Edição 114 Revista do AviSite

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Editorial

A TECNOLOGIA DE ÚLTIMA GERAÇÃO AO ALCANCE DA AVICULTURA BRASILEIRA

1 EXCELENTE RESPOSTA IMUNE EM ÚNICA DOSE

PROTEÇÃO CONTRA 2 DOENÇAS IMUNOSSUPRESSORAS

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Sumário

pior doença é a 14 “A desinformação”

na área das 22 Avanços operações pré-abate de

frangos de corte Grupo NEAMBE busca novas tecnologias de monitoramento e controle ambiental para reduzir perdas

Francisco Turra relata como recebeu a notícia sobre a divulgação da operação Carne Fraca e fala sobre as ações realizadas para retomar a imagem do setor

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Eventos

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Notícias Curtas Vendas externas de ovos férteis crescem 8% no ano

As 8 notícias mais lidas no AviSite e Há 10 anos

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AviGuia Optigut chega no Brasil como alternativa aos Antiobióticos Promotores de Crescimento (APC)

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Ponto Final CEDISA: evoluindo com a avicultura nacional Por Lauren Ventura

Informes Técnico-Comercial

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De Heus: Aspectos importantes para melhorar o desempenho de frangos de corte, minimizando alguns desafios da fase pré-inicial

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Orffa: Aplicações da betaína em nutrição animal

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Idexx: Os Dez Princípios da Interpretação Sorológica

Estatísticas e preços 34 35 36 37 38 39 40 41

Produção e mercado em resumo Pintos de corte Produção de carne de frango Exportação de carne de frango Oferta Interna Desempenho do frango vivo em junho Desempenho do ovo em junho Matérias-primas

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Editorial

Os ‘bons ventos’ da avicultura Conforme informação publicada no AviSite no início do mês de julho, embora ain-

Mundo Agro Editora Ltda. Rua Erasmo Braga, 1153 13070-147 - Campinas, SP

da aquém do registrado nos mesmos meses de 2015 e 2016, as exportações de carne de frango in natura de junho de 2017 registraram boa recuperação e alcançaram o maior volume dos últimos nove meses. Já a receita subiu em relação aos dois meses anteriores, mas foi inferior à de março passado. O SECEX/MDIC apontou que as exportações de carne de frango do sexto mês do ano somaram 343.581 toneladas, volume que significou aumento de 7,68% sobre o mês anterior, mas que representou queda de 10,83% em relação a junho de 2016. E, também, segundo informação publicada no AviSite, o presidente-executivo da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Francisco Turra, comemorou o acréscimo à cota de exportações de carne de franco e de peru para a União Europeia, anunciada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) no final de junho. De acordo com o ministério, houve aumento de 4.766 toneladas na cota brasileira, com tarifa de 0% para certos cortes de carne de frango. A cota para embarques para certos cortes de carne de peru, com tarifa de 0%, para o mercado europeu também foi aumentada em 610 toneladas. Turra explica que o incremento nas cotas deve gerar resultados positivos para o saldo das vendas brasileiras ao mercado europeu, em um período importante para o setor. “Neste momento de busca de novas oportunidades e de reconquista dos espaços no mercado internacional, a expansão das cotas com tarifa zero devem favorecer uma melhora no desempenho das exportações para o Bloco Europeu”, ressalta Turra. Estes são somente alguns exemplos da força da avicultura no Brasil. Mesmo diante de todos os problemas de contrainformação gerados nos últimos meses, temos motivos para continuar acreditando na sua força e no seu poder de recuperação. Turra ainda afirma em artigo especial neste edição da Revista do AviSite: “Passamos pelo momento de defender o setor de proteína animal, que gera 4,1 milhões de empregos diretos e indiretos, que contribui de forma determinante para a segurança

ISSN 1983-0017 nº 114 | Ano V | Julho/2017

EXPEDIENTE Publisher Paulo Godoy paulogodoy@avisite.com.br Redação Érica Barros (MTB 49.030) Giovana de Paula (MTB 39.817) imprensa@avisite.com.br Comercial Karla Bordin comercial@avisite.com.br Assistente de Marketing Simone Barbosa Diagramação e arte Mundo Agro e Innovativa Publicidade luciano.senise@innovativapp.com.br Internet Gustavo Cotrim webmaster@avisite.com.br Administrativo e circulação Caroline Esmi financeiro@avisite.com.br

alimentar do Brasil e do mundo, que gera riquezas e divisas para o país, que faz girar a economia dos pequenos municípios, que mantem o sustento de famílias em meio à maior crise econômica de nossa história”. E assim foi feito. Ainda segundo ele, o ponto alto da ação de resgate da imagem do setor de proteína animal do Brasil deve acontecer durante o Salão Internacional de Avicultura e Suinocultura (SIAVS), que acontece agora em agosto. “Diversas iniciativas estão programadas para o evento, em parceria com a Apex-Brasil, como é o caso do Projeto Imagem – com a vinda de 50 jornalistas de diversos mercados importadores de aves, suínos e ovos do Brasil. Também teremos outros dois projetos: o Projeto Comprador – com a vinda de importadores – e o Projeto Formadores de Opinião – viabilizando a vinda de nomes estratégicos, de formadores de opinião, para o nosso SIAVS. Tudo isto é um grande esforço para superar este grave momento e começarmos um novo capítulo em nossa história”. Acompanhe nesta edição muito mais do esforço de recuperação da imagem do setor e os resultados que já começam a aparecer. Uma boa leitura!!!

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Os informes técnicoempresariais publicados nas páginas da Revista do AviSite são de responsabilidade das empresas e dos autores que os assinam. Este conteúdo não reflete a opinião da Mundo Agro Editora.


O MAIOR EVENTO POLÍTICO, TÉCNICO E COMERCIAL DOS SETORES NO BRASIL!

29 a 31 de agosto de 2017 Anhembi - São Paulo - Brasil

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siavs@abpa-br.org +55 11 3095-3120 facebook.com/SIAVSBR

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Eventos

2017 Julho 04 e 05

Curso FACTA sobre Abate e Processamento de Aves Local: Maringá, PR Realização: FACTA - Fundação APINCO de Ciência e Tecnologia Avícolas Telefone: 19 3243-6555 E-mail: facta@facta.org.br Site: www.facta.org.br 13 a 16

Festa do Ovo de Bastos Local: Recinto de Exposições Kisuke Watanabe, Bastos, SP Realização: Sindicato Rural e Prefeitura de Bastos Contato: (14) 3478-9800 Informações: www.bastos.sp.gov.br

Agosto

Local: UFU - Uberlândia, Minas Gerais Realização: Faculdade de Medicina Veterinária - UFU E-mail: etecta@famev.ufu.br Informações: www.eventos.ufu.br/x-etecta 13 e 14

I Encontro Técnico em Avicultura Local: Areia, PB Realização: Grupo de Estudos em Tecnologias Avícolas Departamento de Zootecnia Universidade Federal da Paraíba/Centro de Ciências Agrárias E-mail: geta.ufpb@outlook.com.br

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Local: São Bento do Una, Pernambuco Realização: AVIPE (Associação Avícola de Pernambuco) E-mail: avipe@avipe.com.br Informações: www.avipe.org.br

Local: Cascavel, PR Realização: Mercolab Informações: www.mercolab.com.br

II Feira da Avicultura do Nordeste

8 a 10

13ª TecnoCarne - Feira Internacional de Tecnologia para a Indústria da Proteína Animal Local: São Paulo Expo, SP Realização: Informa Exhibitions Informações: www.tecnocarne.com.br/pt

XII Encontro de Avicultura Mercolab

26 a 29

XXV Congresso Latinoamericano de Avicultura Local: Guadalajara, México Informações: www.avicultura2017mx.com

Outubro 20 e 21

III Simpósio de Bem-Estar e Comportamento Animal (SiBem)

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Local: Descalvado, SP Realização: Universidade Brasil Informações: www.universidadebrasil.edu.br

Local: Anhembi Parque, São Paulo, SP Realização: Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) Telefone: (11) 3095-3120 E-mail: siavs@abpa-br.org Informações: www.siavs.org.br

Novembro

SIAVS - Salão Internacional da Avicultura e Suinocultura 2017

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3ª edição Simpósio OvoSite: Desafios na Produção e Comercialização de Ovos Local: Anhembi Parque, São Paulo, Auditório 9 Realização: Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e OvoSite Contato: (11) 3095-3120 E-mail: siavs@abpa-br.org Informações: www.avisite.com.br/Simposio-OvoSite-SIAV-EMailMkt. html

Setembro 4a8

World Veterinary Poultry Association Local: Edinburgh, Escócia Informações: www.wvpac2017.com

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X Encontro Técnico em Ciência e Tecnologia Avícolas - ETECTA

A Revista do AviSite

9 e 10

V Workshop Sindiavipar Local: Foz do Iguaçu, PR E-mail: aviculturapr@sindiavipar.com.br Informações: www.sindiavipar.com.br


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Painel do aLeitor Fale com gente /avisite.portaldaavicultura

Fale com a redação, peça números antigos, faça sua assinatura e anuncie na Revista do AviSite. Entre em contato pelo telefone 19-3241-9292, de 2ª a 6ª feira, das 8h às 17h30.

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As 8 notícias mais lidas no AviSite em Junho

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Baixas do frango vivo em MG No primeiro dia de junho, ocorreu nova baixa do frango vivo comercializado em Minas Gerais. Cotado a R$2,20/kg, o produto registra valor 8,33% e 12% inferior aos alcançados há 30 dias e há um ano, na mesma data.

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Desempenho externo das carnes em maio Só a carne bovina registrou embarques diários maiores que os do mês anterior, aumento de volume de quase 29%. O volume total de carne de frango também aumentou (+8,72%), mas seus embarques diários foram menores que os de abril. E a carne suína, caiu 6,31%.

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Embarques de frango moderados em maio

Regulamento da inspeção animal passa por alterações

Cooperativa Lar, destaque na Revista do AviSite e no Portal

Os embarques de carne de frango in natura em maio alcançaram a menor média diária dos últimos sete meses, pouco mais de 14,5 mil/t/dia, volume que representou redução de 11% sobre as 16,3 mil/t/dia de abril.

O Decreto nº 9.013/2017, que trata da inspeção sanitária e industrial de produtos de origem animal, acaba de, a um só tempo, ser alterado e sofrer uma série de retificações. Isto, apenas dois meses após sua publicação no Diário Oficial da União (30 de março de 2017).

Destaque da edição de junho da Revista do AviSite, a notícia sobre o trabalho desenvolvido pela Cooperativa Lar para redução e posterior eliminação dos antibióticos promotores de crescimento foi uma das notícias mais lidas também no portal.

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Projeção da FAO para a carne de frango Desde 2015, a produção avícola superou a suína . Em 2017, a margem a favor das carnes avícolas deve se alargar, ficando – pelas projeções da FAO – cerca de 2,6% acima da carne suína.

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É das aves a liderança na produção mundial de carnes

Principais condenações relacionadas à criação de frangos de corte

Segundo a FAO, as carnes avícolas (predominantemente, a de frango) vêm liderando a produção mundial de carnes e, em 2017, sua produção deve corresponder a quase 40% do total previsto.

Uma das notícias mais lidas no AviSite foi a publicação do artigo técnico “Principais condenações relacionadas ao sistema de criação de frangos de corte”, produzido por Rodrigo Garófallo Garcia, Rafael Belintani, Rodrigo Borille e Irenilza Naas.

Há 10 anos no AviSite www.avisite.com.br

Brasil e EUA respondem por 75% das exportações mundiais de carne de frango Campinas, 30 de Novembro de 2007: Nas previsões do USDA – Departamento de Agricultura dos EUA, as exportações mundiais de carne de frango – que, depois de registrarem expansão de quase 12,5% em 2005, retrocederam mais de 4% em 2006 - devem voltar a crescer perto de 12% em 2007. Nas exportações totais previstas – 7,178 milhões de toneladas – a participação de Brasil e EUA, somadas, deve chegar aos 75%. A fatia brasileira apontada é de 40,5%. Embora o incremento entre 2006 e 2007 seja expressivo (+11,7%), permanece modesto em relação ao recorde anterior de 6,726 milhões de toneladas em 2005, apontando variação anual de apenas 3,3%. Para 2008, no entanto, é prevista uma expansão mais ampla, de 4,2%. Esse índice de expansão corresponde a um adicional a ser exportado de 300 mil toneladas, 65% das quais (perto de 200 mil toneladas) deverão ser supridas pelo Brasil que, assim, passa a responder por 41,44% do suprimento mundial. Detalhe que não pode ser ignorado é que o volume apontado pelo USDA para o Brasil em 2008 (3,1 milhões de toneladas) tende a ser alcançado (e, provavelmente, superado) ainda em 2007.

