Qui-quadrado de Pearson complementado pela análise dos resíduos ajustados foi utilizado. O nível de significância adotado foi de 5% (p<0,05). Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade do Vale do Rio dos Sinos – UNISINOS sob o número 4.213.614.

[3] Resultados e discussão A amostra deste trabalho incluiu um total de 386 respondentes, sendo a maior parte deles do sexo feminino (98,7%). A idade mais prevalente foi entre 35 e 45 anos (51%). Em relação ao estado civil, a maioria declarou-se casado (a) (57,8%). Sobre o nível de escolaridade e renda, 74,6% e 83,7% informaram ter o ensino superior completo e a renda média mensal de 3 ou mais salários-mínimos, respectivamente. A maioria informou ter somente 1 filho (64,8%) e residir com duas pessoas no domicílio (50%). Em relação à idade dos filhos, 25,6% dos respondentes informaram a idade de 4 e 5 anos. A Tabela 1 apresenta a caracterização dos dados sociodemográficos da amostra.

Tabela 1. Caracterização dos Dados Sociodemográficos da Amostra TABELA 1 Caracterização dos Dados Sociodemográficos da Amostra Variáveis

N = 386

Idade (anos) – n (%) De 17 a 24 anos

11 (2,8)

De 25 a 34 anos

176 (45,6)

De 35 a

197 (51,0)

44 anos

Mais de 45 anos

2 (0,5)

Sexo – n (%) Feminino

381 (98,7)

Masculino

5 (1,3)

Estado civil – n (%) Solteiro (a)

41 (10,6)

Casado (a)

223 (57,8)

Divorciado (a)

10 (2,6)

Viúvo (a)

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União estável

1 (0,3)

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111 (28,8)


Sexo – n (%) Feminino

381 (98,7)

| GOETH ET AL | Masculino 5 (1,3) CONHECIMENTO DOS PAIS SOBRE ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL E PRÁTICAS ALIMENTARES DE CRIANÇAS DE ATÉ 5 ANOS DE IDADE

Estado civil – n (%) Solteiro (a)

41 (10,6)

Casado (a)

223 (57,8)

Divorciado (a)

10 (2,6)

Viúvo (a)

1 (0,3)

União estável

111 (28,8)

Escolaridade – n (%) Ensino médio incompleto

6 (1,6)

Ensino médio completo

34 (8,8)

Ensino superior incompleto

58 (15,0)

Ensino superior completo

288 (74,6)

Filhos – n (%) Um

250 (64,8)

Dois

116 (30,1)

Três

18 (4,7)

Quatro ou mais

2 (0,5)

Pessoas na residência – n (%) Uma

17 (4,4)

Duas

193 (50,0)

Três

127 (32,9)

Quatro ou mais

49 (12,7)

Renda média mensal – n (%) Menos de um salário-

2 (0,5)

mínimo 1 salário-mínimo

10 (2,6)

2 salários-mínimos

51 (13,2)

3 ou mais salários-mínimos

323 (83,7)

Cidade de moradia – n (%) Porto Alegre

167 (43,3)

São Leopoldo

14 (3,6)

Sapucaia do Sul

3 (0,8)

Cachoeirinha

16 (4,1)

Alvorada

11 (2,8)

Canoas

32 (8,3)

Novo Hamburgo

7 (1,8)

Serra Gaúcha

11 (2,8)

Outras

125 (32,4)

Idade do filho – n (%)e De 0 meses a 6 meses De 7 meses a 11 meses

12 (3,1) |

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De 1 ano a 1 ano e 11 meses

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31 (8,0) | DEZEMBRO 2023 81 (21,0)


Alvorada

11 (2,8)

Canoas

32 (8,3)

Serra Gaúcha

11 (2,8)

Outras

125 (32,4)

| GOETH ET AL | Novo 7 (1,8) CONHECIMENTO DOS Hamburgo PAIS SOBRE ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL E PRÁTICAS ALIMENTARES DE CRIANÇAS DE ATÉ 5 ANOS DE IDADE

