Revista do AviSite - Edição 135

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Editorial Mundo Agro Editora Ltda. Rua Erasmo Braga, 1153 13070-147 - Campinas, SP

O avanço da biossegurança na avicultura brasileira

ISSN 1983-0017 nº 135 | Ano XII | Junho/2021

Nesta edição da Revista do AviSite, trazemos uma análise sobre um dos principais pilares da avicultura: a sanidade. A ciência e a tecnologia estão a favor da sanidade avícola e a inovação trouxe muitos benefícios para os processos de vacinação, permitindo vacinar vários animais ao mesmo tempo e garantindo um lote mais homogêneo, fortalecendo a criação de programas vacinais para diversas situações epidemiológicas. Quem explica é o médico-veterinário, professor da Universidade de São Paulo – USP e membro do Conselho da Facta, Antônio Piantino. “As vacinas de alta tecnologia são totalmente diferentes das primeiras disponíveis no Brasil no início dos anos 2000. Além disso, hoje existem tecnologias que garantem a qualidade da vacina em incubatório e a rastreabilidade do processo”, explica o médico-veterinário. Ele afirma ainda que os diversos estudos e pesquisas a respeito da imunização dos frangos proporcionaram uma evolução na tecnologia das vacinas e elas se tornaram melhores. “A vacinação de plantéis avícolas, ou de animais de produção, é fundamental para que não ocorram problemas sanitários, perda de produtividade, queda no ganho de peso e mortalidade. Hoje existem muitas vacinas sendo desenvolvidas e novas abordagens de diagnóstico. Tudo isso tem evoluído e, felizmente, na avicultura é muito rápida a detecção de novas doenças, a implementação de diagnósticos e, consequentemente, o desenvolvimento de novas ferramentas através das vacinas”, frisa Piantino. “A avicultura brasileira só se tornou referência no mundo, sendo um dos expoentes de produção de carne de frango e de ovos graças ao uso das vacinas. Também, o desenvolvimento da genética e da nutrição, completando esse tripé, foi fundamental para que a avicultura se tornasse destaque no agronegócio brasileiro”, disse. Boa leitura!!!

EXPEDIENTE Publisher Paulo Godoy paulo.godoy@mundoagro.com.br Redação Giovana de Paula (MTB 39.817) imprensa@avisite.com.br Comercial Natasha Garcia e Paulo Godoy (19) 3241 9292 (19) 98963-6343 comercial@mundoagro.com.br Diagramação e arte Mundo Agro e Luciano Senise senise@senise.net Internet Gustavo Cotrim webmaster@avisite.com.br Administrativo e circulação financeiro@avisite.com.br

Os informes técnico-empresariais publicados nas páginas da Revista do AviSite são de responsabilidade das empresas e dos autores que os assinam. Este conteúdo não reflete a opinião da Mundo Agro Editora.

Sumário

06 Estratégia da Seara aponta para a diversificação de seu portfólio

08 Produzir aves sem antibióticos requer uma revisão de procedimentos básicos de manejo e biossegurança

12 Segurança, prevenção e higiene foram os destaques no Simpósio FACTA sobre Salmonella

25 Avicultura: inovação, exigências do consumidor e

sustentabilidade são temas de simpósio internacional

26 Especial Sanidade 38 Fatores de risco para introdução e disseminação do vírus da Doença de Newcastle em populações de aves de subsistência

40 Ferramenta de controle da enterite necrótica na avicultura

42 Fosfeto de Alumínio no controle de Cascudinho

48 Importância e benefícios do uso do FloraMax 52 Vetanco investe em diálogo mais próximo com seu público no incubatório

54 A importância dos marcadores de saúde intestinal para avaliação de probióticos

60 Desempenho do Frango 61 Matérias-Primas 62 Ponto Final - João Marcelo Gomes, Médico veterinário e presidente da Kemin na América do Sul. O momento é favorável para a avicultura e será assim nos próximos anos

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Eventos

2021

As 5 notícias mais lidas no AviSite em Maio

Junho

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22 a 24

Conferência FACTA 2021 Realização: Fundação APINCO de Ciência e Tecnologia Avícolas – FACTA Site: www.facta.org.br

2022 Junho 08 e 09

6ª Feira de Avicultura e Suinocultura Capixaba (FAVESU) Local: Centro de Eventos Padre Cleto Caliman (Polentão) Venda Nova do Imigrante, ES. Realização: Associação dos Avicultores do Espírito Santo (AVES) e Associação de Suinocultores do Espírito Santo (ASES) Site: www.favesu.com.br

Agosto 07 a 11

Congresso Mundial de Avicultura Local: Palácio dos Congressos - Paris, França Realização: Branch francesa da World’s Poultry Association (WPSA) Site: www.wpcparis2021.com 09 a 11

SIAVS 2022 – Salão Internacional de Avicultura e Suinocultura Local: Expo Center Norte – São Paulo, SP Realização: Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) Site: www.siavs.com.br

Arábia Saudita suspende importação de frango da JBS e outras 2 empresas A Arábia Saudita suspendeu nesta 5ª feira (6.mai.2021) a importação de carne de frango de 11 unidades brasileiras, das quais 7 são do grupo JBS. O país é o 2º maior comprador da proteína animal brasileira.

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FAO mostra que preço das carnes se distancia dos preços dos alimentos e das matérias-primas Em abril passado, o preço das carnes apresentou evolução ligeiramente superior ao alcançado pelo Índice de Preços dos Alimentos da FAO (FFPI, na sigla em inglês): incremento de 1,75%, contra 1,66% do FFPI.

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Kemin destaca aditivos líquidos para reduzir impacto dos altos custos de produção O resultado é melhor eficiência no uso de matérias-primas, redução de desperdícios e maior eficácia em período de recordes nos custos de produção.

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ABPA se posiciona sobre embargos da Arábia Saudita a 11 frigoríficos de aves do Brasil A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) está apoiando o Governo Brasileiro na busca por mais detalhes sobre a surpreendente decisão unilateral tomada pelas autoridades sauditas, com a suspensão de plantas exportadoras de carne de frango.

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Ovum 2022 - XXVII Congresso Latino Americano de Avicultura Local: San Pedro Sul, Honduras Realização: Associação Nacional de Avicultores de Honduras (ANAVIH) e Associação Latinoamericana de Avicultura (ALA) Local: San Pedro Sula, Honduras Site: www.anavih.org

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Em abril, custo de produção do frango encostou nos R$5,00/kg Em abril, muita gente se surpreendeu quando a cotação do frango vivo (mercado paulista) alcançou a marca, inédita, dos R$5,00/kg. Na época, houve até quem dissesse ser “um exagero” o valor registrado.

Há 10 anos no AviSite www.avisite.com.br

Cortes de frango mantêm a mesma participação de dez anos atrás Campinas, 20/06/2011 - Em 2001, entre os meses de janeiro e maio, o Brasil exportou pouco menos de 500 mil toneladas de carne de frango, 30% do volume registrado em idêntico período de 2011. Então, o “mix” de itens exportados foi representado pelos cortes de frango (53% do total), pelo frango inteiro (46%) e pelos industrializados de frango (naquela época, pouco mais de 1% do volume exportado). Naturalmente, dez anos depois esse “mix” está modificado, pois desde meados da década passada um quarto item passou a integrar as exportações mensais do produto: a carne de frango salgada. Curiosamente, porém, os cortes de frango mantêm praticamente a mesma participação registrada em 2001 - 52% do total.

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Notícias Curtas

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Entrevista

Estratégia da Seara aponta para a diversificação de seu portfólio Em entrevista exclusiva à Revista do AviSite, Ivan Siqueira, diretor do negócio Aves Pesadas da Seara conta como a empresa está priorizando itens de maior valor agregado e dá detalhes sobre os passos da empresa para o segundo semestre de 2021 Ivan Siqueira, diretor do negócio Aves Pesadas da Seara: “Manteremos o foco em inovação, que tem sido o norte da marca. Seguiremos na busca por antecipar tendências de consumo de alimentos, com um relacionamento próximo aos consumidores e fazendo com que se sintam conectados, ouvidos e respeitados”.

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Seara tem como estratégia a diversificação de seu portfólio de produtos, priorizando itens de maior valor agregado. A plataforma da empresa de inovação favorece esse objetivo. Quem explica em entrevista exclusiva à Revista do AviSite é Ivan Siqueira, diretor do negócio Aves Pesadas da Seara. Segundo Siqueira contou, a empresa está atenta às necessidades do consumidor, que quer uma alimentação cada vez mais saudável e prática, em razão do tempo escasso, mas com muito sabor e que também se preocupa com o meio ambiente. “Trabalhamos muito para elevar a qualidade de nossos pro-

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dutos, entendendo a complexidade da cadeia de valor como um todo. Investimos no campo, em cuidados com o bem-estar animal, na construção de um bom relacionamento com nossos produtores integrados, garantindo desta maneira o controle sobre a produção e a qualidade de ponta a ponta”, contou. Entre as inovações da Seara nesse sentido, a empresa apresenta a linha Orgânico, em que as aves são criadas soltas no campo, alimentadas com ração 100% vegetal e orgânica. “Os frangos DaGranja, nossa linha 100% natural, são criados sem o uso de antibióticos. A linha Nhô Bento conta com nossos frangos caipiras, aves de uma raça diferenciada, de crescimento lento,

criadas soltas no campo por mais tempo”, explicou Ivan Siqueira. Na sequência, acompanhe mais detalhes da conversa com o executivo, na qual pudemos entender um pouco mais sobre as estratégias da Seara no mercado avícola. Quais são as principais estratégias da Seara no mercado avícola atualmente? A Seara tem como estratégia a diversificação de seu portfólio de produtos, priorizando itens de maior valor agregado. A nossa plataforma de inovação favorece esse objetivo. Estamos atentos às necessidades do consumidor, que quer uma alimentação cada vez mais saudável e prática, em razão do tempo escasso, mas com muito sabor e que também se preocupa com o meio ambiente. Trabalhamos muito para elevar a qualidade de nossos produtos, entendendo a complexidade da cadeia de valor como um todo. Investimos no campo, em cuidados com o bem-estar animal, na construção de um bom relacionamento com nossos produtores integrados, garantindo desta maneira o controle sobre a produção e a qualidade de ponta a ponta. Entre as nossas inovações nesse sentido, temos a linha Orgânico, em que as aves são criadas soltas no campo, alimentadas com ração 100% vegetal e orgânica. Os frangos DaGranja, nossa linha 100% natural, são criados sem o uso de antibióticos. A linha Nhô Bento conta com nossos frangos caipiras, aves de uma raça diferenciada, de crescimento lento, criadas soltas no campo por mais tempo. E falando um pouco sobre o ano de 2021, quais são as princi-


proteína versátil, de fácil preparo e atrativa economicamente, a categoria, que já era grande, alcançou ainda mais presença nos lares e com produtos de valor agregado. Os consumidores têm buscado mais produtos com marca nos últimos anos, pela garantia de procedência e de qualidade, o que tem levado a Seara a um novo patamar na percepção dos consumidores. As maiores taxas de crescimento do mercado para produtos que são foco de nossa estratégia - com maior valor agregado - mostram que estamos no caminho certo, consolidando a posição de relevância e referência da Seara no mercado de aves. Qual é o atual posicionamento da Seara no mercado avícola? A Seara está entre as maiores produtoras e exportadoras de carne de frango e suína do país. A produção abastece tanto o mercado brasileiro quanto o externo, no varejo e no food service, além de B2B, cash carry e e-commerce. São mais de 100 milhões de consumidores e 150 mil clientes atendidos. Somos a empresa com o portfólio mais completo do

mercado, com foco em inovação e qualidade, com produtos exclusivos para atender aos consumidores mais exigentes. Como é a participação da empresa na exportação de produtos avícolas? Exportamos para mais de 130 países. Os principais mercados são Europa, Oriente Médio e Ásia. Cerca de 85% do volume total exportado corresponde à carne de aves in natura. Atendemos aos mercados mais exigentes do mundo, com todas as certificações, com um portfólio inovador e com qualidade. Qual é a participação da Seara mercado interno para a avicultura? Contamos com 30 unidades fabris para o mercado interno, com distribuição de nossos produtos em todo o território nacional com marcas de atuação nacional e, para a região Sul, com marcas regionais. Fazemos parte dos principais players deste mercado no Brasil e atuamos com bastante foco na liderança em todas as nossas categorias.

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pais estratégias da Seara para este segundo semestre no mercado avícola? Manteremos o foco em inovação, que tem sido o norte da marca. Seguiremos na busca por antecipar tendências de consumo de alimentos, com um relacionamento próximo aos consumidores e fazendo com que se sintam conectados, ouvidos e respeitados. A empresa já conta com mais de 1.500 produtos ao redor do mundo nos segmentos de aves e suínos, resfriados e congelados. No Brasil, um dos lançamentos mais recentes aconteceu em abril, com novos itens da linha churrasco da marca Seara Gourmet. Em aves, foram lançados quatro novos itens, com temperos e cortes voltados para churrasco para a verdadeira experiência de um churrasco Gourmet. Quais são os principais avanços do mercado para a empresa? Em razão da pandemia, as pessoas passaram a ficar mais tempo em casa, o que trouxe um crescimento significativo para o mercado de aves. Por ser uma

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Manejo nutricional, sanidade e resultados

Produzir aves sem antibióticos requer uma revisão de procedimentos básicos de manejo e biossegurança Objetivo é evitar as oportunidades que as aves têm de se contaminarem em qualquer fase de sua vida. Isso significa que os produtores precisam estar mais conscientes da limpeza de suas operações (desde o incubatório, matrizeiro, fábrica de ração e integração)

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demanda pela produção de aves livres de antibióticos vem crescendo rapidamente. O que no passado parecia algo muito distante, hoje se mostra como uma preferência pelos consumidores de todo o mundo, e no futuro, a tendência é que se torne uma exigência, já que é o consu-

midor quem dita as regras para o produtor. De acordo com Patricia Marchizeli, gestora de serviços técnicos e nutricionista de aves na Agroceres Multimix, os nutricionistas têm papel muito importante na produção dessas aves. “Os ingredientes utilizados nas rações devem passar por

Patricia Marchizeli, gestora de serviços técnicos e nutricionista de aves na Agroceres Multimix: “Todos os aditivos descritos possuem o mesmo objetivo: o de estabelecer um ambiente intestinal em equilíbrio”

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rigoroso controle de qualidade, além de possuir alta digestibilidade. Os nutrientes devem ser criteriosamente balanceados e o objetivo principal deve ser o de modular a microbiota intestinal, pois a mesma promove o bom funcionamento do sistema imunológico da ave. Porém, o maior equívoco é imaginar que a nutrição será o único fator responsável para o sucesso dessa produção. Uma combinação de fatores é o que influenciará esse sucesso”, explicou. Patrícia explica que há vários aditivos disponíveis para substituir os antibióticos promotores de crescimento. “Um erro comum, cometido pelo produtor, é a procura por uma única solução (aditivo alimentar). É necessário entender os desafios de cada sistema de produção para então escolher quais aditivos funcionarão melhor para aquela situação. Desta maneira, os nutricionistas precisam estar mais presentes e em comunicação com toda a cadeia de criação das aves para poder orientar o melhor programa de aditivos a ser utilizado”, disse. Ela lista como principais aditivos, conhecidos como promotores de crescimento alternativos: os probióticos (Bacillus subtilis, Bacillus li-


cheniformes, Lactobacillus, Bifidobacterium, etc.), microorganismos vivos capazes de reduzir as bactérias patógenas e manter o equilíbrio do microbioma; prebióticos (leveduras, mananoligossacarídeos, etc.), auxiliam na proliferação dos probióticos, como se fossem “alimentos” para os mesmos; ácidos graxos de cadeia curta (ácido butírico), que são uma boa fonte de energia para a proliferação celular do revestimento intestinal, agindo como uma barreira contra a entrada de microorganismos patógenos, além de diminuir o ph do intestino, tornando-se desfavorável para o crescimento desses patógenos; enzimas (fitase, carboidrase, protease, etc.) que melhoram a disgestibilidade dos nutrientes e reduzem os efeitos nocivos dos fatores antinutricionais dos alimentos; ácidos orgânicos (ácido cítrico, ácido fórmico, ácido propiônico, ácido acético, etc.), que acidificam o ph da ração e ajudam a controlar a multiplicação de patógenos no intestino; óleos essenciais (óleo de orégano, tomilho, timol, etc.), melhoram a digestão, possuem propriedades antioxidantes e antimicrobianas e podem estimular a resposta imune; entre outras opções. “Condições ambientais adequadas, como: temperatura ideal, velocidade de ar e umidade relativa de acordo com a idade, também são fatores básicos que devem ser considerados para produzir aves sem estresse. Aves que sofrem devido ao calor, frio, ar seco ou úmido, excesso de amônia, Co2 etc., podem afetar o consumo de ração, motilidade intestinal e causar redução na digestibilidade dos nutrientes. Além disso, o estresse compromete o sistema imunológico da ave, tornando-as susceptíveis a doenças. A boa ventilação do aviário é fundamental para manter a cama seca e minimizar a condensação e a formação de aglomerados que favorecem os problemas sanitários”, contou Patrícia. Devido à crescente pressão na redução dos custos na criação, outro equívoco apontado por Patrícia Marchizeli é aumentar a densidade

das aves alojadas. “Mais aves/m² proporciona piora na qualidade da cama, piores condições atmosféricas no galpão, maior probabilidade de riscos na carcaça, menor peso ao abate, entre outros fatores negativos que levarão a maior probabilidade de desafio sanitário”, destacou. Ainda, de acordo com ela, como estratégia nutricional, é importante iniciar um programa de alimentação que promova um intestino saudável, o mais rápido possível. “Conseguir estabelecer uma microbiota saudável precocemente evita que bactérias indesejáveis se tornem resistentes dentro do intestino. Existem inúmeros conceitos de como melhorar a produtividade em sistemas de produção de aves sem antibióticos. O ponto mais importante é que a nutrição é tão importante quanto as práticas de manejo, biossegurança, ambiência etc., ou seja, torna-se necessária uma visão geral de toda a cadeia. A gestão de cada local e os fatores ambientais podem influenciar facilmente na eficácia das combinações dos substitutos aos antibióticos promotores de crescimento”, explicou. A Revista do AviSite foi conversar também com o Professor da Universidade Federal de Goiás, José Henrique Stringhini sobre o tema. Segundo ele, a produção de aves livres de antibióticos tem sido uma realidade no Brasil e no mundo. Essa demanda se iniciou na Europa nos anos 2000 e tem sido muito debatida nos meios científicos e no mercado. “Existe a pressão de consumidores cada vez mais informados, que pedem que haja mudança nos métodos de criação e alimentação animal. Soma-se o aumento do conhecimento científico em áreas como microbiologia, engenharia genética, genética molecular e métodos de diagnostico”, disse Stringhini. “Com isso, tem sido possível desenvolver cepas de microrganismos com ação probiótica mais eficientes, identificar e medir a sua ação no organismo animal e oferecer produtos cada vez mais eficientes e seguros ao mercado. Nesse conjunto de aditi-

A produção de aves livres de antibióticos apresenta desafios para os produtores que, atualmente, adotam estratégias distintas com uma diversidade de resultados. Essa produção cria a necessidade de relações cotidianas mais estreitas, ou seja, maior comunicação e interação entre os responsáveis pela nutrição, manejo, fábrica, incubatório, matrizeiro, etc., a fim de identificar problemas e resolvê-los precocemente

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Manejo nutricional, sanidade e resultados

Um erro comum na criação destas aves é concentrar-se apenas no controle/prevenção à coccidiose e clostridiose. Esses, certamente, são os principais problemas de saúde das aves, mas a realidade é que eles são a consequência e não a causa do problema real

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vos, diferentes cepas de microrganismos com ação probiótica e aditivos como prebióticos, simbióticos, extratos vegetais, ácidos orgânicos, enzimas, dentre outros, tem sido muito beneficiados com a melhoria da qualidade dos métodos científicos para aferir sua eficiência. Estes efeitos e o aprimoramento do conhecimento do microbioma no trato gastrintestinal têm sido observados com a redução da carga infectante e patogênica que afeta diretamente o desempenho animal”, afirmou José Henrique Stringhini. Acompanhe na sequência a entrevista exclusiva: Há alguns anos, diversos países da Europa e também os Estados Unidos proibiram a utilização de antibiótico como promotores de crescimento, durante o processo de criação de aves. Em sintonia com esta postura mundial, o Brasil está cada vez mais empenhado em encontrar alternativas eficazes e realmente saudáveis para a produção de proteína animal. Em que estágio estão as discussões no Brasil atualmente? Tenho acompanhado essas discussões em eventos técnicos em que participam pesquisadores, profissionais do serviço público e de empresas produtoras, e percebe-se que a preocupação é generalizada. Mas, esse fenômeno já vem sendo realidade na maioria das empresas produtoras, especialmente as que exportam carne ao exterior, que buscaram adaptar seus sistemas produtivos e abatedouros a normas rígidas estabelecidas nos contratos de exportação. Com isso, os técnicos brasileiros já têm o know-how produtivo para garantir boas normas de segurança na produção e na qualidade dos produtos. Soma-se a isso, o comentado na questão anterior, que o desenvolvimento de aditivos modernos e métodos de diagnostico e monitoramento com sistemas avançados apoiam de forma consistente esses avanços nos sistemas produtivos.