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Produção Animal Avicultura


Notícias Curtas

Maio

Vendas externas de ovos férteis crescem 8% no ano

Mesmo correspondendo a um volume 17% menor que o embarcado no mês anterior, em maio as exportações brasileiras de ovos férteis destinados à produção de pintos de corte aumentaram 9,17% em relação ao mesmo mês de 2016, totalizando 12,861 milhões de unidades – cerca de 35.725 caixas de 30 dúzias. Agora, em cinco meses, o volume exportado está próximo dos 65,358 milhões de unidades e apresenta incremento de 8,08% sobre janeiro-maio de 2016. A média registrada nesse período – perto de 13,072 milhões mensais de ovos férteis – sinaliza embarques anuais em torno de 157 milhões de unidades, o que, se alcançado, significará aumento de mais de 15% sobre o total exportado em 2016 (135,566 milhões de unidades. Por ora, porém, os resultados acumulados em 12 meses são bem mais modestos. O volume embarcado entre junho de 2016 e maio de 2017 soma 140,454 milhões de ovos férteis e se encontra 7,10% acima do alcançado em idêntico período anterior. A Revista do AviSite

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Notícias Curtas

Receita cambial

PR fatura primeiro bilhão de dólares com exportação de frango Embora tenha enfrentado uma redução de 2,5% no volume embarcado, o Paraná obteve valorização de, praticamente, 15% no preço médio da carne de frango exportada nos cinco primeiros meses de 2017. Com isso, completou o período acumulando receita cambial 12% superior à de um ano atrás, o que significou faturar o primeiro bilhão de dólares com as vendas externas do produto. Os dados são da SECEX/ MDIC.

Cortes de frango

Exportação das cooperativas cresce em volume e receita

Ao lado do Paraná, outras sete Unidades Federativas brasileiras que exportaram nesse período – Santa Catarina, Rio Grande do Sul, São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso e Tocantins – fecharam os cinco meses iniciais do ano com redução nos embarques. Ou seja: as noves restantes – Mato Grosso do Sul, Distrito Federal, Espírito Santo, Bahia, Pernambuco, Rio de Janeiro, Paraíba, Ceará e Roraima – escaparam da queda. As três últimas, por não terem efetivado exportações em 2016.

Frango

O menor custo de produção dos últimos 22 meses O levantamento mensal da Embrapa Suínos e Aves aponta que em maio passado o custo de produção do frango ficou em R$2,31/kg, recuando 1,7% em relação ao mês anterior e pouco mais de 24% em comparação a maio de 2016, mês em que foi registrado o segundo maior valor nominal da história do setor. Considerado o pico de preços enfrentado pelo setor (R$3,13/kg há exatamente um ano, junho de 2016), a redução chega a 26%, índice que configura queda média de cerca de 2,7% ao mês no espaço de 11 meses.

Aumento no volume ficou todo concentrado nos cortes de frango (+8,29%)

Dados da SECEX/MDIC apontam que o volume de carne de frango exportado pelas cooperativas brasileiras nos cinco primeiros meses de 2017 aumentou mais de 5%. E como o preço médio obtido valorizou-se quase 11%, o resultado final foi uma geração de receita cambial 16,59% maior que a de idêntico período de 2016. O aumento no volume ficou todo concentrado nos cortes de frango (+8,29%), pois o volume de carne salgada recuou 21,65%, o de industrializados 12,61% e o de frango inteiro 9,31%.

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FAO

É das aves a liderança na produção mundial de carnes De acordo com o mais recente Food Outlook da Agência das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), as carnes avícolas (predominantemente, a de frango) vêm liderando a produção mundial de carnes e, em 2017, sua produção deve corresponder a quase 40% do total previsto. O avançar das carnes avícolas fica mais claro ao se comparar as previsões atuais com os dados consolidados de dez anos atrás. Nesse período, o volume total produzido aumentou pouco mais de 16%, passando de 259 milhões de toneladas para 302 milhões de toneladas – 43 milhões de toneladas adicionais. Porém, a principal contribuição para esse aumento – dois terços do adicional observado - veio das carnes avícolas, cuja produção aumentou mais de 32%, enquanto a de carne suína aumentou perto de 11% e a de carne bovina não chegou a 5%. Mantidos nos próximos 10 anos os mesmos níveis de incremento registrados entre 2007 e 2017 – carne suína: cerca de 1% ao ano; carne avícola: perto de 3% ao ano; carne bovina: menos de meio por cento ao ano – em 2027 a carne avícola responderá por mais de 44% da produção mundial, a suína por cerca de 36% e a bovina por pouco mais de 20%. É provável, no entanto, que até lá a participação das aves seja ainda maior.

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Notícias Curtas

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GalliPro® Tect é um probiótico com base científica comprovada por pesquisas. • Reduz o risco associado à enterite necrótica • Melhora o desempenho sob desafios de Clostridium perfringens

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Artigo especial

“A pior doença é a desinformação” Francisco Turra, Presidente da ABPA, relata como recebeu a notícia sobre a divulgação da operação Carne Fraca e fala sobre as ações realizadas para retomar a imagem do setor

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a sexta-feira, dia 17 de março, eu estava em Montevidéo, no Uruguai. Participava de um encontro que tinha como objetivo prevenir a ocorrência de outra crise, a sanitária. Era um evento sobre Influenza Aviária, no qual nós, pela ABPA, lideramos uma articulação com os países do Conesul para tratar da intensificação da vigilância Sanitária. O Brasil é o único grande produtor mundial a nunca registrar casos da doença, e isto nos coloca em vantagem no mercado internacional. À luz de nosso modelo de prevenção e articulação anticrise sanitária, representantes da Argentina, Uruguai, Paraguai e outros países estiveram conosco, tratando de um debate amplo e conjunto entre as cadeias produtivas para evitar esta que, à época, imaginá-

vamos que poderia ser o mais grave problema que poderia acontecer conosco. Não imaginava que o que estava por vir geraria uma crise muito maior. Naquela manhã de 17 de março, a doença que atacaria nosso setor seria muito maior, mais grave e com efeitos mais avassaladores do que jamais pensamos. A doença se chama desinformação. A desastrosa coletiva de imprensa realizada às 10h00 em Curitiba traria prejuízos inimagináveis para a cadeia de proteína animal do Brasil. Feita com as intenções iniciais corretas – o combate à corrupção – a Operação Carne Fraca se transformou em um dos maiores atentados à indústria brasileira de alimentos. Exportando para cerca de 160 mercados, concorrendo com gigantes players globais, nunca imaginávamos

que o maior ataque de imagem que sofreríamos viria justamente de dentro de nosso país, por meio da divulgação de informações equivocadas, que causariam prejuízos bilionários em um curtíssimo espaço de tempo, e sobre o qual não temos como prever quando cessarão seus efeitos. Em 17 de março, recebi a informação sobre a operação por minha equipe já logo após a divulgação, por volta das 7h00. Ainda estávamos no escuro, não estava claro o que estava em jogo. Ainda de manhã, quando tivemos acesso ao despacho que determinou a operação, ficou claro para nós que se tratava de casos isolados, com poucos personagens e uma parcela ínfima da produção. Desta forma, pouco depois das 8h00, emitimos nosso comunicado à

A coletiva de imprensa realizada na segunda-feira, logo após a divulgação da Operação Carne Fraca

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imprensa – o primeiro do setor. Nele, expusemos nossas convicções – que se confirmaram depois. Em primeiro lugar, que eram fatos isolados. Em segundo, que somos auditados não apenas pelo ministério da Agricultura, mas pelos 160 países para os quais exportamos. Por fim, que nossas instituições são sólidas, e que temos absoluta confiança no trabalho do Poder Público e da Iniciativa Privada. São cinco décadas de trabalhos até chegarmos à liderança mundial das exportações de carne de frango e o quarto lugar nos embarques de carne suína. Imediatamente, articulamos com todos os nossos associados e entidades estaduais os pontos de esclarecimento, e alinhamos a canalização das demandas de imprensa, clientes e tudo mais para a ABPA. Naquele momento, cumpríamos a missão de escudos do setor. É fato que após a divulgação do Carne Fraca, minha participação no evento ficou absolutamente comprometida. Retornei imediatamente ao Brasil. A

equipe de mercados, técnica e de comunicação da ABPA se debruçou sobre a investigação e sobre as informações divulgadas pela Operação. Enxergamos a gravidade dos equívocos pontuados, como o uso de Ácido Ascórbico – a famosa vitamina C – sugerida como cancerígena. Mais tarde, a divulgação dos detalhes da operação deixou claro o baixo uso de conhecimento técnico, com apenas um laudo utilizado. Os próprios peritos federais manifestaram sua indignação com os procedimentos adotados pela operação no que diz respeito às análises. Meu telefone não parou ao longo do dia – somente enquanto estive em voo. O ministro Blairo (o grande líder desta virada em prol da proteína animal do Brasil) não estava em Brasília no momento, então contatei o Secretário Executivo, Eumar Novacki. Debatemos a importância de uma coletiva de esclarecimento sobre os fatos por parte do MAPA. A coletiva aconteceu no mesmo dia, às 16h.

Viramos o jogo, mas os estragos estão feitos. E não foram poucos. Duas empresas do setor perderam mais de R$ 5 bilhões em valor de mercado. Exportações foram impactadas e os custos para exportar se tornaram mais elevados com a intensificação e o “pente-fino” das fiscalizações internacionais

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Artigo especial

Palestra realizada no México Ação Promocional na Embaixada do Egito Junto com o MAPA, a ABIEC e outros envolvidos na questão, criamos um grupo de crise no Whatsapp. A ferramenta digital deu fundamental agilidade à nossa comunicação e alinhamento neste processo. Lá, esclarecimentos ficaram mais sólidos e alinhados entre setor público e iniciativa privada. Nas redes sociais, era um massacre. A primeira onda de informação era o sensacionalismo. Nosso posicionamento na imprensa foi fundamental para agilizarmos o início do processo de esclarecimento. Naquela sexta-feira, entretanto, havia muito ódio causado pela desinformação. De ofensas pesadas até ameaças de morte, as mais absurdas manifestações ganharam corpo ao longo do dia. O lado sensacionalista da imprensa estava a todo vapor, especialistas dos mais variados perfis foram convidados a se manifestar – todos, menos aqueles com perfil técnico. Diversos veículos adotaram o tom do sensacionalismo, tachando a carne brasileira como

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“carne podre”. A partir das publicações destes, a imprensa internacional reproduziu o mesmo discurso. Não era ainda o momento de um rosto vir a público. Era preciso esperar baixar a histeria e a agressividade para que as manifestações públicas de esclarecimento ganhassem efetividade. Isto só foi possível no sábado, quando demos início às aparições na imprensa nacional. Meu discurso foi convicto: não se tratava mais, apenas, de esclarecer os absurdos divulgados e trazer segurança ao consumidor. Era o momento de defender o setor de proteína animal, que gera 4,1 milhões de empregos diretos e indiretos, que contribui de forma determinante para a segurança alimentar do Brasil e do mundo, que gera riquezas e divisas para o país, que faz girar a economia dos pequenos municípios, que mantem o sustento de famílias em meio à maior crise econômica de nossa história. Este foi o meu discurso, esta é a ideia que defendi e que levei para


Brasília, no domingo, em nosso encontro com o Ministro Blairo Maggi (que imediatamente, na sexta-feira, saiu de seu afastamento para liderar a virada), com o presidente da República, Michel Temer, e com os outros elos envolvidos, como a própria Polícia Federal. Foi um momento forte, fundamental, de engajamento e apoio total do Governo Federal ao Setor. Ainda no domingo à noite demos início àquele que consideramos o grande momento de virada para o setor produtivo: a coletiva de imprensa que realizaríamos na segunda-feira, de manhã. Após uma reunião de equipe, demos início às 10h30 à nossa coletiva de imprensa. Mais de 70 veículos da imprensa nacional e internacional estavam conosco. Realizamos em conjunto com o Antônio Camardelli, presidente da ABIEC. Durante quase duas horas – transmitido ao vivo por diversos canais de televisão – esclarecemos ponto a ponto. Destacamos nossa posição à favor de

combate à corrupção, mas fomos incisivos quanto à importância do pleno esclarecimento de que não poderia jamais ter entrado em julgamento a qualidade de nossa proteína animal. Não somos líderes por acaso. Além das auditorias públicas, recebemos milhares de missões privadas em nossas agroindústrias. Nossa qualidade sempre foi um diferencial que permitiu não apenas sermos líderes mundiais nas exportações, como gerar impactos econômicos e sociais primordiais para a nação. A ideia principal: que se separe o joio do trigo. O jogo, naquele momento, virava de forma expressiva. Ao longo das duas semanas seguintes o trabalho prosseguiu com a imprensa nacional e internacional. Ao mesmo tempo, nossas equipes técnica e de mercados faziam uma varredura junto aos clientes internacionais, prestando os esclarecimentos necessários. Da mesma forma, levantavam todo o subsídio necessário para dar suporte ao brilhante trabalho realizado

Ações estão sendo desenvolvidas como um grande esforço para superar este grave momento e começarmos um novo capítulo em nossa história

pelo Ministério da Agricultura, que fez cessar quase todos os embargos totais que foram impostos. Já no início da semana, a Coreia do Sul retomou os embarques. Novas boas notícias chegaram no sábado, com a China, Egito e Chile. No início da semana seguinte, foi a vez de Hong Kong. Neste momento, se encerrava a primeira onda de impactos da Operação

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Artigo especial

ABPA participando da SIAL China (16 a 18 de maio), também como forma de esclarecer compradores da carne de frango brasileira Carne Fraca. A própria PF, juntamente com o MAPA, emitiu uma nota de esclarecimentos. O Governo Federal foi impecável neste processo. O jogo virou, mas os estragos estão feitos. E não foram poucos. Duas empresas, conforme informações de mercado que circularam na semana em que se completou 1 mês desde a divulgação da Operação, perderam mais de R$ 5 bilhões em valor de mercado. Exportações foram impactadas e os custos para exportar se tornaram mais elevados com a intensificação e o “pente-fino” das fiscalizações internacionais. Houve incontáveis prejuízos logísticos, com custos de transporte e portuários, retenções nas linhas de produção e outros impactos. Nossos principais clientes se mobilizaram imediatamente em missões para vistoriar nossa estrutura. Já recebemos a Arábia Saudita, nosso maior cliente. A União Europeia, o mais influente mercado, está a caminho.

