Edição 122 Revista do AviSite

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Julho

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Editorial

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Sumário

Avicultura: E agora? 10 SOS Setor avícola se questiona como

serão os próximos passos para reerguer a atividade após a crise gerada pela paralisação dos caminhoneiros. Com exclusividade, Ricardo Santin, diretor Executivo da Associação Brasileira de Proteína Animal, explica os impactos da crise para a avicultura.

4.0 e seu impacto 16 Avicultura na produção avícola é tema

da Conferência FACTA WPSA Brasil 2018 Evento realizado em Campinas (SP) leva ao setor informações para obter a mais alta tecnologia verificada em modernas empresas para dentro dos galpões e frigoríficos avícolas.

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Eventos

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As 8 notícias mais lidas no AviSite e Há 10 anos

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Por que os aviários de ambiente controlado ainda não são uma realidade na América do Sul?

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Controle eficaz da Bronquite Infecciosa em granjas de matrizes

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Peptidoglicanos: quais seus efeitos em frangos de corte?

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Perdas endógenas de aminoácidos em aves: Papel da biomassa bacteriana

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Florfenicol: uma molécula com eficácia terapêutica

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Óleos funcionais como ferramenta para melhorar o desempenho de frangos de corte desafiados por coccidiose

50

Ceva Saúde Animal apresenta certificação internacional e comemora 1 ano da Cevac IBRAS

pós-eclosão e 24 Jejum suas implicações

Privar a ave de alimento nessa fase pode causar prejuízos difíceis de serem recuperados futuramente.

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CEPEA : após registrar um dos piores momentos em abril, setor esboça reação em maio

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Ponto Final A transformação digital do campo Por Irenilza de Alencar Nääs - Presidente da Fundação Apinco de Ciência e Tecnologia Avícolas – FACTA

Estatísticas e preços 54 55 56 57 58 59 60 61

Produção e mercado em resumo Pintos de corte Produção de carne de frango Exportação de carne de frango Oferta Interna Desempenho do frango vivo Desempenho do ovo Matérias-primas A Revista do AviSite

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Editorial

Após a greve dos caminhoneiros, como ficará a avicultura neste segundo semestre? O Brasil foi surpreendido por uma grave situação no mês de maio, a paralisação dos caminhoneiros que ‘balançou’ vários setores da economia e, como não poderia deixar de sê-lo, a avicultura também sentiu o impacto. Como principal produtor e exportador de carne de frango do país, o Paraná faz suas contas. Em maio, o Paraná registrou queda de 23,5% nos abates de frango em comparação ao mesmo período de 2017. Segundo dados do Sindicato das Indústrias de Produtos Avícolas do Estado do Paraná (Sindiavipar), ao longo do mês, 119,9 milhões de cabeças de frango foram abatidas no estado. No ano passado, o volume chegou a 157 milhões de cabeças. Os índices de produção foram impactados principalmente pela greve dos caminhoneiros, que interrompeu a operação das indústrias avícolas – total ou parcialmente – durante dez dias. “O setor avícola ficou mais de ¼ do mês parado, com os funcionários em férias coletivas e sem ter como produzir. Com esse cenário, o impacto nos números era inevitável”, declara o presidente do Sindiavipar, Domingos Martins. Para retomar o desempenho, as empresas operam em horários especiais, com escalas também nos finais de semana. “Temos que tirar as melhores lições possíveis dessa crise e trabalhar em conjunto para iniciar a recuperação já no mês de junho”, disse, destacando ainda que o momento é de reflexão e planejamento. A Revista do AviSite foi conversar com Ricardo Santin, Diretor Executivo da ABPA. E, após toda a situação concluída e a pergunta que se faz é: e agora? Como ficou a avicultura e como será este segundo semestre após o caos instalado? Segundo ele: “A paralisação foi da mais alta gravidade. Impactos de R$ 3,15 bilhões que se estenderam a toda a cadeia produtiva. Mortandade no campo, impactos duros no equilíbrio da produção, perdas em toda a avicultura e a suinocultura. Vivemos nestes 10 dias de greve dos caminhoneiros o mais grave momento de nossa história”. Apesar de toda a situação, o agronegócio brasileiro deve crescer 3,17% em PIB-volume em 2018, conforme indicam dados do primeiro trimestre do ano, analisados pelo Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, em parceria com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). Em 2018, o impulso ao setor vem dos elos industriais, diante da relativa estabilidade prevista para o PIB-volume do segmento primário. Segundo pesquisadores do Cepea, assim como mencionado no relatório anterior, a agroindústria brasileira vem demonstrando reação desde o segundo semestre de 2017, influenciada pelos sinais de recuperação da economia brasileira. Importante se avaliar que, mesmo com evolução em volume apresentada pelo agronegócio como um todo, este movimento não vem sendo acompanhado no mesmo ritmo pela evolução em número ocupações no mercado de trabalho do setor, com exceção da agroindústria, que teve crescimento mais expressivo em produção e emprego. Quantos aos preços, as estimativas atuais apontam para perda de 7,6% nos preços relativos do agronegócio, indicando que os produtos do setor estão se desvalorizando frente à média da economia. Assim como observado em 2017, a pressão baixista da média de preços reais de produtos do agronegócio acabou suprimindo a evolução significativa em volume de produção e, com isso, estimase queda de 4,7% no PIB-renda anual do setor. Entre os segmentos, a redução do PIB-renda é pressionada especialmente pelo primário, para o qual o recuo é estimado em 19,1%. Acompanhe todos os destaques e uma análise completa da avicultura na sua Revista do AviSite! Boa leitura!

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Mundo Agro Editora Ltda. Rua Erasmo Braga, 1153 13070-147 - Campinas, SP

ISSN 1983-0017 nº 122 | Ano X | Julho/2018

EXPEDIENTE Publisher Paulo Godoy paulogodoy@avisite.com.br Redação Giovana de Paula (MTB 39.817) imprensa@avisite.com.br Comercial Karla Bordin (19) 3241 9292 comercial@avisite.com.br Diagramação e arte Mundo Agro e Innovativa Publicidade luciano.senise@innovativapp.com.br Internet Gustavo Cotrim webmaster@avisite.com.br Administrativo e circulação financeiro@avisite.com.br

Os informes técnicoempresariais publicados nas páginas da Revista do AviSite são de responsabilidade das empresas e dos autores que os assinam. Este conteúdo não reflete a opinião da Mundo Agro Editora.

Errata Informamos o autor do artigo “Citometria de fluxo como ferramenta para avaliação do sistema imune de aves”, na última edição da Revista do AviSite: Atílio Sersun - da USP.


Eventos Notícias Curtas

2018 Julho 13 a 15

Festa do Ovo de Bastos Local: Bastos, SP Realização: Sindicato Rural de Bastos Informações: www.bastos.sp.gov.br/ noticia/925/58-festa-do-ovo 24 a 26

IX Encontro Técnico Unifrango Local: Maringá, PR Realização: Integra/ Sindiavipar Informações: ww.integra.agr.br/encontrotecnico

Setembro 12 a 14

Curso de Atualização em Avicultura de Postura Comercial Local: Unesp - Campus de Jaboticabal Realização: Unesp - Campus de Jaboticabal, SP

Outubro 16 a 18

VIII Clana – Congresso Latino Americano de Nutrição Animal Local: Centro de Eventos Expo D. Pedro – Campinas, SP Realização: CBNA e Amena Site: www.cbna.com.br/site/Noticias/Agenda

VIII CLANA tem inscrições com desconto até 10 de agosto Evento promovido pelo CBNA vai reunir a elite dos segmentos de nutrição animal e qualidade do alimento e assuntos regulatórios de 16 a 18 de outubro, em Campinas, SP Estão abertas as inscrições online para o VIII CLANA (Congresso Latino-Americano de Nutrição Animal), que será realizado de 16 a 18 de outubro, em Campinas, no interior de São Paulo. Até o dia 10 de agosto, os interessados podem se inscrever através do site do evento (http://www.cbna.com.br/site/Inscricao/Identificacao/VIIICONGRESSO-LATINO-AMERICANO-DE-NUTRICAOANIMAL) pelo valor de R$ 350 para estudantes sócios do CBNA, R$ 400 para estudantes não associados, R$ 500 para profissionais sócios e R$ 650 para profissionais não associados.

O Evento Realizado pelo CBNA (Colégio Brasileiro de Nutrição Animal), o CLANA chega em sua 8ª edição consagrado pelo elevado nível das palestras e de seus palestrantes em um dos únicos encontros da cadeia produtiva que discute ao mesmo tempo nutrição de aves, suínos, bovinos, qualidade e legislação, se destacando pela maior programação técnica da América Latina.

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Painel do Leitor /avisite.portaldaavicultura

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As 8 notícias mais lidas no AviSite em Maio

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O frango vivo em maio e nos cinco primeiros meses de 2018 Um mês de início promissor porque, após profundas e sempre crescentes perdas, o setor começava a colher os primeiros frutos da busca pela readequação ao “novo mercado”.

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Ovos: volume do 1º trimestre No primeiro trimestre de 2018 o Brasil produziu cerca de 10,161 bilhões de ovos de galinha, volume equivalente a 28,225 milhões de caixas de 30 dúzias.foi 7% maior, diz IBGE

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Especial: Tecnologia de Frango vivo de Minas combate às bactérias nos Gerais obtém novo túneis de depenação já é ajuste de preço real e é brasileira Ontem (13) o frango vivo negoO advogado Luiz Antônio Rasseli nos encaminha um artigo no qual afirma: “O Brasil conseguiu finalmente desenvolver uma proteção bactericida efetiva contra a Salmonella”.

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ciado em Minas Gerais obteve novo ajuste, desta vez de cinco centavos. Foi comercializado por R$3,15/kg, valor 31% e 43% superior aos vigentes, respectivamente, há um mês e há um ano.

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Frango vivo adiciona outros 10 centavos ao seu preço

Desempenho do ovo em maio e nos 5 primeiros meses de 2018

A “saga dos 10 centavos” experimentada em São Paulo desde o início do mês ainda não cessou. Ontem, o frango vivo negociado no interior paulista obteve novo ajuste nesse valor e, com isso, a cotação elevou-se para R$3,10/kg.

A curva sazonal de preços do produto demonstra que após significativas altas nos meses em torno da Quaresma (bimestre fevereiro/março, geralmente), as cotações refluem no bimestre seguinte (abril/maio), só voltando a reagir a partir de junho.

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Frango e suíno subvertem curva sazonal de preço das carnes Neste ano, até abril, o desempenho esteve bem aquém da média registrada em quase duas décadas. Em contrapartida, porém, a reversão da curva ocorreu mais cedo, em maio.

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Embarques de frango nos 6 primeiros dias úteis de junho De 2015 para cá nunca foram registrados embarques médios diários tão baixos quanto os ora observados – 10.751 toneladas/ dia, volume 28% e 34% inferior aos alcançados em maio passado (14.969 toneladas/dia) e em junho de 2017 (16.361 toneladas/dia).

Há 10 anos no AviSite www.avisite.com.br

Campinas, 20 de Junho de 2008: Avicultura deve se preparar: vem aí nova greve, a dos caminhoneiros De acordo com a Agência Brasil, órgão noticioso do governo federal, os caminhoneiros que trabalham com frete em todo o País decidiram entrar em greve a partir da próxima quarta-feira, 25 de junho. Querem receber o repasse do aumento do preço do óleo diesel, a instituição de um referencial de valor por quilômetro rodado, o arquivamento do projeto de lei que derruba o vale-pedágio, a fiscalização do pagamento deste vale e do excesso de peso nos caminhões e mais segurança nas estradas. Observando que “tem dia para parar, mas não tem dia para voltar”, o presidente da Associação Brasileira dos Caminhoneiros (ABCAM), José da Fonseca Lopes, também adianta que os grevistas não bloquearão estradas durante a paralisação: “Nossa orientação é para que os usuários de estradas não sejam prejudicados”, afirmou. Pode ser. O grande ‘xis’ da questão é que, movimentos do gênero, ao alcançarem amplitude nacional, escapam às lideranças. E, normalmente, o que se vê são piquetes regionalizados, cada um agindo à sua maneira. Foi o que se observou no último grande movimento do setor, ocorrido há quase 10 anos (julho de 1999). Então, em diversos pontos do País, até mesmo pintos de um dia (produto extremamente perecível) tiveram seu trânsito impedido, com sérios desdobramentos para toda a avicultura, já que o problema atingiu também o transporte de aves vivas e abatidas, ovos, rações e matérias-primas. E, como se sabe, galinha come todo dia, não faz greve de fome.

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Evento

LPN Congress 2018 conclui a programação técnica voltada à avicultura O Congresso será realizado em Miami nos dias 23, 24 e 25 de outubro A organização do LPN Congress 2018 já concluiu a programação técnica voltada à avicultura e nutrição animal, tudo preparado especialmente para o público latino-americano. O Congresso, que acontece em Miami nos dias 23, 24 e 25 de outubro, será dividido em três momentos. Primeiro Dia (terça-feira, 23 de outubro) No primeiro dia serão realizados 4 workshops, cada um patrocinado por um empresa diferente. A Tectron está patrocinando o workshop sobre nutrição e alimentação, enquanto a JamesWay é a patrocinadora do workshop sobre incubação de reprodutoras, a Lohman patrocina o workshop sobre avicultura de postura e a Exafan é a patrocinadora do workshop sobre instalações avícolas.

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Segundo Dia (quarta-feira, 24 de outubro) A programação do segundo dia será marcada pelo debate acerca das perspectivas globais e regionais para a produção de proteína animal na América Latina. Os participantes contarão com três salas, dividas por temáticas: A Sala de Nutrição, moderada pelo Dr. Antonio Mário Penz, contará com várias palestras como o Impacto das micotoxinas na produção livre de antibióticos e os efeitos da nutrição sobre a imunologia das aves e suínos. A Sala de Carne, reprodutoras e incubação, moderada pelo Dr. Gregorio Rosales e pelo Dr. Edgar Oviedo, sediará debates sobre temas como el manejo epidemiológico e econômico de doenças respiratórias em frangos e reprodutoras e a importância do Bench-

marking na produção de carne de aves. A Sala Poedeiras, moderada pelo Dr. Antonio Gilberto Bertechini, concentrará palestras como as interações entre genética, nutrição, sanidade, economia e manejo na produtividade da indústria de ovos e os desafios presentes e futuros para esse setor: experiência europeia. A programação do segundo dia acontece entre as 8h e as 17h Terceiro Dia (quinta-feira, 25 de outubro) Neste terceiro dia, os debates serão permeados pelo tema Big Data na avicultura: como coletar e utilizar, de forma produtiva, milhões de dados na produção avícola. Na Sala de Nutrição, moderada pelo Dr. Antonio Mário Penz, terão destaque palestras como os cuidados na produção pós-retirada de AGP e como implementar a produção em tempo real em granjas. Na Sala de Carne, reprodutoras e incubação, moderada pelo Dr. Gregorio Rosales e pelo Dr. Edgar Oviedo, serão debatidos temas como as perspectivas e desafios na produção de peru na América Latina e a melhora do rendimento e redução de perdas na planta de processamento. Na Sala Poedeiras, moderada pelo Dr. Antonio Gilberto Bertechini, estarão concentradas palestras como o sistema de quotas ou controle de oferta e demanda no Canadá, como responsável pelos maiores lucros do continente na produção de ovos, e a redução das perdas de produtividade do ovo, associadas a problemas sanitários, nutricionais, deficiências no transporte e manejos nas plantas classificadoras e de embalagem. As atividades do terceiro dia serão desenvolvidas entre as 8h e as 13h30. Para mais informações: www.lpncongress.com.


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SOS Avicultura

E agora?

