Edição 53 - Revista do Ovo

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Editorial Setor de postura apresenta resultado positivo O mercado avícola de postura obteve neste último mês de abril seu segundo melhor resultado do período. Ou seja: o preço médio alcançado ficou aquém, apenas, do registrado em junho de 2018, recorde do ano que passou. De acordo com os analistas de mercado da Mundo Agro Editora, o valor do ovo apresentou um resultado positivo tanto em relação ao mesmo mês do ano passado como ao mês anterior, com valorização mensal de 7,43% e anual de 13,59%. Teria sido ótimo se esse desempenho não tivesse ocorrido em plena Quaresma, evento do calendário religioso que, anualmente, transforma o mercado do ovo, tornando-o extremamente ativo. Aliás, época em que, salvo raríssimas exceções, são registrados os melhores preços de cada exercício. Pois desta vez o ovo passou pela Quaresma sem o dinamismo de sempre. É verdade que, entre a quarta-feira de Cinzas (6 de março) e o pico de preços do período o produto experimento valorização superior a 18%. Mas isso levou mais de mês para ser alcançado e, mesmo assim, teve pouca duração (apenas 10 dias de negócios). E já no sábado de Aleluia (20) começou o retrocesso. Este é somente um dos destaques da edição de maio da sua Revista do Ovo, que ainda traz destaques técnicos e comerciais para o avanço do segmento, com uma matéria especial de cobertura da 17ª edição do Congresso de Produção e Comercialização de Ovos promovido pela Associação Paulista de Avicultura, com o apoio da Fundação Apinco de Ciência e Tecnologia Avícolas (FACTA) e da CDA (Coordenadoria de Defesa Agropecuária), realizada em Ribeirão Preto (SP).

Sumário 06 08 10 18 28 32

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Congresso de Ovos da APA Três dias de muitas análises e discussões sobre o avanço técnico e comercial do setor de postura no Brasil

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Bem-estar animal na produção de ovos é tema de treinamento no ES

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Notícias Curtas Coopeavi apresenta resultados de 2018 com distribuição de R$ 4,8 milhões aos cooperados Nutricionista do Instituto Ovos Brasil apresenta para alunos de cursos técnicos a importância do ovo na culinária Os desafios tecnológicos da avicultura de postura em Pernambuco Salmonella em Postura Comercial. Epidemiologia Desempenho zootécnico e qualidade de ovos de galinhas alojadas em piso sob diferentes densidades e enriquecimento ambiental SG 9R a principal ferramenta de controle do Tifo Aviário Criação de machos leves da postura comercial em programas nutricionais específicos Desempenho do ovo Pintainhas de postura Matérias-primas Ponto Final Tiago Lourenço

Mundo Agro Editora Ltda. Rua Erasmo Braga, 1153 13070-147 - Campinas, SP

Publicação Bimestral nº 53 | Ano VI Maio/2019

EXPEDIENTE Publisher Paulo Godoy paulogodoy@avisite.com.br Redação Giovana de Paula (MTB 39.817) imprensa@avisite.com.br Comercial Karla Bordin (19) 3241 9292 comercial@avisite.com.br Diagramação e arte Mundo Agro e Innovativa Publicidade luciano.senise@innovativapp.com.br Internet Gustavo Cotrim webmaster@avisite.com.br Administrativo e circulação financeiro@avisite.com.br

Para facilitar o acesso às matérias que estão na internet, disponibilizamos QrCodes. Utilize o leitor de seu computador, smartphone ou tablet

Alguns caminhos, perfeitos ou não, já estão pavimentados como guia para direcionar o rumo de um setor que merece ser muito exitoso.

Revista do Ovo

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Eventos

2019 Junho 05 e 06

FAVESU - Espírito Santo Feira de Avicultura e Suinocultura Capixaba Local: Espírito Santo Telefone: (27) 3288-2748 Site: www.associacoes.org.br 06 e 07

XIV Simpósio Goiano de Avicultura Local: Castro’s Park Hotel, Goiânia, Goiás Site: www.agagoias.com.br 16 a 19

CONBRASUL 2019

Local: Gramado/RS Telefone: (51)3228-8844 E-mail: conbrasul@ovosrs.com.br Site: www.conbrasul.ovosrs.com.br

Agosto 27 a 29

Salão Internacional de Avicultura e Suinocultura (SIAVS) Local: Anhembi Parque, em São Paulo (SP). Promoção: Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) Informações: www.siavs.com.br

Outubro 08 a 11

OVUM 2019 XXVI Congresso Latino-Americano de Avicultura Local: Lima, Peru Site: www.elovum.com 30 a 01/11

IV Simpósio de Bem-estar e Comportamento Animal SiBem 2019 Local: Descalvado, SP Realização: Mestrado em Produção Animal da Universidade Brasil. E-mail: strictosensu.des@universidadebrasil. edu.br Site: strictosensudes5.wixsite.com/ sibem2019

Novembro 12 a 14

CLANA - Congresso Latinoamericano de Nutrição Animal Local: Expo Dom Pedro - Campinas, SP Realização: Colégio Brasileiro de Nutrição Animal (CBNA) Site: www.cbna.com.br

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Há cinco anos no OvoSite

Mercado de ovos: expectativa de melhora no consumo e maior escoamento dos estoques existentes 05/05/2014: O setor de postura iniciou o mês de maio comercializando a caixa de ovos por R$62,00 no atacado de São Paulo em mercado totalmente desajustado e valor bem próximo do obtido no mesmo período do ano passado. Segundo a Jox Assessoria Agropecuária a oferta de mercadoria continua afetando a comercialização do produto e acarretando negócios a preços diferenciados. A expectativa é de que a entrada da massa salarial no decorrer dessa semana favoreça uma sensível melhora no consumo de ovos e um maior escoamento dos estoques existentes em toda a cadeia de comercialização. Por ora, o preço médio da caixa de ovos no ano é de R$59,80 e permanece 4,73% abaixo do valor alcançado no mesmo período do ano passado, R$62,77. Ano passado, maio permaneceu o mês inteiro com cotação igual a R$61,00. Neste ano, espera-se que, pelo menos, os preços atuais não venham a sofrer novas baixas que podem aumentar ainda mais o prejuízo do produtor.

As quatro mais lidas do OvoSite em Abril

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Ovos: mercado abre a semana em alta 09/04 - Ontem, primeiro dia útil da semana, em mercado firme pela disponibilidade ajustada, os produtores de ovos brancos e vermelhos alcançaram nova alta nos negócios realizados.

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Ovos: redução anual de 3,5% no preço médio desta Quaresma 18/04 - A Quaresma deste ano vai chegando ao fim e os preços recebidos nos últimos dias são muito superiores aos alcançados no mesmo período do ano passado. Se não houver retrocesso neste último dia da Quaresma, o valor praticado atingirá 18% de evolução.

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Produtores de ovos obtiveram o primeiro reajuste do mês 04/04 - Ontem, quarta, em mercado bastante especulado e pressionado nos preços, os Produtores de ovos brancos e vermelhos alcançaram valorização na comercialização do seu produto.

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O ovo e o frango na inflação de março de 2019 11/04 - Os produtos da avicultura estiveram entre os alimentos que contribuíram para a inflação de março, a mais alta para o mês dos últimos cinco anos. Porque, em essência, frente a uma variação de 0,75% no IPCA, os ovos aumentaram no mês mais de 5%, o frango inteiro 1,66% e o frango em pedaços 1,35%.


Evento

Bem-estar animal na produção de ovos é tema de treinamento no ES

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vicultores, profissionais e estudantes de graduação e pós-graduação estão convidados a participar da atualização e treinamento em bem-estar animal na produção de ovos que acontece no dia 6 de junho em Venda Nova do Imigrante-ES. Durante o treinamento vão ser discutidos os avanços técnicos e as práticas de bem-estar animal aplicadas à avicultura de postura no país, unindo no discurso a visão do Governo, das empresas e dos produtores. Ao mesmo tempo, será proporcionada aos produtores de ovos uma atualização do tema na cadeia produtiva. O evento acontece no Centro de Eventos Padre Cleto Caliman (Polentão), durante a 5ª Favesu, Feira de Avicultura e Suinocultura Capixaba. A organização é dos pesquisadores da Embrapa Helenice Mazzuco e Paulo Abreu, do professor Iran José Oliveira da Silva, da Nupea - Esalq/USP, e de Carolina Covre, médica veterinária da AVES (Associação dos Avicultores do Espírito Santo). Informações pelos telefones 49 3441-0400 (Embrapa) ou 27 3288-1182 (Favesu), ou pelos e-mails cnpsa.eventos@ embrapa.br ou favesu@favesu.com.br.

Programação:

8h30 às 9h: Credenciamento 9h às 9h15: Apresentação do 1º lugar Trabalho Científico Postura comercial 9h15 às 9h30: Apresentação institucional do Instituto Ovos Brasil 9h30 às 9h45: Visão do MAPA sobre o Bem-Estar Animal Liziè Buss (MAPA) 9h45 às 10h15: Apresentação do Projeto BEA - Poedeiras Helenice Mazzuco (Embrapa Suínos e Aves) e Iran Oliveira (NUPEA - Esalq/USP) 10h15 às 10h25: Debate e Dúvidas 10h25 às 10h50: Sanidade X Bem-estar de poedeiras e qualidade do ovo - Sabrina Castilho Duarte (Embrapa Suínos e Aves) 10h50 às 11h: Perguntas 11h às 11h20: Coffee break 11h20 às 11h50: Experiência da Fazenda da Toca na viabilidade da produção orgânica de ovos em larga escala - Fernando Bicaletto (Fazenda da Toca) 11h50 às 12h: Perguntas 12h às 12h30: Visão da empresa frente as demandas do bem-estar animal - Claudio Machado (Vencomatic) 12h30 às 12h45: Debate e encerramento

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Notícias Curtas Mercado

Galinhas “cage-free” do McDonald’s A gigante do ramo de fast food McDonald’s afirmou em abril que pretende usar em seus restaurantes nos Estados Unidos somente ovos de galinhas criadas livres de gaiolas (“cage-free”, em inglês) até 2025. Atualmente, um terço dos ovos que abastecem as lanchonetes da rede são

provenientes de aves criadas nessas condições. Segundo a companhia, fornecedores como a Cargill e Forsman Farms estão mudando sua forma de trabalhar para atender ao mercado consumidor cada vez mais exigente quanto ao tratamento dado aos animais.

O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) informou que o conceito de “galinhas livres de gaiolas” difere do de “criação de frangos ao ar livre” (“free range”). No primeiro, basta não ter gaiolas. No segundo, os animais precisam estar ao ar livre.

Produção

Produtor de ovos recupera participação em relação ao varejo Em fevereiro o produtor de ovos paulistano obteve valorização mensal de quase 59% na comercialização do seu produto. Entretanto, isso não tem maior relevância ao se constatar que a caixa de ovos em janeiro atingiu o menor valor desde janeiro de 2015. Assim, para efeito comparativo, talvez o índice anual expresse melhor a evolução do produto e, nesse caso, o aumento foi de apenas 1,3%. Na outra ponta, ou seja, no varejo paulistano, também houve ganhos na comparação mensal e anual. Porém, em índices bem menores que os verificados na granja: em relação ao mês anterior, de quase 11%, e, em relação a janeiro de 2018, de 0,9%. Dessa forma, houve melhora significativa na relação com o varejo: o preço na granja equivaleu a 38,2% do comercializado no varejo. Com isso, houve recuperação de 11,6 pontos percentuais na participação do produtor de ovos na comparação mensal. Em doze meses o aumento na participação foi mínima, cerca de 0,2 pontos percentuais. Por ora, passados dois terços do mês, os preços médios alcançados nos dois elos de comercialização indicam índice na casa dos 37% significando pequena perda – 1 ponto percentual - na participação dos avicultores em março. Como o mercado se encontra em pleno andamento do período da quaresma é possível que o último decêndio do mês não tenha os efeitos negativos verificados em meses normais e o índice pouco se altere até o encerramento do mês.

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Processamento

Para reflexão do setor: NotCo chega ao Brasil com sua maionese sem ovo Depois de conquistar, em dois anos, uma fatia de 10% do mercado de maionese no Chile com seu produto feito sem ovo e à base de grão de bico, a startup NotCo está desembarcando no Brasil. Segundo Matias Muchnick, cofundador e presidente da companhia, as vendas começarão em abril na rede Pão de Açúcar. O preço ainda não está definido. Segundo Muchnick, no Chile (um dos maiores mercados de maionese do mundo) a maionese NotMayo custa 10% a mais que o produto vendido pela Kraft. Depois da maionese, a companhia pretende colocar à venda no Brasil leite e sorvete. Ela também tem um iogurte e um queijo cremoso. O que faz da NotCo um caso de destaque é a aplicação de inteligência artificial para desenvolvimento de produtos que não usam ingredientes de ori-

gem animal. Batizado de Giuseppe, o sistema varre enormes bases de dados com informações sobre a composição molecular de ingredientes de origem vegetal e animal, em busca de combinações que permitam reproduzir o sabor e a textura dos alimentos tradicionais. Ao fim desse processo, ele entrega uma receita que é testada pela companhia. “Ele dá uma receita e faz um líquido que é roxo. Então você tem que ir lá e dizer pra ele que um leite não pode ser roxo”, conta Muchnick. De acordo com o executivo, o uso de inteligência artificial acelera o processo de desenvolvimento e reduz custos, fatores cruciais para um segmento que inova muito pouco. “A pesquisa e desenvolvimento no mercado de comida é muito obsoleta. O investimento é baixo porque os resultados são ruins. E isso

cria um círculo vicioso”, diz. A ideia de criar a companhia veio em 2015 depois de um investimento de dois anos feito por Muchnick e um sócio em uma maionese feita sem ovos. Segundo ele, o produto chegou a ter um sucesso razoável, mas a receita, encomendada de uma empresa especializada na criação de novos alimentos, não era o que Muchnick queria. Depois de uma temporada de estudos em Berkeley e Harvard (onde conheceu Karin Pichara, outro fundador da companhia) ele decidiu aplicar o conceito de pesquisa de moléculas usado pelo segmento farmacêutico ao mercado de comida. Ele também se aproveitou do crescente interesse dos consumidores por produtos mais saudáveis e com menor impacto ambiental para criar um conceito para a marca que se encaixa nessa demanda.

