Edição 54 - Revista do Ovo

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Editorial Mercado de postura e suas demandas Falando sobre o mercado para o segmento de postura, os analistas da Revista do Ovo apontam que o ovo branco extra comercializado no atacado da cidade de São Paulo alcançou, em

Mundo Agro Editora Ltda. Rua Erasmo Braga, 1153 13070-147 - Campinas, SP

junho passado, valor médio quase 10% superior ao do mês anterior (os valores especificados referem-se a cargas fechadas negociadas em embalagens de 2,5 dúzias). Mas encerrou o período com, quase, os mesmos baixos preços do início do mês. Ou seja: valorizou-se, como de hábito, na primeira quinzena e perdeu boa parte do ganho conquistado na segunda parte do mês. Porém, o que mais ressaltou no comportamento do produto em junho passado foi a forte

Publicação Bimestral nº 54 | Ano VI Julho/2019

queda em relação aos preços registrados um ano antes. “É impossível ignorar que, historicamente, os melhores preços do ano são registrados, quase invariavelmente, no primeiro semestre. Ou seja: estes próximos seis meses tendem a ser ainda mais desafiadores. A menos que o setor consiga controlar eficientemente a produção e, paralelamente, encontrar novos mercados para o produto”, destacam. E ainda, esta edição traz importantes análises sobre as mudanças para o sistema Cage Free, com os artigos “É viável financeiramente investir em um cage-free?” e também Leandro Pinto, Presidente do Grupo Mantiqueira, aponta na seção Ponto Final os desafios da produção pelo sistema cage free no Brasil. Boa leitura!

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Ciência & Pesquisa É viável financeiramente investir em um cage-free?

Publisher Paulo Godoy paulogodoy@avisite.com.br Redação Giovana de Paula (MTB 39.817) imprensa@avisite.com.br Comercial Karla Bordin (19) 3241 9292 comercial@avisite.com.br Diagramação e arte Mundo Agro e Innovativa Publicidade luciano.senise@innovativapp.com.br

Sumário

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EXPEDIENTE

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Notícias Curtas Você sabe o que o Instituto Ovos Brasil pode fazer por você? Seleno-hidróxi-metionina em poedeiras comerciais Wisium ampliará presença no Estado do Espírito Santo Qualidade dos ovos Lohmann do Brasil Controle da laringotraqueíte: o papel das decisões corretas O novo consumidor Análise de investimentos e de custeio para adequação de granja de produção de ovos Efeito dos produtos herbanoplex® cp e Uniwall® mos 25 Cobertura Especial Conbrasul Concurso de Qualidade de Ovos expressa a profissionalização da avicultura de Bastos Desempenho do ovo Pintainhas de Postura Matérias – Primas Ponto Final – Leandro Pinto

Internet Gustavo Cotrim webmaster@avisite.com.br Administrativo e circulação financeiro@avisite.com.br

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Com a crescente preocupação do mercado consumidor de alimentos com o bem-estar animal, o setor da avicultura, principalmente na produção de ovos, está sendo forçado a migrar para sistemas alternativos de produção.

Revista do Ovo

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Eventos

2019 Agosto 06 e 07

Animal Health Innovation Latin America Desenvolvimento de Negócios & Parcerias Local: São Paulo, SP Site: https://animalhealthlatam.com 16 a 20

XXI WVPAC – Congresso da Associação Mundial de Veterinários Avícolas Organização: Associação Tailandesa de Veterinários Avícolas Local: Bangkok International Trade andExhibition Centre – Bangkok, Tailândia Site: www.wvpac2019.com/ 27 a 29

Há cinco anos no OvoSite

31/07 - Ovos na granja: produtor continua perdendo participação em relação ao varejo Em junho, a dúzia de ovos na granja foi comercializada por R$1,71, valor 6% e 6,6% inferior aos obtidos no mês anterior e em junho do ano passado, respectivamente. No varejo, o produto foi comercializado por R$4,59, incorrendo em redução mensal de 2,34% mas, diferente do produtor, obtendo aumento de 10% em relação a junho do ano passado. Com a queda substancial nos preços ao produtor piorou a relação entre os produtos. Assim, enquanto em maio os preços na granja representaram 39% dos alcançados no varejo, em junho, essa relação caiu para 37%, o segundo pior índice desse ano. No primeiro semestre o produtor recebeu, em média, 39% dos preços praticados no varejo. No mesmo período do ano passado a participação foi superior a 43%.

Salão Internacional de Avicultura e Suinocultura (SIAVS) Local: Anhembi Parque, em São Paulo (SP). Promoção: Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) Informações: www.siavs.com.br

Setembro 03 e 04

Congresso Europeu de Microbioma Animal Local: Londres, Inglaterra Site: animalmicrobiomecongressusa.com/ events/animal-microbiome-uk-2019

Outubro 08 a 11

OVUM 2019 XXVI Congresso Latino-Americano de Avicultura Local: Lima, Peru Site: www.elovum.com

Novembro 12 a 14

CLANA - Congresso Latinoamericano de Nutrição Animal Local: Expo Dom Pedro - Campinas, SP Realização: Colégio Brasileiro de Nutrição Animal (CBNA) Site: www.cbna.com.br

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As quatro mais lidas do OvoSite em Junho

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18/06 - Cobertura Especial Conbrasul A Cobertura especial da 2ª . Conferência Brasil Sul da Indústria e Produção de Ovos, realizada em Gramado (RS) foi a notícia amplamente mais lida no OvoSite no mês de junho.

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2 03/06 - Desempenho do ovo em maio e nos cinco primeiros meses de 2019 Os esforços desenvolvidos pelo setor para reverter o marasmo que se abateu sobre o mercado de ovos no decorrer de maio fez com que, no final do período, o produto obtivesse alguma recuperação de preço.

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07/06 - Engenharia genética produz células de galinha resistentes ao vírus da IA

07/06 - Índice FAO de preço dos alimentos aumentou pouco mais de 1% em maio

Analisando células de galinha, pesquisadores do Colégio Imperial de Londres constataram que, ao instalar-se o processo infeccioso, os vírus da Influenza Aviária sequestram uma molécula específica – denominada ANP 32A - transformando-a em uma “escrava” que os ajuda a se multiplicarem.

Em alta pelo quinto mês consecutivo e atingindo o maior valor dos últimos 11 meses, o Índice FAO de Preço dos Alimentos atingiu em maio passado 172,4 pontos (2002/04: 100 pontos), aumentando 1,2% em relação ao mês anterior.


Notícias Curtas Mercado

Exportação de ovos comerciais (in natura) As vendas externas de ovos comerciais in natura (com casca) levantadas através do sistema de Estatísticas do Comércio Exterior (comex stat) que já vinham em queda, retrocederam ainda mais no bimestre abril/maio. Em abril o volume embarcado atingiu cerca de 3,265 milhões de ovos, o equivalente a 21,2 mil caixas de 360 ovos, indicando redução anual na casa dos 12%. Em maio o volume exportado foi menor ainda, abaixo dos 2,2 milhões de ovos, significando o segundo menor volume já embarcado pelo setor desde que os levantamentos tiveram início, em janeiro de 2012. Mesmo assim, o volume acumulado nos cinco primeiros meses do ano alcança 48 milhões de unidades – perto de 133,4 mil caixas - e representa aumento de 3,8% sobre o mesmo período do ano passado. Nos últimos doze meses – junho de 2018 a maio de 2019 – o total acumulado atingiu 119,1 milhões, equivalente a um aumento significativo na casa dos 75% em relação ao mesmo período imediatamente anterior.

A Revista do OvoSite

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Instituto Ovos Brasil

Você sabe o que o Instituto Ovos Brasil pode fazer por você? O Instituto Ovos Brasil é uma entidade sem fins lucrativos criada em 2007 com objetivo de esclarecer a população sobre as propriedades nutricionais do ovo e os benefícios que este alimento proporciona à saúde, além de desfazer mitos sobre seu consumo

O

que fazemos? O instituto exerce um papel institucional fundamental na valorização do ovo e aumento de consumo. Através de distribuição de material informativo, palestras, conscientização dos profissionais da saúde e sensibilização da população, trabalha para levar a mensagem dos benefícios do consumo de ovos para todos os públicos. As ações realizadas ajudam a fazer com que o ovo tenha cada vez mais destaque nas refeições da população e nas recomendações médicas. Publicamos matérias em jornais, revistas e televisão, levando sempre uma mensagem positiva totalmente baseada em trabalhos científicos, gerando muita credibilidade para o público e deixando a disposição nossa nutricionista para o esclarecimento de dúvidas. Quem somos? O Instituto Ovos Brasil é uma entidade sem fins lucrativos criada em 2007 com objetivo de esclarecer a população sobre as propriedades nutricionais do ovo e os benefícios que este alimento proporciona à saúde, além de desfazer mitos sobre seu consumo. O IOB tem atuação em todo o território nacional e hoje é referência em informação sobre ovos no Brasil. O site da instituição (www.ovosbrasil.com.br) reúne campanhas, dados, pesquisas e artigos técnicos e científicos de credibilidade para o público em geral e profissionais das mais diversas áreas. Quem participa? Temos como contribuintes os produtores do Brasil, empresas ligadas a produção de ovos, associações relacionadas a produção de alimentos e demais integrantes da cadeia produtiva de postura comercial. É uma entidade dirigida por um conselho com representantes dos produtores e das entidades estaduais que sabem que o ovo é o melhor alimento que existe e que uma população bem nutrida é mais inteligente, saudável e feliz. O Instituto Ovos Brasil é de todos. Participe você também! Onde estamos? O escritório do Instituto Ovos Brasil fica em São Paulo, junto à sede da Associação Brasileira de Proteína Animal - ABPA. É uma entidade independente, mantida com recursos privados e voltada para a disseminação de informações sobre as qualidades do ovo na alimentação e saúde. Associe-se. Entre em contato, ainda tem dúvidas? Sugestões? Fale conosco! contato@ovosbrasil.com.br

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Ciência & Pesquisa

É viável financeiramente investir em um cage-free? Com a crescente preocupação do mercado consumidor de alimentos com o bem-estar animal, o setor da avicultura, principalmente na produção de ovos, está sendo forçado a migrar para sistemas alternativos de produção Autores: José Valmir da Silva Taborda1, Sarah Sgavioli1*, Vanessa Karla Silva2 (1) Pós graduação em Produção Animal – Universidade Brasil; (2) Consultora técnica em nutrição de monogástricos; (*) autor correspondente: sarahsgavioli@yahoo.com.br

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istemas de gaiola convencionais foram desenvolvidos na década de 30 do século XX e usados na produção tradicional de ovos desde a década de 50. Estes sistemas foram usados durante um longo tempo e seu único propósito era maximizar o lucro e a produtividade com mais aves sendo alocadas em uma pequena área para maior produtividade de ovos (SOSNOWKA-CZAJKA et al., 2010; JONES et al., 2014). O bem-estar animal ganhou importância e o sistema convencional de gaiolas foi questionado devido à restrição de movimentos e expressão dos comportamentos, devido à falta de espaço e o comprometimento da ambiência (MENCH et al., 2011).

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Dos consumidores brasileiros de produtos de origem animal, 88% acreditam que o tratamento dos animais de produção precisava melhorar (WORLD SOCIETY FOR THE PROTECTION OF ANIMAL, 2007) 85% estão dispostos a pagar mais por um produto produzido de acordo com as normas de bem-estar animal (INSTITUTO BRASILEIRO DE OPINIÃO PÚBLICA E ESTATÍSTICA, 2008). A partir desta demanda surgiu o desenvolvimento de sistemas de criação alternativos, que visam o bem-estar das aves, permitindo assim que as aves expressem seus comportamentos naturais. Dentre os tipos de sistemas alternativos para a produção de ovos, destaca-


Dentro do que foi proposto, a criação de poedeiras no sistema cage-free é viável financeiramente

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Ciência & Pesquisa

Obteve-se um payback simples de 4,25 e o composto de 5,8 anos, valor presente líquido de R$ 141.504,37, o que gerou uma taxa interna de retorno de 14,33% e os percentuais sobre as vendas foram de 49,38%; 35,92% e 90,46% para os pontos de equilíbrio contábil, financeiro e econômico respectivamente

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-se o cage free. Este sistema possui uma série de poleiros, ninhos, linhas de bebedouros e comedouros no seu interior. Seu uso requer mudança para o produtor, pois necessita de alteração no manejo das aves e, portanto, na maior mão de obra. A produção sem gaiolas vem com novos desafios em comparação ao sistema convencional, pois permite que as aves utilizem os espaços verticais e horizontais no interior do galpão, o que requer maiores edificações para alojar a mesmo número de aves presentes na criação convencional. Portanto, estudos que avaliem a viabilidade econômica de tal sistema são imprescindíveis para o desenvolvimento da avicultura de postura. Não existe na literatura estudos relacionados aos custos de produção de ovos de poedeiras comerciais em sistema cage-free. Portanto, este levantamento poderá contribuir para a tomada de decisões dos produtores que optarem por criar aves neste tipo de sistema. No Brasil, do ano de 2011 até o de 2015 as exportações mantiveram-se estáveis, representando 1% do total produzido (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PROTEÍNA ANIMAL, 2018). Além da exigência interna dos consumidores, quanto ao bem-estar das aves, existem as exigências quanto a exportação de ovos. Motivada pela exigência ética dos seus consumidores nos anos 90, a União Europeia aprovou a Diretiva 1999/74/CE, que proibiu a criação de poedeiras em gaiolas a partir de 2012. Em 06 de novembro de 2018, na Califórnia, ficou estabelecido por meio da Proposição 12 que a partir do ano de 2022 será proibida a criação de poedeiras em instalações, que não permitam aos animais deitar-se, levantar-se, virar-se livremente e estender seus membros completamente (LEGISLATIVE ANALYST’S OFFICE, 2018). Levando-se em consideração as exigências quanto a exportação de ovos e o crescimento interno quanto ao bem-estar das aves, existe a demanda de estudos sobre a viabilidade financeira de sistemas alternativos de produção de ovos. Portanto, o estudo teve como objetivo avaliar a viabilidade econômica e financeira da implantação de um siste-

ma de criação cage-free para poedeiras comerciais. A gestão rural se caracteriza por um conjunto de atividades para o melhor planejamento, organização e controle das atividades do ponto de vista financeiro, auxiliando a tomada de decisão, de modo que o produtor possa gerenciar as atividades, maximizar a produção e minimizar os custos, em busca de melhores resultados financeiros. Segundo Kruger et al. (2010), há necessidade de controles nas propriedades rurais, e também necessidade de modernizar as granjas melhorando tanto o desempenho quanto a qualidade da produção. Além disso, também se faz necessário o controle e planejamento do desenvolvimento das atividades o que vem exigindo do empresário rural um melhor gerenciamento da propriedade. Com o domínio da tecnologia em todas as áreas e a internacionalização da economia faz-se necessário reorganizar os modos de gestão empresarial e rural com a finalidade de se adequar a padrões internacionais de qualidade e produtividade entre as organizações. Sendo assim, as empresas estão adaptando-se a novas técnicas e ferramentas de gestão para a condução de seus negócios, a fim de garantir a competitividade. Dentre essas novas técnicas e ferramentas de gestão podem-se utilizar os sistemas de análise da viabilidade financeira e econômica, que auxiliam a verificar se determinada atividade trará retorno de investimento e obtenção de lucro, além disso, se for executada de forma planejada poderá garantir a continuidade dos negócios (GOLLO et al., 2017). Quando se realiza uma avaliação para tomada de decisão de um projeto de investimentos há uma comparação entre os fluxos de caixa e o investimento inicial das propostas. Esta decisão é tomada por meio de previsões de vendas e de custos dos produtos a serem gerados pelos ativos. Por isso é necessário fazer um levantamento fidedigno para evitar distorções (NEVES, 2010). O payback indica o tempo necessário para a recuperação do investimento, portanto, permite subsidiar a decisão de investir, ou não, em um deter-


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Ciência & Pesquisa minado projeto (AVACI et al., 2013). O payback descontado considera o valor do dinheiro no tempo, enquanto o payback simples não leva o tempo em consideração. Em síntese, enquanto o payback simples é um método que calcula o tempo necessário para que a soma das receitas se equipararem, com o valor do capital investido sem considerar o valor do dinheiro no tempo, o payback descontado trabalha com o fluxo de caixa considerando a taxa de juros necessária trazida para o valor presente para obter-se o financiamento (NEVES, 2010). O valor presente líquido (VPL) se constitui num instrumento de análise de viabilidade econômica, que considera o valor do investimento futuro no presente, ou seja, permite ao gestor analisar o investimento de exercícios futuros em valores atuais (SABBAG E NICODEMOS, 2011). Nesse método, a escolha mais apropriada é aquela que apresenta o maior VPL. Entretanto, deve ser lembrado que quanto maior for o VPL maior será a possibilidade financeira para absorver erros de estimativas. Se o VPL for nulo ou muito pequeno, o projeto se mostra arriscado do ponto de vista de sua lucratividade (NEVES, 2010). Para o cálculo do VPL de um investimento estima-se uma taxa percentual que leve em consideração o valor do dinheiro no tempo, taxa esta que é o custo de oportunidade do projeto chamada de taxa mínima de atratividade (TMA). A TMA é a melhor taxa ofertada para aplicação do capital disponível, com o menor grau de risco possível e, para a análise de investimentos, é estimada com base nas principais taxas de juros praticadas pelo mercado (ZAGO et al., 2009). Taxa interna de retorno (TIR) é exigida quando utilizada como taxa de desconto, resulta em VPL igual a zero. O VPL e a TIR estão ligados, de forma a levarem a decisões similares. Isso ocorre, somente quando os fluxos de caixa dos projetos analisados são convencionais, ou seja, quando o investimento inicial é negativo e nos períodos seguintes a empresa opera com lucros, gerando assim, fluxos de caixa positivos. A decisão analisada não poderá ter

