Revista do PecSite - Edição 03

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Março/2022 - No 03 - ano I www.pecsite.com.br/revista

Carne bovina brasileira em alta no mercado externo Exportações brasileiras de carne bovina encerram 2021 com aumento de 9% em receita

ESPECIAL

A FORÇA DA

Mulher NO AGRONEGÓCIO

ENTREVISTA:

Sustentabilidade e eficiência produtiva são os desafios de Juliano Sabella à frente da ASBRAM

BEM-ESTAR:

Estratégias para mitigação do estresse em bovinos recémchegados em confinamentos A Revista do PecSite

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Sumário

Editorial

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Eventos e As mais lidas do PecSite

Caro leitor,

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Matérias primas

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Destaques PecSite: Profissionais, Empresas & Instituições

Em 2021 a pecuária brasileira enfrentou alguns e significativos desafios, sendo eles: a alta dos custos, o assustador embargo chinês (que durou mais de 100 dias e só foi suspenso no início da segunda quinzena de dezembro passado) e a redução no consumo de carne bovina pela população brasileira, resultado da queda do poder aquisitivo do consumidor.

Pesquisa global de rações da Alltech revela dados e tendências globais para o setor

Uma análise feita pela Embrapa traçou as perspectivas para o setor em 2022, o destaque positivo vai para a demanda ainda em alta pela carne brasileira no exterior, enquanto se mantém a pressão nos custos de produção no mercado interno.

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Mercado, exportações e negócios estarão em pauta nesta edição, que também traz uma gama de conteúdos informativos e artigos técnicos que irão auxiliar o pecuarista na melhor tomada de decisão na propriedade. Em artigo inédito, especialistas abordam estratégias para mitigação do estresse em bovinos recém-chegados em confinamentos após o transporte.

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Em entrevista exclusiva para a Revista do PecSite, Juliano Sabella, novo presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Suplementos Minerais (ASBRAM), fala sobre os seus desafios, e a luta da associação pela isenção de impostos para os suplementos minerais.

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Boa leitura.

Os informes técnico-empresariais publicados nas páginas da Revista do PecSite são de responsabilidade das empresas e dos autores que os assinam. Este conteúdo não reflete a opinião da Mundo Agro Editora.

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A Revista do PecSite

EXPEDIENTE

Glaucia Bezerra

Publicação Trimestral nº 03 | Ano I | Março/2022

Minerva Foods registra lucro de R$ 150,3 milhões no 4tri2021

Ponto-Final

Ainda: março é o mês das mulheres e a Revista do PecSite preparou um especial para reforçar a importância fundamental das mulheres no agronegócio.

Mundo Agro Editora Ltda. Rua Erasmo Braga, 1153 13070-147 - Campinas, SP

Mark Lyons é presidente e CEO da Alltech

Imóvel Rural Regularizado: segurança jurídica e agilidade na hora de obter financiamento Ticiane Figueirêdo

Publisher Paulo Godoy paulo.godoy@mundoagro.com.br

Diagramação e arte Gabriel Fiorini gabrielfiorini@me.com

Redação Glaucia Bezerra (MTB 80373/SP) imprensa@mundoagro.com.br

Internet Gustavo Cotrim webmaster@avisite.com.br

Comercial Natasha Garcia, Paulo Godoy e André Di Fonzo (19) 3241 9292 | (19) 98963-6343 comercial@mundoagro.com.br

Administrativo e circulação financeiro@avisite.com.br


Publieditorial

Declaração anual de rebanho

Soluções da Agrosys garantem maior produtividade para fábricas de ração

Rio Grande do Sul: novo período para Declaração Anual de Rebanho é necessário para modernizar sistema

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Balanço 2021

Sustentabilidade e eficiência produtiva: desafios de Juliano Sabella à frente da ASBRAM

Exportações brasileiras de carne bovina encerram 2021 com alta de 9% em receita e queda de 7% em volume

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26 Nutrição Animal

Saúde Animal

Pecuária assertiva: Mais pasto e menos cocho!

Período das águas influencia no aumento da infestação de carrapatos

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36 Especial

Sustentabilidade

Bem-estar

Fazendas da cadeia da carne que adotam tecnologias sustentáveis sequestraram mais carbono do que emitiram

Estratégias para mitigação do estresse em bovinos recém-chegados em confinamento após transporte

Mulher

A FORÇA DA

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NO AGRONEGÓCIO

A Revista do PecSite

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Eventos Março Pecuária 360º - Summit 2022 15/03 e 16/06 – São Paulo/SP www.pecuaria360.com.br 12º Simpósio ASBRAM 17/03 – Campinas/SP www.asbram.org.br/simposio Abril Tecnoshow Comigo 2022 04/04 a 08/04 – Rio Verde/GO https://www.tecnoshowcomigo.com.br/ Agrishow 2022 25/04 a 29/04 – Ribeirão Preto/SP www.agrishow.com.br Junho XII Simcorte 09/06 a 11/06 – Viçosa/MG www.simcorte.com Outubro 7º Congresso Nacional das Mulheres do Agronegócio 26/10 e 27/10 – São Paulo/SP www.mulheresdoagro.com.br Novembro 34ª Reunião CBNA - Aves, Suínos e Bovinos 09/11 e 10/11 – Campinas/SP www.cbna.com.br

As + lidas do PecSite

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Brasil se mantém absoluto como segundo maior produtor mundial de carne bovina Dados divulgados em relatório do USDA indicam que, no ano passado, embora o Brasil tenha reduzido em 7,7% a produção de carne bovina, se manteve absoluto no segundo posto de maior produtor, sendo responsável por 16,2% da produção mundial. Os Estados Unidos permanecem no primeiro posto apresentando incremento anual de 2,8%, produzindo 22,1% do volume mundial. Chama a atenção o fato de uma redução também de 2,8% no decorrer de 2022. Leia na íntegra:

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Relação de troca é melhor para o pecuarista que faz recria-engorda Os preços do boi gordo seguem firmes no mercado brasileiro, ao passo que os dos animais para reposição estão enfraquecidos. Segundo pesquisadores do Cepea, esse contexto vem favorecendo pecuaristas que realizam recria-engorda, que, vale lembrar, atravessaram recentemente (em outubro de 2021) a pior relação de troca da série histórica do Cepea (iniciada em fevereiro de 2000). Leia na íntegra

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Produção de carne bovina no Brasil Em seu relatório divulgado em janeiro último sobre o comércio mundial de pecuária e aves, o USDA apontou forte retração na produção de carne bovina brasileira no ano passado e nova recuperação no decorrer de 2022. Segundo o USDA, o Brasil produziu cerca de 9,325 milhões de toneladas de carne bovina em 2021, equivalendo ao pior volume do último quinquênio e significando retração anual de 7,7%. A previsão anterior para o ano passado alcançava 9,500 milhões de toneladas. Leia na íntegra

+ em: www.pecsite.com.br e em nossas redes sociais

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A Revista do PecSite


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Matérias-primas Milho registra aumento de 16,5% no primeiro bimestre

Farelo de soja apresenta leve retração no primeiro bimestre

O preço do milho voltou a apresentar evolução no primeiro bimestre de 2022. No período o preço médio do insumo, saca de 60 kg, interior de SP, alcançou cotação de R$100,71, equivalendo a aumento de 16,5% sobre a média alcançada pelo produto no mesmo período do ano passado, quando a cotação média atingiu R$86,44. Em relação ao mesmo período de 2020, o aumento supera os 88,5%.

O farelo de soja (FOB, interior de SP) voltou a apresentar forte evolução no início desse ano, atingindo valor recorde em fevereiro. Com isso, o primeiro bimestre voltou a se aproximar do valor médio obtido no mesmo período do ano passado. O preço médio alcançou valor de R$2.837,00 a tonelada, significando queda ínfima de 0,3% sobre o apontado para o mesmo período de 2021, quando a cotação média atingiu R$2.846/t. Na comparação com o mesmo período de 2020, o aumento supera os 113,4%.

Valores de troca Milho/Boi Vivo

Valores de troca Farelo/Boi Vivo

O preço da arroba do boi gordo, (interior paulista), obteve valorização levemente inferior a alcançada pelo milho no decorrer do primeiro bimestre de 2022, atingindo valor médio de R$341,04, equivalendo a aumento de 15,8% sobre o recebido no mesmo período do ano passado, negociado por R$294,48. Assim, com a valorização no preço médio do boi vivo inferior a alcançada no milho, os pecuaristas absorveram leve perda quando os produtos são relacionados. No período foram necessárias 73,8 kg, ou, 4,9 arrobas do boi vivo para adquirir uma tonelada do cereal, enquanto no mesmo período de 2021 foram necessárias apenas 73,4 kg, ou, quase 4,9 arrobas/t, significando piora de 0,6% em seu poder aquisitivo.

No primeiro bimestre, de acordo com os preços médios do boi vivo e farelo de soja, foram necessários, aproximadamente, 124,8 kg, ou, 8,3 arrobas de boi gordo (rastreado, interior paulista) para adquirir uma tonelada de farelo de soja, significando melhora de 16,1% no poder de compra do pecuarista em relação ao mesmo período do ano passado. Considerando o primeiro bimestre de 2020, houve perda de 19,9%, já que, lá, a necessidade foi de apenas 99,9 kg, ou, 6,7 arrobas para adquirir o produto.

Preço médio Milho

Preço médio Farelo de Soja

120 120 100 100 80 80 60 60

2021 2022 JANEIRO Janeiro FEVEREIRO Fevereiro MARÇO Março ABRIL Abril Maio MAIO Junho JUNHO Julho JULHO Agosto AGOSTO Setembro SETEMBRO Outubro OUTUBRO Novembro NOVEMBRO Dezembro DEZEMBRO

40 40 20 20 00

3,500 3,500 3,000 3,000 2,500 2,500 2,000 2,000 1,500 1,500 1,000 1,000 0,500 0,500 0,000 0,000

2021 2022

Mínimo

Média Jan-Fev

Máximo

Mínimo

Média Jan-Fev

Máximo

90,50

100,71

104,50

2.570,00

2.837,00

3.040,00

Fonte das informações: www.jox.com.br

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R$/tonelada FOB, interior de SP

Janeiro JANEIRO Fevereiro FEVEREIRO Março MARÇO Abril ABRIL Maio MAIO Junho JUNHO Julho JULHO Agosto AGOSTO Setembro SETEMBRO Outubro OUTUBRO Novembro NOVEMBRO Dezembro DEZEMBRO

R$/saca de 60 kg, interior de SP

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Destaques PecSite: Profissionais, Empresas & Instituições

Minerva Foods integra carteira do Índice de Carbono Eficiente da B3 (ICO2)

Vetoquinol lança soluções no segmento de grandes animais durante a pandemia

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Jorge Espanha é diretor-presidente da Vetoquinol

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m novo brinco mosquicida para bovinos, com 210 dias de proteção, uma solução contra vermes em gado de leite, com carência zero, uma nova tecnologia para detecção de cio em fêmeas suínas e novos suplementos nutricionais para equinos. Estas são as mais recentes novidades da Vetoquinol Saúde Animal. “Em praticamente dois anos de pandemia,

reforçamos nosso compromisso com os produtores e proprietários a partir do lançamento de cinco produtos: dois para bovinos, dois para equinos e um para suínos. Essas marcas, que já apresentam excelentes resultados no campo, comprovam que a inovação é a nossa base”, ressalta Jorge Espanha, diretor-presidente da empresa no Brasil.

elo segundo ano consecutivo a Minerva Foods irá integrar a carteira 2021/2022 do Índice Carbono Eficiente da B3 (ICO2). A inserção da Minerva Foods no ICO2 demonstra o comprometimento com a transparência de suas emissões e como a empresa está se preparando para uma economia de baixo carbono. Nos últimos anos, considerando todas as suas plantas na América do Sul, a Minerva Foods zerou as emissões de gases de efeito estufa (GEE) no escopo 2 — proveniente da aquisição de energia elétrica consumida — em 100% de suas operações, além de promover a remoção de mais de 38 mil toneladas de CO2 da atmosfera por meio do plantio de árvores.

