Editorial Sanidade, mercado e o avanço do setor de postura Vamos destacar neste espaço que esta edição da Revista do Ovo, traz um amplo painel sobre um dos principais pilares da avicultura, a sanidade. Empresas, personagem e o mercado como um todo traçam um panorama de como o setor pode evoluir e garantir a máxima eficiência e segurança do plantel avícola de postura. A ciência e a tecnologia estão a favor da sanidade avícola e a inovação trouxe muitos benefícios para os processos de vacinação, permitindo vacinar vários animais ao mesmo tempo e garantindo um lote mais homogêneo, fortalecendo a criação de programas vacinais para diversas situações epidemiológicas. Quem explica é o médico-veterinário, professor da Universidade de São Paulo – USP e membro do Conselho da Facta, Antônio Piantino. “As vacinas de alta tecnologia são totalmente diferentes das primeiras disponíveis no Brasil no início dos anos 2000. Além disso, hoje existem tecnologias que garantem a qualidade da vacina em incubatório e a rastreabilidade do processo. A avicultura brasileira só se tornou referência no mundo, sendo um dos expoentes de produção de carne de frango e de ovos graças ao uso das vacinas. Também, o desenvolvimento da genética e da nutrição, completando esse tripé, foi fundamental para que a avicultura se tornasse destaque no agronegócio brasileiro”, disse. E outro destaque desta edição é que, com aumento no preço da carne, o brasileiro esta comendo mais ovo do que a média global. Mas, por mais incrível que possa parecer, a indústria de ovos vive entre a cruz e a espada, devido ao preço do milho e do farelo de soja, a ração dos animais, insumo que responde por mais de 81% do custo de produção da proteína. Boa leitura!!!
Sumário
de Pintainhas de 07 Alojamento Postura comercial apresenta redução de 9,4% no primeiro quadrimestre
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Arapongas puxa a produção de ovos no PR
aumento no preço da carne, 30 Com brasileiro come mais ovo do que a média
utilização de Clostat® Dry e KemTrace® 34 ACromo na qualidade de ovos de poedeiras reprodutoras
produtoras de ovos do Brasil
per capita de ovos cresce Faria: “Hoje temos 4 Classificadoras 14 Consumo 42 Grupo no Brasil em 2020 Sanovo em nossas granjas e estamos
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Certificado de Recebíveis do Agronegócio financiará Fazenda da Toca
Redação Giovana de Paula (MTB 39.817) imprensa@avisite.com.br Comercial Natasha Garcia e Paulo Godoy (19) 3241 9292 (19) 98963-6343 comercial@mundoagro.com.br
Administrativo e circulação financeiro@avisite.com.br
enriquecidos com ômega 3 54 Ovos para aumento da imunidade do ovo em maio e 60 Desempenho nos cinco primeiros meses de 2021
61 Matérias-Primas Final 62 Ponto Avanços técnicos para o setor de ovos Tabatha Lacerda Coordenadora Técnica – Associação Brasileira de Proteína Animal
muito felizes com a solução”
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Publisher Paulo Godoy paulo.godoy@mundoagro.com.br
global
de preços, na granja, Faria: os passos que levam a 40 Granja 12 Comparativo entre o ovo e o frango vivo nos construir uma das mais importantes
Avipe, UFPE e AD Diper fecham parceria para beneficiar a produção de grãos em Pernambuco
EXPEDIENTE
Internet Gustavo Cotrim webmaster@avisite.com.br
sanitário
e Programa Ovos RS doam de ovos auxilia nos cuidados 39 Consumo 10 ASGAV 10 mil ovos para o Instituto Dunga contra a Sarcopenia
últimos 12 meses
Publicação Bimestral nº 62 | Ano VII Junho/2021
Diagramação e arte Mundo Agro e Luciano Senise senise@senise.net
a ABPA, alojamento de importância da medicina 06 Segundo 20 Apreventiva postura comercial aumentou 4,9% no processo em 2020
Mundo Agro Editora Ltda. Rua Erasmo Braga, 1153 13070-147 - Campinas, SP
do Detoxa® Plus sobre os 44 Efeito parâmetros produtivos em galinhas de postura
diretoria do Instituto Ovos 18 Nova Brasil é eleita
a casca dos ovos pode ser 48 Como reutilizada para gerar produtos de valor? Genética Equilibrada e 52 Seleção Performance de Aves Poedeiras Revista do OvoSite
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Revista do OvoSite
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Eventos
2021 Junho 22 a 24
Conferência FACTA 2021 Realização: Fundação APINCO de Ciência e Tecnologia Avícolas – FACTA Site: www.facta.org.br
2022 Junho 08 e 09
6ª Feira de Avicultura e Suinocultura Capixaba (FAVESU) Local: Centro de Eventos Padre Cleto Caliman (Polentão) Venda Nova do Imigrante, ES. Realização: Associação dos Avicultores do Espírito Santo (AVES) e Associação de Suinocultores do Espírito Santo (ASES) Site: www.favesu.com.br
Agosto 07 a 11
Congresso Mundial de Avicultura Local: Palácio dos Congressos - Paris, França Realização: Branch francesa da World’s Poultry Association (WPSA) Site: www.wpcparis2021.com 09 a 11
SIAVS 2022 – Salão Internacional de Avicultura e Suinocultura Local: Expo Center Norte – São Paulo, SP Realização: Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) Site: www.siavs.com.br 24 a 27
Ovum 2022 - XXVII Congresso Latino Americano de Avicultura Local: San Pedro Sul, Honduras Realização: Associação Nacional de Avicultores de Honduras (ANAVIH) e Associação Latinoamericana de Avicultura (ALA) Local: San Pedro Sula, Honduras Site: www.anavih.org
As 4 notícias mais lidas no OvoSite em Maio
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Segundo a ABPA, alojamento de postura comercial aumentou 4,9% em 2020 O total alojado – mais exatamente 124.317.339 cabeças – representa novo recorde no setor, equivalendo a aumento de 58,9% em uma década, próximo de 4,8% ao ano.
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Com aumento no preço da carne, brasileiro come mais ovo do que a média global Hoje, o brasileiro come mais ovos que a média do cidadão mundial que é de 230 ovos por ano. O alimento, que até poucos anos atrás figurava entre os vilões da saúde, condenado pelo teor de colesterol, migrou para as páginas da alimentação saudável.
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Alojamento de Pintainhas de Postura Comercial apresenta forte redução nos dois últimos quadrimestres Os dados mensais de pintainhas de postura comercial colhidos no mercado indicam que houve forte evolução no alojamento a partir do segundo quadrimestre de 2019 até o segundo quadrimestre do ano passado.
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Ovos: com disponibilidades excessivas, produtores não conseguiram suportar a pressão e cederam nos preços A fragilidade presente no mercado de ovos desde a abertura do mês e o crescimento na disponibilidade do produto na base inicial da cadeia de produção, impôs aos produtores de ovos brancos e vermelhos o primeiro retrocesso nos preços.
Há 05 anos no OvoSite www.ovosite.com.br
Alojamento de Pintainhas de Postura comercial tem crescimento superior a 5% Campinas, 30/06/2016 - Dados fornecidos pela Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) indicam que no trimestre março a maio continuou crescendo o volume de pintainhas alojadas. Em março, por exemplo, chegou a quase 8,300 milhões, significando o quarto maior alojamento já efetuado pela avicultura de postura comercial. A última vez que se alojou volume superior foi no já distante abril de 2014. Em abril o alojamento retrocedeu para 7,761 milhões e obteve o menor índice de crescimento do ano, alcançando 4%. No mês seguinte, subiu para 7,929 milhões, equivalendo a 5,2% de aumento sobre maio de 2015. Com isso, o alojamento médio do bimestre abril/maio ficou na casa dos 7,845 milhões, significando aumento de 3% sobre o alojamento médio do ano passado. Por ora, o acumulado até maio alcança 38,818 milhões e corresponde a 5,4% de aumento sobre o mesmo período de 2015. O percentual de pintainhas alojadas para produção de ovos brancos equivale a 80,37%. O alojamento médio do período projeta cerca de 93,2 milhões de pintainhas para o ano. Se alcançado, representará 2% de crescimento sobre 2015.
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Revista do OvoSite
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Produção
Chapéu: Produção
Título: Segundo a ABPA, alojamento de postura comercial aumentou 4,9% e
Segundo a ABPA, alojamento de postura comercial aumentou 4,9% em 2020
Linha Fina: O significado desse aumento é um plantel produtivo em contínuo preparado para atender plenamente o mercado interno e incrementar os emb externos no decorrer de 2021.
Dados divulgados pela Associação Brasileira de Proteína Animal em seu relatório que o alojamento de postura comercial para produção de ovos brancos e vermelho crescimento próximo de 5% no ano passado. O total alojado – mais exatamente 124.317.339 cabeças – representa novo recorde equivalendo a aumento de 58,9% em uma década, próximo de 4,8% ao ano. O significado desse aumento é um plantel produtivo em contínuo crescimento e p atender plenamente o mercado interno e incrementar os embarques externos no de Mas a situação dos avicultores esteve complicada no primeiro quadrimestre por c produto com preços onerosos diante do expressivo aumento no custo de produção consumidor final cada vez mais depauperado financeiramente. As empresas com parte de sua produção voltada para o mercado externo têm cons aumentar os embarques do produto no período. Mas isso tem sido insuficiente par sustentação ao mercado interno que conviveu na maior parte do tempo com exced não permitiu que os produtores de ovos pressionassem por preços que trouxessem suas empresas.
O significado desse aumento é um plantel produtivo em contínuo crescimento e preparado para atender plenamente o mercado interno e incrementar os embarques externos no decorrer de 2021
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ados divulgados pela Associação Brasileira de Proteína Animal em seu relatório anual aponta que o alojamento de postura comercial para produção de ovos brancos e vermelhos apresentou crescimento próximo de 5% no ano passado. O total alojado – mais exatamente 124.317.339 cabeças – representa novo recorde no setor, equivalendo a aumento de 58,9% em uma década, próximo de 4,8% ao ano. O significado desse aumento é um plantel produtivo em contínuo crescimento e preparado para atender plenamente o mercado interno e incrementar os embarques externos no decorrer de 2021. Mas a situação dos avicultores esteve complicada no primeiro quadrimestre por comercializar produto com preços onerosos diante do expressivo aumento no custo de produção e encontrar um consumidor final cada vez mais depauperado financeiramente. As empresas com parte de sua produção voltada para o mercado externo têm conseguido aumentar os embarques do produto no período. Mas isso tem sido insuficiente para dar sustentação ao mercado interno que conviveu na maior parte do tempo com excedentes. E isso não permitiu que os produtores de ovos pressionassem por preços que trouxessem sustentação às suas empresas.
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Revista do OvoSite
ALOJAMENTO PINTAINHAS DE POSTURA COMERCIAL
2011 a 2020 (Cabeças)
Fonte: ABPA
Análise: OVOSITE
Alojamento de Pintainhas de Postura comercial apresenta redução de 9,4% no primeiro quadrimestre De toda forma, considerando que abril é mês mais curto, o índice negativo real cai para apenas 3,7%. Na comparação anual o índice é negativo pelo 7º mês consecutivo, em abril, na casa dos 4,5%.
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ados coletados no mercado indicam que em abril o alojamento de pintainhas de postura comercial continuou a apresentar índice anual negativo.
