Edição 126 - Revista do AviSite

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Editorial

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Sumário

20 Setor avícola se reúne

para o Simpósio Brasil Sul de Avicultura Encontro foi marcado por homenagens e por um grande avanço do setor avícola

14 Conhecimento e

preferências da população do sul do Brasil sobre a carne de frango e suína Consumidores estão exigindo qualidade e inocuidade dos produtos alimentícios que adquirem

05 Eventos Sindiavipar - Crescimento da avicultura passa 06 Evento pela atualização da legislação do setor no Brasil

36 Conhecendo

Campylobacter na avicultura Acredita-se que o patógeno seja responsável por cerca de nove milhões de casos de campilobacteriose humana por ano em países da UE

62 Ponto Final

Biosseguridade sempre! por: JRogério Kerber Presidente do Fundesa (Fundo de Desenvolvimento e Defesa Sanitária Animal)

10 Notícias Curtas fontes de Metionina em níveis 36 Diferentes equimolares iguais alcançam o mesmo desempenho em frangos de corte

46 46 Desperdícios no processo produtivo de rações Relação entre a microbiota intestinal e sistema 48 48 imune inato 52 52 Controle de Pintos de um dia

Estatísticas e preços 54 55 56 57 58 59 60 61

Produção e mercado em resumo Pintos de corte Produção de carne de frango Exportação de carne de frango Oferta Interna Desempenho do frango vivo Desempenho do ovo Matérias-primas

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Editorial

O mercado em destaque A edição de Maio da Revista do AviSite traz os principais destaques de mercado para o setor avícola. Afinal, como o setor tem se ‘comportado’? Segundo os analistas da Mundo Agro Editora, em abril o frango vivo redimiu-se de todos os maus momentos acumulados desde 2016 e agravados pelas ocorrências policiais de 2017 e 2018: alcançou, nominalmente, a melhor cotação de todos os tempos, completou o segundo mês consecutivo de mercado absolutamente firme e – o mais surpreendente – registrou esse bom desempenho em plena Quaresma, período normalmente caracterizado por sensíveis baixas. Eles apontam que depois de iniciar abril cotado a R$3,40/kg, em pouco mais de 10 dias o frango vivo negociado no interior de São Paulo obteve quatro reajustes de cinco centavos cada. Chegou, pois, ao valor recorde de R$3,60/kg, cotação que permaneceu inalterada por toda a segunda quinzena do mês. Com isso alcançou, em abril, preço médio de R$3,55/kg, valor que representou incremento de quase 10% sobre o mês anterior e de mais de 60% sobre abril de 2018 Índice tão elevado, porém, resulta apenas dos baixos preços enfrentados um ano atrás, ocasião em que a cotação do frango vivo retrocedeu aos menores valores da corrente década. Relativo à produção de pintos de corte, os dados mensais da APINCO apontam que em fevereiro passado foram produzidos no País perto de 507 milhões de pintos de corte, volume cerca de 4,5% superior ao registrado no mesmo mês de 2018. Comparativamente ao produzido no mês anterior, janeiro/19, o volume registrado apresentou redução de, praticamente, 9%. Mas essa redução foi apenas aparente, pois fevereiro é mês mais curto, de 28 dias. E isso considerado, a produção efetiva foi quase 1% superior à do mês anterior. O total produzido no primeiro bimestre alcançou 1,062 bilhão de cabeças, significando avanço de 2% em relação ao mesmo período do ano passado. Se o índice apontado for atingido no decorrer deste ano, o volume produzido poderia chegar a 6,193 bilhões de cabeças. E sobre exportação de carne de frango, os dados consolidados da SECEX/MDIC englobando os quatro itens de carne de frango exportados pelo Brasil – inteiros, cortes, industrializados e carne salgada – apontam que em março passado foi registrado o melhor resultado do ano, cerca de 334,8 mil toneladas, equivalendo a 8% de aumento sobre o mês anterior. Mesmo assim, os embarques voltaram a registrar queda (de, praticamente 9%) em relação ao mesmo mês do ano passado. O volume acumulado no primeiro trimestre alcança 919 mil toneladas e representa queda de 7,7% sobre o embarcado no mesmo período de 2018. Aliás, é o segundo menor dos últimos cinco anos, superando por pequena diferença (menos de 1%) as 910 mil toneladas do primeiro trimestre de 2015. Em relação ao recorde de 2017 (1,055 milhão de toneladas) o volume atual é 13% inferior. Lembramos que as análises completas você encontra na parte final da sua Revista do AviSite. E tem muito mais! Artigos técnicos e destaques empresariais também fazem parte desta edição, com uma cobertura do Simpósio Brasil Sul de Avicultura. Em sua 20ª edição, o encontro foi marcado por homenagens e por um grande avanço do setor avícola. Boa leitura!!!

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Mundo Agro Editora Ltda. Rua Erasmo Braga, 1153 13070-147 - Campinas, SP

ISSN 1983-0017 nº 126 | Ano XI | Maio/2019

EXPEDIENTE Publisher Paulo Godoy paulogodoy@avisite.com.br Redação Giovana de Paula (MTB 39.817) imprensa@avisite.com.br Comercial Karla Bordin (19) 3241 9292 comercial@avisite.com.br Diagramação e arte Mundo Agro e Innovativa Publicidade luciano.senise@innovativapp.com.br Internet Gustavo Cotrim webmaster@avisite.com.br Administrativo e circulação financeiro@avisite.com.br

Os informes técnicoempresariais publicados nas páginas da Revista do AviSite são de responsabilidade das empresas e dos autores que os assinam. Este conteúdo não reflete a opinião da Mundo Agro Editora.


Eventos Notícias Curtas

2019 Junho 05 e 06

FAVESU - Espírito Santo Feira de Avicultura e Suinocultura Capixaba Local: Espírito Santo Telefone: (27) 3288-2748 Site: www.associacoes.org.br 06 e 07

XIV Simpósio Goiano de Avicultura Local: Castro’s Park Hotel, Goiânia, GO Informações: (62) 3203-3665 / (62) 98413-8377 Site: www.agagoias.com.br Inscrições: www.agagoias.com.br/index.php/ contact-form-7-id30539 16 a 19

CONBRASUL 2019 Local: Gramado/RS Telefone: (51)3228-8844 E-mail: conbrasul@ovosrs.com.br Site: www.conbrasul.ovosrs.com.br 23 a 26

VVIII Simpósio Europeu sobre a Qualidade dos Ovos e Ovoprodutos e XXIV Simpósio Europeu sobre a Qualidade da Carne Avícola Organização: Branch Turca da Associação Mundial de Ciência Avícola (WPSA) Local: RadissonBlu Resort & Spa - Çesme, Turquia Site: http://www.eggmeat2019.com/

Agosto 16 a 20

XXI WVPAC – Congresso da Associação Mundial de Veterinários Avícolas Organização: Associação Tailandesa de Veterinários Avícolas Local: Bangkok International Trade andExhibition Centre – Bangkok, TailândiaO Site: www.wvpac2019.com/ 27 a 29

Salão Internacional de Avicultura e Suinocultura (SIAVS) Local: Anhembi Parque, em São Paulo (SP). Promoção: Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) Informações: www.siavs.com.br

Outubro 08 a 11

OVUM 2019 XXVI Congresso Latino-Americano de Avicultura Local: Lima, Peru Site: www.elovum.com

Programação técnica do XIV Simpósio Goiano de Avicultura atende necessidades da avicultura regional e nacional A Associação Goiana de Avicultura realiza nos dias 6 e 7 de junho a 14ª edição de seu Simpósio de Avicultura (Castro’s Park Hotel, Goiânia, GO). Os dois dias de evento concentram palestras sobre frangos de corte e poedeiras e contarão com nomes de peso como Ricardo Santin, da ABPA, (que vai falar sobre os desafios do mercado de aves e ovos), Mário Penz, da Cargill (perspectivas da nutrição), Vanessa Michalsky (incubação na qualidade de pintinhos) e Rodrigo Terra, da Cobb, (Novos desafios da genética em frangos de corte). Confira o programa completo em: http:// agagoias.com.br/index.php/programacao-xiv-simposiogoiano-de-avicultura/. Segundo o Professor Marcos Café, Professor de Avicultura na Escola de Veterinária e Zootecnia da Universidade Federal de Goiás, a programação técnico-científica do evento foi selecionada para atender às expectativas das empresas e dos profissionais que atuam na avicultura goiana. Café é também um dos organizadores do encontro e membro da Diretoria Técnica da Associação Goiana de Avicultura. Ele também foi o Presidente da Comissão Organizadora do 1º Simpósio. “Escolhemos temas atuais e relacionados aos principais entraves e gargalos da nossa avicultura. O processo de escolha envolve uma ampla consulta às empresas e aos profissionais dos diferentes segmentos do setor. A comissão organizadora do Simpósio Goiano de Avicultura busca balancear os temas, de modo a atender todos os segmentos avícolas. O resultado é um programa completo, diversificado e sintonizado com as demandas dos setores produtivo, acadêmico e científico”, afirma ele. As inscrições com desconto vão até o dia 12 de abril. Até esta data, estudantes pagam R$300,00; sócios da AGA pagam R$350,00 e profissionais pagam R$450,00. As empresas patrocinadoras do Simpósio Goiano de Avicultura até o momento são: Agroceres, Aviagen, Biocamp, Biogenic, Btech, Boehringer, Ceva, Cobb, DSM, Evonik, Hipra, Huvepharma, Adisseo, Nutrial, Nutron, Olmix, Phibro, Planalto, Poli-Nutri, Sanphar, Sauvet, São Salvador Alimentos, Vetanco, Vaccinar e Yes. Ainda há espaço para novos patrocínios. As empresas interessadas podem entrar em contato através do e-mail simposiogoiano@outlook.com. O evento também conta com o apoio do CRMV-GO, da Fundepec-Goiás, do Sebrae e do Sistema FAEG.

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Eventos

Crescimento da avicultura passa pela atualização da legislação do setor no Brasil Investimento em tecnologias e insumos, além da redução de encargos são fundamentais para o desenvolvimento do sétimo maior produto exportado pelo país

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avicultura representou uma receita de US$ 870 milhões nos três primeiros meses de 2019 para a balança comercial brasileira, sendo o sétimo produto mais exportado pelo país, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). Mas para o setor continuar seu crescimento é necessária a atenção do poder público sobre a importância da atualização da legislação do setor no Brasil, principalmente nos aspectos de facilidades para o registro de novos insumos e tecnologias e na redução de encargos tributários, por exemplo. Essas discussões foram o foco do Workshop Industrial Avícola, evento realizado pelo Sindicato das Indústrias de Produtos Avícolas do Estado do Paraná (Sindiavipar) e pela Cobb-Vantress, com apoio do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), em março, em Maringá (PR). O objetivo dos organizadores foi reunir representantes do poder público com o setor industrial avícola, justamente para que as demandas da classe produtiva sejam levadas para o Ministério e o setor possa ganhar maior competitividade no mercado internacional.

“A grande adesão de representantes do nosso setor a este evento, que representa aproximadamente 38% da exportação nacional, fortalece este movimento de aproximação e alinhamento dos agentes públicos e privados, que é fundamental para a evolução da nossa atividade nesse momento de grande competitividade”, afirmou Domingos Martins, presidente do Sindiavipar. O debate entre setores também foi elogiado pelo Superintendente Federal de Agricultura no Estado do Paraná, Cleverson Freitas, que destacou como sendo fundamental essa interação para a consolidação do país como potência mundial no agronegócio. “Vamos trabalhar com bastante diálogo e discussões técnicas, para que o setor privado cumpra a sua parte atendendo aos requisitos legais com muita responsabilidade e o Mapa atue verificando os protocolos que devem ser fiscalizados, trazendo mais segurança ao consumidor”. Uma das principais barreiras para a competitividade brasileira no mercado internacional são os custos de produção. Segundo o Diretor Comercial e de Serviços da Cobb-Vantress na América do Sul, Bernardo Gallo, as margens para as indústrias estão ficando cada vez menores,

Análises foram feitas no Workshop Industrial Avícola, evento realizado pelo Sindicato das Indústrias de Produtos Avícolas do Estado do Paraná (Sindiavipar) e pela Cobb-Vantress, com apoio do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA)

prejudicando investimentos e o crescimento do setor. “Um exemplo é a soja e o milho, insumos principais na alimentação das aves. Se compararmos o crescimento do preço desses grãos desde 2014 entre Brasil e Estados Unidos, vemos que o milho brasileiro aumentou 83% para o produtor nacional, enquanto para o americano ficou com 37% de alta, enquanto a relação na soja ficou 38% e 27%, respectivamente. O principal motivo disso é o crescimento das exportações brasileiras desses produtos, pressionando os custos internos”.

Mudanças no Mapa Para aumentar a eficiência do setor, o Mapa, por meio do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal (DIPOA), irá repassar maior responsabilidade às indústrias do setor de proteína animal quanto à verificação da qualidade dos produtos disponibilizados ao consumidor. Foi inclusive criado pelo Ministério o Comitê Técnico Permanente de Autocontrole da Indústria, que será responsável por trabalhar junto dos produtores esse tema. “Estamos buscando oferecer aos nossos clientes produtos e processos na melhor qualidade possível, consolidando esses processos de certificação sanitária e atribuindo essa responsabilidade de fiscalizar para quem realmente cabe a função”, explica a diretora do DIPOA, Ana Lucia de Paula Viana, uma das palestrantes do evento. Também participaram como palestrantes do evento a diretora técnica adjunta da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Sula Alves, a chefe do 8º Serviço de Inspeção de Produtos de Origem Animal (SIPOA), Luciana Prado Pires de Oliveira, a auditora fiscal federal agropecuário, Wanize Bonk, além do especialista em processos de qualidade da Cobb, Eder Barbon.

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Painel do Leitor Fale com a redação, peça números antigos, faça sua assinatura e anuncie na Revista do AviSite. Entre em contato pelo telefone 19-3241-9292, de 2ª a 6ª feira, das 8h às 17h00.

Última Edição

CLICK DA AVICULTURA Nossa equipe, presente em Chapecó (SC) para o Simpósio Brasil Sul de Avicultura (SBSA) registrou a satisfação e alegria do prefeito da cidade, Luciano José Buligon, em receber o setor. “Chapecó abraça a avicultura”. Se você tiver uma foto bem legal de nosso setor, encaminhe para imprensa@avisite.com.br. Ela pode aparecer em nossas Redes Sociais e também na próxima edição! Participe!

As 4 notícias mais lidas no AviSite em Abril

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Frango vivo: mercado volta a surpreender com nova alta

Desempenho externo das carnes na primeira semana de abril

Frango tem o melhor “100 primeiros dias” dos últimos tempos

Receita cambial do frango volta a superar a da carne bovina

12/04 - Uma vez que a valorização em apenas um mês já superava os 10%, a percepção era a de que, atingido o patamar de R$3,50/kg, a cotação do frango vivo se estabilizaria nesse valor pelo restante do período. Mas ontem o mercado propiciou nova alta de cinco centavos ao frango vivo, que passou a ser negociado por R$3,55/kg.

09/04 - Os dados da SECEX/ MDIC relativos às exportações de carnes da primeira semana de abril apontam receita média diária pouco superior a US$50 milhões, menos da metade do que foi registrado no início dos meses de fevereiro e março, quando a receita média superou os US$100 milhões/dia.

11/04 - Considerados os últimos quatro anos, foi em 2019 que o frango obteve o melhor dos “100 primeiros dias do ano”, completados ontem, 10 de abril. Em 2016 o setor enfrentou seríssima crise no abastecimento (e nos preços) de matérias-primas, o que tornou a produção da época onerosa.

18/04 - Entre as três principais carnes exportadas pelo Brasil, só a carne de frango completou o primeiro trimestre de 2019 registrando aumento de preço. Apesar de uma queda de praticamente 8% no volume embarcado, a receita cambial voltou a superar a receita da carne bovina, fato que não ocorreu nos dois meses anteriores.

Há 10 anos no AviSite www.avisite.com.br

Carne de frango: embarques de abril absorveram 40% da produção brasileira Campinas, 12 de Maio de 2009 - Dados preliminares indicam que em abril passado as exportações brasileiras de carne de frango corresponderam, em volume, a 39,8% - ou seja, praticamente 40% - da produção total do mês. Oficialmente, essa é a segunda maior participação das exportações na produção brasileira de carne de frango, já que em maio do ano passado esse índice correspondeu a quase 41,5% do volume produzido no mês. Na prática, porém, é provável que o verdadeiro recorde tenha sido alcançado no mês passado, pois os números de maio de 2008 incluem “restos” não contabilizados do mês anterior, abril/08. Ressalte-se que há apenas cinco meses (novembro de 2008) a participação das exportações na produção brasileira de carne de frango representou apenas 23,5% do total produzido. O detalhe adicional, neste caso, é que essa participação recaiu sobre uma produção de, praticamente 1 milhão de toneladas. Com isso, permaneceram no mercado interno 765 mil toneladas de carne de frango. Já os 39,8% de abril incidem sobre uma produção da ordem de 830 mil toneladas e conduzem a uma oferta interna ao redor de 500 mil toneladas de carne de frango, um terço a menos que o ofertado há cinco meses. Aparentemente, nunca se viu na história do setor tal nível de redução em tão curto espaço de tempo. Ainda assim, o mercado interno não refletiu a forte redução de oferta.

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Notícias Curtas Produção

As projeções do USDA e da CONAB para a carne de frango brasileira em 2019 Quase a um só tempo, o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) e a brasileira Cia. Nacional de Abastecimento (CONAB) divulgaram suas projeções sobre a produção, as exportações e a disponibilidade interna de carne de frango no Brasil em 2019. No quadro abaixo, os números divulgados. Embora seus números apresentem grandes diferenças entre si, USDA e CONAB praticamente coincidem nas estimativas quanto ao índice de crescimento da produção brasileira de carne de frango em 2019: +1,85%, o USDA; +1,90%, a CONAB. Já para as exportações, o USDA sinaliza expansão próxima de 2,5%, enquanto a CONAB, mais “pé no chão”, aponta (é a primeira previsão do órgão no ano) incremento médio pouco superior a meio por cento. Naturalmente, o volume exportado interfere diretamente na disponibilidade interna. E como as projeções de exportação são diferentes, os índices de expansão do volume disponível no mercado interno também apresentam grande

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diferença entre si. De 2,5% para a CONAB; de 1,62% para o USDA. Mas a pergunta que não quer calar é: qual dos dois órgãos está mais próximo da realidade? Porque, simplesmente, a produção prevista pelo USDA é quase 300 mil toneladas superior à da CONAB, enquanto na exportação, inversamente, é a CONAB que aponta volume quase 300 mil toneladas maior que o do USDA. A resposta pode surpreender, mas a realidade é que, a despeito das diferenças, ambas as projeções estão muito próximas da realidade. Pois o USDA inclui em suas projeções de produção todas as aves da espécie Gallus domesticus abatidas, o que envolve todos os tipos de descartes - de matrizes, de poedeiras, de aves de linhas puras e, ainda, as criações domésticas. Já as projeções da CONAB levam em conta, exclusivamente, o alojamento interno de pintos de corte (levantamento da APINCO). Quanto às exportações, a grande diferença existente advém do fato de o USDA considerar, em suas estatísticas, apenas o produto in natura,

além de desconsiderar as exportações de pés/patas de frango. Daí seus números serem significativamente menores que os das estatísticas oficiais brasileiras. Isto considerado, a disponibilidade interna apontada pelo órgão norte-americano acaba sendo muito menor e bem mais próxima daquela estimada pela CONAB (com a diferença, apenas, relativa à maior diversidade de aves contida nos números do USDA). Dessa forma, se considerado, em ambas as projeções, o volume total efetivamente exportado (pouco mais de 4 milhões de toneladas), a disponibilidade per capita prevista para 2019 irá variar entre 45,100 kg (CONAB, cuja base se firma, exclusivamente, nos pintos de corte alojados) e 46,335 kg (projeções corrigidas do USDA, aí inclusos os descartes). E como tais volumes se encontram entre 1,69% e 1,81% acima dos registrados em 2018 (diferença de apenas 0,12 ponto percentual entre um índice e outro), conclui-se que até nesse quesito as projeções do USDA e da CONAB são, novamente, coincidentes.