Setor avícola se questiona como serão os próximos passos para reerguer a atividade após a crise gerada pela paralisação dos caminhoneiros. Com exclusividade, Ricardo Santin, diretor Executivo da Associação Brasileira de Proteína Animal, explica os impactos da crise para a avicultura

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ouco a pouco, o Brasil começa a se recuperar dos efeitos causados pela greve dos caminhoneiros, que durou dez dias e paralisou serviços como fornecimento de combustíveis e distribuição de alimentos e insumos médicos, levando o país à beira do colapso. Diante do caos instalado, milhões de animais de produção morriam em progressão geométrica nas granjas e fazendas. Frigoríficos parados a um custo enorme para um dos principais países produtores de carne. Quem acompanhou ao longos dos dias as informações no AviSite, com a chamada SOS AVICULTURA, percebeu o quão preocupante foi a situação. A categoria parou no dia 21 de maio para exigir uma redução nos preços do óleo diesel - que subiram mais de 50% nos últimos 12 meses. A principal reivindicação era que os impostos que incidem sobre o com-

bustível, como o PIS-Cofins. Eles também exigiam a fixação de uma tabela mínima para os valores de frete. Ao longo da greve, discursos anticorrupção também se juntaram às bandeiras defendidas pelo movimento, que em poucos dias se tornou expressivo e provocou impactos à população, em diversos segmentos. Alguns grupos de manifestantes passaram a expressar apoio a um golpe militar. Com caminhões parados, bloqueando parcialmente as rodovias, combustíveis deixaram de ser entregues em diversos postos e outras atividades que esperavam matérias-primas e produtos essenciais, como alimentos, também acabaram desabastecidos. O movimento começou a perder força após um acordo entre alguns representantes da categoria e o governo, e a entrada em cena do Exér-

A categoria parou no dia 21 de maio para exigir uma redução nos preços do óleo diesel - que subiram mais de 50% nos últimos 12 meses 10

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cito para desbloquear vias e garantir o abastecimento aos diversos setores afetados. Enquanto as forças de segurança atuavam para desmobilizar eventuais pontos de concentração de motoristas, em postos de combustíveis a dificuldade era gerenciar a oferta ainda escassa para filas de motoristas ávidos por garantir o abastecimento. Acompanhe, na sequência, a cronologia da paralisação dos caminhoneiros: 21/05 (segunda-feira, 1º dia) - Início da paralisação A disparada no preço do óleo diesel leva os caminhoneiros a iniciarem a paralisação, interrompendo o trânsito em rodovias de ao menos 17 Estados. O aumento do combustível está associado ao aumento do dólar e do petróleo no mercado internacional, que passaram a servir de base para a política de preços da Petrobras a partir de 2016 e que, em 2017, levaram a estatal a decidir aumentar a frequência nos ajustes de um mês para "a qualquer momento, inclusive diariamente".

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22/05 (terça-feira, 2º dia) Manifestação ganha alcance maior e primeiros efeitos no mercado aparecem A manifestação ganha corpo e já chega a ao menos 24 Estados. A essa

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altura, os primeiros reflexos no mercado começam a surgir. Sem receber insumos que esperavam por via terrestre, grandes montadoras decidem reduzir a produção. 23/05 (quarta-feira, 3º dia) Petrobras anuncia redução temporária no preço No início do dia, ministros avaliavam que os efeitos da greve não eram tão profundos. No início da noite, em uma tentativa de conter o movimento, o presidente da Petrobras, Pedro Parente, anunciava a redução de 10% do preço do óleo diesel nas refinarias por 15 dias e o congelamento dos preços durante esse período. 24/05 (quinta-feira, 4º dia) Impactos à população, intervenção militar na pauta e acordo sem unanimidade Greve mostra força e gera impacto em abastecimento e transportes de pelo menos 15 Estados, mais o Distrito Federal. Os efeitos a essa altura incluem redução de frotas de ônibus, falta de combustíveis e disparada de preços em postos de gasolina, cancelamento de aulas em universidades, voos ameaçados por falta de combustível, prateleiras vazias em supermercados e centros de abastecimento e a interrupção da produção em fábricas. A pauta inicial dos IMW_Solucao Natural_20,5cm x 9cm_PT_REVISADO.pdf

grevistas, que estava concentrada em questões econômicas, como o custo do óleo diesel e dos fretes para a categoria, é ampliada e o discurso anticorrupção, que inclui vozes em apoio a uma "intervenção militar", ganha força. Foi em meio a esse contexto que, já à noite, o governo federal anunciou um acordo, com parte dos representantes da categoria, para suspender a greve. O acordo incluiu, entre outros pontos, a promessa do governo de atender 12 reivindicações dos caminhoneiros, entre elas zerar a Cide sobre o diesel e baixar em 10% o preço do combustível nas refinarias por 30 dias. Deixou de fora, entretanto, a principal demanda dos trabalhadores: a isenção do PIS-Cofins sobre o óleo diesel. 25/05 (sexta-feira, 5º dia) Temer aciona militares para desbloquear vias e tem aval para multar manifestantes O presidente Michel Temer diz ter acionado "forças federais para superar os graves efeitos da paralisação", garantindo a livre circulação nas estradas e o abastecimento. Um decreto é publicado após as 21h dando poder de polícia às Forças Armadas em todo o país até o dia 4 de junho. É a primeira vez que uma operação GLO (de Garantia da Lei e da Ordem), como é chamada, terá 1

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Com caminhões parados, bloqueando parcialmente as rodovias, combustíveis deixaram de ser entregues em diversos postos e outras atividades que esperavam matérias-primas e produtos essenciais, como alimentos, também acabaram desabastecidos

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SOS Avicultura

ABPA afirma: O trabalho está focado em recuperar espaços no mercado internacional, reconstruir a credibilidade em nosso país e fortalecer atributos nos quais somos inquestionáveis, como nosso status sanitário

abrangência nacional e não apenas em Estados e municípios específicos. O Ministério da Defesa afirma que os militares atuariam para "garantir a distribuição de combustíveis nos pontos críticos", fazer "a escolta de comboios, proteger "infraestruturas críticas" e desobstruir as vias próximas a refinarias de petróleo e centros de distribuição de combustíveis. O decreto, na prática, os autorizava a desbloquear rodovias federais e, eventualmente, estradas estaduais e municipais, se solicitados por governadores e prefeitos. A ação, no entanto, poderia ir mais longe. 26/05 (sábado, 6º dia) - Governo afirma que situação 'começa a se normalizar' Os ministros Raul Jungmann, da Segurança Pública, e Sérgio Etchegoyen, do Gabinete de Segurança Institucional, afirmam que a situação no país "começa a se normalizar", com o reabastecimento de aeroportos e o início da desobstrução de estradas, mas ainda sem um prazo claro para todo o abastecimento voltar ao normal. Segundo eles, não seria possível traçar um prognóstico de quando o quadro começaria a se regularizar nos transportes, na entrega de cargas e nos postos de gasolina. Em diversas cidades do país, escoltas das forças de segurança são usadas para abastecer frotas de ônibus e ambulâncias, mas postos de gasolina continuavam, em sua maioria, sem combustível para a população. 27/05 (domingo, 7º dia) Acordo para o fim da greve é fechado. Abcam pede que caminhoneiros voltem ao trabalho, mas paralisação continua Após reunião realizada na Casa Civil, a Associação Brasileira dos Caminhoneiros (Abcam) decide assinar acordo com o Governo para pôr fim às paralisações dos caminhoneiros autônomos. A associação afirma que a categoria conseguiu ser atendida em diversas reivindicações, que considera o acordo assinado "como uma vitória"

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e pede, em nota publicada no site, a todos os caminhoneiros que voltem ao trabalho. A paralisação, no entanto, continua. 28/05 (segunda, 8º dia) - Desabastecimento atinge mais de 90% dos postos em alguns Estados Os reflexos da greve nos postos de combustíveis são percebidos em diversos Estados. Levantamento da Fecombustíveis mostra que 90% ou mais dos postos estão sem produtos para venda ao consumidor na Bahia, no Distrito Federal e em Minas Gerais. Em outros Estados, escoltas policiais e militares, além de decisões judiciais, ajudam a garantir ao menos parcialmente o abastecimento. 29/05 (terça, 9º dia) - Greve perde força e denúncias de consumidores sobre cobranças abusivas nos postos disparam O país ainda registra 616 pontos de concentração de motoristas nas estradas, mais do que no dia anterior, quando o número estava em 556, aponta levantamento da Polícia Rodoviária Federal fechado às 18h. Apenas em três desses pontos, no entanto, o trânsito permanecia bloqueado. Segundo a PRF, o número de protestos havia crescido, mas a quantidade de caminhões parados em cada um deles havia diminuído. A greve dava mostras de que estava perdendo força. O abastecimento também começava a ser normalizado em aeroportos e postos de combustíveis. 30/05 (quarta, 10º dia) - Forças de segurança atuam para desmobilizar manifestantes e abastecer o carro ainda é difícil A atuação das Forças Armadas e da PRF eliminou praticamente todos os pontos de concentração de caminhoneiros nas estradas, mas a normalização ainda caminhava a passos lentos nas cidades. Nos postos de combustíveis, o abastecimento começava a voltar, mas em algumas áreas isso ainda ocorria de forma parcial, com a ajuda de escolta e por força de decisões judiciais.


Associação Brasileira de Proteína Animal aponta caminhos para a Avicultura após a crise Em meio a essa situação, o Diretor Executivo da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) deu uma entrevista, em tom de desabafo, na qual ele diz todas as letras: “Havia práticas terroristas que não deixam os bons motoristas trabalharem, as empresas querem voltar a produzir e vai faltar comida. Mais de 35% será o custo disso na mesa de nosso trabalhador. Bandidos infiltrados nestes movimentos que não estão deixando o povo trabalhar. Isto não é justo. Vai faltar comida! Milhões de aves morrendo por dia e essa progressão é geométrica. Essa conta, todos nós vamos pagar. Família de caminhoneiro, a minha, a sua e a todos! A situação passou do limite. Chegou ao ponto de não ser uma situação de protesto. É uma situação política, exacerbada de gente oportunista se infiltrando contra os bons caminhoneiros que querem voltar a trabalhar e nossas indústrias, com mais de 300 mil pessoas paradas querem produzir alimentos para nós e para o mundo. Não caso de receber questionamento sobre se vamos conseguir exportar. Temos 40% do Market Share mundial e já há preocupação no globo”. A Revista do AviSite foi conversar com Santin após toda a situação concluída e a pergunta que se faz é: e agora? Como ficou a avicultura e como será este segundo semestre após o caos instalado? Veja na sequência, as palavras de Ricardo Santin, Diretor Executivo da ABPA, com exclusividade à Revista do AviSite.

Como a ABPA analisa a gravidade da situação vivida? A paralisação foi da mais alta gravidade. Impactos de R$ 3,15 bilhões que se estenderam a toda a cadeia produtiva. Mortandade no campo, impactos duros no equilíbrio da produção, perdas em toda a avicultura e a suinocultura. Vivemos nestes 10 dias de greve dos caminhoneiros o mais grave momento de nossa história. Nunca o setor a enfrentar tamanha crise – especialmente pelo fato de outros problemas já fragilizarem a capacidade de sobrevivência da cadeia produtiva, como os custos de produção e o embargo europeu. Qual é a sua opinião do sobre a postura do governo e a forma conduzida durante a crise? Onde foi o maior erro que gerou esta grave crise? A reação poderia ter sido mais rápida. Chegamos a um ponto próximo da calamidade e as sequelas da negociação ainda perduram com questões como, por exemplo, o debate em torno do frete mínimo. A greve gerou dois sinais de alerta para o país: a importância de ações mais rápidas, incisivas e proativas na dissolução de crises como esta; e a importância de investir em estruturas que reduzam a dependência de uma única via estrutural, como o modal rodoviário.

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SOS Avicultura

Ricardo Santin: “Apesar da gravidade da crise, a avicultura e a suinocultura mostraram para o Brasil que estão entre os mais organizados e articulados setores produtivos do país. Como poucos, expusemos a gravidade de nossa situação e buscamos junto ao Governo Federal uma reação incisiva”

Reflexos econômicos para a avicultura - imediatos e a longo - prazo da crise vivida. Conforme nota da ABPA, “expectativa inicial é de prejuízo de mais de R$ 3 bilhões, entre perdas de comercialização no mercado interno, animal mortos, custos logísticos, perdas de contrato na exportação e outros”. Em quanto tempo o Sr. acha que recuperaremos este prejuízo? Estimamos entre 30 e 60 dias para a retomada dos padrões normais de produção. Algumas empresas chegaram a

mencionar 90 dias. Esta greve, entretanto, mostrou que os mais sólidos planos de contingência têm limites que podem ser transpostos. A estratégia setorial é fortalecer ainda mais nossa capacidade de defesa. Apesar da gravidade da crise, a avicultura e a suinocultura mostraram para o Brasil que estão entre os mais organizados e articulados setores produtivos do país. Como poucos, expusemos a gravidade de nossa situação e buscamos junto ao Governo Federal uma reação incisiva. A ABPA e suas associadas atuaram de maneira efetiva, sólida e ágil, com protagonismo no apoio ao fim deste momento caótico que tomou conta da Nação.

A expectativa inicial é de mais de R$ 3 bilhões, entre perdas de comercialização no mercado interno, animal mortos, custos logísticos, perdas de contrato na exportação e outros

Já é possível traçar um panorama para a avicultura para este segundo semestre? O trabalho agora está focado em recuperar espaços no mercado internacional, reconstruir a credibilidade em nosso país e fortalecer atributos nos quais somos inquestionáveis, como nosso status sanitário. No mercado interno, a palavra de ordem é cautela. Diante dos impactos causados pela paralisação, há que se trabalhar na recuperação do setor, especialmente pela severidade dos custos de produção.

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A Revista do AviSite

O que as empresas e produtores podem fazer, na sua opinião para amenizar o impacto das perdas? Já estão fazendo: trabalhando com força, solidez e cautela.


Desde 1989, dedicamo-nos a criar soluções para nutrição, desenvolvidas por profissionais engajados com a saúde, o bem-estar animal e o resultado de nossos clientes. Nosso propósito de NUTRIR animais, pessoas e negócios de forma sustentável é alicerçado no COMPROMISSO com as partes interessadas, na INTEGRIDADE e INOVAÇÃO como locomotiva de nosso sucesso e de nossos parceiros e na SUSTENTABILIDADE como fator indispensável para que possamos vivenciar este propósito TODOS OS DIAS. É deste modo que buscamos a preferência nos mercados onde atuamos. Nosso muito obrigado a todos que fizeram, fazem e farão parte da nossa história.

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Evento

Avicultura 4.0 e seu impacto na produção avícola é tema da Conferência FACTA WPSA Brasil 2018 Evento realizado em Campinas (SP) leva ao setor informações para obter a mais alta tecnologia verificada em modernas empresas para dentro dos galpões e frigoríficos avícolas

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ensar em uma avicultura moderna, conectada, na qual as pessoas e as máquinas estejam integradas, com o trânsito de dados e informações transitando em velocidades inimagináveis, com análises em tempo real daquilo que é mais importante para o empresário do setor avícola. O programa da Conferência FACTA WPSA Brasil 2018, realizada em maio, em Campinas (SP) foi desenvolvido com base nos novos desafios enfrentados pela produção animal atual, que tem importante ênfase em eficiência produtiva e qualidade da carne, em decorrência de demandas de bem-estar animal (BEA) e de redução do seu impacto ambiental

Como levar a mais alta tecnologia verificada em modernas empresas para dentro dos galpões e frigoríficos avícolas? Sonho ou realidade? Para responder a esta pergunta, o evento levou a discussão sobre a Internet das Coisas e a avicultura 4.0 para uma ampla análise 16

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Como levar a mais alta tecnologia verificada em modernas empresas para dentro dos galpões e frigoríficos avícolas? Sonho ou realidade? Para responder a esta pergunta, o evento levou a discussão sobre a Internet das Coisas e a avicultura 4.0 para uma ampla análise. À medida que mais produtos e aparelhos são conectados, e conforme crescem as capacidades analíticas, novas aplicações para a Internet das Coisas (IoT, na sigla em inglês) vão surgir. A Internet das Coisas (do inglês, Internet of Things, IoT), é uma rede de objetos físicos, veículos, prédios e outros que possuem tecnologia embarcada, sensores e conexão com rede capaz de coletar e transmitir dados. A Internet das Coisas emergiu dos avanços de várias áreas como sistemas embarcados, microeletrônica, comunicação e sensoriamento. De fato, a IoT tem recebido bastante atenção tanto da academia quanto da indústria, devido ao seu potencial de uso nas mais diversas áreas das atividades humanas. A Internet das Coisas, em poucas palavras, nada mais é que uma extensão da Internet atual, que proporciona aos objetos do dia-a-dia (quaisquer que sejam), mas com capacidade computacional e de comunicação, se conectarem à Internet. A conexão com a rede mundial de computadores viabilizará, primeiro, controlar remotamente os objetos e, segundo, permitir que os próprios objetos sejam acessados como provedores de serviços. Estas novas habilidades, dos ob-

jetos comuns, geram um grande número de oportunidades tanto no âmbito acadêmico quanto no industrial. Todavia, estas possibilidades apresentam riscos e acarretam amplos desafios técnicos e sociais. A Pré-Conferência FACTA WPSA Brasil foi composta pelos workshops “O abate e industrialização do frango no Brasil e no mundo”, “Manejo pré-abate”, “Principais condenações de carcaças no Brasil”, “Insensibilização, sangria, escalda, depenagem e evisceração” e “Tecnologia e processamento de cortes de carcaça de frango”. Um dos temas que foi trabalhado no evento é o manejo pré-abate, apresentado pelo zootecnista e mestre em Produção Animal, Rafael Belintani, que é membro do Corpo Técnico da FACTA. Segundo o especialista, estudos sobre a ambiência na avicultura de corte com foco em qualidade do ar, o ambiente térmico, acústico e lumínico nas diferentes fases de criação de frangos estão altamente difundidos, entretanto ainda nota-se pouco conhecimento entre a retirada do animal da granja e o abate, ou seja, o manejo pré-abate. “A sociedade pede cada vez mais informações sobre o produto que está consumindo, o que eleva a importância de tratarmos o tema manejo pré-abate, desmistificando informações sem fundamento técnico, que caracterizam manejos errôneos durante o ciclo de produção do frango de corte”, explica Belintani. O pesquisador da Embrapa de Concórdia (SC), Gerson Neudí Scheuermann, ministrou o tema “In-


Alberto Back recebe o prêmio Profissional do Ano da FACTA

Alberto Back: Possui graduação em Medicina Veterinária pela Universidade Federal de Santa Maria (1977), mestrado em Patobiologia Veterinária pela University of Minnesota (1988), doutorado em Patobiologia Veterinária pela University of Minnesota(1998) e pós-doutorado pela University of Minnesota (2000). Desde 2000 é sócio-gerente da Brasil Consultores Ltda, atuando como consultor nacional e internacional em sanidade de aves, com atividades em 18 países.