Agroceres Multimix investe em nova unidade fabril em Quatro Pontes (PR)

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uatro Pontes, região oeste do estado do Paraná, foi escolhida pela Agroceres Multimix para instalar sua nona fábrica de produtos de nutrição animal. Atualmente a empresa conta com oito fábricas instaladas nos estados de São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Com um investimento próximo de 100 milhões de reais, o novo complexo fabril da Agroceres Multimix terá uma área construída de 65mil m², com uma capacidade total de produção acima de 40 mil toneladas/mês. “A empresa vem crescendo muito na região Sul do Brasil e a necessidade de uma fábrica para atender melhor esse mercado já fazia parte do nosso planejamento estratégico. Faltava apenas definir o melhor local”, afirma Ricardo A. Ribeiral, diretor superintendente da empresa. Ricardo A. Ribeiral é diretor superintendente da Agroceres Multimix

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Planejamento nutricional nas águas garante boa recuperação das vacas e índices zootécnicos mais eficientes na estação de monta

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período das águas, como são conhecidos os meses do ano que concentram o maior volume de chuvas em boa parte do país, é a época em que os pecuaristas se prepararam para dar início a uma etapa importante do calendário produtivo da propriedade: a estação de monta. Um programa ambicioso de produção animal se inicia nesta fase, por isso é importante que o pecuarista trate esse momento com muita atenção e planejamento. “São nos meses de maior incidência de chuva que as vacas encontram as melhores condições para reprodução. O criador deve estar atento para que o animal chegue a essa época com o melhor score corporal, por isso é importante se planejar, iniciando a suplementação na época correta, para garantir bons resultados no período”, explica o gerente Técnico e de Marketing da Connan, Marcio Bonin. Marcio Bonin é gerente Técnico e de Marketing da Connan

Foto: Reprodução internet

JBS Brasil anuncia Gilberto Xandó como novo presidente

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ilberto Xandó assumiu, em janeiro, a presidência da JBS Brasil. Sua nomeação como novo presidente da JBS Brasil foi realizada em novembro de 2021, em uma reformulação do comando global da empresa. Para assumir o posto, ele renunciou ao cargo de membro do Conselho de Administração da JBS. Em substituição a Xandó, o Conselho de Administração da companhia elegeu Carlos Hamilton Vasconcelos Araújo como membro independente. Ex-diretor de Política Econômica do Banco Central do Brasil, Araújo é engenheiro, mestre e doutor em Economia com forte experiência no mercado financeiro e político-econômico. Gilberto Xandó, presidente da JBS Brasil

Carne bovina: unidade da Minerva de José Bonifácio (SP) é habilitada a exportar in natura aos EUA

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unidade José Bonifácio (SP) da Minerva Foods foi habilitada para exportar carne bovina in natura aos Estados Unidos. Trata-se da sétima planta da empresa no Brasil autorizada a embarcar ao país. A unidade passou por auditoria do Ministério da Agricultura em conjunto com critérios estabelecidos pelo Food Safety and Inspection Service (FSIS), órgão do governo norte-americano responsável por averiguar que alimentos são seguros. A gerente executiva de Qualidade da Minerva Foods, Márcia Lopes, afirmou em nota que a conquista “demonstra o compromisso da Minerva Foods com a qualidade e segurança de seus produtos, além de criar mais uma excelente oportunidade para a companhia no mercado norte-americano, que é um relevante player importador de alimentos e para onde já exportamos outros produtos”. A Revista do PecSite

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Destaques PecSite: Profissionais, Empresas & Instituições

Polinutri encerra 2021 comprometida com os resultados dos seus clientes

O

s negócios de nutrição da Polinutri para as atividades de corte e leite seguiram a escalada de estratégia pelo segundo ano consecutivo, encerrando 2021 com crescimento de 33% em relação ao ano anterior. O objetivo para 2022, segundo o gerente da Unidade de Negócios Ruminantes, Alexandre Siqueira, será o mesmo: “Contamos com uma equipe eficien-

te. Trabalhamos próximo do pecuarista visando alternativas frente à relação custo-benefício, saúde, reprodução e produção, que são pilares para uma produção sustentável. Dessa forma, os pecuaristas de corte e leite conseguiram enfrentar essa pandemia. Independente dos desafios estamos preparados”, conclui. Alexandre Siqueira é gerente da Unidade de Negócios Ruminantes

Pesquisa global de rações da Alltech revela dados e tendências globais para o setor

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Mark Lyons é presidente e CEO da Alltech

pesquisa “Perspectivas do Setor Agroalimentar da Alltech para 2022” destacou dados da pesquisa global de produção de ração. A pandemia de Covid-19 teve grandes impactos no setor agroalimentar, contribuindo para os desafios da cadeia de abastecimento e acelerando a adoção de novas tecnologias e práticas de sustentabilidade ambiental.

“Os resultados reforçam nossa confiança e otimismo sobre o futuro do setor”, disse Mark Lyons, presidente e CEO da Alltech. “Vemos a resiliência da agroindústria frente aos desafios da Covid-19, a interrupção da cadeia de abastecimento, e, até mais importante, há evidências de crescimento, modernização e adoção de práticas mais sustentáveis ocorrendo em paralelo.”

Alessandro Lima é o novo Gerente Regional de Negócios da NOVUS

P

rofissional foi oficialmente apresentado em janeiro e colocará em prática neste novo desafio seus 25 anos de experiência de mercado. Médico-veterinário por formação, a história do profissional começou pelos idos dos anos 90, mais precisamente em 1994, quando escolheu a opção Medicina Veterinária pela UniPinhal (Espírito Santo do Pinhal/SP). Jovem, mas ciente que sua paixão pela profissão serviria de mola propulsora para alçar, anos mais tarde, desafios marcantes no agro e posições de elevada importância para chegar ao posto de Gerente Regional de Negócios da NOVUS com foco no Brasil.

Alessandro Lima tem 25 anos de experiência de mercado

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DSM apresenta nova estrutura para o negócio de Nutrição e Saúde Animal

ICC apresenta reforço para suas operações nos Estados Unidos e Canadá

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ando continuidade na estratégia de expansão das operações em outras partes do mundo a ICC apresentou seu novo integrante, o médico-veterinário Mauro Augusto do Santos. Profissional graduado pela Universidade Estadual de Santa Catarina (UDESC), com MBA em Liderança Estratégica (Universidade do Oeste de Santa Catarina/UNOESC) e com dez anos de experiência no setor de nutrição animal. Muito motivado com o desafio, o Gerente de Vendas América do Norte ICC, expõe que seu papel será o de reforçar todos os diferenciais competitivos da companhia de forma coesa e disruptiva. “Expandiremos nosso market share na América do Norte de maneira que a ICC seja reconhecida como uma empresa referência no mercado de aditivos naturais para os Estados Unidos e Canadá”, aponta Mauro.

Luiz Magalhães, vice-presidente de Nutrição e Saúde Animal

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oferta da empresa para o setor é agora sustentada por três linhas de negócios que ajudarão de forma tangível a enfrentar os maiores desafios da indústria de proteína animal, tornando-a cada vez mais sustentável: Produtos Essenciais, Soluções de Desempenho + Biomin e Serviços de Precisão. Após a aquisição bem-sucedida da Biomin em 2020, a DSM reuniu conhecimento especializado e baseado na ciência

para oferecer um portfólio completo que ajuda a fornecer soluções sustentáveis para os produtores, permitindo uma vida melhor para todos. “Essa nova estrutura reforça a capacidade do nosso time, nos permite oferecer o portfólio mais completo do mercado e a mensurar dados reais e individualizados de cada produtor”, destaca Luiz Magalhães, vice-presidente de Nutrição e Saúde Animal para a DSM na América Latina.

Mauro Augusto dos Santos é o novo gerente de Vendas América do Norte

Show Rural Coopavel: negócios somam R$ 3,2 bilhões

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Show Rural Coopavel registrou em cinco dias R$ 3,2 bilhões em negócios, R$ 500 milhões acima do resultado de fevereiro de 2020, quando as vendas somaram R$ 2,7 bilhões. O público esperado para os cinco dias era de 120 mil a

150 mil pessoas, mas fechou com 285.212 e o número de expositores, projetado em 400, chegou a 585. “Tomamos todas as medidas necessárias e o público, interessado em conhecer as mais diferentes novidades para a agricultura e pecuária,

compareceu e prestigiou o evento. A próxima edição, de 6 a 10 de fevereiro de 2023, será ainda maior”, disse o presidente da Coopavel, Dilvo Grolli, durante o encerramento da 34ª edição.

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Destaques PecSite: Profissionais, Empresas & Instituições

MSD Saúde Animal apresenta nova Diretora Executiva da unidade de negócio de Ruminantes

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unidade de negócio de Ruminantes da MSD Saúde Animal está sob nova direção e, desta vez, conta com uma liderança feminina à sua frente. Desde 01 de janeiro deste ano, Laura Villarreal assumiu a função de Diretora Executiva da área no Brasil. Natural da Colômbia, a executiva chega com a oportunidade de multiplicar a cultura da empresa e fortalecer a pecuária brasileira, impulsionando o time a levar ao mercado soluções completas, que integram ciência e tecnologia voltadas à inteligência de dados, gerando insights e valor para o setor. Para Laura, estar agora na liderança da unidade Ruminantes no país é uma oportunidade única, e traz o desafio de trabalhar a sinergia comercial entre uma equipe robusta e um portfólio completo de soluções para o pecuarista, desde produtos, soluções e serviços, até programas de bem-estar animal e sistemas de identificação e monitoramento. Laura Villarreal é a nova Diretora Executiva da MSD

Vaccinar aumenta em 52,3% a sua produção

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Vaccinar encerra mais um ano com importantes conquistas. Em 2021, a companhia aumentou a sua produção em 52,3% em comparação com o ano anterior. Com robustos investimentos em pesquisas, novas tecnologias e em infraestrutura, a Vaccinar inaugurou a sua sétima unidade produtiva e o seu sexto Centro de Distribuição (CD), em Araguaína, considerada a capital econômica do Tocantins. As novas instalações da companhia são focadas no segmento de bovinos de corte e são estratégicas para os negócios da empresa, uma vez

que fortalecem seu relacionamento com os clientes da região. Para o CEO da Vaccinar Nelson Lopes, a expansão da empresa é fruto do empenho de uma equipe qualificada e comprometida em entender as necessidades do cliente, bem como desenvolver e oferecer o que há de mais moderno em nutrição animal. “Com investimentos constantes em pesquisa, a Vaccinar oferece soluções efetivas para agregar valor aos negócios dos nossos clientes. É justamente a proximidade com o campo que nos diferencia das demais empresas”, diz.

Nelson Lopes, CEO da Vaccinar

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Bovipac Protect, o suplemento mineral à prova d’água do Grupo MCassab

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ssencial para a melhoria do desempenho zootécnico dos bovinos, a correta mineralização dos rebanhos é um ponto de atenção para a pecuária que foca em produtividade. “Muitos processos metabólicos necessitam de carga mineral específica e como a grande maioria dos solos e das pastagens não possuem os minerais na quantidade suficiente para atender às exigências dos animais, é necessária suplementação via cocho”, explica a zootecnista Aline Moreira, Analista Técnico Comercial de Ruminantes do Grupo MCassab. Para cumprir sua função, o mineral tem de ter alta disponibilidade e a quantidade ideal do elemento precisa ser consumida, absorvida e retida. “Ocorre que no período chuvoso, em fazendas que possuem cochos descobertos, o consumo dos minerais pelo animal pode ser prejudicado, uma vez que o excesso de água diminui a qualidade do suplemento e acarreta perdas devido empedramento”, alerta Aline.

Já é hora de começar a planejar a alimentação do gado no inverno

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o início do outono brasileiro no dia 21 de março até o final do inverno em 23 de setembro, inicia-se a escassez de alimentação a pasto para o gado, por isso os pecuaristas precisam se planejar desde já sobre o que irão disponibilizar nos cochos durante a época de frio e seca. A melhor alternativa para fugir principalmente da alta dos insumos para alimentação, é garantir uma boa reserva de silagem, ou seja, é muito importante o produtor pensar na solução para evitar que a boiada perca peso com a falta de pastagem e, consequentemente, reduza a conversão de carne e leite. Hoje, a alimentação do gado em época de escassez se baseia basicamente em dois tipos de fontes: a energética, que são os grãos, amido e proteína; e a fonte de fibras que é a silagem. De acordo com Diego Schmidt, engenheiro agrônomo e inteligência de mercado do Grupo Nortène, os estudos comprovam que uma silagem bem feita, com fermentação desejada, com teor nutricional elevado e palatabilidade para o animal também desejável, pode suprir a demanda nutricional sem tanta dependência dos concentrados.

