Edição 123 - Revista do AviSite

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A Revista do AviSite

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Editorial

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Sumário

31 Avaliação dos impactos

ambientais da avicultura

41 A evolução dos

Na produção de frangos, reduzir emissões, principalmente de amônia, com manipulação da dieta, é uma das alternativas para obter menor impacto ao ambiente.

equipamentos para arraçoamento em frangos de corte

A evolução tecnológica é visível e aplicada em milhares de aviários de diferentes layouts e padrões de integradoras.

05 Eventos 08 Notícias Curtas sobre salmonella aponta que 12 Workshop biosseguridade e ações para controle são o caminho

22 Startups catarinenses

investem em soluções para o agronegócio

Startups estão migrando para o meio rural em busca de soluções para aumentar a competitividade da agricultura familiar.

valor em Reais recebido com exportação 65 CEPEA: da carne de frango é recorde em agosto Final 74 Ponto O feedback como processo de comunicação e transparência nas empresas Por Marcos Banov, General Manager, Orffa

ideal para controle do patógeno. do Brasil e da Europa debateram boas 14 Especialistas práticas no transporte e na insensibilização com gás de suínos e aves.

16 Ações empresariais necessárias para a indústria 4.0. celular de levedura e a resposta do sistema 27 Parede imune inato. Heus inaugura novo Centro de Distribuição no 43 De Nordeste. de enzimas nas rações melhora o 45 Utilização desempenho nutricional.

48 XXXXXXX (Marcação para evento Aviagen) Select destaca a entrada da Socorex em seu 53 Agro leque de produtos. da funcionalidade gastrointestinal, 54 Equilíbrio resultados em produtividade.

56 Gestão de documentos em fábrica de rações 58 DSM e Novozymes lançam Balancius™ 69 O foco em rentabilidade na avicultura brasileira.

Estatísticas e preços 66 67 68 69 70 71 72 73

Produção e mercado em resumo Pintos de corte Produção de carne de frango Exportação de carne de frango Oferta Interna Desempenho do frango vivo Desempenho do ovo Matérias-primas A Revista do AviSite

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Editorial

Avicultura, meio ambiente e as mudanças na pecuária brasileira Esta edição da Revista do AviSite traz um destaque especial o trabalho feito pelos pesquisadores Nilsa Lima, Irenilza Nääs, Rodrigo Garcia, Raquel Baracat e Marta Baracho com uma avaliação dos impactos ambientais da avicultura. Segundo os pesquisadores, nos cenários atuais, considerando a demanda por proteína animal menos impactante, o frango é o que menos impacta no ambiente em relação às outras fontes como bovina e suína, e por consequência existe potencial de aumento na produtividade de frangos de corte. Diante disso, para estudar alternativas de atenuar os impactos causados pelo sistema produtivo é imprescindível avaliar a perspectiva do aumento das emissões dos gases com potencial de efeito estufa. Esta edição também traz uma matéria especial sobre as startups catarinenses, que estão investindo em soluções para o agronegócio. Em Santa Catarina as startups estão migrando para o meio rural em busca de soluções para aumentar a competitividade da agricultura familiar. A aproximação desses dois setores tão diferentes é missão Núcleo de Inovação Tecnológica para Agricultura Familiar (NITA), que realiza um encontro entre empresas de tecnologia e representantes das cadeias produtivas, em Florianópolis. Com uma entrevista exclusiva, o Coordenador técnico do Núcleo de Inovação Tecnológica para Agricultura Familiar (NITA), Ditmar Zimath, explica à Revista do AviSite o que é o NITA e como ele tem ajudado o Agronegócio. E ainda: análises de mercado, artigos técnicos e muito mais, na sua Revista do AviSite! Em tempo: o AviSite e OvoSite repercutiram uma matéria feita pelo jornalista Bruno Villas Bôas (Valor) que a crise mudou rumo da pecuária. Uma análise do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) aponta que o efetivo nacional de bovinos somou 214,9 milhões de cabeças em 2017, 1,5% menos que no ano anterior. Foi a primeira queda desde 2012. O resultado está relacionado ao aumento dos abates, que cresceram 3,9% mesmo em meio a um “desequilíbrio” gerado no mercado pela Operação Carne Fraca. Apesar da queda do tamanho do plantel no ano passado, o Brasil permaneceu com o segundo maior rebanho bovino do mundo, atrás da Índia. Com base em uma nova base cadastral de granjas do país, atualizada pelo Censo Agropecuário de 2017, o IBGE estimou que a produção nacional de ovos somou 4,2 bilhões de dúzias em 2017, 11,6% mais que no ano anterior, e gerou renda de R$ 13,5 bilhões. O último censo identificou “novas granjas com grande capacidade de alojamento e de produção de ovos”, e essas granjas foram as grandes responsáveis pela alta da estimativa de produção. A pesquisa mostrou um novo “campeão” de produção de ovos de galinha no país: Santa Maria de Jetibá (ES), que superou Bastos (SP). Segundo o instituto, o alto nível tecnológico empregado na produção e o apoio de cooperativas são fatores que influenciaram o avanço do município capixaba no ranking. Já o total de galináceos (frangos, frangas, galinhas, galos, pintos), por sua vez, atingiu 1,4 bilhão de cabeças no ano passado no país, crescimento de 6% na comparação ao ano anterior. O desempenho também reflete o aumento de demanda da população por proteínas mais acessíveis. Algo como 70% dos custos de produção vêm da ração. E a safra de milho, base da ração, foi recorde em 2017, reduzindo preços e estimulando a produção. A região Sul respondeu 47,1% da produção e abate de frangos. Santa Maria de Jetibá (ES) foi o município que apresentou os maiores efetivos tanto de galináceos quanto de galinhas, seguido por Bastos. Já o efetivo de suínos atingiu a marca de 41,1 milhões de cabeças no país no ano passado, crescimento de 3% na comparação com 2016. Os Estados do Sul voltaram a liderar a atividade. Assim como na produção de ovos e aves, o segmento de suínos foi beneficiados pela crise econômica. Santa Catarina concentrou 19,7% do efetivo nacional de suínos. Logo em seguida, aparecem Paraná, com 16,8%, e Rio Grande do Sul com 14,6%. Do efetivo total de suínos, 11,5% correspondeu a matrizes. Computados todos esses resultados, Santa Maria de Jetibá (ES), Bastos (SP) e Castro (PR) se destacaram no ano passado em valor de produção pecuária na pesquisa do IBGE. O município capixaba apresentou o maior valor de produção - R$ 931,3 milhões, 95,3% dos quais provenientes da venda de ovos de galinha. Bastos apareceu na segunda posição, com R$ 841,8 milhões, dos quais 96,2% corresponderam à venda de ovos de galinha. Em seguida veio Castro, a capital nacional do leite, com R$ 322,9 milhões.

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Mundo Agro Editora Ltda. Rua Erasmo Braga, 1153 13070-147 - Campinas, SP

ISSN 1983-0017 nº 123 | Ano X | Outubro/2018

EXPEDIENTE Publisher Paulo Godoy paulogodoy@avisite.com.br Redação Giovana de Paula (MTB 39.817) imprensa@avisite.com.br Comercial Karla Bordin (19) 3241 9292 comercial@avisite.com.br Diagramação e arte Mundo Agro e Innovativa Publicidade luciano.senise@innovativapp.com.br Internet Gustavo Cotrim webmaster@avisite.com.br Administrativo e circulação financeiro@avisite.com.br

Os informes técnicoempresariais publicados nas páginas da Revista do AviSite são de responsabilidade das empresas e dos autores que os assinam. Este conteúdo não reflete a opinião da Mundo Agro Editora.


Eventos Notícias Curtas

2018 Outubro 16 a 18

VIII Clana – Congresso Latino Americano de Nutrição Animal Local: Centro de Eventos Expo D. Pedro – Campinas, SP Realização: CBNA e Amena Site: www.cbna.com.br/site/Noticias/Agenda

No LPN Congress 2018, o Dr. Steve Leeson analizará as mudanças nutricionais em um ambiente livre de AGP

23 a 25

LPN Congress 2018 Local: Hilton Hotel Miami Airport, Miami (EUA) Informações: www.lpncongress.com

Novembro 06 a 08

2ª Conferência da PSA (Poultry Science Association) no Brasil Local: The Royal Palm Plaza Campinas (SP) 13 a 16

EuroTier 2018 Local: Hanover (Alemanha) www.eurotier.com

Dezembro 12

Almoço do Galo Local: Feira de Santana, BA

2019 Março 19 a 21

XVII Congresso de Ovos Organizado pela APA (Associação Paulista de Avicultura) Local: Centro de Convenções de Ribeirão Preto (SP). Informações: www.congressodeovos.com.br E-mail: congresso@apa.com.br.

Maio 14 a 16

Conferência FACTA WPSA-Brasil 2019 Frango: A responsabilidade de alimentar o mundo” Expo Dom Pedro, Campinas (SP) Informações: www.facta.org.br

O LPN Congress 2018 é o ponto de encontro da avicultura e da nutrição animal de toda a América Latina. Trata-se de um congresso de alto valor qualitativo que acontece na cidade de Miami, no Hilton Hotel Miami Airport, durante os dias 23, 24 e 25 de outubro. O Dr. Steve Leeson, da University of Guelph – Poultry nutrition, vai abordar o tema “Mudanças nutricionais que deveriam ser consideradas em um ambiente livre de AGP” no dia 25. A palestra acontece no último dia do LPN Congress 2018, na SALA de nutrição & alimentação de monogástricos. Principal recado aos participantes do evento: “Os objetivos são equilibrar as necessidades nutricionais dos frangos de corte em relação aos patógenos intestinais. Às vezes são sinérgicos e às vezes antagônicos. Sempre é útil e gratificante obter ideias de todo o mundo. É uma indústria global com ideias e sistemas de produção global”.

CONHEÇA O DR. STEVE LEESON Dr. Steve Leeson: Doutor na área de nutrição avícola pela Universidade de Nottingham (Inglaterra), professor na Universidad de Guelph, no Canadá. Há cerca de 5 anos trocou as aulas por consultorias em todas as regiões do mundo, com especial ênfase no sudeste asiático, EUA, Europa e América Latina. Sua principal área de interesse dentro da nutrição avícola tem sido os vários aspectos práticos do desenvolvimento do programa de alimentação. Publicou mais de 350 artículos em revistas especializadas, três de seus seis livros se tornaram referências que abordam tanto os aspectos básicos da nutrição avícola como a aplicação comercial dos programas de alimentação. Seu amplo trabalho de pesquisa e consultoria lhe proporcionam experiência única em nutrição de frangos de corte, reprodutores e galinhas poedeiras.

Agosto 27 a 29

Salão Internacional de Avicultura e Suinocultura (SIAVS) Local: Anhembi Parque, em São Paulo (SP). Promoção: Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) Informações: www.siavs.com.br

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Painel do Leitor Fale com a redação, peça números antigos, faça sua assinatura e anuncie na Revista do AviSite. Entre em contato pelo telefone 19-3241-9292, de 2ª a 6ª feira, das 8h às 17h00.

As 8 notícias mais lidas no AviSite em Setembro

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Produção de frango agora cresce a menos de 1,5% ao ano Na presente década a produção brasileira de carne de frango vem registrando incremento médio inferior a 1,5% ao ano.

5

Ovos: antecipações pré-feriado são poucas e não alteram o ambiente de negócios Os preços de ovos brancos e vermelhos mantiveram as mesmas bases: ovos brancos variando de R$56,00 ao máximo de R$58,00 e ovos vermelhos de R$56,00 até R$61,00.

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Frango vivo paulista obtém primeira alta do semestre

Gripe aviária: Canadá avalia nova estratégia de vigilância

Operando em mercado firme, o frango vivo negociado no interior paulista tivera seu preço básico reajustado para R$3,10/kg. Essa é a primeira alta do corrente semestre.

Vigilância mantida com extremo rigor pelos governos do Canadá e dos EUA até agora não conseguiu impedir que a Influenza Aviária se instalasse na avicultura dos dois países.

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Frango: perspectivas promissoras para exportações do mês A média diária de frango embarcada foi de 19.906 toneladas, volume 0,08% menor que o registrado em julho, mas 24% e 12% superior às de agosto passado e de setembro de 2017.

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Desempenho externo das carnes na 1ª semana de setembro A receita foi de US$99,047 milhões, valor 57% e 47% superior aos registrados, respectivamente, em agosto passado (US$63,074 milhões) e em setembro de 2017 (US$67,114 milhões).

4

Ovo x Milho: em agosto, o pior poder de compra do ano Em agosto o preço médio dos ovos brancos sofreu perda de 4,2%. Em doze meses o índice de redução atingiu 26,4%. O produtor de milho obteve incremento de 11,3% e de 61,5% em doze meses.

8

Custo de produção do frango voltou a aumentar em agosto O custo de produção do frango, em agosto ficou em R$2,87/kg, aumentando 1% em relação ao mês anterior e correspondendo ao terceiro maior custo dos oito primeiros meses de 2018.

Há 10 anos no AviSite www.avisite.com.br

Embarques de frango crescem 17% no ano e em doze meses Campinas, 19/09/2008 - Dados levantados junto ao sistema Alice da SECEX/MDIC (e dependentes de confirmação pela ABEF) indicam que em agosto passado as exportações brasileiras de carne de frango somaram 322.698 toneladas, volume cerca de 6% superior ao registrado um ano atrás, em agosto de 2007. Em relação ao mês anterior, julho de 2008, houve um recuo próximo de 5%. Aceito, porém, que agosto teve dois dias de embarques a menos (21 dias úteis, contra 23 de julho), o resultado do mês acaba sendo positivo. Registre-se, de toda forma, que o volume de agosto foi negativamente influenciado por uma queda na exportação de carne de frango salgada, cujos embarques somaram 12,2 mil toneladas, volume significativamente aquém da média de 19,8 mil toneladas mensais alcançada no decorrer dos 12 meses encerrados em julho de 2008. Agora, completados dois terços do ano, as exportações brasileiras de carne de frango alcançam a marca dos 2,5 milhões de toneladas e são 17,44% maiores que as registradas no mesmo período de 2007. A média até aqui observada, de 313 mil toneladas mensais, projeta para a totalidade do ano volume da ordem de 3,756 milhões de toneladas, 14% a mais que o exportado no ano passado. Nada impede, porém, que esse volume seja ultrapassado. Assim, por exemplo, mantida a mesma média alcançada no segundo quadrimestre do ano – pouco mais de 338 mil toneladas mensais – o total anual pode ir além dos 3,850 milhões de toneladas. Nos últimos 12 meses o Brasil embarcou quase 3,660 milhões de toneladas de carne de frango, volume 17% superior ao alcançado nos 12 meses imediatamente anteriores.

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Notícias Curtas Exportação

Inalterado o quadro dos principais importadores de frango Responsáveis por dois terços das exportações brasileiras de carne de frango dos oito primeiros meses de 2018, os 10 principais importadores do produto adquiriram no período cerca de 124 mil toneladas a menos que em idêntico período de 2017, redução de 6,6%. Já o terço restante, composto por 139 países, adquiriu 96,6 mil toneladas a menos, queda que significou recuo de praticamente 10% em relação aos mesmos oito meses do ano passado.

A redução mais significativa continua sendo a da Arábia Saudita, a primeira e mais tradicional importadora da carne de frango brasileira. Neste ano os sauditas reduziram suas compras em 115 mil toneladas, volume que correspondeu a mais da metade das 220 mil toneladas que o Brasil deixou de exportar no período. Não escapa, porém, que o maior volume do produto tem como destino o mercado chinês, pois as compras somadas de China e Hong Kong

aproximaram-se das 440 mil toneladas. Portanto, além de superarem em quase 45% o volume importado pela Arábia Saudita, responderam por 17% do volume total exportado até aqui. A ressaltar, ainda, que a despeito de todos os reveses enfrentados, os exportadores brasileiros ampliaram o número de países atendidos. Nos oito primeiros meses de 2017 foram 135. Agora, em idêntico período, o número chega a 149 países – 10% a mais.

CARNE DE FRANGO

10 principais países importadores (ordenados segundo o volume importado) JANEIRO-AGOSTO DE 2018 POSIÇÃO

IMPORTADOR

VOLUME (MIL/T) MIL/T

VAR. ANUAL

RECEITA (US$MIL)

ABSOLUTA

RELATIVA

% DO TOTAL

US$ MIL

VAR. ANUAL

% DO TOTAL

1

Arábia Saudita (1)

303,7

-115,0

-27,47%

11,49%

488,9

-32,38%

11,50%

2

China (3)

293,6

30,7

11,68%

11,11%

544,6

7,31%

12,81%

3

Japão (2)

259,9

-35,2

-11,94%

9,83%

492,5

-19,35%

11,59%

4

África do Sul (4)

226,7

0,1

0,03%

8,58%

181,3

6,19%

4,26%

5

Emirados Árabes (5)

208,5

15,0

7,76%

7,89%

335,9

-0,13%

7,90%

6

Hong Kong (6)

145,8

-23,6

-13,93%

5,52%

233,5

-11,97%

5,49%

7

Holanda (8)

81,6

-21,6

-20,93%

3,09%

222,8

-5,98%

5,24%

8

Kuwait (9)

78,2

-5,2

-6,23%

2,96%

120,2

-12,53%

2,83%

9

México (12)

77,6

16,6

27,17%

2,94%

121,7

-1,22%

2,86%

10

Coreia do Sul (13)

72,9

14,6

25,02%

2,76%

131,4

18,55%

3,09%

1.748,4

-123,7

-6,61%

66,15%

2.872,8

-10,84%

67,58%

Subtotal (10 países) Demais (139 países)

894,8

-96,6

-9,74%

33,85%

1.377,9

-13,79%

32,42%

TOTAL 149 PAÍSES (135)

2.643,2

-220,3

-7,69%

100,00%

4.250,6

-11,82%

100,00%

Fonte dos dados básicos: SECEX/MDIC – Elaboração e análises: AVISITE Obs.: números entre parênteses junto a cada importador indicam posicionamento no mesmo período de 2017

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Exportação

Ovos férteis: embarques perdem ritmo, mas seguem elevados Nos últimos quatro meses, as exportações de ovos férteis não conseguiram repetir o desempenho registrado no segundo bimestre de 2018, período em que os embarques mensais do produto superaram a marca dos 20 milhões de unidades. Desde maio elas vêm registrando resultados inferiores e em agosto, por exemplo, ficaram limitadas a 15,446 milhões de unidades, o menor volume do último quadrimestre. Ainda assim, essas exportações continuam apresentando índices significativos de expansão. Dessa forma, embora o volume de agosto tenha recuado mais de um terço em relação ao recorde do mês de abril, ficou quase 10% acima do que foi registrado um ano antes. E, no acumulado dos oito primeiros meses do ano, registram expansão de 31%. Considerada a média do bimestre julho/ agosto, o total exportado no corrente semestre pode chegar aos 95 milhões de unidades, o equivalente a, aproximadamente, 265 mil caixas de 30 dúzias. Isto, em termos de segundo semestre, corresponderá ao maior volume dos últimos sete anos. Mas ficará aquém das (quase) 298 caixas exportadas no primeiro semestre deste ano. Porém, confirmando-se essa previsão – pouco mais de 560 mil caixas em 2018 – o incremento anual em relação a 2017 girará em torno dos 18%-20%. Por ora, o aumento em 12 meses é de 37%.

OVOS FÉRTEIS*

Evolução mensal das exportações MILHÕES DE UNIDADES MÊS

2016/17

2017/18

VAR.

Setembro

10,286

17,883

73,86%

Outubro

10,077

19,378

92,30%

Novembro

9,767

13,702

40,28%

Dezembro

10,638

13,505

26,95%

Janeiro

11,536

14,894

29,10%

Fevereiro

11,180

14,806

32,43%

Março

14,216

20,210

42,16%

Abril

15,565

24,010

54,26%

Maio

12,861

15,759

22,54%

Junho

11,831

17,453

47,52%

Julho

14,421

16,335

13,28%

Agosto

14,066

15,446

9,82%

EM 8 MESES

105,676

138,912

31,45%

EM 12 MESES

158,378

217,445

37,30%

Fonte dos dados básicos: SECEX/MDIC - Elaboração e análises: AVISITE * Exclusivamente para a produção de pintos de corte.

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Notícias Curtas Produção

Breve radiografia dos abatedouros de frango no Brasil O último levantamento do IBGE – relativo ao 2º trimestre de 2018 – traz informações inédita acerca dos estabelecimentos que compõem o quadro de abatedouros de frango do Brasil. Desse levantamento participaram 275 estabelecimentos de abate, dos quais a maioria – 107; ou quase 40% do total – processou não mais que 10 mil aves/ dia. O extremo oposto, por sua vez, está representado por apenas 22 estabelecimentos, 8% do total. São os estabelecimentos com abate superior a 200 mil cabeças diárias. Naturalmente, a grande concentra-

ção existente no setor e a própria escala de produção de frangos no País faz com que – em termos de volume abatido – essa relação seja totalmente inversa. Assim, o conjunto de abatedouros com abates diários de até 50 mil cabeças – 164 ao todo, 60% do total – respondeu por apenas 10% das aves processadas no trimestre. Já os 70 abatedouros com abates diários superiores a 100 mil cabeças, embora representando não mais que um quarto dos 275 estabelecimentos inspecionados, abateram praticamente três quartos do total processado no trimestre, pouco mais de 1 bilhão de frangos. Ainda de acordo com o IBGE, entre

os 275 estabelecimentos integrantes deste último levantamento trimestral, 134 deles (48,7% do total) operam sob o Serviço de Inspeção Federal (SIF), 89 (32,4%) sob o Serviço de Inspeção Estadual (SIES) e 52 (18,9% do total) sob o Serviço de Inspeção Municipal (SIM). No período, eles responderam por, respectivamente, 93,3%, 6,6% e 0,1% do volume de carne de frango processada sob inspeção. O IBGE registra, também, que das 27 Unidades Federativas brasileiras apenas três – Roraima, Amapá e Rio Grande do Norte – operam sem qualquer tipo de inspeção no abate de frango.

ABATE DE FRANGOS SOB INSPEÇÃO

Número de estabelecimentos informantes e volume abatido 2º TRIMESTRE DE 2018 Fonte dos dados básicos: IBGE – Elaboração e análises: AVISITE (*) Para a definição das diferentes classes de abatedouros o IBGE dividiu o número de animais abatidos por cada estabelecimento no trimestre por 78 dias.

Mercado

Frango, ovo, milho e inflação em agosto de 2018 Em agosto, frango vivo e ovo voltaram a perder não só da inflação, mas também de sua principal matéria-prima, o milho. Mas enquanto o frango preservava a cotação de julho, o ovo perdia preço pelo segundo mês consecutivo, retrocedendo assim à segunda menor cotação de 2018. Uma vez que o frango vivo praticamente manteve a alta cotação alcançada em junho (como efeito da greve dos caminhoneiros), o valor alcançado no mês apresentou valorização anual de 20%. Já o ovo caminhou inversamente, sofrendo baixa anual superior a 24%.

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Pior, porém, quando se analisa a evolução de preços dos dois produtos na vigência do atual padrão brasileiro, o real. Pois, frente a uma inflação já próxima dos 600%, o preço do frango evoluiu 400%, ou seja, 200 pontos percentuais. Por seu turno o ovo, considerado o preço mais recente, apresenta evolução que corresponde a, praticamente, metade do ganho do frango – apenas 215% - e que se encontra cerca de 380 pontos percentuais abaixo da inflação medida pelo IGP-DI. Quer dizer: se conseguisse apenas acompanhar os índices inflacionários

acumulados desde 1994, a caixa do ovo branco extra, por exemplo, estaria alcançando no atacado paulistano preço superior a R$130,00. Mas foi comercializada por menos da metade desse valor. De toda forma, não custa mencionar que há pouco mais de um ano, mesmo não tendo alcançado a inflação, o preço do ovo chegou a corresponder a mais de 70% do índice inflacionário até então acumulado (mais exatamente, 73,14% em abril de 2017). Se, de lá para cá, ocorreu essa forte deterioração nos preços do produto é porque rompeu-se o equilíbrio entre oferta e procura.