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Fechamento de contas

Coopeavi apresenta resultados de 2018 com distribuição de R$ 4,8 milhões aos cooperados

Valor é relativo às sobras do ano passado e corresponde a incremento de 4,9% em relação a 2017

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Aprovação das contas e eleição da nova diretoria e conselhos durante assembleia

Arno Potratz

Imagem geral da assembleia

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Coopeavi apurou um resultado de R$ 4,8 milhões em 2018 - incremento de 4,9% em relação a 2017. Parte deste valor será distribuída entre os 12.826 cooperados, sendo 50% na forma de crédito nas lojas da cooperativa e outra metade integralizada diretamente na conta capital. A destinação das sobras foi aprovada na Assembleia Geral Ordinária (AGO), realizada no último sábado (30 de março), em Santa Maria de Jetibá, região serrana do Espírito Santo. Além de prestar contas e anunciar projetos para 2019, a Assembleia elegeu Denilson Potratz como novo diretor-presidente da cooperativa para o quadriênio 2019/2023. Com o ginásio do bairro São Luiz lotado, os associados tiveram acesso ao Relatório de Atividades de 2018, ano que, na avaliação da diretoria da Coopeavi, foi um dos períodos mais difíceis enfrentados pela cooperativa. “Começamos janeiro animados com o mercado sinalizando a volta do crescimento e desenvolvimento do país, mas a polarização ideológica, os escândalos políticos, a corrupção e a insegurança continuaram a ser destaques na mídia. Como se não bastasse, em maio enfrentamos a greve dos caminhoneiros. Desenvolvemos uma operação de guerra para mantermos nossos produtores assistidos durante este período”, afirmou o presidente,

Arno Potratz. Mas apesar dos obstáculos, a Coopeavi fechou o ano com resultado positivo. A cooperativa evoluiu em relação a 2017 e realizou investimentos em todos os setores (avicultura, cafeicultura, pecuária e hortifruticultura). E para coroar 2018, a Coopeavi iniciou um estudo de incorporação da Veneza, efetivado em fevereiro deste ano, considerado um marco para o cooperativismo e o agronegócio do Espírito Santo. Desempenho Além do momento ruim atravessado pela avicultura, com a queda nos preços dos ovos e aumento do custo da matéria-prima para a fabricação das rações e a baixa remuneração no setor de hortifruti, a Coopeavi alcançou desempenho satisfatório no último exercício. Com exceção do volume de rações produzidas, que permaneceu praticamente estável em 2018, todos os negócios da cooperativa obtiveram desempenho de produção ou comercialização superior à 2017. Destaque na recria, que cresceu 51,9%, atingindo 664 mil aves recriadas/comercializadas; e na comercialização de café verde, com aumento de 38,4%, chegando ao número de 265 mil sacas. Além disso, a Coopeavi atingiu a marca de 24,9 mil sacas de café exportado para dez países, um crescimento de 300%. Em suma, as operações da cooperativa resultaram em um crescimento de receita líquida de 18,3%, fechando 2018 na marca dos R$ 382 milhões.


Iniciativas

Erik, Argêo, Denilson e Ederson: integrantes da diretoria executiva

Denilson Potratz, novo diretorpresidente da cooperativa para o quadriênio 2019/2023

O relatório também destaca o sucesso da última edição da Semana Tecnológica do Agronegócio (Feira Coopeavi), criada com o propósito de unir produtores rurais de diversas regiões para fazer bons negócios. Em agosto de 2018, cerca de 5.000 pessoas participaram da programação em Santa Teresa. Neste ano, serão realizadas três, ao invés de uma feira: uma em julho, com foco no café Conilon, em Nova Venécia; e duas em agosto, sendo uma em Caratinga (MG) e outra em Santa Teresa. Outra iniciativa é a parceria com o Sicoob ES para instalação de usinas fotovoltaicas que irão gerar energia para as unidades atendidas pela concessionária EDP Espírito Santo. A produção deve chegar a 125 mil Kwh/mês, o que seria suficiente para abastecer aproximadamente 500 residências. A usina geradora está sendo instalada em Ibi-

raçu, no telhado do Complexo Logístico Coopeavi. Em contrapartida, o Sicoob entra com parte de uma estrutura para que haja compensação de energia nas unidades da Coopeavi. Vale ressaltar também que o Condomínio Avícola para Postura Comercial garantiu à Coopeavi a segunda colocação na categoria “Inovação” do 11º Prêmio Somos Coop - Melhores do Ano, promovido pela Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB). De acordo com a diretoria, o ano de 2019 vai consolidar alguns projetos já em andamento, a exemplo do posto de combustíveis, do supermercado, da nova loja da Matriz, da expansão no norte e sul do Espírito Santo, além da abertura de nove lojas agro office e da integração da estrutura de laticínios localizada em Nova Venécia, responsável pela fabricação dos produtos Veneza, às unidades estratégicas da Coopeavi.

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Nutrição

Nutricionista do Instituto Ovos Brasil apresenta para alunos de cursos técnicos a importância do ovo na culinária Alimento pode atuar como espessante e aerador, além de permitir o preparo de vários tipos de cobertura

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Turma do curso de nutrição do Senac

ETEC

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alimento ovo e sua importância para a saúde humana. Este foi o tema de três apresentações nos períodos da manhã, tarde e noite para turmas diferentes do curso técnico de nutrição que Lúcia Endriukaite, nutricionista do Instituto Ovos Brasil, apresentou na ETEC de São Paulo, no dia 25 de março. A apresentação de Lúcia finalizou uma aula sobre técnica dietética. Perseguindo o objetivo de levar informação a estudantes da área de nutrição (os grandes formadores de opinião sobre este alimento), Lúcia realizou ainda no Senac São Paulo, no dia 28 de março, uma nova apresentação para alunos do curso técnico de nutrição como parte do módulo de alimentos de origem animal / ovos. Na ETEC e no Senac, usando como material de apoio uma série de slides e o material promocional (livros de receita, folders e cardápio semanal) desenvolvido pelo IOB para), Lúcia abordou temas como a estrutura do ovo, com informações sobre a casca, a clara e a gema. A forma correta de armazenagem do alimento também foi lembrada. A profissional também apresentou as várias funções do ovo na culinária e seu papel como forma de incrementar receitas. Este alimento, por exemplo, atua como espessante e pode ser um aerador, além de permitir o preparo de vários tipos de cobertura, com cores, sabores e texturas diversas. Os alunos ouviram atentos as explicações de Lúcia Endriukaite sobre como a ovomucina e a ovoglobulina incorporam o ar e assim dão origem à clara em neve. Outro ponto enfocado por Lúcia foi o papel da colina (presente da gema), que é fundamental no desenvolvimento cerebral nos primeiros anos de vida e, na gestação, ajuda a reduzir o risco de fechamento do tubo neural.


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Evento

Congresso da APA realiza amplos debates para o setor de postura Saúde animal foi principal assunto discutido no Congresso de Ovos 2019, principalmente sobre salmoneloses

José Roberto Bottura: Palestras e discussões sobre salmonella na avicultura foram o principal assunto abordado no Congresso de Ovos

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oram três dias de muitas análises e discussões sobre o avanço técnico e comercial do setor de postura no Brasil. Assim pode ser definida a 17ª edição do Congresso de Produção e Comercialização de Ovos promovido pela Associação Paulista de Avicultura, com o apoio da Fundação Apinco de Ciência e Tecnologia Avícolas (FACTA) e da CDA (Coordenadoria de Defesa Agropecuária), em Ribeirão Preto (SP), para um público recorde de 750 inscritos. Temas como salmonella, bem-estar animal, prevenção e combate à Laringotraqueíte Infecciosa e aspectos econômicos gerais ligados aos agronegócio permearam os debates durante o evento. De acordo com José Roberto Bottura, coordenador do evento, o Congresso vem mostrando crescimento nos últimos anos. “É um reflexo do momento positivo atual do setor de postura e ficamos muito satisfeitos com o grande alinhamento dos temas com a atual demanda da avicultura de postura”, apontou Bottura. Ele exemplificou as possibilidades relativas à exportação de ovos. “Importantes palestrantes mostra-


Mesa de abertura do evento. Ao microfone, o presidente da APA, Érico Pozzer

Recorde de público: 750 inscritos representaram um público recorde durante o Congresso de Ovos, que abordou temas como salmonella, Laringotraqueíte Infecciosa, Economia e Exportação e muito mais. José Roberto Bottura, um dos organizadores do evento, destacou o alinhamento dos temas com a demanda atual do setor de postura. “Estamos muito satisfeitos com a evolução do Congresso, um reflexo também do bom momento do segmento”, disse

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Evento ram como é possível e qual é o melhor caminho para o avanço do setor de postura brasileiro no mercado externo, além de apontar os entraves a serem transpostos”, destacou. O evento contou com o slogan “Nutrindo o presente, preservando o futuro”. José Roberto Bottura, que é Diretor Técnico da APA e Coordenador do Congresso de Ovos, os temas das mais de 30 palestras escolhidas a dedo com grande dedicação pela comissão organizadora são as responsáveis pelo sucesso de público do evento. Para Bottura, as palestras e discussões sobre salmonella na avicultura foram o principal assunto abordado no Congresso de Ovos.

Pré- Congresso sobre salmoneloses Um pré congresso gratuito sobre salmoneloses foi organizado na manhã do primeiro dia do encontro (26/03), Entre os palestrantes estiveram presentes Edir Nepomuceno (Facta), que falou sobre os princípios básicos da biosseguridade, e Ângelo Berchieri (Unesp), que abordou a epidemiologia das salmonelas. Já Anderlise Borsoi (UTPR) falou sobre as ferramentas de controle. Segundo a pesquisadora, o uso de probióticos é uma das ferramentas de controle para salmonelas em postura comercial. Além disso, para ela, um programa de gerenciamento de granjas que use intervenções em múltiplos estágios da produção de ovos é essencial para evitar a contaminação por salmonela em ovos e proteger a saúde pública.

Cerimônia de abertura

João Palermo Neto, professor da Faculdade de Medicina Veterinária da USP, participou de um amplo debate no Congresso de Produção e Comercialização de Ovos, em Ribeirão Preto, sobre o uso de antimicrobianos na avicultura de postura. Ele respondeu as dúvidas dos participantes

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A mesa de abertura do Congresso de Ovos foi composta pelo Secretário de Agricultura de São Paulo, Gustavo Junqueira, o Coordenador de Defesa Agropecuária de São Paulo, Eduardo Camargo, o Prefeito de Ribeirão Preto, Duarte Nogueira, o Diretor da ABPA e Presidente do Conselho Diretor do Instituto Ovos Brasil, Ricardo Santin, a ex-Secretária de Agricultura, Mônika Bergamaschi, José Paulo Meirelles Körs, Presidente da Apinco e o anfitrião, Presi-


dente da Associação Paulista de Avicultura, Erico Pozzer. Na ocasião, o Presidente do Congresso de Ovos, Benedito Lemos de Oliveira, Professor aposentado da Universidade de Lavras, que conta 53 anos de militância nas áreas de extensão, assistência técnica, ensino, pesquisa e direção de empresas, fez um relato de sua história à frente da avicultura brasileira e sobre a importância de eventos como este para o crescimento do setor. Benedito começou mencionando a realização do I Congresso Brasileiro de Avicultura, em 1969, quando consumíamos, no País, 62 ovos per capita ao ano. Benedito lembrou também que esteve presente no I Congresso de Ovos realizado pela Associação Paulista de Avicultura, em 1999. Nesta época, o consumo de ovos era de cerca de 88 unidades por pessoa. Hoje, o Brasil já consome 212 ovos per capita (número de 2018).

“Com este relato quis demonstrar, embora em forma de história, o quanto é importante a participação em congressos como este que aproximam os produtores, empresários, o ensino, a pesquisa e os negócios, contribuindo para o crescimento profissional de cada participante, mas com foco principal no todo, em nossa avicultura de postura”, afirmou ele.

Homenagens

Um pré congresso gratuito sobre salmoneloses foi organizado na manhã do primeiro dia do encontro

Os professores Masaio Mizuno e Otto Mack Junqueira foram homenageados pelo Congresso de Ovos por sua contribuição para a avicultura. Masaio é Professora da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP e há mais de 20 anos integra o Comitê Estadual de Sanidade Avícola (COESA/SP). Ela é uma das responsáveis por ajudar a construir o PNSA (Programa Nacional de Sanidade Avícola). Já Otto foi Professor Titular da Universidade Estadual

biovet.com.br

Proteção a favor da Produtividade. vacina viva atenuada do Biovet vaxxinova contra a Salmonella Gallinarum cepa 9r. indicada para a prevenção do tifo e do Paratifo aviário em galinhas e codornas de postura comercial.

TradiçãoRevista movida pela inovação. do Ovo

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Evento

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“Produção e comercialização de ovos na realidade Européia - Cage Free” em pauta agora no Congresso de Produção e Comercialização de Ovos, em Ribeirão Preto, com Marteen De Gussem, da Vetworks

Ângela Pellegrino Missaglia, Sindirações, abordou o tema “Boas Práticas de Fabricação (BPF) em fábricas de ração” no Congresso de Produção e Comercialização de Ovos

O Espaço Empresarial Ceva levou para Ribeirão Preto, James Guy, da Universidade do Tennessee, EUA. Ele aborda o tema “Controle da Laringotraqueíte”

Guillermo Zavala, da MSD, aborda a ação efetiva de vacinas recombinantes no Congresso de Produção e Comercialização de Ovos


Premiar a pesquisa científica avícola é um dos maiores orgulhos da comissão organizadora do Congresso de Ovos. Ano a ano, os números de trabalhos recebidos só fazem crescer

Paulista (UNESP/Jaboticabal) e da Universidade Federal de Goiás (UFG), Campus de Jataí. Sua experiência é principalmente na área de Zootecnia, com ênfase em Exigências Nutricionais dos Animais, atuando principalmente nos seguintes temas: nutrição e alimentação de frangos de corte, poedeiras comerciais e suínos; determinação das exigências nutricionais e utilização de aminoácidos digestíveis, proteína ideal e aditivos para monogástricos renderam vários artigos.