A recuperação da imagem O primeiro momento de recuperação foi com as embaixadas. Posteriormente, contatamos associações e empresas importadoras dos diversos mercados, especialmente aqueles mais impactados. Partimos com tudo: ações

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de esclarecimentos, eventos e encontros com representações políticas, ministros e outras autoridades dos mercados-alvo que visitamos. Uma parte da equipe da ABPA ficou dedicada a solver questionamentos e apoiar missões sanitárias e com outras finalidades que estiveram no Brasil. A reação foi forte. O Brasil gozava de uma inquestionável imagem de qualidade de produtos e de excelência em sanidade – em parte, por sermos o único grande produtor a nunca registrar casos de Influenza Aviária em nosso território. Os absurdos que circularam internacionalmente colocaram o mundo em estado de choque. Houve uma verdadeira desconstrução de imagem. Era como se as quatro décadas de trabalho e investimentos, de esforços contínuos e tanto suor tivessem se perdido em apenas uma manhã. Nossas explicações se basearam na verdade. Temos produtos da mais alta qualidade, validado pelo sistema de mais de 160 países. Nossa estrutura produtiva é robusta e altamente confiável. Respaldado pela reação técnica apresentada pelo Ministério da Agricultura e pela nota emitida pela própria Polícia Federal, validando a qualidade da proteína animal produzida pelo Brasil, partimos para apresentar ao mundo a ver-

Seminário na África do Sul - palestra com a analista técnica, Tainá Dias

dade que todos os que atuam no setor sabem: nossa proteína é uma das melhores do mundo. Praticamente todos os países aceitaram as explicações do Brasil. China e Hong Kong retomaram as importações cerca de 1 semana após a Operação. Outros mercados como Chile também retomaram no mesmo período. Coreia do Sul reabriu suas fronteiras em um período ainda mais curto. Uma parcela pequena, de menos de 2% das importações, ainda perdura com restrições. Há uma série de ações que temos realizado deste então para findar com esta problemática. Eventos internacionais, encontros e workshops em embaixadas, contatos com entidades de importadores. É um duro trabalho a ser realizado. Internamente – assim como também no mercado internacional – realizamos uma ação incisiva, que permitiu virar a pauta na imprensa nacional. O trabalho junto ao consumidor segue firme, especialmente nas redes sociais – onde mandemos as fan pages Amo Frango, Suíno Gastro e Ovo Todo Dia. Por meio de parceria com a Apex-Brasil também estamos intensificando uma série de iniciativas que vão além das redes sociais, como é o caso das ações nas redes sociais chinesas.


O ponto alto da ação de resgate da imagem do setor de proteína animal do Brasil deve acontecer durante o Salão Internacional de Avicultura e Suinocultura (SIAVS). Diversas iniciativas estão programadas para o evento, em parceria com a Apex-Brasil, como é o caso do Projeto Imagem – com a vinda de 50 jornalistas de diversos mercados importadores de aves, suínos e ovos do Brasil. Também teremos outros dois projetos: o Projeto Comprador – com a vinda de importadores – e o Projeto Formadores de Opinião – viabilizando a vinda de nomes estratégicos, de formadores de opinião, para o nosso SIAVS. Tudo isto é um grande esforço para superar este grave momento e começarmos um novo capítulo em nossa história.

Aprendizado

Ação promocional na Embaixada do Irã

Muitos aprendizados ficaram para muitos dos envolvidos. Ao nosso setor, na verdade, ficou a pro-

va de uma cadeia produtiva forte, atuante, unificada, destinada a seguir como uma das principais provedoras de alimentos do mundo, mesmo diante das piores adversidades.

Perdas As perdas são intangíveis. O maior prejuízo foi para a imagem do setor. Este, sim, é um prejuízo enorme, e incalculável. São décadas de trabalho que foram manchadas pelos equívocos divulgados. Os primeiros impactos foram absorvidos, mas a reconstrução de nossa credibilidade demorará anos, novamente.

Expectativa da ABPA para o fechamento do ano Tínhamos uma expectativa de crescimento de 3% a 5% na produção e nas exportações. Este cenário, entretanto, está sendo recalculado. Em breve, teremos novas estimativas.

A Revista do AviSite

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Informe Técnico-Empresarial

Aspectos importantes para melhorar o desempenho de frangos de corte, minimizando alguns desafios da fase pré-inicial Autores: Luiz Victor Carvalho, Nutricionista – Aves De Heus Brasil Nutrição Animal David Toledo, Nutricionista – Aves De Heus Brasil Nutrição Animal

C

onsiderada por muitos como a fase mais importante do ciclo de vida dos frangos de corte, a chamada fase pré-inicial compreende, em média, os primeiros sete dias de vida das aves de corte. Durante esta fase, a ave passa por vários processos adaptativos que vão desde a questão ambiental ao alojamento, até inúmeras adaptações de seu sistema digestivo, o qual necessita passar por alterações fisiológicas que vão propiciar a digestão de diferentes ingredientes e a absorção de nutrientes oriundos de diferentes fontes nutricionais. Nesta fase temos também no frango de corte um rápido desenvolvimento de órgãos e tecidos e sua preparação inicial para alcançar o desempenho esperado ao abate. Nesta idade, o pintinho apresenta um crescimento acelerado, multiplicando em média 4,5 vezes o seu peso inicial. Esse crescimento não representa apenas um aumento de massa corporal, mas sim o desenvolvimento e a maturação de diversos órgãos e sistemas que serão cruciais por toda vida da ave, como, por exemplo, o sistema imunológico. Porém, é de extrema importância para conseguirmos alcançar este desenvolvimento inicial, a máxima redução de interferências negativas em manejo, ambiência, nutrição e aspectos sanitários nas aves. Caso contrário, é grande a probabilidade de termos uma diminuição da taxa de crescimento o que poderá, entre outros fatores negativos, elevar a mortalidade, reduzir a uniformidade do lote e piorar a taxa de ganho de peso nesta primeira semana. Caso esta situação aconteça, po-

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A Revista do AviSite

deremos ter um aumento nos custos de produção e reduzir o volume de carne produzido. Considerando-se o aspecto nutricional, várias são as linhas de estudos e trabalhos muito bem fundamentadas e validadas; e que, ao longo dos anos, contribuem para o máximo conhecimento em termos de requerimentos nutricionais e utilização de ingredientes que objetivam atender às necessidades nutricionais e fisiológicas das aves na primeira semana de vida. Um dos pontos fundamentais relacionados a nutrição pré-inicial é em relação a qualidade dos ingredientes que são utilizados na formulação. Além dos níveis nutricionais, a qualidade e inclusão adequada das matérias primas são de extrema importância para as rações. Vários são os fatores que afetam a qualidade nutricional dos ingredientes. Fatores antinutricionais, oxidação, contaminação microbiológica e micotoxinas, dentre outros, são características que podem acometer as matérias primas, seja por aspectos naturais de cada ingrediente, falhas no seu processo de produção ou obtenção, ou mesmo devido a uma estocagem malfeita. Estes fatores, se não observados e minimizados, podem causar: - Perdas no processo de absorção dos nutrientes, devido a menor biodisponibilidade; - Agressões às mucosas orais, levando a uma diminuição do consumo de alimento; - Diminuição da integridade intestinal, podendo causar o surgimento da síndrome de transito rápido, menor qualidade das superfícies ab-

sortivas e, consequente, redução na absorção dos nutrientes; ainda aumentar o custo metabólico na digestão e demandar maior valor energético e de nutrientes para a manutenção e reparação das estruturas agredidas; - Quadros de diarreias, que aumentam a excreção de líquidos e alimentos mal digeridos e contribuem para uma maior pressão de contaminação no aviário; - Imunossupressão dos animais, deixando-os mais susceptíveis a patógenos; - Descontrole da microbiota e, consequente, perda da qualidade intestinal corroborando para maiores problemas com coccidiose e clostridiose. Sendo assim, a escolha dos ingredientes e definições de seus valores nutricionais através de análises e de padrões de qualidade previamente estabelecidos e controlados, dentro das margens de segurança definidas, é fundamental para se manter a boa qualidade das rações formuladas. Para isso, devemos realizar monitorias contínuas, se possível, no recebimento das matérias primas, para podermos garantir a segurança e qualidade destes ingredientes e assim minimizar as agressões às aves. Porém, nem sempre é possível manter o controle adequado da qualidade das matérias primas, seja pela indisponibilidade de um laboratório de análises de recebimento ou pela falta de oferta ou acesso a ingredientes com maior qualidade. Assim, para minimizar o impacto negativo na primeira semana de idade das aves, empresas de nutrição especializadas, fornecem rações com níveis nutricio-


nais adequados, alto controle de qualidade de matérias primas, além de alta performance de produção, como por exemplo: cuidados com a granulometria e forma física ideal para as rações, a fim de promover o maior consumo pela ave, durante esta fase. O processamento térmico das rações e a utilização de rações pré-iniciais peletizadas ou trituradas, são fatores que contribuem positivamente para alcançarmos o máximo potencial genético na primeira semana, pois, além de contribuírem para o máximo consumo nos primeiros dias de vida, ainda possibilitam melhor digestão dos nutrientes, reduzem o nível de contaminação microbiológica, evitam a seleção dos ingredientes, garantem o fornecimento da dieta formulada de forma balanceada além de reduzirem o gasto energético que ocorre pela diminuição do tempo de consumo. Pelo gráfico acima, verificamos que o metabolismo das linhagens de corte é mais lento durante os primeiros 21 dias de vida, quando comparado ao seu metabolismo após esta idade, o que pode ser notado na mudança de inclinação das curvas antes e após o 21º dia: Esta redução faz com que o apetite da ave seja suprimido nas primeiras semanas de vida e, consequentemente, o consumo de ração pode não ser suficiente para atender todas as necessidades nutricionais das aves neste período. Devido a esta característica devemos nos atentar, entre outros pontos, ao manejo de arraçoamento adequado e a ambiência, buscando estimular o consumo de ração, a afim de garantir a ingestão nutricional adequada e o máximo aproveitamento de seu potencial genético. Várias estratégias podem ser usadas para melhorar o consumo de ração nesta fase, na tentativa de evitar desuniformidades e quedas no desempenho zootécnico. Dentre elas podemos citar: - Superofertar alimentos com quantidade abundante de comedouros e bebedouros, além do uso de papel na cama para fornecimento de ração e estimulo sonoro às aves; - Manejar corretamente a tempera-

Gráfico 1 - Curvas de peso vivo de frangos de corte criados nos anos de 1957, 1991 e 2011 (adaptado de Havenstein et al, 2003a). A mudança da inclinação das curvas no 21° dia nos sugere uma alteração no metabolismo das aves com consequente aceleração do crescimento após esta idade

tura e a umidade (sensação térmica), mantendo as aves dentro da zona de conforto térmico, evitando assim a manifestação de comportamentos naturais que afetam o consumo e demandam energia para controle da homeotermia; - Manejar as cortinas do galpão em busca da melhor qualidade de ar com níveis baixos de CO2 (a fim de evitar a sonolência) e utilizarmos o estímulo luminoso atendando-se para quantidade e intensidade de luz para deixarmos as aves mais ativas e, mais uma vez, estimular o consumo; - Ofertar rações de alta qualidade para reduzir possíveis impactos causados por fatores antinutricionais e degradação das matérias primas. Rações peletizadas e trituradas melhoram a eficiência e o aproveitamento dos nutrientes, além de evitar a seleção dos ingredientes. Isso garante que a ave mantenha um consumo homogêneo

dos nutrientes formulados contribuindo para o bom desempenho e o crescimento uniforme das aves. Todos estes pontos são primordiais para garantir que as aves atinjam seu máximo desempenho. Para que as dificuldades e adversidades encontradas no manejo da primeira semana sejam minimizadas, conclui-se que há a necessidade de atenção com a qualidade do ambiente onde elas estão sendo criadas, sempre visando seu conforto e melhor desenvolvimento. Do mesmo modo, deve-se fornecer às aves um alimento de qualidade, com níveis nutricionais e granulometria adequados, garantindo a formação da estrutura corporal necessária para atingirem o peso, a conversão alimentar e rendimento de carcaça ótimos, aliando produtividade, qualidade e índices econômicos satisfatórios. A Revista do AviSite

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Bem-estar

Avanços na área das operações pré-abate de frangos de corte Grupo NEAMBE busca novas tecnologias de monitoramento e controle ambiental para reduzir perdas Autor: José Antonio Delfino Barbosa Filho, Professor do Departamento de Engenharia Agrícola da Universidade Federal do Ceará – UFC, Coordenador do NEAMBE – Núcleo de Estudos em Ambiência Agrícola e Bem-estar Animal – Universidade Federal do Ceará – UFC

