TieBreak magazin
Ano 6 Novembro de 2009
#46
FUNDAÇÃO: O clube de atiradores
história
tabajara tênis clube: 150 anos de tradição
PRESIDENTES: Histórias de quem comandou o TTC
TABAJARIANAS: Os personagens do clube
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SUMÁRIO
10 a 16 A origem do Tabajara
As historiadoras Bettina Stingelin e Sueli Petry contam a trajetória do clube desde a fundação, em 1859, até o início da nova fase em meados do século 20.
SEÇÕES Clotilde, Margerete e Inácio Projeto S21 O livro do sesquicentenário Carta de Inge Darius O Tabajara em imagens Tabasco
74 80 86 88 90 98
EXPEDIENTE 18 A fase atual
O presidente Otávio Guilherme Margarida aborda os projetos e as realizações e conta um pouco da trajetória da família dentro do Tabajara Tênis Clube.
22 a 38 Presidentes
Conselho Editorial Carlos Hering, Otávio Guilherme Margarida, Cynthia K. Baumgarten, Daniela S. Bogo e Rita Schürmann
Editor Executivo Sidnei dos Santos 1198JP (MTb/SC) sidnei@mundieditora.com.br EditorA Michele Wilke Editora Assistente Gisele Scopel Reportagem Ana Paula Lauth, Mariana Tordivelli e Kakau Santos (fotografias) Projeto Gráfico Ferver Comunicação ferver@ferver.com.br
Ex-presidentes e viúvas de expresidentes recordam importantes acontecimentos das últimas décadas e mostram a evolução do clube.
40 a 72 Tabajarianas
Confira as histórias que marcaram o clube nos séculos 20 e 21 contadas por personagens que viveram ou presenciaram alguns desses fatos.
Coordenador de Arte Guilherme Faust Moreira guilherme@mundieditora.com.br Revisor Gervásio Tessaleno Luz 759JP (MTb/SC) FotoS Arquivo Histórico Municipal José Ferreira da Silva, Gilbero Viegas, Edemir Garcia e divulgação Foto de Capa Ivan Schulze Gerente Comercial Eduardo Bellídio eduardo.bellidio@mundieditora.com.br (47) 3035-5500 Diretor Executivo Niclas Mund niclas@mundieditora.com.br
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EDITORIAL
150 anos
Prezado associado, é hora de se orgulhar da história do Taba. Chegamos à marca histórica de 150 anos de fundação e continuamos a ser um clube de vanguarda, crescendo, evoluindo e participando ativamente da transformação da nossa querida cidade. O pioneirismo de Blumenau é fruto das grandes lideranças que integram nosso clube, desde sua fundação até os dias atuais. Aqui, iniciaram as primeiras atividades culturais do município, o primeiro teatro, o primeiro evento social. Somos com orgulho a primeira sociedade de Santa Catarina, que se mantém forte e prospera desde sua criação. Podemos afirmar com satisfação que ser sócio do Taba é uma marca especial na vida de cada um de nós. Formamos uma grande família que hoje está comemorando uma marca histórica. Comemorem! Parabéns, Tabajara! Nessa edição especial de aniversário, contamos um pouco da nossa origem, dos fatos que marcaram nossa brilhante história, nossa tradição narrada pelos personagens vivos que tiveram participação ativa no clube nas últimas décadas. Muitos outros depoimentos são necessários para contar toda nossa história, que será narrada no livro ‘Uma taba para todos’, que será lançado no início de 2010, contando tudo que ocorreu nestes 150 anos. Ainda por cima, apresentamos o novo design da revista, que agora se denomina Tie Break Magazin. Aproveite nossos eventos alusivos à comemoração dessa data inesquecível para o clube. Agende-se, temos ainda o show do Lulu Santos no dia 04 de dezembro e o resgate do Réveillon no dia 31 de dezembro, dois eventos que irão encerrar com chave de ouro as comemorações deste inesquecível aniversário. Excelente festa!
Diretoria
Tabajara Tênis Clube DIRETORIA Presidente Otávio Guilherme Margarida Vice Presidente Alberto Stein • Diretor Administrativo Thomas Bueckmann • Secretário Jorge André Ritzmann de Oliveira • Tesoureiro Alcemir Karasinski • Vice-tesoureiro Carlos Roberto Dorigatti • Diretor do Patrimônio Felipe Avelar Ferreira • Vice-diretor do Patrimônio Maurício Carlos Kreibich • Diretoras Sociais Cynthia K. Baumgarten - Daniela S. Bogo Rita Schürmann - Lorna Stein • Diretor do Tênis André Germano Bürger • Vice-diretor do Tênis Edson Luiz Moser • Diretor de Esportes Clóvis Lenzi • Diretor do Futebol Ricardo Guedes Viotti • Diretor da Sauna Joaquim Teixeira Paulo Filho • Vice-diretor da Sauna Raul Kegel • Diretor do Tiro Carlos Péricas • Diretor da Bocha Valmor Cunha • Diretor do Bolão Traugot Kaestner • Vicediretor do Bolão Rubens Tadeu Varella • Diretora da Ginástica Rúbia Cunha • Diretor de Marketing Cao Hering • Diretor da Piscina Lúcio Flávio V. Simões • Diretor do Squash Caio Alexandre Wolff • Diretor de Esportes e Ouvidoria Clóvis Lenzi Conselho Deliberativo Após A.G.O 2009 presidente Jorge Luiz Buechler vice-presidente Theo K. Falce Secretário José Roberto A. Santos Membros Natos - Egon Alberto Stein Adolfo Luiz Altenburg - Jorge Luiz Buechler - José Roberto A. Santos - Edson Pedro da Silva • Efetivos - Mandato até A.G.O. de 2010 - Theo K. Falce, Bernd F. V. Meyer, Valdir Righetto Filho, Hercílio Baumgarten e Otto Baier • Suplentes - Mandato até A.G.O de 2010 - Valter Ros de Souza, Ronaldo Baumgarten Junior e Carlos Ivan Beduschi • Efetivos - Mandato até A.G.O de 2011 José Carlos Müller, Walter Luiz Persuhn, Hilário Torresani, Ronaldo Reichow e Dênis Mário Locatelli • Suplentes - Mandato até A.G.O de 2011 - Jean Prayon, Evelásio Paulo Vieira e Roberto Carneiro Bauer • Efetivos - Mandato até A.G.O de 2012 - Marcos S. Leyendecker, Sérgio I. Margarida, Jorge Luiz Rodacki, Márcio Milton Mafra e Gualberto José Guedes • Suplentes - Mandato até A.G.O de 2012 - Edmundo Wehmuth, Rolf D. Buhr e Renato Medina Pasquali Conselho Fiscal Jaime Luiz Leite (Presidente) EFETIVOS - Giovani Mainhardt e Dario L. Agnoletto • SUPLENTES - Marco Aurélio Poffo, Juliano Daniel Scheefer e Fabricio A. Bogo gerente Marcello Rubineck Pereira
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Origem
Da fundação ao nascimento do TTC Fundada por colonos alemães, o Tabajara foi alvo da campanha nacionalista de Getúlio Vargas
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A história do Tabajara Tênis Clube inicia-se em 1859, apenas nove após a vinda dos primeiros 17 imigrantes a Blumenau, quando um grupo de habitantes fundou o Blumenauer Schützengesellshaft-verein, uma sociedade voltada à pratica do tiro. Para isso, contaram com a ajuda do fundador da Colônia Blumenau, o Dr. Blumenau, que cedeu um lote de sua propriedade, de 2,5 mil metros quadrados para a instalação da modesta sociedade. São reconhecidos como fundadores o pastor Osvaldo Hesse, o professor Viktor von Gilsa, o veterinário Carl Wilhelm Friedenreich, o comerciante Viktor Gaertner e os colonos Jayme Dittmar, Heinrich Petermann e Jacob Louis Zimmermann.
A primeira sede dos atiradores foi construída no mesmo lugar onde hoje se encontra o Tabajara Tênis Clube. Ela era rústica, feita de tábuas de madeira e telhado de ripas. Sua fundação aconteceu no dia 2 de dezembro de 1859, feriado na colônia por ocasião do aniversário do imperador Dom Pedro 2º.
Quando a Blumenauer Schützengesellshaftverein comemorou 75 anos de existência, em 1934, o clube possuía 187 membros em seu quadro social. Um pequeno terreno também havia sido adquirido para a construção de uma rua larga para a entrada e saída de veículos, onde hoje encontra-se a piscina.
Não era somente da prática do tiro que sobrevivia o pequeno clube. Em 1860, a colônia assistiu à primeira peça teatral apresentada pelo grupo então denominado Sociedade Teatral de Blumenau, que ensaiava frequentemente nas instalações da sociedade de tiro e que tinha como objetivo o entretenimento dos moradores da colônia através da arte.
A diretoria do clube era composta por Félix Hering, presidente; Viktor Probst, vice-presidente; Ernest Steinbach, tesoureiro; Leopoldo Colin, primeiro secretário; Heinrich Webel, segundo secretário; Oswald Otte Sênior, diretor de Tiro; Max Schlereth, comandante. Os festejos de 75 anos ocorreram em setembro daquele ano.
A sede do clube, já em construção de alvenaria, mas bem diferente da atual
No entanto, um grupo reduzido de tenistas pertencentes ao Club Rot Weiss, fundado em 1927, que fazia uso de um espaço cedido pela sociedade, conseguiu fundar, em 1941, o Tenis Club Blumenau. Os membros da diretoria do Tenis Club não mediram esforços para evitar que a sede da Sociedade de Atiradores, então fechada, fosse encampada pelo Exército. Posteriormente, em 15 de março de 1945, o Tenis Club, agora sob a denominação de Tenis Club Tabajara, adquiriu por meio de doação, as terras da Sociedade de Atiradores Blumenau, que continham a sede social, estande de tiro ao alvo, mais um rancho aberto e uma “carreira” para jogo de bolão. Na ocasião, a Sociedade de Atiradores foi representada por Felix Hering, Leopoldo Colin e Adolfo Schmalz. Realizada a doação, a diretoria do Tabajara, com a venda de ações, contratou o arquiteto Richard Kaulich para restaurar o imóvel. Finalmente, em 27 de outubro de 1949, o Tenis Club Tabajara transformou-se definitivamente em Tabajara Tênis Clube. (texto da historiadora Bettina Stingelin, autora do livro Uma Taba Para Todos: 150 Anos do Tabajara Tênis Clube de Blumenau)
Ainda em instalações de madeira, o clube durante uma das festas de tiro
Desfile de sócios do clube em comemoração ao Dia do Colono
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A união de dois clubes
A partir da década de 1930, com a subida de Getúlio Vargas ao poder, iniciaram-se no plano político, social e econômico do País sérias mudanças que trariam consequências a todo o território nacional. Uma delas, a Campanha de Nacionalização de 1938, tinha como objetivo diminuir a influência das comunidades de imigrantes estrangeiros no Brasil e forçar sua integração junto à população brasileira. Foi nessa época que a Blumenauer Schützengesellshaft-verein teve o nome mudado para Sociedade de Atiradores Blumenau. Com o advento da Segunda Guerra Mundial, em 1939, estas medidas tornaramse ainda mais severas. Com a entrada do Brasil na guerra, em 1942, a Sociedade de Atiradores cessou definitivamente suas atividades.
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História
Uma saga sesquicentenária O Tabajara Tênis Clube é a continuidade da primeira sociedade de atiradores do Estado
Sócios posam para fotografia em frente à primeira sede do clube
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O Tabajara Tênis Clube é o clube mais antigo do Estado na prática do tiro ao alvo, sendo a primeira manifestação social na colônia fundada pelo Dr. Blumenau, em 1850. Quando os imigrantes alemães vieram para o Vale do Itajaí, trouxeram na bagagem cultural a manifestação do lazer e entretenimento que inicialmente foi associada à prática do tiro ao alvo.
Tal manifestação cultural nasceu na Europa da Idade Média, quando se constituíram as Corporações de Ofício encarregadas de defender os feudos. Como nem sempre as propriedades estavam em guerra, nos momentos de paz, os feudos promoviam torneios onde a prática do tiro era muito comum.
“Nos tempos das colheitas, eram realizados torneios com disputas para nomear o melhor atirador. Em meio a isso, aconteciam os folguedos e as danças como manifestação popular. Assim, mais tarde, nasceu a sociedade dos atiradores com finalidade de entretenimento e lazer, não mais com o objetivo de defesa”, diz a historiadora Sueli Petry, do Arquivo Histórico Municipal.
Terreno
Quando os imigrantes alemães chegaram ao Vale do Itajaí no século 19, essa era uma das festas mais populares que existiam na Europa. Inicialmente, os colonizadores faziam as disputas de tiro nas ruas da colônia. Foi então que o Dr. Blumenau designou uma área isolada do Centro da colônia imperial para que as pessoas pudessem praticar o tiro com segurança, mantendo viva a tradição que trouxeram da Alemanha. Assim, foi fundada, em 2 de dezembro de 1859, a Blumenauer Schützengesellschaft-verein. “Precisaram pedir ao presidente da província, Pedro Leitão da Cunha, autorização para que pudessem exercer essa prática, já que a atividade envolvia arma de fogo”, conta a historiadora Sueli Petry. Os fundadores eram os líderes da colônia, entre os quais o próprio Dr. Blumenau. Nasce, então, a primeira casa de atiradores de Blumenau, que iniciou com 47 associados. “A aprovação dos sócios era bastante severa e os votos dados através de bolas pretas e brancas. Se houvesse uma bola preta, não entrava no grupo”. Paralelamente a isso, havia a participação feminina. As mulheres estavam sempre nos bastidores, preparando os doces e as cucas, enquanto os homens praticavam o tiro ao alvo durante três dias seguidos, durante o período das festas de Pentecostes. “As mulheres preparavam os alimentos para servir aos atiradores e, enquanto isso, aproveitavam para confraternizar”. Segundo a tradição, apenas os sócios efetivos podiam atirar no alvo de madeira em forma de pássaro. “Nos primeiros dois dias, disputavam as asas, deixando a parte central para o dia de encerramento”, detalha Sueli. Os registros mostram que a sede foi construída com recursos das mensalidades. Não se pode falar do clube apenas como uma sociedade de prática de tiro ao alvo, já que ele era a sala de visita da
Sueli Petry: o clube sempre foi local de tomada de decisões importantes colônia. “Tudo o que acontecia na colônia, em relação aos eventos sociais envolvendo visitas de autoridades, era realizado na sociedade de atiradores. Grandes decisões foram tomadas na sede e, dessa forma, constata-se que a prática do tiro ao alvo era apenas uma atividade a mais”, diz a historiadora. Foi ali que nasceu a sociedade de canto, em 1863, além da sociedade de teatro que, mais tarde, resultou no Teatro Carlos Gomes. “Um grupo de pessoas, entre eles Rose Gaertner, se reuniu para oferecer momentos de cultura aos colonizadores através das artes cênicas, mesmo que de forma amadora”. Também foi na Schützengesellschaft-verein que nasceu a Kulturverein, uma sociedade de assistência aos colonos. Também foram discutidos os problemas da saúde, já que não existia hospital na colônia. “Assim nasceu a Sociedade de Auxílio aos Enfermos. Por isso, falar do nascimento do Tabajara não é lembrar apenas da prática do tiro, mas também do desenvolvimento da cidade”, diz Sueli.
Guerra
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História
O cenário da sociedade Schützengesellschaft começou a mudar na década de 1930, quando Getúlio Vargas assumiu a Presidência do Brasil, dando início a uma política de nacionalização. “As atividades como corais, cantos e o próprio teatro foram atingidas por esse novo governo. O comportamento da cidade, que era muito germânico, foi afetado consideravelmente, principalmente na língua, na educação e nos costumes”, ressalta Sueli. Na época da Segunda Guerra Mundial, a Schützengesellschaft serviu de base para o 32º Batalhão de Caçadores, que hoje é o 23º Batalhão de Infantaria. Ele foi instalado no Município, em 1939, para efetivar a nacionalização, já que o Brasil se voltou contra a Alemanha. Os soldados se
apoderaram das instalações da sociedade, comprometendo o patrimônio por alguns anos. Nesse período, as sociedades de atiradores (clubes de caça e tiro) tiveram que abrasileirar os nomes. Muitas encerraram suas atividades. A Schützengesellschaft foi transformada em Tabajara Tênis Clube, ganhando uma nova identidade. Foi um período difícil. Com o retorno das atividades, os clubes ficaram despojados de muitas manifestações culturais da tradição germânica. Depois da guerra, a prática do tiro ao alvo não poderia ser mais a prioridade. Como o tênis era a novidade do momento no Brasil, o Tabajara resolveu revitalizar os eventos em cima desse esporte. A historiadora afirma que o patrimônio estava praticamente perdido, já que
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Sócios impecavelmente trajados para uma reunião nas dependências de clube
seria incorporado pelo Estado. “Falou mais alto a liderança dessas pessoas que defenderam a preservação desse patrimônio. Eles tiveram a têmpera de manter viva e restabelecer parte da história da cidade. Nós não podemos esquecer que o Tabajara Tênis Clube nunca deixou de ser a sala de visitas, mesmo com esses percalços, recebendo, de maneira ímpar, presidentes e outras autoridades e personalidades ao longo desses 150 anos. Celebrar todos esses anos é celebrar uma saga de história e, acima de tudo, manter vivo um espaço que nasceu de uma vontade do fundador, Dr. Blumenau, ao doar essa área para que ali fosse cultivada uma tradição que veio na bagagem dos colonizadores”, resume a historiadora.
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Presidentes
Tempos de renovações e resgates Após ser vice-presidente, Otávio Guilherme Margarida tornou-se o mais jovem sócio a presidir o Tabajara Tênis Clube No ano de comemoração dos 150 do Tabajara Tênis Clube, todos os eventos giram em torno desse grande acontecimento. Para o presidente Otávio Guilherme Margarida, esse é um grande momento que o clube está vivendo. Além do orgulho para os associados, é inegável a importância do Tabajara na história do Município. As principais autoridades da cidade e lideranças empresariais estão entre os sócios do clube. “O Tabajara é uma grande força que Blumenau possui e que, se Deus quiser, vai continuar trabalhando em prol da cidade” ressalta o presidente. Otávio assumiu o cargo em 2004, tornando-se o mais jovem presidente da história do Tabajara, com apenas 29 anos. Depois, foi reeleito por mais dois mandatos seguidos. A maturidade foi adquirida em dois anos de experiência como diretor e depois como vice-presidente no mandato de Edson Pedro da Silva. Nessa época, foi iniciado um plano de trabalho com uma auditoria para rever onde o clube tinha dificuldades com relação a gastos desnecessários, problemas que poderiam ser revistos para diminuir custos, o que acrescentou muito na receita mensal. Também foi criado um plano de cargos e salários para incentivar os colaboradores, conquistando uma equipe que Otávio classifica como “invejável”. Outra conquista da época em que ainda era vice-presidente foi transformar o jornal Tie Break em revista. “Dessa forma, aproximamos muito a administração do associado e nossa atuação ficou muito mais transparente”, destaca Otávio. A diretoria inovou com a criação da Ouvidoria, um canal para o sócio fazer críticas e sugestões. “A diretoria sempre esteve aberta durante minha gestão para receber essas opiniões, porque, na verdade, eu sou um sócio igual a qualquer outro, por enquanto estou presidente”, explica Otávio. Ao tornar-se presidente, ele buscou colocar em prática tudo que havia planejado na vice-presidência, aquilo que imaginava ser o melhor para o clube. Na época, não havia um plano diretor, então foi formada, com a Diretoria de Patrimônio, uma equipe para repensar o crescimento do clube, já que havia uma série de ideias para construir novos ambientes, tendo em vista a carência do clube por um bom local para a realização das festas dos sócios e locais para aprimorar a prática esportiva.