Pecuária 360º – Summit 2022 coloca em destaque a importância da gestão de pessoas na pecuária

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conferência Pecuária 360º – Summit 2022, com palestras focadas em visão de negócios, produção, comercialização, network e consumidor, será realizada nos dias 15 e 16 de março, no Hotel Pullman Vila Olímpia, em São Paulo, no formato 100% presencial. Entre os palestrantes estão confirmados nomes como: o Equity Research da XP Investimentos, Leonardo Alencar; o professor sênior de Agronegócio no Insper

e coordenador do Insper Agro Global, Marcos S. Jank; o professor de Economia Agrícola pela Fundação Getúlio Vargas e pela Fundação Dom Cabral, Alexandre Mendonça de Barros; a fundadora da agência Rede Comunicação, Flavia Rios, o sócio-diretor da Athenagro, Mauricio Palma Nogueira e o líder global de Sustentabilidade e Soluções de Negócios | DSM Nutrição e Saúde Animal, Carlos A. Saviani.

Gulfood se encerra com recorde de negócios

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Gulfood 2022 se encerrou no dia 17 de fevereiro, em Dubai, depois de trazer um novo fôlego para o setor de alimentação. Foram cinco dias de alta movimentação de público. O Brasil teve mais de 120 empresas expondo na feira, com participações organizadas por instituições como a Câmara de Comércio Árabe Brasileira, a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec). A Revista do PecSite

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Destaques PecSite: Profissionais, Empresas & Instituições

Minerva Foods registra lucro de R$ 150,3 milhões no 4tri2021 A Minerva Foods registrou lucro líquido de R$ 150,3 milhões no quarto trimestre de 2021. O valor representa alta de 31,7% ante o lucro de R$ 114,1 milhões reportado em igual período de 2020. O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) alcançou R$ 735,3 milhões, alta de 19,2% sobre os R$ 616,9 milhões verificados no mesmo intervalo do ano anterior. Segundo a companhia, trata-se do maior Ebitda trimestral já registrado pela Minerva. A margem Ebitda foi de 9,8%, ante 10,8% no quarto trimestre de 2020. A receita líquida obtida entre outubro e dezembro somou R$ 7,505 bilhões, alta de 31,6% sobre os R$ 5,703 bilhões obtidos nos três meses do ano anterior. A receita bruta atingiu R$ 7,979 bilhões, alta de 31,8% na comparação interanual. As exportações continuam correspondendo a mais da metade da receita obtida pela Minerva no período: 68% do acumulado, ou R$ 5,125 milhões, enquanto o mercado interno foi responsável por 32% do total, ou R$ 2,854 milhões. Segundo a companhia, o resultado das exportações em 2021 consolida a Minerva como líder na exportação de carne bovina na América do Sul com aproximadamente 23% de market share. No quarto trimestre de 2021, os abates da Minerva subiram 3,8%, para 890,9 mil cabeças. Nos países da América do Sul que fazem parte da subsidiária Athena Foods, o volume abatido também subiu 7,2% no período, somando 507,4 mil cabeças. O aumento registrado na Athena compensou parcialmente a retração da Divisão Brasil, com os abates totais da empresa tendo caído 0,3% na mesma base comparativa, e chegando a 383,6 mil cabeças. A Minerva também informou que o volume de vendas diminuiu 4,1% no quarto trimestre do ano passado, passando de 300,3 mil toneladas para 288 mil toneladas. Do total, 129,2 mil toneladas foram vendidas no Brasil, 10,4% a menos do que em igual intervalo de 2020. Já a Athena foi responsável pela venda de 158,8 mil toneladas, alta de 1,6% na mesma base comparativa.

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RESULTADOS 4TRI21

Lucro líquido R$ 150,3 milhões no 4tri21 31,7% R$ 114,1 milhões no 4tri20 Ebitda R$ 735,3 milhões no 4tri21 19,2% R$ 616,9 milhões no 4tri21 Receita líquida R$ 7,505 bilhões no 4tri21 31,6% R$ 5,703 bilhões no 4tri21 Receita Bruta R$ 7,979 bilhões no 4tri21 31,8% comparação interanual


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Publieditorial

Soluções da Agrosys garantem maior produtividade para fábricas de ração Com 25 anos de experiência, a empresa fornece soluções tecnológicas de gestão integrada para toda a cadeia agroindustrial

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uando o assunto é nutrição e alimentação animal, a fórmula é clara: é preciso aumentar a qualidade da ração oferecida com o menor custo possível. A atenção deve ser redobrada na fonte,

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ou seja, nas fábricas de rações e concentrados. A gestão de todo o processo - desde o recebimento da matéria-prima, armazenagem, passando pelo processamento de grãos até a distribuição -, precisa ser

feita com excelência. E a tecnologia pode ser a grande aliada para obter esse controle de forma criteriosa e eficiente. Com

25

anos

de

experiência


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Publieditorial

fornecendo exclusivamente soluções tecnológicas de gestão integrada para toda a cadeia agroindustrial, a Agrosys (www.agrosys.com.br), empresa situada em Criciúma/SC, ganha destaque quando o assunto é software de gestão para fábricas de rações e concentrados. Utilizando tecnologia de ponta e modelos matemáticos para otimização dos processos, redução de custos e maximização dos resultados, a Agrosys garante as melhores ferramentas para a gestão. O controle começa ainda no recebimento de grãos, agendamento de descarga, análise de matéria-prima (padrão CONAB), secagem e limpeza, armazenagem, esmagamento, produção, peletização, embalagem, estoque e expedição com total rastreabilidade desde a origem do insumo até o cliente final.

Nutrição animal: controle garantirá o lucro da operação A alimentação animal pode representar até 80% dos custos das criações, uma conta que envolve desde a compra dos insumos até a entrega da ração para o destino final. Isso, em uma realidade econômica em que o preço da ração não para de

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subir. Assim, a gestão de custos eficiente em uma fábrica de rações, envolvendo fórmulas, matériasprimas, climatização e logística eficientes, é determinante para a produtividade e principalmente para a competitividade. Com a tecnologia que a Agrosys oferece é possível controlar todo o processo, até mesmo detectar se a nutrição está obtendo o desempenho esperado. Segundo o Consultor de Operação, Cesar José Corrêa, o sistema faz o amplo gerenciamento de todos os processos da nutrição animal. “O nutricionista analisa e desenvolve as melhores fórmulas com as melhores matérias-primas para cada plantel e, com base nos dados do sistema, avalia a alimentação ideal para o melhor rendimento. Cada mudança de fórmula impacta no custo final”, explica.

Apps facilitam o acesso às informações Controlar e potencializar o processo de produção na fábrica de ração requer também acesso rápido aos indicadores e números importantes do negócio. Com a versão mobile do sistema é possível otimizar e ser mais assertivo nas decisões diárias. “Nossas ferramentas têm como principal

objetivo dar controle total dos processos aos clientes. Isso para que eles visualizem a própria realidade de forma fácil, com informações claras e precisas e para que possam tomar decisões com base em dados e indicadores”, ressalta Cesar José Corrêa.

Estratégias nutricionais garantem a qualidade da carne Na pecuária, o sucesso na produção da carne bovina depende de muitos fatores, entre eles, as estratégias de alimentação e nutrição. Em média, um boi leva 4 meses para atingir o peso ideal para o abate. Em todas as fases de vida do animal, seja na cria, recria ou engorda, a alimentação precisa ser balanceada para permitir a qualidade e padronização da carne. Assim, o custo da ração é preponderante para a competitividade do negócio. O pecuarista precisa ter acesso a dados que auxiliem na criação da melhor estratégia alimentar para o gado. Principalmente no sistema de confinamento, a ração precisa oferecer os melhores nutrientes de acordo com a fase em que o animal se encontra.


SUMMIT 2022 DATA: 15 E 16 DE MARÇO LOCAL: HOTEL PULLMAN VILA OLÍMPIA SÃO PAULO/SP

Mesa Redonda com os Palestrantes Investidores Olhando para o Agro - XP Investimentos

O que Esperar do Mercado Nacional e Internacional

Leonardo Alencar

Marcos Jank

Pecuária Recursos Responsável & Humanos - Gestão Sustentável estratégica de Equipes

MAURÍCIO PALMA NOGUEIRA

marcelo cabral

Mercado de Grãos na Pecuária

Mídia Social e a Comunicação com o Mercado Consumidor

Alexandre M. de Barros

FLÁVIA RIOS

De Pecuarista para As Novas Demandas Pecuarista, como e Oportunidades Usar as Ferramentas de Negócios em de Mercado Sustentabilidade

Fabiano Tavares

carlos saviani

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www.pecuaria360.com.br A Revista do PecSite

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Destaques PecSite: Declaração anual de rebanho

Rio Grande do Sul: novo período para Declaração Anual de Rebanho é necessário para modernizar sistema Agora a declaração deverá ser feita de 1º de junho a 31 de outubro

E

m 2022 a Declaração Anual de Rebanho do Estado do Rio Grande do Sul deverá ser feita entre os meses de junho e outubro, em vez do tradicional período de janeiro a maio. O motivo é o novo sistema informatizado que permitirá realizar o procedimento on-line. “A nova plataforma deverá ficar pronta nos primeiros meses do ano, mas ainda precisa de testes e adequações. Por isso foi definido o novo período

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para a declaração, excepcionalmente em 2022, que já poderá ser feito de forma híbrida”, explica o chefe do Departamento de Controle e Informações Sanitárias da Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural, Francisco Lopes. Segundo ele, a nova plataforma vai trazer novos campos obrigatórios para preenchimento, como informações de contato e cadastro, que “vão permitir um diferencial para

embasar atividades de defesa agropecuária de forma detalhada e mais inteligente”. A diretora do Departamento de Defesa Agropecuária da SeapDR, Rosane Collares explica que, após a certificação de área livre de Febre Aftosa sem vacinação, em maio de 2021, a qualidade do cadastro ganha ainda mais importância. “Manter o inventário atualizado tornou-se a


O presidente do Fundo de Desenvolvimento e Defesa Sanitária Animal do RS, Rogério Kerber, destaca que a nova plataforma trata-se de um avanço importante de tecnologia. “Saindo da era do papel, para ter um sistema web em que o produtor possa acessar e fazer seu trabalho mantendo a conexão com a inspetoria”. Kerber

ainda afirma que, em se tratando de rebanho, “saber quantos e onde estão é indispensável para garantir ações rápidas, ágeis e efetivas para resolver eventuais problemas”.

A SEAPDR lembra que as declarações complementares não são obrigatórias, mas são o meio de atualização do rebanho entre as etapas de Declaração Anual.

Declarações complementares A Secretaria da Agricultura ressalta que as declarações complementares de evolução de rebanho, nascimentos, mortes ou consumo seguem disponíveis a qualquer tempo para o produtor rural registrar junto à Inspetoria de Defesa Agropecuária (IDA) local, por meio do preenchimento do formulário de Declaração Complementar. Além disso, o formulário pode também ser encaminhado preenchido e assinado para o e-mail da IDA local, disponível em https://www.agricultura.rs.gov.br/ inspetorias-escritorios.

Foto: Fernando Kluwe Dias

principal ferramenta para estabelecer as diretrizes de todas as políticas de defesa sanitária animal do estado”. Ela afirma ainda que antes os produtores iam pelo menos duas vezes ao ano às inspetorias, fazer a comunicação da vacinação. “Por isso é importante ficar atento ao novo prazo, pois ele até pode fazer uma declaração complementar em outros meses, mas para ficar quite com o sistema, a declaração deverá ser feita de 1º de junho a 31 de outubro”, salienta.