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vínculo com outras decisões. Portanto, quando alguma dessas duas condições não é satisfeita, podem ocorrer distorções (NEVES, 2010). Uma qualidade da TIR é o fato de ter uma relação muito próxima ao VPL, tendendo a apresentar resultados na mesma direção. Outro aspecto positivo é a sua compreensão, pois é mais simples discutir sobre taxas de retorno do que sobre “valores monetários absolutos” (NEVES, 2010). A TIR é usada para avaliar a atratividade de um projeto ou investimento. Se a TIR de um projeto exceder a TMA significa que o mesmo é viável; se a TIR de um projeto ficar abaixo da TMA o mesmo deve ser rejeitado; se a TIR de um projeto for igual a TMA a decisão de seguir com o projeto fica por conta dos gestores/investidores (NEVES, 2010). O ponto de equilíbrio é uma ferramenta de gestão financeira para identificar o volume mínimo de faturamento para não gerar prejuízos. É um indicador de segurança do negócio, pois mostra o quanto é necessário vender para que as receitas se igualem aos custos. Ele indica em que momento, a partir das projeções de vendas do empreendedor, a empresa estará igualando suas receitas e seus custos. Com isso, é eliminada a possibilidade de prejuízo em sua operação (SERVIÇO BRASILEIRO DE APOIO ÀS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS, 2018). A partir do ponto de equilíbrio a companhia passa a auferir lucro. Abaixo dele, está operando em prejuízo. Portanto, ponto de equilíbrio é quando a receita total da empresa é exatamente igual à soma dos gastos fixos e das variáveis até aquele momento. Ele é calculado para saber quanto, em número de transações ou dinheiro, é preciso vender para bancar as operações sem ter prejuízo (SERVIÇO BRASILEIRO DE APOIO ÀS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS, 2018). No ponto de equilíbrio financeiro não se leva em consideração os gastos fixos não desembolsáveis, no contábil são alocados todos os gastos fixos inclusive a depreciação e no econômico soma-se todos os gastos e o lucro desejado pelo investidor (MARTINS, 2010).

Desenvolvimento do projeto cage free Modelo de criação e equipamentos Foi considerado o modelo de criação de poedeiras comerciais no sistema cage-free com galinhas Dekalb Brown. O orçamento para a construção civil da instalação e equipamentos necessários foi fornecido por uma empresa do ramo. Para a construção do galpão de estrutura metálica, foram considerados os seguintes padrões: rede elétrica trifásico 220V; comprimento do galpão - 150 metros; largura: 15 metros; perfazendo 2.250 m2; altura pé direito: 2,50 metros; sem forração (Figura 1). Para viabilizar a criação das aves em sistema cage-free se faz necessário a aquisição dos equipamentos:  Sistema de produção de ovos postura: composto por um ninho automático com 62 módulos fechados, sendo três módulos de passagem, com 149,54 metros lineares de comprimento útil, com largura de 1.530 mm e altura de 1.435 mm. Área interna de 2,4 m² com quatro repartições com área interna livre para as aves de 0,6 m² por repartição, com capacidade máxima de 340 aves por módulo com largura de slat (piso plástico) de 1,20 m (Figura 2).  Mesa de coleta de ovos: capacidade de 258,06 aves/módulo; pés em aço inox com regulagem de altura; fechamento em compensado naval marítimo com suporte em inox; conjun-

Figura 01: Planta baixa e corte frontal do galpão Fonte: http://bigdutchman. com.br/produtos/categorias/ avicultura-de-postura

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Ciência & Pesquisa

Figura 02: Ninho automático Fonte: http://bigdutchman. com.br/produtos/categorias/ avicultura-de-postura.

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to de expulsão independente com seis unidades; três módulos de passagem; esteira transportadora de ovos central com 500 mm de largura; e antipoleiro cumeeira do ninho.  Conjunto comedouro automático: composto por quatro linhas de 153 metros com 204 pratos/linha, total de 816 pratos.  Silo de armazenagem de ração com capacidade para 24,5 m³, composto por tubos de seis metros, com diâmetro de 45 mm.  Sistema de climatização: tecido de cortinado laminado azul/prata 120 g/m²; conjunto de travamento/suspensão a cada cinco metros com gancho passante 30 cm; 26 ventiladores; dois exaustores; cabeamento elétrico/ bocal para lâmpadas; painel de controle; conjunto de vedação com envelopamento e bando em “Y”; sistemas nebulizadores média pressão netafim 120 bicos.  Sistema de bebedouro automático: composto por oito linhas de 76,5 m com barras de 3 m com 12 bicos, perfazendo um total de 2.448 bicos com as características, com bebedouro nipple, com 4.024 taça com reguladores de pressão, sendo um regulador total por linha; 5,08 aves por bico; sistema de suspensão a cada 3 m, com um guincho por linha; sistema de choque; sistema de entrada d’agua com painel, hidrômetro 3/4”, filtro e caixa d’água 1.000 L.

Manejo, aves e orçamentos O manejo das poedeiras será de acordo com as recomendações do manual de manejo da linhagem Dekalb Brown (2008), seguindo os aspectos referentes à transferência para o galpão de postura, oferecendo água de qualidade, sanidade e alimentação balanceada de acordo com as exigências nutricionais da linhagem. Após o descarte do lote o galpão deverá ser preparado para a recepção de novas aves levando-se em consideração a limpeza e desinfecção e o vazio sanitário que, segundo Mazzuco et al. (2006) é de 20 dias. O vazio sanitário (20 dias) equivale a aproximadamente 4% do período de 504 dias de produção, que aplicado proporcionalmente ao ano, para cômputo de despesas fixas nesse período será de aproximadamente 13,93 dias/ ano. Ainda de acordo com o manual da linhagem o programa de vacinação para aves a partir de 17 semanas deve incluir proteção contra doença de newcastle, bronquite infecciosa, encefalomielite aviária, bouba aviária, gumboro entre outras doenças de acordo o desafio da granja ou região. As vacinas orçadas foram Inter Multi 6 vacina sêxtupla contra a síndrome da queda de postura, doença de newcastle, bronquite infecciosa e coriza infecciosa das aves; sorotipos A (221), B (222) e C (modesto) com 1.000 doses e vacina encefalomielite aviária (Provac-AE) também com 1.000 doses. Segundo as exigências da Humane Farm Animal Care (2018a) para a produção de poedeiras em sistema cage-free, a densidade deve ser de 0,14 m²/ ave o que equivale a 7,14 aves/m², sendo assim, os cálculos foram feitos levando em consideração a quantidade de 7 aves/m². Portanto para este trabalho foi considerado o alojamento de 15.750 aves. Certificação Quanto à certificação foram utilizados os valores disponibilizados pela Humane Farm Animal Care (2018b). Este órgão é responsável por certificar a produção de ovos em sistema cage-free. As tarifas de certificação se dividem em:


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Ciência & Pesquisa UFCAn FCPS (Eq. 01)

PB = UPFCAn −

Onde: : payback; : último período de fluxo de caixa acumulado negativo; : último fluxo de caixa acumulado negativo; : fluxo de caixa do período seguinte.  =

    + + + ⋯+ +     1 +  1 +  1 +  1 +  (Eq. 02)

Onde: : valor presente líquido;  : fluxo de caixa por período;  : fluxo de caixa inicial;  : fluxo de caixa por período; : taxa mínima de atratividade; : períodos.  =  +

    + + + ⋯+ =0    1 +  1 +  1 +  1 +  (Eq. 03)

Onde: : valor presente líquido;  : fluxo de caixa inicial;  : fluxo de caixa por período (receita do período menos os gastos do período); : taxa interna de retorno; : períodos.  =

 =

 

  çã

(Eq. 04)

  ã á

 =

  çã

(Eq. 05)

      çã

(Eq. 06)

Onde: PEC: ponto e equilíbrio contábil; PEF: ponto de equilíbrio financeiro; PEE: ponto de equilíbrio econômico;  : são custos e despesas que independem de produção, ex: conservação, aluguéis, etc;  ã á: são custos e despesas que não necessitam de saídas de caixa, ex: depreciação de instalações e equipamentos;  : lucro esperado pelo administrador.   çã: receita de venda menos os gastos variáveis e estes são os gastos que aumentam ou diminuem diretamente proporcional à produção.

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 Tarifa de solicitação: R$ 375,00, valor cobrado de novos clientes ou renovações confirmadas até 60 dias antes de cumpridos 12 meses da última inspeção anual; R$ 750,00 para renovações confirmadas entre 60 e 30 dias antes de cumpridos 12 meses da última inspeção anual e R$ 1.500,00 para renovações confirmadas com menos de 30 dias antes de cumpridos 12 meses da última inspeção anual.  Tarifa de inspeção: a tarifa mínima da Humane Farm Animal Care para realizar inspeções em fazendas ou granjas é de R$ 1.800,00/dia/inspetor. Além desse custo o operador é responsável pelas despesas de logística do inspetor.  Tarifa de certificação: a tarifa de certificação da Humane Farm Animal Care é devida sobre todos os produtos licenciados para venda como Certified Humane® por um produtor, fazenda ou granja certificados. São tarifas mensais que devem ser calculadas sobre todos os produtos licenciados, in-

dependentemente do uso ou não do selo de certificação no produto final, sendo de R$ 0,1282/caixa com 30 dúzias de ovos. A tarifa de certificação para venda como Certified Humane® foi designada como despesa variável; a tarifa de solicitação anual, as tarifas de inspeção e despesas com o inspetor foram designadas como despesas fixas. Análise de investimentos No estudo foi considerada a TMA em 10% ao ano, arredondada de 9,94%. Esta foi a taxa do sistema especial de liquidação e custódia (SELIC) acumulada no ano de 2017, o que equivale a aproximadamente 0,8% ao mês. A taxa SELIC foi adotada por ser a maior entre as taxas referências para análise de investimentos em respeito ao princípio da prudência. Para o estudo da viabilidade financeira e econômica do projeto foram utilizadas ferramentas de análise tais como playbacks simples e descontado

(Eq. 1), valor presente líquido considerando a taxa mínima de atratividade (Eq. 2), taxa interna de retorno do investimento considerando o valor presente líquido igual a zero (Eq. 3) e os pontos de equilíbrio contábil (Eq. 4), financeiro (Eq. 5) e econômico (Eq. 6). O payback simples pode ser calculado ao se usar o fluxo de caixa simples ou o payback descontado se usar o fluxo de caixa descontado:

Resultados Gastos com construção, equipamentos e manejos O valor da construção civil e equipamentos, composto por sistema de produção de ovos, climatização, conjunto de comedouro e bebedouro automático, ninhos e silo foi de R$ 963.563,39 (Tabela 1). Devido ao orçamento ser uma projeção de gastos com edificações, máquinas e equipamentos foram feitas provisões de gastos de R$ 100.000,00 alocados para outras edi-

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Ciência & Pesquisa

ficações, pois assim tem-se um valor provisionado para eventuais gastos que não estejam previstos devido às possíveis falhas de orçamento. Esta provisão foi orçada em atendimento ao princípio contábil da prudência que determina a adoção do menor valor para os componentes do ativo e do maior para os do passivo, sempre

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que se apresentem alternativas igualmente válidas para a quantificação das mutações patrimoniais que alterem o patrimônio líquido (BUGARIM E JINZENJI, 2008). Os valores da remuneração dos funcionários (dois) e o pró-labore do sócio administrativo (um) foram feitos sobre o salário base de R$ 1.500,00

e de R$ 3.000.00, respectivamente, de acordo com as leis trabalhistas (Tabela 2). Dividiu-se os gastos anuais em fixos e variáveis (Tabela 3), onde os custos fixos não dependem do volume de produção, enquanto que os custos variáveis são alterados em função do volume de produção da empresa (LIMA, 2014). Sobre os custos variáveis considerou-se a aquisição de poedeiras recriadas, com 17 semanas, ao preço de R$ 14,00/ave. Este valor foi obtido por meio de visita técnica à uma granja cage-free no estado de São Paulo. O custo com a compra das aves anual foi calculado levando-se em consideração o ciclo de postura (524 dias), o número de aves para tal ciclo (15.750) e o valor unitário das aves com 17 semanas de idade (R$ 14,00) (Tabela 3). Portanto, fez-se o seguinte cálculo: 365dias/524dias *15.750*14 = R$ 153.592,56/ano. Com relação ao cálculo da ração, de acordo com o manual de manejo da linhagem (DEKALB BROWN, 2008) a média do consumo de ração/ave/dia é de 0,112 kg, considerando um desperdício de cinco gramas/ave/dia utilizou-se, para os cálculos, um consumo de 0,117 kg/ave/dia o que resulta em um consumo de ração de 42,705 kg/ave/ ano, porém, considerando uma mortalidade de 6% o consumo anual de ração será de 632.394,56kg para o lote. Assim, obteve-se o gasto anual com ração de R$ 543.859,32. O valor da ração para o ano de 2018, obtido por meio da visita técnica é de R$ 0,86/kg (Tabela 3). Considerando que todas as aves serão vacinadas nos primeiros dias que forem alojadas no galpão serão usadas 15,75 unidades de 1.000 doses de cada tipo de vacina ao custo de R$ 550,00 e R$ 70,00, para Multi 6 e Provac-AE, respectivamente (Tabela 3). O item outras despesas variáveis representa 10% do valor da compra das frangas somado às despesas com o consumo de ração e gastos com vacinas provisão esta estipulada em respeito ao princípio contábil da prudência (BUGARIM E JINZENJI, 2008). Para chegar aos gastos com telefone e internet foram feitas consultas às em-


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presas de telefonia e fornecedores de sinal de internet via fibra ótica. Em relação à energia elétrica e água foi realizado levantamento dos custos com granjas de poedeiras comerciais criadas em sistema cage-free (Tabela 3). Quanto à certificação adotou-se, para esse trabalho, o valor de R$ 375,00 para a solicitação anual e um valor de R$ 4.500,00 para os custos com a inspeção, compreendendo a despesas de logísticas (transporte R$ 150/dia, acomodação R$ 200,00/dia e alimentação R$ 100,00/dia, em um total de R$ 900,00) e mão de obra (R$ 3.600,00) para dois dias de inspeção (Tabela 3). Para o cálculo da depreciação foi respeitado o Artigo 124 da Instrução Normativa (IN) da Receita Federal do Brasil (RFB) nº 1700/2017 (RECEITA FEDERAL, 2017). Onde se destaca que a taxa anual de depreciação é fixada em função do prazo durante o qual se possa esperar a utilização econômica do bem pelo contribuinte, na produção dos seus rendimentos, e no anexo III, da IN acima citada, são dados os prazos de vida útil para instalações de dez anos e das edificações de 25 anos, com depreciações de 10 e 4% ao ano, respectivamente. Observando que não foram considerados valor residual para ambos os itens depreciáveis. Considerou-se como instalações o conjunto de máquinas e equipamentos (Tabela 3).

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O valor do vazio sanitário, foi calculado levando-se em consideração o gasto fixo mensal/dia (GFM/dia = 17.766,61/30), a proporção que 365 dias representa em 524 dias de produção e o número de dias do vazio sanitário (20 dias) (Tabela 3). Portanto, fez-se o seguinte cálculo: (17.766,61/30)* ((365/524)*20) = R$ 8.250,40. Fez-se uma provisão mensal para gastos fixos de R$ 1.600,00 para eventuais aumentos dos gastos no decorrer do ano, provisão esta estipulada em respeito ao princípio contábil da prudência (BUGARIM E JINZENJI, 2008).

Resultado do período A produção esperada é de 418 ovos/ ave alojada em 72 semanas ou 504 dias (DEKALB BROWN, 2008). Para efeito de cálculo para produção incluiu-se o vazio sanitário (20 dias) elevando o ciclo de postura para 524 dias. Sarcinelli et al. (2007) estimam que na fase de produção o índice de mortalidade de poedeiras pode variar entre 8 e 10%. Portanto, estimou-se uma redução de 6% na produção de ovos, haja vista, o decréscimo devido às mortes das aves ao longo do período de produção. A média anual de postura por ave foi calculada da seguinte forma: ¯x = 365 dias/524dias*418 = 291,16, mas considerando a redução de 6% devido à mortalidade tem-se uma produção total de aproximadamente 11.974 caixas com 30 dúzias/ano. Este valor foi utilizado para o cálculo dos gastos com a certificação dos ovos. O peso médio do ovo da linhagem em questão é de 62,6 g o que o classifica como grande (DEKALB BROWN, 2008). Para que não se corra o risco de a receita de vendas ser superestimada apesar do ovo da linhagem Dekalb Brown ser classificado como grande foi adotado o preço de venda do ovo médio de R$ 101,70/caixa de 30 dúzias (Tabela 4). As aves ao final do seu ciclo produtivo serão descartadas sendo vendidas ao valor de R$ 1,00/ave. Portanto, para o cálculo da receita anual com a venda das aves de descarte levou-se em consideração o número de dias do ciclo de produção (524 dias) e o número de aves compradas com 17 semanas (15.750).