As discussões giram em torno do desenvolvimento de resistência bacteriana e do risco para os seres humanos do uso dessa ferramenta na agropecuária. Até que ponto esbarramos em mitos e preconceitos nessa questão? Essas discussões são antigas, vem desde a década de 1960, quando os antibióticos foram tidos como potenciais causadores de resistência bacteriana e estudados com esse propósito. Existe um ponto que deve ser ressaltado, pois a industria química desenvolve produtos com propostas especificas como melhoradores de desempenho, nome mais apropriado para os “promotores de crescimento” e que por algum tempo nortearam a formulação de dietas e a produção animal. Mas, o conhecimento cientifico avançado tem partido de forma importante oferecendo alternativas que são bastante adaptadas aos sistemas de produção e com boa eficiência. Mas, é importante ressaltar que não se pode pensar em uma substituição simples dos antimicrobianos melhoradores de desempenho nas dietas, que deve ser acompanhado por melhoria nos sistemas de manejo e biosseguridade, de controle de qualidade de rações, do monitoramento contínuo de doenças e a avaliação desses resultados nos abatedouros, em sistemas integrados de avaliação de riscos e perdas nos processos produtivos. Nas diferentes situações em que se identificaram indícios de resistência bacteriana, se aplicou o princípio da precaução, e o uso do componente químico foi preventivamente proibido até comprovação cientifica. É importante também comentar que não se pode atribuir o aparecimento de bactérias resistentes exclusivamente ao uso de antibióticos melhoradores de desempenho em dietas animais. Outros fatores externos aos sistemas produtivos animais podem contribuir nessa questão, como: uso indiscriminado de antibióticos na medicina humana; automedicação, duração da antibioticoterapia; falhas nos processos


Prof. José Henrique Stringhini (UFG):

“Não se pode pensar em uma substituição simples dos antimicrobianos melhoradores de desempenho nas dietas, que deve ser acompanhado por melhoria nos sistemas de manejo e biosseguridade, de controle de qualidade de rações, do monitoramento contínuo de doenças e a avaliação desses resultados nos abatedouros, em sistemas integrados de avaliação de riscos e perdas nos processos produtivos”.

de desinfecção hospitalar; entre outros. É um processo complexo que precisa ser monitorado em diferentes frentes. Mas, a evolução cientifica tem sido atentamente acompanhada e aplicada pela cadeia produtiva da avicultura. Qual é a linha que o setor avícola transita atualmente entre a tendência de mercado e a exigência de consumidores para a produção de aves sem antibióticos? O mercado avícola é provavelmente o mais dinâmico dentre as cadeias produtivas animais. Como são empresas estruturadas e bastante eficientes, muitas delas com experiencia em exportação de carne para países muito exigentes em qualidade e monitoria dos sistemas produtivos e dos produtos avícolas. Creio que o processo de discussão de normas e adaptação a essa nova realidade deve acontecer com rapidez e eficiência. Na verdade, já está acontecendo, com o oferecimento no mercado brasileiro de produtos diferenciados e com regras de controle de qualidade e selos de garan-

tia de origem de produtos. Muitas empresas avícolas já estão operando sem os antibióticos melhoradores de desempenho. Isso tem sido explorado comercialmente, e produtos diferenciados têm sido oferecidos, fenômeno que já é visível nas grandes redes de supermercados e lojas especializadas. Qual a importância da saúde intestinal das aves e qual o impacto desta saúde na alta produtividade avícola? Sabe-se que o trato digestório é a porta de entrada dos nutrientes que vão dar suporte ao crescimento da ave, sendo importante que este sistema esteja adequado. O conceito de saúde intestinal é bastante amplo, e tem sido discutido desde que se conhece o sistema produtivo avícola nos moldes que temos hoje. Mas, como anteriormente citado, os sistemas de monitoramento, os métodos de detecção e identificação de microrganismos por biologia molecular, o desenvolvimento dos estudos com genética desses microrganismos, permitiu identificar com mais eficiência e precisão os efeitos reais

dos danos causados por esses organismos. Nesse sentido, é possível estabelecer medidas com maior eficiência dos sistemas de detecção e prevenção de doenças e dos efeitos das dietas nos danos causados à produção avícola. Não tenho dúvida, que as mudanças nos meios de investigação dos danos causados às aves evoluíram extremamente nos últimos anos, tornado a interpretação dos seus resultados acessível aos técnicos de campo. Mas, em contrapartida, isso exige maior conhecimento de métodos modernos de monitoria e de sistemas de investigação, associação de maior volume de discussão de dados nos corpos técnicos das empresas, e maior acompanhamento do intenso desenvolvimento científico observado na produção avícola brasileira. Técnicos cada vez mais atentos a esses avanços devem estar próximos aos sistemas de produção avícolas. O treinamento de profissionais e a adequada informação são essenciais para que possamos aplicar os métodos mais eficientes e modernos na produção avícola. A Revista do AviSite

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Eventos

Segurança, prevenção e higiene foram os destaques no Simpósio FACTA sobre Salmonella Simpósio FACTA discutiu a evolução e o controle da Salmonella na América Latina

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Simpósio da FACTA “Salmonella: controle e tendências”, realizado em abriu, marcou um momento importante para a Fundação, ao ser realizado de forma totalmente on-line e com público recorde de mais de 500 participantes. Durante dois dias, palestrantes nacionais e internacionais falaram para conferencistas do Brasil e da América Latina, e abordaram conteúdos altamente técnicos e pertinentes para o setor. A proteção do consumidor, a legislação, a análise da Salmonella em aves, ovos incubáveis e vetores ambientais, programas de amostragem e muito mais foram apresentados.

As ‘palavras de destaque’ apresentadas foram: prevenção, higiene, desinfecção e controle visando a máxima segurança alimentar. O trabalho feito nos incubatórios, a importância da rastreabilidade, o importante papel da biosegurança, a prevenção e higiene nos aviários e nos incubatórios, como melhorar a limpeza e a desinfecção e também, a fundamental atenção até mesmo nas fábricas de ração e nos frigoríficos fizeram parte do programa. O evento contou com 16 palestras técnicas, mais palestras de empresas, com tradução simultânea para Português e Espanhol e, embora remoto, os participantes interagiam por meio de

perguntas enviadas aos moderadores e pelo chat, que foram escolhidas e respondidas pelos palestrantes. Para o presidente da FACTA, Ariel Mendes, o Simpósio on-line reforçou a importância da FACTA para a indústria avícola brasileira, e requereu um grande esforço da diretoria da fundação para ultrapassar muitas barreiras. “Não nos deixamos abater pela pandemia ou pelas dificuldades e acreditamos que nesse novo normal é possível, sim, realizar eventos com qualidade. Uma amostra disso foram os mais de 500 participantes de países diferentes, e da ampliação da nossa rede de colaboração para a avicultura na América Latina”.

Hebert Trenchi, responsável pelo Comitê Técnico e Científico da Associação Latino-Americana de Avicultura.

Salmonella: controle e tendências

A Salmonella sempre será assunto em voga, dada a alta ocorrência nos plantéis de aves e o potencial zoonótico de alguns sorovares. Fatores relativos à cadeia avícola, ao mercado e ao

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patógeno mantêm a necessidade de repetidos debates acerca do assunto. Como exemplo, é possível citar novos profissionais inserindo-se no mercado, demandas de diferentes países im-

portadores, lançamento de produtos para o controle das bactérias, bem como uma mudança de perfil de resistência no ambiente e prevalência de sorovares em determinada região.


Ariel Mendes, presidente da FACTA

Não há uma estratégia única para a redução da positividade, seja a campo ou na planta de abate, por isso falar sobre Salmonella auxilia no entendimento das limitações e oportunidades de controle. “O mercado sofre sempre em função da detecção de Salmonellas nos produtos finais comercializados. Custos elevados no manejo de cargas rechaçadas impactam o processo, juntamente com o prejuízo da marca que tem seus produtos positivados para a bactéria. Cada país tem suas particularidades de mercado interno com mais ou menos sanções dos órgãos de fiscalização ou da sociedade, porém o resultado é o mesmo: perda de lucro, seja no comércio interno ou externo”, explicou Ariel.

Ricardo Santin, presidente da ABPA. Para o presidente da FACTA, no Brasil, tratando-se de Salmonellas paratíficas, em geral o controle nos diferentes elos da cadeia produtiva de aves tem princípios sólidos e engajamento dos atores do setor. “Tem-se melhorado a administração da positividade ao longo da cadeia. Porém, há oportunidades de melhorar a execução das ações para uma homogeneidade de resultado, e a análise de risco é que deve nortear estas ações e esforços”. “Uma tendência clara é a necessidade de particularização do controle, com um programa específico para cada unidade sob planejamento. Sem árdua análise e programação, a aplicação massiva de medidas de mitigação gera fracos resultados”, reforçou Mendes. Para Ricardo Santin, presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), essa discussão é essencial para o desenvolvimento do setor. “Fazer ciência é a melhor solução para o Brasil e para a avicultura. Hoje, a avicultura promove no País 4,1 milhões de empregos e um PIB de 80 milhões. Somos o maior exportador de carne de aves do mundo e o terceiro maior produtor de carne de frango. Em 2020 produzimos 13,845 milhões de tonela-

das e delas exportamos 4,230 milhões. Nos últimos 20 anos mais de U$$ 141 bilhões de dólares em receita cambial chegaram ao País pela avicultura brasileira”. Esses números comprovam a importância da cadeia produtiva de aves para o crescimento do Brasil, porém, mesmo muito tecnificado, o setor ainda precisa lidar com ocorrências de Salmonella. “Embora existam inúmeras fontes potenciais de transmissão da salmonelose humana através de alimentos, a carne de frango comercial foi identificada como uma das matrizes alimentares mais importantes para esse microorganismo”, salientou Santin.

Apesar dos grandes casos atraírem a atenção da mídia, a ocorrência de 60 a 80% de todos os episódios de salmonelose humana são relacionados a casos isolados e esporádicos, os quais, na maioria das vezes, não geram complicações graves. “Controlar a Salmonella é uma das prioridades da cadeia avícola brasileira. Hoje, o Brasil segue à risca as recomendações do Codex, de forma a manter os controles mais rigorosos ao longo da cadeia produtiva. O compromisso com o controle e prevenção rigorosos ao longo da indústria é fundamental para que o setor avícola brasileiro continue a liderar as exportações mundiais”, concluiu o presidente da ABPA. A Revista do AviSite

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Eventos

Importantes nomes da cadeia produtiva estiveram presentes virtualmente para debater o tema. No primeiro dia, Hebert Trenchi (ALA Uruguai), Jaap Obdam (Holanda), Alberto Back (Mercolab), João Paulo Zuffo (Seara), Ana Lúcia Viana (MAPA), Priscila Koerich (Elanco), Gustavo Schaefer (Vaxxinova), Felipe Kroetz (Aviagen) e Marcos Rostagno (Phytobiotics) apresentaram suas análises e pontos aos quais a avicultura precisa avançar para garantir a segurança alimentar

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Como combater a Salmonella na comunidade latinoamericana Com uma visão de campo da América Latina, o professor na Faculdade de Medicina Veterinária do Uruguai e responsável pelo Comitê Técnico e Científico da Associação Latino-Americana de Avicultura (ALA/Uruguai), Hebert Trenchi pontuou a necessidade de sempre se debater Salmonella, uma vez que ainda são comuns o subdiagnóstico, a falta de notificação às autoridades, a venda sem controle de antibióticos, políticas de erradicação pouco claras e a falta de compensação adequada pela possibilidade de erradicação. “A verdadeira situação de controle das salmoneloses ainda é difícil de avaliar na maioria dos países latino-americanos”. No Uruguai, o especialista afirmou que as medidas usuais de biossegurança incluem a seleção de fornecedores confiáveis de pintinhos e a vacinação basicamente com a cepa 9R em fazendas multicamadas onde há diagnósticos positivos. O controle das salmoneloses no Brasil é ainda um grande desafio da avicultura industrial e tema de muitas discussões técnicas dentro das empresas. A prevalência da enfermidade é variável de acordo com as situações e pode tornar-se crítica em determinados momentos. Sua epidemiologia complexa e a persistência no ambiente dificultam o seu controle, o que reforça a necessidade de monitorias contínuas, boas práticas de manejo e biosseguridade. “Neste contexto, as salmoneloses continuam sendo um grande ponto de discussão, pois, apesar dos enormes esforços para minimizar as per-

das, o agente é de difícil controle, gerando a necessidade de fóruns como este para a discussão e atualização das melhores práticas”, explicou o médico-veterinário, mestre em Patologia Animal, membro do corpo técnico da FACTA e coordenador do Simpósio, Alberto Yocyitaca Inoue. Várias medidas preventivas e de controle são necessárias para a manutenção dos níveis aceitáveis de Salmonella. Tais medidas vão desde a biosseguridade e controle de matérias-primas até o abatedouro, passando pelos setores de produção. “Nesta edição, o foco do Simpósio foi a discussão em cada um desses pontos críticos, levando não só informação, mas a reflexão sobre as necessidades de ação e a troca de experiências dos palestrantes”, salientou Inoue. Nesse sentido, os congressistas trouxeram uma abordagem de todos os elos da cadeia produtiva e os pontos mais frágeis em cada um deles no que diz respeito à introdução, disseminação e manutenção das Salmonellas no sistema de produção de aves, tendo como foco principal o fomento e a difusão de novos conhecimentos e tecnologias aplicáveis ao desenvolvimento sustentável da avicultura. Mesmo on-line, os participantes puderam acompanhar um evento dinâmico com informações aplicáveis na sua rotina. A disposição dos temas buscou dar uma visão global e avançar em cada um dos setores envolvidos, de forma didática e aberta, oferecendo a oportunidade de debates com especialistas de cada área.


DESTAQUES Simpósio FACTA sobre Salmonella - Atualizando controle e Tendências Segurança dos alimentos, pontos estratégicos no controle de Salmonella, por Jaap Obdam, Consultor para a produção de aves, Holanda. “O laboratório de uma integração precisa ter uma capacidade para analisar Salmonella em muitas amostras. Mais amostras do que são prescritos pelos programas oficiais. O método tem que ser certificado. MSRV é o meu favorito. Com preferência, certificado através de uma “análise anel”. As amostragens devem ser bem definidas. Evite laudos falsos negativos. São perdas de trabalho e motivação além de custos inúteis. No incubatório, nas nascedouras, uma contaminação de Salmonella pode crescer rapidamente

por causa da temperatura, umidade e nutrientes. A penugem, no dia da eclosão , é uma amostra sensível e representativa. Um conselho prático: no caso de necessidade de misturar os ovos dos aviários individuais, sempre procure fazer misturas dos mesmos aviários das matrizes. Outras amostragens sensíveis no incubatório que podem ser usadas nos casos de uma suspeita de uma contaminação são: papéis de caixas de eclosão ou de entrega de pintos; esponjas ou suabes do fundo destas caixas. Mas lembre-se: há

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Eventos

O que diz o Codex Alimentarius Recomenda critérios de higiene de processo e não critério microbiológico de produtos à base de carne crua de aves. Controle e prevenção ao longo da cadeia produtiva baseado em boas práticas, perigo e risco. Não é factível em sistemas de produção intensivo a zero tolerância de Salmonella spp. em carne de aves crua. O Brasil é signatário do Codex Alimentarius e segue à risca as recomendações de suas diretrizes baseadas em ciência.

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necessidade de amostar 25g, ou sujar bem as suabes com uma superfície de 2 x (50 x 50 cm).

Protocolo para a limpeza e desinfecção para aviários com piso Tirar/remover a cama, diretamente em um container Limpar equipamentos desmontáveis fora do aviário (comedouros, ninhos, tapetes dos ninhos, sletes, linhas de ração). Atenção para o biofilme nos equipamentos. Limpar o piso, livre de poeira, “escova limpa”, ou melhor com aspirador de pó. Enxaguar o telhado, paredes e pisos Aplicar detergente alcalino, com espuma ph>10.5 (usar vestimentas e óculos protetores) Deixe o tempo para o detergente atuar

Limpe o aviário de cima para baixo, aplique água/detergente com volume baixo/pressão alta. Também preste atenção para as estruturas exteriores. Tem que ser limpo com um hospital, ou até melhor. O frigorífico é diretamente responsável nos casos que um produto é contaminado com Salmonella O frigorífico pode produzir facilmente produtos Salmonellas negativos, quando os frangos vivos não são contaminados A maior tarefa para o frigorífico é abater separadamente os lotes sim e não contaminados com Salmonella. Após um dia de abte dos lotes S-positivos, a limpeza, a desinfecção e controles devem obedecer um regime mais forte Todos os lotes S-negativos devem ser controlados com uma amostragem de 25 x 1 g de materiais”.

