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Instalações para codornas de postura

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O aumento do interesse pela coturnicultura pode ser percebido pelo crescimento de estudos acadêmicos sobre questões de melhoramento genético, nutrição, manejo, equipamentos para a produção das aves e também para tecnificação na produção de ovos Instalações para codornas de postura

Autores: Sarah Sgavioli* e Cristhiano Ferreira Calderaro, Universidade Brasil. Descalvado – SP

Parte do capítulo: Instalações para codornas, do livro: Codornas Japonesas e Europeias: Genética, Nutrição, Manejo e Bem-estar Animal, publicado em 2019, pela editora Novas Edições Acadêmicas.

*Autor correspondente: sarahsgavioli@yahoo.com.br

Acoturnicultura é um ramo da avicultura brasileira que cria, melhora e fomenta a produ ção de codornas. Nos últimos anos, essa atividade registrou um avan ço significativo na comercialização de seus produtos como ovos, carne, matri zes e o esterco. O aumento do interesse pela coturnicultura pode ser percebido pelo crescimento de estudos acadêmi cos sobre questões de melhoramento genético, nutrição, manejo, equipa mentos para a produção das aves e também para tecnificação na produção de ovos.

Apesar da prevalência de produção em pequenos produtores, a coturnicul tura tem deixado de ser uma alternativa apenas para o pequeno produtor, pois com o aumento do mercado consumi dor, principalmente dos ovos, produtores de médio e grande porte também têm explorado essa cultura.

A comercialização de ovos é a prin cipal alternativa para o início da produção coturnícula, sendo que após o segundo ano é possível aumentar a escala de itens comercializados, com produ ção de carne, comercialização de esterco e até a produção de aves para revenda. Porém essas opções dependem de uma cadeia produtiva estabelecida.

Devido ao retorno financeiro e cres cimento da demanda por produtos de codornas, como os ovos, a coturnicul tura teve um crescimento exponencial na última década. Atrelado a este cresci mento, houve o desenvolvimento das instalações para criação das aves.

Diretrizes gerais para as instalações de codornas Apesar das fases de criação das codornas serem estabelecidas em três: cria (1 a 21 dias de idade), recria (22 a 42 dias de idade) e produção (42 dias até o descarte das aves), na prática as fases de cria e recria, devido ao curto período, pode ser compreendida de 1 a 35 dias de idade, ou seja, as codornas não são movimentadas antes de atingirem o início da postura de 30 a 35 dias. A fase de produção de ovos inicia após as aves atingirem 35 dias de idade sendo neces sária a transferência para as gaiolas de postura.

As instalações devem ser preparadas com antecedência para a recepção das aves, o que inclui a verificação dos equi pamentos e possível manutenção com o objetivo de não haver imprevistos du rante a recepção das aves. Além disso, é extremamente importante que as insta lações tenham apenas aves de mesma idade, portanto, que se utilize o sistema “todos dentro todos fora” (all in all out).

Equipamentos

Para a fase de cria/recria são utilizados bebedouros pendulares ou de copo de pressão e comedouros tubulares ou de bandeja para aves criadas no chão, além de bebedouros do tipo nipple com ou sem “copinho” e comedouros do ti po calha para aves criadas em gaiolas. O aquecimento é realizado por meio de campânulas, fornalha ou turbina a gás, lâmpadas ou tubos com água quente. Para a fase de produção as aves devem ser transferidas para gaiolas de postura, com bebedouros tipo nipple e come douros tipo calha.

Ambiência e climatização

Apesar de possuir elevada rusticidade, as aves são suscetíveis ao calor e ao frio. Por esse motivo os galpões preci sam ser bem projetados evitando-se vento, calor e luz em excesso. A cons trução no sentido leste oeste é obrigatória e tem como objetivo reduzir a inci

dência solar nas laterais da instalação, o que contribuiu com o manejo da ambi ência.