Assim, fez-se o seguinte cálculo: 365/524* 15.750*0,94 = R$ 10.312,64/ ano para a receita com a venda das aves (Tabela 4) Destas receitas compiladas foram descontados os gastos variáveis e fixos, para se obter a demonstração do resultado do exercício (DRE) projetada (Tabela 5).

Análise dos indicadores financeiros Para os fluxos de caixa simples e descontado (Eq. 7), na linha do período zero encontra-se o valor do investimento inicial que aparece negativo, pois representa as saídas de caixa, na coluna “fluxo de caixa” a partir do período um aparecem a previsão de resultado dos períodos, sem considerar o valor do dinheiro no tempo, enquanto que, na coluna “fluxo de caixa descontado” tem-se os valores futuros trazidos a valor presente, por exemplo, no final do período um, o fluxo de caixa simples é de R$ 226.987,00 já o fluxo de caixa des-

contado, no mesmo período, é de R$ 206.367,00, ou seja, este valor é o fluxo de caixa simples do período um (futuro) trazido ao período zero (presente) considerando a TMA de 10% (Tabela 5). O VPL do final do sétimo período, que foi o prazo máximo proposto para esta pesquisa, será de R$ 141.504,37, no entanto, ao observar a coluna “fluxo de caixa descontado acumulado” vê-se que no final do sexto período já se tem R$ 25.024,15 positivo, portanto pela análise do VPL, considerando a TMA de 10% e o volume do investimento este sistema de criação é viável (Tabela 6). Observando o payback simples conclui-se que com 4,25 períodos o retor-

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no do investimento já será alcançado, porém este não considera a remuneração do dinheiro no tempo, portanto o payback que deve ser levado em consideração é o payback descontado, pois traz para o valor presente a previsão de gastos e ganhos no tempo. Assim, segundo o payback descontado, tem-se que com 5,8 períodos já se é possível contemplar o retorno do investimento, ou seja, o investidor poderá ter recuperado o investimento nos equipamentos e edificações em aproximadamente 70 meses (Tabela 6). No final do sétimo período a taxa interna de retorno (TIR) é de 14,33%. Esta é a taxa que torna o VPL do fluxo de caixa descontado acumulado do sétimo período, trazido a valor presente, igual a zero, em outras palavras: se 14,33% fosse a TMA o VPL do sétimo período que é de R$ 141.504,37 seria zero trazido a valor presente (Tabela 6). A TMA do projeto é de 10%, mas foi obtido uma TIR de 14,33% portanto, do ponto de vista da TIR o investimento é viável, pois em termos percentuais a riqueza gerada pelo projeto é de 4,33% (TIR - TMA), considerado o retorno do investimento (Tabela 6).

Pontos de equilíbrio contábil, financeiro e econômico A partir da previsão das vendas, de 11.974 caixas de ovos/ano se calculou o percentual das vendas que representa o ponto de equilíbrio, assim, a partir desse percentual obteve-se a quantidade de unidades vendidas e a consequente receita necessária para atingir o ponto de equilíbrio, que pode ser contábil, financeiro ou econômico. Tais percentuais referem-se às vendas necessárias para cobrir os gastos fixos. Onde no ponto de equilíbrio financeiro não se leva em consideração os gastos fixos não desembolsáveis, no contábil são alocados todos os gastos fixos inclusive a depreciação e no eco-

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nômico soma-se a todos os gastos e o lucro desejado (MARTINS, 2010). O primeiro indicador financeiro a se alcançar é o ponto de equilíbrio financeiro, haja vista, ser necessário a venda de 35,92% da produção para atingi-lo, ou seja, 4.301,44 em unidades ou R$ 437.446,77 (Tabela 7). No entanto, é preciso considerar os gastos não desembolsáveis, por exemplo, depreciação, os quais em algum momento a empresa terá que repor com a compra de novos equipamentos ou reformas no galpão. Portanto, o ponto de equilíbrio contábil é atingido ao ser vendido 49,38% da produção, as vendas equivalem a 5.913,05 caixas de ovos ou ainda, R$ 601.357,19 (Tabela 7), ou seja, a partir deste momento passa-se a ter lucro sobre as vendas, com o pagamento total dos custos fixos, restando apenas para cada unidade vendida o seu respectivo custo variável. Por último foi analisado o ponto de equilíbrio econômico e este por sua vez considera o lucro desejado pelo investidor, o qual, para o presente estudo, foi considerado em 15% o que fez com que este ponto de equilíbrio fosse atingido ao vender-se 90,46% da produção, isso implica em 1.0831,73 caixas de ovos ou 1.101.587,12 reais. (Tabela 7). Observando os pontos de equilíbrio verifica-se uma venda da produção de 49,38, 35,92 e 90,46% para atingir o contábil, financeiro e o econômico, respectivamente (Tabela 7). Para uma gestão prudente deve-se observar o ponto de equilíbrio econômico (90,46%), pois este inclui todos os gastos desembolsáveis, os gastos não desembolsáveis e o lucro desejado.

Considerações Finais Após avaliar a viabilidade econômica e financeira dos investimentos para implantação do sistema de criação cage-free para poedeiras comerciais, conclui-se que o sistema é viável financeiramente, principalmente diante do cenário internacional em relação ao bem-estar animal para a produção e exportação de ovos livres de gaiola. A lista de referências pode ser solicitada ao autor correspondente.


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Informe Técnico-Comercial

Seleno-hidróxi-metionina em poedeiras comerciais: melhora na produtividade e na qualidade de casca de ovo O Selênio (Se) é um antioxidante metabólico com propriedades antioxidantes bem conhecidas, participando de processos metabólicos protetores contra a oxidação de lipídeos, proteínas e DNA Autores: Garros Fontinhas e José Henrique Barbi, Adisseo América do Sul

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aumento da população mundial e o consequente aumento da demanda de alimentos coloca os ovos de mesa em foco, tanto pela qualidade nutricional do produto, quanto pela competitividade em custo frente a outras opções de alimentos. Com custos de produção reduzidos, garantidos pela continua evolução genética das galinhas modernas e pelas melhorias de manejo e nutri-

ção das aves, o ovo apresenta-se como uma fonte de proteína animal acessível, promissora e sem obstáculos culturais e religiosos. Do ponto de vista funcional, o ovo apresenta um conteúdo energético moderado (cerca de 150 kcal/100g) e é fonte de proteínas de excelente qualidade, contendo cerca de 6 g por unidade. Também é relativamente rico em componentes lipossolúveis e, por isso, pode ser en-

Figura 1 - Concentração de Selênio (Se) depositado no albúmen e na gema, comparando diferentes fontes de suplementação (teste de campo, Ásia, 2014)

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riquecido com nutrientes importantes para a dieta humana como determinadas vitaminas e minerais. Assim, possui grande potencial como suplemento de nutrientes essenciais para populações com reduzido poder aquisitivo. Segundo dados publicados pela Associação Brasileira de Proteínas Animal (ABPA) o consumo per capta brasileiro, em 2018, cresceu aproximadamente 10% em relação ao ano anterior, atingindo 212 ovos por habitante/ano. Acredita-se ainda que, para o ano de 2019, o consumo tenha novo crescimento e ultrapasse 225 ovos/habitante, impulsionando as vendas do setor. A demanda crescente por ovos e a necessidade de trabalho contínuo na redução de custos de produção tem gerado a adoção de tecnologias como o emprego de aditivos nutricionais que aumentem a produtividade e qualidade do produto. Este texto visa esclarecer como uma fonte pura de selênio orgânico (Se-OH-Met – Selisseo®) pode beneficiar os produtores de ovos, melhorando o número de ovos produzidos, ao mesmo tempo em que melhora a qualidade de casca e a preservação da clara dos ovos.


O Selênio nos Ovos O Selênio (Se) é um antioxidante metabólico com propriedades antioxidantes bem conhecidas, participando de processos metabólicos protetores contra a oxidação de lipídeos, proteínas e DNA. A fonte e o nível de Se na dieta das poedeiras impactam diretamente a concentração deste elemento nos ovos. A maior parte do selênio é distribuído quase igualmente entre a gema do ovo (58%) e o albúmen (42%). Quando o selênio orgânico na forma de Seleno-hidróxi-metionina pura (Se-OH-Met, Selisseo®) é usado na alimentação das galinhas, a concentração de Se encontrada nos ovos aumenta significativamente. Em comparação com fonte inorgânica de selênio, o uso de Se-OH-Met aumenta a concentração de Se no albúmen (em até 3 vezes) e na gema de ovo (em até 2 vezes), após 4 semanas de suplementação dietética com 0,3 ppm de Se (Fig. 1).

Figura 2 – Efeito da suplementação de diferentes fontes de selênio em poedeiras comerciais durante 20 semanas - *Médias seguidas por asterisco (*) representam diferenças significativas (P<0,05)

Dentro do que foi proposto, a criação de poedeiras no sistema cage-free é viável financeiramente

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Informe Técnico-Comercial Efeito de Se-OH-Met em parâmetros produtivos Durante os últimos anos, o selênio tem sido empregado na dieta de poedeiras comerciais por todo o mundo, majoritariamente, em doses de 0,3 ppm. Em certas condições ou momentos específicos do ciclo produtivo, galinhas poedeiras enfrentarão desafios que culminam com o estresse oxidativo e tendem a limitar sua produtividade; são exemplos: estresse térmico, infecções virais ou bacterianas e o envelhecimento. Nestes momentos, fontes mais biodisponíveis (orgânicas puras) e doses superiores de selênio auxiliam os animais a combaterem o estresse oxidativo e reduzirem as perdas de produção. Em estudo recente, realizado na Universidade Federal da Paraíba, poedeiras foram alimentadas com Se-OH-Met ou Selenito de Sódio (0,3 ppm) durante 20 semanas (50 a 70 semanas de idade). As galinhas cuja dieta havia sido suplementada com Se-OH-Met apresentaram maior produção e peso dos ovos, consequentemente maior massa de ovos (Fig. 2).

Figura 3 – Avaliações referentes à qualidade da casca - *Médias seguidas por asterisco (*) representam diferenças significativas (P<0,05)

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Revista do Ovo

Efeito de Se-OH-Met em qualidade de casca e frescor de ovos Qualidade da casca A casca desempenha um papel crucial na proteção do conteúdo do ovo em relação ao ambiente microbiano e físico, e no que diz respeito ao controle da troca de água e gases. Sua qualidade relaciona-se com fatores facilmente observados, tais como integridade, rigidez, formato e coloração. Apresentar melhor qualidade está diretamente relacionada ao aumento da espessura e sua resistência à ruptura, capazes de reduzir o número de ovos quebrados e aumentar a quantidade de ovos comercializáveis. Em trabalho realizado na Universidade Federal da Paraíba, as galinhas suplementadas com Se-OH-Met apresentaram melhora na qualidade da casca dos ovos aumentando espessura e a resistência da casca à fratura. Frescor As unidades Haugh (UH) são indicativas da qualidade do albúmen (frescor), ao correlacionar o peso do ovo com a altura da clara espessa. Sabe-se que com o avanço da idade das aves e maior tempo de armazenamento dos ovos, há diminuição dos valores de unidades Haugh. Em um estudo de campo, recentemente realizado na Espanha, galinhas foram suplementadas com selenito de sódio (0,3 ppm) ou Se-OH-Met “on top” (0,2 ppm) e seus ovos coletados separadamente. Posteriormente, esses ovos foram armazenados a 30ºC por 14 dias e o valor de unidade Haugh mensuradas com 5, 9 e 14 dias. Nos três momentos avaliados, os ovos que continham Se-OH-Met apresentaram resultados de unidade Haugh estatisticamente maiores. Em trabalho realizado a campo na Tailândia, os autores submete-


ram ovos provenientes de galinhas suplementadas com diferentes fontes de selênio ao armazenamento. Os ovos foram armazenados durante 10 dias à 25°C e então submetidos à análise visual da clara. Uma diferença notável foi percebida entre os ovos de aves suplementadas com Se-OH-Met (Fig. 5).

Figura4 – Efeito do armazenamento de ovos a 30ºC por 14 dias, utilizando duas fontes de selênio sobre os valores de unidade Haugh - *Valores representados por asterisco (*) representam diferenças significativas (P<0,05)

Efeito de Se-OH-Met sobre as propriedades tecnológicas do ovo Viscosidade A viscosidade é uma medida da resistência de um fluido ao escoamento. A viscosidade do albúmen é um importante parâmetro de qualidade, pois está relacionada às suas características funcionais, como formação de espuma, emulsificação e gelificação, entre outras. Selisseo® melhorou significativamente a viscosidade do albúmen, o que é interessante para que a gema de ovo permaneça no centro quando os ovos são fritos. Propriedades de formação de espuma: A espuma é formada a partir da aglomeração de bolhas de gás separadas umas das outras por finas camadas líquidas. A qualidade da espuma é mensurada pelo volume de gás percentual dentro da espuma

em condições de pressão e temperatura específicas. As propriedades de formação de espuma da clara de ovo são importantes para a indústria de alimentos e os fatores que as influenciam ainda são pouco compreendidos. Selisseo® melhorou a coesão da clara de ovo de galinhas poedeiras White Leghorn de 29 semanas, em comparação com selenito de sódio.

blema à indústria alimentícia, pode-se observar um alto índice de ruptura do albúmen. A indústria prefere ovos com temperatura de gelificação baixa, de modo que a pasteurização do ovo não cause coagulação das proteínas. Selisseo® proporciona uma maior resistência à ruptura do albúmen por desnaturação e reduzida velocidade de gelificação.

Propriedades de gelificação: Durante o cozimento, apesar de isto não representar um grande pro-

Conclusão: Se-OH-Met (Selisseo®) melhora não apenas a deposição de selênio nos ovos, mas também a produtividade de poedeiras comerciais. A suplementação com fonte orgânica de selênio pura, mostrou-se benéfica em termos de produção de ovos, peso do ovo e aspectos relacionados à qualidade da casca do ovo. Além destes, propriedades tecnológicas (viscosidade, formação de espuma, gelificação) também foram positivamente influenciadas. Tais fatores, contribuem para uma maior lucratividade da indústria de ovos.

Figura 5 – Avaliação do frescor, através de parâmetro visual, após 10 dias de armazenamento à 25ºC. O ovo da esquerda é proveniente de galinhas que consumiram fonte inorgânica e o da direita, Se-OH-Met (Selisseo®), ambos na dose de 0,3 ppm

Bibliografia disponível mediante solicitação direta aos autores.