Exportação

Receita cambial do frango volta a superar a da carne bovina Entre as três principais carnes exportadas pelo Brasil, só a carne de frango completou o primeiro trimestre de 2019 registrando aumento de preço. Em função disso e apesar de uma queda de, praticamente, 8% no volume embarcado, gerou receita cambial que – embora por pequena diferença (+1,12%) – volta a superar a receita da carne bovina, fato que não ocorreu nos dois meses anteriores. Os dados compilados pelo MAPA junto à SECEX/MDIC apontam que enquanto as carnes bovina e suína encerraram o trimestre com quedas no preço médio de 8% e 7%, respectivamente, a carne de frango obteve aumento de pouco mais de 4%. A carne de peru também experimentou valorização no período (+3,44%), mas como sua participa-

ção na exportação de carnes é mínima (cerca de meio por cento do volume e da receita) pouco interferiu nos resultados do setor. No balanço do trimestre, as quatro carnes enfrentaram queda na receita cambial. Mas só na carne de frango –em decorrência do melhor preço médio – o índice de redução foi significativamente menor que uma eventual queda no volume. Assim, os embarques de carne suína apresentaram relativa estabilidade (redução de apenas, 0,2%), mas a receita cambial caiu mais de 7% . Já a carne bovina, cujo volume aumentou 2,5% , sofreu queda de receita superior a 5,5% . Já a carne de frango, inversamente, exportou volume quase 8% menor, mas sua receita recuou apenas 4% .

Mercado

Custo de produção do frango mantém estabilidade pelo quinto mês consecutivo Nos cinco meses transcorridos entre novembro de 2018 e março de 2019, o custo médio de produção do frango girou em torno de R$2,81/kg. Mas o grande detalhe, aqui, é que o valor máximo registrado nesse período ficou apenas 0,36% acima da média, enquanto o mínimo ficou somente 0,71% abaixo da média. Ou seja: é provável que nunca se tenha registrado período de estabilidade como esse. O levantamento mensal da Embrapa Suínos e Aves apontou que em março passado o custo de produção do frango girou em torno de R$2,80/ kg, resultado que significou ligeira alta (+0,36%) sobre os R$2,79/kg estimados para o mês de fevereiro. Portanto, em relação ao último trimestre de 2018 recuou apenas 2 (dois) centavos.

Comparativamente ao valor registrado em março de 2018 (R$2,70/kg), o custo deste ano é 3,70% superior. E embora as condições atuais sejam totalmente opostas àquelas enfrentadas

em 2016 (quando houve quebra de safra e o preço das matérias-primas tornou a produção do frango onerosa), o custo médio do primeiro trimestre de 2019 recuou apenas 0,86%.

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Notícias Curtas Produção

Em 2019 frango pode se tornar o 3º principal produto da agropecuária brasileira Nas mais recentes projeções da Secretaria de Política Agrícola do MAPA, os 22 principais produtos da agropecuária brasileira devem acumular, em 2019, valor bruto de produção (VBP) próximo do R$590 bilhões, resultado 0,76% superior ao estimado para 2018. Nesse total, os produtos da avicultura (frango e ovos) têm participação superior a 12%. Mas a principal contribuição vem do frango que, no corrente exercício, pode se tornar o terceiro principal produto da agropecuária brasileira, atrás apenas da soja e do boi. Na verdade, em comparação ao ano passado, o frango sobe apenas uma posição. Graças, de um lado, à sua recente e incisiva valorização; e, de outro lado, a umaeventual desvalorização do anterior ocupante do terceiro posto, a cana-de-açúcar. Assim, o frango tende a responder por 10,2% do VBP dos 22 principais produtos - índice 9,7% superior ao registrado em 2018. Já o ovo tende, por ora, a um resultado negativo em relação a 2018. Anterior ocupante do décimo-primeiro posto, pode recuar duas posições, pois seu atual desempenho sinaliza um VBP 8,20% menor que o do ano passado. É interessante notar que embora o VBP da produção animal represente apenas um terço do VBP total, quatro dos principais produtos do setor (boi, frango, leite e suíno) se encontram entre os 10 principais produtos da agropecuária brasileira.

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Exportação

Volume e receita da carne salgada aumentaram mais de um quarto no 1º trimestre de 2019 No primeiro trimestre de 2019 as exportações brasileiras de carne de frango sofreram recuo de 7,66% no volume embarcado e de 3,84% na receita cambial auferida. Mas não foi por culpa da carne de frango salgada que, pelo contrário, apresentou aumento de 26% no volume exportado. Curiosamente, a carne salgada foi o único dos quatro itens exportados a não registrar melhora de preço em relação ao mesmo trimestre de 2018: seu preço médio, no período, foi exatamente o mesmo de um ano atrás, com adicional de apenas dois centavos neste ano. Assim, sua contribuição em termos cambiais foi, também, 26% maior. Pena somente, que a participação da carne salgada nas exportações totais do produto seja mínima: pouco mais de 3% do volume; perto de 5% da receita. Assim, seus ganhos, embora significativos, não impediram que o volume global do trimestre recuasse quase 8% e a receita cambial fosse quase 4% menor. Tal resultado, entretanto, não representa perda para o setor exportador. Como, no período, o dólar experimentou valorização superior a 15%, os ganhos em moeda brasileira ficaram próximos de 12%.

Produção

Avicultura em São Paulo em um qüinqüênio: ovos, 15% a mais; carne de frango, 11% a menos Dados preliminares do Instituto de Economia Agrícola (IEA) da Secretaria da Agricultura do Estado de São Paulo apontam que em 2018 a avicultura de postura paulista produziu pouco mais de 1,220 bilhão de dúzias de ovos,volume quase 9% superior ao registrado no ano anterior. Nos últimos seis anos o setor registrou apenas um retrocesso – em 2014, ocasião em que a produção anual caiu perto de 10% em relação ao ano anterior. Porém, a partir daí o crescimento foi contínuo. Comparativamente a cinco anos antes o volume produzido aumentou mais de 15%, desempenho que corresponde a um incremento médio em torno de 3% ao ano. Já a carne de frango paulista vem percorrendo um caminho que, senão totalmente, vem apresentando características inversas. O pico de produção do setor ocorreu em 2015, no ano seguinte observando-se retração próxima de 8%. Em 2017 houve breve reação, mas insuficiente para cobrir a perda anterior. O tombo maior, porém, ocorreu em 2018, ano em que o volume produzido recuou pouco mais de 11%. No qüinqüênio, o volume produzido caiu 11,5%, índice que configura retração média próxima de 2,5% ao ano. Porém, comparativamente ao pico de 2015, o refluxo não ficou muito distante dos 16%.

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Consumo

Conhecimento e preferências da população do sul do Brasil sobre a carne de frango e suína

Consumidores estão exigindo qualidade e inocuidade dos produtos alimentícios que adquirem Autora: Kátia Maria Cardinal – Zootecnista e Doutoranda em Produção Animal (Universidade Federal do Rio Grande do Sul). Contato: katia.zootecnia@hotmail.com Orientadora: Andréa Machado Leal Ribeiro – Professora do departamento de Zootecnia (Universidade Federal do Rio Grande do Sul)

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sociedade moderna tem se tornado cada vez mais complexa. Conforme a população humana evolui, ocorrem mudanças nos padrões alimentares das pessoas. Estas modificações sofrem um processo histórico, semelhante nas várias regiões do mundo, relacionadas com o desenvolvimento econômico, cultural e demográfico, porém que obedecem a um certo padrão de mudanças que podem ser resumidas em cinco fases: pré-história, agricultura e criação de animais, revolução industrial, revolução tecnológica e mudanças comportamentais (Popkin, 1993). É possível afirmar que o consumo de alimentos no Brasil encontra-se entre as duas últimas fases: parte da população urbana está na fase da revolução tecnológica, com o aumento do consumo de gorduras e ingestão de alimentos processados e de açúcares

refinados, enquanto outra parte da população está na fase de apresentar mudanças comportamentais, que compreende consumir menor quantidade de gorduras, reduzir a relação n-6:n-3, aumentar a ingestão de carboidratos complexos, frutas e verduras, visando melhor qualidade de vida (Pedraza, 2004). Os fatores de influência no comportamento de compra são fatores psicológicos como motivação, percepção, memória, aprendizagem, estilo de vida, personalidade (Pinheiro et al., 2006), assim como estão ligados a similaridades de idade, histórico étnico, local de residência, identificação com uma atividade (Solomon, 2016) e aspectos tecnológicos, econômicos, culturais e nutricionais (Aguiais e Figueiredo, 2015). Na atualidade os consumidores estão exigindo qualidade e inocuidade dos produtos alimentícios que

adquirem. Há aumento na busca de informações em relação ao desenvolvimento de novos produtos, existe uma crescente preocupação em relação ao bem estar dos animais, como são alimentados e quais são as substâncias utilizadas na alimentação, assim como há preocupação com as consequências ambientais trazidas pela produção intensiva (Raimundo et al., 2013; Pouta et al., 2010). Na outra ponta, a avicultura e a suinocultura brasileira, ciente deste consumidor, buscam inovações incrementais para melhorar o processo produtivo já existente e entregar ao consumidor produtos cada vez mais saudáveis e com garantia de qualidade. Por estes motivos o país vem ocupando uma posição privilegiada no ranking mundial como produtor e exportador de carnes de frango e suína (IBGE, 2017). Apesar de uma intensa produção, busca por qualiA Revista do AviSite

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Consumo

Figura 1. Principais resíduos contaminantes que os entrevistados acreditam que possa ter na carne suína e de frango

Há aumento na busca de informações em relação ao desenvolvimento de novos produtos, existe uma crescente preocupação em relação ao bem estar dos animais, como são alimentados e quais são as substâncias utilizadas na alimentação, assim como há preocupação com as consequências ambientais trazidas pela produção intensiva 16

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dade e rígida fiscalização em todas as etapas do processo produtivo existe diversos mitos que estão vinculados à carne suína e de frango, assim como há uma parcela da população que apresenta restrições ao comprar estas carnes. Portanto, estudar o comportamento do consumidor é fundamental, e equivale a compreender as pessoas em seu papel de clientes, detectando e analisando quais produtos são comprados, como é realizada a compra, quanto estão dispostos a pagar e qual sua experiência em relação ao produto adquirido. Desse modo, esse estudo foi realizado com objetivo de conhecer as principais causas da rejeição de carne suína e de frango, avaliar o conhecimento da população sobre a produção de aves e suínos e identificar interesses dos consumidores em característica de produtos. A pesquisa foi realizada através de uma entrevista virtual, na qual foram feitas perguntas por meio de um questionário padronizado. O grupo de pesquisa do Laboratório de Ensino Zootécnico da Universidade Federal do Rio Grande do Sul do Programa em Pós-Graduação em Zootecnia reuniu professores e um técnico da indústria para coletar informações relevantes sobre o tema e auxiliar na elaboração das questões que compuseram o questionário. O questionário aplicado foi do tipo misto, composto por 22 questões, difundido através de redes so-

ciais, com perguntas de múltiplas respostas, escala de avaliação e outras com escala do tipo Likert. Para conhecer o perfil da população entrevistada foram realizadas perguntas do tipo demográficas. O questionário ficou acessível durante quatro meses no ano de 2016, sendo de possível acesso em todos os estados brasileiros. As questões abordaram o consumo de carne suína e de frango e seus subprodutos, assim como a preocupação com determinadas características do produto, como a aparência e presença de selo de fiscalização. Questões sobre métodos de criação foram respondidas avaliando o conhecimento dos entrevistados sobre lotação dentro de instalações, uso de substâncias para crescimento e o conhecimento da existência de legislação para a criação de aves e suínos. Os entrevistados também foram indagados sobre os fatores que são mais relevantes na hora da compra do produto: dentre as opções estavam “preço” e “bem estar animal”, e por quais diferenciais no produto o consumidor pagaria mais, como selo de “100% orgânico” e “Livre de antibióticos”. Foram entrevistadas 738 pessoas, com 60 % dos participantes do sexo feminino e 40 % do sexo masculino, idades entre dezoito e setenta anos, pertencentes à região sul do Brasil, porém com número mais expressivo no Rio Grande do Sul (88%). Dentre os participantes, 26,5% possuem ensino superior incompleto e 64% ensino superior completo. A distribuição dos participantes segundo a renda familiar variou entre renda de dois salários mínimos e mais de dezesseis salários mínimos. Os entrevistados apontaram que as principais fontes de informação sobre a produção de frangos e suínos são “internet”, “televisão” e “literatura científica”, 65% auto classificaram seu conhecimento sobre o tema como “bom” e “ótimo”, e 89% responderam ter conhecimento sobre a existência de legislação para produção de

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animais. Apesar da autoclassificação e do nível de escolaridade alto, ao responderem qual a forma mais utilizada pela indústria para a criação de frangos, 46% dos entrevistados optaram por imagens inadequadas, apontando superlotação e sistema Free Range como corretas ao que melhor representavam os sistemas de produção de frangos no Brasil. Em relação à criação de suínos, o índice de erro foi de 49% e as imagens de sistema siscal e de um sistema com super lotação foram apontadas como melhor representação da criação mais utilizada pelos suinocultores. Observando esses resultados é possível inferir que a distância existente entre o consumidor e os locais de produção pode ser um fator que resulte em ideias errôneas quando o consumidor tenta compreender quais foram os processos pelos quais os frangos e suínos passaram do nascimento até chegar na gôndola.

Do total de 738 pessoas entrevistadas, 88% são consumidores de carne suína. Os 18% não consumidores responderam que o motivo de não consumir é por não gostar do odor, sabor, não possuir hábito de consumo de carne suína e por questões de proteção animal. Para a carne de frango o percentual de consumidores sobe para 96,2, e os 3,8% não consumidores responderam que os motivos são, principalmente, as formas de criação e o uso de hormônios. Dentre os entrevistados, 61,5% acreditam que exista algum resíduo contaminante na carne, sendo apontados “antibióticos” e “hormônios” como as principais substâncias (Figura 1). Este resultado confirma um grande mito que envolve a avicultura até hoje, que é a utilização de hormônios para acelerar o crescimento. Este problema mercadológico não deve ser desprezado pelo setor, pois esta crença pode fazer com que o consumidor busque

outro produto imaginado sem resíduos, ou até mesmo deixe de consumir a carne. Também existe pressão por parte dos consumidores para que frangos e suínos sejam criados sem o uso de antibióticos promotores de crescimento, inclusive havendo o comportamento de buscar mercados alternativos. Os entrevistados (72%) responderam que estão dispostos a pagar entre R$ 2,00 e R$ 5,00 a mais para cada R$10,00 de carne se esta obtiver selo de bem estar, livre de antibiótico, orgânico ou agricultura familiar. Dentre os 738 entrevistados, 90,6% consomem algum tipo de embutidos de carne, sendo que presunto (79,3%), linguiça (71,7%) e bacon (64%) obtiveram os maiores percentuais de resposta positiva. Em contra partida, os produtos de carne de frangos obtiveram percentual de consumo inferior, como nuggets e salsicha com 24 e 45%, respectivamente. Na hora da compra dos

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Consumo presas e a comunidade científica busquem, cada vez mais, formas de esclarecer e informar os consumidores sobre a alimentação, criação e o abate dos animais. É necessário também maior consideração em relação à inspeção sanitária e à aparência do produto, fazendo com que mais pessoas consumam carne tendo a certeza de que é um ato seguro. A preocupação com a segurança do consumo leva uma parcela dos consumidores a estar disposto a pagar por um certificado de qualidade para a carne, evidenciando uma linha de produtos com certificação e que atende um consumidor mais exigente.

Figura 2. Itens com os quais os consumidores se preocupam na hora de realizar a compra do produto

Os entrevistados (72%) responderam que estão dispostos a pagar entre R$ 2,00 e R$ 5,00 a mais para cada R$10,00 de carne se esta obtiver selo de bem estar, livre de antibiótico, orgânico ou agricultura familiar 18

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produtos, os entrevistados dizem se preocupar mais com aparência, inspeção sanitária e preço, e menor porcentagem de preocupação aparece para bem estar animal, alimento saudável e marca do produto (Figura 2). O fato de a marca ser o menor fator de preocupação na hora da compra chama a atenção; para o consumidor o mais importante é que a carne preencha os quesitos de aparência, inspeção sanitária e preço. Uma hipótese que explicaria este comportamento é o fato de que as carnes de frango e de suíno são vendidas de forma homogênea, tanto em peso quanto em aspecto, independentemente da empresa fabricante. Esse resultado também demonstra que o consumidor está observando demais aspectos do produto além do preço, e também está disposto a pagar uma bonificação por um selo que simboliza uma garantia de qualidade, o que possibilita que as empresas optem por fabricar produtos diferenciados. Diante dos resultados apresentados, percebe-se que a porcentagem de pessoas que consome carne de frango e de suínos é grande, porém os consumidores ainda possuem pouco conhecimento sobre a produção dessas espécies, mesmo com a possibilidade de acesso a informações disponíveis em meios de comunicação, como internet, e também na literatura. Ainda existe o mito do uso de hormônios na produção e mostra-se indispensável que as em-

REFERÊNCIAS Aguiais, E. G.; Figueiredo, R. S (2015). “Correlação entre consumo de carne de frango e renda no Brasil (2002-2009)”. Qualia: a ciência em movimento. v. 1, n. 1, p. 64-77. Instituto Brasileiro De Geografia E Estatística (2017). Indicadores IBGE: estatística da produção pecuária. Rio de Janeiro. Acess: <ftp://ftp.ibge.gov.br/Producao_ Pecuaria/Fasciculo_Indicadores_IBGE/ abate-leite-couroovos_201701caderno. pdf> Acesso em: 10 jan 2018. Figueroa, D. (2004). "Padrões Alimentares: da teoria à prática–o caso do Brasil." Revista virtual de humanidades, v. 5, n. 09. Pinheiro, R. M.; Castro, G. C. de; Silva, H. H.; Nunes, J. M. G. (2006). “Comportamento do consumidor e pesquisa de mercado”. Rio de Janeiro: FGV. Popkin, B. M. (1993). "Nutritional patterns and transitions." Population and development review. p. 138-157. Pouta, E., Heikkilä, J., Forsman-Hugg, S., Isoniemi, M., & Mäkelä, J. (2010). “Consumer choice of broiler meat: The effects of country of origin and production methods.” Food quality and preference, 21, p. 539-546. Raimundo, L. M. B. (2013). “Comportamento do consumidor de alimentos: uma análise do consumo de carnes em São Paulo.” 168p. Dissertação de Mestrado - Universidade Federal de São Carlos. Solomon, M. R. (2016). “O Comportamento do Consumidor - Comprando, Possuindo e Sendo.” São Paulo: Bookman.