Como ser efetivo no diagnóstico e monitoramento na visão do laboratório, por Alberto Back, Med. Vet. Mercolab “Responsabilidade do laboratório Conhecer a necessidade da indústria e do campo. Adequar-se às exigências do mercado e estar atento às inovvações, principalmente ao mercado exportador, como o brasileiro.

Equipe capacitada, instalações e equipamentos adequados para atender as necessidades Adequações às exigências legais do estado, Ministério da Agricultura, ISO, etc. Contribuir com a interpretação dos resultados e com treinamentos. Responsabilidade da Indústria Responsável por Qualificação do pessoal técnico Falta de continuidade quando o problema aparece, sem uma resolução afetiva, com descontinuidade Programas não integrados Dificuldade de interpretação de resultados Visão monitoramento é somente ‘custo’, não investimento. É preciso entender a informação gerada com os dados. Laboratório: conhecimento, estrutura, legislação, treinamento, inovação Indústria: Capacitação, programa integrado, execução contínua, etc”.


O controle e a monitoria do programa de Salmonella na cadeia produtiva da agroindústria, por João Zuffo, Seara Alimentos “ Trabalhar no conceito, dentro de um problema multifatorial. Ela é inerente à produção avícola, por isso, temos qeu diminuir a pressão da infecção, sem o conceito de 'eliminá-la' da cadeia produtiva. Temos que aprender a conviver com essa característica produtiva, dentro de um conceito amplo de estudos. Garantir uma carga baixa ou nula na carga que vai ao abatedouro. Essa é a meta”.

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Eventos Ana Lúcia Viana, Diretora do Serviço de Inspeção Federal (SIF) - Ministério da Agricultura “Dipoa é responsável por Coordenação de caracterização de risco dos produtos de origem, animal, de resíduos e contaminantes e de redução de patógenos. Aumento da ocorrência de Salmonella spp, em 2019 quando comparado ao ano de 2018 em carcaças de frango (aumento de 19,6% na prevalência 427/2831) Baixa ocorrência de SE (0,24% - 1/408) e ST (0,48% - 2/408) em 2019; Alta ocorrência de S. Heidelberg e Minnesota; 45,09% (184/408) e 38% (155/408) em 2019. Houve avanços da IN 20/2016 - Definição clara das atribuições e responsabilidades de cada elo da cadeia produtiva - Autocontrole x Verificação oficial para Salmonella spp. - Medidas de controle na cadeia produtiva (Saúde pública e manutenção dos mercados internacionais) - Compartilhamento de informações -Co-responsabilidade (o importante é buscar esforços na manutenção da tendência de redução do patógeno). -Compartilhar as responsabilidades para diminuir a prevalência do patógeno”.

Os mecanismos de resposta imune de vacinação contra a Salmonella, por Gustavo Schefer, Vaxxinova “O que se espera de vacinas contra Salmonella, a importância das boas práticas de vacinação e as novas tecnologias do setor avícola aplica no desenvolvimento do processo vacinal contra a Salmonella. Vacinas de Salmonellas vivas Podem estimular tanto a imunidade celular quanto humoral, com diferentes mecanismos de ação Vivas atenuadas Subunidades da bactéria Extrato de células Deleção de genes Bactérias mutantes Entre outras Vacinas de salmonellas inativadas Bacterianas Capazes de gerar uma resposta humoral consistente Resposta celular também é acionada.

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Quando desenvolvemos uma vacina contra salmonela Eficácia x Segurança Mas será que o ideal não seja Eficácia + Inocuidade? Será que não é essa a minha demanda de campo? Aqui que esperamos evoluir para ter mais eficácia elevada, associada a segurança”.


Aviagen explora os desafios para o controle de Salmonella na cadeia de produção de incubatório O médico-veterinário, Felipe Kroetz Neto, abordou o tema durante Simpósio on-line da FACTA A rotina dentro de um incubatório envolve o manejo de um grande número de ovos embrionados e pintinhos de diferentes origens em um mesmo ambiente, facilitando a propagação de diversas enfermidades. Somado a esse fator é preciso lidar com a elevada carga bacteriana, que pode se caracterizar pelas entradas constantes de ovos e materiais de diversos fornecedores, bem como a saída regular de pintinhos. Frente a esses desafios, o médico-veterinário, doutorando em Reprodução Animal pela USP-SP e Supervisor Regional de Serviços Técnicos da Aviagen, Felipe Kroetz Neto, abordou o tema “Desafios para o controle de Salmonella na cadeia de produção de incubatório”, durante o Simpósio FACTA sobre Salmonella. Para o especialista, fatores inerentes ao incubatório podem gerar condições ideais para a ocorrência de problemas como a disseminação de patógenos, com consequentes perdas embrionárias e de pintinho, má qualidade no produto e dificuldades com fatores microbiológicos e/ou fisiológicos que levarão a prejuízos. “Por isso a necessidade da implantação de rígidas medidas de controle sanitário do incubatório, envolvendo o maior número de aspectos possíveis para biossegurança e um efetivo programa de monitoramento da eficácia das medidas adotadas e da qualidade do produto final”, explicou Kroetz Neto. A simples adoção de sanitização sem controle posterior para avaliação da eficácia não é o suficiente. É preciso ter em constante ação o uso de procedimentos, tais como o HACCP, BPF e/ ou POP’s e a rastreabilidade para restringir a entrada e controlar, por meio da matéria-prima que neste caso é o ovo, a contaminação por patógenos. “É fundamental adotar medidas de garantia de fluxo de áreas, pessoas, materiais e equipamentos que reduzam a proliferação de bactérias. A atenção deve ser redobrada com os carrinhos e bandejas que entram na granja e retornam, pois, estes são os meios mais comuns de trânsito e contaminação do incubatório”, alertou o médico-veterinário. Por isso os cuidados com a higienização em caixas de pintos - que vão para o produtor e retornam ao incubatório - se tornam relevantes para a atividade. Realizar as lavagens com água quente e com o uso correto de detergente e desinfetantes podem fazer a diferença na retirada dos microorganismos alojados na superfície. Debatendo a Salmonella Por se tratar de uma doença de saúde pública, a Salmonella é um dos termos mais relevantes da cadeia avícola. Especialistas, técnicos, pesquisadores e empresas vão em busca de soluções no controle desta bactéria desde o preparo dos alimentos para as aves até o alimento entregue ao consumidor. “A Salmonella não é exclusividade do mercado brasileiro, no qual, os profissionais da cadeia avícola têm buscado as melhores maneiras

de controle, mantendo-as em níveis mais baixos possíveis, através da busca de medidas que restrinja a entrada dessa bactéria em nosso parque criatório, através da biosseguridade”, apontou Kroetz Neto. Como controlar a salmonella dentro de nossos incubatórios Biosegurança (precaução para infecção) barreira mais importante para a avicultura Transmissão pode ser horizontal ou vertial e precisam ser monitorados estes pontos Procedimentos de HACCP Boas práticas de fabricação POP - Procedimento operacional padrão Rastreabilidade dos lotes Procedimentos estão sendo seguidos e monitorados periodicamente? O que pode disseminar a Salmonella no incubatório Matéria prima (atenção à qualidade dos ovos) Ambiente - água, ar Fluxo no incubatório (sem o trânsito da área limpa para a área suja). Atenção aos Banhos (Que deve ser feito nos vestiários) Roupas (vestimentas de cores diferenciadas) Fumigação de equipamentos/materiais adequadamente Equipamentos: temos que ser mais assertivos em sua aquisição, com os diferentes designs, que facilitam limpeza e a desinfecção. Acessórios Resíduos de incubação e sexagem (importante local para monitoramento de patógenos, com análise diária dos resíduos) Caminhões de transporte (monitoria adequado para evitar contaminação cruzada) Ciclo de higienização Limpeza Detergência + Ação mecânica Enxágue Desinfecção A Revista do AviSite

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Eventos Desafios para o controle de Salmonella na cadeia de produção com foco no abatedouro, por Anderlise Borsoi – MAPA “A contaminação microbiológica geral da planta de abate tem origem no frango que é aportado a ela. Baixa contaminação por Salmonella no intestino e nas penas dos frangos deve ser foco no fomento, pois é fundamental para o manejo de higiênico no abatedouro. 1- Conhecer a capacidade de abate de aves/hora e peso médio das aves que os equipamentos das linhas de abate suportam, tendo em vista a capacidade de manutenção das máquinas durante o abate. Independente da capacidade de aves/horas aprovada para a planta, tem de se conhecer a capacidade dos recursos humanos disponíveis para dar andamento ao abate. 2- Priorizar o acompanhamento a campo para assegurar o jejum hídrico. Papo cheio e não esvaziamento do trato gastrointestinal são fatores de contaminação de equipamento e carcaças. É comum ter cargas de aves de mesmo galpão com jejum bem realizado e cargas de aves com jejum não bem realizado. 3 - Minimizar contaminação fecal com manutenção sistemática de lâminas de corte e partes das máquinas responsáveis pela abertura de abdômen, extração de cloaca e eventração; Não se deve admitir o mal funcionamento de máquinas. As empresas geralmente aceitam alto percentual de ineficiência de máquinas quanto à contaminação o que se traduz em enormes perdas econômicas. 4 - Reduzir a matéria orgânica das penas das aves pré-escalda. A redução de matéria orgânica aderida às penas proporciona melhor manutenção de qualidade de água de escalda 5- Controlar a temperatura, renovar e agitar a água de escalda. Realizar o aquecimento da áuga no intervalo de abate, de modo que a água aqueça acima de 70º C. 6- Ajustar regulagem das depenadeiras. Não deve ser admitidas penas na carcaça e, especialmente na sambiquira. Lembrar que canhões de pena na sambiquira refletem problemas na escalda e na depenadeira. 7 - Regular chuveiros permitidos por lei. Manter vazão e pressão no maior nível permitido. Observar para que não seja espalhada água para fora da cabine dos chuveiros. O que leva à contaminação cruzada. 8 - Observar e revalidar continuamente a monitoria do PCC1B Frequentemente os colaboradores não observem a contaminação interna como das carcaças eficientemente. 9 - Manter treinados os colaboradores do serviço de inspeção e colaboradores em geral.

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Investir no bom relacionamento e valorização dos colaboradores do serviço oficial, pois os mesmos tem o papel fundamental em não permitir que carcaças contaminadas adentrem ao chiller. Neste ponto, cabe salientar que ter chiller separado para carcaças desviadas pela inspeção oficial torna-se uma medida de minimizar possíveis contaminações, uma vez que por exemplo, os pescoços não são costumeiramente retirados pelos colaboradores do serviço e a retirada do papo é manual. 10 - Controlar agitação, cloração e temperatura do sistema de esfriamento de carcaças. Evitar a contaminação no sistema de ar injetado e controlar a temperatura. Observar que tanto paradas no abate, quanto regulagem ineficiente no sistema que promovam maior absorção de água na carcaça, aumentam a possibilidade de a penetração de salmonellas através da pele e no músculo. 11 - Otimizar fluxo de produção na sala de corte. Não admitir sobre de cortes e de carcaças para rependura pós resfriamento de um turno para outro. Evitar acúmulo de carcaças nas esteiras de rependura, de cortes nas máquinas e nas esteiras. 12 - Evitar contaminação cruzada na higienização operacional . 13 - Preservar a cadeia de frio no congelamento, estocagem e transporte. 14 - Manter treinamento para correta execução de higiene pessoal, operacional e manutenção nas etapas apresentadas. 15 - Aplicar meta zera material orgânico visual pós-higienização de gaiolas Protocolo com uso de vapor por 120 segundos, em substituição ao desinfetante na lavagem de gaiolas, se mostrou mais eficiente frente. É necessário mapear os desafios, direcionar o foco na ação com maior probabilidade de resultado e ter excelência nas execuções”


Ferramentas de controle e resultados aplicados, por Luiz Felipe Caron “O que há de novo? O método Fazer certo todos os dias, é que traz resultados. Comprometimento. Pensar em cada passo e implementá-los 24 horas por dia. Pessoas, Processos e produtos. Prevenir a entrada -> Bioseguridade Impedir a disseminação -> O céu é o limite Determinar a fonte -> Diagnóstico Nem todas as medidas funcionam para todos. Por isso é tão importante o papel das pessoas nesta análise”.

Controle de Salmonella em Fábrica de rações, por Marcos Rostagno, Phytobiotics, EUA “Este é um tema complexo, pois a fábrica em si já é bastante complexa. O desafio é entendê-la. A fábrica de ração foi construída por princípios de engenharia, e não necessariamente de biosegurança. A Salmonella demanda uma estratégia muito bem elaborada e executada complexidade do agente”.

O FloraMax-B11 reúne a praticidade da aplicação no incubatório, com a eficácia de um probiótico constituído por 11 cepas selecionadas para potencializar o desempenho produtivo das aves.

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Eventos Vetanco Brasil apresenta inovadora e eficiente ferramenta no auxílio ao controle de salmonelas no Simpósio Facta

O Gerente de Marketing da Vetanco, o médico-veterinário Thiago Moreira Tejkowski.

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A Vetanco Brasil participou do Simpósio Facta sobre Salmonella. O Gerente de Marketing da Vetanco, o médico-veterinário Thiago Moreira Tejkowski apresentou o Guardian Program, um amplo portifólio de produtos e serviços focado no controle de salmonelas. “Um bom controle de salmonelas começa com um excelente programa de biosseguridade, a nossa base da pirâmide. É importante observar e prevenir todas as possíveis fontes de contaminação no plantel. Pensando nisso e, para continuar fortalecendo a nossa base, desenvolvemos o Guardian Program, que tem como objetivo prevenir e diminuir contaminações pelas salmonelas, aumentando a segurança alimentar e a lucratividade nos lotes”, explicou Tejkowski. O programa conta com as principais ferramentas utilizadas atualmente, desde controle de vetores, prebióticos, probióticos, ácidos orgânicos e vacina, como a plataforma Vetancid, o Floramax-B11, o Uniwall MOS 25, o Zymospore, o Optimizer e o último lançamento da Vetanco, a vacina Biotech Vac Salmonella. “Todas essas soluções se juntam ao VetanService, uma série de serviços voltados para a entrega de valor e para que possamos tomar decisões rápidas no controle deste grande desafio para a avicultura brasileira”, observou o gerente de Marketing. De acordo com o gerente Técnico Comercial de Biológicos, Carlos Adelino Dalle Mole, responsável pelo Guardian Program, o programa vem para auxiliar o produtor no controle da salmonela, que tem alta ocorrência nos plantéis de aves e potencial zoonótico de alguns sorovares. “Aliada às medidas de biosseguridade, a Vetanco trouxe uma plataforma completa, composta por esses produtos e serviços, estruturada para trazer soluções disruptivas para o mercado”, acrescenta Dalle Mole. Primeira vacina brasileira de subunidade Sobre a Biotech Vac, Tejkowski destacou que trata-se da primeira vacina de subunidade do mercado brasileiro focada para o controle de salmonelas paratíficas. “Nossa participação no Simpósio foi mostrar, principalmente, o quão efetiva é esta vacina contra esses quatro tipos de salmonelas – Typhimurium, Enteritidis, Heidelberg e Infantis, tão importantes para o segmento avícola. Além de ser muito segura por se tratar de uma vacina de subunidade”, avalia. Já o gerente Técnico Comercial de Biológicos lembra que a Biotech Vac é uma vacina de fácil aplicação, feita via água de bebida e pode ser utilizada como ferramenta de controle de salmonelas paratíficas em frangos, matrizes pesadas e postura comercial. “A tecnologia usada no desenvolvimento desta vacina fornece proteção de forma segura. Não é uma vacina viva, portanto não oferece nenhum risco às aves, nem ao manipulador, além de não interferir nas monitorias sanitárias”, comenta Dalle Mole. A Vetanco Brasil, além de participar do evento com a apresentação do Guardian Program e da Biotech Vac Salmonella, apoiou o Simpósio Facta sobre Salmonella como patrocinadora Ouro.


Importância da escolha da vacina em um programa abrangente de controle da salmonella, por Eva Hunka, Phibro “Há diferentes tipos de prevalência de salmonella nas diferentes regiões do Brasil, segundo estudo feito pelo Laboratório Mercolab. Medidas de bioseguridade são importantes. A vacina sozinha não é capaz de tudo, mas é um elo fundamental da cadeia produtiva, Vivas Proteção contra desafios precoces Poedeiras, Matrizes e Frangos Administração na primeira semana de vida Redução na excreção fecal Imunidade celular Administração massal Inativadas Proteção efetiva durante a produção Aves de ciclo longo Proteção passiva (igG/Y) Menor colonização de órgãos Proteção Humoral e de longa duração Administração individual

A Salmonella é ‘ingrata’. Você pode fazer quase 99% de tudo para evitá-la, mas será o 1% que não fizer que será a ‘porta de atuação’ dela”.