Trabalhos científicos Premiar a pesquisa científica avícola é um dos maiores orgulhos da comissão organizadora do Congresso de Ovos. Ano a ano, os números de trabalhos recebidos só fazem crescer. E a dedicação da equipe que avalia e organiza estes trabalhos também só avança. Neste ano, os trabalhos científicos premiados foram: Panorama de exportação de ovos de poedeiras comerciais pelo Brasil (Sarah Sgavioli, Universidade Brasil, Descalvado, SP); Estudo da excreção fecal, mortalidade e colonização de órgãos por salmonela (Fernanda de Oliveira Barbosa, FCAV); Desempenho de codornas japonesas em postura, em diferentes densidades de alojamento (Bianca Magalhães, Universidade Federal de São João Del Rei); Efeitos da inclusão de fibra na dieta sobre a morfometria intestinal de poedeiras comerciais (Bruna Garcia de Souza Leite, FZEA/USP). Revista do Ovo

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Pesquisa

Os desafios tecnológicos da avicultura de postura em Pernambuco A produção de ovos em Pernambuco (214.930 mil dúzias) correspondeu a 30% da produção das regiões Nordeste e Norte Autores: Jorge Vitor Ludke - Agrônomo, Pesquisador da Embrapa Suínos e Aves, colaborador NTPA - Núcleo Temático Produção de Aves. Jorge Luiz Araújo da Silva - Médico Veterinário, consultor em Agronegócio, Doutor em Desenvolvimento e Meio Ambiente pela UFPE. Maria do Carmo Mohaupt Marques Ludke - Zootecnista, Professora de Nutrição de Não Ruminante do Departamento de Zootecnia da UFRPE. Jungi Iwata - Administrador de Empresas, Empresário, Granja Iwata, INPROVOS Ltda - Indústria Processadora de Ovos de Pernambuco (Aska Alimentos)

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Estado de Pernambuco tem uma população estimada em 9,5 milhões de habitantes com uma característica peculiar na sua distribuição espacial: 43% (correspondendo a 4,1 milhões de habitantes) vivem em 15 cidades na Grande Recife e, dentre estas estão seis das dez maiores cidades do estado. Completam as dez maiores cidades Vitória do Santo Antão na Zona da Mata (com 140 mil hab. e a 50 km de Recife), Caruaru e Garanhuns no Agreste (360 mil hab. a 130 km de Recife e 140 mil hab. a 230 km de Recife, respectivamente) e Petrolina no Sertão (com 350 mil hab.). Nos dados consolidados do IBGE para 2017, a produção de ovos em Pernambuco (214.930 mil dúzias) correspondeu a 30% da produção das regiões Nordeste e Norte. O estado junto com o Ceará produz metade dos ovos dessas duas regiões. O registro dos dados oficiais ocorre somente para granjas que tenham 10 mil ou acima de 10 mil poedeiras alojadas e na condição da existência de mais do que duas unidades produtoras por registro. Outro fator importante é que os dados representam a produção de ovos indistintamente se destinados para consumo ou incubação. Na média da produção nacional o IBGE estima que do total de ovos produzidos no país 80% é destinado ao consumo e 20% é destinado à incubação. Considerando os três primeiros trimestres de 2018 a estimativa é que 91,4% dos ovos produzidos em Pernambuco foram destinados ao consumo representando 6,17% da produção nacional destinada para esta finalidade. Estas estatísticas do IBGE indicam que os quatro estados (na ordem: SP, ES, MG e PE) com maior produção de ovos para consumo produzem 61,6% do total nacional. Fundamentado no relatório da ABPA (2018) em termos de alojamento de pintainhas, em 2017, Pernambuco teve uma participação de 7,03% do total alojado no país. Este cenário

coloca o estado em quarto no ranking nacional e primeiro no ranking do Nordeste. Os quatro estados que mais alojaram (SP, MG, ES e PE) totalizaram 60,5% dos alojamentos para postura. Segundo a estimativa da AVIPE (Associação Avícola de Pernambuco) a produção estadual de ovos em 2018 foi de 10 milhões de unidades ao dia o que seria o equivalente a um ovo ao dia por pernambucano, bem acima da média nacional. Os dados apresentados no relatório da ABPA (2108) a média nacional para o consumo de ovos foi de 192 ovos por habitante em 2017, mas existe uma estimativa de consumo de 212 ovos por habitante em 2018 com um aumento de 10% em um ano. Tomando como base os dados e os critérios do IBGE, em Pernambuco, a produção total de ovos de galinha aumentou 110% no período de janeiro de 2008 até o final do terceiro trimestre de 2018 (Figura 1). Neste período o Ceará (segundo maior produtor das regiões Nordeste e Norte) apresentou um aumento de 73,6% e a produção nacional aumentou 64%. A mesma característica de concentração da produção em poucos municípios que ocorre nos três maiores produtores nacionais de ovos para consumo também acontece em Pernambuco. Em São Paulo 41% da produção ocorre em seis municípios (Bastos com 25% da

Figura 1. Evolução da produção de ovos em Pernambuco e Ceará por trimestre desde o início de 2008 até o terceiro trimestre de 2018. Fonte: IBGE, Levantamento trimestral da produção

Estatísticas do IBGE indicam que os quatro estados (na ordem: SP, ES, MG e PE) com maior produção de ovos para consumo produzem 61,6% do total nacional Revista do Ovo

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Pesquisa

Figura 2. Evolução na produção de milho (mil toneladas) entre 2006 e 2017 nos estados estratégicos que apresentam alta disponibilidade e/ou excedente do grão para abastecer a demanda do NE. Fonte: IBGE

produção estadual), no Espirito Santo 91% da produção ocorrem em Santa Maria do Jetibá e em Minas Gerais quatro municípios concentram 53% da produção (Itanhandu, no sul de Minas, concentra 24% da produção estadual). Segundo os dados do IBGE, no estado de Pernambuco a produção de ovos está concentrada em quatro municípios: São Bento do Una (27,2%), Paulista (11,2%), Caruaru (5,9%) e Goiana (5,8%) totalizando 50,1% do total estadual. Nesta estatística, os dois municípios da região do Agreste (São Bento do Una e Caruaru) respondem por um terço da produção estadual. São Bento do Una é o quinto maior produtor de ovos no Brasil. Os dois municípios da região Metropolitana (Paulista e Goiana) contribuem com 17% da produção. O município de Goiana tem localização estratégica (a 62 km de Recife e a 51 km de João Pessoa) e Paulista fica a 18 km da capital. No Brasil, segundo os dados do IBGE (Pesquisa da Pecuária Municipal - 2016, tabela 24), os vinte municípios brasileiros com maior produção de ovos são responsáveis por um terço da produção nacional.

A multiplicação dos ovos Figura 3. Estatística consolidada sobre a importação de milho através do Porto de Recife entre os anos de 2009 a 2018. Fonte: Porto de Recife

Figura 4. Evolução na produção de soja (mil toneladas) entre 2006 e 2017 nos estados com maior produção no NE. Fonte: IBGE

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Estatísticas publicadas à parte, na realidade, Pernambuco, atualmente, apenas considerando as suas 23 maiores granjas (identificadas e contabilizadas) produzem 9,1 milhões de ovos ao dia. E ao considerar apenas os cerca de 60 produtores localizados em São Bento do Una (Agreste) com produção, em média, de 20 mil ovos ao dia ainda são acrescentados mais 1,2 milhões de ovos ao dia. No computo geral a estimativa é que o estado tenha atualmente, uma produção 10,5 milhões de ovos ao dia. Em São Bento do Una, apenas considerando as seis granjas maiores produtoras de ovos é registrada uma produção de cinco milhões de unidades ao dia e, acrescentando suas demais granjas, este município produz cerca de 60% do total estadual.


O Agreste pernambucano produz quase 80% dos ovos do estado.

O abastecimento de insumos para rações No estado, cerca de 500 mil toneladas de ração ao ano são destinadas para as poedeiras (considerando todas as fases - postura, recria, cria). Sem produção de soja e com déficit crônico de milho, os produtores dependem de uma adequada logística para obter os ingredientes a preços que viabilizem a produção. A avicultura nacional demandou cerca de 30% do milho produzido no Brasil na safra 2017/2018. Das 29,7 milhões de toneladas demandadas pela avicultura cerca de 4,5 milhões de toneladas foram consumidos pela avicultura de postura (ABIMILHO, 2018). Em Pernambuco, o milho é basicamente adquirido de quatro estados do NE (Figura 2) e, na sua indisponibilidade regional, é importado

via Porto de Recife (Figura 3), o farelo de soja é oriundo de dois estados (Bahia - Luís Eduardo Magalhães e Piauí - Uruçuí), pois, apenas, 5% da soja produzida no Maranhão não são exportadas (Figura 4). Para manter um pleno abastecimento, compensando a queda na produção de milho nos principais estados do NE que apresentam excedente de milho, no ano 2016, foi realizada uma importação de quase 500 mil toneladas do grão somente através do Porto de Recife. Devido a fatores climáticos (Figura 5) a produção de milho safrinha em alguns estados do NE, em 2016, foi em grande parte prejudicada pelo atraso no plantio e colheita da soja. Isto em consequência gerou problemas de falta de água no florescimento e enchimento dos grãos na cultura do milho safrinha. O Brasil naquele ano produziu apenas um total de 66,5 milhões de toneladas enquanto que no ano seguinte a

produção safrinha e total foi de, respectivamente, 67,3 e 97,8 milhões de toneladas. A função estratégica do Porto de Recife para o setor agro-alimentar do estado é inegável devido à importação de trigo, malte e milho e exportação de açúcar e comercialização de etanol. Dessa forma, melhorias na agilidade operacional do porto é um importante fator de competividade para os mais importantes setores da economia do estado. No registro de importação de milho através do porto constam também como clientes os avicultores de corte e indústrias alimentícias. Evento recente no setor de logística mais uma vez reforçou a vulnerabilidade a que a avicultura do estado está submetida na questão do transporte de insumos para alimentação dos plantéis. Neste aspecto no último ano ocorreu a imobilização de capital para aquisição de frota própria de caminhões

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Pesquisa

Figura 5. Situação climática no NE em dois momentos, com seca extrema no ano de 2016 com quebra recorde da safra em comparação com o ano 2018. Fonte: APAC - Agência Pernambucana de Águas e Clima visando a garantia de abastecimento das granjas de forma contínua e sem percalços ou interrupções. Simultaneamente foi verificado um aumento na capacidade de armazenamento através de construção de silos graneleiros. Isto além de ser uma garantia real para manter a viabilidade das granjas envolve uma questão de responsabilidade ética na manutenção dos plantéis. Localmente, existem pelo menos três ingredientes alternativos disponíveis em quantidade e na maioria das vezes a custos acessíveis para formulação de ração para a avicultura de postura: o farelo de trigo (usado na cria e recria) em pequena porcentagem (gerado na proporção de 17% do trigo industrializado), o farelo residual de milho (gerado na proporção de 33 a 36% do milho industrializado na produção da fuba) e o milheto oriundo do Centro-Oeste e MAPITOBA (e é usado na fase de postura), este com alto potencial de substituição do milho. O sorgo, como alternativa ao milho, é pouco disponível, embora, no passado, tenha havido esforços para sua produção no estado. Porém, este ingrediente tem menor preferência na avicultura de postura. No Brasil, em 2020, cerca de cinco milhões de toneladas de milho, potencialmente, poderão ser usados na pro-

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dução de etanol gerando cerca de 1,6 milhões de toneladas de DDGS. Em uma relação adequada de preço por nutriente o potencial de uso se-

ria de 5% na fase inicial, até 12% na segunda fase que vai até o início da postura e de 12 a 15% na fase de postura. Porém, a lógica indica que, de locais de onde o custo de transporte do milho é muito elevado para abastecer o mercado de Pernambuco, também será inviável o transporte do DDGS. Isto ocorre devido a menor densidade nutricional do DDGS. E, neste caso, o custo de transporte por tonelada desse subproduto também seria desfavorável, a não ser que na origem o preço seja extremamente baixo. Assim, os subprodutos do trigo e milho gerados localmente tem maior potencial de uso do que o DDGS a ser produzido em outras regiões.

Água para galinhas No município que é o maior produtor de ovos no estado (São

Figura 6. Situação de colapso em açudes nas granjas em São Bento do Una após um período prolongado de estiagem e chuvas esporádicas recentes. Registro realizado em 12/02/2019

Figura 7. Índice pluviométrico anual (mm ao ano) entre 1920 e 2018 para São Bento do Una com manifestação recente da ODP - Oscilação Decadal do Pacífico. Fonte: elaborado a partir de dados da APAC


ras em São Bento do Una o consumo anual seria de 350 mil metros cúbicos de água.

Modelos de edificação e a modernização das granjas de produção

Figura 8. Estrutura de transporte de água para abastecimento em uma granja de postura localizada em São Bento do Una

Bento do Una) desde o ano 2000 até 2012, foi registrada durante 12 anos consecutivos a média anual de chuva de 686 mm. Após este período já foram registrados sete anos consecutivos de estiagem (dados de 2012 a dezembro de 2018) com chuvas esparsas (média de 415 mm ao ano). Nos últimos 99 anos a média de chuva no município foi de 588 mm ao ano e, dentre os últimos 70 anos, em período prolongado de seca de 13 anos (1950 a 1962) foi observada uma média anual de 449 mm. Ao se estabelecer o início de um ciclo de seca que pode durar até meados de 2030 e, após o colapso dos açudes (Figura 6) e das barragens houve a restrição ao acesso da água das adutoras, permitido, a partir de então, apenas para consumo humano. Na figura 7 estão representados os dados de chuva disponibilizados pela APAC - Agência Pernambucana de Águas e Clima para os últimos 99 anos (www. apac.pe.gov.br/meteorologia/monitoramento-pluvio.php# - postos meteorológicos 21 e 486). Um fenômeno com manifestação recente chamado ODP - Oscilação Decadal do Pacífico foi registrado. Com este fenômeno ocorre a alternância entre períodos prolongados de seca e chuvas irregulares. Neste cenário a estratégia para garantir o abastecimento de água nas granjas envolve a imobilização de capital para aquisição de caminhões pipa (Figura 8) e aquisição de terras localizadas em

regiões acessíveis distantes a até 100 km, que tenham potencial de água e, nas quais são instaladas rede de energia elétrica e poços artesianos visando à obtenção de água não salobra. Em algumas granjas maiores, dessalinizadores de água (com tecnologia nacional) são utilizados na rotina como apoio para o abastecimento de água com maior qualidade. A estimativa de custo de dessalinização é de um dólar por mil litros de água (energia elétrica equivalente a um consumo médio de uma casa de três quartos) e o resíduo gerado no processo serve para produção de tilápia e camarão. Estima-se um consumo mínimo de 85 litros de água por poedeira ao longo de sua vida (15 litros devolvidos na forma de ovo) e em um plantel de seis milhões de poedei-

Existe um conjunto de fatores simultâneos que determina a necessidade de renovação dos galpões de postura considerados depreciados após 20 anos de uso. Além da exigência legal do telamento dos galpões, que necessita ser atendida por motivos sanitários, as opções de automação a custo acessível favorecem a tomada de decisão para a renovação. Para aviários verticalizados com alojamento de 60 mil poedeiras o custo médio é cerca de 20 reais por ave. Para galpões com capacidade para 100 mil aves o valor é de cerca 14 reais/ave. A automação visando arraçoamento, coleta de ovos através de esteiras interligadas à CPO (Central de Processamento de Ovos) e retirada das excretas do galpão através de esteiras necessita de infraestrutura de apoio. O investimento em gerador para atender a demanda contínua de energia é essencial também para as operações de tratamento de água, operação das CPOs, funcionamento da fábrica de ração, operação das estruturas de apoio logístico, estrutura administrativa e, em alguns casos (sistema vertical de alojamento com pressão negativa) manutenção da taxa de renova-