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Cobertura Especial SBSA

Setor avícola se reúne para o Simpósio Brasil Sul de Avicultura Encontro foi marcado por homenagens e por um grande avanço do setor avícola

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á 20 anos o Núcleo Oeste de Médicos Veterinários e Zootecnistas (Nucleovet) criou o Simpósio Brasil Sul de Avicultura, projetando na época uma avicultura de ponta, que abrisse mercados, que gerasse empregos e que atendesse a demanda por produção de proteína animal de qualidade. O ano era 1998, e foi um ano histórico em que houve o I Simpósio Brasil Sul de Avicultura, ainda no acanhado Hotel Lang, na mesma Chapecó (SC), para cerca de 200 participantes. Na época, a produção brasileira de frango era cerca de 5 milhões de toneladas, sendo que o consumo interno não chegava a 28 kg/hab/ano. Estávamos prestes a dar um salto de produção e exportação e muitos dos assuntos sanitários, nutricionais e de mercado passaram pelos nossos Simpósios. Aquele final dos anos 90 foi marcado pela abertura da economia latino-americana que proporcionou condições favoráveis ao setor agroindustrial, as agroindústrias processa-

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doras redefiniram suas estratégias empresariais, assim como a reestruturação e reorganização da base agroindustrial da cadeia produtiva do frango. De acordo com Rodrigo Toledo, Presidente do Núcleo Oeste de Médicos Veterinários e Zootecnistas, os principais e mais relevantes assuntos sanitários, nutricionais e de mercado passaram pelos Simpósios. “Participamos e assistimos o desenvolvimento da cadeia avícola e seu eficiente desempenho nas últimas décadas que podemos atribuir a fatores como o empreendedorismo e a pesquisa. No entanto ao longo do tempo observamos que esta cadeia, que é muito competitiva e possui uma margem estreita de lucro, é completamente vulnerável a condições sanitárias. Por isso a cada ano discutimos aqui temas como colibacilose, salmonelose, micoplasmose e doenças virais como Gumboro, Newcastle, Bronquite, Influenza entre tantas outras”, aponta Toledo. Apesar de enfrentar ao longo de duas décadas temerosos desafios, co-

mo a convivência com um câmbio pouco confiável, o aumento nos custos dos insumos e os fracos incentivos governamentais em prol da competitividade da cadeia de produção, o setor se mantém firme como o principal player internacional. Frente aos obstáculos, a cadeia avícola brasileira mantém seu foco associativo, na gestão empresarial, na otimização de recursos, na pesquisa, nos investimentos em estrutura de produção e na qualificação de seus profissionais. Como resultado, o setor colhe frutos como a qualidade de produto e o status sanitário que fizeram da avicultura brasileira referência internacional. “Com orgulho e trabalho participamos ativamente dessa história. O objetivo do Nucleovet com o Simpósio Brasil Sul de Avicultura & Poultry Fair é promover a competitividade e o desenvolvimento sustentável da avicultura brasileira e fomentar o empreendedorismo fortalecendo a economia. E assim o fazemos até hoje, cercados de um grupo de voluntários que a cada ano se reúne para pensar e organizar estes en-


contros técnicos”, enaltece Rodrigo Toledo. Ele ainda aponta que o SBSA & Poultry Fair fazem parte de um projeto maior de disseminação da informação, produção e difusão de conhecimento, criando oportunidades para o segmento produtivo e contribuindo para tornar os elos da cadeia da avicultura mais fortes para atuar no mundo globalizado. “Somos gratos pelos que iniciaram esse projeto, pelos que colaboraram e ainda colaboram com o Nucleovet e pelos profissionais que a cada ano se dirigem à Chapecó para renovar seus conhecimentos. Preparamo-nos ao longo desses 20 anos e estamos nos preparando para o futuro”, disse Toledo.

20ª Edição analisa questões sanitárias para segurança da avicultura Na abertura do SBSA, Gordon Burtland, diretor da G&S Agriconsultants, abordou a visão do consumidor, no que se refere ao mercado de carnes. Segundo ele, são necessários ajustes para se adequar à demanda atual. “Precisamos enfrentar questões duras, como por exemplo, o que é necessário mudar, como e onde produzimos. O consumidor precisa e quer saber a procedência e como foi produzido o alimento que está em seu prato, se a empresa fornecedora segue regras de bem estar animal e humano e também o impacto ambiental da produção avícola”, destacou. Ainda no primeiro dia de SBSA, André Machado, do Grupo Pão de Açúcar, analisou o mercado de carnes, sob a ótica do setor varejista. Segundo ele, as intensas mudanças sofridas no mercado de alimentos, demandam altos padrões de qualidade relacionados a diferentes temáticas dentro da cadeia de alimentos como: segurança sanitária, questões ambientais e bem-estar animal. Essas mesmas são promovidas por novos comportamentos alimentares e exigências dos consumidores ao redor do mundo. “O consumidor de hoje tornou-se mais interessado sobre a

qualidade e a segurança do alimento e dos efeitos negativos da produção agrícola e industrial. O setor de alimentos tem evoluído cada vez mais em nível internacional. A demanda do mercado não é mais resumida pelas preferências dos consumidores locais ou regionais. O desenvolvimento do setor e do mercado de alimentos ocasiona inúmeras mudanças organizacionais e estruturais na cadeia, agindo sobre os agentes de produção, transformação, comércio e distribuição. A posição do Brasil, como grande exportador de produtos do agronegócio, garantiu a profissionalização intensa da cadeia com o objetivo principal de atender às exigências de mercados com elevados padrões de segurança, como Europa e Estados Unidos”, apontou. Ainda segundo Machado, a evolução e o aumento das normas relacionadas à segurança sanitária e ligadas à qualidade alimentar nos países desenvolvidos, são baseadas nas condições de padronização como resposta às preocupações do consumidor relativas à segurança e a qualidade alimentar; no desenvolvimento científico dos riscos ligados aos alimentos e às preocupações quanto aos consideráveis valores econômicos ligados aos riscos sanitários. “A segurança ali-

Rodrigo Toledo

“Participamos e assistimos o desenvolvimento da cadeia avícola e seu eficiente desempenho nas últimas décadas que podemos atribuir a fatores como o empreendedorismo e a pesquisa”

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Cobertura Especial SBSA

O objetivo do Nucleovet com o Simpósio Brasil Sul de Avicultura & Poultry Fair é promover a competitividade e o desenvolvimento sustentável da avicultura brasileira e fomentar o empreendedorismo fortalecendo a economia “O mercado de alimentos e as tendências de consumo têm evoluído dinamicamente nos últimos anos acompanhando as mudanças da sociedade. Para atender novas preocupações e padrões de exigência, a cadeia da carne deve se adaptar e a este novo cenário social. É de grande importância que a cadeia se organize de maneira profissional e coesa para garantir seu sucesso e sobrevivência. Preocupações que no passado eram inexistentes, passam a atingir certos nichos de mercado e vêm influenciando gradativamente a maneira de produzir. O varejo, dentro deste cenário, tem a responsabilidade de saber compreender as novas demandas do consumidor e transmiti-la retroativamente pela cadeia. A informação correta e assertiva é fundamental para esta evolução”. André Machado, Grupo Pão de Açúcar

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mentar e o controle de qualidade durante todas as etapas de produção dentro do sistema agroindustrial têm apresentado, nos últimos anos, uma considerável evolução dos sistemas e normas envolvidos. A cadeia produtiva animal sofreu intensas mudanças no que diz respeito a esses parâmetros. Porém, as tendências que incitam as modificações da cadeia não se restringem somente às questões de inocuidade do alimento. Atualmente, a preocupação do consumidor,

evolui de tal modo que vai além das condições de segurança sanitária. A qualidade dos alimentos e sua maneira com que são produzidos, o bem-estar animal, a utilização de produtos geneticamente modificados, o uso de hormônios e outros promotores de crescimento, as novas preferências culturais e a preservação de recursos naturais e proteção ao meio ambiente se tornaram os grandes temas de debate sobre a evolução da agroindústria”, destacou.


Jornalista Willian Waack foi o grande convidado da noite de abertura do SBSA Jornalista Willian Waack, ex-Rede Globo, foi o grande convidado da noite de abertura do SBSA. O assunto principal de sua apresentação foi relativa à falta de governabilidade do Presidente Jair Bolsonaro. Segundo ele, houve uma onda pró-Bolsonaro, em torno de valores morais e éticos, que o levou à vitória, mas não em torno de vantagens econômicas. “Essa foi uma eleição ditada pela insegurança, baseada em valores diferentes daqueles sob a ótica política. Qual a condição ele tem de governar? Qual o seu principal desafio?”, questionou Waack. Ele tentou responder a estas difíceis questões. “Hoje há uma grande insegurança que permeia nossas relações políticas e com a vitória de Bolsonaro, houve uma transformação radical no jeito de fazer política, com um sentimento de engrandecimento moral, uma herança que recebemos da Lava-Jato, que se tornou uma expressão popular contra a corrupção”, apontou.

Waack: “Hoje há uma grande insegurança que permeia nossas relações políticas e com a vitória de Bolsonaro, houve uma transformação radical no jeito de fazer política”.

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Cobertura Especial SBSA

“Atualmente três temas tem tido grande relevância na gestão da produção de frangos: 1) Redução do custo de produção com remuneração dos produtores em níveis a garantir fluxo de investimentos nas granjas. 2) Biosseguridade - Assegurar baixos índices de contaminação dos lotes por Salmonela sp. (principalmente as ambientais). 3) Estar preparado para uma possível restrição ao uso dos AGPs (Antibiotic Growth Promoters). A adesão na produção de frangos sem o uso de AGPs vem aumentando nos principais centros de produção avícola. A Europa desde 2006 baniu seu uso e nos últimos anos vem apresentando também uma consistente redução no volume de uso de antibióticos utilizados nos tratamentos dos lotes. Os Estados Unidos (EUA), que sempre foram considerados “conservadores” para essa tendência, impulsionados pelas exigências do consumidor, já estão produzindo em torno de 50% dos frangos

No painel sobre “O frango do futuro”, Eduardo Souza, da Aviagen, afirmou que os avicultores devem continuar na trajetória e ajudar a alimentar essa crescente população, produzindo proteína animal a baixo custo e aplicando boas práticas de bem-estar animal, minimizando o impacto ambiental.

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AGP Free, obtendo custos de produção muito próximos àqueles obtidos na produção de frangos com APG. No Brasil, são poucas as empresas que estão se dedicando a produção AGP Free. Estima-se que menos de 20% da produção de frangos brasileira atende esse segmento. O receio de um aumento no custo de produção e redução da produtividade tem sido as principais barreiras a esse tipo de produção. É possível afirmar que os lotes AGP Free apresentaram uma excelente qualidade intestinal, mesmo diante de alto desafio por enterite bacteriana, desde que, claro, sejam respeitadas as boas práticas de produção. A evolução dos resultados de performance, sanidade e custos obtidos na integração, sempre levando em consideração a realidade e histórico da empresa, tem nos deixado otimistas quanto ao potencial da produção AGP Free”. Eduardo Leffer Gerente Fomento Frangos de Corte - Coopavel

“A evolução da indústria avícola nos últimos 100 anos foi impressionante. Em todas as áreas: saúde (vacinas e medicamentos), nutrição (exigências nutricionais e dietas balanceadas), equipamentos (incubatórios, granjas e abatedouros), técnicas de manejo e genética. Falar sobre o futuro não é confortá-

vel e a chance de errar é grande”, disse e completou: “As variáveis são muitas e estão em constante mudança, novos fatores aparecem e o que parecia previsível o deixa de ser. Podemos temerosamente arriscar uma projeção, mas antes devemos recordar o passado e analisar o presente”, apontou.


“É crescente a preocupação com o surgimento de bactérias resistentes à antibióticos e sua conexão com o uso de antibióticos na produção animal. Historicamente, na avicultura os antibióticos são usados com fim terapêutico ou como “promotores de crescimento” (em baixas doses para favorecer o desempenho do frango). Nos últimos 5 anos, houve um acelerado crescimento na produção de frangos sem antibióticos como promotores de crescimento (ABF – Antibiotic Free / Livre de Antibióticos) e sem nenhum uso de antibiótico (NAE – No Antibiotic Ever / Sem Antibióticos). Por exemplo, nos Estados Unidos, em 2013 e 2014, em torno de 5% dos frangos produzidos foram criados sem antibióticos ou ionoforos. Em 2018, metade dos frangos produzidos enquadraram-se nesta categoria – NAE. Na Europa, o uso de antibióticos como promotores de crescimento foi banido em 2006”. Eduardo Souza, da Aviagen

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Cobertura Especial SBSA Em outro ponto de destaque durante o SBSA, Alex Maiorka, do Departamento de Zootecnia Universidade Federal do Paraná abordou os fatores que afetam a qualidade dos pintinhos e o desempenho no abate. Maiorka explicou que os fatores que afetam o desenvolvimento precoce do pintainho vêm despertando interesse, devido à progressiva diminuição do tempo de produção dos frangos, já que os pri-

meiros dias do pintainho representam uma proporção crescente do tempo total para a produção. “O peso do pintainho é determinado primariamente pelo peso inicial do ovo, correspondendo a valores entre 62% a 78% desse peso. Outros fatores que interferem no peso do pintainho estão relacionados à perda de peso durante a incubação, linhagem, tempo e condições de incubação, idade da ma-

O frango do futuro em debate o Simpósio Brasil Sul de Avicultura: da esquerda para a direita, Eduardo Souza (Ross), Mark Cooper (Cobb) e Frederic Fagnoul (Hubbard) realizaram uma análise sobre o avanço genético avícola e o que o mercado pode esperar da evolução da aves

triz e o sexo da ave. A relação entre o peso do ovo e o peso inicial do pintainho e seu subsequente desenvolvimento é de grande interesse para a indústria. Sabe-se que o tamanho do ovo está relacionado numa forma curvilínea com a idade da reprodutora pesada, aumentando de 45 g às 24 semanas de idade, até 80 g às 64 semanas. À medida que as matrizes envelhecem produzem folículos.”, disse.

A Hubbard promoveu um grande debate sobre a evolução de sua genética avícola no Simpósio Brasil Sul de Avicultura. Participaram David Fyfe, Diretor Comercial da empresa, e Frederic Fagnoul, geneticista chefe da Hubbard

Maiorka:“O peso do pintainho é determinado primariamente pelo peso inicial do ovo, correspondendo a valores entre 62% a 78% desse peso

Espaço Connect patrocinado pela Boehringer Ingelheim é pura conectividade de pessoas! A campanha de MKT comemora mais de 100 bilhões de doses da vacina VAXXITEK HVT+IBD. A equipe de Avicultura em peso no Simpósio Brasil Sul de Avicultura em Chapecó

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Em outro ponto de destaque durante o SBSA, Alex Maiorka, do Departamento de Zootecnia Universidade Federal do Paraná abordou os fatores que afetam a qualidade dos pintinhos e o desempenho no abate. Maiorka explicou que os fatores que afetam o desenvolvimento precoce do pintainho vêm despertando interesse, devido à progressiva diminuição do tempo de produção dos fran-

gos, já que os primeiros dias do pintainho representam uma proporção crescente do tempo total para a produção. “O peso do pintainho é determinado primariamente pelo peso inicial do ovo, correspondendo a valores entre 62% a 78% desse peso. Outros fatores que interferem no peso do pintainho estão relacionados à perda de peso durante a incubação, linhagem, tempo e condições de incubação, idade da ma-

triz e o sexo da ave. A relação entre o peso do ovo e o peso inicial do pintainho e seu subsequente desenvolvimento é de grande interesse para a indústria. Sabe-se que o tamanho do ovo está relacionado numa forma curvilínea com a idade da reprodutora pesada, aumentando de 45 g às 24 semanas de idade, até 80 g às 64 semanas. À medida que as matrizes envelhecem produzem folículos.”, disse.

Práticas de utilização de vacinas para o controle de salmoneloses em frangos de corte foi tema de apresentação de Luiz Felipe Caron, da Universidade Federal do Paraná Luiz Felipe Caron, da Universidade Federal do Paraná abordou no último dia do SBSA o tema Práticas de utilização de vacinas para o controle de salmoneloses em frangos de corte. Caron aponta que ao se determinar programas de vacinação de reprodutoras, há naturalmente um foco no impedimento da evolução de transmissão vertical (ou mesmo lateral na eclosão), além da diminuição da incidência nas próprias matrizes, e da prevalência ambiental, dependendo do tipo de vacina. “Há que se respeitar a identidade das cepas vacinais com o desafio de cada empresa, visto as respostas imunes específicas entre diferentes sorovares, onde o conceito de imunidade cruzada, que está pre-

sente algumas vezes, nem sempre significa proteção cruzada, o que depende de outros fatores”, disse. “O benefício para o frango como resultado final do controle, é algo pertinente à vacinação das matrizes, visto a pirâmide de transmissão possível, uma intervenção neste ponto pode trazer benefícios, sempre como estratégias a longo prazo, como avaliações e validações nos animais e no ambiente. Se ao contrário o objetivo é a vacinação do frango, o ponto de partida após a avaliação do custo-benefício, é que no produto foco (frango) se estará operando mais uma barreira, a imune específica, como resultado da vacinação”, disse e completou: “No frango normalmente como

resultado da vacinação em massa, mas dado o nível de desafio e dificuldade atual em algumas situações, também já elencado como estratégia de vacinação individual, seja via mucosa ou mesmo parenteral. A resposta imune contra Salmonella é mediada pelas defesas inatas (mucosas,macrófagos células NK interferons etc....) e pela defesa adaptativa (anticorpos e Linfocitos T específicos (CD4 e CD8). Todas são importantes. Não se pode caracterizar uma como mais importante em detrimento da outra. A questão é como se pode estimular todas estas respostas artificialmente de forma mais ampla e segura com a utilização de vacinas”, destacou.