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Eventos

No segundo e último dia do evento, participaram: Nelva Grando (Consultora), Martha Pulido (Universidade Estadual de Mississippi-EUA), Anderlise Borsoi (AFFA), Ricardo Santin (ABPA), Juan Carlos Dominguez (Chile Carnes), Eva Hunka (Phibro), Thiago Tjkowski (Vetanco), Fabrício Delgado (Consultor) e Luiz Felipe Caron (UFPR) compuseram o painel do segundo e último dia do Simpósio FACTA sobre Salmonella Atualizando controle e Tendências

Como engajar a equipe? Por Fabrício Delgado

Custo, Receita e Segurança alimentar caminham juntos. Sucesso do Programa: Realmente ser uma necessidade da empresa, demontração e incorporação do problema/oportunidade; Pessoas com alto engajamento e conhecimento; Respeito e transparência para expor problemas e trazer fatos e dados entre as equipe, interdependência real; Procedimentos/ processos / padrões estabelecidos que sejam passíveis de cumprimento e repetições sistêmicas; Movimentos contínuos e permanentes (Persistência, Paciência e Produtividade) ; Estruturas que comportem a minimização do problema (Gente e Equipamento); Gestão de indicadores Pessoas, Processos, Produtos -> Dentro da Gestão, com planejamento que se conectem -> Pessoas são os ativos mais importantes da empresa. Comunicar, Engajar, Esclarecer O que está em jogo e quais as implicações, com o real valor da participação de cada um Conhecimento do processo passo a passo Treinamento dos envolvidos Histórico da propriedade Ferramentas para utilização

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Eventos

Avicultura: inovação, exigências do consumidor e sustentabilidade são temas de simpósio internacional Alltech ONE Simpósio de Ideias será realizado virtualmente entre os dias 22 e 24 de junho e contará com tradução simultânea

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endo a transparência como prioridade para os consumidores, a indústria avícola deve encontrar soluções que atendam às necessidades das pessoas, do planeta e dos negócios. Diante destes desafios, lideranças e especialistas do setor se reunirão no Alltech ONE Simpósio de Ideias, que ocorre virtualmente de 22 e 24 de junho de 2021 para explorar oportunidades para inovar, ampliar a consciência do consumidor e construir um futuro mais sustentável. Em sua 37ª edição, o encontro da indústria agroalimentícia global, conduzido pela Alltech, mantém seu objetivo de ser uma referência valiosa para informações atualizadas do setor. Pelo segundo ano na versão virtual, a plataforma do evento fornecerá ainda acesso a sessões temáticas sob demanda e transmissão de palestras e conversas ao vivo, com perguntas e respostas, pelos principais palestrantes. Além disso, este ano, os participantes poderão acessar uma rede interativa de contatos, que permitirá conexão com colegas de todo o mundo. Sobre avicultura, haverá discussões sobre os mitos que rondam as discussões sobre avicultura, cases sobre educação e sustentabilidade, além de novas maneiras de comercializar os produtos avícolas. De acordo com o gerente de vendas para avicultura da Alltech do Brasil, Anderson Lima, o mundo não é mais o mesmo de antes em todos os aspectos e não seria diferente com o setor de avicultura. “O Simpósio será uma oportunidade única para entender as principais

transformações que vem ocorrendo no mundo avícola, desde a produção dos animais, passando pela nova forma de comercialização dos produtos, o futuro pautado na sustentabilidade e como empresas parceiras estão enxergando tudo isso e já reorientando seus negócios. Esse é um evento de participação obrigatória para todas as pessoas ligadas à avicultura que buscam informações atualizadas e realmente agregadoras para gestão de seus negócios”, afirma.

ONE Solidário Mantendo o compromisso da Alltech com as comunidades em que atua, o Alltech ONE Simpósio de Ideias promove pela segunda vez o “ONE Solidário”. Nesta modalidade, a participação no evento será mediante doações em valores a partir de R$ 200, e toda a arrecadação será revertida para instituições de caridade como auxí-

lio aos impactos causados pela pandemia de Covid-19. Os participantes terão acesso às apresentações do evento, networking, perguntas e respostas com palestrantes selecionados, acesso aos conteúdos sob demanda, podcast do ONE, salão de exposições virtuais e mais de 100 vídeos, conteúdo novo e T mium publicado regularmente, além de ofertas exclusivas para o próximo ONE. Os interessados em realizar as doações e saber mais sobre o evento podem acessar aqui: T.alltech.com/ T-br/ one21. Confira os temas das palestras sobre avicultura: • Planeta de abundância: parceiro avícola em destaque • Futuro da granja: sustentabilidade no negócio avícola • Uma nova maneira de vender frango • O mundo da avicultura A Revista do AviSite

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Saúde Avícola | Abertura

A importância da medicina preventiva no processo sanitário

Revista do AviSite ouviu especialistas sobre os principais avanços no processo de sanidade avícola

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endo um dos pilares do sistema de produção de proteína animal, a sanidade é um elemento que mais avança em busca de sua evolução e adequação às demandas de mercado. Segundo o médico veterinário Jorge Chacón, da Ceva Saúde Animal, na avicultura de corte as doenças avícolas preveníveis através de vacinação são Doença de Marek, Doença de Gumboro, Bronquite infecciosa, Doença de Newcastle, Laringotraqueite infecciosa, Bouba aviaria e Coccidiose. Em frango de corte, além da doença de Marek, é necessária a vacinação contra as doenças de Gumboro e Bronquite infecciosa, pela sua ampla distribuição, alta prevalência e tremendo impacto econômico nos lotes acometidos. “Em matriz (reprodutora) os programas vacinais das reprodutoras visam proteger as aves contra Doença de Marek, Bronquite Infecciosa, Doença de Newcastle, Metapneumovirus, Bouba aviária, Coccidiose, Salmonella e suas progênies contra a Doença de Gumboro, Anemia infecciosa, Reovirus e

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Encefalomielite. Não há um programa que atenda a extensa área territorial brasileira e sua enorme diversidade climática. Algumas regiões precisam de programas mais robustos (em número de aplicações) e outras de programas mais compactos que abranjam mais enfermidades. Importante ressaltar que em estabelecimentos de controle permanente (matrizes, avós, bisavós), os lotes devem ter status de livres sem vacinação para algumas enfermidades (micoplasmoses - IN 44/2001 e salmonelas tíficas - IN 78/2003) e são certificados após um cronograma intenso de coletas de sangue e material para isolamento bacteriológico ao longo de toda a vida do lote de aves”, detalhou. Segundo ele, as evoluções mais marcantes com o passar no tempo dos estudos das vacinas avícolas são o desenvolvimento de vacinas mais protetivas, com menos aplicações; vias de aplicação mais seguras e eficientes (>98%) muitas vezes ainda na fase embrionária (in ovo); a possibilidade de ter vacinas cada vez mais seguras quanto as reações vaci-

nais por não conter o agente vacinal vivo (por exemplo as vacinas vetorizadas de Laringotraqueíte Infecciosa), disponibilidade de vacinas que conferem proteção elevada de duração ilimitada e sem necessidade de reforços ao longo do ciclo de vida da ave (por exemplo a vacina vetorizada de Newcastle). Ainda segundo Jorge Chacón, o conceito One Health está cada vez mais presente na vida de todos. “Precisamos preservar o planeta para as gerações futuras, proteger a saúde de homens e animais, adicionalmente alimentar quase 8 bilhões de pessoas de forma responsável e sustentável. Para isso temos que produzir grãos para homens e animais e fornecer proteína animal e vegetal para homens e animais. Não há mais como separar uma coisa da outra. A saúde humana precisa aprender com a saúde animal e vice-versa. Muitos dos desafios sanitários da humanidade são de origem animal (zoonoses), outras surgem em decorrência do maior estreitamento entre homes e animais ou a invasão de habitat. Muitas das tec-


nologias geradas para o cuidado da sanidade animal servem para o cuidado da saúde humana”, destacou.

Futuro: aspectos que irão avançar dentro do processo vacinal A automatização do processo vacinal em incubatórios e granjas está cada vez mais acelerada. Equipamentos com capacidade de separar ovos embrionados de ovos sem embriões, de marcar ovos em posição desfavorável ao nascimento - todos esses equipamentos visam diminuir o desperdício de vacina ou de vacinar o embrião no local adequado de diminuir a variabilidade de uma vacinação injetável manual na granja (através de sensores que só vacinam com a ave na posição correta), de cabines e esteiras que vacinam com o tamanho da gota exata e só movem a caixa de pintos após a vacinação completa são alguns dos avanços que já estão em uso e sendo cada vez mais aperfeiçoados. Segundo Aline Souza, médica veterinária da Ceva Saúde Animal, além disso, a tecnologia de fabricação das vacinas e seus protocolos de segurança devem sempre obedecer aos critérios dos países mais exigentes nesses quesitos, para garantir que um produto só chegue às aves depois de comprovar numericamente através dos índices produtivos (ovos/ave, pintos/ave, quilogramas de carne/quilogramas de ração consumida, % mortalidade, % condenações no frigorífico) sua máxima eficiência protetiva. “Além da elevada eficácia e segurança demandados, as novas vacinas que chegarão ao mercado deverão continuar simplificando o trabalho na granja: com menos mão de obra e diminuição de revacinações através do uso de vacinas e programas que aumentem a duração da proteção”, afirmou. De acordo com Eva Hunka, médica veterinária, mestre em medicina veterinária preventiva pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) e gerente de negócios biológicos da Phibro Saúde Animal, depois da água potável, a descoberta das vaci-

nas foi a que mais salvou vidas ao redor do mundo. “Não apenas vidas humanas, mas animais também, principalmente os animais de produção e de companhia. A vacinação dos animais, além de prevenir que eles adoeçam, ainda tem um papel indispensável na Saúde Humana, prevenindo contra doenças transmissíveis aos homens, as zoonoses, ou mesmo melhorando a qualidade do alimento, por meio da produção de alimento seguro, quer seja por menores níveis de contaminação, ou mesmo por redução no uso de antibióticos, por exemplo”, disse. “Na avicultura a vacinação vem ganhando papel de destaque dia após dia, pois em um ramo onde a eficiência de produção é essencial, conviver com patógenos, mesmo que de forma subclínica, pode ser a diferença entre o sucesso e o fracasso de uma empresa. Atualmente, produzir com eficiência também é um conceito amplo, que vai além dos resultados zootécnicos. Precisamos atender a demanda de consumidores cada vez mais exigentes quanto ao bem-estar animal, uso de drogas antimicrobianas etc., tudo isso ao menor custo possível. E as vacinas se encaixam muito bem neste cenário”, apontou.

Jorge Chacón, MV. MSc PhD. Ceva Saúde Animal

As principais tecnologias empregadas no desenvolvimento das vacinas avícolas “As vacinas continuam sendo preparadas em substrato convencional (cultivo celular, ovo embrionário, culturas bacterianas, entre outros, porém as sementes vacinais são selecionadas o redesenhadas com uso da biologia molecular permitindo por exemplo o desenvolvimento de vacinas com um único agente modificado que confere proteção contra três doenças simultaneamente. As vacinas complexo imune têm facilitado o controle eficaz da doença de Gumboro, superando o problema da neutralização vacinal por parte dos anticorpos maternais”.

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Saúde Avícola | Abertura

Eva Hunka, médica veterinária, mestre em medicina veterinária preventiva pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) e gerente de negócios biológicos da Phibro Saúde Animal.

A necessidade de desenvolver rapidamente um imunizante contra a Covid-19 tem levado ao desenvolvimento e adoção de novas tecnologias na produção de vacinas -> Há algo promissor entre elas para uso em vacinas aviárias? ““Nesta corrida contra o coronavírus – SARS-Cov-2, as tecnologias de produção de vacinas ganharam popularidade e muitas delas já são utilizadas na avicultura desde muitos anos, como é o caso das vacinas vetorizadas, de subunidades e até mesmo inativadas. Na avicultura, temos um coronavírus muito importante, o Vírus da Bronquite Infecciosa (IBV) e certamente, as pesquisas envolvendo este tipo de vírus vão trazer novas opções, principalmente para os vírus da mesma família. A tecnologia de mRNA, é uma inovação interessante, pois, assim como as vacinas vetorizadas, nos permitem ativar a imunidade especifica contra patógenos, sem a necessidade de ter os microrganismos íntegros, vivos ou inativados. Esta nova possibilidade poderá elevar a vacinação das aves a um outro patamar e, por ser um segmento que absorve tecnologia, em breve teremos aves vacinadas com mRNA”.

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De acordo com ela, na avicultura de corte, onde as aves têm um ciclo muito curto, os profissionais precisam dar atenção especial às doenças mais precoces, e as vacinas precisam estimular uma proteção precoce. “Nestes casos, usamos prioritariamente vacinas vivas, que respondem rapidamente, mesmo que, em muitos casos, sua proteção não seja muito duradoura. No Brasil o movimento de levar a vacinação dos frangos para dentro do incubatório é uma realidade, e atualmente a grande maioria dos pintinhos já sai do incubatório vacinada contra as principais doenças: Marek, Gumboro, NewCastle e Bronquite. Algumas vacinas complementares podem ser feitas no incubatório, ou podem acontecer no campo com uma certa frequência como E. coli, Pnemovirus ou até mesmo Salmonella. Estas últimas bem menos frequentes e de acordo com os desafios de cada região ou necessidade de cada produtor”, disse. “Existem ainda as vacinas contra coccidiose, que estão se tornando mais populares e, dependendo do tipo de criação ou mesmo do produto que será comercializado, é uma excelente opção aos anticoccidianos, que costumam ser bem eficientes zootecnicamente e têm seu lugar garantido na produção convencional”, explicou Eva Hunka. Na área de reprodução, Eva aponta que as matrizes, assim como as Poedeiras Comerciais, têm um programa vacinal amplo e distribuidor em diversos episódios de vacinação, mas nesta ave, a vacinação tem mais um propósito, que é a proteção da progênie. “Estas aves precisam desenvolver imunidade e níveis de anticorpos suficientes para proteger os pintinhos nos seus primeiros dias de vida. Isto é essencial para algumas doenças como Gumboro, Anemia infecciosa, Reovirus etc. Com este propósito, além das vacinas comuns às poedeiras comerciais, estas aves também recebem as vacinas vivas ou inativadas contra estas doenças com o objetivo de elevar os títulos de anticorpos e consequentemente, aumentar a taxa de transfe-


rência destes anticorpos para os pintinhos”, disse.

Evoluções mais marcantes com o passar no tempo dos estudos das vacinas avícolas Eva Hunka cita que, talvez um dos grandes momentos tenha sido a chegada da vacina contra Marek. “A doença de Marek foi responsável por dizimar planteis entre as décadas de 60 e 70, chegando até a por em risco a avicultura mundial. A vacinação com o HVT, permitiu que a atividade continuasse a se desenvolver e chegar aonde chegamos hoje. O vírus de Marek, também é protagonista das vacinas vetorizadas, já que é o principal vírus utilizado como vetor nas vacinas aviárias. Ele não é o único a ser utilizado como vetor, visto que temos outras vacinas vetorizadas em Poxvirus, por exemplo, mas certamente o HVT é o primeiro que

lembramos, pois as vacinas vetorizadas de HVT + IBD, junto com as vacinas de imuncomplexo foram as responsáveis por levar o programa vacinal do frango de corte para dentro do incubatório, uma prática que se tornou realidade para a grande maioria das integrações brasileiras”, disse.

A relação atual entre as principais empresas do mercado e os centros de pesquisa, como Universidades -> Pesquisa x mercado De acordo com Eva Hunka, não podemos falar em inovação sem falar nas Universidades, elas são as incubadoras dos projetos e das grandes descobertas, inclusive para as vacinas. “Trabalhos em parceria entre as empresas produtoras de vacinas e as Universidades costumam trazer bons frutos para o mercado, não apenas no desenvolvimento de

novos produtos, mas também quando falamos em diagnósticos, monitorias, descoberta de novas cepas e definição e disseminação de conceitos para o mercado. Atualmente as Universidades e seus centros de pesquisa estão muito estruturados, através das Fundações de apoio a pesquisa, para atender a demanda da indústria por realizações de estudo e desenvolvimento de produtos”, disse. “Trabalhos que são iniciados das Universidades ganham corpo e volume quando chegam até a indústria, e é neste momento que temos uma visão de viabilidade econômica e produtiva. Muitos acabam não passando nesta fase, outros ganham ainda mais importância e tudo isso pode ser transitório, pois tecnologias aparentemente sem aplicação, podem se transformar em uma grande inovação no futuro, como o que aconteceu com a vacina de mRNA, que foi julgada como uma pesquisa sem aplicação e hoje aparece

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Saúde Avícola | Abertura

Gustavo Schaefer, Gerente Técnico Nacional Avicultura da Vaxxinova

Principais tecnologias empregadas no desenvolvimento das vacinas avícolas ““Podemos considerar a avicultura uma área privilegiada nesse sentido. Alguns exemplos mais conhecidos de vacinas avícolas, que vão além da atenuação e da inativação do agente, são as vacinas de Complexo Antígeno x Anticorpo, vacinas contendo genes recombinantes, deleção de genes indesejados, expressão de genes desejados, novos adjuvantes, entre outros. A Vaxxinova, adquiriu uma empresa nos EUA que possui uma tecnologia patenteada chamada SRP (Siderophore Receptors and Porins), que visa purificar porinas e proteínas presentes na membrana de um sorotipo de Salmonella específico (Salmonella Enteritidis), ampliando a capacidade de proteção contra uma gama ampla de outros sorotipos. A vacina contra Coccidiose em frangos de corte contendo cepas precocemente atenuadas de Eimerias apresentou um salto enorme no contexto de controle da doença, aliada a expectativa de redução de custos na produção. Cada uma possui a sua importância, permitindo as empresas do setor avícola fazerem a escolha mais adequada para sua realidade de desafio e pressão de infecção”.

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como a grande inovação ao combate da COVID-19”, apontou. De acordo com Gustavo Schaefer, Gerente Técnico Nacional Avicultura da Vaxxinova, a prevenção das enfermidades na indústria avícola de frango de corte está embasada por uma série de medidas de biosseguridade. “A vacinação é considerada como uma das principais ferramenta na prevenção, no entanto, ela deve ser concebida como parte de um conjunto de medidas que nos ajudar a prevenir, reduzir e ou controlar a pressão de infecção de diferentes patógenos nos aviários: a correta limpeza e desinfecção do aviário, o manejo assertivo da cama, o vazio sanitário adequado, a coleta da mortalidade diária e o seu devido descarte, são exemplos de ações que favorecem e nos ajudam a controlar e prevenir prejuízos econômicos causados por enfermidades que desafiam as aves”, disse. “Desenhar um programa de vacinação adequado á realidade de cada cliente é um desafio frequente na indústria de frangos de corte. Entender a contribuição da imunidade passiva e eleger um programa imunoprofilático com vacinas adequadas, pode parecer uma tarefa simples, mas é uma habilidade que requer experiência podendo ser o diferencial competitivo na lucratividade”, detalhou. “Em essência, precisamos prevenir as aves de infecções causadas por vírus ou bactérias, e neste sentido, cada realidade epidemiológica nos desafia a desenvolver junto aos médicos veterinários das empresas o que consideramos “imunidade adequada” para os plantéis. O foco é garantir que a ave possa expressar o seu potencial genético na produção de carne com o menor custo de produção”, afirmou. Segundo ele, o delineamento de um programa de vacinação começa na imunização das matrizes de corte com objetivo de protegê-las e modular a imunidade passiva que é transmitida através dos ovos para a progênie. Com a expertise técnica dos profissionais de campo e dos dados epidemiológicos de cada região, au-


Dircélio Nascimento Júnior, Médico-veterinário e Assistente Técnico de Aves xiliamos na escolha das ferramentas mais adequadas para a melhor prevenção das aves.

Custo x Benefício Segundo Schaefer, o Biovet Vaxxinova, trabalha com conceito de “imunidade adequada” para cada área de atuação da indústria avícola. Neste conceito, o desenvolvimento do programa de vacinação leva em consideração dados epidemiológicos das respectivas regiões e uma análise do impacto econômico da vacina escolhida no custo de produção das aves. “Com o incremento dos custos de produção, a pressão por melhor relação de custo x benefício é uma variável que nos desafia a entregar a melhor proposta de solução para o cliente – uma proposta de valor diferenciada que possa contribuir para otimizar os resultados técnicos e econômicos. A viabilidade de qualquer tecnologia aplicada na indústria avícola passa pela confirmação dos seus benefícios a campo, seja na melhoria dos índices zootécnicos , redução no custo de produção ou de alguma característica na qualidade microbiológica desejada”, destacou.