Idade do filho – n (%)e De 0 meses a 6 meses

12 (3,1)

De 7 meses a 11 meses

31 (8,0)

De 1 ano a 1 ano e 11 meses

81 (21,0)

De 2 anos a 2 anos e 11

89 (23,1)

meses De 3 anos a 3 anos e 11

74 (19,2)

meses De 4 anos a 5 anos

99 (25,6)

Em relação à avaliação dos conhecimentos dos pais/ responsáveis e práticas alimentares na infância, 65,3% afirmaram que o filho foi amamentado exclusivamente com leite materno até os 6 meses de vida. Sobre o consumo de diferentes alimentos antes dos 6 meses pelas crianças, 22,5% relataram que a criança recebeu fórmula infantil e 9,8% informaram que a criança consumiu frutas. Sobre a idade correta para as crianças receberem alimentos com consistência normal, a maioria afirmou que a idade adequada é menos de 1 ano (58,8%). Em relação à apresentação dos alimentos à criança, 81,1% responderam que servem os alimentos separados no

prato. Além disso, 89,1% e 94% afirmaram que a idade adequada para introduzir leguminosas, raízes e tubérculos, respectivamente, na alimentação as crianças é a partir dos 6 meses de idade. Quanto à adequação das porções de frutas e vegetais que devem ser oferecidos às crianças diariamente, 50% responderam duas frutas e 48,7% dois vegetais. Por fim 36,5% responderam que as crianças a partir de 1 ano devem receber pelo menos três porções de leite ou preparações a base de leite. A Tabela 2 apresenta o conhecimento dos pais/ responsáveis em relação à alimentação saudável e as práticas alimentares das crianças.

3 4

5 6 7

Tabela 2 – Conhecimento dos Pais/Responsáveis em Relação à Alimentação Saudável na TABELA 2 Infância e Práticas Alimentaresdos dasPais/Responsáveis Crianças. Conhecimento em Relação à Alimentação Saudável na Infância e Práticas Alimentares das Crianças Variáveis

N = 386

Aleitamento materno exclusivo no momento ou amamentou até 6 meses – n (%) Sim

252 (65,3)

Não

134 (34,7)

Consumo de carne vermelha antes dos 6 meses – n (%) Sim

4 (1,0)

Não

382 (99,0)

Consumo de massa antes dos 6 meses– n (%) Sim

1 (0,3)

Não

385 (99,7)

Consumo de frutas antes dos 6 meses – n (%) Sim

38 (9,8)

Não

348 (90,2)

Consumo de fórmula infantil antes dos 6 meses – n (%) Sim

|

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Não INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE EM SAÚDE, NUTRIÇÃO E ALIMENTOS Consumo de arroz antes dos 6 meses – n (%)

87 (22,5)

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299 (77,5) 2023 | DEZEMBRO


Sim

1 (0,3)

| GOETH ET AL | Não 385DE(99,7) CONHECIMENTO DOS PAIS SOBRE ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL E PRÁTICAS ALIMENTARES DE CRIANÇAS ATÉ 5 ANOS DE IDADE

Consumo de frutas antes dos 6 meses – n (%) Sim

38 (9,8)

Não

348 (90,2)

Consumo de fórmula infantil antes dos 6 meses – n (%) Sim

87 (22,5)

Não

299 (77,5)

Consumo de arroz antes dos 6 meses – n (%) Sim

9 (2,3)

Não

377 (97,7)

Consumo de feijão antes dos 6 meses – n (%) Sim

10 (2,6)

Não

376 (97,4)

Consumo de suco natural antes dos 6 meses – n (%) Sim

5 (1,3)

Não

381 (98,7)

Consumo de legumes e verduras antes dos 6 meses – n (%) Sim

16 (4,1)

Não

370 (95,9)

Consumo de sopa antes dos 6 meses – n (%) Sim

3 (0,8)

Não

383 (99,2)