“Investir na defesa inata é algo inteligente, o que significa incremento da qualidade intestinal, qual a qualidade da matéria prima do alimento, microbiota intestinal e respiratória, e uma grande variedade de ferramentas para intervenção pontual ou constante, inclusive a vacinação. Dentro do contexto da vacinação, é convencional se dividirem as vacinas em inativadas (chamadas não replicantes), e as vacinas vivas atenuadas (chamas replicantes). Classicamente dependendo do tipo de vacina, se determina a via de aplicação e consequente a isto o tipo de resposta. Caron A Revista do AviSite

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Cobertura Especial SBSA Vetanco presente no Simpósio Brasil Sul de Avicultura

A Vetanco Brasil participou da 11ª Brasil Sul Poultry Fair, fortalecendo o produto Uniwall MOS 25, aditivo prebiótico da linha BV Science, uma combinação estratégica de três componentes: ácidos orgânicos, parede celular de levedura associada a um carreador mineral. Uniwall MOS 25 é

único em sua finalidade como alternativa ao uso de antimicrobianos. O SBSA também contou com a presença total do Departamento Comercial de Avicultura - Brasil, além de vários colegas da América Latina, como o Coordenador Técnico Comercial da Vetanco, MV Bru-

no Vecchi, o Representante de Vendas de Aves, Alejandro Dobie, da filial argentina; Raúl Zinola e Dr. Joaquín Fajardo, da Vetanco Uruguai; Juan Carlos Palomeque e Rodrigo García, do Departamento de Granja Três Arroyos - Uruguai e Carlos Guedes, responsável pelas unidade de reprodutoras. O Nucleovet homenageou a filial brasileira da Vetanco, por ser uma das empresas com maior participação ao longo dos anos neste prestigioso evento. Desde que a Vetanco se instalou no Brasil, participou de todas as edições do SBSA. Outro ponto alto dessa semana muito intensa, foi a realização do 6ª edição do Jantar do Galo, na noite da segunda feira, 01 de abril, na sede social da Vetanco em Chapecó, onde a companhia reuniu clientes, fornecedores e colegas para confraternizar e reforçar laços sempre com profissionalismo nas relações de negócios.

Biocamp: êxito em sua participação no Simpósio Brasil Sul de Avicultura A Biocamp realizou um workshop sobre Controle de Salmonelas paratíficas - visão europeia e brasileira – trazendo como palestrantes, dois grandes especialistas na área, Dr. Paul Barrow, da Universidade de Nottinghan, Reino Unido e Dr. Angelo Berchieri Junior – da Unesp, Jaboticabal. O evento contou com a participação de quase 200 pessoas que trouxeram discussões valiosas de interesse para a avicultura industrial. Na 11ª Poultry Fair, a empresa lançou sua nova identidade visual e reforçou, nesta oportunidade, o mais completo portfólio de probióticos do mercado, a linha Colostrum®, com produtos indicados para diferentes necessidades da produção avícola.

Paulo César Martins, Diretor da Biocamp

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Cobertura Especial SBSA Palestrantes da Cobb-Vantress abordam critérios de condenação e o frango do futuro no SBSA 2019 Os especialistas convidados pela Cobb-Vantress para o SBSA compartilharam relevantes experiências e conhecimentos com os mais de 1.500 participantes do evento. Os especialistas Mike Casto e Philip Hammond, abordaram critérios de condenação, enquanto Mark Cooper trouxe insights sobre as características mais visadas no desenvolvimento do frango do futuro. O primeiro palestrante foi Mike Casto, que apresentou “Critérios de Condenação – Visão Americana”. O especialista mundial da Cobb abordou como funciona o processo de inspeção e condenação nos Estados Unidos, incluindo todo o procedimento interno das principais empresas no que diz respeito a lavagens, desinfecções e limpezas de carcaças na etapa final da produção. Casto também demonstrou todo o cuidado necessário no processo para identificação de Salmonella e o trabalho realizado para identificação e controle da enfermidade. Para o palestrante, desde que o programa de tolerância zero para Salmonella foi implementado, em 2003, o mercado americano vem

Mike Casto, especialista mundial da Cobb, apresentou “Critérios de Condenação – Visão Americana”

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registrando reduções consideráveis em contaminações pela doença, com queda significativa nos índices, passando de 10%, em 2006, para menos de 2%, em 2015. Casto detalhou o trabalho de inspeção interna realizado pelas empresas produtoras e o esforço do governo americano para certificar e aprovar o processo, garantindo a segurança alimentar. O especialista abordou o chamado NPIS (New Poultry Inspection System), em que as empresas mantém funcionários nas plantas utilizando as mesmas especificações do governo, inclusive com os mesmos programas de treinamento. Pelo sistema, a agência reguladora norte-americana realiza o que definiu como uma abordagem offline, verificando a inspeção realizada internamente pelos funcionários. O governo mantém apenas um inspetor de carcaça no final da linha de processamento, antes das etapas de desinfecção e resfriamento. À agência, cabe verificar os processos, os controles e as amostras, interferindo quando houver problemas persistentes, com planos de ações e melhorias a serem contemplados pela empresa. O palestrante também abordou os critérios que levam à condenação e o reprocessamento e a lavagem de carcaças como alternativa para melhor aproveitamento das aves, sempre com o objetivo de ter um produto de alta qualidade oferecido ao consumidor. “Nos Estados Unidos pesamos todas as condenações, sejam elas parciais ou totais. Esta é a única forma de sermos precisos quanto a elas, reavaliando procedimentos internos que possam ter maior sucesso”, explicou. “Nosso procedimento registra poucas contaminações como motivadores de condenação por que na maioria dos casos é possível reprocessar as aves, corrigindo falhas”, completou. Na sequência, o médico veteri-

nário Philip Paul Hammond, do núcleo de saúde aviária da BVetmedPGCert, ministrou palestra sobre “Critérios de Condenação – Visão Europeia”. Segundo ele, as inspeções de higiene acontecem a cargo de fiscais do governo ou contratados pela indústria. Estes profissionais atuam após o depenamento, reportando anormalidades à agência de padrões alimentares. O foco total do trabalho é para a segurança alimentar, com especial atenção para o controle de Salmonella e o monitoramento do bem-estar animal. De acordo com Hammond, se as especificações de bem-estar não são seguidas e há registro de altas taxas de mortalidade, pobres condições de criação e enfermidades, a empresa pode ser penalizada severamente. O especialista explicou os dois limiares considerados na avaliação dos números relacionados à produção, com automatização total de dados, e testes de Salmonella antes do processamento das aves. Segundo o palestrante, consumidores e varejistas acompanham de perto os produtores no Reino Unido, o que pode gerar um enorme impacto comercial. “As condenações dependem muito do país em que se está, em virtude dos critérios e tecnologias disponíveis, com diferentes interpretações sobre treinamento e conformidade. Mas o objetivo deve ser sempre produzir carcaças de alta qualidade e seguras para se alimentar, mantendo o bem-estar das aves”, finalizou. Encerrando as participações da Cobb no evento, Mark Cooper, diretor de produto da companhia, demonstrou o “Frango de Corte do Futuro”. O palestrante iniciou sua apresentação comentando a pirâmide de produção para desenvolvimento de novas linhas, com a necessidade de até 15 anos para que uma linhagem totalmente nova chegue ao consumidor. Por este motivo, em sua avaliação, as empre-


sas de melhoramento genético devem focar hoje no que o mercado poderá ter interesse em 15 anos. Cooper explicou o trabalho anterior realizado pela Cobb com um produto de múltiplo uso, o Cobb500, e a tendência atual para a diversificação de produtos oferecidos, no sentido de atender às necessidades específicas de cada mercado. “Ouvimos o cliente para saber o que compram e porque é importante que a ave seja daquela forma, assim como ouvimos os varejistas, os integradores, e as empresas produtoras, e olhamos tendências de curto e longo prazo”, afirmou. O especialista abordou também a retirada dos antibióticos da produção de pedigrees da Cobb, na década de 90, o que levou ao oferecimento de matrizes sem antibiótico a partir de 2016, e os ajustes que o mercado precisou realizar para manter os bons resultados na produção antibiotic free.

Atualmente, Cooper destacou o foco no bem-estar das aves como uma das principais tendências da indústria, citando que, das mais de 60 características avaliadas na seleção genética, quase a metade está relacionada à saúde e bem-estar dos planteis. Para o futuro, Mark Cooper destacou a tendência de abate de aves cada vez mais pesadas por parte de alguns mercados e o aumento do foco na qualidade da carne. “Nossa responsabilidade no desenvolvimento de matrizes é muito grande, por isso, temos sempre que trabalhar em conjunto com o cliente, ouvindo e entendendo suas necessidades”, finalizou. O Simpósio Brasil Sul de Avicultura é um dos mais importantes eventos nacionais para o mercado avícola e acontece anualmente. A Cobb foi patrocinadora do evento e comemorou, em 2019, 18 anos de participação nas edições do simpósio.

Mark Cooper, diretor de produto da companhia, demonstrou o “Frango de Corte do Futuro”

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Cobertura Especial SBSA Ceva apostou em ação solidária inédita durante o Simpósio Brasil Sul de Avicultura

Juntos, além da saúde animal! Apostando em iniciativas com fomentem essa missão, a Ceva Saúde Animal realizou uma ação inédita durante a participação no 20º Simpósio Brasil Sul de Avicultura (SBSA). A iniciativa, com foco na solidariedade, foi desenvolvida pelo marketing da companhia que formatou uma atividade lúdica e diferenciada para o estande da Ceva no evento. Os visitantes foram convidados a realizar a vacinação de pintinhos de pelúcia com a Cevac IBras, primeira e única vacina viva con-

tra bronquite infecciosa variante brasileira BR. Na sequência, os participantes respondiam um quiz sobre a doença, e ao final do circuito, arrecadavam 1Kg de carne de frango para doação. “A solidariedade é um dos valores da Ceva, por isso, apostamos nessa iniciativa. O dinheiro que usaríamos para confecção de brindes foi investido em alimento, que irá beneficiar instituições de caridade. Serão sorteados quatro projetos que receberão as doações”, afirma o Diretor da Unidade de Aves da Ceva, Giankleber Diniz.

A iniciativa movimentou o SBSA e atraiu diversos visitantes ao estande da Ceva, ao todo mais de mil pessoas visitaram o espaço e participaram da ação solidária. “A solidariedade é um valor que a Ceva promove fortemente ao redor do mundo, e por isso quisemos trazer esse conceito também para os nossos eventos, apostando em ações que realmente façam a diferença no mundo”, afirma o Gerente de Marketing da unidade de Aves da Ceva, Tharley Carvalho. Ao final do evento, a Ceva arrecadou mais de uma tonelada de carne de frango que será doada para quatro instituições de caridade. A escolha das causas apoiadas será feita pelos visitantes que serão sorteados nos próximos dias. “Essa ação representa muito dos valores que trazemos como empresa, que é focar no nosso cliente e colaborar com o desenvolvimento da avicultura e da sociedade da forma que for necessária, não exclusivamente através do fornecimento de produtos. Além disso, essa iniciativa tem características marcantes, além do foco social, ela foi desenvolvida por muitas mãos, por toda nossa equipe, e tem a cara da Ceva”, finaliza o Gerente de Produtos da unidade de Aves da Ceva, Felipe Pelicioni.

MSD Saúde Animal participa do 20º Simpósio Brasil Sul de Avicultura A MSD Saúde Animal esteve presente ao SBSA. A empresa promoveu um workshop disruptivo, integrado com a transformação que o mercado vivencia e vivenciará nos próximos anos. Com o tema: “Venha vivenciar o futuro agora com uma experiência diferente”. Em seguida, a companhia oferecerá um “Happy Hour Show”. “O workshop foi uma oportunidade ímpar para os nossos convidados vivenciarem de uma maneira totalmente diferente assuntos relevantes do nosso setor,”, diz Thiago Tejkowski, gerente de marketing da unidade de negócios de avicultura da MSD Saúde Animal. De acordo com o executivo, o compromisso da MSD Saúde Animal é aumentar a eficiência da produção, focando na sanidade das aves e garantindo uma produção com qualidade. Hoje, a avicultura está cada vez mais pautada em tecnologia e inovação, resultando em uma das mais modernas e competitivas do mundo. Por essa razão, Tejkowski reforça a presença da MSD Saúde Animal no evento.

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Thiago Tejkowski, gerente de marketing da unidade de negócios de avicultura da MSD Saúde Animal


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Informativo Técnico Comercial

Diferentes fontes de Metionina em níveis equimolares iguais alcançam o mesmo desempenho em frangos de corte A eficácia da suplementação de metionina sintética nas dietas foi calculada como a ingestão de metionina extra necessária para produzir 1g de ganho de peso corporal extra Autores: Dolores I. Batonon-Alavo e Yves Mercier, Adisseo France

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xperimentos conduzidos no Centro de Pesquisa da Adisseo na França (Center of Expertise and Research in Nutrition - CERN) confirmaram que o uso de níveis equimolares das três principais fontes de metionina, DL-Metionina (DL-Met), L-Metionina (L-Met) e DL-HMTBA, adicionados a uma dieta basal deficiente em metionina, gerou similar performance em frangos de corte. Experimento 1: um total de 630 frangos machos de 1 a 36 dias foram alimentados com 7 dietas: uma dieta basal de milho e soja deficiente em metionina e 6 tratamentos com três níveis de suplementação de DL-

-Met ou L-Met (0,30%, 0,28% e 0,26% de metionina digestível nas dietas, respectivamente, por 0-10 dias, 11-24 dias e 25-36 dias). A eficácia da suplementação de metionina sintética nas dietas foi calculada como a ingestão de metionina extra necessária para produzir 1 g de ganho de peso corporal extra (Agostini et al., 2015 - Poultry Science). Os resultados mostraram que não houve diferença estatística em relação aos parâmetros de desempenho (consumo de ração, ganho de peso e taxa de conversão alimentar) em frangos de corte alimentados com DL-Met ou L-Met em cada nível de suplementação. A eficácia da metio-

Diferentes fontes de metionina, suplementadas em base equimolar, têm a mesma eficácia para promover o crescimento de frangos

Figura 1. Modelo exponencial do ganho de peso corporal em função da ingestão de aminoácidos sulfurados totais (AAST) de 0 a 42 dias (Experimento 3)

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Os resultados mostraram mesma eficácia de L-Met, DL-Met ou DL-HMTBA para promover o desempenho de frangos de corte nina suplementada foi de 13,46 ± 0,10 mg de metionina/ g de ganho de peso extra para dieta com DL-Met, que não foi significativamente diferente de 13,48 ± 0,23 mg de metionina/ g de ganho extra para a dieta com L-Met. A eficácia da DL-Met em relação à L-Met foi calculada utilizando coeficientes de modelo matemático exponencial e resultou em um intervalo de confiança de 97% a 102%. Portanto, conclui-se que DL-Met e L-Met são equivalentes para promover o crescimento de frangos de corte. Experimento 2: L-Met e DL-HMTBA foram comparados nas mesmas condições do experimento 1. A DL-HMTBA foi suplementada na ra-


A eficácia da DL-HMTBA em relação à L-Met também foi calculada utilizando coeficientes de modelo matemático exponencial e resultou em um intervalo de confiança de 98% a 102%

ção, considerando 100% de biodisponibilidade. Os resultados demonstraram que L-Met e DL-HMTBA também foram equivalentes em relação a todos os parâmetros de desempenho e em cada uma das três doses de metionina suplementada testada. A eficácia da metionina suplementada foi de 14,27 ± 0,23 mg de metionina/ g de ganho extra para dieta DL-HMTBA, que não foi significantemente diferente de 13,94 ± 0,15 mg de metionina/ g de ganho extra para a dieta com L-Met. A eficácia da DL-HMTBA em relação à L-Met também foi calculada utilizando coeficientes de modelo matemático exponencial e resultou em um intervalo de confiança de 98% a 102%. Portanto, conclui-se que DL-HMTBA e L-Met são equivalentes para promover o crescimento de frangos de corte. Experimento 3: um total de 1.365 frangos machos Ross PM3 foram alimentados, de 0 a 42 dias, com dietas suplementadas com quantidades equimolares de DL-Met, L-Met ou DL-HMTBA em três diferentes níveis de inclusão, além de uma dieta basal deficiente em metionina. DL-HMTBA foi adiciona-

do na alimentação (assumindo 100% de biodisponibilidade). Como esperado, os resultados mais uma vez mostraram mesma eficácia de L-Met, DL-Met ou DL-HMTBA para promover o desempenho de frangos de corte. Durante todo o período experimental, não foram observadas diferenças significativas entre as fontes de metionina sobre o consumo de ração, ganho de peso corporal, conversão alimentar ou eficácia de utilização de metionina por unidade de ganho de peso (Batonon-Alavo et al., 2016 - XXV WPC Beijing). Na Figura 1 vemos que o ganho de peso corporal dos frangos de corte melhorou com o aumento do teor de aminoácidos sulfurados totais (metionina + cistina) e para todas as fontes de metionina, até um platô ser alcançado. A eficácia relativa de DL-HMTBA versus DL-Met, DL-HMTBA versus L-Met, e L-Met versus DL-Met foi calculada em 101%, 102% e 100%, respectivamente. Portanto, a conclusão do estudo é que as três fontes de metionina suplementadas em base equimolar geraram o mesmo desempenho no crescimento dos frangos de corte. A Revista do AviSite

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Pesquisa

Conhecendo Campylobacter na avicultura Campylobacter é uma das principais causas de doenças transmitidas por alimentos em todo o mundo. Acredita-se que o patógeno seja responsável por cerca de nove milhões de casos de campilobacteriose humana por ano em países da UE Autora: Profa. Dra. Anderlise Borsoi Universidade Tuiuti do Paraná – UTP /Curitiba, PR.

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primeira pergunta em conversas é: e então o que a Campylobacter tem de diferente de Salmonella no controle? A segunda pergunta é: é mais fácil de controlar Campylobacter do que Salmonella? Se simples fossem as respostas, não teríamos ambas em níveis elevados na avicultura mundial. Porém é possível observar que são bactérias que estão presentes nos animais (fato). A contaminação horizontal é fecal-oral (simples). Se nós os agrupamos as aves mais e mais, essas bactérias sentem-se “confortáveis” a crescer e se espalhar (problema). Campylobacter é diferente de Salmonella e muito mais adaptada às aves. Ou seja, os níveis de controle não são presença ou ausência, mas sim o quanto temos deste patógeno em algum ponto de avaliação ou alimento. Campylobacter em carne de frangos ganha atenção especial para quem exporta a União Europeia (EU).

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Em janeiro/2019 o oficio circular do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA) com requisitos complementares para exportação à EU cita “recomenda-se que os estabelecimentos promovam estudos de prevalência do patógeno (Campylobacter) em sua cadeia produtiva, bem como trabalhos para prover o atendimento aos limites estabelecidos pela UE ou até a publicação de norma nacional sobre o tema pelo DIPOA (Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal), que seja declarada como equivalente”. Conhecer um pouco mais de Campylobacter na avicultura é necessário para uma abordagem correta deste patógeno nos planos de controle a serem criados pela indústria.

