Edição 120 Revista do AviSite

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Editorial

AVES SAUDÁVEIS SÃO IMPORTANTES PARA TODA A CADEIA DE ALIMENTOS. O TERAPÊUTICO SURMAX 100 ESTÁ DE VOLTA, AINDA MAIS POTENTE - 45 PPM. TM

Atenda às exigências dos consumidores finais sem comprometer a saúde das aves.

SurmaxTM, ElancoTM e o logo da barra diagonal são marcas da Eli Lilly and Company ou suas afiliadas. BRBRLSUR00023

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Sumário

pesquisas sobre 27 Recentes o Tifo Aviário

Dois trabalhos publicados em 2017 comprovam: casos de Tifo Aviário ocorridos no Brasil não se relacionam com utilização da cepa vacinal SG 9R.

da Coccidiose 35 Controle Aviária sem o uso de drogas

anticoccidianas Anualmente, bilhões de dólares são destinados para a profilaxia, controle e tratamento da coccidiose

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Eventos

07

As 8 notícias mais lidas no AviSite e Há 10 anos

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Conferência Facta - Programação da Conferência FACTA WPSA Brasil 2018 discutirá a Avicultura 4.0

09

que ainda não temos 22 Por controle sobre micotoxinas?

Estabelecer um programa efetivo de gerenciamento de micotoxinas é fundamental para obter respostas precisas quando nos deparamos com os desafios no campo

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Informes Técnico-Comerciais Vetanco: Uma molécula com ação antimicrobiana

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De Heus: A ordem é inovar

18

Adisseo: Como melhorar a eficiência alimentar atuando em três pilares

Congresso de Ovos da APA: bem estar animal em foco

33

Ceva Saúde Animal: Alterações em seu quadro gerencial

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Nutrição de Precisão

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Elanco: Enterite Necrótica em evidência

38

Análises Cepea e ABPA

40

Mercado avícola e a importância da gestão de pessoas

48

AviGuia Cobb-Vantress formaliza parceria com Smithway e Facchini para operar com novos baús.

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Ponto Final Um mercado em transformação

Estatísticas e preços 50 51 52 53 54 55 56 57

Produção e mercado em resumo Pintos de corte Produção de carne de frango Exportação de carne de frango Oferta Interna Desempenho do frango vivo em fevereiro Desempenho do ovo em fevereiro Matérias-primas

Antônio Carlos Vasconcelos Costa, Vice-presidente da Avivar Alimentos e Presidente da Associação de Avicultores de Minas Gerais

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Editorial

Avicultura, eficiência é a sua marca

Mundo Agro Editora Ltda. Rua Erasmo Braga, 1153 13070-147 - Campinas, SP

Uma das principais marcas da avicultura brasileira é a eficiência. Mesmo diante de crises, sejam de quaisquer naturezas, o setor mostra sua força e avança, de uma forma ou de outra, sempre como o olhar ao horizonte. Segundo nossos analistas, o ano de 2017, infelizmente, ficará marcado como o segundo consecutivo em que houve recuo da produção anual – fato raro (senão inédito) na história do setor. Mas enquanto a queda de 2016 foi determinada pelos altos custos de produção (inviabilizaram a produção normal), a de 2017 foi reflexo dos escândalos que abalaram a indústria da carne e que, ao afetarem a demanda da carne de frango, implicaram em uma menor demanda de pintos de corte. Porém, diversas empresas informaram que mesmo com volume menor no alojamento de pintos, a produção de carne de frango não foi proporcionalmente afetada, porquanto o setor produtivo registrou significativo aumento de produtividade no peso do frango abatido, muito superior aos 2,350kg estimado pela APINCO. Ainda aguardam-se detalhes mais conclusivos a respeito. Em suas primeiras projeções para o corrente ano, a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) estima que o volume produzido cresça de 2% a 4% em relação ao total do ano passado. O setor permanecerá em seu rumo positivo em 2018 e a Revista do

ISSN 1983-0017 nº 120 | Ano X | Março/2018

EXPEDIENTE Publisher Paulo Godoy paulogodoy@avisite.com.br Redação Giovana de Paula (MTB 39.817) Érica Barros (MTB 49.030) imprensa@avisite.com.br Comercial Karla Bordin (19) 3241 9292 comercial@avisite.com.br Diagramação e arte Mundo Agro e Innovativa Publicidade luciano.senise@innovativapp.com.br Internet Gustavo Cotrim webmaster@avisite.com.br Administrativo e circulação financeiro@avisite.com.br

AviSite terá a grata satisfação em contar essa história. Vamos iniciar este nosso ‘ano editorial’ da melhor maneira, com uma grande mescla de informação técnica, análises de mercado e também, levando à Avicultura grandes novidades, pesquisas, e inovações das grandes corporações ao setor. O mercado em foco, você só encontra aqui, na Revista do AviSite! Boa leitura! • Marca da avicultura brasileira é a eficiência • A produção de carne de frango não foi proporcionalmente afetada em 2017 • O setor permanecerá em seu rumo positivo em 2018

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Os informes técnicoempresariais publicados nas páginas da Revista do AviSite são de responsabilidade das empresas e dos autores que os assinam. Este conteúdo não reflete a opinião da Mundo Agro Editora.


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Eventos

2018 Março 20 a 22

XVI Congresso APA de Produção e Comercialização de Ovos Local: Centro de Convenções de Ribeirão Preto, Ribeirão Preto - SP Realização: APA Informações: www.congressodeovos.com.br

Abril 10 a 12

Simpósio Brasil Sul de Avicultura Local: Centro de Cultura e Eventos Plínio Arlindo de Nês, Chapecó, SC Realização: Nucleovet Site: www.nucleovet.com.br

Maio 16 e 17

35ª Conferência FACTA WPSA Brasil 2018 O tema do evento é: Avicultura 4.0: REDUÇÃO DE PERDAS, OTIMIZAÇÃO DE PROCESSO E MELHORIA DE PRODUTIVIDADE. A FACTA, alinhada com as necessidades do mercado nacional e internacional, sempre busca produzir e disseminar conhecimento técnico-científico de ponta nas áreas de maior demanda da avicultura, contando com o trabalho e o apoio de profissionais ligados às universidades, empresas e centros de pesquisa nacionais e internacionais. Local: Campinas, SP Realização: Fundação APINCO de Ciência e Tecnologia Avícolas (FACTA) Telefone: (19) 3243-6555 E-mail: facta@facta.org.br Site: www.facta.org.br

Julho 14 a 16

Festa do Ovo de Bastos Local: Bastos, SP Realização: Sindicato Rural de Bastos Informações: www.bastos.sp.gov.br/ noticia/925/58-festa-do-ovo 24 a 26

IX Encontro Técnico Unifrango Local: Maringá, PR Realização: Integra/ Sindiavipar Informações: ww.integra.agr.br/encontrotecnico

Setembro 12 a 14

Curso de Atualização em Avicultura de Postura Comercial Local: Unesp - Campus de Jaboticabal Realização: Unesp - Campus de Jaboticabal, SP

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Com exportações em alta, avicultura prepara IX Encontro Técnico Avícola em Maringá (PR) Evento pretende reunir cerca de 800 participantes para debater assuntos técnicos do setor O país exportou 67 bilhões de dólares a mais do que importou no ano passado e o setor do agronegócio foi mais uma vez decisivo para esse superávit, o maior dos últimos 29 anos, quando teve início a série histórica, segundo dados do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC). Produtos industrializados, entre os quais a carne de frango, apresentaram expansão de 9,4% frente aos números de 2016. O setor industrial avícola, em relação ao qual o Paraná lidera, tem participação cada vez mais significativa nas exportações brasileiras, comercializando seus produtos para cerca de 150 países. Em 15 anos, o Brasil aumentou sua presença no comércio internacional de carne de frango em quase 30%. A informação é da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) observando que atualmente quase 40% da exportação mundial saem do Brasil. IX Encontro Técnico Avícola: é nesse ambiente de crescimento, otimismo e confiança em 2018 que a cidade de Maringá (PR) começa a contagem regressiva para a realização de um dos maiores eventos do setor no país: o IX Encontro Técnico Avícola, de 24 a 26 de julho no espaço Vivaro. Promovido a cada dois anos pela Integra e o Sindiavipar (Sindicato de Produtos Avícolas do Estado do Paraná), o Encontro terá programação de palestras e debates, com a presença de especialistas, além de área comercial, em que empresas ligadas ao setor estarão expondo seus produtos, serviços e promovendo relacionamento com o público presente. Estão sendo aguardadas entre 800 e 900 pessoas. De acordo com Jeferson Carlos Vidor, Presidente do Comitê Técnico Integra, a agenda do evento foi formulada baseada nas informações das pessoas presentes aos eventos anteriores. “Colhemos as informações mais atraentes da cadeia avícola e buscamos os melhores palestrantes do setor para repassar ao nosso público. Com isso temos a certeza de uma boa troca de informações e ótimo aprendizado”, disse. Vidor relatou que os principais pontos do evento serão as amplas análises sobre a economia nacional, políticas de desenvolvimento do setor avícola, informações e tendências da cadeia de frango de corte no Brasil e no mundo, exigências feitas pelos importadores de carne de frango e as tendências de comportamento de mercado.


Produção Animal Avicultura

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Evento

Programação da Conferência FACTA WPSA Brasil 2018 discutirá a Avicultura 4.0 Temas abordarão redução de perdas na cadeia avícola, otimização de processos e melhoria de produtividade

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Avicultura 4.0 será o tema principal da 35ª edição da Conferência FACTA WPSA Brasil 2018, a ser realizada nos dias 16 e 17 de maio, na Expo D. Pedro, em Campinas (SP). Como um dos principais eventos técnicos da avicultura, a Conferência busca discutir o futuro, buscando soluções para adiantar questões que eventualmente o setor possa enfrentar. Desta forma, este ano serão abordados temas referentes à redução de perdas na cadeia avícola, otimização de processos e melhoria de produtividade, sem perder de vista o controle de custos. Promovida anualmente pela Fundação APINCO de Ciência e Tecnolo-

Irenilza de Alencas Nääs, presidente da FACTA:

“Uma das novidades que a inovação 4.0 traz para a avicultura é a extensão das funcionalidades dos sistemas tradicionais de produção, integrando processos às plataformas digitais e suas tecnologias 4.0, como a inteligência artificial”

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gia Avícolas (FACTA), que é representante no Brasil da WPSA - World’s Poultry Science Association (Associação Mundial de Ciência Avícola) desde 1994, a Conferência passa a incorporar este ano o nome da entidade no evento, dado que as duas instituições compartilham dos mesmos da mesma missão para a promoção da avicultura. O termo Avicultura 4.0 é baseado na Indústria 4.0 ou 4ª Revolução Industrial, expressões que englobam tecnologias para automação e troca de dados, além de utilizar conceitos de sistemas ciber-físicos, Internet das Coisas e Computação em Nuvem. “Uma das novidades que a inovação 4.0 traz para a avicultura é a extensão das funcionalidades dos sistemas tradicionais de produção, integrando processos às plataformas digitais e suas tecnologias 4.0, como a inteligência artificial. É o caminho para a ‘avicultura inteligente’. Tudo isto utilizando os conceitos de produção avícola de precisão”, detalha a presidente da FACTA, Irenilza de Alencas Nääs. Nääs acrescenta que no setor da avicultura, que adota soluções inovadoras para incrementar seu potencial de produção e exportação, a adoção desta nova geração de tecnologias não pode deixar de acontecer, com o risco de se afastar de produtividade que tem hoje. “Decisões inteligentes e em tempo-real serão discutidas sempre visan-

Conferência FACTA WSPA Brasil 2018 Data: 16 e 17 de maio de 2018 Hora: 8h Local: Expo D. Pedro - Av. Guilherme Campos, 500, Bloco II (Anexo ao Parque D. Pedro Shopping) – Campinas (SP). Tel.: (19) 3243-6555 E-mail: facta@facta.org.br Inscrições: http://www.facta.org.br/ conferencia2018/ do o bem-estar animal, a sustentabilidade do processo de produção e a responsabilidade social.”, finaliza.

Prêmios Os trabalhos inscritos no Prêmio Lamas 2018 e previamente selecionados pela comissão avaliadora serão apresentados no primeiro dia do evento. Os premiados em cada categoria serão agraciados com os livros “Produção de Frangos de Corte”, “Manejo da Incubação” e “Água na Avicultura Industrial”, além de um curso à distância na plataforma EAD for US e inscrição na Conferência 2019. Já o Prêmio FACTA 2018 elegerá o “Profissional do Ano”, atribuído ao profissional técnico/científico de reconhecido mérito. O Prêmio a ser designado pela FACTA será uma Placa de Mérito referente ao Prêmio FACTA.


Evento

XVI Congresso APA de Produção e Comercialização de Ovos destaca importância do bem-estar animal durante o evento Evento será realizado entre os dias 20 e 22 de março, em Ribeirão Preto (SP)

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omo o bem-estar de aves poedeiras pode contribuir com ganhos de produtividade no campo? Quais são os impactos da evolução em genética de milho na formulação de ração para a avicultura de postura? Quais são as alternativas de vendas de ovos no varejo? Como produzir e vender cada vez mais e melhor com rentabilidade? Estas são algumas das perguntas que serão respondidas por especialistas em avicultura de postura de vários países durante o XVI Congresso APA de Produção e Comercialização de Ovos, de 20 a 22 de março, em Ribeirão Preto (SP). Este ano, são aguardados cerca de 600 participantes. De acordo com José Roberto Bottura, Diretor Técnico da Associação Paulista de Avicultura (APA), um dos temas em destaques da edição do Congresso de será o bem-estar animal. Além de ser assunto discutido durante nossa programação científica, teremos neste ano uma programação Pré-Congresso inteiramente dedicada ao tema, que ocupará toda a manhã de terça-feira, dia 20 de março. “Neste ano também, pela primeira vez em muitos anos, o evento se inicia na manhã de terça – e não após o almoço. A escolha do tema se deu em função da crescente

Bottura: “Teremos neste ano um número maior de palestrantes internacionais em função de entender que este intercâmbio com a produção de outros países tem sido benéfico para o desenvolvimento da cadeia produtiva”. pressão do consumidor e das grandes redes varejistas. Muitas vezes estas exigências são bastante questionáveis, pois o conceito de bem-estar animal é muito mais amplo que a discussão do uso de gaiolas na produção de ovos. Precisamos discutir e mostrar diversos

Prêmio APA/OvoSite O Prêmio APA/OvoSite, que acontece pela segunda vez, é uma iniciativa da Associação Paulista de Avicultura (APA) em parceria com o OvoSite. O objetivo é realizar uma homenagem a alguns dos profissionais e produtores de ovos que se dedicam a Postura Comercial. “Este prêmio é uma homenagem a alguns dos profissionais que se destacaram no setor ao longo do ano passado”, afirmou Bottura. O OvoSite será o responsável por organizar a votação e a divulgação do prêmio. Serão 5 categorias: Marketing do Ovo (marca mais lembrada); Empresário do Ano (Gestão); Profissional de Sanidade, Profissional de Nutrição, Pesquisador do Ano e Empreendedorismo do Ano (inovação). São três finalistas por categoria e a cerimônia de premiação acontece durante a abertura do Congresso de Ovos 2018.

pontos de vista e é este o objetivo desta edição”, destacou Bottura. Ele aponta que quando se ajusta um manejo na propriedade visando o bem-estar dos animais, ele pode implicar em custo que, muitas vezes, vem acompanhado de melhorias na rentabilidade. “Por exemplo, a redução da densidade de galinhas por gaiola pode sim aumentar a eficiência produtiva do plantel, ou mesmo aumentar o tamanho do ovo. Outro benefício que pode trazer é uma redução de mortalidade. O produtor já começa a entender que os investimentos em bem-estar não dignificam perda de rentabilidade. E ele vai precisar se adaptar a estas novas normas”, explicou. A Revista do AviSite

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Nutrição

Nutrição de Precisão O conceito de nutrição de precisão se baseia na relação entre o oferecimento mínimo de um nutriente de forma a se alcançar o máximo potencial de produção de um animal Autores: Lúcio Araújo, Cristiane Araújo, Natália Utimi, Brunna Leite, Fabricia Roque, Carlos Granghelli, Universidade de São Paulo - Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos e Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia

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produção avícola tem tido grandes avanços nos últimos anos, resultando em ampla importância para a economia do país. De acordo com o Relatório Anual da ABPA, 2017, o Brasil continua sendo destaque no cenário avícola mundial, sendo o maior exportador e o segundo maior produtor de carne de frango e, posicionando-se como o sétimo maior produtor de ovos no mundo. Este crescimento, em parte, está associado ao conhecimento do valor nutricional dos ingredientes das rações, das exigências nutricionais dos animais nas diferentes fases produtivas, além das melhorias de manejo e ambiência (ROSTAGNO et al. 2007). Entretanto, um dos principais problemas encontrados pelos nutricionistas brasileiros ao formularem uma dieta é a grande variação na composição química dos ingredientes. Embora existam diferentes tabe-

las de composição nutricional dos ingredientes, estas contêm algumas limitações, por não apresentarem diferentes variações relacionadas com a genética dos grãos, com o tipo de solo utilizado para a produção, os quais podem interferir na precisão da formulação e, consequentemente, no desempenho produtivo dos animais. Para que o país mantenha sua posição de grande produtor e exportador de proteína de origem animal e continuar a destacar e crescer cada vez mais no cenário mundial, é preciso utilizar conceitos que auxiliem a maximizar a eficiência produtiva das aves, dentre os quais pode-se destacar a nutrição de precisão. O conceito de nutrição de precisão se baseia na relação entre o oferecimento mínimo de um nutriente de forma a se alcançar o máximo potencial de produção de um animal. A nutrição de precisão se aplica à demanda nutricional de modo que a disponibilização dos nu-

Tabela 1 – Média anual da qualidade do milho e do farelo de soja utilizado pela Agroindústria e pela Universidade (FZEA – USP) PB (%)

EM Kcal/ kg

Agroindústria

7,29b

3.484

0,234

0,185b

0,160

Universidade

7,99a

3.438

0,136

0,204a

Agroindústria

45,32

2.205

0,206

Universidade

44,39

2.166

0,197

P disp (%)

Lis (%)

Met (%)

Tre (%)

Trip (%)

Val (%)

MS (%)

0,198b

0,059

0,319b

87,962

0,162

0,223a

0,060

0,351a

87,941

2,466

0,523

1,462

0,562

1,836

88,56a

2,417

0,496

1,412

0,542

1,768

89,23b

Milho

Farelo de soja

Utimi, 2016

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Um dos principais problemas encontrados pelos nutricionistas brasileiros ao formularem uma dieta é a grande variação na composição química dos ingredientes trientes atenda as exigências do animal, respeitando a viabilidade econômica e a sustentabilidade do meio ambiente. Segundo Zani (2011), a nutrição de precisão tem influência específica, por exemplo, no custo mínimo para produção do produto, na otimização dos seus níveis nutricionais, na minimização do estresse térmico ou mesmo no balanceamento de nitrogênio


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Nutrição

e excreção de fósforo, além de permitir maiores índices de produtividade, eficiência e rentabilidade e é capaz de minimizar a influência dos preços das commodities e mitigar o impacto negativo da produção sobre o meio ambiente. Este conceito presume que os animais, em cada condição específica (fase de produção, sexo, rendimento corporal, linhagem genética, estação do ano, densidade, ambiente), recebam nutrientes e energia em quantidades devidas, evitando ao máximo o desperdício de qualquer um deles. Tal conceito busca eliminar o que sempre foi defendido ao se formular a dieta: “a margem de segurança, na recomendação de um nutriente específico” (PENZ JR, 2010). Tabela 2 – Desempenho de frangos de corte alimentados com o conceito de nutrição de precisão (1 a 33 dias). CR, g

GP, g

CA, g/g

NIRS

3.416

2.235a

1,523ª

Rostagno et al., 2011

3.425

2.224b

1,531b

Matriz nutricional

Utimi, 2016

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Nos últimos anos, a Universidade de São Paulo, tem desenvolvido trabalhos, utilizando a tecnologia NIRS, com o objetivo de avaliar a nutrição de precisão na avicultura. Em parceria com uma agroindústria do estado de São Paulo, foram realizadas colheitas de amostras de milho e farelo de soja por um período de 12 meses para a determinação de sua composição nutricional e comparados com a qualidade destes ingredientes utilizados nas dietas experimentais, dentro da Universidade, cujos resultados podem ser observados na Tabela 1. Embora não seja a principal fonte protéica utilizada em uma dieta, pode-se observar uma diferença nos níveis de proteína e de aminoácidos como a lisina, treonina e valina entre o milho utilizado nos diferentes locais, sendo que, para a composição de farelo soja, foi observada diferença somente em função da sua matéria seca. Avaliando desempenho de frangos de corte alimentados com dietas formuladas com níveis tabelados e analisados, através da tecnologia NIRS, foi possível observar que o ganho de peso e a con-


Tabela 3 – Desempenho e qualidade dos ovos de poedeiras comercias, no período de 90 a 96 semanas de idade, alimentadas segundo o conceito de nutrição de precisão Rostagno et al, 2011

NIRS

Consumo (g)

105,67

107,51

Produção de ovos (%)

76,91b

86,48a

Peso do ovo (g)

67,93

69,02

Massa do ovo (g)

51,99b

59,74a

CA1 (kg/massa de ovos)

2,03a

1,81b

CA1 (kg/dúzia de ovos)

1,65a

1,46b

Altura do albúmen (mm)

6,228

5,967

Coloração

6,944

6,278

Unidade Haugh (UH)

74,406

72,139

Resistência casca (kgf)

3,598

3,500

Espessura casca (mm)

0,445

0,405

Para que o país mantenha sua posição de grande produtor e exportador de proteína de origem animal é preciso utilizar conceitos que auxiliem a maximizar a eficiência produtiva das aves, dentre os quais pode-se destacar a nutrição de precisão

versão alimentar, com a utilização da nutrição de precisão, foi melhor quando comparado com a formulação de uma dieta com níveis tabelados, demonstrando mais uma vez os efeitos do uso do conceito de nutrição de precisão na alimentação de aves (Tabela 2). Em outro trabalho desenvolvido na Universidade, com poedeiras comerciais, foram formuladas dietas para atenderem as exigências da poedeira de acordo com as recomendações de Rostagno et al., 2011, em que as matrizes nutricionais dos ingredientes utilizados foram da própria Tabela de exigências nutricionais ou a composição dos ingredientes utilizados, após analisados pelo NIRS. Os resultados demonstraram (Tabela 3), que a análise dos ingredientes antes da formulação das dietas e, consequentemente o ajuste da sua matriz nutricional, melhorou o desempenho das aves. Tendo em vista os resultados apresentados, pode-se afirmar que as novas tendências na nutrição somada a um controle de qualidade mais rígido e a atualização das matrizes nutricionais através de novas tecnologias como a utilização da ferramenta NIRS, serão fundamentais para nutricionistas e produtores atingirem uma máxima eficiência produtiva, além de reduzir o custo de formulação..