Consumo de achocolatado antes dos 6 meses – n (%) Sim

1 (0,3)

Não

385 (99,7)

Consumo de batata antes dos 6 meses – n (%) Sim

2 (0,5)

Não

384 (99,5)

Consumo de ovo antes dos 6 meses – n (%) Sim

2 (0,5)

Não

384 (99,5)

Consumo de água antes dos 6 meses – n (%) Sim

2 (0,5)

Não

384 (99,5)

Consumo de leite de vaca antes dos 6 meses – n (%) Sim

2 (0,5)

Não

384 (99,5)

Idade correta para recebimento de alimentos com consistência normal – n (%) Menos de 1 ano 1 ano

227 (58,8) |

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146 (37,8)

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E SUSTENTABILIDADE EM SAÚDE, NUTRIÇÃO E ALIMENTOS 2 INOVAÇÃO anos

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13DEZEMBRO (3,4) 2023


Não

384 (99,5)

Sim

2 (0,5)

Não

384 (99,5)

| GOETH ET AL | Consumo de de vaca antes dos 6 meses – n (%)ALIMENTARES DE CRIANÇAS DE ATÉ 5 ANOS DE IDADE CONHECIMENTO DOSleite PAIS SOBRE ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL E PRÁTICAS

Idade correta para recebimento de alimentos com consistência normal – n (%) Menos de 1 ano

227 (58,8)

1 ano

146 (37,8)

2 anos

13 (3,4)

Separação dos alimentos no prato – n (%) Misturados no prato

73 (18,9)

Separados no prato

313 (81,1)

Com qual idade devem ser introduzidas leguminosas – n (%) A partir de 6 meses

344 (89,1)

A partir de 1 ano

41 (10,6)

Depois de 2 anos

1 (0,3)

Com qual idade devem ser introduzidos raízes e tubérculos – n (%) A partir de 6 meses

363 (94,0)

A partir de 1 ano

22 (5,7)

A partir de 2 anos

1 (0,3)

Porções de leite ou a base de leite por dia a partir de 1 ano – n (%) Nenhuma

77 (19,9)

Uma

18 (4,7)

Duas

105 (27,2)

Três

141 (36,5)

Mais de três

45 (11,7)

Número de frutas oferecidas por dia – n (%) Nenhuma

6 (1,6)

Uma

53 (13,7)

Duas

193 (50,0)

Três ou mais

134 (34,7)

Número de vegetais oferecidos por dia – n (%) Nenhum

17 (4,4)

Um

68 (17,6)

Dois

188 (48,7)

Três ou mais

113 (29,3)

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INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE EM SAÚDE, NUTRIÇÃO E ALIMENTOS

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A respeito da avaliação do ambiente familiar em relação à alimentação das crianças, a maior parte dos respondentes (71,8%) relatou que há comunicação entre eles e os educadores das escolas sobre a alimentação dos filhos. Em relação à consistência dos alimentos oferecidos às crianças no almoço e no jantar 89,6% informaram a consistência normal. Sobre as distrações na hora das refeições, 51,8% responderam que não ocorrem distrações na hora das refeições, 94% informaram que a família se reúne à mesa para realizar as refeições e 80,6% sinalizaram que não utilizam recompensas para estimular o filho a se alimentar. A Tabela 3 apresenta a avaliação do ambiente familiar em relação à alimentação na infância. 10 11

O escore de adequação do conhecimento e das práticas alimentares na infância sinalizou que 85% dos pais/cuidadores demonstraram ≥ 75% de adequação (quartil superior). O escore de adequação das práticas relacionadas à alimentação das crianças no domicílio mostrou que 62,7% dos respondentes avaliaram este processo como ≥ 75% de adequação (quartil superior). A Tabela 4 apresenta os escores de adequação das práticas alimentares e aquelas relacionadas à alimentação das crianças no domicílio. Quando foi analisada a associação das variáveis sociodemográficas com o escore de adequação das práticas relacionadas à alimentação das crianças no domicílio, ficou demonstrado que houve associação entre a esco-