Rosane Collares é diretora do Departamento de Defesa Agropecuária da SeapDR

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Entrevista

Sustentabilidade e eficiência produtiva: desafios de Juliano Sabella à frente da ASBRAM Novo presidente para o biênio 2022/2023 já compôs a mesa diretora da associação por duas vezes. Tem agora a missão de alinhar o crescimento do setor com uma nova demanda mundial por produtos sustentáveis Glaucia Bezerra

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Juliano dará destaque para a importância da sustentabilidade na produção, ampliando a proximidade da associação com os pecuaristas

Q

uando foi fundada em 1997, a Associação Brasileira das Indústrias de Suplementos Minerais (ASBRAM), contava apenas com 13 empresas do setor. Hoje, 26 anos depois, seus associados correspondem a 62% do mercado nacional, sendo 56 empresas de suplemento e 22 empresas produtoras de matérias-primas para suplementação. Quando somada, a força da ASBRAM, do time técnico e comercial das empresas associadas, corresponde a mais de 10 mil pessoas em contato com pecuaristas e ampliando o trabalho da associação com a promoção da extensão rural. Este crescimento só foi possível porque a entidade baseou seu trabalho, nas últimas duas décadas, valorizando a importância do planejamento para o sucesso da atividade pecuária no Brasil. “É preciso planejamento para ter qualidade, ser eficiente e eficaz. A pecuária do passado, feita apenas com intuição, não existe mais. Este planejamento, além de garantir o máximo desempenho da atividade, fomenta a sustentabilidade da produção. E ser sustentável é, atualmente, o grande desafio das indústrias produtoras”, afirma Juliano Sabella, diretor de Marketing e Serviços Técnicos da DSM e novo presidente eleito da ASBRAM para o biênio 2022/2023. A história do Juliano com a ASBRAM já dura mais de 20 anos, e se deu inicialmente pela parceria da associação com a DSM (empresa sócia). Nos últimos seis anos, exerceu o papel de representante da companhia dentro da entidade e, desde 2018, integra a diretoria, tendo participado como diretor financeiro no mandato de Ademar Leal Filho no biênio 2018/2019, e vice-presidente no biênio 2020/2021, com presidência de Daniel Guidolin. Sabella é zootecnista formado pela Universidade Federal de Viçosa (UFV/MG), especialista em Gestão do Agronegócio, também pela UFV, e Master em marketing pela Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM).

um crescimento de 11,4% em relação a 2019. Resultado positivo que se repetiu também no balanço de 2021, quando o setor registrou um aumento de 6,6%, conforme dados atualizados da Associação Brasileira das Indústrias de Suplementos Minerais. “O Brasil é o país que tem o maior rebanho comercial do mundo, temos internamente todas as condições de produzir carne a um custo acessível, com extrema qualidade e, principalmente, sustentável com preservação do meio ambiente”, afirma o executivo. Em conversa com a revista do PecSite, Juliano falou sobre os novos desafios dentro da ASBRAM e as mudanças que virão. Acompanhe.

REVISTA DO PECSITE: Qual o foco da nova gestão da ASBRAM? Juliano Sabella: Entre meus principais objetivos estará a continuidade da campanha de uso correto da suplementação. Infelizmente, no Brasil, temos muitos pecuaristas que ainda não usam mineral, e muitos que utilizam de maneira incorreta. A nova etapa da campanha dará cada vez mais foco na sustentabilidade da mineralização, inclusive, com o lançamento da cartilha da ASBRAM de Sustentabilidade. Outra ação extremamente importante da associação é trabalhar fortemente nas questões fiscais e tributárias que envolvem o setor, buscando isonomia de taxas e de impostos com outros segmentos do agronegócio, visando desonerar a cadeia e permitir que a tecnologia fique mais acessível, principalmente, para o pequeno produtor. Tudo isso trará benefícios diretos para a pecuária e para o Brasil, e claro, continuar o trabalho de trazer cada vez mais sócios para a associação para que ela aumente cada vez mais a sua representatividade.

Em sua gestão, pretende dar destaque para a importância da sustentabilidade na produção, ampliando a proximidade da associação com os pecuaristas, mostrando por meio de uma comunicação simples e efetiva que é possível estimular a atividade, tendo retorno garantido ao investir em suplementação.

A pecuária brasileira evoluiu nos últimos anos em sanidade, exportação, qualidade da carne, melhoramento genético e novas técnicas de manejo. A nutrição acompanhou esse crescimento?

Retorno comprovado pelos números crescentes nos últimos anos. Em 2020, o setor de suplementação animal registrou

Acompanhou sim. Cada dia mais observamos as empresas

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Entrevista

O produtor está atento e sabe que a suplementação é um investimento com retorno garantido lançarem novas tecnologias, os centros de pesquisas privados e públicos, assim como as universidades trazem constantemente novas descobertas para a nutrição. Neste sentido, as empresas são parceiras dos pesquisadores, tanto no desenvolvimento de pesquisa, como na implantação dessas novas tecnologias no mercado. Essa evolução foi muito grande nos últimos anos e tanto o produtor quanto a indústria, já percebem os números positivos. Para o mercado de suplementação mineral do Brasil, registramos em 2021 o crescimento de 6,6%, consolidando o crescimento que já vinha sendo obtido em anos anteriores. Este crescimento mostra ao mercado que as tecnologias, assim como a suplementação mineral, trazem retorno para produtor. A suplementação, além de ter um custo benefício fantástico para a pecuária, também é uma tecnologia de fácil adoção.

Qual a relação do pecuarista brasileiro com a suplementação mineral? Não existe produtor que não conheça a suplementação, mas, ainda existe um caminho a percorrer no sentido de convencer este pecuarista sobre qual tecnologia ele deve usar, quando e qual o manejo adequado. O produtor já sabe que o mineral é um investimento de retorno garantido. O que a ASBRAM continuará fazendo, ao lado dos seus sócios, é mostrar para este público as diferentes tecnologias e a maneira de usar adequadamente o produto. Pois, falta informação, e se o produtor usar a tecnologia de maneira errada, ou uma tecnologia inadequada para o seu objetivo, é claro que ele não irá alcançar o resultado desejado.

Qual a parcela de pecuaristas que mineralizam o rebanho atualmente? Não existe um número preciso para essa pergunta. Porém, quando olhamos para o nosso rebanho e comparamos com tudo o que é comercializado no mercado brasileiro, podemos estimar que estamos mineralizando menos de 50% do rebanho nacional. Ou seja, existe muito espaço para crescer, pois temos um número considerável de produtores que não mineralizam, ou fazem esse processo de forma errada. Além disso, em suplementação mineral, também enfrentamos o problema da subdose.

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Como estão às reservas mundiais de fosfato bicálcico, importante insumo da formulação da suplementação mineral? 90% do fosfato no mundo vai para fertilizantes destinados à agricultura. O ponto importante é que estamos vulneráveis no mercado mundial de fosfato. Isso porque, se há um aumento na produção de grãos, o preço do fosfato sobe. Às vezes o fosfato fica mais escasso, são momentos nos quais a demanda cresce muito mais rápido do que a oferta, e a elevação dos preços impacta diretamente o custo total do suplemento mineral.

O setor de suplementação mineral fechou o ano de 2021 com um crescimento de 6,6%. Como é registrar alta mesmo em tempos de pandemia e incertezas econômicas? Esse é o resultado da conscientização do produtor de que o suplemento é essencial para se ter uma pecuária eficiente, produtiva e com retorno financeiro. 2021 foi um ano muito difícil, houve falta de matéria-prima, embargo da China e altos preços no mercado interno. Mesmo com o preço da arroba em bons patamares, tivemos problemas com a queda no número de matrizes para o abate, dificuldades na logística, além da crise do coronavírus que se intensificou no ano passado. Porém foi um ano com uma melhor agregação de margem em nichos específicos do mercado. No global, 2021 apresentou oportunidades também, proporcionando melhores condições para aqueles que souberam se programar e trabalhar dentro das dificuldades.

O que podemos esperar para o setor em 2022? As expectativas são as melhores, principalmente pelos preços da carne reagindo internamente, uma vez que 75% da carne produzida no Brasil permanece no mercado interno. A retomada da economia é fundamental para a manutenção dos bons resultados, já que o consumo de carne é extremamente elástico, estando muito relacionado à renda da população.


Qual a sua perspectiva para o ano eleitoral e o que a ASBRAM espera do governo eleito? O principal ponto que envolve o governo é a desoneração do setor. Independente do governo, continuaremos lutando para desonerar o setor, visto que a tecnologia apresenta um custo beneficio positivo, se diminuirmos a carga tributária do suplemento, essa relação custo x benefício vai ficar melhor e estimular cada vez mais produtores a entrar no mercado. No final, conseguiremos produzir mais carne e leite, além de ajudar o pequeno produtor a ser mais rentável. Percebemos no Brasil uma pressão em cima do pequeno produtor, uma vez que ele precisa de escala para que a atividade seja atrativa economicamente. E, a partir do momento que desoneramos uma tecnologia básica para esse pequeno produtor, viabilizamos a sua produção e permanência na atividade.

Qual sua mensagem para o pecuarista, o que ele pode esperar da ASBRAM? O futuro é o melhor possível. O mundo precisa de proteína animal, temos uma população crescente, espera-se 10 bilhões de pessoas em 2050. E essa população precisa de proteína animal, precisa de carne e leite. E o Brasil tem o maior rebanho comercial do mundo, com todas as condições de produzir uma carne a um custo acessível com extrema qualidade e, principalmente, sustentável com a preservação do meio ambiente.

Simpósio ASBRAM “O Brasil Sustentável pronto para alimentar o mundo” é o tema do 12° Simpósio Nacional da Indústria de Suplementos Minerais, evento organizado pela ASBRAM em Campinas (SP), nos dias 17 e 18 de março, no Hotel Royal Palm Plaza.

As perspectivas para a pecuária são fantásticas, e nós da ASBRAM temos a tecnologia para ajudar o produtor a ser mais eficiente, produtivo e sustentável.

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Balanço 2021

Exportações brasileiras de car com alta de 9% em receita De acordo com a Abrafrigo, país movimentou 1,867 milhão de toneladas em 2021, diante de 2,016 milhões de toneladas em 2020, ano de recorde na exportação

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rne bovina encerram 2021 a e queda de 7% em volume

A

s exportações totais de carne bovina em 2021 (incluindo produtos in natura e processados) apresentaram queda de 7% no volume e crescimento de 9% na receita em comparação com a movimentação de 2020, informou a Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo). A entidade compilou os dados da Secretaria de Comércio Exterior, do Ministério da Economia (Secex). De acordo com a Abrafrigo, o país movimentou 1.867.594 toneladas em 2021 diante de 2.016.223 toneladas em 2020, ano de recorde na exportação. Graças à elevação do preço do produto nos mercados internacionais, no entanto, a receita subiu de US$ 8,485 bilhões em 2020 para US$ 9,236 bilhões em 2021. A movimentação total de carne bovina em dezembro alcançou 151.593 toneladas, contra 168.155 toneladas em 2020, queda de 10%, segundo a entidade. A receita obtida foi de US$ 726,6 milhões, contra US$ 741, 2 milhões em 2020, redução de 2%.

Mercado chinês Embora tenha reduzido suas importações de 1.182.673 toneladas em 2020 para 950.057 toneladas em 2021, a China continua sendo o maior comprador da carne bovina brasileira, por meio da movimentação realizada pela cidade-estado de Hong Kong e pelas compras realizadas pelo continente. A Abrafrigo informou que, no ano

passado, os Estados Unidos se transformaram no segundo maior importador do produto, partindo de aquisições de 59.545 toneladas em 2020 para 148.177 toneladas em 2021, com aumento de 148,9% na movimentação. O Chile se manteve na terceira posição, saindo de 90.403 toneladas importadas em 2020 para 110.626 toneladas em 2021 (+22,4 %). Mesmo diminuindo suas compras em 42,5%, de 127.953 toneladas para 73.612 toneladas, o Egito ocupou a quarta posição. Os Emirados Árabes ampliaram suas importações em 21,7%, saindo de 40.861 toneladas em 2020 para 49.711 toneladas em 2021, ficando em quinto lugar. Na sexta posição, as Filipinas saíram de 39.673 toneladas em 2020 para 46.349 toneladas em 2021 (+16,8%), enquanto que a Arábia Saudita ficou em sétimo com queda de 0,5% na movimentação, que passou de 41.067 toneladas em 2020 para 40.870 toneladas em 2021. No total do ano, 104 países aumentaram suas importações enquanto que outros 68 reduziram suas compras, informa a entidade.

Receita cambial das carnes aumentou mais de 15% em 2021 A temporária impossibilidade de acesso ao mercado chinês (que durou mais 100 dias e só foi suspensa no início da segunda quinzena de dezembro passado) deixou feridas nas exportações de carne bovina de 2021: o volume do produto in natura embarcado recuou

quase 10% no ano, resultado ligeiramente minimizado pelo produto industrializado. Assim, nas exportações totais, o volume de carne bovina foi 8,26% menor que o de 2020. As carnes suína e de frango também enfrentaram desafios, relacionados principalmente à logística de transporte. Mas a carne suína, com aumento de 10,70% no volume embarcado, sofreu desaceleração em relação a 2020, exercício em que suas exportações aumentaram mais de 35%. Já a carne de frango reverteu a queda enfrentada em 2020 (1,2% a menos), aumentando em 8,33% o volume exportado. O ano de 2021 foi marcado pela recomposição de preços dos alimentos, inclusive das carnes. Mas enquanto as carnes bovina e de frango obtiveram ganhos de preço significativos – de 18,27% a carne bovina; de 15,44% a de frango – a carne suína, como efeito do expressivo aumento da produção chinesa, obteve ganho bem menor, de apenas 4,87%. Independentemente, porém, do desempenho no volume ou no preço, as carnes geraram expressiva receita cambial para o país. Ela, no ano, aumentou 15,74%, aproximando-se dos US$20 bilhões – um recorde histórico. Desse total, 46,32% vieram da carne bovina, 37,71% da carne de frango e os restantes 13,18% da carne suína. Ou seja: juntas, essas três carnes geraram 97,21% da receita cambial obtida pelo Brasil com a exportação de carnes.