Ainda segundo ele, o grupo Vaxxinova possui investimentos consideráveis em Pesquisa & Desenvolvimento para evolução contínua das tecnologias. “Nosso alinhamento estratégico para o mercado de frango de corte está embasado em quatro pilares de sustentação: uso de vacinas do complexo AG/AC para controle da enfermidade de Gumboro, prevenção da infecção causada pela variante Br1 de Bronquite Infecciosa, suporte aos clientes que desejam prevenir a Cocccidiose aviária através do uso de vacinas e a expertise no atendimento em serviços associados aos processos de vacinação. Todos estes pilares visam melhor performance das aves, alinhado a tendência mundial de diminuição do uso de antibióticos e promotores de crescimento na alimentação dos animais”, disse. De acordo com Dircélio Nascimento Júnior, Médico-veterinário e Assistente Técnico de Aves da Zoetis, as perdas por falhas em processos vacinais podem ser desde brandas até perdas muito significativas para a empresa avícola em questão. “Se acontecem falhas expressivas na vacinação para a proteção de importantes patógenos, é muito provável que

acontecerão altos desafios sanitários que levarão a grandes perdas zootécnicas e/ou de qualidade com consequentes notáveis perdas financeiras. Ou seja, boas práticas de vacinação são essenciais para a saúde das empresas avícolas”, disse. Júnior apontou que os processos de vacinas corretos atendem os seguintes pontos: os programas são compostos por vacinas de alta qualidade, as vacinas são conservadas na temperatura correta durante os transportes e armazenagem, os vacinadores são qualificados e passam por frequentes reciclagens sobre o processo, o responsável técnico acompanha os procedimentos esporadicamente e existem métricas eficazes a curto e médio prazo para avaliar a qualidade das vacinações. “Acredito que as automatizações continuarão evoluindo e otimizando os processos vacinais, tanto nos incubatórios quanto nas granjas. Com as vacinações in ovo, que são um grande avanço dos processos vacinais já alcançado, conseguimos enxergar o quanto essas automatizações são benéficas para as empresas, levando mais qualidade aos processos e reduzindo a mão de obra”, disse. A Revista do AviSite

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Saúde Avícola | ABPA

A evolução da biosseguridade no Brasil Nosso território continental nos impõe inúmeros desafios, que merecem esforços para melhorarmos, especialmente, na celeridade para contenção de surtos e na desburocratização de procedimentos que demandam rápida tomada de decisão pelos técnicos que atuam no campo Autora: Amanda Barros - Gerente Técnica da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA)

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sse não é mais um texto clichê sobre biosseguridade. Hoje vamos falar um pouco sobre como essa palavra é originada da junção do termo “bio” — de origem grega, que remete à vida — com a palavra “seguridade” — derivada do latim, que significa proteção. Portanto, biosseguridade é, quase que organicamente, um conjunto de ações criadas com o objeti-

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vo de prevenir, diminuir ou controlar uma população de enfermidades e agentes infecciosos. Muito mais do que só um termo técnico muito difundido, estamos falando de medidas práticas que, de forma didática, podemos separar em três grandes grupos que se complementam: conceito, estrutura e operação. Estes três eixos da biosseguridade — devidamente implementados nos plantéis da cadeia avícola de corte do Brasil — formam, cada um com suas individualidades, a colcha de retalhos necessária para dar conforto ao status sanitário da avicultura brasileira. Logicamente, todo conceito não foi criado do dia para a noite. Muito da evolução da produção brasileira se deve à abertura de mercados importadores da carne de frango ao longo dos últimos anos. As conquistas desses mercados não trazem apenas retorno financeiro nas receitas brasileiras. Trazem, também, missões internacionais que vêm ao país verificar as medidas de biosseguridade implementadas nos plantéis de empresas exportadoras. Durante es-

O status sanitário da avicultura de corte brasileira é consistente e seguro. Ser um dos maiores produtores de proteína animal do mundo e manter um status livre de influenza aviária perante a OIE são grandes feitos. Agora, muito mais do que obter tal status, o grande desafio é mantê-lo


se processo, há compartilhamento de boas práticas globais e, claro, apontamentos sobre oportunidades de melhoria. Destaca-se que, nesse período evolutivo, houve um grande amadurecimento do nosso país com relação à importância da biosseguridade e de sua manutenção de status quo social e econômico. No entanto, o mais importante foi constatar o progresso da capacidade da análise crítica do setor no Brasil frente às sugestões recebidas dos importadores e às notificações com relação a sua aplicabilidade nas condições tupiniquins. Medidas de biosseguridade implementadas em países nórdicos dificilmente seriam 100% eficazes nos moldes de criação e clima tropical do Brasil. Assim como algumas medidas consagradas aqui nos trópicos certamente não seriam as melhores escolhas em outros países. Nesse contexto, o setor compreendeu que cada granja ou plantel avícola possui suas próprias características, que as diferenciam de forma a facilitar

A consciência coletiva entre setor privado e público atuando em prol de um objetivo comum é a grande peça chave

— ou dificultar — a gestão de uma mesma medida de controle. Ou seja, quando o assunto é biosseguridade, temos diretrizes genéricas, e não uma receita de bolo. Longe da perfeição, nosso território continental nos impõe inúmeros desafios, que merecem esforços para melhorarmos, especialmente, na celeridade para contenção de surtos e na desburocratização de procedimentos que demandam rápida to-

mada de decisão pelos técnicos que atuam no campo. Mesmo assim, o status sanitário da avicultura de corte brasileira é consistente e seguro. Ser um dos maiores produtores de proteína animal do mundo e manter um status livre de influenza aviária perante a OIE são grandes feitos. Agora, muito mais do que obter tal status, o grande desafio é mantê-lo. Para isso, a consciência coletiva entre setor privado e público atuando em prol de um objetivo comum é a grande peça chave. O governo estipula, em seus regulamentos, - como por exemplo a Instrução Normativa 56 de 2007 - medidas mínimas que devem ser cumpridas, enquanto o setor privado toma consciência de seu papel como construtor de uma cultura de biosseguridade, que englobe pessoas, processos e produtos (aves) em seus planos de investimento de médio a longo prazo. Vejam só! Ao contrário do que muitos possam vir a pensar: não, não é sorte! É cuidado, planejamento e, acima de tudo, muito trabalho. A Revista do AviSite

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Saúde Avícola | Boehringer Ingelheim Animal Health

O conceito Newxxitek® HVT+ND para proteção contra Marek e Newcastle Dentre as vacinas vetorizadas que expressam a proteína F em um vetor HVT a Newxxitek® HVT+ND é a única que expressa a proteína do genótipo IV Autor: Filipe Fernando, Gerente de Marketing da Boehringer Ingelheim Animal Health

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vírus da doença de Newcastle é um dos mais importantes patógenos que afetam o sistema respiratório. Embora todas as cepas pertençam ao mesmo sorotipo, as estirpes, subdivididas em 21 genótipos, podem ser classificados em cinco patotipos: velogênico viscerotrópico, velogênico neurotrópico, mesogênico, lentogênico ou assintomático. Um dos desafios no

enfrentamento a Doença de Newcastle é a grande variabilidade entre os diferentes isolados, a relativa facilidade na conversão de cepas de baixa virulência para de alta virulência, a grande quantidade de reservatórios animais para vírus de baixa virulência e as muitas doses de vacinas vivas atenuadas atualmente utilizadas, que contribuem para o aumento da carga viral ambiental, consequentemente favore-

Figura 1. Estudos de validação de novos produtos da Europa demonstraram que a Newxxitek HVT+ND promove proteção mais rápida contra a doença de Marek devido à sua rápida replicação nos tecidos e órgão de eleição (dados retirados dos relatórios da European Medicines Agency Veterinary Medicines. EUROPEAN PUBLIC ASSESSMENT REPORT / EMA/391280/2017 - EMEA/ V/C/004422 e EMA/464718/2015 EMEA/V/C/003829).

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cendo manifestações clínicas e subclínicas. Um bom programa vacinal deve buscar a uniformidade da vacinação e a redução da carga viral no ambiente. Para a melhor resposta imunológica a um programa vacinal deve-se levar em conta a semelhança entre cepas vacinais e as cepas circulantes. Quanto mais semelhantes forem as cepas vacinais com os vírus no ambiente, melhor será a resposta de proteção a infecções. Dentre as diferentes cepas utilizadas nas vacinas o genótipo IV da Newxxitek® HVT+ND é o que mais se assemelha em identidade da proteína F das outras estirpes dos 21 genótipos de vírus de Newcastle, apresentando 92% de identidade quando comparado aos genótipos I e II, comuns na maioria das vacinas disponíveis no mercado. Ou seja, a resposta imunológica contra a proteína F do NDV genótipo IV será mais eficiente na proteção contra os vírus circulantes quando comparado a resposta por outros genótipos. Dentre as vacinas vetorizadas que expressam a proteína F em um


vetor HVT a Newxxitek® HVT+ND é a única que expressa a proteína do genótipo IV, portanto, com melhor resposta imunológica de proteção aos desafios clínicos e subclínicos e não só a vírus velogênicos. A segurança conferida pelo vetor HVT presente na Newxxitek® HVT+ND, de mais rápida replicação quando comparado aos demais (Figura 1), traz grandes vantagens na melhor eficiência da Newxxitek HVT+ND porque além de viabilizar a aplicação em massa garantindo a administração individual, uniformizar a vacinação nos plantéis e atingir a proteção precoce, não sofre interferência de anticorpos maternos e tem longa persistência da resposta com apenas uma dose no incubatório sem produzir os efeitos secundários que possam interferir na produção, como os resultantes de vacinação tradicional.

Newxxitek® HVT+ND é a única vacina do mercado expressando o gene da proteína F de um vírus velogênico do genótipo IV. Além de trazer a expertise em construção de vacinas vetorizadas, já conhecidos na Vaxxitek® HVT+IBD como a proteção mais rápida para doença de Marek, combina a conveniência da administração única em incubatório (in ovo ou subcutânea) com a proteção de longo prazo conferida pela replicação do vetor HVT. Além disso, com a Newxxitek® HVT+ND é possível diferenciar as aves vacinadas das infectadas por vírus de campo, benefício diagnóstico que só a Boehringer Ingelheim, que conta com uma técnica específica, pode oferecer. Newxxitek® HVT+ND é a vacina vetorizada para controle da doença de Newcastle ideal na proteção precoce e contra os desafios tanto mais leves quanto mais agressivos.

Um outro diferencial da nova vacina da Boehringer, que se reflete não apenas sobre a qualidade da proteção contra Marek, como também Newcastle, é a rápida replicação vacinal. Isso porque a cepa HVT presente no campo tem velocidade de replicação mais rápida que o herpesvirus causador da Doença de Marek. Estudos demonstraram que, aos 14 dias, 90 % das aves que receberam a vacina da Boehringer estavam positivas para o vírus vacinal. Testes também foram realizados sobre a utilização da Newxxitek® HVT + ND em conjunto com a vacina imunocomplexo BDA Blen®, para prevenção da Doença de Gumboro em aves de corte. Segundo o gerente técnico de avicultura, Tobias Filho, a utilização conjunta apresentou excelente combinação.

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Saúde Avícola | Ceva Saúde Animal

Benefícios de um programa de monitoramento sobre a qualidade da vacinação Como em qualquer outro processo da cadeia de valor, a implementação de procedimentos para garantir as boas práticas, módulos de treinamento específicos para a equipe e os métodos de execução e controle são essenciais para o sucesso Autora: Paola Cruz-Dousdebes Global Vaccination Services e Wessel Swart (Europa), Vaccination Services & Equipment e Poultry Franchise Ceva Santé Animale (França)

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vacinação no incubatório é a melhor opção para realizar uma aplicação massal sob um ambiente controlado. De fato, o melhor controle e padronização do processo global de vacinação realizado em um único local e conduzido por uma equipe bem treinada resultará em maior qualidade de vacinação, melhor saúde e bem-estar em comparação aos diferentes tipos de vacinação na granja. Como em qualquer outro processo da cadeia de valor, a implementação de procedimentos para garantir as boas práticas, módulos de treinamento específicos para a equipe e os métodos de execução e controle são essenciais para o sucesso. Isto é igualmente aplicável à vacinação em incubatório. Sem qualquer controle no processo de administração da vacina, todos os benefícios das vacinas utilizadas não podem ser traduzidos em resultados. Uma aplicação dedicada foi utilizada para realizar uma auditoria referente ao desempenho da vacinação em incubatórios.

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O impacto positivo de um programa de vacinação em incubatório Uma publicação recente no Poultry Science Journal em 2020, mostrando uma pesquisa realizada pela Universidade de Pádua (Itália) e a Universidade da Tessália (Grécia) em cooperação com a Ceva Saúde Animal, demonstrou, estatisticamente, que o monitoramento da vacinação resultará em uma melhoria significativa da qualidade da vacinação para a proteção das aves e, em última instância, para o desempenho econômico das empresas envolvidas**.

Resultados das auditorias de vacinação do incubatório Durante um período de 4 anos o efeito de múltiplos controles baseados em 1678 auditorias de desempenho de vacinação foram avaliados em 169 incubatórios, localizados em 11 países europeus. Esses controles foram realizados por profissionais especificamen-

Desde sua implantação, há mais de 10 anos, o C.H.I.C.K. PROGRAM Ceva provou seu valor para incubatórios, avicultores, integrações e produtores avícolas. Hoje, mais de 175 especialistas bem treinados em 40 países estão realizando auditorias e dando suporte para cerca de 60% dos incubatórios em todo o mundo


Gráfico de dispersão, relatando a variação total e parcial entre a última e a primeira visita organizada em relação ao número de visitas realizadas. Uma linha de regressão e um intervalo de confiança relativo de 95 (área sombreada) foram sobrepostos. **No good vaccination quality without good control: the positive impact of a hatchery vaccination service program. Poultry Science 99: 2976-2982. te treinados usando um aplicativo exclusivo e um tablet. A pesquisa mostrou a variação nas pontuações entre a última e a primeira visita traçada, em relação ao número de auditorias realizadas (visitas), o que representa positivamente a melhora, particularmente nos indicadores de qualidade da preparação da vacina e da administração de spray. O equipamento de injeção foi estável pois, como mencionado no artigo, ele foi instalado por um longo período e o impacto sobre as melhorias torna-se menos visível na forma rotineira.

O C.H.I.C.K. PROGRAM. Desde sua implantação, há mais de 10 anos, o C.H.I.C.K. PROGRAM Ceva provou seu valor para incubatórios, avicultores, integrações e produtores avícolas. Hoje, mais de 175 especialistas bem treinados em 40 países estão realizando auditorias e dando suporte para cerca de 60% dos incubatórios em todo o mundo. Isso resulta em mais de 8 mil auditorias e relatórios

altamente valorizados anualmente. Durante as auditorias, diferentes parâmetros são pontuados, utilizando um aplicativo móvel dedicado, e os resultados são armazenados em um banco de dados para este fim. Os resultados são relatados de forma gráfica para o gerenciamento do incubatório, comparando-os com desempenhos passados e com o benchmarking. O status do incubatório é discutido com o pessoal responsável e os gerentes, ações potenciais são sugeridas e os resultados são acompanhados na próxima visita. O treinamento, as melhorias no local e os relatórios para o gerenciamento do incubatório resultam na melhoria dos pontos críticos. Código de boas práticas. Além disso, a atividade dos profissionais qualificados da Ceva é estruturada por um Código de Boas Práticas, cujo cumprimento é atestado por uma empresa de auditoria externa independente (Bureau Veritas Group). Atualmente, todas as afiliadas do Grupo Ceva com equipes Avícolas possuem um Reco-

nhecimento de Qualidade dado por esta empresa de testes e certificação. De fato, ano após ano, nossas equipes passam por auditorias dedicadas para provar que existe o domínio das boas práticas de vacinação nos incubatórios. Muitas melhorias significativas observadas. O efeito positivo de um programa de monitoramento da qualidade da vacinação foi então demonstrado pela publicação mencionada, que demonstra claramente os benefícios de uma avaliação objetiva do desempenho do incubatório através de um questionário padronizado no C.H.I.C.K Program, utilizando um aplicativo específico, seguido de discussão com o pessoal e a gestão sobre as ações necessárias. Os resultados foram uma melhoria significativa do desempenho da administração da vacina, e por consequência, uma redução da ocorrência de doenças infecciosas. O C.H.I.C.K. Program melhora a saúde e bem-estar animal e, por fim, o desempenho econômico da produção. A Revista do AviSite

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Sanidade / Prêmio FACTA

Fatores de risco para introdução e disseminação do vírus da Doença de Newcastle em populações de aves de subsistência As aves de criações de subsistência são potenciais reservatórios de doenças e têm sido objeto de atenção sob a ótica epidemiológica Autores: L Lagatta¹; RL Luciano¹; MM Ishizuka²; HL Ferreira³; ¹Médico Veterinário da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo - SAA/SP ²Professor Doutor, Departamento de Medicina Veterinária Preventiva e Saúde Animal - FMVZ/USP ³ Professor Doutor, Departamento de Medicina Veterinária - FZEA/USP São Paulo – SP – Brasil

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o Brasil, a última detecção do vírus virulento da doença de Newcastle (VDN) ocorreu em de aves de subsistência em 2006. As aves de criações de subsistência são potenciais reservatórios de doenças e têm sido objeto de atenção sob a ótica epidemiológica. O contato contínuo das aves de subsistência com aves de vida livre, assim como a ausência de medidas de biosseguridade, torna as criações de subsistência mais suscetíveis às infecções virais (1,3). Neste sentido, para que os países avaliem seu sistema de vigilância em busca de pontos com maiores vulnerabilidades, a Organização Mundial de

Saúde Animal (OIE) preconiza o uso da análise dos fatores de risco (2). No entanto, os fatores de risco para a introdução e disseminação do VDN em aves de subsistência permanecem desconhecidos no Brasil. Assim, o objetivo deste estudo foi o de identificar os possíveis fatores de risco associados à introdução e à disseminação do VDN em populações de aves de subsistência localizadas no entorno de estabelecimentos avícolas de reprodução.