Tabela 3 – Avaliação do Ambiente Familiar TABELAem 3 Relação à Alimentação das Crianças. Avaliação do Ambiente Familiar em Relação à Alimentação das Crianças Variáveis

n = 386

Conversa com educadores da Escola sobre a alimentação do filho – n (%) Sim

277 (71,8)

Não

109 (28,2)

Consistência dos alimentos oferecidos no almoço e – no jantar n (%) Amassados

39 (10,1)

Liquidificados

1 (0,3)

Consistência normal

346 (89,6)

Distrações na hora das refeições – n (%) Sim

186 (48,2)

Não

200 (51,8)

Família se reúne à mesa para realizar as refeições – n (%) Sim

363 (94,0)

Não

23 (6,0)

Recompensa para estimular o filho a se alimentar – n (%) Sim

75 (19,4)

Não

311 (80,6)

Local de realização das principais refeições – n (%) Sofá

26 (6,7)

Mesa

356 (92,2)

Chão

4 (1,0)

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Tabela 4. Escores de Adequação das Práticas Alimentares das Crianças e as TABELA 4

Relacionadas à Alimentação das Crianças no Domicílio. Escores de Adequação das Práticas Alimentares das Crianças e as Relacionadas à Alimentação das Crianças no Domicílio

16

Variáveis

N = 108

Classificação do escore do ambiente domiciliar – n (%) Inferior (<25%)

3 (0,8)

Médio inferior (25% a 49%)

6 (1,6

Médio superior (50% a 74%)

135 (35,0)

Classificação do escore de conhecimento dos pais/responsáveis e das práticas alimentares das crianças – n (%) Médio superior (50% a 74%)

58 (15,0)

Superior (≥ 75%)

328 (85,0)

17 18 laridade (ensino médio incompleto) e a renda mensal de 1 salário-mínimo com o menor escore de adequação (inferior <25%). O ensino médio completo se relacionou positivamente com o escore de adequação entre 50% e 74%. Analisando o maior escore de adequação das práticas (≥ 75%), houve associação entre escolaridade (ensino superior completo) e renda mensal de três ou mais salários-mínimos. O fato de a criança frequentar Escola de Educação Infantil mostrou associação com o maior escore de adequação (≥ 75%), assim como o menor escore (inferior <25%) se associou com a não frequência das crianças à Escola. Avaliando as variáveis sociodemográficas com o escore de conhecimento dos pais sobre alimentação saudável houve associação positiva entre a renda mensal de 1 salário-mínimo com o escore de adequação do conhecimento médio superior (50 – 74%) e renda de 3 ou mais salários-mínimos com o maior escore de conhecimento (≥ 75%). A Tabela 5 apresenta as associações com a classificação dos escores de adequação do conhecimento dos pais/responsáveis em relação à alimentação saudável na infância e das práticas relacionadas à alimentação das crianças no domicílio. Em relação ao consumo de alimentos ultraprocessados pelas crianças, os três alimentos mais consumidos, segundo os respondentes, foram chocolate (62,2%), bolacha “Maria” (61,7%) e sorvete (48,7%). Sobre os conteúdos

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relacionados ao interesse dos pais/responsáveis sobre alimentação na infância, 63,5% e 58,5% afirmaram que gostariam de ter mais conhecimento sobre receitas saudáveis e atividades lúdicas relacionadas à educação alimentar, respectivamente.

[4] Discussão Neste estudo o escore de adequação das práticas alimentares saudáveis na infância sinalizou que 85% demonstraram conhecimento ≥ 75% de adequação (superior), mostrando um ótimo resultado. Um estudo, realizado na Região do Alto Uruguai, cujo objetivo foi verificar o conhecimento de 30 pais e/ou cuidadores de crianças na faixa etária de 2 a 5 anos, através de um Questionário de Frequência Alimentar, sinalizou que consumo foi inadequado para a maioria dos alimentos relevantes para o crescimento e desenvolvimento das crianças (CUNHA et al., 2018). Outro trabalho buscou identificar conhecimentos e práticas de pais de crianças de 6 a 12 meses de idade, sobre alimentação complementar e identificou que os comportamentos dos pais são resultado da interação complexa entre suas crenças, pressões sociais e a percepção sobre a sua competência para alimentar seus filhos (SORRENTINO; VENANCIO, 2019).