J

á faz praticamente seis anos que o Núcleo de Estudos em Ambiência Agrícola e Bem-Estar Animal (NEAMBE) da Universidade Federal do Ceará (UFC) direciona suas pesquisas para o seguimento das operações pré-abate de animais de produção. Isso com o objetivo de aplicar novas tecnologias de monitoramento e controle ambiental e desenvolver técnicas de manejo que as-

segurem o conforto e o bem-estar dos animais, visando otimizar processos e reduzir perdas. O artigo a seguir tratará exclusivamente das pesquisas realizadas pela equipe de avicultura do NEAMBE, onde o enfoque será direcionado a apresentação de estudos que vêm sendo conduzidos pelo grupo no sentido de contribuir com o setor avícola através da produção científica rela-

cionada às operações pré-abate de frangos de corte. As operações pré-abate se dividem basicamente em 4 etapas principais, que são: Pega ou Captura, Carregamento, Transporte e Espera, sendo que a etapa de jejum ainda pode ser incluída neste grupo. O importante é frisar que em todas estas etapas as aves são expostas a diversos fatores estressantes que afetam seu bem-es-

Equipe de avicultura do NEAMBE direciona suas pesquisas para o seguimento das operações pré-abate de animais de produção

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tar e resultam em grandes prejuízos para o setor avícola. À medida que os consumidores têm mais acesso a informação e estão se tornando cada vez mais exigentes, a qualidade final da carne se torna uma das principais preocupações, tanto para os produtores quanto para a indústria. Pesquisas apontam uma associação direta entre a qualidade da carne e o manejo antes do abate, seja na propriedade, no transporte dos animais ou no abatedouro. Por esta razão, estudos direcionados a melhorias durante as etapas pré-abate são fundamentais. As operações pré-abate têm início quando as aves atingem o peso de abate e então será necessário transportá-las até o abatedouro. A pega, apanha ou captura das aves é a primeira etapa do processo, momento em que os funcionários capturam as aves e as conduzem até o caminhão para o início do carregamento. Nesta

etapa do manejo, devido ao seu comportamento natural, enquanto presas, as aves tendem a se debater e podem sofrer arranhões, torções e fraturas, o que resultará em problemas de bem-estar, perdas na carcaça ou até morte. No tocante à etapa de captura das aves, o NEAMBE realizou uma pesquisa que acompanhou a pega manual com a utilização de sacolas de lona, muito comum no nordeste do país. Neste método, as aves capturadas eram colocadas em sacolas para serem então pesadas e conduzidas à parte externa do galpão. Posteriormente eram despejadas das sacolas nas caixas de transporte. Como resultado desta pesquisa, foi possível notar uma redução de perdas devido aos danos causados nas carcaças durante a pega das aves. Isso, pois em situação de contenção dentro das sacolas, aliado ao fato da perda da linha de visão pelos animais, fez com que as aves se

Nas pesquisas acerca do transporte ficou evidente que o layout da carga é o grande vilão, pois gera um microclima com uma atmosfera supersaturada de vapor d´água, dificultando assim o processo de troca térmica por convecção

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Bem-estar

Na sequência da captura vem a etapa do carregamento, onde fatores como turno, tempo, densidade de aves por caixa e condições das caixas de transporte são fatores responsáveis pelo aumento ou redução das perdas neste processo

Área de espera deve ser coberta para garantir que os animais aguardem o momento do abate na sombra. Etapa é crucial para que tudo que foi realizado anteriormente não venha a ser perdido

debatessem menos. No entanto, verificou-se como fator negativo o abafamento causado pela sacola, o que sufocava as aves e aumentava o estresse térmico das mesmas. Na sequência da captura vem a etapa do carregamento, onde fatores como turno, tempo, densidade de aves por caixa e condições das caixas de transporte são fatores responsáveis pelo aumento ou redução das perdas neste processo. Outro fator chave é a prática do molhamento da carga. Assim, o NEAMBE estudou a fundo a prática do molhamento como método de atenuação do estresse térmico e comprovou sua ineficiência

no clima semiárido. A pesquisa revelou informações importantes como o consumo de água por caminhão no carregamento, 2.200L por caminhão, além do efeito temporário do molhamento da carga em atenuar o estresse térmico, que para as condições da pesquisa, durou apenas 10 minutos. A pesquisa sobre o molhamento como atenuação do estresse térmico também apontou para a necessidade de se determinar a sensação térmica das aves durante o transporte, pois a circulação de ar entre as caixas deverá ser bem equacionada, uma vez que o fluxo de ar elevado poderá acelerar a perda de calor dos animais e a ave sofrerá estresse por frio, correndo o risco de morrer por hipotermia. A etapa do transporte consiste basicamente na ação de transportar as aves até o abatedouro. Embora pareça simples, não é difícil perceber a complexidade logística envolvida, pois esta etapa poderá ser executada nas mais diversas condições e combinações de distância, horário, tipo de vias (estrada), forma de condução do veículo, tipo de veículo, layout da carga, variedade climática, etc. Pesquisas apontam o transporte das aves até o abatedouro como uma das operações pré-abate que mais causa prejuízos, pois as aves são submetidas a fatores desgastantes, como o estresse térmico. O estresse térmico é causado, principalmente, pelas características ambientais da região e pelo microclima gerado nas caixas de transporte da carga, onde não há elementos que contribuam para a dissipação do calor, em virtude do elevado número de aves colocadas por caixa e da forma como a carga é montada no caminhão, que objetivam o transporte do maior número de aves possível. Além disso, vale ressaltar que os caminhões utilizados nesta etapa não são projetados para o transporte de carga viva, ou seja, em nada contribuem para a diminuição do desgaste das aves e, inevitavelmente, geram muitas perdas. Em nossas pesquisas acerca do transporte ficou evidente que o layout da carga é o grande vilão, pois

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gera um microclima com uma atmosfera supersaturada de vapor d´água, dificultando assim o processo de troca térmica por convecção. Logo, a prática do molhamento da carga antes do transporte deve ser evitada, e estudos voltados para o projeto de uma configuração de carga que propicie uma melhor distribuição da ventilação no interior das caixas deve ser prioridade. Assim, chegamos ao veredito que o grande desafio a ser enfrentado pela indústria avícola no transporte de frangos será o design de caminhões e configurações de cargas que resultem em menores perdas, uma vez que o transporte é parte essencial do ciclo de produção de frangos de corte. É preciso entender que as variáveis envolvidas no transporte de carga viva, tais como temperatura, umidade relativa, layout da carga, velocidade e temperatura do vento, tempo de viagem, estações do ano, tipo de estrada, vibração, etc., agem de forma

Sacolas de lona são muito comum no nordeste do país. Neste método, as aves capturadas são colocadas em sacolas para serem então pesadas e conduzidas à parte externa do galpão.

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Bem-estar

Para a validação do modelo virtual tornouse necessário a construção de um modelo físico e a prototipagem rápida (impressão 3D) dos dispositivos de atenuação do estresse térmico (DAET). A parte final da pesquisa utilizará um modelo físico (caminhão, caixas de transporte e DAET) em escala reduzida (1:10), para verificar sua eficiência em túnel de vento, em que espera-se comprovar a captação e circulação de vento ao longo da carga durante a movimentação do caminhão

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direta e conjunta na fisiologia das aves. Por isso poucas pesquisas são desenvolvidas para tentar modificar o microclima agressivo da carga durante o transporte, talvez pela complexidade do número de variáveis envolvidas e pela complexidade matemática dos processos. A proposta do NEAMBE, para solucionar o problema de estresse térmico durante o transporte, esta no desenvolvimento de uma nova tecnologia para modificar o layout da carga e melhorar a circulação de ar dentro da mesma, através de espaçadores colocados entre as caixas e coletores de ar para forçar a entrada do vento entre as caixas. Esta nova tecnologia, utilizando dispositivos de atenuação do estresse térmico, foi desenvolvida na forma de acessórios a serem instalados nas caixas de transporte. Os dispositivos de atenuação do estresse térmico (DAET) foram concebidos com o uso de engenharia assistida por computador (CAD), para que possam ser acoplados de modo rápido nas caixas de transporte, e sua eficiência também foi projetada com uso da engenharia assistida por computador (CAE) que, através de simulações, comprovaram e eficiência dos dispositivos. Os softwares CAD/CAE fazem uso do processo de simulação computacional, em que avaliam o comportamento do produto virtualmente, isto é, o produto é testado em funcionamento no ambiente virtual, imitando seu funcionamento real. Para a validação do modelo virtual tornou-se necessário a construção de um modelo físico e a prototipagem rápida (impressão 3D) dos dispositivos de atenuação do estresse térmico (DAET). A parte final da pesquisa utilizará um modelo físico (caminhão, caixas de transporte e DAET) em escala reduzida (1:10), para verificar sua eficiência em túnel de vento, em que espera-se comprovar a captação e circulação de vento ao longo da carga durante a movimentação do caminhão. A chegada das aves no abatedouro e o período de espera para o aba-

Apesar de grande dificuldade de se explorar a fundo as operações pré-abate de frangos de corte, avanços no campo das pesquisas ligadas a esta importante fase do manejo têm sido realizadas

te finalizam as operações pré-abate. Sendo assim, a espera é uma etapa crucial para que tudo que foi realizado anteriormente não venha a ser perdido. Recomenda-se que a área de espera seja coberta para garantir que os animais aguardem o momento do abate na sombra. O descarregamento das aves também dever ser feito com cuidado, pois pesquisas mostraram que uma gaiola contendo 7 aves, caindo do topo da carga, pode gerar uma força de até três vezes a da gravidade, o que pode causar sérios danos na carcaça. Como as aves vêm sofrendo com o estresse térmico durante a viagem, o galpão de espera deve conter dispositivos de ventilação e nebulização bem dimensionados. O con-


Termograma durante o molhamento e 10 minutos após o molhamento

trole de tais dispositivos é essencial para garantir o bem-estar das aves e minimizar prejuízos. O NEAMBE desenvolve pesquisas na área de monitoramento e controle ambiental, em especial, no controle do binômio temperatura-umidade relativa do ar. Para tanto, desenvolveu um sensor de monitoramento e controle que utiliza o Índice Entalpia de Conforto (IEC) para avaliar o conforto térmico dos animais em abrigos ou instalações zootécnicas. O sensor de entalpia pode ser considerado um grande avanço, pois possibilita controle automático, e quando instalado em ambientes de espera, poderá contribuir para a economia de energia e para um menor consumo de água na climatização. Como pode ser visto, apesar de grande dificuldade de se explorar a fundo as operações pré-abate de frangos de corte, avanços no campo das pesquisas ligadas a esta importante fase do manejo têm sido realizadas, principalmente no que se refere a aplicação de novas tecnologias, por meio da zootecnia de precisão, visando reduzir perdas e melhorar as condições de conforto e bem-estar dos animais.

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Informe Técnico-Comercial

Aplicações da betaína em nutrição animal Autores: Luiz Gustavo Rombola, Gerente Técnico da Orffa do Brasil, e Arno van der Aa, Gerente de Desenvolvimento de Negócios da Orffa International

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ma das aplicações bem conhecidas da betaína na alimentação animal é a redução de custos de formulação, substituindo cloreto de colina e metionina como doador de grupos metil em dietas de frangos de corte. Além desta aplicação, a betaína pode ser fornecida on top para várias aplicações em diferentes espécies animais. A betaína é um potente osmoregulador e pode ser utilizada para reduzir efeitos negativos do estresse térmico e da coccidiose. Como a betaína influencia a deposição de gordura e proteínas, ela também pode ser usada para melhorar a qualidade de carcaça e reduzir problemas de fígados gordurosos.

Substituição de colina e metionina Os grupamentos metil são de importância vital para o metabolismo de todos os animais, além disso, os animais não podem sintetizar grupamentos metil e, portanto, precisam rece-

bê-los em suas dietas. Estes são utilizados em reações de metilação para remetilação da metionina e síntese de compostos úteis como a carnitina, a creatina e a fosfatidilcolina através da S-adenosil metionina. Para gerar grupos metil, a colina deve ser oxidada em betaína dentro das mitocôndrias (Figura 1). O requerimento especifico de colina é fornecido a partir da colina presente nas matérias-primas (vegetais) e pela síntese de phosfatidilcolina e colina, sempre que a S-adenosil metionina esteja disponível.