MATERIAIS E MÉTODOS Foram selecionados cinco estabelecimentos avícolas, produtores de genética de frango de corte e de poe-

deiras, aos quais foram identificadas 104 criações de aves de subsistência localizadas em um raio de um quilometro, totalizando 2423 aves. Entre outubro de 2017 e outubro de 2018, foram visitadas 81 criações, sob forma amostral, representando 77,88% dos criatórios cadastrados, que juntos alojam 1530 (63,14%) aves. A metodologia para avaliação dos fatores de risco foi adaptada da OIE. O presente estudo quanti-qualitativo, com corte transversal, foi realizado por meio de uma pesquisa. Como instrumento de coleta de dados optou-se pela colheita de amostras de 583 soros, submetidos à técnica laboratorial de ELISA (Kit comercial

“O artigo trata dos resultados preliminares e parciais da minha tese de doutorado sobre os fatores de risco para introdução e disseminação da influenza aviária e doença de Newcastle em aves de fundo de quintal no entorno de compartimentos avícolas, cuja demanda foi a IN 21/2014, alterada pela 18/2017, pois, como sou MV da Defesa Agropecuária, e responsável pelo programa de sanidade avícola, este estudo deverá nortear as políticas públicas para atividades de vigilância nesta população de aves. A tese está em vias de ser concluída, com defesa prevista para o mês de junho” Luciano Lagatta, Médico Veterinário da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo - SAA/SP

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Gráfico 1: Hierarquização dos fatores de risco identificados e associados aos criatórios que apresentaram resultado positivo para VDN na sorologia

Fonte: Dados da pesquisa Biocheck®) com sensibilidade estimada em 95%, e pelo preenchimento de um questionário elaborado para avaliar os fatores de risco relacionados a introdução e a disseminação de doenças. Também foram colhidos suabes de traqueia e de cloaca para testes complementares à sorologia positiva.

cia veterinária 32 (74,42%); Vizinhos criam ou alojam aves: 32 (74,42%); Origem informal das aves de reposição 30 (69,77%); Descarte inadequado das aves mortas, em lixo doméstico: 19 (44,19%). As amostras de suabes de traqueia testadas por meio da técnica de RT-PCR resultaram negativas.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

CONCLUSÕES

A colheita de amostras de soro, e de suabes de traqueia e de cloaca, foi permitida em 76 (93,8%) criatórios, não vacinados para o VDN. Foram colhidas amostras de soro de 583 aves (galinhas), representando 24,06% do total de aves cadastradas. Entre os criatórios que permitiram a colheita de amostras das aves, 74 (93,7%) responderam ao questionário, sendo que 43 (56,6%) apresentaram 86 (14,8%) amostras com anticorpos específicos contra o VDN. Assim, seis fatores de risco foram identificados e correlacionados com a sorologia positiva e hierarquizados conforme o gráfico 1, sendo: Contato contínuo com aves de vida livre: 39 (90,7%); Ausência de sanitização: 37 (86,05%); Não possuem assistên-

O presente estudo identificou que o contato contínuo com aves de vida livre, a falta de assistência veterinária, a falta de sanitização, a presença de aves nos vizinhos, assim como a origem informal das aves e o descarte das aves mortas em lixo doméstico, foram apontados como principais fatores de risco para introdução e disseminação da VDN nestas populações. O resultado positivo na sorologia para o VDN não significa que haja circulação de vírus notificável, pois o kit diagnóstico detecta anticorpos contra outros patotipos de VDN uma vez que, também, não foram observados sinais de doença respiratória ou neurológica durante as visitas realizadas e tão pouco mortalidade. Além disso, não foi possível confirmar a

circulação viral pelo teste molecular (RT-PCR). Assim, para a prevenção e o controle de doenças nas aves de subsistência localizados no entorno das unidades de produção, são necessárias que as empresas avícolas, e o Serviço Veterinário Estadual (SVE), invistam em ações de monitoramento e de comunicação/ educação em saúde única - “One Health”.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. BUCHALA, F. G. Planejamento, Implantação e Administração de medidas de Defesa Sanitária Animal para o controle da Laringotraqueíte Infecciosa das Aves de 2002 a 2006, na região de Bastos/São Paulo, Brasil. 173 p. Tese (Doutorado) – FCAV/UNESP, Jaboticabal, 2008. 2. OIE. ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE ANIMAL. Código Sanitário dos Animais Terrestres, 2018. 3. REISCHAK, D.; Vírus da Influenza Aviária: monitoramento em aves de subsistência criadas no entorno de sítios de aves migratórias no Brasil. 137f. Tese Doutorado – FMVZ/ USP, São Paulo, 2016. A Revista do AviSite

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Informativo Técnico-Comercial

Ferramenta de controle da enterite necrótica na avicultura A enterite necrótica caracteriza-se por lesões e necrose na mucosa intestinal afetando principalmente animais jovens, entre duas e seis semanas de idade Autores: Gisele Neri e Kelen Zavarize

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enterite necrótica, causada pelo Clostridium perfringens, tem o potencial de impactar grandemente a produção avícola. Estima-se que a enterite necrótica seja responsável por perdas de até $6 bilhões anualmente. Isso porque nem sempre é fácil de identificar esta doença no plantel, que se apresenta basicamente em 2 formas diferentes: clínica ou subclínica. A forma subclínica da enterite necrótica provoca altas perdas econômicas devido à redução da produtividade animal. Essa redução é provocada pela pior digestão e absorção da ração, que leva, consequentemente a um aumento da conversão alimentar. Isso acontece basicamente porque o Clostridium perfringens provoca redução da saúde intestinal, piora da qualidade da mucosa intestinal e diarreia. Mas, de onde vem o Clostridium perfringens? Esta é uma bactéria de ocorrência natural no intestino das aves, Gram positiva, anaeróbia, esporulada e toxigênica. Mas isso não significa que toda ave tem a enterite necrótica, pois a simples presença do Clostridium perfringens não é suficiente para desenvolvimento da enterite necrótica. São necessários fa-

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Figura 1. Inibição do Clostridium perfringens com Bacillus subtilis PB6.

tores que colaborem para a proliferação exagerada dessas bactérias para que ave finalmente apresente sintomas da doença. Os fatores ambientais, tais como densidade populacional e qualidade da cama têm grande importância na multiplicação da bactéria, além do uso de determinados ingredientes da ração contaminados e a presença de coccidiose. A enterite necrótica caracteriza-se por lesões e necrose na mucosa intestinal afetando principalmente animais jovens, entre duas e seis semanas de idade. Normalmente ocorre na forma de surtos caracterizados por depressão, penas eriçadas, fezes moles, amontoamento, anorexia e, frequentemente, alta mortalidade.

Recomenda-se que sejam realizadas ações preventivas para evitar o aparecimento da enterite necrótica. O uso de tecnologias capazes de controlar o Clostridium perfringens é uma excelente alternativa. Existem produtos capazes de fazer isso via ração e também via água. Adicionalmente, o uso de probióticos para a manutenção da flora intestinal é essencial para prevenir a enterite necrótica. Os probióticos são aditivos alimentares compostos por microrganismos vivos que beneficiam a saúde do hospedeiro, equilibrando a microbiota intestinal, melhorando o consumo de ração, digestão e absorção dos nutrientes. Os probióticos agem no sistema imune (imuno-


Figura 2. Contagem de Clostriduim Perfringes (a) e Escore de lesão (b) em frangos de corte suplementados com Bacillus subtilis PB6 aos 28 dias desafiados com Clostridium perfringens.

Normalmente a enterite necrótica ocorre na forma de surtos caracterizados por depressão, penas eriçadas, fezes moles, amontoamento, anorexia e, frequentemente, alta mortalidade modulação), fazem a exclusão competitiva e secretam compostos antimicrobianos que suprimem o crescimento de bactérias nocivas. Portanto, atualmente o uso de probióticos vem sendo utilizado como ferramenta para o combate da enterite necrótica e para o uso consciente de antibióticos. O Bacillus subtilis PB6 é uma cepa isolada de intestino de frangos saudáveis que demonstrou produzir substâncias antimicrobianas, com ampla atividade contra várias cepas de Clostridium spp, mantendo a integridade das vilosidades, e consequentemen-

te melhorando o desempenho aniA suplementação com Bacillus mal. subtilis PB6 é eficaz no controle da Diversos estudos demonstram o enterite necrótica em aves mantendo o equilíbrio microbiano benéfimodo de ação benéfico do Bacillus co do intestino, enquanto otimiza o subtilis PB6 para aves. Esta cepa secreta surfactinas e outros metabólidesempenho. Além de ser uma fertos secundários, com propriedade ramenta importante para o uso racional dos antibióticos. antimicrobiana, específicas contra 1. Referência interna COMMbactérias gram-negativas e gramNeimar Grando, Coordenador -positivas, que são potencialmente 19-21195 de Comunicação da Vetanco patogênicas para humanos e ani2. Referência interna TPA- 14mais. Em termos de espectro anti00028 microbiano foi demostrado in vitro 3. Referência interna SPREo poder inibitório para cepa de C. 20-18544 perfringens relacionada à enterite 4. Fuller, R. 1991. Probiotics necrótica conforme Figura 1. in human medicine. Gut 32:439– O Bacillus subtilis PB6 provou 442. ser eficaz para a saúde das aves re5. Jayaraman S, Thangavel G, duzindo a quantidade de ClostriKurian H, Mani R, Mukkalil R, Chidium perfringens e melhorando o rakkal H. Bacillus subtilis PB6 improves intestinal health of broiler escore de lesão em frangos de corte Tiago Urbano,tempo que suchickens challenged with Clostri(Figura 2). Ao mesmo Técnico perfringens, Comercial prime oDiretor Clostridium dium perfringens-induced necrotic também promove o aumento das enteritis. Poult Sci. 2013 Feb;9 bactérias benéficas, como o Lacto2(2):370-4. doi: 10.3382/ps.2012bacillus spp. e Bifidobacterium spp. 02528. PMID: 23300303. promovendo um equilíbrio saudá6. Teo, A. Y., and H. M. Tan. vel do microbioma intestinal das 2006. Effect of Bacillus subtilis PB6 aves (Figura 3). (CLOSTAT) on broilers infected with a pathogenic strain of Escherichia coli. J. Appl. Poult. Res. 15:229–235. Figura 3. Efeito do Bacillus subtilis PB6 7. Abdelqader, Anas & Al Fana contagem de taftah, Abdur -Rahman & Daş, Gürbactérias büz. (2013). Effects of dietary Bacillus subtilis and inulin supplementation on performance, eggshell quality, intestinal morphology and microflora composition of laying hens in the late phase of production. Animal Feed Science and Technology. 179. 103-111. 10.1016/j.anifeedsci.2012.11.003. A Revista do AviSite

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Ciência e Pesquisa / Sanidade

Fosfeto de Alumínio no controle de Cascudinhos Para o tratamento com fosfeto de alumínio, observou-se resultados significativos quanto à mortalidade de adultos e larvas, sendo de 96,8 e 100%, respectivamente Autores: Willian Queiroz, Vando Edésio Soares, Sarah Sgavioli, Kenes Leonel de Morais, Osvaldo Bortoletto Neto Autor correspondente: sarahsgavioli@yahoo.com.br Programa de Mestrado Profissional em Produção Animal, Universidade Brasil, campus Descalvado – SP

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reutilização da cama de aviário é uma ferramenta importante na avicultura de corte, no entanto, existem desafios sanitários e zootécnicos devido a este manejo, sendo a alta infestação por Alphitobius diaperinus (cascudinho)

um deles. O inseto encontra no aviário um ambiente ideal para seu habitat e proliferação, com oferta de alimento, água e condição climáticas ideais para seu desenvolvimento, portanto, manejos que visem reduzir esta infestação são essenciais.

Figura 1: caixas para o desenvolvimento do experimento

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A Revista do AviSite

Diversos são os problemas causados pelos cascudinhos, como a ingestão de larvas e adultos pelas aves, em substituição à dieta balanceada, podendo trazer um prejuízo de até 173g no peso médio corporal da ave. Além disso, o inseto busca água e alimento no ambiente, podendo alimentar-se de aves moribundas e mortas, fazendo deste um veículo de diversos patógenos como bactérias, protozoários e vírus que causam imunossupressão nas aves. O cascudinho pode causar ainda danos estruturais às instalações, especialmente na vedação do local, pois tem a capacidade de formar galerias no solo e em estruturas de concreto. Atualmente existem no mercado inseticidas com diversos princípios ativos utilizados para o controle do inseto, sendo os piretróides e organofosforados os principais deles. Uma vez que os produtos já estão em uso há pelo menos 20 anos, sua utilização em alta escala e de longo prazo tem levado a resistência do A.diaperinus.


Os piretróides e organofosforados tem mecanismos de ação diferentes para eliminação do inseto, portanto, o uso de uma das moléculas isoladamente pode não trazer grande resultado no controle do A. diaperinus. Com isso a indústria química apresenta compostos com a associação dos princípios ativos, tornando-o mais efetivo no combate dessa praga. Paralelo a isso, na agricultura é possível encontrar diversos besouros da ordem Coleóptera que possuem forma de vida semelhante ao cascudinho, e nessa atividade o uso do fosfeto de alumínio é uma excelente alternativa de controle de pragas no armazenamento de grãos. Portanto, conduziu-se um trabalho com o objetivo de testar o fosfeto de alumínio para o controle do Alphitobius diaperinus em cama de aviário, comparando sua eficácia aos inseticidas a base de piretróides e organofosforados utilizados atualmente.

Materiais e métodos Foram construídos 4 caixotes de madeira com 1 metro de largura x 1 metro de comprimento x 50 cm de profundidade cada, revestidos internamente com lona plástica de 8 micras e isolamento do topo da caixa com tela de sombrite de 2 mm, para

evitar a fuga dos cascudinhos (Figura 1). No interior da caixa foi adicionado maravalha, altura de 12 cm, obtida de um aviário de produção de frangos de corte com 7 lotes de criação. Antes de colocar a cama dentro das caixas, uma etapa prévia de peneirar toda a cama extraída do aviário foi realizada com o auxílio de uma peneira de 10 mm para evitar que insetos adultos e larvas fossem colocados nos caixotes sem a prévia contagem, após foram adicionados 200 insetos vivos na fase adulta contados manualmente. Após a contagem, os insetos foram depositados nas caixas e mantidos com água e ração a vontade. Os insetos permaneceram dentro das caixas por um período de 25 dias até a aplicação dos inseticidas testados para controle do cascudinho, de acordo com os tratamentos descritos na Tabela 1. Após a aplicação dos químicos, as caixas foram vedadas na parte superior com uma lona plástica, evitando rápida volatização dos produtos para atender o tempo mínimo de contato descrito pelos fabricantes (5 dias). A dosagem utilizada de cada produto atendeu as recomendações de cada fabricante. Após esse período cada caixa foi aberta e 100% da cama peneirada

Conduziu-se um trabalho com o objetivo de testar o fosfeto de alumínio para o controle do Alphitobius diaperinus em cama de aviário, comparando sua eficácia aos inseticidas a base de piretróides e organofosforados utilizados atualmente

A Revista do AviSite

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Ciência e Pesquisa / Sanidade

Figura 2: contagem manual dos cascudinhos

Os resultados são extremamente importantes para manejos que visam o controle de cascudinhos em cama de frangos de corte, pois demonstram uma excelente eficácia do químico 44 A Revista do AviSite

com o auxílio de uma peneira de 10 mm, para separar o substrato dos insetos (Figura 2). Os insetos foram contados um a um, avaliado quanto ao status vital do adulto (vivo ou morto) e quanto a presença de larvas (vivas ou mortas). Ao final dessa etapa, todos os insetos, independentemente, do tratamento foram descartados antes de iniciar uma nova repetição. No período de realização do experimento a temperatura ambiental média na foi de 27,83ºC. O mesmo procedimento foi realizado por 4 vezes, portanto, um experimento com medidas repetidas no tempo. Entre uma repetição e outra foi respeitado um intervalo mínimo de 5 dias para evitar residual e interferências dos produtos na repetição. A partir dos resultados de número de adultos e/ou estágios larvais, vivos e com movimentos normais, presentes nos grupos controle e tratados, foram calculados os percentuais de eficácia dos tratamentos, em cada data avaliada de acordo com a fórmula abaixo: % Eficácia = (A-B)/A x 100 Onde:

A – Número de indivíduos vivos no grupo controle negativo; B – Número de indivíduos vivos no grupo tratado. Os dados referentes as contagens de instares de Alphitobius diaperinus foram transformados em Log (contagem+1) para atender as prerrogativas de normalidade, homogeneidade de variâncias e análise de resíduos e as médias dos tratamentos foram confrontadas pelo teste Tukey (p<0,05).

Resultados e discussão Os dados apresentados na Figura 3 mostram as contagens reais dos insetos adultos e larvas e a avaliação quanto ao status vital dos mesmos. Constatou-se maior número de adultos vivos para o tratamento controle, entre os tratamentos com o uso de produtos para o controle de cascudinhos, a utilização de fosfeto de alumínio resultou em uma menor contagem de adultos vivos, quando comparado com os tratamentos com cipermetrina líquida e em pó. Analisando os dados de eficácia da Tabela 2, evidencia-se que o tra-


Figura 3: Gráfico de caixas com os dados originais de contagens de adultos e larvas de A. diaperinus dos grupos experimentais.

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Ciência e Pesquisa / Sanidade

tamento com cipermetrina líquida e em pó foram os que apresentaram menor eficácia quanto à mortalidade de insetos adultos, pois, apenas 30 e 36,9% dos cascudinhos foram eliminados, além disso, para a mortalidade de larvas, estes químicos não tiveram eficácia, devido provavelmente a resistência estabelecida com o uso constante para o controle de cascudinhos. Para o tratamento com fosfeto de alumínio, observou-se resultados significativos quanto à mortalidade de adultos e larvas, sendo de 96,8 e 100%, respectivamente. Estes resultados são extremamente importantes para manejos que visam o con-

46 A Revista do AviSite

trole de cascudinhos em cama de frangos de corte, pois demonstram uma excelente eficácia do químico. Observando-se os dados da Tabela 3, nota-se que o tratamento com fosfeto de alumínio diferiu-se estatisticamente dos demais tratamentos tanto em relação aos insetos adultos vivos, quanto mortos, demonstrando maior efetividade desse químico na mortalidade de insetos adultos. Já na avaliação de larvas ao mesmo nível de significância, é possível constatar que houve diferença estatística em larvas vivas do tratamento com fosfeto de alumínio em relação aos demais, pois somente este

fármaco foi capaz de eliminar 100% das larvas desse inseto. A aplicação do fosfeto de alumínio para controle de adultos e larvas de Alphitobius diaperinus foi mais eficaz quando comparado a aplicação de piretróides e organofosforados. Entretanto o produto comercial a base de fosfeto de alumínio que foi utilizado no experimento ainda não possui liberação de uso em avicultura, para isso será necessário a realização de análises de comprovação de ausência de residual e registro do produto para seu uso na avicultura comercial. A literatura utilizada encontra-se disponível com os autores.