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Artigo Técnico-Comercial

Uma molécula com ação antimicrobiana A utilização de florfenicol em frangos de corte exerce um efeito terapêutico eficiente na depuração de infecções causadas por E. coli Autores: Eduardo Henrique Armanini (Estagiário de Zootecnia); Felipe Chiarelli (Coordenador Técnico); Mauro Renan Felin (Gerente técnico Comercial Aves Sul)

S

egundo a Associação Brasileira de Proteína Animal, o Brasil é o segundo maior produtor e maior exportador de carne de frango do mundo (ABPA, 2017). Para que o Brasil se mantenha em uma posição de destaque na produção avícola, o controle de micro-organismos patogênicos é fundamental. O uso de antimicrobianos na avicultura é uma medida muito utilizada preventivamente para a minimização dos danos causados por infecções por E. coli, que de maneira geral causam

O uso de antibióticos com grande frequência e de maneira indiscriminada, por longos períodos de tempo e em doses elevadas, acabou sendo um grande responsável pela decorrência da seleção de patógenos resistentes aos antibióticos 14

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diferentes processos infecciosos, denominados como colibacilose aviária. A utilização de antibióticos como promotores de crescimento e no tratamento de possíveis infecções na avicultura comercial tornou-se uma prática rotineira devido às vantagens que podem trazer com relação aos índices de desempenho zootécnico dos animais, o qual impacta diretamente melhorando a eficiência econômica do sistema de produção como um todo. O uso inadequado de fármacos antimicrobianos é a principal causa do rápido desenvolvimento de resistência específica em micro-organismos causadores de doenças. O uso intensivo de antibióticos na medicina humana, medicina veterinária e na agricultura propicia condições seletivas para a disseminação de genes de resistência entre as bactérias. O uso de antibióticos com grande frequência e de maneira indiscriminada, por longos períodos de tempo e em doses elevadas, acabou sendo um grande responsável pela decorrência da seleção de patógenos resistentes aos antibióticos. Um exemplo disto ocorre com as fluoroquinolonas, antibióticos de amplo aspecto que inclui diversos fármacos terapêuticos, como a Ciprofloxacina e Enrofloxacina, que tem sido utilizada a muitos anos na produção animal como agentes profiláticos. Como resultado, se teve o aparecimento de diversas linhagens bactérias resistentes a fluoroquinolonas.

A resistência a fármacos antimicrobianos consiste na capacidade adquirida de um organismo de resistir aos efeitos de um agente quimioterápico, em que normalmente seria susceptível. A resistência bacteriana é um dos principais problemas relacionados a muitas bactérias patogênicas, tanto na saúde humana quanto animal. A resistência ampla de fármacos antimicrobianos pode ocorrer rapidamente pela disseminação de genes responsáveis entre os micro-organismos pela transferência horizontal de genes. Koga et al. (2015), ao pesquisar genes de resistência em cepas de Escherichia coli isoladas de carne de frangos oriundas do estado do Paraná, encontrou a presença de genes de resistência de 3 ou mais antimicrobianos em 79,3% das amostras, o resultado mostra uma E. coli altamente resistente aos antimicrobianos utilizados atualmente na produção animal e na medicina humana, como as fluoroquinolonas, aminoglicosídeos e sulfonamidas. Devido a grande resistência das bactérias aos antibióticos utilizados atualmente e a pequena quantidade autorizadas para o uso na produção animal brasileira, se tem a necessidade de um antibiótico que consiga manter um controle sobre os patógenos que não implique em uma rápida resistência ao fármaco. Um dos fármacos que podem ser utilizados para o controle de microrganismos na produção animal é o florfenicol, segundo Hassanin


et al. (2014), a utilização de florfenicol em frangos de corte exerce um efeito terapêutico eficiente na depuração de infecções causadas por E. coli. A concentração mínima inibitória para E. coli é 4,0 μg/ml e 8,0 μg/ml para Salmonella (SALMON e WATTS, 2000). O Florfenicol possui uma considerável atividade contra bactérias gram negativas e gram positivas resistentes ao cloranfenicol e ao tiamfenicol. É um fármaco com menor impacto na saúde humana e animal, sendo mais seguro para o uso que os seus antecessores, devido a substituição do grupo p-nitro ligado ao anel benzênico por um grupo sulfometilo, o que anteriormente era responsável por induzir a anemia aplástica e supressão da atividade da medula óssea, condições potencialmente fatais devido a semelhança dos ribossomos mitocondriais dos mamíferos aos bacterianos. É um antibiótico que interfere na síntese proteica com a subunidade 50S do ribossomo procarioto 70S, ele inibe a formação de ligações peptídicas durante o alongamento da cadeia polipeptídica, sendo um antibiótico de amplo aspecto (MADIGAN e MARTINKO, 2010; FINKEL et al, 2010). Pode atuar tanto como bactericida ou como bacteriostático (mais utilizado), dependendo do micro-organismo. A utilização do florfenicol na produção animal, em especial na avicultura, é uma opção que pode vir como

substituição dos antibióticos utilizados usualmente no controle e tratamento de doenças bacterianas, o qual já possuem uma certa resistência contra, garantindo uma boa produtividade e bem-estar das aves.

Referências: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PROTEÍNA ANIMAL. Relatório Anual de 2017. Disponível em: <http://abpabr.com.br/storage/files/3678c_final_ abpa_relatorio_anual_ 2016 _portugues_web_reduzido.pdf>. Acesso em: 23 de outubro de 2017. FINKEL, R; CABEDDU, L. X; CLARK, M. A. Farmacologia ilustrada. Porto Alegre: Artmed. Ed. 4, p. 556, 2010. HASSANIN. O; ABDALLAH, F; AWAD, A. Effects of florfenicol on the imune responses and the interferon-inducible genes in broiler chickens

under the impact of E. coli infection. Vet Res Commun, n. 38, p. 51–58, 2014. KOGA, V. L; RODRIGUES, G. R; SCANDORIEIRO, S; VESPERO,E. C; OBA, A; DE BRITO, B. G; DE BRITO K. C. T; NAKAZATO, G; KOBAYASHI, R. K. T. Evaluation of the Antibiotic Resistance and Virulence of Escherichia coli Strains Isolated from Chicken Carcasses in 2007 and 2013 from Parana, Brazil. FOODBORNE PATHOGENS AND DISEASE, v.12, n. 6, 2015. MADIGAN, M. T; MARTINKO, J. M. Microbiologia de Brock. Porto Alegre: Artmed. Ed. 4, p. 1128, 2010. SALMON, S. A; WATTS, J. L. Minimum Inhibitory Concentration Determinations for Various Antimicrobial Agents against 1570 Bacterial Isolates from Turkey Poults. Avian Diseases, v. 44, n. 1, p. 85-98, 2000.

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Empresas

A ordem é inovar É possível progredir sempre

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a avicultura de alta tecnologia, para o produtor conquistar resultados sempre ascendentes, não deve descuidar de três aspectos: obter índices progressivos de eficiência, ter qualidade sustentada e promover inovações contínuas. Tudo para manter a engrenagem funcionando e evoluindo com segurança. Isso vale principalmente na nutrição, que tem peso decisivo no custo de produção e papel estratégico para o sucesso do negócio. E foi o que a De Heus priorizou ao vir para o Brasil, há cinco anos, segundo relembra Renato Klu - Gerente de Negócio Aves, da empresa.

O plano da De Heus para o Brasil e América tem sido muito consistente e, em poucos anos, vem alcançando novos mercados, despertando o interesse e a aprovação dos produtores. 16

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“O Brasil é o segundo produtor mundial de frangos, o maior exportador, e isso não aconteceu por acaso - pondera Renato. Foi uma competente conquista do avicultor brasileiro, construída com alta tecnologia, empreendedorismo e foco em qualidade. Assim, nossa empresa veio com a consciência e o compromisso de trazer contribuições com potencial para melhorar ainda mais o alto padrão de eficiência nutricional das granjas brasileiras, com os conhecimentos nutricionais que acumula ao fornecer nutrição para 175.000.000 de frangos e 45 milhões de poedeiras, diariamente, em mais de 50 países. O plano da empresa holandesa para o Brasil e América tem sido muito consistente e, em poucos anos, vem alcançando novos mercados, despertando o interesse e a aprovação dos produtores. É o que mostra o balanço que a empresa faz desse período de Brasil: foram vários programas nutricionais inovadores de sucesso, duas vezes destaque em Qualidade de nutrição em poedeiras no renomado Concurso de Bastos/SP (com a parceria de resultados com a granja Katsuhide Maki), a construção de um avançado laboratório de análises em Rio Claro/SP e também da única “Fábrica Dedicada” do país – que opera sem riscos de contaminação cruzada entre produtos e está voltada para a produção de rações pré-iniciais. “A Fábrica Dedicada fica em Toledo, Paraná, e inclusive já incorpora a melhor tecnologia europeia para a produção de rações sem adição de antibióticos, vista pelos especialistas como uma tendência global do mer-

cado de carnes, para um futuro próximo” – acrescenta Renato Klu. “Além da Fábrica Dedicada, o nosso laboratório de análises também tem uma primazia, pois está integrado à rede mundial de Laboratórios De Heus, com unidades nas principais regiões de produção avícola do mundo, alinhando-se com o topo das tecnologias de análise laboratorial do mercado internacional – destaca Richard Runho, Gerente Técnico Aves, da De Heus. Neste ano, a empresa informa mais dois avanços que está promovendo no mercado avícola: a abertura de um Centro de Distribuição no Nordeste, para oferecer atendimento mais ágil aos avicultores daquela região, e o lançamento de uma linha de rações pré-iniciais – a Ração Galdus. De acordo com a De Heus, esta ração foi desenvolvida com o propósito de proporcionar um crescimento mais saudável para os pintinhos durante as primeiras semanas de vida, melhorando o ganho de peso e a uniformidade dos lotes, visando a ótima performance posterior e assim proporcionar uma melhora na relação custo-benefício, que os produtos e programas convencionais de mercado. “A nova ração - comenta Richard - é uma tecnologia de vanguarda que foi desenvolvida e parceria com a equipe técnica global da De Heus, e já está presente em outros países. Aqui no Brasil procuramos assegurar um produto altamente responsivo às nossas condições específicas de produção, em rigorosos testes de campo. Os produtores que experimentaram o novo produto estão aprovando e adotando, na ponta do lápis


“Parceria que vai além”

Renato Klu Gerente de Negócio Aves da De Heus

“Viemos com a consciência e o compromisso de trazer contribuições com potencial para melhorar ainda mais o alto padrão de eficiência nutricional das granjas brasileiras”.

Richard Runho Gerente Técnico Aves da De Heus

“Neste ano, a empresa informa mais dois avanços que está promovendo no mercado avícola: a abertura de um Centro de Distribuição no Nordeste, para oferecer atendimento mais ágil aos avicultores daquela região, e o lançamento de uma linha de rações pré-iniciais – a Ração Galdus.”.

Esse é o lema que a equipe de avicultura da De Heus adota no dia-a-dia, a equipe de campo da empresa está presente e atuante nas principais regiões avícolas no Brasil. “Temos uma ampla e dinâmica base tecnológica, com nossos conhecimentos e experiências de todo o mundo, e isso está consolidado no Centro de Excelência De Heus, sediado na Holanda. Esta exclusiva base de ciência nutricional trouxemos para o Brasil e atualizamos continuamente, compartilhando com os produtores e técnicos do mercado, para gerar programas nutricionais de ponta e perfeitamente adaptados ao nosso ambiente produtivo – explica Renato Klu. “Mas nossa parceria vai além – acrescenta Richard Runho. Ela permite ao cliente dar saltos de eficiência alimentar e ter a confiança de um padrão nutricional competitivo a nível internacional. E para que tudo funcione nossa equipe está lado a lado com o cliente o tempo todo”. Segundo destacou, a equipe técnica está sempre ao alcance e pronta para retornar as demandas dos clientes, visando sempre superar desafios dos mais diversos sistemas de produção. Nos últimos anos, os mercados em geral adotaram um lema: inovar sempre e de forma ágil. A De Heus parece que seguiu à risca essa visão e vem trabalhando o tempo todo novos conceitos nutricionais, nas granjas e internamente em suas fábricas. “É assim mesmo que gostamos de atender os clientes – diz Renato Klu. A De Heus veio para o Brasil para contribuir com inovações e também para aprender, vivenciando as desafiadoras realidades da avicultura brasileira e levando essa experiência para outros lugares do mundo. Somos uma empresa com mais de 100 anos e nesse tempo aprendemos que é assim, com vontade e espírito aberto, que o progresso acontece”.

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Como melhorar a eficiência alimentar atuando em três pilares Da seleção de matérias-primas à absorção de nutrientes pelo animal, cada passo deve ser considerado para otimizar a eficiência alimentar Autor: Departamento Técnico da Adisseo

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indústria animal não está buscando apenas aprimorar o desempenho dos seus lotes, mas sim uma produção de proteína animal de qualidade, sustentável e lucrativa. É por isso que os nutricionistas trabalham no desenvolvimento de novas soluções para uma melhor eficiência alimentar. Nas últimas décadas, a melhoria da eficiência alimentar foi baseada em um aumento da ingestão de ração durante um curto período de tempo, desafiando o nutricionista a tirar o máximo proveito da alimentação ingerida. Da seleção de matérias-primas à absorção de nutrientes pelo animal, cada passo deve ser considerado para otimizar a eficiência alimentar.

Considerando a variabilidade dos ingredientes Para alcançar o melhor desempenho dos animais, as exigências dos mesmos devem ser atendidas. E para isso, é necessário conhecer os valores nutricionais dos ingredientes da ração. Os ingredientes podem variar muito de um local para outro (Figura 1) devido a muitos fatores, como sazonalidade, colheita e condições de armazenamento. Essa variabilidade pode exercer um grande impacto no desempenho dos animais. Diferentes lotes de matérias-primas não têm o mesmo valor nutricional; portanto, saber lidar com a variabilidade das matérias-primas é

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Figura 1: Comparação do teor de lisina digestível (%) do farelo de soja em 3 países produtores crucial para satisfazer os requerimentos nutricionais dos animais e alcançar o melhor desempenho sem aumentar os custos. Avaliar cada lote de matéria-prima em tempo hábil é fundamental para otimizar a formulação de alimentos e, portanto, o desempenho animal.

Ajustando a formulação alimentar A Avaliação para Nutrição de Precisão (Precise Nutrition Evaluation PNE) é a solução ideal para lidar com essa variabilidade. A plataforma NIRS permite identificar, em tempo real, o teor dos nutrientes dos ingredientes da ração. As predições do PNE (para Energia Metabolizável Aparente e

Aminoácidos Digestíveis) são baseadas em medições in vivo, que permitem determinar precisamente a variabilidade dos ingredientes da ração. Além disso, essa ferramenta pode ser usada para acompanhar a variabilidade ao longo do tempo, origens e fornecedores, ajudando assim o produtor na tomada de decisão para a compra de ingredientes ou na formulação da sua ração.

Avaliando a fração indigestível da ração para extrair todos os benefícios de enzimas exógenas Embora bem formulada, a ração ainda contém componentes que os animais não conseguem digerir. Esta


Figura 2: Ações sinergéticas de arabinofuranosidase e xilanase para degradar cadeias de arabinoxilano

fração indigestível representa até 20% do alimento fornecido aos animais. Avaliar a fração indigestível da ração (quantidade e composição) é o ponto de partida de uma formulação eficiente com enzimas. De fato, as enzimas exógenas visam a fração indigestível das rações. Eles visam transformar parte dessa fração indigestível em nutrientes disponíveis que os animais podem usar ou para eliminar fatores antinutricionais que reduzam a digestibilidade alimentar ou a eficiência alimentar. Conhecendo os substratos e as limitações fisiológicas dos animais, espera-se uma melhora potencial da fração não digerida de até 35% com o uso de enzimas. Isso equivaleria a aumento de 7% da digestibilidade total da ração (Ravindran, 2013). Esta melhoria potencial depende em grande parte da composição da ração e do teor nutricional das matérias-primas. O Rovabio® Advance Predictor é uma ferramenta desenvolvida para calcular a quantidade de nutrientes indigestíveis presentes na ração, de acordo com as matérias-primas

utilizadas, e estimar o quanto desse material pode ser liberado usando a solução enzimática Rovabio® Advance. A ferramenta Predictor informa o potencial que o nutricionista pode obter ao utilizar a solução enzimática, permitindo assim que ele faça um ajuste fino ao reformular suas dietas.