Introdução Por um longo período, a imagem da carne de frango e de ovos esteve fortemente associada às salmonelo-


ses. Embora este patógeno ainda seja encontrado entre os principais agentes de doenças transmitidas por alimentos, outras bactérias patogênicas que podem ser veiculadas pela carne de frango, como a Listeria monocytogenes e principalmente as espécies termófilas de Campylobacter (C), que vêm recebendo atenção nos últimos 30 anos por parte de indústrias e dos governos em diferentes países. C. jejuni e C. coli são geralmente consideradas comensais de gado, animais domésticos, animais de estimação e aves. Um grande número de Campylobacter foi isolado de animais jovens com enterite, incluindo os porcos, cordeiros e bezerros, mas os organismos são também encontrados em animais saudáveis. Recentemente um estudo demostrou que a Campylobacter foi agente causador de hepatite em poedeiras. Campylobacter é uma das principais causas de doenças transmitidas por alimentos em todo o mundo. Acredita-se que o patógeno seja responsável por cerca de nove milhões de casos de campilobacteriose humana por ano em países da UE. A carne de frango é uma fonte bem conhecida de Campylobacter; em 2010, a Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos (EFSA) estimou que entre 20% e 30% do total de casos de campilobacteriose em toda a UE podem ser atribuídos ao manuseio, preparação e consumo de carne de frango (EFSA, 2010). A Comissão Europeia promoveu um Painel sobre Perigos Biológicos em 2011 emitiu um parecer científico sobre Campylobacter na produção de carne de frango com as opções de controlo e objetivos de desempenho e / ou metas em diferentes fases da cadeia da carne de frangos. As principais conclusões foram: (i) existe uma relação linear entre a prevalência de Campylobacter em lotes de frangos de corte e risco para a saúde pública e (ii) reduzir o número de Campylobacter nos intestinos de frangos ao abate em 3log UFC/g reduziria o risco para a saúde

Legenda: CI: Campylobacter jejuni infectado; CI+CS: Campylobacter jejuni infectado+estresse por frio. Liver: fígado; Cecum: cecos Figura 2: Positividade de Campylobacter jejuni em fígados e cecos de aves submetidas à estresse por frio (6 horas/dia por 7 dias à 19°C) aos 21 dias de idade

pública em pelo menos 90%. A opinião concluiu que controlar Campylobacter na produção primária de frango resultaria em maiores benefícios para a saúde pública do que as intervenções em fases posteriores da cadeia alimentar (Crotta et al., 2017).

Características da bactéria Os membros do gênero Campylobacter (C) são tipicamente Gram negativos, não formadores de esporos, em forma de S ou em forma de espiral (0,2-0,8 µm de largura e 0,5-5 µm de comprimento), com flagelo polar único em uma ou ambas as extremidades, conferindo uma motilidade semelhante a um saca-rolhas característico. Estas bactérias requerem condições microaeróbicas, mas algumas cepas também crescem aerobicamente ou anaerobicamente. Eles não fermentam nem oxidam carboidratos. Algumas espécies, particularmente C. jejuni, C. coli e C. lari, são termofílicas, crescendo otimamente a 42°C. A espécie C. jejuni inclui duas subespécies (C. jejuni subsp. jejuni e C. jejuni subsp. doylei) que podem ser discriminados com base em vários testes fenotípicos e crescimento a 42°C (subsp. doylei não cresce a 42°C) (OIE, 2017). São facilmente destruídos pelo calor, não sobrevivem os processos térmicos de uso comum no preparo

Embora este patógeno ainda seja encontrado entre os principais agentes de doenças transmitidas por alimentos, há outras bactérias patogênicas que podem ser veiculadas pela carne de frango A Revista do AviSite

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Pesquisa Figura 3. As principais fontes potenciais de infecção de Campylobacter em lotes de frangos.

dos alimentos. A maioria das bactérias patogênicas transmitidas por alimentos são consideradas organismos relativamente robustos, como consequência da necessidade de sobreviver às condições hostis impostas tanto pelo processamento quanto pela aplicação de práticas de conservação de alimentos. Deste modo, para esta espécie, parece faltar muitas das respostas adaptativas que podem ser correlacionadas com a resistência ao estresse em outros patógenos alimentares.

Campylobacter e saúde pública Em humanos, a partir da análise de surtos de Campylobacter foi possível notar que o período de incubação varia de um a sete dias, embora 24 a 48h seja o mais comum. Os dados também indicam que a maior parte das infecções em humanos ocorre a partir da ingestão de um número relativamente baixo de células bacterianas, as quais se multiplicam no indivíduo até aparecerem sinais clínicos. A presença de febre e outros sinais prodrômicos antes do aparecimento de diarreia, sugerem que os efeitos inflamatórios da infecção precedem a perda de função das células intestinais que causa a diarreia. Colites e enterites produzidas pela Campylobacter devem ser consideradas doenças inflamatórias, em virtude do processo inflamatório intestinal elicitado e pela característica da das fezes, como aquosas e não com uma grande quantidade de sangue. As infecções por Campylobacter podem levar ao desenvolvimento

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de doenças autoimunes, como artrite reativa e doenças neurológicas, sendo que a mais perigosa é a síndrome de Guillain-Barré (GBS), caracterizada por inflamação aguda dos nervos periféricos. Segundo a Organização Mundial da Saúde (WHO, 2012), em estudo das complicações pós infecção por Campylobacter (dados mundiais), foram estimados a ocorrência de 1/3 dos casos de GBS; 1 a 15 % dos casos de artrite reativa, 36% dos casos de síndrome do intestino irritável (desenvolvida dentro de 1 a 2 anos após a infecção), 0,08% a 8,8% de mortes (dependendo da população estudada). A doença celíaca tem incidência mundial estimada em 1% da população. Apesar de um número limitado de pesquisas, um aumento de 3,5 vezes no risco ajustado para doença celíaca foi encontrado em pessoas com infecção anterior por Campylobacter, em comparação com aqueles sem infecção por Campylobacter documentada. É importante ressaltar que não foi observada associação com outras causas de diarreia bacterianas, incluindo Salmonella não-tifoide, Shigella e Yersinia. Campylobacter é uma das quatro principais causas globais de doenças diarreicas. É considerada a causa bacteriana mais comum da gastroenterite humana no mundo. Infecções por Campylobacter geralmente são leves, mas podem ser fatais em crianças muito jovens, idosos e indivíduos imunossuprimidos. A alta incidência de diarreia por Campylobacter, assim como sua duração e possíveis complicações, torna-a altamente importante do ponto de vista socioeconômico. Nos países em desenvolvimento, as infecções por Campylobacter em crianças com menos de 2 anos de idade são especialmente frequentes, resultando por vezes em morte (WHO, 2018).

Campylobacter em frangos A colonização de aves por Campylobacter ocorre principalmente no trato intestinal inferior (ceco e cloaca). No entanto, o organismo


Tabela 1. Médias de contagens direta de células de Campylobacter spp. isoladas de diferentes amostras avícolas nos ágares Campy-Cefex e mCCDA.

Em condições de produção comercial, Campylobacter é raramente detectado em aves jovens com menos de 2 a 3 semanas de idade

também pode ser recuperado em menor intensidade no intestino delgado e a moela e, com pouca frequência, do fígado, baço e vesícula biliar. Campylobacter não adere diretamente às células epiteliais, mas localiza-se principalmente na camada mucosa das criptas. Normalmente, não há lesão macroscópica ou microscópica no intestino das aves decorrente invasão pela bacteria. Estas observações indicam que o Campylobacter está bem adaptado as aves de corte, sugerindo ser comensal. Quando um frango de corte se infecta, um grande número de Campylobacter pode ser detectado em seu trato intestinal e excretado nas fezes por pelo menos 12 semanas. Normalmente, a prevalência de Campylobacter aumenta à medida que as aves crescem e atinge os pontos mais altos na idade de abate (USDA, 2018). Em condições de produção comercial, Campylobacter é raramente detectado em aves jovens com menos de 2 a 3 semanas de idade, embora os pintos recém eclodidos possam ser experimentalmente infectados com C. jejuni (BORSOI et al., 2015a). Quando a primeira ave de um lote se torna colonizada, a infecção se espalha para todo o lote em apenas alguns dias. Esta rápida propagação de Campylobacter em todo o é um resultado de altos níveis de excreção e transmissão fecal-oral eficiente, compostos por água e ração.

O comensalismo da bactéria em frangos vem sendo discutido em virtude da sua elicitação de alguma resposta imune e capacidade de invadir e persistir em órgãos internos da ave. Estudo publicado por Humphrey e colegas (2014) demonstraram através que a linhagem tem efeito significativo da infecção experimental por C. jejuni, testada em quatro diferentes linhagens de frangos de corte. Nas quatro linhagens foi observado montagem de resposta imune inata, sendo que em algumas linhagens a reposta diminuiu quando houve aumento de interleucina 10 (IL 10) e para estes, as aves continuaram saudáveis. Por outro lado, para as linhagens em que não houve aumento da IL 10, a resposta inflamatória foi intensa, com dano na mucosa intestinal e diarreia. Para Bailey et al. (2018) existe uma limitação genética base, porém fatores não genéticos têm uma influência maior sobre o nível de Campylobacter encontrado no frango. Os autores examinando o peso corporal, aspecto macroscópico intestino e capacidade de absorção foi demonstrado que, após a exposição natural, Campylobacter não houve impacto negativo sobre a saúde das aves. Embora possa não haver impacto negativo com a exposição natural, nossos estudos (BORSOI et al, 2015b) demonstraram que aves infectadas com C. jejuni e submetidas à estresse (estresse por frio durante 6 horas/dia por 7 dias à 19°C) apreA Revista do AviSite

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Pesquisa sentaram maior positividade de C. jejuni no fígado e nos cecos (Figura 2), bem como desequilíbrio da resposta imune celular, afetando negativamente a ave.

Estudos epidemiológicos indicam que a transmissão horizontal do ambiente nas granjas de aves é a principal fonte de colonização por Campylobacter, pois é comum no trato intestinal de animais selvagens e domésticos. Nenhum fator único foi encontrado como principal risco para a infecção de frangos de corte e é mais provável que a introdução de Campylobacter nos lotes seja mediada por múltiplas fontes. Campylobacter é muito sensível ao oxigênio e secagem. Devido ao seu baixo teor de umidade, a ração é uma fonte improvável para a introdução de Campylobacter no frango (figura 3). No entanto, os alimentos podem ser contaminados de outras fontes, como por fezes. Diferente de Salmonella, pintos e ração parecem não ser principais fontes para um lote de frangos, bem como a importância de insetos e água e reutilização da cama é maior para Campylobacter. Quando excretada nas fezes é capaz de sobreviver durante períodos consideráveis no ambiente, mas não se tem dados concisos a respeito de crescimento nessas condições. A sobrevivência é aprimorada por ambientes frios, úmidos e escuros. Por outro lado, igual a salmonelas, a biosseguridade que não for bem aplicada para Salmonella fará falta para o controle de Campylobacter também.

gos de corte com idade entre 3-5 semanas, observou 81,8% de positividade para Campylobacter spp. para amostras cecais e ao analisar 96 carcaças no frigorífico a contaminação observada foi de 99%. Em São Paulo, a prevalência de C. jejuni e C. coli em carcaças de frango obtidas durante o abate foi de 60% (AQUINO, 2002). Semelhante, Silva et al. (2014) isolaram a bactéria em 61% das amostras de excreta de frango (100 amostras analisadas) de 20 aviários e 20% (100 amostras analisadas) de produtos de frango, sendo fígado e dorso as partes com maior frequência de detecção, seguido de asas e coxa. Cisco et al. (2017) monitoraram carcaças de três abatedouros e identificaram C. jejuni e C. coli em carcaças de frango resfriadas e congeladas coletadas em três abatedouros entre 2014 e 2015. A detecção de Campylobacter spp. foi realizada por microbiologia convencional e a identificação de C. jejuni e C. coli por multiplex-PCR. Dentre as amostras avaliadas verificou-se Campylobacter spp. termotolerante em 63,8%, sendo 72,2% em carcaças resfriadas e 55,5% em carcaças congeladas. Destas, 83,3% foram positivas para C. jejuni e 66,6% para C. coli, enquanto 50% foram positivas para ambas as espécies. Abordando ainda o abate das aves, em nosso trabalho de monitoria em um abatedouro, foram utilizados dois ágares para contagem direta de Campylobacter. Notou-se que no abatedouro amostrado havia presença de campilobacters em todos os pontos analisados (confirmadas por análise molecular), incluindo na água de abastecimento (GONSALVES, et al. 2016).

Presença de Campylobacter em frangos no Brasil

Oportunidades de controle de Campylobacter

No Brasil são variáveis as informações sobre esta bactéria na cadeia de produção das aves, porém os níveis de positividade em lotes de frangos são altos. Kuana et al (2008), ao analisar 22 lotes de fran-

De modo geral o controle deve abranger todas as etapas de produção e processamento (não comentado neste). Alguns pontos são selecionados para prevenção da contaminação e controle durante a pro-

Fontes de infecção das aves por Campylobacter

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dução a campo. Além da biosseguridade, há tempo é enfatizado o tratamento da água de bebida, uso de probióticos, exclusão competitiva e vacinação das aves (GHAREEB et al., 2013). Para este último item, vale considerar que não existem vacinas especificamente desenvolvidas para C. jejuni ou C. coli em aves comercialmente disponíveis. O jejum pré-abate tem impacto significativo na quantidade de Campylobacter no papo e no intestino. Embora ácidos orgânicos possam ser usados, para Campylobacter não há consistência de indicação na literatura que possa ser pontuada neste momento. Portanto, a logística de abate é importante. Campylobacter é comum no meio ambiente e sua sobrevivência depende fortemente das condições ambientais, dentre elas, a umidade desempenha um papel importante promovendo condições favoráveis à bacteria. Não há momento (nem indicação) para o uso de antimicrobianos no controle de Campylobacter. Primeiro, por questão da ameaça do aumento da resistência antimicrobiana e, portanto, da necessidade de uso restrito; segundo, pela impossibilidade de aplicação prática com relação a resíduos (quando o tratamento está próximo do abate) e reinfecção quando o período de carência é respeitado. Programas de controle de pragas devem ser usados dentro e fora de galpões. Moscas e cascudinhos devem ser controlados ao mais alto nível possível. Os galpões devem ser de propósito único - operações com uma única espécie, seja criação de aves. Onde vários lotes são mantidos em uma granja, os lotes individuais devem ser manejados como unidades epidemiológicas separadas. As medidas de biossegurança com aplicação rigorosa e contínua são consideradas essenciais para evitar a colonização de lotes com Campylobacter. A inclusão de aditivos na alimentação ou na água potável como medidas preventivas,

podem reduzir a prevalência de lotes, bem como o número de Campylobacter nos intestinos das aves.

Considerações finais Campylobacter é um paradoxo para os microbiologistas, que observam uma contradição entre a fragilidade fisiológica aparente, seu pequeno genoma e sua óbvia capacidade de sobreviver fora de seu habitat principal, trato digestivo das aves, e atingir seu principal alvo, o consumidor (FEDERIGHI, 2017). Todos os tipos de aves de criação (frangos, galinhas, perus, patos, gansos, codornizes, avestruzes) e aves selvagens podem ser colonizados por Campylobacter. Em contraste com Salmonella, o consumo de ovos não contribui para o problema da campilobacteriose humana, uma vez que o Campylobacter raramente é transmitido verticalmente. No entanto, o elevado número de Campylobacter no trato intestinal de aves pode contaminar a carne durante o processamento, que se traduz em problemas para a exportação de carne de aves e para o consumidor. O primeiro passo para o controle de Campylobacter na indústria de frangos aves é saber qual o nível de contaminação (obter dados epidemiológicos) no fluxograma de produção, sendo que sem este conhecimento dificilmente as ações resultarão em redução de carga de Campylobacter nas carcaças. Vale lembrar que para saber o nível de contaminação é necessário metodologia de contagem de Campylobacter (a tabela 1 apresentou dados de contagem direta, que é suficiente para um programa de verificação na indústria do campo à carcaça). Finalizando, cabe salientar que antes de se constituir um plano de ação/controle (o qual não deve abordar todos os pontos de um check list de sanidade, porque precisa ser direcionado ao patógeno em questão), é prudente que seja realizado levantamento de pontos de controle e pontos críticos de controle para o perigo Campylobacter.

Campylobacter é comum no meio ambiente e sua sobrevivência depende fortemente das condições ambientais, dentre elas, a umidade desempenha um papel importante promovendo condições favoráveis à bactéria

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Pesquisa Referências AQUINO, M. H. C; PACHECO, A. P; FERREIR A, M. C.; TIBANA, A. Frequency of isolation and identification of thermophilic Campylobacters from animals in Brazil. Vet J.164:159- 161.2002. BAILEY, R.A., KR ANIS, A.; PSIFIDI, A. et al. Colonization of a commercial broiler line by Campylobacter is under limited genetic control and does not significantly impair performance or intestinal health. 2018, Poultry Science 97:4167– 4176 BORSOI, A, QUINTEIRO-FILHO, W.M.; CALEFI, A.S., et al. Efeito do estresse por frio no isolamento bacteriano e em células imunes de aves spf desafiadas com Campylobacter jejuni. XIV Seminário Técnico Científico de Aves e Suínos - Avesui 2015b. BORSOI, A., GONSALVES, C.C.; PIRES, E.R.M. et al. Campylobacter inoculation and quantification from broiler cecal samples to compare two plate counting methodologies. Semina: Ciências Agrárias, Londrina, v. 36, n. 1, p. 285-290, jan./fev. 2015a CISCO, I.C., TEDESCO, D. PERDONCINI, G. eta la. Campylobacter jejuni and Campylobacter coli in chilled and frozen chicken carcasses. Cienc . Anim. Bras., Goiânia, v.18, 1-6, e-42481, 2017 CROT TA, M. GEORGIEV, M., GUITIAN, J. Quantitative risk assessment of Campylobacter in broiler chickens e assessing interventions to reduce the level of contamination at the end of the rearing period. 2017.Food Control 75, p. 29-39 EFSA- Scientific Opinion on Quantification of the risk posed by broiler meat to human campylobacteriosis in the EU. EFSA J, 8 (1), 1437. 2010. FEDERIGHI, M. How to Control Campylobacter in Poultry Farms?: An Overview of the Main Strategies.2017. Disponível em < h t t p : / / d x . d o i . org/10.5772/64846\>

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Informativo Técnico Comercial

Desperdícios no processo produtivo de rações Saiba identificar os pontos mais críticos em relação aos desperdícios na fábrica de rações para atuar diretamente na melhoria dos processos de produção Autora: Patrícia de C. A. Marchizeli, nutricionista técnico comercial de aves na Agroceres Multimix

P

roduzir nos dias atuais, torna-se uma tarefa árdua devido à competitividade e os grandes desafios que sempre surgem na cadeia avícola. A avicultura, setor muito tecnificado e detentor de um conhecimento avançado, já produz alimento com alta eficiência produtiva, no entanto, desperdícios podem ocorrer em diversos pontos da cadeia. Desta forma, identificar os índices de desperdícios e atuar sobre eles, pode resultar em maior produtividade e redução de custos. Neste artigo, vamos falar de alguns itens fundamentais, que causam desperdícios nos processos de produção dentro de uma fábrica de ração. E quais seriam eles? Abaixo alguns pontos que merecem atenção: • Trabalhar com estoque alto de matéria-prima;

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• Comprar matéria-prima por preço e não por qualidade nutricional; • Falta de revisão e calibração dos sistemas de dosagens e balanças; • Falta de uma programação de produção de rações, pré-estabelecida; • Desorganização quanto a programação de recebimento de matéria-prima X estoque; • Ausência de um cronograma de manutenção preventiva das máquinas e dos equipamentos; • Tempo produtivo desperdiçado; • Não rever os procedimentos operacionais. Estes pontos, apesar de parecem simples, são os mais reincidentes dentro de uma fábrica de rações. Sabemos que mais de 90% do custo de produção de uma fábrica de rações é representado pelas matérias-primas. Portanto, faz-se necessário estocar ape-

nas o necessário, de maneira adequada, para que não tenhamos “dinheiro parado” em estoque e nem ocorra perdas dos ingredientes por falta de qualidade. A matéria-prima, tendo tanta importância assim dentro de uma fábrica de rações, deve ser comprada, primordialmente, por seu valor nutricional e não apenas pelo preço. É de extrema importância o elo entre o nutricionista, suprimentos de matérias-primas e o gestor da fábrica de rações, para que esta compra por qualidade nutricional realmente aconteça. Diversos estudos econômicos podem ser feitos pelo nutricionista, como, por exemplo, comparar as matrizes nutricionais dos fornecedores das matérias-primas e, com isso, direcionar o setor de suprimentos para uma compra econômica e de qualidade. Ingredientes que possuem maior valor nutricional resultam em menor volume de compra, menor gasto com transportes, armazenagem, redução de gastos com devoluções de matéria-prima por falta de qualidade, etc. O trabalho em conjunto entre: nutricionista, gestor de fábrica e suprimentos, é importante não somente quanto ao direcionamento da compra das matérias-primas, mas também para programar a entrega dos mesmos. Muitos desperdícios - em dinheiro são provocados por conta de uma falta de programação entre volume de matérias-primas consumida, estoque disponível, capacidade de armazenamento e o que vem sendo comprado.