Mercado externo

China pode reduzir ainda mais importação de frango em 2019 Nas previsões do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) a produção chinesa de carne de frango do corrente exercício tende a aumentar perto de 1% em relação a 2017, ficando em torno dos 11,7 milhões de toneladas. Para o ano que vem são previstos 12 milhões de toneladas, 2,5% a mais que em 2018. A despeito do possível aumento em 2018, a produção chinesa continuará aquém da que o USDA estimou para 2008, ano em que apontou volume de carne de frango em torno dos 11,850 milhões de toneladas. Ou seja: é uma década perdida sob os efeitos diretos e indiretos da Influenza Aviária. Diretos, pelo registro da doença em praticamente todo o território chinês; indiretos, devido à interrupção da importação de reprodutoras de países afetados pela doença.

Mas o que importa, mesmo, é conhecer as tendências chinesas de importação de carne de frango, já que o país vem sendo, isoladamente, o segundo maior importador do produto brasileiro (11% do total exportado nos oito primeiros meses de 2018). Ou o primeiro, se consideradas, também, as exportações destinadas a Hong Kong, com o que a participação chinesa nas importações do Brasil sobe para quase 17% do volume e mais de 18% da receita cambial. Sob esse aspecto, porém, as previsões não são muito otimistas, visto indicarem queda de importação tanto para 2018 (-11,5%), como para 2019 (-7%). E as razões para isso, nas palavras textuais do USDA, são “os atritos comerciais entre a China e seu maior fornecedor de aves, o Brasil”.

A propósito o USDA cita que, em junho passado, o Ministério do Comércio da China começou a impor um depósito de dumping sobre as importações brasileiras, “o que, provavelmente, reduzirá as importações de origem brasileira”. Acrescenta, no entanto, que o volume fornecido pelo Brasil é tão grande que se torna improvável outros países terem condições de preencher a lacuna. De toda forma não se deve dormir sobre louros. Pois em julho passado o Serviço de Certificação e Acreditação da China habilitou ou reabilitou sete frigoríficos da Tailândia e cinco da Polônia, além de suspender o embargo que mantinha sobre a carne de frango da Alemanha (neste caso, porém, não ocorreu, ainda, nenhuma nova habilitação de estabelecimento exportador.

CHINA

Balanço da carne de frango no triênio 2017/2019 - (2018 e 2019: previsão) MIL TONELADAS

Produção

2017

2018

2019

2017/18

2018/19

11.600

11.700

12.000

0,86%

2,56%

311

275

255

-11,58%

-7,27%

11.911

11.975

12.255

0,54%

2,34%

436

440

455

0,92%

3,41%

11.475

11.535

11.800

0,52%

2,30%

Importação Suprimento total Exportação Consumo interno

Consumo per capita – kg (*)

8,244

Fonte dos dados básicos: USDA – Elaboração e análises: AVISITE

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Evento

Workshop sobre salmonella aponta que biosseguridade e ações para controle são o caminho ideal para controle do patógeno A necessidade da realização da sorologia e identificação da salmonella também foi tópico exaustivamente abordado

O

setor avícola se reuniu no dia 14 de Agosto, em Campinas (SP) para falar sobre a presença da salmonella na produção de frango e ovos em um workshop gratuito e com inscrições esgotadas antecipadamente, organizado pela, APA (Associação Paulista de Avicultura), CDA (Coordenadoria de Defesa Agropecuária) e Facta (Fundação Apinco de Ciência e Tecnologia Avícolas). Mostrando maturidade, o tom principal dos debates foi: As salmonelas existem, as cargas embarcadas para o exterior estão sendo 100% analisadas para União Europeia, mas mesmo assim é utopia pensar na eliminação total da bactéria. Temos que pensar na redução deste patógeno. E isso não vai acontecer da noite para o dia. Outro pensamento compartilhado por todos é sobre o papel do ser humano para controlar a salmonella. A necessidade da realização da sorologia e identificação da salmonella também foi tópico exaustivamente abordado. José Roberto Bottura, Diretor Técnico da APA, acompanhou todo o evento e acredita que a ocasião foi de grande utilidade para reciclar o que já se sabe sobre o

controle da salmonella e recordar os princípios fundamentais da biosseguridade. Nomes que fazem a diferença no assunto conversaram e expuseram suas opiniões para os participantes. Veja na sequência alguns destaques de suas apresentações.

Paulo Martins (Biocamp) “Medidas avulsas não têm efeito sozinhas. Nossa principal arma para tratar a salmonela é a biosseguridade. Precisamos monitorar cada etapa da produção”. Professor Ângelo Berchieri (Unesp) “Temos que trabalhar com pintos de um dia livres de salmonella. Se a bactéria já está presente no primeiro dia da produção, vai ser muito mais difícil resolver o problema. Antibióticos não devem ser usados para tratar a salmonella. Eles não são a solução e vão no máximo esconder o patógeno. O alimento das aves também são uma importante porta de entrada da salmonella e precisa ser monitorado”.

Edir Nepomuceno (Ghenvet) “ Não tente fazer amizade com as salmonelas. Faça um grande esforço de controle e tenha um plano já definido para

Da Esq. para dir.: José Roberto Bottura, Diretor Técnico da APA, Ângelo Berchieri (Unesp), Paulo Martins (Biocamp) e Érico Pozzer, Presidente da APA.

quais medidas serão adotadas na sua granja caso você encontre a bactéria. Três pontos são fundamentais: O pintinho que você compra, a ração/ alimento e o ambiente (controle de cascudinhos e roedores).”

Cristiano Pereira (Cobb) “O mais importante é a atitude das pessoas que vão trabalhar no controle deste patógeno. Os especialistas precisam saber executar o plano de prevenção.”

Anderlise Borsoi (Universidade UTP) “Toda a legislação para salmonella no Brasil é feita pensando na saúde pública. E com todas as legislações existentes atualmente, qualquer sorovar de salmonella é importante. E ainda vale lembrar que é só porque existem essas regras que podemos exportar. Mas também não adianta impor uma regra que não vai poder ser cumprida. É preciso ensinar também a cumprir.”

Mário Sérgio Assayag (Aviagen) “Os custos das salmonelas para a agroindústria são altos. Em um abatedouro para exportação, as perdas de faturamento equivalem a: U$ 2,30 bilhões/ mês ou U$8,53 bilhões/ ano. As estimativas de gastos em um possível recall de 10 contêineres é de U$670.000,00”.

Luciano Lagatta (CDA) “Há falhas de biosseguridade (como a limpeza e desinfecção , presença de roedores e cascudinhos) que são encontradas ao realizar vistorias par novos registros e renovações . Essas falhas são apontadas e trabalhadas para a concessão dos registros. Em São Paulo, temos atualmente 90% dos galpões de corte já registrados”.

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Artigo Técnico-Comercial

Especialistas do Brasil e da Europa debateram boas práticas no transporte e na insensibilização com gás de suínos e aves Evento mostra a evolução na pesquisa brasileira de bem-estar dos animais

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A - O próximo seminário sobre o tema organizado pela Embrapa e Mapa acontece no dia 5 de dezembro, novamente em Concórdia, e vai discutir o bemestar na produção de suínos versus piso e sistema de locomoção B - Mohan Raj, da Autoridade Europeia de Segurança Alimentar C - Antonio Velarde Calvo, do Instituto de Pesquisa e Tecnologia Agroalimentar da Catalunha D - Osmar Dalla Costa, Pesquisador da Embrapa

urante três dias, profissionais das áreas de suinocultura e avicultura se reuniram na Embrapa Suínos e Aves em Concórdia (SC) para um seminário internacional que debateu a implementação de boas práticas no transporte e na insensibilização com gás de suínos e aves nas agroindústrias e no Serviço Veterinário Oficial. O primeiro dia do seminário abordou, além de apresentação do projeto Diálogos Setoriais e das ações do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) para o bem-estar animal de suínos, a questão da insensibilização dos animais. Um dos primeiros temas discutidos foi a atualização científica relativa ao bem-estar em procedimentos de insensibilização de suínos com uso de gás, seguido da abordagem sobre respostas fisiológicas ao uso de gás na insensibilização e vantagens e desvantagens do uso de insensibilização a gás: investimentos econômicos, bem-estar e qualidade de carne. As apresentações foram conduzidas pelos pesquisadores Mohan Raj, da Autoridade Europeia de Segurança Alimentar, e Antonio Velarde Calvo, do Instituto de Pesquisa e Tecnologia Agroalimentar da Catalunha. Depois, os especialistas falaram sobre a identificação e correção de falhas no manejo, tendências mundiais de métodos de insensibilização de suínos e pontos críticos de controle (indicadores de bem-estar animal). Finalizando, foram apresentados dois check lists elaborados pelos integrantes do Programa Diálogos Setoriais. Um deles é o guia de monitoramento da indústria e o outro o guia de fiscalização para o Serviço Veterinário Oficial. No segundo dia, o tema foi a insensibilização de aves, seguindo a mesma proposta de programação e discussão. Já no último dia, a programação abordou o transporte terrestre de suínos e aves na Europa, com a participação de Raj e Calvo, seguidos pelo pesquisador da Embrapa Osmar Dalla Costa, o consultor Victor Lima, da BEA Consultoria, e o professor Iran Oliveira, da Nupea/Esalq/USP, que apresentaram as boas práticas de transporte para suínos e aves no Brasil. A coordenadora-geral de Agregação de Valor do Departamento de Desenvolvimento das Cadeias Produtivas e da Produção Sustentável do Mapa, Charli Ludke, disse que foi “muito satisfatório perceber a grande evolução na pesquisa brasileira de bem-estar dos animais, com muitos dados


para contribuir na parte de transporte, apanha e no aprimoramento do manejo. Isso comprova que estamos evoluindo, no caminho certo.” Para a coordenadora, é preciso criar uma agenda contínua de treinamentos e trabalhar o conceito de saúde única. “Considerando não só o bem-estar dos animais, mas também o das pessoas envolvidas, diminuindo o impacto ambiental e fazendo o uso racional de medicamentos como antimicrobianos e antibióticos. E não há como atingir esse uso racional se não forem implantados bons programas de bem-estar na avicultura e na suinocultura”, explicou. Já a coordenadora da Comissão de Bem-Estar Animal do Mapa, Lizie Buss, que apresentou uma palestra sobre as necessidades de avanço na área, avaliou que “encontros como esse servem para ditar novas ideias, conhecer as dificuldades do setor produtivo e trocar experiências e também conceitos que balizam decisões que serão to-

madas no futuro”. Na comparação Europa e Brasil, Lizie disse que “muitas pesquisas europeias ajudam a balizar procedimentos internos, mas que também devem ser avaliadas se se adequam à nossa realidade porque temos clima e cultura diferente, o que faz com que as pessoas tenham atitudes diferentes frente aos animais”. Segundo Lizie, o Brasil tem pontos fortes e fracos em relação aos europeus, e destacou a questão da apanha dos frangos e a dos aviários. “Fazemos a apanha de aves pelo dorso, que é a melhor prática de apanha no mundo, e isso mostra como nossos frangos são bem cuidados. Outras pesquisas mostram que nossos aviários abertos, chamados de convencionais, com manejo de cortina, geram resultados muito melhores para a as aves que os sistemas fechados europeus que estão em uso na Bélgica, por exemplo”, argumentou. O pesquisador da Embrapa Osmar Dalla Costa avaliou o seminário como

“um sucesso em termos de público e de qualidade dos debates, principalmente com a participação dos palestrantes internacionais”. O evento foi uma promoção da Embrapa Suínos e Aves e Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, com o apoio do programa Diálogos Setoriais União Europeia-Brasil e do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) e teve transmissão ao vivo pela internet através do serviço de conferência web da RNP (Rede Nacional de Ensino e Pesquisa), que permitiu a interação de participantes pelo computador ou smartphone. O próximo seminário sobre o tema organizado pela Embrapa e Mapa acontece no dia 5 de dezembro, novamente em Concórdia, e vai discutir o bem-estar na produção de suínos versus piso e sistema de locomoção. As inscrições vão ser abertas em breve e o evento deve ter transmissão ao vivo pela internet.

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Evolução

Ações empresariais necessárias para a indústria 4.0

Para que seja possível a discussão sobre o posicionamento estratégico da empresa para a Indústria 4.0, é necessário que os decisores da empresa estejam familiarizados e conscientes em relação ao significado da revolução que está acontecendo Autor: Paulo Santos, Zoorfatec paulo.santos@zorfatec.com.br

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iante do cenário de grandes transformações que estamos vivendo na quarta revolução industrial, que está proporcionando o surgimento de novas organizações bilionárias, e ao mesmo tempo fazendo organizações tradicionais sucumbirem, surge a inevitável pergunta: O que fazer para ser competitivo neste novo cenário? Procurando proporcionar uma resposta plausível, e adequada às condições das empresas brasileiras, realizamos um estudo comparativo com as boas práticas dos países em que o tema já está mais amadurecido, e concluímos ser possível estabelecer uma abordagem prática e sistêmica para as empresas brasileiras,

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qualquer que seja o setor industrial e porte. Nesta proposição, adotamos uma abordagem pragmática e focada no negócio da empresa, em que os principais pontos estão destacados a seguir: • A transformação efetiva para a Indústria 4.0 requer uma abordagem holística • O ponto de partida é o nivelamento do conhecimento para o entendimento das potenciais oportunidades na Indústria 4.0 • O foco das ações é no futuro modelo de negócio da empresa • A análise de maturidade serve como balizador para identificar os gaps entre o modelo desejado e o modelo atual • O processo de planejamento é re-

alizado a partir das premissas de onde a empresa quer se posicionar • É necessário que a empresa crie uma infraestrutura que suportará a digitalização • A tecnologia é um meio para suportar as operações, e será aplicada somente na medida em que esteja alinhada com os objetivos. • É possível identificar ações de curto prazo devem ser destacadas com prioridade • O resultado do trabalho é um Plano Diretor de Digitalização, que deverá nortear as ações e projetos da empresa, visando a competitividade na Indústria 4.0 A figura a seguir apresenta a proposição da abordagem sugerida.


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Evolução Nivelar o conhecimento sobre o tema Para que seja possível a discussão sobre o posicionamento estratégico da empresa para a Indústria 4.0, é necessário que os decisores da empresa estejam familiarizados e conscientes em relação ao significado da revolução que está acontecendo. Muito mais do que conhecer as principais tecnologias envolvidas, é necessário conhecer o novo ambiente de negócio e os novos desafios. Já não é possível pensar em uma empresa como simples fabricante de um determinado bem, é necessário compreender o que o cliente, usuário ou consumidor busca com aquele bem, e desta compreensão, buscar os serviços associados ao produto, que irão satisfazer aquela necessidade.

Estabeleça uma estratégia de longo prazo para Indústria 4.0 Fazer a transição do padrão industrial vigente para o padrão sinalizado

Para que seja possível a discussão sobre o posicionamento estratégico da empresa para a Indústria 4.0, é necessário que os decisores da empresa estejam familiarizados e conscientes em relação ao significado da revolução que está acontecendo 18

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pela abordagem da indústria 4.0 requer a suplantação de uma série de variáveis dentro e fora da empresa. Realizar o processo de mudança organizacional requerido, demanda uma visão holística da empresa, e o envolvimento de todos, para que a cultura organizacional seja permeável às constantes mudanças necessárias. Em seguida, é necessário definir metas claras para reduzir o déficit de tecnologias situadas no contexto da abordagem da indústria 4.0 e os caminhos para alcance desses objetivos. De forma subjacente, é preciso que esta transformação seja objeto de legitimidade da alta cúpula da empresa, apoiando todos os elementos que revestem a trajetória de transição. Para definição das metas é necessário buscar o entendimento das possibilidades de posicionamento nesse novo ambiente, no qual podemos destacar as seguintes soluções para a estratégia de conversão da empresa para a Indústria 4.0: Platform Enabler (habilitador de plataforma): desenvolvimento de produtos com características de conectividade, que possibilita a comunicação diretamente com a Internet, além da integração de funções avançadas de sensoriamento e diagnóstico, possibilitando a geração de dados úteis para os processos de gestão de ativos e da manutenção preditiva. Data Provider (fornecedor de dados): a partir da análise dos dados fornecidos por produtos conectados à internet, são observados comportamentos do desempenho dos produtos nas respectivas aplicações, possibilitando melhores ajustes de processo. Esses dados podem ser fornecidos aos clientes na forma de serviços de manutenção remota e otimização de processos. Service Provider (fornecedor de serviço): fornecer a automação como serviço, em que o cliente efetua o pagamento pela produtividade do sistema, e não pelos ativos adquiridos. Platform Provider (fornecedor de plataforma): fornecimento de componentes de múltiplos sistemas de controle, automação e gestão, que atuam de forma integrada. Representa o estágio mais complexo e amplo de fornecimen-

to, possibilitando uma solução completa para uma indústria específica.

Diagnóstico - Identificar o estágio de maturidade para os principais aspectos da organização, visando a Indústria 4.0 É preciso diagnosticar os requisitos de produção atuais e o grau de maturidade digital atual vis-à-vis as condições ideais requeridas para o novo padrão industrial. Em seguida, é necessário definir metas claras para reduzir o déficit de tecnologias situadas no contexto da abordagem da indústria 4.0 e os caminhos para alcance desses objetivos. De forma subjacente, é preciso que esta transformação seja objeto de legitimidade da alta cúpula da empresa, apoiando todos os elementos que revestem a trajetória de transição. Considera-se fundamental reunir estratégias, competências, recursos e ferramentas para qualificar a empresa sob o ponto de vista tecnológico, humano e organizacional na direção no paradigma da indústria 4.0, o que implica as empresas orientarem-se para as seguintes premissas: Como ferramenta de avaliação da maturidade, entendemos que seja importante avaliar a empresa não apenas do ponto de vista tecnológico, mas de forma ampla, considerando seus aspectos organizacionais e culturais. Nossa avaliação leva em conta os seguintes Eixos: NEGÓCIOS, APLICAÇÃO, INFRAESTRUTURA, SERVIÇOS, INOVAÇÃO, CULTURA DE INOVAÇÃO PARA INDÚSTRIA 4.0 NEGÓCIOS: Até que ponto a Industria 4.0 está estabelecida e implementada na estratégia da sua empresa? APLICAÇÃO: Em que medida sua empresa possui uma produção digital integrada e automatizada baseada em sistemas ciberfísicos? INFRAESTRUTURA: Em que medida os processos e produtos da sua empresa são modelados digitalmente e podem ser controlados através de sistemas e algoritmos de TIC em um mundo virtual? SERVIÇOS: Em que medida você oferece serviços orientados a dados que


são possíveis somente através da integração de produtos, produção e clientes? Em que medida seus produtos podem ser controlados com TI, possibilitando que se comuniquem e interajam com sistemas de nível superior ao longo da cadeia de valor? INOVAÇÃO: Na sua empresa a inovação é tratada como estratégia? Qual a importância da inovação na geração de resultados para o negócio? Como sua empresa estrutura o processo de inovação? CULTURA DE INOVAÇÃO PARA INDÚSTRIA 4.0: A sua empresa possui as habilidades necessárias para implementar os conceitos da Indústria 4.0? A cultura da empresa incentiva a inovação, a geração de ideias e o fluxo de informação é livre? Avaliação dos Gaps - Comparação

do estágio de maturidade em face da estratégia de longo prazo Após a aplicação da ferramenta de diagnóstico, é possível estabelecer um comparativo entre o estágio atual e as necessidades para atender a estratégia de longo prazo. Cada empresa vive sua própria realidade, de maneira que a análise deve sempre ser comparativa com a estratégia escolhida. Por este motivo, não acreditamos em ferramentas que fazem apenas a avaliação pontual, atribuindo uma nota para a empresa. A avaliação é sempre circunstancial e relativa, deve preservar a leitura do momento pelo qual a empresa está passando e suas ambições na Indústria 4.0. Como a leitura é realizada nos diferentes eixos estratégicos, fica bastante visível para a empresa, quais são os aspectos em que deverá empenhar maior esforço, quer seja para equilibrar os diferentes eixos, quer seja para avançar

Muito mais do que conhecer as principais tecnologias envolvidas, é necessário conhecer o novo ambiente de negócio e os novos desafios

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Evolução em algum específico de maior interesse para a empresa. Vale lembrar, que não se trata de avaliar apenas as tecnologias empregadas no processo produtivo, mas sim, avaliar a empresa como um todo, desde sua estratégia de longo prazo até sua cultura organizacional.

Desenvolvendo o Plano Diretor Com base na análise dos gaps, é desenvolvido um conjunto de ações que irão direcionar a empresa para a estratégia escolhida. As ações serão indicadas de acordo com os eixos estratégicos, criando um roadmap, desde o ponto em que a empresa se encontra, até seu destino, definido na estratégia de longo prazo. Do plano diretor, são derivadas ações de curto prazo, com o objetivo de colocar em prática alguns dos conceitos de indústria 4.0, e que geralmente não demandam muito investimento por parte da empresa. Preparar a empresa para a Indústria 4.0 não significa necessariamente partir com grandes investimentos em tecnologia, uma vez que muitas das carências são de caráter organizacional, infraestrutura e cultura voltada para a inovação. A partir do plano diretor, recomendamos seguir com um conjunto de ações, descrito a seguir: a. Implementação de um projeto-piloto Para que o processo de transformação seja eficiente, é necessário estabelecer uma prova de conceito, de forma que valide os resultados experimentais e seja reproduzido. Para o projeto piloto que possa representar a estrutura, as regras de comportamento e decisões de produção inteligentes e em rede e a base de produtos de rede, equipamentos, sistemas de informação e pessoas. Embora com escopo inicial reduzido, é preciso incorporar ao projeto-piloto o conceito end-to-end da Indústria 4.0, isto é, prever dos materiais necessários até a entrega ao cliente (e serviços pós-venda).

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b. Definição dos recursos necessários Com base nas lições aprendidas no projeto-piloto, é necessário mapear em detalhes os recursos necessários para a implementação do projeto integral na empresa (pessoas, produtos, equipamentos, sistemas de informação de toda a organização), detectando o que já há disponível na empresa e o que é necessário adquirir de habilidades e competências profissionais e infraestrutura de TI ágil e funcional. c. Liderança e competências multifuncionais Outra dimensão importante dos processos de transformação para a abordagem da indústria 4.0 reside na necessidade de estabelecer capacidades analíticas multifuncionais, estreitamente ligadas às prioridades estratégicas de toda a empresa. De forma combinada, é preciso estabelecer a interação de dados das diferentes áreas funcionais da empresa, como por exemplo, os dados de qualidade, logística com funções de engenharia. Aprender a obter valor dos dados através de um design inteligente de sistemas, usando análises em tempo real para adequar os produtos para os clientes e melhorar continuamente seus processos. É preciso uma clara liderança desse processo, revestida de alto compromisso e visão integrada de todas as áreas interessadas. Para isso, desenvolver indicadores de desempenho dos processos inseridos no novo contexto industrial mostra-se ser uma ferramenta importante para garantir a integralidade dos resultados. d. Estruturação de cultura pautada na indústria 4.0 No contexto da abordagem pautada na indústria 4.0, é importante que os profissionais da empresa sintam a necessidade de pensar e agir dentro dos novos padrões tecnológicos, estando dispostos a experimentar, aprender novas formas de funcionamento e adaptar os processos diários nessa direção. e. Construção de visão sistêmica e compartilhada

A indústria 4.0 induz ao desenvolvimento de produtos com relativo grau de complexidade. Portanto, na transição para este padrão industrial é premente a realização de parcerias e o alinhamento de plataformas para complementar competências para desenvolvimento dos produtos e processos em colaboração com atores externos à empresa, como universidades, parceiros, fornecedores, clientes e outras fontes de interação para acelerar os processos de digitalização.