Aumentando a digestibilidade de todos os nutrientes: o efeito Feedase Feedase é a base para uma solução enzimática capaz de atuar na ração como um todo, resultando em uma melhoria da digestibilidade de todos os nutrientes. Com a Feedase (Rovabio® Advance) é possível melhorar a digesti-

Figura 3: Teste de desempenho realizado no Brasil A Revista do AviSite

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Figura 4: Medição da concentração de interleucina IL-8 (em pg / mL) após estimulação da interleucina IL-1. A IL-1 é conhecida por ser um marcador de detecção de estresse, enquanto a IL-8 é conhecida por ser um marcador de resposta inflamatória. EGCG, células Caco 2 tratadas com epigalocatequina-galato (extrato de chá verde conhecido por sua atividade anti-inflamatória) e células tratadas com Alterion. EEE

bilidade global da ração, incluindo proteínas, aminoácidos, amido, lipídios, fósforo e assim por diante, em 3% em média do substrato vegetal. Esta melhoria é possível principalmente pelas ações sinérgicas da xilanase e da arabinofuranosidase. Essas duas atividades enzimáticas degradam as cadeias de arabinoxilano, que são compostos anti-nutricionais importantes, pois limitam a acessibilidade das enzimas endógenas aos seus substratos. Os arabinoxilanos são compostos por um esqueleto de xilose com cadeias laterais de arabinose. A arabinofuranosidase rompe as cadeias laterais de arabinose, permitindo que a xilanase se ligue ao seu substrato e quebre eficientemente a estrutura (Figura 2). Conseqüentemente, os nutrientes são liberados e ficam disponíveis para as enzimas endógenas trabalharem. Ao aproveitarem deste efeito Feedase, os nutricionistas podem reduzir significativamente os seus custos de ração e manter o desempenho produtivo dos animais. Recentemente, em um experimento realizado no Brasil,

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os frangos de corte foram alimentados com três dietas durante o período de 0 a 42 dias: Controle Positivo, CP (dieta de milho, farelo de soja), Controle Negativo, CN (CP -3% EMA e -3% AAd) e CN + RovabioAdvance. A adição do Rovabio Advance na dieta reformulada CN permitiu uma recuperação do mesmo nível de desempenho que o CP (Figura 3). Em outras palavras, o efeito Feedase liberou 3% de EMA e 3% de AAd, que as aves puderam utilizar. Por último, mas não menos importante, a suplementação com o complexo enzimático Rovabio Advance permitiu uma redução nos custos de ração de cerca de US $ 10 / t de ração tratada.

Melhorando a absorção de nutrientes agindo no intestino Nas últimas décadas, a quantidade de alimento ingerido pelas aves aumentou muito, desafiando a capacidade dos intestinos e provocando maior estresse nos animais. De fato, uma ingestão maior pode resultar em maior

frequência de processos inflamatórios, desequilíbrio da microbiota e prejuízos no estado de saúde intestinal. Isso levará à perda de absorção e de desempenho. Quando a inflamação ocorre, o intestino é menos eficaz e absorve menos os nutrientes contidos nos alimentos. Assim, há um aumento no custo de manutenção em energia e em aminoácidos mobilizados para uma consequente resposta imune. Também neste sentido, com o desenvolvimento de soluções alternativas aos antibióticos promotores de crescimento, alguns modos de ação foram identificados, sugerindo que probióticos eficientes, como aqueles baseados em Bacillus subtilis (Alterion®), poderiam diminuir a inflamação (Figura 4) e assim aumentar a absorção alimentar e a transformação metabólica. Além disso, esses tipos de probióticos administrados na ração podem ter um impacto na morfologia intestinal do hospedeiro. Conforme mostrado na figura 5, quando Alterion® é administrado, o comprimento das microvilosidades intestinais é significativamente melhorado tanto no íleo como no ceco, aumentando assim a superfície de absorção, permitindo que o animal extraia mais do alimento. Essa absorção de nutrientes intestinais aumentada resultará em melhor desempenho animal (Jacquier, IHSIG 2016).

Conclusão A eficiência alimentar é o resultado de três componentes principais: a qualidade das matérias-primas, a formulação da dieta e a qualidade da microbiota intestinal para a melhor absorção de nutrientes pelo animal. Para garantir o melhor desempenho em termos de parâmetros de crescimento e otimização de custo da ração, os produtores de proteínas animais têm hoje a sua disposição uma ampla gama de soluções nutricionais. A eficiência da ração começa com um conhecimento apurado da qualidade das matérias-primas, permitindo o ajuste preciso da formulação da ração. Então, o próximo passo para formular melhor a ração com o uso de


Figura 5: Modelo do experimento : 2 tratamentos X 20 repetições X 50 frangos Cobb 500 cada. A figura mostra os resultados de ganho de peso (g/ave), conversão alimentar e comprimento das vilosidades aos 42 dias. Para cada item, os valores no grupo Controle + Alterion são significativamente diferentes aos do grupo controle. enzimas é avaliar a fração indigestível da ração. Propor uma solução enzimática com efeito Feedase, que atuará na ração de forma total, eliminando os fatores anti-nutricionais e reduzindo a parte não digerida da alimentação, certamente trará uma maior eficiência alimentar. Por último, cuidar do funcionamento adequado do intestino com a adição de um probiótico efetivo que produza resultados consistentes permitirá uma maior absorção de nutrientes e, portanto, mais eficiência na pro duç ão de proteína animal.

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Por que ainda não temos controle sobre micotoxinas? Estabelecer um programa efetivo de gerenciamento de micotoxinas é fundamental para obter respostas precisas quando nos deparamos com os desafios no campo Autor: Cristiano Pereira, Assistente Técnico da Cobb-Vantress

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uando estamos diante de quadros que cursam com desuniformidade de frangos de corte, queda de produção de ovos sem justificativa aparente em matrizes, resposta inadequada a programas vacinais, quadros de imunossupressão, condenação no frigorífico, apenas citando alguns dos inúmeros desvios que precisamos gerenciar e controlar em nossa rotina, devemos considerar micotoxinas. Também frequentemente nos deparamos com as dificuldades para implantar um programa eficaz de gerenciamento e controle de micotoxinas. Quando o programa implantado não é o mais apropriado, os resultados obtidos nesse monitoramento acabam não servindo para tomada de decisão e se determinado resultado que estamos monitorando não serve para tomada de decisão, ele deixa de ser realizado ou torna-se apenas mais um custo na empresa. Dessa forma, entender a complexidade do tema e principalmente estabelecer um programa efetivo de gerenciamento de micotoxinas é fundamental para termos respostas precisas quando nos deparamos com os desafios causados pelas micotoxinas. Para começarmos a discutir sobre o tema precisamos ter claro a origem das micotoxinas, substâncias essas resultantes do metabolismo secundário de diver-

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sas linhagens de fungos filamentosos, de ocorrência mundial, predomina em climas tropicais e subtropicais, onde o desenvolvimento fúngico é favorecido por fatores como condições de umidade e temperatura bastante favoráveis (Mallmann; Dilkin, 2007). Quando as micotoxinas são ingeridas, tanto pelo homem quanto por animais, podem produzir diversos efeitos deletérios à saúde, sobretudo por suas propriedades carcinogênicas, teratogênicas, estrogênicas, anabolizantes, mutagênicas, hemorrágicas e nutricionais (Kumar et al., 2008; Mallmann; Dilkin, 2007). Os fungos toxígenos encontram no milho importante substrato para desenvolvimento estando frequentemente contaminado por diversas micotoxinas, dentre elas, as aflatoxinas (B1, B2, G1, e G2), fumonisinas (B1 e B2), zearalenona, deoxinivalenol entre outras (Maziero; Bersot, 2010). Segundo estatísticas do Laboratório de Análises Micotoxicológicas (LAMIC), da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), o milho é um dos ingredientes com maior percentual de positividade para as principais micotoxinas que afetam a saúde humana e animal (Mallmann et al., 2015a). Constantemente, as micotoxinas são temas de pesquisas relacionadas à fisiologia, produção de toxinas e desenvolvimento dos fungos produtores de micoto-


T1 – Densidade do milho alta e 0,0ppm Aflatoxinas

T3 – Densidade do milho baixa e 0,0ppm Aflatoxinas

T2 – Densidade do milho alta e 2,8ppm Aflatoxinas

T4 – Densidade do milho baixa e 2,8ppm Aflatoxinas

xinas. Nessa área, muito ampla e complexa, sabe-se que os fungos toxígenos crescem e se proliferam bem em cereais e grãos, principalmente no amendoim, milho, trigo, cevada, sorgo e arroz, onde geralmente encontram um substrato altamente nutritivo para o seu desenvolvimento. O alto conteúdo de carboidratos, principalmente o amido, e de outros componentes, como proteínas e ácidos graxos, faz do milho um importante produto comercial, que em condições inadequadas de armazenamento, pode sofrer perdas, devidas principalmente ao ataque de pragas e fungos, desde o campo até a época de consumo (Stringhini et al., 2000). Os cereais e grãos, por sua vez, perdem importantes parcelas das suas qualidades nutritivas, além de estarem contaminados com micotoxinas que podem permanecer por longos períodos nos substratos, mesmo na ausência de fungos produtores (Mallmann, CA; Dilkin, P; Mallmann, AO, 2010).

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Figura 1 – Títulos de anticorpos de frangos de corte vacinados aos 7 dias para o vírus da Bronquite Infecciosa (IBV) alimentados com dieta contaminada ou não por 2,8 ppm de aflatoxinas aos 28 dias de idade.

O desenvolvimento e formação de micotoxinas em alimentos são dependentes de fatores relacionados à umidade, temperatura, oxigênio e composição do substrato (Mallmann et al., 2005). Vários procedimentos pelo qual o milho é submetido até ser utilizado como ração animal podem comprometer a qualidade do mesmo. Danos mecânicos nos grãos ocorrem na colheita, transporte, secagem e na limpeza, dando origem à produção de grãos quebrados, partidos e trincados, que aumentam, quanto menores forem os teores de umidade dos grãos (Stringhini et al; 2000). A contaminação de cereais por fungos toxígenos e produção de micotoxinas nos mesmos podem ocorrer no período de pré-colheita, na colheita, transporte, secagem, armazenamento e beneficiamento dos grãos, dependendo dos híbridos envolvidos, fatores geográficos, climáticos e manipulação dos mesmos. Em milho armazenado os fatores mais importantes para o crescimento de fungos toxígenos do gênero Aspergillus e a produção de aflatoxinas são a temperatura de armazenamento, a umidade relativa do ar e do substrato. Umidade relativa de 80 a 85%, com 17% de umidade do milho e temperatura de 24 a 35ºC são condições ótimas para a produção de aflatoxinas (Dilkin et al., 2000). Os diversos efeitos tóxicos das micotoxinas devem-se às suas diferentes estruturas químicas, influenciados pelo fato

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de serem ingeridas por diferentes espécies de animais, sendo também influenciado pela raça, sexo, idade, fatores ambientais, condições nutricionais e presença de outras substâncias químicas. A utilização de dietas contaminadas por micotoxinas gera prejuízos por afetar parâmetros produtivos, como: diminuição do consumo de ração; piora na conversão alimentar; aumento do tempo entre nascimento e abate; alterações reprodutivas; redução da produção e alteração da espessura da casca dos ovos; mortes embrionárias e supressão imune. Entretanto, a consequência mais importante se refere à diminuição do ganho de peso dos animais (Dilkin et al. 2016). Dentre as micotoxinas de importância na produção avícola as aflatoxinas são consideradas as mais importantes, por sua alta toxicidade e também pela prevalência. Os efeitos imunossupressores das aflatoxinas já foram demonstrados em animais de laboratório e domésticos, principalmente em aves. Apesar de existir consenso sobre a imunotoxicidade, seu mecanismo de ação ainda não está bem elucidado. Os efeitos que as toxinas exercem no complemento, interferon e concentração das proteínas séricas são basicamente resultantes dos danos hepáticos e diminuição da produção de proteínas. Além de comprometer a formação de interferon e complemento, é conhecido que as aflatoxinas diminuem a capacidade fagocítica dos macrófagos e a diminui-

ção da migração dos linfócitos e leucócitos. Além disso, causam aplasia do timo e diminuição significativa da bursa de Fabrícius em aves. Assim sendo, a imunidade mais afetada é a celular e a aflatoxinas B1 afeta mais os linfócitos T, incluindo tanto as células celulares T auxiliares quanto as T supressoras (Mallmann, CA; Dilkin, P; Mallmann, AO, 2010). Uma das causas de serem as AFL extremamente tóxicas para aves é sua rápida absorção pelo trato gastrointestinal. Essa rápida absorção é evidenciada através do aparecimento de AFL imediatamente após a ingestão da micotoxina (Wyatt,1991). Uma vez absorvida, a AFL B1 é imediatamente ligada, de forma reversível, à albumina e, em menor escala, a outras proteínas. Formas de AFL ligadas e não ligadas a proteínas séricas espalham-se pelos tecidos, especialmente o fígado. Essas ligações de AFL com proteínas provocam mau funcionamento do fígado, levando a uma profunda alteração nas propriedades funcionais e na síntese das proteínas das aves (Wyatt, 1991). O efeito das aflatoxinas foi detectado com maior amplitude na fase inicial (1 a 21 dias) de crescimento dos frangos, ou seja, quando as aves ingeriram aflatoxina nos primeiros 21 dias de vida, o reflexo negativo sobre ganho de peso foi irreversível até o abate, aos 42 dias de idade (Mariani, 1998). Em trabalho avaliando a intoxicação de frangos de corte com aflatoxinas (2,8ppm), associando essa intoxicação com milho de alta qualidade, alta densidade específica e com milho de baixa qualidade, baixa densidade específica, identificou-se que frangos intoxicados com aflatoxinas ou alimentados com ração formulada com milho de baixa densidade têm pior ganho de peso e consumo de ração quando comparados aos animais alimentados com ração controle. Frangos alimentados com ração formulada com milho de baixa densidade e aflatoxinas têm pior desempenho quando comparado aos efeitos isolados das aflatoxinas e da qualidade do milho (Pereira, 2009). Abaixo o efeito da intoxicação por aflatoxinas metabolizadas no fígado: Normalmente, questiona-se sobre qual concentração de aflatoxina seria necessária para afetar o desempenho das aves. A resposta está diretamente relacio-


Tabela 1 – Limites máximos recomendáveis de micotoxinas. AFLA – Aflatoxinas (B1 + B2 + G1 + G2), FUMO – Fumonisinas (B1 + B2), DON – Deoxinevalenol, ZEA – Zearalelona. Fonte: Pegasus Science. http://www. pegasusscience.com

nada com o nível de conforto das aves, ou seja, quanto maior o nível de stress, menor é a quantidade de toxina necessária para alterar o desempenho dos animais (Doerr et al. 1983). Fatores como desbalanceamento nutricional, erros de manejo, temperaturas extremas, camas velhas, qualidade dos pintos alojados contribuem de maneira decisiva para que baixos níveis de aflatoxina na ração possam alterar o desempenho (Santurio, 2000). Os efeitos das aflatoxinas sobre as imunoglobulinas também não estão

bem esclarecidos. Vários estudos indicam um decréscimo dos níveis de IgA e IgG em animais intoxicados com alimentos contendo mais de 500 ppb de aflatoxinas. Contudo, outros estudos concluíram que podem existir aumento da concentração de Imunoglobulinas, como a IgG e atribuindo o fato, à incapacidade do fígado lesionado de remover anticorpos produzidos no trato gastrintestinal (Mallmann, CA; Dilkin, P; Mallmann, AO, 2010). Em estudo realizado para avaliar a in-

fluência das aflatoxinas na resposta imune humoral de frangos de corte vacinados para o vírus da Bronquite Infecciosa (IBV), verificou-se a diminuição (p<0,05) dos títulos vacinais nos animais intoxicados com 2,8 ppm de aflatoxinas. A titulação mínima de anticorpos, no grupo intoxicado, foi de 0,0, demonstrando assim que as aflatoxinas suprimem a resposta vacinal em frangos de corte, pois no grupo controle a titulação mínima foi de 1,26 (Figura 1) (Mallmann, CA; Dilkin, P; Mallmann, AO, 2010).

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Nutrição & Saúde Animal Poucas pesquisas dimensionam a real importância das fumonisinas na diminuição da capacidade imunológica dos animais intoxicados. Contudo, estudos constataram a diminuição da concentração de macrófagos no pulmão de suínos e aves e hiperplasia de células epiteliais de frangos de corte, na tentativa de aumentar a barreira protetora, incrementando a produção de muco. Alteração da resistência trans-epitelial nas células do intestino de suínos foram evidenciadas, podendo ser essa uma explicação dos processos de lesão, descamação e ulceração observados em animais expostos à ingestão de micotoxinas. Essa diminuição da resistência pode acontecer devido à diminuição na quantidade de proteínas que estão nas junções celulares e, a diminuição na biossíntese de esfingolipídios que é inibida pelas fumonisinas podendo alterar a regulação elétrica das células epiteliais (Mallmann, CA; Dilkin, P; Mallmann, AO, 2010). Pintos de 1 dia intoxicados com 10 mg/kg (ppm) de fumonisinas via ração durante 6 dias, observaram que fumonisina B1 pode contribuir para o aparecimento de petéquias, aumentando o tempo de coagulação sangüínea e diminuindo a concentração de albumina sérica (Santurio, 2000). Apesar de uma série de variações, pode-se fazer uma estimativa da susceptibilidade às micotoxicoses. Para tanto é necessário que seja quantificado o nível de contaminação do alimento, associado ao tipo e à gravidade de doenças relacionadas ao consumo do mesmo. Desta forma, pode-se dividir as micotoxicoses em agudas e crônicas. As manifestações agudas ocorrem quando os indivíduos consomem doses moderadas a altas de micotoxinas (Tabela 1). Podem aparecer sinais clínicos e um quadro patológico específico, dependendo da micotoxina ingerida, da susceptibilidade da espécie, das condições individuais do organismo e interação ou não com outros fatores. As lesões são dependentes de cada micotoxina, porém as mais encontradas dizem respeito à hepatopatias, hemorragias, nefrites, necrose das mucosas digestivas, alterações morfológicas em órgãos e morte. A micotoxicose crônica ocorre quando existe um consumo de doses moderadas a baixas. Nestes casos, geralmente

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não ocorrem as manifestações agudas de intoxicação, porém, é apresentado um quadro caracterizado pela redução da eficiência reprodutiva, da conversão alimentar, da taxa de crescimento e do ganho de peso. Este quadro somente é detectado com cuidados especiais ou através de um programa de monitoramento de micotoxinas. Os sinais clínicos ainda podem ser confundidos com outras doenças decorrentes da micotoxicose. Existem ainda os efeitos causados principalmente pelas micotoxicoses crônicas, capazes de levar à imunossupressão, deixando o indivíduo predisposto a outras doenças cujos patógenos facilmente se estabelecem com a queda da resistência orgânica (Mallmann; Dilkin, 2007). Para estabelecermos um programa de monitoria de micotoxinas é preciso definir qual micotoxinas monitorar, hoje são descritas mais de 500 substâncias como micotoxinas e, com os modernos métodos de detecção, a cada ano são catalogadas mais de 10 diferentes substâncias. As metodologias empregadas no monitoramento de micotoxinas são basicamente os kits ELISA (Enzyme Linked Immuno Sorbent Assay) e o HPLC (High Performance Liquid Chromatography). A cromatografia de camada delgada, muito utilizada no passado, hoje esta praticamente abandonada para o monitoramento de rotina. Já aos Kits ELISA, tem como principal vantagem a possibilidade de realização da análise in situ, o baixo custo operacional e a facilidade de uso. No entanto, apenas resultados semi-quantitativos e restritos a matrizes simples como o milho são possíveis, limitando a segurança na tomada de decisões. Já os métodos cromatográficos, como a cromatografia líquida acoplada a espectrometria de massas sequencial (LC-MS/MS), fornecem um resultado seguro para a tomada de uma decisão. (Mallmann; Dilkin, 2007). A presença de micotoxinas em matérias-primas não é homogênea, estando na maioria das vezes em menos de 0,001% dos grãos. Concentração de partes por bilhão (ppb) em uma matriz como o milho representam o equivalente ao peso de 1 grão em uma massa total de aproximadamente 350 toneladas. Essas constatações, por si só, caracterizam um problema praticamente insolúvel no diagnóstico preci-

so de micotoxinas. Portanto, os procedimentos usuais empregados no recebimento de cereais e na indústria de processamento de rações levam uma determinação de micotoxinas com um grau de incerteza significativo. Como as decisões sobre o destino e medidas de controle das micotoxinas basear-se-ão em resultados de análises, a amostragem representa o passo mais crítico do processo e deve ser tratada com um grau de cuidado maior do que utilizado para, por exemplo, amostras destinadas a avaliações de umidade (Mallmann, CA; Dilkin, P; Mallmann, AO, 2010). A coleta das amostras poderá ser realizada na colheita, unidades de recebimento de grãos, plataformas de descarga, amostragem em unidades armazenadoras de grãos, nas estruturas de transporte interno, como caracóis, redler e cintas transportadoras, amostragem de rações e amostragem no ponto de consumo para fins de monitoramento raramente é utilizada, também as amostragens com suspeita clínica somente será realizada em casos de sinais clínicos compatíveis com alguma micotoxina, funcionando como diagnóstico complementar (Mallmann, CA; Dilkin, P; Mallmann, AO, 2010). Outro ponto crucial para a monitoria de micotoxinas é a definição da frequência de análise, essa com o mesmo grau de importância que a amostragem. É necessário que se efetuem análises periódicas, considerando-se o volume de ração produzida, a heterogeneidade do material a ser amostrado, a sensibilidade da espécie, a faixa etária e a frequência em que os lotes de ração são produzidos. Portanto, o tema micotoxinas permanece complexo, pois envolve toda a cadeia produtiva agropecuária, desde a escolha do híbrido dos cereais para plantio, passando pelas técnicas de manejo das lavouras, colheita, transporte, secagem, beneficiamento, armazenamento e definição estratégica da destinação. Para tornar o processo decisório mais preciso um robusto programa de monitoramento, envolvendo amostragem significativa, metodologias de análise apropriadas e um processo de análise dos dados e tomada de decisão que torne a gestão do programa de controle de micotoxinas e micotoxicoses robusto o suficiente para minimizar os prejuízos na saúde e produção animal.