Durante a Conferência FACTA WPSA Brasil 2018 o médico veterinário Alberto Back, foi homenageado com o Prêmio FACTA “Profissional do Ano”, atribuído ao profissional técnico/científico de reconhecido mérito. “Entre tantos colegas merecedores deste prêmio, a minha escolha significa um privilégio e uma grande honra. Divido essa homenagem com eles, pois foi juntos que construímos essa avicultura e a colocamos num patamar de referência mundial. É muito gratificante poder contribuir com a produção de uma proteína muito barata, de alta qualidade e necessária a nosso povo. É gratificante ainda, andar por alguns países e ver a consideração que o mundo tem pela nossa avicultura, somos destaque em produtividade, em volume e qualidade sanitária. Estamos passando por dificuldades momentâneas que serão superadas, como sempre foram. Fica o desafio à nova geração, que está se formando, para manter esta avicultura no topo. Somos um case de sucesso que nos orgulha como profissionais que fazem parte dela. Meu agradecimento honroso pela tão distinta e carinhosa homenagem", enfatizou Alberto Back. Desde 2006 a FACTA destaca um profissional da avicultura brasileira, como forma de valorização, difusão e agradecimento ao trabalho daqueles que, ao desenvolverem sua atividade profissional, contribuem para o desenvolvimento do país e a formação técnica e ética das novas gerações de profissionais da avicultura industrial brasileira e mundial.

A Abinc (Associação Brasileira da Internet das Coisas) criou um comitê de estudos voltado para o setor. Esse comitê de agricultura digital vai discutir o trabalho agrícola, gargalos do setor, legislação, padrões de transmissão de dados e outros serviços pertinentes ao agronegócio. Profissionais ligados ao setor vão buscar formas de acelerar e de baratear o uso de tecnologias no campo. Como diz Flavio Maeda, presidente da entidade, "é preciso tirar as ideias do papel". As novas ferramentas que vêm da tecnologia vão auxiliar os produtores na tomada de decisões e podem aumentar em até 15% a produtividade. Além disso, ajudam a reduzir custos e consumos de água e de energia. Herlon Oliveira, vice-presidente da Abinc, diz que a agricultura ainda é muito empírica e um dos objetivos da internet das coisas é a aplicação de algoritmos no acompanhamento das culturas. Há dois anos, mesmo havendo máquinas apropriadas para a coleta de dados no campo, essas informações não eram utilizadas, devido a problemas de transmissões de dados para "as nuvens". Agora já é possível, embora ainda seja necessária a aplicação de parâmetros na utilização desses dados. Ele acredita que a chegada da tecnologia à agricultura é um processo irreversível. Por isso, os investimentos crescem. Na safra 2018/19 serão investidos pelo menos R$ 100 milhões nesse setor.

As inovações vão de sensores no solo, informações de clima, sistemas de produção a processos industriais. Tudo isso leva a uma interação em tempo real. A previsão antecipada de chuva no campo permite uma usina saber que terá menos cana para moer em determinados dias, devido às dificuldades de colheita e de transporte. Essa programação antecipada elimina custos, segundo Oliveira. "Uma das grandes vantagens da aplicação da internet da coisas no campo é a predição. O ato de antever as necessidades das plantas e do setor." Esse avanço da tecnologia no campo pode ser acelerado ainda mais, no entanto, com alguns acertos. Um deles é o da conectividade. Com grandes distâncias entre as sedes das fazendas e as áreas de produção, o sistema de transmissão em tempo real fica prejudicado. Oliveira diz que esse entrave pode ser resolvido com sistemas de transmissão de dados em pequenos pacotes. Essa transmissão pode ser feita com as redes 2G ou 3G. É de baixo custo, e as operadoras vão ganhar com o processamento de dados dos grandes grupos agropecuários. Oliveira destaca, ainda, que as universidades deveriam preparar os novos profissionais para essas inovações. O agrônomo é a base empírica da atividade agrícola e deve se tornar um "cientista agrônomo digital". Chamado o celeiro do mundo, o Brasil pode vir a ser também um grande exportador de conhecimento agrícola digital, segundo o vice-presidente da Abinc. A Revista do AviSite

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Evento sensibilização, sangria, escalda, depenagem e evisceração”. “O foco desta palestra esteve nas etapas primárias do abate, considerando as tecnologias disponíveis e as exigências de bem-estar animal, devido à preocupação na produtividade, qualidade do produto e segurança do consumidor na outra ponta. Além disso, abordaremos pontos que, de acordo com indicativo de dados estatísticos, são os mais relacionados às perdas durante o abate”, destaca o palestrante. A palestra “Tecnologia e Processamento de Cortes de Carcaças de Frango”, apresentada pelo diretor-executivo América do Sul da Foodmate, Roberto Mülbert, vem ao encontro com uma tendência mundial do mercado que é a destinação da força de trabalho das empresas, seu maior ativo, para funções e tarefas que realmente agreguem valor

ao produto final, deixando as tarefas mais árduas e complexas para as linhas automáticas. “Isso só é possível porque a tecnologia no corte e desossa de carcaças de frango evoluiu muito nos últimos anos. Atualmente, as linhas automáticas entregam um produto acabado com mais qualidade, melhor rendimento e produtividade quando comparado com as linhas manuais. Com isso, há a necessidade de uma melhor qualificação de gestores, operadores e auditores da qualidade, que acompanham o desenvolvimento das tecnologias de corte e desossa”, explica Mülbert. O evento contou com a presença de nomes importantes para o setor como Osler Desouzart, Paulo Roberto dos Santos, José Maurício França, Marcio Botrel, Bruno Pessamilio e Marcos Fábio de Lima.

“Uma das novidades que a inovação 4.0 traz para a avicultura é a extensão das funcionalidades dos sistemas tradicionais de produção, integrando processos às plataformas digitais e suas tecnologias. No setor da avicultura, que adota soluções inovadoras para incrementar seu potencial de produção e exportação, a adoção desta nova geração de tecnologias não pode deixar de acontecer, com o risco de se afastar de produtividade que tem hoje”, destaca a presidente da FACTA, Irenilza de Alencar Nääs. Segundo ela, decisões inteligentes e em tempo-real foram discutidas sempre visando o bem-estar animal, a sustentabilidade do processo de produção e a responsabilidade social. “Esse é o caminho para a ‘avicultura inteligente’. Tudo isto utilizando os conceitos de produção avícola de precisão”, detalhou.

“Um jejum pré-abate mal feito causa condenação por contaminação. São precisos de 8 a 12 horas de esvaziamento do trato digestório das aves. Por isso é preciso que tenhamos muito cuidado e um nível altíssimo de responsabilidade e postura ética da equipe” Rafael Belintani, Mestre em Produção Animal e Membro do Corpo Técnico da FACTA

“Perdas no abatedouro significam perdas no mercado. Temos que entender a tecnologia disponível no processo de abate como uma evolução natural de nosso trabalho” José Maurício França, Médico Veterinário e Professor da Universidade Tuiuti do Paraná

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Irenilza Nääs destaca aplicabilidade da nova tecnologia também pela avicultura Quando esteve na Alemanha no último ano, Irenilza Nääs, Presidente da FACTA, teve acesso a uma série de informações voltadas a uma nova revolução industrial, desta vez mais tecnológica, rápida e da qual não há escapatória para aqueles que sonham em ter sucesso. Irenilza, então, resolveu propor a alteração do tema já definido da Conferência FACTA WPSA Brasil 2018 e trouxe a análise sobre a Internet das Coisas para mais perto da avicultura. “Senti que precisávamos preparar tanto as empresas, produtores e demais profissionais que atuam na avicultura, para esta realidade. A diferença em termos de rendimento, estrutura, logística, economia, mão de obra é gritante”, afirmou Irenilza. “Esta é a forma de pensar no futuro da atividade de forma diferenciada. Nós já estamos conectados, querendo ou não. O desafio agora é integrar essa realidade em nossa atividade nas granjas e indústrias avícolas. Não somente é possível, como também é viável e necessário pensarmos na atividade com um olhar voltado ao futuro. Que avicultura deixaremos para nossos filhos e netos? Qual será o futuro da atividade? Percebemos ao longo do evento este ano que são infinitas as possibilidades dessa realidade da qual não vamos escapar e o quanto antes nos anteciparmos e nos conectarmos às tendências, vamos poder atuar de forma mais direta e efetiva, com melhor aproveitamento de nossa capacidade profissional”, explicou.

Irenilza Nääs, Presidente da FACTA, trouxe a análise sobre a Internet das Coisas para mais perto da avicultura.

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Evento “É melhor estarmos preparados para os desafios que virão. Precisamos acompanhar toda a evolução que se apresenta à avicultura” Gerson Neudi Scheuermann, Pesquisador da Embrapa Suínos e Aves

“Precisamos melhorar a nossa imagem institucional. As nossas relações internacionais precisam cuidar de nossa imagem para nos tornarmos uma potência ainda maior” Paulo César Martins, Médico Veterinário, Biocamp

“Sobreviveremos à essa revolução? O mundo não para de evoluir e as mudanças de hábitos, postura e demanda precisam acompanhar essas rápidas alterações. Hoje são apresentadas soluções que antes eram inimagináveis e quais serão os impactos no negócio avícola?” Paulo Roberto dos Santos, Engenheiro, Diretor da Zorfatec

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“Para uma perfeita nutrição de precisão precisamos conhecer o interior das aves e oferecer à elas exatamente o que elas precisam para o máximo desempenho zootécnico. Para isso, é preciso conhecer o ambiente de criação, conhecer o aviário e também o milho e a soja que estamos oferecendo”. Marcos Fábio, Diretor Geral do Instituto Federal de Ciência e Tecnologia - RJ

“O Brasil já tem boa parte de seus aviários automatizados. Agora precisamos rentabilizar as granjas para a era da Globalização e comparar experiências e tecnologias diferentes. Isto nos propicia o gerenciamento à distância, com um mundo mais conectado, dentro de um processo industrial mais inteligente” Silvia Souza, Pesquisadora da Unesp

“Quando falamos em automação falamos também em uma série de tarefas pesadas e repetitivas que podem deixar de ser feitas pelo ser humano. Dados comprovam que à medida que a tecnologia vai melhorando quando se analisa a questão da escala de produção, ela garante uma melhoria do custo-benefício da atividade avícola” Daniela Moura, Faculdade de Engenharia Agrícola - Unicamp

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Nutrição

Jejum pós-eclosão e suas implicações Privar a ave de alimento nessa fase pode causar prejuízos difíceis de serem recuperados futuramente

Autores: Poliana Carneiro Martins1, Billy Noronha Marques1, Januária Silva Santos1, Abner Alves Mesquita2, Fabyola Barros de Carvalho1, José Henrique Stringhini1 (1) Escola de Veterinária e Zootecnia - Universidade Federal de Goiás – Goiânia, Brasil. (2) IF Goiano Campus Rio Verde – Rio Verde, Brasil

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m situações comerciais, a remoção das aves da incubadora ocorre ao final de intervalos denominados janelas de nascimento, o que significa que o neonato permanece dentro da incubadora até que seja feito o saque daquele período. Durante esse tempo, que pode chegar a 40 horas, a ave permanece sem alimento. Em seguida, os procedimentos de sexagem, vacinação, acondicionamento e transporte do incubatório à granja, entre outros, prolongam o jejum. Assim, desde a eclosão até o alojamento, as aves podem ficar 48 horas ou mais sem se alimentar (Batal e Parsons, 2002). Sabe-se que a gema provém grande quantidade de nutrientes nos primeiros dias de vida. Por isso, seria esperado que a utilização destes nutrientes acontecesse de forma mais rápida em aves em jejum. No entanto, a ingestão de alimento após a eclosão é fundamental para o crescimento da ave e o desenvolvimento dos órgãos (Pires et al., 2007). Aproximadamente 20% das proteínas presentes no saco vitelínico correspondem às imunoglobulinas, enquanto as gorduras correspondem aos fosfolipídios, colesterol e triglicérides que, mesmo se forem eficiente-

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mente metabolizados, não serão capazes de suprir as necessidades de energia de mantença do neonato. Animais em jejum acabam degradando tecidos para produção de energia para o metabolismo e utilizam fluidos intersticiais e intracelulares (Pires et al., 2007). O rápido acesso ao alimento após a eclosão pode favorecer o desempenho, pois os nutrientes contidos no saco vitelínico não suprem adequadamente as necessidades do neonato e são mais bem aproveitados na forma de macromoléculas como imunoglobulinas, no atendimento da imunidade passiva, e fosfolipídios e colesterol, na composição de membranas celulares, do que na forma de aminoácidos e provimento de energia (Almeida et al., 2006). É necessário considerar que a transição para a obtenção de nutrientes via intestino envolve o desenvolvimento de mecanismos para a assimilação de proteínas e carboidratos exógenos (Noy e Sklan, 2001) e pode durar de dois a três dias. Neste período, ocorre a adaptação com redução da gliconeogênese à medida que os níveis de glicose são aumentados (Vieira e Pophal, 2000). Noy e Sklan (2001) verificaram que até os quatro dias de idade, quanto menor o tempo de jejum, maior a absorção de glicose e metionina. Uni et al. (1998) demonstraram que pintos de corte deutectomizados (cujos sacos vitelínicos foram extraídos) apresentam baixa taxa inicial de crescimento intestinal, o que evidencia a importância da provisão de nutrientes vindos da gema nesta fase. É interessante ressaltar que a perda de peso corporal observada em pintos logo após o jejum pós-eclosão deve-se à ausência da ingestão de nutrientes, e não à desidratação (Batal e Parsons, 2002). O jejum pós-eclosão pode afetar o ganho de peso, o peso corporal, a eficiência alimentar, a uniformidade e os ganhos econômicos (Ganjali et al., 2015). O jejum por 24 a 48 horas ocasiona perda de peso corporal, expressa tanto em valores absolutos quanto na forma percentual (Almeida et al., 2006). Hakim et al. (2014) reporta-

ram que o peso corporal de pintos submetidos a jejuns de 48 e 60 horas foi reduzido em 8,6% e 12,5% quando comparados ao peso corporal inicial, respectivamente. Além disso, o fornecimento de ração à vontade após estes períodos de jejum não foi suficiente para compensar o retardo no ganho de peso. O jejum prolongado, acima de 40 horas, reduz o ganho de peso e o consumo de ração aos sete dias de idade, e pode afetar o ganho de peso até 5 semanas de idade (Teixeira et al., 2009; Bhanja et al., 2009). Pires et al. (2007) acrescentaram que, além de impedir o ganho de peso, períodos de jejum de 48 e 72 horas prejudicam o desenvolvimento do fígado e do baço. Pintos neonatos com acesso imediato ao alimento apresentaram maior quantidade de gema residual no intestino 24 e 48 horas após a eclosão. Já os pintos que passaram por jejum apresentaram maior quantidade de metabólitos da gema no plasma sanguíneo, 48 horas após a eclosão. Isto indica que, na presença de alimento, a principal rota de utilização da gema residual é via pedículo vitelínico para o intestino delgado e, na sua ausência, a via circulatória adquire maior importância (Noy e Sklan, 2001). De modo semelhante, Bhanja et al. (2009) demonstraram que o acesso imediato ao alimento pós-eclosão acelerou o processo de absorção da gema residual, e que este foi inversamente proporcional ao tempo de jejum a que a ave foi exposta, sugerindo que a transferência da gema é facilitada pela motilidade intestinal das aves que são alimentadas. Após a eclosão, as principais mudanças morfológicas associadas ao desenvolvimento do trato gastrointestinal são dependentes do primeiro acesso ao alimento e incluem a diferenciação de enterócitos, definição das criptas e aumento da superfície absortiva do intestino. Assim, o jejum pós-eclosão reduz a proliferação de enterócitos e o tamanho de vilo, prejudicando a função intestinal por vários dias e o crescimento da ave (Swami, 2015).