Figura 9. Médias mensais das temperaturas máximas (°C) referentes a municípios localizados no Litoral, Agreste e Sertão de Pernambuco. Fonte: Adaptado de https:// pt.climate-data.org (dados de 1982 a 2012) Revista do Ovo

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Pesquisa

Figura 10. Na esquerda um galpão antigo com alojamento tradicional estilo californiano telado com arraçoamento manual e coleta de ovos manual com lote em final de produção; na direita um galpão para recria moderno estilo vertical aberto telado e automatizado para arraçoamento de ração e coleta das excretas realizada de forma automatizada com esteiras

Figura 11. Na esquerda uma granja no Agreste no estilo californiano com galpão telado com pé direito normal; na direita um prédio na Zona da Mata no estilo californiano e galpão telado para 60 mil poedeiras com elevação (pé direito mais alto), arraçoamento automatizado e coleta automatizada de ovos

ção do ar nos galpões. O item de despesa referente ao consumo de energia elétrica representa de 1,08% no Agreste em granjas com 60% de automatização a 2,13% na Zona da Mata em granjas com alojamento vertical (pressão negativa) e totalmente automatizadas. Considera-se que 30% do consumo de energia nas granjas é gasto para atender a climatização da CPO. As

instalações construídas mais recentemente levam em consideração os fatores climáticos locais. Na figura 9 estão representados os dados das médias mensais para as temperaturas máximas (período de 1982 a 2012) para importantes municípios com produção de ovos (para consumo) localizados na Zona da Mata e/ou Região Metropolitana (Goiana, Igarassu e Pauda-

Figura 12. Tratamento de excretas (da esquerda para direita): 1 - sistema verticalizado de esteiras, para secagem por ventilação forçada, utilizado em anexo de galpões no sistema vertical de alojamento; 2 - na sequência o armazenamento das excretas secas em depósito coberto; 3, 4 e 5 - outro sistema de processamento para secagem e estabilização acelerada de excretas por aeração em leiras também usado para sistema vertical de alojamento

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lho), Sertão (Ibimirim) e Agreste (São Bento do Una, Garanhuns e Caruaru). Maiores temperaturas máximas e menor amplitude ao ano são verificadas no litoral, temperaturas elevadas entre outubro e abril são verificadas no Sertão com elevada amplitude ao longo do ano e, temperaturas mais baixas e elevada amplitude ao longo do ano são observadas no Agreste. No gráfico a oscilação anômala das temperaturas registradas para o município de Garanhuns indica a necessidade de adoção de estratégias construtivas, de controle ambiental parcial e estratégias nutricionais para minimizar os impactos da oscilação das temperaturas entre máximas e mínimas. As instalações típicas no Agreste estão apresentadas nas figuras 10 e 11. No litoral nas construções modernas dois tipos se destacam: o modelo vertical fechado climatizado e totalmente automatizado com capacidade para 100 mil poedeiras e o modelo californiano elevado modificado (Figura 11) com pé direito mais alto.

Os desafios para manter a sanidade na avicultura de postura Além das boas práticas de manejo e de produção consolidadas existem pelo menos quatro desafios que precisam ser enfrentados coletivamente por todos os avicultores: 1) o adequado manejo das excretas com o consequente controle de vetores (moscas), 2) manejo adequado dos ovos descarte (desclassificados) na CPO; 3) o destino das aves mortas e, 4) o manejo e destino adequados dos lotes ao final da vida útil da poedeira. Estes desafios quando enfrentados permitem potencialmente uma maior tranquilidade na questão da sanidade dos plantéis em regiões com alta concentração da produção. 1) Manejo automatizado das excretas: Imbuídos no espírito de PAZ (Passivo Ambiental Zero), ao atender as exigências legais no quesito ambiental, os empresários


que detém as granjas de postura em Pernambuco investem no manejo adequado das excretas para agregar valor ao resíduo (Figura 12). A comercialização a granel de composto orgânico seco é uma das alternativas, mas a etapa final de maior rentabilidade é a produção, por demanda, de adubos organo-minerais em escala comercial (para atender de forma individualizada diversas culturas agrícolas). Isto quando realizado com registro no MAPA permite oficializar a comercialização de um produto com maior valor agregado e é uma das formas legais de comprovar o atendimento à legislação ambiental. Um dos motivos adicionais para o processamento das excretas na propriedade, além da redução dos impactos ambientais é o fator biossegurança, pois possibilita reduzir a proliferação de moscas e com manejo estratégico pode auxiliar na redução da vulnerabilidade através

Figura 13. Sistema automatizado para coleta de ovo e transporte em esteira até a CPO em galpão com 60 mil poedeiras alojadas

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Pesquisa de menor transito/entrada de veículos e pessoas estranhas à granja. 2) Manejo adequado dos ovos descarte (desclassificados) na CPO: Atendidas as boas práticas de produção para maximizar a taxa de postura e reduzir as perdas no galpão quatro fatores são importantes: genética, controle ambiental, uma nutrição adequada considerando os dois fatores anteriores e água de qualidade. As perdas de ovos na postura são variáveis (desde menos de 1% a até quase 10%) e dependem de manejo adequado em função do tipo de alojamento e do ajuste adequado do sistema de coleta quando esta é automatizada (Figura 13). Porém, as perdas que são verificadas dentro da CPO são menores e atingem em média 1,5% da produção, oscilando até 2,0%. Para uma produção de 100 mil ovos ao dia a estimativa seria de 90 a 100 kg de ovo na forma de resíduo. Este resíduo contém proteína de alta qualidade (12%), lipídeos (11,5%) e é composto por 74% de água. Um processamento que envolve o uso de carboidrato seco e emprego de temperatura adequada permite produzir um produto seco (em processo de co-secagem) esterilizado, sem oferecer risco sanitário, e apto para ser incluído em rações de animais de estimação,

por exemplo. Esta técnica, no entanto, ainda necessita ser validada com desenvolvimento de equipamentos dimensionados por demanda. 3) Destino das aves mortas: Normalmente na avicultura de postura as taxas de mortalidade na cria/recria são de 2,0% e na postura podem chegar a 8% nos sistemas intensivos de produção. Para fazer o destino adequado das carcaças, a compostagem é o método mais indicado e de execução mais prática. A localização e o dimensionamento das composteiras nas granjas é uma questão de controle sanitário a ser resolvido pelo responsável técnico. Em casos de mortalidade excessiva, planos de contingência viáveis e que devem estar previamente descritos no manual de segurança biológica de cada granja, necessitam ser colocados em prática. 4) Manejo e destino adequados dos lotes ao final da vida útil das poedeiras: No maior polo avícola de Pernambuco com um plantel de mais 6 milhões de poedeiras alojadas existe, praticamente a cada ano e meio, a demanda para descarte de cada lote alojado. Para atender a legislação estadual (Portaria ADAGRO 001 de 02 de janeiro de 2013) de não comercialização de ave viva em mercados e feiras existe a demanda para instalação de um abatedouro para abate de ave POP (Puro

Figura 14. Evolução dos preços do ovo branco grande na CEAGEPE, CEASA-BH e CEAGESP considerando o último registro no mês entre setembro de 2016 e janeiro de 2019 e até 21 de fevereiro de 2019 (valores não deflacionados). Fonte: Adaptado de dados da CEAGEPE e CEPEA/ESALQ

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Osso e Pena) também chamada de “pé fino” que comporte a capacidade de abate de três mil aves por hora. Um abatedouro exclusivo, com a logística especialmente destinada para esta demanda é importante, pois evita o trânsito de caminhões e pessoas entre granjas de postura e de corte. A vantagem para as granjas de postura é reduzir a vulnerabilidade sanitária disciplinando e restringindo a entrada veículos e pessoas estranhas para realizar a retirada das poedeiras a serem descartadas.

O milagre do aumento no consumo de ovos no Brasil Nos dois últimos anos o país viu crescer a demanda por ovos visto que o consumo está em franca expansão em porcentagens que alcançam quase os dois dígitos. Na figura 14 está parcialmente a explicação para este fenômeno. A outra parte invisível seria explicada pela fraca evolução da renda de alguns segmentos do mercado consumidor e também simultaneamente associada aos preços praticados para os demais produtos alimentícios de origem animal, em especial, das carnes. Considerando os meses de janeiro e fevereiro de 2019 verifica-se que a reação nos preços em fevereiro contrasta com a tradicional de queda que se verifica nos dois primeiros meses de cada ano. E isto potencialmente tem relação com o clima nos municípios que detém a maior concentração na produção. Temperaturas anormalmente altas na segunda quinzena de janeiro associadas com alta umidade relativa do ar prejudicaram a produção em alguns dos principais municípios produtores na região Sudeste (condições ambientais: muito quente e abafado). Na tabela 1 é possível distinguir algumas características climáticas específicas que tornam São Bento do Una um município diferenciado com temperaturas mensais mínimas mais elevadas além de apresentar um limite superior menor ou igual a 29,3 °C nas médias mensais das temperaturas máximas sempre associado com menor índice de chuvas nos períodos mais quentes.


Tabela 1. Características climáticas com médias mensais (temperatura mínima, temperatura máxima, índice pluviométrico) registradas para municípios representativos nos quatro maiores estados produtores de ovos para consumo

10) Estabelecer no estado a industrialização do ovo para aumentar o leque de opções de produtos com maior praticidade na comercialização visando atender o consumo domiciliar, as indústrias alimentícias e o segmento de prestação de serviços para alimentação.

Sinopse

Os possíveis dez desafios imediatos na avicultura de postura em Pernambuco 1) Formação de técnicos qualificados especializados em avicultura de postura: a) para maior conhecimento em boas práticas de produção com ênfase em biossegurança em granjas avícolas; b) maior conhecimento das técnicas para operar e fazer a manutenção dos equipamentos em todos os sistemas automatizados localizados nos galpões (para o manejo das excretas, arraçoamento, manejo da água), nas fábricas de ração e nos equipamentos automatizados dentro das CPOs; c) qualificação da mão de obra que atua em serviços gerais dentro dos diferentes setores das granjas, por exemplo, treinamentos básicos de biossegurança e de manejo e transporte de ovos. 2) Organização de produtores que operam em pequena escala para que tenham acesso às informações técnicas visando um aumento contínuo na aplicação das boas práticas de produção com ênfase em biossegurança nas próprias granjas e também no ambiente coletivo nos polos de avicultura de postura. 3) Modernização das granjas de médio porte com ênfase na biossegurança e revitalização para manter a competitividade e viabilidade econômica. 4) Estabelecer planos de contingência efetivos para eventuais crises

de cunho biológico e ambiental (por exemplo, manejo das mortalidades com temperaturas elevadas) nos polos de avicultura. 5) Aumentar o conhecimento geral sobre normas, legislação, regulamentos e instruções normativas que se aplicam à avicultura em geral e avicultura de postura em particular para entender os seus objetivos e as suas consequências práticas. 6) Articular ações para melhoria da logística de transporte visando maior segurança no abastecimento dos insumos básicos para produção e também no escoamento da produção. 7) Valorização contínua do produto ofertado ao mercado mediante adoção de medidas efetivas para garantir a rastreabilidade em conformidade com os decretos estaduais N° 44835 de 04/08/2017 e N° 47015 de 18/01/2019 e vigilância sanitária (ADAGRO - Agência de Defesa e Fiscalização Agropecuária do Estado de Pernambuco). 8) Reduzir e minimizar de forma contínua os riscos sanitários na avicultura mediante ações de conscientização da população que vive nas regiões que são polos de produção. 9) Desenvolvimento de ações para implantação do SISBI na avicultura de postura para aumentar o potencial de acesso aos mercados de outros estados e outras regiões.

Para que a avicultura de postura em Pernambuco mantenha a competitividade elevados investimentos nas granjas são necessários visando se contrapor aos gargalos da produção, para cumprir todos os requisitos da legislação e também para atender as múltiplas demandas do mercado. Este é um fator que pressiona os empresários primeiramente a aumentar a produção estruturada na automação em todas as etapas da cadeia produtiva visando ganhos em escala. Ao alcançar volume de produção na sequencia estes produtores investirão na agregação de valor através da industrialização. A consequência previsível é que exista, no médio prazo, um reordenamento na estrutura de produção com tendência de concentração vertical, a exemplo de fenômenos já observados nos países que apresentam economias mais dinâmicas. Pequenas (até 10 mil poedeiras alojadas) e médias (até 50 mil poedeiras alojadas) granjas têm menores margens em função de custos de produção mais elevados. As opções para estes avicultores será agregar valor à produção através de sistemas diferenciados de produção ocupando nichos de mercado que estão disponíveis. Neste detalhe reside o potencial de sobrevivência dessa parcela de avicultores pois o mercado também demanda produtos diferenciados aos quais, inclusive, são agregados valores subjetivos. Porém, o desenvolvimento tecnológico para os sistemas diferenciados ainda se encontra em fase de consolidação e, necessariamente, deverá vir de países que estão na vanguarda desenvolvendo pesquisas para atender este segmento de pequenos e médios produtores que terão a função de atender mercados locais e regionais. Revista do Ovo

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Saúde Animal

Salmonella em Postura Comercial. Epidemiologia A introdução de Salmonella spp. em granjas produtoras de ovos comerciais pode ocorrer por meio da transmissão vertical do patógeno

Autores: Prof. Dr. Angelo Berchieri Junior Professor titular da FCAV/Unesp de Jaboticabal Departamento de Patologia Veterinária Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias - UNESP 14884-900 Jaboticabal -SP e-mail: angelo.berchieri@unesp.br

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prevenção e o controle de Salmonella spp. tem sido o maior desafio sanitário do setor avícola brasileiro. Não se limitando a saúde animal, também é preocupação para saúde pública. Cerca de 100 dos 2659 sorovares identificados foram encontrados em animais e seres humanos causando ou não enfermidade. Dada sua importância, o gênero configura entre os agentes de enfermidades de notificação compulsória junto a World Organisation for Animal Health (OIE) e ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Além disso, sob jurisdição do MAPA, o Programa Nacional de Sanidade Avícola (PNSA) e os serviços de inspeção possuem normativas específicas para a prevenção, controle e diagnóstico desses patógenos. Assim, o entendimento sobre a cadeia epidemiológica de Salmonella spp. é vital para a elaboração de leis que fortifiquem as medidas vigentes e reduzam a incidência desse microrganismo nos lotes avícolas. O gênero Salmonella é composto pelas espécies enterica e bongori. A primeira ainda é subdividida em seis subespécies: enterica, salamae, arizonae, diarizonae, houtenae e indica. Em aves, há três enfermidades distintas causadas por essas bactérias: a pulorose, cujo agente é Salmonella enterica subsp. enterica sorovar Gallinarum biovar Pullorum ou simplesmente S. Pullorum; o tifo aviário, provocado por Salmonella enterica subsp. enterica sorovar Gallinarum biovar Gallinarum (S. Gallinarum); e o paratifo aviário, causado por outros sorovares. S. Gallinarum e S. Pullorum acometem somente aves. A pulorose é mais comum em aves jovens, principalmente nas três primeiras semanas de vida. Apesar de