Durante as fases de cria e recria, as aves necessitam de fonte de calor suple mentar, que pode ser fornecido por meio de campânula ou turbina a gás, fornalha, lâmpada e tubo de água quen te, no entanto, esta exigência declina com a idade, devido ao empenamento e a camada de pena que isola a superfície externa da ave. Após este período pode ocorrer comprometimento da perda de calor das aves na fase de produção se a instalação não tiver um sistema de cli matização eficiente. Portanto, em todos os tipos de instalações é necessário o sistema de climatização, que pode ser composto por ventiladores, cortinas e nebulizadores, em sistemas de pressão positiva ou exaustores, placas evapora tivas, sondas, cortinas ou alvenaria e inlets, em sistemas de pressão negativa. Estes equipamentos têm a função de controlar variáveis físicas e químicas no interior da instalação, como temperatu ra, umidade, velocidade do ar e concentração de gases.

O controle da ambiência das insta lações é imprescindível para maximizar a produtividade das aves, por meio da expressão do máximo potencial genéti co das aves, no entanto, em grande parte dos sistemas de produção de codornas no Brasil, a ambiência é pouco gerenciada, o que pode acarretar em redução dos índices de produtividade devido e queda no bem-estar das aves, com comprometimento de questões relacio nadas a fisiologia.

A amplitude térmica e a velocidade do vento da região são fatores a serem considerados durante o dimensiona mento das instalações para codornas, visto que, amplitude térmica alta pode comprometer o desempenho das aves e a velocidade do vento colaborar com a redução da sensação térmica por calor. Outras medidas simples, como o plan tio de árvores, instalação de sombrites, uso de telhas de cerâmica, devem ser consideradas com a finalidade de redu zir o calor latente.

O aperfeiçoamento dos aviários, e a adoção de técnicas e equipamentos de condicionamento térmico ambiental têm superado os efeitos prejudiciais de alguns elementos climáticos, possibili tando alcançar bom desempenho produtivo das aves.

Independente do tipo de instalação é importante estudar, avaliar e conhe cer as condições climáticas locais no ambiente de produção das codornas. Silva Júnior (2015) coletou dados de temperatura no interior de diferentes tipos de instalações para codornas e constatou que ao longo do ano a tempe ratura interna dos galpões de produção varia em função do clima da região, sendo a intensidade da variação da tem peratura ao longo do ano e a magnitude alcançada para máximas e mínimas, em determinadas épocas, dependentes do tipo de instalação.

Os resultados apresentados pelo au tor supracitado ainda indicaram melhor ambiente térmico para o galpão climatizado em relação aos convencio nais já que ao longo do ano a temperatura máxima não ultrapassou 28ºC.

Assim, a climatização dos galpões de criação pode ser uma estratégia a ser utilizada para a manutenção de am biente adequado, a fim de obter bom desempenho zootécnico, a partir da promoção de um estado de bem-estar rico para as codornas na fase de postu ra. Todavia, mesmo no ambiente climatizado, existe a dificuldade de atender perfeitamente as condições satisfatórias de temperatura, visto que a temperatu ra mínima registrada em alguns momentos está abaixo da temperatura mínima da zona de conforto térmico para codornas.

Iluminação

Lâmpadas incandescentes são comumente usadas para iluminar galpões de aves; no entanto, sua taxa de conver são de energia elétrica em energia luminosa é baixa e possui baixa durabilidade (vida útil média de 1.000 h), o que aumenta os custos de produção (JOR DAN e TAVARES, 2005). A tecnologia de iluminação do ambiente avançou nos últimos anos e as lâmpadas incan descentes tradicionais estão sendo substituídas por lâmpadas diodo emissor de luz (LED). A principal vantagem do LED é sua economia de energia (eles consomem 80% menos energia que as lâmpadas incandescentes e 50% menos

Apesar de possuir elevada rusticidade, as aves são suscetíveis ao calor e ao frio. Por esse motivo os galpões precisam ser bem projetados evitando-se vento, calor e luz em excesso. A construção no sentido leste oeste é obrigatória e tem como objetivo reduzir a incidência solar nas laterais da instalação, o que contribuiu com o manejo da ambiência

que as lâmpadas fluorescentes), sua vida útil mais longa e um comprimento de onda que permite que eles sejam usa dos na fotoestimulação de diversos tipos de aves.