O total alojado nos últimos doze meses – maio de 2020 a abril de 2021 - atinge 120,3 milhões de cabeças e representa 2,6% de redução sobre o mesmo período imediatamente anterior
O total alojado – mais exatamente 9,954 milhões de cabeças - equivale a redução mensal de 6,8%. De toda forma, considerando que abril é mês mais curto, o índice negativo real cai para apenas 3,7%. Na comparação anual o índice é negativo pelo 7º mês consecutivo, em abril, na casa dos 4,5%. No acumulado do ano, o alojamento do primeiro quadrimestre equi-
vale a redução de 9,4% sobre o mesmo período do ano passado, com plantel para a produção de ovos brancos apresentando crescimento e representando quase 81% do total. O total alojado nos últimos doze meses – maio de 2020 a abril de 2021 - atinge 120,3 milhões de cabeças e representa 2,6% de redução sobre o mesmo período imediatamente anterior. Revista do OvoSite
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Produção
Arapongas puxa a produção de ovos no Paraná O município lidera tanto em volume quanto em faturamento no Paraná. Produziu 40.106.700 dúzias em 2019, com valor agregado de R$ 100.266.700,00
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or trás daquela vistosa bandeja com 30 ovos, invariavelmente acomodada em uma ponta de gôndola do supermercado, há muito trabalho. Empenho como o da família Cortez, de Arapongas, na Região Norte. Em diferentes gerações, costumam dizer que estão há “uma vida” na avicultura. Dedicação vista nos números do Paraná. Os dados de 2020 sobre a produção de ovos, elaborados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostram que o Estado subiu para a segunda colocação no ranking nacional, com 360,64 milhões de dúzias produzidas, 3,3% a mais do que em 2019. São Paulo lidera com 1,14 bilhão de dúzias produzidas – Espírito Santo (359,802 milhões de dúzias), Minas Gerais (351,277 milhões) e Rio Grande do Sul (279,617 milhões) aparecem na sequência. O complexo que ele dirige é impactante e considerado um exemplo de organização dentro do setor. São 300 mil galinhas alojadas em uma área de 17,5 alqueires. Todas separadas por espécie, respeitando as rigorosas exigências sanitárias. A produção da Granja Feliz é estimada em 183 mil ovos por dia.
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Volume que garante o emprego para aproximadamente 60 pessoas de forma direta. Alguns deles, inclusive, residem no próprio terreno da granja, em casas cedidas pela administração. “Não cobramos nada, aluguel, luz ou água”, conta o empresário. A granja é um dos tantos polos da avicultura espelhados por Arapongas, atividade que transformou o ovo em importante matriz econômica da cidade. De acordo com o Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento, a produção de ovos de galinha para consumo participou em 2019 com 4,3% do Valor Bruto de Produção (VPB) de todo o núcleo de Apucarana, com concentração justamente em Arapongas. O município lidera tanto em volume quanto em faturamento no Paraná. Produziu 40.106.700 dúzias em 2019, com valor agregado de R$ 100.266.700,00.
EXPORTAÇÃO Roberto de Andrade Silva, técnico do Deral, explica que o Brasil ainda exporta poucos ovos – mais de 98% da produção são voltados para o mercado interno (consumo
O Estado do Paraná subiu para a segunda colocação no ranking nacional, com 360,64 milhões de dúzias produzidas, 3,3% a mais do que em 2019. São Paulo lidera com 1,14 bilhão de dúzias produzidas – Espírito Santo (359,802 milhões de dúzias), Minas Gerais (351,277 milhões) e Rio Grande do Sul (279,617 milhões) aparecem na sequência
Dirceu Pontalti Cortez, sócio-proprietário da Granja Feliz. “São 53 anos na atividade. Um trabalho delicado, que requer muita atenção. Eu nasci aqui, na granja, e dei continuidade ao trabalho do meu pai. É um caso de amor com os ovos, com o Paraná e com o País”
in natura, indústria alimentícia, consumo institucional). Segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), a pandemia de Covid-19 influenciou de maneira negativa os volumes embarcados. “Os Emirados Árabes Unidos, um dos principais destinos do produto brasileiro, sofreu reduções drásticas em seu turismo por causa do vírus, o que resultou na diminuição da demanda por ovos, consequentemente, das importações do produto brasileiro”, destaca Silva.
INSUMOS Mercado externo que é parte da preocupação na granja dos Cortez. O dólar alto fez com que a exportação de milho e soja, base da ração das galinhas poedeiras, ficasse mais atrativa, abalando o mercado
interno. Custo mais elevado dos insumos repassado em parte para o consumidor final, lá na ponta da gôndola. “Mexeu com o setor como um todo”, diz. Em fevereiro o preço dos ovos apresentou expressivas altas em todos os níveis do mercado paranaense: produtor, atacado e varejo. Em relação ao preço pago ao avicultor, o aumento foi de 6,6% , em comparação com janeiro de 2021. No mês passado, a caixa do tipo grande, com 30 dúzias, foi vendida, em média, a R$ 117,67. No atacado, o reajuste verificado chegou a 18,8% e a mesma caixa teve preço de R$ 120,41. Já no varejo, a dúzia atingiu o valor de R$ 6,01, alta de 7,3% em relação a janeiro. O levantamento é do Deral. Como comparativo, em fevereiro de 2020, um avicultor precisava
de 7,9 caixas de 30 dúzias de ovos para adquirir uma tonelada de milho. Em fevereiro deste ano, para ter a mesma quantidade, ele precisa investir 11,4 caixas de ovos, um aumento de 44,3% . No farelo de soja, a relação é ainda mais forte. De 15,2 caixas necessárias para uma tonelada do produto em 2020, agora é preciso 26,8 caixas, aumento de 76,3% . “Precisamos de apoio para continuarmos a ser competitivos. Somos um segmento importante, que emprega milhares de paranaenses”, ressalta o secretário-executivo da Associação Paranaense de Avicultura (Apavi), Edson Tsuguio Kakihata. O setor pede ao Governo Federal a isenção de impostos como PIS e Cofins. A demanda está em análise pelo Ministério da Agricultura. Revista do OvoSite
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Ação Social
ASGAV e Programa Ovos RS doam 10 mil ovos para o Instituto Dunga
O presidente-executivo da Asgav e Coordenador do Programa Ovos RS, José Eduardo dos Santos, acredita que ajudar os mais vulneráveis socialmente é um exercício de solidariedade ainda mais necessário em um contexto de pandemia
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Associação Gaúcha de Avicultura (ASGAV) e Programa Ovos RS doaram no início de maio 10 mil ovos para o projeto social Seleção do Bem 8, ligado ao Instituto Dunga, coordenado pelo ex-jogador e capitão do tetracampeonato mundial de futebol, Carlos Caetano Bledorn Verri, mais conhecido como Dunga.
A entidade fez contato com o instituto para repetir a ação que ocorreu de 04 à 09 de outubro de 2020, quando entregou 5 mil unidades para Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) e para o projeto Seleção do Bem 8. Foram entregues 28 caixas de ovos brancos e vermelhos doadas pelas granjas associadas à Asgav participantes do Programa Ovos RS.
A iniciativa vai ajudar o projeto social Seleção do Bem 8
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Revista do OvoSite
O presidente-executivo da Asgav e Coordenador do Programa Ovos RS, José Eduardo dos Santos, acredita que ajudar os mais vulneráveis socialmente é um exercício de solidariedade ainda mais necessário em um contexto de pandemia, que aumentou o índice de desemprego e potencializou muitas dificuldades. “A nossa entidade representa a avicultura, um dos setores mais ativos do agronegócio, e não pode se omitir diante da situação de fome”, reforça. O Capitão Dunga gravou uma mensagem agradecendo mais esta doação, reforçando a importância de consumir ovos produzidos no Rio Grande do Sul e de preferência com o Selo Ovos RS, que garante um cuidado a mais na produção. O Rio Grande do Sul é o quinto maior produtor de ovos do Brasil e o segundo maior exportador, abastecendo países como Japão, regiões do Oriente Médio, México e, por último, o Chile, mercado conquistado no fim de 2020 e que representa a venda de 1,5 milhões de ovos por mês. O Estado produz 3,8 bilhões de ovos por ano para atender o mercado. O plantel gaúcho tem em torno de 12 milhões de aves poedeiras.
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Mercado
Comparativo de preços, na granja, entre o ovo e o frango vivo nos últimos 12 meses O ovo, cuja perda de preço se estendeu por outros quatro meses além de maio, também obteve alguma recuperação
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ouco mais de um ano atrás, exatamente no mês de maio de 2020, o ovo começava a enfrentar forte desaceleração de preços, após ter alcançado – com a reação do mercado às primeiras medidas antipandemia – os melhores resultados de todos os tempos. Porém, mesmo com a desaceleração, o ovo mantinha, então, praticamente o mesmo valor do frango vivo, à época em início de recuperação. Ou, mais exatamente, R$3,25/kg e R$3,22/dúzia (valor da caixa de 30 dúzias convertido). Um ano depois, a situação é bem diferente, pois, excetuado breve retrocesso no bimestre dezembro/20-janeiro/21, a recuperação de preços do frango vivo tem sido contínua. E, considerado o valor médio registrado nestes primeiros dias de maio (R$5,23/kg), acumula em 12 meses incremento de pouco mais de 60% média de 4% ao mês. O ovo, cuja perda de preço se estendeu por outros quatro meses além de maio, também obteve alguma recuperação – a ponto de, nos últimos quatro meses, vir alcançando remuneração superior à registrada no recorde de 2020. Mas essa recuperação é bem mais modesta que a do frango vivo, pois, aos preços registrados neste início de maio (R$3,47/kg), a valorização em 12 meses não chega a 8% - média pouco superior a meio por cento ao mês. Como não se pode concluir, a partir desses dados, que a situação atual
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FRANGO VIVO x OVO Comparativo de preços ao produtor no interior de São Paulo Janeiro de 2020 a maio de 2021 (maio de 2021: primeiros dias do mês) FRANGO VIVO (R$/KG)
OVO BRANCO EXTRA (R$/DÚZIA)
Fonte dos dados básicos: JOX – Elaboração e análises: AVISITE
do ovo é pior que a do frango (pois as bases, um ano atrás, eram absolutamente anormais), talvez seja interessante avaliar como evoluíram os preços dos dois produtos frente à sua principal matéria-prima, o milho. Neste caso, partindo-se dos valores médios registrados no ano de 2019, constata-se que ovo e frango
tiveram evolução de preços muito similar, ou seja, de 57% e 60%, respectivamente, enquanto o milho encareceu 150%. Resumo da história: tanto frango como ovo continuam perdendo; pior, permanecem a uma distância cada vez maior de sua principal matéria-prima.
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Consumo interno
Título: Consumo per capita de ovos cresce no Brasil em 2020 Linha Fina: No ano passado o consumo per capita de ovos atingiu 251 unidades, apresentando crescimento de 9,1% no ano. Olho: Ricardo Santin, Presidente da ABPA e do Instituto Ovos Brasil, tem estimado possibilidade de se atingir volume ainda maior, de 265 ovos em 2021.