Informe Técnico-Comercial

Tifo Aviário: avanços científicos recentes nas pesquisas brasileiras Dois trabalhos publicados em 2017 comprovam que os casos de Tifo Aviário ocorridos no Brasil não se relacionam com utilização da cepa vacinal SG 9R, ou seja, não foi demonstrada a reversão de virulência da cepa vacinal em questão.

D

ois recentes trabalhos, um conduzido pelo Prof. Dr. Angelo Berchieri Junior, da Universidade Estadual Paulista, Jaboticabal (SP) (Further investigations on the epidemiology of fowl typhoid in Brazil. Celis-Estupiñan, A.L.P. et al; Avian Pathology,

2017), e outro pelo corpo técnico da Simbios, André Fonseca, Nilo Ikuta e Vagner Lunge, (Molecular and phylogenetic analyses of Salmonella Gallinarum trace the origin and diversification of recent outbreaks of fowl typhoid in poultry farms. De Carli, S. et al; Veterinary Microbiology, 2017),

dão destaque aos avanços nas pesquisas envolvendo o Tifo Aviário no Brasil. A enfermidade é responsável por enormes prejuízos, seja em granjas reprodutoras, seja em granjas comerciais (ovos ou carne), devido à mortalidade e/ou a queda de produção.

Acompanhe na sequência, as entrevistas exclusivas, com os profissionais responsáveis pelas pesquisas

Angelo Berchieri Junior

Professor titular da Universidade Estadual Paulista, Jaboticabal (SP). O que é o Tifo Aviário (TA) e qual a sua importância para a avicultura industrial? É uma enfermidade que acomete galináceos – galinhas, codornas, perus, faisões, etc. – podendo provocar alta mortalidade em qualquer faixa etária, embora seja mais comum em aves adultas. Alguns animais adoecem, param de produzir ovos e morrem; os outros ao redor, se contaminam após bicagem das carcaças, apresentando o mesmo quadro e assim, sucessivamente o TA é transmitido de ave para ave, podendo atingir 80% do plantel. Em decorrência da

severidade da doença, lotes de aves reprodutoras com diagnóstico confirmado de TA devem ser eliminados. Seja em granjas reprodutoras, seja em granjas comerciais (ovos ou carne), os prejuízos são enormes devido a mortalidade e/ou a queda de produção. Existem aves ou linhagens mais susceptíveis ao TA? As aves brancas leves são mais resistentes ao quadro da enfermidade. Mas se infectadas, apresentam queda temporária de produção de ovos e o agente do TA, Salmonella enterica subsp. enterica sorovar Gallinarum A Revista do AviSite

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Informe Técnico-Comercial

biotipo Gallinarum (SG), pode persistir no organismo da ave por várias semanas. A mortalidade em lotes dessas aves é bem menor que em aves vermelhas e reprodutoras de corte. Qual o papel das linhagens de aves brancas leves na epidemiologia do TA? Como nem sempre se observa sinais clínicos e alteração visível da taxa de mortalidade deste tipo de plantel, a presença de SG pode passar despercebida. Se alguma ave infectada morrer, SG se espalha pela carcaça, a qual será bicada pelas demais e/ ou levada por outros animais, como roedores, gatos, cães, aves selvagens, etc. Dessa forma, a bactéria se dissemina pela propriedade e região. No tifo aviário também se observa a presença de aves portadoras assintomáticas como na Pulorose? Não. O agente da pulorose, Salmonella enterica subsp. enterica sorovar Gallinarum biotipo Pullorum (SP), tem como principal mecanismo de disseminação, a via transovariana. Aves acometidas no início da vida, que sobrevivem à enfermidade, carreiam a bactéria por toda a vida produtiva. Em aves reprodutoras, SP passa do ovário aos folículos (gema). Durante o processo de incubação, em alguns ovos, o embrião não se desen-

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A Revista do AviSite

volve; em outros, o embrião se desenvolve mas morre antes de eclodir; e outros nascem. No nascedouro haverá disseminação entre os recém nascidos. Assim, pintinhos chegarão à granja com diferentes graus de infecção. Dependendo da dimensão da infecção na granja reprodutora, a mortalidade será maior ou menor nas três primeiras semanas de vida da progênie. Os sobreviventes se tornarão portadores e irão disseminar SP em alguns ovos produzidos na fase adulta. Portanto, não se pode dizer que a transmissão de SP e SG sejam semelhantes. O uso de antimicrobianos para controlar o TA é uma medida eficiente? Não. Pode reduzir a mortalidade, mas não elimina a infecção, criando uma falsa ideia de controle. Retirando-se o antimicrobiano, a enfermidade reaparece. Considero muito mais eficaz a retirada correta e rápida de aves mortas (de preferência retirá-las antes de morrerem), bem como a eliminação eficiente das carcaças. Lembrar que aves reprodutoras não podem receber tratamento para o TA e que o lote deve ser eliminado. Qual a importância da vacinação para controle do TA? Quais são a principais vacinas disponíveis?

A vacinação seria um instrumento a mais, dentro de um programa de biossegurança. A única vacina disponível, comercialmente, é a que contém a estirpe SG9R viva. A vacinação com SG9R em poedeiras, na sua opinião, é uma medida de controle assertiva para a prevenção do TA? E para o controle desta doença?

É preciso entender como o Tifo Aviário se propaga. Depois, entender que não adianta tomar medidas paliativas e que não existem medidas milagrosas. A disseminação da enfermidade depende de aves mortas infectadas pelo agente do TA, sendo bicadas pelas que estão ao redor


A limpeza e desinfecção dos locais onde encontravam-se as aves mortas deve ser parte dos procedimentos de combate ao Tifo Aviário

Diferente do que ocorre em granjas reprodutoras, onde o programa de biossegurança e o sistema de criação tem tudo para ser eficiente, em granjas de galinhas para postura de ovos de mesa, o desafio é muito maior, considerando-se a quantidade de aves na granja e na região, a proximidade de outras granjas, manejos sanitários diferentes, idades múltiplas, movimentação pessoal e de veículos, etc. A vacinação pode induzir imunidade por um determinado período. Pelo fato de que o desenvolvimento da enfermidade é dose dependente, a vacinação, sendo acrescentada às demais medidas de biossegurança, poderia ser útil para evitar a propagação da doença. É recomendado o uso da vacina SG9R em regiões sem histórico de problemas de TA? A enfermidade está disseminada no país e a vacinação está sendo feita nos susceptíveis. Seria mais prudente, analisar os mecanismos de disseminação da bactéria e assegurar que se tornassem ineficazes. Seria mais profícuo, dar mais atenção aos meios de transportes de pintinhos de um dia, ovos para incubação, ovos para comercialização, descarte de aves de postura, envio para abate de aves de postura comercial e de aves reprodutoras. Dar atenção ao transporte e ao que é transportado. Lotes contendo

aves doentes deveriam ser destinados ao abate sanitário na propriedade. Implementar um programa de monitoria bacteriológica nas propriedades. A movimentação de pessoal e veículos entre áreas afetadas e áreas livres devem ser consideradas como fatores de risco. É preciso avaliar as conseqüências da introdução da vacinação antes de fazê-lo. Por que a vacinação de matrizes contra o TA não é permitida pela legislação? Granjas reprodutoras são construídas longe de outras granjas, cercadas por vegetação natural, com criação em núcleos individualizados e seguem o programa de biossegurança, incluindo-se a monitoria bacteriológica, conforme determina o PNSA. Na minha opinião, seguindo as normas do PNSA, granjas reprodutoras conseguem ser livres de SG. Há benefício na utilização de vacinas autógenas de S. Gallinarum no controle do TA? Vacinas autógenas são compostas de bactérias mortas. Podem ser feitas, desde que o programa de vacinação contemple uma vacinação prévia com uma estirpe viva atenuada. A vacina viva é necessária para estimulação mais complexa do sistema imune. O uso de bacterinas, apenas, não consegue induzir à resposta imune necessária.

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Informe Técnico-Comercial

A avicultura comercial cresceu exponencialmente e continua a crescer, expandindo-se por todas as regiões do país. País em que o Tifo Aviário já foi identificado no passado e que possui diversos galináceos em sua fauna, incluindo galinhas, perus e codornas

Qual a forma eficaz de se conter um surto de tifo aviário? Qual a forma eficaz de se impedir a entrada da S. Gallinarum nas granjas? Primeiro é preciso entender como a doença se propaga. Depois, entender que não adianta tomar medidas paliativas e que não existem medidas milagrosas. A disseminação da enfermidade depende de aves mortas infectadas pelo agente do TA, sendo bicadas pelas que estão ao redor. Verificar os locais onde a enfermidade se iniciou, além das condições de ambiência, higiene, etc. Retirar o mais rápido possível, carcaças de aves mortas (de preferência, retirar as aves moribundas). Não deixá-las na granja. Destiná-las imediatamente para compostagem ou incineração. Incineração completa seria mais eficiente. Considerar como foco de infecção o local que a ave estava e tudo aquilo que teve contato com ela (cama, fezes, equipamentos, pessoal que trabalha na granja, veterinário, etc).

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A limpeza e desinfecção dos locais onde encontravam-se as aves mortas deve ser parte dos procedimentos de combate ao TA. Considerar roedores, moscas, ectoparasitas e aves selvagens como veiculadores de SG. Seres humanos e veículos devem ser considerados meios de disseminação de SG. Fazer monitoria bacteriológica de animais que morrem na granja e dos resíduos (cama, compostagem, etc.). Qualificação e incentivo ao pessoal que trabalha na granja, a começar pelo responsável técnico. Quando um lote de reprodutoras positivo para S. Gallinarum é eliminado de uma granja, após a limpeza, lavagem, desinfecção e monitoria bacteriológica das instalações, é importante se respeitar o vazio sanitário antes da entrada do novo lote? Sim. Lembrar que a monitoria bacteriológica deve contemplar os locais de destino das carcaças, cama, coleções de líquido atingidos pelo sistema de lavagem da granja. Recomendo ainda que o processo de limpeza, lavagem e desinfecção deve atingir também as pessoas (e seus pertences) que trabalham e que visitam a granja. Em seu artigo recente, publicado na revista Avian Pathology, seu grupo explora 4 possibilidades para a re-emergência, e para o atual status do tifo aviário no Brasil, comente-os: i) A susceptibilidade das linhagens comercias ao TA teria mudado? No trabalho são apresentados resultados de infecção experimental de três linhagens comerciais de aves para postura de ovos de mesa, variedades branca e vermelha. As variedades vermelhas apresentaram alta mortalidade e as variedades brancas mortalidade muito baixa, à semelhança de trabalhos anteriores. Diante dos resultados não é possível associar os casos de TA a alteração nas linhagens comerciais. ii) O uso de antibióticos em lotes positivos para o TA teria favorecido a disseminação da doença?

Pode ser que sim. O tratamento diminui a mortalidade, mas não elimina a bactéria da ave. Em lotes em que se utilizou antimicrobianos e que depois foram enviados para abate, é possível que aves morreram durante o trajeto. SG se multiplicaria, espalhando-se pela carcaça, que seria bicada pelas as aves ao redor. O veículo de transporte estaria disseminando-a por onde passasse, inclusive no abatedouro. Considerar que o transporte pode variar de algumas horas até mais que um dia, sendo um enorme fator de estresse. No abatedouro, outros veículos adentrariam, podendo se transformar em carreadores da bactéria para os locais aonde retornarem. O raciocínio é o mesmo para o interior da granja. Passado o efeito do antimicrobiano, morrendo uma ave apenas, SG se espalha pela carcaça e, pela bicagem, outras aves se infectarão e assim por diante. O pessoal que tem contato com as carcaças, são potencias disseminadores. iii) Transmissão vertical (intra-ovariana) estaria exercendo importante papel na disseminação do TA? As aves infectadas experimentalmente pararam de produzir ovos e morreram. Quando as aves experimentais foram tratadas com antimicrobiano, depois de algumas semanas voltaram à produção. Todos os ovos produzidos foram examinados e SG não foi detectada em nenhum deles. SG foi inoculada na superfície externa da casca, sob a casca e no interior do vitelo, de ovos férteis. Após o período de incubação dos ovos, naqueles em que SG foi inoculada na casca ou sob a casca, não houve re-isolamento da bactéria. Quando a inoculação foi no vitelo, ocorreu morte embrionária ou ausência de desenvolvimento embrionário e SG encontrava-se em abundância no interior do ovo. Diante desses resultados, entendemos que não há transmissão transovariana como ocorre na puloro-


se, mas SG pode ser carreada da granja reprodutora para o incubatório e deste para a progênie. iv) Houve o surgimento de uma nova estirpe de SG mais patogênica? Não acredito que esta tenha sido a razão da “re-emergência” do tifo aviário. Acredito que a situação atual seja decorrente da demora em reconhecer a doença em animais mortos na granja e a dificuldade de diagnóstico laboratorial devido a diferença entre salmonelas paratíficas e os biotipos SG e SP, começando pela amostra a ser examinada, pelo crescimento da bactéria em meios de cultivo, etc. Quais as conclusões deste trabalho? Que não houve alteração quanto à bactéria, mecanismo de transmissão ou de patogenicidade ao tifo aviário. Que é preciso ficar atento sempre. Capacitar e reciclar o pessoal envolvido,

seja aqueles que trabalham em operações avícolas, sejam aqueles que trabalham em diagnóstico laboratorial. Não esquecer que a avicultura comercial cresceu exponencialmente e continua a crescer. Se expandindo por todas as regiões do país. País em que o TA já foi identificado no passado e que possui diversos galináceos em sua fauna, incluindo galinhas, perus e codornas. Seria possível explicar rapidamente com base nas análises de PFGE (gel de eletroforese em campo pulsado) do seu trabalho qual a relação da estirpe vacinal SG9R e a(s) estirpe(s) que circulam no Brasil? As estirpes de SG são muito conservadas e SG9R é uma estirpe que se originou de outra que era patogênica, a 9S. Os resultados de seu presente trabalho o surpreenderam? Se sim comente em que pontos foi surpreendido?

Não me surpreendem. Mostram que na natureza, tudo é muito simples e o conhecimento do passado continua sendo um ensinamento de grande valia. As mesmas recomendações listadas no livro mais antigo que conheço, Manual de Doenças das Aves de Reis e Nóbrega, do Instituto Biológico de São Paulo, da década de 1940 -50, continuam valendo. É preciso fazer o dever de casa. Usar novas ferramentas sem deixar de lado o dia a dia. Você acredita que há possibilidade de reversão de virulência por parte da estirpe vacinal SG9R? Não. Essa estirpe foi desenvolvida pelo Dr. William Smith por volta de 1955.Tem sido usada amplamente e muito estudada por pesquisadores de diversos países. Caso isso acontecesse, já teria sido noticiado. A reversão espontânea de estirpes rugosas não é fato comum.

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Informe Técnico-Comercial

Vagner Lunge, André Fonseca e Nilo Ikuta Corpo técnico da Simbios

Qual foi o incentivo inicial para a realização deste trabalho? Qual foi a dúvida que no primeiro momento vocês quiseram responder neste trabalho? O grande incentivo inicial foi uma questão levantada por vários veterinários vinculados à avicultura (entre os quais o próprio Dr. Paulo César Martins, da BioCamp). Os surtos recentes de tifo aviário seriam devidos à reversão de virulência da cepa vacinal SG9R utilizada no campo? A evidência científica que levou a tal dúvida foi um trabalho publicado em 20131 que demonstrou, com base em sequenciamento de genoma total, que isolados de SG de um surto de tifo aviário na Bélgica eram bastante parecidos com a cepa vacinal SG9R, indicando a possibilidade de reversão vacinal recente naquela granja/região produtora em questão. (1Van Immerseel F, et al. Salmonella Gallinarum field isolates from laying

Os serviços veterinários da indústria e do governo não foram capazes de responder adequadamente ao enorme aumento da produção, e as medidas de biossegurança podem não ter sido tão rigorosas 32

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hens are related to the vaccine strain SG9R. Vaccine. 2013 Oct 9;31(43):4940-5.) Qual é a vantagem da técnica molecular utilizada para estabelecer a relação de ancestralidade e clonalidade das cepas de S. Gallinarum estudadas? Salmonella sp é uma bactéria muito bem estudada e um exemplo clássico da ocorrência de assinaturas genômicas que distinguem estilos de vida e adaptação a diferentes hospedeiros. O sequenciamento do genoma completo de várias cepas de Salmonella spp. evidenciou as diferenças genéticas entre sorotipos. Mais do que isso, demonstrou que a principal diferença entre as cepas são os polimorfismos de nucleotídeos únicos (SNPs) nos genomas avaliados. Como estas alterações ocorrem ao longo do tempo, quanto maior o número de SNPs entre duas bactérias, maior a distância genealógica (mais distante o ancestral comum). Obviamente esses dados também permitem inferir relações temporais entre sorotipos e até mesmo cepas circulantes. Ou seja, esta análise pode ser utilizada para comparar linhagens e rastrear cepas de Salmonella spp. É a forma mais robusta de estudar a dinâmica da população e a história evolutiva de qualquer bactéria. No nosso estudo, usamos o sequenciamento de genomas completos para avaliar os SNPs entre cepas de SG do Brasil e, com o uso de métodos filogenéticos, investigar as cepas de SG isoladas de surtos no nosso país e de outras regiões do mundo. O objetivo foi compreender a história evolutiva deste importante sorotipo de salmonela e elucidar surtos recentes de tifo aviário no Brasil. Explique de forma resumida os resultados obtidos pelo trabalho do grupo. Os genomas completos de duas cepas de campo brasileiras de S. Gallinarum (BR_RS12 e 287/91) foram avaliados comparativamente com outras cepas de Gallinarum e Pullorum. A filogenia gerada demonstrou uma clara

separação das cepas de Gallinarum em relação às de Pullorum. Especificamente, o grupo de Gallinarum mostrou uma subdivisão clara entre as cepas de campo isoladas no Brasil; em comparação à vacina SG9R; a respectiva cepa mãe SG9; e a cepa de campo revertente MB4523 (justamente do estudo do grupo Belga). A análise de dinâmica populacional desses grupos (chamada filodinâmica) mostrou que ocorreram provavelmente duas introduções de Gallinarum no Brasil, a primeira em 1885 e a segunda em 1950. Em conclusão, esses resultados indicam que as cepas estudadas de S. Gallinarum (que foram isoladas de surtos de tifo aviário) circulam há muito tempo no Brasil e não foram originárias da reversão da virulência da vacina SG9R. Diante dos resultados obtidos, é possível afirmar que as estirpes de campo (desafio) e a SG9R (vacinal) são diferentes, e que não há evidências de reversão de virulência por parte da estirpe vacina? Sim, conforme demonstrado acima, é possível afirmar que as cepas estudadas são diferentes da cepa vacinal SG9R. Nas últimas três décadas, o Brasil apresentou um crescimento acentuado na produção de frangos e ovos. É provável que os serviços veterinários da indústria e do governo não tenham sido capazes de responder adequadamente a esse enorme aumento da produção, e as medidas de biossegurança podem não ter sido tão rigorosas. Os resultados apresentados aqui reforçam a importância da vigilância epidemiológica para apoiar as políticas de saúde animal. Há algum trabalho que esteja sendo desenvolvido neste momento, para complementar aos resultados obtidos neste? Sim, estamos justamente avaliando cepas de outros surtos de tifo aviário com a mesma metodologia de análises para verificar se estas cepas de campo apresentam algum indício de uma possível reversão de virulência da cepa vacinal.