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Me. Lucas Bocchini Rodrigues Alves Doutorando em Patologia Animal da FCAV/Unesp de Jaboticabal e-mail: lucasbocchini@gmail.com

o tifo aviário ser observado mais frequentemente em aves adultas, S. Gallinarum é patogênica para animais de todas as idades e, conforme as condições sanitárias da granja, provoca o óbito de até 80% das aves. As linhagens leves são consideradas mais resistentes por não desenvolverem a enfermidade como as semipesadas e as pesadas. Entretanto, durante o curso infeccioso podem albergar S. Pullorum por meses. Por outro lado, os agentes do paratifo aviário não são hospedeiro-específicos e alguns estão associados a casos de infecção alimentar em seres humanos, frequentemente relacionados ao consumo de produtos de origem avícola. O quadro clínico não é comum em aves adultas, mas em jovens podem ser confundidos com a pulorose. A introdução de Salmonella spp. em granjas produtoras de ovos comerciais pode ocorrer por meio da transmissão vertical do patógeno. Apesar de ser uma via chave para a disseminação de S. Pullorum e de sorovares causadores do paratifo aviário, muito se discute sobre sua importância na epidemiologia de S. Gallinarum. Experimentos demonstraram a ausência de transmissão vertical desse patógeno. Contudo, a transmissão horizontal pode ocorrer no nascedouro ao incubar ovos contendo matéria orgânica contaminada em sua superfície, visto que os pintos podem ingeri-la logo após a eclosão. Além disso, a incubação de ovos provenientes de diferentes granjas reprodutoras, o excesso de pintos no incubatório e nascedouro, bem como a entrada e saída de veículos, cuja sanitização seja inadequada, favorecem a disseminação de Salmonella spp.. Zancan et al. (2000) avaliaram a presença desse patógeno em caixas de transporte

após a chegada de pintinhas provenientes de incubatórios comerciais e isolaram o patógeno em cinco das 10 granjas analisadas, das quais três eram positivas para S. Enteritidis, uma para S. Mbandaka e outra para S. Cerro. Assim, adquirir pintinhas de granjas reprodutoras livres de Salmonella spp. é a primeira etapa para prevenir a introdução do patógeno. O uso de antimicrobianos não elimina Salmonella spp., mas mascara sua presença e favorece sua permanência no lote. Administrar a vacina contra a enfermidade de Marek em conjunto com antimicrobiano no incubatório é uma prática que pode resultar em lotes falso-negativos. Da mesma forma, o tratamento de plantéis acometidos pelo paratifo aviário pode reduzir a mortalidade e a morbidade, mas os animais tornam-se portadores e continuam contaminando os ovos. A antibioticoterapia também favorece o surgimento de estirpes resistentes, configurando outra ameaça à saúde pública. Já o tratamento de aves infectadas por S. Gallinarum pode reduzir a taxa de mortalidade e recuperar parcialmente a produção, porém ao cessar a administração do fármaco, os óbitos retomam e a postura reduz novamente. A susceptibilidade das aves recém-eclodidas ao paratifo aviário resulta na excreção do patógeno em maior número e por mais tempo ao meio ambiente do que em relação aos animais adultos. Gama; Berchieri Junior; Fernandes (2003) isolaram Salmonella spp. de fezes de poedeiras leves por 76 semanas, intermitentemente. Ao contaminar a cama ou ninhos com as fezes, aves hígidas também podem ser infectadas pelas vias oral e cloacal. Em estudo realizado em granjas da região centro-oeste do estado de São Paulo, Benevides et


al. (2019) relataram a presença de 22 sorovares de Salmonella spp. em 3,99 % de amostras de fezes analisadas, dos quais S. Mbandaka e S. Braenderup correspondiam a 37,2 % e 12,8 % dos isolados, respectivamente. O uso de rações ou de ingredientes contaminados constitui-se em outro mecanismo crucial para a introdução de Salmonella spp. em granjas. Segundo levantamento na Suécia realizado entre 2004 e 2005, 14,6% do farelo de soja importado, principalmente do Brasil, estava contaminado por Salmonella spp., inclusive com sorovares de preocupação em saúde pública. A farinha de origem animal, principalmente a de peixe e a de carne, pode representar sério risco de disseminação. Estudos conduzidos na década de 80 isolaram mais de 30 sorovares nessas matérias-primas. Como controle, o tratamento térmico dos ingredientes reduz a incidência de Salmonella spp., mas pode não eliminar quando realizado inadequadamente. Previamente ao tratamento térmico, Wierup

e Häggblom (2010) relataram a prevalência do patógeno em 83 amostras colhidas em misturadores de ração e em 18 amostras após o processo. A introdução e disseminação de Salmonella spp. também pode ser realizado por meio de pragas (moscas, ácaros, cascudinho e piolhos) e animais silvestres (aves, roedores e tatus) ou domésticos (cães, gatos e bovinos). Portanto, é crucial a adoção de medidas de controle de pragas, bem como restringir o acesso dos animais a ração e ingredientes, ovos, aves mortas e fossas de descarte. Caso contrário, os animais infectados introduzem o patógeno à granja, se deslocam às fazendas próximas e defecam sob os grãos produzidos. Assim, mesmo após os procedimentos de limpeza e desinfecção do galpão, esses produtos agrícolas contaminados ainda podem ser utilizados na alimentação das aves e o patógeno reintroduzido na granja. Sousa; Werther; Berchieri Junior (2010) relataram a presença de S. Muenchen, S. Saint-Paul e S. Enteritidis em aves silvestres capturadas próximas

às granjas. O combate ao ácaro vermelho tem sido um desafio para os produtores para controlar a transmissão de Salmonella spp.. A ingestão desses artrópodes contaminados por S. Gallinarum pelas aves pode desempenhar um importante papel na epidemiologia da doença e ser um dos fatores relacionados com a alta de surtos de tifo aviário no Brasil. Outro ponto crítico é o manejo de carcaças. A retirada diária de aves mortas deve ser o mais frequente possível, porém galpões verticais dificultam a identificação desses animais. Preferencialmente, os enfermos devem ser eutanasiados antes que vá a óbito. Em casos de tifo aviário, pouco antes de a ave sucumbir à doença, o microrganismo se dissemina pelo organismo e o canibalismo facilita a infecção de outros animais. Após a retirada da ave, deve-se evitar o amontoamento das carcaças no exterior dos galpões ou em locais de fácil acesso para outros animais e moscas. Nesse caso, as carcaças devem ser acondicionadas em recipientes fechados até que

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Saúde Animal sejam descartadas corretamente. Fezes e cama contaminadas são outros meios de disseminação, sendo primordial tratá-las antes de retirá-las do aviário. O uso desses materiais como adubo em plantações agrícolas aumenta o risco de disseminar a bactéria para o ambiente e mantê-la circulante na região. Ademais, deve-se evitar que o sistema de lavagem do estabelecimento avícola polua cursos d´agua com excretas contaminadas. Muitas vezes há descuido em relação aos veículos utilizados na cadeia avícola. Em alguns casos, a entrada desses veículos nos diferentes estabelecimentos ocorre sem a devida sanitização dos mesmos. Dessa forma, configuram potenciais meios de transmissão de Salmonella spp. por transportar ração, trabalhadores, aves vivas e fezes e cama que podem estar contaminados ou infectados. Seres humanos são excelentes disseminadores, seja pela manipulação de aves doentes e carcaças ou por adentrar em locais em que há presença do patógeno e depois em outros em que não há. Nota-se assim que a epidemiologia de Salmonella spp. na cadeia avícola é complexa devido à variedade de sorovares e enfermidades, aos diversos meios de disseminação e ao seu difícil controle. O conhecimento sobre a legislação vigente é essencial no programa de biossegurança. Baseando-se nelas, o médico veterinário realizará a monitoria dos lotes tendo em vista quais os tipos e a quantidade de amostras a serem colhidas para exames sorológicos, bacteriológicos e moleculares. Contudo, o diagnóstico definitivo só é comprovado após o isolamento e identificação do agente. Além disso, deve-se enfatizar que a adoção de medidas de biossegurança mais rígidas é o melhor e mais fácil caminho para prevenir a introdução e disseminação de Salmonella spp. nas granjas. Ter atitude é fundamental nessa etapa para evitar protelar a resolução de problemas, visto que não existe medida milagrosa e sim o resultado de trabalho bem-feito.

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Manejo

Desempenho zootécnico e qualidade de ovos de galinhas alojadas em piso sob diferentes densidades e enriquecimento ambiental Um dos problemas encontrados na avicultura quando relacionados com o bem-estar das aves são as altas densidades populacionais nas gaiolas que ainda são frequentes na criação de poedeiras comerciais, como forma de reduzirem os custos com alojamento e equipamento por ave Autores: Michele de Oliveira Mendonça¹, Ana Claudia Goulart de Oliveira Malta², Marcos Vinicius dos Santos Barros³, Vitor de Medeiros³, Sheila Rafaela Fernandes Reis³, Rithiely Andrade Zopelaro³ ¹ Docente do Departamento Acadêmico de Zootecnia, Instituto Federal do Sudeste de Minas Gerais – Campus Rio Pomba; michele.mendonca@ifsudestemg.edu.br ² Discente do Mestrado Profissional em Nutrição e Produção Animal, Instituto Federal do Sudeste de Minas Gerais – Campus Rio Pomba ³Discente Graduação em Zootecnia, Instituto Federal do Sudeste de Minas Gerais – Campus Rio Pomba

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avicultura de postura é um segmento expressivo no setor agrícola por sua constante expansão no cenário mundial e nacional. Entretanto, de acordo com Garcia et al. (2015), a busca pela implantação de novos sistemas de criação que visam o bem-estar dos animais recebe destaque no setor avícola, ao aliar alta produtividade à condições sa-

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tisfatórias de qualidade de vida dos animais. Um dos problemas encontrados na avicultura quando relacionados com o bem-estar das aves são as altas densidades populacionais nas gaiolas que ainda são frequentes na criação de poedeiras comerciais, como forma de reduzirem os custos com alojamento e equipamento por ave (Pavan et al., 2005). Devido essa

ausência de oportunidade de as aves expressarem comportamentos naturais, surgem os chamados sistemas alternativos de criação, como o piso com “cama” e aqueles que propõem o enriquecimento ambiental. Objetivou-se avaliar o desempenho zootécnico e a qualidade dos ovos de galinhas alojadas em piso sob diferentes densidades com uso ou não de enriquecimento ambiental.


Material e Métodos O experimento foi realizado no Setor de Avicultura do Departamento Acadêmico de Zootecnia do Instituto Federal do Sudeste de Minas Gerais, Campus Rio Pomba com duração de 112 dias, divididos em quatro períodos de 28 dias cada (Processo nº 08/2018, aprovado pela Comissão de Ética no Uso de Animais em Pesquisa). O plantel foi composto por 840 galinhas Hisex Brown®, com 31 semanas de idade, distribuídas em delineamento inteiramente casualizado em esquema fatorial 3 x 2 (três

densidades de alojamento – 6, 7 e 8 aves/m² e dois ambientes: com e sem enriquecimento) com seis repetições com 20, 23 e 27 aves em cada repetição, respectivamente. As aves foram alojadas em boxe de alvenaria e tela com área de 3,38 m² cada (1,30 x 2,60 m). Todos os boxes foram compostos de “cama” de maravalha, bebedouros tipo nipple (quatro bicos para cada boxe), comedouros tipo calha, ninhos contendo 3 divisórias (“boca”) com dimensões de 54 x 33 cm (largura x altura) com capacidade de atender até 22 aves por “boca”, considerando 80

cm² por ave. Nos boxes com enriquecimento ambiental foram utilizados poleiros (15 cm por ave) e fardos suspensos de rami (Boehmeria nivea) disponibilizados uma vez ao dia pela manhã. Utilizou-se todas as recomendações dos Padrões 2014/17BR do HFAC (Humane Farm Animal Care) para a Produção de Galinhas Poedeiras, para disposição da “cama”, do número de bebedouros, comedouros, “bocas” de ninho e poleiros, exceto para densidade de alojamento, a qual é recomendado o mínimo de 0,14 m² por galinha (7 aves/m²).

Tabela 1 Parâmetros de desempenho zootécnico e qualidade física de ovos de galinhas alojadas sob diferentes densidades com e sem enriquecimento Parâmetros de Desempenho Zootécnico Densidade (aves/m²)

Ovos/ave/dia (%)

Ovos comercializáveis (%)

Consumo de ração (g/ave/dia)

Conversão alimentar por massa

Conversão alimentar por dúzia (kg/dz) 1,4506 c 1,4827 b 1,5383 a

6 97,9313 a 97,6302 a 0,1184 a 2,0867 7 96,4868 b 96,1957 b 0,1192 b 2,1374 8 92,2895 c 91,9808 c 0,1182 a 2,3005 Enriquecimento Sem 95,3568 95,0147 0,1186 2,1535 1,4941 Com 95,8016 95,5231 0,1186 2,1963 1,4870 Valor de p Densidade (D) 0,0000 0,0000 0,0033 0,0000 0,0000 Enriquecimento 0,4168 0,3637 1,0000 0,0004 0,4700 (E) DxE 0,9041 0,9086 0,1599 0,0000 0,7172 Coeficiente de 1,70 1,74 0,63 1,68 1,95 variação (%) Parâmetros de Qualidade Física dos Ovos Densidade Peso do Peso (%) (%) (%) (aves/m²) ovo específico Gema¹ Albúmen¹ Casca 6 57,9339 1,0859 25,2397 65,2915 9,4688 7 57,8172 1,0862 25,2679 65,1713 9,5608 8 55,7944 1,0871 26,1907 63,8716 9,9367 Enriquecimento Sem 57,8232 1,0865 25,0936 65,4025 9,5039 Com 56,5405 1,0864 26,0385 64,1545 9,8070 Valor de p Densidade (D) < 0,01 0,5201 0,0002 <0,01 <0,01 Enriquecimento(E) < 0,01 0,0762 <0,01 <0,01 <0,01 DxE < 0,01 0,1444 0,0068 <0,01 <0,01 Coeficiente de 1,48 0,07 2,26 0,96 1,44 Variação (%) a-c Médias na mesma coluna diferem-se estatisticamente pelo Teste Student Newman Keuls – SNK (p<0,05). ¹ Médias não paramétricas analisadas pelo Teste de Mann-Whitney (p<0,05).