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Informe Técnico-Comercial

Qualidade dos ovos Lohmann do Brasil

Algumas decisões que no passado eram tomadas aleatoriamente serão revistas, detalhes que eram desprezados farão grande diferença e vão requerer muito aprendizado Autor: Marcos de Oliveira Borges, Gerente Técnico, Lohmann do Brasil

GRÁFICO 01

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trajetória da avicultura de produção de ovos nos últimos anos estimulou os produtores a aumentarem seus planteis. Alguns reavaliando os sistemas tradicionais e comparando com os modernos equipamentos automatizados, tem optado pela optimização dos investimentos, adquirindo estruturas que permitem a maior concentração de aves, controle total de ambiência, coleta automatizada dos ovos, melhor gerenciamento a distância, etc. convertendo tudo isso em maior estabilidade da produção e redução dos custos por unidade produzida. Os bons ventos deste segmento trouxeram novos investidores, que acostumados com os desafios de

outras áreas da avicultura também estão se aventurando na produção de ovos trazendo consigo suas experiências de gestão. E por fim, a alta volatilidade

GRÁFICO 02

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Os bons ventos do setor de postura trouxeram novos investidores


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Informe Técnico-Comercial GRÁFICO 03

do causar maiores perdas no processo, • Os novos investidores com novas práticas de gestão poderão produzir ovos com menor custo se tornando mais competitivo em momentos de desafios, • A volatilidade dos preços das commodities que ocuparão mais os empresários. Por causa destes fatores, algumas decisões que no passado eram tomadas aleatoriamente serão revistas, detalhes que eram desprezados farão grande diferença e vão requerer muito aprendizado. Neste contexto a LOHMANN DO BR ASIL que comercializa as linhagens Lohmann LSL Lite e Lohmann Brown Lite pode contribuir muito para maximizar seus lucros. Para desfazer mitos e entender como, faremos alguns comparativos de padrões entre as principais linhagens disponíveis e também apresentaremos comparativos de qualidade externa dos ovos em estudos de campo. O gráfico 02 compara os pesos corporal padrão das aves com 80 semanas, este indicador tem forte influência sobre o tamanho dos ovos. Nele, observamos que o peso das galinhas Lohmann LSL Lite é muito próximo as demais. No gráfico 01, comparamos os padrões de tamanho dos ovos. Se as aves apresentam tamanho corporal muito próximo logo os ovos também terão tamanho similar. Representado pela cor marrom a Lohmann LSL Lite tem o menor peso médio dos ovos. Como as linhagens Lohmann são selecionadas para produzirem não somente o maior número de ovos, mas sim, o maior número de ovos vendáveis, apresentaremos a seguir dados comparativos de qualidade externa dos ovos. O estudo foi realizado em aviários padronizados, com a mesma nutrição e manejo. A linhagem Lohmann LSL Lite participou com 275.000 galinhas, a linhagem “A” com 363.000 galinhas, a linhagem

Dentro do que foi proposto, a criação de poedeiras no sistema cage-free é viável financeiramente

das commodities agrícolas tem exposto os produtores a incertezas e tem consumido boa parte de seu tempo na busca de oportunidades que lhe proporcione melhor ganho. As novas experiências como: • A automação dos aviários que muitas vezes consiste em grandes distancias percorridas no transporte dos ovos dos aviários até os centros de processamento poden-

GRÁFICO 04

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“B e E” com 90.000 galinhas e a linhagem “C” com 189.000 galinhas. Para determinar a qualidade externa podemos utilizar vários métodos científicos isolados ou associados. Para este estudo usamos a mensuração da espessura da casca e a gravidade especifica que consistiu em calibrar 3 baldes de agua com solução salina em gravidades especificas de 1.070, 1.080 e 1.090, cujos resultados serão demonstrados abaixo. O gráfico 03 espelha a espessura de casca em várias idades, nele observamos que os lotes LOHMANN LSL LITE representada pela cor marrom supera as demais. Chamando a atenção para o lote com 92 semanas que tem melhor espessura de casca do que lotes com até 40 semanas mais novos. A gravidade específica mais alta avaliada foi a de 1.100. Esta catego-

ria de ovos eleva o padrão de qualidade da empresa e aceitação pelo mercado. E a mais baixa avaliada foi de 1.070. Ovos encontrados nesta faixa apresentam maior fragilidade ao impacto e pressão. Confirmando os valores encontrados na espessura de casca, a Lohmann LSL Lite mostra sua superioridade também na gravidade especifica onde foi encontrado a maior porcentagem de ovos na escala de 1.100. Ambos os lotes Lohmann apresentaram resultados superiores as demais linhagens, tanto no início e principalmente ao final de produção, o mais relevante é o fato de apresentar 28,3% de ovos nesta categoria com 92 semanas de idade. No gráfico 04 observamos a porcentagem de gravidade especifica 1.070 encontrados, a Lohmann LSL Lite não participou desta categoria.

Se considerarmos um lote de 100.000 aves com 95% de produção perdendo 1,7% de ovos por qualidade de casca chegamos à conclusão que este produtor perde ao ano 1.637 caixas ao valor aproximado de R$80,00 significando R$130.994,00 de redução do seu faturamento. Estes estudos comprovam que os ovos produzidos pelas linhagens Lohmann LSL Lite exclusivos da Lohmann do Brasil tem uma qualidade superior no mercado. Da mesma forma novos estudos com a Lohmann Brown Lite já comprovam a mesma tendência encontrada na Lohmann LSL Lite. Para maiores informações nossa equipe técnica e comercial está à disposição. LOHMAN N DO BRASIL – a produção que você precisa com a qualidade que o seu cliente exige.

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Controle da laringotraqueíte: o papel das decisões corretas O principal hospedeiro do vírus da laringotraqueíte são as galinhas. A transmissão ocorre pelo contato direto através das vias aéreas superiores e conjuntivas, com exsudato de aves infectadas Autor: Jorge Werlich, Gerente Técnico MSD Saúde Animal

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Laringotraqueíte Infecciosa (ILT) é uma doença viral respiratória, a qual causa grandes perdas econômicas, principalmente pela alta mortalidade, queda na produção de ovos e predisposição a infecções bacterianas secundárias (GARCIA et al., 2013, BAGUST et al., 2000).

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A ILT é causada por um Gallid Herpesvirus 1 (GaHV-1) e por ter tem distribuição global, permanece se espalhando por novas áreas produtivas, especialmente onde há grandes concentrações de aves, apesar dos constantes esforços para o controle da doença (BIGGS, 1982, DUFOUR-ZAVALA, 2008). O principal hospedeiro do vírus da laringotraqueíte são as galinhas. A transmissão ocorre pelo contato direto através das vias aéreas superiores e conjuntivas, com exsudato de aves infectadas (BAGUST et al., 2000). Após a infecção, a ave passa a eliminar o vírus durante aproximadamente, 23 dias, sendo que os sinais clínicos se manifestam entre o 5º e 17º dia. Após este período, cessam os sinais clínicos e o vírus entra em latência. As situações relacionadas às deficiências de Biosseguridade e a capacidade de latência do vírus, são apontados como fortes influenciadores no insucesso do controle da doença (PALOMINO-TAPIA et al., 2019). A latência do GaHV-1, foi demonstrada em tecidos do trato respiratório, e nos gânglios trigêmeos da ave e a reativação viral está associada a fatores estressantes (COPPO et at. 2013). Sob o ponto de vista epide-

miológico, a latência e reativação do vírus da laringotraqueíte em situações de estresse das aves, ocasiona um novo ciclo de excreção viral (BAGUST et al., 2000), sendo este um fator que praticamente impede o sucesso na erradicação do vírus dos planteis e torna o controle da laringotraqueíte, uma prioridade. Segundo a Organização Mundial da Saúde, a biosseguridade é uma abordagem estratégica e integrada para analisar e gerenciar riscos relevantes. A mesma se baseia no reconhecimento dos potenciais riscos deslocarem entre diferentes setores, trazendo consequências para todo o sistema. Sendo assim, sob a ótica de controle de doenças, medidas precisam ser adotadas para minimizar os riscos de transmissão de patógenos, os quais necessitamos que ocorram durante as etapas do processo produtivo. Podemos exemplificar o conceito da seguinte maneira:

Etapa do processo produtivo: - Fluxo de Pessoas. Risco: - Carreamento do vírus da laringotraqueíte pelas vestimentas, calçados, vias aéreas.


Exemplos de medidas de biosseguridade que podem ser adotadas: - Controle de contato com outras explorações avícolas; - Vazio sanitário (impedir acesso do indivíduo por 72h quando este tiver contato com aves infectadas ou ter visitado regiões endêmicas para a doença); - Banho, troca de roupa e calçados antes de entrar no núcleo; - Sanitização de mãos e calçados entre cada galpão; - Obedecer correto fluxo sanitário (visitar aves mais novas antes das mais velhas, lotes sadios antes de lotes doentes); Ou seja, não podemos trabalhar sem a mão de obra das pessoas, mas estas, representam um risco sanitário para os plantéis, portanto medidas precisam ser adotadas para minimizar o risco que o fluxo de pessoas gera. Outros exemplos de processos, que são inerentes ao sistema produtivo, e que devemos tomar medidas de biosseguridade são: fluxo de veículos, fluxo de caixas e materiais de transferência/descarte, controle de pragas (roedores, pássaros, ectoparasitos, moscas, etc), fornecimento de água e ração, manejo de dejetos e aves mortas, estrutura da granja, lavação e desinfecção de galpões, vazio sanitário das instalações, dentre outros. O sucesso de um programa de biosseguridade, inicia pela realização de uma análise e definição de quais são os riscos e desafios o qual o sistema produtivo está sujeito. Em seguida, são definidos quais os limites e medidas serão traçados para que se estabeleça uma segurança satisfatória (ANDREATTI FILHO & PATRÍCIO, 2004). As medidas de biosseguridade, visam reduzir a exposição das aves aos patógenos, em especial, ao vírus de laringotraqueíte, entretanto, mesmo com a adoção de inúmeras medidas, as aves ainda se infectam com este agente. Devido às características de latência do GaHV-1, associada a capacidade do vírus se tornar novamente ativo, podendo cau-

sar novos surtos, a vacinação contra este agente, deve ser composta por um programa capaz de gerar proteção por um longo período de tempo. A solidez de um programa vacinal contra laringotraqueíte, depende da capacidade da vacina reduzir a manifestação clínica da doença, redução da carga viral no trato respiratório (adequada proteção contra o GaHV-1) e a facilidade de aplicação para garantir uma resposta uniforme de todas as aves (PALOMINO-TAPIA et al., 2019). A uniformidade de resposta imune entre as aves do plantel, é um importante fator para o sucesso no controle da laringotraqueíte. Aves mal ou não imunizadas, estarão mais susceptíveis ao vírus de campo, e no curso de um desafio, estas serão fontes de infecção e replicação do vírus, aumentando a excreção do agente no plantel, preservando uma alta taxa de vírus circulante entre as aves, como exemplificado na figura 01. Por este motivo, a vacina deve possuir características capazes de mitigar esta falha. Vacinas vetorizadas, utilizando o vetor HVT são as mais indicadas, pois possuem as seguintes características: - Aplicação única e no incubatório, reduzindo o risco de desuniformidade de resposta no plantel; - Não sofrem interferência de anticorpos maternais ou interferência de imunidade adquirida; - Apresenta replicação durante toda a vida da ave; Um estudo recente, realizado com poedeiras comerciais, evidencia algumas vantagens do uso de vacina recombinante com vetor HVT. Palomino-Tapia et al. (2019), avaliou em seu estudo, a eficácia de diferentes programas vacinais contra laringotraqueíte. Foram testadas, vacinas vivas atenuadas (CEO e TCO), recombinantes (rHVT-LT i,d e rFP-LT) inativadas e associações entre elas. As aves foram vacinadas conforme a recomendação de cada produto e desafiadas as 35 e 74 semanas de idade. A proteção foi avaliada com base na ca-

Após a infecção, a ave passa a eliminar o vírus durante aproximadamente, 23 dias, sendo que os sinais clínicos se manifestam entre o 5º e 17º dia. Após este período, cessam os sinais clínicos e o vírus entra em latência

Revista do Ovo

33


Informe Técnico-Comercial

Figura 01: Aves com diferentes condições de resposta imune, submetidas a uma mesma carga de desafio viral Adaptado De Wit. 1998l

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pacidade de redução dos sinais clínicos e redução da carga viral em traqueia. Neste mesmo experimento, foi avaliada a capacidade das vacinas recombinantes em replicar durante a vida da ave, por meio da detecção por PCR do genoma do HVT e Pox vírus. Na detecção do genoma das vacinas recombinantes, a pesquisa do genoma HVT, foi evidenciado que às 75 semanas de idade, 100% das aves foram positivas (20/20) para presença de HVT, demonstrando que mesmo após várias semanas decorridas da vacinação, o vetor rHVT permanece em replicação, expressando assim as glicoproteínas do vírus da laringotraqueíte. Já a pesquisa do Poxvirus, mostrou que 7 dias após a vacinação, 60% das aves que receberam a rFP-LT foram positivas. Isso demonstra que 40% das aves vacinadas com o vetor pox, não possuíam mais a expressão deste vetor, comprometendo assim, a resposta contra laringotraqueíte. O autor associa esse resultado ao fato de que todas as aves de vida longa, recebem vacina contra o Pox vírus, e a imunidade maternal pode ter interferido na replicação do vetor pox. Segundo Palomino-Tapia et al. (2019) os resultados da capacidade protetiva das vacinas desse estudo concluem que as melhores respostas, para uma proteção até 74 semanas, foram obtidas na seguinte ordem: CEO, TCO, rHVT-LT (i,d) + TCO, rHVT-LT(i,d). A vacina com vetor Pox não foi avaliada às 74

semanas por não ter apresentado uma boa resposta às 35 semanas de idade. O sucesso no controle da laringotraqueíte infecciosa das galinhas, inicia por meio de um eficiente programa de biosseguridade, definido sob critérios bem estabelecidos e um gerenciamento eficiente, aliado a um consistente e eficaz programa de vacinação, por meio de vacinas capazes de gerar uma consistente resposta protetiva, durante um longo período de vida da ave. ANDREATTI FILHO, R. L.; PATRÍCIO, I. S. Biosseguridade na Granja de Frangos de Corte. In: MENDES, A. A.; NAAS, I. A.; MACARI, M. Produção de Frangos de Corte. 1. ed. Campinas: FACTA, 2004. p. 169-177. BAGUST, T.J., JONES, R.C. E GUY, J.S. Avian infectious laryngotracheitis, Revue Scientifique et technique Office Internacional dês Epizooties, v. 19, n 2, p. 483-49, 2000. BIGGS P.M. The world of poultry disease. Avian Pathol., 11,281-300, 1982. COPPO M.J.C. , HARTLEY C.A., DEVLIN J.M. Immune responses to infectious laryngotracheitis vírus, Dev. Comp. Immun. Volume 41, Issue 3, P. 454-462, 2013 DUFOUR-ZAVALA, L. Epizootiology of Infectious Laryngotracheitis and Presentation of an Industry Control Program, Avian Diseases, 52(1), p. 1-7, 2008. GARCIA, M., SPATZ, S. & GUY, J.S. Infectious laryngotracheitis. In D. Swayne, J.R. Glisson, L.R. McDougald, L.K. Nolan, D.L. Suarez & N. Venugopal (Eds.), Diseases of poultry (pp. 161–179). Ames, IA: John Wiley and Sons, 2013. PALOMINO-TAPIA, V.A., ZAVALA, G., CHENG S. E GARCÍA, M. Long-term protection against a virulent field isolate of infectious laryngotracheitis virus induced by inactivated, recombinant, and modified live virus vaccines in commercial layers. Avian Pathology, 48:3, 209-220, 2019. World Healt Organization, Biosecurity: An integrated approach to manage risk to human, animal and plant life and health, INFOSAN No. 1/2010.


Revista do Ovo

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Marketing e Vendas

O novo consumidor: tendências atuais de consumo Com a recessão, a tarefa dos profissionais de Marketing deixa de ser a conquista de novos clientes, para buscar a retenção e estancar o processo de migração de consumidores para concorrentes mais eficientes e/ou produtos substitutos

Autor: José Mauro Gonçalves Nunes, Professor dos programas de Mestrado Profissional em Gestão Empresarial (EBAPE/FGV), Professor Adjunto (IFHT/UERJ), Consultor em Marketing e Comportamento do Consumidor. E-mail: josemauronunes@uol.com.br / jose.nunes@fgv.br

A

Laringo Desde os seus primórdios, no início do século XX, o Marketing é um campo de estudos e práticas extremamente sensível às transformações econômicas, políticas, culturais e tecnológicas das sociedades humanas. Os seus pioneiros, sem formação acadêmica, mas com larga experiência profissional, estavam preocupados e estabelecer canais logísticos eficientes

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Revista do Ovo

para a distribuição de alimentos e bens manufaturados para o maior número possível de consumidores. Com o avanço da industrialização, a preocupação em confeccionar produtos padronizados e de baixo custo, ofertados em larga escala, torna-se outra preocupação importante. O final da Segunda Guerra Mundial é um ponto de virada para a atividade de Marketing. A pujança econô-

mica, o aumento (e a diversificação) do consumo das famílias, impulsionado pela televisão como a nova mídia de massa proporciona a emergência da sociedade ocidental do consumo em massa. O esforço dos profissionais de Marketing não é mais vender produtos, mas motivar e persuadir o consumidor a adquiri-los. A publicidade e a função de vendas ocupam um papel importantíssimo no processo de con-


vencimento dos consumidores, além de alterarem os seus hábitos de consumo. O consumo atinge os seus “anos dourados”, tornando-se um importante elemento de status e distinção social. Esta era de ouro do Marketing, que se estende até a segunda metade dos anos 1960, assiste o surgimento de sua expressão mais emblemática: o conceito de Composto de Marketing (também conhecido como Marketing-Mix), cuja expressão dos 4 P’s (Produto, Preço, Promoção e Praça). Até os dias de hoje, para muitas pessoas, a expressão dos 4 P’s constitui o cerne da atividade de Marketing. As dramáticas transformações das sociedades ocidentais no final dos anos 1960, a crise do petróleo e o colapso econômico dos anos 1970 mergulham o mundo em um cenário de recessão e incerteza, impondo aos profissionais de Marketing uma redefinição de suas práticas, até então orienta-

das para mercados em expansão. As críticas cada vez mais contundentes à publicidade, o consumerismo, a entrada em cena de novas pautas sociais como a defesa do meio ambiente e a ascensão das mulheres e de minorias étnicas no mercado de consumo, conduziram a uma reinvenção das suas premissas principais. A baixa do consumo entre as famílias dada a recessão econômica impôs um novo cenário onde cada vez mais os consumidores tornavam-se defensivos, resistentes aos apelos tradicionais do Marketing, sendo orientados pela relação custo/benefício. Poupar, reduzir, buscar alternativas mais em conta, barganhar, dão origem a um consumidor mais “estratégico” em suas decisões de compra tornando-se. O Serviço, entendido como elemento intangível adicionado a produtos, entra em cena nesse momento, como elemento central de diferenciação das

ofertas de valor para os consumidores. Com a recessão, a tarefa dos profissionais de Marketing deixa de ser a conquista de novos clientes, para buscar a retenção e estancar o processo de migração de consumidores para concorrentes mais eficientes e/ou produtos substitutos. O vocabulário de Marketing sofre uma importante alteração, aparecendo novos conceitos como serviços, fidelização, lealdade e relacionamento com os clientes. A revolução dos microcomputadores e da internet abre um novo capítulo para o Marketing, e cujos desdobramentos ainda estamos vivenciando. O encurtamento das distâncias, a emergência das plataformas digitais móveis de compra e a dualidade homogeneidade/personalização das demandas de consumo em escala global tornam-se a novas regras do Marketing. A produção de valor é deslocada da atividade industrial para a economia do conheci-

biovet.com.br

Proteção a favor da Produtividade. vacina viva atenuada do Biovet vaxxinova contra a Salmonella Gallinarum cepa 9r. indicada para a prevenção do tifo e do Paratifo aviário em galinhas e codornas de postura comercial.