A remetilação da metionina ocorre através da doação por de um dos seus três grupos metil da betaína à homocisteína, através da enzima betaína-homocisteína metiltransferase. Após a doação do grupamento metil, a molécula de dimetilglicina (DMG) remanescente, é oxidada em glicina. A suplementação de betaína reduz os níveis de homocisteína resultando em aumentos significativos nos níveis plasmáticos de serina e cisteína. A estimulação da re-metilação de homocisteína dependente de betaína e a di-

Tabela 1 Benefícios da betaina durante o estresse térmico em direferentes espécies Espécie Desafio Inclusão de Betaina Resultado da suplementação com betaina Temperaturas retais e taxa de respiração normal. Aumento da ingestão Frango de corte 2kg/t Temperaturas de 27 à 36ºC alimentar (+ 2,4%) e GPD (+ 3,3%) Poedeiras comerciais

Poedeiras comerciais

Aumento de temp. de 22 à 38ºC e U% de 45 à 65% Aumento nos níveis de amônia de 9 - 24 para 33 - 78ppm, U% de 56 para 76% e temperatura de 18 para 28ºC Aumento da temperatura de 24 para 28ºC

1g/kg

Melhor desempenho, GPD, postura, CA, similares ao controle positivo e superiores ao tratamento com estresse e sem betaina

0,7 ou 1,5g/kg

Aumento na produção de ovos de 16% e aumento da massa de ovos de 12%

Melhora da capacidade antioxidante, aumento no consumo e na produção de leite (+5%) Aumento de leitegada (4 - 13%) aumento no nº de nascidos vivos (5Porcas Verão australiano 7,6 - 9g/d 11%) Referências: 1. Haldar et al., 2011; 2. Attia et al., 2016; 3. Gudev et al., 2011; 4. Zhang et al., 2014; 5. Van Wettere et al., 2012, 2013 Vacas de leite

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10, 15 ou 20g/vaca/dia


Tabela 2 - Efeito da suplementação de betaina com ou sem inclusao de ionoforos durante desafio por coccidiose (aos 2 Suplementação Salinomicina Peso vivo CA (1 Mortalida Escore de de betaina (%) (ppm) (kg 21d) de lesão 0 0 0,58 1,44 16,6 3,6 0,15 0 0,59 1,40 14,1 3,5 0 44 0,60 1,38 8,4 2,9 0,15 44 0,62 1,35 4,7 2,2 0 66 0,62 1,35 4,7 2,3 0,15 66 0,64 1,31 2,7 1,8

minuição subsequente da homocisteína plasmática podem ser mantidas enquanto a betaína suplementar for fornecida. Em geral, estudos demostram que a betaína pode substituir o cloreto de colina com maior eficácia biológica e pode ainda, substituir parte da metionina total, resultando em formulações mais economicas, enquanto melhora o desempenho animal.

Estresse térmico e perdas econômicas O aumento de custo com energia elétrica extra, para aliviar o estresse térmico dos animais, pode causar graves prejuízos na produção de leite. Os efeitos do estresse térmico em vacas leiteiras, por exemplo, geram gastos de mais de 400USD por vaca / ano devido às reduções na produção de leite.

A produção de ovos também apresenta desempenho reduzido e as porcas em produção que passam por estresse térmico, reduzem a ingestão de alimentos, reduzem o tamanho da leitegada e apresentam um intervalo de desmame ao estro maior. Betaína é uma molécula dipolar zwitterion e altamente solúvel na água que funciona como osmoregulador. Aumenta a capacidade de retenção de água do tecido intestinal e muscular mantendo a água contra o gradiente de concentração. Melhora o funcionamento das bombas iônicas das células intestinais, reduzindo a demanda energética, que pode ser utilizada para o desempenho e produção. A Tabela 1 mostra o resumo de testes com estresse térmico e os benefícios da betaína. A tendência geral com o uso de betaína durante o estresse

térmico é a maior ingestão de alimentos, melhora da saúde e integridade intestinal e, portanto, melhor desempenho dos animais.

Sinergias durante infecções por coccidiose A coccidiose em espécies aviárias é uma doença entérica de infecção associada a distúrbios osmóticos e iônicos, provavelmente causados por desidratação e diarréia. Betaína é conhecida devido a sua capacidade de auxiliar as células a tolerar estresse osmótico promovendo a manutenção das atividades metabólicas regulares em condições em que normalmente estariam inativadas. Vários medicamentos ionóforos e anticoccidiários são utilizados amplamente para prevenir a coccidiose. Com base nas propriedades osmoprotetoras a betaína promove

Tabela 3 Efeitos da betaína na composição de carcaça de aves Especies

Inclusão de betaina (%)

Frangos de corte

0,05 - 0,15

Frangos de corte Frangos de corte Frangos de corte

0,08 0,05 0,1

Frangos de corte

0,04 - 0,07

Frangos de corte

0,07 - 0,14

Frangos de corte Frangos de corte

0,05 - 0,10 0,1

Frangos de corte

0,05

Perus

0,1

Perus

0,09

Patos

0,05

Efeitos Rendimento de peito ↑ Porcentagem de gordura ↓ Rendimento de peito ↑ Rendimento de carcaça ↑ Rendimento de carcaça ↑ Rendimento de carcaça ↑ Porcentagem de músculo ↑ Proteína serica↑ Gordura abdominal ↓ Rendimento de peito ↑ Rendimento de peito ↑ Rendimento de peito ↑ Gordura abdominal ↓ Rendimento de peito ↑ Rendimento de peito ↑ Gordura abdominal ↓ Rendimento de peito ↑ Gordura abdominal ↓

Referência

Especies

Virtanen and Rosi, 1995

Suínos 36 - 64kg Virtanen and Rosi, 1995 Esteve-Garcia and Mack, 2000 Suínos 86 - 116kg Waldroup and Fritts, 2005 Suínos 60 - 115kg Attia et al., 2005 Hassan et al., 2005 Pirompud et al., 2005 Waldroup et al., 2006 Zhan et al., 2006 Remus, 2001

Suínos Suínos 20 - 65kg Suínos > 60kg Suínos 25 - 110kg

Noll et al., 2002

Suínos > 64kg

Wang et al., 2004

Suínos 20 - 64kg Suínos > 63kg Suínos 55 - 90kg Suínos> 58kg Suínos 55 - 90kg

Inclusão de betaina (%) Efeitos Porcentagem de gordura ↓ 0,13 - 0,5 gordura abdominal ↓ Porcentagem de musculo ↑ gordura abdominal ↓ 0,13 Rendimento de carcaça ↑ 0,13 - 0,5 Área de olho do lombo ↑ Espessura de toicinho ↓ Espessura de toicinho ↓ 0,2 Área de olho do lombo ↑ 0,15 Espessura de toicinho ↓ Porcentagem de gordura ↓ 0,1 Área de olho do lombo ↑ Porcentagem de gordura ↓ 0,08 - 0,18 Área de olho do lombo ↑ Deposição proteica ↑ 0,15 Área de olho do lombo ↑ Porcentagem de gordura ↓ 0,1 - 0,2 Área de olho do lombo ↑ Porcentagem de gordura ↓ 0,13 Espessura de toicinho ↓ Porcentagem de musculo ↑ 0,13 gordura abdominal ↓ Área de olho do lombo ↑ 0,13 Porcentagem de gordura ↓ 0,13 Espessura de toicinho ↓

Referência Fernandez-Figares et al., 2002 Lawrence et al., 2002 Matthews et al., 2001c Urbanczyk, 1997 Wang & Xu, 1999 Wang et al., 2000b Yu et al., 2001 Suster et al., 2004 Yu et al., 2004 Feng et al., 2006 Huang et al., 2006 Dunshea et al., 2007 Huang et al., 2008

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Informe Técnico-Comercial

Inclusão de betaina (%) Especies Efeitos Porcentagem de gordura  Suínos 36 - 64kg 0,13 - 0,5 gordura abdominal  Porcentagem de musculo  gordura abdominal  Suínos 86 - 116kg 0,13 Rendimento de carcaça  Suínos 60 - 115kg 0,13 - 0,5 Area de olho do lombo  Espessura de toicinho  Espessura de toicinho  Suínos 0,2 Area de olho do lombo  Suínos 20 - 65kg 0,15 Espessura de toicinho  Porcentagem de gordura  Suínos > 60kg 0,1 Area de olho do lombo  Porcentagem de gordura  Suínos 25 - 110kg 0,08 - 0,18 Area de olho do lombo  Deposição proteica  Suínos > 64kg 0,15 Area de olho do lombo  Porcentagem de gordura  Suínos 20 - 64kg 0,1 - 0,2 Area de olho do lombo  Porcentagem de gordura  Suínos > 63kg 0,13 Espessura de toicinho  Porcentagem de musculo  Suínos 55 - 90kg 0,13 gordura abdominal  Area de olho do lombo  Suínos> 58kg 0,13 Porcentagem de gordura  Suínos 55 - 90kg 0,13 Espessura de toicinho 

Referência Fernandez-Figares et al., 2002 Lawrence et al., 2002 Matthews et al., 2001c Urbanczyk, 1997 Wang & Xu, 1999 Wang et al., 2000b Yu et al., 2001 Suster et al., 2004 Yu et al., 2004 Feng et al., 2006 Huang et al., 2006 Dunshea et al., 2007 Huang et al., 2008

Tabela 4 Efeitos da betaína na composição de carcaça de suínos

um efeito estabilizador nas células intestinais de aves infectadas com coccidia e reduz os efeitos patogênicos da infecção. Vários estudos relacionaram o efeito da betaína com coccidiostáticos ionóforos e o efeito positivo na produção de frangos de corte. A betaína, em combinação com a salinomicina, tem efeito positivo no desempenho das aves durante o desafio por coccidiose (Tabela 2). Betaína e salinomicina na dieta reduzem o desenvolvimento das lesões por E. acervulina, em nível menor do que nas aves suplementadas por

betaína ou salinomicina isoladas. Isso sugere que a betaína contribui para o melhor desempenho de aves diretamente por inibição parcial da invasão e desenvolvimento coccidiano, e indiretamente, por apoiar a integridade e funcionalidade da estrutura intestinal. Este é o efeito sinérgico da betaína e ionóforos. Os coccidiostáticos possuem efeito inibidor em enzimas envolvidas na oxidação da colina em betaína e, portanto, os animais apresentam maior necessidade de dadores de grupos metil como tal.

Betaína possui diferentes aplicações em diferentes espécies animais; com economia de custo e melhora do desempenho

Betaína também é reconhecida por melhorar as características da carcaça. Como doador de metil, reduz a quantidade de metionina / cisteína para a desaminação e, como tal, permite maior síntese protéica. Como dador de grupamentos metil, a betaína também é responsável por aumentar a síntese de

30 A Revista do AviSite

Modificador de carcaça

carnitina. A carnitina é diretamente relacionada com o transporte de ácidos graxos para as mitocôndrias para sua oxidação, permitindo que os conteúdos de lipídios da carcaça sejam reduzidos. Por último, mas não menos importante, através da osmoregulação, a betaína permite ótima retenção de água na carcaça. As Tabelas 3 e 4 resumem o grande número de teses que demonstram respostas muito consistente á suplementação de betaína. Em aves, a betaína aumenta a produção de carne e carcaça reduzindo a gordura abdominal, em respostas semelhantes, os suínos apresentam maior deposição de carne magra e redução da gordura de cobertura.

Proteção hepática O mal funcionamento do fígado está diretamente correlacionado à doença metabólica: A cetose em vacas leiteiras ou síndrome do fígado gordo (hemorrágico) em aves. O fígado pode ser afetado por fatores externos de estresse. Desafios de micotoxinas por exemplo são conhecidos por afetar o fígado, que está sob alta pressão em períodos de pico de produção, onde a gordura deve ser mobilizada e transferida através para deposição em colostro, leite ou ovos. A aplicação de betaína em vacas leiteiras reduz o NEFA plasmático e BHBA, um indicador de função hepática melhorada. Em poedeiras, a redução significativa dos fígados gordurosos foi observada com a suplementação de betaína. Estes testes indicam aumento de triglicerídeos no soro e níveis de colesterol, indicando que a gordura foi bem liberada do fígado e foi transportada como colesterol através do sangue para a formação de ovos.

Conclusão Betaína possui diferentes aplicações em diferentes espécies animais. Não só economia em custos com formulação, mas também as melhoras do desempenho podem ser obtidas com suplementação de betaína, especialmente para animais expostos a desafios de manejo do dia a dia, estresse por calor, fígado gorduroso e coccidiose.


AviGuia Diretamente da Europa

Optigut chega no Brasil como alternativa aos Antiobióticos Promotores de Crescimento (APC)

Jan Anné, Business Developer da Proviron: a empresa tem projetos para comercializar o produto em todo o Brasil e América Latina A Proviron, com sede na Bélgica, está ganhando o mercado brasileiro com o Optigut, um blend de ácido orgânico de terceira geração esterificado/protegido, composto com ésteres de ácidos graxos a partir de C3 a C12, em mais alto grau de pureza (monoglicerídeos e triglicerídeos). O produto é uma combinação de C4 (ácido butírico) e C12 (ácido láurico), garantindo um melhor desenvolvimento intestinal, e também, comprovado efeito anti-inflamatório e anti-microbiano. Segundo Jan Anné, Business Developer da Proviron, a empresa quer comercializar o produto por todo o Brasil e América Latina “Já temos atuação na Bélgica, Alemanha, Reino Unido, França, Espanha, Países Baixos e Polônia”, destacou Anné. No Brasil e América Latina, a porta de entrada da Proviron está sendo por meio de uma parceria, desde 2016, com a Vetworks do Brasil, empresa de consultoria e assessoria na área de avicultura industrial que promove treinamentos, eventos internacionais da área e importa produtos já comercializados na Europa, como o Optigut. A Proviron espera uma boa resposta do produto já que é uma novidade e logo será uma alternativa aos Antibióticos Produtores de Crescimento (APC). Ácidos orgânicos, como o ácido butírico, são conhecidos, por um lado, por seus efeitos benéficos para o desenvolvimento da saúde intestinal, e, por outro, pelo seu potencial antimicrobiano. Por causa de algumas desvantagens desses ácidos (chei-

ro e palatabilidade, por exemplo), várias soluções foram desenvolvidas para mascarar essas questões. No entanto, a Proviron desenvolveu tecnologia para entrega de produtos à base butírico, caprílico e especialmente o láurico para os moinhos de alimentação na sua concentração mais alta. Devido às suas competências químicas, os produtos têm alta concentração, são livres de odores desagradáveis e de fácil manuseio para os usuários finais. Por meio de diversos testes, tanto in vitro quanto in vivo, uma combinação específica de ésteres de ácidos graxos tem sido amplamente desenvolvida.