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Tabela 5 – Associações com a Classificação do Escore de Adequação das Práticas

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Relacionadas à Alimentação das Crianças no Domicílio e com as Práticas sobre

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Alimentação Saudável na Infância. Associações com a Classificação do Escore de Adequação das Práticas Relacionadas à Alimentação

22

TABELA 5

das Crianças no Domicílio e com as Práticas sobre Alimentação Saudável na Infância

Variáveis

Médio

Médio

Inferior

inferior

superior

Superior

(<25%)

(25% a

(50% a

(≥ 75%)

49%)

74%)

n (%)

n (%)

n (%)

n (%)

Escolaridade Ensino médio incompleto Ensino médio completo Ensino superior incompleto Ensino superior completo

<0,001 2 (66,7) *

0 (0,0)

1 (0,7)

3 (1,2)

0 (0,0)

0 (0,0)

20 (14,8) *

14 (5,8)

0 (0,0)

0 (0,0)

24 (17,8)

34 (14,0)

1 (33,3)

6 (100)

90 (66,7)

191 (78,9) *

Renda média mensal Menos de 1

<0,001 0 (0,0)

0 (0,0)

2 (1,5)

0 (0,0)

1 salário-mínimo

1 (33,3) *

0 (0,0)

6 (4,4)

3 (1,2)

2 salários-mínimos

1 (33,3)

0 (0,0)

23 (17,0)

27 (11,2)

1 (33,3)

6 (100)

104 (77,0)

212 (87,6) *

salário-mínimo

3 ou + saláriosmínimos Frequenta Escola de

<0,001

Educação Infantil

23 24

P

Sim

0 (0,0)

4 (66,7)

65 (48,1)

184 (76,0) *

Não

3 (100) *

2 (33,3)

70 (51,9) *

58 (24,0)

* Associação estatisticamente significativa pelo teste dos resíduos ajustados a 5% de significância.

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O escore de adequação das práticas relacionadas à alimentação das crianças no domicílio, mostrou que 62,7% dos pais/responsáveis avaliaram este processo com o escore ≥ 75% de adequação (superior), demonstrando que na maior parte dos domicílios existe um ambiente favorável para o manejo da alimentação infantil. Avaliando a associação das variáveis sociodemográficas com o escore de adequação das práticas relacionadas à alimentação das crianças no domicílio, ficou demonstrado que houve associação significativa entre a escolaridade (ensino médio incompleto) e a renda mensal de 1 salário-mínimo com o menor escore de adequação (inferior <25%). O ensino médio completo se relacionou positivamente com o escore de adequação entre 50 e 74%. Analisando o maior escore de adequação das práticas (≥ 75%), houve associação positiva entre escolaridade (ensino superior completo) e renda mensal de 3 ou mais salários-mínimos. O estudo realizado por Porto et al., com 330 duplas mãe/bebê, demostrou que 31,3% das crianças já haviam recebido alimentos ultraprocessados antes dos 6 meses de idade e as variáveis socioeconômicas e maternas que apresentaram maiores riscos de introdução destes alimentos incluíram menor renda familiar mensal, menor escolaridade materna e paterna, menor idade materna e paterna, etnia materna preta/parda e a mãe não possuir companheiro (PORTO et al., 2022) A praticidade dos alimentos industrializados e a propaganda influenciam a família na determinação dos padrões alimentares das crianças, existindo uma forte influência de fatores extrafamiliares que moldam o comportamento alimentar das famílias (FRAGA et al., 2020) Neste estudo, a maior parte dos respondentes foi do sexo feminino (98,7%). Este dado vai ao encontro dos resultados de um estudo da UNICEF, publicado em 2020, que avaliou conhecimentos e atitudes de práticas relacionados a hábitos alimentares de crianças brasileiras de 0 a 5 anos e 11 meses, onde as mães representaram 79,5% dos respondentes da pesquisa (UNICEF, 2021). Os resultados deste estudo sinalizaram que 80,6% dos pais referiram não utilizar recompensas para estimular o filho a se alimentar; 51,8% responderam que não ocorrem distrações na hora das refeições e 94% informaram que a família se reúne à mesa para realizar as refeições. Estes resultados demonstram que o momento das refeições é geralmente adequado no ambiente domiciliar. O estudo conduzido por Santos et al., teve como objetivo identificar a relação entre o comportamento dos pais e dos filhos durante as refeições. Os resultados deste trabalho evidenciaram que práticas de pressão, restrição, recompensa e monitoramento alimentar podem determinar negativamente o comportamento alimentar das crianças. O comportamento alimentar considera os aspectos emocionais, fisiológicos e sociais da alimentação, envolvendo desde a preferência até a ingestão, representando não somente o que comemos,