TradiçãoRevista movida inovação. dopela Ovo

37


Marketing e Vendas mento, e com a eclosão dos dispositivos digitais móveis (smartphones), o consumidor cada vez mais busca informações, compra e avalia produtos e serviços por plataformas digitais. Não obstante, suas impressões e avaliações são compartilhadas em redes sociais, gerando notoriedade, parâmetros de comparação e influenciando a percepção de marcas e categorias inteiras de produtos/serviços. Estamos falando da ascensão de um novo consumidor digital, altamente conectado, que opera transações de compra e consumo via plataformas digitais em qualquer lugar, a qualquer hora. Monitorar a atividade desses consumidores nas plataformas de comércio digital, nos mecanismos de busca e nas redes sociais torna-se importantíssimo para a reputação das empresas, mesmo aquelas do segmento organizacional que não estabelecem transações diretas com consumidores finais. Presença digital e reputação corporativa, portanto, tornam-se ativos cada vez mais cruciais no chamado Marketing Digital. A palavra do momento é a transformação digital, caracterizada pela constatação de que a plataforma é o novo produto. É importante ressaltar que a passagem do mundo físico para o mundo digital não consiste em uma simples mudança do meio de transação, mas uma verdadeira transformação no mindset dos profissionais de Marketing. Novas competências, conhecimentos e habilidades devem ser desenvolvidas, pois a bússola dos consumidores é cada A seguir, serão discutidas as principais transformações observadas neste novo cenário de negócios, onde falamos de um consumidor digital, conectado a dispositivos móveis e fazendo uso intensivo de aplicativos dos mais variados tipos.

a) Todo poder ao consumidor! Um dos aspectos mais interessantes (e complexos) da internet e das redes sociais é a redução da assimetria de informação por parte do consumidor. Cada vez mais os consumidores buscam informações antes de adquirir produtos e serviços utilizando recursos de busca na internet, especialmente no

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Revista do Ovo

que toca a reclamações e possíveis problemas ocorridos durante a jornada de compra em páginas independentes. É o consumidor deixando de ser um mero receptor passivo da comunicação corporativa, tornando-se ativo como prosumidor. Outro fenômeno bastante interessante é a busca de depoimentos e recomendações postados em páginas de redes sociais. Cada vez mais, o novo consumidor baseia as suas decisões de compra em depoimentos de amigos e fontes confiáveis, questionando cada vez mais as comunicações ofertadas pelas empresas.

b) Quero participar! A internet encoraja o consumidor a ter um papel mais ativo, dando a voz às suas opiniões, sugestões e contribuições. Cada vez mais o polo de oferta de valor se desloca da mão das empresas exclusivamente, para integrar os pontos de vista dos clientes. Empatizar com o cliente, ouvir as suas “dores”, mapear atritos e problemas durante a jornada do consumidor auxilia as empresas a otimizar o processo da compra. Além disso, as sugestões de compradores, consumidores e usuários devem ser levadas com seriedade sob pena da empresa ser considerada distante, ou estigmatizada de “arrogante”, por parte dos seus clientes. Cada vez mais processos interativos como o design thinking, que introduzem a visão do usuário na jornada de compra, são adotadas pelas companhias tanto na geração de novas ideias de produtos como na avaliação daqueles já existentes.

c) O Conteúdo é o Rei! A distinção entre o domínio físico e o domínio digital, comum no início dos anos 2000, não faz mais sentido atualmente. Há uma integração entre essas duas dimensões, sendo que o comportamento do cliente no mundo digital está cada vez mais em convergência com as suas atividades no mundo físico. A visão das pessoas navegando em seus telefones celulares no transporte público, em momentos de espera e até mesmo em situações de lazer e familiares nos mostra como os consumidores buscam informações, lazer, en-

tretenimento e conteúdo relevante para o seu cotidiano nas plataformas digitais. O processo de transformação digital deve ser levado a sério pelas empresas, caso elas queiram ser relevantes para os seus consumidores. Não basta mais ter um bom produto, ou um serviço de excelência; as empresas precisam ser provedoras de conteúdo para os seus clientes, adensando os vínculos de relacionamento de sua marca com os seus consumidores. Os conteúdos precisam ser não apenas funcionais (isto é, vinculados aos benefícios ofertados por seus produtos/serviços), mas também expressivos (isto é, reforçando a autoimagem, as expectativas e anseios dos seus clientes). Só assim é possível ocorrer o engajamento do consumidor, algo extremamente importante (e raro) em um mundo de extrema velocidade e descartabilidade.

d) O estilo é o homem... O consumo é cada vez mais autoral e personalizado. As redes sociais possibilitam a expressão de crenças, valores e opiniões individuais, além de poderosas ferramentas de configuração da autoimagem. Os profissionais de Marketing precisam compreender esse processo, pois consumidores, ao adquirirem produtos/ serviços, não buscam apenas soluções para os seus problemas, mas também sentido para as suas vidas. Cada vez mais, produtos e serviços precisam participar do cotidiano dos consumidores, auxiliando no processo de conexão com outros consumidores que possuem crenças, valores e estilos de vida assemelhados. Os estilos de vida se manifestam em novas áreas, tais como no caso do consumo alimentar e em questões sociais sensíveis, tais como etnia, gênero, sustentabilidade e responsabilidade social. As empresas devem auxiliar os seus consumidores nessa busca de posicionamento, oferecendo produtos/serviços que proporcionem um reforço nas crenças e valores dos consumidores. É a era dos nichos, da customização e do consumo como uma expressão subjetiva estética. Definitivamente, como diria o poeta francês Rimbaud, o estilo é o homem.


e) Experientes... e poderosos! A longevidade no Brasil é fato. A melhoria das condições nutricionais, sanitárias e de saúde elevaram de sobremaneira a expectativa de vida tanto de homens quanto das mulheres. Nesse sentido, o Brasil repete a tendência observada nos países desenvolvidos, onde a taxa de fecundidade não consegue repor a taxa de mortalidade, levando a um aumento dos estratos etários mais elevados. Produtos, serviços e soluções para essa geração mais experiente precisam ser criados para dar conta de diversas necessidades não atendidas. Antes uma exceção, o normal daqui para frente é a presença de mercados consumidores compostos por indivíduos mais experientes, com melhor nível educacional, e conectados tecnologicamente. Falar com esses consumidores, resolver as

suas “dores” presentes e futuras são fundamentais nesse momento de profunda transformação da sociedade brasileira.

f) O analógico como espaço de descompressão Muito se escreveu (e ainda se escreve) sobre o fim do varejo físico. A prevalência das plataformas digitais proporciona a emergência dos espaços/vivências físicas como instrumentos de “descompressão” da ubiquidade da vida digital. Há um movimento de nostalgia dos consumidores frente a produtos considerados ultrapassados, tais como discos de vinil, cadernos de anotações, atividades lúdicas como colorir figuras em livros, etc. A busca de experiências no mundo físico abre um conjunto de oportunidades não apenas para o varejo, mas para uma série de negócios basea-

dos em espaços de interações que consumidores estabelecem ao longo da sua jornada cotidiana. A despeito da automação e dos algoritmos que permeiam nossas vidas digitais, os espaços/vivências físicas tornam-se “bolhas” de descompressão frente a aceleração da vida.

Bibliografia sugerida: CASE, S. (2017). A Terceira onda da internet: Como reinventar os negócios na era digital. Rio de Janeiro: Altabooks. KOTLER, P. (2017). Minhas aventuras em marketing. São Paulo: Editora Best Business. KOTLER, P., KARTAJAYA, H. & SETIAWAN, I. (2017). Marketing 4.0: Do tradicional ao digital. Rio de Janeiro: Editora Sextante. ROGERS, D.L. (2017). Transformação digital: repensando o seu negócio para a era digital. São Paulo: Autêntica Business.

Revista do Ovo

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Ciência & Pesquisa

Análise de investimentos e de custeio para adequação de granja de produção de ovos comerciais de pequena escala para obtenção e manutenção do registro de granja As melhorias implantadas nas granjas se mostraram técnica e economicamente viáveis e exequíveis nas granjas avaliadas Autores: João Dionísio Henn1, Flávio Renato Silva2, Tarcísio Simões Pereira Agostinho3, Carolina Covre4 e Nielton Cezar Ton5 (1) Zootecnista, MBA em Gestão do Agronegócio e doutor em Zootecnia. Analista na área de transferência de tecnologia na Embrapa Suínos e Aves, Concórdia/SC. joao.henn@embrapa.br (2) Médico veterinário, supervisor da área técnica de avicultura de postura na Naturovos, Salvador do Sul/RS. (3) Médico veterinário, mestre em Zootecnia. Consultor Técnico em Avicultura da Coopeavi. (4) Médica veterinária, assistente técnica na Associação dos Avicultores do Espírito Santo – AVES (5) Médico veterinário, mestre em Ciência Animal. Diretor/sócio-proprietário da Qualyprev Consultoria, Santa Maria de Jetibá/ES.

N

o Brasil, a avicultura de postura tem evoluído na estruturação da cadeia através da agregação de tecnologia, automatização e ganhos de escala, qualidade na produção e no produto final. Também nas propriedades pequenas e de produção familiar, perfil ainda predominante no Brasil, percebe-se engajamento dos avicultores na profissionalização, evolução da qualidade e segurança dos produtos. Nas duas últimas décadas, a produção de ovos cresceu a uma taxa média de 5% ao ano, com crescimento mais acelerado em regiões não tradicionais, como o centro oeste e o nordeste do Brasil (CIAS, 2018). Neste período, ocorreram importantes transformações, como a modernização de aviários e equipamentos, avanços importantes na genética, sanidade, nutrição, manejo, adoção de boas práticas de produção, campanhas de divulgação e valorização do ovo, bem como atualização e modernização da legislação (Henn et al., 2017).

40 Revista do Ovo

O Ministério da Agricultura publicou diversos atos legais para estabelecer os “procedimentos para registro, fiscalização e controle de estabelecimentos avícolas de reprodução e comerciais”, intensificando as medidas para prevenção da ocorrência de enfermidades de grande impacto econômico no plantel avícola do país. As adequações englobam itens de estrutura e de procedimentos de biosseguridade que visam aumentar o nível de isolamento das aves, para mantê-las com o melhor status sanitário possível. A Instrução Normativa (IN) 56 (Brasil, 2007) estabelece diversas medidas, como o controle de pragas, qualidade da água, restrição na movimentação de pessoas, distâncias seguras entre os estabelecimentos e ações preventivas. Enquanto que a IN 8 (Brasil, 2017) determina o telamento dos aviários com malha não superior a 1 polegada ou 2,54 cm, com prazo até 31 de agosto de 2018, bem como o registro das granjas no órgão competentes, até 03 de março de 2018.

O nosso objetivo foi analisar os investimentos para adequação de granjas de produção de ovos comerciais de pequena escala para obtenção do registro de granja e de custeio para manutenção deste registro, no órgão de defesa sanitária estadual, de quatro granjas de produção de ovos comerciais.

Material e Métodos As quatro granjas escolhidas apresentam diferentes modelos de comercialização e aceso ao mercado e também de modelos construtivos de granjas de produção de ovos em pequena escala e fazem parte do projeto BPP-ovos, como unidades de referência tecnológica e já estavam em produção e atuantes no mercado de ovos no Brasil. Com a atualização da legislação e do prazo limite para o protocolo do registro, todas as quatro granjas necessitaram de investimentos estruturais e de procedimentos de biosseguridade, para atender a legislação e atuar em ambiente de legalidade, através do registro da granja. Foram avalia-


dos e comparados os investimentos e custeio dos seguintes cenários (Quadro 1): Californiano tradicional, granja automatizada, granja cage free (sem gaiolas) e granja automatizada um pouco maior, mas ainda classificada como de pequena escala. Após a realização dos levantamentos das informações e dos dados de campo pela equipe do projeto “boas práticas de produção de ovos” (BPP-ovos), produtores de ovos e técnicos parceiros, os dados foram tabulados e conferidos, realizados os cálculos e a interpretação, com comparativo zootécnico focado na produtividade e uso de insumos e nos custos dos investimentos e do custeio para a adequação das granjas visando o atendimento aos requisitos para o registro da granja. Os dados de produção de ovos vendáveis estão baseados no manual de cada linhagem utilizada. Nos cálculos, foi considerado o valor proporcional por lote, considerando a vida útil e as despesas com a manutenção de cada componente de investimento e calculada a proporção do ítem em relação ao total de investimentos e de custeio.

Resultados e Discussão As medidas de biosseguridade exigidas pela legislação para composição do investimento e do custeio do avicultor para obtenção e manutenção do registro da granja, foram: o telamento dos aviários; a cerca de isolamento da granja; o ponto de desinfecção de veículos (arcolúvio); a barreira sanitária para pessoas; a composteira para a compostagem das galinhas mortas; roupas e calçados para funcionários e para visitantes; os procedimentos de limpeza e desinfecção dos galpões e dos equipamentos; a análise físico-química e microbiológica da água; avaliação da cloração da água; o controle de pragas e roedores; os exames para isolamento e identificação de salmonelas e a responsabilidade técnica (Tabela 2). Os investimentos com medidas de biosseguridade para as adequa-

Quadro 1: Caracterização dos quatro modelos de produção de ovos comerciais analisados Característica I cenário

California o Tradicional

Granja Automatiza a (a)

Granja Sem Gaiolas (Cage Free)

Granja Automatiza a (b)

Quantidade de galinhas por lote

10.000

20.000

10.000

50.000

1 (7,8 x 50)

1 (8,5 x 96)

1 (14 x 100)

1 (15 x 150)

4/3

2/4

-

4/6

13/18/100

13/18/100

14/19/100

14/19/100

4

4

4

4

Duração total do lote (semanas/ ano)*

91/1,75

91/1,75

90/1,75

90/1,75

Produção de ovos vendáveis por lote (caixa 30 dúzias)

11.866,67

24.000,00

12.133,33

59.600,00

Genética/ linhagem das galinhas

Hyline W-36

ISA Brown

Bovans Branca

H&N Branca

Tipo e quantidade de mão de obra

Familiar (2)

Contratada (2)

Familiar (2)

Contratada (3)

Assistência técnica/ Responsável Técnico

Contratada

Contratada

da integradora

da integradora

Compra ração pronta

Produção própria

Recebe da integradora

Recebe da integradora

Origem das galinhas

Comprada já recriadas

Faz recria em granja própria

Recriadas pela integradora

Recriadas pela integradora

Comercialização dos ovos

Cooperativa

Varejo regional

Integradora

Integradora

SIF

SIE

SIF

SIF

Número e dimensões do aviário (m) Quantidade/ níveis de baterias de gaiolas Idade alojamento/ início/final produção Intervalo entre lotes (semanas)

Origem da Ração

Inspeção dos ovos

* (produção + intervalo entre lotes)

Revista do Ovo

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Ciência & Pesquisa Tabela 2: Investimentos e custeio para obtenção e para a manutenção do registro das granjas Investimentosa e custeiob

Californiano Tradicional*

Granja Automatizada (a)*

Granja

Granja Automatiza a (b)*

Telamento do aviárioa

1.087,50 (9,1)

2.125,17 (8,6)

2.099,00 (17,9)

4.668,8 (17,2)

Cerca de isolamento da granjaa

529,69 (4,5)

778,67 (3,2)

1.394,50 (11,9)

1.694,5 (6,3)

Arco de desinfecção dos veículosa

834,37 (7,0)

508,33 (2,1)

1.065,00 (9,1)

1.365,0 (5,0)

Barreira sanitária para pessoasa

441,67 (3,7)

2.006,25 (8,2)

1.075,00 (9,2)

2.975,0 (11,0)

Roupa para funcionários e visitantesa

522,00 (4,4)

525,00 (2,1)

575,00 (4,9)

1.550,0 (5,7)

Calçados funcionários e visitantesa

240,00 (2,0)

105,00 (0,4)

125,00 (1,1)

450,0 (1,7)

Composteira - galinhas mortasa

360,94 (3,0)