Testes de campo O valor do produto foi confirmado em uma série de testes de campo, os quais foram instituídos na UE (Reino Unido, Bélgica, Alemanha, entre outros países). Produtores de frangos de corte usaram Optigut (4 kg no início, 2 kg durante o crescimento e blanco no final) em comparação com rações de controle comercial contendo aditivos para melhora do intestino. Devido a um aumento de 5% no peso final, uma diminuição na taxa de conversão alimentar de 3% e uma redução de 54% na necessidade de antibióticos para combater a enterite bacteriana, obteve-se um retorno do investimento de ≥4. Melhor saúde intestinal também foi obtida pelos baixos resultados macroscópicos para enterite bacteriana. Para mais informações acesse: www.proviron.com A Revista do AviSite

31


AviGuia Contratação

Cobb-Vantress anuncia Aldo Rossi como VP de Pesquisa & Desenvolvimento A Cobb-Vantress, líder mundial no fornecimento de aves de produção para frangos de corte e em especialização técnica no setor avícola, apresenta ao mercado seu novo vice-presidente de Pesquisa & Desenvolvimento. Trata-se do doutor em medicina veterinária Aldo Rossi, que possui mais de 25 anos de experiência no setor avícola, sendo 17 deles dedicados somente à Cobb. O especialista iniciou a carreira na Cargill, em 1992, depois de finalizar o doutorado na Universidade da Califórnia. Foi contratado pela Cobb em 2000, onde atuou como veterinário do Suporte Técnico Mundial, diretor de Vendas e Serviços Técnicos para a América do Norte e gerente-geral de Negócios para a mesma região. O último cargo ocupado por Rossi na companhia foi como diretor mundial de Qualidade e Serviços Veterinários. Para o presidente mundial da Cobb, Joel Sappenfield, a experiência e o conhecimento científico do executivo devem contribuir ativamente para a liderança e direção das pesquisas e testes de produtos da empresa. “O conhecimento de Rossi sobre o setor é estratégico e deve contribuir para que alcancemos nossos objetivos de progresso genético e crescimento nos negócios”, disse. Saiba mais em www.cobb-vantress.com.

Doutor em medicina veterinária pela Universidade da Califórnia, Rossi possui mais de 25 anos de experiência no setor avícola

Soluções para garantir a criação de aves saudáveis

Zoetis aborda prevenção e controle da Coccidiose em ciclo de palestras pelo País

Eva Hunka: “As soluções oferecidas pela Zoetis são um excelente exemplo da nossa abordagem de parceria com os clientes. Ao compartilharmos nossos conhecimentos e oferecermos soluções relevantes por meio de nossos produtos e programas, procuramos nos colocar como assessores de confiança para o manejo da saúde intestinal e o uso responsável dos anticoccidianos”

32

A Revista do AviSite

A Zoetis promoveu um ciclo de palestras sobre prevenção e controle da Coccidiose. Os encontros, realizados nas cidades de Bento Gonçalves (RS), Cascavel (PR) e Pará de Minas (MG), reuniram cerca de 150 participantes. Na pauta estavam os constantes desafios presentes nas granjas e o uso prudente e responsável de anticoccidianos na avicultura. As palestras contaram com representantes das principais empresas locais, além de veterinários, zootecnistas, técnicos e administradores de negócios avícolas. Segundo Eva Hunka, gerente de Produtos – Aves da Zoetis, o objetivo do encontro é acompanhar o produtor em seus desafios cotidianos e levar soluções capazes de tornar sua atividade a mais rentável possível. Ministradas pela equipe da Zoetis, as palestras abordaram temas como anticoccidianos, probióticos, uso racional de antibióticos em frangos de corte e como os princípios da farmacologia aplicada ao uso destes produtos podem ajudar na lucratividade da granja. A Zoetis aproveitou o encontro para apresentar aos convidados informações de seu portfólio de produtos capazes de combater a enfermidade e possibilitar a alternância entre os anticoccidianos. O aditivo Avatec 20%, único ionóforo bivalente do mercado, garante a imunidade do animal contra a Eimeria tenella e E.maxima (em frangos) e à E. meleagrimitis, E.gallopavonis e E.adenoeides (em perus). Já Cygro 1% previne a coccidiose em frangos de corte causada principalmente pela E. tenella, uma das eimerias mais comuns em campo. O Deccox, um anticoccidiano químico capaz de prevenir a doença em frangos de corte, ajuda a eliminar os coccídeos mais prevalentes na granja em estágio precoce de desenvolvimento e ajuda a maximizar o desempenho das aves. Saiba mais www.zoetis.com.br


Informe Técnico-Comercial

Os Dez Princípios da Interpretação Sorológica 2ª parte – BASELINE: o item essencial para analisar objetivamente os dados sorológicos

P

ara apoiar produtores e veterinários, a IDEXX lançou a série “Os Dez Princípios da Interpretação Sorológica”. A cada edição importantes orientações sobre as variáveis que impactam no sucesso dos programas de monitoramento da sanidade, concebidos a partir da experiência dos técnicos e cientistas da IDEXX em mais trinta anos de atuação na vanguarda da sanidade avícola.

PRINCÍPIO 3

Compare seu próprio banco de dados com o da sua região O banco de dados interno é a informação mais importante obtida no programa de monitoramento sorológico e deve ser usado no intuito de analisar e compreender os desafios a que se está exposto em cada região do país, pois eles serão diferentes conforme a epidemiologica de cada local. Outra finalidade que o uso da ferramenta do BASELINE nos permite é comparar seu próprio histórico de títulos de anticorpos, induzidos pela resposta vacinal, identificar e corrigir falhas de vacinação e adequar programas de vacinação para que se possa obter a máxima eficiência na imunização do plantel, alcançando excelência no gerenciamento sanitário avícola. ATENÇÃO: cuidado ao comparar o seu próprio banco de dados com os dados gerados em outras partes do mundo. Essa é uma alternativa menos eficaz e arriscada, pois há muitas variáveis diferentes daquelas que podemos ter em nossas próprias regiões.

PRINCÍPIO 4

Considere as mudanças sazonais nos dados sorológicos Para um gerenciamento sanitário mais eficaz, é importande levar as mudanças sazonais (inverno/verão, seca/chuvas) em consideração ao se fazer um monitoramento sorológico. Comparar dados obtidos recentemente com dados da mesma época, mas de anos anteriores, é uma forma consciente e inteligente de identificar linhas de tendência e ajustar o programa de manejo e sanitário, de modo otimizar a produção avícola.

PRINCÍPIO 5

Conheça o poder e as limitações de cada ensaio de laboratório O método ELISA é utilizado em todo o mundo porque une alta sensibilidade e especificidade a um baixo custo. Os testes ELISA da IDEXX são valiosas ferramenta para monitoramento e identificação de diversos agentes como Influenza, Mycoplasma, IBV, Anemia, Enfalomielite, etc. Qualquer variação significativa no desafio a campo ou de vacinação podem ser detectadas pelo teste de ELISA. Obs: No entanto, deve-se saber que o ELISA não pode “identificar” as respostas imunes contra cepas ou variantes específicas. Por exemplo, o ELISA não pode determinar se um lote com problemas de IBV foi desafiado com os sorotipos Massachusetts, Arkansas, Connecticut, DEO72, etc.

NA PRÓXIMA EDIÇÃO

Não perca a terceira parte da série “Os Dez Princípios da Interpretação Sorológica” com o tema “Investigando cepas do patógeno, variantes ou sorotipos de circulação local” Para saber mais sobre como utilizar as ferramentas IDEXX em seu programa de sanidade, fale com nossa equipe técnica: Mariane Soares: 011 94258-0382 ; Mônica Brehmer 11 97683-3973 A Revista do AviSite

33


Estatísticas e Preços

Produção e mercado em resumo Grandes importadores de carne de frango estão reduzindo suas Produção de carne de frango* Maio/2017 importações 1.100,587 Mil toneladas | -6,11% Produção de pintos de corte Abril/2017 508,875 Milhões | -5,93%

Exportação de carne de frango Maio/2017 344,662 mil toneladas | -10,61%

Disponibilidade interna* Maio/2017 755,925 Mil toneladas | -3,91%

Farelo de Soja Junho/2017 R$990,00 | -35,12%

Milho Junho/2017 R$28,14 | -45,09%

Desempenho do frango vivo Junho/2017 R$2,50 | -11,02%

Desempenho do ovo Junho/2017 R$87,04 | +1,94%

*Os números referem-se ao potencial de produção de carne de frango e ao potencial de disponibilidade interna. Todas as porcentagens são variações anuais.

34 A Revista do AviSite

N

o cenário internacional, nas projeções de seu mais recente Food Outlook, a Agência das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) aponta que a produção mundial de carnes vem sendo liderada desde 2015 pelas carnes avícolas, predominantemente, a de frango. A previsão é de que, em 2017, corresponda a quase 40% do total produzido pelas carnes suína, bovina e avícola. Nas exportações, enquanto o Brasil fechou o primeiro quadrimestre de 2017 vendo suas exportações de carne de frango (produto in natura) recuarem perto de 4,5%, os EUA completaram o mesmo período ampliando suas vendas externas em mais de 5%.

N

o cenário nacional, os primeiros dados divulgados pelo IBGE relativos ao abate de frango em estabelecimentos sob inspeção federal, estadual ou municipal mostram que enquanto o número de cabeças abatidas aumentou 0,3% no primeiro trimestre de 2017, o volume de carne produzida aumentou 2,6% em relação a idêntico período de 2016, indicando haver crescimento no peso médio do frango abatido. Em relação ao mercado externo a má notícia para as exportações brasileiras vem do relatório da FAO que prevê redução nas importações de carne de frango de três países grandes clientes do produto brasileiro: Arábia Saudita, Japão e Rússia. Infelizmente, nas exportações brasileiras até maio, juntaram-se a eles, a China e os Emirados Árabes Unidos, outros dois grandes importadores do Brasil. No mercado de ovos comerciais, houve pequena queda mensal no preço médio. Todavia, foi um caminhar sem grandes sobressaltos no decorrer de junho. No acumulado do primeiro semestre obteve valorização anual superior a 10%. O frango vivo atravessou o segundo trimestre cotado a R$2,50, indicando ter encontrado um patamar de estabilidade. Por outro lado, o levantamento mensal da Embrapa Suínos e Aves aponta que em maio passado o custo de produção do frango ficou em R$2,31/kg e representou o menor custo de produção dos últimos 22 meses.


Produção de pintos de corte

6,59% menos pintos de corte no 1º quadrimestre de 2017

C

EVOLUÇÃO MENSAL MILHÕES DE CABEÇAS

MÊS

2015/2016

2016/2017

Maio

535,525

542,145

1,24%

Junho

552,167

551,131

-0,19%

Julho

573,266

514,831

-10,19%

Agosto

551,897

546,836

-0,92%

Setembro

555,216

497,702

-10,36%

Outubro

581,602

510,632

-12,20%

Novembro

497,604

525,170

5,54%

Dezembro

572,410

560,266

-2,12%

Janeiro

560,408

535,647

-4,42%

Fevereiro

538,403

494,423

-8,17%

VAR. %

Março

561,478

517,196

-7,89%

Abril

540,962

508,875

-5,93%

Em 04 meses

2.201,250

2.056,140

-6,59%

Em 12 meses

6.620,938

6.304,854

-4,77%

Fonte dos dados básicos: APINCO – Elaboração e análises: AVISITE

Produção Quadrimestral

I

II

2014

III

I

II

2015

III

I

II

III

2016

2,056

2,094

2,155

2,201

2,207

2,213

2,086

2,126

2,097

1º quadrimestre de 2014 a 1º quadrimestre de 2017 Bilhões de cabeças

2,009

omparativamente ao mesmo mês do ano anterior, o volume de pintos de corte produzidos no Brasil em abril de 2017 voltou a apresentar redução, como já havia ocorrido nos quatro meses anteriores, isto é, desde dezembro de 2016. Em abril, de acordo com a APINCO, foram produzidos cerca de 508,875 milhões de pintos de corte, resultado que significou queda anual de, praticamente, 6%. Nominalmente, esse volume também recuou em relação ao mês anterior, março de 2017, sendo 1,61% menor. Porém, analisada sob o ângulo da média diária, a produção de abril aumentou 1,67%. Com o último resultado, o acumulado no primeiro quadrimestre de 2017 ultrapassou ligeiramente os 2,056 bilhões de cabeças, retrocedendo 6,59% em relação a idêntico período de 2016. O acumulado em 12 meses, por sua vez, se encontra pouco além dos 6,3 bilhões de pintos de corte, apresentando redução nominal de 4,77% em relação a idêntico período anterior. Considerado o caminhar errático da economia e do País, as previsões perdem sentido. Aceito, porém, o comportamento médio do setor nos últimos 16 anos (2001/2016) – produção do primeiro quadrimestre correspondendo a 32,08% do total anual – o volume de 2017 será pouco superior a 6,4 bilhões de pintos de corte, recuando entre meio por cento a 1% em relação a 2016. Naturalmente, isso implica em um significativo aumento da produção de maio em diante. Pois enquanto a média dos quatro primeiros meses do ano situou-se em torno dos 514 milhões de pintos de corte, o volume de 6,4 bilhões solicita pelo menos 543 milhões de cabeças mensais entre maio e dezembro. Como, neste caso, o incremento é de apenas 5,6%, não é impossível alcançá-lo. Mas ele solicita produção maior que a de idêntico período de 2016 - 531 milhões de cabeças mensais entre maio e dezembro do ano passado.