Não são raras as vezes em que se paga estadia para os caminhões que estão no pátio, a espera de um silo de armazenagem livre. Sem contar as horas extras para os colabores da fábrica, para que possam fazer o descarregamento fora do expediente. Realizar a gestão desses gastos e promover indicadores para obter uma visão mais clara desses acontecimentos, torna-se necessário para obtenção de soluções de acordo com a realidade de cada empresa. Estudar a possibilidade de investimento em silos de armazenagem é uma boa reflexão a se fazer. Assim como a programação de compras de insumos é importante, a programação da previsão de produção semanal de rações também é imprescindível. A partir dessa programação, ocorre o planejamento e organização do trabalho dentro da fábrica. Qualquer evento que ocorra fora dessa programação pode gerar desperdício de tempo e dinheiro (caso seja necessário estender o período da jornada de trabalho). Atenção também deve ser dada aos sistemas de dosagens e balanças utilizadas dentro da fábrica. O nutricionista precisa conhecer todo o processo produtivo antes de enviar as formulações. Informações como: dosagem mínima de cada ingrediente e capacidade mínima e máxima de pesagem de cada balança, é de fundamental importância para que os erros não sejam cometidos e acabem gerando desperdícios. Todas as balanças devem ser calibradas - periodicamente por órgãos especializados (inclusive a balança rodoviária, que pesa o maior volume de ingredientes) e, além disso,

aconselha-se a aquisição de pesos padrões para fazer a aferição diária das balanças. O trabalho de aferir as balanças diariamente custa muito menos do que pesar ingredientes de maneira inadequada, comprometendo o desempenho dos animais e resultando em desperdício dos ingredientes. Fazer o exercício de somar essas pequenas variações, multiplicando pelo seu valor em dinheiro por um determinado período, pode comprovar que o que está sendo desperdiçado possui um valor enorme. Conscientizar as pessoas que estão envolvidas nessa operação, utilizando estes exemplos de desperdícios, geralmente traz resultados benéficos. Para se obter a segurança de que todo o sistema de pesagem e dosagem estão confiáveis é necessário fazer os cortes de matérias-primas e o inventario diário de microingredientes. Com essas duas ações, é possível medir a eficiência de dosagem e obter controle sobre a variação da matéria-prima e microingredientes. O valor desejado de variação de cada ingrediente deve ser estipulado por cada empresa, geralmente variam de 0,5 a 1% para micros e de 1 a 2% para macroingredientes. A empresa responsável pela automação da fábrica precisa fornecer um relatório de variações de dosagem por batida, por ingrediente. Com esse relatório é possível fazer os ajustes necessários, tanto nas dosagens na fábrica como em formulação. Variações sempre irão ocorrer, o importante é que todos tenham ciência dessa variação e saibam quais atitudes tomar.

A manutenção preventiva das máquinas e equipamentos torna-se fundamental para o trabalho harmonioso dentro da fábrica. Sabemos que a maioria das fábricas trabalham no seu limite de produção, porém, um tempo para essa manutenção deve ser programado, pois as horas e o custo que se perde com a quebra de algum equipamento ou máquina é muito mais oneroso, podendo tornar-se imensurável se refletir em falta de rações no campo. Gerenciar o tempo produtivo perdido, ou seja, avaliar as horas paradas e agir na origem do problema para evitar reincidências é a maneira mais adequada de se rever os procedimentos de trabalho utilizados dentro da operação. Revisões contínuas de todos os procedimentos operacionais padrão (POP´s) são necessárias, pois o retrabalho, além de desmotivar os colaboradores, gera muito desperdício, seja ele de tempo, insumos ou dinheiro. Envolver os colaboradores que estão de fato na operação, para fazer tais revisões, torna-se muito mais eficiente e assertivo, além de motivá-los. Estes e outros itens aqui não citados, que possam gerar desperdícios, devem ser criteriosamente analisados. As empresas, quando bem administradas, fazem com que seus colaboradores mantenham foco na produção com qualidade, atendem as exigências do mercado e, ao se preocuparem com os desperdícios, passam a ter um diferencial para alavancar a produtividade, consequentemente, tornando-se mais competitivas no mercado. A Revista do AviSite

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Informativo Técnico Comercial

Relação entre a microbiota intestinal e sistema imune inato

Conheça o papel da parede celular de levedura neste processo Autora: Liliana Borges e Melina Bonato (P&D, ICC Brazil)

H

á uns anos estamos presenciando as recomendações das organizações internacionais de saúde em relação ao uso de antibióticos na produção animal. A Organização Mundial da Saúde (OMS) alerta que a falta de antibióticos eficazes é tão grave como uma ameaça á segurança de um surto mortal de doenças. A atenção deve ser voltada para conjunto de medidas que promovam o crescimento seguro dos animais e principalmente ajam na prevenção de doenças. Muitas pesquisas apontam que além do impacto imediato dos antibióticos sobre a microbiota, esses medicamentos afetam a expressão gênica, atividade proteica e metabolismo geral da microbiota intestinal. As alterações microbianas causadas, além de aumentar o risco imediato de infecção, também afetam o sistema imunológico básico em longo prazo. A microbiota intestinal dos animais tem um papel importante na regulação da resposta do sistema imune, pois, além de modular vários processos fisiológicos, nutrição, metabolismo e exclusão de patógenos, pode alterar a fisiopatologia de doenças conferindo resistência ou promover infecções parasitárias entéricas. As bactérias naturais do intestino atuam como adjuvan-

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tes moleculares que fornecem imunoestimulação indireta ajudando o organismo a se defender contra infecções. As aves possuem uma grande quantidade de tecido linfoide e células do sistema imune na mucosa intestinal, que é chamado de GALT (tecido linfoide associado ao intestino), e por sua vez, constitui o MALT (tecido linfoide associado à mucosa). O GALT está continuamente exposto aos antígenos alimentares, microbiota e patógenos (Dalloul & Lillehoj, 2006), e necessita identificar os componentes que estão presentes no lúmen intestinal e que podem ser uma possível ameaça ao animal. A primeira linha de defesa do sistema imune é constituída pelas células fagocítica (macrófagos, heterofilos, células dendríticas e células natural killer) nas quais possuem receptores do tipo Toll, localizados em sua na superfície. Estes receptores reconhecem padrões microbianos e induzem uma resposta imune inata imediata. Após esta ativação e fagocitose, o fagócito (célula apresentadora de antígeno “APC”) apresenta um fragmento processado do antígeno e inicia-se uma resposta em cadeia contra este. O reconhecimento de patógenos pelo sistema imune inato desencadeia defesas inatas imediatas e, posteriormente,

a ativação da resposta imune adaptativa (Lee & Iwasaki, 2007). É importante ressaltar que esta série de respostas do sistema imune inato demandam diversos nutrientes e principalmente, energia do metabolismo, já que se trata de uma resposta inespecífica e pró-inflamatória, porém necessária para controlar a proliferação, invasão e danos causados pelo antígeno no organismo animal. No entanto, uma resposta pró-inflamatória prolongada, pode levar ao aparecimento de doenças secundárias, imunossupressão, manutenção da homeostase imunológica, disbiose intestinal e, por fim, quedas em desempenho e mortalidade. Um correto programa de medidas incluindo nutrição balanceada, vacinação, redução dos fatores de estresse, boas práticas de manejo e bem-estar animal podem diminuir consideravelmente a incidência de imunossupressão. A adição de aditivos dietéticos na alimentação, que atuam na modulação do sistema imune inato e microbiota, melhora a resposta de defesa frente aos desafios. A parede celular de levedura Saccharomyces cerevisiae (ImmunoWall®, ICC Brazil) oriunda do processo de fermentação da cana-de-açúcar para produção de etanol, contém em torno de 35% de


β-glucanas (1,3 e 1,6), e 20 % de mananoligossacarídeos (MOS). As β-glucanas são reconhecidas pelas células fagocíticas (PetravićTominac et al., 2010), estimulando-as a produzir citocinas que iniciarão uma reação em cadeia para induzir uma imunomodulação e melhorar a capacidade de resposta do sistema imunológico inato. Já o MOS, possui uma capacidade de aglutinação de patógenos que possuem fímbria tipo 1, tais como diversas cepas de Salmonella e Escherichia coli. Um recente estudo de Beirão et al. (2018) onde frangos de corte foram suplementados com ImmunoWall® (0,5 kg/ton) e infectados aos dois dias de idade com Salmonella Enteritidis [SE] (via oral na dosagem de 108 UFC/ave), mostrou que aos quatro e oito dias (dois e seis dias pós-infecção, respectivamente) ImmunoWall® reduziu a passagem do marcador (Dextran-FITC, 3-5 kD) para o sangue nas aves desafiadas. Estes resultados indicam uma melhora significativa na integridade e permeabilidade intestinal, já que a SE é uma bactéria capaz de aderir à mucosa por meio de suas fímbrias, produzir toxinas e causar danos às tight juctions (junções de oclusão) e aos enterócitos, invadindo-os e translocando-se para a corrente sanguínea e demais órgãos e tecidos internos (Figura 1). Estes resultados podem ser explicados pela quantificação de células circulantes que foram analisadas no sangue coletado destas aves. É importante notar que durante a dinâmica normal de uma infecção, ocorre uma mobilização dos leucócitos do sangue para o intestino, porém se animal apresentar outro tipo de infecção, a redução de leucócitos totais circulantes, pode prejudicar a resposta ao ataque à este segundo antígeno/local. Isto principalmente pode ser perigoso quando a taxa de leucócitos totais no sangue está muito baixa (leucopenia). Na análise do referido estudo, o grupo infectado e

Figura 1. Dinâmica do processo de dano às tight junctions pelos antígenos suplementado com Immunowall® proporcionou uma menor mobilização dos leucócitos do sangue para o intestino aos 14 dias; no entanto, quando esse sistema imune é subdividido e as diferentes células são analisadas, os animais deste grupo apresentaram mais APC’s, monócitos supressores (impedem uma resposta imune desenfreada), e linfócitos T auxiliares (CD4 – secretam interleucinas e estimulam a multiplicação de células que irão atacar o antígeno), que o grupo de animais desafiados e não tratados. Já o grupo suplementado com ImmunoWall® e não desafiado, apresentou respostas intermediárias (entre o controle desafiado e o não desafiado) às células analisadas citadas acima, e também Linfócitos T citotóxicos (CD8), que são importantes para prevenir ou controlar a invasão da Salmonella, já que estas tem a capacidade de invadir monócitos e assim translocar-se para o fígado e demais órgãos. No gráfico 1 abaixo, é possível observar que suplementação com ImmunoWall® resultou na maior produção IgA anti Salmonella aos 14 dias de idade. Isto mostra que a resposta específica do sistema imunológico foi mais rápida e mais forte, consumindo menos energia e nutrientes, já que a resposta inflamatória pareceu ser mais curta. A SE pode ser um problema para a ave que ainda não completou a maturação do sistema imune, pois ainda não consegue controlar a infecção totalmente, por isso grande A Revista do AviSite

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Informativo Técnico Comercial parte da melhoria das respostas en-

Gráfico 1. Quantificação relativa de IgA no soro reagente contra LPS da bactéria. A linha de corte (cut-off) está representada. Relevância estatística está indicada por letras diferentes sobre cada grupo. Teste de ANOVA com pós-teste de Tukey (P<0,05, exceto quando indicado em contrário) contradas neste estudo foram até os 14 dias. Assim, a suplementação de β-glucanas pode ajudar a ave a ter uma ativação e resposta do sistema imune inato precoce e mais rápida, reduzindo/minimizando os danos causados pelo patógeno e consequentemente, as perdas em desempenho. Este tipo de resposta é especialmente importante em animais em fases iniciais de desenvolvimento, reprodutivas, períodos de estresse e desafios ambientais; agindo como um profilático e aumentando a resistência animal, minimizando maiores prejuízos. Diversos outros estudos provaram a eficácia de ImmunoWall® em reduzir a contaminação de patógenos nas aves e ovos (Hofacre et al., 2017; Ferreira et al., 2014), mortalidade e melhorar o desempenho produtivo (Bonato et al., 2016; Rivera et al., 2018; Koiyama, et al. 2018), principalmente sob desafio. Não existem aditivos alimentares que possam suprir problemas com manejo, plano sanitário, vacinação, nutrição, qualidade de água, entre outros; os aditivos são ferramentas que podem ajudar no controle e prevenção. Sabemos que a produção animal intensiva é um ambiente altamente desafiador, assim o fortalecimento do sistema imunológico e manutenção da microbiota intestinal podem ser umas das chaves para melhor produtividade.

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Referências Beirão B. C. B. et al. Yeast cell wall immunomodulatory and intestinal integrity effects on broilers challenged with Salmonella Enteritidis. In: 2018 PSA Annual Meeting. San Antonio-Texas, USA. Proceedings…. 2018. Bonato et al. Desempenho de frangos de corte alimentados com mananoligossacarídeos, parede celular de levedura e nucleotídeos de diferentes fontes. In: Conferência FACTA 2016 de Ciência e Tecnologia Avícolas, Atibaia. Proceedings….2016. Dalloul, R. A., H. S. Lillihoj. Poultry coccidiosis: recent developments in control measures and vaccine development. Expert Rev. Vaccines, v. 5, p.143-163, 2006. Ferreira, A.J.P. et al. Uso da associação de levedura e fonte de nucleotídeos na redução da colonização entérica por Salmonella Hiedelberg em frangos. In: Conferência FACTA 2014 de Ciência e Tecnologia Avícolas, Atibaia. Proceedings…. 2014. Hofacre, C., et al. Use of a yeast cell wall product in commercial layer feed to reduce S.E. colonization. Proceedings of 66th Western Poultry Disease Conference, March 2017, Sacramento, CA, p. 76-78, 2017. Koiyama, et al. Effect of yeast cell wall supplementation in laying hen feed on economic viability, egg production, and egg quality. The Journal of Applied Poultry Research, v. 27 (1), p. 116 –123, 2018. Lee, H. K., A. Iwasaki. Innate control of adaptive immunity: dendritic cells and beyond. Semin. Immunol., n. 19, p.48-55, 2007. Petraviβ-Tominac, V. et al. Biological effects of yeast β-glucans. Agriculturae Conspectus Scientificus, n. 75, v. 4, 2010. Rivera et al. Yeast cell wall and hydrolyzed yeast as a source of nucleotides effects on immunity, gut integrity and performance of broilers. In: 2018 International Poultry Scientific Forum. Atlanta-GA, USA. Proceedings…. p. 49, 2018.


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Manejo

Avaliação e controle da qualidade de pintos de 1 dia Muitos são os fatores que interferem na qualidade de pintos de 1 dia Autor: Thalys Noro Vargas de Lima Assistente Técnico Aves na De Heus Brasil Nutrição Animal

Avaliação da qualidade de pintinhos

Lima: “Além de ser um momento de vários desafios e adaptação, é também um período de diversas alterações fisiológicas, onde ocorre grande parte do desenvolvimento dos órgãos e rápido crescimento muscular, além de estar diretamente correlacionado com os resultados da atividade.”

E

m função dos desafios enfrentados pelo setor avícola nos últimos anos, encontramos, atualmente, um cenário de baixa disponibilidade de pintos de corte no mercado brasileiro. Neste cenário, é fundamental que revisemos os conceitos de qualidade do pinto de 1 dia e seus reais impactos durante o ciclo de produção do frango de corte.