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O espaço para a prática do tiro era inviável por questões de segurança, havia um interesse muito grande dos sócios por uma academia moderna de ginástica e musculação. Por dois anos e meio, estudou-se um plano diretor, o fluxo de carros dentro do clube para não haver acúmulo nos estacionamentos. Depois de apresentado para o Conselho Deliberativo, o clube passou a ter um plano diretor que hoje norteia o crescimento do Tabajara Tênis Clube.
Apesar do cuidado com o planejamento, Otávio lamenta porque os desastres de novembro de 2008 atrapalharam os planos. A ideia era entregar o clube de uma forma completamente diferente no aniversário de 150 anos. “Esse projeto foi impedido, porque, desde o início do ano, estamos trabalhando em obras de recu-
“ O resgate de eventos sociais, como a Münchenfest e o Baile de Debutantes, é uma marca da gestão de Otávio. Também foi criado o Dia do Fico, uma programação voltada para marcar o fim do Verão. A grande novidade para 2009 é a volta do Baile de Réveillon. Obras planejadas transforão o clube no maior centro de entretenimento dos associados em Blumenau. Uma das grandes conquistas foi o Spass Ecke, espaço cercado pela vegetação e livre para o sócio poder fazer evento sem que o fornecimento precise ser feito pelos ecônomos do clube. A expectativa é terminar a gestão com as quadras de tênis cobertas prontas até abril de 2010 para serem utilizadas no 5º Aberto de Tênis de Santa Catarina, em abril ou maio do próximo ano.
A diretoria sempre esteve aberta para receber opiniões, porque, na verdade,eu sou um sócio igual a qualquer outro
Em 2009, o Tabajara sediou a quarta edição do torneio, o que era objetivo da comissão responsável pelos eventos em comemoração dos 150 anos. “Tivemos a sorte de Florianópolis estar recebendo um evento grande e o torneio veio para o Tabajara”, diz Otávio. Agora, a meta é aumentar a premiação de US$ 35 mil para US$ 75 mil, o que irá aumentar a qualidade técnica do torneio.
peração das encostas atingidas por desmoronamentos”, conta. Somente 30% a 40% do que estava nos projetos foram feitos. Por outro lado, ele acredita que a catástrofe trouxe novas ideias, como a construção das duas novas quadras de tênis cobertas, que não estavam incluídas naquele primeiro estudo.
Também passou pelas equipes de futebol infanto-juvenil e júnior. “Isso foi uma ótima experiência, porque eu chegava ao clube no início da tarde, jogava tênis até 17h, depois subia para o campo de futebol e ficava até 19h ou 20h jogando”. Otávio e o amigo Cristiano Burguer chegaram a jogar no Blumenau Esporte Clube (BEC). “Só não seguimos carreira porque tínhamos interesse maior em estudar”, conta. O lado social do clube também traz boas lembranças. Otávio viu a mãe ser patronesse e as duas irmãs debutarem. “Lembro dos meus pais me levando à casa dos meus avós. Eu estava de smoking, com 14 anos, e eles diziam: ‘hoje, o Otávio vai debutar no Tabajara’”. O casamento de Otávio também foi realizado no clube. Hoje, ele vê as filhas Laura, que faz quatro anos em novembro, e Giovana, de um ano, crescerem com a oportunidade de aproveitar mais o clube com o Projeto S21. O intuito é envolver as crianças no esporte e contribuir para a educação delas. “Quero que a mesma infância que eu tive aqui, fazendo amizades e esporte, minhas filhas também tenham”, finaliza.
A família Margarida é sócia do clube desde os avós de Otávio, o que fez com que ele frequentasse o clube ainda bebê. A partir dos sete anos, começou a aprender a jogar tênis com o professor Gonçalo Salinas. Participou das equipes de tênis que disputavam torneios regionais e estaduais, bem como torneios brasileiros defendendo a marca do clube.
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Realizações
Desafios
Na chegada à presidência, Otávio percebeu que as maiores dificuldades estavam relacionadas à mudança de perfil, de conceitos e certas rotinas. Mas ele já havia passado por essa experiência em um episódio anterior. Renovar o quadro de associados era primordial para a administração e reestruturação do clube.
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Presidentes
Uma gestão revolucionária Da pérgula da piscina ao Die Kneipe, Edson Pedro da Silve e equipe transformaram o Tabajara Tênis Clube
O médico gastroenterologista Edson Pedro da Silva, conhecido pelos amigos como Pingo, lembra com orgulho da época em que foi presidente do Tabajara Tênis Clube. Durante os nove anos em que esteve à frente da diretoria, o clube ganhou uma nova identidade, com ares mais modernos e novos ambientes.
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Durante a gestão de Pingo, que ficou na presidência de 1995 a 2004, a diretoria aprovou a reforma da pérgula da piscina e do restaurante, além de formatar o Die Kneipe e o Koffestub. Mas o grande desafio foi a climatização da sede. “Aproveitamos também para fazer a nova bocha, a nova piscina e a portaria ele-
trônica. Foi a época da modernização e transformação do clube”, afirma o ex-presidente, que contou com o apoio da esposa Marlene durante toda a gestão. Pingo assumiu a presidência do Tabajara a convite da diretoria da época. O primeiro vice-presidente foi Evandro Scussel, seguido de Djalma Olinger. O atual presidente, Otávio Guilherme Margarida, foi o vice-presidente nos últimos três anos da gestão de Silva. “Convidamos o Otávio para ser vice porque queríamos uma pessoa na diretoria que desse continuidade as nossas propostas de modernização, com o mesmo espírito jovem” diz
o médico que é sócio do clube há mais de três décadas e hoje é faz parte do Conselho Deliberativo. A primeira proposta da diretoria presidida por Edson Pedro da Silva foi melhorar a renda do clube com operações de política financeira. No primeiro estágio, também foram promovidas diversas ações sociais e culturais para trazer os associados para o clube, como a Noite Monte Carlo, o Tabatelúrica e o Taba Total. Para os filhos dos associados, foi criado o Programa S21. “Quando me apresentaram esse projeto inédito, eu disse que a gente tinha que colocar em prática o quanto antes”.
Climatização
Pingo lembra que o grande desafio nos nove anos em que esteve à frente do clube foi instalar um ar-condicionado na sede. “Devido ao pé direito muito alto, ninguém acreditou que seria possível climatizar o salão, mas eu decidi lançar o desafio. O ambiente está excelente, extremamente agradável durante os dias quentes”. A reforma do restaurante também foi uma proposta ousada, já que todo o ambiente foi remodelado. “Eles tinham um cardápio maravilhoso, mas não tinham um lugar digno que correspondesse à qualidade da comida. Por isso, decidimos pela transformação do espaço, deixando o ambiente sofisticado”. Um dos maiores motivos de orgulho para Silva é o Die Kneipe, obra que exigiu dedicação extra do ex-presidente. O projeto foi criado conforme a idealização dele, que queria um espaço múltiplo e inova-
dor, que agradasse todos os associados. “Tinha que ter um espaço para as pessoas que gostam de ficar no balcão bebendo, que gostam de ficar conversando ou até mesmo dançando uma baladinha com os amigos. Também foi criado o espaço com lareira para quem quer ficar sossegado durante o happy hour. Dessa mistura, saiu o Die Kneipe, o ambiente do clube que tem mais a minha cara”, confessa o médico. Ele conta que o nome em alemão, que significa barzinho, foi sugerido pelo publicitário Cao Hering. “A nossa equipe era fantástica, desde a diretoria de Patrimônio até o Financeiro. Nós criamos uma nova visão perante os sócios, já que não tínhamos orçamento anual e até mesmo um planejamento social no início da gestão. O título era muito caro e só podia ser parcelado em três vezes e tínhamos que captar renda através das mensalidades, já que são os sócios
que mantêm o clube. Além de facilitar a entrada de novos associados, reajustamos as mensalidades anualmente em cima dos orçamentos”. Logo, os sócios começaram a ver as mudanças e as melhorias na estrutura, passando a frequentar mais o Tabajara. Além das melhorias na estrutura do clube, Pingo priorizou a agenda de eventos e festas, a fim de movimentar e até mesmo retomar a vida social do Tabajara. “Tive a coragem de fazer a primeira balada com música eletrônica, que foi um verdadeiro sucesso”. Hoje, o Tabajara tem um calendário social que inclui até shows com bandas nacionais. “Foi uma época maravilhosa que deixou saudades. Eu tenho consciência de que a nossa equipe fez muita coisa, mas tenho orgulho de ver que o nosso trabalho e a nossa filosofia teve continuidade. Esse é o maior legado”, finaliza o ex-presidente.
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O Die Kneipe foi uma das realizações que orgulham o ex-presidente do Tabajara: “o ambiente do clube que tem mais a minha cara”
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Presidentes
De secretário a presidente Entre as obras no mandato de José Roberto Antunes dos Santos, está a modernização do bolão José Roberto diz que as melhorias aconteceram em virtude do anseio dos sócios e pela percepção da demanda na época. Ele lembra que foram obrigados a fazer chamada de capital. “Mesmo que esta seja uma atitude um pouco antipática, é necessária. Trouxe benefícios para o clube que estão aí até hoje. Somente com as mensalidades, fica muito dificil fazer melhorias substanciais ao clube”, explica. Para ele, é uma grande responsabilidade ocupar o cargo de presidente do Tabajara, por ser um clube que possui associados muito exigentes. “Assim como agora, também naquela época o associado fazia do Tabajara uma extensão de sua casa e de sua empresa e queria a mesma qualidade nos momentos de lazer”, afirma. Segundo ele, quando foi presidente, passava dois dias inteiros por semana, pelo menos, no clube para tomar as resoluções necessárias. “A cobrança era grande”, diz.
Desde que se associou ao Tabajara Tênis Clube, em 1986, José Roberto Antunes Santos esteve sempre ligado à diretoria do clube. Assim, em 1989, tornou-se primeiro-secretário, quando a presidência era ocupada por Alceu Moser de Aquino. Mais tarde, Alceu Aquino teve que se afastar da presidência por motivos profissionais. Foi quando assumiu o vice-presidente João Gregório Pereira Gomes, o Joca. Assim, José Roberto ocupou o cargo de vice-presidente. Em 1995, substituiu Joca na presidência até o final da gestão.
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Entre as ações realizadas no clube enquanto José Roberto ocupou a presidência estão a
remodelação do bolão e a implantação de equipamentos modernos para o levantamento automático dos pinos. Outra ação foi a manutenção do piso das quadras de tênis. “Naquele ano, a diretoria trabalhou ainda na ampliação da parte dos fundos da sede social, com extensão para um jardim de Inverno, e construiu novos banheiros no salão de festas da sede”, comenta. O restaurante também recebeu atenção especial. “Demolimos o bar interno para ampliar o restaurante”, conta. Foi também na gestão de José Roberto o início do projeto de demolição da parte superior da sede social para a construção do Die Kneipe, obra concluída na gestão seguinte, de Edson Pedro da Silva.
Para José Roberto, os antigos presidentes sempre foram pessoas dinâmicas, com interesse voltado ao bem-estar dos sócios e em realizar melhorias nas várias áreas do clube. Sobre as presidências mais recentes, posteriores a sua gestão, o ex-presidente enfatiza o bom trabalho na expansão do clube, principalmente na parte social, com a criação de novos espaços para festas e lazer. “As administrações procuraram acompanhar o crescimento numérico dos sócios”, afirma. Na época dele, eram aproximadamente 690 associados, hoje o clube possui mais de mil. Segundo José Roberto, devido a iniciativas da atual diretoria, percebe-se que os sócios prestigiam muito os eventos do clube. Atualmente, José Roberto é secretário do Conselho Deliberativo do Tabajara. Ele frequenta o clube, no mínimo, uma vez por semana para jogar tênis, fazer sauna ou somente para cumprimentar e conversar com os amigos.
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Presidentes
Competente em tempos de inflação Jorge Luiz Buechler formou com Arno Buerger uma dupla dedicada e apaixonada pelas coisas do Tabajara Presidente do Tabajara Tênis Clube por quatro mandatos – de 1975 a 1983 –, Jorge Luiz Buechler conta que fez uma excelente parceria com o vice e colega Arno Buerger. Dois grandes entusiastas do clube, logo que assumiram trataram de finalizar as obras da sauna, que estava praticamente pronta. Outras melhorias foram implementadas, como a cozinha nova, que sofria com a água que corria do morro, e as mudanças no restaurante. Também foi na gestão deles que começaram a dar novos ares ao espaço onde hoje fica o Spass Ecke. A cancha da bocha foi construída para ser aberta e, posteriormente, foi fechada. Jorge lembra que eram épocas difíceis, de uma inflação avassaladora. “Fazíamos um orçamento, no fim do mês já custava o dobro”, lamenta. Essa situação exigia novas chamadas de capital e o presidente ficou conhecido como o “Rei do Rateio”. Por outro lado, tinham a grande participação dos sócios que contribuíram muito para a evolução do clube. Durante os oito anos de gestão, outras mudanças marcantes foram realizadas, como as duas reformas do estatuto. A primeira foi a criação do sócio remido, que deu possibilidade às pessoas com mais idade continuarem a frequentar o clube sem pagar a mensalidade. O sócio entrega o título para o clube, que tem a oportunidade de vender para um novo sócio, aumentando a receita. As condições para que o sócio se torne remido é completar 35 anos de associado e ter 65 anos de idade. Dessa forma, conseguiu-se aumentar o número de associados e hoje o clube tem, aproximadamente, 220 sócios remidos.
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A outra inovação foi criar o Conselho Deliberativo, formado por 29 associados que escolhem o presidente do clube entre os candidatos. Atualmente, Jorge é o presidente do conselho e o próximo passo é tentar alterar o estatuto para que os filhos dos sócios possam permanecer por mais tempo como dependentes e não somente até os 21 anos. Ele vê que, dessa forma, os jovens permanecerão por mais tempo em um ambiente saudável, no convívio dos amigos e familiares.
Família reunida
Fazer do Tabajara Tênis Clube um local de união entre família e amigos sempre foi o principal objetivo do presidente Jorge Luiz Buechler e seu vice Arno Buerger. Essa prerrogativa segue a tradição do início do clube, quando os imigrantes alemães fundaram a sociedade de caça e tiro para congregar os habitantes da colônia. Além das benfeitorias, havia também a parte social. No final da década de 1970, um baile de Ano Novo memorável reuniu cerca de 500 pessoas. Mas o presidente era rígido com os costumes, não permitia que nos bailes de gala os associados retirassem o paletó e a gravata borboleta, ou que fossem para o meio do salão com bebida ou fumando, para não incomodar os que estavam na pista.
Manter o clube bonito era preocupação constante de Arno Buerger (abaixo com a esposa Adelaide), que costumava ele mesmo praticar jardinagem no Tabajara
Boas recordações
Para ter um clube sempre bonito e colorido, Jorge conta que o vice-presidente ia ao Tabajara todas as manhãs para cuidar das roseiras. “O Arno cortava algumas rosas e colocava na recepção, tinha um amor impressionante pelo clube”, relata o amigo, contando o orgulho de ter participado da renovação do Tabajara e ver hoje as novas diretorias fazendo um excelente trabalho. “O clube teve muita sorte com todos os presidentes que nos sucederam. Demos condições para que o clube expandisse e as gestões seguintes aproveitaram essa oportunidade”, completa.
Jorge Luiz Buechler tornou-se sócio do Tabajara ainda jovem, no início da década de 1950, quando os pais voltaram de Florianópolis, onde haviam se casado e criado sete filhos. A família passou a frequentar o clube: iam aos domingos para dançar, jogar e ir ao restaurante, que abria também à noite. Participavam de todos os bailes, sempre com gente muito bonita e bem trajada, segundo Jorge. Para ele, uma das características daqueles tempos era que as pessoas jantavam e conseguiam conversar durante os bailes. “Hoje, as coisas estão bem diferentes e os
jovens gostam mesmo é de música alta”, comenta saudosamente. Ele recorda de sentar-se na antiga cancha de bocha aos sábados de manhã cedo e observar a natureza. “Dava pra ouvir o orvalho cair das folhas”. Em um Baile de São João, ele e um amigo resolveram ir a cavalo para a festa. Encontraram um senhor que tinha um carro de mola e o convenceram a emprestar os cavalos. Àquela altura, os dois já tinham feito o “esquenta”. Ele conta que não teve problemas, mas o amigo mal conseguia parar em cima
do cavalo. Cada vez que subia, caía do outro lado. Depois de muito tentar, conseguiram chegar à festa. Entre as vitórias no esporte, Jorge foi campeão de tênis do Campeonato de Bola Murcha, que era praticado por amadores. A esposa Renate é de uma família de atiradores (a família Otte) e, a pedido do clube, entregou uma caixa cheia de medalhas que ela havia conquistado. “Agora vocês podem imaginar o perigo que eu corro em casa”, disse Jorge, arrancando gargalhadas dos amigos.
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Presidentes
Gestão tranquila e galante Como presidente do clube, Adolfo Luiz Altenburg trouxe de volta o tradicional Baile de Gala De 1971 a 1973, o empresário Adolfo Luiz Altenburg foi presidente do clube. Nesse período, a cidade passava por uma fase de tranquilidade e foi nesse mesmo ritmo que se desenvolveu a gestão. “Recebi e entreguei o clube em absoluta harmonia”, lembra. Altenburg acredita que as novas ideias são benéficas, mas nenhum sócio quer grandes reviravoltas, já que o que mais apreciam no Tabajara é a tranquilidade.
Extensão da casa
O empresário conta que não fez nenhuma construção e que em sua passagem como presidente apenas concluiu obras que estavam em andamento. Segundo Altenburg, o grande expoente da sua gestão foi a retomada do tradicional Baile de Gala, idealizada pelo diretor social da época, o amigo José Fiúza Lima. Na ocasião, a dupla achava inaceitável o primeiro clube da cidade não ter um evento desse nível. “Aquela edição do Baile de Gala foi a mais linda que o Tabajara já teve”, acentua.