Araújo et al. (2011) relatam que as lâmpadas fluorescentes compactas têm custos de instalação mais altos, mas usam 70% menos energia e vivem mais (8 a 10 vezes mais) do que as lâmpadas incandescentes. Os efeitos do sistema de iluminação sobre a criação de codor nas incluem a sincronização de funções fisiológicas essenciais para o crescimen to, comportamento e a reprodução das aves. A iluminação artificial é aplicada rotineiramente na produção intensiva de ovos e pode ser usada para atrasar ou acelerar a maturidade sexual e estimu lar a postura de ovos, onde fotoperíodos longos estimulam a maturação sexual das aves e otimizam a produção de ovos (FREITAS et al., 2005).

Instalações para a fase de cria e recria

Durante a fase de cria e recria as aves podem ser distribuídas em quatro tipos de instalações, sendo elas:

Revista do Ovo • No chão, com círculos de pro teção e aquecimento com campânulas a gás. • No chão em galpões abertos, sem círculo de proteção, aquecimento por meio de fornalha ou turbina a gás. • Na gaiola, em sistema pirami dal, sem coleta de excretas automática, aquecimento por meio de lâmpadas, fornalha, tubos de água quente ou tur bina a gás. • Na gaiola, em baterias verti cais, com coleta de excretas e fornecimento de ração automáticos, aquecimento por meio de fornalha ou turbinas a gás e bebedouros tipo nipple.

Instalações para a fase de produção

Durante a fase de produção as aves podem ser distribuídas em cinco tipos de instalações, sendo elas: • Baterias verticais, manuais, com bandejas coletoras de excretas, co leta manual dos ovos, bebedouros tipo nipple com ou sem taças ou bebedouros tipo nipple com copo, ou ainda água corrente em tubos de pvc cortados ao meio e comedouros tipo calha com for necimento de ração manual. Este tipo de instalação demanda uma maior mão de obra, com um funcionário para cada 12.500 aves. • Gaiolas em sistema piramidal manual, onde a excreta fica embaixo da gaiola e tanta a ração como a coleta dos ovos são realizadas de forma manual e os bebedouros são tipo nipple. • Gaiolas piramidais, com for necimento de ração e coleta de ovos automatizados, no entanto, as excretas ficam embaixo da gaiola podendo o piso ser suspenso e os bebedouros são tipo nipple. • Gaiolas piramidais automáti cas, com retirada de excretas por esteiras, o que permite a retirada diária, bebedouros tipo nipple, fornecimento de ração e coleta de ovos automatizados. Neste tipo de instalação é necessário so mente um funcionário para cada 100.000 aves para o manejo das aves. • Baterias verticais automatiza das, com coleta de ovos, fornecimento de ração e coleta de excretas automáti cos e bebedouros tipo nipple. Neste tipo de instalação é necessário somente um funcionário para cada 150.000 aves pa ra o manejo das aves.

Considerações finais

As instalações para criação de codornas de postura possuem como modelo as desenvolvidas para poedeiras comerciais, portanto, a automatização e climatização é algo desejado e que aos poucos está sendo implementado pelos coturnicultores. Adequações devem ser realizadas, haja vista o tamanho das aves e seu ciclo de vida.

Existem vários graus de tecnificação e estruturas, variando entre sistemas fa miliares com pouca tecnologia empregada, a sistemas altamente tecnificados com criação de um grande número de aves. O alto índice de crescimento do mercado de codornas nos últimos anos e a demanda por ovos fizeram com que alguns coturnicultores investissem em granjas com estruturas caras e moder nas. No entanto, a maioria das instalações para codornas de postura ainda são simples e antigas.

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