Viabilidade (%)¹ 98,3333 98,5507 99,6913 98,4778 99,2391 0,23523 0,07441 0,62548 2,32 Espessura de casca 0,3707 0,3976 0,3831 0,3800 0,3876 0,0007 0,1494 0,0103 4,01

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Manejo Foram avaliados parâmetros de desempenho zootécnico (produção de ovos [ave/ dia e comercializáveis], consumo de ração, conversão alimentar por massa e por dúzia e viabilidade das aves) e de qualidade física dos ovos (peso (g), peso específico (g/ cm³), porcentagem dos componentes e espessura da casca (mm)

Foram avaliados parâmetros de desempenho zootécnico (produção de ovos [ave/dia e comercializáveis], consumo de ração, conversão alimentar por massa e por dúzia e viabilidade das aves) e de qualidade física dos ovos (peso (g), peso específico (g/ cm³), porcentagem dos componentes e espessura da casca (mm)). Os dados foram submetidos à análise de variância, pelo Programa R, utilizando modelo incluindo os efeitos da densidade (aves/m²), do enriquecimento ambiental e da interação entre esses fatores. Quando houve interação significativa, foi feito desdobramento do efeito do enriquecimento ambiental em cada densidade de aves por meio do teste Student Newman Keuls – SNK (p<0,05). Não ocorrendo interação significativa, as médias da utilização ou não de enriquecimento ambiental foram comparadas pelo teste F (p<0,05).

Resultados e Discussão A média das temperaturas mínima e máxima e umidade relativa do ar observadas durante o experimento foram: 21,0 ± 0,15ºC e 29,9 ± 0,31ºC; e 64,67 ± 10,22%, respectivamente. A produção de ovos ave/dia e de ovos comercializáveis e o consumo de ração reduziram (p<0,05) e a conversão alimentar por dúzia piorou (p<0,05) com o aumento da densidade de alojamento independente se houve ou não enriquecimento ambiental (Tabela 1). A viabilidade das aves não foi afetada (p>0,05) pelos fatores estudados (Tabela 1), assim como Pavan et al. (2005) que não encontraram influência da densidade de alojamento sobre a mortalidade de aves poedeiras comerciais semipesadas da linhagem Isa Brown® nas fases de cria, recria e produção.

Tabela 2 Desdobramento da interação do efeito do enriquecimento ambiental em cada densidade de alojamento Densidade (aves/m²) 6 7 8 Enriquecimento Conversão alimentar por massa Sem 2,088 c 2,143 b 2,229 a* Com 2,085 c 2,132 b 2,405 a Enriquecimento Peso do ovo (g) Sem 57,955 a 57,668 a 57,847 a* Com 57,913 a 57,967 a 53,742 b Enriquecimento Porcentagem de gema (%) Sem 25,092 a 24,919 a* 25,270 a* Com 25,388 b 25,617 b 27,111 a Enriquecimento Porcentagem de casca (%) Sem 9,432 a 9,578 a 9,500 a* Com 9,506 b 9,543 b 10,372 a Enriquecimento Porcentagem de Albúmen (%) Sem 65,477 a 65,502 a 65,229 a* Com 65,107 a 64,480 a 62,517 b Enriquecimento Espessura de Casca Sem 0,379 a 0,389 a 0,372 a* Com 0,363 b 0,406 a 0,394 a a-c Médias seguidas de letras diferentes na linha diferem-se estatisticamente pelo Teste Student Newman Keuls – SNK (p<0,05). * Médias diferem-se estatisticamente pelo teste F (p<0,05).

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Houve interação significativa (p<0,05) entre densidade de alojamento e enriquecimento ambiental para conversão alimentar por massa (Tabela 1 e 2). O aumento do número de aves/m² piorou esse parâmetro, contudo, com o uso do enriquecimento ambiental sob a densidade de 8 aves/m² houve melhora significativa (p<0,05). Ao contrário do observado por Rios et al. (2009), que constataram melhor conversão alimentar por massa para aves alojadas em gaiolas sob densidade de 321 cm²/ave em comparação à menores densidades de alojamento (450 e 375 cm²/ave). Garcia et al. (2015) verificaram que o aumento da densidade (562,5; 450,0 e 375,0 cm²/ave) resultou em menor área de comedouro disponibilizado para as galinhas, o que pode ter gerado, neste estudo, o menor consumo de ração e, consequente, redução da produção de ovos e piora da conversão alimentar por dúzia e por massa (Tabela 1 e 2). O peso do ovo não foi influenciado (p>0,05) pela densidade de alojamento sem enriquecimento, contudo, sob maior densidade (8 aves/m²) com enriquecimento houve redução

(p<0,05) deste parâmetro (Tabela 2). A porcentagem de gema e de casca foram maiores (p<0,05) quando as aves foram alojadas sob maior densidade com enriquecimento, contudo nesta condição houve redução (p<0,05) na porcentagem de albúmen e maior espessura de casca (Tabela 2). Resultados diferentes foram encontrados por Sarica et al. (2008), que não observaram influência significativa da densidade de alojamento na gaiola sobre o peso do ovo, espessura de casca e porcentagem de gema, de albúmen e de casca de ovos de galinhas da linhagem Isa Brown®.

Conclusões A redução da densidade de alojamento para 6 aves/m², independente da utilização de enriquecimento ambiental, promove melhorias nos parâmetros de desempenho zootécnico e de qualidade de ovos.

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Informativo Técnico-Comercial

SG 9R, a principal ferramenta de controle do Tifo Aviário Estudos a respeito da epidemiologia de SG consideram que a principal via de transmissão seja a horizontal, sendo os relatos de transmissão vertical escassos e antigos Autora: Jaqueline de Paiva Boldrin, Ivan Lee – BioCamp Laboratórios Ltda.

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almonella enterica sorovar Gallinarum biovar Gallinarum (SG) é o agente causador do Tifo Aviário (T.A.), uma enfermidade hospedeiro-específica, que acomete apenas Galliformes (galinhas, codornas, perus, perdizes, faisões, etc). A severidade da doença depende da dose infectante e da susceptibilidade das linhagens de aves acometidas. Embora possa ocorrer em aves de qualquer idade, o T.A. é mais frequente em aves adultas. Devido a mortalidade e/ou a queda de produção, os prejuízos acarretados por esta enfermidade são enormes, tanto em granjas reprodutoras, quanto em granjas comerciais de ovos ou carne. Aves jovens e adultas podem apresentar sinais clínicos como prostração, anorexia, desidratação, penas eriçadas, cristas pálidas, diarreia esverdeada e queda no consumo de ração e na produção de ovos (Berchieri Jr. & Freitas Neto, 2009). Aves pesadas e semi-pesadas podem apresentar mortalidade aguda sem apresentar sinais clínicos. As lesões anatomopatológicas observadas são hepatoesplenomegalia com pontos necróticos esbranquiçados, fígado congesto, friável e de coloração amarelo-esverdeado (Calnek et al., 1997; Berchieri Jr. & Freitas Neto, 2009). Além disso, pode ocorrer peri-

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Revista do Ovo

tonite e perihepatite fibrinosa, pericardite, hidropericárdio, pontos necróticos esbranquiçados no coração e atrofia e congestão de folículos ovarianos (Barrow & Freitas Neto, 2011). Estudos a respeito da epidemiologia de SG consideram que a principal via de transmissão seja a horizontal, sendo os relatos de transmissão vertical escassos e antigos (Beaudette,1925, 1930; Beach & Davis, 1927). Apesar de haverem relatos da presença de SG em ovos, evidências da contaminação da progênie pela via transovariana não são evidentes (Berchieri Jr. & Freitas Neto, 2009, Celis-Estupiñan et al., 2017). Durante o curso da enfermidade os animais apresentam os sinais clínicos descritos acima, param de produzir ovos e morrem em decorrência da septicemia; os outros animais ao redor, se contaminam após bicagem das carcaças. O quadro clínico se repete e assim, sucessivamente o T.A. é transmitido de ave para ave, podendo atingir 80% do plantel. Em decorrência da severidade da doença, lotes de aves reprodutoras com diagnóstico confirmado de T.A. devem ser eliminados. As aves brancas leves são mais resistentes ao quadro da enfermidade. Mas se infectam, apresentam queda temporária de produção de ovos e SG pode persistir no

organismo destas aves por várias semanas. A mortalidade em lotes de aves brancas leves é bem menor que em aves vermelhas e reprodutoras de corte. Diferentemente da Salmonella Pullorum, a infecção por SG leva a ave a morte ou a contornar a infecção, em outras palavras, os animais sobreviventes se recuperam e eliminam o patógeno do organismo, não há no T.A. o desenvolvimento do estado portador característico da pulorose. O uso de antimicrobianos para o controle do T.A. é uma medida errônea de controle, pois embora possa reduzir a mortalidade, não elimina a infecção, criando uma falsa ideia de controle, quando se suspende a utilização do antimicrobiano, a enfermidade reaparece. O controle do T.A. se dá por meio da adoção de medidas de biosseguridade, dentre tais medidas, destacam-se a retirada correta e rápida de aves mortas, bem como a eliminação eficiente das carcaças. Para a prevenção, vacinas inativadas e vivas utilizando a cepa SG9R têm sido empregadas (Barrow & Freitas Neto, 2011). Vacinas inativadas apresentam sucesso variável na prevenção do T.A., pois a imunidade para SG é pouco dependente da resposta humoral, e fortemente, da


resposta mediada por células, já que o controle da infecção sistêmica é basicamente celular. A eliminação da bactéria do fígado e baço coincide com alta proliferação de células T, alta atividade e expressão de Th-1 (o qual eleva a resposta mediada por células) e interferon γ. Interleucinas 12 e 18 e fator de necrose tumoral também são importantes no combate à infecção sistêmica, pela ativação de macrófagos e células natural “Killer” (NK) (Beal et al. 2004; Wigley et al, 2005). A única vacina viva disponível, comercialmente para a prevenção do T.A. é a que contém a estirpe SG9R.

Vacina SG9R Em 1955 Dr. Williams Smith (Houghton-UK), diante de observações de campo, de que vacinas inativadas de SG não tinham valor no controle do T.A., e de que aves que se recuperam naturalmente da doença, são completamente imunes a re-infecção (Smith, 1955), decidiu por re-investigar a produção de imunidade à infecção por SG pelo uso de vacinas vivas, focando principalmente em duas estirpes atenuadas obtidas por ele, uma lisa e uma rugosa, ambas eficientes em prevenir o desenvolvimento da infecção experimental. A cepa vacinal lisa (SG9S) mantinha maior virulência residual e interferia na monitoria de pulorose, a qual era realizada no Reino Unido através de soroaglitinação rápida (SAR) de sangue total. A estirpe rugosa (SG9R), também bastante protetiva e com maior atenuação, não continha os antígenos somáticos (rugosa) característicos de estirpes de SG, devido à perda de parte da cadeia de lipopolissacarídeos (LPS), e por isso, não interferia na monitoria de pulorose, sendo eleita como a primeira e permanecendo como única alternativa de estirpe vacinal viva para o controle do T.A há mais de 60 anos. Até a recente década, acreditou-se que a ausência da porção final do LPS era a característica que acarretava na redução de virulência da estirpe SG9R (Smith, 1956; Feberwee et al., 2001 a,b). Atualmente o sequenciamento genômico desta estirpe vacinal demonstrou que além da enzima que

sintetiza a porção final do LPS (RfjA), SG9R apresenta alterações em outras três proteínas, duas delas envolvidas com a respiração celular (GalT e AceE) e a outra com transporte de vitamina B12 para dentro da bactéria (BtuB) (Van Immerseel et al., 2013). Desta forma, a atenuação parece estar relacionada às mutações nos quatro genes (rfjA, galT, aceE e btuB), ainda que se desconheça o grau de importância de cada gene no evento de atenuação. E assim sendo, concebe-se que a reversão de virulência dependa da reversão das mutações de mais de um gene, fenômeno este, bastante difícil. E, provavelmente devido a este fato, a SG9R permaneça até o presente momento tão segura, além de útil e atual no cenário avícola brasileiro.

Vacinação utilizando SG 9R A vacina SG9R tem sido largamente utilizada no Brasil, pela via injetável (intramuscular e subcutânea) em aves comerciais de postura de ovos de mesa, desde 5 semanas de idade com revacinações passiveis até a entrada na fase de postura. A proteção precoce das aves antes das 5 semanas de idade, ou durante o período de produção não é factível quando se utiliza a via injetável de aplicação, além disso, a vacinação injetável requer mão-de-obra especializada, e manejo individual das aves o que é laborioso para o trabalhador, estressante para aves, e impraticável em galpões verticais. A BioCamp, através de um protocolo de seleção, adaptou a estirpe vacinal SG9R à via oral, para que esta seja passível de administração através da água de bebida. A administração oral da vacina permite a imunização precoce das aves desde o primeiro dia de vida, permite revacinações durante toda a vida da ave, além de tornar factível a vacinação e revacinação em granjas verticais, neutralizando o estresse. Um estudo recente conduzido pela BioCamp em parceria com a FCAV-Unesp -Jaboticabal avaliou a eficiência da vacina CampVac SG9R em aves para postura comercial de ovos de mesa de linhagem vermelha e sua

A vacina SG9R tem sido largamente utilizada no Brasil, pela via injetável (intramuscular e subcutânea) em aves comerciais de postura de ovos de mesa, desde 5 semanas de idade com revacinações passiveis até a entrada na fase de postura

Revista do Ovo

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Informativo Técnico-Comercial

Um estudo recente conduzido pela BioCamp em parceria com a FCAV-Unesp -Jaboticabal avaliou a eficiência da vacina CampVac SG9R em aves para postura comercial de ovos de mesa de linhagem vermelha e sua aplicação em diferentes protocolos vacinais

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Revista do Ovo

aplicação em diferentes protocolos vacinais. Os resultados demonstraram que os processos de vacinação oral e intramuscular foram capazes de proteger completamente as aves contra o T.A., (0% de mortalidade; p<0,05), em qualquer um dos seguintes esquemas de vacinação: i) uma dose intramuscular na quinta semana de vida; ii) uma dose oral no primeiro dia e revacinação intramuscular na quinta semana de vida; iii) uma dose intramuscular na quinta semana e revacinação intramuscular na nona semana de vida. Para este teste foram realizados dois desafios, às nove e treze semanas de idade, a mortalidade do grupo controle (não vacinado), em ambos os desafios ficou entre 80 e 90%.