I

2017

A Revista do AviSite

35


Estatísticas e Preços Produção de carne de frango

Em maio o menor volume real produzido no ano

A

EVOLUÇÃO MENSAL MIL TONELADAS

MÊS

2015/2016

2016/2017

VAR. %

Junho

1.078,608

1.102,260

2,19%

Julho

1.142,342

1.172,162

2,61%

Agosto

1.192,926

1.126,977

-5,53%

Setembro

1.140,389

1.073,328

-5,88%

Outubro

1.188,835

1.125,320

-5,34%

Novembro

1.164,188

1.035,096

-11,09%

Dezembro

1.122,573

1.099,989

-2,01%

Janeiro

1.156,035

1.170,310

1,23%

Fevereiro

1.116,196

1.032,492

-7,50%

Março

1.197,361

1.134,631

-5,24%

Abril

1.146,531

1.092,666

-4,70%

Maio

1.172,248

1.100,587

-6,11%

Em 05 meses

5.788,371

5.530,686

-4,45%

Em 12 meses

13.818,231

13.265,818

-4,00%

Fonte dos dados básicos: APINCO - Projeções e análises: AVISITE

PRODUÇÃO MENSAL AJUSTADA PARA MÊS DE 30 DIAS

Jul

Set

2016

36

A Revista do AviSite

Out

Nov

Dez

Jan

Fev

Mar

Abr

2017

1,065

1,106

1,065

1,035

1,089

1,073

1,133

Ago

1,093

Jun

1,098

Mai

1,091

1,102

1,134

1,134

Maio de 2016 a maio de 2017 Milhão de toneladas

Mai

s projeções da APINCO a partir dos baixos alojamentos de pintos de corte realizados em março e abril indicam que o volume real produzido no mês de maio foi o mais baixo de 2017. O volume produzido – mais exatamente 1.100.587 toneladas – equivale a redução de 6,1% em relação ao mesmo período do ano passado. No mês, houve crescimento de 0,7%. Entretanto, maio é mês mais longo e isso considerado, conduz a um volume real 2,5% inferior a abril. Acompanhamento da produção real no decorrer de 2017 demonstra que o volume vem regredindo consecutivamente desde janeiro, e se equipara ao produzido em dezembro do ano passado, quando ficou em 1,065 milhão de toneladas. Essas quedas sucessivas são consequências do esforço realizado pela avicultura de corte em ajustar o volume produzido ao real mercado consumidor, interno e externo. Internamente, o mercado continua sendo afetado pelos escândalos que abalaram fortemente a economia, mantendo o desemprego em alta e, portanto, limitando o consumo de alimentos. Externamente, os embarques que eram promissores no primeiro bimestre crescendo quase 9%, com a Operação Carne Fraca deflagrada pela Policia Federal em meados de março sofreu forte abalo. Com isso, nos primeiros cinco meses a redução anual passou a ser de quase 6%. Assim, o volume de carne de frango produzido até maio soma quase 5,531 milhões de toneladas e representa 4,45% de redução sobre o mesmo período do ano passado. O volume médio do período (1,106 milhão de toneladas) projeta cerca de 13,274 milhões de toneladas para o ano, equivalendo a 1,8% de queda sobre o volume produzido no decorrer de 2016. Por ora, o volume produzido nos últimos doze meses – junho de 2016 a maio de 2017 – chega aos 13,266 milhões e representa 4% de redução sobre o mesmo período imediatamente anterior.


Exportação de carne de frango

Embarques aquém da média dos últimos 12 meses

O

EVOLUÇÃO MENSAL MIL TONELADAS

MÊS

2015/2016

2016/2017

VAR. %

Junho

389,311

406,280

4,36%

Julho

440,476

356,209

-19,13%

Agosto

375,247

357,256

-4,79%

Setembro

360,974

380,502

5,41%

Outubro

324,109

308,077

-4,95%

Novembro

379,685

321,468

-15,33%

Dezembro

392,701

356,915

-9,11%

Janeiro

311,004

354,971

14,14%

Fevereiro

314,567

325,372

3,43%

Março

398,019

374,623

-5,88%

Abril

412,756

317,708

-23,03%

Maio

385,579

344,662

-10,61%

1.821,925

1.717,337

-5,74%

4.484,428

4.204,044

-6,25%

Em 05 meses

Em 12 meses

Fonte dos dados básicos: SECEX/MDIC

EXPORTAÇÃO EM PERÍODO DE 12 MESES

2016

Fev

Mar

Abr

4,204

Jan

4,245

4,340

Dez

4,363

Nov

4,353

Out

4,309

Set

4,344

Ago

4,403

Jul

4,419

4,399

Jun

4,417

Mai

4,501

Maio de 2016 a Maio de 2017 Milhões de Toneladas 4,484

s dados consolidados da SECEX/ MDIC englobando cortes, frango inteiro, carne salgada e industrializados apontam que em maio passado foram exportadas 344.662 toneladas de carne, 2,5% a menos que o volume médio registrado nos 12 meses anteriores. E embora tenha aumentado cerca de 8,5% em relação a abril/17, mês mais curto, o total embarcado neste último maio ficou 10,61% abaixo do registrado no mesmo mês de 2016. Nos primeiros cinco meses do ano os embarques totalizaram 1,717 milhão de toneladas, equivalendo a redução de 5,7% sobre o mesmo período do ano passado. Entre os 10 maiores importadores do produto brasileiro seis deles reduziram os embarques, entre eles, Arábia Saudita, Japão, China e Emirados Árabes Unidos. Na contramão da redução, as cooperativas brasileiras obtiveram 5,1% de crescimento. Elas representam 18% dos embarques de carne de frango efetuados pelo setor. Supondo-se que os embarques médios até agora registrados – cerca de 343,5 mil toneladas mensais – sejam mantidos no restante do ano, o volume anual ficará em torno de 4,120 milhões de toneladas, recuando pouco mais de 4% em relação ao ano passado. Por ora, no entanto, o índice de redução no acumulado dos últimos 12 meses é ligeiramente maior. Pois o volume exportado entre junho de 2016 e maio de 2017, pouco superior a 4,2 milhões de toneladas, é 6,25% inferior ao registrado em idêntico período anterior. De toda forma é oportuno registrar que os pouco mais de 4,484 milhões de toneladas alcançados nos 12 meses encerrados em maio de 2016, corresponderam ao segundo maior volume já registrado na história das exportações brasileiras de carne de frango. Superado, somente, pelo volume anual embarcado no mês seguinte, junho de 2016.

Mai

2017 A Revista do AviSite

37


Estatísticas e Preços Disponibilidade Interna de Carne de Frango

Oferta interna de carne de frango segue menor que em 2016

B

Evolução Mensal MIL TONELADAS

2015/2016

2016/2017

VAR. %

Junho

MÊS

689,297

695,980

0,97%

Julho

701,866

815,953

16,25%

Agosto

817,678

769,721

-5,87%

Setembro

779,415

692,826

-11,11%

Outubro

864,726

817,243

-5,49%

Novembro

784,503

713,628

-9,03%

Dezembro

729,872

743,074

1,81%

Janeiro

845,031

815,339

-3,51%

Fevereiro

801,629

707,120

-11,79%

Março

799,342

760,008

-4,92%

Abril

733,775

774,958

5,61%

Maio

786,669

755,925

-3,91%

3.966,446

3.813,350

-3,86%

9.333,803

9.061,775

-2,91%

Em 05 meses

Em 12 meses

Fonte dos dados básicos: APINCO - Projeções e análises: AVISITE

OFERTA INTERNA EM PERÍODO DE DOZE MESES

J

S

2016

38

A Revista do AviSite

O

N

D

J

F

M

2017

A

9,062

9,093

9,051

9,091

9,185

9,216

9,407 A

9,202

J

9,273

9,340

M

9,320

9,334

9,455

Maio de 2016 a Maio de 2017 Milhões de toneladas

M

aseada na produção de pintos de corte e levando em conta, também, as exportações de carne de frango do mês, a APINCO estimou que em maio passado a produção brasileira de carne de frango girou em torno do 1,1 milhão de toneladas, recuando mais de 6% em relação ao 1,172 milhão de toneladas estimado para maio de 2016. Como redundou no menor volume dos últimos três anos para o mês de maio, o recuo observado deveria ter impactado o mercado interno não fosse a queda, ainda maior, das exportações do mês. Pois embora tenha aumentado cerca de 8,5% em relação ao mês anterior, o volume exportado em maio caiu 10,61% em comparação a idêntico mês do ano anterior. Em outras palavras, frente a um consumo sobremaneira recessivo, a oferta interna recuou menos que o esperado. Ficou próxima de 756 mil toneladas, volume quase 4% menor que o de maio de 2016 e, em valores nominais, cerca de 2,5% inferior ao do mês anterior. Mesmo assim, embora recuando menos que o esperado, a oferta mensal ajustada para mês de 30 dias indica que, em maio, se disponibilizou o menor volume do ano para o mercado interno. Com esse último resultado, a disponibilidade para os primeiros cinco meses de 2017 indica volume em torno dos 3,813 milhões de toneladas, 3,86% a menos que o projetado para os primeiros cinco meses do ano passado. A oferta mensal alcançada até o momento (762.670 toneladas) projeta para o ano volume de 9,152 milhões de toneladas. Se alcançado, equivalerá a cerca de 0,7% de redução sobre a carne disponibilizada no decorrer de 2016. Por ora, o volume acumulado nos últimos doze meses – junho de 2016 a maio de 2017 – indica volume aproximado de 9,062 milhões de toneladas, quase 3% a menos que nos doze meses imediatamente anteriores e o segundo menor volume anual disponibilizado nos últimos 26 meses.


Desempenho do frango vivo no 1º semestre de 2017

Preços recebidos não reagem, apesar dos custos de produção sob controle ste 2017 deveria ser o ano de recomposição econômica da avicultura de corte brasileira. Era o que se esperava. Porque, depois dos fortíssimos (e até então inéditos) desafios enfrentados no decorrer do 2016, dois fatores fundamentais apontavam nessa direção. De um lado, a capacidade instalada; do outro, os custos de produção. Representada pelo alojamento de reprodutoras de corte no exercício anterior, a capacidade de produção de frangos de 2017 não aumentou: permaneceu, praticamente, nos mesmos níveis dos dois anos anteriores – o que, de antemão, antecipava melhor utilização do potencial instalado, a despeito de uma reconhecida recessão no consumo. Melhor ainda, no entanto, era a certeza de redução dos custos de produção. Custos que, em 2016, atingiram o maior valor da história e que, com a super safra de milho e soja, vêm registrando decréscimo contínuo desde o final do ano passado. Porém, acontecimentos posteriores (que não convém rememorar) jogaram por terra todas as expectativas favoráveis. Inclusive a perspectiva, surgida nos primeiros meses de 2017, de se atingir no ano novo e significativo recorde na exportação de carne de frango. A realidade é que, mesmo havendo redução nos custos e a produção permaneça sob grande controle, os preços recebidos não reagem. Tanto que a primeira metade de 2017 está sendo fechada com o frango vivo alcançando valor médio (pouco mais de R$2,58/kg) cerca de 4,5% menor que o registrado nos mesmos seis meses de 2016 (perto de R$2,70/kg).

Naturalmente, essa baixa é aceitável se considerada apenas a baixa dos custos de alimentação. Mas totalmente incompatível com a necessidade de repor as perdas acumuladas no decorrer de 2016, ocasião em que, para minimizar prejuízos, o setor se viu compelido a reduzir a produção. O detalhe, neste caso, é que as quedas de preço ocorridas no semestre não se restringem à ave viva, alcançam também o frango abatido. Que, embora em índice inferior, também completa o primeiro semestre de 2017 com um preço menor que o de idêntico período de 2016. Tome-se por base, como exemplo, o frango abatido resfriado comercializado no grande atacado da cidade de São Paulo: no primeiro semestre do ano passado ele alcançou valor médio de R$3,51/kg; neste ano não passou de R$3,37/kg – redução de, praticamente, 4%. Uma vez que os preços do segundo semestre de 2016 chegaram a valores significativamente maiores que os registrados nos seis primeiros meses de 2017, torna-se impossível alcançá-los no decorrer do corrente semestre. Assim, infelizmente, no decorrer destes próximos seis meses as perdas tendem a se intensificar.

FRANGO VIVO

Evolução de preços na granja, interior paulista – R$/KG Média mensal e variação anual e mensal em treze meses MÊS.