Consumo per capita de ovos cresce no Brasil em 2020
A Associação Brasileira de Proteína Animal em seu relatório anual 2021 aponta que no an passado o consumo per capita de ovos atingiu 251 unidades, apresentando crescimento de no ano. Considerando que o alojamento de pintainhas de postura comercial para produção de ovos brancos e vermelhos apontou crescimento anual de quase 5% em 2020, existe plantel sufic para continuar aumentando a produção em 2021. Se o mesmo índice alcançado no plantel produtivo for alcançado no consumo per capita, significa um total mínimo de 263 ovos po habitante. Ricardo Santin, Presidente da ABPA e do Instituto Ovos Brasil, tem estimado a possibilid se atingir volume ainda maior, de 265 ovos em 2021. Mas, as condições de produção têmdeteriorado expressivamente diante do alto custo dos ingredientes essenciais na composiçã ração do plantel avícola e da impossibilidade de repassar esses aumentos na comercializaç produto. Com isso, a produção de postura comercial pode entrar em colapso por enfrentar onerosos a vários meses. Assim, será preciso um esforço conjunto do setor avícola e apoio governamental para que empresas de postura comercial possam recuperar a saúde financeira, se manter na atividad continuar produzindo esse alimento que contribui de maneira ímpar com a saúde da popula brasileira.
No ano passado o consumo per capita de ovos atingiu 251 unidades, apresentando crescimento de 9,1% no ano
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Associação Brasileira de Proteína Animal em seu relatório anual 2021 aponta que no ano passado o consumo per capita de ovos atingiu 251 unidades, apresentando crescimento de 9,1% no ano. Considerando que o alojamento de pintainhas de postura comercial para produção de ovos brancos e vermelhos apontou crescimento anual de quase 5% em 2020, existe plantel suficiente para continuar aumentando a produção em 2021. Se o mesmo índice alcançado no plantel produtivo for alcançado no consumo per capita, significa um total mínimo de 263 ovos por habitante. Ricardo Santin, Presidente da ABPA e do Instituto Ovos Brasil, tem estimado a possibilidade de se atingir volume ainda maior, de 265 ovos em 2021. Mas, as condições de produção têm-se deteriorado expressivamente diante do alto custo dos ingredientes essenciais na composição da ração do plantel avícola e da impossibilidade de repassar esses aumentos na comercialização do produto. Com isso, a produção de postura comercial pode entrar em colapso por enfrentar preços onerosos a vários meses. Assim, será preciso um esforço conjunto do setor avícola e apoio governamental para que as empresas de postura comercial possam recuperar a saúde financeira, se manter na atividade e continuar produzindo esse alimento que contribui de maneira ímpar com a saúde da população brasileira.
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CONSUMO PER CAPITA DE OVOS NO BRASIL
2010
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2020
Fonte dos dados básicos: ABPA OVOSITE
Elaboração e análises:
Matérias-Primas
Avipe, UFPE e AD Diper fecham parceria para beneficiar a produção de grãos em Pernambuco Com esta iniciativa inédita, será possível saber os locais mais adequados para a produção de milho e sorgo em todo o estado, favorecendo assim a indústria de rações de aves
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Associação Avícola de Pernambuco (Avipe), a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e Agência de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco (AD Diper) firmaram uma parceria de estudo tecnológico para aprimorar o mapeamento dos dados das chuvas em Pernambuco. O objetivo é investir na qualidade das ações de plantio de grãos (milho e sorgo) destinados à indústria de rações de aves, já que será possível saber os locais mais adequados
Os dados gerados poderão ser aplicados para fornecer informações para embasar políticas públicas e uso direto pelo setor de avicultura e, posteriormente, por outros setores da economia de Pernambuco
para a produção das culturas. A iniciativa, batizada de Grãos PE, é inédita no estado e contará com duas bolsas de estudo no valor total de R$ 38,4 mil a serem oferecidas aos técnicos da universidade por 12 meses. “Devido ao clima tropical e predominantemente semiárido, as chuvas são o principal fator que controla a produção agropecuária em Pernambuco. Mas, infelizmente, ainda são limitadas em Pernambuco as informações de fácil acesso que permitam a análise refinada e o mapeamento dos padrões de volume e distribuição das chuvas para apoiar a agricultura. Por isso, essa parceria é algo de extrema importância e chegou em boa hora”, explica o presidente da Avipe, Giuliano Malta. Os bancos de dados e ferramentas que serão utilizados no processo fazem parte das atividades desenvolvidas pelo Observatório Nacional da Dinâmica da água e do Carbono no Bioma Caatinga (ONDACBC), uma rede de pesquisa criada em 2016, sediada na UFPE, e da qual fazem par-
te os Programa de Pós-Graduação em Biometria e Estatística Aplicada, da UFRPE; e o Programa de Pós-Graduação em Tecnologias Energéticas e Nucleares, da UFPE. “Esperamos que os dados gerados possam ser aplicados para fornecer informações úteis, no formato e na linguagem adequada para embasar políticas públicas e uso direto pelo setor de avicultura e, posteriormente, por outros setores da economia de Pernambuco”, afirma o professor da UFPE e coordenador do ONDACBC, Rômulo Menezes. O detalhamento da pesquisa é o que fará a diferença. “Será possível termos informações do histórico de chuvas em qualquer propriedade de Pernambuco. Por isso, entendemos que a aproximação da pesquisa científica ao setor produtivo se faz muito importante nesse momento, onde no caso em questão será imprescindível ao sucesso da produção de grãos em Pernambuco", comemora o gerente de Arranjos Produtivos Locais da AD Diper, Álvaro França. Revista do OvoSite
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Empresas
Certificado de Recebíveis do Agronegócio financiará Fazenda da Toca Este é o primeiro concedido ao setor de avicultura de postura no país
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Fazenda da Toca, do empresário Pedro Paulo Diniz, levantou R$ 25 milhões com a emissão de um Certificado de Recebíveis do Agronegócio (CRA) com selo verde, o primeiro concedido ao setor de avicultura de postura no país. Maior produtora de ovos orgânicos da América Latina e modelo na produção regenerativa, que utiliza apenas áreas degradadas e já desmatadas há muito tempo, a empresa projeta mais que dobrar de tamanho nos próximos três anos: até 2024, ela prevê ampliar o volume de produção em 133%. O investimento será na expansão do plantel de galinhas, criadas em ambientes livres, sem gaiolas e com alimenta-
ção regulada a partir de grãos orgânicos, apelo de cuidado que garantiu o selo Certified Humane Brasil de bem-estar animal. Os recursos também servirão para ampliar a produção das embalagens, 100% recicláveis e biodegradáveis. Elas são usadas no transporte dos ovos - produzidos na fazenda de 2,3 mil hectares em Itirapina (SP), a 200 km da capital - a uma ampla rede de supermercados nas regiões Sul e Sudeste e no Distrito Federal. Em breve, eles chegarão também ao Nordeste, segundo informações do Valor Econômico. Parte do dinheiro será ainda para a conclusão do projeto Carbon Free, que pretende reflorestar 23 hectares na propriedade com 37 mil mudas de plantas nati-
Pedro Paulo Diniz
“O que mais me motiva é fazer bons negócios que regenerem o nosso planeta e consequentemente melhorem a vida de todos que vivem nele”
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vas da Mata Atlântica e neutralizar 100% das emissões de gases do efeito estufa geradas pelo sistema produtivo até 2023, outro feito inédito no setor avícola. A fazenda fez um inventário da pegada de carbono e criou um indicador de emissão de cada ovo para calcular a necessidade de recomposição vegetal. A Toca, que conta com investimentos da Península Participações, empresa de investimentos da família Diniz, estruturou-se para entrar no mercado das finanças verdes. "A agricultura do jeito que fazemos regenera a vida, a biodiversidade, sequestra carbono e tem um impacto super importante", conta Pedro Paulo Diniz. "Isso não é luxo hoje, é necessidade para a humanidade continuar vivendo neste planeta. Então, por que não usar instrumentos de mercado já disponíveis para nos financiar?" Essas qualidades e as diversas certificações da Fazenda da Toca fizeram a diferença. A Necton Investimentos, corretora de valores recém-adquirida pelo BTG Pactual, coordenou a operação e disse que a demanda pelos papéis foi 240% superior à oferta. "A aceitação foi excelente. O investidor tem preferência por ativos com esse viés sustentável", diz Rafael Giovani, diretor de distribuição da empresa. Pulverizada, a operação contou com 48 investidores, muitas pessoas físicas, com perfil profissional e qualificado. Mas ainda há um longo caminho a percorrer, afirma Diniz. Primeiramente, para amadurecer o mercado das finanças mistas no país e também o próprio negócio para que seja possível, por exemplo, achatar as taxas de financiamento. Outro obstáculo é a reputação
Balanço de uma década do projeto Fazenda da Toca Orgânicos “Foi e continua sendo a melhor experiência da minha vida. Um período de grandes realizações e que me devolveu a esperança de viver em um planeta melhor e mais saudável. Há 10 anos eu me lancei em uma jornada de regeneração do planeta, em busca de um modelo de produção e consumo em harmonia com a natureza. E foi então que vi o potencial da agricultura para mudar essa rota de destruição e esgotamento dos recursos naturais para um caminho de regeneração do solo, biodiversidade e meio ambiente. Aí que me apaixonei pela agricultura, especialmente por esse modelo de agricultura regenerativa, que hoje me dá plena convicção de que é perfeitamente possível alimentar o mundo e causar impacto ambiental positivo. Essa é uma perspectiva muito animadora e que me motiva a investir dentro e fora da Fazenda da Toca”. Pedro Paulo Diniz desgastada do Brasil na área ambiental. "A gente ter uma imagem melhor, principalmente no exterior, é super importante. Isso vem atrapalhando um pouco as nossas conversas com investidores. Em muitas delas tivemos que justificar por que o Brasil ainda está com esse nível de desmatamento", relata. O investimento tem potencial para ter efeitos sobre todo o setor, acreditam os envolvidos. Os desdobramentos incluiriam aumento da demanda por grãos orgânicos, como milho, soja e trigo, e a atração de pequenos produtores ao processo. Quem ajudou na operação espera que ela ajude a mostrar que é possível
produzir de forma sustentável e orgânica em larga escala e ser financiado com instrumentos sofisticados. A Ecoagro, securitizadora que lidera o mercado de CRAs no Brasil, estruturou a operação. Com prazo de oito anos e taxas de juros não reveladas, o financiamento foi colocado de pé e finalizado em 60 dias. Segundo Moacir Ferreira Teixeira, sócioexecutivo da Ecoagro, nem os bancos de fomento do agronegócio poderiam oferecer essas condições. Quase 60% das operações realizadas pela Ecoagro em 2021 já são "verdes", com mais de meio bilhão de reais capta-
dos nessa categoria. O potencial do mercado brasileiro de green bonds é de US$ 163 bilhões até 2030, afirma o executivo. Desde 2015, quando foram iniciados esses negócios, já são mais de US$ 8 bilhões. Teixeira conta que os investidores têm demonstrado olhar atento a esses diferenciais, que despertam nos participantes da operação, segundo ele, também um sentimento de "pertencimento". "Em vez de o dinheiro ir para a poupança ou para um título público, está indo diretamente para a produção, que vai gerar renda, riqueza e também remuneração para o investidor", diz.