Empresas

Ceva Saúde Animal apresenta mudanças na Unidade Aves Empresa anunciou novo gerente de Marketing na Unidade de Negócios Aves Tharley Carvalho. Marco Aurélio Lopes atuará como Gerente Corporativo de Marketing de Aves da Ceva Saúde Animal, responsável pela gestão das linhas de vacinas para Gumboro e Matrizes

A

Ceva Saúde Animal anunciou duas importantes mudanças em seu quadro de gestão. Tharley Teixeira Cardoso de Carvalho assumirá a gerência de marketing da Unidade de Negócios de Aves e Marco Aurélio Lopes a gerência Corporativa de Marketing de Aves da Ceva Saúde Animal, responsável pela gestão das linhas de vacinas para Gumboro e Matrizes.

Tharley Carvalho

Novo gerente de Marketing na Unidade de Negócios Aves da Ceva Saúde Animal

Com experiência no setor avícola, Carvalho terá sua atuação focada no desenvolvimento de novas praças e no crescimento de vendas dos produtos do portfólio da empresa. “Já faço parte da equipe Ceva desde 2013 e os desafios da posição me deixam muito animado. Com certeza teremos grandes resultados em 2018, e nossa equipe continuará trabalhando sempre com paixão pelo cliente”, conta Tharley Carvalho.

Tharley é formado em Medicina Veterinária pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. O profissional atuou em empresas de produção avícola de Minas Gerais; na BRF (equipe de fomento do Frango de Corte e como Coordenador de Ambiência), e atuava anteriormente na Ceva Saúde Animal como Coordenador de Vendas de Frangos de corte, matrizes pesadas e postura comercial na Região Sudeste.

Qual é a sua visão, atualmente, sobre o marketing para avicultura? Carências, demandas, pontos-chaves a serem trabalhados. A avicultura brasileira é conhecida pelo seu pioneirismo e tecnologia. Suas empresas precisam sobreviver em um mercado extremamente competitivo e globalizado. O que as tornam extremamente exigentes no atendimento de suas demandas. É preciso entender que houve uma ampliação da relação de consumo entre empresa e cliente. O alinhamento com questões econômicas, tecnológicas, sociais e ambientais por exemplo é fundamental para manutenção das relações. Falar somente de produto não é suficiente precisamos propor soluções. Quais são, em sua opinião, os maiores desafios para os profissionais que estão começando a atuar agora na área de marketing para avicultura? Qual seria o seu conselho para eles? O profissional de marketing precisa estar muito atento a inovação, e as peculiaridades do negócio. Para isso é fundamental atualização em diferentes frentes. Por que muitas vezes as soluções estão fora do mundo que trabalhamos. Quais são as necessidades do mercado em relação a esse profissional? O mercado busca profissionais que tenham capacidade adaptação aos diferentes cenários que as empresas precisam enfrentar. A entrega dos resultados só ocorre com muita dedicação e vontade de fazer o certo. Quais são os diferenciais que você pretende implementar? Pretendo desenvolver projetos que aproxime a Ceva dos clientes em todos os níveis da cadeia produtiva. Propor ferramentas que sejam realmente úteis. Para isso é preciso investir em diferentes canais de trabalho e comunicação. O profissional de marketing precisa constantemente se aprimorar e estar conectado às novas demandas de comunicação. Dentro do Agronegócio a A Revista do AviSite

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Empresas exigência é ainda maior, pela necessidade de adequação a uma linguagem específica. Qual sua opinião sobre essa demanda e como pretende alinhar essas questões no seu trabalho? Os empresários do agronegócio ao longo das últimas décadas atingiram um nível de tecnologia e gestão muito elevados. São fortemente conduzidos pela lucratividade e sustentabilidade de seus negócios. A Ceva possui uma linha de produtos altamente tecnológicos e desenhados para as necessidades dos clientes.

Penso que o maior desafio é comunicar como nossas soluções podem ajuda-los de forma que clara, se possível mensurável. Precisamos falar a mesma linguagem dos empresários. Isso só possível à medida que conhece profundamente as necessidades e pretensões dos seus clientes. Para isso a Ceva vem estruturando uma equipe multidisciplinar interna e de consultores gabaritados com experiências em diversas áreas da cadeia produtiva. Precisamos conhecer para propor as estratégias mais acertadas.

Novos desafios na França Marco Aurélio Lopes que anteriormente atuava como Gerente de Marketing da Unidade de Negócios de Aves partiu para novos desafios na França.

O profissional agora atua agora como Gerente Corporativo de Marketing de Aves da Ceva Saúde Animal e é responsável pela gestão das linhas de vacinas para Gumboro e Matrizes. Entre

Como se sente frente ao novo cargo que assumiu? Extremamente honrado e feliz com o novo desafio. Assumir uma posição no corporativo de uma empresa como a Ceva, que ano após ano tem apresentado resultados fantásticos me traz uma enorme satisfação. Quais serão os principais desafios que enfrentará? A Ceva é uma empresa em constante inovação, que traz ao mercado constantemente novos produtos. E por se tratar de uma empresa com atuação global, terei que buscar a todo instante buscar quais as melhores soluções para os clientes em diferentes partes do mundo, com caracteristicas, necessidades e culturas próprias. Qual será o ‘link’ com a estrutura mundial e a do Brasil? O Brasil por ser uma das mais importantes aviculturas do mundo sempre recebe atenção especial da Ceva, e comigo não será diferente. Como você enxerga sua carreira daqui pra frente? Com certeza a experiência de vivenciar diferentes mercados, com suas diferentes demandas, será muito enriquecedor. Minha expectativa é de poder contribuir a cada dia para uma produção de carne saudável para a população ao redor do mundo. Qual é a situação da Doença de Gumboro mundialmente? A Doença de Gumboro ainda está muito presente em todo mundo. Com o surgimento de outras enfermidades que causaram grandes prejuizos aos plantéis como a Influenza Aviária e Salmonelose, e as vacinas atuais que foram capazes de diminuir os desafios, muitos produtores tiraram a atenção para Doença de Gumboro. Mas podemos ver que ainda de forma silenciosa, em muitos locais, a enfermidade reduz a performance das aves e,assim, a lucratividade das empresas. Neste novo cargo como você vai contribuir mais para a avicultura? Com certeza. Terei a oportunidade de atuar em diversas frentes, e principalmente na busca de novas soluções para avicultura. Você terá também a oportunidade de estar mais próximo às inovações que a Ceva tem a oferecer para a avicultura? Sim, irei trabalhar diretamente com as inovações da Ceva, não somente em produtos, mas em serviços, treinamentos contínuos das equipes da Ceva ao redor do mundo.

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os desafios do novo cargo está a expansão da linha de vacinas para Gumboro e o lançamento de produtos com tecnologias inovadoras para Frangos de Corte, Matrizes e Poedeiras.

Marco Aurélio Lopes

Gerente Corporativo de Marketing de Aves da Ceva Saúde Animal Como a empresa pretende trazê-las para o Brasil? Para os próximos anos, teremos diversas novidades a serem apresentadas ao mercado brasileiro. O mercado brasileiro, por ser bastante maduro, e exigente, é um mercado que aceita muito bem as inovações da Ceva, que são trazidas ao mercado após muitos estudos e avaliações.


Informe Técnico - Comercial

Controle da Coccidiose Aviária em frangos de corte sem o uso de drogas anticoccidianas Anualmente, bilhões de dólares são destinados para a profilaxia, controle e tratamento da coccidiose Autor: Mauro Prata, Gerente de Produtos Avicultura - Biovet

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coccidiose aviária, enfermidade parasitária caracterizada por severa enteropatia, representa uma das doenças infecciosas de maior impacto econômico para a avicultura industrial. Anualmente, bilhões de dólares são destinados para a profilaxia, controle e tratamento da coccidiose, devido às perdas por mortalidade e principalmente de produtividade, por redução na capacidade de digestão e absorção dos alimentos. A patogenia e a severidade dos sinais clínicos variam de acordo com a espécie de Eimeria que esteja acometendo o lote, o grau de virulência e quantidade de oocistos esporulados ingeridos pelas aves. À campo, infecções mistas envolvendo duas ou mais espécies de Eimerias são frequentes e, potencializam ainda mais os efeitos e sinais clínicos da doença. Diarreia, passagem de ração, presença de sangue nas fezes, desuniformidade, refugagem e aumento súbito da mortalidade, são sintomas que podem ser imputados à enfermidade. Em frangos de corte, as monitorias de coccidiose realizadas no campo através de necropsias, em sua maioria, estão voltadas para a identificação de escores de lesões macroscópicas de apenas 3 espécies (E. acervulina, E. maxima e E. tenella) das 5 que são patogênicas para as A Revista do AviSite

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Informe Técnico - Comercial

O uso repetido de moléculas de anticoccidianos por períodos prolongados e sem descanso, pode induzir a seleção de cepas de Eimerias resistentes no campo

aves de ciclo curto. Outras duas espécies (E. praecox e E. mitis) que também são relevantes, por promoverem destruição do epitélio intestinal e consequente redução na capacidade de absorção dos nutrientes, diminuição do ganho de peso e piora da conversão alimentar, acabam sendo subdiagnosticadas por não causarem lesões macroscópicas características. Devido ao grande potencial reprodutivo das Eimeiras, onde a ingestão de um único oocisto esporulado pela ave pode desencadear a eliminação e contaminação de milhares de oocistos no ambiente de criação e, a fácil disseminação destes oocistos nos aviários comercias, torna-se muito improvável manter lotes livres deste protozoário. Para o controle da coccidiose aviária em frangos de corte, medidas relacionadas ao manejo como a prevenção de ocorrência de cama úmida, medidas de higiene e desinfecção, uso

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de fármacos ou a vacinação, devem ser considerados. A limpeza e desinfecção das instalações dos galpões podem auxiliar na diluição da pressão de infecção, mas são pouco eficientes em erradicar os oocistos presentes no ambiente de criação. A reduzida eficiência dos desinfetantes sobre os oocistos, deve-se a parede dupla presente nesta estrutura, que o torna impermeável a maioria das moléculas utilizadas comercialmente. Os fármacos anticoccidianos são utilizados há muitos anos no controle da coccidiose aviária. Estes compostos, de forma geral, classificados como químicos (drogas produzidas sinteticamente) ou ionóforos (obtidos através de fermentação microbiana), podem ser utilizados de maneira isolada ou associados num programa medicamentoso. O uso repetido de moléculas de anticoccidianos por períodos prolongados e sem descanso, pode induzir a seleção de cepas de Eimerias resistentes no campo. A rotação de princípios ativos e de programas, é uma estratégia recomendada para minimizar esta ocorrência. Contudo, em muitas oportunidades as mudanças de programas acabam sendo “tardias”, quando já ocorreram aumento nos achados de lesões das Eimerias nas necropsias e o desempenho zootécnico das aves já está comprometido. A reduzida perspectiva no lançamento de novas moléculas, devido aos elevados custos de desenvolvimento e de registro, aliadas as restrições comerciais já impostas por alguns mercados no uso de antibióticos para a criação de animais de produção, limitam o controle e direcionam a avicultura de corte avaliar ferramentas tão eficientes, mas alinhadas com estas novas demandas de mercado. A vacinação, prática já consolidada para reprodutoras e poedeiras comerciais, desponta também como uma realidade no controle da coccidiose em frangos de corte. A utilização não induz resistência, promove um controle natural e o mecanismo para a geração da imunidade possibilita através das reciclagens, a disseminação e colonização do campo por

oocistos vacinais, substituindo progressivamente os oocistos patogênicos de campo, potencializando a eficiência e os resultados lote a lote. A reutilização da cama de lotes vacinados contribui para este mecanismo e auxilia na restauração da sensibilidade das Eimerias aos programas de controle medicamentosos anteriormente utilizados (químicos e/ou ionóforos). A reposta imune, de caráter totalmente celular, inicia-se logo após a aplicação da vacina, mediante a exposição controlada de oocistos esporulados vacinais. Isto garante uma resposta precoce, desde os primeiros dias de vida, que somada as reciclagens (ingestão de oocistos vacinais na cama do aviário) de campo, proporcionam um reforço na imunidade (efeito booster) e asseguram a proteção até o abate das aves. Estas infecções vacinais precoces, além de estimularem a imunidade, limitam os quadros de coccidiose subclínica que normalmente acometem as aves tratadas com anticoccidianos, em fases mais tardias onde há maior consumo de alimento. As vacinas podem ser classificadas em atenuadas e não atenuadas. As não atenuadas, consistem em cepas de Eimerias de campo que não tiveram sua patogenicidade e potencial reprodutivo reduzidos. São produtos de menor custo de fabricação, elevado potencial imunogênico, mas de reduzida margem de segurança. Para a formação da imunidade, durante as reciclagens, ocasionam intensa destruição do epitélio intestinal das aves, podendo desencadear quadros severos de reações vacinais ou de coccidiose clínica. As vacinas atenuadas consistem de parasitas de reduzida virulência que foram derivados ou por passagem em série em ovos embrionados ou por seleção repetida para completar precocemente o ciclo de vida. Tem-se uma redução no número de gerações e de oocistos produzidos durante as infecções, eliminando os riscos de reações vacinais e tratamentos subsequentes, mas o potencial imunogênico é preservado. As vacinas são compostas por oocistos esporulados de diferentes espécies de Eimerias aviárias e apresen-


Exemplo de estudo comparativo em 4 diferentes integrações brasileiras: Total: 21 milhões de aves vacinadas

*Integração 1 *Vacina: aves livres de antibióticos (sem promotores de crescimento) *Convencional: anticoccidiano + promotores de crescimento

tam-se sob a forma líquida. Devido a esta forma de apresentação, cuidados extras na cadeia de frio devem ser implementados para impedir o congelamento da vacina e, por conseguinte sua inativação. Estão indicadas para serem aplicadas via spray em dose única, no primeiro dia de vida, ainda no incubatório. Demandam um adequado gerenciamento na fábrica de ração, para evitar a contaminação cruzada das rações dos lotes vacinados com medicamentos anticoccidianos. O produto ideal para frangos de corte deve atender a importantes requisitos técnicos, que influenciam em sua eficácia e desempenho de campo, tais como: composição, atenuação, cepas antigenicamente protetoras e formulação. Composição: Preferentemente conter as 5 espécies de Eimerias patogênicas para as aves de ciclo curto (frangos de corte), em virtude de não existirem proteções cruzadas entre as espécies. Atenuação: possuir o grau de atenuação necessário para assegurar a ausência de reações vacinais e garantir um adequado equilíbrio entre proteção e o desempenho zootécnico das aves. Cepas antigenicamente protetoras: seleção de cepas compatíveis (sob medida) com os desafios de campo, uma vez que existe a possibilidade de variação interespécies, inclusive com a existência de cepas variantes. Formulação: número de oocistos adequados por dose. Estes requisitos distinguem completamente os produtos comerciais disponíveis no mercado e determinam as recomendações e viabilidade econômica de uso. Vacinas multivalentes atenuadas contendo as 5 espécies de Eimerias patogênicas para as aves de ciclo curto, podem ser utilizadas de maneira contínua eliminando a necessidade de praticar a rotação com medicamentos anticoccidianos. Substituem por completo os tratamentos de campo e os programas de anticoccidianos na fábrica de ração, incluindo os ionóforos. Estão recomendas inclusive para locais de alto desafio e de dificuldade de controle da coccidiose. A avaliação da viabilidade econômica destas vacinas, deverá abranger parâmetros de observações de campo (controle da coccidiose, qualidade de fezes, ausência de reações vacinas e tratamentos terapêuticos), custo direto de cada programa (vacina x anticoccidianos) e sobretudo os comparativos de desempenho zootécnico entre lotes vacinados e lotes tratados com anticoccidianos. Os parâmetros de observações de campo, embora sejam um pouco mais subjetivos, são em boa parte os mesmos utilizados para os agentes anticoccidianos. O custo da implantação do programa vacinal não deverá ser um limitante para o mercado, uma vez que os valores são compatíveis. O desempenho zootécnico dos lotes vacinados poderá ser comparado ao dos lotes convencionais (tratados com anticoccidianos) em condições similares de campo ou poderão ser utilizados dados históricos de desempenho da empresa em períodos anteriores aos da vacinação. A Revista do AviSite

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Análise

Avicultura de corte: retrospectiva de 2017 e primeiros passos para 2018 Espera-se que em 2018 o escoamento da produção para o mercado externo possa ser fomentado Autores: Sergio De Zen, Engenheiro Agrônomo pela Esalq/USP; mestre e doutor em Economia Aplicada pela Esalq/USP, Marcos Debatin Iguma, Engenheiro Agrônomo pela Esalq/USP, Maristela de Mello Martins, Economista pela Esalq/USP e mestranda em Economia Aplicada pela Esalq/USP, Regina Mazzini Rodrigues Bischalchin, Administradora pela EEP e mestra em Administração pela Unimep, Luiz Gustavo Susumu Tutui, Graduando em Ciências Econômicas pela Esalq/USP

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cadeia avícola nacional vivenciou um período de alento nos custos de produção em 2017, ano em que os preços dos grãos no País recuaram, após difícil fase para todo o setor em 2016. Segundo o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, a média de preço da saca de 60 quilos do milho, por exemplo, em Campinas (São Paulo), foi de R$ 29,91 em 2017, valor 32% menor que em 2016, que foi de R$ 44,05/sc. Tal cenário sustentou a recomposição de caixa do avicultor mesmo com os menores patamares de preços da carne de frango predominantes em 2017. No ano passado, conforme dados do Cepea, o frango resfriado foi comercializado a R$ 3,63/kg, em média, na Grande São Paulo, 12% menor (em termos nominais) que o de 2016, quando o preço médio foi de R$ 4,12/kg. As menores cotações domésticas da carne de frango foram reforçadas pelo recuo das vendas ao exterior, de 2,3% entre 2016 e 2017, segundo a

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Secex. Essa redução pode, em partes, ser explicada pelas compras da China e da Arábia Saudita, que, em 2017, diminuíram as importações em 19,2% e 21%, respectivamente. Por outro lado, no mesmo período, a África do Sul expandiu em 56% as importações do produto nacional, tornando-se o quarto maior comprador. Os preços de exportação também recuaram, o que, junto ao menor volume embarcado, impactou negativamente a receita do setor exportador. Na média de 2017, a carne de frango foi vendida ao mercado internacional por R$ 5,37/kg, queda de 1,6% frente a 2016, quando a média era de R$ 5,45/kg. Espera-se que em 2018 o escoamento da produção para o mercado externo possa ser fomentado pela maior demanda chinesa. Esse país deve comprar 7% mais carne de frango brasileira neste ano, segundo estimativas do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). Adicionalmente, o Brasil pode se beneficiar de forma indireta pelo impacto da Influenza Aviária em im-