Conclusão Estima-se que a produção mundial de aves aumentará 120% de 2010 a 2050. Para atender a essa demanda, as taxas de conversão alimentar e outras eficiências de produção devem continuar a melhorar. A incorporação de tecnologias digitais, como as listadas acima, ajudará muito essas eficiências e ajudará os produtores de aves a atender às demandas e atender às crescentes necessidades de uma população global. Fazer a transformação para o modelo digital não é uma tarefa trivial, mas extremamente necessária e urgente. A boa notícia, é que pode ser iniciada imediatamente, e como foi possível observar na metodologia proposta, não é necessário que se inicie com grandes investimentos. Avalie sua maturidade digital no momento, projetando onde você precisa estar. Defina metas claras para reduzir o gap, priorize as medidas que trarão mais valor a seu negócio e garanta que elas estejam alinhadas com a estratégia global, certifique-se de que toda a liderança esteja comprometida com essa abordagem e que esse compromisso seja evidente para todas as pessoas da empresa, que vão basear suas decisões no que acham que seus líderes querem. O processo de preparação para Indústria 4.0 é antes de ser uma transformação tecnológica, um exercício de planejamento estratégico. As empresas que realizarem melhor esse planejamento serão as líderes em seus segmentos de mercado.


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Tecnologia

Startups catarinenses investem em soluções para o agronegócio Startups estão migrando para o meio rural em busca de soluções para aumentar a competitividade da agricultura familiar

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agronegócio está no radar das startups catarinenses. Em Santa Catarina as startups estão migrando para o meio rural em busca de soluções para aumentar a competitividade da agricultura familiar. A aproximação desses dois setores tão diferentes é missão Núcleo de Inovação Tecnológica para Agricultura Fami-

Ditmar Zimath: “O grande papel do Núcleo é criar uma rede que conecte todos os envolvidos no ecossistema de inovação para a agricultura familiar, buscando a sinergia de esforços e, assim, acelerando o processo de desenvolvimento e oferta de tecnologias que sejam adequadas a realidade e necessidade da agricultura familiar a baixo custo”

liar (NITA), que realiza um encontro entre empresas de tecnologia e representantes das cadeias produtivas, em Florianópolis. A última reunião, realizada em agosto, contou com a presença do coordenador setorial para Desenvolvimento Sustentável do Banco Mundial, Paul Procee. O objetivo do encontro é apresentar os resultados obtidos no pri-

meiro ano de funcionamento do NITA, ouvir as demandas do agronegócio e mostrar as tecnologias já existentes no mercado voltadas para o setor. Atualmente o NITA conta com 34 empresas cadastradas, que já fazem negócios com agricultores e empresas catarinenses, além de algumas parcerias internacionais. Nesse primeiro momento, apenas empresas catarinenses podem se cadastrar no site, porém as soluções tecnológicas estão disponíveis para todo país.

O que é o NITA? O Núcleo de Inovação Tecnológica para Agricultura Familiar (NITA) funciona como um elo entre startups, pequenas e médias empresas desenvolvedoras de inovações e as cadeias produtivas organizadas dos agricultores. O Banco Mundial é o grande apoiador desse projeto e Santa Catarina representa a América Latina numa lista de oito iniciativas como essa ao redor do mundo.

Parceiros

Sob coordenação da Secretaria de Estado da Agricultura e da Pesca, o NITA reúne diversas entidades de Santa Catarina, entre elas Secretaria

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de Estado do Desenvolvimento Econômico Sustentável (SDS), Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri), Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina (Fapesc), Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Associação Catarinense de Tecnologia (Acate), Associação Polo Tecnológico do Oeste Catarinense (Deatec), Associação Catarinense de Fundações Educacionais (Acafe), Fundação Centros de Referência em Tecnologias Inovadoras (Certi) e Universidade Católica de Santa Catarina.

NITA comemora um ano de atuação em prol do ecossistema de inovação em Santa Catarina O Coordenador técnico do Núcleo de Inovação Tecnológica para Agricultura Familiar (NITA), Ditmar

Zimath, explica à Revista do AviSite o que é o NITA e como ele tem ajudado o Agronegócio.

Como surgiu a ideia do NITA? Em 2015, o então gerente do Progama SC Rural no Banco Mundial, Diego Arias, apresentou à equipe do Programa o desafio de implantar um Centro de Referência Agroclimático em Santa Catarina, voltado a promover tecnologias verdes para a agricultura familiar. A semente que daria origem ao NITA estava lançada. Posteriormente, fomos informados de que Santa Catarina fazia parte de um grupo de oito iniciativas, idênticas a essa, apoiadas em diversos países do mundo. No decorrer de 2016, missões técnicas de consultores e especialistas do Banco Mundial estiveram no estado para conhecer melhor a realidade do ecossistema de inovação pa-

ra a agricultura familiar. Atividades como visitas e reuniões de trabalho foram realizadas com startups e PME (pequenas e médias empresas), com instituições que atuam na área da inovação (públicas e privadas) e com agricultores e suas organizações, procurando entender toda essa cadeia em Santa Catarina. Nas discussões algumas constatações sobre o ecossistema: • De modo geral, as inovações tecnológicas não chegam aos agricultores familiares; • Há necessidade de avançar na oferta de tecnologias que aumentem a resiliência das atividades à eventos climáticos; • Se percebe um distanciamento das pequenas e médias empresas desenvolvedoras de tecnologia da realidade da agricultura familiar; • As instituições que atuam na promoção e estímulo à inovação estão desconectadas da realidade da agricultura familiar.

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Tecnologia Uma aproximação com 44 startups permitiu que fosse traçado um perfil sobre o nível de maturação das tecnologias já oferecidas, sob a ótica das PMEs. Segundo a pesquisa realizada, 47% das empresas já possuem tecnologias em nível de comercialização, enquanto que os outros 53% distribuem em outros estágios, sendo 30% na fase de teste. A partir desta realidade, foram identificados os potenciais parceiros para dar andamento à consolidação de uma iniciativa para melhorar o nível de relacionamento entre empresas de tecnologia e agricultores familiares. Surge daí o Núcleo de Inovação Tecnológica para Agricultura Familiar – NITA, iniciativa pioneira no país.

Quais as instituições que compõe o núcleo? O NITA foi lançado oficialmente me 22 de agosto de 2017, ocasião em que 11 (onze) instituições assinaram um Acordo de Cooperação, para atuar no ecossistema de inovação tecnológica para agricultura familiar. São elas: • Associação Catarinense de Tecnologia – ACATE, • Sistema Brasileiro de Apoio a Pequena e Microempresa – Sebrae, • Associação Catarinense das Fundações Educacionais – ACAFE, • Secretaria de Estado da Agricultura e da Pesca – SAR, • Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina – Epagri, • Fundação de Amparo a Pesquisa de Santa Catarina – Fapesc, • Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico e Sustentável – SDS; • Universidade Católica de Santa Catarina – Católica SC; • Fundação CERTI; • Associação Polo Tecnológico do Oeste Catarinense – Deatec; • Secretaria Executiva do Programa Santa Catarina Rural – SEE – SC Rural.

Como o NITA atua para auxiliar o desenvolvimento do agronegócio em Santa Catarina? O grande papel do Núcleo é criar uma rede que conecte todos os envolvidos no ecossistema de inovação para a agricultura familiar, buscando a sinergia de esforços e, assim, acelerando o processo de desenvolvimento e oferta de tecnologias que sejam adequadas a realidade e necessidade da agricultura familiar a baixo custo.

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O NITA atua em ações voltadas a incentivar o surgimento de novas startups, mediante a apresentação do potencial da agricultura familiar, de forma que a mesma passe a ser foco de editais e outras iniciativas de incentivo à pesquisa

Quais são os principais focos de atuação? O NITA atua em ações voltadas a incentivar o surgimento de novas startups, mediante a apresentação do potencial da agricultura familiar, de forma que a mesma passe a ser foco de editais e outras iniciativas de incentivo à pesquisa. Para empresas (startups, PME, grupos de pesquisa, inventores) já existentes, os serviços oferecidos pelo NITA podem ser acessados, desde que as empresas estejam cadastradas (gratuitamente) no portal www.nita.org.br, a partir do qual é possível os interessados acessarem um conjunto de serviços de apoio ao ecossistema, como: • Apoio à participação em feiras e eventos, mediante viabilização de espaços (stands), sem ônus para as empresas, de forma que possam apresentar seus produtos e inovações ao mercado. • Realização de missões técnicas. Iniciativas em que são realizadas reuniões com pesquisadores e técnicos de determinada cadeia produtiva, com a presença das startups e PMEs, onde são apresentadas informações sobre a cadeia (número de produtores, abrangência, importância socioeconômica, ...), apontando quais são os desafios tecnológicos que são enfrentados. Sequencialmente as empresas participantes são dirigidas para a realização de visitas a propriedades que atuam na cadeia produtiva e lá interagem com o agricultor e sua família, procurando identificar, sob a ótica do agricultor, quais são os desafios. • Em outra frente mediante linhas de financiamento subsidiadas, agricultores podem adquirir inovações das empresas a fim de testar a sua funcionalidade e contribuindo para que as mesmas sejam aprimoradas e customizadas à realidade da agricultura familiar.

Como agricultores se beneficiam do portal? Ao acessar o portal do NITA, os agricultores têm acesso a informa-

ções de empresas e suas respectivas tecnologias já disponíveis e ou em desenvolvimento. O portal é uma bse de dados em que são concentradas as informações sobre inovação tecnológica para agricultura familiar, facilitando assim o acesso dessa informação ao agricultor e outros interessados. Em outra frente o agricultor e suas organizações podem apresentar quais são as demandas que determinada cadeia ou atividade tem na área de desenvolvimento tecnológico. De outro modo, quais são os problemas enfrentados.

Quem pode participar do NITA? O NITA é uma plataforma em que qualquer interessado pode participar desde que efetue seu cadastro que é gratuito. Empresas – tenham base de atuação em Santa Catarina e que ofertem“tecnologias verdes”. Essas tecnologias devem atender a 3 requisitos: i) aumentar a renda dos agricultores; ii) aumentar a resiliência das atividades à eventos climáticos; e reduzir a emissão de carbono. Também é permitido que inventores e grupos de pesquisa se cadastrem e apresentem suas tecnologias, desde que estejam alinhadas com conceito de “tecnologias verdes”. Agricultores, técnicos e outros interessados também podem acessar as informações e interagir com as empresas e ou demandantes de tecnologia, mediante seu cadastramento.

Afinal, qual é o ‘negócio’ do NITA? CONECTAR é a palavra chave do núcleo. Aproximar, acelerar e dinamizar o processo de desenvolvimento, oferta e adoção de inovações tecnológicas é o propósito da iniciativa. Os negócios resultantes e investimentos captados ocorrem diretamente entre as partes envolvidas, não havendo gestão do núcleo sobre este processo. A Revista do AviSite

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Informativo Técnico-Comercial

Parede celular de levedura e a resposta do sistema imune inato Diversos outros estudos provaram a eficácia de ImmunoWall® em reduzir a contaminação de patógenos nas aves e ovos Autoras: Melina Bonato e Liliana Borges (P&D, ICC Brazil)

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s sistemas de produção avícola são altamente desafiadores, pois além de fatores ambientas como temperatura, ventilação, densidade populacional, e outros agentes estressores (Rocha et al., 2014), há, quase sempre, a presença de patógenos e micotoxinas, que podem levar a ave a reduzir sua capacidade de resposta imunológica ou afetá-la. As aves possuem uma grande quantidade de tecido linfoide e células do sistema imune na mucosa intestinal, que é chamado de GALT (tecido linfoide associado ao intestino), e por sua vez, constitui o MALT (tecido linfoide associado à mucosa). O GALT está continuamente exposto aos antígenos ali-

mentares, microflora e patógenos (Dalloul & Lillehoj, 2006), e necessita identificar os componentes que estão presentes no lúmen intestinal e que podem ser uma possível ameaça ao animal. A primeira linha de defesa do sistema imune são as células fagocíticas, dentre estas macrófagos, heterófilos (equivalentes aos neutrófilos nos mamíferos), células dendríticas e células natural killer (Sharma, 2003). Receptores do tipo Toll, localizados na superfície destas células imunológicas, reconhecem padrões microbianos e induzem uma resposta imune inata imediata. Após esta ativação e fagocitose, o fagócito (célula apresentadora de antígeno “APC”) apresenta um fragmento

Figura 1. Dinâmica do processo de dano às tight junctions pelos antígenos.

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processado do antígeno e inicia-se uma resposta em cadeia contra este. O reconhecimento de patógenos pelo sistema imune inato desencadeia defesas inatas imediatas e, posteriormente, a ativação da resposta imune adaptativa (Lee & Iwasaki, 2007). É importante ressaltar que esta série de respostas do sistema imune inato demandam diversos nutrientes e principalmente, energia do metabolismo, já que se trata de uma resposta inespecífica e pró-inflamatória, porém necessária para controlar a proliferação, invasão e danos causados pelo antígeno no organismo animal. No entanto, uma resposta pró-inflamatória prolongada, pode levar ao aparecimento de doenças secundárias, imunossupressão, manutenção da homeostase imunológica, disbiose intestinal e, por fim, quedas em desempenho e mortalidade. A microbiota intestinal dos animais tem um papel importante na regulação da resposta do sistema imune, pois, além de modular vários processos fisiológicos, nutrição, metabolismo e exclusão de patógenos, pode alterar a fisiopatologia de doenças conferindo resistência ou promover infecções parasitárias entéricas. As bactérias naturais do intestino atuam como adjuvantes moleculares que fornecem imunoestimulação indireta ajudando o organismo a se defender contra infecções Desta maneira, um correto programa de vacinação, nutrição balanceada, diminuição dos fatores de estresse, boas práticas de manejo e bem-estar ani-


A primeira linha de defesa do sistema imune são as células fagocíticas, dentre estas macrófagos, heterofilos, células dendríticas e células natural killer

mal podem diminuir consideravelmente a incidência de imunossupressão. No entanto, existem alguns aditivos dietéticos que podem ajudar na modulação do sistema imune inato e, portanto, melhorar a resposta deste frente aos desafios. A parede celular de levedura Saccharomyces cerevisiae (ImmunoWall®, ICC Brazil) oriunda do processo de fermentação da cana-de-açúcar para produção de etanol, contém em torno de 55% de carboidratos indigestíveis totais, sendo 35% de β-glucanas (1,3 e 1,6), e 20% de mananoligossacarídeos (MOS). As β-glucanas são reconhecidas pelas células fagocíticas (Petravić-Tominac et al., 2010), que desencadeiam uma resposta inata que pode ajudar o animal a modular seu sistema imunológico. Já o MOS, possui uma capacidade de aglutinação de patógenos que possuem fímbria tipo 1, tais como diversas cepas de Salmonella e Escherichia coli. Um recente estudo de Beirão et al. (2018) onde frangos de corte foram suplementados com ImmunoWall® (0,5 kg/ton) e infectados aos dois dias de idade com Salmonella Enteritidis [SE] (via oral na dosagem de 108 UFC/ave), mostrou que aos quatro e oito dias (dois e seis dias pós-infecção, respectivamente) ImmunoWall® reduziu a passagem do marcador (Dextran-FITC, 3-5 kD) para o sangue nas aves desafiadas. Estes resultados indicam uma melhora significativa na integridade e permeabilidade intestinal, já que a SE é uma bactéria capaz de aderir à mucosa por meio de suas fímbrias, produzir toxinas e causar danos às tight juctions (junções de oclusão) e aos enterócitos, invadindo-os e translocando-se para a corrente sanguínea e demais órgãos e tecidos internos (Figura 1). Estes resultados podem ser explicados pela quantificação de células circulantes que foram analisadas no sangue coletado destas aves. É importante notar que durante a dinâmica normal de uma infecção, ocorre uma mobilização dos leucócitos do sangue para o intestino, porém se animal apresentar outro tipo de infecção, a redução de leucócitos totais circulantes, pode prejudicar a resposta ao ataque à este segundo an-

tígeno/local. Isto principalmente pode ser perigoso quando a taxa de leucócitos totais no sangue está muito baixa (leucopenia). Na análise do referido estudo, o grupo infectado e suplementado com Immunowall® proporcionou uma menor mobilização dos leucócitos do sangue para o intestino aos 14 dias; no entanto, quando esse sistema imune é subdividido e as diferentes células são analisadas, os animais deste grupo apresentaram mais APC’s, monócitos supressores (impedem uma resposta imune desenfreada), e linfócitos T auxiliares (CD4 – secretam interleucinas e estimulam a multiplicação de células que irão atacar o antígeno), que o grupo de animais desafiados e não tratados. Já o grupo suplementado com ImmunoWall® e não desafiado, apresentou respostas intermediárias (entre o controle desafiado e o não desafiado) às células analisadas citadas acima, e também Linfócitos T citotóxicos (CD8), que são importantes para prevenir ou controlar a invasão da Salmonella, já que estas tem a capacidade de invadir monócitos e assim translocar-se para o fígado e demais órgãos. No gráfico 1, é possível observar que suplementação com ImmunoWall® resultou na maior produção IgA anti Salmonella aos 14 dias de idade. Isto mostra que a resposta específica do sistema imunológico foi mais rápida e mais forte, consumindo menos energia e nutrientes, já que a resposta inflamatória pareceu ser mais curta. A SE pode ser um problema para a ave que ainda não completou a maturação do sistema imune, pois ainda não consegue controlar a infecção totalmente, por isso grande parte da melhoria das respostas encontradas neste estudo foram até os 14 dias. Assim, a suplementação de β-glucanas pode ajudar a ave a ter uma ativação e resposta do sistema imune inato precoce e mais rápida, reduzindo/minimizando os danos causados pelo patógeno e consequentemente, as perdas em desempenho. Este tipo de resposta é especialmente importante em animais em fases iniciais de desenvolvimento, reprodutivas, períodos de estresse e desafios ambientais; agindo como um profilátiA Revista do AviSite

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Informativo Técnico-Comercial

G1- Controle+SE G2- ImmunoWall® G3- Controle G4- Immunowall®+SE

Gráfico 1. Quantificação relativa de IgA no soro reagente contra LPS da bactéria. A linha de corte (cut-off) está representada. Relevância estatística está indicada por letras diferentes sobre cada grupo. Teste de ANOVA com pós-teste de Tukey (P<0,05, exceto quando indicado em contrário).

As respostas do sistema imune inato demandam diversos nutrientes e principalmente, energia do metabolismo, já que se trata de uma resposta inespecífica e pró-inflamatória 28

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co e aumentando a resistência animal, minimizando maiores prejuízos. Diversos outros estudos provaram a eficácia de ImmunoWall® em reduzir a contaminação de patógenos nas aves e ovos (Hofacre et al., 2017; Ferreira et al., 2014), mortalidade e melhorar o desempenho produtivo (Bonato et al., 2016; Rivera et al., 2018; Koiyama, et al. 2018), principalmente sob desafio. Não existem aditivos alimentares que possam suprir problemas com manejo, plano sanitário, vacinação, nutrição, qualidade de água, entre outros; os aditivos são ferramentas que podem ajudar no controle e prevenção. Sabemos que a produção animal intensiva é um ambiente altamente desafiador, assim o fortalecimento do sistema imunológico pode ser uma das chaves para maior produtividade.

Referências Beirão B. C. B. et al. Yeast cell wall immunomodulatory and intestinal integrity effects on broilers challenged with Salmonella Enteritidis. In: 2018 PSA Annual Meeting. San Antonio-Texas, USA. Proceedings…. 2018. Bonato et al. Desempenho de frangos de corte alimentados com mananoligossacarídeos, parede celular de levedura e nucleotídeos de diferentes fontes. In: Conferência FACTA 2016 de Ciência e Tecnologia Avícolas, Atibaia. Proceedings….2016. Dalloul, R. A., H. S. Lillihoj. Poultry coccidiosis: recent developments in control measures and vaccine development. Ex-

pert Rev. Vaccines, v. 5, p.143-163, 2006. Ferreira, A.J.P. et al. Uso da associação de levedura e fonte de nucleotídeos na redução da colonização entérica por Salmonella Hiedelberg em frangos. In: Conferência FACTA 2014 de Ciência e Tecnologia Avícolas, Atibaia. Proceedings…. 2014. Hofacre, C., et al. Use of a yeast cell wall product in commercial layer feed to reduce S.E. colonization. Proceedings of 66th Western Poultry Disease Conference, March 2017, Sacramento, CA, p. 76-78, 2017. Koiyama, et al. Effect of yeast cell wall supplementation in laying hen feed on economic viability, egg production, and egg quality. The Journal of Applied Poultry Research, v. 27 (1), p. 116–123, 2018. Lee, H. K., A. Iwasaki. Innate control of adaptive immunity: dendritic cells and beyond. Semin. Immunol., n. 19, p.48-55, 2007. Petravić-Tominac, V. et al. Biological effects of yeast β-glucans. Agriculturae Conspectus Scientificus, n. 75, v. 4, 2010. Rivera et al. Yeast cell wall and hydrolyzed yeast as a source of nucleotides effects on immunity, gut integrity and performance of broilers. In: 2018 International Poultry Scientific Forum. Atlanta-GA, USA. Proceedings…. p. 49, 2018. Rocha, T.M., Andrade, M.A., Santana, E.S., Fayad, A.R., Matias, T.D. Aspectos clínicos, patológicos e epidemiológicos de doenças imunossupressoras em aves. Enciclopédia Biosfera, Centro Científico Conhecer, v.10, n.18, p. 25, 2014. Sharma, J. M. The avian immune system. In: Saif, Y. M. (ed.), Diseases of Poultry, 11th ed., pp. 5-16. Iowa State Press, Ames, IA, 2003.


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Avaliação dos impactos ambientais da avicultura

Na produção de frangos, reduzir essas emissões, principalmente de amônia resultante da decomposição microbiana do ácido úrico excretado pelas aves, com manipulação da dieta para redução da excreção de nitrogênio, é uma das alternativas para obter menor impacto ao ambiente Autores: Nilsa Lima1*, Irenilza Nääs1, Rodrigo Garcia2, Raquel Baracat3, Marta Baracho1 (1) FEAGRI – UNICAMP; (2) FCA – UFGD; (3) EngProd - UNIP. *nilsa.lima@feagri.unicamp.br

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urbanização crescente, as pressões demográficas e mudanças climáticas estão transformando os sistemas agrícolas e alimentares desde a produção até o processamento de alimentos, e que evoluem para atender a essas pressões. Neste contexto, adotar práticas agrícolas climaticamente inteligentes é uma das formas de reduzir as emissões e melhorar a sua ecoeficiência para garantir o equilíbrio entre produtividade e sustentabilidade (FAO, 2018). No Brasil, a oferta média de proteína é crescente, considerando o período de 2000-2013, com 94 g/capita/dia em 2013 (Figura 1). Deste montante, para o mesmo período, a oferta média de proteína de origem animal foi de 51 g/ capita/dia, correspondendo a 54% da proteína ofertada (Figura 2). Isto indica que a alimentação dos brasileiros tem alta dependência de proteína animal e o potencial que a produção de carnes tem no país. As estimativas mundiais da demanda de commodities agrícolas para 2050 (Kruse, 2012), mostra que carne de frango será o mais consumido até 2050, crescendo 46% em relação a 2010 em quilogramas globais médios consumidos per capita. Por outro lado, a carne bovina está projetada para crescer 12%, enquanto o consumo de carne suína seguirá no mesmo plano.