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IOB
Nova diretoria do Instituto Ovos Brasil é eleita Edival Veras assume a presidência do IOB e os participantes aprovaram o seu novo estatuto, que possui premissas como: atender aos preceitos do novo Código Civil, implementar uma nova metodologia de gestão do Instituto e trazer mais agilidade e dinamismo às decisões que serão executadas no dia a dia da entidade
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Edival Veras de Barros foi empossado como o novo presidente do Instituto Ovos Brasil
Ricardo Santin, assume a presidência do Conselho Deliberativo do IOB
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nova composição dos Conselhos Deliberativo e Fiscal e da Diretoria do Instituto Ovos Brasil foi oficializada no último mês de fevereiro, por meio da Assembleia Geral Extraordinária da entidade, que foi realizada de forma virtual, contando com a participação de associados e conselheiros. Iniciando a pauta da reunião, os participantes aprovaram o novo estatuto do IOB, que possui premissas como: atender aos preceitos do novo Código Civil, implementar uma nova metodologia de gestão do Instituto e trazer mais agilidade e dinamismo às decisões que serão executadas no dia a dia da entidade. No decorrer no encontro, Edival Veras de Barros foi empossado como o novo presidente do Instituto, enquanto Ricardo Santin, que presidiu o IOB por oito anos e atualmente desempenha a função de presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), assumiu a presidência do Conselho Deliberativo da entidade. Em sua fala, Edival Veras agradeceu o apoio de todos, destacou a importância dos feitos alcançados pelo IOB, e frisou as dificuldades relacionadas aos custos de produção e as melhorias necessárias para aumentar o consumo de ovos no país. “Os desafios não serão fáceis e o trabalho em conjunto será fundamental para enfrentarmos todos esse cenário”, completou. Ricardo Santin enalteceu o apoio e a dedicação dos associados, conselheiros e diretores nos últimos anos, especialmente na reestruturação da área finan-
ceira do Instituto. “Tenho muita satisfação em ter sido eleito para presidir o Conselho Deliberativo. Agradeço a confiança e conto com o apoio de todos”, encerrou.
CONFIRA ABAIXO A NOVA COMPOSIÇÃO DA DIRETORIA E DOS CONSELHOS DO INSTITUTO: DIRETORIA Presidente: Edival Veras de Barros Campelo Filho Diretores: Airton Carneiro Junior (diretor comercial), Daniela Duarte Oliveira (diretora técnica), Nélio Hand (diretor financeiro) e Tabatha Silvia Rosini Lacerda (diretora administrativa). CONSELHO DELIBERATIVO Presidente: Ricardo João Santin Titulares: Ademar Kerckhoff, Altino Loyola, Cacio Roberto Fracaro, Cláudio Penedo Scarpa, Carlos Oswaldo Cardoso Pulici, Edenilson Dorigoni, Gilson Tadashi Katayama, Jair José Meyer, João Jorge Reis e Leandro Pinto. Suplentes: Airton Carneiro Junior, Daniela Duarte Oliveira, Edival Veras de Barros Campelo Filho, Luis Costa Coelho Malta e Nélio Hand CONSELHO FISCAL Titulares: Altemir José Scardua, Luiz Mário B. Peixoto e Marden Alencar Vasconcelos Suplentes: Gustavo Perdoncini e Giuliano Nobrega Malta
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Saúde Avícola
A importância da medicina preventiva no processo sanitário Revista do OvoSite ouviu especialistas sobre os principais avanços no processo de sanidade avícola
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endo um dos pilares do sistema de produção de proteína animal, a sanidade é um elemento que mais avança em busca de sua evolução e adequação às demandas de mercado. Segundo o médico veterinário Jorge Chacón, da Ceva Saúde Animal, na produção de ovos o Brasil assumiu uma grande importância econômica nos últimos anos e uma proteção estratégica deve ser desenhada sob medida para cada região de acordo com os levantamentos
epidemiológico e sanitário associados aos desempenhos zootécnicos das aves. “Pela sua importância econômica e ampla distribuição é necessário a vacinação contra a Doença de Marek, Gumboro, Bronquite infecciosa, Doença de Newcastle, Laringotraqueíte Infecciosa, Mycoplasma Gallisepticum, Coriza infecciosa, Bouba aviaria, EDS, Coccidiose e Salmonella Gallinarum”, disse Chacón. Segundo Eva Hunka, médica veterinária e gerente de negócios bio-
Jorge Chacón, MV. MSc PhD. Ceva Saúde Animal.
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A avicultura precisa prevenir as aves de infecções causadas por vírus ou bactérias, e neste sentido, cada realidade epidemiológica nos desafia a desenvolver junto aos médicos veterinários das empresas o que consideramos “imunidade adequada” para os planteis
lógicos da Phibro Saúde Animal, as poedeiras comerciais, têm ciclo mais longo e por isso um programa vacinal mais robusto, com vacinas vivas e inativadas, distribuídas em vários episódios de vacinação, durante toda a vida da ave. Neste caso, as vacinas vivas além da proteção das aves jovens, têm a função de ativar o sistema imune para uma melhor resposta das vacinas inativadas. Isto, segundo ela, acontece com as vacinas de NewCastle, Bronquite, Pneumovirus, Salmonella etc. Ela explica que algumas vacinas inativadas não precisam, ou não possuem, uma vacina viva para atuar como primer, e algumas delas precisam de mais de uma dose para ter bons resultados de proteção. “Este é o caso das vacinas contra Coriza por exemplo, existem duas versões da mesma vacina, com adjuvantes diferentes, onde uma é utilizada na primovacinação e a outra, com adjuvante mais reativo, é utilizada na segunda vacinação, com o objetivo de prolongar a proteção destas aves”, explicou. “No caso de aves de ciclo longo, também é comum a prática de vacinações massais durante a produção com vacinas vivas, principalmente contra Bronquite e NewCastle, estas vacinações massais tem o objetivo de estimular a resposta imune, principalmente local (IgA) e assim aumentar a barreira sanitária contra os agentes”, disse. Segundo Gustavo Schaefer, Gerente Técnico Nacional Avicultura da Vaxxinova, a vacinação é considerada como uma das principais ferramenta na prevenção, no entanto, ela deve ser concebida como parte de um conjunto de medidas que nos ajudar a prevenir, reduzir e ou controlar a pressão de infecção de diferentes patógenos nos aviários: a correta limpeza e desinfecção do aviário, o manejo assertivo da cama, o vazio sanitário adequado, a coleta da mortalidade diária e o seu devido descarte, são exemplos de ações que favorecem e nos ajudam a controlar e prevenir prejuízos econômicos causados por enfermidades que desafiam as aves. “Desenhar um pro-
grama de vacinação adequado á realidade de cada cliente é um desafio frequente”, disse.
As vacinas que podem ser consideradas absolutamente essenciais
Eva Hunka, médica veterinária, mestre em medicina veterinária preventiva pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) e gerente de negócios biológicos da Phibro Saúde Animal
“O termo essencial é muito oportuno. Em essência, precisamos prevenir as aves de infecções causadas por vírus ou bactérias, e neste sentido, cada realidade epidemiológica nos desafia a desenvolver junto aos médicos veterinários das empresas o Revista do OvoSite
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Saúde Avícola nor custo de produção”, disse Gustavo Schaefer.
As evoluções mais marcantes dos estudos das vacinas avícolas
Gustavo Schaefer, Gerente Técnico Nacional Avicultura da Vaxxinova
que consideramos “imunidade adequada” para os planteis. Com a expertise técnica dos profissionais de campo e dos dados epidemiológicos de cada região, auxiliamos na escolha das ferramentas mais adequadas para a melhor prevenção das aves. O foco é garantir que a ave possa expressar o seu potencial genético com o me-
De acordo com Gustavo Schaefer, a área da vacinologia e suas inúmeras contribuições. “No meu entendimento, uma das primeiras vacinas que permitiu a consolidação da indústria avícola foi o uso da vacina de Marek, cepa HVT no final da década de 60. No Brasil, temos o exemplo do controle da enfermidade de Gumboro passou pela utilização de vacinas vivas atenuadas, vacinas vetorizadas e do complexo antígeno anticorpo. Diferentes tecnologias com o mesmo objetivo: controlar a infecção de Gumboro em diferentes realidades de pressão de infecção”, disse. “Outro avanço na área da prevenção, e que traz um pioneirismo da Vaxxinova na América do Sul, é a tecnologia envolvida na produção de vacinas de Coccidiose, tanto para aves de ciclo longo quanto para frangos de corte, com cepas precocemente atenuadas de diferentes Eimerias, demonstrando um avanço enorme no controle da enfermidade através da vacinação”, apontou. No mercado atual de vacinas para aves, existem basicamente quatro diferentes tipos de vacinas: vacinas vivas atenuadas, vacinas vetorizadas, vacinas de imunocomplexo e
A necessidade de desenvolver rapidamente um imunizante contra a Covid-19 tem levado ao desenvolvimento e adoção de novas tecnologias na produção de vacinas. -> Há algo promissor entre elas para uso em vacinas aviárias? “As principais tecnologias utilizadas na produção de vacinas para Covid são tecnologias já utilizadas no setor avícola para a imunização das aves. A produção de vacinas inativadas, a utilização de vacinas vetorizadas (“replicativas” ou não) já fazem parte do universo das alternativas de imunizantes disponíveis no mercado brasileiro há décadas. Lógico que o advento da Covid 19 desperta a atenção para a necessidade do desenvolvimento contínuo de novas tecnologias, que poderão ser utilizadas como plataformas de novas soluções para controle de diferentes enfermidades. A agilidade que as vacinas contra Covid 19 foram desenvolvidas é impressionante e os benefícios da imunização dos seres humanos já podem ser observados, no âmbito da prevenção e controle da doença e na diminuição das taxas de transmissão do coronavírus”. Gustavo Schaefer
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Revista do OvoSite
Cada etapa da evolução das vacinas aviárias veio acompanhada de grandes melhorias na produção e nos índices de eficiência zootécnica. Vacina não é melhoradora de desempenho, mas uma ave bem protegida tem condições de expor seu potencial genético e nutricional vacinas inativadas. É o que explica Dircélio Nascimento Júnior, Médico-veterinário e Assistente Técnico da Zoetis. Ele aponta os tipos de vacinas disponíveis no mercado brasileiro: - As vacinas vivas atenuadas: nessas vacinas, os patógenos de origem passaram por processo de atenuação (por exemplo, passagem em ovos embrionados) e perderam parte da patogenicidade. Por manterem estruturas muito similares aos patógenos de origem e estarem vivas, essas cepas vacinais conseguem estimular o sistema imune de forma local e sistêmica. - Vacinas vetorizadas: são vacinas vivas que protegem de duas ou mais doenças, feitas por meio de um vírus grande atenuado (por exemplo, vírus de Marek – sorotipo 3) que recebe parte do material genético de um ou-
Dircélio Nascimento Júnior, Médico-veterinário e Assistente Técnico, Zoetis
tro vírus (por ex emplo, vírus da doença de Newcastle). O vírus hospedeiro irá além de expressar as características do seu material genético, também expressará características do pedaço do material genético adicionado do segundo vírus. Sendo assim, nesse caso haverá a vacinação com um tipo de vírus, o vírus hospedeiro, porém a proteção acontecerá para duas enfermidades (vírus hospedeiro e vírus que doou parte do material genético). - Vacinas de imunocomplexo: essas vacinas são formadas pela combinação controlada entre patógeno atenuado (por exemplo, vírus de Gumboro vacinal) e anticorpos referentes a esse micro-organismo. Essa tecnologia permite que as frações vacinais sejam aplicadas nas aves e elas fiquem protegidas pelos anticorpos da vaci-