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Balanço 2021

CARNES BOVINA, DE FRANGO E SUÍNA Volume exportado, preço médio e receita cambial JANEIRO-DEZEMBRO DE 2021 VOLUME PREÇO MÉDIO

TIPO DE CARNE BOVINA DE FRANGO SUÍNA TOTAL CARNES

INN TOT INN TOT INN TOT

MIL/T

VAR. ANUAL

% DO TOTAL

1.560 1.845 4.365 4.468 1.015 1.118 7.747

-9,52% -8,26% 8,23% 8,33% 12,68% 10,70% 4,45%

20,14% 23,82% 56,34% 57,67% 13,11% 14,43% 100,00%

Exportação de carne bovina apresentou retrocesso de 7,4% em 2021 Dados fornecidos pelo serviço de estatísticas do comércio exterior (comex stat) e compilados pela Associação Brasileira de Frigoríficos apontam que as exportações de carne bovina e seus derivados sofreram retração de 7,4% no decorrer do ano passado.

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RECEITA CAMBIAL

US$/T

VAR. ANUAL

US$/MI

VAR. ANUAL

% DO TOTAL

5.106,00 4.985,66 1.649,64 1.676,23 2.437,43 2.340,36 2.563,41

18,23% 18,27% 15,96% 15,44% 3,58% 4,87% 10,81%

7.966 9.199 7.200 7.489 2.475 2.617 19.859

6,98% 8,51% 25,50% 25,05% 16,72% 16,09% 15,74%

40,11% 46,32% 36,26% 37,71% 12,46% 13,18% 100,00%

A distribuição mensal indica que em novembro, em função do embargo chinês, o volume embarcado atingiu o menor volume do ano, significando retração anual de quase 47%. O maior volume exportado, por sua vez, aconteceu em setembro, equivalendo a incremento anual de 31,3% e se confirmando como novo recorde no setor.

A distribuição semestral aponta índices negativos para os dois semestres. Entretanto, a maior retração foi verificada no segundo semestre, quando o volume atingiu 987,6 mil toneladas, significando redução de 10,8% sobre o mesmo período de 2020 quando se embarcou mais de 1,1 milhão de toneladas.


Mercado de genética bovina cresceu mais de 21% em 2021 Em fevereiro, a Associação Brasileira da Inseminação Artificial (ASBIA) lançou a nova edição do Index ASBIA, com os dados acumulados do ano de 2021. A publicação revela o crescimento do setor da genética bovina nacional e indica aumentos expressivos de produção e comercialização de doses de sêmen. O principal destaque diz respeito ao crescimento das vendas de genética brasileira. A saída de doses de sêmen para cliente final, exportação e prestação de serviço atingiu um crescimento de 21% – foram 28.706.330 doses em 2021, em face de 23.705.584 em 2020. “Nos últimos anos, o setor de inseminação artificial brasileiro vem registrando um crescimento exorbitante e revelando que cada vez mais produtores rurais investem nas estratégias genéticas para aumentar a produtividade, a eficiência e a sustentabilidade dos rebanhos,

contribuindo com ganhos importantes para toda a cadeia produtiva do leite e da carne”, comenta o Executivo da ASBIA, Cristiano Botelho. Além disso, a exportação de genética brasileira para o exterior também chama a atenção. Em 2020, 508.096 doses de sêmen foram vendidas – no ano passado, esse número subiu para 865.737, ou seja, um crescimento exponencial de 70%. A estatística ilustra a valorização do sêmen produzido no Brasil e sua influência internacional. “É a prova de que o Brasil está na linha da frente do setor da inseminação artificial – mais e mais produtores e empresas internacionais estão investindo na nossa genética”, comemora Cristiano. Dentro do Brasil, as vendas de genética para o cliente final aumentaram 18% (foram 25.449.957 doses vendidas no país, contra 21.575.551 em 2020). O destaque vai para o sêmen de raças de corte, que registrou um aumento de vendas de 22%. Já o setor leiteiro respondeu por um crescimento de 6%

Consumo de carne bovina recua para o menor nível em 12 anos Dados do Itaú BBA revelam que um número cada vez menor de famílias no Brasil tem consumido carne bovina. Para 2021, a estimativa é de queda de 2%, um consumo de 5,24 milhões de toneladas de carne bovina, o menor volume em 12 anos. Quando se considera o consumo por pessoa, o resultado é ainda mais modesto: 24,5 kg por ano, número próximo do registrado em 2005.

nas vendas. A prestação de serviço também marcou um aumento expressivo – foram 2.390.636 doses destinadas para esse intuito, um pulo de 47% em relação a 2020, quando foram contabilizadas 1.621 937 doses. O Index ASBIA também revela que a inseminação artificial foi usada em um total de 4.463 municípios brasileiros, representando um aumento de 4,1% no alcance da tecnologia, em relação a 2020. A coleta de sêmen em 2021 somou um total de 23.919.732 doses em todo o país, de janeiro a dezembro. Este número consolida um crescimento de 61% face ao ano anterior, quando foram coletadas 14.899.623 doses. As importações de genética cresceram 12% (foram adquiridas 11.978.662 doses do exterior no decorrer do ano, contra 10.978.662 em 2020). Desta forma, a entrada de doses de sêmen no mercado nacional aumentou 40.4% entre 2020 e 2021, alcançando 35.898.394 doses, face a 25.577.639 no ano anterior.

Já o consumo de carnes de aves e de suínos está em alta, segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), o consumo médio per capita de carne de frango subiu para 46 quilos neste ano, com evolução de 2%. Já o de carne suína foi a 16,8 quilos, com alta de 5% no ano. A redução no consumo de carne bovina está atrelada a um novo momento da pecuária no Brasil. Ele ainda ressalta que o cenário econômico no país leva os consumidores a buscarem novas opções.

Fontes: Portal do PecSite: https://www.pecsite.com.br/receita-cambial-das-carnes-aumentou-mais-de-15-em-2021-aproximando-se-dos-us20-bilhoes/ Associação Brasileira da Inseminação Artificial: https://www.pecsite.com.br/mercado-de-genetica-bovina-cresceu-mais-de-21-em-2021-informa-index-asbia/ Canal Rural: https://www.canalrural.com.br/noticias/pecuaria/carne-bovina-exportacoes-brasil/

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Nutrição Animal

Pecuária assertiva: Mais pasto e menos cocho! A pecuária brasileira enfrenta hoje um grande desafio, que é manter seus sistemas cada vez mais produtivos sem abrir novas áreas Anne Dallabrida; 2Glenda Evaristo

1

O

agronegócio tem importância mundial, fornecendo alimentos e contribuindo significativamente para a economia. Confirmando o protagonismo do agronegócio na economia brasileira, dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/EsalqUSP) em conjunto com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), apontam que o Produto Interno Bruto (PIB) do Agronegócio brasileiro, alcançou a participação de 20,5% e 26,6% no PIB total nacional em 2019 e 2020, respectivamente. Em valores monetários, o PIB brasileiro totalizou R$ 7,45 trilhões em 2020, e o PIB do Agronegócio perfez R$ 2 trilhões (Superintendência técnica da CNA e Cepea). O PIB do agronegócio deve crescer 9,37% no fechamento de 2021 e até 5% em 2022, segundo projeção da CNA A menor alta do setor próximo ano deve ser influenciada pela expectativa de um desempenho ainda fraco da economia

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em 2022.. Além disso, estimativas dos pesquisadores do Cepea/CNA ditam que a participação do Agronegócio no PIB total de 2021 deva ser 30%, aproximadamente (Cepea/CNA). Devido essa essencialidade do agronegócio, há necessidade em manter os sistemas que o compõem cada vez mais produtivos, mas, sem abrir novas áreas. No entanto, essa verticalização do sistema, com a intensificação e o incremento no rendimento da pecuária nacional, ocorre de maneira vagarosa. Um dos grandes entraves relacionados a isso está pautado nas extensas áreas com pastagens degradadas. A presença de pastagens degradadas é particularmente comum em áreas de fronteira agrícola do país, como as regiões Norte e Centro-Oeste. Nesses locais, esse fenômeno está diretamente associado à baixa produtividade da pecuária e ao aumento do

desmatamento. Diversas fontes indicam que, dos 172 milhões de hectares de pastagens no Brasil, mais de 60% estão em algum estágio de degradação. Nas áreas de Cerrado, que respondem por 60% da produção de carne do país, cerca de 80% dos 45-50 milhões de hectares com pastagens cultivadas apresentam algum grau de degradação (Nogueira, 201-?). Essa degradação das pastagens, na região tropical, é destacada como reflexo do mau manejo, que reduz o potencial produtivo da pecuária. Com o aumento da produção pecuária sustentável há melhoria na qualidade dos pastos, com redução no percentual de áreas degradadas. Portanto, há necessidade da adoção de processos e tecnologias sustentáveis que permitam a intensificação da produção e qualidade dos pastos/capins e, consequentemente, de proteína animal (Macedo, 2009; Dias Filho, 2011; Balbino et al., 2011; Leonel, 2011; Vilela et al., 2011; Ferreira Júnior et. al, 2020).


A presença de pastagens degradadas está diretamente associada à baixa produtividade da pecuária e ao aumento do desmatamento Usar o capim como lavoura

É necessário enxergar o capim como lavoura! Comparando os preços reais obtidos em 2019 e 2020, têm-se recuo de 0,77% para a indústria de fertilizantes e corretivos de solo, e acréscimo de 12,28% para a indústria de rações. Na comparação entre os primeiros trimestres de 2021 e de 2020, há projeção de acréscimo de 23,99% para a indústria de fertilizantes e corretivos de solo, e acréscimo de 93,94%, para a indústria de rações (Superintendência técnica da CNA e Cepea (a); Diretoria Técnica da CNA e Cepea). Nota-se, portanto, que o uso de fertilizantes e corretivos agrícolas, de modo a proporcionar quantidade e qualidade de massa forrageira, constitui opção menos onerosa que a alimentação integral/ maciça via cocho. Elucida-se que a solução para uma pecuária mais assertiva seja: Mais pasto, menos cocho! Para alimentação animal, o capim é a

opção mais barata e isso vai refletir no aumento da rentabilidade do produtor/ a, com retorno muito maior comparado à suplementação. Nos últimos anos, com os insumos ficando cada vez mais caros e com pouca disponibilidade no mercado, produtores e produtoras têm se encontrado em uma situação desconfortável. Para fugir disso, a solução está no “quintal da fazenda”, ou seja, no pasto. Os benefícios, principalmente econômicos, do investimento em pastagem, são muitos. Temos que cada vez mais produzir o maior volume de matéria seca por ano, sendo eficiente em produtividade, utilizando o cocho estrategicamente. O sucesso vai depender da estratégia, de onde se quer chegar, para aí sim extrair a máxima potencialidade da pastagem, afinal, o gado precisa de pasto de qualidade e quantidade.

Com o intuito de tratar o capim como lavoura, o primeiro passo é abandonar a cultura extrativista. Investir em correção de solo e adubação para proporcionar níveis adequados de nutrientes para a exigência do capim, e assim, obter quantidade e qualidade na massa de forragem. Outro ponto crucial é o manejo adequado: observar a produção e altura do dossel forrageiro, respeitando a altura de entrada e saída dos animais da área, adequar a taxa de lotação, pressão de pastejo e capacidade de suporte, entre outros. Essas medidas podem conferir ao capim melhores níveis de proteína e energia e, consequentemente, reduzir a oferta de alimento no cocho. Sendo, o cocho, utilizado, apenas, como estratégia de suplementação da dieta a pasto. Ressalta-se que, a produção de animais a pasto bem manejado e de qualidade – pode ser apontada como a alternativa mais viável. 1 Anne Dallabrida é engenheira agrônoma, mestre e doutora em agricultura tropical e coordenadora de pesquisa e desenvolvimento do projeto “Juntas pela Pastagem”; 2 Glenda Evaristo é zootecnista, especialista em pastagem e gerente comercial.