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Haverá impactos na distribuição calórica, a proporção de calorias ofertadas pelos cereais é projetada para diminuir de 48% para 41%, com aumentos de óleos vegetais, ovos e frangos de corte (Figura 3). Nos cenários atuais, considerando a demanda por proteína animal menos impactante, o frango é o que menos impacta no ambiente em relação às outras fontes como bovina e suína, e por consequência existe potencial de aumento na produtividade de frangos de corte. Diante disso, para estudar alternativas de atenuar os impactos causados pelo sistema produtivo é imprescindível avaliar a perspectiva do aumento das emissões dos gases com potencial de efeito estufa (IPCC AR52014). As emissões totais de CO2eq da agricultura no Brasil até 2016 foi de 451 mil toneladas (Figura 4), desde de 1990 com a expansão agrícola houve um aumento nas emissões totais. As emissões médias por setor de 1990 a 2016 (Figura 5) mostram que o manejo de dejetos corresponde a 2,5%, o dejeto aplicado no solo 2,7% e 61,2% de emissões provenientes de fermentação entérica dos ruminantes. A contribuição das atividades agropecuárias nas alterações climáticas e as suas consequências levam a questões preocupantes sobre conservação e adaptação ambiental. Uma vez que o

setor agrícola e o uso da terra são as principais fontes de emissão de gases de efeito estufa (IPCC, 2006; IPCC AR5-2014). Considerando a concentração de gases atmosféricos, os gases que contribuem relativamente para o aquecimento global são: dióxido de carbono, metano e óxido nitroso, contribuindo em 55%, 15% e 4%, respectivamente (Snyder et al., 2008). A produção agrícola está relacionada ao consumo de recursos naturais renovável e não-renovável. O impacto do uso de recursos naturais são encargos que pesam sobre o meio ambiente, como o uso de energia não renovável. As emissões de gases de efeito estufa tem potencial de aquecimento global. Na produção de frangos, reduzir essas emissões, principalmente de amônia resultante da decomposição microbiana do ácido úrico excretado pelas aves, com manipulação da dieta para redução da excreção de nitrogênio, é uma das alternativas para obter menor impacto ao ambiente. (Ndegwa et al., 2008). Uso de minerais adicionados à cama, como a zeólita, que reduzem significativamente a concentração de amônia no ambiente de criação também é uma opção viável (Cemek et al., 2016). No entanto, a carne de frango comparada à carne suína, bovina e sardinha é a que apresenta menor consumo de recursos ambientais e consequente-


mente menor impacto ambiental (González-García et al., 2014). A produção intensiva de frangos de corte se comparada a sistemas orgânicos de produção, apresenta maior vantagem, pois o tempo de produção é menor, a eficiência alimentar é melhor, o uso da terra é mais eficiente, podendo ser ofertada em maior quantidade e em menor tempo e a mortalidade é menor. Entretanto um estudo realizado por Castellini et al. (2006), comparando a produção de aves convencionais e orgânicas (aves criadas ao ar livre sem antibióticos) concluíram que os sistemas orgânicos são mais sustentáveis com base em cálculos da emergia (método complexo que mede toda a energia direta e indireta necessária para fazer um produto ou sustentar um sistema). Observando os dados do sistema orgânico (Tabela 1) apresentava o dobro da mortalidade dos sistemas convencionais (10% contra 5%). Os autores do estudo atribuíram as maiores mortalidades ao fato de que nenhum antibiótico foi usado. Mas se a produ-

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Meio-ambiente ção orgânica melhorasse as taxas de mortalidade, sua relativa ineficiência ainda representaria limitações à sustentabilidade e ao atendimento da demanda por carne de frango. Neste texto, o objetivo é mostrar as vantagens ambientais da carne de frango no contexto atual de demanda por consumo de alimentos produzidos de forma sustentável e os diferentes métodos para sua avaliação com intuito de verificar qual etapa do processo produtivo se pode melhorar para encontrar o equilíbrio entre produtividade e sustentabilidade.

Vantagens ambientais da carne de frango 2.1 Formas de avaliação dos impactos Os gases de efeito estufa com maiores impactos ambientais são: dióxido de carbono (CO2), óxido nitroso (N2O), metano (CH4), hidrofluorocarbonetos (HFC) e o hexafluoreto de enxofre (SF6). Para a atividade agrícola destacam-se os gases de N2O e CH4, os quais ocorrem naturalmente na agricultura. O óxido nitroso é proveniente principalmente do processo de nitrificação (transformação aeróbia de amônio para nitrato) e desnitrificação (transformação anaeróbia de nitrato para N2 gasoso). Emissões de N2O resultantes de entradas antropogênicas podem ocorrer tanto via direta (isto é, diretamente a partir dos solos em que N é incorporado), e dois caminhos indiretos (por volatilização com NH3 e NOx e posterior deposição, e por meio de lixiviação e escoamento) (IPCC, 2006). As emissões de gases ocorrem em forma de perdas de nitrogênio das excretas nas instalações no processo produtivo de frangos criados em camas de material orgânico. Devido a perdas significativas diretas e indiretas de nitrogênio proveniente das excretas nos sistemas de produção animal é importante estimar a quantidade restante de nitrogênio disponível na cama ou medir a concentração de amônia no interior dos aviários. As emissões indiretas resultam das perdas de nitrogênio voláteis que ocorrem principalmente nas

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formas de amônia e óxidos de nitrogênio (Asman et al., 1998). Um dos gases mais nocivos na criação de frangos de corte é o gás amônia (NH3). Este gás é um composto alcalino abundante na atmosfera, liberado na superfície por meio da decomposição de material orgânico, apresenta solubilidade com água e reatividade com componentes aerossóis ácidos e são volatilizados a partir da cama de frango (Ziereis e Arnold, 1986). A avaliação de potenciais impactos dos gases no ambiente e no processo produtivo de frangos de corte torna-se fundamental para compreender as consequências ambientais. Essa avaliação pode ser realizada por meio de monitoramentos capazes de auxiliar na gestão de riscos e minimizar os efeitos (IPCC 2006; Miles et al., 2008; Lima et al., 2011). Diversas metodologias para quantificar o impacto das emissões de gases de efeito estufa são atualmente propostas e discutidas como parte do desen-

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Avaliação emergética é também um método de avaliar o sistema produtivo para verificar sua sustentabilidade no uso de recursos renováveis e não-renováveis

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volvimento de abordagens de avaliação das consequências climáticas (Thomassen et al., 2008; Brander et al., 2009). A Avaliação do Ciclo de Vida (ACV) é uma ferramenta para avaliar os impactos ambientais e os recursos utilizados durante o ciclo de vida de um processo ou produto (Finnveden et al., 2009). Este método de quantificação do uso de energia permite avaliar o grau de impacto do sistema produtivo, pois identifica, quantifica e caracteriza os diferentes impactos potenciais ambientais associados a cada fase do ciclo de vida. O método ACV permite comparações entre os sistemas e auxilia na identificação de focos de impactos ambientais que poderão fazer parte da mitigação. Avaliação emergética é também um método de avaliar o sistema produtivo para verificar sua sustentabilidade no uso de recursos renováveis e não-renováveis. É uma contabilidade ambiental que considera o fluxo de energia que um sistema utiliza para produzir um produto ou serviço, expressa em emergia (que foi previamente requerida, de forma direta ou indireta), calculada em termos de Joules de energia solar equivalente (seJ) ou emJoule. A metodologia emergética propõe medir todas as contribuições, tais como: moeda, massa, energia e informação (Odum, 1996; Ulgiati e Brown, 1998). Para produzir mais proteína animal para a estimativa global do aumento de demanda por alimentos é necessário maior uso do ecossistema

natural, mas este aumento da produção agrícola causa alguns impactos. Na emergia, esses impactos chamados de externalidades negativas são definidos como “custos da utilização de recursos naturais” para produzir e que ainda não são considerados no preço de mercado do produto. Os recursos naturais são considerados livres e por esta razão são degradados (Pretty et al., 2000; 2005). As entradas de um sistema classificam-se em três categorias, recursos renováveis, não renováveis e pagos. Os recursos renováveis (R) incluem o sol, vento e chuva; os não-renováveis (N) são aqueles usados além da sua capacidade de renovação no período de tempo do estudo (solo, minérios, petróleo, água subterrânea). Os recursos pagos (F) são fluxos que vem da economia, incluem materiais e serviços. A primeira etapa consiste na elaboração do diagrama de energia do sistema que visa identificar e classificar os insumos, os componentes e a dinâmica do sistema. Para isso, definem-se os limites do sistema, determinam-se as fontes externas de recursos, analisam-se em detalhe as interações entre os elementos que compõem o sistema e os recursos empregados. Os símbolos básicos para representar os componentes dos sistemas nos diagramas usam-se desde 1965 descritos por Odum (1996). 2.2 Impacto da cadeia de produção de carnes Na avaliação do ciclo de vida, realizada por Da Silva et al. (2014), foi com-


abcd A Revista do AviSite

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parado os encargos ambientais de dois sistemas de produção de frangos de corte no Brasil (produção de grande e pequena escala) e dois na França (orgânica Label Rouge e sistema padrão), o sistema extensivo Label Rouge teve o maior impacto entre as categorias de impacto estudadas. Isto resultou principalmente da elevada conversão alimentar deste sistema de produção (3,1 kg de ração por kg de peso vivo) em conjunto com o fato de que a etapa de fabricação da ração ser o maior contribuinte. A contribuição do desmatamento para a fase de integração lavoura-produção foi significativo, particularmente para as alterações climáticas, igualando 19% do total de emissões de CO2eq por tonelada de frango refrigerado e embalado, no Centro-Oeste do Brasil. Os sistemas franceses também foram afetados, pois importam produtos agrícolas do Brasil. O sistema do sul do Brasil teve menos impacto das alterações climáticas, porque não há mais desmatamento para a produção agrícola.

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Para compreender os impactos ambientais da produção de frangos de corte deve envolver cuidadosas considerações de cada passo do processo. Com objetivo de prever os impactos ambientais em macroescala dos insumos materiais e energéticos, e emissões ao longo da cadeia avícola americana, usando análise do ciclo de vida, Pelletier (2008) verificou que o fornecimento de alimentação contribui com um valor estimado de 80% do uso de energia da cadeia de fornecimento, 82% das emissões de gases de efeito de estufa, 98% das emissões com potencial de destruir a camada de ozônio, 96% das emissões acidificantes e 97% das emissões de eutrofizantes associados à produção de frangos de corte até a saída do lote, o aquecimento e ventilação contribuem com 9% do impacto. Para o processo produtivo de frangos de corte, a energia é usada diretamente para a alimentação, aquecimento, iluminação, ventilação e resfriamento juntamente com a gestão de resíduos. A produção, processamento e entrega de rações podem também incorrer na lixivia-

ção de nitratos e pesticidas no solo, e o uso de energia no processo do mesmo gerando emissões de gases (Williams et al., 2010). Neste contexto, Leinonen et al. (2012) avaliaram sistemas de produção de frangos de corte no Reino Unido pela metodologia de ACV, para prever e quantificar os impactos ambientais para o sistema convencional, free-range e orgânico, estabelecendo a quantidade de cada atividade do sistema (subsistema de incubação e criação). Como resultados obtiveram os seguintes dados: o número de aves, necessários para produzir 1.000 kg de carcaça foi maior no sistema convencional em comparação com o free-range e o sistema orgânico; a duração do ciclo de produção foi maior para free-range e sistemas orgânicos, em comparação com a do sistema convencional; a produção, o consumo de ração e adubo por ave foram maiores no sistema free-range e sistemas orgânicos. Estas diferenças teve um efeito importante sobre as cargas ambientais entre os sistemas. A


produção de ração, processamento e transporte resultou em maiores impactos ambientais globais do que quaisquer outros componentes de produção de frangos de corte; uso de gás e de petróleo (combustíveis) teve o segundo maior impacto no consumo de energia primária (12 a 25%), seguido por uso de eletricidade na granja. A utilização direta do gás, petróleo e eletricidade eram geralmente mais baixos no free-range e sistemas orgânicos, em comparação com a sua utilização no sistema convencional. Esterco foi o principal componente do potencial de acidificação e também tinha um potencial relativamente alto de eutrofização. González-García et al. (2014) com objetivo de identificar os hotspots ambientais do sistema de produção de frangos de corte foi realizada uma avaliação do ciclo de vida da produção até o abate, desde o recebimento dos pintos até a expedição das carcaças no abatedouro em um estudo de caso em Portugal. Os resultados mostraram que a granja de frango é o principal fator responsável pelos impactos ambientais analisados, tanto para o processo produtivo quanto para produção de ração, as emissões foram os principais hotspots ambientais. Além disso, também foram incluídos estudos de carne de suína, carne bovina e sardinha para comparação utilizando uma unidade funcional com base em um teor de proteínas idênticas. Os resultados (excluindo a embalagem) mostrou que a produção de frangos de corte pode ser preferível em relação a outros tipos de carne, devido ao seu potencial de aquecimento global baixo. Os hotspots observados, bem como as emissões de

gases de efeito estufa (potencial de aquecimento global) por unidade funcional, foram aproximadamente 2,46 kg CO2eq kg-1 por peso de carcaça.

Considerações finais O papel das cadeias mundiais de alimentos e as políticas em relação a elas avançam para uma produção de carne mais sustentável na era das mudanças climáticas, que induzem os consumidores à conscientização sobre os aspectos ambientais dos sistemas produtivos, consequentemente gerando pressão por adaptações para ecoeficiência da produção de carne. Estudos de impactos ambientais e análise emergética para avaliação da eficiência ambiental e econômica no processo produtivo de frangos de corte dá suporte à formulação de indicadores ambientais e permite avaliar a sustentabilidade do processo de produção da carne de frango contribuindo assim para o desenvolvimento sustentável da cadeia avícola.

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Cemek, B., et al. Determination of spatial distribution of ammonia levels in broiler houses. Agronomy Research, 14(2): 359-366, 2016. Da Silva, V.P. et al. Environmental impacts of French and Brazilian broiler chicken production scenarios: An LCA approach. Journal of Environmental Management, 133: 222-231, 2014. FAO - Food and Agriculture Organization of the United Nations. Suite of Food Security Indicators. FAOSTAT. Acesso em: 24 abril de 2018. Finnveden, G. et al. Recent developments in life cycle assessment. Journal of Environmental Management, 91(1), 1-21, 2009. González-García, S. et al. Life Cycle Assessment of broiler chicken production: a Portuguese case study. Journal of Cleaner Production, 74: 125-134, 2014. IPCC 2006. IPCC Guidelines for National Greenhouse Gas Inventories. 5 Volumes (Volume 1: General Guidance and Reporting; Volume 2: Energy; Volume 3: Industrial Processes and Product Use; Volume 4: Agriculture, Forestry, and Other Land Use.; Volume 5: Waste) (Paris: OECD Press) (available online at <www.ipcc-nggip.iges.or.jp/ public/2006gl/index.html>, accessed: 13.10.15). IPCC AR5-2014. Climate change 2014. Advance Climate Change Adaptation. A Special Report of Working II of

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Artigo Técnico-Comercial

A evolução dos equipamentos para arraçoamento em frangos de corte A evolução tecnológica é visível e aplicada em milhares de aviários de diferentes layouts e padrões de integradoras

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produção de proteína animal brasileira é referência mundial, poucos países têm condições próximas do Brasil para produção de carnes, somos reconhecidos internacionalmente como o “Celeiro do Mundo”. Isso se deve as terras férteis, a disponibilidade de água, ao clima favorável, as tecnologias empregadas e ao povo trabalhador. A avicultura contribui muito para os números positivos e a produção de aves cresce a passos largos. A nível mundial, o Brasil atualmente ocupa o 2º Lugar na produção de carnes de frango e 1º Lugar em volume exportado, em 2018 são mais de 150 diferentes mercados consumidores dos produtos de origem brasileira. Para chegar onde chegamos foram muitos anos de trabalho, de pesquisa, investimentos e superação. Nossa cadeia produtiva possui agroindústrias de todos os portes, que estão distribuídas de Sul ao Norte do nosso país. Elas juntas com mais de 130 mil famílias de avicultores for-

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mam o grande elo dessa corrente, que movem a engrenagem para alavancar ainda mais nosso setor. Para se chegar ao sucesso dependemos de vários fatores e precisamos passar por várias etapas, todas elas são fundamentais e indispensáveis. A evolução em genética, as boas práticas de sanidade, o nível estrutural e tecnológico dos aviários, as boas práticas de manejo, a ambiência adequada a necessidade do frango, exigiram que se buscasse uma evolução tecnológica dos equipamentos. Quando falamos em produção de frangos de corte é preciso estar claro para todos que 60 a 70% do nosso custo de produção está diretamente ligado a alimentação, ou seja, a dieta que é fornecida a ave durante a sua fase de crescimento e engorda. Isso significa que é imprescindível termos excelentes formulações para buscarmos o melhor desempenho do frango, onde a CA – Conversão Alimentar seja a melhor possível. Mas apenas isso não basta, é preciso tratar a ração com cuidado


e fornece-la de forma que os nutrientes nela fornecidos sejam absorvidos pela ave em sua totalidade. A evolução tecnológica é visível e aplicada em milhares de aviários de diferentes layouts e padrões de integradoras. Um dos maiores exemplos é representado pelo sistema de arraçoamento das aves, não é difícil recordar que a 35 anos atrás alimentávamos as aves através de comedouros tipo calha, alguns anos depois passamos para o sistema de comedouros tubulares. Por volta do ano de 1990 se iniciou a instalação de comedouros com sistemas helicoidais e com distribuição de ração nos pratos. Na época, e por muitos anos todas as empresas fabricantes tinham seus pratos com diâmetro de aproximadamente 320mm e circunferência 1000mm, todos com modelos de regulagem individual de prato por prato. Preocupado com o resultado final e sentindo a necessidade de melhoria o Grupo Corti, representado no Brasil pela Corti Avioeste, dedicou-se muito em pesquisa e tecnologias para ter uma melhor entrega da ração para ave. Os investimentos em pesquisa e desenvolvimento foram fortemente direcionados ao sistema de arraçoamento, afinal de 60 a 70% do custo de produção passa por ele. Surgiu então novos produtos que melhoraram o conceito de espaço por ave em cada prato e sim se reduziu o diâmetro do prato para 190mm e se simplificou. Resultado de muito estudo e pesquisa levando em consideração inúmeros fatores, dentre eles evolução

genética, nutrição e manejo; chegou-se a um novo prato, o Prato Sintesi. O nome é sinônimo de Síntese, que tem como definição a reunião de vários elementos que formam um todo unificado e coerente, resultado que parte do simples para o complexo, sendo um método de apresentação simples e genérica. O Prato Sintesi Original é fabricado em polipropileno de alta densidade e com proteção anti UV; possui um sistema de fechamento individual que evita a decida de ração aos pratos que não serão usados na fase inicial; contempla regulagem da distribuição de ração de forma coletiva; é de fácil limpeza, regulagem e manejo; os acionamentos frequentes incentivam o consumo de ração de forma contínua; o pouco volume de ração no prato oferece alimento sempre limpo e novo; além é claro de ser de fácil acesso aos pintinhos desde o primeiro dia. Atualmente já consolidado o Prato Sintesi contribui para obtenção de excelentes resultados em CA nas agroindústrias e se confirma pelos índices alcançados pelos avicultores. Comprovamos mais uma vez que para tudo é preciso desprender muito esforço, tempo, pesquisa e desenvolvimento. Com certeza quem idealizou e iniciou essa mudança de conceito de arraçoamento terá novas práticas e produtos para melhorar ainda mais no futuro; afinal para avicultura não se impõe limites. A Revista do AviSite

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Empresas

De Heus inaugura novo Centro de Distribuição no Nordeste Em Caruaru (PE) o novo Centro de Distribuição conta com uma estrutura de 1.100 m², potencial para armazenagem de mais de 600 toneladas

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que o mercado avícola pode esperar de uma empresa com 107 anos de história em nível mundial e que, somente há seis anos no Brasil, já demonstra a força para buscar cenários de liderança? Assim podemos começar a contar a história da multinacional holandesa De Heus, uma empresa que definitivamente veio ao mercado brasileiro para inovar, criar e mudar conceitos estruturais, de qualidade, gerenciais e comportamentais. Podemos dizer sem medo de errar: o agronegócio brasileiro já deve muito à De Heus, uma empresa que mesmo diante de dificuldades no cenário econômico amplia investimentos e segue a passos largos construindo

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um lugar histórico no país. O céu é o limite para a De Heus, principalmente pela postura à frente do concorridíssimo setor de nutrição animal. Muitas vezes podemos perceber que os gestores da empresa conseguem acreditar e olhar o Brasil com olhos muito mais positivos que nós, brasileiros. Daí, a principal lição: as dificuldades virão, porém, o mercado brasileiro é gigante e é preciso acima de tudo acreditar! A De Heus inaugurou no mês passado o seu novo Centro de Distribuição na cidade pernambucana de Caruaru. Estrategicamente posicionado, ele facilitará a logística da empresa pela sua proximidade com o Complexo Industrial Portuário Governador Eraldo Gueiros, mais co-

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nhecido como Porto de Suape, localizado entre os municípios do Ipojuca e Cabo de Santo Agostinho, na Região Metropolitana do Recife (PE). É o maior porto público da Região Nordeste e ocupa a quinta posição no ranking nacional. Estiveram presentes clientes, distribuidores e muitos funcionários da equipe da empresa que atua na região nordeste. A prefeita de Caruaru, Raquel Lyra, participou da cerimônia de inauguração. “A vinda da De Heus para a cidade demonstra o potencial de crescimento não somente da cidade mas também da região nordeste para o Agronegócio”, destacou. Renato Klu, Gerente de Negócios — Aves da De Heus, afirma que a instalação do primeiro Centro de Dis-


Empresa lança Galdus No mesmo dia foi realizado, em Gravatá (PE), um evento para empresários da região que contemplou o lançamento da ração inicial Galdus para frangos de corte, com as presenças especiais do economista Alexandre Mendonça de Barros e do médico-veterinário Antonio Froilano, que desenvolveram palestras sobre as tendências do mercado nacional e mundial de grãos e carnes, e a importância do manejo da nutrição nas primeiras semanas dos frangos de corte, respectivamente. Desde quando iniciou suas atividades no Brasil, a De Heus mais que triplicou as operações, ampliando a linha de produtos para atender aos principais segmentos da produção animal – suínos, bovinos de corte e leite, frangos e poedeiras – e hoje está presente em todo país e com expansão para a América Latina, desenvolvendo programas nutricionais customizados para cada sistema de produção. “Integração global e vanguarda tecnológica em produtos e serviços é o padrão de excelência nutricional oferecido pela nossa empresa ao mercado brasileiro e à evolutiva avicultura do Nordeste”, finaliza Rinus Donkers, diretor LATAM da empresa.

tribuição da empresa no país, além de facilitar o atendimento local e também possibilita ganhos de eficiência logística, além de maior agilidade no recebimento de matérias-primas importadas pela companhia devido à proximidade do Porto de Suape. “Trabalhamos com equipe técnico-comercial em contato direto com o produtor nas principais regiões avícolas no Brasil; e agora instalados em Caruaru, reforçamos a parceria com a avicultura nordestina. Buscamos sempre apresentar soluções específicas para aumentar ainda mais a competividade e ampliar os resultados da atividade de produção de proteína animal”, complementa. “A avicultura do nordeste é uma das mais dinâmicas e já registrou o aumento de 15% nas exportações de frango, hoje com cerca de 8% da produção nacional. O segmento exige uma nova postura por parte das empresas e a De Heus segue firme em seu propósito de seguir mais forte ainda no mercado disponibilizando os melhores produtos e serviços ao setor”, disse. A De Heus expande-se por todo o globo e também no Brasil, desde 2012. A empresa está entre as 15 maiores do mundo em nutrição ani-

mal, com mais de 50 unidades de produção e uma rede internacional de pesquisa e desenvolvimento técnico de produtos, com presença comercial em mais de 75 países. Rinus Donkers, diretor LATAM da empresa, destacou a comunicação existente entre a sede da empresa na Holanda, com o Brasil. “Existe uma troca de dados muito grande e somente assim conseguimos avançar, pois temos à disposição os mais modernos centros laboratoriais da Europa”, disse. O segmento é um cenário rico em oportunidades, pois a carne de frango é atualmente a proteína animal preferida no país, com um consumo médio anual de 44 kg per capita, acima da carne bovina e da carne suína, com 35 e 14 kg, respectivamente. “Ao inaugurar esta base logística, estamos construindo uma ponte para o futuro ao lado dos produtores da região, pois nosso objetivo é proporcionar ganhos de eficácia e precisão no atendimento de toda a avicultura regional”, explica o presidente da companhia no Brasil, Hermanus Wigman. “Trabalhamos com bases sólidas com um alicerce para crescer, sempre com a transparência, que é uma das marcas da gestão da De Heus”, disse.