Status atual do T.A. no Brasil Várias hipóteses têm sido abordadas na tentativa de se explicar a re-emergênica e o status endêmico do T.A. no Brasil. Quatro destas hipóteses são abordadas e discutidas abaixo com base em estudos recentes realizados no país. i) a susceptibilidade das linhagens comercias ao T.A. teria mudado, as aves estariam mais sensíveis à enfermidade. Esta hipótese foi refutada por um trabalho recente de Celis-Estupiñan et al., (2017). Neste trabalho, os resultados de infecção experimental de três linhagens comerciais de aves para postura de ovos de mesa, variedades branca e vermelha, demonstraram, baixa taxa de mortalidade em aves brancas e alto percentual de mortalidade em aves vermelhas, à semelhança de trabalhos anteriores. Em outras palavras, as linhagens de aves vermelhas permanecem tão sensíveis ao T.A. quanto outrora, as aves de linhagens branca, leve, permanecem resistentes, apresentando mortalidade baixa ou ausente, mas os autores enfatizam que estas aves se infectam, permanecem infectadas por semanas e disseminam SG. ii) o uso de antibióticos em lotes positivos para o T.A. teria favorecido a disseminação da doença, uma vez

que, o tratamento diminui a mortalidade, mas não elimina a bactéria. De acordo com Celis-Estupiñan et al., (2017), em aves positivas para o T.A. em que se utilizou antimicrobianos, após a interrupção do tratamento prescrito, os sintomas clínicos e a mortalidade reapareceram perpetuando a transmissão e a enfermidade. iii) a transmissão vertical (intra-ovariana) estaria exercendo importante papel na disseminação do T.A. Esta hipótese também foi refutada no trabalho de Celis-Estupiñan et al., (2017), os autores confirmaram que as aves infectadas experimentalmente pararam de produzir ovos e morreram. Quando as aves experimentais foram tratadas com antimicrobiano, a mortalidade reduziu e depois de algumas semanas estas voltaram à produção. Todos os ovos produzidos foram examinados e SG não foi detectada em nenhum deles. Em outro teste, SG foi inoculada na superfície externa da casca, sob a casca e no interior da gema, de ovos férteis. Após o período de incubação dos ovos, naqueles em que SG foi inoculada na casca ou sob a casca, não houve re-isolamento da bactéria. Quando a inoculação foi na gema, ocorreu morte embrionária ou ausência de desenvolvimento embrionário, mas SG encontrava-se em abundância no interior do ovo. Diante desses resultados, os autores entenderam que não há transmissão transovariana para o T.A. como ocorre na pulorose, mas SG pode ser carreada da granja reprodutora para o incubatório e deste para a progênie. iv) haveria emergido ou sido introduzida no Brasil uma nova estirpe de SG mais patogênica. Os trabalhos de Celis-Estupiñan et al., (2017), De Carli et al. (2017) e Koerich, et al. (2017) lançando mão de três técnicas moleculares diferentes, chegaram a mesma constatação: não houveram alterações quanto a bactéria, mecanismo de transmissão ou de patogenicidade ao T.A., não há variedade de clones circulando entre as regiões do Brasil, não houveram introduções recentes de novos clones de SG, ou seja, os clones que aqui circulam são os


mesmos que circulam há décadas e permanecem geneticamente conservados.

Relação entre as estirpes de SG de campo e a estirpe vacinal SG9R Especulações recentes no âmbito do campo, conjecturaram que os surtos recentes de T.A. poderiam ser atribuídos à reversão de virulência da cepa vacinal SG9R. Provavelmente esta preocupação teve origem em um trabalho publicado por Van Immerseel et al. em 2013. Neste trabalho os autores demonstraram, com base em sequenciamento de genoma total, que um isolado de SG de um surto de T.A. na Bélgica era bastante parecido com a cepa vacinal SG9R, indicando uma possibilidade de reversão vacinal recente naquela granja em questão. Esta possibilidade não é levada a termo, assim que a análise do genoma total mostra que a real similaridade se dá entre a cepa de campo e a cepa SG9, cepa de origem Europeia, patogênica e utilizada para a criação da vacina SG9R. Trabalhos recentes demonstraram que as estirpes de campo de SG que circulam em todo Brasil, em aves reprodutoras, frangos, perus e aves para postura, são semelhantes entre si, e distantes filogeneticamente da estirpe vacinal SG9R, ou seja, os surtos recentes de T.A. ocorridos no Brasil não foram causados pelo uso da cepa vacinal SG9R, sendo, de acordo com as autores, os carreadores de SG diversos, tais como: animais silvestres, caminhões de transporte de ração e transito de pessoas entre granjas adjacentes (Koerich, et al., 2017), denotando falha de biossegurança para todos estes.

Referências Barrow, P.A; Freitas Neto, O. C. (2011). Pullorum diseases and fowl typhoid- new thoughts on old diseases: a review. Avian Pathology, 40:1, 1-13. Beach, J. R.; Davis, D. E. (1927). Acute infection in chicks and chronic infection of the ovaries of hens caused by the fowl typhoid organisms. Hilgardia, 2, 411-424.

Beal, R.K.; et al. (2004). Age at primary infection with Salmonella enteric serovar Typhimurium in the chicken influences persistence of infection and sub sequent immunity to re-challenge. Veterinary Immunology and Immunopathology, 100, 151-164. Beaudette, R.F. (1925). The possible transmission of fowl typhoid through the eggs. Journal of the American Veterinary Medical Association, 67, 741-745. Beaudette, R.F. (1930). Fowl typhoid and baccilary white diarrhea. In: 11th International Veterinary Congress, 705-723. Berchieri Jr, A.; Freitas Neto, O. C. (2009) Salmoneloses. In: Doença das Aves, 2ª ed, 435-456. Calnek, B.W.; et al. (1997). Pullorum diseases and fowl typhoid. In: Disease of poultry. 10th ed. 220-228. Celis-Estupiñan, A.L.P; et al. (2017). Further investigations on the epidemiology of fowl typhoid in Brazil., Avian Pathology, 46(4), 416-425. De-Carli, S. et al. (2017). Molecular and phylogenetic analyses of Salmonella Gallinarum trace the origin and diversification of recent outbreaks of fowl typhoid in poultry farms. Veterinary Microbiology, 2(12), 80-86.

Feberwee, A.; et al. (2001 a). The spread of Salmonella Gallinarum 9R vaccine strain under field conditions. Avian Diseases, 45, 1024-1029. Feberwee, A.; et al. (2001b). Vaccination Against Salmonella Enteritidis in Dutch Commercial Layer Flocks with a Vaccine Based on a Live Salmonella Gallinarum 9R Strain: Evaluation of Efficacy Safety and Performance of Serologic Salmonella Tests. Avian Diseases, 45, 83-91. Koerich, P.K.V. (2017). Salmonella Gallinarum field isolates and its relationship to vaccine strain SG9R. British Poultry Science. Smith, H. W. (1955). The longevity of Salmonella Gallinarum in the faeces of infected chickens Journal of Comparative Pathology, 65(37), 267-270. Smith, H.W. (1956). The use of live vaccines in experimental Salmonella gallinarum infections in chickens with observations on their interference effect. Journal of Hygiene, 54, 419-432. Van Immerseel, F. et al. (2013). Salmonella Gallinarum field isolates from laying hens are related to the vaccine strain SG9R. Vaccine, 31:43, 4940-5. Wigley, P.; et al. (2005). Oral infection with the Salmonella enterica serovar Gallinarum 9R attenuated live vaccine as a model to characterise immunity to fowl typhoid in the chicken. BMC Veterinary Research, 1,.1-6. Revista do Ovo

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Pesquisa

Criação de machos leves da postura comercial em programas nutricionais específicos Existem movimentos em favor do bem-estar animal, para que sejam evitados procedimentos de descarte ou eutanásia dos pintos machos, resguardando-se seu sacrifício no primeiro dia de vida Autores: A. G. Bertechini*, H. Mazzuco ** E. C. Rodrigues ,* and E. M. Ramos * * Universidade Federal de Lavras/UFLA - Lavras-MG ** Embrapa Suínos e Aves – Concórdia-SC

A

avicultura de postura tem crescido em torno de 6% ao ano no Brasil, sendo que foram alojadas aproximadamente 115 milhões de pintinhas no ano 2017/2018, correspondendo a uma média de alojamento mensal de 9,5 milhões. Desse montante em torno de 20% são de pintinhas para produção de ovos marrons. Aproximadamente 50% das aves que nascem são machos, chamados machinhos leves, que são descartados por não apresentarem características zootécnicas para sua utilização na produção. Por outro lado, existem movimentos em favor do bem-estar animal, para que sejam evitados procedimentos de descarte ou eutanásia dos pintos machos, resguardando-se seu sacrifício no primeiro dia de vida. Adicionalmente, gasta-se energia elétrica, mão de obra e espaço nas incubadoras, com ovos que não darão origem às pintinhas, onerando a produção dessas aves, além dos custos envolvendo a eliminação dos machinhos.

40 Revista do Ovo

Uma solução que se mostrou viável para a destinação dessas aves descartadas foi sua utilização na produção de carne, de alta qualidade nutricional, estudo que é descrito de forma sucinta, no presente artigo.

Metodologia de produção Foram alojados 1920 machinhos, oriundos de duas linhagens comerciais de postura (Lohmann Brown Classic-linhagem vermelha; e Lohmann LSL Classic White-linhagem branca), em aviários convencionais de frangos de corte (cama de mara-

valha, comedouros tubulares e bebedouros “nipple”), recebendo dietas (à vontade) baseadas em milho e soja como ingredientes majoritários, em quatro programas nutricionais envolvendo diferentes valores de Energia Metabolizável e níveis de proteína bruta (PB) em três fases de alimentação no período de 1 a 42 dias de idade, conforme mostrado na Tabela 1. A densidade adotada foi de 20 aves/m2 sendo que as aves não foram debicadas. O programa de luz consistiu em iluminação contínua (intensidade de 22 lux) por todo o período do estudo.


O consumo de ração, o ganho de peso e conversão alimentar foram obtidos e são mostrados na Tabela 2; com 42 dias de idade as aves foram sacrificadas por deslocamento cervical e processadas para mensurações de rendimento de carcaça, sendo feita uma amostragem para obterem-se as variáveis de qualidade da carne do peito das aves (Tabela 3). Os dados obtidos foram analisados utilizando o procedimento GLM do software estatístico SAS. O teste de Tukey foi utilizado para comparar as médias dos tratamentos.

Resultados de desempenho observados O consumo e o ganho de peso das aves da linhagem vermelha foram significativamente maiores (P<0,05) em relação às aves da linhagem branca, aos 42 dias de idade; igualmente, a conversão alimentar foi melhor nas aves da linhagem vermelha (Tabela 2). O rendimento de carcaça das aves está apresentado na tabela 3. Não foram observadas diferenças (P>0,05) para rendimento de carcaça em relação às linhagens estudadas para rendimento de carcaça (RC) e rendimento de carcaça comercial (RCC). O rendimento da carcaça pronto para assar (RCA) e o rendimento de

coxa e sobre coxa (RCS) da linhagem vermelha foi superior (P<0,05) ao da linhagem branca, enquanto que o rendimento de peito (RP) da linhagem branca foi superior. Os resultados de composição e características da carne das aves abatidas estão apresentados na Tabela 4. Verificam-se diferenças na composição do peito do macho leve em relação ao frango de corte (linhagem comercial). A composição do peito do macho leve se assemelha na composição do peito do frango comercial em umidade, proteína e na maioria das características físicas desse tecido. Por outro lado, apresenta valores inferiores em colesterol, teor de gordura, menos calorias, mais macia e com menor perda de água por cozimento. Com relação ao colesterol e ao teor de gordura, apresenta valores 20% e 55% inferiores respectivamente, ao apresentado pela carne de peito do frango de corte comercial.

Discussão geral Numa análise do resultado de desempenho geral observa-se que os machos da linhagem vermelha foram mais pesados do que os brancos. Estas aves apresentaram também durante toda a fase de criação, maior capacidade de consumo de ração, refletindo em maior ganho de peso. Quanto ao rendimento de carcaça, as aves da linhagem branca apre-

No presente estudo são oferecidas práticas alternativas sustentáveis à eliminação de pintinhos machos de 1 dia oriundos de linhagens leves, contribuindo com uma solução para a redução do volume de resíduos da produção em incubatórios e diminuindo os custos de produção da pintinha de um dia

Revista do Ovo

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Pesquisa

Contribuímos com alternativas ao consumidor de proteínas de alto valor biológico, oferecendo ao mercado produtos diferenciados em termos nutricionais e à demanda crescente por alimentos diversificados, com baixos teores de gordura e características de maciez e coloração desejáveis

Carcaças limpas e evisceradas

sentaram melhor rendimento de peito, no entanto, o rendimento de coxa e sobre coxa foi maior para a linhagem vermelha. Apesar dessas diferenças, essas aves se assemelham em desempenho e características de carcaça. Com o preparo culinário dos frangos na forma assado-grelhado e posterior degustação, observou-se grande aceitação para consumo (testes de aceitação/degustação) realizados na Universidade Federal de Lavras (dados não apresentados).

Considerações finais No presente estudo, são oferecidas práticas alternativas sustentáveis à eliminação de pintinhos machos de 1

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Revista do Ovo

dia oriundos de linhagens leves, contribuindo assim com uma solução inovadora para a redução do volume de resíduos da produção em incubatórios e diminuindo os custos de produção da pintinha de um dia; Adicionalmente, contribui-se com alternativas ao consumidor de proteínas de alto valor biológico, oferecendo ao mercado produtos diferenciados em termos nutricionais e, à demanda crescente por alimentos diversificados, com baixos teores de gordura e características de maciez e coloração desejável; atingindo assim, um nicho de mercado crescente, de potenciais compradores preocupados com a saúde, qualidade de vida e com produtos produzidos de forma sustentável.