Associado desde a década de 1960, o empresário também foi vice-presidente por seis anos. Hoje, é sócio remido e conta que gostava de jogar tênis para movimentar o corpo. Conhecido por todos os tenistas, Altenburg é presença constante nas quadras do Tabajara. O ex-presidente ressalta que todos os momentos que viveu no clube foram os melhores de sua vida e que o lugar é como um apêndice de casa, pois foi onde criou os dois filhos e os cinco netos. “A localização é privilegiada e os ambientes são bonitos. Tenho muito orgulho em fazer parte do clube e de ter participado da diretoria”, diz.
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Na opinião do empresário, todas as obras feitas fora da sua gestão foram muito bem executadas, principalmente as reformas no bolão, que revitalizaram o espaço.
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Presidentes
Desde os tempos do pai Egon Alberto Stein viveu o período da guerra, quando o clube virou base militar e depois recebeu o nome atual Repleto de memórias de quando o Tabajara Tênis Clube ainda nem tinha esse nome, Egon Alberto Stein foi presidente do clube no período de 1964 a 1966. O ex-presidente conta que a história do Tabajara se funde ao crescimento e evolução de dois clubes distintos, o Schützengesellschaft, clube do tiro, fundado em 1859, que além do tiro era o clube social da colônia, e o Blumenauer Tênis Clube, um clube esportivo para a prática do tênis, fundado já no século 20. Com o advento do Estado Novo, em novembro de 1937, iniciou-se uma campanha que adotava medidas nacionalistas para criar uma identidade brasileira. Estrangeiros e descendentes ligados aos países do Eixo, durante a Segunda Guerra Mundial, representavam perigo para o governo, que determinou a caça às bruxas. Entre outras coisas, eram proibidos os hinos das potências do eixo, assim como falar o alemão. O edital da Secretaria de Segurança Pública da época também vetava a reunião para festas privadas, como aniversários, bailes ou banquetes. No Schützengesellschaft, não foi diferente e por volta de 1940, o Exército confiscou as instalações do clube de tiro para alojar soldados, cessando todas as atividades sociais, principalmente a prática do tiro ao alvo. Ao final da Segunda Grande Guerra, os tenistas do Blumenauer Tênis Clube demonstraram interesse em incorporar a área do Clube de Tiro, mas a União não demonstrava intenção de devolver o patrimônio. Egon conta que essa atitude provocou uma reação no grupo dos praticantes do esporte branco, que iniciaram um movimento local com os antigos sócios do clube de tiro para incorporar o patrimônio. Entre as inúmeras discussões, optou-se inicialmente em mudar o nome do clube. O ex-presidente conta que Arão Rebelo, também tenista, sugeriu unir todos os tenistas numa taba. “A discussão e os palpites continuaram até que alguém lançou a ideia de Tabajara, creio que foi o próprio Arão Rebelo”, conta Egon. Assim, achado o novo nome, com toque bastante nacional, iniciou-se o entendimento e montagem de um esquema para obter a incorporação do patrimônio do clube de tiro ao clube de tênis, agora já com o nome de Tabajara Tênis Clube. Dali em diante, foram feitos contatos com todos os ex-sócios do clube de tiro e proposta a incorporação, convidando a todos a fazerem parte do novo clube. A incorporação foi conseguida, mas poucos sócios do agora extinto clube de tiro associaram-se ao Tabajara, conta Egon.
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Ainda restavam a devolução do patrimônio e a retirada dos soldados e os tenistas iniciaram uma nova ação para fazer pressão política local, estadual e federal. Max Tavares D’Amaral e Roberto Grossenbacher, ambos Deputados Federais por Blumenau, abraçaram a causa e atuaram politicamente na Capital Federal, Rio de Janeiro, pela devolução do Clube de Tiro, que foi bem sucedida.
Implantação do novo clube
Incorporado o patrimônio, estava realizada a fusão dos dois clubes em um só. Porém, o patrimônio estava totalmente destruído. Segundo Egon, o primeiro passo foi elaborar o estatuto do Tabajara Tênis Clube, que determinava que este seria um clube por ações. “Foi autorizada a venda de 200 ações ao valor 5 mil réis cada”, lembra Egon, que teve a ação de número 84, presente do pai, pois ele estava cursando Engenharia Civil em Curitiba. As vendas movimentaram o clube, que obteve o capital necessário para a reforma da sede, projetada por Richard Kaulich. A intenção era concluir os trabalhos para serem inaugurados no dia 2 de setembro de 1950, data do centenário de Blumenau, o que não foi possível. Contudo, Werner Garni, também sócio e tenista, conseguiu montar uma boate na parte já concluída que funcionou ao longo dos festejos do centenário de Blumenau. Em 1954, Egon Alberto Stein volta a Blumenau assumindo a função de Residente do Departamento de Estradas de Rodagem. Nesse mesmo ano, é iniciada a pavimentação da estrada Blumenau – Itajaí e ele começa a ser assíduo frequentador do Tabajara, esportiva e socialmente. Em fevereiro daquele ano, foi convidado para substituir Werner Garni na direção do tênis, quando foram construídas as quadras 3 e 4. Desde então, ele participa das diretorias do clube. Na presidência do Tabajara, Egon queria construir o bar da piscina, mas as finanças estavam fracas. Então ele fez contato com empresas de amigos que estivessem dispostos a colaborar com dois, três, quatro ou mais salários mínimos por mês para executar obras e eventos que tinha programado, já que estas empresas também usufruíam das instalações do clube. Walter Schmidt S. A., Artex, Altona, Teka e Cremer foram algumas delas. Uma das promessas da diretoria era dinamizar o clube e para isso todos os meses ofereceu aos sócios um evento diferente. Festa do Tiro, Torneio de Bolão, Campeonato Interno de Tênis, torneios amistosos de tênis com clubes de outras cidades – Guarani, de Itajaí; Lira Tênis Clube, de Florianópolis; Boavista, de Joinville e Country, de Curitiba. Além dos campeonatos de biriba, skaat, snooker e dominó. Também fizeram uma noite em Monte Carlo com jogos para valer de black jack, roleta, poker e bacarat. Egon frequenta o clube de tiro desde de 1934. O pai, Alberto Stein, era prefeito de Blumenau e estava sempre presente no tiro e eventos sociais. Naquele tempo, inúmeras festas eram realizadas anualmente pelo Schützengesellschaft, começando com o Baile de Gala da Páscoa. Outro grande evento era a Festa do Tiro seguida de baile, na data de Pentecostes, com a coroação do Rei do Tiro e Rei do Pássaro. Em junho, realizava-se a Festa de São João (Sonnenwendfeier). Em seguida, acontecia o Baile de Primavera, Baile de Gala, com direito a vestido longo e smoking, que hoje é o Baile de Debutantes. Em dezembro, aconteciam os Bailes de Natal e Ano Novo. O ex-presidente começou a praticar o tênis aos 10 anos e jogou até que um problema lombar o obrigou a deixar o esporte. Jogava todas as terças, quintas e sábados e muitas vezes ainda aos domingos.
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Presidentes
O Tabajara muito de perto Rita e Henrique Ramon Miehe viveram intensamente as coisas e o dia a dia do clube Henrique Ramon Miehe tinha 30 anos quando se tornou sócio do Tabajara Tênis Clube. Quem conta a história de um dos presidentes do clube é a viúva Rita Roedel Miehe, que participou ativamente das atividades do Tabajara durante os dois mandatos do marido. O casal morava ao lado do clube, na casa que recentemente foi demolida para a construção das quadras de tênis cobertas. Dali, antes mesmo de ser sócia, Rita admirava a beleza e as festas sempre muito animadas. Antes de chegar à presidência, Miehe foi diretor do Bolão. Posteriormente, com a primeira reforma inovadora do clube, que elegeu uma nova diretoria, ele foi eleito tesoureiro na gestão de Arno Buerger. Por quatro anos, Miehe teve a responsabilidade de gerir o dinheiro destinado às reformas. Foi nessa época que a piscina foi inaugurada, mudando completamente a rotina do clube e trazendo ainda mais descontração. “Jogamos bolão uns 10 anos. Ramon à noite e eu à tarde. Quando a piscina foi construída e inaugurada, ficamos muito contentes, pois nossos filhos e eu aprendemos a nadar”, conta Rita. O mandato de Miehe foi de 1965 a 1969, isso porque no final do primeiro mandato, quando iria deixar o cargo, a pessoa que o sucederia desistiu três dias antes da assembleia. Rita cuidava da decoração do clube. Aprendeu com Adelaide Buerger e, todos os sábados, durante quatro anos, enfeitava a entrada do Tabajara.
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Fomos muito felizes no Tabajara. Lá, festejamos nossas Bodas de Ouro, meus 80 anos e os 80 anos do Ramon
Festas, bailes e novidades
Nos dois anos que se seguiram, a vida social do clube mudou radicalmente. Festas, bailes e inovações voltaram a acontecer, inclusive a Noite das Cinderelas, como era chamado o Baile de Debutantes, que era celebrado em novembro, data de fundação do clube. Segundo Rita, o grande idealizador das novidades foi o diretor social José Fiúza Lima, no período de 1967 e 1969. Nesse ano, o bolo foi colocado em cima do lustre, que descia do teto de forma esplendorosa, e as 17 jovens apagavam as velas. A entrada delas no salão foi marcada por uma carruagem estilizada sobre o palco. “Pessoas renomadas participavam desse evento, até governadores”, conta Rita, ao recordar que aquele baile foi até 7h da manhã, algo raramente visto naquele tempo. Os Bailes de Réveillon também eram muito marcantes para a sociedade daquele período. Sucesso absoluto, os sócios se reuniam para festejar a chegada do novo ano. A Festa de São João era muito badalada, com muitos enfeites, comida e bebida típicas a noite toda. “Nossa família participou intensamente da vida social do Tabajara Tênis Clube. Estávamos presentes em todas as festas e nos eventos que o clube realizava”, diz Rita. Para comemorar o centenário de Blumenau, em 1950, a sede do clube foi reformada especificamente para sediar o Baile de Gala. Durante a segunda gestão, mudanças na sede foram sugeridas, mas não foram aprovadas em assembleia. Essas e outras modificações elaboradas pelo arquiteto Hans Broos, como a ampliação da sede e outras dependências, foram feitas anos mais tarde. “Naquele tempo, até nas festas, a maneira de se divertir era outra”, aponta Rita, lembrando os relatos do marido. Ele costumava dizer que os jovens de hoje dançam de um lado e a parceira lá do outro, não agarradinhos como antigamente. Mesmo sem realizar as obras que queria, anos mais tarde Miehe viu a evolução do clube e a preocupação constante com o bem-estar do sócio, que sempre foi o seu principal intuito. Para ele, a contribuição do clube, desde os primórdios, para Blumenau foi imensa, pois congregava os poucos habitantes em 1859 no passatempo de que eles mais gostavam. Reflexo dessa iniciativa foram os mais de 30 clubes de caça e tiro que surgiram posteriormente na cidade. “Fomos muito felizes no Tabajara, que era uma extensão de nossa casa, que ficava ao lado do clube. Lá, festejamos nossas Bodas de Ouro, meus 80 anos e os 80 anos do Ramon”, conta Rita, relembrando os bons momentos ao lado do saudoso marido.
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Presidentes
Brincalhão e dedicado Eleito por unanimidade, Arno Bernardes, seu jeito alegre e a risada inconfundível conquistaram a todos O jeito alegre e comunicativo de Arno Bernardes conquistou a equipe administrativa do Tabajara, que era formada essencialmente por descendentes de alemães. A empresária Brigite Bernardes conta que a gestão de 1974 a 1976 foi a mais divertida, pois refletiu a personalidade do marido. “Ele se candidatou à presidência sem muita expectativa, porque achava que um brasileiro de Itajaí não teria a mínima chance. Ele conquistou o coração dos alemães e ganhou o cargo com unanimidade dos votos”, recorda. Brigite conta que o mandato foi marcado por constantes melhorias, entre elas a colocação de ventiladores nos ambientes e o calçamento do clube. Segundo a empresária, ambas eram medidas emergenciais, pois quando aconteciam os bailes, o calor era insuportável e as senhoras usavam lindos vestidos longos que as barras arrastavam no barro. Tais eventos eram sempre glamurosos. O presidente convidava personalidades como a atriz Suzana Vieira, o cantor Martinho da Vila, a dançarina Marlene Paiva e a cantora Helena de Lima. Há quatro anos, Helena cantou a música Um Rio que Passou na Minha Vida em homenagem ao amigo quando reconheceu a filha de Bernardes na plateia em um show, no Rio de Janeiro.
Sócios do Tabajara desde 1953, Brigite afirma que o lugar sempre foi vizinho, cozinha e extensão de casa. Tanto que os filhos, quando pequenos, fizeram uma trilha no meio do mato que dava nos fundos do clube. “Enquanto eu pensava que estavam estudando no quarto, as crianças já estavam nadando na piscina há tempo”, lembra. O Tabajara fez parte dos descontraídos momentos da vida da empresária com a família. Ela revela que o marido era muito brincalhão e em uma ocasião vestiu-se de tenista e pediu para que todos falassem que ele era o melhor do Brasil para amedrontar o profissional Thomas Koch, que participava de um torneio no clube. “O Bernardes chegou todo empinado e disse que só não arrasaria o tenista na quadra porque estava com o pé machucado quando, na verdade, nunca havia segurado uma raquete na vida”, relembra aos risos.
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Em outro evento no Tabajara, o presidente fantasiou-se de policial, acendeu um charuto e foi à Festa de São João. Lá, não foi reconhecido por ninguém, o que causou certo burburinho. Segundo Brigite, a presença de uma autoridade estava deixando os sócios desconfortáveis e todos se perguntavam quem era o tal policial. O disfarce durou pouco tempo, pois foi reconhecido assim que soltou a primeira gargalhada – marca registrada de Bernardes.
Bela parceria
O tenista e o policial
Brigite ressalta que, apesar da personalidade expansiva, o presidente escutava com atenção os conselhos dos mais velhos e não hesitava em pedir a opinião de todos antes de qualquer iniciativa.
Bernardes e Brigite formavam uma bela parceria. Todas as noites eles iam ao Tabajara para ver se estava tudo certo. A empresária estava continuamente envolvida nos projetos do marido e revela que ele fazia questão que somente a esposa cuidasse dos arranjos de flores que enfeitavam o clube. Sempre na ativa, Brigite colaborou com a Rede Feminina de Combate ao Câncer em Blumenau e, quando Bernardes faleceu, em 1979, tomou as rédeas da fábrica de peças especiais que o marido havia fundado em 1955. Mesmo sem saber nada sobre metalurgia, Brigite assumiu a empresa e aprendeu o que precisava através de cursos e viagens. “Quando meu marido faleceu, a Blufix ainda não havia completado 25 anos e hoje está com 54”, comenta. A empresária está com 76 anos, tem quatro filhos e o sétimo bisneto está a caminho. Nem a numerosa família cansa Brigite, que faz questão de trabalhar na fábrica diariamente. “Eu gosto de atividade e não sei ficar parada. Sou metida mesmo”, assume a senhora que conquistou o mais brincalhão dos presidentes.
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Presidentes
O querido Joca Dedicação à família, ao próximo e ao clube foram marcas deixadas por João Gregório Pereira Gomes Presidente do Tabajara Tênis Clube por cinco anos (1990 a 1995), a memória de João Gregório Pereira Gomes, mais conhecido como Joca, é lembrada com carinho pela esposa Carmencita Pereira Gomes, que recorda momentos maravilhosos do casal vividos no clube, assim como as importantes transformações feitas pelo saudoso marido. Carmencita destaca a reforma da sede social e do bolão como as mais importantes. “Quando o Die Kneipe foi inaugurado, o Joca já havia falecido e me chamaram para a inauguração, que seria em homenagem a ele”, conta. Joca faleceu em 1995.
Foi professor em colégios de Blumenau e de Joaçaba, onde Relações Humanas e Movimentos de Líderes Cristãos eram seus assuntos favoritos. Sempre era convidado para apresentar palestras sobre o tema.
No coração
Culto, Joca gostava muito de ler e de estudar. Segundo Carmencita, ele foi um homem muito ativo e achava chato não ter nada para fazer. “Ele era um pouco cricri, gostava das coisas corretas, mas todos o adoravam”, ressalta.
O Tabajara representava para Joca uma extensão de casa e a família. O bancário tinha no tênis uma verdadeira paixão e se destacou ao ganhar campeonatos. Ele também jogava futebol, bocha e, com a esposa, participava dos animados eventos sociais. “Os bailes de debutantes eram os mais lindos e o Joca participou de cinco deles como presidente”, acentua.
Medo de avião
Bancário por formação, Joca trabalhou por 32 anos no Banco do Brasil e participou de diversas atividades comunitárias, como na Rede Feminina
de Combate ao Câncer e na Apae. Carmencita revela que Joca era uma pessoa muito solidária, pois ajudava diversas entidades e, mesmo com a saúde comprometida, distribuía cestas básicas nos bairros carentes da cidade.
A honestidade era a qualidade que Carmencita mais admirava no marido. O bancário sentia-se amotinado com os políticos e dizia que o País não merecia o castigo de ser governado por corruptos.
O maior desafio de Joca foi conseguir o consenso do corpo associativo para as reformas. Carmencita lembra que seu período na presidência foi tão especial que, mesmo adoentado, o marido participava das reuniões administrativas regularmente. “O Tabajara esteve no coração do Joca até o fim. O vice-presidente ia até o hospital para colocá-lo a par das novidades e para pedir conselhos”, lembra com orgulho.
O ponto fraco de Joca, de acordo com a esposa, era o medo de avião. O pavor de voar fez com que o casal viajasse de carro até a Paraíba. “Foi muito cansativo, mas ele não entrava em uma aeronave, a menos que fosse a trabalho e em voos rápidos”, conta. A mãe de Joca era turca e Carmencita sempre sonhou em viajar para a Turquia com ele. A sonhada viagem foi feita pela viúva, na companhia de amigas, já que esse foi um pedido feito pelo marido pouco tempo antes de falecer.
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Carmencita e o marido João Gregório, o Joca
Com sabedoria e integridade, o bancário conduziu a presidência do Tabajara, onde cultivou amizades verdadeiras. Para Carmencita, Joca era um exemplo de homem que se orgulhava da família, que criou e protegeu com esmero e dedicação.