MÉDIA R$/KG

Média anual em 10 anos R$/KG

VARIAÇÃO % ANUAL MENSAL 12,38%

11,32%

5,00%

AGO

3,16

17,08%

7,16%

SET

3,10

7,94%

-1,93%

2011

OUT

3,10

3,93%

0,00%

2012

NOV

3,10

0,00%

0,00%

DEZ

3,02

-1,04%

-2,45%

JAN/17

2,65

-4,19%

FEV

2,63

MAR

R$ 1,65

2010

R$ 1,92 R$ 2,08

2013

R$ 2,47

-12,43%

2014

R$ 2,42

-0,81%

-0,50%

2015

2,69

-3,77%

2,26%

ABR

2,50

-6,79%

-7,22%

MAI

2,50

0,00%

0,00%

JUN

2,50

-11,02%

0,00%

Mai

Jun

113,5

107,1

Jul

Ago

R$ 2,58

2017

2017 Média 1995/2016 (22 anos)

117,5

Abr

R$ 2,89

2016

116,0

Mar

R$ 2,62

116,8

86,6

102,3

86,6

93,7

86,6

95,7

R$ 1,63

13,57%

2,95

93,3

100,3

2009

2,81

JUL

105,9 91,3

102,8 91,4

Fev

R$ 1,63

JUN

Preço relativo em 2017 comparativamente à média de 22 anos (1995/2016) Média mensal do ano anterior = 100

Jan

2008

Set

Out

Nov

119,6

E

Dez

A Revista do AviSite

39


Estatísticas e Preços Desempenho do ovo no primeiro semestre de 2017

Resultado é extremamente favorável ao setor

M

esmo acompanhando as variações típicas do mercado consumidor – vendas elevadas na primeira metade do mês, perda de ritmo crescente na segunda quinzena e, com ele, queda de preços – o ovo apresentou em junho desempenho ligeiramente melhor que o de maio. É verdade que não conseguiu repetir o resultado observado em abril, ocasião em que atingiu o melhor valor nominal de todos os tempos. Mas apresentou alta de quase 4,5% sobre o mês anterior, obtendo preço médio que representou valorização próxima de 2% sobre junho de 2016. Em função deste último resultado e dos ganhos acumulados nos quatro meses anteriores (apenas em janeiro o preço do ovo evoluiu negativamente em relação ao mesmo mês do ano anterior), o valor médio alcançado no semestre (da ordem de R$82,44/caixa para cargas fechadas do ovo branco extra comercializado na cidade de São Paulo) apresentou valorização de pouco mais de 10% sobre os R$74,93/caixa do mesmo semestre de 2016. Frente a uma inflação que nos últimos 12 meses não deve chegar a 3,5% e a um custo

OVO BRANCO EXTRA

Evolução de preços no atacado paulistano R$/CAIXA DE 30 DÚZIAS Média mensal e variações anual e mensal em treze meses MÊS.

MÉDIA R$/CXA

Média anual em 10 anos R$/CAIXA

VARIAÇÃO % NO ANO

NO MÊS

R$ 43,62

2008

JUN/16

85,38

17,67%

45,21%

JUL

86,85

1,71%

46,19%

AGO

84,00

-3,28%

39,64%

2010

SET

72,84

-13,29%

32,63%

2011

2009

OUT

68,56

-5,88%

11,13%

NOV

68,04

-0,76%

4,55%

DEZ

74,00

8,76%

11,93%

2013

JAN/17

61,42

-17,00%

-3,91%

2014

FEV

84,48

37,54%

8,84%

MAR

88,44

4,69%

7,31%

ABR

91,13

3,04%

35,77%

2016

MAI

83,31

-8,58%

14,81%

2017

JUN

87,04

1,94%

4,48%

R$ 38,63 R$ 37,93 R$ 44,61 R$ 49,11

2012

R$ 57,86 R$ 52,70 R$ 59,47

2015

R$ 75,43 R$ 82,44

de produção cerca de 15% menor que o dos mesmos seis meses de 2016, o resultado obtido é extremamente favorável ao setor. Melhor ainda se levado em conta que, no primeiro semestre do ano passado, o ovo já havia obtido valorização da ordem de 30% sobre idêntico período do ano anterior. Ou seja: em 2016 o produtor de ovos conseguiu acompanhar, senão integralmente, parte da alta enfrentada nos custos de produção. E em 2017, a despeito do retrocesso no custo, não perdeu o controle do mercado. Algo que deveria ser aprendido pelos demais segmentos da avicultura brasileira. Mesmo assim, o setor não obteve resultados que possam ser considerados excepcionais. Assim, por exemplo, os preços registrados no decorrer do primeiro semestre de 2017 apenas acompanharam a curva sazonal de preços do produto. Assim, enquanto pela curva sazonal (período de 16 anos decorridos entre janeiro de 2001 e dezembro de 2016), os preços do primeiro semestre valorizam-se pouco mais de 11% em relação à média do ano anterior, no primeiro semestre de 2017 essa valorização ficou em 9,78% - apenas 1,29 ponto percentual de diferença. Uma vez que no terceiro trimestre de 2016 os preços registrados não foram muito diferentes dos alcançados entre fevereiro e junho de 2017, doravante os ganhos tendem a ser mais moderados. Mas não só isso: para que se confirmem, solicitam atenção redobrada do setor produtivo, pois, por exemplo, o preço registrado na abertura de julho (R$83-85/caixa) está abaixo da média registrada há um ano (R$86,85/kg). Além disso, neste mês não tem merenda escolar. Não se pode perder de vista o controle da produção.

101,2

111,3 100,2

117,2

114,7

101,7

Mai

112,6

Abr

115,6

110,03 109,3

121,07 111,5

120,7 117,50

112,23

Mar

2017 Média 2001/2016 (16 anos)

Set

Out

Nov

81,6

92,5

115,2

Preço relativo em 2017 comparativamente ao período 2001/2016 (16 anos) Média mensal do ano anterior = 100

Jan

Fev

40 A Revista do AviSite

Jun

Jul

Ago

Dez


Milho e Soja Pelo quarto mês consecutivo, preço do milho registra queda

Farelo de soja registra nova alta em junho

O preço do milho registrou nova queda no mês de junho. O preço médio do insumo, saca de 60 kg, interior de SP, fechou o mês cotado a R$28,14, valor 5,12% abaixo da média alcançada pelo produto em maio, quando ficou em R$29,66. A disparidade de preço do milho em relação ao ano anterior continua alta. O valor atual é 45,1% menor, já que a média de junho de 2016 foi de R$51,25 a saca.

O farelo de soja (FOB, interior de SP) registrou nova alta em junho. O produto foi comercializado ao preço médio de R$990/t, valor 1,43% superior ao praticado no mês de maio – R$976/t. Em comparação com junho de 2016 – quando o preço médio era de R$1.526/t – a cotação atual registra queda de 35,12%.

Valores de troca – Farelo/Frango vivo O frango vivo (interior de SP) fechou o mês de junho cotado novamente a R$2,50/kg. A queda no valor do milho contribuiu para aumentar um pouco mais o poder de compra do avicultor. Nesse mês, foram necessários 187,6 kg de frango vivo para se obter uma tonelada de milho, considerando-se a média mensal de ambos os produtos. Este volume representa um aumento de 5,4% no poder de compra em relação ao mês anterior, pois, em maio, a tonelada do milho “custou” 197,7 kg de frango vivo.

Valores de troca – Milho/Ovo O preço do ovo, na granja (interior paulista, caixa com 30 dúzias), registrou em maio a média de R$81,04, valor 4,8% acima do alcançado no mês anterior, quando o produto foi negociado a R$77,31. Com este aumento, houve ganho no poder de compra do avicultor. Em junho foram necessárias 5,8 caixas de ovos para adquirir uma tonelada do cereal. Em maio, foram necessárias 6,4 caixas/t, melhora de 10,5% na capacidade de compra do produtor.

Preçomédio médioMilho Milho Preço

junho junho julho julho agosto agosto setembro setembro outubro outubro novembro novembro dezembro dezembro janeiro janeiro fevereiro fevereiro março março abril abril maio maio junho junho

53,00 53,00 51,00 51,00 49,00 49,00 47,00 47,00 45,00 45,00 43,00 43,00 41,00 41,00 39,00 39,00 37,00 37,00 35,00 35,00 33,00 33,00 31,00 31,00 29,00 29,00 27,00 27,00

R$/sacade de60kg, 60kg,interior interiorde deSP SP R$/saca

2016 2016

MédiaJunho Junho Mínimo Média Mínimo 26,00 R$ R$26,00 R$ R$

28,14 28,14

2017 2017

Máximo Máximo 30,00 R$ R$ 30,00

Fonte das informações: www.jox.com.br

A manutenção no preço do frango vivo em relação ao aumento no valor do farelo de soja no mês de junho fez com que fossem necessários 396 kgs de frango vivo para adquirir uma tonelada do insumo, significando queda de 1,4% no poder de compra do avicultor em relação a maio, quando 390,4 kg de frango vivo obtiveram uma tonelada do produto.

Valores de troca – Farelo/Ovo De acordo com os preços médios dos produtos, em junho foram necessárias aproximadamente 12,2 caixas de ovos (valor na granja, interior paulista) para adquirir uma tonelada de farelo de soja. O poder de compra do avicultor de postura em relação ao farelo registrou aumento de 3,3%, já que, em maio, 12,6 caixas de ovos adquiriam uma tonelada de farelo. Em relação a junho de 2016 houve aumento de 57,4% no poder de compra, pois naquele período a tonelada de farelo de soja custou, em média, 19,2 caixas de ovos.

Preçomédio médioFarelo Farelode desoja soja Preço R$/toneladaFOB, FOB,interior interiorde deSP SP R$/tonelada

1600 1600 1500 1500 1400 1400 1300 1300 1200 1200 1100 1100 1000 1000 950 950 900 900 850 850 800 800 750 750

junho junho julho julho agosto agosto setembro setembro outubro outubro novembro novembro dezembro dezembro janeiro janeiro fevereiro fevereiro março março abril abril maio maio junho junho

Valores de troca – Milho/Frango vivo

2016 2016

Mínimo Mínimo 970,00 R$ R$ 970,00

Média Junho Junho Média R$ R$

990,00 990,00

2017 2017

Máximo Máximo 1010,00 R$ R$ 1010,00 A Revista do AviSite

41


Foto: Lucas Scherer Cardoso

Ponto Final

CEDISA: evoluindo com a avicultura nacional

Lauren Ventura é Médica Veterinária formada pela PUC-RS. Tem MBA em Gestão Empresarial pela FGV e trabalhou na ACCS entre 2000 e 2007 atuando nos projetos de linfadenite em suínos e erradicação da Doença de Aujeszky em Santa Catarina, da Embrapa Suínos e Aves. É Gerente Técnica e Administrativa do Cedisa há 11 anos

F

undado em 1989 para atender as necessidades de diagnóstico laboratorial da avicultura em pleno desenvolvimento em Santa Catarina, o Centro de Diagnóstico de Sanidade Animal (Cedisa) completa em 2017, 28 anos de atuação. Situado em Concórdia, nas bases físicas da Embrapa Suínos e Aves, o Cedisa é constituído por um corpo técnico de três Médicos Veterinários apoiados por vinte e oito colaboradores que atuam nas áreas administrativa e laboratorial. Desde 2009, o Cedisa é credenciado para atendimento ao Programa Nacional de Sanidade Avícola (PNSA). No ano de 2016 foram realizados mais de 360 mil ensaios para atendimento as normativas vigentes. Atualmente, o laboratório é credenciado pelo Ministério da Agricultura (MAPA) para o diagnóstico das micoplasmoses (Mycoplasma synoviae, gallisepticum e melleagridis), salmoneloses (Salmonella enteritidis gallinarum, pullorum e typhimurium), doença de Newcastle (DNC), influenza aviária (IA) e laringotraqueíte (LTA). Para o diagnóstico destes agentes, diversas metodologias oficiais são utilizadas, tais como: soroaglutinação rápida e lenta, hemaglutinação indireta, ensaios imunoenzimáticos (Elisa) e métodos convencionais de isolamento bacteriano. Parte destes ensaios credenciados, também se encontra acreditados pelo Inmetro. Complementando as ações do PNSA, o Estado de Santa Catarina através da Companhia Integrada de Desenvolvimento

42

A Revista do AviSite

Agrícola (Cidasc) possui um Programa Sanitário Estadual cujos alguns diagnósticos também são realizados pelo Cedisa. Além dos ensaios oficiais, o laboratório realiza diversos diagnósticos que atendem a produção avícola independente. Em outubro de 2014, uma nova Instrução Normativa (IN) define normas para um novo modelo de estruturação da produção avícola em que o Brasil foi pioneiro, a compartimentação. A IN 21 estabelece normas técnicas para a Certificação Sanitária da Compartimentação das granjas de reprodução, de corte e incubatórios, de galinhas e perus, para a infecção pelos vírus de IA e DNC. Evoluindo com o setor o Cedisa realizou treinamento junto ao Lanagro Campinas/SP e à Embrapa Suínos e Aves para implantar a técnica de PCR em tempo real para detecção do gene M de influenza aviária (IA) e doença de Newcastle (DNC). No mês de junho, fomos auditados pelo Inmetro para extensão de nosso escopo de acreditação, atendendo a NBR ISO/IEC 17025 para as exigências da IN 21 e outros ensaios moleculares com foco no atendimento ao PNSA. É nossa Missão darmos continuidade ao trabalho de excelência na prestação de serviços de diagnóstico para atendimento da avicultura brasileira, com competência técnica, ética, transparência e agilidade e, em constante processo evolutivo par e passo com a produção avícola do nosso país.


A Revista do AviSite

43


Ponto Final

44 A Revista do AviSite


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