Estatísticas e Preços Pintainhas de postura comercial

Redução de 7% no primeiro trimestre

I

EVOLUÇÃO MENSAL (OVOS BRANCOS E VERMELHOS) - MILHÕES DE CABEÇAS

PINTAINHAS COMERCIAIS DE POSTURA

% OVO BRANCO

MÊS

2017/2018

2018/2019

VAR. %

2017/18

2018/19

Abr

8,653

10,111

16,85%

81,31%

81,46%

Mai

9,396

9,996

6,38%

79,56%

80,17%

Jun

9,043

8,476

-6,27%

79,73%

79,50%

Jul

8,671

9,432

8,77%

78,36%

80,31%

Ago

9,427

10,205

8,26%

80,37%

79,56%

Set

9,634

9,241

-4,08%

79,48%

80,85%

Out

9,495

10,209

7,51%

78,30%

79,57%

Nov

9,510

9,816

3,22%

80,82%

77,89%

Dez

8,361

8,577

2,59%

81,02%

77,74%

Jan

10,377

9,038

-12,90%

80,61%

81,85%

Fev

9,082

8,774

-3,39%

79,15%

83,42%

Mar

10,034

9,590

-4,43%

78,84%

77,91%

Em 03 meses

29,494

27,402

-7,09%

79,56%

80,97%

Em 12 meses

111,684

113,465

1,59%

79,79%

80,01%

Revista do Ovo

2019

29,494

2018

23,402

2017

23,128

2016

21,836

2015

2014

20,972

2013

20,181

18,753

2011

2012

17,387

2010 a 2019 Milhões de cabeças

23,501

PLANTEL NO PRIMEIRO TRIMESTRE

27,402

Fonte dos dados básicos: ABPA – Elaboração e análises: AVISITE

2010

nformações colhidas no mercado indicam que o alojamento de pintainhas de postura comercial nos primeiros três meses do corrente ano foram bem inferiores aos do mesmo período do ano passado. Em janeiro ficou na casa dos 9 milhões, reduzindo em quase 13% o plantel em relação a janeiro de 2018. Em fevereiro alojou perto de 8,8 milhões, indicando redução de 3,4% e, por fim, em março último, alojou próximo de 9,6 milhões, significando queda de 4,4% na comparação em doze meses. O plantel acumulado no primeiro trimestre assinala 27,4 milhões, representando redução de 7,1% sobre o alojado no mesmo período do ano anterior, o menor volume dos últimos cinco trimestres. Desse total, cerca de 81% será para produção de ovos brancos. Retrospectiva do volume alojado no primeiro trimestre desde 2010 indica crescimento de 57,6%, índice próximo de 5,2% ao ano. Considerando um período mais curto, a partir de 2014, o crescimento alcança apenas 16,6%, indicando evolução anual na casa dos 3%. O plantel alojado nos últimos dozes meses – abril de 2018 a março de 2019 – sinaliza volume de quase 113,5 milhões e, por ora, equivale a índice positivo de 1,6% sobre o mesmo período imediatamente anterior. Segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal – ABPA, o consumo per capita de ovos de 192 ovos por habitante em 2017 subiu para 212 ovos em 2018, significando forte crescimento anual de 10,4%. Por outro lado, houve perda de quase 19% no preço médio de comercialização da caixa de ovos brancos no atacado de São Paulo, indicando que os produtores de postura comercial tiveram enormes dificuldades em receber a justa remuneração na venda do seu produto. Isso ajuda a explicar o porquê da redução de 7% no alojamento de pintainhas no primeiro trimestre deste ano: sem obter o justo retorno o produtor fica incapacitado de realizar os investimentos necessários para continuar suprindo a população desse importante alimento.

43


Estatísticas e Preços Mercado

Desempenho do ovo em abril de 2019

Considerados apenas os últimos 13 meses, ovo obteve em abril seu segundo melhor resultado do período

O

ovo - considerados apenas os últimos 13 meses (gráfico abaixo) – obteve neste último abril seu segundo melhor resultado do período. Ou seja: o preço médio alcançado ficou aquém, apenas, do registrado em junho de 2018, recorde do ano que passou. Mas não só isso. Pois (fato que se tornou raro, mas que já havia sido registrado em fevereiro), seu preço apresentou incremento tanto em relação ao mesmo mês do ano passado como ao mês anterior, com valorização mensal de 7,43% e anual de 13,59%. Teria sido ótimo se esse desempenho não tivesse ocorrido em plena Quaresma, evento do calendário religioso que, anualmente, transforma o mercado do ovo, tornando-o extremamente ativo. Aliás, época em que, salvo raríssimas exceções, são registrados os melhores preços de cada exercício. PPois desta vez o ovo passou pela Quaresma sem o dinamismo de sempre. É verdade que, entre a quarta-feira de Cinzas (6 de março) e o pico de preços do período o produto experimentou valorização superior a

18%. Mas isso levou mais de mês para ser alcançado e, mesmo assim, teve pouca duração (apenas 10 dias de negócios). E já no sábado de Aleluia (20) começou o retrocesso. Até aí, nada de excepcional, pois é normal a queda de preços na segunda parte do mês. Em abril, porém, o recuo foi mais agudo. Porque, em primeiro lugar, ao contrário dos três meses anteriores, o período foi encerrado com valor inferior ao de abertura. Segundo, porque em pouco mais de uma semana os preços vigentes recuaram perto de 25%, retrocedendo aos mesmos baixos patamares registrados no final de janeiro passado. A realidade é que, embora alcançando valor cerca de 5% superior ao registrado no mesmo período do ano passado, o ovo inicia maio de 2019 valendo 21% menos que em 2 de maio 2017 e registrando a mesma cotação de 2 de maio de 2016. Ou seja: se até recentemente os ganhos foram excepcionais, agora a defasagem é grande. E vai ser preciso muita ação para superá-la.

OVO BRANCO EXTRA

Evolução de preços no atacado paulistano R$/CAIXA DE 30 DÚZIAS Média mensal e variações anual e mensal em treze meses MÊS.

44 Revista do Ovo

MÉDIA R$/CXA

Média anual em 10 anos R$/CAIXA

VARIAÇÃO % NO ANO

NO MÊS

2010

ABR/18

67,75

-25,66%

-14,32%

MAI

62,84

-24,57%

-7,25%

JUN

80,23

-7,82%

27,67%

2012 2013

2011

JUL

63,12

-24,52%

-21,33%

AGO

60,70

-24,44%

-3,82%

SET

58,21

-21,85%

-4,11%

OUT

50,12

-27,41%

-13,90%

2015

NOV

56,71

-14,08%

13,16%

2016

DEZ

55,00

-14,54%

-3,01%

JAN/19

47,65

-11,63%

-13,36%

FEV

72,12

1,08%

51,33%

MAR

71,64

-9,40%

-0,66%

ABR

76,96

13,59%

7,43%

2014

2017 2018 2019

R$ 37,93 R$ 44,61 R$ 49,11 R$ 57,86 R$ 52,70 R$ 59,47 R$ 75,43 R$ 77,78 R$ 63,24 R$ 66,87


Milho e Soja Milho registra queda de preço em abril

Farelo de soja registra queda de 10% em doze meses

O preço do milho registrou nova queda de preço em abril. O preço médio do insumo, saca de 60 kg, interior de SP, fechou o mês cotado a R$40,29, valor 6,7% abaixo da média alcançada pelo produto em março último, quando ficou em R$43,20. Na comparação anual o índice de queda foi um pouco menor, atingindo 5%. Isso porque em abril do ano passado o preço praticado foi de R$42,43 a saca.

O farelo de soja (FOB, interior de SP) registrou queda em abril de 2019 pelo sétimo mês consecutivo. O produto foi comercializado pelo preço médio de R$1.165/t, valor 0,5% inferior ao praticado no mês de março quando atingiu R$1.171/t. Em comparação com abril de 2018 – quando o preço médio era de R$1,295/t – a cotação atual registra queda de 10%.

Valores de troca – Milho/Frango vivo No frango vivo (interior de SP) o preço médio de abril, alcançou R$3,55 kg, atingindo índice de valorização mensal próximo de 10%. Assim, com a boa valorização do frango vivo e a queda na cotação do milho, houve sensível melhora no poder de compra do avicultor. Nesse mês, foram necessários 189,2 kg de frango vivo para se obter uma tonelada de milho, considerando-se a média mensal de ambos os produtos. Este volume representa 17,8% de melhora no poder de compra em relação ao mês anterior, pois, em março, a tonelada do milho “custou” 222,9 kg de frango vivo. Já em relação a abril do ano passado, o índice de melhora no poder de compra chegou a quase 70% pois, lá, foram necessários 321,4 kg de frango vivo para adquirir a tonelada da matéria-prima.

A boa valorização alcançada pela cotação do frango vivo e a leve queda verificada no preço do farelo de soja em abril fez com que fossem necessários 328,2 kg de frango vivo para adquirir uma tonelada do insumo, significando melhora de 10,5% no poder de compra do avicultor em relação a março quando 362,5 kg de frango vivo foram necessários para obter uma tonelada do produto. Na comparação em doze meses houve excelente melhora de 79,4%, pois, lá, foram necessários 588,6 kg para adquirir o cereal.

Valores de troca – Milho/Ovo

Valores de troca – Farelo/Ovo

O preço do ovo, na granja (interior paulista, caixa com 30 dúzias), obteve boa valorização em abril e fechou à média de R$70,96, valor 8% superior ao alcançado no mês anterior, quando o produto foi negociado por R$65,64. Com essa boa valorização no preço médio dos ovos e a queda na cotação do milho, houve considerável melhora no poder de compra mensal do avicultor. Em abril foram necessárias 9,5 caixas de ovos para adquirir uma tonelada do cereal. Em março, foram necessárias 11 caixas/t, uma melhora de quase 16% na capacidade de compra do produtor. Em doze meses, a melhora no poder de compra é ainda maior, de 21%.

De acordo com os preços médios dos produtos, em abril foram necessárias aproximadamente 16,4 caixas de ovos (valor na granja, interior paulista) para adquirir uma tonelada de farelo de soja. O poder de compra do avicultor de postura em relação ao farelo registrou ganho mensal de 8,7%, já que, em março, foram necessárias 17,8 caixas de ovos para adquirir uma tonelada do cereal. Em relação a abril de 2018 a melhora no poder de compra atingiu 27,7%, pois naquele período a tonelada de farelo de soja custou, em média, 21 caixas de ovos.

abril abril maio maio junho junho julho julho agosto agosto setembro setembro outubro outubro novembro novembro dezembro dezembro janeiro janeiro fevereiro fevereiro março março abril abril

53,00 53,00 51,00 51,00 49,00 49,00 47,00 47,00 45,00 45,00 43,00 43,00 41,00 41,00 39,00 39,00 37,00 37,00 35,00 35,00 33,00 33,00 31,00 31,00 29,00 29,00 27,00 27,00

2018 2018

MédiaAbril Abril Mínimo Média Mínimo 35,50 R$R$35,50

40,29 40,29

Fonte das informações: www.jox.com.br

2019 2019

Máximo Máximo 44,00 R$ R$ 44,00

Preçomédio médioFarelo Farelode desoja soja Preço R$/toneladaFOB, FOB,interior interiordedeSPSP R$/tonelada

1600 1600 1500 1500 1400 1400 1300 1300 1200 1200 1100 1100 1000 1000 950 950 900 900 850 850 800 800 750 750

abril abril maio maio junho junho julho julho agosto agosto setembro setembro outubro outubro novembro novembro dezembro dezembro janeiro janeiro fevereiro fevereiro março março abril abril

Preçomédio médioMilho Milho Preço

R$/sacadede60kg, 60kg,interior interiordedeSPSP R$/saca

Valores de troca – Farelo/Frango vivo

2018 2018

MédiaAbril Abril Média Mínimo Mínimo 1.150,00 R$R$ 1.150,00 R$R$

2019 2019

Máximo Máximo

1.180,00 1.165,00R$R$1.180,00 1.165,00 Revista do Ovo

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Ponto Final

A velocidade da confiança Alguns caminhos, perfeitos ou não, já estão pavimentados como guia para direcionar o rumo de um setor que merece ser muito exitoso

Tiago Lourenço, Diretor Geral da Hy-Line do Brasil

O

Brasil está muito próximo de se tornar o quarto maior produtor mundial de ovos, atrás somente da China, Estados Unidos e Índia. A retrospectiva da última década é impressionante: saímos de um consumo de 130 ovos per capita em 2009 para 212 ovos em 2018, um aumento de 63% ou 82 ovos por pessoa (agora faça a conta o que isso representa em uma população de 200 milhões de habitantes). Tudo isso fruto de uma série de “ondas”, algumas mais óbvias e visíveis, outras nem tanto, em que podemos atribuir desculpas ou méritos, com pesos distintos, mas que certamente passam pela imagem e apresentação do produto ovo, e pela confiança do consumidor de que é um alimento nutritivo e saudável. Nos últimos anos ele foi se provando, validando em pesquisas científicas seus atributos, se transformando, quase como um filme de cinema em que o vilão se torna o mocinho salvador da pátria, ganhando a confiança e respeito de todos. Ele fez a parte dele, o ovo se consolidou como o alimento mais completo do mundo disponível e acessível aos consumidores deste planeta. Outro dia em uma entrevista na televisão, um nutrólogo ressaltava as estratégias nutricionais utilizadas com a versatilidade do ovo, desde fetos (para a mãe grávida), um ovo por dia para um bom desenvolvimento cerebral, até pessoas da melhor idade, auxiliando na manutenção da massa muscular que reduz com a senescência. O ovo sendo categorizado como um alimento funcional, com um tom quase que medicamentoso, tão poderosas são as suas capacidades. Ele fez a parte dele! Agora cabe a nós, setor produtivo de ovos, continuarmos fazendo a nossa! E a primeira pergunta que vem em mente é: como assim? Eu gostaria de ter todas as

46 Revista do Ovo

respostas, mas neste momento só tenho a pergunta para reflexão: o que poderia acontecer a sua empresa, e com impacto em todo o setor, caso, por algum motivo, com intenção positiva ou não, algum ponto importante da imagem do ovo fosse afetado por algo que está sob o seu controle? O mesmo filme de sucesso que estamos vivendo já foi um filme de terror em outros países, com contaminação por Salmonella, recall de produtos na gôndola, produtos com resíduos de substâncias proibidas, fraude com embalagens e data de vencimento, multas por desrespeito à legislação ou às boas práticas de bem-estar animal, venda de ovos produzidos em gaiolas como cage free, dentre outros, com destruição de empresas, patrimônios, e sérios impactos em todo o setor. Visualizem a abertura do Jornal Nacional comunicando um escândalo com ovos, e as consequências que isso nos traria... “Praticamente todas as transações comerciais têm em si um elemento de confiança”, escreveu o economista Kenneth Arrow em 1972 - ano em que ganhou o Prêmio Nobel de Ciências Econômicas. “Pode-se argumentar plausivelmente que muito do atraso econômico no mundo pode ser explicado pela falta de confiança mútua.” Alguns caminhos, perfeitos ou não, já estão pavimentados como guia para direcionar o rumo de um setor que merece ser muito exitoso, respeitando a tríade que pode te colocar como um alvo indesejado: segurança alimentar, bem-estar animal e integridade. E a mídia social é um multiplicador de todos os riscos para a confiança. O setor precisa escolher evoluir em seus processos, controle e garantia da qualidade, para se tornar cada vez mais confortável e orgulhoso ao apresentar uma operação que produz um “remédio”. Todos os dias nós temos a escolha de decidir aquilo que queremos acreditar. Faça o exercício 10:10:10 e pense no impacto da sua decisão daqui a 10 dias, 10 meses e em 10 anos. Como diz as histórias em quadrinhos, com grandes poderes, vêm grandes responsabilidades. A confiança é absolutamente a nova moeda e pode ter um grande impacto na última linha. Isso quer dizer também que com grandes responsabilidades, vêm grandes poderes. Agora faça a sua parte!


Revista do Ovo

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Ponto Final

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