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Tabajarianas
Seis décadas de Tabajara Filho de uma dos primeiros sócios do TTC, Guenter Kaulich coleciona histórias felizes e muitas amizades Sócio do Tabajara há mais de 60 anos, pois o pai foi um dos primeiros associados da fase pós-guerra, Guenter Kaulich frequenta o clube desde criança e guarda belas memórias de todas as épocas. “Toda minha infância foi vivida ali. Por morar nas proximidades, ia de bicicleta”, conta. Ele garante que até hoje, ao entrar no clube, tem a mesma sensação gostosa de antigamente. O pai de Guenter, Richard Kaulich, foi responsável pelo projeto da reforma da sede social quando o clube passou de Sociedade de Atiradores Blumenau (Blumenauer Schützengesellschaft-verein) para Tabajara Tênis Clube. “Lembro-me de acompanhar meu pai na vistoria da obra várias vezes quando pequeno”. Entre as discussões na época da obra, ele recorda a que o pai teve com Werner Garni a respeito da porta de entrada. O tênis sempre esteve presente na família. Kaulich começou a jogar com sete anos. “Foi a época em que o Tabajara contratou o primeiro treinador, Henrique Cardoni”, recorda. Ele conta que quando jovem os melhores jogadores do Tabajara eram Bernardo Hering e Rudi Nebelung. “Eram o símbolo do tênis no Tabajara”, afirma. Kaulich disputava todos os campeonatos estaduais pelo clube, dos quais participavam as equipes de Florianópolis, Brusque, Itajaí, Joinville e Blumenau, e conquistou muitos títulos. Também participou de campeonatos nacionais da época, sendo, inclusive, vice-campeão de duplas mistas do Campeonato Sul-Brasileiro disputado em Curitiba. “Esta é uma lembrança marcante”, salienta. Os treinos sempre aconteciam no Tabajara, era lá que ele passava todo tempo livre, numa época em que o clube possuía apenas duas quadras.
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Assim como o pai, Kaulich foi diretor de Tênis do Tabajara. Ele conta que quando Arno Buerger era presidente do clube, os dois trouxeram para Blumenau o Campeonato Brasileiro Infanto-Juvenil e da Juventude, sendo na época um grande evento nacional com a participação de atletas de todos os estados brasileiros. O tenista de destaque era Thomas Koch, do Rio Grande do Sul.
meu pai quis simplesmente substituir no emblema do time a estrela solitária pelo TTC”, conta aos risos.
Na época, atuou na realização de vários torneios interclubes entre cidades do Paraná e Rio Grande do Sul. Hoje, Kaulich comemora o retorno da realização dos grandes campeonatos no Tabajara, com o Aberto de Tênis de Santa Catarina. “Este torneio projeta o Tabajara nacionalmente”, observa.
Além do tênis, outras atividades no Tabajara fazem parte das histórias da família. Ele recorda das gincanas, dos bailes de São João – em que iam vestidos a caráter e havia a premiação para os melhores trajes – e dos elegantes bailes de Ano Novo. Participava também do bolão, ganhou o título de Rei do Tiro e, nesses anos todos, fez muitos e bons amigos.
Orgulhoso, Kaulich conta ser seu pai o criador da primeira logomarca do Tabajara Tênis Clube, em função dos campeonatos de tênis que começaram a ser promovidos no clube e no Estado. “Botafoguense fanático,
Kaulich faz questão de parabenizar todas as diretorias e presidências que atuaram no clube, pois atribui a cada uma a elevação do nome Tabajara. “O Tabajara é considerado um destaque no Estado”, analisa.
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Tabajarianas
18 anos na direção de Patrimônio Romualdo Bonnemasou exalta as tradições do Tabajara, mas salienta que renovar também é necessário Sócio do Tabajara Tênis Clube desde dezembro de 1974, Romualdo Bonnemasou foi diretor de Patrimônio do clube entre 1986 a 2004. “Se foram 18 anos de bailado entre os recantos do Tabajara como diretor de Patrimônio, acho que alguma utilidade me foi atribuída”. Ele conta que neste período o clube sofreu uma verdadeira metamorfose. “Passou de arcaico e quase escombroso para uma obra digna para o deleite de seus ilustres associados”. Bonnemasou afirma que em momento algum na diretoria teve como objetivo glórias e aplausos. “Isso porque eu acredito que ser diretor do Tabajara não é dar um passo para o estrelismo, mas sim assumir o compromisso de se dedicar, cada um no seu setor, às causas que enobrecem o clube e o tornam funcional”, declara. Para ele, não há diretor que brilhe isoladamente. “O conjunto é que leva ao sucesso”. Ele permaneceu na diretoria durante nove gestões e recorda diversos momentos marcantes na realização da reforma da sede social. Na época, ia ao clube praticamente todos os dias, geralmente para prestar orientações e resolver os problemas que surgiam. E também para usufruir de bons momentos quando jogava bolão, bocha, praticava tênis e frequentava a sauna. Muitos eventos sociais, segundo o ex-diretor, foram notórios. “Não perdíamos os memoráveis Bailes de Debutantes e nenhuma outra festa”. Ele classifica como especial a “segunda noite de inauguração no Tabajara”, quando foi aberto o Die Kneipe. Bonnemasou diz que com o passar do tempo alguns dos “mais velhos e nobres associados foram se retirando e ‘desaparecendo’”. Desta forma, foi necessário pensar em renovação. “Acreditou-se que o ecletismo de uma diretoria mais jovem poderia proporcionar novos incentivos ao clube. Assim foi feito e por isso o Tabajara é hoje o que é. Cada qual com sua própria conjectura”, observa. “Renovar é necessário para não sucumbir”, finaliza.
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Ser diretor do Tabajara não é dar um passo para o estrelismo, é assumir o compromisso de se dedicar às causas que o enobrecem
A dermatologia é a especialidade médica que se ocupa do tratamento clínico e cirúrgico das doenças da pele, pelos, unhas e mucosas oral e genital. Melhora a qualidade de vida de seus pacientes desde a infância até a velhice. A cosmiatria dermatologica avançou muito na descoberta de métodos de rejuvenescimento e regeneração da pele.
PROFESSOR DR. NILTON NASSER MÉDICO - DERMATOLOGISTA CRM 1118
PROFESSOR TITULAR DE DERMATOLOGIA DO CURSO DE MEDICINA DA FURB DOUTOR EM DERMATOLOGIA PELA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO MEMBRO DA ACADEMIA AMERICANA DE DERMATOLOGIA CHEFE DO DEPARTAMENTO DE CÂNCER DA PELE E MEMBRO DA COMISSÃO CIENTÍFICA DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE DERMATOLOGIA MEMBRO E CONSELHEIRO DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE CIRURGIA DERMATOLÓGICA PRESIDENTE DO CONGRESSO BRASILEIRO DE DERMATOLOGIA-1998-BLUMENAU-SC
Dermatologia clinica e cirúrgica Dermatologia cosmética: rejuvenescimento, peellings, laserterapia, correção de rugas e cicatrizes com toxinas botulínicas e preenchedores. Dermatologia pediátriaca e geriátrica Câncer da pele: tratamento cirúrgico, prevenção com controle computadorizado dos sinais e pintas, fotoproteção adequada para cada paciente, fototerapia método PUVA Rua Curt Hering, 20 - Ed. César, 3º andar - 89010-030 Fone (47) 3322-3143 - Blumenau - SC ninasser.bnu@terra.com.br
Horário de funcionamento: das 09hs às 11hs e das 14hs às 18hs
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Tabajarianas
A descoberta do amor No primeiro contato com o Tabajara, Alcemir Karasinski apaixonou-se pelo clube e conheceu a futura esposa Em 1962, quando estudava no Rio de Janeiro, o técnico industrial têxtil Alcemir Karasinski veio excursionar por Santa Catarina com a turma da escola e, a convite de empresários, o grupo almoçou no Tabajara Tênis Clube. Alcemir conta que, na ocasião, caiu de amores pelo lugar e viu pela primeira vez sua futura esposa. No ano seguinte, veio fazer estágio em Blumenau, quando reencontrou a tenista Lorena van Wickern que era sócia esportista. Quando se casou, três anos depois, a tenista deixou o esporte e Alcemir prometeu que voltaria a ser associado do clube. Não deu outra: 12 anos depois, ele voltou ao Tabajara, sendo que naquela época para tornar-se sócio tinha que ter aprovação unânime através de votos secretos de todos os membros da diretoria.
Vida lá fora
Alcemir recorda que, em 1964, sua futura sogra, dona Irma, era proprietária de um famoso salão de beleza chamado Lorena e atendia muitas sócias do clube. Quando resolveu encerrar as atividades do estabelecimento, dona Irma foi intimada por suas clientes a reabrir o salão dentro do Tabajara, onde o estabelecimento funcionou por mais dois anos.
Desde o retorno, Alcemir permaneceu como sócio do clube e hoje é remido, depois de frequentar o Tabajara por mais de 30 anos. “Tem que balancear um pouco porque senão a vida lá fora fica a ver navios. Tenho amigos de outros lugares também”, conta. Antes de se tornar sócio proprietário do Tabajara, ele foi associado do Guarani Esporte Clube, do Bela Vista Country Clube e do Olímpico. Nessas três décadas, Alcemir fez amizades, contatos e fundou o grupo de bocha das quintasfeiras, o de bolão das segundas-feiras, viveu e vive muitas histórias.
Ordem na casa
Sempre envolvido nas atividades administrativas, Alcemir foi por dois anos diretor da Bocha, colaborou outros dois anos como segundo-secretário e mais dois anos como primeiro-secretário. Há 20 anos, é tesoureiro do clube. “É gratificante fazer parte da vida do clube e trabalhar na tesouraria. Gosto de lidar com números e fazer o que faço”, diz. Segundo Alcemir, o grande desafio financeiro é economizar, nunca gastar mais do que se arrecada e garantir um mês de arrecadação em caixa. Em sua gestão, foi introduzido o sistema orçamentário do clube.
De acordo com o técnico, cada departamento tem seu orçamento definido e é preciso saber controlar os gastos para evitar surpresas. “Chegamos a movimentar três milhões de reais em um ano”, revela. Como tesoureiro, Alcemir participou das principais obras do clube, como a construção do Die Kneipe, das piscinas, da reformulação do restaurante e da grande reforma na sede, que estava com a estrutura de madeira infestada por cupins. Estas obras, segundo Alcemir, deram condições de o clube crescer e ser o que é hoje. “O desbarrancamento que ocorreu no ano passado foi o maior gasto inesperado que o clube já teve. As atividades na área de lazer foram momentaneamente interrompidas e todas as atenções voltaram-se para o incidente”, afirma. Números à parte, os melhores momentos da vida social de Alcemir foram vividos no Tabajara. No clube, ele casou os três filhos – Leandro, Charles e Julian –, participou de animadas festas e passou por seis presidentes durante a participação na administração.
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Ele revela que, no próximo ano, vai deixar a tesouraria, mas continuará à disposição para colaborar naquilo que estiver ao seu alcance, colocando a experiência, mais uma vez, a serviço do destino do clube do qual tem orgulho e satisfação em pertencer.
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Um punhado de histórias pra contar Com o humor à flor da pele, Cao Hering relembra histórias e fala da evolução do clube
O publicitário Cao Hering acompanhou de perto todas as transformações que aconteceram no Tabajara ao longo das últimas décadas. “Meu pai fez parte da diretoria quando o clube de tiro se transformou no Tabajara Tênis Clube. Toda a configuração do clube era diferente”. Cao lembra que o acesso era por uma estrada de terra, cercada por muito mato. “O zelador morava em uma casa de madeira que ficava em frente ao clube. Os filhos dele eram os boleiros e tinha apenas duas quadras de tênis”, conta ele que, há muitos anos, faz parte da diretoria do clube, já tendo atuado como vice-diretor social e atualmente como diretor de Marketing.
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Cao explica que hoje o Tabajara é muito organizado, como se tudo fizesse parte de uma engrenagem. “Antigamente, o clube tinha outra configuração, sem muita pretensão. Os funcionários eram praticamente o zelador, o ecônomo e o porteiro. Tinha até um cachorrinho que circulava pelo clube”, lembra com humor. Cao também ressalta as melhorias na estrutura. “O campo de futebol não era nem um retângulo e nem um
quadrado, ele era uma figura geométrica indefinida. Sem falar que tinha um poste que ficava uns três metros dentro do campo”. Outra evolução do ponto de vista do diretor de Marketing, foi a climatização da sede social. “Imagina: durante o Baile de Réveillon, os homens vestindo terno e gravata em pleno calor do dia 31 de dezembro!”. Cao é do tempo em que o clube ainda não tinha piscina, sauna e academia – hoje, o Gym Studio é frequentado diariamente por ele. “Foram muitas evoluções, muitos espaços foram adicionados ao clube, causando uma metamorfose, já que antes era tudo muito tosco”, observa. O publicitário acredita que o Tabajara se transformou, com o passar dos anos, em um ícone para a sociedade blumenauense. “O Taba tem uma aura de um clube muito sofisticado, mas o que prevaleceu foi o bom gosto das pessoas que foram assumindo as diretorias, até porque o clube já teve uma fase muito primitiva no passado”. Para ele, entre os destaques está a cozinha do Tabajara, que virou uma referência no Estado, além das festas que entraram para a história.
São João
“Tenho boas lembranças das festas e dos bailes, que sempre foram muito concorridos. Mas, antigamente, o calendário social era muito restrito, apenas com o Baile de Debutantes, a Festa de São João e o Réveillon. Hoje, nós temos vários espaços no clube que oferecem estrutura para festas nas mais diversas formatações”. Cao explica que antigamente o Tabajara era muito voltado para o tênis e, até mesmo por isso, não priorizava os eventos sociais. “Hoje, o clube está bastante envolvido com os eventos beneficentes, além de oferecer opções culturais e sociais para os associados”, comemora. Segundo ele, o perfil das festas mudou ao longo dos anos. “A Festa de São João, por exemplo, era uma verdadeira festa caipira com churrasco, fogueira e arrasta pé. Quando eu tinha oito anos, lembro que meu pai veio à festa vestido a caráter, montado em um cavalo. Hoje, é tudo muito chique”, fala aos risos. O clube era considerado a segunda casa de Cao na infância e adolescência, já que passava as tardes no Tabajara. “Até hoje, eu não me imagino sem o Tabajara no meu dia a dia”, afirma.
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O campo de futebol não era nem um retângulo e nem um quadrado, era uma figura geométrica indefinida. Sem falar que tinha um poste dentro
Para o publicitário, o clube é pano de fundo de muitas histórias, desde as tradicionais festas até os amores proibidos e os encontros secretos no meio dos bailes. “O porteiro João era uma figura engraçada que acompanhava de perto muitas dessas histórias, principalmente da turma de meninos que espiava as moças se trocando no vestiário feminino para irem à piscina”, relembra com nostalgia. As brigas também faziam parte. “Os caras discutiam por nada, mas no outro dia já faziam as pazes. Hoje, está tudo muito controlado, diferente de tempos atrás quando as pessoas não encaravam o clube como um espaço democrático em que todos devem se respeitar, já que é um local de lazer, descontração e diversão”.
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Com humor refinado e característico, Cao Hering é um cronista da vida no Tabajara, traduzida em textos e charges na Tie Break
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Um colecionador de histórias Da presidência do pai Arno Buerger ao retorno às quadras de tênis, eis um dos grandes personagens do Tabajara gualáveis. Acredito que em nenhum município do Brasil seja realizado com tanto esmêro e carinho como pelas incansáveis diretoras Rita Schürmann e Lorna Stein”. Entre os momentos mais marcantes para Arninho, estavam as festas promovidas na sede do clube. Quem chegava primeiro, ocupava as melhores mesas. Então, os pais mandavam os filhos mais cedo para reservarem os lugares. Sérgio Margarida, Luis Carlos Lenzi, Arninho e outros iam com muita alegria, pois era uma oportunidade de tomar a famosa laranjinha Max Wilhelm. “Quando os pais chegavam, alguém se responsabilizava em levar as crianças para casa”, conta, com saudosismo.
São muitas as histórias que Arno Buerger Filho, mais conhecido como Arninho, tem para contar sobre o Tabajara. “Eu praticamente nasci no clube; foi ali que comecei a brincar”. O pai Arno Buerger foi presidente do Tabajara em três ocasiões, atuando também como vicepresidente por diversas vezes. Ele lembra que, em 1960, o clube sediou o Campeonato de Tênis Infanto-Juvenil e da Juventude no Brasil. O presidente da Federação Brasileira de Tênis na época, Antônio Pereira Oliveira, era amigo do pai de Arninho, com quem fez uma parceria para trazer esse evento para Blumenau.
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“Lembro-me que o último andar do prédio da minha família, onde tínhamos a Casa Buer-
ger, serviu de alojamento para os jogadores. Alguns deles ficaram hospedados na nossa casa, entre eles o renomado Thomaz Koch”. Por influência do jogador, aos 15 anos Arninho começou a jogar tênis, participando, em 1962, do Campeonato Brasileiro em Piracicaba (SP) com os amigos Paulo Sérgio Alcantaro Pereira e Rudolfo Weickert. “Na presidência de meu pai, lembro-me também que, em 1962, foi realizado o terceiro Baile de Debutantes, após um intervalo de alguns anos. O baile foi marcado pela presença de uma única debutante, a jovem Mariza Zadrosny, e o evento fez muito sucesso à época”. “Hoje, nossos Bailes de Debutantes são ini-
O Baile de Réveillon foi um dos eventos sociais que mais marcou a juventude de Arninho. “Como todos do clube se conheciam, à meia noite todos se confraternizavam, desejando Prosnóia, o que durava em torno de duas horas, e, quando se retornava à mesa de origem, já estavam um pouco mais ‘altos’”. Arninho destaca que a atual diretoria, sob a presidência “do jovem e dinâmico” Otávio Margarida, vai reeditar o Réveillon que “com certeza será mais uma iniciativa que se tornará tradicional e envolverá os sócios com muita alegria”. Outra passagem que marcou a ligação de Arninho com o clube foi a inauguração da piscina do Tabajara, a segunda em um clube do Estado. Na ocasião, foram feitas duas competições de natação e um show de aqualoucos, realizados pelos filhos dos associados. Arninho lembra da participação de Sérgio Buerger, seu irmão, de Beto Schürmann, Marcos Leyendecker, entre outros. A inauguração da piscina, construída no período em que o pai de Arninho era presidente, foi um acontecimento na cidade. “Foi realizada uma assembleia que aprovou a construção da piscina e meu pai recebeu do sócio e prefeito Hercílio Deeke um documento redigido do próprio punho onde ele explicava que não poderia participar da reunião, mas que era amplamente favorável”, recorda Arninho.
Campeonatos
Na década de 1970, Arninho ajudou a organizar, junto com Alcides Machado, um tradicional campeonato de canastra. “Na época, foi uma festa, com 120 pessoas inscritas. Todas as segundas e quartas-feiras reuníamos os sócios no Salão do Aquário para o torneiro, que era muito concorrido. Na mesma época, Arninho ajudou a promover um torneio de biriba para movimentar o clube. Em 1976, iniciou o campeonato de futebol suíço, que rendeu boas histórias. Arninho lembra que o antigo campo, logo na entrada do clube, tinha um poste que ficava alguns metros para dentro da linha lateral. “O Alírio Cunha, que na época era chamado de La Bruna por causa de um famoso jogador argentino, quis dar uma meia-lua e acabou driblando o poste, se estatelando todo”, lembra aos risos. Ele diz que muitos que não jogavam bola queriam participar do campeonato apenas pela diversão.