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Saúde Animal

Período das águas influencia no aumento da infestação de carrapatos Tratar os animais, assim como as infestações em pasto, de forma planejada é a melhor forma de reduzir o problema Lucas von Zuben

C

om a chegada do período das águas, as temperaturas começam a aumentar mesmo com algumas chuvas ocasionais, tornando o ambiente mais úmido e propício para a proliferação de carrapatos. Esse cenário faz com que o parasita, ao se deparar com estas

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circunstâncias em determinadas épocas do ano, se desenvolva mais rapidamente. A primeira geração de infestação do carrapato está condicionada ao aumento da temperatura média e umidade relativa do ar (início do período chuvoso). Dessa maneira, o

início das águas é um período de extrema relevância para o combate do carrapato, pois o cenário é perigoso e pode causar impactos negativos na produtividade do rebanho. Esse maior volume de chuva afeta diretamente a agropecuária e os produtores devem se preparar enquanto há tempo.


A partir da chegada dos dias quentes e úmidos, os carrapatos se multiplicam, aumentando a infestação dos parasitas nos animais e a contaminação do ambiente em que vivem. A multiplicação ocorre mais rapidamente, sendo um alerta aos produtores. Essas condições ambientais favorecem diretamente o

desenvolvimento dos carrapatos. Com as fêmeas já fecundadas, é o melhor cenário para se desprenderem dos animais e liberarem os ovos no solo. Ao mesmo tempo, as circunstâncias facilitam a eclosão das larvas, provenientes dos ovos depositados nas pastagens.

Cada fêmea pode colocar até três mil ovos e, com condições favoráveis e tratamento ineficaz, o parasita pode aumentar gravemente os danos no rebanho. Altas infestações, principalmente em épocas de chuva, impactam diretamente a sanidade e a produtividade da criação.

Infestações diferem em cada região do país Por apresentarem divergências na temperatura e pressão, a infestação deste parasita ocorre em tempo e intensidade diferentes em cada uma das regiões do país. Quanto maior a temperatura e a umidade do local, mais rápido o carrapato se desenvolve e maior é seu número de gerações por ano. Por isso, é fundamental que o pecuarista conheça o desenvolvimento do carrapato em sua região. Nas regiões Nordeste e Norte, as elevadas temperaturas durante grande parte do ano favorecem uma infestação constante ao longo dos doze meses. Nestes casos, é possível que o carrapato apresente cinco gerações no ano.

Já o Centro-Oeste, apesar de ser conhecido por ter quatro gerações por ano, pode apresentar até cinco gerações de carrapatos no período de doze meses.

Na região Sul, as baixas temperaturas e seca no inverno acarretam um desenvolvimento bastante lento do carrapato. Por isso, há menos riscos de pico ao longo do ano quando comparado com outras regiões do país.

A região Sudeste, por exemplo, apresenta condições climáticas que favorecem a sobrevivência do carrapato durante todo o ano. No entanto, nos meses de inverno, em que predominam temperaturas mais baixas e menor umidade, o ciclo se alonga, acarretando um menor número de gerações anuais. Já no verão, que na região é quente e chuvoso, existem picos de infestação e alto desenvolvimento dos parasitas. A Revista do PecSite

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Saúde Animal

Um dos desafios é que essa época é o momento de saída da estação de nascimentos e entrada na estação reprodutiva, sendo muito importante o cuidado do rebanho de cria

Como prevenir as infestações Durante essa época do ano, o produtor enfrenta maiores problemas, além de também ser um período-chave no ciclo de produção. Um dos desafios é que essa época é o momento de saída da estação de nascimentos e entrada na estação reprodutiva, sendo muito importante o cuidado do rebanho de cria. E é justamente nessa época que o carrapato-do-boi está em seu período de maior desenvolvimento. Na primavera, principalmente, há o

aumento das temperaturas e da umidade, sendo um ambiente bastante propício para a eclosão dos ovos e desenvolvimento de larvas que estão no ambiente — e que assim passam a parasitar os bovinos. Por isso, é necessário usar desse momento para agir de modo a evitar uma superpopulação de carrapatos nas futuras gerações. Hoje, a maioria das alternativas de combate encontradas pelos produtores no mercado são agentes químicos que, independentemente da apresentação, possuem ação agressiva. Os produtos são

extremamente tóxicos - tanto para quem manipula, quanto para o animal e o meio ambiente. Além disso, o uso excessivo durante muitos anos aumentou a resistência da praga, implicando em dosagens maiores e em períodos cada vez mais curtos, deixando as soluções sem efetividade. Para evitar mais infestações nessa época, o ideal é trazer à propriedade o controle estratégico, que deve ser feito entre o final do período de seca e início do período chuvoso. Além de tratar a infestação presente, esse método previne futuras infestações.

Cada fêmea pode colocar até três mil ovos e, com condições favoráveis e tratamento ineficaz, o parasita pode aumentar gravemente os danos no rebanho

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O controle biológico é um importante aliado da pecuária. É uma técnica utilizada para combater espécies nocivas, reduzindo os prejuízos causados por elas O controle biológico O controle biológico é um importante aliado da pecuária. É uma técnica utilizada para combater espécies nocivas, reduzindo os prejuízos causados por elas, que consiste em controlar pragas e insetos transmissores de doenças por meio do uso de seus inimigos naturais. A tecnologia tem como princípio ativo esporos de fungos, inimigos naturais dos carrapatos. Quando distribuídos no gado e no ambiente, entram em contato com o parasita, germinam e se desenvolvem, levando-o à morte em poucos dias. O controle biológico não deixa

resíduos tanto no leite como na carne e pode ser utilizado em todo o rebanho, inclusive em vacas prenhes e bezerros. Além disso, a tecnologia não é tóxica para humanos, e nem para os animais, e, como se trata de um inimigo natural dos ectoparasitas, não há problemas com resistência ao seu método de controle. Tratar os animais — assim como as infestações em pasto — de forma planejada é a melhor forma de reduzir o problema. Quando ainda está no início, os impactos são menores. Com um controle assertivo, o rebanho fica livre dos carrapatos e se torna mais produtivo.

Lucas von Zuben é biólogo e CEO da Decoy Smart Control, desenvolvedora de soluções biológicas para controle de pragas. Possui graduação em Ciências Biológicas pela Universidade de São Paulo (2009), mestrado em Entomologia pela Universidade de São Paulo (2012) e doutorado (2017) pela mesma instituição com período sanduiche na Université de Lausanne (Suíça).

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Sustentabilidade

Fazendas da cadeia da carne que adotam tecnologias sustentáveis sequestraram mais carbono do que emitiram Aumenta a demanda dos consumidores e mercados sobre a sustentabilidade das cadeias produtivas de alimentos e o interesse dos produtores na adoção de práticas sustentáveis

Foto: Minerva Foods

Embrapa Meio Ambiente

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A

Embrapa Meio Ambiente apresentou resultados preliminares do projeto ‘Validação de protocolo MRV (avaliação, relato e verificação) das Emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) e da sustentabilidade sócio ambiental, bemestar animal e governança ‘. O projeto visa validar um protocolo para avaliação ou mitigação de GEE superando a adoção de sistemas produtivos sustentáveis nas fazendas, utilizando ferramentas desenvolvidas pela Embrapa e parceiros, passíveis de serem utilizados em larga escala pela agropecuária nacional. O projeto, uma iniciativa que abriga parceiros como a Embrapa (por meio da Plataforma ABC), Corteva Agriscience, Minerva Foods, World Resources Institute - WRI, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Universidade Federal de Uberlândia, Fundação Getúlio Vargas - FGV- Agro e De Lollo Agronegócios, buscou calcular e

Os resultados iniciais do projeto apontam que a maioria das fazendas analisadas sequestrou mais carbono do que emitiram

contabilizar como fonte da produção em várias frentes de 33 fazendas, 22 delas ligadas à linha de obrigação da Minerva Foods e 11 parceiras da Corteva Agriscience, para calcular as ligações líquidas das diversas atividades agrícolas e pecuária das propriedades. O cálculo foi realizado por meio do *GHG Protocol Agrícola, os requisitos estão apoiados nas definições da UNFCCC (2014), como ferramenta para obter informações sobre a efetividade das ações de mitigação das mudanças climáticas, em níveis diversos de governança, sendo, portanto, capaz de expressar a realidade produtiva brasileira. A ferramenta foi atualizada pelo projeto, utilizando coeficientes de transporte mais recentes oriundos de publicações científicas e do Inventário Nacional de GEE, bem como a customização dos cálculos dos diversos sistemas produtivos das propriedades. No processo, cada fazenda possui um mapa com a distribuição dos pontos de coleta e monitoramento do uso do solo, escolhidos com base em características como declividade, pedologia e uso atual e histórico. A equipe de campo, com apoio da empresa De Lollo Agronegócios, coleta amostras de solo nos pontos indicados no mapa e registra a ação no aplicativo Agrotag, em fotos georreferenciadas, com avaliação posterior remota do uso por meio do Sistema de Análise Temporal da Vegetação - SATVeg , o que permite verificações de mudanças a qualquer tempo, bem como auditorias da adoção das tecnologias de baixo carbono, passíveis de certificação e crédito de Carbono. Os resultados iniciais do projeto apontam que a maioria das fazendas

analisadas sequestrou mais carbono do que emitiram. Outra característica apresentada dá conta que de todas as fazendas, que emitiram ou sequestraram, subordinados de prioridade abaixo da média brasileira, de 15,24 tonCO2eq por mil cabeças de gado, segundo o último recurso nacional. Eduardo Assad, pesquisador da Embrapa, explica que todas as propriedades são adotantes de práticas sustentáveis e, se algumas figuram como emissoras, o fato está diretamente relacionado à limitação imposta pelo tempo de adoção em fazendas que adotam tecnologias de baixo carbono há mais de 20 anos. Para Assad, nesses casos, a alternativa é a adequação ambiental na propriedade, com a recuperação de APPs e Reserva Legal, e/ ou reflorestamento e a introdução do componente florestal do sistema ILPF. Celso Manzatto, pesquisador da Embrapa Meio Ambiente e coordenador da Plataforma ABC, explica que a ideia do projeto nasceu no ano de 2017, para atender à demanda inicial do Plano ABC, de uma metodologia de baixo custo, capaz de atender as várias escalas, desde a propriedade rural até ao contexto mais amplo do Plano ABC. Manzatto ressalta a crescente demanda dos consumidores e mercados sobre a sustentabilidade das cadeias produtivas de alimentos e o interesse dos produtores na adoção de práticas sustentáveis de produção capazes de alinhar ganhos de produtividade, redução de custos e sustentabilidade socioambiental. “A pecuária, embora seja uma grande emissora de GEEs, pode potencializar a mitigação de emissões e gerar mais benefícios ecossistêmicos e a diminuição da pressão por desmatamento, através

*GHG Protocol O Programa Brasileiro GHG Protocol foi criado em 2008 e é responsável pela adaptação do método GHG Protocol ao contexto brasileiro e desenvolvimento de ferramentas de cálculo para estimativas de emissões de gases do efeito estufa (GEE). A Revista do PecSite

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Sustentabilidade da recuperação de pastagens e adoção de sistemas integrados. Esta é a aposta da Minerva e Corteva no projeto,” pontua.

Plano ABC Agricultura de Baixa Emissão de Carbono

Entretanto, ele ressalta que este imenso potencial de mitigação na agropecuária brasileira depende do estabelecimento de um sistema de monitoramento eficiente e alinhado aos critérios científicos estabelecidos internacionalmente, para atender as demandas dos consumidores sobre a sustentabilidade da produção agropecuária.

O Plano ABC tem por finalidade a organização e o planejamento das ações a serem realizadas para a adoção das tecnologias de produção sustentáveis. Ele é composto por sete programas, seis deles referentes às tecnologias de mitigação, e ainda um último programa com ações de adaptação às mudanças climáticas:

“Acredito que a adoção de pacotes tecnológicos, com genética, redução da idade de abate, rotação de pastagem, integração, lavoura pecuária, sistemas intensificados, como semiconfinamento, representam o produtor rural com foco não só em produzir alimentos para atender mercados, mas que está engajado no propósito de combate às mudanças do clima e em busca da sustentabilidade da cadeia pecuária da América do Sul”, disse.