A Revista do AviSite

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Informativo Técnico-Comercial

Importância e benefícios do uso do ® FloraMax-B11 no incubatório O probiótico FloraMax-B11® é um produto criado especificamente para aves de produção e foi extensivamente estudado e avaliado em condições laboratoriais e de campo, com o objetivo de selecionar cepas capazes de colonizar rapidamente o TGI e inibir o crescimento de enteropatógenos, especialmente Salmonella spp Autor: Fabrizio Matté - Consultor Técnico Vetanco Brasil

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complexidade do ecossistema gastrointestinal é extraordinária. A quantidade de células bacterianas presente na microbiota dos animais excede o número total de células somáticas. A interação entre hospedeiro e microrganismo ainda não foi totalmente elucidada, mas as funções da microbiota sobre o trato gastrointestinal (TGI) já são descritas e compreendem: a modulação do sistema imune; a produção de ácidos orgânicos e o aproveitamento de nutrientes; a manutenção da integridade intestinal e o estímulo à renovação dos enterócitos; a adsorção e quebra de toxinas; e a competição e exclusão de patógenos. Em criações não comerciais ou na natureza, assim que os pintainhos eclodem, eles são expostos a microrganismos naturais das aves adultas e do ambiente. Em contra-

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partida, em condições comerciais, o contato e a transferência da microbiota da forma natural são mínimos ou inexistentes. Sendo assim, o TGI dos pintainhos recém eclodidos fica praticamente exposto à colonização por microrganismos presentes no incubatório, caixas de transporte e, principalmente, na granja. É importante considerar que o período neonatal é o momento mais importante no desenvolvimento dos sistemas digestório e imune das aves, e este desenvolvimento é influenciado positivamente pela presença de uma microbiota adequada (Pedroso 2011). Na avicultura industrial, a maioria dos microrganismos presentes nos ambientes, aos quais as aves são expostas no período neonatal, não são os mais adequados para a colonização precoce do TGI. Portanto, é importante tomar medidas para evi-

tar os problemas microbiológicos decorrentes do processo de incubação artificial. Essa lacuna no desenvolvimento e colonização neonatal do TGI gerou grandes oportunidades de pesquisa na área de administração de bactérias benéficas (probióticos), nos primeiros momentos de vida das aves. Os resultados científicos e experiências de campo mostram que pintainhos e peruzinhos de corte apresentam uma resposta positiva ao tratamento com probióticos logo após a eclosão. Embora a administração de probióticos durante a criação seja eficaz, o intervalo entre eclosão e alojamento é um período delicado e muito importante para maximizar a performance produtiva e sanitária das aves. Esse período de intervalo consiste no manejo e processamento dos pintainhos no incubatório, como triagem, sexa-


gem, vacinação, período na sala de espera e transporte. Durante todas essas etapas, os pintainhos estão em contato com microrganismos presentes no ambiente e nos fômites. Dessa forma o TGI, que está em fase de estabelecimento da microbiota, fica sujeito à colonização por bactérias patogênicas e/ou indesejáveis, como por exemplo Salmonella spp. O fornecimento de bactérias probióticas identificadas e selecionadas proporciona uma colonização precoce significativa no papo e intestino das aves, quando usado de forma estratégica nos incubatórios (Matté et al. 2020). O desenvolvimento ideal do sistema digestório é dependente de sua colonização por uma população microbiana equilibrada. A administração de probióticos no incubatório acelera o desenvolvimento do trato gastrointestinal, conforme ilustrado nas Figuras 1 e 2. As figuras comparam cortes histológicos do íleo de aves com três dias de idade, que receberam ou não um tratamento com probiótico via spray no incubatório (FloraMax-B11®, Vetanco Brasil). As imagens comprovam o melhor desenvolvimento da mucosa intestinal nas aves tratadas com o probiótico (Informativo Técnico Vetanco 2017).

A colonização do TGI por enteropatógenos pode ser reduzida ou até mesmo evitada, e isso é essencial para obter sucesso na produção avícola. A saúde intestinal das aves é de extrema importância para seu desenvolvimento produtivo e sanitário. Os diferentes sorotipos de Salmonela continuam sendo um dos maiores envolvidos na colonização e transmissão bacteriana nos primeiros dias de vida das aves. A Salmonela pode ser transmitida verticalmente pelas matrizes para os pintainhos. Contudo, o controle da transmissão horizontal no incubatório, nas caixas de transporte, e nos primeiros dias na granja tem um papel fundamental nos programas de controle de Salmonela e, consequentemente, na segurança alimentar do consumidor. O gerenciamento dos pontos críticos de controle em toda a cadeia de produção é de altíssima relevância para evitar que haja um aumento na transmissão e contaminação por Salmonela. Algumas intervenções são importantes para maximizar os mecanismos de defesa do organismo de cada ave. É fato comprovado que reforçar a maturidade intestinal e estabelecer uma microbiota equilibrada, são estratégias importantes na melhora dos mecanismos de defesa e saúde intestinal. Desta forma,

Figuras 1 e 2. Cortes histológicos de íleo de aves com 3 dias de idade, demonstrando a diferença no desenvolvimento das vilosidades entre o Grupo Controle e o Grupo Tratado com probiótico via spray no incubatório (FloraMax-B11®).

Os resultados científicos e experiências de campo mostram que pintainhos e peruzinhos de corte apresentam uma resposta positiva ao tratamento com probióticos logo após a eclosão A Revista do AviSite

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Informativo Técnico-Comercial Salmonella Enteritidis recuperada das tonsilas cecais, 5 dias após o desafio (Wolfenden et al. 2007). Asteriscos indicam diferença significativa entre os tratamentos (p < 0.05)

Embora a administração de probióticos durante a criação seja eficaz, o intervalo entre eclosão e alojamento é um período delicado e muito importante para maximizar a performance produtiva e sanitária das aves. Esse período de intervalo consiste no manejo e processamento dos pintainhos no incubatório, como triagem, sexagem, vacinação, período na sala de espera e transporte 50

A Revista do AviSite

a utilização de probióticos na fase neonatal, com doses estratégicas durante a vida das aves, são as ferramentas disponíveis mais eficazes para tais objetivos (Matté et al. 2014). É importante ressaltar que, para um probiótico desempenhar sua função adequadamente, é crucial que ele contenha cepas de bactérias vivas capazes de colonizar o TGI da espécie animal em questão. As cepas específicas presentes no probiótico também precisam ser comprovadamente capazes de inibir o crescimento de Salmonela, bem como devem ser administradas na dosagem correta para que os objetivos desejados sejam atingidos. É fundamental ter em mente que a capacidade probiótica de uma bactéria não se dá somente por pertencer a uma determinada espécie (p.ex. Lactobacillus acidophilus), mas sim é especifica às cepas estudadas para cada finalidade. Portanto, a utilização de bactérias não definidas, não especificas para aves de produção ou não selecionadas para um objetivo (tal como controle de Salmonela), produzirá resultados insatisfatórios. Adicionalmente, é importante pontuar que a dosagem e a combinação

de bactérias (dentro do mesmo probiótico) devem ser consideradas nos produtos comerciais, uma vez que fatores como estes são frequentemente negligenciados quando o probiótico está sob avaliação. Produtos probióticos compostos por duas ou mais cepas diferentes precisam passar por uma série de avaliações de compatibilidade, tanto in vitro como in vivo. Nem todas as bactérias podem ser combinadas no mesmo produto, com riscos de redução ou eliminação da eficácia. O probiótico FloraMax-B11® é um produto criado especificamente para aves de produção e foi extensivamente estudado e avaliado em condições laboratoriais e de campo, com o objetivo de selecionar cepas capazes de colonizar rapidamente o TGI e inibir o crescimento de enteropatógenos, especialmente Salmonella spp. (Menconi et al. 2011). O Gráfico 1 demonstra a redução significativa de Salmonella Enteritidis em frangos aos cinco dias de idade, que receberam uma aplicação do probiótico FloraMax-B11® no incubatório antes do alojamento. Uma avaliação de campo foi realizada em uma integradora no sul do Brasil, no primeiro semestre de


Tabela 1 – Médias dos desempenhos produtivos (uma dose de FloraMax-B11® no incubatório e abate aos 46 dias de idade)

2020, onde foi mensurado o desempenho produtivo de um grupo de 955.490 pintinhos que receberam uma dose de FloraMax-B11® administrado por aspersão no incubatório. Os resultados dos lotes com abate aos 46 dias de idade, estão apresentados na Tabela 1, onde foram comparados com o grupo controle de 1.426.290 pintinhos alojados e abatidos no mesmo período. Portanto, a aplicação no incubatório do FloraMax-B11® é simples e promove uma rápida implantação de uma microbiota intestinal saudável, acelerando a maturação intestinal e inibindo o desenvolvimento de enteropatógenos no TGI. O FloraMax-B11® aprimora as condições sanitárias e maximiza a performance zootécnica, resultando em melhores

resultados econômicos agroindústrias.

para

as

Referências Bibliográficas Informativo Técnico Vetanco. Número 16. Modulação e proteção intestinal pós-eclosão. Outubro 2017. Matté F., Gazoni FL., Praxedes-Campagnoni., Ternus EM., Malta T., Baptista. Avaliação da colonização precoce por Lactobacillus administrado por aspersão em pintinhos tratados com antimicrobianos in ovo. Conferencia FACTA, Campinas, São Paulo. 2020. Matté F., Dalmagro M., Gazoni F.L., Piltz S. Eficácia de um probiótico composto por 11 cepas de Lactobacillus no controle da Salmonella Heidelberg em frangos de corte.

Conferencia FACTA, Santos, São Paulo. 2014. Menconi A., Wolfenden A.D., Shivaramaiah S., Terraes J.C., Urbano T., Kuttel J. - Effect of lactic acid bacteria probiotic culture for the treatment of Salmonella enterica serovar Heidelberg in neonatal broiler chickens and turkey poults. Poultry Science. 2011. Pedroso A.A. Microbiota do trato digestório: Transição do embrião ao abate. Conferencia FACTA, Santos, São Paulo. 2011. Wolfenden A. D., Pixley C. M., Higgins J.P., Higgins S.E., Vicente J.L., Torres-Rodriguez A., Hargis B.M., Tellez G. Evaluation of Spray Application of a Lactobacillus-Based Probiotic on Salmonella Enteritidis Colonization in Broiler Chickens. International Journal of Poultry Science. 2007. A Revista do AviSite

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Empresas

Vetanco investe em diálogo mais próximo com seu público Canal de Comunicação VetanCast cresce e avança no mercado

O

VetanCast, um canal de comunicação desenvolvido pela Vetanco e que traz uma gama de informações técnicas e de mercado ao público da avicultura e da suinocultura em formato de podcasts tem crescido e se diferenciado no mercado.

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A Revista do AviSite

Com uma linguagem rápida, objetiva, profissional e muito bem estruturada a empresa tem apresentado uma nova forma de se comunicar com o seu público. Em uma entrevista exclusiva à Revista do AviSite, Tiago Urbano, Diretor Técnico Comercial e Nei-

mar Grando, Coordenador de Comunicação, ambos da Vetanco, falaram um pouco sobre a estratégia de comunicação da empresa. Segundo Urbano, o projeto do VetanCast foi criado antes do advento da pandemia do novo coronavírus. “Com a necessidade de estarmos mais próximos de nosso público, mesmo que de forma virtual, ‘aceleramos’ a conclusão do VetanCast. Com a realização de pesquisas junto ao nosso departamento técnico, definimos grandes personalidades de referência em cada região e trazemos, assim, muita opinião e informação ao nosso público”, contou Tiago Urbano. Atualmente o VetanCast está disponível na plataforma Spotify. “Com a necessidade de os profissionais se atualizarem de forma virtual, identificamos a demanda e a colocamos em prática e estamos obtendo um excelente resultado dentro do mercado avícola e suinícola”, disse. “Temos um time muito alinhado com o mercado e isto, com certeza facilita esta comunicação direta, para a geração de um conteúdo que seja, acima de tudo, informativo, nada comercial e centrado nas demandas do mercado”, apontou. No último mês de abril, o Vetancast atingou a marca de 2 mil plays no Spotify. “Chegar nesse número é bastante significativo. Ao mesmo


tempo que nos surpreende positivamente, também era algo esperado, tanto pela dedicação do time e qualidade e elaboração do material quanto pela qualidade dos entrevistados e também dos temas abordados”, avalia Urbano. Ele lembra, ainda, que os assuntos desenvolvidos pelo VetanCast são abrangentes, tanto para o mercado de aves quanto de suínos, além de temas que servem para ambos setores. Os episódios vão ao ar sempre às terças-feiras. Até o momento, o canal trouxe a opinião de 15 profissionais do setor, em podcasts que são intercalados com o Pílulas Técnicas Vetanco, com a apresentação de temas técnicos atualizados, totalizando 24 áudios até o momento. “Acredito que o projeto deva alcançar números maiores com o tempo, a partir do momento em que as pessoas criam o hábito de ouvir semanalmente nossos podcasts, seja um episódio do VetanCast ou uma Pílula Técnica. As pessoas começam a se interessar, a criar a rotina de ouvir e começam a compartilhar o conteúdo. E é justamente o compartilhamento desses episódios que faz com

Neimar Grando, Coordenador de Comunicação da Vetanco

Tiago Urbano, Diretor Técnico Comercial

que outras pessoas também venham a ouvir e se engajar ao projeto”, comenta Urbano. Segundo ele, que é um dos idealizadores do VetanCast, o projeto também é sempre muito bem recebido pelos profissionais contatados para participarem das entrevistas. “Eles entendem que não é um projeto que tem qualquer vínculo comercial, mas trata-se de um projeto que busca simples e puramente fazer a difusão técnica para os mercados de avicultura e suinocultura”. Segundo conta Neimar Grando, o VetanCast está crescendo, e a ideia é adaptá-lo também para outras plataformas, como Deezer e Google Cast. “Este é um caminho sem volta. As empresas que atuam hoje no mercado tem a ‘obrigação’ de se aproximar cada vez mais de seu público, entendê-lo e traçar um franco diálogo com ele. Há disponíveis uma gama enorme de ferramentas e a Vetanco consegue assim, já vislumbrar um crescimento do projeto inicial”, contou. A Revista do AviSite

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Informativo Técnico Comercial

A importância dos marcadores de saúde intestinal para avaliação de probióticos Alguns marcadores vêm sendo exaustivamente testados e utilizados, proporcionado maior segurança aos usuários, principalmente pelo fato de terem um embasamento científico comprovado Autores: Wanderley Quinteiro Filho, Matheus Resende e Damien Prévéraud Adisseo LATAM e Adisseo France SAS

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saúde intestinal é um dos temas de maior relevância para a avicultura dos últimos anos. Diversos fatores estão envolvidos na saúde intestinal, sendo que os de maior destaque estão relacionados a microbiota, a nutrição e a resposta do hospedeiro (integridade intestinal e inflamação). Entretanto, avaliar e predizer a saúde intestinal é muito complexo e, em muitas vezes, impreciso. Mesmo assim, marcadores intestinais são necessários para sua avaliação, e assim, (1) predizer problemas de performance, (2) avaliar a eficácia de estratégias para saúde intestinal, (3) justificar intervenções na produção e, (4) testar mudanças nutricionais e novas ferramentas de diagnóstico.

Figura 1a. Correlação de escore macroscópico com comprimento de vilos e infiltrado de linfócitos T.

54 A Revista do AviSite

Diversos marcadores relacionados a saúde intestinal vêm sendo utilizados no campo para auxiliar na monitoria do status sanitário na avicultura; porém, a eficácia desses marcadores ainda é muito contestada, principalmente pela dificuldade em estabelecer critérios científicos e pelos problemas em estabelecer uma amostragem ideal e estatisticamente aceitável. Ainda, alguns desses marcadores apresentam baixa correlação direta com os paramentos produtivos, o que coloca sua utilização questionável. Entretanto, alguns marcadores vêm sendo exaustivamente testados e utilizados, proporcionado maior segurança aos usuários, principalmente pelo fato de terem um embasamento científico comprovado. Dentre esses marcadores, os siste-

mas de escore macroscópicos através de necropsias, as análises histopatológicas e morfométricas, a análise da microbiota e metabólitos intestinais são metodologias que apresentam correlação positiva com o status de saúde intestinal das aves. O objetivo desse artigo é revisar algumas metodologias de avaliação de saúde intestinal em aves e comentar sobre como temos comprovado os efeitos do probiótico Alterion®, uma cepa exclusiva de Bacillus subtilis (29784), na modulação desses principais marcadores de saúde intestinal.

Escores macroscópicos Em geral, a avaliação e classificação por meio de escores macroscópicos é realizada após a morte ou sacrifício de animais doentes; porém,


Figura 1b. Correlação de escore macroscópico com infiltrado de linfócitos T.

na avicultura a realização de necropsias para fins de monitoria do status de saúde é comum e de extrema importância para o diagnóstico e controle de enfermidades. A aplicação de escores macroscópicos de lesões é feita durante a investigação necroscópica de uma ave, e hoje é classificada como a principal ferramenta de monitoria de saúde intestinal da avicultura. Diversas metodologias de escore podem ser observadas no campo, entretanto, a metodologia publicada por Teirlynck e colaboradores (2011) mostrou ser de simples aplicação e fácil monitoria. Ainda, o sistema de escores de lesões macroscópicas apresentaram correlação negativa em relação ao comprimento de vilos e correlação positiva com o infiltrado de linfócitos T em situações de disbacteriose (Figura 1a e 1b). Utilizando a metodologia de Teirlync e colaboradores, realizamos

um teste com desafio nutricional através da inclusão de 20% de centeio, induzindo aumento do conteúdo de PNA (polissacarídeos não amiláceos) das dietas, e então, avaliamos os efeitos do probiótico Alterion® (Bacillus subtilis 29784). O escore de enterite bacteriana foi reduzido para 1.0 nos animais do grupo Alterion®, sendo que os animais do grupo controle (apenas desafiado com PNA) mantiveram o escore 2.0 (Figura 2). Esse trabalho nos mostrou que foi possível verificar os efeitos do probiótico Alterion® através de uma metodologia de avaliação de escores macroscópicos.