Quadra 8
“Era um acontecimento. A banda do quartel tocava enquanto nós marchávamos da sede ao campo”. Segundo Arninho, o centroavante do time dele era Cao Hering. “Ele chegou a fazer até gol de canela, já que só conseguia enxergar o vulto da bola. Quando fez o gol, foi uma festa”, lembra em tom de brincadeira o organizador do campeonato, que contou com a colaboração de Antônio Flávio Alende e Alcides Machado. Hoje, Arninho vai ao Tabajara todos os dias, até por causa da Quadra 8, espaço idealizado para a tradicional cervejinha e confraternização após os jogos de tênis. Arninho lembra que o fundador foi o saudoso Peter Isen. Também vai ao clube para jogar tênis e frequentar a academia, assim como, nas primeiras segundas-feiras do mês, participa dos jantares dos segundas-ferinos, grupo formado por amigos do Locomotiva e do Candangos, há 20 anos. Outro espaço bastante frequentado por Arninho é o restaurante do Tabajara. “Foram feitas diversas reuniões da CDL e Sindilojas. Nesse espaço, nasceram iniciativas que contribuíram para o desenvolvimento de Blumenau, como a Casa do Comércio e a revitalização da Rua XV”, destaca. Quando foi implantado o sistema magnético na portaria, Arninho e o amigo Emílio Schramm competiram para saber quem vinha mais ao clube. “Em um mês, ele veio 67 vezes. Eu fiquei em segundo lugar, com 64 entradas registradas”. Para Arninho, muitos nomes fazem parte da história do clube. “Os garçons Herbert e Klueger se tornaram nossos amigos, assim como os ecônomos Bernerth, Waldemar e Inácio. O von Rogoschin, por exemplo, lançou o estrogonofe. Hoje, o Tabajara é uma grife e todos sentem orgulho de fazer parte do clube”, diz o sócio que recentemente voltou a praticar tênis.
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Democracia: de 17 para 38 Amigos, bocha, dominó e boa culinária fazem parte da vida do fundador do Grupo dos 17 Há 22 anos, um grupo de amigos reunia-se semanalmente na sauna ou no Bar da Piscina do Tabajara Tênis Clube para comer, beber e conversar. Os encontros eram divertidos, porém, o corretor Tercílio Bernardi sentia a necessidade de praticar alguma atividade que desacomodasse os membros do grupo. Foi quando surgiu a ideia de utilizar o espaço para a prática de bocha. Tercílio conta que gosta do esporte desde criança e que aprendeu a jogar com o pai. “Sou bom no esporte. Coleciono troféus que serão expostos na comemoração de 150 anos do clube”, diz. Fundador do grupo de bocha e da equipe conhecida como Grupo dos 17, o corretor revela que para fazer parte desse seleto conjunto o associado precisa ser avaliado e ter unanimidade dos votos dados pelos outros fundadores. “Caso algum integrante seja contra a participação do candidato, ele não fará parte dos 17 e o motivo não precisa ser revelado”, acentua.
Grandes amigos
É natural que todos queiram participar das atividades da equipe. Segundo Tercílio, além de jogarem bocha e dominó, toda quarta-feira um integrante patrocina um belo jantar aos companheiros. Pratos exóticos, como galinha d’angola, e cortes especiais de carnes são servidos nesses encontros. Tercílio afirma que o divertido Grupo dos 17 é, na verdade, formado por 38 membros heterogêneos em relação à idade. No período de férias são os últimos a encerrarem as atividades e os primeiros a retomá-las, garante o sócio.
Ativo, Tercílio está com 76 anos e não deixa de trabalhar. Sócio do clube há 40 anos, hoje remido, o corretor fez questão de pagar a mensalidade por mais alguns meses. Conselheiro do clube por 14 anos e diretor da Bocha por três, Tercílio sempre procurou fazer o melhor para o Tabajara e pagar à vista as chamadas de capital. Em seu mandato, fez melhorias na estrutura do prédio reservado ao esporte e otimizou o espaço ao transformar o lago em estacionamento. O corretor conta que os aprimoramentos feitos durante o tempo em que esteve na diretoria são aproveitados até hoje.
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Atualmente, o corretor está impossibilitado de jogar bocha, porém não deixa de participar dos eventos promovidos pelo grupo. Afinal, é nessa equipe que estão os grandes companheiros de Tercílio, que o ajudaram a superar momentos difíceis e estiveram presentes para comemorar os bons. “Troquei a bola pelas peças do dominó. Não jogo tão bem, sou um mero colocador de pedras”, assume. Seja na sauna, no restaurante ou na cancha, o que importa mesmo para Tercílio é a boa convivência entre amigos.
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Amor maduro pelo tênis Aldo Gervásio Gonçalves começou a jogar tênis aos 45 anos e, até hoje, mantém-se em atividade nas quadras Sócio do Tabajara há mais de três décadas, Aldo Gervásio Gonçalves é uma das figuras marcantes que entraram para a história do clube. Sua principal ligação é com o tênis, esporte que pratica até hoje, aos 86 anos. Gonçalves entrou como sócio do Tabajara em abril de 1972, a convite do amigo Adolfo Luiz Altenburg. Apesar de participar de muitos campeonatos, onde garantiu diversas medalhas e troféus, o blumenauense diz que sempre teve o tênis como hobby.
Ele lembra que teve aulas com mestres como Armando Caparelli e Mario Cornejjo, mas um dos momentos mais marcantes foi o Campeonato Brasileiro de Veteranos, realizado no Tabajara em novembro de 1977. “O presidente do campeonato foi o Antônio Flávio Alende, enquanto eu assumi como vice-presidente”, conta o sócio remido que até hoje mantém uma raquete no clube, além de levar uma reserva no carro. Na época do campeonato de veteranos, Aldo Gonçalves respondia pela direção do Tênis.
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Na diretoria, Golçalves construiu as quadras de lisonda. “Muitos sócios reclamavam que não podiam jogar tênis em dias de chuva, então investimos em duas quadras nesse material. A ideia era fazer todo mundo jogar, mas tivemos que desmanchá-las por causa do alto impacto, transformando-as novamente em quadras de saibro”. As quadras cobertas na época não foram consideradas pela diretoria por que afetariam a estética do clube, já que ficariam na entrada do Tabajara.
Espaço inovador
“Não fui um grande tenista, mas como eu jogava futebol, ficou mais fácil manter o pique dentro das quadras. Como eu apreciava muito o tênis, dei-me bem nesse esporte, mesmo sendo canhoto e aprendendo a jogar com a direita”, comenta. Ele iniciou as atividades nas quadras aos 45 anos, passando a jogar diariamente. “Hoje, jogo apenas umas três vezes por semana”. Ele foi diretor de Tênis por duas vezes e atuou como secretário do clube.
Gonçalves organizou diversos campeonatos no Tabajara, através das normas da Federação Catarinense de Tênis. Em 2009, o tenista veterano foi homenageado pelo clube com um campeonato de tênis que levou o seu nome, além de receber um troféu comemorativo aos 85 anos de vida. “Foi uma honra ter sido lembrado pelo Tabajara”, diz ele, que é fã confesso do tenista suíço Roger Federer. Casado com Gilda Joana do Nascimento Golçalves há 63 anos, ele é pai de três filhos, tem sete netos e um bisneto. O neto João Marcelo chegou a dividir as quadras com Gustavo Kuerten quando os dois jogavam pela Ceval. “Quando ele vinha de Florianópolis pra cá, costumava ficar hospedado lá em casa”, conta. Além do tênis e do futebol, Gonçalves se aventurou na bocha e no bolão, nos momentos de lazer no Tabajara. “Eu sempre gostei de tudo que estivesse ligado à bola”. Entre os parceiros de partida estavam Adolfo Luiz Altenburg, Rudi Nebelung, Horst Roessel, Antônio Flávio Alende, Acary Pacheco, Eduardo Ferencz e Alcides Machado. Hoje, Gonçalves é considerado o tenista mais experiente do Tabajara ainda em atividade. “Ainda acompanho quase todos os campeonatos de veteranos. Já estive jogando em Belo Horizonte, Novo Hamburgo, Curitiba e São Paulo, entre outras cidades brasileiras”, finaliza.
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A evolução do futebol Desde muito garoto, Clóvis Lenzi pratica futebol no clube e é um dos responsáveis pela valorização da modalidade Boas lembranças do Tabajara Tênis Clube é que não faltam para o cirurgião dentista Clóvis Lenzi. Para quem não o conhece pelo nome, vai saber pelo apelido: Kóki. Da turma do futebol desde os 10 ou 12 anos, Kóki e os amigos jogavam bola no campo que ficava onde hoje é a secretaria do clube. Nessas brincadeiras, um jogador extra sempre marcava os dois times – um poste instalado em uma das laterais quase arrancou muitos dedões. O poste ficou, mas o campo mudou de lugar. Lenzi acompanhou de perto a evolução do clube e viu o lugar tornar-se mais bonito a cada ano. Segundo ele, havia uma época em que o Tabajara estava um pouco esquecido, quase ninguém ia pela manhã ao clube, algumas pessoas frequentavam à tarde e à noite o clube era escuro, sem vida. A partir da gestão de Edson Pedro da Silva, houve uma revolução. “O clube ficou alegre a ponto de em dias de festa o estacionamento ficar lotado”, afirma Lenzi. Ele constata que hoje muito mais pessoas aproveitam toda a exuberância e opções de lazer que o Tabajara oferece. Ele foi diretor do Futebol e hoje atua na direção de Esportes. Orgulha-se de ter reativado o futebol com o amigo Arno Mueler Jr., o Nino. O esporte ficou alguns anos sem ser praticado no clube. No primeiro campeonato realizado por eles, mais de 80 pessoas participaram graças ao empenho dos dois, que telefonavam para os sócios convocando-os. Como não havia secretaria de esportes, ele mesmo fazia as tabelas, o sorteio de times, o relatório das rodadas, comprava bolas, troféus, contratava juiz, massagista e tudo mais.
Espaço inovador
O diretor também foi o grande incentivador entre os esportistas da campanha que angariou verba para a nova iluminação do campo. Segundo Lenzi, que frequenta o clube desde que nasceu, todos os eventos mais significantes da família aconteceram dentro do Tabajara. Desde o próprio casamento, o batizado dos filhos Michele Luise Pimentel Lenzi e Leonardo Pimentel Lenzi e a participação da filha no Baile de Debutantes, em 2000. “O Tabajara é o jardim que eu não tenho em meu condomínio”, ressalta.
Um dos lugares mais disputados do clube, o Spass Ecke (também conhecido como Canto da Farofa), foi idealizado e batizado por Lenzi. Apesar de não ser engenheiro, nem arquiteto, ele imaginou algo que pudesse atender aos sócios e fosse diferente de tudo que o clube já possuía. Com uma trena e muitas ideias em mente, ele desenhou o espaço e teve o incentivo da esposa, Isabel, para levar o projeto adiante. Depois de sancionado pela diretoria, uma arquiteta foi chamada para fazer o projeto definitivo, seguindo o plano inicial. Como homenagem, Lenzi cortou a faixa de inauguração.
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Ele também é responsável pela Ouvidoria do clube, um canal para reclamações, elogios e sugestões que cada vez mais aproxima os sócios do Tabajara.
Como não havia secretaria de esportes, Lenzi fazia as tabelas, o sorteio, o relatório das rodadas, comprava bolas, troféus e contratava juiz
INFORME COMERCIAL
Queda de cabelo tem tratamento: esta novidade vai mexer com a sua cabeça Dermatologista Débora Cadore de Farias alerta para as alterações que afetam o cabelo mais comum nos consultórios dermatológicos é a androgenética, ou seja, a calvície. Segundo Débora, os que mais sofrem com a doença são os homens. “Cerca de 50% dos homens serão acometidos pela doença após os 50 anos. As mulheres também poderão ter a doença, mas com menor frequência”, afirma a dermatologista, enfatizando que “nas mulheres as consequências são importantes porque, em função de padrões culturais, representa um desconforto com implicações psicológicas ainda mais dramáticas do que para o homem”, alerta. Recentemente, Débora apresentou um trabalho sobre Alopecia e Qualidade de Vida, no Congresso Europeu de Dermatologia, realizado em Berlim, na Alemanha.
Videodermatoscopia do couro cabeludo Quando o assunto é queda de cabelo, tanto homens quanto mulheres parecem compartilhar da mesma preocupação. Afinal, que homem nunca se preocupou com aquelas entradas, ou, no caso da mulher, com a quantidade de fios de cabelo no chão do banheiro no final do dia. A queda de cabelo, muitas vezes, pode parecer algo normal ou que não preocupe tanto quanto a outro tipo de alteração no corpo. Mas, de acordo com a médica dermatologista Débora Cadore de Farias, é algo a que o paciente deve estar atento, pois pode ser um sinal de alguma doença. Toda alteração que afete o couro cabeludo e os cabelos deve ser checado por um dermatologista. Alopecia é o nome que se dá à queda de cabelo. O tipo
A especialista diz que a calvície se dá entre os 20 e os 30 anos, mas pode começar já na puberdade, em casos de pior evolução. O diagnóstico precoce pode ser feito com o auxilio da videodermatoscopia digital. O exame é indolor e realizado pela especialista com um equipamento alemão de alta tecnologia (Fotofinder Dermoscope ®), que captura imagens do couro cabeludo e fios de cabelos. As imagens são processadas, ampliadas e utilizadas para análise. “Além de servirem para comparações futuras, os dados obtidos com a videodermatoscopia permitem controlar a evolução da doença e verificar se houve ou não resposta ao tratamento instituído”, afirma a dermatologista. O tratamento é muito importante e visa interromper a evolução da doença. Há vários tratamentos tópicos e até orais, que devem sempre ser orientados por um médico dermatologista.
Débora Cadore de Farias Membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia, da Academia Americana de Dermatologia e do Grupo Brasileiro de Melanoma. Tem especialização em Oncologia Cutânea pelo Hospital do Câncer de São Paulo, em Dermatoscopia em Doenças de Cabelos e Unhas pela Università di Bologna (Itália) e em Dermatoscopia e Microscopia Confocal pela Universià di Modena (Itália). Atualmente é preceptora do Ambulatório de Dermatoscopia do Serviço de Residência Médica em Dermatologia do HU/ UFSC e possui consultório privado na cidade de Blumenau
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Aventuras de um menino travesso Luiz Bernardes, que fugia de casa para ir ao clube, sonha em fazer uma exposição de artes ao ar livre Quando o assunto é o Tabajara Tênis Clube, o artista plástico Luiz Bernardes lembra a infância cheia de aventuras e do shorts preto, aquele que ele não tirava do corpo. Tinha dois para revezar, mas era praticamente o uniforme do menino. Da época que ainda morava na Rua Paraíba, algumas fugas foram empreendidas só para chegar ao Tabajara. Uma delas foi de carro de mola e outra de bicicleta com o amigo Marcos Grevel. Dessa vez, os dois não tiveram tanta sorte e caíram. Marcos teve um braço quebrado e com medo da bronca, Luiz ficou se escondendo por um mês. Antes de o garoto completar oito anos, a família de Luiz mudou-se para uma casa ao lado do clube, que passou a ser, literalmente, uma extensão da residência dos Bernardes. Portões já não eram mais precisos. Levado, Luiz entrava por trás do clube, onde hoje fica a sauna. As senhoras da época, que usavam os cabelos impecáveis com seus permanentes, devem lembrar do menino que pulava na piscina espalhando água para todo lado só para molhar as madeixas engomadas.
Ocupação militar
Luiz também era adepto do tênis e garante que aprendeu muito com os professores do clube. Participou de campeonatos regionais, estaduais e até nacionais. Dali, os jovens saíam para disputar os Jogos Abertos.
Para Luiz Bernardes, o Tabajara é e sempre será o berço dos grandes acontecimentos de Blumenau. Desde a sua criação nas terras doadas pelo por Hermann Bruno Otto von Blumenau, o clube é testemunha da evolução da cidade. O clube também passou por períodos difíceis, como a ocupação do Exército durante a Segunda Guerra Mundial. Por 12 anos, o clube ficou à disposição dos militares e, para que não fosse fechado, precisou mudar de nome, quando passou a se chamar Tabajara, um nome indígena, que denotava algo nacional com forte espírito de ordem e progresso. O presidente também não poderia ter sobrenome alemão e o primeiro a assumir a presidência foi Max Tavares D’Amaral. Naquele período, tudo era muito controlado pelo governo. Desde o número de sócios até a quantidade de balas que eram distribuídas para cada sócio que praticava tiro. Luiz Bernardes conta que a retomada do clube foi através do tênis, pois mantinha um forte vínculo com os grandes clubes brasileiros, como o Pinheiros, de São Paulo. “O Tabajara liderou esse processo no Sul do Brasil”, destaca. No clube, foi dado início ao teatro e às artes através das esposas dos atiradores. O Frohsinn, que significa casa da alegria, como foi chamado o grupo, mais tarde mudou-se para a Alameda Duque de Caxias.
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O Tabajara também foi o local das primeiras exposições agropecuárias e de produtos da região. Hoje, exibe obras de arte do próprio Luiz Bernardes, que revela o sonho de fazer uma grande exposição ao ar livre, aproveitando todo o clima bucólico e ao mesmo tempo contemporâneo do clube.
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Orgulho de ser Tabajara Ao recordar histórias do passado, Sérgio Margarida fala da satisfação em fazer parte de uma grande família Sócio desde a infância, Sérgio Margarida lembra das muitas vezes em que ele e os amigos, que moravam na mesma rua, a Alameda Rio Branco, iam ao Tabajara brincar. Foi na época em que o pai dele, Benjamin Margarida, era vice-presidente que se pensou no Tabajara com piscina, obra concretizada na gestão de Arno Burguer. Com a novidade, a frequência do grupo passou a ser maior ainda, principalmente nos finais de semana. “Antes disso, a gente ia tomar banho de piscina na casa do Arno, que era uma das poucas casas na época que tinham piscina”, conta Sérgio. Dali se desenvolveu uma amizade muito grande, que dura até hoje. Sérgio conta que toda a vida social da família se fundamenta no Tabajara. Para ele, é um orgulho ver o filho presidente do clube. Ele mesmo já foi presidente do Conselho Deliberativo e acompanhou de perto o desenvolvimento do Tabajara, dando apoio ao ex-presidente Edson Pedro da Silva quando aconteceram as grandes reformas da sede e a criação do Die Kneipe. Para Sérgio, o Tabajara é um marco na história dos clubes sociais no Estado. Do ponto de vista dele, não há em Santa Catarina nenhum clube que se aproxime da beleza e da estrutura que tem hoje o TTC. O Tabajara é um exemplo de tradição, não só da cultura germânica, mas de toda a cidade. A família de Sérgio Margarida sempre esteve muito ligada ao clube: a esposa foi patronesse no Baile de Debutantes, assim como a mãe; a irmã comemorou os 15 anos com todo o glamour que as jovens têm direito e hoje o filho Otávio preside a associação. Sérgio considera o Tabajara um clube extremamente familiar. É nele que as famílias, mesmo as pessoas mais jovens, se reúnem. O restaurante é ponto de encontro de grandes personalidades da sociedade blumenauense. Quando chegam os novos sócios, a tradição é mantida, seguindo a arte de bem receber do clube. “As amizades se mantêm e novas são feitas”, comenta. Ele conta que os netos vão ao clube desde o embalo do colo da mãe. “É uma prova de que as coisas vão se sucedendo”, afirma Sérgio.