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Nutrição

O rápido acesso ao alimento após a eclosão pode favorecer o desempenho, pois os nutrientes contidos no saco vitelínico não suprem adequadamente as necessidades do neonato e são mais bem aproveitados na forma de macromoléculas 24

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O jejum pós-eclosão de 48 horas pode prejudicar o desenvolvimento intestinal, expresso pela redução da altura de vilo e aumento da profundidade de cripta no duodeno aos 7 dias de idade (Tabedian et al., 2010). Estudos desenvolvidos por Ganjali et al. (2015) demonstraram que o jejum pós-eclosão reduziu a área de vilo duodenal nos primeiros dias, mas no quarto dia se igualou aos valores obtidos em aves com acesso imediato ao alimento, enquanto a área de vilo do jejuno se manteve menor na primeira semana de vida. Shinde et al. (2015) descreveram que o jejum de 24 e de 36 horas reduziram a altura de vilo de forma geral. Sadrzadeh et al. (2015) concluíram que a suplementação pós-eclosão de treonina promoveu efeitos benéficos no crescimento intestinal, porém, sem alterar o desempenho dos pintos. Por outro lado, a suplementação de lisina nesta fase prejudicou o desempenho e o desenvolvimento intestinal. Para serem aproveitados, os carboidratos, lipídios e proteínas que chegam ao intestino devem ser hidrolisados. Durante os últimos estágios do desenvolvimento embrionário e à eclosão, existe certa atividade das enzimas pancreáticas no intesti-

no delgado. O consumo de ração estimula consideravelmente sua secreção, especialmente na primeira semana de vida (Swami, 2015). Bhanja et al. (2009) apontaram que a habilidade que ave desenvolve para digerir os nutrientes dos alimentos faz parte do processo de transição da vida embrionária para a vida independente. Após a eclosão, fígado, pâncreas e intestino delgado se desenvolvem rapidamente, enfatizando a importância destes órgãos para a ave jovem. Maiorka et al. (2003) relataram maior peso de fígado, duodeno e íleo e maior comprimento de jejuno e íleo em aves com acesso imediato ao alimento. O peso do íleo também foi positivamente influenciado pelo acesso à água. Bhanja et al. (2009) observaram que aos sete dias de idade, o peso relativo da moela e do proventrículo não foram influenciados pelo jejum de 48 horas; entretanto, o peso de fígado, pâncreas, jejuno e íleo foram maiores em pintos não submetidos ao jejum. Maiorka et al. (2003) comprovaram que o peso do fígado foi afetado pelo jejum, demonstrando que o metabolismo e desenvolvimento deste órgão após a eclosão está provavelmente associado a substratos derivados da absorção intestinal.


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Nutrição

O jejum póseclosão pode afetar o ganho de peso, o peso corporal, a eficiência alimentar, a uniformidade e os ganhos econômicos

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O jejum pós-eclosão afeta não somente o desenvolvimento do intestino, mas também do tecido linfoide associado ao intestino (GALT), pois retarda o contato dos antígenos presentes no alimento com o organismo da ave, e a presença do antígeno no trato gastrointestinal é necessária para a diferenciação das células imunes primárias, especialmente linfócitos B. O sistema imune começa a se desenvolver durante a vida embrionária e continua nas primeiras semanas pós-eclosão. O alimento exógeno fornece nutrientes para crescimento e desenvolvimento de órgãos linfoides primários e secundários, possibilita a proliferação e diferenciação celular e a consequente produção de hormônios e imunomoduladores (Swami, 2015). Pires et al. (2007) ressaltaram que, após o alojamento, a mucosa intestinal da ave é exposta a uma microbiota diversificada, estimulando o sistema imune. Portanto, a privação de água e alimento por longos períodos após a eclosão afeta o crescimento dos órgãos, parâmetros sanguíneos e o sistema imune dos pintos. O desenvolvimento muscular inicial também pode ser seriamente comprometido quando o alimento é restrito nos primeiros dias de vida, e pode afetar indiretamente o rendimento de carcaça (Tabeidian et al., 2011). O consumo de proteínas após a eclosão estimula as células-satélites, precursoras de células miogênicas, e o desenvolvimento muscular ao longo da vida. O jejum pós-eclosão afeta a atividade mitótica destas células e crescimento dos músculos esqueléticos e do peito (Swami, 2015). Corroborando estas informações, Moore et al. (2005) concluíram que perus privados de alimentação exógena após a eclosão apresentaram menor proliferação de células-satélite relacionadas ao crescimento muscular. De acordo com a literatura, a expressão gênica também é influenciada pelo jejum pós-eclosão. Higgins et al. (2010) relataram alteração na expressão de vários genes no hipotálamo de pintos submetidos ao jejum, com retorno às condições normais

após a disponibilização de alimento. Shinde et al. (2015) observaram que a falta de alimento por até 36 horas após a eclosão reduziu a expressão de genes relacionados à função intestinal, metabolismo e imunidade. Visto que as mudanças anatômicas e fisiológicas que ocorrem nas primeiras horas de vida são decisivas para o desempenho e saúde da ave, conclui-se que privá-la de alimento nessa fase pode causar prejuízos difíceis de serem recuperados futuramente, afetando o desenvolvimento do trato gastrointestinal e do sistema imune, o crescimento muscular e o desempenho dessas aves.

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Informativo Técnico-Comercial

Por que os aviários de ambiente controlado ainda não são uma realidade na América do Sul? Novas tecnologias têm surgido em vários setores e na criação de frangos de corte isso não é diferente Marcus Briganó Gerente de Serviços e Pesquisa da Cobb para a América do Sul

“Administrar melhor parâmetros como temperatura, umidade, qualidade e velocidade de ar, iluminação e etc. são pontos de extrema utilidade para se sacar o máximo potencial genético da ave disponível.”

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América do Sul é uma região bastante heterogenia, cultural e climaticamente falando. Se nos referendarmos somente no Brasil, vamos ver que há aviculturas muito diferentes em distintos estados, cada uma com seus conceitos e realidades, porém uma coisa há em comum em todas as situações: todos os ambientes são desafiadores tanto no sentido mercadológico, como técnico Para suportar melhor esses desafios, novas tecnologias têm surgido em vários setores do negócio, e na criação de frangos de corte isso não é diferente. Administrar melhor parâmetros como temperatura, umidade, qualidade e velocidade de ar, iluminação e etc. são pontos de extrema utilidade para se sacar o máximo potencial genético da ave disponível e hoje, com os aviários de ambiente controlado isso é perfeitamente possível, tendo em vista a sua alta capacidade de captação, armazenamento e controle das grandezas envolvidas no controle ambiental. Com essas grandes vantagens se pode pensar que é decisão fácil se instalar um aviário com maior concentração tecnológica, porém na prática não é isso que se observa. A avicultura sul americana em sua grande maioria, ainda é constituída de aviários com baixo ou nenhum controle ambiental e essa realidade levada ao Brasil não é muito diferente. Os motivos para que isso ocorra são vários e nesse artigo gostaria de nomear alguns deles e tentar ajudar os produtores e empresas quais devem ser os pontos a serem tocados no momento de se instalar um novo projeto. Descrença: Sim! Ainda há profissionais/empresários que não creem que o aviário de ambiente controlado é uma opção viável para a sua região. E as justificativas são as mais variadas: Clima, relação custo x benefício, riscos de sinistros, etc. É importante deixar claro que todos os ambientes do mundo albergam galpões de pressão negativa e em todos os lugares se obtêm melhores resultados com boas vantagens de custo. Nem sempre é uma conta fácil de ser feita, mas se não se estão observando vantagens com a instalação do aviário de ambiente controlado é possível que nem todas


as variáveis do processo estejam sendo observadas ou que estejamos subestimando a real capacidade da estrutura (abordaremos isso mais adiante). Custo: É claro que um projeto estrutural e tecnologicamente mais encorpado é mais caro e na grande maioria das vezes esse dinheiro será disponibilizado pelo próprio produtor, que deve ter uma relação saudável com a empresa integradora para que ele se sinta seguro para investir um maior montante de capital em uma estrutura que vai se pagar em médio/longo prazo. Mais que um maior volume de capital investido, esse montante vêm de financiamentos, onde garantias serão requeridas com concomitantes riscos inerentes à uma operação desse porte. Em resumo, a decisão deve ser muito consciente, tendo em vista que “há muito a perder” por ambas as partes (empresa/produtor) caso algo dê errado.

Equipamentos disponíveis: Quando comparamos aviários de ambiente controlado na maioria das regiões da América do Sul com outros similares na América do Norte e Europa se percebe uma grande distância entre modelos disponíveis e seus custos, sendo que especialmente no Brasil, devido à alta tributação e burocracia, fica muito complicada para as empresas investidoras e fornecedoras de tecnologia trazerem o que há de mais moderno no controle ambiental, somado à isso, estamos em mercado relativamente desinformado sobre essa realidade e que não demanda novidades aos fornecedores de equipamentos. Portanto nesse ponto, quase sempre estamos um ou dois passos atrás, fazendo que percamos em competitividade e em adaptabilidade no projeto, já que se temos uma menor oferta de equipamentos, perde-se em um ou outro ponto que poderia ajudar no desenho do aviário ideal.

Quase sempre estamos um ou dois passos atrás, fazendo que percamos em competitividade e em adaptabilidade no projeto, já que se temos uma menor oferta de equipamentos, perdese em um ou outro ponto que poderia ajudar no desenho do aviário ideal

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Informativo Técnico-Comercial

Quando comparamos aviários de ambiente controlado na maioria das regiões da América do Sul com outros similares na América do Norte e Europa se percebe uma grande distância entre modelos disponíveis e seus custos

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Erros de projeto: Esse problema é relativamente comum e talvez um dos mais graves. Quando se tem um projeto desproporcional aos desafios da região e às demandas da ave moderna, os resultados não serão satisfatórios. Inclusive não é raro ver aviários com altos níveis de investimento com piores resultados que aviários convencionais, e é importante deixar extremamente claro que isso não é mérito para os aviários mais simples, e sim um demérito para aviários com maior nível de investimento. Os motivos para esses erros são, na esmagadora maioria da vezes, pela tentativa de se economizar no projeto e no erro em se sacar componentes, estruturas ou equipamentos que fariam a diferença para o bom caminhar dos lotes. O maior problema não está no erro, mas no desconhecimento do erro. Eventualmente se faz um projeto aquém das necessidades, porém por ignorância própria ou de uma referência não preparada, se pensa que o projeto é o ideal e se julga o conceito como ineficiente, sendo esse um ponto crucial para gerar a “descrença” já mencionada. Erros na condução: Esse ponto geralmente caminha junto com o

anterior e quando isso ocorre as consequências são ainda mais complicadas. Porém é possível observar bons projetos que não obtém resultados satisfatórios e isso se dá por desconhecimento da maneira correta de se conduzir o lote e interpretar os dados gerados por ele. O desconhecimento sobre a correta condução dos conceitos de ventilação (mínima, transição e túnel) assim como das temperaturas ideais e limites de umidade relativa, são os erros mais comuns encontrados e fatalmente se chocarão com as expectativas de se obter os melhores resultados com granjas de ambiente controlado. É importe ter claro que não se encontra esses pontos de maneira isolada, na grande maioria das empresas onde não se investe em granjas de pressão negativa, no mínimo três ou quatro pontos dos citados acima são encontrados, tendo em vista que um ou dois são inerentes à atividade e sim, sempre serão obstáculos que devem ser enfrentados com estudo e foco na correta tomada de decisão, desde o início do projeto à condução do manejo no aviário.


Seus resultados alçando grandes

voos...

OVOS PINTOS LUCRATIVIDADE

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Informativo Técnico-Comercial

Controle eficaz da Bronquite Infecciosa em granjas de matrizes A Bronquite Infecciosa é a segunda doença de maior impacto econômico da indústria avícola mundial Autor: M.V. MSc. PhD. Jorge Chacón Serviços Veterinários – Ceva Saúde Animal

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N

a década passada, a técnicas moleculares permitiram caracterizar geneticamente os vírus de campo isolados a partir de distúrbios clínicos. Estes vírus mostraram ser geneticamente diferentes à cepa vacinal Massachusetts e a qualquer outro vírus detectado em outros continentes. Mas interesantamente, vírus variantes detectados de todas as regiões avícolas do país mostraram ser semelhantes entre eles, motivo pelo qual comecaram a ser chamados de vírus BR. Posteriores trabalhos epidemiológicos mostraram que estes vírus da cepa BR estavam amplamente distribuidos em todas as regiões avícolas do Brasil, com taxas de detecção média de até 70 % (Chacón

et al, 2011; Carranza et al., 2016). Posteriores pesquisas experimentais mostraram a patogenicidade dos vírus BR e a proteção parcial conferida pelas vacinas Massachusetts. Empresas de agronegócios quantificaram suas perdas causadas pelos vírus BR (Assayag et al., 2012).

com vacinas com cepas heterólogas e às múltiplas perdas ocasionadas pelos vírus variantes de campo. As consequências da infecção nas granjas de matrizes não apenas serão refletidas na granja de matrizes, mas também no incubatório e, inclusive, na granja de frangos de corte (Tabela 1).

Efeitos da Bronquite Infecciosa em granjas de matrizes

Abordagens para o controle da Bronquite Infecciosa em matrizes

Um relatório publicado pelo Banco Mundial em 2011 assinala a Bronquite Infecciosa como a segunda doença de maior impacto econômico da indústria avícola mundial. Este tremendo impacto desta doença se deve à dificuldade de controlar os vírus variantes

I. Seleção da cepa vacinal Um programa efetivo para o controle da BI, deve incluir necessariamente a cepa envolvida no desafio. Vacinas com cepa homóloga à cepa de campo conferem proteção superior às vacinas hete-

Tabela 1. Principais patologias e perdas econômicas diretas e indiretas causadas pelo vírus da Bronquite Infecciosa em granjas de matrizes (J. Chacón, 2018)

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Informativo Técnico-Comercial

Figura 1. Nível de proteção contra Bronquite Infecciosa utilizando vacinas vivas e inativadas homólogas e heterólogas ao vírus de campo (De Wit, 2013)

Figura 3. Programa vacinal para Bronquite Infecciosa em matrizes usando vacinas vivas e inativadas com cepa Mass (A) e cepa BR (B)

rólogas, tanto na fase de recria quanto na fase de produção devido à baixa proteção cruzada entre diferentes cepas da BI (Figura 1). II. Definação do esquema vacinal Se faz necessário um programa que incluam vacinas vivas e inativadas. As vacinas vivas induzem uma robusta e rápida proteção, mas de duração curta. A imunidade celular local induzida por este tipo de vacinas irão proteger principalmente o tratro respiratório das aves. Já as vacinas inativadas

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induzirão altos títulos de anticorpos sistêmicos que protegerão o tratro renal e reprodutivo das aves.

Experiências no controle da cepa br do vírus da Bronquite Infecciosa Conhecendo a necessidade da avicultura brasileira por ferramentas eficazes e específicas para o controle do vírus BR, foi autorizado o uso de vacinas vivas e inativadas contendo a cepa BR. A seguir são apresentados os primeiros benefícios relatados por clientes


Figura 4. Lotes afetados e despesas com medicação com programas com vacinas Massachusetts e vacinas vivas e inativadas com cepa BR (Empresa RS)

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Informativo Técnico-Comercial

Figura 5. Produtividade de lotes imunizados com vacinas Mass + D274 e programa usando vacinas vivas e inativadas BR (Empresa de SP)

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que compararam lotes imunizados com combinação de vacinas vivas e inativadas com cepa BR e com lotes com programas convencionais usando as cepas vacinais Massachusetts ou Massachuttes + D474. I. Simplificação dos programas vacinais A inclusão de vacinas vivas e inativadas com cepas homólogas ao vírus de campo conferiu uma proteção completa e mais duradoura o que se viu refletido na eliminação das vacinações durante a fase de produção de ovos. Antigamente as empresas revacinavam os lotes na fase de produção, mesmo assim, sem ter a proteção esperada (Figura 3). II. Eliminação de problemas sanitários O programa com vacinas BR aumentou a resistência das aves à infecção pelo vírus de campo. Em consequência, o lote não adoece mais e não há necessidade de medicação. III. Aumento da produtividade Quando o lote fica melhor protegido, as aves poderão expressar todo seu potencial genético: maior número de ovos produzidos, mas tão importante quanto isso é a qualidade dos ovos produzidos: os ovos com casca fina, trincada, deformada, despigmentada diminuem visivelmente (Figura 5).