na até o momento ideal para a liberação e o início da estimulação dos sistemas imune das aves que estão sendo vacinadas. - Vacinas inativadas: essas vacinas são compostas por um ou mais patógenos inativados, ou seja, que não estão vivos. As vacinas inativadas têm em sua composição, além das frações dos patógenos inativados, os adjuvantes, que têm a função de potencializar a resposta imune das aves frente às frações inativadas. De acordo com Júnior, até a atualidade, as principais tecnologias de vacinas utilizadas na avicultura são vacinas de imunocomplexo e vacinas vetorizadas. “Creio que, no futuro, teremos o surgimento de outras tecnologias, que também ajudarão na imunização dos plantéis avícolas”, apontou. Revista do OvoSite
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Saúde Avícola | Boehringer Ingelheim Animal Health
Volvac® IB Fit: a mais nova vacina contra a bronquite infecciosa traz proteção e segurança de ponta A Volvac® IB Fit é composta por uma estirpe geneticamente diferente das vacinas convencionais, que dá a ela uma característica de rápida replicação, menor competição com vacinas variantes e mais versatilidade, por poder ser aplicada em qualquer idade, tipo de produção e programa vacinal Autor Filipe Fernando, Gerente de Marketing da Boehringer Ingelheim Animal Health
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que vem na sua cabeça quando houve dizer que algo tem “tecnologia alemã”? Provavelmente alguma dessas palavras: inovação, qualidade, eficiência, sofisticação, modernidade e, alta performance. Tudo isso está no DNA da Boehringer Ingelheim, uma empresa familiar alemã que tem como propósito a inovação e geração de novas soluções para a saúde das pessoas e dos animais. E é com esse propósito e juntando todas as palavras que vêm na nossa cabeça quando pensamos em tecnologia alemã que surge a Volvac® IB Fit. A Volvac® IB Fit surge no Brasil 60 anos após a primeira vacina viva atenuada contra a bronquite infecciosa ser criada. Nos últimos anos, muitos esforços foram feitos visando a criação de vacinas do genótipo brasileiro BR. Sem dúvida, hoje vivemos uma realidade diferente após a introdução dessas vacinas, que permitem maior proteção contra os vírus homólogos tipo BR e ainda contribuem para a redução dos impactos econômicos ocasionados pela bronquite no Brasil. No entanto, pouco foi feito visando o desenvolvimento de novas vaci-
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nas do tipo Massachusetts, como a H120 e uma outra vacina disponível no Brasil referenciada em um artigo como possível rolagem viral devido a presença do vírus aos 18 dias pós vacinação, coexistência com cepas de campo, estabelecimento de infecções crônicas em galinhas e indicação de possível transmissão vertical (Pereira et al., 2016, DOI 10.1007/s00705-0163030-5). São por achados como esse e pela escassez de novas tecnologias pensando em vacinas do tipo Massachusetts que pensamos diferente e inovamos trazendo o novo após décadas do uso das mesmas ferramentas contra a bronquite infecciosa. A primeira vacina do genótipo Massachusetts naturalmente atenuada, Volvac® IB Fit é a última tecnologia para o controle da bronquite infecciosa, que traz além de segurança e proteção a versatilidade de aplicação em conjunto com outras vacinas de bronquite, como nos casos de associação com cepas variantes, cepas BR. A Volvac® IB Fit é composta por uma estirpe geneticamente diferente das vacinas convencionais (Figura 1), que dá a ela uma característica de rá-
pida replicação, menor competição com vacinas variantes e mais versatilidade, por poder ser aplicada em qualquer idade, tipo de produção e programa vacinal. O único meio prático de controlar a bronquite infecciosa é a vacinação, principalmente em regiões endêmicas, podendo as vacinas serem vivas ou inativadas. Os programas de vacinação podem variar de um país para outro, ou mesmo de uma criação para outra, dentro do mesmo país, dependendo das condições locais e do levantamento das principais estirpes relatadas como circulantes. No Brasil, a escolha do programa vacinal deve ser baseada no status epidemiológico da região. Esse status é invariavelmente realizado a partir de análises laboratoriais para detecção e identificação genética dos vírus circulantes. Sendo assim, os protocolos vacinais são compostos por vacinas vivas atenuadas do genótipo Massachusetts e do genótipo brasileiro BR. É indicado que a cepa Massachusetts sempre componha o programa vacinal com vacinas vivas, bem como a estirpe BR nas regiões que possuam o vírus do genótipo brasileiro e que
Figura 1. “Maximum Parsimony Analysis” do grupo genético Massachusetts do vírus da bronquite infecciosa. Adoção da premissa mais simples nos dados de interpretação.
O único meio prático de controlar a bronquite infecciosa é a vacinação, principalmente em regiões endêmicas, podendo as vacinas serem vivas ou inativadas. Os programas de vacinação podem variar de um país para outro, ou mesmo de uma criação para outra, dentro do mesmo país, dependendo das condições locais e do levantamento das principais estirpes relatadas como circulantes
estes estejam realmente envolvidos em desafios e manifestação clínica. Kasmanas, 2018, demonstrou que a vacinação combinada (Massachusetts + BR) conferiu uma maior imunoproteção caracterizada por menores escores de ciliostase traqueal, lesões microscópicas, menor carga viral e menos persistência após o desafio homólogo com estirpe BR-1. No entanto, houve uma imunoproteção parcial contra a estirpe virulenta BR-1 nos grupos mono vacinados, ou seja, naqueles que receberam apenas a vacina BR-1 ou a vacina Massachusetts. Ainda mais interessante, o trabalho demonstra que não houve proteção relevante para as aves vacinadas somente com a estirpe BR-1 após o desafio com a estirpe virulenta Massachusetts. Na conclusão desse trabalho, o protocolo vacinal que combinou as vacinas atenuadas BR-1 e Massachusetts pode ser utilizado de forma bem-sucedida para induzir em frangos de corte de criações comerciais respostas imuno protetoras mais eficazes contra estirpes variantes brasileiras (BR-1) e Massachusetts do VBI. A escolha de vacinas da estirpe Massachusetts que possuam menores efeitos colaterais, como reações respiratórias nos primeiros dias pós vacinação são recomendadas. Sabe-se que apesar
das estirpes Massachusetts possuírem alta identidade genética entre elas, algumas características biológicas são diferentes, como a velocidade de replicação, ciliostase e reações vacinais. Um estudo feito pelo LANAGRO, o laboratório oficial associado ao MAPA, mostrou que 60% das vacinas Massachussets (H120 uma outra cepa disponível no Brasil que pode ser acessada no site https://www.ncbi.nlm.nih.gov/nuccore/ku736747.1) testadas em aves, apresentaram menor ganho de peso. Assim, faz-se necessário não apenas o desenvolvimento de vacinas baseadas no genótipo BR, mas também a atualização e a confecção da próxima geração das vacinas Massachusetts, visando principalmente a eficiência na combinação com as estirpes BR e menores efeitos colaterais das estirpes vacinais. É por isso tudo que a Volvac® IB Fit chegou. Segurança, proteção e versatilidade! E não para por aí. Em breve um estudo será publicado mostrando a interação entre as vacinas Mass com as vacinas BR. Esse estudo irá mostrar que a combinação das vacinas BR com a Volvac IB Fit confere menor competição entre elas pelos sítios de replicação na traqueia e assim permite o melhor desempenho das vacinas BR. Aguarde... Revista do OvoSite
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Saúde Avícola | Ceva Saúde Animal
A Doença de Gumboro em granjas de postura: qual o real impacto na avicultura atual? Na avicultura moderna, com as vacinas disponíveis, foi possível estabelecer estratégias de vacinação que previnem o aparecimento de quadros clínicos da doença, com mortalidades e hemorragias aparentes Autor Felipe Pelicioni, Médico-veterinário formando pela Universidade Estadual Paulista, pós-graduação em Marketing pela Fundação Getulio Vargas (FGV) e ocupa a posição de Gerente de Marketing Aves de Ciclo Longo da multinacional francesa Ceva Saúde Animal
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Doença de Gumboro, ou Doença Infecciosa da Bursa (DIB), é uma enfermidade viral que acomete a avicultura mundial desde a década de 60, e no Brasil se tornou mais evidente no dia a dia da produção no final dos anos 90 com o aparecimento de cepas muito virulentas que posteriormente foram identificadas como pertencente ao Grupo Molecular 11 (G11/ Classificação Jackwood). O surgimento dessas cepas causou quadros com severas mortali-
dades em granjas de frango e poedeiras, e em um primeiro momento o controle dessa situação foi muito limitado, pois não estavam disponíveis no Brasil as cepas vacinais conhecidas como “fortes” ou “intermediárias plus”, ou seja, vacinas desenvolvidas com vírus mais invasivos que àqueles usados até o momento (“intermediárias”), que conseguiam superar níveis de anticorpos maternais (ACMs) mais elevados e, por consequência, colonizar a bolsa mais precocemente, im-
pedindo a entrada e replicação do vírus de campo. Desde então, o controle da enfermidade está sendo aparentemente efetivo e nos últimos 15 anos novas vacinas se tornaram disponíveis com a proposta de prevenir a Doença de Gumboro e evitar prejuízos, além de oferecer a conveniência de não precisar vacinar no campo. Todavia, este cenário recente de aparente tranquilidade com o controle de Gumboro novos desafios apareceram e deixamos de nos preocupar com essa enfermidade causadora de enormes prejuízos.
Tempos modernos: A eficiência é o único caminho! A avicultura industrial demanda trabalharmos com a máxima eficiência em todas as atividades relacionadas à produção. No cenário atual, com a elevada pressão nos custos da matéria-prima, precisamos garantir sucesso em cada elo da nossa cadeia produtiva, garantindo o melhor aproveitamento dos recursos disponíveis, e traduzindo isso na maior produtividade possível.
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A única forma de assegurar o melhor aproveitamento do potencial genético das linhagens atuais se dá pelo desenvolvimento inicial seguro das aves, sem que haja necessidade de se combater patógenos ou qualquer fator imunossupressor. Por isso o controle da Doença de Gumboro se torna o alicerce capaz de permitir o desenvolvimento de um lote saudável e que tenha condições de atingir sua máxima produtividade. As fases iniciais do alojamento das poedeiras são o alicerce para a construção de uma vida produtiva longa, saudável e eficiente. Dentro dessa lógica, qualquer atraso no desenvolvimento das aves causado por quadros subclínicos de Gumboro e que normalmente se traduz em um grande reflexo na desuniformidade dos lotes, podendo significar prejuízos significativos na vida produtiva das aves. O custo da DIB foi muito bem descrito em diferentes publicações ao longo dos últimos anos. Isto representa um impacto direto na mortalidade, de 5% a 30%, dependendo do grau de proteção das aves e da forma da doença. Além disso, os prejuízos podem ser ainda maiores quando consideramos os impactos na produtividade de lotes com desenvolvimento desuniformes e, consequentemente, imunossuprimidos. É necessário construir a produtividade dos lotes, sob um forte alicerce de sanidade. Suportado por eficientes programas vacinais, e no caso da Doença de Gumboro, programas que interrompam o ciclo da doença.
A Doença de Gumboro está sob controle? Nos últimos anos, não têm sido comuns relatos de quadros clínicos da enfermidade. Porém, em diferen-
tes regiões do país é bastante comum situação de doenças recorrentes ou mesmo falhas em programas vacinais, sem que se consiga identificar causas primárias. E coincidentemente, nessas mesmas situações, percebe-se que não existe uma preocupação específica para o controle da Doença de Gumboro. Nem com a vacinação e monitoria. Essa condição, têm contribuído para o aparecimento de uma série de quadros subclínicos da enfermidade que têm como características principais a desuniformidade inicial dos lotes, atraso no desenvolvimento, recorrência de enfermidades respiratórias, entéricas e o consequente impacto negativo no potencial produtivo dos lotes. Assim, hoje, consideramos fundamental um adequado programa de monitoria de Gumboro para termos uma ideia clara da situação atual do desafio e da eficiência das estratégias de controle.