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Segundo o sócio, o Tabajara tornou-se um clube tão prestigiado que uma das características é o número de associados que cresceu consideravelmente. Ao contrário de outros clubes que têm dificuldade de conseguir um corpo associativo maior, não é o que ocorre com o Tabajara. “No momento em que retrai o número de novos associados dos demais clubes, o Tabajara, ao contrário, aumenta”, relata, atribuindo o fato a tudo o que o clube oferece, além da história. Com esse sucesso, o Tabajara tem uma receita maior para investir em ampliações da área social, proporcionando ao sócio mais conforto e mais opções de atividades.
Não é permitido reserva
Uma história que Sérgio Margarida gosta de lembrar é de quando era garoto e o clube não permitia reserva de mesas, como é até hoje. Em dia de baile, quem chegasse primeiro ia tomando os lugares. Ele e os amigos iam por volta das 18h e, quando já podiam dirigir, levavam o carro para pegar a melhor vaga. Quando os pais chegavam, já tinham o melhor lugar do salão ocupado. Os pais iam para o clube por volta das 21h, os bailes começavam mais cedo e muitas vezes também jantavam no clube. “Essa era a hora em que a gente tinha que ir embora, com muita tristeza. Não nos era dada a liberdade de beber alguma coisa, nada disso: ‘vai lá, reserva a mesa e vai embora’”, sorri Sérgio ao contar a malandragem. Outra recordação é do dia da inauguração da piscina, uma festa. Até um grupo de Aqualoucos, do qual Sérgio Buerger também fazia parte, se apresentou.
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As amizades se mantêm e novas são feitas. É uma prova de que as coisas vão se sucedendo
“O Tabajara é gostoso porque as pessoas se dão bem, mesmo sem se conhecer”, constata. Desde o Projeto S21, que ele considera fantástico, as crianças vão aprendendo e fazendo novas amizades. Esse ano, a família toda está comprometida e todos já se propuseram a participar do Baile de Réveillon, assim como outros amigos que vão fazer o mesmo. “Vai ser um baile em que todos vão se lembrar das épocas antigas”, prevê Sérgio.
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Caminhadas para flertar e dança a dois Em um Baile de São João no Tabajara, Heinz Wolfgang Schrader conheceu aquela que seria sua esposa Praticante do tênis na adolescência, para manter o condicionamento físico e uma atividade de lazer, Heinz Wolfgang Schrader hoje é um senhor elegante que esbanja bom humor. Para ele, o Tabajara sempre foi um local agradável para encontrar os amigos e aproveitar a boa gastronomia. Além do tênis, o tiro com carabina era um dos esportes preferidos, praticado em alto estilo. Da época em que ainda se praticava o footing, uma caminhada que acontecia aos domingos, após as 16h, na Rua XV de Novembro, para flertar com as moças, ele recorda que a elegância tomava conta das ruas blumenauenses. Os homens de terno e chapéu e as mulheres com vestidos muito alinhados, geralmente cortados abaixo do joelho. Também era nesse tempo que aconteciam os grandes bailes que atraíam muitos jovens. Schrader conta que não era bom dançarino, mas tinha suas artimanhas e gostava mesmo é de música dançante. “Hoje, cada um dança sozinho, não tem graça”, brinca. Um dos eventos que ficaram marcados na vida de Schrader foi o Baile de São João, quando conheceu Ilka Luiz Gütschow. A jovem, natural de Pelotas, deixou o Rio Grande do Sul para casar-se com o bisneto de alemães e veio morar em Blumenau. Um dos ambientes mais freqüentados pelo casal era o restaurante do clube, sempre com ótimos ecônomos e cozinheiros, frisa Schrader. Os esportes sempre foram constantes na vida desse sócio. Integrante do grupo de Quintafeirinos do Bolão há mais de 45 anos, ele reencontra os amigos semanalmente para agradáveis conversas. Como parte da família Tabajara, os filhos e netos também aprenderam a apreciar e aproveitar a exuberância e as opções de lazer oferecidas pelo clube.
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Schrader conta que não era bom dançarino, mas tinha suas artimanhas. “Hoje, cada um dança sozinho, não tem graça”
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Mira afiada O tiro ao alvo faz parte da tradição e da trajetória do industrial Orlaf Otte Integrante da terceira geração de atiradores da família de descendentes de alemães, o aposentado Orlaf Otte ganhou, aos 11 anos, sua primeira espingarda de ar comprimido. O tiro ao alvo é um esporte comum na Alemanha e está nas raízes do Tabajara Tênis Clube, que nasceu como sociedade de atiradores graças aos imigrantes que se reuniam para exercitar a mira. “Sou sócio do clube desde que estava na barriga da minha mãe. Meu avô e meus pais se reuniam para atirar e agora o esporte virou uma tradição que já passei aos meus filhos”, conta.
De acordo com Otte, a modalidade nunca precisou de professores. Os iniciantes eram treinados por ele mesmo. “O atirador precisa ter a vista boa, saber aliar concentração com respiração e gostar do esporte”, explica. O clube oferece as modalidades de tiro para 100 metros e para 50 metros com carabina e tiro para 25 metros com revólver. O Tiro ao Prato é a modalidade preferida de Otte, mas não pôde ser incorporada pelo clube porque demanda muito espaço. A modalidade de Tiro ao Pássaro foi introduzida pelo pai de Otte, mas, ao invés de usar aves reais, uma estrutura de madeira com vidros no formato de uma ave era usada. “Quem acertava todos os vidros, era o Rei do Pássaro e ganhava uma medalha bem bonita”, recorda.
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O industrial aposentado conta que fez grandes amigos que se reuniam para atirar e tomar cerveja, apelidada como “água de mira”. “A bebida acalma e ajuda o atirador a acertar o alvo com mais facilidade”, brinca. Apesar da mistura parecer arriscada, Otte garante que durante sua gestão nunca houve um único acidente envolvendo as armas.
Quinta geração
Haja pratos
Sucessor do pai, Otte foi diretor do Departamento de Tiro por 26 anos e, durante esse tempo, organizou campeonatos internos, acompanhou mudanças na estrutura da sede e abriu espaço para as senhoras que queriam aprender a atirar. Há dois anos, ele está afastado dos estandes, porém, diz não ver a hora de estrear as novas instalações do tiro ao alvo.
Orlaf Otte brilhou não só nos estandes de tiro. O atirador afirma que jogou tênis por muitos anos e participou da Turma de Bolão Sete Vidas. Festeiro, não perdia o Baile de Ano Novo ou a Festa de São João e desfilou com o grupo do Tabajara nas 26 edições da Oktoberfest, sempre devidamente trajado com os tradicionais uniformes. Com a quinta geração a caminho, o aposentado afirma que seus netos também serão atiradores e que o esporte não será esquecido. Seja pela prática de uma modalidade que exercita a concentração ou para garantir a própria segurança ao lidar com uma arma de fogo, Otte acredita que o tiro ao alvo sempre atrairá adeptos.
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Tabajarianas
A válvula de escape de um pioneiro Eduardo Ferencz sempre encontrou no clube o lugar perfeito para livrar-se do estresse do cotidiano profissional Com mais de 50 anos de Tabajara, o ortopedista Eduardo Ferencz lembra com carinho dos momentos que já viveu no clube. Nas quadras de tênis, conquistou muitos troféus e garante que é autodidata no esporte. “Fiz o caminho inverso, porque comecei a jogar sozinho e aprendi apenas observando. Só depois de velho, arrumei um professor”, conta. Esportista desde jovem, Ferencz esquiava nas águas de Florianópolis e também se destacou no bolão, com o Grupo Sextaferino, e no tiro ao alvo.
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Além de colecionar premiações no esporte, o Tabajara também proporcionou um importante encontro na vida de Ferencz. Foi lá que conheceu a esposa Rose Lenzi Ferencz, com quem é casado há 45 anos. Do batizado às bodas, no clube também celebraram as festas dos cinco filhos. Um lugar que o casal adora frequentar é o restaurante, que, de acordo com o ortopedista, além da comida primorosa, tem um lindo cenário.
Homenagem
Encontro especial
Pioneiro na ortopedia
O médico conta que atirou por muito tempo, mas teve que parar por causa de uma catarata. Depois que operou, voltou a enxergar melhor que antes e participou de um campeonato. “Na ocasião, não só venci o torneio como dei de presente a medalha ao meu cirurgião”, relembra Ferencz, que espera ansiosamente pela construção do novo espaço destinado ao tiro.
Aos 91, o ortopedista trabalhou por 67 anos. Devido à profissão, diz ter sido, por toda a vida, uma pessoa séria, porém risonha. Contudo, garante que hoje é mais brincalhão. “Falar besteira é bom porque não precisa pagar imposto”, brinca. Fundador do Departamento de Ortopedia da Associação Catarinense de Medicina, Ferencz foi homenageado em setembro deste ano no Congresso de Ortopedia, em Joinville. “Quando comecei a atuar na profissão, fui o primeiro ortopedista do Estado”, afirma. A condição de pioneiro na especialidade tornou a vida do ortopedista muito estressante. Chamados médicos e plantões ocupavam muito de seu tempo e todo o estresse que acumulava no trabalho era aliviada no Tabajara. “O clube funcionava como válvula de escape. Era onde eu descarregava todas as minhas preocupações”, revela.
Recentemente, o ortopedista passeou pelo clube e ficou admirado com as obras que foram feitas, principalmente depois da catástrofe do ano passado. Ferencz parabeniza a diretoria que resolveu o problema e ainda embelezou o lugar. “O Tabajara oferece tudo o que o sócio espera. É lá que está minha segunda casa”, afirma. Em breve, um torneiro de tênis com o nome do ortopedista será organizado pelo clube. “Fiquei feliz com a notícia. Essas homenagens fazem bem para a vaidade. Sinto-me muito orgulhoso e agradecido”, confessa.
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Muita intimidade com a bola Depois de pendurar as chuteiras, Teixeirinha passou a frequentar as quadras de tênis do Tabajara O ex-jogador Nildo Teixeira de Melo, o Teixeirinha, considerado um dos maiores craques da história do futebol de Santa Catarina, senão o maior, tem uma ligação antiga com o Tabajara Tênis Clube. Ao pendurar as chuteiras, em 1963, trocou a bola de futebol pelas raquetes e bolinhas de tênis. Em 30 de outubro daquele mesmo ano, se associou ao clube para praticar a nova modalidade. Após oito meses de experiência nas quadras, o tenista amador foi convidado a compor a equipe que iria para Brusque participar da quinta edição dos Jogos Abertos de Santa Catarina (Jasc). “A nossa equipe conseguiu trazer o troféu para casa. Na época, eu já tinha mais de 40 anos, mas tinha muito preparo físico devido ao futebol. Eu queria permanecer ativo no esporte”, relembra. Depois de três anos afastado dos campos, Teixeirinha aceitou o convite para retornar ao Clube Atlético Carlos Renaux, em Brusque, que estava fazendo uma boa campanha no estadual. Em 1968, o jogador encerrou definitivamente a trajetória de glórias no futebol, passando a dedicar-se exclusivamente ao tênis. Mas, foi graças ao futebol que o jogador nascido em Tubarão, no sul do Estado, viajou pela Europa. Começou a carreira nos campos aos 17 anos e, até se aposentar, aos 44 anos, esteve na Alemanha, Áustria, Dinamarca, França, Itália e Portugal, entre outros países do continente.
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Nessa época, Teixeirinha chegou a ser convidado para morar na Itália. “A Lazio, que era o melhor time italiano da época, queria me contratar, mas eu não tive o mínimo interesse de aceitar a proposta por que a Europa estava arrasada pela guerra. Na Alemanha, onde tínhamos jogado algumas partidas, as pessoas buscavam proteção nas igrejas quando os aviões sobrevoavam as cidades”, conta o exjogador que na época estava recém-casado com Ana Nascimento, apelidada de Nilda. O time do coração de Teixeirinha, até hoje, é o Botafogo carioca, onde atuou como jogador.
“Naquele tempo, o futebol não tinha o profissionalismo de hoje, quando os bons jogadores têm empresários, fecham contratos milionários e treinam quase todos os dias. Por isso, eu conciliava o futebol com o emprego na Rede Ferroviária de Santa Catarina, uma empresa estatal”. Com residência em Blumenau e emprego fixo, os momentos de lazer eram no Tabajara, onde passava bons momentos em família e entre os amigos. “Cansei de jogar uma pelada com os amigos do Tabajara, mas até hoje tenho guardadas as minhas raquetes de tênis, esporte que também deixou saudades. Era uma paixão, já que eu não podia ver uma bola”. Na verdade, Teixeirinha era um homem de muitas paixões. “Além da bola, eu gostava muito da música”, garante ele, que é filho de músico. A trajetória de Teixeirinha nos gramados foi contada no livro O Craque Eterno, escrito pelo filho e jornalista Bola Teixeira. Aos 86 anos, o ex-jogador lembra que na década de 1960 o Tabajara era um clube muito tradicional, com uma forte origem germânica. Mesmo assim, foi bem recebido por todos os associados. “Eu era conhecido pelo futebol e tinha amigos na diretoria, talvez por isso tenha sido mais fácil ser aceito como sócio em uma época em que a tradição e as origens falavam mais fortes”. Ele lembra que frequentava muito as festas do clube. “Até hoje, as festas do Tabajara são ótimas, assim como o restaurante, que dispensa comentários”, fala o jogador símbolo do futebol catarinense.
Teixeirinha exibe com orgulho a carteira de sócio patrimonial datada de 1963. Depois do futebol, sucesso com a bolinha amarela do tênis
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A nossa equipe conseguiu trazer o troféu para casa. Eu já tinha mais de 40 anos, mas tinha muito preparo físico devido ao futebol 67
Uma época de amadorismo
No tênis, foram poucas competições, mas a presença nas quadras do Tabajara era frequente. “Até hoje, quando vou ao clube, as pessoas me reconhecem”, fala o sócio remido que atualmente mora na praia do Estaleiro, em Balneário Camboriú, mas, de vez em quando, está em Blumenau para reencontrar os amigos. Apesar de ter obtido sucesso nas quadras de tênis e nos campos de futebol, representando clubes como o Carlos Renaux (Brusque), Palmeiras (Blumenau), Bangu (Rio de Janeiro) e São Paulo (São Paulo), entre outros, Teixeirinha sempre se considerou um amador.
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Lembranças vivas da infância Ellen Vollmer coleciona objetos e histórias de quando frequentava o clube com o avô e depois com o esposo Harald Depois do fim da Segunda Guerra Mundial, que foi de 1º de setembro de 1939 até 2 de setembro de 1945, o Schützenverein começava a retomar as atividades. Embora o gancho mais forte agora fosse o tênis e o nome tenha mudado do alemão para o português, os sócios estavam ávidos por voltar à vida normal, sem a pressão daqueles longos seis anos de guerra na Europa e preconceitos em terras brasileiras. Nesse período, o novo Tabajara começou a chamar os antigos sócios e Harald Vollmer foi o jovem de número 68 a receber o convite. Em primeiro de dezembro de 1951, casou-se com Ellen Weege e a festa do casal foi celebrada na sede do clube. Ellen, hoje com 80 anos, é uma mulher de memória invejável. Durante muitos anos, guardou roupas, fotos, objetos e detalhes valiosos da história de Blumenau e do Tabajara. Grande parte do acervo foi doada para o Museu de Hábitos e Costumes que está em fase de implantação pela Fundação Cultural de Blumenau. Entre as preciosidades que guarda em casa, está o cardápio que foi servido no dia do casamento. Os desenhos feitos e pintados à mão no papel já amarelado pelo tempo remontam uma época de fortes tradições. Ellen também recorda que ela e o noivo percorreram toda a colônia para encontrar as flores que ornamentaram a festa. Da infância, Ellen não esquece das brincadeiras dentro do Tabajara, ainda Schützenverein. “Durante as festas, as crianças sentavam em um saco para descer em um escorregador feito em madeira, que era encerado para ficar bem liso, e caíamos dentro de uma caixa cheia de sacos com cepilho”, conta Ellen. Segundo ela, essas datas marcavam grandes acontecimentos e o entusiasmo dos sócios. As mulheres se preparavam e faziam vestidos novos. “Os bailes caipiras eram os mais divertidos e eu confeccionava meu próprio vestido”, recorda.
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As crianças sentavam em um saco para descer em um escorregador feito em madeira
As memórias são muitas, algumas delas registradas em retratos como a comemoração dos 75 anos do clube, em 1934. Nessa foto, o avô de Ellen, Hermann Weege, posava com outros sócios, todos utilizando o traje das festas de atirador, com o casaco, a arma, o chapéu e o caneco com o nome dele. A roupa completa foi doada pela neta de Weege ao Tabajara, em agosto de 2009. Outro copo, comemorativo dos 50 anos do Schützenverein, é uma relíquia guardada por Ellen. O avô tinha um com o nome dele gravado, mas foi quebrado. Anos mais tarde, em uma casa de antiguidades, Ellen encontrou um copo igual com um preço irrisório. Apesar de não ter o nome do avô, o copo ainda é um objeto muito estimado.
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As lojinhas montadas nesses eventos deixaram saudades e Ellen ainda lembra quando o avô comprou uma boneca de uma beleza encantadora feita de celuloide, um tipo de material plástico. As lojinhas também traziam outros artesanatos feitos pelas esposas dos atiradores, além
de lindíssimos bordados. O Tabajara também teve papel importante nas artes cênicas em Blumenau. Ellen lembra de ouvir outras pessoas contando sobre o grupo de teatro criado pela família Hering dentro do clube, antes de 1900. Depois de sair do clube e passar para a Alameda Duque de Caxias, onde foi chamado de Frohsinn, foi criado o Teatro Carlos Gomes bem mais tarde. Ellen era muito pequena, mas lembra de presenciar a colocação da pedra fundamental em frente ao teatro.