262,50 (1,1)

282,25 (2,4)

1.109,4 (4,1)

Análises microbiológicas da águab

110,00 (0,9)

120,00 (0,5)

60,00 (0,5)

330,0 (1,2)

Análises físicoquímicas da águab

90,00 (0,8)

100,00 (0,4)

70,00 (0,6)

385,0 (1,4)

Avaliação da cloração da águab

210,00 (1,8)

210,00 (0,9)

150,00 (1,3)

825,0 (3,0)

Controle de pragas e de roedoresb

485,00 (4,1)

630,00 (2,6)

1.980,00 (16,9)

3.500,0 (12,9)

1.875,00 (15,8)

2.100,00 (8,5)

2.500,00 (21,3)

7.520,0 (27,8)

Análise de salmonelab

500,00 (4,2)

400,00 (1,6)

360,00 (3,1)

720,0 (2,7)

Responsável Técnicob

4.600,00 (38,7)

14.700,00 (59,8)

(0,0)

(0,0)

Total: investimento + custeio

11.886,167

24.570,92

11.735,75

27.092,7

(R$/caixa ovos vendáveis)

1,00

1,02

0,97

0,45

Limpeza e desinfecção da granjab

*Valores por lote. Entre parênteses, proporção do total. US$ 1,00 = R$ 3,682 (17/10/2018)

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ções das granjas foram de 1,00; 1,02; 0,97 e de 0,45 por caixa de 30 dúzias de ovos comercializados (Tabela 2). A contratação de responsável técnico representou o principal ítem de custeio para os cenários “californiano tradicional” e “granja automatizada a”, enquanto que os outros dois cenários recebem este serviço da empresa integradora a qual estão vinculados, sem custo. Limpeza e desinfecção, telamento dos aviários e barreira sanitária para pessoas também foram itens de investimento e custeio com proporções grandes do total. O cenário “granja automatizada b”, com lote de 50 mil poedeiras, apresentou um valor próximo da metade do valor obtido pelos outros 3 cenários. Se considerarmos preço de R$ 71,02 (Ovo branco, SP) por caixa (CEPEA/USP, preços médios de 2018) como preço referência de granja, os investimentos feitos representam acréscimo aproximado de 1,4% no custo total, para os 3 primeiros cenários, e de 0,63% no outro cenário. No estudo de Lagatta & Gameiro (2017) a implantação da biosseguridade representou um acréscimo de 2,09% no custo total de produção de ovos, que é um custo relativamente baixo frente aos possíveis riscos de enfermidades e dos respectivos potenciais prejuízos econômicos. Além das medidas avaliadas neste trabalho, é fundamental que as granjas de postura comercial trabalhem com o conceito amplo de boas práticas de produção, conforme (Mazzuco et al., 2016), abordando as questões sanitárias e de biosseguridade, mas também aquelas relacionadas ao meio ambiente e correta destinação dos resíduos da produção e de uso eficiente dos insumos, as questões relacionadas aos trabalhadores e relações de trabalho justas, responsabilidade com a qualidade do produto e com a saúde do consumidor e pela preservação e melhoria da imagem do setor perante a sociedade e a produção de ovos com eficiência, produtividade, lucratividade e busca contínua pela sustentabilidade.


Conclusões O investimento para a implantação das medidas de biosseguridade preconizadas pela legislação vigente para o registro da granja avícola de postura de pequena escala foi de aproximadamente R$ 1,00/caixa de ovos comercializáveis em três das granjas analisadas e de R$ 0,45 na quarta granja, que é de um lote maior. As melhorias implantadas nas granjas se mostraram técnica e economicamente viáveis e exequíveis nas granjas avaliadas. A obtenção do registro da granja e a consequente produção e comercialização dos ovos na legalidade foi uma importante conquista relatada pelos produtores para os seus negócios e para a valorização da sua granja, marca e de seus produtos.

Agradecimentos À Embrapa pelo financiamento do projeto e aos parceiros pelo tra-

balho da equipe, apoio financeiro e institucional. Aos avicultores, pela oportunidade e por todo o esforço realizado neste estudo. À Hyline do Brasil, pelo apoio financeiro aos avicultores da Coopeavi participantes deste projeto. Os autores agradecem aos parceiros apresentados abaixo e à equipe do projeto “Boas Práticas de Produção na Postura Comercial” (BPP-Ovos) pelo trabalho conjunto e colaborativo:

Referências Bibliográficas BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Instrução Normativa nº 56, de 4 de dezembro 2007. Estabelece os procedimentos para Registro, Fiscalização e Controle de estabelecimentos avícolas de Reprodução e Comerciais. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 6 dez. 2007. Seção 1, p. 11.

A obtenção do registro da granja e a consequente produção e comercialização dos ovos na legalidade foi uma importante conquista relatada pelos produtores para os seus negócios e para a valorização da sua granja, marca e de seus produtos

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Ciência & Pesquisa

É oportuno enfatizar a importância do produtor de ovos sistematicamente levantar e analisar os seus indicadores produtivos e os seus custos de produção 44 Revista do Ovo

BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Instrução Normativa nº 08, de 17 de fevereiro 2017. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 3 março 2017. Seção 1, p. 32. CIAS - Central de Inteligência de Aves e Suínos - Portal Embrapa. Acessado em 30/11/2018. https:// w w w.embrapa.br/doc u ments/135 5 2 4 2 / 915 613 8 / M a p a + d o + B r a s i l + - +P ro du% C 3% A7% C 3% A 3o + de +ovos.jpg CEPEA/USP. https://www.cepea. esalq.usp.br/br/indicador/ovos.aspx acessado em 19 de outubro de 2018. HENN, J. D.; DUARTE, S. C.; LACERDA, T. S. R.; et al. Telamento de aviários californianos da avicultura de postura comercial. Concórdia: Embrapa Suínos e Aves, 2017, 37 p. (Embrapa Suínos e Aves. Documentos, 187). LAGATTA, L. & GAMEIRO, A. H. Costs of biosecurity measures in Brazilian laying hens farms in response to policies against Avian Influenza, Newcastle Disease and Sal-

monellosis. Revista Brasileira de Saúde e Produção Animal, vol.18, n.2, pp. 231-238, 2017. MAZZUCO, H.; HENN, J. D.; JAENISCH, F. R. F.; et al. Boas práticas na produção de ovos comerciais para poedeiras alojadas em gaiolas. Concórdia: Embrapa Suínos e Aves, 2016. 60 p. (Embrapa Suínos e Aves. Circular Técnica, 60).

Considerações gerais Todos os dados e informações utilizadas neste estudo foram obtidos nas quatro granjas, onde foram realizadas e acompanhadas, pela equipe, as adequações necessárias e obtidos os custos praticados (orçamentos e notas fiscais) frente às opções de mercado e decisões técnicas tomadas. Estas granjas não representam a realidade do país, mas podem servir de parâmetro para produtores que se identificam com o tipo de granja avaliada. Todas as quatro granjas já obtiveram o registro de granja no órgão de defesa sanitária animal no seu respectivo estado.


Em duas granjas (cage free e automatizada “b”) não está valorado o investimento com responsável técnico (veterinário), visto que pertencem a uma integradora, que presta este serviço como parte das suas responsabilidades contratuais. Vale considerar que este é um dos principais componentes do investimento, especialmente em granjas de pequeno e de médio porte. A ausência deste componente de investimento altera a proporção de todos os itens em relação ao total investido. Todos os itens de investimento foram calculados por lote, ou seja, o investimento total feito, a manutenção por lote e considerando a vida útil. É oportuno enfatizar a importância do produtor de ovos sistematicamente levantar e analisar os seus indicadores produtivos e os seus custos de produção, de modo a permitir o gerenciamento da sua atividade econômica e realizar as intervenções na granja de modo a obter os melhores resultados. Este trabalho foi originalmente publicado no congresso da APA de 2019.

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Informe Técnico Comercial

Efeito dos produtos herbanoplex® cp e Uniwall® mos 25 na permeabilidade intestinal de galinhas Hisex brown em sistema de produção cage-free Cresce o interesse no uso de produtos alternativos aos antimicrobianos, principalmente aqueles derivados de extratos naturais, com menor probabilidade de apresentar efeitos negativos associados aos antimicrobianos clássicos Autor: Fabrízio Matté – Consultor Técnico, Vetanco Brasil

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redução ou, preferencialmente, eliminação do uso de melhoradores de desempenho com atividade antimicrobiana é uma tendência internacional, fortemente recomenda pela Organização Mundial da Saúde (OMS), devido a sua associação direta ou indireta à diversos problemas de saúde pública, humana e animal. A eliminação completa ou diminuição do uso de antimicrobianos na indústria de proteína animal pode causar efeitos no bem-estar animal e rendimentos na produção. Com o objetivo de mitigar estes efeitos, há interesse crescente no uso de produtos alternativos aos antimicrobianos, principalmente aqueles derivados de extratos naturais, com menor probabilidade de apresentar efeitos negativos associados aos antimicrobianos clássicos. Neste trabalho, foram utilizados dois aditivos alimentares associados:

HERBANOPLEX® CP, que contém a combinação de extratos herbais e excipientes ativos do lúpulo e gérmen de trigo, e UNIWALL® MOS 25, composto por ácidos orgânicos (acético, fórmico e propiônico) e parede de levedura purificada (MOS e Betaglucanos), inseridos em uma partícula mineral protetora, tornando-os capazes de agir nos diferentes segmentos do trato intestinal das aves. Patógenos entéricos, classicamente controlados com uso de subdoses de antimicrobianos, podem produzir toxinas que induzem lesões na barreira intestinal. A barreira intestinal é constituída de uma monocamada contínua de células epiteliais fortemente unidas por complexos de junções intercelulares, que quando saudáveis e íntegras, previnem a translocação paracelular de compostos indesejados, incluindo grandes moléculas, toxinas e micro-organismos do lúmen do intestino para a

Figura 1.: Representação esquemática do epitélio intestinal e rotas de translocação de nutrientes e componentes da dieta. A via paracelular dever ser normalmente impermeável para grandes moléculas, como o Dextran-FITC, usado no presente estudo

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lâmina própria e posteriormente para a corrente sanguínea (Awad et al.2017). Desta forma, a medida da integridade intestinal é um forte indicador da saúde intestinal em aves de produção.

Materiais e métodos Foram utilizados dois aviários com 9.000 aves cada, entre 74 e 75 semanas de idade. O aviário Tratado recebeu inclusão de 1kg/ton de HERBANOPLEX® CP e 1,5 kg/ton de UNIWALL® MOS 25 no alimento das aves, enquanto o aviário Controle não recebeu nenhum prebiótico ou antimicrobiano. O tratamento ocorreu por um período de 23 dias. Foram realizadas duas coletas de sangue periférico para análise da integridade intestinal. A determinação da integridade intestinal foi realizada utilizando metodologia previamente descrita por Vicuña et al. (2015). Primeiramente, moléculas fluorescentes grandes (FITC-dextran 4000 kDA) são administradas pela via oral nas aves e, passado o tempo necessário para trânsito intestinal (2h30min), são coletadas amostras de sangue periférico, e o soro é analisado em um leitor de fluorescência. A existência de lesões intestinais com danos nas junções intercelulares pode permitir a passagem de moléculas tóxicas da luz intestinal para circulação sanguínea. Desta forma, lesões ou processos inflamatórios na mucosa intestinal, também permitem a passagem pela via paracelular do corante fluorescente FITC - dextran, que poderá ser detectado na corrente sanguínea e quantificado (Figura1).


Gráfico 1. Avaliação da permeabilidade intestinal ao marcador fluorescente de alto peso molecular antes do início do tratamento. Cada ponto representa um animal. Também estão indicadas as médias. Não há diferença significativa entre os grupos Tratado (n=18) e Controle (n=18)

Resultados Antes do período de tratamento, na primeira coleta, não foi possível identificar diferença significativa na integridade intestinal entre os grupos Controle e Tratado (Gráfico 1). Entretanto, após os 23 dias de tratamento combinado com HERBANOPLEX® CP e UNIWALL MOS® 25, uma segunda coleta foi realizada (44 dias depois do início do tratamento). Nesta segunda coleta, foi possível identificar aumento significativo (Teste T de Student, P < 0,05) na permeabilidade intestinal no grupo Controle (n=14), quando comparado ao grupo Tratado (n=12), conforme observado no Gráfico 2.

Discussão O uso de compostos naturais, como exemplo os extratos naturais ricos em humulonas e lupulonas, assim como, a parede de levedura (ricas em oligossacarídeos de manana – MOS) e os ácidos orgânicos, apresentam alto potencial para controle de Clostridium perfringens, Salmonella spp. e outros patógenos entéricos (Wise et al.2008, Roto et al.2015), altamente prejudiciais à saúde intestinal. Os principais componentes encontrados no lúpulo, são os α-ácidos (Humulonas), responsáveis pelo característico sabor amargo do vegetal, e os β-ácidos (Lupulonas), qual possuem

Gráfico 2. Avaliação da permeabilidade intestinal ao marcador fluorescente de alto peso molecular após tratamento combinado com HERBANOPLEX® CP e UNIWALL® MOS 25. Valores mais altos indicam maior permeabilidade, o que é indicativo de menor integridade da barreira intestinal. Cada ponto representa um animal. Também estão indicadas as médias. Há diferença significativamente estatística entre os grupos Tratado (n=12) e Controle (n=14) pelo teste t de Student (P < 0,05)

uma excelente atividade bactericida frente a bactérias Gram-positivas (Kolar et al.2018). Por outro lado, o uso de uma associação de ácidos orgânicos e parede de levedura protegidos por um carrier mineral, atua favorecendo a multiplicação e colonização dos segmentos intestinais por bactérias acidófilas (ácido-tolerantes e produtoras de ácidos) no intestino de aves (Saeed et al.2017). O uso associado de HERBANOPLEX® CP e UNIWALL® MOS 25 em aves apresentou um efeito significativo na proteção da integridade intestinal.

REFERÊNCIAS AWAD, W. A., HESS, C. and HESS, M.2017. Enteric Pathogens and Their Toxin-Induced Disruption of the Intestinal Barrier through Alteration of Tight Junctions in Chickens. KARAVOLIAS, J., SALOIS, M. J., BAKER, K. T. and WATKINS, K.2018. Raised without antibiotics: Impact on animal welfare and implications for food policy. Translational Animal Science2: 337–348. KOLAR, M., BOSTIK, P., MIKYSKA, A., BOSTIKOVA, V., LANGOVA, K., OLSOVSKA, J., DUSEK, M. and BOGDANOVA, K.2018. Inhibitory effect of

hop fractions against Gram-positive multi-resistant bacteria. A pilot study. Biomedical Papers162: 276–283. ROTO, S. M., RUBINELLI, P. M. and RICKE, S. C.2015. An Introduction to the Avian Gut Microbiota and the Effects of Yeast-Based Prebiotic-Type Compounds as Potential Feed Additives. Frontiers in Veterinary Science2. SAEED, M., AHMAD, F., ARAIN, M. A., EL-HACK, M. E. A., EMAM, M., BHUTTO, Z. A. and MOSHAVERI, A.2017. Use of Mannan- Oligosaccharides (MOS) As a Feed Additive in Poultry Nutrition. J. World Poult.7: 94–104. VICUÑA, E. A., KUTTAPPAN, V. A., TELLEZ, G., HERNANDEZ-VELASCO, X., SEEBER-GALARZA, R., LATORRE, J. D., FAULKNER, O. B., WOLFENDEN, A. D., HARGIS, B. M. and BIELKE, L. R.2015. Dose titration of FITC-D for optimal measurement of enteric inflammation in broiler chicks. Poultry Science94: 1353–1359. WISE, M. G., SMITH, R. J., SIRAGUSA, G. R., MATTHEWS, P. D., BUHR, R. J., HAAS, G. J. and DALE, N. M.2008. Antimicrobial activity of lupulone against Clostridium perfringens in the chicken intestinal tract jejunum and caecum. Journal of Antimicrobial Chemotherapy61: 853–858. Revista do Ovo

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Eventos

Em sua segunda edição, Conbrasul já se torna um dos principais eventos do setor de postura do Brasil Conferência Brasil Sul da Indústria e Produção de Ovos foi realizada em Gramado (RS) e reuniu cerca de 400 participantes

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oi realizada em junho na cidade gaúcha de Gramado a 2ª Conferência Brasil Sul da Indústria e Produção de Ovos (Conbrasul). Pela grandeza e relevância dos temas e pela importância dos participantes presentes, já se pode afirmar que a Conbrasul já se torna, em sua segunda edição, um dos mais importantes eventos do setor de postura no Brasil. Com uma agenda recheada de temas como mercado, bem-estar animal, enriquecimento de ovos, referências nacionais e internacionais de marketing , vendas e promoção de ovos o evento reuniu cerca de 400 participantes. Vale aqui lembrar que em 2017, em sua primeira edição, a Conbrasul reuniu cerca de 200 participantes. De acordo com José Eduardo do Santos, Diretor Executivo da Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav) e

Evento contou com o apoio de principais autoridades da avicultura nacional. Participantes internacionais também enriqueceram a Conbrasul 48 Revista do Ovo

da Sipargs, Coordenador do programa Ovos RS, Embaixador da IEC/ WEO no Brasil e principal organizador da Conbrasul, o evento agrega e centraliza o setor. “A proposta de mobilizar lideranças com temas impactantes deu muito bom resultado. Nossa preocupação é de sempre o crescimento do setor de postura para diminuir sua vulnerabilidade”, disse. “O amparo ao produtor, com informações e pontos de decisão é que faz a diferença”, afirmou Santos. De acordo com Ricardo Santin, Diretor Executivo da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e da Ovos Brasil, a evolução do setor de postura é gritante e o sucesso de seus principais eventos confirma a tese. “Verificamos uma profunda profissionalização da avicultura de postura, o que se reflete em seus eventos. Para ABPA é muito gratificante pois não há divisão entre corte e postura. Para nós só existe avicultura e todos tem o nosso respaldo e apoio”, destacou Santin. O presidente da Associação Gaúcha de Avicultura, Nestor Freiberger, confirmou que há uma união muito forte do setor de corte junto ao setor de postura. “Buscamos a mesma capacitação e estrutura em ambos setores, com incentivo para o consumo para um mercado cada vez mais forte”, afirmou.