Como identificar se o vírus de Gumboro está “roubando” resultados? Na avicultura moderna, com as vacinas disponíveis, foi possível estabelecer estratégias de vacinação que previnem o aparecimento de quadros clínicos da doença, com mortalidades e hemorragias aparentes. Por isso, nossa avaliação deve começar sempre considerando os resultados zootécnicos e desenvolvimento inicial dos lotes. Muitos avicultores consideram que o principal impacto da Doença de Gumboro é o atraso no desenvolvimento, e consequente desuniformidade das aves em fase de cria e recria. Quadros onde os lotes frequentemente não consigam atingir os pe-
A monitoria de campo fornece informações importantes para avaliarmos a presença de desafio de Gumboro, bem como eficiência do programa vacinal
Nos últimos anos, não têm sido comuns relatos de quadros clínicos da enfermidade. Porém, em diferentes regiões do país é bastante comum situação de doenças recorrentes ou mesmo falhas em programas vacinais, sem que se consiga identificar causas primárias Revista do OvoSite
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Saúde Avícola | Ceva Saúde Animal
O nível do desafio de campo e a eficiência do programa vacinal serão determinantes para o desenvolvimento inicial dos lotes. E qualquer atraso de desenvolvimento nesse período, frequentemente, representam prejuízos produtivos
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sos considerados ideais, ou que consigam atingir, com uniformidades baixas, podem significar uma luz amarela, demandando atenção para a possível presença do vírus de Gumboro. A monitoria de campo pode ser uma forma eficiente e simples de avaliar o possível impacto do vírus de Gumboro nas criações de poedeiras comerciais. Uma vez que os vírus de campo têm diferentes efeitos patológicos na Bursa de Fabricius, que podem ser medidos de forma indireta pelo nível de atrofia causada no órgão. E portanto, a frequente monitoria de campo, avaliando a morfologia da bolsa, pode ser uma ferramenta prática, simples e eficiente para identificar a possível presença de desafio de campo que esteja acometendo as aves. Assim como os vírus de campo, as diferentes vacinas disponíveis têm diferentes efeitos na morfologia da bolsa e a monitoria do órgão serve também de maneira prática para avaliar a eficiência do programa vacinal. Um bom programa vacinal, deve assegurar a colonização da bolsa de forma precoce, o que vai depender diretamente do nível de anticorpos maternais das pintainhas. Essa pega vacinal assegura a interrupção do ciclo de Gumboro na granja, pois impede a colonização da bolsa por vírus de campo, reduzindo assim o desafio ambiental. Vale destacar que até o momento ainda não há vacina viva para administração no incubatório desenvolvida especificamente para poedeiras. Assim, as vacinas vivas disponíveis (únicas que colonizam a bolsa) são normalmente administradas via água. Como esse procedimento muitas vezes têm sua eficiência comprometida por diferentes fatores (volume e qualidade da água, tempo de consumo, anticorpos maternais, etc.), faz-se necessário a elaboração de programas com repetidas aplicações, aumentado os custos e manejo, sem a certeza de eficiência. Outras vacinas, que não possuem um vírus vacinal de Gumboro (recombinantes que usam como vetor o vírus de Marek HVT-Gumbo-
ro) podem ser administradas no incubatório, porém, não terão efeito nenhum direto na bolsa. Essas vacinas estimulam resposta imune das aves, mas não têm capacidade de colonizar a bolsa, e, portanto, não param o ciclo de Gumboro e não reduzem o desafio de campo.
Qual a melhor estratégia para o controle da Doença de Gumboro? O nível do desafio de campo e a eficiência do programa vacinal serão determinantes para o desenvolvimento inicial dos lotes. E qualquer atraso de desenvolvimento nesse período, frequentemente, representam prejuízos produtivos. Nesse cenário, precisamos retomar os cuidados básicos lembrando sempre do enorme impacto histórico da Gumboro no Brasil. O fato de não termos mais quadros clássicos não significa que a enfermidade não tem causado significativos prejuízos através de quadros subclínicos que podem estar ocorrendo por todo o país. Assim, a melhor estratégia para a prevenção é a escolha de um programa vacinal que tenha a capacidade de parar o ciclo de Gumboro, reduzindo assim inclusive o desafio de campo. É fundamental conhecermos o comportamento do agente e a epidemiologia da enfermidade para eleger vacinas que, além de estimular a imunidade das aves, tenham a capacidade de colonizar a Bursa de Fabricio de 100% das aves, interrompendo assim a proliferação do desafio de campo. Um ponto de atenção é a dificuldade de assegurar a adequada vacinação contra Gumboro em lotes de poedeiras. Devido a grande variação dos níveis de Anticorpos Maternais (ACM) contra Gumboro se faz necessário a administração de vacinas em grande quantidade, algumas vacinando os lotes semanalmente, até às 5 ou 6 semanas de idade (vide arte ACM). As aves de postura têm uma curva de queda dos ACM mais lenta
Gráfico: Tendência de queda de Anticorpos Maternais contra Gumboro: Corte X Postura
A escolha da vacina de Gumboro para postura comercial deve ser feita baseada em conceitos técnicos claros e rígidos
que das aves de corte. Dessa forma, é fundamental a escolha de uma vacina adequada a cada segmento da avicultura. Um programa efetivo de prevenção da Doença de Gumboro deve: • Assegurar uma proteção contínua das frangas contra a infecção a nível da granja: parar o ciclo de Gumboro na área. • Prevenir ou reduzir significativamente a quantidade de vírus espalhado no ambiente: redução de disseminação do ciclo de Gumboro na área. • Colonizar a Bursa de Fabricius de 100% das aves. Mesmo com grande variabilidade dos níveis de ACM. • Evitar o efeito elevador: quando a carga viral aumenta ciclo após ciclo. • Parar o ciclo de Gumboro de forma que o vírus de campo não sobreviva ao programa de prevenção. Esses pilares garantem a redução da disseminação do agente de campo, evitando qualquer potencial prejuízo que a doença possa causar. Conclusão. Há alguns anos a avicultura nacional não enfrenta
com grande frequência surtos de doença clínica de Gumboro em lotes de frangos ou poedeiras. E essa situação, de aparente tranquilidade, favorece a flexibilização dos programas de monitorias de campo por considerarmos que não temos evidências claras de quadros infecciosos. Contudo, um dos sinais de alerta e que muitas vezes é ignorado é a queda da uniformidade média dos lotes e o consequente atraso no desenvolvimento. Esse atraso inicial, muitas vezes pode estar relacionado a quadros subclínicos da doença, e que são confundidos com outras causas ambientais, nutricionais ou infecciosas, pois as aves não apresentam nenhum sinal clínico aparente, os lotes não têm as bursas monitoradas. Adicionalmente, a escolha da vacina de Gumboro para postura comercial deve ser feita baseada em conceitos técnicos claros e rígidos, considerando fatores como facilidade de aplicação, conveniência de associação com outras vacinas, ser desenvolvida especificamente para poedeiras e, principalmente, ter a capacidade de parar o Ciclo de Gumboro. Revista do OvoSite
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Consumo e desenvolvimento de mercado
Com aumento no preço da carne, brasileiro come mais ovo do que a média global No ano de 2020, cada brasileiro comeu 251 ovos. É um volume recorde. Há 20 anos, o consumo anual de cada cidadão era de 94 unidades
C
om o aumento desenfreado do preço da carne, a queda de poder de compra da população, e a mudança de hábito trazida pela pandemia com mais gente se alimentando em casa, o ovo está longe de ser um coadjuvante na mesa da população. No ano de 2020, cada brasileiro comeu 251 ovos. É um volume recorde. Há 20 anos, o consumo anual de cada cidadão era de 94 unidades. Dez anos atrás esse número subiu para 148 ovos. Hoje, o brasileiro come mais ovos que a média do cidadão mundial que é de 230 ovos por ano. O alimento, que até poucos anos atrás figurava entre os vilões da saúde, condenado pelo teor de colesterol, migrou para as páginas da alimentação saudável. A indústria e as galinhas fizeram sua parte, com nada menos que 1.500 ovos por segundo produzidos no Brasil. As chamadas “poedeiras”, como são conhecidas as galinhas nas granjas, entregaram 53 bilhões de ovos em 2020. Neste ano, a produção deve chegar a 56 bilhões de unidades. Com o volume recorde de consumo e alta de preços nas gôndolas do supermercado, tudo indicaria que a vida do produtor nacional de ovos já está ganha. Mas a coisa não é bem assim. Ironicamente, a indústria de ovos vive, atualmente, entre a cruz e a espada, devido ao preço do milho e do farelo de soja, a ração dos animais, insumo que responde por mais de
81% do custo de produção da proteína. Em abril de 2020, uma saca de 60 quilos de milho era comprada, no Paraná, por R$ 46. Hoje, essa mesma saca custa R$ 98. São 110% de aumento. Nesse mesmo intervalo, o preço do ovo praticado pelo produtor registrou alta de 19%. É o “efeito China”, que tem determinado o preço do ovo frito que chega ao prato feito do cidadão. “Vivemos realmente uma fase recorde de consumo e isso é bom. Mais de 50% da população brasileira reconhece o ovo como o segundo melhor alimento, depois do leite materno. Fomos declarados como serviço essencial para não deixar faltar comida na mesa da população. Mas houve um salto especulativo dos insumos que está prejudicando muita gente”, diz Ricardo Santin, presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). Em 2020, o valor bruto de produção de ovos chegou a R$ 19,1 bilhões. A previsão é de que haja um aumento de 5,2% neste ano, com movimento de R$ 20,1 bilhões, estima a Confederação Nacional da Agricultura (CNA). O Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea-Esalq) da Universidade de São Paulo acompanha a evolução do mercado de ovos no País, desde 2013. A analista de mercado de ovos do Cepea Juliana Ferraz, conta que o preço no atacado nunca havia registra-
“A indústria do ovo vive um momento histórico no consumo e, ao mesmo tempo, uma forte pressão nos preços de produção. O setor já vinha crescendo e é verdade que vive um boom na pandemia. Agora, esses produtores estão com problemas, mas esses problemas não são só deles, mas de todos os setores que ainda não têm uma comercialização mais sólida com os insumos, que são o farelo de soja e o milho, para ração”. Tereza Cristina, Ministra da Agricultura
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do uma alta como a atual. Ainda assim, os reajustes não foram suficientes para limitar as perdas acumuladas ao longo do ano. Os custos de produção, que já estavam elevados em 2019, entraram em 2020 em uma espiral de alta sem precedentes, reduzindo o poder de compra dos avicultores. Em novembro do ano passado, chegaram ao pior patamar já registrado em toda a série histórica. Na média de 2020, o preço do milho subiu 49% ante 2019, enquanto a saca de farelo de soja saltou 54%, ao passo que os ovos tiveram aumento médio de 23% no ano. “Os preços estão batendo recorde e nunca se consumiu tanto, mas têm outros fatores que devem ser considerados. Esse mercado é muito dinâmico e essa condição não significa que todo o setor esteja bem”, diz Juliana. O repasse é automático, sempre, e cabe ao consumidor pagar a conta. O setor produtivo já vê novos aumentos como inevitáveis e cobra medidas do governo para tentar reduzir a pressão dos insumos, que hoje são pautados por preços internacionais, como ocorre com os combustíveis, por exemplo. Uma das pautas é a isenção de PIS/ Cofins sobre as transações nacionais de compra de ração. Hoje, um importador de farelo e milho está isento desses impostos, enquanto um produtor nacional tem de pagar a conta. “É claro que não somos contra a exportação de grãos, mas
“Hoje, vemos produtor que tem operado com margem negativa, por causa do preço dos insumos, que tem dado férias coletivas e reduzido a produção.” Ricardo Santin, Presidente da ABPA
é preciso viabilizar nosso negócio no Brasil. Hoje vivemos uma situação em que o nosso concorrente externo compra milho brasileiro mais barato que o produtor nacional”, diz Santin, da ABPA. Segundo a Ministra da Agricultura, Tereza Cristina, é preciso compreender que essa situação é temporária, porque é uma condição de mercado. “Sobre isso, não há muito o que fazer. Do ponto de vista do Ministério da Agricultura, vamos incentivar o aumento de plantio de milho. A soja já aumentou sozinha”, disse. “Estamos com safras recordes, realmente, mas essa questão dos insumos é um problema global. O mundo hoje é
conectado, o Brasil não é uma ilha. Soja e milho que são duas commodities internacionais, com preço de mercado listado em Bolsa lá fora”, afirmou a Ministra. Outra demanda é que os produtores tenham acesso, antecipadamente sobre as projeções nacionais de compra de grãos, para que possam se organizar e antever grandes saltos especulativos. “Em muitos países isso já é feito. O que estamos pedindo é acesso a informações”, comenta o presidente da ABPA. Neste ano, todas as atenções de Leandro Pinto estão voltadas para a nova granja que a empresa começou a erguer em Lorena, cidade paulista próxima de
Aparecida. A unidade, orçada em R$ 100 milhões, deve ficar pronta no fim de 2022. De acordo com Pinto, o crescimento do consumo diário de ovos é sustentável e não é apenas reflexo da alta no preço da carne. “Nos últimos 10 anos, houve um considerável aumento deste consumo de ovos. Para ser ter uma ideia, segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) , há 20 anos, o consumo per capta de ovos no Brasil era de 94, há 10 anos aumentou para 148 e ano passado foi de 251 ovos”, afirmou. Segundo o empresário, isto se dá principalmente, ao alto valor nutritivo,
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Consumo e desenvolvimento de mercado saudabilidade, versatilidade deste alimento, e a seu valor acessível. Para completar, de acordo com ele, o ovo também perdeu o status de vilão (acreditava-se que era um dos responsáveis pelo aumento das taxas de colesterol) e ganhou um papel curinga na cozinha, já que po-
de ser consumido em diferentes refeições e usado em diversas receitas, algumas com preparo de segundos. Sendo assim, o alimento passou a estar presente em praticamente todas as refeições dos brasileiros. “Mas sem dúvida, também contribuiu para o crescimento do consumo de
ovos, a alta no preço das proteínas de origem animal, em especial da carne vermelha, aliada à redução do poder de compra (causado pela crise econômica provocada pela pandemia), levando parte significativa da população a substituir a proteína animal pelo ovo”, disse.