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EQUILÍBRIO QUE TRAZ FELICIDADE Power plate: a grande novidade para cuidar do corpo e da Saúde Com a proximidade do verão, ficamos mais preocupados com os cuidados com nosso corpo, já que estes estarão mais expostos em roupas leves e confortáveis. Mas atualmente não temos mais só esta preocupação. Queremos aliar estética à saúde. A grande novidade para estes cuidados é a plataforma vibratória, um equipamento usado para potencializar exercícios. Os movimentos são realizados sobre esta plataforma que produz uma vibração, o que torna o movimento mais desafiante ao corpo por gerar um pequeno desequilíbrio, ressalta a Fisioterapeuta Ligia Aita. Ocorre um maior número de contrações musculares em relação ao mesmo exercício realizado no chão. O resultado disto é uma maior queima calórica e maior fortalecimento dos músculos comparado a outras atividades sem o uso da plataforma. O equipamento proporciona ao praticante fortalecimento da massa muscular, equilíbrio ao corpo, aumento da massa óssea, emagrecimento e redução de medidas. Além disso, um dos grandes atrativos é o tempo necessário para a prática, apenas 30 minutos cada sessão. Para pessoas que possuem pouco tempo para a prática de exercícios é uma boa opção. Já para aqueles que tempo não é problema, uma boa pedida é complementar esta meia hora de exercício na
plataforma com meia hora de outra atividade, como Pilates ou Gyrotonic. Os resultados são surpreendentes! A vibração profunda também tem sido empregada na medicina para tratamento e prevenção de diferentes tipos de doenças e lesões. Usada com sucesso no tratamento da osteoporose, artrose e lesões por esforços repetitivos, a plataforma vibratória também é benéfica para pacientes em reabilitação. Tem também grande potencialidade para requalificação das capacidades físicas dos idosos, podendo ser utilizada por pessoas de diversas idades. Não é indicada para aqueles que sofrem de pressão alta, diabetes, doenças cardiovasculares e gestantes.
Curiosidade Esta tecnologia foi desenvolvida na década de 60, na antiga União Soviética, com o intuito de minimizar a perda de massa óssea e a atrofia muscular que os astronautas sofriam em função da ausência de gravidade no espaço. Após a verificação da eficácia do método, as plataformas vibratórias se difundiram pelo mundo, sendo utilizadas por pessoas de todas as idades e biotipos, que buscam uma vida mais saudável. Este é o meio que muitos artistas encontraram para manter um corpo bonito e com saúde, sem “perder” muito tempo
EM BOA FORMA PARA O VERÃO: MENORES MEDIDAS E MAIOR QUALIDADE DE VIDA Uma excelente opção com ótimos resultados para a mente e o corpo é agregar aos exercícios na plataforma a massagem corporal, seja ela drenagem linfática ou massagem modeladora. A massagem modeladora é uma técnica de manobras rápidas e intensas, que melhoram a circulação sanguínea e a oxigenação dos tecidos, também produz quebra na cadeia de gordura, ajudando assim na redução de medidas, afirma a Fisioterapeuta Leandra Rosa. A drenagem linfática é uma técnica de massagem lenta que estimula o sistema linfático a trabalhar em um ritmo mais acelerado, promovendo a eliminação de toxinas e excesso de líquidos. Com isso ocorre diminuição de edema, de medidas, de gordura localizada bem como diminuição da celulite. A combinação de exercícios aeróbicos, exercícios de força e alongamento da musculatura, massagens corporais e hábitos alimentares equilibrados são a chave para uma vida saudável. Não bastam termos formas bonitas e elegantes, estamos em busca de algo mais. Queremos o equilíbrio da mente, do corpo, da alma. Queremos uma vida saudável e feliz.
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Tênis, cabra e remadas no rio Renate Hering acompanhava o marido Bernhard nos jogos de tênis
Irreverente e de um bom humor jovial, Renate Hering soube aproveitar as grandes festas realizadas no Tabajara Tênis Clube. As três mais importantes eram a do Espírito Santo – que era a festa dos atiradores –, a de Réveillon e a de São João – realizada em julho e em que todos iam rigorosamente vestidos a caráter. Ela chegou a incluir alguns adereços mais inusitados. Enquanto o marido, Bernhard Carl Hering, arranjou um cavalo para ir à festa, ela conseguiu uma cabra que fez o maior sucesso. “Essa festa foi tão animada que durou até 7h, quando saímos dali direto para tomar café em uma confeitaria”, conta Renate. Ela diz que naquele tempo as amizades eram vistas sem maldade e isso permitia que nos bailes os casais se revezassem para dançar e tudo era uma grande festa. Para Renate, hoje os festejos são mais diversificados e trazem mais opções de entretenimento. Brincando, ela sugere que o nome do clube deveria mudar para Tabajara Festa Clube. Antes de o Tabajara construir um espaço dedicado ao tênis, Bernhard já praticava o esporte nas quadras do tio, Max Hering, no Bairro Bom Retiro. Depois que o clube passou a ter as quadras, ele se associou ao Tabajara. Dono de uma poderosa canhota, venceu vários campeonatos e viajou para muitos lugares para competir. Certa vez, em Salvador, onde o calor é constante, os atletas derretendo debaixo do sol, Bernhard sugeriu que os cocos, que existiam aos montes e de graça, fossem colocados em um barril cheio de gelo. “Assim, ele inventou a água de coco gelada direto na fruta”, lembra Renate.
Obrigados a aprender Português
Mais tarde, já com uns 50 anos, o casal fez uma viagem ao México. Enquanto o restante do pessoal estava na piscina, Bernhard se interessou pelo jogo que estava acontecendo próximo dali. Irônico e parecendo despretensioso, ele perguntou ao professor se naquela idade ainda poderia aprender as habilidades daquele esporte. Resultado, Renate só viu de longe o professor pulando de um lado para o outro para tentar pegar as bolas. Ela nunca foi uma grande fã do tênis e costuma dizer que é um esporte chato. Nem por isso ficava longe das quadras. Era ela quem pegava as bolinhas que voavam quadra afora quando Bernhard estava jogando. Depois que o clube deixou de ser a sede do 32º Batalhão de Caçadores, as festas da família Hering, assim como de tantas outras, passaram a ser realizadas dentro do, agora, Tabajara Tênis Clube. Antes, devido a essa ocupação, o casal fez a festa de casamento no Teatro Carlos Gomes, em 1947. Renate conta que durante esse período longe do clube, as pessoas faziam pequenas festas em casa mesmo. Bailes e comemorações maiores eram no teatro. A época foi difícil, mas Renate ainda dá boas risadas ao lembrar que da noite para o dia os imigrantes alemães precisaram aprender a falar o português, do contrário, poderiam ser presos. Para que ninguém fosse levado para a cadeia, o guarda que tomava conta da escola, quando estava se aproximando dos alunos, dava boas tossidas e arrastava o pé como um alarme. A perseguição era tamanha que eles sequer podiam ir à praia. Aos domingos, Renate, Bernhard e um amigo iam passear no Rio Itajaí-Açu e fazer churrasco em uma pequena ilha que já não existe. Apesar dos dois homens no barco, era ela quem remava, garante. Hoje, Renate não frequenta tanto os bailes, mas o restaurante, que para ela sempre foi endereço de boa gastronomia, é destino certo nos domingos, .
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A festa foi tão animada que durou até 7h, quando saímos dali direto para tomar café em uma confeitaria
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Tabajarianas
Primeira mulher na diretoria Ulla Werner foi diretora social por quatro anos e abriu espaço para a participação de outras diretoras no clube Na primeira vez que entrou no Tabajara, no Baile de Gala de reinauguração do salão, após a ocupação pelo Exército durante a Segunda Guerra Mundial, Ulla Werner não imaginava a importância que o clube teria em sua vida e dos bons momentos que ali passaria. Lembra-se até hoje de como era belo aquele salão recém-reformado e bem decorado e de como isso lhe chamou a atenção. Este evento foi o inicio de uma vida social repleta de atividades dentro do clube. Durante quatro anos, Ulla foi diretora social, tornando-se a primeira mulher a participar da diretoria do Tabajara. Tem boas memórias vivas desse tempo, quando, juntamente com o vice-diretor social Djalma Olinger, planejou e executou muitas festas, dentre elas o Baile de Gala, de Debutantes, o Baile do Havaí, a Münchenfest e o Baile de Ano Novo. Dividiu por algum tempo a diretoria com Rita Schürmann, que até hoje está entre as organizadoras dos divertidos e importantes eventos do clube. O Tabajara foi também cenário de inúmeros aniversários da família, dos casamentos dos filhos e de dois netos, do Baile de Debutantes da neta Marina, além de outras comemorações. Por 17 anos, Ulla participou também dos desfiles festivos da Oktoberfest, na maioria das vezes acompanhada pelos netos e bisnetos e pelo seu também companheiro de dança nas festas, Augusto Wolff (in memorian). Almoço e ginástica Hoje, suas atividades se resumem aos almoços e jantares com a família nos fins de semana e aulas de ginástica no Gym Studio. Ulla faz questão de enfatizar que o Tabajara continua tendo grande importância em sua vida, devido as inúmeras atividades praticadas pela família, que utiliza o clube de diversas formas.
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“Meu filho, nora e netos jogam tênis, além de outras atividades que cada um pratica, como futebol, bocha, canastra e dominó. Bernardo e Maria Eduarda, meus bisnetos mais velhos, participam do Projeto S21 já há alguns anos. As minhas outras bisnetas, Clara, Laura e Ana Luiza, se divertem no parquinho e na piscina sempre que podem. E adoram”, conta Ulla.
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Bernardo e Maria Eduarda, meus bisnetos mais velhos, participam do Projeto S21
O poder das mãos Há quase quatro décadas, sócias do Tabajara têm à disposição as “mãos mágicas” de Clotilde de Souza É nas mãos da massagista Clotilde de Souza que as exigentes associadas do Tabajara Tênis Clube buscam relaxamento, há 37 anos. Talentosa, a profissional ingressou na carreira graças a uma tia que era massagista e a incentivou. “Gosto do contato com as pessoas e da satisfação que proporciono. Minhas clientes sempre saem felizes das sessões”, conta. Segundo Clotilde, assim que terminou o curso de massagem começou a trabalhar no clube e a especialização veio junto com a prática. A massagista afirma que conhece bem as clientes e usa a intensidade exata, de acordo com o gosto de cada uma. Deve ser por esse motivo que muitas experimentam outros profissionais durante as viagens e, quando retornam, vão correndo para as mãos de Clotilde. “A minha cliente mais antiga está comigo há 35 anos e não faz massagem com mais ninguém. Ela é mais sensível e é preciso saber aplicar a força com a intensidade correta”, diz.
Casa de ferreiro
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Prazer em servir
Clotilde diz que se engana quem pensa que os filhos ou marido recebem massagens todos os dias. “Às vezes, faço quatro massagens por dia e, quando chego em casa, sinto muita preguiça”, assume. Mesmo assim, o talento da massagista incentivou a filha Ivani de Souza a seguir a mesma profissão. “O bom disso é que quando preciso, ela faz massagem em mim”. Para quem ainda não conhece os poderes que Clotilde tem nas mãos e quer marcar uma sessão, ela trabalha na sauna do clube nos dias destinados às mulheres e aplica massagem estética ou relaxante. São R$ 20,00 a hora e ela atende com hora marcada. A massagista garante que sua técnica de relaxamento é tão eficaz que algumas clientes dormem durante a sessão.
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Prazer em servir
Do debut à secretaria Há quase três décadas, Margarete Larsen atua com dedicação e competência nos serviços administrativos do clube A dedicação e o amor ao trabalho fazem parte da história de Margarete Larsen que, há 27 anos, trabalha na secretaria do Tabajara Tênis Clube. Antes de iniciar o trabalho no clube, em abril de 1982, Margarete foi responsável, durante duas décadas, pelas carteiras de desconto do extinto Banco Inco e, durante sete anos, exerceu o cargo de secretária do clube Olímpico. Ao aceitar o convite de Lothar Stein, que fazia parte da diretoria do Tabajara na época, enfrentou o desafio de assumir sozinha a secretaria do clube. “Aceitei o convite porque o Tabajara é muito próximo da minha casa, já que desde aquela época moro na Rua Pastor Oswaldo Hesse. Assim, fui ficando e não pretendo parar tão cedo. Se a cabeça ajudar, pretendo ficar aqui ainda um bom tempo”, fala a colaboradora de 70 anos que esbanja vivacidade e disposição. Na época em que ela assumiu a secretaria, Jorge Buechler era o presidente do clube. “Mas, como ele estava de licença, quem acabou assumido o cargo foi Arno Buerger, que era o vice-presidente”. No início da década de 1980, o clube tinha aproximadamente 500 sócios. Hoje, são 1,1 mil títulos. Mas a história da blumenauense com o Tabajara é muito mais antiga. “Meu pai era sócio do clube e eu debutei aqui”, conta Margarete. Ela viu de perto todas as transformações que foram acontecendo ao longo dos anos. “Muita coisa mudou, principalmente na parte administrativa. Na época em que iniciei, cuidava da secretaria sozinha e ainda coordenava o tênis. Mas, mesmo depois de décadas, algumas coisas continuam iguais àquela época”. Por exemplo, mesmo na era da informática, Margarete prefere utilizar a máquina de escrever.
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Organização
“Quando eu entrei para a secretaria do clube, os envelopes e correspondências eram preenchidos todas à máquina. Quando tinha algum evento, tínhamos que preparar remessas e remessas de envelopes”, recorda. A circular enviada para os sócios, no fim de cada ano, também era datilografada pela secretária, que conhece todos os sócios mais antigos. Margarete lembra com saudades das tradicionais festas, como o Baile do Hawaii e o Réveillon, que será resgatado neste ano.
A dedicação ao trabalho faz com que ela quase não circule pelo clube. “Ainda não conheço a nova academia e o espaço de futebol”, revela a secretária. Entre os afazeres diários de Margarete na secretaria do clube, estão reservas dos espaços, cobrança das mensalidades e venda de ingressos para os eventos, entre outras. Há 18 anos, ela também é responsável pelas atas do Rotary Clube Blumenau, que faz as reuniões no Tabajara nas sextas-feiras. Antigamente, Margarete acompanhava de perto a organização dos eventos com as diretoras sociais. “Hoje, prefiro deixar esse trabalho para as mais novas”, comenta em tom de brincadeira. Para Margarete, um dos momentos mais marcantes foram as grandes enchentes da década de 1980, que atingiram parte do clube. Na época, a secretaria era anexa à sede social e faltou apenas um degrau para a água invadir o prédio. Em novembro do ano passado, quando o clube foi atingido pelos desbarrancamentos e a enxurrada, Margarete estava de férias em Brasília. “Quando voltei, não pude acreditar no que tinha acontecido. Ainda bem que mais uma vez conseguimos recuperar rapidamente”.
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Prazer em servir
Daria um livro Clima de despedida envolve o restaurante do Tabajara: após 50 anos, Inácio Antônio Tiago anuncia a aposentadoria A comemoração dos 150 anos do Tabajara Tênis Clube será uma data muito importante na vida de Inácio Antônio Tiago, quando passará o bastão do tradicional restaurante para o filho Sérgio Maurício Tiago, que já acompanha os passos do pai há 27 anos. No entanto, o ecônomo garante que não ficará em casa sem fazer nada; sempre que puder, irá supervisionar as compras para o Restaurante do Tabajara. “Não quero me desprender completamente do lugar onde trabalhei por 50 anos”, revela.
Além dos momentos inesquecíveis que dividiu com a família, com os sócios e com os 31 colaboradores do restaurante, Inácio já serviu muita gente famosa. Entre elas, Jô Soares, Moacir Franco, o pianista João Carlos Martins e o ex-presidente do Brasil Ernesto Geisel. A modelo e apresentadora Mariana Weickert também adora comer no Restaurante do Tabajara e, segundo Inácio, sempre que a blumenauense aparece por lá, vai até a cozinha para conversar.
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O ecônomo participou da vida dos associados e acompanhou suas gerações. O reflexo disso se deu quando recebeu 130 sócios para comemorar as Bodas de Ouro.
Dessas cinco décadas de festas, jantares e eventos, Inácio tem muita história para contar. O ecônomo lembra de uma vez em que organizou um bufê na residência de um sócio que tinha tapetes persas em toda a casa. Ao ligar o acendedor que aquece as bandejas, o pedaço de algodão com fogo caiu e Inácio conseguiu segurá-lo antes de chegar ao chão e queimar o tapete. “Minha mão estava queimando e eu nem podia gritar de dor para não assustar os convidados”, recorda. Em outra ocasião, quando combinava os preparativos para o casamento da filha de um sócio do clube, a mãe da noiva pediu a Inácio que tirasse o bigode para o evento. O ecônomo conta que, para isso, pediu uma taxa extra já que mantinha o mesmo há anos. “Ela me pagou o equivalente a R$ 500 pela remoção do bigode e isso, na época, era muito dinheiro”.
O noveleiro
Famosos
Taxa pelo bigode
Inácio sempre trabalhou rodeado de comidas saborosas e confessa que o peixe grelhado com pirão de feijão feito pela esposa Rea Tiago é seu prato favorito. Água sem gelo é a única bebida que o ecônomo consome e, graças à alimentação saudável, chegou aos 80 anos com saúde, apesar de ter passado por duas cirurgias recentemente. “Fiquei 10 dias internado, mas já estou pronto para outra. O pior de tudo foi ter que comer a comida do hospital. A sopa que servem lá é bem ruim”, brinca.
Inácio gosta da vida mansa, diz ser fã de novelas e se emociona com os enredos. Outro prazer que cultiva é ir ao mercado com a esposa. “Ela é minha chofer porque não sei dirigir. Quando tentei aprender, fiquei olhando para os pedais, esqueci de olhar para frente e bati o carro. Foi um desastre”, confessa. Essas são apenas algumas das inúmeras histórias que o colaborador mais antigo do clube tem para contar. Amigos o incentivam a escrever um livro e, para sorte de quem aprecia boas histórias, Inácio está pensando com carinho no assunto.
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Projeto S21
Cidadania e esporte lado a lado Iniciação esportiva, reforço pedagógico, resgate de velhas brincadeiras fazem parte desse programa inovador
Os compromissos impostos pelo dia a dia muitas vezes tiram das crianças o tempo de brincar. A vida agitada dos pais no mercado de trabalho faz com que matriculem os filhos em diversas atividades e cursos durante o período fora da escola. Esta é uma geração de crianças ligadas em vídeo game, ao computador, o que leva ao sedentarismo e pouco contato com o meio ambiente.