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O sucesso da avicultura depende, entre vários fatores, da qualidade do pintinho que vai ser alojado — perdas no desenvolvimento inicial podem não ser recuperadas e influenciar no resultado final. É ponto conhecido que a fase pré-inicial é, sem dúvidas, uma das mais importantes da criação de frangos de corte, representando, aproximadamente, 17% do período de produção. Além de ser um momento de vários desafios e adaptação, é também um período de diversas alterações fisiológicas, onde ocorre grande parte do desenvolvimento dos órgãos e rápido crescimento muscular, além de estar diretamente correlacionado com os resultados da atividade (SORBARA, 2003). Os aspectos de manejo e nutrição sempre foram os temas centrais das discussões sobre fase pré-inicial, porém a qualidade do pintinho é um fator tão importante quanto e, de certa forma, passa desapercebida em muitos momentos. E nesse momento o que pensamos é... O que avaliar? Como avaliar? Essas são perguntas frequentes no dia a dia da avicultura, e são esses os pontos que fazem toda a diferença no momento de selecionar um bom fornecedor de pintinhos. Para começar, se faz mandatório o acompanhamento do alojamento pelo técnico responsável da granja. Nesse momento, além de realizar a avaliação da qualidade do produto que está sen-

do recebido, é indicado que sejam coletadas uma série de informações, como: - Número de aves recebidas - Peso médio dos pintinhos - Linhagem - Sexo - Origem e idade da matriz - Incubatório de origem - Condições do caminhão de transporte e temperatura interna do baú - Número de aves mortas no transporte - Horário de saída do caminhão do incubatório e horário de chegada na granja Para auxiliar e agilizar esse processo, é recomendado que exista um checklist para orientação do técnico. Parte dessas informações é simples e rápida de ser coletada, outras, porém, exigem uma amostragem representativa para uma avaliação minuciosa. Recomenda-se uma amostragem aleatória de 5% das caixas recebidas e de 20% das aves de cada caixa amostrada. Dessa maneira, teremos uma amostragem final de 1% das aves alojadas. De forma simples e prática, gostaríamos de enumerar alguns pontos a serem observados no momento da chegada do pintinho à granja: 1) Ausência de defeitos: um pintinho de boa qualidade precisa apresentar bico e pernas sem lesões e deformidades — pintos com defeitos terão dificuldade de locomoção e apreensão dos alimentos, provocando baixo consumo de ração e água e consequente desuniformidade do lote. 2) Vivacidade: Os pintinhos devem estar ativos e distribuídos de ma-


neira uniforme dentro da caixa; caso os mesmos estejam amontoados, pode ser um sinal de baixa temperatura dentro do caminhão de transporte. Colocar os pintinhos com as costas voltadas ao solo e avaliar quantos segundos eles demoram para ficar em pé também é uma forma de avaliar a vivacidade dos mesmos — o ideal é que isso aconteça em, aproximadamente, 3 segundos. De forma bastante prática, também podemos fazer uma avaliação da vivacidade da ave assim que as distribuímos no pinteiro: as aves devem estar ativas e buscar água e alimento em um curto espaço de tempo. 3) Plumagem: a plumagem deve estar seca e com brilho e não deve conter restos de cascas. Plumagem suja e úmida pode ser um indicativo de problemas relacionados com o tempo de incubação, janela de nascimento ou até mesmo com a temperatura no final do ciclo da incubadora, que pode não ser a desejada. 4) Hidratação: é importante avaliar a hidratação das aves por meio dos pés e pernas: aves com uma boa hidratação terão pernas e pés brilhosos. No caso de incubatórios de estágio múltiplo, podemos encontrar problemas nos pintinhos de matrizes mais novas, que, ao nascerem antes do momento adequado, podem apresentar quadros de desidratação. Outro fator importante são problemas durante o processo de incubação, que podem afetar diretamente as janelas de nascimento, prolongando-as e levando à desidratação. O tempo de espera para envio das aves à granja e condições de transporte também devem ser considerados como fatores que podem influenciar no estado de hidratação delas. 5) Umbigo: precisa estar limpo e bem-cicatrizado. Os problemas mais comuns são: - Umbigo aberto e mal cicatrizado - Umbigo com resquício de cordão umbilical - Umbigo inflamado - Umbigo necrosado ou machucado Uma série de fatores, como: problema nas granjas de matrizes, armazenamento inadequado dos ovos, pressão

de infecção e processo de incubação, influenciam diretamente na cicatrização do umbigo. Umbigos mal cicatrizados podem permitir contaminações secundárias e aumento de mortalidade inicial. 6) Temperatura da cloaca: a temperatura da cloaca indica o bem-estar da ave neonata. A temperatura ideal deve estar entre 39,5 ºC e 40,5 ºC. Temperaturas superiores ou inferiores às anteriormente citadas indicam estresse por calor ou frio, que podem ter ocorrido na sala de espera do incubatório e/ou durante o transporte até a granja. 7) Lesão de jarrete: pintinhos saudáveis não devem apresentar lesão no jarrete. O aparecimento desta lesão é indicativo de ovos com pouco “descanso” ou ainda problemas relacionados com a alta umidade durante o processo de incubação. Além disso, ovos com cascas excessivamente duras podem exacerbar lesões em lotes de matrizes novas. Também é de suma importância que os pintinhos estejam livres de quaisquer agentes patogênicos que possam comprometer a criação. Entre os principais patógenos, destacamos Salmonella, E. coli, Pseudomonas, Aspergillus, Micoplasmas, entre outros. A ausência desses microrganismos, além da obviedade do efeito direto na criação, é um indicativo de um bom processo de controle na produção de ovos e incubação. Além disso, torna-se importante conhecer como está a imunidade maternal dos pintinhos por meio de exames de sorologia a fim de definir um adequado programa vacinal. A avaliação das informações e da qualidade do pintinho é uma estratégia importante na definição dos ajustes finos durante o manejo pré-inicial. Por exemplo, ao realizar o checklist durante o alojamento e observar que os pintinhos alojados são oriundos de uma matriz nova, devemos orientar uma maior atenção com o aquecimento inicial e estímulo das aves. É fundamental que as informações do checklist sejam organizadas, armazenadas em forma de dados e avaliadas. Uma boa gestão desses dados é uma excelente ferramenta para rastrea-

É importante ressaltar que aves que apresentam boa qualidade desde o alojamento são “mais resistentes” a desafios que possam surgir durante a vida do lote

bilidade e diagnósticos de eventuais problemas. Por meio deles, podemos direcionar de forma mais ágil e assertiva onde está ocorrendo o problema, possíveis ajustes no manejo e nutrição das matrizes, ajustar processos nos incubatórios, negociar com o fornecedor de pintos de 1 dia melhores condições de qualidade, entre outros.

Considerações finais Muitos são os fatores que interferem na qualidade de pintos de 1 dia, portanto esse é um processo bastante complexo, que envolve muitas frentes de trabalho. Quanto antes se iniciar os controles e acompanhamento dos padrões de qualidade das aves, maior a possibilidade de alcançar bons resultados. É importante ressaltar que aves que apresentam boa qualidade desde o alojamento são “mais resistentes” a desafios que possam surgir durante a vida do lote. A Revista do AviSite

53


Estatísticas e Preços

Produção e mercado em resumo Produção de pintos de corte Janeiro a Fevereiro 1.062,356 Milhões | 1,99%

Frangos Prontos Para Abate Janeiro a Março 1.525,722 Milhões | 1,26%

Exportação de carne de frango Janeiro a Março 919,004 mil toneladas | -7,66%

Farelo de Soja Janeiro a Abril R$1.194,00 +0,45%

Milho Janeiro a Abril R$42,05 +6,03%

Desempenho do frango vivo Janeiro a Abril R$3,13 +30,25%

Desempenho do ovo Janeiro a Abril R$66,87 | -1,55%

54 A Revista do AviSite

Enormes possibilidades no cenário internacional

N

o cenário internacional, a Índia, país com a segunda maior população do mundo abriu seu mercado para a carne de frango brasileira. Segundo dados da Organização das nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) o consumo per capita de carne de frango indiano em 2018 alcançou 2,2 kgs. Para este ano a estimativa é desse volume ficar levemente acima. A China, país com a maior população do planeta, às voltas com a peste suína que dizimou seus plantéis, tem causado enorme expectativa no mercado internacional pelo potencial de demanda necessário para suprir suas necessidades internas. Nesse sentido, o Brasil se coloca como um dos países com imensa capacidade de atendimento desse importante mercado, seja na carne suína ou na avícola.

N

o cenário nacional, dados divulgados pela secretaria de comercio exterior indicam que no acumulado do primeiro trimestre, a China, ainda que por diferença mínima, superou o volume importado pela Arábia Saudita e tomou a liderança nas compras da carne de frango brasileira. A avicultura de corte brasileira encerra o primeiro quadrimestre deste ano em ótimas condições diante de um cenário produtivo limitado e que, por outro lado, encontra uma demanda interna aquecida e com enormes possibilidades no mercado internacional para o restante do ano. Finalmente, depois de alguns anos em estado de alerta e trabalhando com ociosidade, todos os elos da cadeia de negociação conseguem obter remuneração mais justa na comercialização do seu produto. Na avicultura de postura comercial, enfim os produtores de ovos obtiveram um preço médio mensal superior ao praticado no mesmo período do ano passado: em abril, os preços abriram e encerraram o mês superando os praticados no mesmo mês de 2018. Com isso, o preço médio alcançou valorização anual na casa dos 14%. De toda forma, o preço médio do quadrimestre se encontra quase 1,6% abaixo do recebido no mesmo período do ano passado.


Produção de pintos de corte

Volume de fevereiro/19 foi quase 4,5% superior ao de um ano atrás

O

MÊS

2017/2018

2018/2019

VAR. %

Março

517,196

514,578

-0,51%

Abril

508,875

469,768

-7,68%

Maio

522,835

462,848

-11,47%

Junho

526,325

486,324

-7,60%

Julho

515,254

503,995

-2,19%

Agosto

531,982

528,934

-0,57%

Setembro

497,107

488,926

-1,65%

Outubro

521,308

533,029

2,25%

Novembro

506,821

495,274

-2,28%

Dezembro

534,215

546,727

2,34%

Janeiro

556,669

555,571

-0,20%

Fevereiro

484,996

506,784

4,49%

Em 02 meses

1.041,665

1.062,356

1,99%

Em 12 meses

6.223,584

6.092,759

-2,10%

Fonte dos dados básicos: APINCO – Elaboração e análises: AVISITE

PRODUÇÃO EM PERÍODO DE DOZE MESES Fevereiro de 2018 a Fevereiro de 2019 Bilhões de cabeças

Mai

Jun

Jul

2018

Out

6,093

Nov Dez

Jan

6,060

6,071

6,059

6,068

Ago Set

6,071

Mar Abr

6,072

Fev

6,071

6,082

6,122

6,182

O total produzido no primeiro bimestre alcançou 1,062 bilhão de cabeças, significando avanço de 2% em relação ao mesmo período do ano passado. Se o índice apontado for atingido no decorrer deste ano, o volume produzido pode chegar a 6,193 bilhões de cabeças. Entretanto, informações coletadas no mercado indicam um decréscimo na capacidade produtiva do setor - proveniente de um menor alojamento de matrizes - que tem afetado o normal atendimento da demanda existente. Nos 12 meses encerrados em fevereiro, o volume acumulado de pintos de corte ficou próximo dos 6,1 bilhões de cabeças, resultado 2% inferior ao alcançado em idêntico período anterior quando foram produzidos quase 6,224 bilhões. Acompanhamento do total produzido em período de doze meses indica que nos últimos nove meses o volume anual não superou a casa dos 6,1 bilhões.

MILHÕES DE CABEÇAS

6,221

Informações coletadas no mercado indicam um decréscimo na capacidade produtiva do setor – proveniente de um menor alojamento de matrizes

EVOLUÇÃO MENSAL

6,224

s dados mensais da APINCO relativos à produção brasileira de pintos de corte apontam que em fevereiro passado foram produzidos no País perto de 507 milhões de pintos de corte, volume cerca de 4,5% superior ao registrado no mesmo mês de 2018. Comparativamente ao produzido no mês anterior, janeiro/19, o volume registrado apresentou redução de, praticamente, 9%. Mas essa redução foi apenas aparente, pois fevereiro é mês mais curto, de 28 dias. E isso considerado, a produção efetiva foi quase 1% superior à do mês anterior.

Fev

2019 A Revista do AviSite

55


Estatísticas e Preços Produção de carne de frango

1º Trimestre: número de cabeças prontas para abate cresce apenas 0,1% sobre 2017

C

omo a APINCO suspendeu temporariamente suas projeções em torno do potencial de produção de carne de frango (“buscando harmonizar os números do setor”, justifica), a revista do AviSite, baseada na produção de pintos de corte divulgada pela própria APINCO desenvolveu a tabela abaixo, na qual apresenta, mês a mês, o possível número de cabeças de frango prontas para o abate. Na elaboração desse quadro foram adotados, como parâmetros, viabilidade de 96% dos pintos alojados e o abate aos 42 dias de idade. Isso aceito, observa-se que o volume de cabeças prontas para o abate no primeiro trimestre de 2019 ficou 1,26% acima do registrado no mesmo trimestre de 2018. Já na comparação com o primeiro trimestre de 2017 há, praticamente, uma estabilização de produção, porquanto o aumento registrado neste ano é de 0,11% - acréscimo de pouco mais de 1,6 milhão de cabeças no espaço de 24 meses. Já o total acumulado nos 12 meses encerrados em março de 2019 ficou próximo de 5,833 bilhões de cabeças. E isso corresponde a uma redução de pouco mais de 2% sobre idêntico período de 2017/18 e de quase 5% sobre os mesmos 12 meses de 2016/17.

FRANGO Volume de cabeças prontas para o abate 2017, 2018 e 2019 (2019: 1º trimestre) MILHÕES DE CABEÇAS

VAR. %

MÊS

2017

2018

2019

JAN

531,6

508,7

512,1

FEV

472,5

474,6

478,0

0,73%

1,16%

MAR

519,9

523,5

535,6

2,30%

3,01%

ABR

490,4

485,2

MAI

501,0

476,3

JUN

486,2

437,2

EM 1 ANO

EM 2 ANOS

0,66%

-3,66%

JUL

503,6

467,2

AGO

498,3

482,7

SET

488,5

482,2

OUT

499,8

493,1

NOV

481,3

484,8

DEZ

501,3

498,3

EM 3 MESES

1.524,1

1.506,8

1.525,7

1,26%

0,11%

EM 12 MESES*

6.130,2

5.957,2

5.832,7

-2,09%

-4,85%

TOTAL ANUAL

5.974,5

5.813,7

-------

-------

------

Fonte dos dados básicos: APINCO – Elaboração e análises: AVISITE Parâmetros: pintos alojados internamente com viabilidade de 96% e abate aos 42 dias de idade. * Volume acumulado nos 12 meses encerrados em março.

56

A Revista do AviSite

CABEÇAS PRONTAS PARA O ABATE ENTRE JAN/17 E MAR/19 MILHÕES DE CABEÇAS


Exportação de carne de frango

Volume exportado cai 7,7% no primeiro trimestre

O

EVOLUÇÃO MENSAL MIL TONELADAS

MÊS

2017/2018

2018/2019

VAR. %

Abril

317,708

247,296

-22,16%

Maio

344,662

327,975

-4,84%

Junho

362,965

230,425

-36,52%

Julho

375,633

454,482

20,99%

Agosto

407,568

387,768

-4,86%

Setembro

380,030

355,617

-6,42%

Outubro

358,809

356,439

-0,66%

Novembro

318,132

314,244

-1,22%

Dezembro

313,664

343,556

9,53%

Janeiro

323,209

274,515

-15,07%

Fevereiro

304,376

309,646

1,73%

Março

367,677

334,843

-8,93%

Em 03 meses

995,262

919,004

-7,66%

Em 12 meses

4.174,435

3.936,805

-5,69%

Fonte dos dados básicos: SECEX/MDIC

EXPORTAÇÃO PRIMEIRO TRIMESTRE

2017

2018

919

995

2016

1.055

2015

1.024

2015 a 2019 - Mil toneladas

910

s dados consolidados da SECEX/MDIC englobando os quatro itens de carne de frango exportados pelo Brasil – inteiros, cortes, industrializados e carne salgada – apontam que em março passado foi registrado o melhor resultado do ano, cerca de 334,8 mil toneladas, equivalendo a 8% de aumento sobre o mês anterior. Mesmo assim, os embarques voltaram a registrar queda (de, praticamente 9%) em relação ao mesmo mês do ano passado. O volume acumulado no primeiro trimestre alcança 919 mil toneladas e representa queda de 7,7% sobre o embarcado no mesmo período de 2018. Aliás, é o segundo menor dos últimos cinco anos, superando por pequena diferença (menos de 1%) as 910 mil toneladas do primeiro trimestre de 2015. Em relação ao recorde de 2017 (1,055 milhão de toneladas) o volume atual é 13% inferior. Mas não foi por culpa da carne de frango salgada que o volume trimestral foi menor que o do ano passado, muito pelo contrário, pois foi a única que apresentou aumento, de 26%. Pena somente, que a participação da carne salgada nas exportações totais do produto seja mínima: pouco mais de 3%. Assim, a redução na casa de 8% no frango inteiro e cortes de frango tiveram impacto determinante na redução, pois representam quase 95% dos embarques. Em relação aos países importadores, o destaque fica com a China que assumiu a liderança como principal destino da carne de frango brasileira. Individualmente, quem ocupava (há décadas) o primeiro lugar era a Arábia Saudita. Agora, ainda que por diferença mínima, os sauditas estão em segundo lugar. Naturalmente, a ascensão da China à posição de líder se deve a dois fatores combinados: de um lado, a um aumento de quase 3,5% nas suas importações; de outro (e preponderantemente), à queda de 25% nas importações da Arábia Saudita. Assim, no trimestre, a China passou a responder por 12,43% do volume total exportado, enquanto a Arábia Saudita ficou com 12,30%. Por ora, o volume acumulado em período de doze meses – abril de 2018 a março de 2019 – indica redução de 5,7% sobre o mesmo período imediatamente anterior.

2019

A Revista do AviSite

57


Estatísticas e Preços Disponibilidade Interna de Carne de Frango

USDA e CONAB projetam crescimento entre 1,7% e 1,8% no consumo per capita do Brasil

Q

uase a um só tempo, o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) e a brasileira Cia. Nacional de Abastecimento (CONAB) divulgaram suas projeções sobre a produção, as exportações e a disponibilidade interna de carne de frango no Brasil em 2019. No quadro abaixo, os números divulgados. Embora seus números apresentem grandes diferenças entre si, USDA e CONAB praticamente coincidem nas estimativas quanto ao índice de crescimento da produção brasileira de carne de frango em 2019: +1,85%, o USDA; +1,90%, a CONAB. Já para as exportações, o USDA sinaliza expansão próxima de 2,5%, enquanto a CONAB, mais “pé no chão”, aponta (é a primeira previsão do órgão no ano) incremento médio pouco superior a meio por cento. Naturalmente, o volume exportado interfere diretamente na disponibilidade interna. E como as projeções de exportação são diferentes, os índices de expansão do volume disponível no mercado interno também apresentam grande diferença

cas, apenas o produto in natura, além de desconsiderar as exportações de pés/patas de frango. Daí seus números serem significativamente menores que os das estatísticas oficiais brasileiras. Isto considerado, a disponibilidade interna apontada pelo órgão norte-americano acaba sendo muito menor e bem mais próxima daquela estimada pela CONAB (com a diferença, apenas, relativa à maior diversidade de aves contida nos números do USDA). Dessa forma, se considerado, em ambas as projeções, o volume total efetivamente exportado (pouco mais de 4 milhões de toneladas), a disponibilidade per capita prevista para 2019 irá variar entre 45,100 kg (CONAB, cuja base se firma, exclusivamente, nos pintos de corte alojados) e 46,335 kg (projeções corrigidas do USDA, aí inclusos os descartes). E como tais volumes se encontram entre 1,69% e 1,81% acima dos registrados em 2018 (diferença de apenas 0,12 ponto percentual entre um índice e outro), conclui-se que até nesse quesito as projeções do USDA e da CONAB são, novamente, coincidentes.

entre si. De 2,5% para a CONAB; de 1,62% para o USDA. Mas a pergunta que não quer calar é: qual dos dois órgãos está mais próximo da realidade? Porque, simplesmente, a produção prevista pelo USDA é quase 300 mil toneladas superior à da CONAB, enquanto na exportação, inversamente, é a CONAB que aponta volume quase 300 mil toneladas maior que o do USDA. A resposta pode surpreender, mas a realidade é que, a despeito das diferenças, ambas as projeções estão muito próximas da realidade. Pois o USDA inclui em suas projeções de produção todas as aves da espécie Gallus domesticus abatidas, o que envolve todos os tipos de descartes de matrizes, de poedeiras, de aves de linhas puras e, ainda, as criações domésticas. Já as projeções da CONAB levam em conta, exclusivamente, o alojamento interno de pintos de corte (levantamento da APINCO). Quanto às exportações, a grande diferença existente advém do fato de o USDA considerar, em suas estatísti-

CARNE DE FRANGO

Produção, exportação e disponibilidade interna (total e per capita) 2018 (preliminar) e 2019 (projeção) MILHÕES DE TONELADAS USDA

CONAB

2018

2019

VAR.