ABPA responde Por Francisco Turra, Presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal Quais são os ‘gargalos’ que o Brasil vai enfrentar em 2018 no setor avícola? Superar burocracias internas, fortalecer a imagem internacional, garantir custos de produção competitivos, melhorar capacidade competitiva no mercado internacional O que podemos encarar como um sinal, verde, um sinal amarelo e um sinal vermelho para o ano de 2018? A retomada econômica do Brasil – também favorecido pelas boas expectativas de crescimento mundial - e seu potencial efeito no consumo interno de produtos avícolas são nosso sinal verde. Temos boas expectativas quanto à elevação do consumo per capita de carne de frango no Brasil, retomando níveis que superem 45 kg/per capita/ano. Os preços dos insumos são nosso “sinal amarelo”. Não fosse o estoque de passagem, poderíamos vivenciar um cenário de elevações acentuadas nos custos de produção. Como forma de prevenir impactos deste cenário, o setor produtivo está trabalhando para reduzir custos na importação dos insumos, especialmente do Paraguai e da Argentina. O protecionismo de alguns mercados pode ser considerado “sinal vermelho”. As barreiras impostas pela Nigéria e as tarifas proibitivas para as vendas à Índia são exemplos desta problemática que perdura. Há, claro, avanços neste sentido, como o painel vencido em 2017 pelo Brasil na OMC contra a Indonésia, diante das injustificadas medidas protecionistas adotadas pelo país. O que pode ser promissor para a avicultura em 2018? Além da retomada econômica interna, as vendas de carne de frango para os países asiáticos podem ser promissoras este ano. Na Ásia estão, também, os possíveis novos importadores do produto avícola brasileiro: Taiwan e Camboja. Também há boas expectativas quanto ao crescimento das vendas para o mercado chinês.

portantes players da avicultura, uma vez que os países importadores podem redirecionar suas compras para outros ofertantes. O consumo doméstico também deve aumentar. Segundo estudo do Cepea, em um cenário moderado de recuperação da economia brasileira de 1,5% a.a. (segundo estimativas do Bacen de 20 de fevereiro), o consumo de carne de frango no Brasil teria aumento de 1,43% em comparação ao observado em 2017. Nesse contexto, a capacidade de geração de excedentes exportáveis (quantidade de carne de frango disponível para a exportação) aumentaria em 7,2% . Caso o crescimento econômico seja maior (2,8% a.a.), o aumento estimado para o consumo é de 1,6%, enquanto para os excedentes é de 6,8% . O estudo ainda indica que a produção brasileira de carne de frango pode expandir em 3,3% em 2018, com base em dados históricos. Já os primeiros meses do ano foram marcados pela baixa no preço do frango, reflexo da fraca procura. Em janeiro, o produto foi cotado a R$ 3,43/kg na Grande São Paulo, redução de 5% em relação ao preço de dezembro de 2017. Na média parcial de fevereiro (até o dia 21), o frango teve média de R$ 3,24/kg. Apesar disso, neste mês, alguns cortes da carne de frango – utilizados principalmente na preparação de churrasco – se valorizaram. Com todas as dificuldades, o Brasil se mantém com ótimos resultados de produção, exportação e status sanitário, permitindo melhores perspectivas a produtores, distribuidores, fornecedores de insumos e processadores, aliando as novas experiências de gestão ao know how dos agentes envolvidos na atividade. No entanto, o fato de 2018 ser ano eleitoral pode implicar algumas incertezas ao mercado. Nesse contexto, a rentabilidade do setor exportador pode ser afetada pelas oscilações da taxa de câmbio durante o período. Adicionalmente, o resultado das eleições pode condicionar as expectativas dos agentes para a realização de novos investimentos. A Revista do AviSite

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Análise

Mercado avícola e a importância da gestão de pessoas A avicultura requer que as empresas avícolas tenham pessoas cada vez mais capacitadas, comprometidas e focadas em resultados. Autor: Antônio Mário Penz Junior, Diretor Global de Contas Estratégicas da Cargill Nutrição Animal

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avicultura brasileira está em franco desenvolvimento. Nos últimos anos, o desenvolvimento tecnológico contribuiu para o crescimento da produção, tornando o setor avícola um dos mais importantes do agronegócio brasileiro. Como maior exportador mundial de carne de frangos, atualmente o Brasil comercializa aproximadamente 35% da sua produção para mais de 150 países. Este cenário favorável, torna o produtor brasileiro competitivo no mercado externo e, tudo indica, esta condição deverá se manter pelos próximos anos.

Porém, esta condição requer que as empresas avícolas tenham pessoas cada vez mais capacitadas, comprometidas e focadas em resultados, para que possam atender a demanda crescente do mercado interno e internacional. Só sobreviverá a concorrência quem conseguir revelar seus talentos e competências e empregar ferramentas tecnológicas estratégicas. O paradoxo é que ao mesmo tempo que a agroindústria cresce, é possível constatar que a população rural vem diminuindo. Isto deve ser considerado como um limitante importante, pois a redução de mão de obra aliada ao avanço de novas tecnologias, exigem pesso-

as cada vez mais bem capacitadas. A formação desses profissionais deve começar desde sua vida pré-profissional, ou seja, nas instituições de ensino. O crescimento abrupto das instituições de ensino superior, apesar de positivo, do ponto de vista da disseminação da oportunidade profissional, hoje pode ser visto como um risco para a banalização do conhecimento acadêmico. Há muitas instituições sem controle sobre a qualidade do ensino, estudantes com dificuldades de planejar o aprendizado, falta de foco no conhecimento e a criação de ambientes muito teóricos e cenários ideais, sem ter a capacidade de interpretar a realidade prática.

Antônio Mário Penz

“A redução de mão de obra aliada ao avanço de novas tecnologias, exigem pessoas cada vez mais bem capacitadas”

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Análise

O paradoxo é que ao mesmo tempo que a agroindústria cresce, é possível constatar que a população rural vem diminuindo. Isto deve ser considerado como um limitante importante 42

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Isso resulta numa gama de estudantes que estão saindo das universidades despreparados para o mercado de trabalho. Mas, de quem é a responsabilidade sobre a formação desses profissionais? A preparação de um profissional não está restrita à sua formação acadêmica. Portanto, todos os setores têm sua parcela de contribuição nesse processo. É preciso um trabalho conjunto do estudante, das instituições de ensino e das empresas. As instituições de ensino têm a responsabilidade de formar um quadro de professores em dedicação exclusiva, com infraestrutura necessária para um bom ensino e aprendizado na área (laboratórios, campos experimentais, animais, etc). Também, deve haver uma maior dedicação e interação das instituições com a sociedade, em busca de estágios, treinamentos e apoio à criação de empresas júniores. As empresas, por sua vez, devem oportunizar suas estruturas, em parceria com as universidades, para uma melhor formação destes jovens. Também devem participar das discussões, devem conceder oportunidades de treinamentos, na forma de estágios curriculares, de programas de trainees, entre outros. Da parte dos estudantes, quais são suas responsabilidades? Buscar orientação profissional, ajudando na descoberta de suas aptidões reais. Também não devem esquecer da necessidade de aprender uma segunda língua (principalmente inglês), já que todos vivemos em um mundo cada vez mais globalizado. Ter conhecimento de um segundo idioma deixa de ser um diferencial e passa a ser um componente indispensável para o profissional. Neste cenário há também o desafio das empresas em atrair os talentos profissionais. Por parte delas, é fundamental apresentar informações sobre seus valores e suas crenças, quanto a valorização e o reconhecimento das pessoas; sobre seus critérios de sustentabilidade social, econômica e ambiental; sobre a excelência e a qualidade de seus produtos e serviços; sobre suas propostas de inovação e de criatividade e, especialmente, sobre sua credibilidade e solidez no mercado.

Os profissionais buscam companhias que promovem desenvolvimento profissional, que permitem que tenham adequada qualidade de vida, em um ambiente de trabalho agradável, que possibilitam carreira internacional, que possuam salários e benefícios diferenciados do mercado, que tenham desafios constantes e possibilidades de inovar, além de proporcionar um ambiente onde as pessoas fazem o que gostam e tornam-se realizadas. Uma vez atraídos pelas empresas, estes profissionais esperam ter um plano de desenvolvimento para que se sintam sempre motivados. Esse processo nada mais é do que se tornar interessante na visão de quem trabalha na empresa, fazendo com que seus funcionários tenham prazer no que fazem, delegando atividades condizentes às suas capacidades e oferecendo suporte necessário por parte dos gestores. Neste processo de desenvolvimento dos funcionários, são pontos importantes de sucesso: desenvolver bons líderes, estipular uma sucessão de carreira na qual todos conhecem as regras e oportunidades e estabelecer um ambiente de confiança. Promover job rotation, também é uma importante ferramenta para gerar e agregar novas iniciativas e conhecimento. Como resultado, é possível perceber que as pessoas estão se desenvolvendo quando aliam seus valores às suas atividades. Entendem os motivos das tarefas que realizam e, principalmente, recebem maiores responsabilidades com entregas consistentes, tendo continuo suporte do gestor. O problema é que as organizações muitas vezes não percebem a frustação de seus profissionais porque elas não fazem perguntas, não sabem ouvi-los, e/ou não querem saber como cada um está se sentindo, no dia-a-dia de seu trabalho. Como consequência disto, normalmente são os profissionais de mais alto desempenho que terminam deixando as empresas. Desta forma, as empresas têm que estar sempre atentas aos fatores que estimulam o engajamento de seus funcionários, tornando-os factíveis. As questões referentes a liderança são as que mais estão relacionadas aos


altos índices de efetividade dos funcionários. Por isto, as companhias precisar entender a importância de ter bons líderes, que possuam conhecimento técnico, que falem a língua dos jovens profissionais, que estejam próximos de suas equipes e que tenham paixão pelo que fazem. Estas características de um bom líder é que faz com que talentos sejam retidos, não pensando em trocar de empresa. Os líderes devem conhecer muito bem os profissionais de sua equipe, entendendo quais são suas necessidades e motivações. Constantemente, também devem mostrar que sempre há um degrau a mais a ser alcançado. Nunca pode ser esquecido que todos queremos ser um talento reconhecido, que queremos ser valorizados pela empresa a qual nos dedicamos e que queremos compartilhar deste sucesso. Serem ouvidos, faz parte do segredo da satisfação dos profissionais

No mercado avícola, por exemplo, tecnologias estão chegando para contribuir com o desenvolvimento das atividades das granjas aos frigoríficos. Isto está ocorrendo nos sistemas de controle de produção, nas formulações das dietas e na robotização dos processos. Entretanto, as empresas precisam entender que todos estes avanços não substituem um trabalho profissional de excelência. Para se ter uma ideia, aproximadamente 58% da variabilidade de resultado no peso corporal dos frangos em uma granja depende do técnico, orientando os produtores no manejo do ambiente e dos animais. Assim, mesmo com sistemas avançados, a mão de obra qualificada continuará sendo fundamental. Mas, não podemos ignorar que o futuro ainda propõe alguns desafios. A tendência é que o mercado fique cada vez mais competitivo, exigindo mudanças mais rápidas e dinâmicas, Muitas vezes, para atender esta velocidade

no desenvolvimento do negócio, as empresas terminam dando oportunidades para pessoas imediatistas e sem resiliência. Isto é um erro! Ao contrário, as empresas deverão romper certos paradigmas, permitindo adaptações que permitam a retenção de técnicos diferenciados, para gerenciar seus negócios, com visão de longo prazo, que sejam resilientes e entendam a importância de trabalhar em equipe. Elas precisarão evoluir para um modelo de gestão organizacional mais participativo, flexível, descentralizado e preocupado em desenvolver e manter seus talentos, levando em consideração a capacitação dos recém-formados, até seus líderes. É preciso ter em mente como treinar as próximas gerações de profissionais. Será preciso preparar os jovens desde a vida pré-profissional (acadêmica), considerando a realidade de cada organização, suas necessidades, e seu jeito de se preparar e, mais que tudo, fazer isso acontecer.

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Informativo Técnico-Comercial

Enterite Necrótica em evidência

A enfermidade já foi relatada em muitas espécies de aves mas acomete comumente frangos de corte entre 2-6 semanas de idade, sendo causada pela infecção e produção de toxinas, tipicamente por Clostridium perfringens Autora: Jéssica Nacarato Reple Médica Veterinária e Consultora Técnica Elanco Saúde Animal

em expansão, protegendo ao mesmo tempo os recursos naturais do planeta. A possibilidade de transferência de genes de resistência à determinados antibióticos entre animais e humanos, comprometendo a eficácia dessas moléculas no tratamento de doenças bacterianas hospitalares graves, fundamenta as restrições impostas ao uso de antibióticos pro-

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rezar pelo bem-estar das aves e a segurança do consumidor são cruciais para obter alta produtividade e, concomitantemente, a qualidade dos alimentos de origem animal. O conceito de Saúde Única (“One Health”) envolve esforços locais, nacionais e globais visando à saúde ideal de pessoas, animais e do meio ambiente¹. Animais saudáveis e produtivos devem atender às necessidades nutricionais de uma população

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motores de crescimento pela indústria avícola em diversas regiões do mundo, como na Europa e, mais recentemente, nos Estados Unidos. A retirada dos antibióticos como aditivos alimentares tem sido acompanhada pelo aumento da incidência de enterite necrótica, uma severa doença causada por Clostridium perfringens 3,12 . Em estudo de campo realizado com 1,55 milhões de fran-


gos de corte, 27% dos lotes criados sem antibiótico apresentaram surtos de Enterite Necrótica e 49% apresentaram casos de Enterite Necrótica subclínica; enquanto nenhum lote convencional manifestou a doença4. Dr. Hofacre afirma que em produções chamadas de NAE (“no antibiotic ever”) a prevalência de enterite necrótica em frangos de corte pode atingir de 30 a 50% no inverno, época de maior desafio entérico para as aves nos Estados Unidos 5. Estes indícios inferem o papel dos antibióticos na manutenção da sanidade das aves e, consequentemente, na produtividade. Os impactos da enterite necrótica não se resumem à baixa eficiência alimentar, aumento da mortalidade e condenações do frigorífico; mas também incluem gastos com medicamentos para prevenção e tratamento da doença. A doença subclínica é ainda mais comum que os surtos clínicos, reduzindo o ganho de peso e a eficiência alimentar10,11,12 . A enfermidade já foi relatada em muitas espécies de aves mas acomete comumente frangos de corte entre 2-6 semanas de idade, sendo causada pela infecção e produção de toxinas, tipicamente por Clostridium perfringens tipo A 9. O Clostridium perfringens é uma bactéria em formato de bastonete, gram-positiva, anaeróbica; encontrado no trato gastrointestinal de aves saudáveis e isolado de ambientes contaminados. A bactéria se multiplica rapidamente, forma esporos para a sobrevivência em condições extremas e utiliza o muco como fonte de energia 3 . A forma subclínica é de difícil diagnóstico, representada por queda no desempenho zootécnico; enquanto a forma clínica é caracterizada por alta mortalidade de 10 % a 40 % e necrose da mucosa intestinal7,9. As lesões intestinais podem ser observadas como paredes intestinais finas e friáveis; necrose focal e ulceração; áreas de necrose coalescentes multifocais; até uma necrose extensa e severa da mucosa intesti-

nal2. As aves ficam deprimidas, desidratadas, apresentam diarreia, penas arrepiadas e redução no consumo de alimento 9. Ademais, a bactéria e as toxinas podem ser transportadas através da mucosa intestinal lesionada para o fígado. A inflamação da árvore biliar (colangiohepatite) é o tipo de lesão mais comum. Outro tipo de lesão hepática associada a infecção por Clostridium perfringens é a hepatite multifocal, caracterizada histologicamente por necrose fibrinóide, acompanhada ou não de resposta inflamatória 6 . Somente a presença de Clostridium perfringens no trato gastrointestinal da ave não é suficiente para ocasionar lesão, já que esta bactéria é parte integrante do microbioma de aves saudáveis. Para a expressão da enterite necrótica é necessário a presença de Clostridium perfringens com fatores de virulência específicos, capazes de causar lesão; além de um ambiente intestinal favorável para a bactéria se instalar e multiplicar3 . Os fatores de risco incluem: componentes nutricionais, tais coA Revista do AviSite

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Informativo Técnico-Comercial

mo dietas ricas em proteína de origem animal (farinha de peixe, farinha de carne) e dietas baseadas em trigo ou cevada; condições de estresse e imunossupressão, como as doenças virais imunossupressivas, micotoxinas, alta densidade e cama úmida; lesões por coccidiose; dentre outros 3,8 . É sugestivo que as vacinas de coccidiose, por ocasionarem danos intestinais, também criam um ambiente oportuno para a proliferação de C. perfringens 3 . Assim, apesar da complexidade de desencadeadores, a enterite necrótica pode ser controlada reduzindo a exposição aos fatores de risco. Notoriamente os estágios intracelulares das Eimerias induzem o vazamento de proteínas plasmáticas, além de aumentar substancialmente a produção de muco, criando um ambiente favorável para o Clostridium perfringens (Cp). A maior disponibilidade de nutrientes e condição anaeróbica criada oportunizam a proliferação da bactéria. As cepas patogênicas de Cp produzem toxinas, fatores de virulência e bacteriocinas, estas capazes de inibir o crescimento de outras cepas e usufruir ao máximo dos recursos disponíveis11. As etapas iniciais da doença envolvem a ação de enzimas proteolíticas (colagenases), que resulta na destruição dos enterócitos. Demonstrou-se que a alfa toxina, por longo tempo apontada como principal fator de virulência, não é essencial para o desenvolvimento da doença. Já a toxina NetB é crítica na patogênese da enterite necrótica, desencadeando a morte celular atra-

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vés da formação de poros nos enterócitos. Devido aos danos intestinais já impostos, o Cp liga-se à matriz extracelular, agora exposta, para colonizar efetivamente o intestino, provocar lesões mais severas e acessar a circulação11. Certamente a clostridiose é uma ameaça séria e constante para a saúde e bem-estar dos lotes de aves. As novas tendências globais, como as restrições de uso de antibióticos promotores de crescimento, trazem à tona a maior relevância de algumas doenças, como a enterite necrótica. Neste contexto, é de suma importância analisar de forma crítica as consequências dessas mudanças, que podem impactar a produtividade, sanidade dos animais e o consumidor.

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performances, gut health, Clostridium perfringens and Campylobacter jejuni occurrences at the farm level. Poultry Science 00 :1–11. 5. Hofacre C. 2017. An Optimist’s View on How We Will Maintain Broiler Gut Health and Performance in Today’s NAE, Food Safety and FDA Regulatory Climate. 2017 International Poultry Scientific Forum. Atlanta, Georgia. 6. Kaldhusdal, M. 2002. “Clostridial Necrotic Enteritis and Cholangiohepatitis”. The Elanco Global Enteritis Symposium July 9-11. 7. Opengart, K. 2003. “Necrotic Enteritis.” Disease of Poultry, 11th ed, 872-879. 8. Rood, J.I.; Keyburn, A.L. & Moore, R.J. 2016. NetB and necrotic enteritis: the hole movable story, Avian Pathology, 45:3, 295-301. 9. Shojadoost et al. 2012. The successful experimental induction of necrotic enteritis in chickens by Clostridium perfringens a critical review. Veterinary Research, 43:74 10. Skinner, JT; Bauer, S; Young, V; Pauling, G; Wilson, J. 2010. An economic analysis of the impact of subclinical (mild) necrotic enteritis in broiler chickens. Avian Dis. Dec 54(4):1237-40. 11. Timbermont L., Haesebrouck, F. et al. Aug. 2011. “Necrotic enteritis in broilers: An updated review on the pathogenesis.” Avian Pathol. 40.4: 341-347. 12. Van Immerseel, F., Rood, J. et al. Jan. 2009. “Rethinking our understanding of the pathogenesis of necrotic enteritis in chickens.” Trends Microbiol. 17.1: 32-36.