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Entrevista

Utilização de enzimas nas rações melhora o desempenho nutricional O uso das enzimas em rações possibilita uma melhor disponibilidade dos nutrientes, o que favorece o aproveitamento do fósforo, cálcio, aminoácidos e energia por aves e suínos, representando uma economia significativa no custo da nutrição.

E

m um recente artigo escrito por João Carlos de Angelo – zootecnista e gerente de Avicultura do Grupo Guabi e recebido pela redação da Revista o AviSite, ele aponta que “...com a globalização o aumento da competitividade é irreversível na produção animal. Avanços contínuos nas áreas de nutrição, genética, sanidade, ambiência e manejo são necessários para maximizar o desempenho bioeconômico. Na área de nutrição, os maiores esforços estão em aumentar os índices zootécnicos e otimizar os custos da formulação. A adição de enzimas nas rações tem apresentado alta resposta zootécnica e econômica na produção de aves e suínos”, destacou. Ele lembra que na criação de aves comerciais, a alimentação representa cerca de 60 a 70% dos custos da produção. O uso das enzimas em rações possibilita uma melhor disponibilidade dos nutrientes, o que favorece o aproveitamento do fósforo, cálcio, aminoácidos e energia por aves e suínos, representando uma economia significativa no custo da nutrição. “As enzimas têm como principal função facilitar a digestão. São substâncias naturais envolvidas em todos os processos bioquímicos que ocorrem nas células vivas. De maneira resumida, são

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proteínas que atuam como catalisadoras dos processos biológicos, ou seja, aumentam a velocidade da reação bioquímica sem serem consumidas no processo”, detalhou. Ainda segundo Angelo, as aves e suínos produzem enzimas, mas a quantidade endógena não é suficiente para atuar sobre todo o substrato, sendo necessária a suplementação das enzimas exógenas, para que o organismo intensifique o aproveitamento dos nutrientes contidos nos ingredientes. A suplementação enzimática tem se tornado comum nas últimas décadas por proporcionar benefícios ao animal e ao meio ambiente. “As enzimas utilizadas na alimentação animal são produzidas industrialmente por empresas especializadas através de culturas de microorganismos, derivadas da fermentação fúngica, bacteriana e de leveduras. As principais são: fitase, xilanase, protease, amilase, glucanase, celulase e β mananases, que atuam no aumento da digestibilidade dos nutrientes dos alimentos e dos polissacarídeos não amiláceos. Elas ajudam a reduzir os efeitos antinutricionais, maximizando o aproveitamento da proteína, energia e fósforo, que são os nutrientes de maior valor dentro do custo da formulação”, disse. No artigo ele aponta que a suple-

mentação enzimática beneficia a digestão e absorção dos ingredientes convencionais e não convencionais; remove ou destrói os fatores antinutricionais presentes nos grãos; aumenta a digestibilidade total da ração; melhora a digestibilidade dos chamados polissacarídeos não amiláceos (PNA’s) e aumenta o espaço para o ajuste da formulação da ração. Os PNA's são essencialmente fibras não digestíveis, que pouco acrescentam ao valor nutritivo dos ingredientes e podem reduzir a disponibilidade geral dos nutrientes ao criarem um ambiente de difícil atuação das enzimas endógenas. A adição das enzimas nas dietas potencializa a ação das enzimas endógenas, o que reflete em melhores índices zootécnicos, fezes mais secas e sem resíduos de ingredientes. “As enzimas são uma das principais ferramentas nutricionais para a redução dos custos da produção de proteína animal de aves e suínos. Elas contribuem com uma produção mais sustentável, por meio da maximização do aproveitamento dos nutrientes, presentes nos ingredientes convencionais e não convencionais. Conhecer a ação das enzimas sobre seu substrato juntamente com os aspectos econômicos é a forma mais coerente de utilização deste aditivo na nutrição animal”, finalizou.


As enzimas e o avanço nutricional na avicultura O Grupo Guabi também adiciona em suas rações enzimas com objetivo de maximizar o potencial dos animais. A empresa utiliza também em sua linha de produtos matérias-primas nobres, de alta digestibilidade e com balanceamento ideal de aminoácidos (lisina, metionina, treonina, triptofano, dentre outros), fundamental para o melhor desempenho dos animais e maior lucratividade dos produtores. De acordo com João Carlos de Angelo – zootecnista e gerente de Avicultura do Grupo Guabi, a inclusão das enzimas nas dietas tem apresentado alta resposta zootécnica e econômica ao proporcionarem melhoras na digestão dos alimentos e aumento na absorção do fósforo,

cálcio, aminoácidos e energia. “Esta inserção resulta em uma economia significativa no custo nutricional, melhora da performance e, consequentemente, uma redução no custo do quilo de proteína produzida”, disse.

Acompanhe a entrevista exclusiva à Revista do AviSite: Quais são os principais avanços no processo nutricional avícola envolvendo suplementos, como enzimas? Na produção avícola os esforços se concentram em ampliar os índices zootécnicos, otimizar os custos de formulação e a qualidade do produto final: carne ou ovos. Neste contexto, é incontestável a consolidação do uso de enzimas e esta tecnologia nutricional desencadeou

As enzimas têm como principal função facilitar a digestão. São substâncias naturais envolvidas em todos os processos bioquímicos que ocorrem nas células vivas

João Carlos de Angelo Zootecnista e gerente de Avicultura do Grupo Guabi

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Entrevista

As aves e suínos produzem enzimas, mas a quantidade endógena não é suficiente para atuar sobre todo o substrato, sendo necessária a suplementação das enzimas exógenas

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uma nova era para o nutricionista formular rações. A inclusão das enzimas nas dietas tem apresentado alta resposta zootécnica e econômica ao proporcionarem melhoras na digestão dos alimentos e aumento na absorção do fósforo, cálcio, aminoácidos e energia. Esta inserção resulta em uma economia significativa no custo nutricional, melhora da performance e, consequentemente, uma redução no custo do quilo de proteína produzida. É importante clarificar que as enzimas exógenas são substâncias naturais envolvidas em todos os processos bioquímicos que ocorrem nas células vivas. De maneira resumida, são proteínas que atuam como catalisadoras dos processos biológicos, ou seja, aumentam a velocidade da reação bioquímica sem serem consumidas no processo. Como é o processo de estudo e avanço na área de pesquisa nutricional para a aplicação de enzimas na avicultura? As enzimas utilizadas na alimentação animal são produzidas industrialmente por empresas especializadas através da biotecnologia (fermentações), onde microrganismos são selecionados para este fim. As produtoras de enzimas trabalham de forma incansável pela busca de novas tecnologias que proporcionem maior atividade enzimática. As pesquisas caminham em direção aos efeitos da interação das enzimas com diferentes substratos, métodos de produção de enzimas, interação com a microbiota e saúde intestinal e as suas ações diretas e indiretas quanto ao sistema imunológico. Quais são as mais utilizadas e por que? As principais classes de enzimas utilizadas são as fitases, carboidrases e proteases, que atuam no aumento da digestibilidade de nutrientes dos alimentos. Elas ajudam a reduzir os efeitos antinutricionais e ampliam o aproveitamento do fósforo, energia e aminoácidos, respectivamente, os quais são os nutrien-

tes de maior valor dentro do custo da formulação. O nutricionista, na hora de formular, considera o valor nutricional dos ingredientes, o preço dos mesmos e fase de idade das aves. De maneira geral, usar enzimas nas formulações tornou-se uma ferramenta indispensável para o nutricionista. A escolha das enzimas dependerá do processo de produção, dos ingredientes a serem utilizados na formulação e do objetivo. As enzimas proporcionam maior flexibilidade para uso de ingredientes alternativos em maior quantidade na ração do que o usual. Desta forma, a indústria animal pode passar a usar ingredientes alternativos, aproveitando safras, preços e mercado favorável. Existem números que indicam a sua aplicabilidade? Sim. Há inúmeros resultados obtidos através pesquisas em universidades e à nível de campo para dar base técnica para a sua aplicabilidade. Porém, cada complexo enzimático ou enzima isolada proporciona um determinado resultado bioeconômico dependendo da composição dos substratos que ela atua. Posso dar um exemplo: aproximadamente 2/3 do fósforo dos grãos vegetais estão indisponíveis para animais monogástricos, ou seja, o fósforo está na forma de fitato ou ácido fítico, que reduz o aproveitamento deste nutriente. Este fitato pode ser hidrolisado com a inclusão da fitase nas dietas, atuando na liberação do fósforo indisponível contido nos grãos. O fitato impede que nutrientes importantes para o desenvolvimento dos animais sejam aproveitados e absorvidos; reduz a disponibilidade do fósforo e aumenta a secreção de muco no intestino, interferindo nos sistemas de absorção dos nutrientes. A fitase em termos práticos proporciona a liberação em média de 0,1 a 0,15% de fósforo dependendo do substrato e da enzima utilizada e, consequentemente, reduz a inclusão das fontes de fósforo inorgânico e/ou orgânico, como o fosfato bicálcico e


farinha de carne, o que reduz o custo de formulação das dietas e proporciona melhor desempenho zootécnico. A inclusão de fitase permite que dois objetivos sejam alcançados: atender às necessidades de fósforo e diminuir sua excreção no meio ambiente com o nitrogênio. É possível minimizar o impacto ambiental e impedir que o fósforo vegetal (oriundo dos alimentos) seja eliminado nas fezes sem ser aproveitado pelo organismo. Ainda há resistência no campo para produtos como enzimas? Hoje o conceito de enzimas na nutrição animal já é muito consolidado e difundido. Seus incontestáveis resultados bioeconômicos têm provocado um crescimento substancial na sua utilização e contribuído para quebrar qualquer resistência se ainda houver. A suplementação enzimática tem se tornado comum nos últimos 30 anos por proporcionar benefícios zootécnicos ao animal e ao meio ambiente. Até que ponto elas ainda são o presente e o futuro da nutrição na avicultura? Como ainda pode ser melhorada a utilização do produto para melhor rendimento zootécnico?

Certamente as enzimas fazem parte e estarão presentes no futuro com maior intensidade na nutrição avícola, pois maximizam a obtenção dos nutrientes das matérias-primas. Considerando que a demanda de proteína animal aumentará em consequência do crescimento da população mundial, teremos que ter maior eficiência produtiva na conversão dos ingredientes em proteína animal e as enzimas são cruciais neste sentido. Para melhorar a utilização é oportuno a continuidade dos estudos no que se refere a composição dos alimentos para um melhor domínio do perfil de substratos presentes nas matérias-primas e conhecer com precisão a estabilidade enzimática nos vários processos de produção de rações. É necessário que recursos analíticos práticos e viáveis sejam implantados pelo controle de qualidade das fábricas de rações e aspectos operacionais, bem como a homogeneidade de mistura e a segregação no transporte sejam considerados. Do seu ponto de vista, como será a nutrição avícola daqui há cinco ou dez anos? Para onde caminham as pesquisas e avanços nutricionais?

É difícil precisar em uma década como estará a nutrição avícola por ser muita dinâmica. Mas há muitas pesquisas em andamento nas diversas áreas que compõe a nutrição animal. As tendências de pesquisas estarão condicionadas ao desenvolvimento de novas enzimas obtidas a partir de outros microrganismos ou novos processos de cultivo e ao ajuste na metodologia de uso das atuais enzimas, as quais nos trará muitas informações para ampliarmos seu uso e os seus efeitos benéficos. A área de biotecnologia voltada para a nutrição animal contribuirá muito para os avanços nutricionais. E destacaria as pesquisas e trabalhos que vêm sendo desenvolvido na área de Nutrigenômica que é a ciência que estuda o efeito da nutrição sobre a expressão dos genes, sendo a mesma um dos principais pilares para os avanços nutricionais por melhorar a eficiência alimentar, a taxa de ganho de peso e outras características importantes de desempenho. Vejo que estes avanços tecnológicos serão fundamentais para alicerçar a nutrição animal do presente e futuro. A Revista do AviSite

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Evento empresarial

Como será o frango de 2030 “Aviagen Business Conference – América Latina”, em Estoril, Portugal, analisa a avicultura do futuro

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ma ave que leva 26 dias de idade para ter 2 kg, com conversão alimentar de 1,27, 76% de rendimento de carcaça e 29% de rendimento de peito. Este será o frango em 2030, conforme previsões apresentadas durante o “Aviagen Business Conference – América Latina” (ABC-LA), de 11 a 14 de setembro, em Estoril, Portugal. O evento contou com a participação de 160 clientes da empresa, entre proprietários de empresas avícolas, diretores e gerentes, de 12 países, que representam cerca de 80% da avicultura da América Latina. A melhoria dos índices produtivos será necessária para atender à demanda por proteína animal diante da perspectiva de crescimento da população mundial, que deve chegar a 8,6 bilhões de pessoas em 2030, segundo estimativas da ONU. Como os maiores crescimentos populacionais são projetados para regiões com aumento de renda limitado, será necessário que a atividade seja cada vez mais eficiente. E este é um dos pontos de especial atenção para a evolução

Andre Pessoa, Agroconsult Foto do Grupo

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genética. Para o Estrategista Global em Proteína Animal do Rabobank, Justin Sherrard, a visão de longo prazo para a avicultura é muito positiva, pois a atividade lidera o crescimento de produção e consumo globalmente. “É a proteína que mais cresce e mais vai crescer na maior parte das regiões do mundo e a América Latina será o maior produtor mundial”, prevê Sherrard. Para o consultor avícola Gordon Butland, os maiores crescimentos populacionais esperados são para países da África, Índia e Ásia, com exceção da China, cuja população não deve crescer muito mais nos próximos anos, o que deve alterar o cenário de comércio mundial de frangos daqui para frente. “A população cresce e aumenta a demanda por carne de frango. É a proteína certa, com maior versatilidade e não tenho dúvidas de que será a proteína líder no mundo. Produzimos em menos tempo, em comparação com outras espécies, usando menos ração, com menor pegada de carbono e menos uso de recursos”, salienta o professor emérito da Universidade de Auburn, nos Estados Unidos, Sarge Bilgili, referência mundial no tema, ao tratar sobre o futuro do processamento de aves. Para o professor emérito de Marketing de Alimentos da Imperial College London, David Hughes, as mais de 2 bilhões de pessoas adicionais que o mundo terá em 2050 representam uma “oportunidade brilhante” para a avicultura. Mesmo com uma diminuição do consumo de carne especialmente entre jovens na Europa e algumas mudanças de hábitos de consumo, a proteína de frango deve continuar crescendo, especialmente na medida em que a indústria conseguir trabalhar aspectos como conveniência de preparo, saudabilidade e sustentabilidade, além de chegar a novos canais de consumo e distribuição criados pela revolução tecnológica. “A carne de frango é um substantivo. É preciso trabalhar na busca pelos adjetivos saudável, sustentável, prático, saboroso, conveniente etc.”, orienta o professor.

Como será o frango do futuro Para apontar como será o frango do futuro, o Vice Presidente de Pesquisa e Desenvolvimento da Aviagen nos EUA, Eduardo Souza, relembrou os avanços obtidos no setor nas últimas décadas especialmente no que diz respeito à conversão de alimento em carne de peito. “Em 1957 eram necessários 28,2 kg de ração para produzir 1 kg de carne de peito. Em 1977, caiu para 17 kg e, em 2005, para 9,4 kg. É um avanço fantástico”, destaca Souza. Ele comparou os índices da década de 40, quando eram necessários 85 dias para atingir 1.312 g de peso vivo com conversão alimentar de 4 pontos, com os números de 2017, quando foram necessários 47 dias para se ter 2.805 g de peso vivo com conversão alimentar de 1,85. Estudos apontam que o melhoramento genético foi responsável pela maior parte dessa evolução na avicultura (de 85 a 90%), sendo que os outros 10-15% seriam relacionados a avanços em nutrição. No entanto, outros fatores, como melhoria no manejo, equipamentos, controle sanitário e de biossegurança certamente contribuíram para o grande avanço da

Eduardo Souza, Aviagen avicultura nas últimas décadas. Além da produtividade da atividade, os atuais índices contribuem para tornar a avicultura cada vez mais sustentável. “Um ganho genético que represente 30 gramas a menos de ração por 1 kg de peso vivo significa, em uma operação de integração com abate semanal de 1 milhão de frangos por semana a um peso vivo médio de 2,5 kg, uma redução de 3.900 toneladas de ração, aproximadamente 900 hectares a menos de lavoura (39% milho, 26% trigo e 35% soja) e 7 mil toneladas a menos de água (considerando a relação de 1,8 água/ração)”, salienta o geneticista. O Diretor Global de Genética da Aviagen, Santiago Avendaño, apresentou o trabalho pioneiro em seleção genômica que vem vendo desenvolvido pela empresa desde 2013 para o melhoramento genético das linhagens. “A contribuição da genômica para a seleção genética é de 5% a 15%. Em conversão alimentar, isso significa 3 g a menos de ração por kg de peso vivo por ano”, explica Avendaño. O laboratório da Aviagen na Escócia processa mais de 2 milhões de amostras de DNA por ano. O CEO da Aviagen Jan Henriksen reafirmou o compromisso da empresa em priorizar investimentos em Pesquisa e Desenvolvimento. “Na Aviagen, somos apaixonados pelo que fazemos para alimentar o mundo”, garante Henriksen. “A população mundial está crescendo e não se sabe se teremos proteína para alimentar essas pessoas. Com a renda per capita mundial diminuindo, precisamos ser eficientes e sustentáveis. Nossa estratégia é desenvolver uma ampla seleção de material genético com características variadas para auxiliar nossos clientes em todo o mundo a atender às diversas necessidades de seus mercados”, ressalta. A Revista do AviSite

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Evento empresarial Tecnologias emergentes e disrupções no agronegócio

Ivan Lauandos, Aviagen

A melhoria dos índices produtivos será necessária para atender à demanda por proteína animal diante da perspectiva de crescimento da população mundial, que deve chegar a 8,6 bilhões de pessoas em 2030 50

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Tecnologia da Informação, Farm Intelligence, Internet das Coisas (IOT), automação, Big Data e novas matrizes energéticas são realidades cada vez mais presentes no agronegócio, especialmente na avicultura, e que devem se intensificar ainda mais nos próximos anos. A evolução exponencial de novas tecnologias e modelos de negócio inovadores aceleram a reinvenção das indústrias, inclusive do agronegócio, afirmou Eduardo Kimura, da PriceWaterhouseCoopers. Segundo estudos publicados pela Stanford University, um dos maiores centros de pesquisa do Vale do Silício, nos EUA, algumas tendências de inovação no setor tocam a rastreabilidade, granjas autônomas, agricultura de precisão, fazendas verticais próximas aos centros urbanos e marketplaces. Para o Líder de Desenvolvimento de Negócios da IBM Research & Innovation Lab, André Maltz, o agronegócio é um setor muito fértil para inovação e a avicultura possui grande potencial para desenvolver tecnologias disruptivas. “Hoje já temos inovações, como automação em limpeza de granjas, robôs que verificam a saúde das aves e sistemas baseados em inteligência artificial para tomada de decisões diversas, mas podemos esperar muito mais”, acredita Maltz. O Gerente Geral da Aviagen S.A.U. - Portugal, Espanha e Marrocos, Sergio Illán compartilhou algumas das inovações para controle inteligente de granjas que já estão em funcionamento em unidades da companhia, como controle de biossegurança e de acesso, monitoramento sanitário nos colaboradores, balanças automáticas para pesagem, controle climático de temperatura e nível de umidade na câmara de ovos, aviso automático quando a ração está acabando nos silos, entre outros. “As inovações não param. Outras que temos em desenvolvimento são: detecção biométrica facial para o acesso das pessoas às granjas, leitura automática do registro dos veículos que entram na área, balança de pesagem para diferenciação automática de machos e fêmeas, instalação de medidores de vazão de água para cada galpão para medir consumo, integração com sistema de controle de ventilação e distribuição de ração, integração com fábrica de ração para envio automático aos caminhões, seleção automática de recria, sistema que escaneia o local e mostra mapas climáticos, além do Big Data com acesso em tempo real a todas as estações de monitoramento”, detalha Illán.

Energias renováveis na avicultura Como a demanda por energia na avicultura é bastante alta, o consultor Ralf Lattouf apresentou aos participantes do ABC-LA as possibilidades e oportunidades em energias renováveis na atividade, em especial a solar, eólica e biomassa. “A demanda por energia representa custos consideráveis na atividade. Somente o sistema de ventilação responde por mais de 50%, sem contar a alimentação, refrigeração e nebulização, iluminação e aquecimento. Por isso, fontes alternativas e renováveis como solar e eólica são bastante relevantes e devem ser levadas em consideração”, explica o consultor.


Melhor desempenho para pintos de corte

Ração Pré-inicial Galdus

O estímulo ao desenvolvimento dos pintos de corte nas primeiras semanas de vida é decisivo para o máximo desempenho e, consequentemente, maior rendimento das aves do início ao fim. Para isso, o seu negócio demanda uma nutrição específica, segura e equilibrada para a fase inicial. Benefícios de Galdus: • Melhora no ganho de peso na fase pré-inicial. • Saúde intestinal através do uso de ingredientes de alta qualidade. • Proporciona adequado desenvolvimento ósseo e imunológico. • Diminui o desperdício e estimula o consumo na fase pré-inicial. Com a redução da conversão alimentar, a lucratividade é maior.

Alimento inovador e altamente eficaz

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Evento empresarial Palestras

Ele compartilhou estudos de caso do uso de painéis de energia solar em uma indústria avícola na Austrália, energia eólica em uma região de bastante vento numa granja no Canadá, além de uma granja nos EUA que faz uso de biomassa para gerar energia a partir de resíduos da própria atividade.

