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Antimicrobianos devem ser utilizados de forma racional nas granjas

Muitas vezes, os antimicrobianos são utilizados para corrigir problemas de manejo como um ‘fator de segurança’

Os antimicrobianos têm uma história positiva de combate aos agentes pato gênicos que afetam aves e suínos. Entretanto, o uso indiscrimi nado dessas substâncias pode mais prejudicar do que auxiliar, fazendo com que as bactérias criem resistên cia à sua ação. “Muitas vezes, os antimicrobianos são utilizados para corrigir problemas de manejo como um ‘fator de segurança’. Por isso, é importante ter sempre o acompa nhamento de um médico veterináAna Caselles, gerente técnica regional da Sanphar Saúde Animal

rio para a utilização de maneira consciente, escolhendo da forma mais adequada os tratamentos e res peitando o tempo que devem ser realizados. Tudo isso levando em conta as necessidades reais para combater os micro organismos. Afinal, eles são os responsáveis técnicos e, como tal, contribuem para disseminar a informação correta e segura”, alerta Ana Caselles, gerente técnica regio nal da Sanphar Saúde Animal.

A resistência aos antimicrobia nos não é o único problema que o uso inadequado dos medicamentos pode causar. O excesso pode ter efeitos tóxicos nos animais, com prometendo sua saúde e bem-estar, podendo leva-los à morte. Esses exageros podem, ainda, compro meter a saúde humana, visto que podem haver resíduos de molécula na carne que será consumida caso, assim como as doses, os períodos de carência não forem seguidos.

Ana Caselles explica que o uso racional dos antimicrobianos não configura, exatamente, em dimi nuição do seu uso, mas em utilização adequada. Ela ressalta o importante papel dos veterinários, profissionais responsáveis que lideram as ações de prevenção, diagnóstico e tratamento nos animais. E isso passa, necessariamente, por medi das de biosseguridade. “A vacinação e o manejo sanitário correto da granja também são essenciais. Além desses cuidados, quando houver necessidade os veterinários devem receitar antimicrobianos que combatam os agentes infeccio sos específicos, seja com administração via água de bebida, ração ou injetável”.

A gerente técnica da Sanphar América Latina explica que os anti microbianos mais adequados para a saúde animal são aqueles que eli minam o agente infeccioso e que, para ter essa informação, são ne cessários alguns procedimentos, como o isolamento da bactéria, re

alizar antibiograma e, assim, avaliar a resistência ao antibiótico.

Ana Caselles reforça que, para que os antimicrobianos continuem eficazes no tratamento dos ani mais, é preciso que tais medicamentos sejam utilizados de maneira adequada conforme as orientações dos veterinários, assim como as indicações de uso dos fabrican tes.

“A Sanphar tem o compromisso com os clientes e com a produção animal fornecendo não apenas an timicrobianos seguros e de alta qualidade, mas também informa ções de uso correto dos medicamentos, treinamento e educação sanitária para clientes e distribui dores, de modo que tenham ciência e responsabilidade na administração correta das moléculas”, conclui Ana Caselles.

Acompanhe na sequência uma entrevista exclusiva com Ana Caselles.

Como você avalia a identificação ainda existente do uso de antimicrobianos como um fator de segurança sanitária?

Se falarmos de identificação de uso de antimicrobianos, acredito que para fazer o bom uso de anti microbiano, é preciso primeiro descobrir qual o agente que quere mos combater. Isso é feito com coleta de material bem feita, levada para um laboratório, isolamento desse agente, para depois ser reali zado um antibiograma para saber quais moléculas são realmente sen síveis ao agente que queremos combater. Depois disso, pode-se iniciar um tratamento adequado contra aquele agente patógeno que eu quero combater. Porém, nem sem pre o veterinário responsável técnico tem tempo hábil para isso e prescrever o tratamento ideal, já que algumas vezes estamos corren do contra alguma perda produtiva, perda de ganhos zootécnicos ou até mesmo em mortalidade dos lotes, então, às vezes, temos que recorrer a um antimicrobiano que, por base em literatura, orientação técnica e experiências anteriores, seja sensí vel ao agente que eu quero combater.

Como deve ser a utilização do produto de maneira cons ciente, escolhendo da forma mais adequada os tratamen tos? E como são especificados estes tratamentos?