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AviGuia

Conforto e bem-estar no transporte

Cobb-Vantress formaliza parceria com Smithway e Facchini para operar com novos baús

As aves necessitam de conforto térmico, especialmente em seus primeiros dias de vida, e isso é fundamental para seu desenvolvimento no campo

A Cobb-Vantress deu início à operação com o primeiro caminhão com baú Smithway Facchini, para transporte de carga viva. O baú é resultado de um projeto exclusivo desenvolvido pela multinacional em parceria com a joint-venture formada pelas empresas Smithway, referência mundial em baús para transporte de animais, e a Facchini. O novo baú é equipado com ar condicionado de 100 mil BTUs, ventiladores, exaustores e geradores que garantem a energia necessária para a refrigeração e aquecimento, e não possui corredores, como as unidades tradicionais, sendo todo desenhado para acomodar a maior quantidade de aves possível.“As aves necessitam de conforto térmico, especialmente em seus primeiros dias de vida, e isso é fundamental para seu desenvolvimento no campo. As viagens com carga viva que utilizam os baús tradicionais dependem muito do clima externo ao baú, já que funcionam apenas com umidicação, exaustão

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e ventilação. Por isso, precisávamos de um baú que funcionasse com climatização independente, de forma a garantir o conforto das aves”, explica Lucas Lima, gerente de Logística da Cobb. Outro diferencial do baú é a inclusão de dois geradores movidos a combustível, que permitem a refrigeração de forma independente, mesmo quando o caminhão estiver desligado. Na avaliação do gerente, este foi um fator solicitado pela Cobb aos desenvolvedores do projeto por ser fundamental para momentos de parada de descanso do motorista ou mesmo quando é necessária a espera do caminhão antes do embarque de cargas em aeroportos. Os geradores funcionam isoladamente, sendo que um deles é acionado apenas em caso de parada do gerador principal, em caso de pane. O controle da qualidade do ar interno no baú também é maior com a tecnologia de climatização. Isso porque há pouca troca de ar, diminuindo a chance

de circulação de microorganismos nocivos no interior do baú. A Cobb recebeu a primeira unidade do baú em novembro e já realiza entregas de matrizes para todo Brasil. “Estamos muito satisfeitos com os resultados do novo baú. Já efetuamos o pedido de mais seis unidades, que deverão ser entegues até março”, explica Lima. Focado inicialmente no transporte de pintinhos de um dia, o baú Smithway Facchini tem capacidade para carregar até 60 mil aves, o dobro dos baús tradicionais. A unidade também pode transportar ovos, devido ao conforto térmico que é capaz de oferecer à carga. “Estamos trabalhando com zero de mortalidade no transporte de pintos, dada a condição de conforto e temperatura, no interior dos baús. Em outras palavras, a ave chega ao cliente com a mesma qualidade com que saiu do incubatório, após seu nascimento”, finaliza o gerente. Veja mais www.cobb-vantress.com.


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AviGuia

Aquisição I

Aquisição II

A Vaxxinova é uma empresa de saúde animal com operações globalmente estabelecidas, especializada na prevenção de doenças em animais de produção. A Vaxxinova, uma empresa pertencente ao EW Group, adquiriu o Laboratório Biovet, uma empresa brasileira que há 60 anos se dedica à saúde animal. O Biovet foi fundado em 1957 pelo médico veterinário Dr. René Corrêa, e permaneceu uma empresa familiar desde então. A empresa tem grande penetração no mercado brasileiro de saúde animal, além de exportar para mais de 10 países. Possui um amplo portfólio com marcas líderes em seus segmentos, como: Bio-Coccivet R® (vacina contra Coccidiose Aviária); Resguard Multi® (vacina associada contra clostridioses) e Vermivet® (vermífugo de amplo espectro para cães e gatos). Comentando a aquisição, Hugo Scanavini Neto, CEO do Laboratório Biovet, disse: “O Biovet e a Vaxxinova dividem os mesmos princípios e valores, tendo as pessoas e os clientes no foco da operação. Nós também compartilhamos a mesma paixão pela ciência em saúde animal. Essa transação garante ao Biovet acesso a uma rede internacional e fortalece ainda mais a atual estratégia, com significativos resultados em inovação e crescimento. Representa também a consolidação do processo de profissionalização da empresa, iniciado há 7 anos, e que agora passa a contar com o apoio de uma plataforma global”. Victor van Solinge, CEO da Vaxxinova International acrescentou: “O Grupo Vaxxinova está feliz em dar boas-vindas ao Biovet. O Biovet possui uma reputação de longa data no mercado brasileiro de saúde animal com uma ótima equipe de gestão e um excelente portfólio de produtos. Essa nova combinação irá nos permitir crescer ainda mais rápido e oferecer um portfólio de produtos e serviços mais amplo para nossos clientes. Assim, nós vemos um excelente alinhamento entre as empresas uma vez que temos culturas similares, forças complementares e o mesmo comprometimento de longo prazo com a indústria”. Saiba mais em www.biovet.com.br.

A empresa Adisseo Bluestar ("Adisseo") anunciou a aquisição da Nutriad. Esta transação faz parte da estratégia da Adisseo para se tornar um dos líderes mundiais de aditivos de especialidades para alimentação animal. A Nutriad é uma empresa multinacional sediada em Dendermonde, na Bélgica. Opera 4 laboratórios e 5 fábricas localizadas na Bélgica, Espanha, Reino Unido, China e EUA. A empresa tem faturamento bruto de aproximadamente US$ 100 milhões por ano. A Nutriad fabrica aditivos para nutrição animal há mais de 50 anos, além de possuir uma sólida gama de produtos para palatabilidade, gerenciamento de micotoxinas e desempenho digestivo. Desenvolve seu trabalho com aves, suínos, ruminantes e também aquicultura. A Adisseo está convencida de que uma combinação entre a Nutriad e a Adisseo representa uma oportunidade muito atraente para ambas as empresas construírem uma forte franquia mundial, aproveitando pontos fortes complementares. A gama de produtos da Nutriad, as espécies com as quais ela trabalha e os mercados-alvo são muito complementares para Adisseo e permitirão que os negócios combinados implementem soluções integradas e ofereçam ainda mais valor aos clientes. Comentando a aquisição, Jean-Marc Dublanc, CEO da Adisseo, disse: "Hoje damos outro grande passo adiante na nossa estratégia e estamos entusiasmados em receber a equipe Nutriad, que agora se une à família Adisseo. Estamos ansiosos para receber o novo time com seu grande conhecimento e experiência”. Erik Visser, CEO da Nutriad, acrescentou: "Estamos entusiasmados em fazer parte do Adisseo porque ambas as empresas são conduzidas pela mesma ambição e ao combinar nossos pontos fortes podemos acelerar em conjunto o sucesso dos nossos clientes". Veja mais informações em www.adisseo.com e www.nutriad.com.

Vaxxinova, da Holanda, adquire o Laboratório Biovet

Adisseo Bluestar anuncia a aquisição da Nutriad

Nova joint venture

DSM e Evonik estabelecem a joint venture Veramaris A DSM e a Evonik estabeleceram uma nova empresa, a Veramaris V.O.F., para a produção de ácidos graxos ômega 3 EPA e DHA a partir de algas marinhas naturais para a nutrição animal. A joint venture 50:50 está sediada no DSM Biotech Campus em Delft (Países Baixos). A inovação revolucionária da Veramaris – um óleo de algas – irá, pela primeira vez, permitir a produção de ácidos graxos ômega 3 EPA e DHA para a nutrição animal,

50

A Revista do AviSite

sem a utilização de óleo de peixes capturados na natureza, um recurso finito. A construção da unidade de produção de US$200 milhões na Evonik em Blair, Nebraska (EUA) já começou, e está avançando de acordo com o planejado. Quantidades comerciais do óleo de algas rico nos essenciais ácidos graxos ômega 3 EPA e DHA estarão prontas para a venda em 2019.


A Revista do AviSite

51


AviGuia

Canal de comunicação

BV Science apresenta seu web site A empresa global, BV Science, criada a partir da fusão das empresas Dr.Bata e Vetanco, focada na melhoria da produtividade e rentabilidade da produção animal, com produtos inovadores e biológicos, visando sempre o melhor custo-benefício na produção de em alimentos, apresenta seu website. Desenhado para uma navegação cognitiva e com visual limpo, o web site da BV Science foi pensado especialmente para divulgar seus artigos técnicos e também apresentar seus produtos ao mercado. O projeto web foi desenvolvido pela empresa Yogh, especialista em WordPress, e têm destaques que permitem a divulgação de produtos e a melhor experiência de navegação para o usuário de forma satisfatória e intuitiva. Para este projeto, foram usados diferentes recursos para alcançar o público-alvo com eficiência, transmitindo as informações mais relevantes em relação a empresa. Entre os destaques está a função multilíngue. A função permite a configuração de diferentes idiomas habilitando que o usuário escolha em qual versão deseja navegar. Para a BV Science foram configurados 3 idiomas - os principais relacionados as regiões de atuação - inglês, português e espanhol. Todo

o conteúdo do site pode ser lido em três idiomas diferentes. Outro destaque é responsividade, ou seja, pode ser acessado em qualquer tipo de dispositivo móvel com a visualização ajustada e otimizada do conteúdo em smartphones e tablets, por exemplo. O site também conta com páginas específicas para cada produto que a BV Science desenvolve. Com isto, é possível verificar as indicações de uso e todas as características técnicas de cada produto. Além disso, dentro do site existem dois espaços específicos para desenvolvimento de conteúdo. O primeiro é o blog para divulgação de notícias da empresa que conta com todos os recursos do WordPress e também, uma área específica para inclusão de artigos técnicos. Como o foco é desenvolvimento de conteúdo, todo o ambiente é bastante intuitivo para o leitor e conta com categorias, barra de busca e compartilhamento em redes sociais. E por fim, destaca-se a página de contato e página de distribuição. Uma parte importante para qualquer site institucional. Nelas é possível encontrar informações específicas de contato e localização das unidades da empresa. Acesse o site: www.bvscience.com.

Quarto trimestre de 2017

Lucro líquido da Zoetis registra alta de 13% A Zoetis cresceu 13% no quarto trimestre de 2017 na área de animais de produção (bovinos, aves e suínos), o que gerou uma receita de US$ 891 milhões. Considerando os produtos para animais de companhia, a receita chegou a US$ 561 milhões nos últimos três meses do ano, com alta de 18%. Na divisão de contratos de produção, o resultado ficou em US$ 8 milhões, com queda de 20%. Nível global corporativo: a Zoetis teve um lucro líquido de US$ 81 milhões no quarto trimestre de 2017, queda de 47% na comparação com os US$ 154 milhões reportados no mesmo intervalo do ano anterior. No ano, o lucro ficou em US$ 864 milhões, com crescimento de 5% ante 2016. As vendas da Zoetis aumentaram 14% na comparação entre os trimestres e somaram US$ 1,46 bilhão. No ano todo, chegaram a US$ 5,31 bilhões, com alta de 9%. "Em 2017, a Zoetis tornou-se a primeira empresa de saúde animal a entregar mais de US $ 5 bilhões em receita. Continuamos a demonstrar a força do nosso modelo de negócios e as oportunidades de crescimento que estão exclusivamente disponíveis em saúde animal", disse o CEO da Zoetis, Juan Alaix, em comunicado. Saiba mais em www.zoetis.com.br.

52

A Revista do AviSite


XVI CONGRESSO APA Centro de convenções Ribeirão Preto 20 a 22 de março de 2018

Informações: www.congressodeovos.com.br Telefones: (11) 3832.1422 - APA e (19) 3243.6555 - FACTA E-mails: congresso@apa.com.br atendimento@apa.com.br facta@facta.org.br

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53


Estatísticas e Preços

Produção e mercado em resumo Milho em alta contínua pressiona custo do frango vivo

Produção de pintos de corte Janeiro a Dezembro 6.211,988 Milhões | -3,69%

Produção de carne de frango Janeiro a Dezembro 13.156,035 Mil toneladas | -2,72%

Exportação de carne de frango Janeiro a Dezembro 4.234,139 mil toneladas | -1,73%

Disponibilidade interna Janeiro a Dezembro 8.921,897 Mil toneladas | -3,18%

Farelo de Soja Fevereiro/2018 R$1.146,00 | +14,37%

Milho Fevereiro/2018 R$36,86 | -1,63%

Desempenho do frango vivo Fevereiro/2018 R$2,48 | -6,02%

Desempenho do ovo Fevereiro/2018 R$71,35 | -15,54%

54 A Revista do AviSite

N

o cenário internacional, as exportações de carne de frango dos EUA em 2017 atingiram cerca de 3,075 milhões de toneladas (não inclusas patas de frango) e representaram aumento de 2% sobre o ano anterior. Foi o maior volume do triênio, mas permanece bem aquém do embarcado no quadriênio 2011/2014. Os cinco maiores importadores do produto americano foram, pela ordem, México, Cuba, Angola, Taiwan e Canadá. Juntos responderam por quase 42% dos embarques. O receio atual dos exportadores de carne de frango é que o Presidente americano venha a extinguir o Acordo de Livre Comércio da América do Norte (NAFTA) que tem como integrante os EUA, México e Canadá. Isso pode ser prejudicial aos embarques já que esses dois países em conjunto absorvem um quarto das exportações americanas.

N

o cenário nacional, embora as projeções feitas pela CONAB indiquem a possibilidade de se atingir em 2018 um estoque final ainda maior que o verificado no ano passado, o preço do milho continua aumentando desde setembro de 2017. Com isso, o custo do frango atingiu em dezembro o maior valor em quatro meses. De toda forma, permanece inferior na comparação com o mesmo período anterior. Entretanto, pela contínua evolução de preços do milho e farelo de soja, deverá continuar aumentando nos próximos meses. Por outro lado, o preço do frango vivo no decorrer de 2017 apresentou retração anual de 10,6%, um desempenho parcialmente justificável pela queda no custo de produção em relação a 2016, mas profundamente afetado pelos desdobramentos da Operação Carne Fraca. Em decorrência, registrou o menor valor dos últimos três anos. Fato a destacar é que em 55% dos 365 dias do ano passado a cotação permaneceu estável em R$2,50. O mercado de ovos comerciais se não teve um desempenho brilhante no decorrer do ano, pelo menos obteve índice anual positivo de 3,1%. O desempenho sofrível ocorreu nas exportações do produto que sofreram retração anual de quase 57,6%. Ao contrário dos embarques de ovos férteis para produção de pintos de corte que aumentaram 25%.


Produção de pintos de corte

Em 2017, o terceiro menor volume da década

O

EVOLUÇÃO MENSAL MILHÕES DE CABEÇAS

MÊS

2016

2017

VAR. %

Janeiro

560,408

535,647

-4,42%

Fevereiro

538,403

494,423

-8,17%

Março

561,478

517,196

-7,89%

Abril

540,962

508,875

-5,93%

Maio

542,145

522,835

-3,56%

Junho

551,131

526,325

-4,50%

Julho

514,831

515,254

0,08%

Agosto

546,836

531,982

-2,72%

Setembro

497,702

497,107

-0,12%

Outubro

510,632

521,308

2,09%

Novembro

525,170

506,821

-3,49%

Dezembro

560,266

534,215

-4,65%

1º SEM

3.294,526

3.105,301

-5,74%

2º SEM

3.155,437

3.106,687

-1,54%

6.449,964

6.211,988

-3,69%

NO ANO

Fonte dos dados básicos: APINCO – Elaboração e análises: AVISITE

Produção Anual

6,212

6,450

6,232

2014

6,506

6,147

2013

6,245

6,007

5,560

2009

2012

5,469

2017

2016

2015

2011

2010

5,152

2008

5,998

Bilhões de cabeças

2007

s dados finais da APINCO relativos à produção de pintos de corte no ano que passou mostram recuo do volume produzido em 10 dos 12 meses de 2017. Ainda assim, em um dos dois meses restantes, o aumento de produção foi apenas marginal (+0,08% em julho). Mas esses recuos mensais foram mais incisivos no decorrer do primeiro semestre atingindo cerca de 5,74% de redução em relação ao mesmo período do ano anterior. De toda forma, embora no segundo semestre o índice de redução tenha sido de apenas 1,54%, isso se deve ao fato da retração em 2016 ter se concentrado no segundo semestre. Com tal comportamento, a produção total de 2017 – pouco mais de 6,2 bilhões de cabeças – recuou 3,69% em relação ao ano anterior e acabou correspondendo ao menor volume anual dos últimos quatros anos. Aliás, na presente década (isto é, desde 2011), o volume alcançado se encontra acima, apenas, do que foi produzido em 2012 e 2013. Entretanto, o índice de crescimento anual dos últimos 10 anos permanece positivo em 1,89%. O ano de 2017 também ficará marcado como o segundo consecutivo em que houve recuo da produção anual – fato raro (senão inédito) na história do setor. Mas enquanto a queda de 2016 foi determinada pelos altos custos de produção (inviabilizaram a produção normal), a de 2017 foi reflexo dos escândalos que abalaram a indústria da carne e que, ao afetarem a demanda da carne de frango, implicaram em uma menor demanda de pintos de corte. Na presente década não houve crescimento no setor e a tendência natural para o corrente ano seria de recuperação nos volumes produtivos. Assim, se, no mínimo, houver repetição do índice de crescimento anual verificado nos últimos 10 anos, o volume estimado para 2018 pode chegar a 6,330 bilhões, ficando ainda abaixo do alcançado no biênio 2015/2016. Mas, mesmo esse índice de crescimento está na dependência da melhor evolução no mercado final de carne de frango: interno e externo.

A Revista do AviSite

55


Estatísticas e Preços Produção de carne de frango

Queda anual de 2,7% é neutralizada pela maior produtividade no peso do frango abatido

T

EVOLUÇÃO MENSAL MIL TONELADAS

MÊS

2016

2017

VAR. %

1.156,035

1.170,310

1,23%

Fevereiro

1.116,196

1.032,492

-7,50%

Março

1.197,361

1.134,631

-5,24%

Abril

1.146,531

1.092,666

-4,70%

Maio

1.172,248

1.100,587

-6,11%

Junho

1.102,260

1.062,401

-3,62%

Julho

1.172,162

1.118,405

-4,59%

Agosto

1.126,977

1.105,188

-1,93%

Setembro

1.073,328

1.060,520

-1,19%

Outubro

1.125,320

1.109,954

-1,37%

Janeiro

1.035,096

1.057,389

2,15%

Dezembro

Novembro

1.099,989

1.111,492

1,05%

1º SEM

6.890,631

6.593,087

-4,32%

2º SEM

6.632,872

6.562,949

-1,05%

13.523,503

13.156,035

-2,72%

No Ano

Fonte dos dados básicos: APINCO - Projeções e análises: AVISITE

PRODUÇÃO ANUAL

56

A Revista do AviSite

13,547

13,524

13,156

2015

2016

2017

12,663

2013

12,946

12,662

2012

12,863

2014

2011

2010

2009

2008

2007

10,305

11,021

11,033

12,312

Milhões de toneladas

endo como base a produção de pintos de corte (APINCO) e estimando um rendimento padrão para os pintos alojados internamente - viabilidade média de 96%; abate aos 45 dias de idade; peso médio, abatido, de 2,350 kg para o mercado interno e de 1,350 kg para o mercado externo, aqui inclusos os “grillers” - a avicultura de corte brasileira fechou 2017 com um potencial de produção de pouco mais de 13,156 milhões de toneladas. Um resultado 2,7% inferior ao registrado no ano anterior. Os dados semestrais indicam que a maior redução esteve concentrada no decorrer do primeiro semestre quando o índice atingiu 4,3% de queda. Já no segundo semestre ficou na casa de 1%. Se confirmando como o menor volume produzido do último triênio, o total produzido é apenas 2,3% superior ao produzido no primeiro ano da presente década. Mas, em relação ao já distante 2007 a evolução chega a 27,7%, representando crescimento próximo de 2,5% ao ano. O ano de 2017 também ficará marcado pelos escândalos que abalaram a indústria da carne afetando a demanda interna e externa de carne de frango e tendo como consequência uma retração no alojamento de pintos de corte. É importante assinalar, no entanto, que empresas ligadas ao abate de aves informaram que mesmo com volume menor no alojamento de pintos, a produção de carne de frango não foi proporcionalmente afetada, porquanto o setor produtivo registrou significativo aumento de produtividade no peso do frango abatido, muito superior aos 2,350kg estimado pela APINCO. Ainda aguardam-se detalhes mais conclusivos a respeito. Em suas primeiras projeções para o corrente ano, a ABPA estima que o volume produzido cresça de 2% a 4% em relação ao total do ano passado. Se o parâmetro médio de 3% for atingido, o volume produzido será praticamente igual ao alcançado em 2015, quando apontou quase 13,550 milhões de toneladas.