A adoção de pacotes tecnológicos representam o produtor rural com foco, não só em produzir alimentos, mas engajado no propósito de combate às mudanças do clima e em busca da sustentabilidade da cadeia pecuária

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Fonte: MAPA Foto: Minerva Foods

Taciano Custódio, diretor de sustentabilidade da Minerva Foods, maior empresa exportadora de carne bovina da América do Sul, exalta a composição da parceria e o contexto de disrupção e inovação representados pelos resultados iniciais do projeto, capazes, segundo ele, de alavancar oportunidades, já que os números retratam uma cadeia produtiva já voltada para o mercado de exportação e contam a história de um produtor que investiu em tecnologia, em uma maneira mais sustentável de ocupar o território.

• Programa 1: Recuperação de Pastagens Degradadas; • Programa 2: Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (iLPF) e Sistemas Agroflorestais (SAFs); • Programa 3: Sistema Plantio Direto (SPD); • Programa 4: Fixação Biológica de Nitrogênio (FBN); • Programa 5: Florestas Plantadas; • Programa 6: Tratamento de Dejetos Animais; • Programa 7: Adaptação às Mudanças Climáticas.

William Marchió, da Criatec Consultoria em Agronegócios, lembra que o desafio inicial do projeto era contar boas histórias da pecuária e colocar números confiáveis e auditáveis nela. Conforme ele, o Brasil convive com uma legislação ambiental robusta, que a maioria dos produtores cumpre. E nesse cenário tropical, com uma agropecuária de vanguarda, ser sustentável é mais rentável que não ser. “A adoção de tecnologias de baixo carbono do Plano ABC são mais rentáveis para o produtor que aqueles métodos empregados na agricultura tradicional. Isso faz com que os produtores migrem para os meios tecnificados. Por essa razão, no início desse projeto tínhamos plena consciência de que a pecuária nacional já era sustentável,” completa. Para Guilherme Foresti Caldeira, da Coterva Agrocience, o projeto “pecuária

de baixo carbono” é uma iniciativa extremamente relevante para futuro da pecuária nacional, não só no mercado interno, mas principalmente pelo mercado externo, impulsionada pela demanda crescente nos próximos anos, e não só por quantidade, mas principalmente por qualidade, no contexto da sustentabilidade, produzir cada vez mais uma menor área, com uma melhor qualidade, respeitando as pessoas e o meio ambiente. “O projeto é uma semente plantada, onde já começamos a perceber o sucesso, face aos resultados preliminares da implementação do protocolo liderado pela equipe da Embrapa, Fundação Getúlio Vargas e das outras instituições parceiras.”

Embrapa Meio Ambiente meio-ambiente.imprensa@embrapa.br https://www.embrapa.br/meio-ambiente


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Bem-estar

Estratégias para mitigação do estresse em bovinos recém-chegados em confinamento após transporte Entre os benefícios está o aumento da eficiência produtiva, através do atendimento de exigências nutricionais para alto ganho em carcaça com dietas balanceadas e o uso de aditivos Cidrini, I. A.1*; Batista, L. H. C.1*; Abreu, M. J. I.2* *Pós-Graduação, FCAV/UNESP Jaboticabal - APTA Regional Alta Mogiana - Colina, SP.

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o Brasil, cerca de 15% dos bovinos abatidos são terminados em confinamentos (ABIEC, 2021). Dentre os benefícios dessa estratégia está o aumento da eficiência produtiva, através do atendimento de exigências nutricionais

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para alto ganho em carcaça com dietas balanceadas e o uso de aditivos. Por serem ruminantes, é possível utilizar diversos subprodutos da agroindústria na formulação de dietas para bovinos confinados e gerar uma proteína de elevado valor biológico. De modo

global, a terminação de animais em confinamento proporciona maior rendimento e sustentabilidade ao setor produtivo. Em função das formas de aquisição praticadas pelos confinamentos e as


Em função das formas de aquisição praticadas pelos confinamentos e as dimensões continentais do Brasil, os animais de compra para reposição estão invariavelmente expostos a fatores que geram estresse

necessitam passar por protocolos de recebimento, sendo identificados com brincos, vacinados, vermifugados e apartados em novos lotes.

dimensões continentais do Brasil, os animais de compra para reposição estão invariavelmente expostos a fatores que geram estresse. Estes incluem estressores psicológicos, fisiológicos e físicos associados aos procedimentos de manejo praticados nos sistemas de produção de carne bovina (Carroll and Forsberg, 2007). A exposição a leilões, formação de lotes com novas interações sociais, transporte por longas distâncias e privação hídrica/alimentar são alguns dos exemplos de manejos que podem induzir os animais ao estresse (Cooke, 2017). Adicionalmente, animais recém-chegados nos confinamentos

Esse protocolo de recebimento é necessário para o controle zootécnico, a manutenção da sanidade e a prevenção de doenças nos animais confinados. Porém, sua realização após transporte e/ou períodos de privação hídrico/alimentar de maior severidade pode comprometer a eficácia da vacinação, elevando os gastos com medicação ao longo dos dias em confinamento. Além disso, é possível que a passagem dos animais recémchegados no brete aumente o tempo de manejo e o índice de acidentes, assim como amplificar o estresse sofrido. A pesagem nesse momento também pode gerar informações enviesadas, uma vez que se atribui o rendimento de carcaça inicial sem considerar a desidratação e a perda de conteúdo digestivo no transporte, subestimando o peso de carcaça. Somando-se estes fatores, temse que o manejo no recebimento pode impactar negativamente a qualidade das operações de manejo, sanidade, bem-estar e, consequentemente, o desempenho dos animais. Algumas operações comerciais que possuem visão técnica diferenciada estão adotando estratégias para mitigar os efeitos do estresse provocado pelo processamento dos animais recémchegados. Grupos que possuem

fazendas funcionando como entreposto para os animais de recria e/ou boi magro podem adotar a apartação em lotes e aplicação dos protocolos sanitários de maneira prévia. Neste caso, é possível também ofertar suplementos a níveis que contribuam para a adaptação dos animais às estruturas de cocho, bem como o seu metabolismo e aparato digestivo para as dietas densas energeticamente que receberão no confinamento. No entanto, existem circunstâncias em que o manejo antecipado se torna impraticável, por exemplo, em operações de boitel. Nesta situação, uma alternativa seria destinar uma remanga separada para o recebimento dos animais por um período mínimo de 3 a 5 dias até que os animais se recuperem, ofertando água, feno ad libitum e suplemento para recolonização da microbiota ruminal e, posteriormente, sejam processados. Estudos voltados ao entendimento dos fatores envolvidos no estresse dos animais recém-chegados e os benefícios das estratégias descritas acima são escassos na literatura nacional. Por isso, o grupo de estudos que integramos, GEPROR, liderado pelos pesquisadores Dr. Flávio Resende e Dr. Gustavo Siqueira da APTA Regional Alta Mogiana - Colina, SP, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, estão conduzindo projetos para validação das estratégias citadas. Foi conduzido um estudo preliminar

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Bem-estar simulando os efeitos do estresse provocado pelo leilão e transporte por longas distâncias em novilhas Nelore, após a privação hídrica/alimentar por 48 horas houve uma quebra de 12,2% no peso corporal (PC) dos animais quando comparado ao grupo não privado (unpublished data). Foi verificado um ganho compensatório parcial dos animais privados até 12 dias após o estresse (0,996 vs. 3,433 kg/ dia, P < 0,001), mas os animais não retomaram aos patamares de peso dos animais não privados mesmo após 211 dias do estresse (-12 kg de PC, P = 0,042). O estudo deixa claro que parte da quebra gerada a partir do longo período de privação de alimentação e água não é uma perda somente de conteúdo gastrointestinal, que pode ser recuperada logo que os animais são realimentados e hidratados, perdas em desempenho podem se prologar durante todo um sistema de produção. O estudo deixa clara a necessidade de estratégias que possam mitigar o estresse animal e os custos metabólicos deste. Estratégias nutricionais têm sido traçadas de forma a minimizar o estresse e os impactos metabólicos de forma a melhorar o desempenho e índices de saúde em bovinos recémchegados no confinamento. A partir de um estudo de meta-análise a partir da

Iorrano Cidrino é Zootecnista, Ms. e Doutorando em Zootecnia

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compilação de dados da literatura a respeito do uso de aditivos a base de leveduras para bovinos em condições de estresse envolvendo período de recebimento no confinamento (Batista et al., 2022), observamos que estes aditivos podem gerar benefícios ao desempenho de bovinos nestas condições, principalmente por mecanismo de melhora na saúde ruminal, digestão de nutrientes, redução nas ocorrências de abcessos hepáticos ao longo do confinamento e com potencial aumento da capacidade de resposta imune. Microminerais como zinco, cobre, selênio e cromo são elementos que participam do sistema imune e metabolismo oxidativo, funcionando como agentes promotores de saúde animal. Durante o transporte dos animais há aumento da mobilização nas reservas animal de microminerais. Somado a isso, a baixa ingestão de matéria seca após a chegada ao confinamento pode agravar ainda mais a demanda por microminerais (Deters & Hansen, 2020). Por exemplo, animais que recebem dietas deficientes em minerais podem ter o sistema imune comprometido e aumento de indicadores de compostos oxidantes, sugerindo redução da atividade de enzimas antioxidantes (Genther e Hansen, 2014). Isso implica em aumento das concentrações de microminerais em dietas de animais

Luis Cursino é Zootecnista, Ms. e Doutorando em Zootecnia

recém-chegados no confinamento para contornar a menor ingestão de matéria seca e para reabastecer as reservas de microminerais dos animais (NASEM, 2016). Alternativamente, fontes de microminerais de maior biodisponibilidade como minerais hidroxilados e orgânicos podem melhorar o status mineral dos animais suplementados com essas fontes, estudos nesse sentido estão sendo conduzidos na APTA de Colina.

Para consultar a bibliografia completa acesse o QR Code ou o link no QR Code.

Mateus Abreu é Zootecnista, Mestrando em Zootecnia


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Especial Mulheres do Agronegócio

A FORÇA DA

Mulher

NO AGRONEGÓCIO Para comemorar o mês da mulher, a revista do PecSite dá voz a algumas representantes do setor, que compartilham sua história e brilhante jornada dentro do agronegócio Glaucia Bezerra

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o campo, nas empresas, nos consultórios, pesquisadoras, médicas-veterinárias, agrônomas, zootecnistas, gerentes, são diversas as profissões do agronegócio nas quais as mulheres se destacam. Se houve um tempo em que trabalhar no setor era sinônimo de trabalho masculino, hoje a realidade prova o contrário. Nos últimos anos as mulheres vêm conquistando novos desafios no agronegócio, e ocupam cada vez mais espaços que antes eram exclusivos dos homens, de acordo com pesquisa conjunta entre o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), a Embrapa e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o número de mulheres dirigindo propriedades rurais no Brasil alcançou quase 1 milhão. São 947 mil mulheres responsáveis pela gestão de propriedades rurais, de um universo de 5,07 milhões. A maioria está na região Nordeste (57%), seguida pelo Sudeste (14%), Norte (12%), Sul (11%) e Centro-Oeste, que concentra apenas 6% das mulheres dirigentes. Prova de que ainda existem muitas barreiras para serem vencidas, afinal de cada 10 cargos de gestão do agronegócio

brasileiro, menos de dois são ocupados por mulheres. Segundo levantamento do IBGE, a participação feminina na administração do agro é de 19%. Em áreas da agropecuária, mulheres são responsáveis por encabeçar a produção de 30 milhões de hectares. O valor corresponde a apenas 8,5% de toda área ocupada por sítios e fazendas no país. Apesar dos avanços, o Brasil é muito grande e tem características regionais próprias, o que reflete na maior ou menor presença da mulher em postos de gestão ou liderança. Por exemplo, no Rio Grande do Sul, na produção de gado de leite, a mulher está presente em 88% das propriedades de pequeno, médio e grande porte. Já na cultura da soja, em Minas Gerais, apenas 2% das propriedades tem uma mulher presente no gerenciamento do negócio, como mostra a 8ª Pesquisa ABMRA de Hábitos do Produtor Rural. Onde quer que esteja atuando, na agricultura ou na pecuária, as mulheres se destacam em sua função. Nessa edição, conversamos com algumas mulheres incríveis, que estão deixando sua marca e contribuindo para a construção de um agro cada vez mais forte.