Produção de grãos nas Américas A fim de oferecer aos participantes do evento subsídios para que possam planejar seu negócio nos próximos anos, o diretor da Agroconsult André Pessôa tratou do futuro da produção de grãos na América do Sul e o consultor americano Paul Aho abordou a situação atual e perspectivas dos grãos na América do Norte e Central. Para Pessôa, o fato de os três principais fornecedores globais de grãos – Brasil, EUA e Argentina – estarem em dificuldades torna mais árdua a tarefa de analisar cenários de curto prazo, porém pelas previsões feitas pela Agroconsult, a América do Sul continuará com o protagonismo na produção de grãos, com países como Paraguai, Colômbia e Venezuela como possíveis players. “Em 2030, o Brasil deve produzir 183,2 milhões de toneladas de soja, os EUA, 156,7 milhões de toneladas e a Argentina, 76 milhões de toneladas. Brasil e EUA devem ter significativos ganhos de produtividade na soja e a Argentina em menor escala graças à busca pelo uso mais eficiente do que se tem, maquinários com tecnologia embarcada, mais atenção ao solo, capacitação de equipes, ou seja, ajustes finos nos aspectos básicos, além do próximo salto que deve ser dado com as inovações tecnológicas”, acredita Pessôa. Já no milho, segundo o diretor da Agroconsult, para a safra de 2029-2030, a expectativa é de uma produção de 437,5 milhões de toneladas dos EUA, 303,2 milhões de toneladas da China e 163,8 milhões de toneladas do Brasil. Sobre o futuro da produção de grãos na América do Norte, o consultor Paul Aho analisa: “A possibilidade de seca a cada ano na safra norte-americana é um fator que torna vulnerável sua produção, cuja ocorrência não interfere diretamente no cenário global de produção de grãos”. Para o presidente da Aviagen América Latina, Ivan Lauandos, os objetivos desta edição do ABC-LA foram cumpridos. “Os dois principais objetivos foram cumpridos, que eram trazer informações para os nossos clientes da América Latina com foco no futuro e proporcionar integração entre eles durante a Conferência. A Aviagen é uma empresa em contínuo comprometimento para beneficiar nossos clientes e acionistas e o ABC-LA nos auxiliou a demonstrar nossas decisões estratégicas em termos de produto, em investimentos e em pessoas para esse futuro, que chegará muito rapidamente. Como casa genética, somos extremamente comprometidos com a indústria avícola global e, em especial, de nossa região. Acreditamos na atividade e nesse futuro promissor. Que nossos clientes possam voltar para suas operações munidos de informações e preparados para esse futuro desafiador e que chegará em breve”, destaca Lauandos.

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A Revista do AviSite


Empresas

Agro Select destaca a entrada da Socorex em seu leque de produtos Os produtos Socorex, comercializados pela Agro Select visam atender à procura cada vez maior dos seus clientes por equipamentos de vacinação além de peças para reposição e manutenção das vacinadoras

As seringas Socorex de autorrecarregamento com êmbolo acionado por mola e sistema de válvula de três vias são projetadas para injeções de precisão em série

Neusa Groot (esq.) e Anja Hofsteenge, Agro Select tem boa expectativa de aumento de vendas devido ao aumento de seu portifólio

Recursos e benefícios das seringas Socorex

- Qualidade superior e alta durabilidade - Vacinação rápida e sem esforço - Para animais de pequeno e grande porte - Adequada para a maioria dos líquidos e suspensões - Funciona sob quaisquer condições climáticas - Fácil desmontagem e manutenção - Peças econômicas e substituíveis

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Agro Select é agora também importadora e distribuidora da Socorex Isba SA, conhecida mais por Socorex , fabricante Suíça de vacinadoras, peças, acessórios e equipamentos de alta precisão, utilizados para medir, dosar, transferir, dispensar e injetar líquidos com confiabilidade em um grande número de aplicações. As linhas de produtos Socorex são projetadas para operar sob padrões nacionais e internacionais, como ISO 8655, GLP, GMP e NCCLS. Os produtos Socorex, comercializados pela Agro Select visam atender à procura cada vez maior dos seus clientes por equipamentos de vacinação além de peças para reposição e manutenção das vacinadoras. Segunda Neusa Carmona Groot, Diretora Comercial da Agro Select, as vacinadoras, peças e equipamentos fabricados pela Socorex vem para agregar a nossa linha de produtos. “São produtos de alta qualidade e precisão. A Agro Select já trabalha

hoje com produtos que são referência no mercado, como os sistemas de bebedouros nipples da Impex e os Debicadores e Assessórios para debicagem da Lyon”, explicou. As seringas Socorex de autorrecarregamento com êmbolo acionado por mola e sistema de válvula de três vias são projetadas para injeções de precisão em série. A concepção simples, o equilíbrio perfeito e o design ergonômico fornecem facilidade de uso e conforto para o operador, que não se cansa durante o trabalho de campo. “Uma ótima relação preço/qualidade fazem ainda mais das seringas Socorex a melhor escolha do mercado”, disse Neusa Groot. De acordo com Anja Hofsteenge, Sócia-Proprietária da Agro Select, a procura já tem sido alta, devido a alta qualidade da marca Socorex. “A qualidade, durabilidade e a garantia de reposição das peças tem feito o diferencial. A Socorex disponibiliza ao mercado seringas para aves, suínos e bovinos”, destacou Anja. A Revista do AviSite

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Informativo Técnico-Comercial

Equilíbrio da funcionalidade gastrointestinal, resultados em produtividade Para que as aves desempenhem o máximo potencial produtivo é necessário que o trato gastrointestinal (TGI) esteja em plena funcionalidade e equilíbrio Autoras da esq. para dir.: Letícia Cardoso Bittencourt1 e Estefania Pérez Calvo2 (1) Supervisora de Inovação e Ciência Aplicada - DSM Produtos Nutricionais – Latam (2) Cientista Sênior – DSM Nutritional Products - France

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ara que as aves desempenhem o máximo potencial produtivo é necessário que o trato gastrointestinal (TGI) esteja em plena funcionalidade e equilíbrio, proporcionando a ave um melhor aproveitamento dos nutrientes da dieta para crescimento, o que resulta em melhores resultados em desempenho zootécnico. A ótima funcionalidade gastrointestinal é caracterizada pelo estado estável onde o microbioma e o trato intestinal (hospedeiro) estão em equilíbrio simbiótico e no qual o bem-estar e o desempenho do animal não são comprometidos por disfunção intestinal (adaptado de Celi, et al., 2017 – Figura 1).

Peptidoglicanos & Funcionalidade No TGI ocorre naturalmente, constante turnover celular bacteriano (replicação e morte celular), com maior ou menor intensidade, dependentes de diversos fatores como: disbiose, estresse térmico, uso de antimicrobianos terapêuticos ou melhoradores de desempenho, dentre outros tantos, e pouco se sabe e valoriza o impacto desta massa microbiana morta sobre a funcionalidade do TGI (Figura 2). Em todo o conteúdo intestinal há grandes concentrações de fragmentos de resíduos de parece celular bacteriana que são compostos por pepdidoglicanos (PGNs). Estes PGNs são polímeros maciços de aminoácidos (peptido-) e açúcares (-glicano) exclusivo das paredes celulares bacterianas (Alcorlo et al., 2017). A presença de grandes quantidades destes frag-

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Figura 2. Representação ilustrativa da microbiota no lúmen intestinal. Appl. Environ. Microbiol. 2005 Aug;71(8):4679-89. mentos de parede bacteriana morta (PGNs) no lúmen intestinal, pode comprometer a funcionalidade deste órgão e, consequentemente, prejudicar a capacidade de absorção dos nutrientes.

Muramidase A DSM Produtos Nutricionais, sempre buscando inovações para impulsionar a produção avícola, desenvolveu em

Figura 1. Funcionalidade Gastrointestinal. Celi, et al. 2017

parceria com a Novozymes uma inovação revolucionária para a avicultura. Estudos in vitro e mais de 40 pesquisas in vivo foram realizados na Europa, Estados Unidos e América Latina, durante 4 anos e meio, para que com muita segurança e consistência de resultados, uma nova enzima, a Muramidase 007 (Figura 3), fosse introduzida na produção de frangos de corte. Esta enzima tem por objetivo hidrolisar os PGNs e assim contribuir para a ótima funcionalidade do TGI, resultando em melhor eficiência produtiva.

Funcionalidade intestinal e absorção de nutrientes Estudos realizados no Brasil com frangos de corte, utilizaram como parâmetros de medida duas metodologias: metodologia ISI e determinação de carotenoides no sangue. Estas metodologias correlacionadas comprovaram a melhora na funcionalidade intestinal e, portanto, aumento na absorção de nutrientes. A metodologia ISI – “I See Inside”, desenvolvida pela Profa. Dra. Elisabeth San-


Figura 3. Muramidase 007 – representação em 3D da estrutura superficial proteica. Klausen, et al. 2018

Gráfico 1. Correlação entre índice ISI em íleo aos 14 dias de idade e absorção de carotenoides sérico. O aumento no índice ISI representa uma redução na funcionalidade do órgão o que explica a redução na capacidade de absorção dos carotenoides bui para manter o equilíbrio da funcionalidade gastrointestinal, resultando em aumento da capacidade de absorção de nutrientes (Gráfico 2).

Muramidase & Eficiência Alimentar

Gráfico 2. Aumento na absorção de carotenoides com o uso de diferentes doses de Muramidase 007 (Balancius™) em dietas de frangos de corte

A manutenção do equilíbrio da funcionalidade gastrointestinal se reflete em melhor aproveitamento dos nutrientes da dieta e menor gasto energético para manutenção da homeostase, o que resulta em melhores resultados de desempenho zootécnico. Dos mais de 40 estudos realizados em frangos de corte com a inclusão de Muramidase 007 foram observadas melhorias médias de 3,3% em conversão alimentar (CA), quando comparada ao grupo controle, sem adição de aditivos (Tabela 1).

Conclusões

Tabela 1. Porcentagem de melhora em conversão alimentar (CA) de frangos suplementados com Muramidase 007 (Balancius™) em comparação ao grupo controle, nos mais de 40 estudos realizados em frangos de corte nos diferentes períodos produtivos tin, da Universidade Federal do Paraná, que está baseada em escores de lesão multiplicados por um fator de impacto, definindo assim para cada alteração histológica observada (fígado e íleo) um índice que expressa a funcionalidade do órgão (Belote, et al., 2018), correlacionada com a medida de carotenoides no sangue (bio-

marcador de saúde intestinal e absorção de nutrientes), explicam a melhora na funcionalidade intestinal, integridade, função do órgão e absorção de nutrientes (Gráfico 1). A inclusão de Muramidase 007 (Balancius™) na dieta de frangos de corte, atua na hidrólise dos PGNs o que contri-

A capacidade em hidrolisar os PGNs de fragmentos livres de células bacterianas mortas, da Muramidase 007, otimiza a utilização dos nutrientes, por dar suporte ao melhor funcionamento do TGI como um todo, o que se reflete em maior eficiência alimentar.

Referências Alcorlo, et al., 2017. Current Opinion in Structural Biology 2017; 44:87-100. Belote, et al., 2018. Poultry Science 97(7):2287–2294. Celi, et al., 2017. Animal Feed Science and Technology 234 (2017) 88–100. Klausen M, et al., IPPE, 2018. A Revista do AviSite

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Informativo Técnico-Comercial

Gestão de documentos em fábrica de rações Tão importante quanto os fatores da produção animal, a manutenção dos documentos da fábrica de rações livra o produtor de surpresas desagradáveis e garante competitividade no mercado Autoras: Raquel Pelicer Coelho, Gerente de gestão e controle de qualidade na Agroceres Multimix e Marcela Murakami, Analista de meio ambiente na Agroceres Multimix

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anejo, genética e nutrição. Estes são assuntos básicos que fazem parte da cartilha do produtor de proteína animal, no entanto, para que a granja funcione como uma verdadeira empresa, é imprescindível se atentar a mais um ponto: a gestão dos documentos relacionados à fábrica de ração. Muitos produtores deixam esse detalhe em segundo plano, correndo o risco de serem penalizados ou - até mesmo terem suas atividades suspensas. Para as fábricas de rações que comercializam seus produtos ou produzem para integrados, ou seja, não caracteriza fabricação para uso próprio, é necessário o registro do estabelecimento no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) para seu funcionamento, conforme orientam o Decreto 6296/2007 e a Instrução Normativa 15/2009 (MAPA). O registro tem validade de 5 anos a partir da emissão, porém, sua renovação deve ser requerida com até 60 dias de antecedência da data de expiração do registro. A perda do prazo pode acarretar em multa, além de outras penalizações, chegando a interdição temporária ou definitiva de funcionamento da fábrica pelo fiscal responsável. Quando da obtenção do registro do estabelecimento, é necessário encaminhar ao MAPA o manual de

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A Revista do AviSite

boas práticas de fabricação e os Procedimentos Operacionais Padrão (POP). A legislação (IN04/2007) exige a elaboração de nove procedimentos obrigatórios que devem ser revisados anualmente. Ainda que não haja alterações ou atualizações nesses procedimentos, é obrigatória a comprovação, evidenciando que todos eles foram avaliados dentro do período de um ano de sua elaboração ou última revisão. No registro do estabelecimento consta as atividades com as quais a empresa pode atuar, por exemplo, fabricação de rações. A empresa só pode fabricar produtos relativos aquela classe de produtos, se o estabelecimento estiver registrado com a atividade: fabricação de ração; não pode, sem prévia alteração de registro, passar a fabricar núcleos. Caso a empresa tenha a intenção de alterar a atividade, deve solicitar alteração de registro. Todo produto destinado à alimentação animal deve ser registrado no MAPA. Após a publicação da IN 42/2010, alguns produtos - como as rações - passaram a ser classificados como “isentos de registros” no MAPA, porém essa legislação exige a confecção, sob responsabilidade do responsável técnico, de um Relatório Técnico de Produto Isento (RTPI), assim como a aprovação das formulações, embalagens e rótulos. A isenção do registro não exime o

estabelecimento do cumprimento de todas as legislações aplicáveis a alimentos para animais. Os RTPI devem ser renovados conforme a atualização da formulação do produto ou alteração do processo fabril, já que possuem uma breve descrição do processo produtivo. Esses relatórios devem ser assinados pelo responsável técnico e arquivados por 2 anos. Para as empresas com registro no MAPA, deve ser enviado ao MAPA um relatório de produção mensal e, também, a lista atualizada de produtos isentos. As matérias-primas utilizadas para a produção de alimentos para animais devem ser registradas no MAPA. Algumas delas podem ser destinadas ao consumo humano e terem seu registro realizado na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Matérias-primas que não tenham registro no MAPA ou ANVISA não podem ser utilizadas na formulação de alimentos para animais, com exceção das matérias-primas isentas, de acordo com a IN42/2010 e IN 38/2015. Algumas matérias-primas, como: farelo de soja, farelo de trigo, farelo de glúten de milho, são isentas de registro, pois constam de uma listagem na Instrução Normativa 42/2010. Nos casos em que a matéria-prima é isenta de registro, exige-se que o estabelecimento tenha seu registro no MAPA ou ANVISA. É importante fi-


car atento, pois algumas matérias-primas podem ter usos diversos, como alimentação animal e fertilizantes, portanto é importante ficar atento ao rótulo. Caso o rótulo contenha termos como “grau técnico”, significa que a matéria-prima não é indicada para uso na alimentação animal.

Sobre os licenciamentos ambientais Em termos de legislação ambiental, conforme a Resolução CONAMA nº 237, de 19 de dezembro de 1997, a fabricação de rações balanceadas e de alimentos preparados para animais é uma atividade passível de licenciamento ambiental, cabendo ao órgão fiscalizador competente a definição dos critérios de exigibilidade do documento. Quando o porte e o potencial poluidor do empreendimento são considerados baixos, a licença de operação pode ser substituída por uma licença simplificada ou uma autorização de funcionamento. Essa classificação varia conforme legislação local, sendo imprescindível uma consulta detalhada do regimento ambiental municipal e estadual. As licenças de operação possuem prazo de validade variável, entre 4 e 10 anos. A renovação do documento deve ser solicitada com antecedência mínima de 120 dias da data de expiração. É importante lembrar que o prazo citado se refere à data limite para o protocolo da documentação. Ou seja, o processo de renovação (com preenchimento de requerimento e elaboração de relatórios, por exemplo) precisa ser iniciado bem antes disso. O protocolo periódico da comprovação de cumprimento das exigências técnicas e condicionantes da licença de operação é outro ponto importante que precisa ser devidamente gerenciado. Geralmente, os órgãos estipulam entregas anuais de relatórios, os quais são confirmados durante o processo de renovação do licenciamento. Dentre as condicionantes que podem ser exi-

gidas, destacam-se: a destinação adequada dos resíduos sólidos gerados, análises das emissões atmosféricas, medição dos ruídos e autorização para uso de águas subterrâneas, quando couber. Nesse caso, o empreendedor precisa obter, dependendo do volume de água captado, uma outorga ou cadastro de uso insignificante. A validade do documento é variável, geralmente de 3 a 10 anos. A solicitação de renovação precisa ser feita antes da expiração do documento (dependendo da localidade até 180 dias antes do vencimento). A perda de prazo de solicitação pode implicar em impossibilidade de renovação automática do documento, podendo o empreendedor ser multado e tendo que refazer o processo desde o começo. Da mesma forma que nos licenciamentos ambientais, as autorizações de consumo hídrico via poços tubulares podem exigir protocolos periódicos de condicionantes, como valores de captação e análises da qualidade da água. O controle minucioso desses prazos é muito importante para garantir conformidade com a legislação ambiental.

As matérias-primas utilizadas para a produção de alimentos para animais devem ser registradas no MAPA. Algumas delas podem ser destinadas ao consumo humano e terem seu registro realizado na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA)

Fique atento! Os pontos citados acima são os principais exigidos para fabricantes de alimentos para animais, porém é importante ressaltar que existem muitos outros que devem ser observados pelos responsáveis dos empreendimentos, além de outras exigências que podem variar de acordo com o Estado ou município de implantação. Como são diversas as exigências e variáveis - prazos para protocolos e renovações nos órgãos regulatórios -, é recomendável que seja implantado um mecanismo de controle e alerta dos prazos dos diversos documentos. Vale ressaltar que esse alerta precisa ser dado em tempo hábil para o levantamento de todos os documentos exigidos, previamente à expiração do prazo de protocolo preconizado em cada legislação para evitar problemas com os órgãos regulatórios. A Revista do AviSite

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Empresas

DSM e Novozymes lançam Balancius™ Produto é um grande avanço na nutrição de aves que aumenta significativamente a eficiência alimentar e a digestibilidade em frangos de corte

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otimização da funcionalidade gastrointestinal por meio do equilíbrio da composição alimentar e da microbiota é crucial para uma utilização eficiente dos nutrientes pelas aves. Juntamente com a parceira Novozymes na Aliança, a DSM criou o Balancius™, uma muramidase de ocorrência natural que remove detritos bacterianos compostos de fragmentos da parede celular de bactérias mortas que são liberadas no lúmen intestinal, onde podem interferir na superfície intestinal. Para o seu lançamento mundial realizado em São Paulo (SP) em Setembro, a empresa convidou representantes de empresas, parceiros, clientes e a imprensa especializada.

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De acordo com a empresa, o Balancius™ limpa efetivamente esses detritos por meio da hidrólise seletiva de polímeros chamados peptidoglicanos, que são elementos estruturais dentro das paredes celulares bacterianas. A otimização da funcionalidade gastrointestinal por meio da ação do Balancius™ tem o potencial de melhorar significativamente a eficiência da indústria de rações, por meio de maior digestibilidade, melhor utilização dos alimentos e aumento do ganho de peso. “À medida que a população aumenta, cresce também a demanda global pela produção de alimentos sustentáveis. Nós, na DSM, somos orientados pelo propósito e voltados para o desempenho, o que significa que consideramos que é nossa responsabilidade

conceber soluções inovadoras que atendam aos novos desafios enfrentados pelas gerações atuais e futuras. Para alcançar tais inovações, a DSM, em parceria com a Novozymes, aproveitou sua expertise científica e industrial para melhorar a utilização da ração”, diz David Blakemore, presidente de Nutrição e Saúde Animal da DSM. O anúncio é apoiado por dados de 40 estudos internacionais que mostraram que a adição de Balancius™ à ração de aves melhorou significativamente a taxa de conversão alimentar e o ganho de peso. Atualmente, os testes em andamento abordam o potencial da extensão do Balancius™ para outras espécies. “Esses resultados demonstram que otimizar a funcionalidade gastrointes-


• Uma inovação na nutrição de frangos de corte, o Balancius™ é a primeira e única muramidase que funciona no intestino para melhorar a eficiência alimentar e aumentar o rendimento sustentável da dieta. • Seu modo único de ação quebra peptidoglicanos (PGNs) de detritos celulares bacterianos, desbloqueando, assim, o potencial oculto na funcionalidade gastrointestinal. • Dados científicos demonstram que a inclusão do Balancius™ na dieta de frangos de corte melhora consistentemente a taxa de conversão alimentar em 4-6 pontos (3%), demonstrando uma melhora significativa na digestibilidade e eficiência alimentar. • O lançamento do Balancius™ é a mais recente inovação da Aliança da DSM com a Novozymes, refletindo a força de suas capacidades científicas e liderança contínua em nutrição e saúde animal.

tinal por meio da ação exclusiva de Balancius™ melhora significativamente a conversão alimentar e estimula o ganho de peso de frangos de corte. Esses resultados têm o potencial de melhorar drasticamente a capacidade de produção sustentável de aves e se traduzem em economias significativas para os produtores”, explica Sebastian Marten, vice-presidente de Enzimas e Eubióticos da DSM. “Juntas, a DSM e a Novozymes desenvolveram uma solução que contribui para o crescimento e o bem-estar dos animais, removendo os detritos celulares bacterianos do intestino da s aves. Nenhuma outra tecnologia funciona assim”, afirma Susanne Palsten Buchardt, vice-presidente da Novozymes para Nutrição e Saúde Animal Comercial. “É uma inovação revolucionária baseada em nossa Aliança de 20 anos com a DSM”. Até o momento, o Balancius™ foi registrado na América Latina (Brasil, Argentina, Chile, Colômbia, Costa Rica, México), nos EUA e na APAC (Bangladesh, Paquistão e Índia). A região EMEA (Europa, Oriente Médio e África) seguirá em breve (meados de 2019), após um parecer positivo publicado pela EFSA EU (Autoridade de Segurança Alimentar da Europa) em junho deste ano.

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Análise

O foco em rentabilidade na avicultura brasileira

O foco em rentabilidade poderia ter garantido um ajuste mais preciso da produção avícola, que poderia ter reagido aos desafios recentes de forma mais ágil e com melhores soluções em curto prazo Autor: Geraldo Broering, Gerente-geral da Agri Stats para a América Latina

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setor de produção de aves no Brasil, culturamente, sempre observou em primeiro lugar os índices relacionados à produtividade como máxima para o comando das operações. No entanto, os fatos recentes que impactaram o mercado avícola brasileiro em 2018, especialmente no primeiro semestre, demonstraram que é preciso ajustar o foco da produtividade para a rentabilidade, uma mudança de visão e de prioridade na cadeia produtiva que pode levar ao aumento, ou na atual situação, ao menos à manutenção das margens e ao equilíbrio do faturamento total. Como é de conhecimento do setor avícola, fatores como a greve dos caminhoneiros e a alta do custo de grãos, causaram a elevação dos custos de produção, impactados pela

dificuldade na produção e na logística. O embargo da China e a dificuldade de alguns frogoriíficos para exportar para a Europa são outros fatores de impacto nas vendas do ano de 2018. O custo médio do quilo do frango vivo subiu 18% entre janeiro e junho. O preço médio de produção do quilo do frango vivo passou de R$ 2,14, em janeiro, para R$ 2,22, em março, chegando a R$ 2,46, em junho e a R$ 2,53, em agosto. O foco em rentabilidade poderia ter garantido um ajuste mais preciso da produção avícola, que poderia ter reagido aos desafios recentes de forma mais ágil e com melhores soluções em curto prazo. Para contextualizar a informação, vale destacar que a produtividade está relacionada à performance e à conversão alimentar. Por outro lado, a rentabilidade, que é foco deste

O foco em rentabilidade poderia ter garantido um ajuste mais preciso da produção avícola

artigo, trata da relação entre o custo da tonelada da ração e a conversão alimentar. Ou seja, a prioridade passa a ser o custo alimentar, ou quanto se gasta para manter os bons índices de conversão. Embora seja uma ótica que começa a mudar no cenário avícola brasileiro, muitas empresas ainda focam na conversão alimentar, esquecendo-se de que a rentabilidade é o que vai garantir que se mantenham os ganhos, gastando-se menos em toda a operação.