Setor de postura enfrenta desafios com altos custos de produção, mas tem potencial de crescimento, aponta Leandro Pinto, do Grupo Mantiqueira A Revista do OvoSite foi conversar com um dos maiores produtores de ovos da América Latina, Leandro Pinto, Presidente do Grupo Mantiqueira para entender até que ponto o crescimento do consumo de ovos é sustentável ou é apenas um reflexo da alta no preço da carne. Com unidades de produção em Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo e Mato Grosso, a empresa emprega 2,3 mil funcionários. São mais de 11 milhões de galinhas poedeiras. Neste ano, todas as atenções de Leandro Pinto estão voltadas para a nova granja que a empresa começou a erguer em Lorena, cidade paulista próxima de Aparecida. A unidade, orçada em R$ 100 milhões, deve ficar pronta no fim de 2022. De acordo com Pinto, o crescimento do consumo diário de ovos é sustentável e não é apenas reflexo da alta no preço da carne. “Nos últimos 10 anos, houve um considerável aumento deste consumo de ovos. Para ser ter uma ideia, segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) , há 20 anos, o consumo per capta de ovos no Brasil era de 94, há 10 anos aumentou para 148 e ano passado foi de 251 ovos”, afirmou. Segundo o empresário, isto se dá principalmente, ao alto valor nutritivo, saudabilidade, versatilidade deste alimento, e a seu valor acessível. Para completar, de acordo com ele, o ovo também perdeu o status de vilão (acreditava-se que era um dos responsáveis pelo aumento das taxas de colesterol) e ganhou um papel curinga na cozinha, já que pode ser consumido em diferentes refeições e usado em diversas receitas, algumas com preparo de segundos. Sendo assim, o alimento passou a estar presente em praticamente todas as refeições dos brasileiros. “Mas sem dúvida, também contribuiu para o crescimen-
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Revista do OvoSite
to do consumo de ovos, a alta no preço das proteínas de origem animal, em especial da carne vermelha, aliada à redução do poder de compra (causado pela crise econômica provocada pela pandemia), levando parte significativa da população a substituir a proteína animal pelo ovo”, disse. Acompanhe mais informações da conversa com Leandro Pinto na sequência. O mercado avícola brasileiro está preparado para um aumento constante no consumo de ovos? O setor está em constante evolução e se adaptando a demanda. Aqui na Mantiqueira já estamos nos preparando para os próximos anos com a produção de ovos livres de gaiolas, que é nosso grande propósito. O que precisa ser feito para que este aumento seja uma constante no Brasil? O mercado interno ainda possui potencial de crescimento no consumo de ovos. Segundo dados da Associação Brasileira de Proteína Animal, na America Latina, países como o México (o maior consumidor per capita de ovos do mundo), Colômbia e Argentina tem maior consumo per capita que o Brasil. Porém, os preços praticados no país, precisam estar de acordo com o poder de compra da população brasileira. A Mantiqueira vem trabalhando para a democratização do consumo de ovos de galinhas livres. Este é o futuro da alimentação, impulsionado por consumidores cada vez mais exigentes, em prol do bem estar animal e à origem do que consomem. Como a Mantiqueira projeta o final de 2021 para o setor avícola de ovos, em termos de produção, consumo e exportação?
Atualmente o setor enfrenta um período desafiador devido aos altos custos com a produção de ovos. Estamos trabalhando com margens negativas. Com a alta do dólar, os insumos da ração passaram a ser mais exportados, reduzindo sua quantidade em mercado brasileiro e como consequência tendo uma alta nos preços no Brasil. Esses fatores infelizmente impactam diretamente o mercado produtor como um todo, não apenas a Mantiqueira. A alta nos insumos da ração das aves chegou a quase 100% e o preço do ovo subiu, em média, 23%. Se esta situação não for convertida, a tendência é que os preços subam ainda mais no segundo semestre do ano. Até que ponto as novas estratégias de venda (on-line, assinatura, etc) tem influenciado no mercado de ovos? Sem dúvida a estratégia de vendas de ovos por assinatura (Clube Mantiqueira) tem influenciado o mercado de ovos, pela praticidade do assinante, em receber regularmente em casa este alimento tão essencial à alimentação. O lançamento do Clube Mantiqueira foi uma decisão muito acertada. Apostamos neste canal direto de vendas com o cliente (B2C), para entender seus hábitos de consumo e oferecer produtos que deem conta dessas necessidades em todos os canais, desde o supermercado, atacado, atacarejo e o próprio Clube. Hoje, o serviço conta com 4000 assinantes, com cobertura no Grande Rio de Janeiro, Niterói, Grande São Paulo e ABC Paulista e Sul de Minas. Além disto, o Clube Mantiqueira está no Magalu, para ampliar a presença como empresa multicanal e possui parcerias com o ChefsClube, SindRio e Greenpeople, entre outras.
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Informativo Técnico – Comercial
A utilização de Clostat® Dry e KemTrace® Cromo na qualidade de ovos de poedeiras reprodutoras A utilização dos aditivos CLOSTAT® e KemTRACE® Cromo melhora a qualidade de casca, com melhora na gravidade específica, espessura, porcentagem de casca e força da casca. E diminui a as concentrações séricas de colesterol e glicose
Autora: Kelen Zavarize
Material e Métodos
O
objetivo do trabalho foi verificar os efeitos do CLOSTAT® Dry e KemTRACE® Cromo e a combinação de ambos os aditivos na qualidade de ovos de poedeiras reprodutoras.
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Aves e Manejo No Laboratório de Ciência Avícola (LAVIC-UFSM, Santa Maria, RS, Brasil) foram utilizadas 32 poedeiras White Plymouth Rock e 32 Red Rhodes Island com 50 semanas de idade. Foram fornecidas a ração e água ad libitum. O peso das aves e a produção de ovos foram padronizados antes do início do experimento, ou seja, as aves foram alojadas com peso médio dentro de um desvio padrão de 5%. As aves foram alimentadas com as dietas experimentais entre 55 e 70 semanas de idade, ajustadas a cada ciclo de 28 dias. Os dados de qualidade de ovos foram feitos a cada ciclo de 28 dias nos períodos de 55 a 58, 59 a 62, 63 a 66 e 67 a 70 semanas de idade. A unidade experimental foi a ave em gaiola individual e o experimento foi composto por 4 tratamentos e 16
repetições. As aves foram distribuídas em delineamento em blocos ao acaso, no qual cada tratamento foi composto por 8 galinhas White Plymouth Rock e 8 galinhas Red Rhodes Island. Dietas experimentais Todos os ingredientes utilizados durante o estudo foram do mesmo lote e permaneceram em condições de armazenamento adequadas até que as dietas experimentais fossem misturadas. As dietas foram formuladas a base de milho, farelo de soja e farelo de trigo durante todo período experimental e foram suplementados os aditivos CLOSTAT® Dry 500 g/ton e KemTRACE® Cromo 0,4% Dry 50 g/ton (Tabela 1). Os tratamentos consistiram em dieta controle (formulada com milho, farelo de soja e farelo de trigo sem aditivos); Controle + probiótico
(dieta controle suplementada com CLOSTAT® Dry 500 g/ton); Controle + Cromo (dieta controle suplementada com KemTRACE® Cromo 0,4% Dry 50 g/ton) e Controle + probiótico + Cromo (suplementado com ambos os aditivos).
Dados experimentais Ao final de cada período de 28 dias, os seguintes parâmetros fo-
ram avaliados por 3 dias consecutivos: peso médio do ovo, altura do albúmen, peso específico, porcentagem e espessura da casca. Pesos de gema e albúmen também foram registrados para determinar a porcentagem de gema e albúmen. Foram determinadas a porcentagem de umidade e sólidos totais das gemas. Foram calculadas as unidade Haugh.
Tabela 1. Ingrediente e composição nutricional da dieta controle. Item Ingredientes, % Milho Farelo de soja, 46 % PB Farelo de Trigo Óleo de soja Fosfato bicálcico Calcário Sal DL-Metionina, 99% L-Lisina-HCl, 78% L-Treonina, 98.5% Min e Vit premix1 Nutriente e composição energética, % AME, kcal/kg PB Ca Av. P Total P Na K Cl Dig. Lys2 Dig. Met + Cys Dig. Thr Dig. Trp Dig. Arg Dig. Val Dig. Ile Dig. Leu
Dieta Controle 58,52 19,64 4,00 2,36 1,52 12,84 0,43 0,30 0,15 0,09 0,15 2,750 14,50 4,30 0,35 0,53 0,18 0,59 0,35 0,75 0,70 0,58 0,15 0,85 0,58 0,53 1,18
1Composição por quilo de ração: vitamina A, 8.000 UI; vitamina D3, 2.000 UI; vitamina E, 30 UI; vitamina K3, 2 mg; tiamina, 2 mg; riboflavina, 6 mg; piridoxina, 2,5 mg; cianocobalamina, 0,012 mg, ácido pantotênico, 15 mg; niacina, 35 mg; ácido fólico, 1 mg; biotina, 0,08 mg; ferro, 40 mg; zinco, 80 mg; manganês, 80 mg; cobre, 10 mg; iodo, 0,7 mg; selênio, 0,3 mg.