Avaliações microscópicas – histopatologia e histomorfometria. Seguindo as análises macroscópicas, amostras de intestinos podem ser coletadas para avaliações mi-

croscópicas. Essas avaliações podem ser histomorfométricas, quando mensuramos estruturas intestinais como altura de vilos, espessura de criptas, relação vilo/cripta; e histopatológicas onde avaliamos lesões no epitélio intestinal (mucosa e submucosa) e camadas adjacentes. Algumas metodologias foram desenvolvidas para facilitar uma avaliação histológica, aplicando sistemas de escores para diferentes parâmetros da mucosa intestinal, por exemplo: espessura da lâmina própria, espessura epitelial, proliferação de enterócitos, infiltrado de células imunes, proliferação de células de globet e presença de oocistos (Kraieski ccc., 2017; Belote et al., 2018, 2019). De fato, avaliações histomorfológicas do intestino podem auxiliar na avaliação da integridade epitelial e inflamação (Gholamiandehkordi et al., 2007). Ainda, alguns traba-

Figura 2: Alterion® (Bs 29784) diminui escore macroscópico em frangos de corte desafiados com altos níveis de polissacarídeos não amiláceos (PNA)

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Tabela 1: Morfologia de íleo e ceco em frangos de corte de 42 dias suplementados com Alterion® (tabela adaptada de Jacquier et al., 2019).

lhos associam o aumento da altura de vilos, espessura de lâmina própria e a quantidade de células epiteliais com maior peso corpóreo das aves (Kraieski et al., 2017). Em estudos realizados com o probiótico Alterion®, observamos um aumento significativo do comprimento de vilos em relação ao grupo controle (sem aditivos para saúde intestinal) no íleo (controle = 0.66 µm; Alterion® = 0.79 µm, P<0.05) e no ceco (controle = 1.25 µm; Alterion® = 1.46 µm, P<0.05). A Tabela 1 resume os resultados encontrados (Jacquier et al., 2019). Entretanto, sabemos que apenas análises morfométricas simples não são suficientes para avaliar o status de integridade do epitélio intestinal. Dessa maneira, acrescentar avaliações histológicas através de scores

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de diferentes parâmetros, auxiliam na análise da estrutura epitelial. De fato, com o uso da metodologia publicada por Kraieski et al. (2017), denominada ISI (I see inside), observamos que o probiótico Alterion® diminui o escore ISI quando comparado com o grupo controle negativo (sem aditivos) e o grupo antibiótico (enramicina 10 ppm) em aves desafiadas em modelo experimental de enterite necrótica (Figura 3 e 4). Especificamente, podemos destacar a diminuição na espessura da lâmina própria e no epitélio da mucosa, e ainda a diminuição no infiltrado inflamatório nessas duas regiões (Figura 3 - Tirano et al., 2019). Esses dados reforçam o potencial do probiótico analisado em melhorar a integridade e modular a inflamação epitelial em situações com ou sem desafio.

Microbiota intestinal A análise da microbiota intestinal das aves ainda é classificada como uma ferramenta complexa e de pouco uso no dia a dia da indústria avícola. Entretanto, essa tecnologia vem se popularizando e, diversos

trabalhos vem observando correlações importantes com saúde intestinal e índices zootécnicos. Avaliar a microbiota intestinal sob uma perspectiva ecológica poderia fornecer conhecimento em como promover a saúde através da nutrição, modulando comunidades microbianas específicas. A microbiota pode ser classificada como resiliente quando a população microbiana apresenta maior diversidade e maior número de bactérias com propriedades anti-inflamatórias (bactérias produtoras de butirato como Ruminococcaceae e Lachnospiraceae) e menor número de patógenos oportunistas como Clostridium perfringens e Enterobacteriaceae como Salmonella e Escherichia coli. Diversos estudos vêm mostrando os benefícios da expansão de Firmicutes ou aumento da razão Firmicutes/ Bacteroidetes. Dentro dos Firmicutes produtores de butirato, a diminuição da população de Faecalibacterium prausnitzii se destaca, mostrando ser um importante marcador em situações patogênicas específicas. De fato, Faecalibacterium prausnitzii exibe propriedades anti-infla-


Figura 3: Efeitos de Alterion® sobre escore microscópico ISI em frangos de corte de 14 dias desafiados em modelo de enterite necrótica

Figura 4: Alterion® diminui o escore ISI em frangos de corte em desafio de enterite necrótica.

matórias, em parte relacionada com a secreção de metabólitos que bloqueiam a ativação de fator de transcrição nuclear kB (NF-kB) e a secreção de Interleucina 8 (IL-8) (Sokol et al. 2008). Em um modelo de desafio de enterite necrótica, foi observada a capacidade do probiótico Alterion® em aumentar a alpha diversidade da microbiota intestinal (índice de Chao e Shannon) quando comparado com as aves do grupo controle (sem aditivos). Também foi observado maior prevalência de Ruminococcaceae (P>0.001 – Tabela 2) com a suplementação de Alterion®, especi-

ficamente aumento da Faecalibacterium prausnitzii (+13.4%; P<0.001). Como comentado, essa bactéria vem sendo correlacionada com parâmetros de saúde intestinal como comprimento de vilosidades e área de linfócitos CD3. Além disso, observamos um aumento na prevalência de bactérias do gênero Ruminococcus e Lachnoclostridium (Tabela 2), que são responsáveis pela quebra de PNA em ácidos graxos de cadeia curta, como o butirato (molécula importante na reepitelização e efeitos anti-inflamatórios). Em um outro experimento onde frangos de corte foram desafiados com C. perfringens,

observamos que o número de E. coli no dia 21 e o número de C. perfringens no dia 28 de vida das aves forma reduzidos significantemente no grupo que consumiu o probiótico.

Metabólitos microbianos Finalmente, não podemos esquecer dos metabólitos microbianos, que também podem ser relacionados a saúde intestinal. Como citado anteriormente, bactérias da microbiota convertem complexos de carboidratos (como PNA), fibras e até mesmo proteínas em uma variedade de metabólitos que apresenA Revista do AviSite

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Figura 5: Diversidade da microbiota em amostras de conteúdo cecal de frangos de corte suplementados com Alterion® (adaptado de Keerqin et al., 2021)

Tabela 2: Efeitos do probiótico Alterion® sobre a microbiota de ceco (tabela adaptada de Jacquier et al. 2019; Poultry Science 98:2548-54)

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tam diversos efeitos na saúde dos animais. Um exemplo já comentado seria a metabolização de PNA resultando predominantemente na produção ácidos graxos de cadeia curta como butirato e propionato. Outros metabólitos estão associados a integridade intestinal, como é o caso das hipoxantina, pantotenato e ácido nicotínico, que estão intimamente relacionados com controle de processos inflamatórios e restauração tecidual. O ácido nicotínico (niacina) ativa o receptor GPR109A (um tipo de receptor nicotínico) no epitélio intestinal, suprimindo a inflamação local (Singh et al., 2014). Foi demonstrado que o ácido nicotínico aumenta a proliferação de

enterócitos e a “cicatrização” epitelial em um modelo in vitro com células Caco-2. Ainda, observamos que a suplementação com o probiótico foi capaz de aumentar os níveis de ácido nicotínico no lúmen do íleo e jejuno de frangos de corte com 13 dias de vida (P <0.01); revelando um dos mecanismos de ação do Alterion® sobre a saúde intestinal de aves (Figura 7). Inúmeras tecnologias moleculares vêm sendo desenvolvidas para apoiar o entendimento da saúde intestinal como metagenômica, metabolômica, metatranscriptoma, etc; sendo essas, atualmente parte da linha de pesquisa de inúmeras grupos de pesquisas e empresas da área de avicultura; porém, em função da


Figura 6: O ácido nicotínico modula a inflamação no intestino de aves (adaptado de Singh et al. 2014; Immunity. 16; 40(1): 128–139).

Figura 7: Teores de ácido nicotínico em íleo e jejuno de frangos de corte suplementados ou não com Alterion®

complexibilidade do intestino das aves, a replicação dessas metodologias na realidade de campo é um grande desafio dos profissionais da avicultura. Em resumo, esse artigo revisou alguns dos importantes marcadores de saúde intestinal em aves, que podem ser utilizados tanto de maneira acadêmica como em aplicações práticas no campo. Avaliar os efeitos de

um aditivo nutricional sobre a saúde intestinal requer o uso de diversas ferramentas e marcadores, sendo que apenas um fator parece não ser suficiente para avaliar o status de saúde intestinal de uma ave. Como podemos acompanhar, diversos marcadores já podem nos guiar em diversas estratégias de monitoramento de integridade intestinal e até mesmo na avaliação de produtos

probióticos. De maneira reveladora, demonstramos que todos esses marcadores puderam ser utilizados para avaliar e comprovar a consistência do probiótico Alterion® como ferramenta de fortalecimento da integridade intestinal, modulação (ou controle) da inflamação e modulação da microbiota. Referências disponíveis mediante solicitação. A Revista do AviSite

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Mercado

Desempenho do frango vivo em maio e nos cinco primeiros meses de 2021

O

frango vivo obteve, em maio, a melhor remuneração de todos os tempos, tanto em valor nominal como real, desempenho decorrente da conjunção, em um mesmo momento, de três fatores favoráveis distintos – pagamento de salários do mês, comemoração do Dia das Mães e liberação de nova parcela do auxílio emergencial – Porém, toda a valorização obtida no período – de 10,73% em relação ao mês anterior, abril de 2021 – ficou limitada aos três primeiros dias de negócios de maio, ocasião em que ocorreram dois reajustes de R$0,10/kg cada e a cotação alcançou a marca, inédita, de R$5,30/kg. Ou seja: em 88% do mês (considerando os 26 dias de negociações de maio) o máximo alcançado ficou inalterado. A estabilidade, porém, não reflete as nuances de mercado ocorridas no decorrer de todo o mês: firme, no primeiro decêndio; calmo no segundo; fraco no decêndio final (mas com perspectivas de reversão no final de maio). Um comportamento definido pelo frango abatido, cujo desempenho se revelou sustentável apenas nos primeiros dez dias do mês, desvalorizando-se continuamente no restante do período. Sob tal panorama, seria natural contar com a queda de preços, também, do frango vivo. Mas uma vez que isso não ocorreu (como de praxe, apenas negócios pontuais sofreram descontos em relação à cotação vigente) é de se supor que a oferta pelos produtores

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independentes vem sendo limitada, situação que se coaduna com os altos custos enfrentados pelo setor e força um absoluto controle da produção. Em função do melhor desempenho neste ano, mas em decorrência, sobretudo, dos baixos preços de um ano atrás (quando apenas começavam a ser sentidos os primeiros efeitos de uma redução de oferta imposta pela pandemia), a variação anual de preço do frango vivo supera os 75%. Doravante, porém, a tendência é de redução desse índice pois, como mostra o gráfico abaixo, à esquerda, a recuperação de preços a partir de junho de 2020 (e até novembro) foi contínua. Já a média alcançada nos cinco primeiros meses de 2021 chega aos R$4,70/kg, valor cerca de 28% superior à média dos 12 meses de 2020. Mas em comparação aos mesmos cinco meses do ano passado (o mais afetado pela primeira onda da pandemia), o índice de valorização sobe para 50%. Cabe observar, aqui, que esse índice recua para 45%ao se tomar como base de comparação o preço médio dos cinco primeiros meses de 2019 (ou seja, em 2020 o resultado foi negativo em relação a idêntico período anterior). E, neste caso, ressalta o fato de que, em idêntico período, o custo de produção do frango (levantamento mensal da Embrapa Suínos e Aves relativo a abril/21) aumentou quase 75%.


Matéria Prima Milho registra crescimento de 70% no decorrer de 2021 O preço do milho continua registrando evolução expressiva no decorrer do ano. Nos primeiros cinco meses de 2021 o preço médio do insumo, saca de 60 kg, interior de SP, alcançou cotação de R$95,12, equivalendo a aumento de 70,6% sobre a média alcançada pelo produto no mesmo período do ano passado, quando a cotação média atingida foi de R$55,76.

Farelo de soja aponta aumento de quase 76% no acumulado do ano O farelo de soja (FOB, interior de SP) atingiu índices extraordinários de crescimento no decorrer dos primeiros cinco meses de 2021. O preço médio do período alcançou valor de R$2.688/t, representando índice positivo de 75,9% sobre o apontado para o mesmo período de 2020, quando a cotação média atingiu apenas R$1.528/t.

Valores de troca – Milho/Frango vivo No frango vivo (interior de SP) o preço médio acumulado nos primeiros cinco meses do ano alcançou R$4,69 kg, atingindo valorização anual de 50,6%. Assim, com a maior valorização na cotação do milho em relação ao frango vivo, houve perda no poder de compra do avicultor. Neste ano foram necessários quase 338 kg de frango vivo para se obter uma tonelada de milho, considerando-se a média mensal de ambos os produtos. Este volume representa queda de 11,7% no poder de compra em relação ao ano anterior, pois, no mesmo período de 2020 a tonelada do milho “custou” 298,2 kg de frango vivo.

Valores de troca – Farelo/Frango vivo

Valores de troca – Milho/Ovo

Valores de troca – Farelo/Ovo

O preço do ovo, na granja (interior paulista, caixa com 30 dúzias), obteve valorização pequena comparada à do milho no decorrer dos cinco primeiros meses de 2021, atingindo preço médio de quase R$101,00, equivalendo a índice positivo de 16,6% sobre o recebido no mesmo período do ano passado, negociado por R$86,64. Assim, com a valorização no preço médio dos ovos bem inferior ao alcançado pelo milho, também houve grande perda no poder de compra do avicultor de postura comercial. No período foram necessárias 15,7 caixas de ovos para adquirir uma tonelada do cereal, enquanto no mesmo período de 2020 foram necessárias apenas 10,7 caixas/t, significando piora de 31,7% em sua capacidade de compra.

De acordo com os preços médios dos produtos no acumulado de 2021, foram necessárias, aproximadamente, 26,6 caixas de ovos (valor na granja, interior paulista) para adquirir uma tonelada de farelo de soja. Com isso, o poder de compra do avicultor de postura comercial registrou significativa perda de um terço em relação ao farelo de soja, já que no mesmo período do ano passado foram necessárias apenas 17,6 caixas de ovos para adquirir uma tonelada do cereal. O resultado dessa perda no poder de compra em relação às matérias-primas, tanto do produtor de ovos quanto do frango vivo é um forte impacto no custo de produção em ambos os setores, incidindo em grandes perdas para os avicultores.

Mesmo com o frango vivo apresentando valorização significativa no decorrer dos primeiros cinco meses do ano, a alta verificada no preço médio do farelo de soja foi ainda mais relevante e fez com que fossem necessários 573 kg de frango vivo para adquirir uma tonelada do insumo, significando piora de 14,4% no poder de compra do avicultor em relação ao mesmo período de 2020 quando 490,5 kg de frango vivo foram necessários para obter uma tonelada do produto.

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Ponto Final

João Marcelo Gomes Médico veterinário e presidente da Kemin na América do Sul

O momento é favorável para a avicultura e será assim nos próximos anos A combinação de preços mais altos do frango no mercado interno com o câmbio favorecendo as exportações tem compensado o impacto da pressão nos custos do produtor

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A

s perspectivas continuam positivas para a avicultura brasileira. Apesar do momento de pressão nos custos de produção, o momento é favorável para o avicultor e vai continuar assim nos próximos anos. Os recordes nos preços da soja e do milho, que têm tirado o sono do produtor, chegam a 100% de aumento para o milho na comparação com o ano passado e 70% de alta para a soja na mesma comparação. Neste cenário, a dieta atinge 80% dos custos do frango e a nutrição, que sempre foi importante, ganha destaque cada vez maior no planejamento das empresas avícolas. A combinação de preços mais altos do frango no mercado interno com o câmbio favorecendo as exportações tem compensado o impacto da pressão nos custos do produtor. No mercado externo, a demanda segue aquecida impulsionada pela segunda onda dos focos de Peste Suína Africana (PSA) na China, que reduziu fortemente o rebanho de suínos naquele país, ampliando a demanda pela carne de frango. Atrelado a este fator, a ausência de restrição religiosa para o frango, a alta qualidade da nossa carne e a nossa competiti-


No mercado externo, a demanda segue aquecida impulsionada pela segunda onda dos focos de Peste Suína Africana (PSA) na China, que reduziu fortemente o rebanho de suínos naquele país, ampliando a demanda pela carne de frango

vidade de preços formam um quadro favorável para as exportações. E o Brasil vem se preparando e ganhando espaço no mercado internacional com uma produção competitiva. Uma fotografia deste cenário são os investimentos na capacidade produtiva por parte de indústrias de Santa Catarina e do Paraná. Além das boas notícias do mercado externo, temos um mercado de mais de 200 milhões de consumidores e preço mais competitivo do frango em relação a outras fontes de proteína de origem animal nas gôndolas dos supermercados. Neste segmento, a diversificação de portfólio com cortes especiais é uma estratégia que permite ao avicultor ampliar suas margens, reduzindo o impacto dos custos elevados.

O desafio da lucratividade

Sim. Estamos hoje em mercado muito mais complexo em lucratividade. Precisamos conviver com um novo patamar de custos. E a boa notícia é que existem ferramentas para isso. A nutrição de precisão nunca foi tão importante e a capacidade e formação dos profissionais da cadeia produtiva teve um avanço importante nos últimos 20 anos. Houve um avanço técnico muito alto de 10 anos para cá e ainda maior nos últimos cinco anos. Então, se o Brasil já era referência pela qualidade e capacidade produtiva, hoje, temos profissionais com capacidade para exportar conhecimento. E quando um mercado que já é desafiador se torna ainda mais, a melhor arma do produtor é a ciência. O emprego de tecnologias e inovações no campo podem contribuir com melhores resultados zootécnicos, como conversão alimentar, ganho de peso diário ou até mesmo uma redução do custo da ração. Estudo publicado recentemente pela revista Poultry Science, dos Estados Unidos, mostra os efeitos positivos de biossurfactantes na redução dos custos da energia da dieta. Aditivos que mantenham ou ganham performance com bom retorno sobre o investimento estão disponíveis no mercado. Em momento de preços recordes, precisamos considerar a deficiência de armazenagem de milho em fazendas produtoras e o elevado risco de contaminação ao longo da cadeia, o que pode inviabilizar a produção avícola e a performance final do plantel. A qualidade do grão ofertado e serviços para melhorar o retorno sobre o investimento do cliente tem sido a estratégia de negócios da Kemin neste desafio. Se de um lado, a nutrição tem ferramentas para reduzir o impacto dos preços dos grãos, a grande preocupação do produtor deve estar na manutenção do status sanitário privilegiado da avicultura brasileira. Em uma avaliação dos últimos 20 anos, podemos dizer que a avicultura brasileira enfrentou crises políticas e econômicas com crescimento. E isso se deve a formação de alto nível dos nossos técnicos e a capacidade de produção deles e das empresas. E não existe no mundo país com tamanha capacidade. Conseguimos exportar frango de altíssima qualidade com preços competitivos apesar da crise da soja e do milho e temos condições de atender em larga escala a demanda mundial. Por isso, vale a pena investir em melhores tecnologias, genética, nutrição e ter alianças comerciais com outros países. Investir em cortes especiais, agregar valor ao produto, bem-estar animal e ambiência. Estes são pilares que podem agregar a uma avicultura que já provou resiliência em crises e sempre saiu vitoriosa. Por isso o otimismo e as perspectivas positivas. O momento é favorável para o avicultor e vai continuar assim nos próximos anos. A Revista do AviSite

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