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Informativo Técnico-Comercial

Perdas endógenas de aminoácidos em aves: papel da biomassa bacteriana

As perdas endógenas de aminoácidos na produção comercial de aves devem ser limitadas sempre que possível, por meio da utilização de aditivos para ração, tais como enzimas exógenas e processamento de rações para animais Autores: Aaron Cowieson e Nelson Ward (*)

O

s genótipos modernos de aves são conversores eficientes de nutrientes de origem vegetal em proteínas animais vendáveis de alta qualidade. No entanto, para sustentar o rendimento líquido ideal das operações de aves, é imprescindível que essas linhagens modernas sejam providas de dietas consistentes e de alto valor nutricional. Os aminoácidos geralmente são considerados de digestibilidade aparente ou digestibilidade estandardizada; a diferença entre os dois termos reconhece o fluxo da proteína endógena basal (Ravindran et al., 2017). No

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entanto, embora algumas tolerâncias sejam feitas na formulação da dieta devido às perdas inevitáveis de aminoácidos do animal hospedeiro, a origem dessas perdas é geralmente obscura. Portanto, o propósito deste artigo é descrever brevemente a perda endógena de aminoácidos em aves e oferecer algumas recomendações para minimizar tal perda por meio de vários meios nutricionais.

Terminologia A perda de proteína endógena é definida como qualquer proteína, peptídeo ou aminoácido que não seja de

origem dietética que saia do íleo terminal (Ravindran e Hendriks, 2004). Essas perdas de proteínas endógenas podem ser subdivididas em basais (perdas inevitáveis não ​​ relacionadas às características da dieta) ou específicas (dependentes da dieta) (Cowieson et al., 2009). As perdas basais são consideradas inevitáveis ​​ e associadas a processos metabólicos inerentes que independem da dieta. Experimentalmente, essas perdas são medidas por dietas desprovidas de nitrogênio (Ravindran et al., 2004; Adeola et al., 2016), embora existam métodos alternativos.


As perdas endógenas específicas são mais difíceis de quantificar, uma vez que variam conforme as propriedades químicas e mecânicas da dieta, como, por exemplo, a concentração de proteína, a presença de vários antinutrientes etc. (Ravindran, 2016). Os termos “aparente”, “estandardizada” e “verdadeira” são utilizados​​ em referência à digestibilidade de aminoácidos. O termo “aparente” é aplicado quando a digestibilidade ileal de aminoácidos é medida sem avaliação simultânea do fluxo endógeno de aminoácidos. O termo “estandardizada” refere-se a uma dieta livre de nitrogênio para estimar o fluxo endógeno basal e é utilizada para corrigir valores da digestibilidade aparente. Finalmente, quando todas as fontes de proteína endógena no íleo são quantificadas (basais e específicas), a digestibilidade "verdadeira" da proteína dietética pode ser determinada.

Fonte, significado A entrada de proteína endógena no intestino, durante o processo digestivo, é significativa e tais estimativas variam de 1 a 4 gramas de proteína endógena por grama de proteína ingerida (Ravindran, 2016). Estas proteínas endógenas variam conforme a origem e a composição dos aminoácidos e sua recalcitrância da recuperação autolítica. No entanto, as principais fontes de proteína endógena no intestino das aves incluem mucina, bile, células epiteliais descartadas e enzimas digestivas (Moughan et al., 2014, Ravindran, 2016). Como já mencionado, as estimativas de perdas endógenas variam (dependendo da metodologia, idade da ave etc.), mas valores em torno de 1015 g / kg de ingestão de matéria seca para as perdas basais cobriria a maioria dos exemplos publicados (Ravindran, 2016). A composição de aminoácidos de algumas dessas principais fontes de

proteína endógena pode ser encontrada na Tabela. Os aminoácidos dominantes em proteínas endógenas são glicina, treonina, ácido glutâmico, ácido aspártico, serina, valina, leucina e cisteína. Estima-se que de 75% a 90% dessas secreções endógenas são parcialmente recuperadas antes de deixar o íleo terminal (Souffrant et al., 1993; Forstner e Forstner, 1994). Evidentemente, uma parte substancial dessas secreções endógenas sai do íleo com um custo metabólico significativo para o animal, não somente em termos de aminoácidos, mas, também, de energia digestível e líquida. Por exemplo, Boisen e Verstegen (2000) apresentaram o teor de energia bruta de vários aminoácidos, variando de 2.892 kcal / kg para o ácido aspártico a 6.740 kcal / kg para a fenilalanina (metionina, lisina e treonina são 4.446, 5.617 e 4.111 kcal / kg, respectivamente). Alterações quantitativas ou qualitativas do fluxo de proteínas endógenas

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Informativo Técnico-Comercial Composição de aminoácido (g/100 g de aminoácidos) de diversas secreções endógenas Aminoácido

Secreções pancreáticas

Secreções biliares

Mucina

Proteína bacteriana

Ácido aspártico

12,5

0,4

7,8

7,0

Treonina

5,2

0,3

16,4

4,0

Serina

6,9

0,3

10,9

3,6

Ácido glutâmico

10,3

1,1

10,1

10,9

Prolina

5,0

0,3

12,0

3,5

Glicina

6,2

95,0

5,5

3,6

Alanina

5,4

0,0

7,4

4,0

Valina

7,2

0,3

5,9

4,0

Isoleucina

5,9

0,2

3,0

3,0

Leucina

8,3

0,4

5,7

4,4

Tirosina

5,7

0,2

3,2

2,1

Fenilalanina

4,4

0,2

3,5

2,9

Histidina

2,6

0,2

1,7

1,7

Lisina

5,1

0,3

2,8

3,3

Arginina

5,1

0,3

3,5

3,1

Metionina

1,1

0,1

0,8

1,1

Cisteína

1,7

0,6

10,0

1,4

Fonte: Ravindran, 2016 terão, portanto, um efeito direto sobre a energia digestível proporcional à composição da proteína endógena.

Biomassa microbiana A proteína microbiana é uma anomalia na medida e no vocabulário da proteína endógena. Do ponto de vista estrito, a proteína microbiana não é nem de origem dietética nem de origem endógena e representa um "emaranhado" confuso de aminoácidos, que podem sofrer alterações substanciais na composição e nas características, por meio de vários processos metabólicos bacterianos (incluindo a conversão de nitrogênio não proteico em nitrogênio proteico). No entanto, a proteína microbiana é medida como "endógena" pela maioria dos ensaios de rotina e é considerada parte das perdas basais e específicas, dependendo do procedimento experimental utilizado. De forma instrutiva, Miner-Williams et al. (2009) apresentaram dados que permitem a separação conceitual de proteína microbiana de outros componentes de proteínas endógenas. Os autores determinaram que cerca de

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61% da proteína na digesta ileal originou-se de biomassa bacteriana (o restante sendo mucina, células animais descartadas e enzimas digestivas). A composição de aminoácidos desta biomassa bacteriana é apresentada na Tabela. Notavelmente, existem algumas diferenças substanciais entre a composição de aminoácidos, como, por exemplo, a mucina ou a bile, e a proteína bacteriana. A mucina e a bile são dominadas pela treonina, serina, glicina, prolina e cisteína, enquanto a proteína bacteriana é dominada pelo ácido glutâmico, ácido aspártico e leucina. Portanto, mudanças na extensão da secreção / abundância e recuperação de diferentes fontes de proteína endógena terão diferentes implicações para o estado nutricional do animal (digestibilidade e exigência de aminoácidos).

Peptidoglicanos como biomassa Fragmentos de parede celular constituem uma importante fonte de biomassa no trato intestinal – "lixo intestinal". Até 90% das paredes celulares Gram-positivas são constituídas por

peptidoglicano (PGN) e aproximadamente 75% das bactérias intestinais podem ser Gram-positivas (Ward & Cowieson, 2017). Finalmente, 60% da massa fecal é de natureza bacteriana (O'Hara e Shanahan, 2006), com aproximadamente 35% mortas ou não viáveis ​​no intestino terminal (Apajalahti et al., 2003). A proteína do PGN nas paredes das células bacterianas contém uma mistura de formas isoméricas D e L de aminoácidos (Friedman, 1999). A composição de aminoácidos do PGN varia consideravelmente com as espécies bacterianas, mas, independentemente da fonte, os isômeros D têm um valor nutricional inconsistente para aves (Sugahara et al., 1967). Portanto, esse segmento de biomassa é de má reputação, na melhor das hipóteses. Por outro lado, sua significância reside provavelmente em sua grande quantidade a qualquer momento do ciclo produtivo. A abundância de fragmentos de parede celular poderia ter consequências fundamentais no desempenho animal, simplesmente interferindo com o acoplamento normal enzima-substrato.


Implicações, conclusões As perdas endógenas de aminoácidos representam uma ineficiência significativa na produção comercial de aves e devem ser limitadas sempre que possível. Várias estratégias para reduzir o fluxo de proteínas endógenas foram sugeridas (Cowieson et al., 2009) e incluem o uso de vários aditivos para ração, como enzimas exógenas e processamento de rações para reduzir a presença de fatores antinutricionais, como inibidores da tripsina. Essas estratégias são eficazes para aumentar a digestibilidade de aminoácidos (em um padrão que reflete a composição de aminoácidos das proteínas endógenas contributivas) e melhorar a energia líquida. As oportunidades potenciais para melhorar a eficiência do uso de nitrogênio na ave, por meio da modificação intencional, e a recuperação do conjunto de proteínas microbianas são animadoras e poderiam reduzir substancialmente o fluxo de proteínas endógenas no futuro (influenciando particularmente o ácido

glutâmico, ácido aspártico e leucina). No caso do ácido glutâmico, poderiam aumentar o metabolismo dos enterócitos e terem uma gama de efeitos benéficos adjacentes na partição de energia intestinal, metabolismo mucoso e absorção de nutrientes (Wu et al., 2014). Assim, no futuro, novas melhorias na eficiência no aproveitamento de nitrogênio na produção de aves poderão ser realizadas por meio de uma melhor retenção de aminoácidos de origem dietética, da redução da secreção e da perda de proteína endógena e da intervenção intencional para recuperar proteína da biomassa microbiana.

Referências Adeola, O., P.C. Xue, A.J. Cowieson and K.M. Ajuwon. 2016. Basal endogenous losses of amino acids in protein nutrition research for swine and poultry. Anim. Feed Sci. Technol., 221:274283. Apajalahti, H., A.K. Paivi, H. Nurminen, I.Hanna Jatila and W.E. Holben. 2003. Selective plating underesti-

mates abundance and shows differential recovery of bifidobacterial species from human feces. J. Appl. Environ. Microbiol. 69:5731-5735. Boisen, S., and M.W.A. Verstegen. 2000. Developments in the measurement of the energy content of feeds and energy utilization in animals. In: P.J. Moughan, M.W.A. Verstegen and M.I. Visserreyeveld (eds.). Feed Evaluation: Principals and Practice. Wageningen Press, Wageningen, Netherlands. p. 57-76. Cowieson, A.J., M.R. Bedford, P.H. Selle and V. Ravindran. 2009. Phytate and microbial phytase: Implications for endogenous nitrogen losses and nutrient availability. Worlds Poult. Sci. J. 65:401-417. Forstner, J.F., and G.G. Forstner. 1994. Gastrointestinal mucus. In: L.R. Johnson, D.H. Alpers, J. Christensen, E.D. Jacobsen and J.H. Walsh (eds.). Physiology of the Gastrointestinal Tract. 3rd Edition. Raven. New York. 2:1255-1283.

A Revista do AviSite

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Informativo Técnico-Comercial

Cerca de 61% da proteína na digesta ileal originou-se de biomassa bacteriana (o restante sendo mucina, células animais descartadas e enzimas digestivas)

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A Revista do AviSite

Friedman, M. 1999. Chemistry, nutrition and microbiology of D-amino acids. J. Agric. Food Chem. 47:3457-3479. Miner-Williams, W., P.J. Moughan and M.F. Fuller. 2009. Endogenous components of digesta protein from the terminal ileum of pigs fed a casein-based diet. J. Agric. Food. Chem. 57:2072-2078. Moughan, P.J., V. Ravindran and J.P.B. Sorbara. 2014. Dietary protein and amino acids — consideration of the undigestible fraction. Poult. Sci. 93:2013-2014. O’Hara, A.M., and F. Shanahan. 2006. The gut as a forgotten organ. EMBO Reports 7:688-693. Ravindran, V. 2016. Feed-induced specific ileal endogenous amino acid losses: Measurement and significance in the protein nutrition of monogastric animals. Anim. Feed Sci. Technol. 221:304-313. Ravindran, V., O. Adeola, M. Rodehutschord, H. Kluth, J.D. van der Klis, E. van Eerden and A. Helmbrecht. 2017. Determination of ileal digestibility of amino acids in raw materials for broiler chickens — results of collaborative studies and assay recommendations. Anim. Feed Sci. Technol. 225:62-72. Ravindran, V., and W.H. Hendriks. 2004. Endogenous amino acid flows at the terminal ileum of broilers, layers and adult roosters. Animal Sci. 79:265-271. Ravindran, V., L.I. Hew, G. Ravindran and W.L. Bryden. 2004. En-

dogenous amino acid flow in the avian ileum: Quantification using three techniques. Br. J. Nutr. 92:217223. Souffrant, W.B., A. Rerat, J.B. Laplace, B.V. Darcy, R. Kohler, T. Corring and G. Gebhardt. 1993. Exogenous and endogenous contributions to nitrogen fluxes in the digestive tract of pigs fed a casein diet. III. Refluxing of endogenous nitrogen. Repro. Nutr. Dev. 33:373-382. Sugahara, M., T. Morimoto, T. Kobayashi and S. Ariyoshi. 1967. The nutritional value of D-amino acid in the chick nutrition. Ag. Biol. Chem. 31:77-81. Ward, N.E., Cowieson, A. Intestinal PGN may be chipping away at animal performance. Feedstuffs, 6 de novembro de 2017. Wu, G., F.W. Bazer, Z. Dai, D. Li, J. Wang and Z. Wu. 2014. Amino acid nutrition in animals: Protein synthesis and beyond. Ann. Rev. Anim. Biosci. 2:387-417. (*) Aaron Cowieson é cientista global da DSM e professor adjunto de Nutrição de Aves Poedeiras na Universidade de Sydney (Austrália), especializado em vários aspectos da biotecnologia de enzimas alimentares e nutrição monogástrica. Nelson Ward é gerente técnico DSM nos Estados Unidos e Canadá, com atuação centrada em enzimas, embora também atue com vitaminas e outros ingredientes, principalmente para aves poedeiras.


Informativo Técnico-Comercial

Florfenicol: uma molécula com eficácia terapêutica A utilização do florfenicol em substituição aos antibióticos usualmente utilizados, pode ser uma nova opção para o controle das cepas multirresistentes. Autores: Mauro R. Felim, Felipe Chiarelli e Eduardo Armanini, Vetanco Brasil

A

resistência bacteriana aos antimicrobianos utilizados na medicina humana e veterinária tornou-se um problema clínico e de saúde pública. As infecções causadas por cepas de microrganismos resistentes e multirresistentes, como o mecanismo de via beta-lactamase de aspecto estendido (ESBLs) e também as carbapenemases, tornam o seu controle um verdadeiro desafio, levando a elevados custos com medicações para o tratamento, falha terapêutica e até ao óbito. A colibacilose é um termo comumente empregado para designar as infecções causadas pela Escherichia coli nos animais. Segundo Junior et al. (2009), a E. coli atualmente é considerada um dos agentes principais das toxinfecções alimentares relacionadas ao consumo de produtos provenientes da produção animal. Na avicultura industrial moderna, a colibacilose é vista como uma das principais doenças, sendo responsável por causar mundialmente enormes prejuízos econômicos. As cepas de E. coli patogênicas para aves (Apec), podem ser responsáveis por causar quadros de aerossaculite, poliserosite, septicemia, doença respiratória crônica complicada (DRCC) e outras doenças intestinais nas aves (Revolledo e Ferreira, 2009). A proibição no uso de diversos antibióticos, como a colistina (polimixina E), na produção animal brasileira, em conjunto com o aparecimento de cepas de E. coli resistentes e multirresistentes, tem dificultado o seu controle e tratamento na avicultura. Devido a rápida disseminação dos genes

de resistência entre os microrganismos, o aparecimento de cepas multirresistentes aos antibióticos atualmente utilizados é grande. KOGA et al. (2015), encontrou uma alta frequência de genes de resistência à tetraciclina, ácido nalidíxico e ampicilina em cepas isoladas de carne de frango, no qual 79,3% das cepas foram resistentes a 3 ou mais antibióticos e todas as cepas possuíram no mínimo resistência a 1 antimicrobiano. O aparecimento de cepas multirresistentes de E. coli aos antimicrobianos comumente utilizados, ressalta a necessidade da utilização de um fármaco que consiga controlar de forma eficaz a sua incidência. A utilização do florfenicol em substituição aos antibióticos usualmente utilizados, pode ser uma nova opção para o controle das cepas multirresistentes. A sua molécula possui uma considerável atividade contra bactérias gram negativas e gram positivas resistentes a outros antibióticos, tendo a capacidade de interferir na síntese proteica na subunidade 50s do ribossomo procarioto 70s, o que causa inibição na formação das ligações peptídicas durante o alongamento da cadeia, podendo atuar tanto como bactericida quanto bacteriostático (Junior et al, 2009). Para nos mantermos em uma produção avícola de destaque mundial, garantindo o bem-estar das aves, produzindo da maneira sustentável e segura, a utilização do florfenicol como substituto aos antibióticos rotineiramente utilizados, sugere ser uma maneira eficaz no controle dos desafios causados pela E. coli multirresistente.