2018

2019

VAR.

Produção

13,550

13,800

1,85%

13,289

13,542

1,90%

Exportação

3,685

3,775

2,44%

4,018

4,039

0,54%

9,271

9,502

2,50%

44,300

45,100

1,81%

Disponibilidade total Disponibilidade per capita* (kg)

9,865

10,025

1,62%

47,158

47,589

0,91%

45,566

46,335

1,69%

Fontes dos dados básicos: USDA e CONAB – Elaboração e análises: AVISITE * População estimada pela CONAB: 2018: 209,19 milhões/hab.; 2019: 210,66 milhões/hab. Dados corrigidos, considerando as exportações totais de carne de frango.

58

A Revista do AviSite


Mercado

Desempenho do frango vivo em abril e no 1º quadrimestre de 2019

Em abril o frango vivo redimiu-se de todos os maus momentos acumulados desde 2016

N

ão representa a redenção plena, mas em abril o frango vivo redimiu-se de todos os maus momentos acumulados desde 2016 (ano em que, devido à quebra de safra, sua produção se tornou onerosa) e agravados pelas ocorrências policiais de 2017 e 2018: alcançou, nominalmente, a melhor cotação de todos os tempos, completou o segundo mês consecutivo de mercado absolutamente firme e – o mais surpreendente – registrou esse bom desempenho em plena Quaresma, período normalmente caracterizado por sensíveis baixas. Depois de iniciar abril cotado a R$3,40/kg, em pouco mais de 10 dias o frango vivo negociado no interior de São Paulo obteve quatro reajustes de cinco centavos cada. Chegou, pois, ao valor recorde de R$3,60/kg, cotação que permaneceu inalterada por toda a segunda quinzena do mês. Com isso alcançou, em abril, preço médio de R$3,55/kg, valor que representou incremento de quase 10% sobre o mês anterior e de mais de 60% sobre abril de 2018. Sem dúvida excepcional, valorização do gênero é, provavelmente, inédita. Índice tão elevado, porém, resulta apenas dos baixos preços enfrentados um ano atrás, ocasião em que a cotação do frango vivo retrocedeu aos menores valores da corrente década. De toda forma é inegável a recuperação do setor, perspectiva inimaginável no início do presente exercício. Em janeiro e parte de fevereiro, por exemplo, muitas das negociações com o frango vivo foram efetivadas com descontos, por valores bem aquém daqueles apontados pelas cotações então divulgadas (daí serem consideradas “apenas um referencial”). Os baixos preços pagos pelo frango vivo seriam ocorrência normal

para o período (marcado pelas férias da população e pela queda de consumo) não fosse o fato de as compras com descontos ocorrerem desde o último trimestre de 2018. Ou seja: houve sensível desaceleração nos abates (por diferentes razões) e parte das aves em criação transformou-se em excedente. A virada de mercado, tudo indica, decorreu da combinação de pelo menos quatro diferentes fatores. O primeiro foi a retomada do consumo passados os meses de férias e reiniciado o ano letivo. O segundo foi o esgotamento dos estoques até então existentes. O terceiro foi a retomada plena dos abates. O quarto e decisivo fator (ao menos para o frango vivo) foi a queda de produção pelo setor independente após quatro ou mais meses de prejuízo contínuo. Tudo isso fez com que o preço médio do primeiro quadrimestre de 2019 alcançasse a marca, inédita, de R$3,13/kg, valor 30% superior ao de idêntico período ano passado. Em relação à média de 2018 (12 meses), a valorização atual é de 12%. Notar, porém, que a média atual se encontra apenas 8,3% acima daquela registrada três anos atrás, nos 12 meses de 2016. Ou seja: como a inflação (IPCA) acumulada desde então supera os 12%, o desempenho atual não tem nada de excepcional.

FRANGO VIVO

Evolução de preços na granja, interior paulista – R$/KG Média mensal e variação anual e mensal em treze meses MÊS.

MÉDIA R$/KG

ABR/18

2,20

VARIAÇÃO % ANUAL MENSAL -12,00%

-6,61%

MAI

2,37

-5,04%

7,91%

JUN

3,07

22,77%

29,29%

JUL

3,00

20,00%

- 2,13%

AGO

3,00

20,00%

0,00%

SET

3,19

27,65%

6,46%

OUT

3,19

21,12%

-0,11%

NOV

3,02

11,73%

-5,45%

DEZ

2,94

8,89%

-2,54%

JAN/19

2,79

8,67%

-5,03%

FEV

2,94

18,63%

5,27%

MAR

3,23

37,11%

9,78%

ABR

3,55

61,36%

9,91%

Média anual em 10 anos R$/KG 2010 2011 2012

R$ 1,65 R$ 1,92 R$ 2,08

2013

R$ 2,47

2014

R$ 2,42

2015 2016 2017 2018 2019

R$ 2,62 R$ 2,89 R$ 2,58 R$ 2,79 R$ 3,13

A Revista do AviSite

59


Estatísticas e Preços Mercado

Desempenho do ovo em abril de 2019

Considerados apenas os últimos 13 meses, ovo obteve em abril seu segundo melhor resultado do período

O

ovo - considerados apenas os últimos 13 meses (gráfico abaixo) – obteve neste último abril seu segundo melhor resultado do período. Ou seja: o preço médio alcançado ficou aquém, apenas, do registrado em junho de 2018, recorde do ano que passou. Mas não só isso. Pois (fato que se tornou raro, mas que já havia sido registrado em fevereiro), seu preço apresentou incremento tanto em relação ao mesmo mês do ano passado como ao mês anterior, com valorização mensal de 7,43% e anual de 13,59%. Teria sido ótimo se esse desempenho não tivesse ocorrido em plena Quaresma, evento do calendário religioso que, anualmente, transforma o mercado do ovo, tornando-o extremamente ativo. Aliás, época em que, salvo raríssimas exceções, são registrados os melhores preços de cada exercício. PPois desta vez o ovo passou pela Quaresma sem o dinamismo de sempre. É verdade que, entre a quarta-feira de Cinzas (6 de março) e o pico de preços do período o produto experimentou valorização superior a

18%. Mas isso levou mais de mês para ser alcançado e, mesmo assim, teve pouca duração (apenas 10 dias de negócios). E já no sábado de Aleluia (20) começou o retrocesso. Até aí, nada de excepcional, pois é normal a queda de preços na segunda parte do mês. Em abril, porém, o recuo foi mais agudo. Porque, em primeiro lugar, ao contrário dos três meses anteriores, o período foi encerrado com valor inferior ao de abertura. Segundo, porque em pouco mais de uma semana os preços vigentes recuaram perto de 25%, retrocedendo aos mesmos baixos patamares registrados no final de janeiro passado. A realidade é que, embora alcançando valor cerca de 5% superior ao registrado no mesmo período do ano passado, o ovo inicia maio de 2019 valendo 21% menos que em 2 de maio 2017 e registrando a mesma cotação de 2 de maio de 2016. Ou seja: se até recentemente os ganhos foram excepcionais, agora a defasagem é grande. E vai ser preciso muita ação para superá-la.

OVO BRANCO EXTRA

Evolução de preços no atacado paulistano R$/CAIXA DE 30 DÚZIAS Média mensal e variações anual e mensal em treze meses MÊS.

60 A Revista do AviSite

MÉDIA R$/CXA

Média anual em 10 anos R$/CAIXA

VARIAÇÃO % NO ANO

NO MÊS

2010

ABR/18

67,75

-25,66%

-14,32%

MAI

62,84

-24,57%

-7,25%

JUN

80,23

-7,82%

27,67%

2012 2013

2011

JUL

63,12

-24,52%

-21,33%

AGO

60,70

-24,44%

-3,82%

SET

58,21

-21,85%

-4,11%

OUT

50,12

-27,41%

-13,90%

2015

NOV

56,71

-14,08%

13,16%

2016

DEZ

55,00

-14,54%

-3,01%

JAN/19

47,65

-11,63%

-13,36%

FEV

72,12

1,08%

51,33%

MAR

71,64

-9,40%

-0,66%

ABR

76,96

13,59%

7,43%

2014

2017 2018 2019

R$ 37,93 R$ 44,61 R$ 49,11 R$ 57,86 R$ 52,70 R$ 59,47 R$ 75,43 R$ 77,78 R$ 63,24 R$ 66,87


Milho e Soja Milho registra queda de preço em abril

Farelo de soja registra queda de 10% em doze meses

O preço do milho registrou nova queda de preço em abril. O preço médio do insumo, saca de 60 kg, interior de SP, fechou o mês cotado a R$40,29, valor 6,7% abaixo da média alcançada pelo produto em março último, quando ficou em R$43,20. Na comparação anual o índice de queda foi um pouco menor, atingindo 5%. Isso porque em abril do ano passado o preço praticado foi de R$42,43 a saca.

O farelo de soja (FOB, interior de SP) registrou queda em abril de 2019 pelo sétimo mês consecutivo. O produto foi comercializado pelo preço médio de R$1.165/t, valor 0,5% inferior ao praticado no mês de março quando atingiu R$1.171/t. Em comparação com abril de 2018 – quando o preço médio era de R$1,295/t – a cotação atual registra queda de 10%.

Valores de troca – Milho/Frango vivo No frango vivo (interior de SP) o preço médio de abril, alcançou R$3,55 kg, atingindo índice de valorização mensal próximo de 10%. Assim, com a boa valorização do frango vivo e a queda na cotação do milho, houve sensível melhora no poder de compra do avicultor. Nesse mês, foram necessários 189,2 kg de frango vivo para se obter uma tonelada de milho, considerando-se a média mensal de ambos os produtos. Este volume representa 17,8% de melhora no poder de compra em relação ao mês anterior, pois, em março, a tonelada do milho “custou” 222,9 kg de frango vivo. Já em relação a abril do ano passado, o índice de melhora no poder de compra chegou a quase 70% pois, lá, foram necessários 321,4 kg de frango vivo para adquirir a tonelada da matéria-prima.

A boa valorização alcançada pela cotação do frango vivo e a leve queda verificada no preço do farelo de soja em abril fez com que fossem necessários 328,2 kg de frango vivo para adquirir uma tonelada do insumo, significando melhora de 10,5% no poder de compra do avicultor em relação a março quando 362,5 kg de frango vivo foram necessários para obter uma tonelada do produto. Na comparação em doze meses houve excelente melhora de 79,4%, pois, lá, foram necessários 588,6 kg para adquirir o cereal.

Valores de troca – Milho/Ovo

Valores de troca – Farelo/Ovo

O preço do ovo, na granja (interior paulista, caixa com 30 dúzias), obteve boa valorização em abril e fechou à média de R$70,96, valor 8% superior ao alcançado no mês anterior, quando o produto foi negociado por R$65,64. Com essa boa valorização no preço médio dos ovos e a queda na cotação do milho, houve considerável melhora no poder de compra mensal do avicultor. Em abril foram necessárias 9,5 caixas de ovos para adquirir uma tonelada do cereal. Em março, foram necessárias 11 caixas/t, uma melhora de quase 16% na capacidade de compra do produtor. Em doze meses, a melhora no poder de compra é ainda maior, de 21%.

De acordo com os preços médios dos produtos, em abril foram necessárias aproximadamente 16,4 caixas de ovos (valor na granja, interior paulista) para adquirir uma tonelada de farelo de soja. O poder de compra do avicultor de postura em relação ao farelo registrou ganho mensal de 8,7%, já que, em março, foram necessárias 17,8 caixas de ovos para adquirir uma tonelada do cereal. Em relação a abril de 2018 a melhora no poder de compra atingiu 27,7%, pois naquele período a tonelada de farelo de soja custou, em média, 21 caixas de ovos.

abril abril maio maio junho junho julho julho agosto agosto setembro setembro outubro outubro novembro novembro dezembro dezembro janeiro janeiro fevereiro fevereiro março março abril abril

53,00 53,00 51,00 51,00 49,00 49,00 47,00 47,00 45,00 45,00 43,00 43,00 41,00 41,00 39,00 39,00 37,00 37,00 35,00 35,00 33,00 33,00 31,00 31,00 29,00 29,00 27,00 27,00

2018 2018

MédiaAbril Abril Mínimo Média Mínimo 35,50 R$R$35,50

40,29 40,29

Fonte das informações: www.jox.com.br

2019 2019

Máximo Máximo 44,00 R$ R$ 44,00

Preçomédio médioFarelo Farelode desoja soja Preço R$/toneladaFOB, FOB,interior interiordedeSPSP R$/tonelada

1600 1600 1500 1500 1400 1400 1300 1300 1200 1200 1100 1100 1000 1000 950 950 900 900 850 850 800 800 750 750

abril abril maio maio junho junho julho julho agosto agosto setembro setembro outubro outubro novembro novembro dezembro dezembro janeiro janeiro fevereiro fevereiro março março abril abril

Preçomédio médioMilho Milho Preço

R$/sacadede60kg, 60kg,interior interiordedeSPSP R$/saca

Valores de troca – Farelo/Frango vivo

2018 2018

MédiaAbril Abril Média Mínimo Mínimo 1.150,00 R$R$ 1.150,00 R$R$

2019 2019

Máximo Máximo

1.180,00 1.165,00R$R$1.180,00 1.165,00 A Revista do AviSite

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Ponto Final

Biosseguridade sempre!

Rogério Kerber Presidente do Fundesa (Fundo de Desenvolvimento e Defesa Sanitária Animal)

A

produção e o comércio mundial de alimentos de origem animal têm na sanidade um de seus pilares mais importantes. A garantia de um plantel saudável promove uma produção mais segura para a população e mais sustentável econômica e ambientalmente. Para a avicultura gaúcha, que está presente em mais de 250 municípios, e gera milhares de empregos e é a terceira maior produtora e exportadora de carne de aves do país, manter as granjas livres de enfermidade é fundamental. Prevenção é a palavra-chave. E para isso precisamos garantir que produtores e indústrias estejam alinhados em relação a procedimentos de biosseguridade. Na maior parte das vezes são ações simples, de baixo custo, mas que geram impacto altamente positivo na produção e na redução de casos de doenças. A ameaça da Influenza Aviária, que causou prejuízos milionários em vários países ao longo dos últimos anos, fez com que o setor se organizasse em torno da prevenção e conscientização de produtores. O Fundesa liderou diversas iniciativas, promovendo a capacitação de técnicos do Serviço Veterinário Oficial e adquirindo equipamentos fundamentais para a atuação dos médicos veterinários com agilidade e eficiência caso fosse registrado algum caso da doença. Também apoiou a realização de eventos destinados a técnicos de indústrias e produtores, nos quais os participantes receberam informações e orientações sobre os cuidados para evitar a doença. Apesar dos riscos de ingresso do vírus pelo trânsito internacional ou pelas aves migratórias, o Brasil passou incólume nos períodos mais críticos de incidência mundial da Influenza Aviária. Isso graças ao aumento dos controles, à atenção do serviço veteri-

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A Revista do AviSite

nário oficial e privado e à compreensão dos produtores da necessidade de cuidados adicionais. Mas a circulação do vírus ainda existe, no hemisfério Norte, especialmente na Ásia, e alguns têm alta capacidade de mutação. Por isso as ações preventivas nunca devem ser afrouxadas. Entre as medidas básicas está, fundamentalmente, o controle rigoroso de ingresso nas propriedades. Granjas são locais de trabalho, não de visitação. Ainda que sejam visitas de negócios, como profissionais de vendas ou consultores, a necessidade de entrada no local deve ser bem avaliada. A prática da troca de roupa e fumigação de equipamentos e o banho, antes de ingressar nos galpões também é recomendada. Realizar o controle de insetos, roedores e outros animais faz parte das ações de biosseguridade. Alguns podem ser vetores de doenças ou mesmo contaminações. Manter as telas antipássaros em boas condições, sem furos e nas dimensões recomendadas pelo Ministério da Agricultura é importante. Lembre-se que manter em ordem é muito mais fácil do que ir deixando pequenas falhas acumulando e tornando-se um grande problema. A realização de intervalo entre lotes, além de recomendada, é uma determinação do Ministério da Agricultura. A constatação de sintomas ou comportamentos suspeitos em aves nas granjas deve ser comunicada ao Serviço Veterinário Oficial, na Inspetoria de Defesa Agropecuária mais próxima ou mesmo na nova ferramenta lançada pela Secretaria da Agricultura, que é um contato de WhatsApp disponível 24 horas por dia para envio de mensagens em texto, áudio, foto ou vídeo (51 984452033). A comunicação imediata de suspeitas é uma das medidas que pode contribuir para o controle mais rápido de enfermidades que eventualmente tenham ingressado nos plantéis. Todos os temas abordados anteriormente neste artigo também se relacionam a outras enfermidades, que não só a Influenza Aviária. A Salmonella, por exemplo, é uma bactéria que pode causar prejuízos na produção e problemas de saúde na população. E os cuidados com biosseguridade são o primeiro passo para reduzir sua incidência nos plantéis e, posteriormente, reduzir a contaminação no processo de abate e processamento. A salmonelose é uma das principais causas de gastroenterite em humanos veiculada por alimentos em todo o mundo. O Fundesa, através do Conselho Técnico Operacional da Avicultura, vem trabalhando de diversas formas – tanto com investimentos no fortalecimento do sistema de defesa agropecuária como na capacitação dos técnicos do Serviço Veterinário Oficial e das áreas técnicas das indústrias. A atuação conjunta com a Secretaria e o Ministério da Agricultura, com a comunicação de ações e eventos, a aquisição de insumos também faz parte dos objetivos do Fundo e que vem garantindo a evolução constante da sanidade avícola no estado do Rio Grande do Sul.


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Ponto Final

A PROTEÇÃO DAS MATRIZES ESTÁ NOS DETALHES

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