O mais importante de tudo é primeiro saber qual agente quero combater, identificar esse agente e depois fazer um antibiograma, pa ra saber exatamente se aquele tratamento que eu escolhi fazer é sensível com aquele agente que eu quero combater. Se for uma molé cula, por exemplo, que já tiver uma certa resistência, eu vou fazer o tra tamento, vou utilizar o produto e ele não será eficaz. Às vezes o pro dutor ou o veterinário acredita que se aumentar a dose, o problema se rá resolvido, e só isso muitas vezes não é suficiente. Então, um exame complementar ao antibiograma é importante na hora de lançar mão de um tratamento, é fazer o MIC, que é a concentração mínima ini bitória para aquele agente e como eu deve ser o comportamento, a fármacocinética daquele medica mento no animal para eu entender como deve ser o tratamento que devo fazer.

Outro ponto importante tam bém é seguir as instruções e recomendações do fabricante de acordo com o registro do produto. Eu pre ciso seguir as dosagens recomendadas de miligrama por quilo de peso vivo, tamanho do plantel, de acor do com o consumo desses animais e também respeitar tanto o tempo de tratamento quanto o período de carência. O tempo de tratamento é importante porque se eu parar com o tratamento assim que eu perce ber uma melhora clínica desses animais, eu posso contribuir para uma resistência futura dessa molé cula frente a esse agente, o que não é interessante. Então é preciso obe decer o tempo de tratamento orientado pelo fabricante no rótulo do produto. Também é importante que o produto seja bem correta mente misturado à água ou ração para garantir que todos animais fa çam a ingestão das doses desejadas.

Outro ponto também importan te é justamente obedecer o período de carência para que essa carne não tenha resíduo daquela molécula e comprometa a qualidade do produ to final no cliente.

Como é feita a utilização de antimicrobianos com res peito ao tempo que devem ser utilizados e qual é o prejuízo quando estas especificações não são verificadas?

É importante verificar esses pontos em rótulo com a indicação do fabricante porque todo fabri cante coloca essa informação na embalagem dos produtos. Além de verificadas, essas informações de vem ser seguidas, porque o período de tratamento não pode ser infe rior ao indicado, a dose também não pode ser diminuída. Algumas pessoas podem falar que o uso ra cional de antibióticos é o uso reduzido de antibióticos. Isso pode ser mal interpretado e poder ser utili zada uma dosagem inferior à indicada pelo fabricante, o que vai prejudicar o tratamento dessa doença e a resposta à sensibilidade ao agente que vamos combater, e tam bém provocar possíveis resistências contra essa molécula.

A resistência aos antimi crobianos ainda é um problema na indústria de produção de proteína animal?

Sim. O que acontece é que , co mo era feito antigamente, às vezes, por querer ter uma resposta mais rápida, é lançada a mão de um an timicrobiano com base na literatura, por exemplo, e que no passado ele era sensível, mas atualmente esse antimicrobiano não funciona mais, não é mais tão eficaz contra aquele agente, e isso acaba sendo um problema porque eu estou re tardando a eficácia desse produto e, consequentemente, vai ter res posta indesejada tanto zootécnica, quanto a mortalidade desses ani mais. Então o problema vai se agra

var, eu vou perder tempo. Dessa maneira, é melhor eu lançar mão de fazer um estudo de antibiogra ma frente aos agentes que aparecem com frequência na minha propriedade para que eu possa, no momento de um desafio ou de uma infecção bacteriana, poder utilizar a molécula que melhor funciona contra aquele agente.

Vacinação x manejo sani tário x papel do médico veterinário. Como você avalia a base desse tripé dentro do sis tema produtivo?

Esse tripé é importantíssimo pa ra a saúde dos planteis e tem que ser muito bem harmonizado. A va cinação é uma excelente ferramenta preventiva para a saúde dos lotes, mas não é a única. Então, um programa de vacinação deve ser bem fundamentado, em estipula do, com a ajuda do veterinário, entendendo bem quais são os desafios daquele lote, ou daquela região, para implantar e também revisar o programa de vacinação quando necessário.