“Agregar valor para ganhar mercado”, dizem lideranças Lideranças da avicultura de postura salientaram durante os debates

da 2a Conferência Brasil Sul da Indústria e Produção de Ovos (2ª Conbrasul Ovos) que existem muitas oportunidades de expansão de mercado. Agregar valor ao ovo e investir na produção de ovos especiais despontaram entre a mais importantes. Membro do Conselho Administrativo da Somai Nordeste, Maria Luiza Pimenta, ressaltou a necessidade de inovação no setor e provocou. “Precisamos pensar diferente. Nós temos que mudar. Precisamos estar preparados para mudar e para pensar diferente, pensar novo”, cobrou. Entretanto, esta oportunidade representa também um desafio. O presidente da ABPA, a Associação Brasileira de Proteína Animal, Francisco Turra, alertou que o Brasil é um grande produtor de alimentos, mas um péssimo agregador de valor aos nossos produtos. Na contramão do mercado, o diretor do Grupo Mantiqueira, Guilherme Moreira, aposta na agregação de valor e ovos especiais para ganhar mercado. “Vale a pena. Mas primeiro precisamos nos responsabilizar, pois quanto mais valor você agrega ao produto, mais exigente é seu consumidor. E ao mesmo tempo ele valoriza isso”. O co-fundador da granja Faria, Ricardo Faria, pontuou que do total da produção brasileira de ovos apenas de 5% a 8% da produção é industrializada enquanto este número chega a 35% em alguns países. “A industrialização é uma oportunidade para nós”.


Veja na sequência alguns dos principais destaques da Conbrasul Ricardo Santin, Diretor Executivo da Associação Brasileira de Proteína Animal e Presidente do Conselho Diretivo do Instituto Ovos Brasil, fecha o Painel sobre bem-estar animal na Conbrasul. Ele aborda a visão setorial e os impactos na produção de ovos com as exigências de bem-estar animal. “O consumidor é quem deve decidir qual sistema de produção será viável, de acordo com o qual ele quer e pode pagar. É preciso entender que há uma pessoa em cada nove no mundo passando fome. O que não podemos é impor, sem análises críticas e científicas. É como se de uma hora para outra obrigássemos a todos a comprar carros elétricos, por exemplo...independente do preço. Sofremos ataques diários de ONGs que tentam nos impor comportamentos, o que eu sou contra. Precisamos alimentar o mundo e esse é o nome papel, com ética, respeito aos animais e aos seres humanos e que quem opte por trabalhar na produção de proteína animal tenha a segurança e a confiança de que é um trabalho importantíssimo para o mundo”.

Luiz Mazzon Neto, Diretor do Instituto Certified Humane Brasil, aborda no painel sobre bem estaranimal na Conbrasul o tema “Atuação e o papel das certificadoras de bem-estar animal na produção de ovos”. “O consumidor está cada mais exigente sobre as formas de produção e hoje há muitas ferramentas para pesquisa. Não se compra mais só produtos, compramos ‘causas’. Comida passou a ser uma causa, uma identidade. Quando se certifica uma empresa ela oferece transparência, variedade, se abre para novos mercados, reforça sua ética/causa, expõe critérios de segurança alimentar e se diferencia da concorrência”.

Jamil Gomes de Souza, Coordenador de Assuntos Especiais CAE/MAPA -DF aborda no painel sobre bem-estar animal na Conbrasul o tema “Trâmites na Organização Mundial da Saúde Animal (OIE) do código terrestre de bem-estar animal para aves poedeiras”. “A construção nas normas pela OIE seguem três pontos: consenso, ciência e transparência. Há um caráter orientativo, para estabelecimentos de diretrizes nacional. Nada é imposto, principalmente porque impacta grandemente mercados internacionais. Há uma preocupação global para que esse assunto (bemestar) não ‘atropele’ a produção comercial”.

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Eventos Juan Felipe Montoya, Membro oficial da International Egg Commission e World Egg Organisation e CEO da Ovos Kykes da Colômbia, abriu nesta manhã de quarta-feira o Painel Bem-Estar Animal e os rumos da produção mundial de ovos na Conbrasul. Ele abordou o tema “As atividades e diretrizes da IEC e WEO sobre os conceitos de bem-estar animal para galinhas poedeiras no mundo”. “Estamos vivendo em um planeta sob pressão para o aumento da produção de alimentos frente ao crescimento populacional nos próximos 40 anos. Precisamos pensar em nossas ações e ter a consciência que o futuro está em nossas mãos. Precisamos definir quais ‘batalhas’ valem a pena serem enfrentadas”. Em sua segunda apresentação Juan conta na Conbrasul sobre as estratégia de marketing e vendas que fizeram da empresa um case de sucesso de vendas.

Ovos enriquecidos e suas tendências em pauta na última palestra desta terça-feira na Conbrasul. Quem trouxe o assunto foi Fernando Guilherme Perazzo Costa, da Universidade Federal da Paraíba. “Existem caminhos e um grande mercado a ser explorado em nível mundial para enriquecimento de ovos. O consumidor está cada vez mais exigente e consciente das possibilidades da melhoria dos ovos e será ele quem ditará as regras e o futuro deste mercado”.

Sarah Caron, Gerente de Programas Corporativos e Parcerias do Egg Farmers Canada, fala agora no Conbrasul sobre o marketing e a promoção de ovos no Canadá.

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Júnior Maroso, proprietário do premiado Restaurante Ovo Gastronomia conta na Conbrasul um pouco da história do restaurante.


Tabatha Lacerda, Gerente Executiva do Instituto Ovos Brasil traz agora as atividades do IOB na promoção e consumo de ovos. “Crescemos 76% o aumento no consumo de ovos desde 2007 até 2018. É um reflexo do esforço pela conscientização sobre os benefícios do produto. São atualmente 50 produtores que estão conosco, algumas empresas e principais incubatórios mas é preciso que todos estejam com o IOB para um benefício em comum, no qual todos ganham”.

Edval Veras, vice-presidente da Avipe traz agora na Conbrasul as peças de marketing feitas no Nordeste para o avanço do consumo de ovos. “Desde o lançamento da Ovos Brasil, em 2007 no Congresso Latino Americano de Avicultura, em Porto Alegre (RS), nós nos preocupamos com o avanço da comercialização e a valorização do produto ovo”.

José Eduardo dos Santos, Diretor Executivo da Asgav/Sipargs, Coordenador do programa Ovos RS e Embaixador da IEC/WEO no Brasil, detalha as ações de marketing para aumentar o consumo de ovos no Rio Grande do Sul. “Nossas ações envolveram a valorização do produto e houve uma grande mobilização de parceiros, mídias, universidades, formadores de opinião e entidades”. Santos destacou o avanço do consumo per capita do estado, que chegou a mar a de 253 em 2019. No Brasil, o valor está em 212.

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Eventos Éverton Luís Krabbe, pesquisador da Embrapa fala agora no Conbrasul sobre “O amparo ao produtor e o papel dos órgãos de pesquisa”. “Existe muita preocupação ao uso de antimicrobianos porque a realidade da produção de proteína mudou e nós não podemos ‘fechar os olhos’ para isso. Não podemos ‘remar contra a correnteza’ pois há uma demanda forte do mercado por produtos de outra ordem. Precisamos entender o que a cadeia precisa. Temos alternativas para uso como aditivos mas precisamos usar cada vez melhor os critérios de Biossegurança. As cadeias dependem de processos operacionais, do começo ao fim da produção. Saúde intestinal é a nossa prioridade. Qualidade da matéria-prima e de processos são as melhores alternativas ao uso de antimicrobianos”.

Luiz Gustavo Rombola, Gerente Técnico da Orffa, apresenta a palestra : “Estratégias e alternativas ao uso de antibióticos”, na Conbrasul. Ele listou as vantagens e benefícios do uso de Probióticos, Prebióticos, Simbióticos (Pre + Pro), ácidos orgânicos e fitoterápicos. “Nosso objetivo é melhorar e proteger nossa ‘máquina’, as poedeiras”.

Suzana Bresslau, Auditora Fiscal Federal Agropecuária, em sua apresentação no Conbrasul ressaltou a visão do MAPA no conceito que envolve a saúde humana, animal e o meio ambiente. Sob o tema “Atualização e diretrizes do MAPA referente a antimicrobianos na produção de proteína animal”, ela destacou que a resistência aos antimicrobianos é um problema e que deve ser abordado pela cadeia de produção de ovos. “Os antimicrobianos devem ser utilizados com critérios, devem ser prescritos quando necessário, com o objetivo de reduzir infecções lançando mão de boas práticas agropecuárias. Trabalhamos para fomentar a capacitação continuada de profissionais de saúde animal e gestores com atuação em saúde animal e aumentamos o monitoramento do uso de antimicrobianos em animais”.

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Danilo Coelho, da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) relata na Conbrasul, os cuidados do Governo com bioterrismo e a antecipação a ataques à agropecuária no país. “ O Brasil é o 4o. maior exportador mundial de produtos agropecuários e exige uma atenção constante. Existe riscos e trabalhamos constantemente para evitar a disseminação de vírus capazes de causar uma grave crise social e econômica, como por exemplo da Influenza Aviária. Precisamos passar a ter a cultura da biosegurança e bioproteção”.

Lúcio Ignácio Carbajo Goñi, Adido do Ministério da Agricultura, Pesca e Alimentação da Espanha, realiza neste momento a primeira palestra do dia na 2a. Conferência Brasil Sul da Indústria e Produção de Ovos, a Conbrasul, que será realizada até amanhã (quarta-feira) em Gramado (RS). Goñi aborda o tema “Atividades e programas da OIE - Organização Mundial da Saúde Animal - sobre a Influenza Aviária e outras enfermidades no mundo. “A Influenza Aviária tem chamado grande atenção da Comunidade Internacional com o passar do tempo, com o registro de graves focos, com repercussões ao comércio internacional. É preciso estabelecer sistemas de segurança mais rígidos, para entender, ampliar o conhecimento e prevenir. Lembro que a Influenza Aviária é, acima de tudo, um caso de saúde pública”.

Job Beekhulls, Diretor Comercial da Ovotrack, da Holanda, em sua apresentação no Conbrasul, destacou o importante papel da rastreabilidade na produção avícola de postura. “Existe muita tecnologia à disposição e quando ela é colocada em prática gera muito valor agregado ao produto ovo, tornando cada um único em todo o processo”.

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Eventos Intermediados pela jornalista Lizemara Prates (Band) realizam agora um debate na Conbrasul: Maria Luiza Pimenta (Conselho Adm. da Somai Alimentos), Francisco Turra (Presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal), Ricardo Faria (Granja Faria), Guilherme Moreira (Diretor do Grupo Mantiqueira), Vitor Oliveira (Sohovos). O foco principal está sendo o melhor mecanismo para o avanço das exportações da produção avícola de postura. A análise recai em como usar toda a expertise da ABPA para a carne de frango para o setor de ovos.

Antônio Mário Penz, Diretor de Contas Estratégicas da Cargill, no Conbrasul: Um dos maiores desafios da Avicultura continua sendo a qualidade da matéria-prima. Quem monitora pode formular com valores mais próximos das reais exigências dos animais, visando também menor custo e menor poluição. E ainda: É de suma importância o controle da qualidade da água e a temperatura que a disponibilizamos às aves.

Gabriel Nunes, Diretor da TNS e Antônio César Longo, Presidente da Associação Gaúcha de Supermercados participaram agora no final da manhã na Conbrasul de um painel sobre inovações, tecnologia e caminhos para o aumento do consumo de ovos e sua valorização. - É impactante o consumo de ovos quando se melhora a exposição nos pontos de venda e há promoção , chegando a aumentar em até 3 vezes as vendas. - Diversificação e novidades diárias nas lojas - busca por produtividade industrial (eficiência e redução de perdas) - Há grandes oportunidades para o setor de ovos - É uma proteína rica, das mais saudáveis e das que menos impacta o meio ambiente e das que menos são impactadas pelas crises econômicas.

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Danielle Guimarães, Economista da Farsul, fez uma análise do mercado de ovos e sua relação com a economia durante a Conbrasul, em Gramado: Preços já refletem a expectativa do crescimento do consumo acima do crescimento da oferta. O consumo per capita brasileiro cresceu nos últimos anos, mas ainda há espaço para crescer. Os fatores que determinaram o consumo são indicadores macroeconômicos e outras questões externas à economia. O mercado externo apresenta oportunidades para expansão das vendas e menor dependência da demanda interna.

Cláudio Machado, Diretor Técnico da Vencomatic, realiza a palestra A transformação global da produção de Ovos é os desafios para os produtores e indústrias, durante a 2a. Conferência Brasil Sul da Indústria e Produção de Ovos - Conbrasul, que está sendo realizada em Gramado (RS). Segundo Machado, a indústria vive um grande desafio para adequar seu produto e a produção ao novo cliente. Grandes empresas anunciam que somente comprarão ovos cage free, free range ou orgânicos. A demanda é que determinará o rumo do setor, disse e lançou a questão: Quem vai pagar por isso?. De acordo com Machado, existem nichos, como os da Europa, que precisam ser atendidos. Precisamos nos preparar para o novo cliente, disse.

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Eventos

Concurso de Qualidade de Ovos expressa a profissionalização da avicultura de Bastos A busca pelo melhor resultado no Concurso de Qualidade leva a melhor resultado na granja

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O concurso é o mais antigo do Brasil Foto: Tereza Godoy)

Foi em 1948 que surgiu o primeiro Concurso de Qualidade de Ovos de Bastos. Precisamente 20 anos após o início da colonização da antiga Fazenda Bastos, que fora adquirida para lotear sítios para abrigar uma leva de migrantes japoneses ansiosos por uma terra nova que a livraria da grave crise que o Japão atravessava à época 56

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Concurso de Qualidade de Ovos, realizado anualmente na cidade de Bastos (SP), é um rigoroso filtro que oferece chances aos produtores que inscrevem amostras de ovos de alto padrão de qualidade. A cada ano a disputa é mais acirrada, com resultados que demonstram que há uma evolução crescente no manejo nutricional do plantel, além de uma correlação importante entre os cuidados zootécnicos e sanitários e a qualidade final do ovo em todos os seus aspectos. Mesmo quando os produtores preparam lotes especialmente para concorrer no Concurso, os ganhos com o aprendizado durante o processo são notáveis. É frequente o produtor ver resultados de qualidade tão visíveis a partir das medidas que adotou com um plantel específico, que prefere investir um pouco mais e passa a oferecer a inovação para todos os lotes de aves na granja. Assim, a busca pelo melhor resultado no Concurso de Qualidade leva a melhor resultado na granja. E produto melhor, mercado maior. É essa a lógica que move quem investe em qualidade, e em Bastos não é diferente. Cada produtor que já foi campeão em uma das três categorias sabe o quanto o nome da granja cresce no mercado. Mesmo que poucos invistam em marketing posteriormente ao Concurso, só a divulgação dos resultados que apontam as granjas campeãs já estimula mais vendas da empresa naquele ano.


Em entrevista exclusiva à Revista do Ovo, Rodrigo Takeo Ono, Presidente do Concurso, afirma que todo esse processo desafiador acaba incentivando o produtor concorrente a praticar meios para satisfazer os criteriosos crivos deste concurso, transformando esse desafio em um verdadeiro “laboratório” tecnológico. “Um dos maiores beneficiários deste concurso é exatamente o consumidor final do produto. Com a exigência de melhoria em todo processo produtivo e classificatório do ovo na cadeia produtiva”, afirmou.