Exportação de carne de frango

Embarques de frango retrocederam mais de 1,5% em 2017

O

EVOLUÇÃO MENSAL MIL TONELADAS

MÊS

2016

2017

VAR. %

311,004

354,971

14,14%

Fevereiro

314,567

325,372

3,43%

Março

398,019

374,623

-5,88%

Janeiro

Abril

412,756

317,708

-23,03%

Maio

385,579

344,662

-10,61%

Junho

406,280

362,965

-10,66%

Julho

356,209

375,633

5,45%

Agosto

357,256

407,568

14,08%

Setembro

380,502

380,030

-0,12%

Outubro

308,077

358,809

16,47%

Novembro

321,468

318,132

-1,04%

Dezembro

356,915

313,664

-12,12%

1º SEM

2.228,205

2.080,302

-6,64%

2º SEM

2.080,427

2.153,836

3,53%

4.308,632

4.234,139

-1,73%

TOTAL

Fonte dos dados básicos: SECEX/MDIC

Exportação Anual

3,892

2013

4,234

4,309

3,995

3,918

2012

2017

2016

2015

2014

2011

2010

3,635

2009

2008

3, 287

3,646

3,820

3,943

4,225

Milhões de Toneladas

2007

aumento dos embarques no segundo semestre de 2017 (incremento de 3,5% em relação ao mesmo semestre de 2016) não foi suficiente para reverter a forte queda registrada no primeiro semestre (redução de 6,6% sobre o mesmo período do ano anterior). Com isso, as exportações brasileiras de carne de frango do ano que passou ficaram aquém do recorde de (quase) 4,309 milhões de toneladas de 2016: recuaram 1,73%, somando pouco mais de 4,234 milhões de toneladas. Prenunciado, o retrocesso foi maior que o inicialmente previsto. Culpa, sobretudo, do fraco resultado observado no último mês do ano, ocasião em que o volume embarcado – 313,7 mil toneladas – correspondeu ao menor resultado em 14 meses, recuando mais de 12% em relação a dezembro de 2016. Tal resultado foi determinado por três dos quatro principais itens exportados: comparativamente a dezembro do ano anterior, o volume de frangos inteiros recuou perto de 27%; o de industrializados, 38%; e o de carne salgada, 42%. Ou seja: no mês, só os cortes registraram aumento de volume, mas em nível inferior a 1%. Menos mal que, no balanço do ano, puxado pelos cortes, o preço médio desses quatro itens tenha aumentado cerca de 7,5%. O resultado foi uma receita cambial – cerca de US$7,139 bilhões – 5,5% maior que a de 2016. Mas isto, ressalve-se, pela moeda norte-americana. Pois, na conversão para o real, a receita das exportações recuou mais de 3% em 2017. Acompanhamento no curto período dos últimos 10 anos indica evolução de quase 2,6% ao ano e demonstra que já não existem possibilidades de grandes incrementos no mercado internacional como o verificado no período imediatamente anterior quando atingiu 6%. Aliás, se considerarmos apenas a presente década – 2011 em diante – o crescimento chega a apenas 1,2%. E a própria ABPA estima para 2018 evolução anual entre 1% a 3%.

A Revista do AviSite

57


Estatísticas e Preços Disponibilidade Interna de Carne de Frango

O menor consumo per capita da presente década

B

Evolução Mensal MIL TONELADAS

MÊS

2016

2017

VAR. %

Janeiro

845,031

815,339

-3,51%

Fevereiro

801,629

707,120

-11,79%

Março

799,342

760,008

-4,92%

Abril

733,775

774,958

5,61%

Maio

786,669

755,925

-3,91%

Junho

695,980

699,436

0,50%

Julho

815,953

742,772

-8,97%

Agosto

769,721

697,620

-9,37%

Setembro

692,826

680,490

-1,78%

Outubro

817,243

751,145

-8,09%

Novembro

713,628

739,257

3,59%

Dezembro

743,074

797,828

7,37%

1º SEM

4.662,426

4.512,785

-3,21%

2º SEM

4.552,445

4.409,112

-3,15%

TOTAL

9.214,871

8.921,897

-3,18%

Fonte dos dados básicos: APINCO - Projeções e análises: AVISITE

OFERTA ANUAL

58

8,922

9,215

2016

2017

9,321

2015

8,951

8,771

2013

2014

8,744

2012

8,921

2011

7,387

2009

A Revista do AviSite

2010

7,387

2008

2007

7,018

8,493

Milhões de toneladas

aseada no alojamento interno de pintos de corte e tendo como parâmetro padrões mínimos de produtividade das aves alojadas, as estimativas de produção de carne de frango em 2017 divulgadas pela APINCO foram finalizadas em 13,156 milhões de toneladas, se confirmando 2,7% abaixo do produzido no ano anterior. As exportações com todas as dificuldades e desafios relacionados aos escândalos internos que acabaram afetando os embarques no decorrer do ano, se confirmaram em 4,234 milhões de toneladas, representando queda de 1,7% em relação às exportações alcançadas no ano anterior. Com isso, o volume final de carne de frango oferecido no mercado interno brasileiro se confirmou em 8,922 milhões de toneladas, equivalendo a redução anual de 3,2% sobre o disponibilizado em 2016 e representando o menor volume do último quadriênio. Aliás, é praticamente o mesmo total verificado na abertura da presente década quando alcançava 8,921 milhões de toneladas. Lá, o consumo atingiu quase 46 kg per capita. Agora, mal chegou aos 43 kg por habitante, o menor consumo per capita da presente década. Concorreu para essa queda a grave crise interna que já perdura alguns anos e que, mais uma vez, continuou afetando fortemente o bolso do consumidor brasileiro. Com isso, os alimentos também não passaram incólumes e mesmo a carne de frango, alimento nobre, barato e de alto valor proteico, sofreu perdas. Assim, resta a esperança que neste novo ano novos postos de trabalho sejam abertos, melhorando a capacidade aquisitiva do consumidor brasileiro. Em relação às estimativas para o corrente ano, os volumes disponibilizados no mercado interno de 2007 para 2017, apontam evolução de 2,4% ao ano. Projetados para o corrente ano indicam cerca de 9,136 milhões de toneladas, equivalendo a volumes ainda inferiores a 2015 e 2016. Se for atingido, representará um consumo per capita aproximado de 43,6 kg, praticamente o mesmo volume consumido em 2013.


Desempenho do frango vivo em fevereiro e no 1º bimestre

Somatório de desafios mina expectativas do setor afirmação de que um raio não cai duas vezes no mesmo lugar é mito. Basta olhar a avicultura de corte brasileira: em 2018, pelo terceiro ano consecutivo, raios caem sobre o setor, minando, logo no início do período, as expectativas de um melhor desempenho no decorrer do exercício. Em 2016 foi a crise no abastecimento de matérias-primas. Em 2017 foi a Operação Carne Fraca e questões de delação. Nos “raios” de 2018 estão envolvidas as exportações, ainda fracas, o baixo poder aquisitivo do consumidor e, na contramão dessa situação, novos aumentos no preço das matérias-primas. É, como diz um executivo do setor, “a tempestade perfeita”. Os primeiros efeitos desse comportamento foram vistos em janeiro e se intensificaram no decorrer de fevereiro, período em que, cotado a R$2,50/kg no início do mês, o frango vivo comercializado no interior paulista encerrou o mês cotado a R$2,40/kg. Foi pouco, naturalmente – apenas 4% de queda. Mas a cotação mencionada representou apenas um referencial, pois, dada a fraqueza do mercado – combinação nefasta de alta oferta e baixa procura – grande parte dos negócios foi realizada por valores até 20 centavos inferiores. O que significou, na prática, redução de mais de 12% do início para o final do mês. O fato principal é que, alcançando valor médio de R$2,48/kg (considerado aqui o valor de referência, não o valor realmente recebido), o frango vivo completou, em fevereiro, 15 meses consecutivos de preços inferiores aos do mesmo mês do ano anterior. O que significa que a média registrada – nominalmente, o menor valor dos últimos 32 meses – permane-

ce aquém, também, do que foi registrado em fevereiro de 2016. A situação não apresenta grandes diferenças quando analisada sob o aspecto do primeiro bimestre de 2018. A média do período – pouco superior a R$2,52/kg – se encontra mais de 4% aquém do que foi alcançado no primeiro bimestre de 2017 e, comparativamente às médias anuais registradas em anos anteriores, corresponde ao pior desempenho dos últimos quatro anos. Porém, levada em conta a inflação acumulada nos últimos anos, a constatação é a de que, aos valores atuais, o produtor vem obtendo a menor remuneração dos últimos seis anos. Ou seja: na prática, apesar do tempo transcorrido e dos aumentos de custos enfrentados, estamos ainda antes de 2013. Seria ótimo contar com algo melhor em março. Mas além de estarmos na Quaresma (que se estende até o final do mês), podemos enfrentar mais problemas nas exportações. Quer dizer: um ano depois da Operação Carne Fraca o setor continua não tendo o que comemorar.

FRANGO VIVO

Evolução de preços na granja, interior paulista – R$/KG Média mensal e variação anual e mensal em treze meses

Média anual em 10 anos R$/KG

MÊS.

MÉDIA R$/KG

VARIAÇÃO % ANUAL MENSAL

FEV/17

2,63

-0,81%

-0,50%

MAR

2,69

-3,77%

2,26%

ABR

2,50

-6,79%

-7,22%

MAI

2,50

0,00%

0,00%

JUN

2,50

-11,02%

0,00%

JUL

2,50

-15,25%

0,00%

AGO

2,50

-20,91%

0,00%

SET

2,50

-19,29%

0,08%

OUT

2,63

-15,03%

5,28%

NOV

2,70

-12,90%

2,51%

DEZ

2,70

-10,72%

0,00%

JAN/18

2,57

-2,98%

-4,84%

FEV

2,48

-6,02%

-3,63%

Jul

112,4

Ago

R$ 2,47

2013

R$ 2,42

2014

R$ 2,62

2015

R$ 2,89

2016

R$ 2,58

2017

R$ 2,53

2018

116,4

Jun

106,2

101,7

93,4

Mai

R$ 2,08

2012

114,9

Abr

R$ 1,92

2011

115,5

Mar

95,3

100,0

105,3 95,9

102,4 99,5

Fev

R$ 1,65

2010

2018 Média 1995/2017 (23 anos)

Preço relativo em 2018 comparativamente à média de 23 anos (1995/2017) Média mensal do ano anterior = 100

Jan

R$ 1,63

2009

Set

Out

Nov

118,4

A

Dez

A Revista do AviSite

59


Estatísticas e Preços Desempenho do ovo em fevereiro e no 1º bimestre

Processo de recuperação começou antes do início da própria Quaresma uando fevereiro começou, o ovo era comercializado por um valor mais de 20% inferior ao registrado um ano antes. Quatro semanas depois, em 28 de fevereiro, o resultado negativo ainda persistia. Mas a diferença a menos apresentava significativa retração: ficou reduzida a não mais que 1%. Como se vê, nada como a chegada da Quaresma para dar novo – e decisivo – empuxo ao mercado de ovos. O detalhe, desta vez, é que o processo de recuperação começou antes do início da própria Quaresma. Neste caso, vale lembrar que 2018 foi iniciado de forma bastante preocupante para o segmento produtor de ovos, já que os preços do produto, em janeiro, recuaram mais de 16% em relação ao mês anterior, além de baixarem a níveis que não eram observados desde meados de 2015. Aparentemente o susto valeu, pois o setor produtivo readequou-se à demanda (ainda restrita) daquele momento. Tanto que, ainda em janeiro, o mercado passou a

OVO BRANCO EXTRA

Evolução de preços no atacado paulistano R$/CAIXA DE 30 DÚZIAS Média mensal e variações anual e mensal em treze meses MÊS.

MÉDIA R$/CXA

Média anual em 10 anos R$/CAIXA

VARIAÇÃO % NO ANO

NO MÊS

2009

FEV/17

84,48

8,89%

37,54%

MAR

88,44

7,30%

4,69%

2010

ABR

91,13

35,77%

3,04%

2011

MAI

83,31

14,81%

-8,58%

JUN

87,04

1,94%

4,48%

JUL

83,62

-3,72%

-3,93%

2013

AGO

80,33

-4,37%

3,93%

2014

SET

74,48

2,25%

-7,29%

OUT

69,04

0,70%

-7,30%

NOV

66,00

-3,00%

-4,40%

2016

DEZ

64,36

-13,03%

-2,48%

2017

JAN/18

53,92

-12,21%

-16,22%

FEV

71,35

-15,54%

32,31%

R$ 38,63 R$ 37,93 R$ 44,61 R$ 49,11

2012

R$ 57,86 R$ 52,70 R$ 59,47

2015

R$ 75,43 R$ 77,78 R$ 62,10

2018

dar claros sinais de recuperação, o mês sendo encerrado com um preço médio 11% superior ao registrado no primeiro dia de negócios do ano. Mesmo assim prevaleceu, na média do mês, uma queda de 12% em relação a janeiro de 2017. Com relação a fevereiro, o que mais se esperava era a não repetição do ocorrido um ano antes. Pois em fevereiro de 2017, após apresentar boa reação até meados do mês, o ovo viu seus preços refluírem na segunda quinzena. Desta vez, porém, o processo ficou limitado à primeira parte. Ou seja: repetiu-se a boa reação que, no entanto, não se limitou à primeira metade do mês: estendeu-se à segunda quinzena. Assim, fevereiro foi encerrado com valor pelo menos um terço superior ao registrado no primeiro dia do mês. Ainda assim – e como já havia ocorrido em janeiro – prevaleceu, no mês, um preço menor que o alcançado um ano antes. A redução, neste caso, superou os 15% e se repetiu pelo quarto mês consecutivo. De toda forma, o valor médio alcançado em fevereiro ficou 32% acima do alcançado no mês anterior e correspondeu, nominalmente, ao maior valor dos últimos cinco meses. Já o valor médio do primeiro bimestre de 2018 (mostrado no gráfico ao lado) permanece 14% aquém do valor alcançado no mesmo bimestre de 2017 e, comparativamente aos totais anuais de exercícios anteriores apresenta, também nominalmente, o menor valor dos últimos três anos.

100,4

112,3

114,5

Set

Out

Nov

69,3

99,7

109,4

Mai

2018 Média 2001/2017 (17 anos)

101,6

112,1

117,1

120,5

Abr

91,7

91,8

115,0

Preço relativo em 2018 comparativamente ao período 2001/2017 (17 anos) Média mensal do ano anterior = 100

110,4

Q

Jan

Fev

60 A Revista do AviSite

Mar

Jun

Jul

Ago

Dez


Milho e Soja Milho segue registrando altas O preço do milho registrou nova valorização no mês de fevereiro. O preço médio do insumo, saca de 60 kg, interior de SP, fechou o mês cotado a R$36,86, valor 6,6% acima da média alcançada pelo produto em janeiro, quando ficou em R$34,59. Porém, a disparidade de preço do milho em relação ao ano anterior é negativa. O valor atual é 1,6% menor, já que a média de fevereiro de 2017 foi de R$37,47 a saca.

Farelo de soja registra alta pelo 5º mês consecutivo O farelo de soja (FOB, interior de SP) voltou a registrar nova alta em fevereiro de 2018. O produto foi comercializado pelo preço médio de R$1.146/t, valor 9,8% superior ao praticado no mês de janeiro – R$1.044/t. Em comparação com fevereiro de 2017 – quando o preço médio era de R$1.002/t – a cotação atual registra alta de 14,4%.

Valores de troca – Milho/Frango vivo Valores de troca – Farelo/Frango vivo

No frango vivo (interior de SP) o preço médio de fevereiro ficou em R$2,48/kg – alcançando índice 3,6% inferior à média de janeiro. Dessa forma, a desvalorização do frango vivo e o aumento no preço do milho piorou o poder de compra do avicultor. Nesse mês, foram necessários 247,7 kg de frango vivo para se obter uma tonelada de milho, considerando-se a média mensal de ambos os produtos. Este volume representa 9,4% de perda no poder de compra em relação ao mês anterior, pois, em janeiro, a tonelada do milho “custou” 224,3 kg de frango vivo.

A queda na cotação do frango vivo e a alta alcançada no farelo de soja em fevereiro fez com que fossem necessários 462,1 kg de frango vivo para adquirir uma tonelada do insumo, significando piora de 12,1% no poder de compra do avicultor em relação a janeiro, quando 406,2 kg de frango vivo obtiveram uma tonelada do produto. Na comparação em doze meses houve piora de 17,5% já que lá, foram necessários 381 kg para adquirir o cereal.

Valores de troca – Milho/Ovo

Valores de troca – Farelo/Ovo

O preço do ovo, na granja (interior paulista, caixa com 30 dúzias), obteve forte valorização mensal em fevereiro e fechou à média de R$65,35, valor 36,4% superior ao alcançado no mês anterior, quando o produto foi negociado por R$47,92. Com a fortíssima valorização no preço médio dos ovos em relação à verificada no milho, houve excelente melhora no poder de compra do avicultor. Em fevereiro foram necessárias 9,4 caixas de ovos para adquirir uma tonelada do cereal. Em janeiro, foram necessárias 12 caixas/t, melhorando em 28% a capacidade de compra do produtor.

De acordo com os preços médios dos produtos, em fevereiro foram necessárias aproximadamente 17,5 caixas de ovos (valor na granja, interior paulista) para adquirir uma tonelada de farelo de soja. O poder de compra do avicultor de postura em relação ao farelo registrou melhora mensal de 24,2%, já que, em janeiro, 21,8 caixas de ovos adquiriam uma tonelada de farelo. Em relação a fevereiro de 2017 houve piora de 27,2% no poder de compra, pois naquele período a tonelada de farelo de soja custou, em média, 12,8 caixas de ovos.

Fonte das informações: www.jox.com.br

A Revista do AviSite

61


Ponto Final

Antônio Carlos Vasconcelos Costa é Vice-presidente da Avivar Alimentos e Presidente da Associação de Avicultores de Minas Gerais Avicultura Alternativa.

Um mercado em transformação

A

cadeia de produção avícola nacional é um dos segmentos responsáveis pelo desenvolvimento da economia brasileira e, sobretudo, contribui para o equilíbrio da balança comercial do país. Entretanto, a oscilação de preços no cenário de abastecimento de matérias-primas básicas, em 2016, e a instabilidade financeira do Brasil e eclosão da Operação Carne Fraca, em 2017, comprometeram a sustentabilidade econômica da avicultura. Desse modo, diversas agroindústrias foram obrigadas a ajustar seus processos e sistemas, e para isso, buscaram soluções para superar a queda da demanda, os altos custos de insumos e os entraves internacionais.

“A avicultura brasileira entrou em 2018 com ares de prosperidade, uma vez que as movimentações produtivas e de políticas públicas para superar a crise, que impactou negativamente o setor nos últimos dois anos, foram molas propulsoras para colocar o segmento nos trilhos novamente”. 62

A Revista do AviSite

Por outro lado, a avicultura brasileira entrou em 2018 com ares de prosperidade, uma vez que as movimentações produtivas e de políticas públicas para superar a crise, que impactou negativamente o setor nos últimos dois anos, foram molas propulsoras para colocar o segmento nos trilhos novamente. Na verdade, 2018 promete ser um ano de desafios para o agronegócio avícola nacional, porém as expectativas são, a princípio, positivas, tendo em vista que a produção da carne de frango brasileira continuará ocupando uma posição estratégica no mercado de alimentos interno e externo. Entretanto, o crescimento do setor se faz constante através do estreitamento das relações das agroindústrias com os setores públicos, responsáveis pela definição das políticas de incentivo, que alcançam a avicultura. Por sua vez, ao segmento fica a responsabilidade de investir em tecnologia, automatização, genética e controle sanitário, e ao governo a tarefa de minimizar os embaraços e burocracias tributárias, logísticas e trabalhistas existentes, que encarecem os custos das empresas e exigem a alocação de recursos em atividades que não estão ligadas ao processo produtivo avícola. Para além dos desafios e expectativas do setor em 2018, um fato é certo: a produção de frangos nacional será elevada, assim como as exportações da proteína. A busca de novos mercados, oportunidades e evolução dos métodos de nutrição e genética, que proporcionam bons resultados e boa produtividade, será constante. A propósito, o desenvolvimento do setor acontecerá na medida em que houver a sinergia dos propósitos das agroindústrias, entidades do segmento, poder público e mercado consumidor mundial, rompendo desse modo, as barreiras mercadológicas e unindo as contrapartes em todo o país e mundo.


A Revista do AviSite

63


Ponto Final

64 A Revista do AviSite


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