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Porém, como implementar esse ajuste de foco na prática? O benchmarking, que consiste na análise das práticas mais eficientes do mercado pode ser de grande valia. Essa avaliação de iniciativas diferenciadas e que trazem bons retornos financeiros é fundamental para oxigenar sistemas produtivos que funcionam, mas que podem tornar-se ainda mais eficientes. Também é uma excelente alternativa para trazer amadurecimento e consolidação a um mercado internacionalmente reconhecido por sua profissionalização e estrutura de ponta, como é o caso brasileiro. Avaliando-se os recentes desafios, ter a rentabilidade como norte pode garantir menores impactos inclusive futuramente, visto que se desenha um cenário de possível manutenção na alta dos custos de produção, principalmente em função da manutenção da alta dos custo dos grãos. Os principais ingredientes da ração, o milho e a soja, são insumos que devem continuar em alta. Se em 2015 a saca do milho era vendida a R$ 25,00 no Brasil, em 2016, chegou a R$ 41,00. Em 2017, o valor foi a R$ 28,00, enquanto em 2018, chegou a R$ 36,00 de média. Em junho deste ano, no mês mais de valor mais alto, a saca foi vendida a R$ 39,00, seguida por R$ 37,00 em julho. A estimativa

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Análise de produção do milho do USDA era de estoques a 13,5% na safra 2017/2018, enquanto para 2018/2019 essa previsão poderá apresentar queda de pelo menos 3%. As estimativas da Agri Stats avaliam que a queda pode ser ainda maior, com estoques chegando a 9,48% na próxima safra. Com estoques menores e a demanda em evolução, a tendência é que os custos continuem em alta. A previsão do USDA é para que os estoques finais de milho cheguem a 155 milhões de toneladas, com os Estados Unidos produzindo e exportando mais. No Brasil, devido ao clima e a fatores de mercado, a perspectiva é de 94,5 milhões de toneladas produzidas, com redução na previsão do USDA para o mês de agosto ante o mês de julho. Com relação ao farelo de soja, os custos passaram de R$ 994, na média de 2017, para R$ 1.312, no acumulado de 2018, chegando, no mês de junho, a R$ 1.414, e a R$ 1.389,00, em julho. Como estamos em período de entressafra, que alcançará os próximos três ou quatro meses, não há previsão de queda de preços. A previsão do USDA para a safra 2018/2019 era de 8,7%, em julho, mas foi ajustada, em julho, para 13,7%. As exportações dos Estados Unidos, que diminuiram influenciadas pelo “efeito Trump”, também devem ser reduzidas. Este cenário pode ser favorável para o produtor de soja brasileiro, já que os chineses que compravam soja norte-americana poderão passar a comprar do Brasil. No entanto, esse mesmo cenário não é benéfico para a agroindústria do frango, porque manterá a commoditie mais cara. Com relação a frangos de corte, que também registraram elevação de preços, os custos de granja saltaram de R$ 0,17 por quilo de frango produzido, em 2013, para R$ 0,26, em 2018. O Brasil tem ainda a vantagem dos custos mais baixos em relação aos Estados Unidos, que têm mão de obra mais cara. Com foco na rentabilidade, a eficiência deve ser a prioridade. A eficiência

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Análise

Ao avaliarmos o custo ajustado, que padroniza todo o frango produzido a 2,7kg na comparação, o Brasil conseguiu equiparar-se aos Estados Unidos, em 2018

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é a relação entre o custo alimentar e a conversão, e ao receber a devida atenção, leva à busca pela produção de proteína nos mesmos índices de performance, porém com custos menores. Neste quesito, as empresas avícolas brasileiras têm obtido excelentes resultados. A conversão alimentar evoluiu muito nos últimos seis anos. Se em 2013 o frango consumia 1,79 kg de ração para produzir 1 kg de carne, hoje esta proporção já está em 1,74 kg, uma melhora total de 50 gramas, contribuindo com nossa eficiência. Ao avaliarmos o custo ajustado, que padroniza todo o frango produzido a 2,7kg na comparação, assim como o preço dos ingredientes da ração, o Brasil conseguiu equiparar-se aos Estados Unidos, em 2018. O custo da fórmula brasileira tem apresentado queda, em função do novo olhar das empresas para a rentabilidade. Com a revisão da fórmula, a redução possível foi de R$ 0,19 por quilo de carne produzida. E isso se deve à diminuição da caloria do alimento das aves e a uma leve redução do percentual de proteína. Embora seja considerada uma ração menos enriquecida, ainda é possível manter bons níveis de performance do frango. A mortalidade também vem caindo nos últimos anos, trazendo mais um ponto positivo para o foco em rentabilidade. Temos hoje a mais baixa mortalidade já registrada, a 4,4%. Este índice deve ser comemorado, graças aos bons programadas de manejo e sanidade praticados no Brasil. O peso médio dos frangos abatidos pela agroindústria brasileira aumentou e hoje está em 3kg, em média, um acréscimo de pelo menos 400g em relação aos últimos cinco anos. Da mesma forma, também continua evoluindo o número de ovos produzidos por galinha alojada. A média brasileira alcançou 176 ovos, resultado significativamene superior aos 158 ovos de média do México e Estados Unidos. No abatedouro, os custos brasi-

leiros também são bastante competitivos. Enquanto a agroindústria no Brasil trabalha com R$ 0,76 por quilo de carne de frango produzida, nos Estados Unidos a média é de R$ 1,97. Isso impacta o preço de venda da proteína norte-americana, conferindo vantagem às exportações brasileiras, que além de mais baratas, possuem um status sanitário bastante positivo. Claro que esta avaliação tem abordagem em custos, necessitando de uma análise mais detalhada de mix de produção. Nesta equação, também é importante frisar que os produtores norte-americanos têm no mercado interno 75% de suas vendas. O consumo do país prioriza peito e asa. Avaliando-se o rendimento de carcaça (WOG), também percebemos uma grande evolução nos índices do Brasil. O aumento foi de 4% nos últimos cinco anos, passando de 74% em 2013, para 78% em 2018. No mesmo período, o aumento do rendimento da carcaça (WOG) produzida nos Estados Unidos foi de 2%. Com relação à carne de peito, um dos cortes mais valorizados da proteína, o rendimento também registrou alta, de 20,6% para 22,9%, no período de 2013 a 2018. Vale salientar que todos esses índices positivos e em constante evolução são fruto de uma mudança que começa a ser percebida no mercado. É claro que o foco maior em rentabilidade, dado por algumas empresas do setor nos últimos anos, sem deixar de lado a importância da produtividade, tem sido fundamental para a otimização dos custos e da qualidade de nossa produção. Porém, outros fatores, como a melhor exploração do potencial de nossas aves, também contribuem para o cenário promissor que se desenha. Seja qual for o cenário econômico, com parcerias comerciais e clima favoráveis ou não, olhar para a rentabilidade como aspecto primordial da operação sempre trará os melhores resultados financeiros, desde que não deixe de lado a garantia de qualidade.


Mercado

Valor em Reais recebido com exportação da carne de frango é recorde em agosto Autores: Juliana Ferraz1, Maristela de Mello Martins1, Luiz Gustavo Tutui1 e Sergio De Zen2 1) Analistas da Equipe de Aves, Suínos e Ovos do Cepea, da Esalq/USP; 2) Professor Dr. da Esalq e pesquisador responsável pela área de pecuária do Cepea, da Esalq/USP.

O

fortalecimento do dólar tende a deixar produtos nacionais mais competitivos no mercado internacional. Na cadeia de frango, no entanto, o preço de exportação da carne brasileira in natura subiu em agosto. Esse cenário atrelado ao câmbio elevado fizeram com que o preço da proteína em Reais atingisse recorde no mês passado. Em agosto, o dólar teve média de R$ 3,93, atingindo máxima de R$ 4,16 no dia 30. Segundo relatório da Secex, a carne de frango in natura foi exportada com preço médio de US$ 1,55/kg, alta de 2,9% frente ao de julho. O valor recebido pelo exportador em moeda nacional subiu 5,8% de julho para agosto, a R$ 6,09/kg. Foram exportadas 368,48 mil toneladas de carne de frango in natura em agosto, recuo expressivo de 15,9% frente a julho, quando os embarques da proteína atingiram recorde (série iniciada em 2004) e redução de 3,7% na comparação com agosto/17, segundo dados da Secex. Apesar desse recuo, o volume exportado em agosto foi o terceiro maior desde 2017, atrás justamente de agosto/17 e julho/18. As maiores cotações contribuíram para atenuar os efeitos da redução do volume exportado em agosto. Dessa forma, a receita obtida pelo setor foi de aproximadamente R$ 2,25 bilhões, 15% acima da recebida em agosto do ano passado. As maiores compras no período foram realizadas pela África do Sul, China, Arábia Saudita e Japão, que, juntos, já adquiriram o equivalente a 57% de toda a proteína de frango enviada ao exterior em 2018, somando receita de aproximadamente US$ 1,7 milhão. O desempenho favorável das exportações de carne de frango in natu-

ra em julho/18 e em agosto/18 tem ajudado a cadeia da avicultura de corte a amenizar parte das perdas acumuladas desde o final de 2017. No correr da primeira metade do ano, o setor passou ao menos por três medidas internacionais que restringiram a entrada de frango brasileiro em importantes países demandantes. Dentre essas medidas estão o descredenciamento de frigoríficos brasileiros por parte da União Europeia, alterações nas normas para abate halal de frango pela Arábia Saudita e a sobretaxa imposta pela China sobre a carne como medida antidumping. Em abril, a União Europeia anunciou a proibição de cerca de 20 frigoríficos brasileiros a enviar carne para o bloco sob a alegação de problemas sanitários com contaminação pela bactéria salmonela. Felizmente, os efeitos do embargo não perduraram por muito tempo e o quadro foi revertido. Somente nos oito primeiros meses de 2018, a quantidade da proteína enviada ao bloco europeu já é 12% maior que a de todo ano passado. Quanto à China, mesmo com a sobretaxa imposta, os resultados também estão favoráveis frente aos de 2017. De janeiro a agosto deste ano, a quantidade de carne exportada para a China já está 12% superior ao do mesmo período de 2017. A Arábia Saudita (principal compradora), por outro lado, no mesmo período, reduziu suas compras em expressivos 27%, corroborando para a queda do volume e receita exportado pelo setor em 2018, em 8% e 14%, respectivamente, frente a 2017. Mesmo com resultado aquém do esperado e mercado doméstico ainda enfraquecido, o setor vem dando sinais de recuperação nos últimos me-

ses. Para efeito de comparação, de dezembro/17 a maio/18, quando as exportações estavam enfraquecidas, o preço do frango congelado na Grande São Paulo recuou 9%, enquanto de dezembro/17 até agosto, os valores se estabilizaram, com pequena recuperação de 0,6%. MERCADO EM AGOSTO – Os preços do animal vivo e da carne estiveram enfraquecidos ao longo de praticamente todo o mês de agosto, enquanto os valores de alguns insumos (especialmente milho e farelo de soja) subiram, em certos casos impulsionados pela forte valorização do dólar. No início do mês, produtores ficaram frustrados, pois tinham expectativa de que a demanda aumentasse, fundamentados no típico aquecimento no período e também no fim das férias escolares. No final de agosto, o movimento de queda nos preços do animal foi reforçado, visto que a demanda interna não reagiu como o esperado. No mês, o frango congelado registrou média de R$ 3,65/kg no atacado da Grande São Paulo, 6,1% abaixo da de julho/18 (de R$ 3,89/kg), mas 9% acima da de agosto/17 (R$ 3,36/kg), em termos nominais. A média do frango resfriado esteve em R$ 3,60/ kg, queda de 3% frente à de julho (R$/kg), mas alta de 6,4% em relação a agosto/17 (R$ 3,39/kg). Apesar das desvalorizações observadas para a carne, o preço do animal vivo segue estável. Na parcial de agosto, o frango vivo, negociado na Grande São Paulo, teve média de R$ 2,96/kg, com ligeiro recuo de 0,5% frente ao mês anterior e expressivo aumento de 20,7% em relação a agosto/17. A Revista do AviSite

65


Estatísticas e Preços

Produção e mercado em resumo Perdas imensas na avicultura de postura comercial Produção de pintos de corte Julho 503,995 Milhões | -2,19%

Produção de carne de frango Agosto 1.090,765 Mil toneladas | -4,59%

Exportação de carne de frango Agosto 387,768 mil toneladas | -4,86%

Disponibilidade interna Agosto 702,997 Mil toneladas | -4,44%

Farelo de Soja Setembro R$1.394,00 | +45,97%

Milho Setembro R$43,05 | +44,22%

Desempenho do frango vivo Setembro R$3,19 | +27,65%

Desempenho do ovo Setembro R$58,21 | -21,85%

66 A Revista do AviSite

N

o cenário internacional, o Canadá avalia nova estratégia de vigilância para Gripe Aviária diante da ineficiência do sistema atual utilizado por todos os países, inclusive o Brasil, que é realizado por amostragem através da coleta de sangue de aves selvagens capturadas em santuários ecológicos e, ainda, pela análise de aves mortas encontradas nesses refúgios. Nesse sentido, pesquisadores integrantes da Rede Cooperativa Canadense para a Saúde da Fauna (CWHC na sigla em inglês) avaliam a mudança de foco no sistema de vigilância: em vez de analisar as aves, o processo analisa as fezes dessas aves – ou, mais exatamente, os sedimentos das terras úmidas dos santuários ecológicos, locais onde se concentram os excrementos das aves migratórias. De acordo com o CWHC, um estudo piloto foi capaz de detectar a presença do vírus da Influenza Aviária em até 37% das amostras de sedimento, em comparação com uma taxa de detecção inferior a 1% obtida pelo atual programa de vigilância de aves selvagens mantido pelo governo canadense. Agora, esse projeto de pesquisa pretende refinar a nova tecnologia e obter uma validação de campo em larga escala. Nele também serão analisadas amostras de sedimentos de granjas avícolas para identificar fatores que promovam ou impeçam a contaminação ambiental pelo vírus da Influenza Aviária – o que pode conduzir a alterações dos atuais sistemas de biossegurança.

N

o cenário nacional, levantamento realizado pelo Avisite indica forte retração na produção de carne de frango: enquanto na década passada, a primeira do novo milênio, o crescimento médio anual atingiu 7,5%, nesta presente década – até 2017 – alcança apenas 1,5%. Se considerada a redução prevista para o corrente ano, o crescimento será ainda menor, no máximo,1,2%. Em agosto, conforme levantamento da Embrapa Suínos e Aves o custo de produção de frango vivo atingiu R$2,87. Considerando os oito primeiros meses do ano, chega-se a um custo de produção da ordem de R$2,77/kg, valor 16% superior ao custo médio de pouco mais de R$2,38/kg registrado entre janeiro e agosto de 2017. Em setembro, enquanto o frango vivo no mercado paulista obteve valorização mensal de 6,2% e anual de 27,4%, o frango abatido no grande atacado de São Paulo alcançou incremento mensal de 15,3% e anual de 17,3%. No acumulado de janeiro a setembro, enquanto o frango vivo obteve valorização de 5,4%, o frango abatido sofreu redução de 1,5%. Já na avicultura de postura comercial as perdas são imensas: nos primeiros nove meses do ano atingiu 18,6%.


Produção de pintos de corte

Em julho, estabilidade no volume produzido

O

EVOLUÇÃO MENSAL MILHÕES DE CABEÇAS

MÊS

2016/2017

2017/2018

VAR. %

Agosto

546,836

531,982

-2,72%

Setembro

497,702

497,107

-0,12%

Outubro

510,632

521,308

2,09%

Novembro

525,170

506,821

-3,49%

Dezembro

560,266

534,215

-4,65%

Janeiro

535,647

556,669

3,92%

Fevereiro

494,423

484,996

-1,91%

Março

517,196

514,578

-0,51%

Abril

508,875

469,768

-7,68%

Maio

522,835

462,848

-11,47%

Junho

526,325

486,324

-7,60%

Julho

515,254

503,995

-2,19%

Em 07 meses

3.620,555

3.479,178

-3,90%

Em 12 meses

6.261,162

6.070,611

-3,04%

Fonte dos dados básicos: APINCO – Elaboração e análises: AVISITE

PRODUÇÃO REAL Produção mensal ajustada para mês de 30 dias 18,0 Milhões de cabeças 17,2 16,2

Out

2017

Nov

Dez

Jan

Fev

Mar Abr

Mai

487,7

Set

486,3

Ago

447,9

466,8

Jul

16,3

14,9

498,0

517,0

506,8

497,1

504,5

514,8

16,6 15,7

538,7

16,6

16,9

17,2

17,2

519,6

16,6 16,8

498,6

s dados divulgados pela APINCO apontam que, após três meses sucessivos de volumes inferiores a 500 milhões de cabeças, em julho passado a produção brasileira de pintos de corte voltou a superar essa marca. Mas por margem mínima, pois embora o volume nominal do mês tenha aumentado 3,7%, em valores reais (isto é, levando em conta que julho tem um dia a mais que junho) o aumento foi inferior a 0,3%. Enfim, a produção nominal de julho aproximou-se dos 504 milhões de pintos de corte, resultado que significa redução de mais de 2% em relação ao que se produziu no mesmo mês do ano anterior. A redução, aliás, repetiu-se pelo sexto mês consecutivo (só no início do ano houve acréscimo de produção em comparação a janeiro/17), fazendo com que o acumulado nos sete primeiros meses de 2018 apresente queda próxima de 4%. Nesse período o volume médio mensal ficou em cerca de 497 milhões de pintos produzidos que, projetados para o restante do ano aponta para um total anual de 5,964 bilhões de pintos de corte. Se alcançado significará redução de 4% sobre o volume produzido em 2017. Entretanto, o volume anualizado (agosto de 2017 a julho de 2018), pouco superior a 6,070 bilhões de pintos de corte, apresenta redução de 3% em relação a idêntico período anterior. Esse índice caminha para uma redução natural nestes próximos meses, pois a tendência, doravante, é de volumes superiores aos alcançados em julho. Nesse caso, mantendo o mesmo volume médio mensal de 518,3 milhões alcançado nos últimos cinco meses do ano passado o volume anual equivalerá a redução de 2,3%. É pouco provável, assim, que se alcance o que foi registrado em janeiro deste ano, ocasião em que – baseado apenas na expectativa de uma melhora do mercado, o que acabou não acontecendo – o setor produziu perto de 557 milhões de pintos de corte, o maior volume alcançado desde janeiro de 2017.

Jun

Jul

2018 A Revista do AviSite

67


Estatísticas e Preços Produção de carne de frango

Expansão anual na presente década deve ficar próxima de 1%

D EVOLUÇÃO MENSAL MIL TONELADAS

MÊS

2016/2017

2017/2018

VAR. %

Setembro

1.073,328

1.096,787

-

Outubro

1.125,320

1.149,016

-

Novembro

1.035,096

1.094,134

-

Dezembro

1.099,989

1.150,632

-

Janeiro

1.211,185

1.166,737

-3,67%

Fevereiro

1.067,817

1.083,073

1,43%

Março

1.173,662

1.199,919

2,24%

Abril

1.131,198

1.132,066

0,08%

Maio

1.138,828

1.094,139

-3,92%

Junho

1.098,920

1.026,523

-6,59%

Julho

1.156,782

1.028,138

-11,12%

Agosto

1.143,201

1.090,765

-4,59%

Em 08 meses

9.121,593

8.821,359

-3,29%

Em 12 meses

13.455,326

13.311,929

-

Fonte dos dados básicos: APINCO - Projeções e análises: AVISITE

PRODUÇÃO EM PERÍODO DE DOZE MESES

-2,5%

-1,9%

AGO SET

-1,3%

OUT

0,1%

NOV

2017

68 A Revista do AviSite

0,7%

DEZ

-0,1%

JAN

0,4%

FEV

0,8% 0,9%

MAR

ABR

0,8%

MAI

2018

0,4%

JUN

13,312

13,364

13,493

13,565

13,610

13,609

13,583

13,568

13,612

13,562

13,502

13,479

13,455

Agosto de 2017 a Agosto de 2018 Milhões de toneladas

-0,6% -1,1%

JUL

AGO

eixando de sofrer a influência dos graves efeitos da paralisação dos caminhoneiros que afetou fortemente os alojamentos de pintos de corte no último decêndio de maio e, baseado, nos alojamentos da segunda quinzena de junho e primeira de julho, a produção de carne de frango de agosto recuperou volume e se aproximou de 1,1 milhão de toneladas. O volume produzido estimado pela APINCO, baseado em parâmetros específicos de produtividade e mortalidade alcançou, mais exatamente, 1.090.765 toneladas e representou aumento de 6% sobre o mês anterior. Na comparação anual, o índice continua negativo, atingindo 4,6% de redução sobre agosto do ano passado. O volume acumulado nos primeiros oito meses do ano atinge 8,821 milhões de toneladas, representando cerca de 3,3% de redução sobre o mesmo período de 2017. O volume médio mensal na casa de 1,102 milhão de toneladas projeta para o ano cerca de 13,232 milhões de toneladas. Se atingido, significará redução anual de 2,8%. Por ora, o volume acumulado nos últimos doze meses - setembro de 2017 a agosto de 2018 - alcança 13,312 milhões de toneladas. No último quadrimestre do ano passado o volume médio produzido alcançou 1,123 milhão de toneladas e as indicações são de que o volume deste atual quadrimestre pode ser maior. Se realmente se confirmar, o índice de redução pode ficar mais próximo dos 2%. Dados levantados pelo Avisite indicam que na primeira década deste milênio, a produção alcançou índice de crescimento anual muito próximo de 7,5%. Já na presente década, o volume apontado para 2017 correspondeu a uma expansão, próxima de 1,5% ao ano, índice que tende a recuar ainda mais se considerado também o presente exercício. Ou seja, o volume produzido nos últimos doze meses, indica expansão anual de apenas 1% no decorrer desta década.