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mas os demais elementos relacionados a isso, como o ambiente da alimentação, a forma e o tempo com que se alimenta e os motivos pelos quais as pessoas comem. Tem sido demonstrado que o comportamento alimentar infantil é multideterminado, envolvendo os contextos familiar, escolar e questões socioeconômicas e culturais. As práticas de recompensas e pressão alimentar, utilizadas pelos pais/responsáveis para aumentar a ingestão alimentar dos filhos, levam à diminuição dos sinais de saciedade fazendo com que a criança passe a utilizar os sinais externos, como “a comida favorita”, o odor da comida ou as emoções como sinal de fome e saciedade (SANTOS et al., 2020). Esse estudo também mostrou que 3% dos pais afirmaram que o filho foi amamentado exclusivamente com leite materno (LM) até os 6 meses de vida. Um estudo realizado em Vespasiano, MG, avaliou a relação entre o desenvolvimento de obesidade em pré-escolares e a presença de aleitamento materno exclusivo até os 6 meses, através da análise de prontuário de 28 crianças. Os resultados mostraram uma prevalência de aleitamento materno exclusivo nestas crianças até os 6 meses de idade de 60,7% (GUIMARÃES, L et al., 2022). Uma revisão integrativa da literatura buscou identificar a prevalência do aleitamento materno exclusivo até o sexto mês de vida e os principais fatores que levaram as nutrizes a interromper o aleitamento materno exclusivo antes deste período. Foram analisados 15 estudos e as taxas de aleitamento materno exclusivo variaram entre 14,8 % e 98,1% (BARRETO et al., 2023). Segundo o Guia Alimentar para Crianças Brasileiras Menores de 2 anos, o LM é totalmente apropriado às necessidades infantis nos primeiros anos de vida (BRASIL, 2019). Os benefícios para a crianças incluem a proteção contra sepse, diarreia, infecções respiratórias, diabetes tipo 2 (DM2), obesidade, desenvolvimento dos sistemas nervoso e endócrino, entre outros. Além disso, as vantagens também são estendidas à mãe, protegendo contra DM2, câncer de mama e de ovário (PEREGRIONO et al., 2018). Em relação à apresentação dos alimentos à criança, nesse estudo, 81,1% dos participantes responderam que servem os alimentos à criança separados no prato, o que demostra um adequado manejo desta situação. Sobre a idade correta para as crianças receberem alimentos com consistência normal a maioria dos pais/responsáveis afirmou que a idade adequada é menos de 1 ano (58,8%). A caracterização do hábito alimentar também é consolidada a partir dos alimentos que são servidos diariamente, do tipo de preparo e da forma como são servidos. É importante que haja o envolvimento da criança na hora de servir os alimentos no prato, para que criem mais autonomia e para terem poder de escolha dos alimentos dentre as opções saudáveis. Importante salientar que os alimentos devem ser servidos de forma isolada, com o objetivo de proporcionar à criança possibilidades de estimulação de todos os sentidos re-