Um programa de vacinação não deve ser engessado e nem deve ser o mesmo por muito tempo. Ele de ve ser revisado e se tiver algum ponto que deva ser mudado, deve ser feito de forma imediata para que o manejo sanitário desse plan tel também tenha um bom resultado. O médico veterinário procura sempre buscar a doença nos lotes e acaba esquecendo de problemas de manejo, que são muito comuns e acabam refletindo em problemas de desafios sanitários. Então é im portante o papel do médico veterinário de observar todo esse tripé que se institui, ponderar e reava liar em momentos oportunos quando ele deve ser alterado.

Dentro desse manejo sanitário, é importante que o médico veteri nário responsável por aquele plantel conheça os desafios presentes naquela granja, porque no momen to em que surgir um novo desafio, um novo agente para aquela gran ja, ele possa tomar ações imediatas ou em curto espaço de tempo para que não tenha uma consequência mais grave que impacte em desem penho zootécnico, mortalidade e perdas econômicas para a proprie dade. Então, o papel do veterinário é super importante para harmoni zar todo esse tripé e garantir a saúde e bem-estar dos animais, além do produto final.

Dentro dessa questão, co mo é feito o trabalho da Sanphar dentro do compro misso com seus clientes e com a produção animal?

A Sanphar é uma empresa de saúde animal com soluções em biosseguridade, em antibióticos, em vacinas autógenas, antiparasi tários e aditivos nutricionais. Nós temos, através de nossos produtos, soluções para esses problemas que podem vir a ocorrer nessas granjas, como trabalhar numa questão de prevenção e também no tratamen to. Essas duas vertentes são um desafio interessante porque, se o produtor está com um desafio que já está instalado, nós podemos ajudar no tratamento, mas isso não nos impede de também lançar mão de alternativas preventivas para ame nizar esse problema e melhorar a condição da granja. Mas, trabalhar na forma preventiva é sempre uma condição melhor. Tem a linha de biosseguridade e as vacinas autóge nas para contribuir e auxiliar a saúde dos planteis. Isso sem falar do nosso serviço técnico, através também das vacinas autógenas, as sim como na linha de fármacos, os treinamentos que fazemos com os clientes para orientar a melhor for ma de utilização dos produtos, não só deles em si, mas do manejo sani tário em geral, para garantir que os produtos sejam utilizados da me lhor forma, mas que esses animais possam ter garantia de saúde e de bem-estar, além da produtividade e evitar perdas econômicas.

Como é hoje a atuação da Sanphar nas granjas, não ape nas quando avaliamos o fornecimento de antimicrobianos seguros e de qualidade, mas também informações de uso correto dos medicamen tos, treinamento e educação sanitária?

A Sanphar é uma empresa de saúde animal e nós temos uma res ponsabilidade no que é treinar os veterinários, que são as pessoas que optam por utilizar uma ou ou tra molécula e que a prescreve, mas também das pessoas que estão ma nipulando essa molécula no final, aqueles que estão fazendo contato e uso do produto e fornecendo ao animal na prática. A gente tem uma preocupação de desde a fabri cação dos produtos, quanto a entrega, quanto poder orientar o ciente quanto à melhor molécula para o problema que ele está pas sando, ajudando na escolha da melhor solução, e também fazer treinamento, não só com o veterinário, mas com a equipe que vai utilizar esses produtos para poder utilizar da melhor forma e garan tir que esse produto que estamos fornecendo ao cliente vá sim ser consumido por esses animais, seja por água de bebida ou na forma de ração, no premix, mas que, o mais importante, garanta que aquela do sagem recomendada vá ser consumida pelos animais e que vá ter o efeito esperado para a melhoria da condição de saúde dos animais. É importante tanto esse trabalho de treinamento para que possa ser co mo uma educação sanitária continuada nas granjas para que as pessoas façam bom uso dos produtos, não só pensando na utilização ade quada, mas também para a segurança delas e que esses produtos sejam bem utilizados, e não sejam usados em maior quantidade por desinformação, e as pessoas pos sam achar que se colocar um pouquinho mais fará mais efeito. Então é importante do porquê e do como utilizar cada produto esteja muito claro não só para o veteriná rio que escolhe a molécula, mas para a pessoa que vá utilizar o produto lá no final, já que nem sempre o veterinário tem tempo hábil para acompanhar todo o processo até a utilização do produto.

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