Acompanhe na sequência, mais informações Revista do Ovo - Como você avalia a importância do concurso no setor avícola? Rodrigo Takeo Ono - Com o trabalho de todos os integrantes diretos e indiretos da comissão organizadora, o concurso de qualidade dos ovos

Rodrigo Ono Presidente da Comissão Organizadora 2019 Foto: Tereza Godoy

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Eventos

Parte da Comissão Organizadora: Fabio Murakami Secretário; Membros Dante Miyakubo, Chistian Maki; Presidente- Rodrigo Ono; Vice Presidente e Tesoureiro Gustavo Shimizu; Membro - Alfredo Nakanishi

Nos anos 1970 e 1980, a profissionalização da avicultura de Bastos era já consagrada, atraiu negócios diversos para a região toda, inclusive estimulando a expansão da produção de ovos para os municípios vizinhos, área geoeconômica que hoje o Ministério da Agricultura chama de Bolsão de Bastos 58

Revista do Ovo

ostenta hoje o rótulo de um dos principais eventos técnicos de julgamento de ovos do Brasil e apreciado também em várias partes do mundo. Com anos de experiência e aprendizado, os membros da comissão responsáveis pelo regulamento, por meio de estudos meticulosos e criteriosos, chegaram a um regulamento que consegue, de forma quantitativa e qualitativa, alcançar um resultado real com as melhores amostras. Todo esse processo desafiador acaba incentivando o produtor concorrente a praticar meios para satisfazer os criteriosos crivos deste concurso, transformando esse desafio em um verdadeiro “laboratório” tecnológico. Quais as novidades do concurso deste ano? Além de contar com novidades no regulamento, a comissão este ano está focada em estabelecer melhor interação com os espectadores e seguidores das nossas mídias sócias e de nossa transmissão ao vivo. Quais são as expectativas para 2019? Esperamos manter a credibilidade e a transparência que o concurso preconiza ano a ano e continuar fazendo deste evento uma referência nacional. Quais são os benefícios para o vencedor? Os campeões têm a vantagem de poder trabalhar melhor sua marca e vincular o título de melhor ovo do concurso em seus trabalhos de marketing. E quais são os benefícios para o consumidor? Um dos maiores beneficiários deste concurso é exatamente o consumidor final do produto. Com a exigência de melhoria em todo processo produtivo e classificatório do ovo na cadeia produtiva. A excelência na qualidade empregada na rotina diária nas granjas produtoras é evidente. A cada ano, novas tecnologias são aplicadas para melhoria na qualidade do ovo. Essas técnicas são muitas vezes provenientes do trabalho da competição deste concurso.


Estatísticas e Preços Pintainhas de postura comercial

Alojamento volta a ficar abaixo dos 10 milhões de cabeças em maio

I

EVOLUÇÃO MENSAL (OVOS BRANCOS E VERMELHOS) - MILHÕES DE CABEÇAS

PINTAINHAS COMERCIAIS DE POSTURA

% OVO BRANCO

MÊS

2017/2018

2018/2019

VAR. %

Jun

9,043

8,476

-6,27%

79,73%

79,50%

Jul

8,671

9,432

8,77%

78,36%

80,31%

Ago

9,427

10,205

8,26%

80,37%

79,56%

Set

9,634

9,241

-4,08%

79,48%

80,85%

Out

9,495

10,209

7,51%

78,30%

79,57%

Nov

9,510

9,816

3,22%

80,82%

77,89%

Dez

8,361

8,577

2,59%

81,02%

77,74%

Jan

10,377

9,038

-12,90%

80,61%

81,85%

Fev

9,082

8,774

-3,39%

79,15%

83,42%

Mar

10,034

9,590

-4,43%

78,84%

77,91%

2017/18

2018/19

Abr

10,111

10,201

0,89%

81,46%

80,52%

Mai

9,996

9,663

-3,33%

80,17%

81,61%

Em 05 meses

49,600

47,266

-4,71%

80,07%

81,01%

Em 12 meses

113,741

113,222

-0,46%

79,87%

80,04%

Fonte dos dados básicos: ABPA – Elaboração e análises: AVISITE

PLANTEL PRODUTIVO

J

J

A

S

O

2018

N

D

J

F

M

A

M

2019 Revista do Ovo

59

115,556

115,340

115,034

114,320

114,714

113,935

113,175

113,741

113,142

111,684

110,030

108,200

Junho de 2018 a Junho de 2019 Milhões de cabeças

105,592

nformações coletadas no mercado indicam que o alojamento de pintainhas de postura comercial voltou a retroceder no mês de maio, ficando abaixo dos 10 milhões de cabeças. O número levantado – mais exatamente 9,663 milhões – representa redução de 5,3% sobre o alojado no mês anterior, quando atingiu 10,201 milhões de cabeças e equivaleu ao 4º maior volume mensal já alojado pelo produtor de ovos. Na comparação com maio do ano passado, o índice de redução ficou em 3,3%, pois naquele mês o alojamento ficou próximo dos 10 milhões. O volume alojado nos primeiros cinco meses do ano alcança 47,266 milhões de cabeças (cerca de 81% do total, destinado para a produção de ovos brancos), significando redução de 4,7% sobre o mesmo período de 2018. O volume médio do período projetado para o ano indica cerca de 113,4 milhões de cabeças. Se alcançado, significará redução de 1,8% sobre o ano passado. O acumulado em período de doze meses – junho de 2018 a maio de 2019 – alcança 113,2 milhões de cabeças e equivale a 0,5% de redução sobre o mesmo período imediatamente anterior. Desse total, perto de 80% das pintainhas são destinadas à produção de ovos brancos. Tomando por base o plantel produtivo mensal (desconsiderando a mortalidade no período), houve leve crescimento de maio para junho, próximo de 0,2%. Talvez esse seja um dos fatores que contribuíram para a recuperação mensal no preço médio do produto. Mesmo assim, os preços médios no decorrer de junho estiveram muito abaixo dos praticados no mesmo mês do ano passado. Mas, lá, houve forte explosão nos preços devido à necessidade dos varejistas em reporem mercadoria após o encerramento da greve dos caminhoneiros. Na comparação do plantel produtivo em doze meses, embora o índice de crescimento anual seja alto, nos últimos 8 meses cresceu apenas 2%.

J


Estatísticas e Preços Mercado

Desempenho do ovo em junho e no primeiro semestre de 2019

Semestre é fechado com preço médio negativo em relação a 2018

O

ovo branco extra comercializado no atacado da cidade de São Paulo alcançou, em junho passado, valor médio quase 10% superior ao do mês anterior (os valores especificados referem-se a cargas fechadas negociadas em embalagens de 2,5 dúzias). Mas encerrou o período com, quase, os mesmos baixos preços do início do mês. Ou seja: valorizou-se, como de hábito, na primeira quinzena e perdeu boa parte do ganho conquistado na segunda parte do mês. Porém, o que mais ressaltou no comportamento do produto em junho passado foi a forte queda em relação aos preços registrados um ano antes. Ou seja: em junho de 2018 (quando, aliás, alcançou a maior cotação do ano que passou), o ovo foi comercializado por valor 12% superior ao mais recente e, desde então, vem sofrendo desvalorização que, obviamente, não está acompanhada na mesma proporção pela redução dos custos. É verdade que, embora menos signi-

ficativo que em algumas ocasiões anteriores, o desempenho do ovo neste ano vem sendo bem melhor que o observado no segundo semestre do ano passado, ocasião em que os preços registrados retrocederam, nominalmente, ao menor patamar registrado entre 2015 e 2018 (quatro anos). Ainda assim, a média dos seis primeiros meses de 2019 ficou cerca de 2,7% aquém da obtida nos mesmos seis meses de 2018. Como o segundo semestre se inicia sob a égide das férias escolares, é difícil contar com alguma valorização do produto no decorrer do mês. Além disso, é impossível ignorar que, historicamente, os melhores preços do ano são registrados, quase invariavelmente, no primeiro semestre. Ou seja: estes próximos seis meses tendem a ser ainda mais desafiadores. A menos que o setor consiga controlar eficientemente a produção e, paralelamente, encontrar novos mercados para o produto.

OVO BRANCO EXTRA

Evolução de preços no atacado paulistano R$/CAIXA DE 30 DÚZIAS Média mensal e variações anual e mensal em treze meses MÊS.

60 Revista do Ovo

MÉDIA R$/CXA

Média anual em 10 anos R$/CAIXA

VARIAÇÃO % NO ANO

NO MÊS

2010

JUN

80,23

-7,82%

27,67%

JUL

63,12

-24,52%

-21,33%

AGO

60,70

-24,44%

-3,82%

2012

SET

58,21

-21,85%

-4,11%

2013

OUT

50,12

-27,41%

-13,90%

NOV

56,71

-14,08%

13,16%

DEZ

55,00

-14,54%

-3,01%

2015

JAN/19

47,65

-11,63%

-13,36%

2016

FEV

72,12

1,08%

51,33%

MAR

71,64

-9,40%

-0,66%

ABR

76,96

13,59%

7,43%

MAI

65,31

3,93%

-15,14%

JUN

71,43

-10,96%

9,38%

2011

2014

2017 2018 2019

R$ 37,93 R$ 44,61 R$ 49,11 R$ 57,86 R$ 52,70 R$ 59,47 R$ 75,43 R$ 77,78 R$ 63,24 R$ 67,30


Milho e Soja Milho registra aumento em junho

Farelo de soja alcança maior preço do ano

O preço do milho registrou aumento de preço em junho. O preço médio do insumo, saca de 60 kg, interior de SP, fechou o mês cotado a R$41,37, valor 9,4% acima da média alcançada pelo produto em maio último, quando ficou em R$37,82. Na comparação anual o índice foi negativo em 6,4%. Isso porque em junho do ano passado o preço praticado foi de R$44,19 a saca.

O farelo de soja (FOB, interior de SP) registrou o maior preço do semestre em junho de 2019. O produto foi comercializado pelo preço médio de R$1.247/t, valor 6,4% superior ao praticado no mês de maio quando atingiu R$1.172/t. Em comparação com junho de 2018 – quando o preço médio era de R$1,430/t – a cotação atual registra queda de 12,8%.

Valores de troca – Milho/Frango vivo Valores de troca – Farelo/Frango vivo

No frango vivo (interior de SP) o preço médio de junho, alcançou R$3,43 kg, atingindo desvalorização mensal de 4,7%. Assim, com a boa valorização do milho e a queda no preço do frango vivo, houve piora no poder de compra do avicultor. Nesse mês, foram necessários 201 kg de frango vivo para se obter uma tonelada de milho, considerando-se a média mensal de ambos os produtos. Este volume representa quase 13% de queda no poder de compra em relação ao mês anterior, pois, em maio, a tonelada do milho “custou” 175,1 kg de frango vivo. Já em relação a junho do ano passado, houve melhora de 19,3% no poder de compra, pois, lá, foram necessários 239,9 kg de frango vivo para adquirir a tonelada da matéria-prima.

A desvalorização alcançada na cotação do frango vivo e a alta verificada no preço do farelo de soja em junho fez com que fossem necessários 363,6 kg de frango vivo para adquirir uma tonelada do insumo, significando piora de 10,5% no poder de compra do avicultor em relação a maio, quando 325,6 kg de frango vivo foram necessários para obter uma tonelada do produto. Na comparação em doze meses o índice ainda é altamente positivo, na casa dos 28%, pois, lá, foram necessários 465,8 kg para adquirir o cereal.

Valores de troca – Milho/Ovo

Valores de troca – Farelo/Ovo

O preço do ovo, na granja (interior paulista, caixa com 30 dúzias), obteve boa valorização em junho e fechou à média de R$65,43, valor 10,3% superior ao alcançado no mês anterior, quando o produto foi negociado por R$59,31. Com a valorização mensal um pouco maior no preço médio dos ovos em relação ao milho, houve pequena melhora no poder de compra mensal do avicultor. Em junho foram necessárias 10,5 caixas de ovos para adquirir uma tonelada do cereal. Em maio, foram necessárias 10,6 caixas/t, uma melhora de quase 0,9% na capacidade de compra do produtor. Entretanto, em doze meses houve piora de 5,8%.

De acordo com os preços médios dos produtos, em junho foram necessárias, aproximadamente, 19,1 caixas de ovos (valor na granja, interior paulista) para adquirir uma tonelada de farelo de soja. O poder de compra do avicultor de postura em relação ao farelo registrou ganho mensal de 3,7%, já que, em maio, foram necessárias 19,8 caixas de ovos para adquirir uma tonelada do cereal. Em relação a junho de 2018 a melhora no poder de compra atingiu apenas 1,1%, pois naquele período a tonelada de farelo de soja custou, em média, 19,3 caixas de ovos.

junho junho julho julho agosto agosto setembro setembro outubro outubro novembro novembro dezembro dezembro janeiro janeiro fevereiro fevereiro março março abril abril maio maio junho junho

53,00 53,00 51,00 51,00 49,00 49,00 47,00 47,00 45,00 45,00 43,00 43,00 41,00 41,00 39,00 39,00 37,00 37,00 35,00 35,00 33,00 33,00 31,00 31,00 29,00 29,00 27,00 27,00

2018 2018

2019 2019

MédiaJunho Junho Mínimo Média Máximo Mínimo Máximo 38,50 45,00 R$ R$ R$ 38,50 R$ 45,00

41,37 41,37

Fonte das informações: www.jox.com.br

Preçomédio médioFarelo Farelode desoja soja Preço R$/toneladaFOB, FOB,interior interiordedeSPSP R$/tonelada

1600 1600 1500 1500 1400 1400 1300 1300 1200 1200 1100 1100 1000 1000 950 950 900 900 850 850 800 800 750 750

junho junho julho julho agosto agosto setembro setembro outubro outubro novembro novembro dezembro dezembro janeiro janeiro fevereiro fevereiro março março abril abril maio maio junho junho

Preçomédio médioMilho Milho Preço

R$/sacadede60kg, 60kg,interior interiordedeSPSP R$/saca

2018 2018

MédiaJunho Junho Média Mínimo Mínimo 1.200,00 R$R$ 1.200,00 R$R$

2019 2019

Máximo Máximo

1.260,00 1.247,00R$R$1.260,00 1.247,00 Revista do Ovo

61


Ponto Final

Os desafios da produção pelo sistema cage free no Brasil Leandro Pinto, Presidente Grupo Mantiqueira

Q

uando me perguntam sobre os desafios da produção do sistema cage free no Brasil, respondo que são muitos e que estamos ainda no início de uma longa trajetória da indústria alimentícia. Fiz questão que os Ovos Mantiqueira fossem os pioneiros, em larga escala, na produção de ovos cage free ( aves livres de gaiolas). Temos este DNA de pioneirismo em todos os nossos projetos. Mas o desafio é ainda grande. Imagine que de acordo com estimativas do nosso setor, dos 44,5 bilhões de ovos produzidos no Brasil, apenas 5% vem do sistema de criação sem gaiolas. Por isto há ainda um grande caminho a se percorrer; da criação de demanda, até a produção. Nossos custos de produção sofreram impactos, para atender às exigências deste sistema e suas certificações , além do investimento em sofisticados galpões com mais metros quadrados, para uma ocupação proporcionalmente menor de aves e dos custos do processo de manejo. Mesmo com sistemas de mecanização, a produção se torna mais cara, quando comparada à convencional. Por isso a expansão do modelo cage free é um desafio ainda no país, que depende dos consumidores mas principalmente da indústria, que é uma fundamental aliada na sedimentação deste modelo. Vejo claramente que a demanda nos pontos de venda, para os ovos produzidos por este sistema é ainda tímida. Acredito que hoje, de 4 a 5% do público aceite pagar mais caro por esse produto. O grande transformador do modelo que temos hoje, para o modelo de galinha solta, será a indústria. O consumidor precisa de mais tempo, sua transição será mais lenta, como digo: primeiro virá a trans-

62

Revista do Ovo

formação da indústria e depois a do consumidor, e não ao contrário. O varejo vem se manifestando sim e se comprometendo a vender somente ovos livres de gaiola até 2025, inclusive grandes grupos como Carrefour e Pão de Açúcar. Esperamos com otimismo que essas manifestações se concretizem, mas não acredito que esses números que citam entre 20 e 25% de vendas cage free, sejam relacionados a tipo de ovos. É mais provável que este resultado seja de proveniente de lojas especificas ou bandeiras, mas não das redes inteiras. Nós que estamos à frente da produção e diretamente atendendo a demanda, sabemos que isso não procede. A verdade é que se não nos sentarmos – produtores, indústria e varejo – e montarmos um plano, para que esta mudança de fato aconteça até 2025; ela não acontecerá. O mercado externo também observa os movimentos do Brasil nesta transição e os passos da Mantiqueira, que sempre esteve na vanguarda, atenta às demandas internacionais. Mas eu brinco que o Brasil “exporta câmbio”. Toda hora que o câmbio está alto, viramos um grande player, para atender ao mercado internacional. Eu e os executivos da empresa, estamos sempre atentos as novidades do setor no mundo inteiro. O que eu vi agora na Europa, é algo muito mais moderno do que vemos aqui no Brasil e chamamos de cage free. Por isto quando questionamos a exportação de um produto deste, para o mercado europeu, enxergamos que ainda não somos competitivos o bastante, com o tipo de produção que temos, pelo menos por enquanto. Precisamos primeiro trabalhar bem a transformação do mercado interno e atender a demanda que virá, sem utopias; entendendo o comportamento social e econômico da população brasileira.


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abcd 64 Revista do Ovo


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