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Ao perceber esta carência, o Tabajara Tênis Clube criou, há seis anos, o Projeto S21. O nome vem de Século 21 e a intenção do projeto é resgatar nas crianças as brincadeiras de infância do tempo dos avós. A coordenadora do S21, Jalimar Deschamps, destaca
que o projeto envolve diversas atividades que ajudam na formação e educação das crianças, desde práticas esportivas até atividades pedagógicas, passando por muita brincadeira e atividades lúdicas. O projeto oferece atividades recreativas que auxiliam no desenvolvimento psicomotor e das qualidades físicas das crianças. “Em uma simples brincadeira de esconder, se trabalha a parte de segurança e agilidade”, explica Jalimar. O S21 também incentiva a criatividade, promove iniciação esportiva e desenvolve o conhecimento, como em Língua Inglesa, que agora conta com um horário específico de trabalho.
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Trabalhamos com as crianças em um clube que possui grande área ao ar livre, isso faz com que elas ajam de forma espontânea
Ela observa que os professores impõem limites, mas há liberdade para que as crianças possam explorar o clube: subir em árvores, correr, brincar e se expressar. “Também falamos muito sobre amizade”, enfatiza. Outro fator importante é a certeza para os pais de que os filhos estarão em segurança dentro do clube. As crianças são orientadas a usar roupas simples, para ter contato com a grama, o barro e poderem se divertir. Uma mesa com frutas fica à disposição delas – como o gasto de energia é grande, é importante que mantenham uma alimentação saudável. Entre as modalidades esportivas oferecidas pelo S21 está a iniciação, aprendizagem e aperfeiçoamento das técnicas e táticas do tênis. O tenista Bruno Stein von Hertwig começou a treinar com 7 anos e entrou no Projeto S21 logo que foi criado. Ele jogou como profissional durante alguns anos antes de optar por outra carreira. “O Tabajara tem uma equipe forte. No S21, tínhamos acompanhamento técnico, nutricional, fisioterapia e preparador físico”, lembra Bruno. Apesar de realizarem campeonato de minitênis, Jalimar observa que a equipe não trabalha com competição, mas com participação.
Alimentação saudável, esportes e brincadeiras criativas estão entre...
...as atividades propostas e desenvolvidas pelo Projeto S21
O projeto trabalha em forma de circuito, dividido por idade e nível de tênis. Há um horário reservado para os deveres escolares. A agenda é programada de acordo com as datas festivas e o tênis de acordo com o desenvolvimento das crianças. “Fazemos um planejamento anual para as atividades das crianças”, aponta. No primeiro ano, o projeto teve 30 crianças. Hoje, estão matriculadas 75. O projeto é destinado a crianças e adolescentes de 5 a 14 anos, filhos de sócios do clube. Tem atividades nos cinco dias da semana.
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Liberdade facilita socialização
Além de combater o sedentarismo, o projeto promove a socialização das crianças. Elas se sentem livres para agir de forma natural. “Trabalhamos com as crianças em um clube que possui grande área ao ar livre, isso faz com que elas ajam de forma espontânea”, diz Jalimar.
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Educar brincando
Jalimar recorda que antes do Projeto S21, o clube não tinha nenhuma atividade direcionada para as crianças, a não ser a colônia de férias. “Com a entrada de uma diretoria jovem no clube, o foco do sócio mudou muito. Eles estão formando família e com isso há mais crianças”, observa. Além disso, Jalimar destaca que os pais reconhecem o desenvolvimento dos filhos ao passar pelo programa. “As crianças sobem nas árvores para conversar, lanchar. Se dependesse da vida urbana, não teriam acesso a isso”, avalia. Desde o início, o projeto possui a mesma filosofia: educar brincando e desenvolver a parte física, além de auxiliar no equilíbrio emocional. Jalimar conta que o projeto nasceu com foco no tênis e depois se expandiu. “Quando começou, a base do projeto eram crianças de 10 a 12 anos. Hoje, a base é 6 a 8 anos, pois é a fase mais fácil para desenvolver a parte motora e para aprender inglês”, explica a coordenadora.
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As crianças sobem nas árvores. Se dependesse da vida urbana, não teriam acesso a isso
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Horários
De terça e quinta-feira período matutino, das 9h às 11h30min De segunda a sexta-feira (um a cinco dias), período vespertino, das 14h às 18h. * Existe a opção de participar apenas das aulas de tênis do programa
O Projeto S21 conta com professores e monitores especializados, prontos para oferecer aos alunos o que há de melhor e mais moderno em educação e preparação esportiva. Danilo da Silva, 22 anos Formado em Educação Física pela Uniasselvi e pós-graduado em Recreação e Lazer, estagiou um ano e meio no Projeto S21, sendo contratado em janeiro de 2009. É um dos professores de tênis, responsável pela formação básica. “O objetivo não é treinar para competição, mas sim para o lazer das crianças”, observa. Elizabeth Cristina Lins Barreto, 28 anos Formada em Pedagogia, está cursando prós-graduação em ludopedagogia pela Uniasselvi. É responsável pela parte de criatividade e apoio pedagógico do projeto, que auxilia as crianças nas tarefas da escola. “As oficinas de arte têm objetivos pedagógicos que desenvolvem a criatividade, a cooperação e a motricidade. Os jogos inseridos também são cooperativos e não competitivos, com o objetivo de criar valores de preservação do ambiente, familiares, de amizade e união”.
Os profissionais
Giovani Bardini (Giba), 31 anos Formado em Educação Física pela Furb, há cinco anos é professor de tênis no Tabajara. Praticando o esporte há duas décadas, dá aulas há 11 anos. No S21, é responsável pela formação inicial das crianças a partir dos cinco anos. “Trabalho com a escolinha, que dá as aulas de iniciação. Depois, as crianças passam a fazer um trabalho de equipe”, explica. Heraldo da Silva, 37 anos Há 16 anos no Tabajara Tênis Clube e jogando tênis há 30 anos, Heraldo faz parte do S21 desde o início do projeto. Campeão brasileiro e estadual, atualmente o blumenauense coordena a equipe de tênis e dá aulas de base, trabalhando a coordenação motora das crianças e adolescentes que participam do projeto. “Futuramente, se eles quiserem jogar profissionalmente, já têm toda a base”, garante.
Thiago Serpa, 23 anos Cursando o último ano de Educação Física na Furb, Thiago está há cinco anos no Projeto S21. Iniciou no tênis e hoje é responsável pela recreação e iniciação esportiva. “Procuro tirar as crianças da rotina, já que muitas moram em apartamentos e no clube contamos com um espaço amplo. Aqui elas aproveitam para correr, pular e saltar obstáculos, aassim desenvolvem a coordenação motora e entram em contato com a natureza”. Jamile Merini, 21 anos Cursando o sexto semestre de Educação Física na Furb, Jamile está há dois meses como auxiliar dos professores do Projeto S21. “Eu acompanho todas as aulas para ajudar os professores, principalmente quando as turmas são maiores. Também oriento as crianças que participam do projeto e ajudo a organizar as festas e eventos do S21. Agora que o Verão está chegando, estamos planejando fazer atividades recreativas e gincana na piscina, já que estou fazendo um curso de especialização em Curitiba nessa área”, conta. Erivan Germano (Tatinha), 37 anos Com formação dentro das quadras, há 20 anos Tatinha dá aulas de tênis no Tabajara Tênis Clube. “Eu trabalho bastante com a base para depois as crianças seguirem para o trabalho em equipe. Durante as aulas de iniciação, elas têm o primeiro contato com as quadras, com a bola e a raquete”.
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Fabiana Lange, 21 anos Cursando o oitavo semestre de Letras na Universidade Regional de Blumenau (Furb), com licenciatura em Português e Inglês, ela é responsável pelas brincadeiras em língua inglesa. “A proposta é trabalhar ao ar livre, com atividades lúdicas e jogos cooperativos, sempre colocando os alunos em contato com o inglês. Como nós aprendemos a Língua Portuguesa escutando e interagindo, o mesmo acontece com a língua estrangeira. Assim, eles aprendem de uma forma natural”, explica.
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Sesquicentenário
Livro resgata histórias dos 150 anos Pesquisa iniciada em 2002, incluindo documentos e entrevistas, resulta no livro que será lançado em 2010 Aproximadamente 200 páginas de pesquisa, entrevistas e fotografias contam os 150 anos de história do Tabajara no livro Uma Taba Para Todos: 150 Anos do Tabajara Tênis Clube de Blumenau. As responsáveis pela obra, que será lançada em 2010, são as historiadoras Simone Tambosi e Bettina Stingelin, da Siberroam Assessoria de Pesquisa Historiográfica. Bettina conta que o projeto para o livro começou em 2002, quando o clube entrou em contato com elas para realizar a pesquisa. Além das atas das reuniões do clube, foram consultados documentos e bibliografias disponíveis no Arquivo Histórico Municipal José Ferreira da Silva, onde contaram com o auxílio da professora Sueli Petry. “Pesquisamos 50 anos de atas e fizemos pequenos resumos”, explica. Para completar, foram entrevistados os 15 sócios vivos mais antigos do Tabajara. Esse material ficou guardado até 2006, quando a pesquisa foi atualizada e Bettina ficou responsável pela redação dos textos. As historiadoras também utilizaram como fonte de pesquisa a revista Tie Break, que existe desde 2003. Uma nova pesquisa de fotos foi realizada. Segundo Simone, a maior parte das fotografias foi conseguida no clube, mas várias foram resgatadas no Arquivo Histórico Municipal e através dos sócios. A seleção das imagens para o livro teve o auxílio da diretoria do Tabajara e do designer Bruno Barbieri, da Joy Branding & Design, estúdio envolvido na finalização da obra. O texto conta os 150 anos de história do primeiro clube de tiro de Santa Catarina, que foi fundado em 1859 e chamavase Blumenauer Schützengesellschaft-verein. A peculiaridade da história do nome do clube é descrita na publicação. “Após a guerra, aproximadamente na década de 30, este nome foi traduzido para Sociedade de Atiradores Blumenau. E em 1949, foi quase uma forma de ironia colocar um nome indígena como Tabajara no clube”, destaca Bettina.
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Simone e Bettina preparam o livro do sesquicentenário do Tabajara
Dividido em seis capítulos, o livro tem uma linguagem fácil e traz diversos casos pitorescos ocorridos no clube. Os títulos dos capítulos são: O Surgimento da Blumenauer Schützengesellschaft-verein; A Sociedade de Atiradores Chega aos 50 Anos; Das Guerras à Reconstrução; O Centenário e Modernização do Clube; Novo Milênio; 2009: O Sesquicentenário.
O subcapítulo Fatos Interessantes da Nossa História registra peculiaridades do Tabajara Tênis Clube retiradas do Livro de Atas das reuniões. Entre os fatos estão a apresentação do projeto para obra de reconstrução da sede social, em 1949; a reunião que autorizou o convite para rapazes e moças residentes em Blumenau, namorados dos filhos e filhas dos sócios para festa do dia 31 de dezembro de 1951; a permissão da Prefeitura Municipal para construção do primeiro portão de acesso ao clube, em 1955; a instalação do primeiro telefone no Bar da Piscina, em 1967; o projeto de lei que auxiliou nas despesas do Campeonato Brasileiro de Veteranos de Tênis, em 1977. O livro está praticamente pronto. A autora acrescenta agora pequenas inserções dos eventos e acontecimentos até o final deste ano, para o lançamento em 2010. Bettina ressalta a importância como historiadora de escrever este livro, porque o Tabajara está intimamente ligado a Blumenau. “É um privilégio participar de um projeto grande como esse, que está tão ligado a Blumenau. Nosso objetivo é o resgate da história para que seja transmitida aos mais jovens”, assinala. Da mesma forma, Simone observa que as entrevistas realizadas trazem vários fatos que os documentos não conseguem expressar. “O resgate da história de forma oral é um trabalho fundamental, pois diversos fatos não estariam no livro se não fossem os depoimentos”, avalia.
Antiga sede está entre as imagens do livro - abaixo, esboço para a capa
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O livro está em ordem cronológica de acontecimentos. Dessa forma fica uma leitura mais fácil Simone
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É um privilégio participar de um projeto grande como esse, que está tão ligado a Blumenau Bettina
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Cronologia
Depois vêm os subcapítulos: O Baile de Debutantes; O Stammtisch na Sociedade de Atiradores Blumenau; O Tiro Hoje; Fatos Interessantes da Nossa História. E, no final, o livro traz uma listagem dos presidentes, patronesses e rainhas da Münchenfest. As histórias da marca dos 150 anos e do mascote do clube, a corujinha Tuca, também são contadas. “O livro está em ordem cronológica de acontecimentos. Achamos que dessa forma fica uma leitura mais fácil”, explica Simone.
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Carta
Lembranças do Schützenverein Deve ter sido lá pelo ano 1935 ou 36, que seja. Como toda Festa do Espírito Santo, esta começou sábado à noite com uma passeata a partir da Casa Hoepke até o Tabajara. Todos os participantes com tocha acesa na mão. Para nós, apesar do sapato novo apertar, era uma grande alegria. O que havia à noite, não sei, pois criança ia para casa dormir. Domingo, lembro-me até hoje que, na parte da manhã, entrei no clube procurando meu pai. Que algazarra! Gargalhadas, torcida, tiro, tio e mais tiro. O primeiro objetivo: derrubar um enorme pássaro de um bloco de madeira colocado num poste alto. Simplesmente atiravam, estraçalhavam o bicho até cair. Mas, aí é que está! Quem derrubava o dito cujo pagava um barril de chope. Levava horas e ia por chamada. A torcida e as gargalhadas, mais os tiros davam uma tremenda algazarra. Naturalmente, matava-se a sede com chope. Achei meu pai, que já estava na vez: “Inge, aperte o dedo para o resto do pássaro não cair”. Apertei os dois dedões e fechei os olhos. Silêncio total, expectativa: bum! Nada! Não caiu! Outra torcida: um jovem joinvilense, recém-chegado a Blumenau, Erich Kormann, pegou a espingarda e disse: “Agora ele vai cair!” Bom! Caiu! Todo feliz e orgulhoso, pagou a rodada de cerveja.
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Inge Lauterjung Darius
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Sesquicentenário
O Tabajara em fotos Imagens mostram parte da história recente do clube e a evolução nas áreas de lazer e na estrutura
A sede social, onde ficam salão principal, restaurante e Die Kneipe, entre outros ambientes
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Spass Ecke, ambiente para eventos particulares dos sócios, equipado com uma sofisticada cozinha gourmet (ao lado)
Entrada para a secretaria e nova portaria: mais conforto para os col aboradores
Vista aérea de todas as dependências do Tabajara, da portaria ao campo de futebol e bocha
Sede da bocha, que inicialmente era aberta e passou por diversas melhorias até chegar à configuração atual
O Restaurante Tabajara: en
dereço certo da boa gastr
onomia
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tre os espaços O parque infantil está en Tabajara do preferidos das crianças
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Sesquicentenário
Festas jovens também ag
itam o clube
Lareira do Die Kneipe: espaço dedicado ao sossego e à boa conversa
Show da banda Papas da
Desfiles da Oktoberfest têm
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Língua no salão princiap
participação do Tabajara
No Natal, o clube se ilumi
na para festejar a fraternid
ade
m iluminação mais eficaz
...
... e econômica em compa
aginado e, em quase nada
...
... lembra o espaço antig
Quadras de tênis ganhara
O campo de futebol foi rep
ração ao sistema antigo
o destinado às peladas
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Sesquicentenário
As novas piscinas ainda
em fase de construção
As novas piscina já concluídas e à disposição dos sócios
Studio Gym, a nova acade
mia do Tabajara
O deck da piscina: espaço de ralaxamento e contemplação
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À noite, a piscina ganha contornos e iluminação especial: espaço perfeito para curtir o frescor após o pôr-do-sol
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Sesquicentenário
Com a remodelação do espaço, o futebol ganhou um ambiente para eventos: o Fussball Ecke
Vista interna do Fussball
Ecke
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Coruja que caiu do ninho deu origem à mascote Tuc a
O Bar da Piscina também
passou por melhorias...
... internas, externas e, inclusive, no cardápio
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Tabasco
Me entrevistando-me
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- É verdade que você nasceu aqui dentro do clube? - Como? - Você vive dizendo nas entrevistas que... - Ah, isso é uma força de expressão. Quero dizer que sou sócio aqui desde que nasci. Entendeu? - Ouvi dizer que você tem muitas lembranças ou histórias engraçadas... - Claro que tenho, muitos sócios têm, o diabo é lembrar. O que você quer saber? - Se na adolescência vocês espiavam as moças trocando de roup... - Peraí! Não me envolve nisso. Sabe por quê? Eu enxergo mal, aí nem adiantava pegar aquela escada e encostar atrás do vestiário da piscina, apoiar no barranco e olhar por uma fresta em cima do lado esquer... - Pelo jeito você conhece o lugar muito bem. - É que meus amigos espiavam. Mas eu não vou entregar ninguém. Esquece isso, tanto espiadas como espiadores hoje já são avós. - Você jogou futebol e fez gols aqui no clube? - Bem, na verdade até fiz, só não posso chamar isso de “jogar futebol”... - Por quê? - Meu talento latente foi sufocado por boleiros mais malandros como Walmor Belz, Teixeirinha, Nicolau dos Santos, Arninho Buerger... - E os gols? - Fiz alguns, meio sem querer. De um me lembro especialmente. Na saída, atrasaram a bola pra mim e eu mandei de primeira pra rede. Meu primo Júlio era o goleiro, envergava um baita numero 13, e estava de costas conversando com alguém. Depois o juiz disse que foi irregu-
lar, mas como era pra mim... - Você era amigo do juiz? - Não, foi colher de chá mesmo. É que aquelas peladas eram uma zona. Ah, em outra ocasião, driblei sem querer o Teixeirinha, o maior craque catarinense... - Meu Deus! Lembra de mais coisas? - Cara, nem tudo cabe aqui. Tem histórias do João da Sauna, do porteiro Risada, do Inácio desde o tempo em que era garçom, a inauguração da piscina nos anos 60 que foi um evento estadual, da fama quase nacional da nossa cozinha, da época em o clube vivia às moscas, das gincanas, de um cara que capotou aqui bem em frente às quadras, do Campeonato Brasileiro Infanto-Juvenil e da Juventude, da cozinha ampliada que alguns acharam ter ficado maior que a do quartel, da vidraça translúcida da sauna por onde se via as bundas dos frequentadores bem aqui da rua e dos muitos namoros que viraram casamentos. - Lembra de algum? - Isso aqui não é a “Caras”, pô... - Tá bom. E “clube aristocrático” vem de onde? - Invenção da mídia. Ficam imaginando coisas a respeito da “finesse” disso aqui. Mas como diz o Caetano Veloso, de perto ninguém é normal... - E o porteiro que te chama de “Arninho”? - Ah, isso é porque faço academia há mais de um ano e, sempre que o porteiro Casas me vê chegando pra malhação, fala: “Vais ficar mais fino que o Arninho Buerger depois da cirurgia!”. - Uma mensagem pra finalizar. - Esse clube é ótimo! Por isso já dura 150 anos.
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