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Especial Mulheres do Agronegócio

Mariana Beckhauser

Natural de Paranavaí (PR), Mariana Beckheuser ocupa a posição de Presidenteexecutiva da Beckhauser desde 2018, quando fez parte de um processo de sucessão estruturado e profissional. Entusiasta da pecuária e do agro sustentável, e da ideia de negócios que unem resultados financeiros à geração de impacto positivo para o mundo, Mariana ressalta que, ser escolhida pelo Conselho de sócios como sucessora foi uma de suas principais conquistas na trajetória profissional. “Saber que eles confiaram a mim a tarefa de conduzir a empresa num processo de mudança importante para o futuro é, sem dúvida, o maior desafio e também a maior conquista ao ver onde estamos agora. Comemoramos em janeiro dois anos da operação em uma nova planta fabril, após mudança de cidade, com parte do time novo e mesmo com todos os desafios trazidos pelo cenário de pandemia, conseguimos alcançar um crescimento acima do previsto no período. E o segredo disso, talvez a minha maior conquista, foi o fortalecimento da equipe, com a composição de um time de gestão forte e integrado, que permitiu trilharmos esse caminho com sucesso” afirma ela. “Para mim, ser mulher no agro é ser privilegiada por poder trabalhar com a terra, mesmo que indiretamente, como é o meu caso, ajudando a produzir alimentos saudáveis para o mundo”, finaliza.

Kariny Fonseca da Silva

“É um prazer muito grande trabalhar no agronegócio, um setor tão importante da economia brasileira. Entretanto, há desafios impostos pelo simples fato de ser mulher. O que vi ao longo da minha carreira é o preconceito. Dessa forma, o nosso conhecimento acaba sendo questionado, há dúvida da nossa capacidade de agir e de tomar decisões sobre os processos produtivos”, afirma a zootecnista, mestre e doutora em Nutrição de Monogástricos, Kariny Fonseca da Silva, que encontrou na Vaccinar um espaço acolhedor para mostrar seu trabalho. “Hoje posso dizer que vejo a valorização da minha voz, do meu conhecimento. Entre as minhas conquistas está poder liderar atividades e treinamentos, sabendo que estou agregando com o meu conhecimento em todas as áreas em que atuo. Além disso, é ser exemplo e poder ajudar outras mulheres, criando oportunidades para se qualificarem, para estarem em sincronia com o que está acontecendo no campo, se destacando sempre pela sua eficiência”, diz Kariny.

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Kelen Zavarize

Quando a zootecnista e gerente de serviços técnicos da Kemin, Kelen Zavarize começou na área havia poucas mulheres no setor. Nos cargos de liderança era extremamente raro ver uma mulher e isso fez a necessidade de qualificação ainda maior. “Apesar de hoje as empresas estarem mudando esse conceito, a mulher ainda tem que estar mais preparada (maior qualificação, entregar mais) para o mesmo cargo que um homem. Para conseguir ter uma carreira percebi que teria que me qualificar mais que os outros. Não foi fácil, principalmente, pois coisas que parecem simples como viver em outra cidade para cursar uma boa graduação, mudar de estado e viajar a trabalho, por exemplo, necessitam de cuidado e atenção maiores no dia a dia pelo simples fato de ser mulher”. Olhando para trás, Kelen tem orgulho da sua carreira no agro, durante sua jornada passou por várias etapas nessa construção, tanto na parte de qualificação como na vivência com pessoas e empresas, que a fez estar preparada para hoje lutar por seus ideais de maneira ética e não aceitar ou ignorar comportamentos sexistas. “Posso falar que a carreira no agronegócio valeu a pena. Hoje consigo trabalhar no que gosto, desenvolver pesquisas, fazer networking, tive a oportunidade de viajar por muitos lugares, conhecendo culturas diferentes. Além disso, a carreira no agro me fez ser uma mulher independente, tanto no pessoal quanto no financeiro, me permitindo realizar os meus sonhos’.

Patrícia Andrade Marchizeli

Patrícia Andrade Marchizeli, zootecnista e mestre em Nutrição de Monogástricos, ocupa atualmente, a função de gestora de Serviços Técnicos e Nutricionista Técnico Comercial do setor de Aves da Agroceres Multimix, para ela, ser mulher nunca interferiu no seu crescimento profissional. “Acredito que o maior desafio foi quando tive a oportunidade de trabalhar na área de garantia de qualidade de uma fábrica de rações, onde eu fui a primeira funcionária mulher naquele setor”. Este desafio foi um divisor de águas em sua carreira, pois além de ser a única mulher, estava implantando um novo conceito de produção (ferramentas de gestão de qualidade), no qual foi necessária a mudança de cultura e trabalho de todos os funcionários. “Pensando não só na carreira, mas também na vida pessoal, o fato de ser mulher é um desafio constante, pois precisamos atuar em diferentes áreas como a profissional, a de ser mãe e esposa, ao mesmo tempo. Acredito que a mulher possua diversas qualidades que tornam possível desempenhar todos esses papéis de forma equilibrada e saudável”.

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Especial Mulheres do Agronegócio

Isabela de Pádua Barros

O ambiente em que trabalha é extremamente masculino, afirma Isabela de Pádua Barros, ainda mais no território asiático, onde não é comum a participação da mulher no mercado de trabalho. “Representando a ICC, como gerente de vendas em missões comerciais desde 2006, e, ao longo da minha trajetória profissional, meu maior desafio foi superar o meu receio da presença da mulher neste mercado. Com muita coragem encontrei nas minhas virtudes facilidades que só nós mulheres possuímos para lidar com o poder masculino dentro de outras culturas”. Isabela admite que enfrentou dificuldades ao longo da carreira, mas superou os obstáculos e hoje entende que ser mulher só traz benefícios, usando esse fato a seu favor ela encontra caminhos melhores para serem trilhados. “Ser mulher no agro é ser única, porque posso utilizar e explorar as vantagens de ser mulher em um ambiente que é predominantemente masculino. Isso é fantástico, isso é inegável. Ser mulher no agro é certeza de sucesso”.

Carolina Gama

À frente do maior evento dedicado às mulheres do agronegócio no Brasil, Caroline Gama, show manager do Congresso Nacional das Mulheres do Agronegócio (CNMA), afirma que o evento nasceu justamente para dar voz às mulheres. “Estamos chegando à 7ª edição do Congresso Nacional das Mulheres do Agronegócio e ao longo desses anos vimos à presença e a importância da mulher no agronegócio crescerem exponencialmente. Isso se deve, com certeza, à busca incessante por capacitação e aperfeiçoamento profissional, muito característico da mulher, que está trabalhando o hoje, mas sempre de olho no amanhã e nos seus próximos objetivos. E o CNMA tem como missão, justamente, dar voz a essas mulheres, mas, sobretudo, fortalecer essa rede de experiências e conhecimento que ajudamos a criar”.

Sandra Barioni Toma

Diretora de P&D e Assuntos Regulatórios da Vaxxinova, Sandra Barioni Toma tem como responsabilidades orientar os investimentos da empresa no desenvolvimento da pesquisa e da ciência veterinária em prol da geração de valor para o cliente. Para a executiva, os grandes desafios da área de P&D sempre serão conseguir transformar a ciência, novas ideias e oportunidades em tempo de atender à necessidade e expectativa do mercado quanto a novas soluções de produtos e tecnologias para saúde animal. “Penso que desafios existem na carreira de todo profissional que segue sua trajetória com vistas à evolução (individual e da instituição que representa), na busca contínua da doação de seu melhor com resultados impactantes e relevantes que façam a diferença no negócio. Colocar em prática suas ideias, mudanças, ser exemplo, entre outros pontos, torna a trajetória repleta de grandes desafios, independentemente do gênero. Já tive desafios por ser mulher em algumas ocasiões, mas certamente como foram vencidos não os considero importantes”.

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Ponto-Final

Ticiane Figueirêdo

é advogada especialista em Agronegócio (Esalq/USP). Professora em Cursos de Pós-Graduação e Palestrante. @ticianefigueiredoagro

M

Imóvel Rural Regularizado: segurança jurídica e agilidade na hora de obter financiamento Ticiane Figueirêdo

anter uma propriedade rural é um grande desafio. Afinal, estamos falando de uma empresa a céu aberto, que além de tudo, é regulamentada por uma série de legislações específicas visto que sua atividade principal nasce juntamente com uma grande responsabilidade: produzir alimentos de forma economicamente sustentável, causando o menor impacto ambiental possível e preservando o meio-ambiente. Não à toa, costuma-se dizer que o agronegócio não é para amadores.

Este é um tema importante não só pelo viés da regularização do imóvel, mas também por conta do seu impacto direto na Concessão de Crédito através de Financiamentos. Inclusive, atualmente o Manual do Crédito Rural passou a ter uma nova Seção dentro do Capítulo das Condições Básicas que trata exclusivamente dos “Impedimentos Sociais, Ambientais e Climáticos”.

Seja qual for a área de atuação e o tipo de exploração de propriedade rural, pensando para dentro da porteira, é preciso fazer um dever de casa muito bem feito, que em geral é negligenciado por muitos e que pode causar muitas dores de cabeça no futuro: regularizar a propriedade rural.

O Georreferenciamento é um grande “calcanhar de Aquiles” no Agro. Primeiro, por conta do desconhecimento de muitos a respeito de sua obrigatoriedade prevista em Lei e, segundo, por conta dos custos e burocracias envolvidos para a sua regularização. No entanto, atualmente temos que: O Georreferenciamento é obrigatório para todos os imóveis acima de 100 hectares, sendo certo que em 2023 a obrigatoriedade se estenderá aos imóveis acima de 25 hectares até que, em 2025 todos os imóveis rurais deverão estar georreferenciados.

A regularização é importante não só para cumprir determinadas exigências legais, mas também por questões comerciais, uma vez em que o mercado interno e externo está cada vez mais exigente e interessado em rastreabilidade do produto e/ou matéria-prima. Além disso, ter sua propriedade plenamente regularizada facilita o processo de obtenção de crédito, evitando demoras ou, na pior das hipóteses, negativas de concessão de crédito, seja ele privado ou público. Os motivos que levam uma propriedade a estar irregular podem ser os mais diversos e em muitos casos, compram-se propriedades sem se atentar para algumas questões jurídicas que podem levar o(a) agropecuarista a obter um imóvel já com passivo ambiental ou pendente de georreferenciamento. Seja na emissão de uma Cédula de Produto Rural (CPR) ou uma Hipoteca, a situação jurídica do imóvel terá um grande impacto na concessão (ou não) do Crédito, bem como nas melhores possibilidades de negociação. O mesmo se aplica para a compra e Venda de um imóvel Rural, ou ainda ao escoamento da produção agropecuária. Diante disto, seguem alguns pontos de atenção que devem estar sempre no radar do(a) agropecuarista: CADASTRO AMBIENTAL RURAL Independentemente do regime de exploração da área (própria ou através de Arrendamento/Parceria), é importante entender que o CAR é um registro público eletrônico obrigatório para todos os imóveis rurais e que visa integrar as informações ambientais da propriedade. Assim sendo, é de suma importância se certificar: a) Se o Imóvel possui o CAR – e se não possui, providenciar; b) Qual a situação do CAR – pois dependendo do status do mesmo, haverá questões ambientais e fundiárias para regularizar.

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GEORREFERENCIAMENTO

O impacto da falta do geo é direto: Os Cartórios de Registro de Imóveis não prosseguirão com nenhum registro na matrícula do imóvel até que o procedimento seja regularizado. Com isso, muitas pessoas acabam tendo Financiamentos negados, pela impossibilidade de registro de Garantias ( Hipoteca, Alienação Fiduciária, etc.) ou, ainda, acabam não conseguindo formalizar processos de Compra e Venda do Imóvel. REGISTRO DA PROPRIEDADE Outro grande impasse que temos no Agronegócio é a propriedade registral do imóvel nem sempre refletir a realidade dos fatos. Seja por Contratos de gaveta ou por Inventários que não são iniciados (ou concluídos), devido aos mais diversos motivos, sendo o mais predominante deles as custas judiciais e Cartorárias, um dos grandes problemas que o(a) agropecuarista enfrenta para conseguir um Custeio ou um Financiamento Privado é a comprovação da propriedade, principalmente quando tratamos de Arrendamentos e/ou Parcerias. Uma boa governança sobre a documentação e a situação da Fazenda vai trazer benefícios não só na hora de obter bons Financiamentos, mas também fará com que os (as) agropecuaristas se destaquem na obtenção de selos Verdes, que agregarão mais valor à produção e ao escoamento da mesma. Por tal motivo, temas como ESG (Governança Ambiental, Social e Corporativa); Sucessão Familiar; Financiamentos e, principalmente, documentação, devem ser encarados como imprescindíveis para a continuidade do negócio e a sua sobrevivência a longo prazo Estar em dia com a Fazenda será muito mais do que uma questão de regularidade, será o que levará o Agronegócio brasileiro a ser referência mundial em produção sustentável.


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