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[5] Considerações finais

lacionados aos alimentos (poder sentir o sabor, o odor, a forma e as características), sempre no tempo certo, respeitando o seu desenvolvimento individual e a sua cultura alimentar (BRASIL, 2019). Em relação ao consumo de alimentos ultraprocessados, 62,2%, 61,7% e 48,7% dos participantes responderam que a criança consome chocolate, bolacha “Maria” e sorvete, respectivamente. Estes alimentos não são recomendados para as crianças, pois geralmente são pobres em nutrientes e podem conter muito sal, gordura, açúcar e aditivos alimentares como corantes, conservantes e adoçantes (BRASIL, 2019). O consumo excessivo destes alimentos pode levar à obesidade e outras doenças como hipertensão, DM2 e câncer (MELO et al., 2019; COSTA et al., 2019). Além disso, há um grande impacto no meio ambiente tanto pelo processo de fabricação industrial, quanto pelo descarte das embalagens e geração de lixo (BRASIL, 2019). A presença de aditivos alimentares na alimentação das crianças pode ser muito preocupante quando se trata de saúde. É essencial que os pais e cuidadores estejam atentos aos rótulos dos alimentos e optem por alternativas de produtos com a menor quantidade de aditivos possível. Sobre a adequação das porções de frutas e vegetais que devem ser oferecidos às crianças diariamente, 50% dos pais/responsáveis responderam 2 frutas e 48,7% 2 vegetais. O estudo desenvolvido por Costa et al. (2019), apontou como aspectos relevantes a importância dos pais ou responsáveis se alimentarem junto com as crianças e a disponibilidade de alimentos saudáveis nas refeições, evitando aqueles com elevado teor de açúcar e sódio. Além disso, o estudo sinalizou que a escola, a família e os nutricionistas têm grande importância na formação dos hábitos alimentares das crianças (COSTA et al., 2019). As limitações deste estudo envolveram algumas questões do questionário que poderiam ter sido formuladas com opções de respostas categóricas no lugar de dicotômicas, no sentido de buscar um refinamento maior sobre o conhecimento dos pais/responsáveis em relação à alimentação saudável na infância. Analisando alguns dos resultados encontrados, como o escore de conhecimento dos participantes sobre alimentação saudável na infância, (85% demonstrou conhecimento ≥ 75% de adequação), o escore de adequação do ambiente domiciliar (62,7% sinalizou adequação ≥ 75%), a escolaridade (74,6% com ensino superior completo) e a renda média mensal (83,7% com renda de 3 ou mais salários mínimos), indica que os respondentes da pesquisa sejam, na sua grande maioria, pais/responsáveis com nível sócio econômico mais elevado, o que não reflete a maioria da população brasileira. Além disso, a coleta de dados, tendo sido no formato online e divulgada nas redes sociais dos pesquisadores, provavelmente foi respondida por pais com condições socioeconômicas mais privilegiadas, corroborando os resultados encontrados.

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Através deste estudo, foi constatado que 85% das crianças possuem práticas alimentares saudáveis ≥ 75% de adequação, representando um ótimo resultado. Em relação às práticas relacionadas à alimentação das crianças no domicílio, 62,7% dos respondentes avaliaram este processo como ≥ 75% de adequação. Contudo, apesar destes bons resultados, os pais/responsáveis oferecem alimentos ultraprocessados para as crianças: 62,2% afirmaram que o filho consome chocolate, 61,7% bolacha “Maria” e 48,7% sorvete. Além disso, 63,5% e 58,5% dos participantes demonstraram interesse em capacitações relacionadas a receitas saudáveis e atividades lúdicas envolvendo alimentação, respectivamente.

REFERÊNCIAS

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