O aparecimento de cepas multirresistentes de E. coli aos antimicrobianos comumente utilizados, ressalta a necessidade da utilização de um fármaco que consiga controlar de forma eficaz a sua incidência

Referências: JÚNIOR, A. B; SILVA, E. N; FÁBIO, J. D; SESTI, L; ZUANAZE, M. A. F. Doenças das aves. Campinas: Fundação APINCO de Ciência e Tecnologia Avícolas, Ed. 2, p. 1004, 2009. KOGA, V. L; RODRIGUES, G. R; SCANDORIEIRO, S; VESPERO, E. C; OBA, A; DE BRITO, B. G; DE BRITO K. C. T; NAKAZATO, G; KOBAYASHI, R. K. T. Evaluation of the Antibiotic Resistance and Virulence of Escherichia coli Strains Isolated from Chicken Carcasses in 2007 and 2013 from Parana, Brazil. FOODBORNE PATHOGENS AND DISEASE, v.12, n. 6, 2015. REVOLLEDO, L; FERREIRA, A. J. P. Patologia Aviária. Barueri, SP: Manoele. Ed.1, p. 510, 2009. A Revista do AviSite

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Informativo Técnico Comercial

Óleos funcionais como ferramenta para melhorar o desempenho de frangos de corte desafiados por coccidiose É crescente a busca por aditivos zootécnicos que proporcionem uma melhor saúde intestinal para os animais de produção Autoras: Priscila de Oliveira Moraes e Andréa Machado Leal Ribeiro

O

consumidor de produtos de origem animal está cada vez mais preocupado com os aditivos utilizados na nutrição animal. Após a adoção do chamado princípio de precaução pela União Europeia, banin-

do a utilização de antibióticos como promotor de crescimento, essa prática tornou-se uma tendência global e irreversível. Este movimento aumentou a busca por aditivos zootécnicos que proporcionem uma melhor saúde

intestinal para os animais de produção, visto que ela é um fator decisivo para melhorar os índices produtivos na granja de frangos de corte. Os óleos funcionais têm sido definidos como aqueles óleos que possuem atividades além do seu conteúdo energético, como o óleo de mamona e o líquido da casca de castanha do caju, essa mistura tem comprovada eficiência em melhorar o desempenho de frangos por sua atuação na microbiota e no sistema imune dos animais. Além disso, são ingredientes naturais, fato que contribui para o conceito de Saúde Única (“One Health”), que é a soma de vários esforços locais e globais com o objetivo de manter os animais saudáveis e produtivos, a fim de nutrir uma população saudável e crescente, reduzindo os impactos nos recursos naturais gerados (King et al., 2008).

Coccidiose na avicultura

Figura 1. Conceito de saúde única (One Health)

44 A Revista do AviSite

Dentre as numerosas ameaças à saúde intestinal dos frangos, a coccidiose é um dos principais motivos de preocupação, pois acarreta perdas econômicas de milhões de dóla-


Figura 2. Relação entre Eimeria spp.e Clostridium perfringens Efeitos da mistura do óleo de mamona e do líquido da casca de castanha de caju (óleos funcionais)

res a cada ano. É uma doença causada por protozoários do gênero Eimeria. Em frangos de corte as espécies principais são E. acervulina, E.máximae E. tenella, sendo que cada espécie de Eimeria possui características próprias quanto à prevalência, local de infecção, patogenicidade e imunogenicidade (BerchierI Jr. et al., 2009). No entanto, alta mortalidade com coccidiose clínica não é comum. Na maioria dos casos ocorre a infecção subclínica, o que dificulta o diagnóstico da doença em um tempo hábil para começar um tratamento antes que ocorra a perda de desempenho.

A Eimerias spp. possui um grande potencial reprodutivo; a ingestão de um único oocistos esporulado pode desencadear a eliminação de milhares de oocistos na cama e, consequentemente, reduzir o desempenho animal, piorando a digestão e absorção de nutrientes, em virtude das lesões no trato gastrointestinal (Cornelissen et al., 2009). Além disso, o desafio por coccidiose pode mudar drasticamente a comunidade bacteriana no intestino, diminuindo a diversidade microbiana e criando um ambiente favorável para disseminação de outros patógenos como a bactéria gram-positiva Clostridium perfringens(Figura 2).

Dentre as numerosas ameaças à saúde intestinal dos frangos, a coccidiose é um dos principais motivos de preocupação, pois acarreta perdas econômicas

Figura 3. Expressão gênica de interleucinas no jejuno. Médias com letras diferentesdiferem-se estatisticamente o aditivo dentro do desafio por LSMEANS utilizando os dados transformados em Log10

A Revista do AviSite

45


Informativo Técnico Comercial

Figura 4. Excreção de oocistos aos 7 e 14 dias após a infecção. Médias com letras diferentes diferem-se estaticamente por LSMEANS

O IFN-γ é uma peça chave contra Eimeria, o qual entre outras funções, estimula os macrófagos a produzirem óxido nítrico, que inibe a replicação do parasita no interior das células hospedeiras Figura 5. Representação gráfica da população microbiana

46 A Revista do AviSite

O C. perfringens faz parte da microbiota normal do ceco das aves, portanto, sua presença nem sempre causa enterite necrótica. Para que isso aconteça, ele precisa expressar fatores de virulência e estar em um ambiente favorável para sua instalação e multiplicação. Dentre esses fatores estão condições de estresse, imunossupressão e lesões causadas por coccidiose. A retirada dos antibióticos como promotores de crescimento tem sido acompanhada pelo aumento da incidência e severidade da enterite necrótica causada pelo C.perfringens (Cooper et al. 2009). Modulação do sistema imune. O blend de óleos funcionais atua proporcionando ao hospedeiro uma melhor resposta imune, aumentando a produção de algumas citocinas pró-inflamatórias, como o

interferon gama (IFN-γ) e fator de necrose tumoral (TNF-α) que estão intimamente relacionadas com a imunidade contra o parasita, tornando o hospedeiro mais apto para combater o parasita ou outras infecções causadas por bactérias oportunistas. Por outro lado, reduz IL-1 e cicloxigenase2 (COX-2), direcionando a resposta contra o parasita (Figura 3). Embora a infecção por Eimeria spp. induza uma resposta imune complexa ao hospedeiro, em função do parasita apresentar um ciclo de vida extracelular e intracelular, estudos com as principais espécies de Eimeria revelaram que o sistema imune inato e o mediado por células têm um papel essencial tanto pela produção de citocinas como por ataque citotóxico direto nas células afetadas (Laurent et al., 2001). O IFN-γ é uma peça chave contra Eimeria, o qual entre outras funções, estimula os macrófagos a produzirem óxido nítrico, que inibe a replicação do parasita no interior das células hospedeiras. Menor excreção de oocistos pode ser observada em frangos que receberam o blend de óleos funcionais ou monensina quando comparados com animais que não receberam nenhum dos dois (Figura 4). Isso porque o blend de óleos funcionais modula o sistema imune do hospedeiro para que o mesmo elimine o parasita, sendo demonstrada sua eficácia pela menor excreção de oocistos. Ao contrário, a monensina é um ionóforo que mata o parasita,


prejudicando o equilíbrio osmótico, ao causar o rompimento da membrana intestinal (Chapman et al. 2010). Prevenção do aumento de bactérias patogênicas gram+ durante o desafio, sem alterar o número total de bactérias. Ou seja, há uma modulação da microbiota intestinal utilizando o blend de óleos funcionais, mantendo o número de bactérias benéficas como Lactobacillus ssp. e reduzindo bactérias patogênicas oportunistas como C. perfringens e Staphylococcus aureus. Duas são as explicações para essas respostas: primeiro,, o sistema imune dos animais desafiados que recebem este blend está mais preparado, não permitindo que bactérias oportunistas se reproduzam, ao incentivar o próprio hospedeiro a atuar contra elas. Segundo, os compostos presente no blend, como o ácido ricinoleico, principal componente do óleo de mamona, tem ação antimicrobiana através dos seus derivados de ésteres, rompendo ligações glicosídicas dos peptideoglicanos presentes na parede das bactérias gram-positivas (Guimarães et al., 2010). Há também o cardanol e o cardol, principais componentes do líquido da casca de castanha do caju, que apresentam terpenóides e compostos fenólicos que causam dano à parede celular dessas mesmas bactérias (Parasaet al., 2011). O

Figura 6. Peso vivo aos 42 dias de animais desafiados com coccidiose e recebendo ou não aditivos. Médias com letras diferentes diferem-se estaticamente por LSMEANS.

blend porém não é efetivo contra bactérias gram -, como Escherichia coli (Figura 5). Melhor desempenho de frangos desafiados por Eimeria spp. após 14 dias do desafio utilizando o blend de óleos funcionais. Embora 7 dias após o desafio se observe uma redução no desempenho, isso acontece porque há uma ativação maior do sistema imune que demanda um grande gasto de nutrientes. No entanto, essa ativação é de grande importância para a eliminação do parasita e para manter uma microbiota equilibrada durante o processo infeccioso, como foi demonstrado anteriormente. A conclusão é que por

A monensina como blend de óleos funcionais reduzem o impacto causado pelo desafio da coccidiose, melhorando o desempenho animal

A Revista do AviSite

47


Informativo Técnico Comercial

mecanismos de ações diferentes, tanto a monensina como blend de óleos funcionais reduzem o impacto causado pelo desafio da coccidiose, melhorando o desempenho animal ao final dos 42 dias (Figura 6).

Considerações finais

O blend de óleos funcionais possui potencial para ser utilizada como um promotor de crescimento natural, apresentando resultado de desempenho semelhante ao ionóforo monensina 48 A Revista do AviSite

A retirada dos antibióticos como promotores de crescimento faz com que a indústria busque cada vez mais aditivos eficazes para superar os efeitos negativos causados por problemas intestinais, como a coccidiose. O blend de óleos funcionais possui potencial para ser utilizada como um promotor de crescimento natural, apresentando resultado de desempenho semelhante ao ionóforo monensina.

Referências bibliográficas BERCHIERI JUNIOR A. et al. Doença das Aves. 2ed. São Paulo: FACTA, 2009 CHAPMAN, H. D. et al. Fortyyearsofmonensin for the controlo f coccidiosis in poultry. Poultry Science, v.89, p. 1788 – 1801, 2010 COOPER et al. Necroticenteritis in chickens: A paradigmofentericinfectionby Clostridium perfringens-

type A. Anaerobe. v 15, n. 1, p. 5560, 2009 CORNELISSEN, J. B. et al. Host response to simultaneous infections with Eimeria acervulina, maxima and tenella: a cumulation of single responses. Vet Parasitol, v. 162, n. 1-2, p. 58-66, 2009. GUIMARÃES, D. O. et al. Antibióticos: importância terapêutica e perspectivas para a descoberta e desenvolvimento de novos agentes. Química Nova, v. 33, n. 3, p. 667679, 2010. KING, L.J. et al. Executivesummaryofthe AVMA onehealthinitiativetask force report. Journalofthe American Veterinary Medical Association, v. 233, n. 2, p. 259-261, 2008. LAURENT, F. et al. Analysisofchickenmucosalimmune response toEimeriatenellaandEimeriamaximainfectionbyquantitative reverse transcription-PCR. InfectImmun, v. 69, n. 4, p. 2527-34, 2001. PARASA, L.S. et al. AcetoneextractofCashew (Anacardiumoccidentale, L.) nutsshelliquidagainstMethicillinresistantStaphylococcus aureus(MRSA) byminimuminhibitoryconcentration (MIC). J. Chem. Pharm. Res. v.3,p. 736-742,2011.


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Evento

Ceva Saúde Animal apresenta certificação internacional e comemora 1 ano da Cevac IBRAS A empresa reuniu a imprensa para apresentar os resultados de 2018

A

Fernando Luiz De Mori, presidente da Ceva Brasil: “A Cevac IBRAS chegou para resolver o maior problema da indústria avícola dos últimos 10 anos”

Giankleber Diniz, Diretor da Unidade de Negócios – Avicultura da Ceva Saúde Animal: “Chegaremos à marca de 1 bilhão de frangos vacinados com a Cevac IBRAS em 2018”

Ceva Saúde Animal reuniu a imprensa em Campinas (SP) no último mês de junho para apresentar dois importantes fatos para a empresa: a conquista do reconhecimento de qualidade único, homologado pelo Bureau Veritas, órgão de controle independente, líder global em testes, Inspeções e certificações e, também, para apresentar os resultados positivos do primeiro ano de atuação da vacina Cevac IBRAS, a primeira vacina viva contra a Bronquite Infecciosa variante brasileira BR. O produto foi desenvolvido pela companhia para atender especificamente o país. A Cepa BR é o grupo epidemiológico mais importante e prevalecente, sendo detectado em mais de 70% dos casos da doença no Brasil. O reconhecimento pelo Bureau Veritas reforça a qualidade dos serviços de vacinação oferecidos pela companhia, entre eles, o Programa de Controle de Pontos Chaves de Imunização no Incubatório, o CHICK Program. Criado para assegurar a padronização da imunização das aves, o programa inclui o foco nas seguintes áreas: vacinas, equipamentos, técnica de vacinação, monitoramento e diagnóstico, experiência e formação. A certificação garante total padronização das ações da Ceva Saúde Animal, o que lhe confere maior qualidade e segurança em suas ações, dentro de rígidos processos.

Um ano de Cevac IBRAS Tharley Carvalho, Gerente de Marketing – Avicultura, da Ceva Saúde Animal: “A vacinação com a Cevac IBRAS traz ao produtor um ganho que ele nem imaginava, isso se reflete em milhões de reais que antes eram ‘escoados’ sem que ele soubesse que seria possível reavê-lo”

50

A Revista do AviSite

Jorge Chacón, Gerente de Serviços Veterinários da Unidade de Aves da Ceva Saúde Animal: “Durante oito anos foram realizadas extensas pesquisas e avaliações para desenvolvermos uma vacina que oferecesse segurança e proteção robusta contra o desafio da cepa BR.”

Em um ano de atuação da vacina Cevac IBRAS nem mesmo a Ceva poderia imaginar o tamanho da evolução que ela traria para a avicultura. Sua utilização tem se refletido em uma larga economia para os produtores. “A vacina chegou para resolver o maior problema da indústria avícola dos últimos 10 anos. Com certeza será um divisor, um marco em nosso país. Há tempos o nosso mercado exigia novas alternativas, pois desde 1979, a avicultura brasileira só contava com vacinas do sorotipo Massachusetts”, ressaltou o presidente da Ceva Brasil, Fernando Luiz De Mori. De acordo com Giankleber Diniz, Diretor da Unidade de Negócios – Avicultura da Ceva, a Cevac IBRAS ganha ainda mais importância no mercado devido à necessidade verificada de rápido retorno dos investimentos, devido às perdas geradas pela paralização dos caminhoneiros no final de maio, que afetou a todo o setor. “Não há mais espaços para perdas e a vacina terá um papel fundamental para dar o suporte à indústria avícola como um todo, do campo ao abatedouro, onde ela, comprovadamente, diminui as perdas por contaminação”, destacou.


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Mercado

Após registrar um dos piores momentos em abril, setor esboça reação em maio Em maio, o setor começou a observar os efeitos da estratégia adotada pela indústria em fevereiro, de reduzir o alojamento de pintinhos Autores: Juliana Ferraz1, Maristela de Mello Martins1, Luiz Gustavo Tutui1 e Sergio De Zen2 1) Analistas da Equipe de Aves, Suínos e Ovos do Cepea, da Esalq/USP; 2) Professor Dr. da Esalq e pesquisador responsável pela área de pecuária do Cepea, da Esalq/USP.

MERCADO DOMÉSTICO A crise vivida na avicultura de corte se intensificou em abril. No início do mês, o mercado sinalizou possível recuperação nas cotações, já que as exportações de março se elevaram e era esperado aquecimento no consumo na primeira quinzena do mês, período em que tradicionalmente as vendas são maiores, devido ao recebimento de salários de grande parte da população brasileira. No entanto, ao longo do mês, as expectativas foram frustradas e os preços reais do frango

inteiro chegaram ao terceiro menor patamar da série histórica do Cepea, iniciada em 2004 para este produto. No estado de São Paulo, o frango congelado em abril teve média de R$ 3,02/kg, queda de 7,7% na comparação com março e de expressivos 18,5% frente ao mesmo mês de 2017. A carne de frango resfriada teve média de R$ 3,03/kg, com desvalorizações de 4,9% frente ao mês anterior e de 16,2% no comparativo com abril/17. O frango vivo, por sua vez, foi negociado, em média, a R$ 2,15/kg, queda de 6,9%

Preço do frango resfriado e congelado no estado de São Paulo Fonte: Cepea, 2018.