Exportação de carne de frango

Redução de 7,7% neste ano

O

EVOLUÇÃO MENSAL MIL TONELADAS

MÊS

2016/2017

2017/2018

VAR. %

Setembro

380,502

380,030

-0,12%

Outubro

308,077

358,809

16,47%

Novembro

321,468

318,132

-1,04%

Dezembro

356,915

313,664

-12,12%

Janeiro

354,971

323,279

-8,93%

Fevereiro

325,372

304,376

-6,45%

Março

374,623

367,677

-1,85%

Abril

317,708

247,296

-22,16%

Maio

344,662

327,975

-4,84%

Junho

362,965

230,425

-36,52%

Julho

375,633

454,482

20,99%

Agosto

407,568

387,768

-4,86%

2.863,503

2.643,278

-7,69%

4.230,465

4.013,913

-5,12%

Em 08 meses

Em 12 meses

Fonte dos dados básicos: SECEX/MDIC

EXPORTAÇÃO EM PERÍODO DE 08 MESES

2,643

2,864

2,768

2,942

Janeiro a Agosto - 2014 a 2018 Milhões de Toneladas

2,606

s dados de carne de frango divulgados pela SECEX/MDIC relativos a agosto passado englobando os quatro principais itens exportados pelo setor – frango inteiro, cortes de frango, industrializados de frango e carne de frango salgada – apontam para um volume total embarcado de 387,8 mil toneladas, representando retrocesso na comparação mensal e anual. Embora ainda persistam algumas incógnitas na distribuição mensal das exportações de carne de frango (mudanças na sistemática de levantamentos da SECEX/MDIC geraram altos e baixos que não se justificam), o total acumulado em oito meses se mostra mais condizente com a (ainda desafiante) realidade do setor. Assim, o volume embarcado entre janeiro e agosto soma pouco mais de 2,640 milhões de toneladas, encontrando-se quase 8% aquém do que foi registrado em idêntico período de 2017. Aliás, com esse índice de redução, o volume registrado é apenas levemente superior ao embarcado em idêntico período de 2014. Nesse período, os 10 principais importadores do produto que são responsáveis por dois terços das exportações brasileiras tiveram queda de 6,6% no volume embarcado. Já o terço restante, composto por 139 países, tiveram recuo de praticamente 10%. A redução mais significativa é a da Arábia Saudita, a primeira e mais tradicional importadora da carne de frango brasileira. Neste ano os sauditas reduziram suas compras em 115 mil toneladas, volume que correspondeu a mais da metade das 220 mil toneladas que o Brasil deixou de exportar no período. Nos últimos doze meses – setembro de 2017 a agosto de 2018 – o volume embarcado totalizou 4,014 milhões de toneladas, equivalendo a redução de 5,1% sobre o mesmo período imediatamente anterior. Para que a previsão divulgada pela ABPA indicando a possibilidade de fechar o ano com 3% de redução se confirme, o volume médio embarcado mensalmente neste último quadrimestre de 2018 deve atingir cerca de 366 mil toneladas.

2014

2015

2016

2017

2018 A Revista do AviSite

69


Estatísticas e Preços Disponibilidade Interna de Carne de Frango

Passados dois terços do ano, oferta interna tem redução de 1,3%

P

Evolução Mensal MIL TONELADAS

MÊS

2016/2017

2017/2018

VAR. %

Setembro

692,826

716,757

-

Outubro

817,243

790,206

-

Novembro

713,628

776,002

-

Dezembro

743,074

836,969

-

Janeiro

856,213

843,458

-1,49%

Fevereiro

742,445

778,697

4,88%

Março

799,039

832,242

4,16%

Abril

813,490

884,769

8,76%

Maio

794,165

766,164

-3,53%

Junho

735,955

796,098

8,17%

Julho

781,149

573,657

-26,56%

Agosto Em 08 meses

Em 12 meses

735,633

702,997

-4,44%

6.258,088

6.178,081

-1,28%

9.224,859

9.298,015

-

Fonte dos dados básicos: APINCO - Projeções e análises: AVISITE

OFERTA EM PERÍODO DE DOZE MESES

2017

70

A Revista do AviSite

J

9,538 9,478

9,506

9,402

D

F

M

A

M

2018

J

9,298

N

9,331

O

9,365

9,284 9,222

S

9,378

A

9,249

9,225

9,435

Milhões de toneladas

J

A

elas projeções da APINCO (que estima viabilidade de 96% dos pintos de corte alojados; abate aos 45 dias de idade; e peso médio, abatido, de 2,440 kg para o mercado interno e 1,350 kg para o mercado externo – neste último peso incluídos os “grillers”), a produção de carne de frango em agosto atingiu cerca de 1,091 milhão de toneladas e representou redução anual de 4,6%. Já na comparação com o mês anterior, julho, houve crescimento de 6,1%. As exportações atingiram quase 388 mil toneladas e sofreram uma redução anual próxima de 5%. Já na comparação com o mês anterior, julho, o retrocesso atingiu quase 15%. De toda maneira, os números de julho último divulgados pelo Secex/MDIC estão distorcidos. Como resultado, a oferta interna aparente ficou próxima de 703 mil toneladas, equivalendo a redução anual de 4,4%. Em relação ao mês anterior, houve aumento superior a 22%. Todavia esse índice de crescimento mensal deve ser visto com reservas pois teve a influencia de um crescimento excepcional das exportações em julho que, possivelmente, foram restos não contabilizados referente ao mês anterior, junho. Com isso, a disponibilidade interna de julho foi fortemente influenciada e, na realidade, não deve ter sido assim tão baixa. Agora, o resultado acumulado nos primeiros oito meses deste ano alcança 6,178 milhões de toneladas e representa redução de 1,3%. O volume médio mensal do período - 772 mil toneladas – projetado para o restante do ano aponta para um volume próximo de 9,270 milhões de toneladas. Se alcançado, equivalerá a redução anual de 1,2%. Nos últimos doze meses – setembro de 2017 a agosto de 2018 – o volume acumulado está levemente acima do projetado, atingindo 9,298 milhões. O volume disponibilizado nos últimos doze meses ou o projetado para o ano indica um consumo per capita próximo de 44,5 kg, significando redução em relação ao ano anterior, quando alcançou 45,3 kg.


Mercado

Desempenho do frango vivo em setembro de 2018

Valor médio dos nove primeiros meses de 2018 apresenta valorização de mais de 5,5% sobre idêntico período de 2017 dezembro de 2016), os preços do produto ficaram negativos em relação ao mesmo mês do ano anterior. A crise no abastecimento ocasionada pela greve dos caminhoneiros potencializou os resultados daquele mês. Mas eles já haviam sido deflagrados antes do movimento. Tanto que, normalizado o abastecimento, a valorização (em relação ao ano anterior) persistiu, atingindo seu ápice agora em setembro, quando o valor médio do mês ficou quase 28% acima do registrado um ano atrás. Efeito, claro, da readequação da produção ao mercado, efeito agora incrementado com a retomada das exportações. Com tudo isso, o valor médio dos nove primeiros meses de 2018 – R$2,70/kg – apresenta valorização de mais de 5,5% sobre idêntico período de 2017, encontrando-se ainda quase 4,5% acima da média anual do ano passado (R$2,58/kg). Notar, porém, que o resultado atual permanece aquém daquele observado em 2016, quando o preço médio do frango vivo ficou próximo dos R$2,90/kg. E as condições de produção não são nada melhores que as de dois anos atrás.

FRANGO VIVO

Evolução de preços na granja, interior paulista – R$/KG Média mensal e variação anual e mensal em treze meses MÉDIA R$/KG

VARIAÇÃO % ANUAL MENSAL

SET

2,50

-19,29%

0,08%

OUT

2,63

-15,03%

5,28%

NOV

2,70

-12,90%

2,51%

DEZ

2,70

-10,72%

0,00%

JAN/18

2,57

-2,98%

-4,84%

FEV

2,48

-6,02%

-3,63%

MAR

2,36

-12,57%

-4,86%

ABR

2,20

-12,00%

-6,61%

MAI

2,37

-5,04%

7,91%

3,07

22,77%

29,29%

3,00

20,00%

- 2,13%

AGO

3,00

20,00%

0,00%

SET

3,19

27,65%

6,46%

Jun

116,1

112,4

116,1

Jul

Ago

2013

R$ 2,47

2014

R$ 2,42 R$ 2,62

2015

R$ 2,89 R$ 2,58

2017

R$ 2,70

2018

2018 Média 1995/2017 (23 anos)

116,4

Mai

R$ 2,08

2012

114,9

Abr

106,2

118,7

Mar

101,7

93,4 91,9

95,3 85,2

100,0 91,4

Fev

R$ 1,92

2016

JUL

105,3 95,9

102,4 99,5

Jan

R$ 1,65

2010 2011

JUN

Preço relativo em 2018 comparativamente à média de 23 anos (1995/2017) Média mensal do ano anterior = 100

R$ 1,63

2009

Set

Out

Nov

118,4

MÊS.

Média anual em 10 anos R$/KG

123,6

frango vivo e ovo encerraram o nono mês do ano em situações opostas: o frango obtendo o melhor desempenho de 2018; o ovo enfrentando uma das menores cotações do presente exercício. O frango vivo, aliás, alcançou no mês que passou a melhor cotação nominal de sua história. Ou seja: ainda que por margem mínima (+1,03%), a cotação média em torno de R$3,19/kg superou o recorde de R$3,16/kg mantido desde agosto de 2016, época de crise (disponibilidade e custo) no abastecimento de matérias-primas. É verdade que, no decorrer do último mês (segunda quinzena), a firmeza nas negociações obtida pelo produto disponibilizado no mercado paulista passou a sofrer os influxos da menor demanda pelo frango abatido e, com isso, algumas vendas passaram a ser efetivadas por valores inferiores ao preço de referência. Mesmo assim, o panorama foi mais cômodo que o de agosto de 2016 - pelo menos em relação ao milho. Não se conclua, porém, que este foi – em termos de preço médio – o melhor resultado real do frango vivo em todos os tempos. Longe disso. Pois, considerada a inflação acumulada nos dois últimos anos, o preço alcançado em agosto de 2016 foi pelo menos 5% maior. E, retrocedendo um pouco mais no tempo, verifica-se que bons mesmos foram os preços alcançados no final de 2012. Pois os R$2,95/kg então alcançados equivalem hoje a mais de R$4,00/kg. De toda forma, o frango vivo começa a proporcionar no ano (comparativamente a 2017) um ganho mais palpável - um processo que começou em junho passado. Pois até então, por 18 meses consecutivos (ou seja, desde

115,5

O

Dez

A Revista do AviSite

71


Estatísticas e Preços Mercado

Desempenho do ovo em setembro de 2018

Ovo completa três quartos do ano valendo 18,55% menos que em idêntico período do ano passado

Média mensal e variações anual e mensal em treze meses MÊS.

MÉDIA R$/CXA

Média anual em 10 anos R$/CAIXA

VARIAÇÃO % NO ANO

NO MÊS

2009

SET

74,48

2,25%

-7,29%

OUT

69,04

0,70%

-7,30%

NOV

66,00

-3,00%

-4,40%

2011

DEZ

64,36

-13,03%

-2,48%

2012

JAN/18

53,92

-12,21%

-16,22%

FEV

71,35

-15,54%

32,31%

MAR

79,08

-10,59%

10,83%

2014

ABR

67,75

-25,66%

-14,32%

2015

2010

R$ 38,63 R$ 37,93 R$ 44,61 R$ 49,11 R$ 57,86

2013

MAI

62,84

-24,57%

-7,25%

JUN

80,23

-7,40%

28,26%

JUL

63,12

-24,52%

-21,33%

2017

AGO

60,70

-24,35%

-3,72%

2018

SET

58,21

-21,85%

-4,11%

R$ 52,70 R$ 59,47 R$ 75,43

2016

R$ 77,78 R$ 66,34

72

Fev

A Revista do AviSite

Jun

Jul

Ago

101,6

2018 Média 2001/2017 (17 anos)

Out

Nov

74,8

112,3 78,0

81,3

Mai

114,5

117,1

Abr

103,1

109,4

Mar

80,8

87,1

112,1

120,5 101,6

Jan

91,7

69,0

91,8

115,0

Preço relativo em 2018 comparativamente ao período 2001/2017 (17 anos) Média mensal do ano anterior = 100

110,4

OVO BRANCO EXTRA

Evolução de preços no atacado paulistano R$/CAIXA DE 30 DÚZIAS

greve dos caminhoneiros (final de maio) ocasionou uma explosão artificial nos preços do setor, o valor médio mensal – mesmo correspondendo ao melhor preço do ano – continuou aquém do registrado em junho de 2017. A realidade é que, além de ter fechado setembro com um preço médio 4,11% e 21,85% menor que os registrados, respectivamente, em agosto de 2018 e em setembro de 2017, o ovo completa três quartos do ano valendo, em termos nominais, 18,55% menos que em idêntico período do ano passado. Mas não só isso, pois em comparação aos mesmos nove meses de 2016 o retrocesso ficou próximo dos 15%. Culpa de quem? Mas o que agrava sensivelmente os problemas do setor é a produção, que cresce na contramão da economia. E os números do IBGE comprovam isso. Em 2016 foram produzidos, nacionalmente, pouco mais de 3,8 bilhões de dúzias de ovos, volume 1% superior ao de 2015. Já em 2017 a produção nacional subiu para 4,245 bilhões de dúzias, quase 12% a mais que no ano anterior. Em outras palavras, dois anos atrás o crescimento registrado ficou um pouco acima do crescimento vegetativo da população, inferior a 1% ao ano. Já no ano passado a expansão foi pelo menos 10 vezes superior ao aumento da população. Os primeiros dados relativos a 2018 são ainda mais preocupantes. Pois, a partir do cruzamento de dados dos levantamentos efetuados em granjas com plantel superior a 10 mil poedeiras, levantam-se indicativos de que a produção deste ano pode ter aumentado mais de 20% em relação a 2015.

100,4

omparando-se o comportamento do ovo e do frango no decorrer de 2018, não escapa que no mês de março, enquanto o ovo apresentava excelente desempenho (período de Quaresma), o frango enfrentava aquele que seria um de seus piores resultados do ano. Pois seis meses depois, o quadro observado é totalmente oposto: o frango registra seu melhor desempenho no ano e o ovo retrocede a um dos menores preços do corrente exercício. O retrocesso em si não chega a ser ocorrência inesperada, pois a curva sazonal de preços do ovo mostra que, em relação ao pico de março, o preço de setembro sofre significativo retrocesso (cerca de 15% a menos na média dos últimos 17 anos). O que surpreende em 2018 é o alto índice de redução acumulado nestes últimos seis meses, superior a 25%. Para simplificar basta dizer que há quase doze meses o ovo não obtém, na média mensal, preço igual ou melhor que o de um ano antes. Aliás, até em junho, quando a

99,7

C

Set

Dez


Milho e Soja Índice de aumento anual do Milho permanece alto

Farelo de soja registra leve aumento em setembro

O preço do milho registrou queda mensal em setembro. O preço médio do insumo, saca de 60 kg, interior de SP, fechou o mês cotado a R$43,05, valor 2,4% abaixo da média alcançada pelo produto em agosto, quando ficou em R$44,11. Porém, a disparidade de preço do milho em relação ao ano anterior permanece alta. O valor atual é 44,2% superior, já que a média de setembro de 2017 foi de R$29,85 a saca.

O farelo de soja (FOB, interior de SP) registrou insignificante alta em setembro de 2018. O produto foi comercializado pelo preço médio de R$1.394/t, valor 0,1% superior ao praticado no mês de agosto – R$1.393/t. Em comparação com setembro de 2017 – quando o preço médio era de R$955/t – a cotação atual registra alta de 46%.

Valores de troca – Milho/Frango vivo

Valores de troca – Milho/Ovo O preço do ovo, na granja (interior paulista, caixa com 30 dúzias), sofreu desvalorização em setembro e fechou à média de R$52,21, valor 4,6% inferior ao alcançado no mês anterior, quando o produto foi negociado por R$54,70. Com a maior desvalorização no preço médio dos ovos em relação ao milho, houve piora no poder de compra do avicultor. Em setembro foram necessárias 13,7 caixas de ovos para adquirir uma tonelada do cereal. Em agosto, foram necessárias 13,4 caixas/t, perda de 2,2% na capacidade de compra do produtor. Pior ainda em doze meses, quando a perda no poder de compra do produtor atingiu 47,1%.

Preçomédio médioMilho Milho Preço

53,00 53,00 51,00 51,00 49,00 49,00 47,00 47,00 45,00 45,00 43,00 43,00 41,00 41,00 39,00 39,00 37,00 37,00 35,00 35,00 33,00 33,00 31,00 31,00 29,00 29,00 27,00 27,00

setembro setembro outubro outubro novembro novembro dezembro dezembro janeiro janeiro fevereiro fevereiro março março abril abril maio maio junho junho julho julho agosto agosto setembro setembro

R$/sacadede60kg, 60kg,interior interiordedeSPSP R$/saca

2017 2017

2018 2018

MédiaSetembro Setembro Máximo Mínimo Média Mínimo Máximo 39,00 46,50 R$R$39,00 R$R$46,50

43,05 43,05

Fonte das informações: www.jox.com.br

Valores de troca – Farelo/Frango vivo A alta na cotação do frango vivo e o ínfimo aumento no farelo de soja em setembro fez com que fossem necessários 437 kg de frango vivo para adquirir uma tonelada do insumo, significando melhora de 6,3% no poder de compra do avicultor em relação a agosto, quando 464,3 kg de frango vivo obtiveram uma tonelada do produto. Na comparação em doze meses houve piora de 12,6%, pois, lá, foram necessários 382 kg para adquirir o cereal.

Valores de troca – Farelo/Ovo De acordo com os preços médios dos produtos, em setembro foram necessárias aproximadamente 26,7 caixas de ovos (valor na granja, interior paulista) para adquirir uma tonelada de farelo de soja. O poder de compra do avicultor de postura em relação ao farelo registrou perda mensal de 4,6%, já que, em agosto, 25,5 caixas de ovos adquiriam uma tonelada de farelo. Em relação a setembro de 2017 houve piora de 47,8% no poder de compra, pois naquele período a tonelada de farelo de soja custou, em média, 13,9 caixas de ovos.

Preçomédio médioFarelo Farelode desoja soja Preço R$/toneladaFOB, FOB,interior interiordedeSPSP R$/tonelada

1600 1600 1500 1500 1400 1400 1300 1300 1200 1200 1100 1100 1000 1000 950 950 900 900 850 850 800 800 750 750

setembro setembro outubro outubro novembro novembro dezembro dezembro janeiro janeiro fevereiro fevereiro março março abril abril maio maio junho junho julho julho agosto agosto setembro setembro

No frango vivo (interior de SP) o preço médio de setembro, alcançou R$3,19 kg, atingindo índice de valorização mensal de 6,5%. Assim, com a valorização do frango vivo e retrocesso na cotação do milho, melhorou o poder de compra do avicultor. Nesse mês, foram necessários 224,9 kg de frango vivo para se obter uma tonelada de milho, considerando-se a média mensal de ambos os produtos. Este volume representa cerca de 9% de ganho no poder de compra em relação ao mês anterior, pois, em agosto, a tonelada do milho “custou” 245,1 kg de frango vivo. Entretanto, em relação a setembro do ano passado, a perda chega a 11,5%.

2017 2017

2018 2018

MédiaSetembro Setembro Mínimo Média Máximo Mínimo Máximo 1.380,00 R$ 1.410,00 R$ R$ R$ 1.380,00 R$ R$ 1.410,00

1.394,00 1.394,00

A Revista do AviSite

73


Ponto Final

Marcos Banov

General Manager, Orffa

O feedback como processo de comunicação e transparência nas empresas Quando o feedback é utilizado de forma adequada, qualquer pessoa que o recebe tem condições de avaliar melhor o seu comportamento no grupo.

Não é segredo para ninguém que a comunicação é uma das chaves do sucesso para alcançar resultados satisfatórios. Equipes que se comunicam bem são exemplos de harmonia no ambiente de trabalho. Mas não basta somente saber valorizar a comunicação interna na sua empresa para poder aumentar a produtividade do seu time — é preciso também fazer com que essas informações sejam transparentes e aumentem, ainda mais, a confiança dos funcionários no trabalho de toda a empresa. Essa qualidade de comunicação deve partir de quem lidera. Ensinar através do exemplo não está restrito apenas aos pais, que devem mostrar aos filhos os caminhos que julgam melhores, mas também aos diretores e gerentes das empresas que devem dar aos seus funcionários exemplos de como a comunicação pode mostrar-lhes os caminhos mais assertivos a seguir. As pessoas respondem de maneira individual a diferentes estímulos. Que interpretam de diferentes maneiras o que ouvem e o que veem. Foram desenvolvidos vários modos de se classificar uma pessoa e a melhor maneira de se comunicar com ela. Neste texto não temos a intenção de descrever cada um destes modelos (visuais, auditivos e sinestésicos), mas sim que a comunicação siga seu curso sem ruídos ou distorções, e o mais importante: que seja a mais sincera possível! Nestes anos de convivência dentro de empresas pude observar que uma das formas mais diretas e claras de se comunicar é quando damos e recebemos “feedback” (informação que o emissor obtém da reação do receptor à sua mensagem, e que serve para avaliar os resultados da transmissão). No meu modo de ver, um dos exemplos mais perfeitos para se avaliar a qualidade da comunicação. Quando o feedback é utilizado de forma adequada, qualquer pessoa que o recebe tem condições de avaliar melhor o seu comportamento no grupo, uma vez que ela é informada de alguns aspectos que até então lhe passavam desapercebidos. Assim, o feedback leva as pessoas a uma melhor integração com o grupo e, consequentemente, aumentado sua satisfação.

74

A Revista do AviSite

Alguns aspectos relacionados ao feedback merecem destaque:  Saiba qual a sua intenção: Antes de dar um feedback, é importante refletir sobre sua intenção em fazer isso.  Fale direto para a pessoa: Evite comentar com outras pessoas sobre algum fato que envolve você e alguém da equipe. Isso vai provocando um clima cada vez pior no grupo.  Seja específico: O feedback deve referir-se a fatos específicos, evitando generalizações e utilização de rótulos.  Prefira ser descritivo em vez de avaliativo: Para que o feedback possa atingir o objetivo de ajudar alguém a se perceber melhor, ele deve ser mais descritivo do que avaliativo, isso é, deve descrever aspectos que tenham sido realmente observados no comportamento da pessoa.  Mostre os efeitos de certo tipo de comportamento: Após a descrever o fato ocorrido, é importante falar as consequências.  Seja oportuno: O momento de se dar o feedback é outro fator de extrema importância. Feedback na presença de outras pessoas pode gerar constrangimento e consequente não aceitação por parte de que o está recebendo. Evite também deixar passar muito tempo do fato ocorrido.  Fique atento à forma e ao conteúdo: Seja sempre franco com sua equipe. As coisas que não são ditas claramente no dia-a-dia acabam aparecendo de outras maneiras que só corroem o relacionamento.  Cheque se a pessoa entendeu: Como cada um percebe os fatos de forma diferente, vale a pena perguntar o que a outra parte entendeu sobre seu feedback.  Lembre-se de que não existe certo ou errado. Existem apenas percepções diferentes dos mesmos fatos. Não tente convencer a outra parte de que você está com a razão. Feedback não é sinônimo de crítica, mas, na verdade, ele também pode ser positivo. Trata-se de um retorno para a outra parte, e pode ser um reconhecimento ou um ponto a ser melhorado. Muitas vezes, um elogio é a melhor forma de ajudar alguém a se desenvolver.


A Revista do AviSite

75


Ponto Final

Balancius Uma questão de detalhes ™

A produção avícola enfrenta crescentes desafios. São tantos

Através de seu modo de ação exclusivo, esta tecnologia patenteada

fatores a serem considerados que muitas vezes é difícil conseguir

ajuda a otimizar a absorção e digestibilidade nutricional, de

um equilíbrio entre a solução dos desafios e a manutenção da

modo que os frangos de corte obtenham o máximo de sua ração.

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Balancius™ também demonstrou uma melhora consistente do índice

Balancius™, o primeiro e exclusivo ingrediente alimentar para frangos

de conversão alimentar: de 4 a 6 pontos (3%), trazendo muitos

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Para descobrir a ciência por trás de Balancius™, visite DSM.com/Balancius

HEALTH · NUTRITION · MATERIALS

76

A Revista do AviSite


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