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em relação a março/18 e de 12,3% no comparativo com o mesmo período de 2017. Já em maio, o setor começou a observar os efeitos da estratégia adotada pela indústria em fevereiro, de reduzir o alojamento de pintinhos, a fim de ajustar a quantidade de animais para abate e, consequentemente, reverter a situação de alta oferta interna de carnes. De acordo com agentes consutados pelo Cepea, a procura por pintinhos diminuiu, resultando até em cancelamento de lotes previamente programados. Com efeito, tanto os preços do animal vivo como da proteína passaram a esboçar reação, ensaiando o fim da crise iniciada no setor em dezembro/17. A valorização do frango resfriado no estado de São Paulo foi de 10% de abril para maio, com o produto sendo comercializado, em média, a R$ 3,33/ kg. Para o animal vivo, o aumento foi de 5%, com média de R$ 2,25 no mês. Nem mesmo a queda pontual de preços ocorrida no período da paralisação dos caminhoneiros (de 21 a 30 de maio) – que travou a maior parte dos negócios, impossibilitando o recebimento de insumos e o escoamento de animais – foi suficiente para impedir a alta no mês.


A tendência de elevação segue firme neste início de junho. Com o fim da paralisação dos caminhoneiros, os preços da proteína dispararam. A demanda de redes atacadistas e varejistas para recompor estoques se acentuou significativamente, elevando com força as cotações das proteínas. Entre 1º e 15 de junho, o frango vivo negociado no estado de São

Paulo teve valorização de 24,5% a R$ 3,10/kg no dia 15. Para o animal abatido resfriado, a alta foi de 23,8%, negociado a R$ 4,66/kg. Tais preços para a carne de frango não eram observados desde outubro de 2016, quando o resfriado teve média de R$ 4,61/kg. No entanto, ainda que os preços da proteína estejam em ritmo de alta, a preocupação de agentes colabo-

radores do Cepea se deve ao desgaste do setor, dada as perdas acumuladas ao longo de vários meses, a instabilidade do cenário macroeconômico e as incertezas quanto às transações com o comércio internacional. Neste último caso, a preocupação esteve relacionada ao anúncio da China de impor uma taxa de importação maior sobre o preço da carne de frango proveniente do Brasil.

MERCADO EXTERNO

observados no ano passado. As 247 mil toneladas embarcadas em abril/18 foram as menores desde ja-

neiro/10, segundo dados da Secex. Esse volume representa um recuo de 32,8% frente a março/18 e de 22% em relação a abril/17. Assim como a quantidade exportada, a receita, em Reais, teve redução de 29% quando comparada a março/18, com montante de R$ 1,355 bilhão. Já em maio/18, as exportações se recuperaram frente ao mês anterior, com aumento de 32,7% no volume embarcado, atingindo 327 mil toneladas, ainda de acordo com dados da Secex. A recuperação da receita também foi intensa em relação à de abril/18, com aumento de aproximadamente 37%, atingindo o patamar de R$ 1,859 bilhão. A alta do dólar contribuiu para a elevação da receita em Reais. Entre abril/18 e maio/18, o dólar se valorizou 6,7%. No entanto, o volume embarcado em maio/18 ficou 4,8% abaixo do de maio/17 e a receita, 9% inferior.

As exportações ao longo de 2018 seguem em volumes inferiores aos

Exportações brasileiras de frango, em volume e em receita, em 2017 e 2018. Fonte: Cepea a partir de MDIC/Secex, 2018

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Estatísticas e Preços

Produção e mercado em resumo Produção de pintos de corte Abril 469,768 Milhões | -7,68%

Efeitos da paralisação nacional no mercado de frango e ovos em junho

Produção de carne de frango Maio 1.094,139 Mil toneladas | -3,92%

Exportação de carne de frango Maio 327,975 mil toneladas | -4,84%

Disponibilidade interna Maio 766,164 Mil toneladas | -3,53%

Farelo de Soja Junho R$1.430,00 | +44,44%

Milho Junho R$44,19 | +57,04%

Desempenho do frango vivo Junho R$3,07 | +22,77%

Desempenho do ovo Junho R$80,23 | -7,40%

54 A Revista do AviSite

N

o cenário internacional, de acordo com levantamento do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) mesmo apresentando resultados melhores que o Brasil, o volume exportado pelos EUA no primeiro quadrimestre não chega a apresentar evolução significativa. A diferença gritante se encontra nos índices: enquanto os EUA incrementaram em quase 3% o volume exportado, o Brasil reduziu em quase 10% seus embarques.

N

o cenário nacional, levantamento da Embrapa Suínos e Aves indica que o custo de produção de frango vivo atingiu em maio o terceiro maior valor mensal da história do setor. Mas, se o que está ruim ainda pode piorar, é o que se viu quando a avicultura foi atingida pela paralisação dos caminhoneiros no último decêndio de maio e que trouxe enormes prejuízos e grande instabilidade ao mercado. Na produção e alojamento de pintos de corte em maio, segundo informações colhidas no mercado, houve grande mortalidade no período da paralisação e o volume parece ter se confirmado ainda abaixo do produzido em abril. No mercado de frango, não houve como dar vazão à mercadoria pós abate, acarretando dificuldade na estocagem do produto abatido e, também, ocasionando desabastecimento ao consumidor. Com isso, nos primeiros dias de junho os preços aumentaram acentuadamente. Mas, após a normalização no recebimento da mercadoria, os preços regrediram. De toda forma, houve ganho de 15,5% e 16,8% em relação a maio último e junho do ano passado, respectivamente. Na avicultura de postura comercial, também houve dificuldade em estocar os ovos, ocasionando crescimento no percentual de perdas e enormes prejuízos. Nos primeiros dias pós encerramento da greve também houve crescimento acelerado de preços na comercialização do produto. No final, o preço médio de junho alcançou valorização superior a 28% em relação a maio último. Entretanto, o índice ainda foi 7,4% inferior ao recebido em junho do ano passado.


Produção de pintos de corte

Menos de 470 milhões de pintos em abril

I

EVOLUÇÃO MENSAL MILHÕES DE CABEÇAS

MÊS

2016/2017

2017/2018

Maio

542,145

522,835

-3,56%

Junho

551,131

526,325

-4,50%

Julho

514,831

515,254

0,08%

VAR. %

Agosto

546,836

531,982

-2,72%

Setembro

497,702

497,107

-0,12%

Outubro

510,632

521,308

2,09%

Novembro

525,170

506,821

-3,49%

Dezembro

560,266

534,215

-4,65%

Janeiro

535,647

556,669

3,92%

Fevereiro

494,423

484,996

-1,91%

Março

517,196

514,578

-0,51%

Abril

508,875

469,768

-7,68%

Em 04 meses

2.056,140

2.026,011

-1,47%

Em 12 meses

6.304,854

6.181,859

-1,95%

Fonte dos dados básicos: APINCO – Elaboração e análises: AVISITE

PRODUÇÃO EM PERÍODO DE DOZE MESES

J

F

M

2016

A

J

F

M

2017

A

J

F

M

6,182

6,221

6,224

6,223

6,305

6,337

6,381

6,425

6,621

6,607

6,569

Nos primeiros quatro meses de 2016 a 2018 Bilhões de cabeças

6,526

niciado em março, o esforço do setor pela readequação da produção a um mercado consumidor mais restrito deu seus primeiros frutos em abril. No mês, de acordo com a APINCO, foram produzidos perto de 470 milhões de pintos de corte, resultado que em termos reais (isto é, tomando por base a produção média diária) significou redução de 5,67% sobre o mês anterior. Na comparação com abril de 2017 a queda foi de 7,68%. Considerada a produção média diária – melhor indicador dos níveis de produção do setor – o volume deste último abril (15,6 milhões/dia) foi o menor dos últimos 99 meses. Ou seja, do final da década passada até agora ficou acima, apenas, dos 15,3 milhões de pintos/dia de janeiro de 2010. E ainda assim por diferença muito pequena: 2,6% em mais de oito anos. Embora em três dos quatro primeiros meses do ano o setor tenha alcançado índices negativos, o total acumulado no primeiro quadrimestre apresenta apenas 1,5% de redução sobre o mesmo período do ano passado. ou seja, uma redução ainda insuficiente para contribuir com o equilíbrio que o mercado necessita. As consequências da greve dos caminhoneiros aliado aos problemas de baixo consumo interno e dificuldades nas exportações de carne de frango indicam que o índice negativo continuará crescente neste primeiro semestre. O volume de pintos em período de doze meses apresenta índice de redução de quase 2%. Todavia, o gráfico da produção apresentado em período de doze meses indica que o esforço do setor em ajustar a produção às reais necessidades internas e externas já vem de um bom tempo. Em abril de 2016 o volume acumulado alcançava cerca de 6,621 bilhões de cabeças, atingindo volume recorde no mês seguinte, maio, de 6,628 bilhões. De lá pra cá, o volume passou a cair quase continuamente. E, mesmo assim, o mercado não tem sinalizado reversão. Ou seja, a queda no poder aquisitivo do consumidor é muito maior do que se imagina.

A

2018 A Revista do AviSite

55


Estatísticas e Preços Produção de carne de frango

Volume vem caindo gradativamente

P

EVOLUÇÃO MENSAL MIL TONELADAS

MÊS

2016/2017

2017/2018

VAR. %

Junho

1.102,260

1.098,920

-

Julho

1.172,162

1.156,782

-

Agosto

1.126,977

1.143,201

-

Setembro

1.073,328

1.096,787

-

Outubro

1.125,320

1.149,016

-

Novembro

1.035,096

1.094,134

-

Dezembro

1.099,989

1.150,632

-

Janeiro

1.211,185

1.166,737

-3,67%

Fevereiro

1.067,817

1.083,073

1,43%

Março

1.173,662

1.199,919

2,24%

Abril

1.131,198

1.132,066

0,08%

Maio

1.138,828

1.094,139

-3,92%

Em 05 meses

5.722,690

5.675,933

-0,82%

Em 12 meses

13.457,822

13.565,405

-

Fonte dos dados básicos: APINCO - Projeções e análises: AVISITE

PRODUÇÃO REAL

Set

2017

56

A Revista do AviSite

Nov

Mar

1,132

Fev

1,059

1,129

1,114

1,094

1,112

Out

1,161

Ago

1,160

Jul

1,097

Jun

1,106

1,099

Mai

1,119

1,102

Maio de 2017 a Maio de 2018 Milhão de Toneladas

Dez

Jan

2018

Abr

Mai

artindo do alojamento de pintos de corte, que vem caindo drasticamente, a APINCO estimou, para maio último, que a produção real de carne de frango produzida tenha se confirmado abaixo de 1,100 milhão de toneladas pela primeira vez neste ano. O volume produzido - mais especificamente, 1,094 milhão de toneladas - significou quase 4% de redução em relação a maio do ano passado. Em relação ao mês anterior, abril, a redução atinge 3,3%. Entretanto, maio é mês mais longo e isso considerado, torna a redução mensal próxima de 6,5%. Nos primeiros cinco meses do ano o total produzido alcança 5,676 milhões de toneladas e representa 0,8% de redução sobre o mesmo período do ano passado. O volume médio mensal de 1,135 milhão de toneladas projetado para o restante do ano indica a possibilidade de ser alcançado cerca de 13,622 milhões de toneladas. Se efetivado, equivalerá a produção bem próxima da alcançada no ano passado, de 13,612 milhões. Mas, por ora, o volume acumulado em período de doze meses – junho de 2017 a maio de 2018 – apresenta produção de 13,565 milhões. E diante do esforço do setor em ajustar o alojamento de pintos à efetiva necessidade apresentada pelos mercados interno e externo, é certo que o volume de carne de frango produzido no ano se confirmará abaixo do alcançado em 2017. E a greve dos caminhoneiros desencadeada a nível nacional no terceiro decêndio de maio veio contribuir para exacerbar ainda mais a difícil situação da avicultura de corte pois, além da necessidade de redução já imposta anteriormente pelos desafios verificados nos mercados interno e externo, houve a interrupção forçada no alojamento de pintos que afetará, com certeza, a produção de carne de frango em junho e julho. Informações colhidas no mercado indicam a possibilidade de a produção de carne de frango encerrar o último mês do primeiro semestre com volume abaixo do milhão de toneladas.


Exportação de carne de frango

Números divulgados continuam deixando dúvidas

I

EVOLUÇÃO MENSAL MIL TONELADAS

MÊS

2016/2017

2017/2018

VAR. %

Junho

406,280

362,965

-10,66%

Julho

356,209

375,633

5,45%

Agosto

357,256

407,568

14,08%

Setembro

380,502

380,030

-0,12%

Outubro

308,077

358,809

16,47%

Novembro

321,468

318,132

-1,04%

Dezembro

356,915

313,664

-12,12%

Janeiro

354,971

323,279

-8,93%

Fevereiro

325,372

304,376

-6,45%

Março

374,623

367,677

-1,85%

Abril

317,708

247,296

-22,16%

Maio

344,662

327,975

-4,84%

1.717,337

1.570,604

-8,54%

4.204,044

4.087,406

-2,77%

Em 05 meses

Em 12 meses

Fonte dos dados básicos: SECEX/MDIC

EXPORTAÇÃO EM PERÍODO DE 12 MESES

2017

Out

Nov

Dez

Mar

Abr

4,087

Fev

4,104

Jan

4,175

4,181

Jul

4,202

4,234

4,277

Set

4,281

Ago

4,180

4,230

Jun

4,230

Mai

4,161

Maio de 2017 a Maio de 2018 Milhões de toneladas

4,204

ndependente das dúvidas que continuem deixando, os dados da SECEX/ MDIC relativos a maio de 2018 apontam que as exportações de carne de frango do mês – considerando os quatro principais itens negociados pelo setor: frango inteiro, cortes de frango, industrializados e carne salgada - totalizaram 328 mil toneladas, volume quase 5% menor que o alcançado em maio de 2017, ocasião em que os embarques do mês ficaram em 344,7 mil toneladas. Comparativamente ao mês anterior, abril de 2018, o volume apontado pela SECEX/MDIC correspondeu a um acréscimo de, praticamente, um terço (mais exatamente, 32,62%). E aí é que paira a dúvida, visto que nos últimos dias de maio as exportações foram, de alguma forma, prejudicadas pelo movimento dos caminhoneiros. Como, de março para abril, o volume exportado recuou quase na mesma proporção (-32,74%), e provável que o aumento de maio decorra de restos não contabilizados do mês anterior. Aceito que o raciocínio esteja correto, os embarques dos cinco primeiros meses do ano somaram 1.570.604 toneladas, ficando 8,5% abaixo do registrado em idêntico período de 2017. Equivaleram, também, a uma média mensal pouco superior a 314 mil toneladas - o menor nível dos últimos três anos considerado idênticos períodos anteriores. As perspectivas não são animadoras para o setor diante das dificuldades enfrentadas pelas empresas exportadoras. Assim, é certo que os embarques do ano sofrerão forte refluxo. Por ora, o volume acumulado em período de doze meses – junho de 2017 a maio de 2018 – alcança 4,087 milhões de toneladas e representa 2,8% de redução. Entretanto, o volume médio mensal até maio projetado para o restante do ano indica 3,770 milhões de toneladas e, se atingido, significará quase 11% de redução.

Mai

2018 A Revista do AviSite

57


Estatísticas e Preços Disponibilidade Interna de Carne de Frango

Em maio a menor oferta do ano

A

Evolução Mensal MIL TONELADAS

MÊS

2016/2017

2017/2018

VAR. %

Junho

695,980

735,955

-

Julho

815,953

781,149

-

Agosto

769,721

735,633

-

Setembro

692,826

716,757

-

Outubro

817,243

790,206

-

Novembro

713,628

776,002

-

Dezembro

743,074

836,969

-

Janeiro

856,213

843,458

-1,49%

Fevereiro

742,445

778,697

4,88%

Março

799,039

832,242

4,16%

Abril

813,490

884,769

8,76%

Maio Em 05 meses

Em 12 meses

794,165

766,164

-3,53%

4.005,352

4.105,329

2,50%

9.253,777

9.477,999

-

Fonte dos dados básicos: APINCO - Projeções e análises: AVISITE

OFERTA EM PERÍODO DE DOZE MESES

A

A Revista do AviSite

O

N

D

J

9,478

9,506

9,402

9,222 S

2017

58

9,284

9,435 J

9,365

J

9,378

M

9,249

9,225

9,259

9,294

9,254

Milhões de toneladas

F

M

2018

A

M

s projeções que a APINCO efetua a partir do alojamento interno de pintos de corte indicam que o potencial de produção de carne de frango para o mês de maio passado ficou em 1,094 milhão de toneladas, volume 3,9% inferior ao apontado um ano antes. E como as exportações do mês apresentaram redução anual de 4,8%, a oferta interna, projetada em pouco mais de 766 mil toneladas, ficou 3,5% aquém da que foi estimada para maio de 2017. Em termos nominais, a oferta interna foi 13,4% inferior à registrada no mês anterior. Neste caso, porém, deve-se considerar que maio tem um dia a mais e isso faz com que a oferta real do mês tenha sofrido redução superior a 16%. Além disso, o volume disponibilizado foi o menor dos últimos oito meses. A disponibilidade interna acumulada nos primeiros cinco meses do ano alcança cerca de 4,105 milhões de toneladas, equivalendo a 2,5% de aumento sobre o mesmo período do ano passado. Projetado para o corrente ano o volume médio mensal estima cerca de 9,850 milhões de toneladas, representando 5% de crescimento sobre o disponibilizado em 2017. Mas, por ora, o volume acumulado nos últimos doze meses – junho de 2017 a maio de 2018 – alcança 9,478 milhões de toneladas. É certo, porém, que haverá redução na produção de carne nos próximos meses e o ano poderá ser finalizado com retração no volume anual. Isso poderia contribuir de maneira efetiva para uma diminuição na oferta do produto. Entretanto, as empresas exportadoras de carne de frango têm enfrentado grandes problemas e é certo que haverá forte retração no volume anual. Assim, é certeza que mesmo com todo o esforço da avicultura de corte para uma redução na produção que dê maior equilíbrio ao mercado, o volume disponibilizado internamente deverá ter índice positivo no encerramento do ano. E, infelizmente, mesmo com todo o esforço do setor, a oferta interna tem se mostrado acima das reais necessidades de consumo da população brasileira.


Desempenho do frango vivo em junho e no 1º semestre

Cotação média do frango vivo negociado no interior paulista girou em torno dos R$3,07/kg

E

m junho, a cotação média do frango vivo negociado no interior paulista girou em torno dos R$3,07/kg, resultado que significou incremento de quase 30% sobre a média do mês anterior e valorização de 22,77% sobre o mesmo mês do ano passado. Essa foi, também, a primeira vez desde janeiro de 2017 que se ultrapassou a marca dos R$3,00/ kg (em dezembro de 2016: R$3,02/kg). À primeira vista um bom desempenho. Que seria considerado ótimo se tivesse ocorrido normalmente, de acordo com as leis naturais de mercado. Mas não: foi um resultado artificial, decorrente das brechas de abastecimento criadas no mercado com a paralisação nacional do transporte de cargas. É verdade que, independente das influências do movimento caminhoneiro, em maio o frango vivo já dera sinais de reação – demonstração de que o setor vinha procurando se adequar melhor às restritas (e sobretudo desafiantes) condições do mercado. E isso, sem dúvida, teria continuidade em junho. Mas, provavelmente, o incremento de preço chegaria apenas à metade do obtido, não passando de 15%. Prova disso é que depois de bater nos R$3,20/kg ainda no primeiro decêndio do mês e registrar ganho de 45% em relação ao valor vigente um mês antes, a cotação alcançada permaneceu estável por não mais que duas semanas, entrando a seguir em retração. Oficialmente, junho foi encerrado com o frango vivo cotado a R$3,00/kg. Mas, na prática, a cotação divulgada voltou a ser

apenas um referencial, pois se tornaram comuns as negociações por R$2,80/kg. O interessante é que o retrocesso não decorre de aumento da oferta que, ao contrário, permanece decrescente em relação a idênticos períodos anteriores. O que acontece é que o frango abatido, sem consumidores, também entrou em parafuso, seus preços retrocedendo aos valores de custo. Para não agravar mais sua situação, os abatedouros passaram a direcionar para o mercado de aves vivas boa parte de sua produção. Daí as baixas então registradas. É provável que, ao saírem os dados inflacionários de junho, o frango apareça como “o vilão da inflação”. Ou seja: ninguém se lembrará de que, há meses, vem sendo um dos “mocinhos da inflação”. Aliás, os efeitos da alta de junho ficam restritos ao mês, porquanto o semestre foi encerrado a um preço médio de R$2,51/kg, valor 2,65% menor que a média de um ano atrás. Isto (não custa repetir, embora venha sendo redundante) a um custo visivelmente maior.

FRANGO VIVO

Evolução de preços na granja, interior paulista – R$/KG Média mensal e variação anual e mensal em treze meses

Média anual em 10 anos R$/KG

MÊS.

MÉDIA R$/KG

VARIAÇÃO % ANUAL MENSAL

JUN/17

2,50

-11,02%

0,00%

JUL

2,50

-15,25%

0,00%

AGO

2,50

-20,91%

0,00%

SET

2,50

-19,29%

0,08%

OUT

2,63

-15,03%

5,28%

NOV

2,70

-12,90%

2,51%

DEZ

2,70

-10,72%

0,00%

JAN/18

2,57

-2,98%

-4,84%

FEV

2,48

-6,02%

-3,63%

MAR

2,36

-12,57%

-4,86%

ABR

2,20

-12,00%

-6,61%

MAI

2,37

-5,04%

7,91%

JUN

3,07

22,77%

29,29%

R$ 1,92

2011

R$ 2,08

2012 2013

R$ 2,47

2014

R$ 2,42 R$ 2,62

2015

R$ 2,89

2016

R$ 2,58

2017

R$ 2,51

2018

Jun

Ago

Set

Out

Nov

118,4

112,4

106,2

Jul

116,4

Mai

114,9

Abr

115,5

Mar

101,7

118,7

91,9

93,4

85,2

95,3

91,4

100,0

105,3 95,9

102,4 99,5

Fev

R$ 1,65

2010

2018 Média 1995/2017 (23 anos)

Preço relativo em 2018 comparativamente à média de 23 anos (1995/2017) Média mensal do ano anterior = 100

Jan

R$ 1,63

2009

Dez

A Revista do AviSite

59


Estatísticas e Preços Desempenho do ovo em junho e no 1º semestre

Mercado em alta ma vez que o ovo, em menos de uma semana, chegou a registrar aumento superior a 40% (base: preço no atacado de São Paulo para o branco extra), o que irá prevalecer quando forem divulgados os índices inflacionários do mês é que – a exemplo do frango – está entre os “vilões da inflação” de junho. Na verdade, porém, excetuada a rapidez com que ocorreram, as altas do ovo no mês que passou não tiveram nada de anormal. Assim, por exemplo, o pico de preços registrado no período (média de R$93,00/caixa por volta do dia 10) ficou aquém dos R$96,00/caixa, valor alcançado há pouco mais de um ano, no final da Quaresma de 2017. Além disso, o valor médio de junho – R$80,23/caixa – ficou mais de 7% aquém dos R$87,04/caixa de junho do ano passado. Enfim, o ganho que o setor possa ter tido no pós-movimento caminhoneiro foi não só aparente, mas também absolutamente efêmero. Pois insuficiente para cobrir os prejuízos enfrentados com a paralisação nacional do trânsito de mercadorias.

OVO BRANCO EXTRA

Evolução de preços no atacado paulistano R$/CAIXA DE 30 DÚZIAS Média mensal e variações anual e mensal em treze meses MÊS.

MÉDIA R$/CXA

Média anual em 10 anos R$/CAIXA

VARIAÇÃO % NO ANO

NO MÊS

2009

JUN/17

87,04

1,94%

4,48%

JUL

83,62

-3,72%

-3,93%

AGO

80,33

-4,37%

3,93%

2011

SET

74,48

2,25%

-7,29%

2012

2010

OUT

69,04

0,70%

-7,30%

NOV

66,00

-3,00%

-4,40%

DEZ

64,36

-13,03%

-2,48%

2014

JAN/18

53,92

-12,21%

-16,22%

2015

R$ 38,63 R$ 37,93 R$ 44,61 R$ 49,11 R$ 57,86

2013

FEV

71,35

-15,54%

32,31%

MAR

79,08

-10,59%

10,83%

ABR

67,75

-25,66%

-14,32%

2017

MAI

62,84

-24,57%

-7,25%

2018

JUN

80,23

-7,40%

28,26%

R$ 52,70 R$ 59,47 R$ 75,43

2016

R$ 77,78 R$ 69,20

Não há como negar, de toda forma, que em termos de preço os resultados do último bimestre poderiam ter sido piores. Ou seja: quando o movimento caminhoneiro começou, no final de maio, a cotação do ovo vinha em decréscimo. Com a paralisação do mercado, os preços tornaram-se nominais, ficando congelados. Já a alta valorização de junho só se concretizou a partir das lacunas criadas no abastecimento. Não ocorreria em situação normal de oferta. Este, por sinal, é o grande desafio que espera o setor de postura na entrada do segundo semestre: a oferta considerada normal parece estar acima das necessidades de consumo. Um desafio que aumenta no corrente mês, já que o consumo não poderá contar com a demanda da merenda escolar. Enfim, nas circunstâncias aí presentes – demanda em recesso (não só por conta das férias escolares) e oferta elevada – corre-se o risco de ver repetido o desempenho do segundo semestre de 2017 (tabela à esquerda), ocasião em que os preços retrocederam mês após mês. Cabe à atividade agir com competência para afastar de vez essa possibilidade. Sobretudo porque as condições de produção deste ano são absolutamente diferentes das observadas um ano atrás. E porque, ainda, o 1º semestre está sendo fechado com um preço médio (R$69,20/caixa) 16% menor que os R$82,60/caixa do mesmo semestre de 2017.

99,7

100,4

112,3

101,6

Mai

114,5

117,1

Abr

Set

Out

Nov

103,1

109,4

Mar

2018 Média 2001/2017 (17 anos)

80,8

87,1

112,1

120,5 101,6

Jan

91,7

69,0

91,8

115,0

Preço relativo em 2018 comparativamente ao período 2001/2017 (17 anos) Média mensal do ano anterior = 100

110,4

U

Fev

60 A Revista do AviSite

Jun

Jul

Ago

Dez


Milho e Soja Milho tem leve retrocesso mensal O preço do milho registrou leve retrocesso mensal em junho. O preço médio do insumo, saca de 60 kg, interior de SP, fechou o mês cotado a R$44,19, valor 2,4% abaixo da média alcançada pelo produto em maio, quando ficou em R$45,29. Porém, a disparidade de preço do milho em relação ao ano anterior permanece crescente. O valor atual é 57% superior, já que a média de junho de 2017 foi de R$28,14 a saca.

Valores de troca – Milho/Frango vivo No frango vivo (interior de SP) o preço médio de junho, influenciado pela paralisação dos caminhoneiros no último decêndio de maio, alcançou R$3,07 kg, atingindo índice de valorização mensal próximo de 30%. Assim, com a forte valorização do frango vivo e pequeno retrocesso na cotação do milho, melhorou o poder de compra do avicultor. Nesse mês, foram necessários 239,9 kg de frango vivo para se obter uma tonelada de milho, considerando-se a média mensal de ambos os produtos. Este volume representa 32,8% de ganho no poder de compra em relação ao mês anterior, pois, em maio, a tonelada do milho “custou” 318,5 kg de frango vivo. Entretanto, em relação a junho do ano passado, a perda chega a quase 22%.

Farelo de soja registra queda ínfima em junho O farelo de soja (FOB, interior de SP) voltou a registrar leve acomodação em junho de 2018. O produto foi comercializado pelo preço médio de R$1.430/t, valor 0,7% inferior ao praticado no mês de maio – R$1.440/t. Em comparação com junho de 2017 – quando o preço médio era de R$0,990/t – a cotação atual registra alta de 44,4%.

Valores de troca – Farelo/Frango vivo A forte alta na cotação do frango vivo e a leve queda no farelo de soja em junho fez com que fossem necessários 465,8 kg de frango vivo para adquirir uma tonelada do insumo, significando melhora de 30,4% no poder de compra do avicultor em relação a maio, quando 607,6 kg de frango vivo obtiveram uma tonelada do produto. Na comparação em doze meses houve piora de 15% já que lá, foram necessários 396 kg para adquirir o cereal.

Valores de troca – Farelo/Ovo Valores de troca – Milho/Ovo O preço do ovo, na granja (interior paulista, caixa com 30 dúzias), obteve forte valorização em junho e fechou à média de R$74,23, valor 30,6% superior ao alcançado no mês anterior, quando o produto foi negociado por R$56,84. Com a grande valorização no preço médio dos ovos e a leve queda verificada no milho, houve sensível melhora no poder de compra do avicultor. Em junho foram necessárias 9,9 caixas de ovos para adquirir uma tonelada do cereal. Em maio, foram necessárias 13,3 caixas/t, melhorando em 33,8% a capacidade de compra do produtor. Todavia, no ano, a perda está próxima de 42%.

Fonte das informações: www.jox.com.br

De acordo com os preços médios dos produtos, em junho foram necessárias aproximadamente 19,3 caixas de ovos (valor na granja, interior paulista) para adquirir uma tonelada de farelo de soja. O poder de compra do avicultor de postura em relação ao farelo registrou ganho mensal de 31,5%, já que, em maio, 25,3 caixas de ovos adquiriam uma tonelada de farelo. Em relação a junho de 2017 houve piora de 36,6% no poder de compra, pois naquele período a tonelada de farelo de soja custou, em média, 12,2 caixas de ovos.

A Revista do AviSite

61


Ponto Final

A transformação digital do campo Irenilza de Alencar Nääs

Presidente da Fundação Apinco de Ciência e Tecnologia Avícolas – FACTA

tecnológicos, sobretudo aqueles que têm como suporte a tecnologia da informação, que foi barateando com o passar dos anos, permitiram que os produtos e processos inovadores pudessem ser absorvidos na agricultura como um todo e, na avicultura em particular. São hardwares e softwares que associados a sensores e controladores, permitem entender situações de campo e prover suporte à decisão inclusive em tempo-real. Este avanço tecnológico, associado à internet das coisas e a uma geração que nasceu com habilidades de compreender o mundo digital com grande facilidade, deverá transformar todas as formas como tomamos decisões hoje. Este futuro já começou

N

e este futuro já faz parte de nossa vida em pequena ou larga o passado o produtor rural, incluindo o avicultor, se

escala, talvez até sem que não nos demos conta disto. O debate

desenvolveu com o conhecimento das gerações

desta perspectiva e os impactos que tais transformações devem

passadas, abrangendo inclusive experiências de

causar nos processos decisórios dos setores da agricultura,

regiões com características bem diferentes das

inclusive na avicultura, precisam ser discutidos e aprendidos.

nossas no Brasil. Eram estes, imigrantes de várias áreas do

Tornar esta tecnologia acessível, simples e intuitiva, é o grande

mundo que trouxeram seu conhecimento para desbravar este

desafio das indústrias do mundo digital.

imenso país agricolamente essencial. Nos últimos vinte anos

A avicultura 4.0 avança devagar, mas a passos firmes. Já é

houve a incorporação das inovações tecnológicas, inicialmente

possível realizar várias tarefas dentro de um centro de produção

de forma lenta e gradual. Mas o mundo mudou e os avanços

avícola de forma eletrônica e mecanizada, programada e com controle à distância. Existem, no Brasil e mundo, várias soluções e vários pesquisadores em busca de aumentar este potencial de

O avanço tecnológico, associado à internet das coisas e a uma geração que nasceu com habilidades de compreender o mundo digital com grande facilidade, deverá transformar todas as formas como tomamos decisões hoje 62

A Revista do AviSite

decisões mais precisas e em tempo-real. Nas universidades brasileiras várias start-ups são criadas justamente visando este mercado agrícola novo. Afinal, se queremos uma produção avícola de vanguarda, competitiva e com alta qualidade, além dos cuidados que tão bem sabemos fazer no Brasil nas áreas de saúde, nutrição e manejo, não podemos deixar de lado a automação de processos que levam a maior precisão nos resultados. A economia é uma consequência natural desta ação. O futuro, que talvez vislumbrássemos amanhã, já está aqui, já nos atropela pedindo passagem. Acredito que a melhor forma será abrirmos os braços e tentarmos entendê-lo, para, com maior facilidade nos adaptarmos aos novos tempo.


A Revista do AviSite

63


Ponto Final

ELEVE SUA PROTEÇÃO CONTRA A SALMONELA

Proteção segura e eficaz contra Salmonella Enteritidis e Salmonella Typhimurium com a qualidade Boehringer Ingelheim. Vacina altamente imunogênica com menor risco de choque endotoxêmico e contaminações exógenas. Auxilia na menor contaminação ambiental e redução da transmissão vertical.

abcd 64 A Revista do AviSite


A Revista do AviSite

65


Ponto Final

ELEVE SUA PROTEÇÃO CONTRA A SALMONELA

Proteção segura e eficaz contra Salmonella Enteritidis e Salmonella Typhimurium com a qualidade Boehringer Ingelheim. Vacina altamente imunogênica com menor risco de choque endotoxêmico e contaminações exógenas. Auxilia na menor contaminação ambiental e redução da transmissão vertical.

abcd 66 A Revista do AviSite


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