Dados experimentais
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Informativo Técnico – Comercial Tabela 1. Resultados de qualidade de ovos. Tratamentos
Peso ovo, g
Unidade Haugh
Albúmen %
Gema %
Força gema kgf
Índice gema
Total sólidos %
55 a 58 semanas Controle
57,1
89,1
62,2
28,8
7,9
0,47
56,3
Controle + CLOSTAT®
59,7
89,6
62,6
29,0
7,9
0,49
55,8
Controle + KemTRACE® Cr
58,0
90,4
64,5
28,3
7,8
0,49
55,7
Controle+CLOSTAT®+KemTRACE® Cr
58,2
89,7
62,6
28,5
7,8
0,49
55,9
0,2940
0,8854
0,3305
0,8282
0,4280
0,4790
0,7810
P-value
59 a 62 semanas Controle
57,8
88,6
63,4
29,0
7,5
0,47
54,2
Controle + CLOSTAT®
59,1
89,0
63,4
29,1
7,6
0,48
54,0
Controle + KemTRACE® Cr
57,9
90,8
63,2
28,6
7,5
0,49
54,9
Controle+CLOSTAT®+KemTRACE® Cr
59,0
90,4
63,6
29,1
7,5
0,48
54,5
0,6957
0,6483
0,9877
0,8075
0,7486
0,1360
0,5330
P-value
63 a 66 semanas Controle
58,2
88,9
61,6
29,9
7,4
0,44
53,7
Controle + CLOSTAT®
59,6
89,3
61,8
29,4
7,4
0,45
54,5
Controle + KemTRACE® Cr
57,6
91,0
62,6
28,9
7,4
0,46
52,7
Controle+CLOSTAT®+KemTRACE® Cr
59,0
89,4
62,6
29,2
7,5
0,45
53,2
0,5350
0,5996
0,2939
0,4255
0,8494
0,2092
0,4879
P-value
67 a 70 semanas Controle
58,1
88,1
62,4
29,9
7,5
0,46
53,1
Controle + CLOSTAT®
60,5
88,0
62,1
29,4
7,5
0,47
53,3
Controle + KemTRACE® Cr
58,3
90,2
63,4
28,9
7,6
0,47
53,2
Controle+CLOSTAT®+KemTRACE® Cr
60,1
88,6
62,8
29,2
7,5
0,46
53,5
0,1988
0,4885
0,3504
0,3219
0,1121
0,5452
0,7135
P-value
Período Acumulado, 55 a 70 semanas Controle
57,8
88,7
62,4
29,4
7,6
0,46
54,3
Controle + CLOSTAT®
59,7
88,9
62,5
29,2
7,6
0,47
54,4
Controle + KemTRACE® Cr
57,9
90,6
63,4
28,7
7,6
0,48
54,1
Controle+CLOSTAT®+KemTRACE® Cr
59,1
89,5
63,0
29,0
7,6
0,47
54,3
0,3694
0,5550
0,4460
0,4990
0,1600
0,1868
0,8922
P-value
Análises de Sangue Foram coletados o sangue de 10 aves selecionadas aleatoriamente antes do período experimental. Ao final de cada período de 28 dias, o sangue foi coletado da veia da asa de 8 aves por tratamento e enviado ao LaCVet (Laboratório de Patologia
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Clínica Veterinária - LaCVet- UFSM, Santa Maria, RS, Brasil) para análises bioquímicas. Os kits comerciais (Bioclin®, Quibasa, Belo Horizonte, MG, Brasil), foram utilizados seguindo a metodologia proposta pelo fabricante para albumina, colesterol, triglicerídeos e glicose.
Tabela 2. Resultados de qualidade de casca de ovos de poedeiras reprodutoras nos períodos. Tratamentos Casca, % Espessura, mm Força da casca, kgf
Controle Controle + CLOSTAT® Controle + KemTRACE® Cr Controle+CLOSTAT®+KemTRACE® Cr P-value Controle Controle + CLOSTAT® Controle + KemTRACE® Cr Controle+CLOSTAT®+KemTRACE® Cr P-value Controle Controle + CLOSTAT® Controle + KemTRACE® Cr Controle+CLOSTAT®+KemTRACE® Cr P-value Controle Controle + CLOSTAT® Controle + KemTRACE® Cr Controle+CLOSTAT®+KemTRACE® Cr P-value
55 a 58 semanas 8,5 8,9 8,8 9,0 0,2381 59 a 62 semanas 8,1 8,5 8,7 8,7 0,1722 63 a 66 semanas 8,1b 8,7a 8,9a 8,6a 0,0108 67 a 70 semanas 8,2b 8,8a 8,7a 8,7a 0,0454
0,54b 0,57a 0,56ab 0,55ab 0,0233
26,3b 26,4b 29,6a 29,7a 0,0001
0,54b
25,1b
0,57a 0,57a 0,57a 0,0188
25,3b 28,7a 28,7a 0,0001
0,52b 0,55a 0,56a 0,55ab 0,0407
24,1b 24,2b 28,0a 28,1a 0,0001
0,54b 0,56a 0,57a 0,56ab 0,0280
24,6b 24,9b 28,6a 28,6a 0,0001
Os resultados para qualidade de casca no período acumulado encontram-se na Figura 1. Para o período de 55 a 70 semanas inclusão CLOSTAT® e KemTRACE® Cromo, juntos ou Tabela 2.aDe 55 a 70do semanas de idaAnálise Estatística de, as dietas suplementadas com separados, relação aoà controle melhora significativa (p<0,05) para gravidade específica, Os dados foramem submetidos CLOSTAT® Dry + KemTRACE® Croanálise espessura, de variância utilizando o casca porcentagem de e força da casca. mo resultaram em maior (P <0,05) procedimento GLM do SAS Institute peso específico, espessura de casca, (SAS Institute, 2009) e a significânFigura 1. Resultados para qualidade de casca período acumulado de 55 a 70 porcentagem deno casca e força de cascia aceita foi P<0,05. As médias foca em comparação com a dieta conram comparadas pelo teste de Tukey. trole não suplementada. Os resultados para qualidade de Resultados casca no período acumulado enconNenhum efeito foi observado entram-se na Figura 1. Para o período tre as linhagens e os tratamentos. Os de 55 a 70 semanas a inclusão do resultados de qualidade de ovos duCLOSTAT® e KemTRACE® Cromo, rante os períodos avaliados estão juntos ou separados, em relação ao apresentados na Tabela 1. controle melhora significativa Os resultados referentes a quali(p<0,05) para gravidade específica, dade de casca estão apresentados na
semanas.
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Informativo Técnico – Comercial
Figura 1. Resultados para qualidade de casca no período acumulado de 55 a 70 semanas.
Os resultados de albumina, colesterol, glicose e triglicerídeos com 50 semanas de idade (n = 10) antes do início do período experimental foram: 2,70 g/dL, 176 mg/dL, 210 mg/dL e 2.012 mg/dL, respectivamente. As concentrações bioquímicas séricas são mostradas na Tabela 3. A concentração de cortisol sérico foi determinada a cada ciclo de 28 dias por meio de quimiluminescência. Não houve diferenças (p> 0,05) na concentração de cortisol para todos os tratamentos e ciclos, e os valores obtidos foram de 0,05 mcg/dL. Os tratamentos não afetaram a albumina e os triglicerídeos; entretanto, no período geral, as concentrações séricas de colesterol e glicose diminuíram (p <0,05) quando as galinhas foram alimentadas com CLOSTAT® Dry + KemTRACE® Cromo em comparação com a dieta controle. Os resultados de albumina, colesterol, glicose e triglicerídeos com 50 semanas de Tabela Resultados concentrações bioquímicas séricas poedeiras reprodutoras idade (n3.= 10) antes dode início do período experimental foram: 2,70 g/dL, 176 mg/dL, 210período mg/dL acumulado de 55 a 70 semanas. e 2.012 mg/dL, respectivamente. As concentrações bioquímicas séricas são mostradas na Albumina, Colesterol, Glicose, Triglicerideos, Tabela 3. mg/dL mg/dL mg/dL A concentração de cortisol sérico g/dL foi determinada a cada ciclo de 28 dias por meio de Controle 2,33 149a 192a 1.770 quimiluminescência. Não houve diferenças (p> 0,05) na concentração de cortisol para todos os ab ab Controle + CLOSTAT® 1.663 tratamentos e ciclos, e os valores obtidos 2,33 foram de 0,05139 mcg/dL. Os185 tratamentos não afetaram bc b a albumina e os triglicerídeos; entretanto, concentrações 1.514 séricas de Controle + KemTRACE® Cr 2,36no período 129geral, as 182 colesterol e glicose diminuíram (p <0,05) quando as galinhas foram alimentadas Controle+CLOSTAT®+KemTRACE® Cr 2,25 119c 183b 1.404 com CLOSTAT® Dry + KemTRACE® Cromo em comparação com a dieta controle. P-value 0,2318 0,0098 0,0377 0,2354 Tabela 3. Resultados de concentrações bioquímicas séricas poedeiras reprodutoras período Conclusão acumulado de 55 a 70 semanas. A utilização dos aditivos CLOSTAT® e KemTRACE® Cromo melhora aTriglicerideos, qualidade de Albumina, Colesterol, Glicose, g/dL espessura, mg/dL mg/dL de casca mg/dL casca, com melhora na gravidade específica, porcentagem e força da a a Controle 2,33 149 192 1.770 espessura, porcentagem de casca e cência. Não houve diferenças (p> casca. E diminui a as concentrações séricas de colesterol e glicose. Conclusão força da casca. 0,05) na concentração deabcortisol dos aditivos Controle + CLOSTAT® 2,33 139 185ab A utilização 1.663
CLOSOs resultados de albumina, colespara todos os tratamentos e ciclos, e TAT® e KemTRACE® Cromo meb terol,Controle glicose e+triglicerídeos obtidos foram KemTRACE®com Cr 50 os valores2,36 129bcde 0,05 182 1.514 de casca, com lhora a qualidade semanas de idade (n = 10) antes do mcg/dL. Os tratamentos não afetamelhora na gravidade específica, b Controle+CLOSTAT®+KemTRACE® Cr a albumina 2,25 e os triglicerídeos; 119c 183 1.404 ram início do período experimental foespessura, porcentagem de casca e ram: P-value 2,70 g/dL, 176 mg/dL, 210 mg/ entretanto, no período geral, as0,0377 força da casca. E diminui a as con0,2318 0,0098 0,2354 dL e 2.012 mg/dL, respectivamente. concentrações séricas de colesterol centrações séricas de colesterol e As concentrações bioquímicas série glicose diminuíram (p <0,05) glicose. cas são mostradas na Tabela 3. quando as galinhas foram alimenConclusão tadas com CLOSTAT® Dry + KeA concentração de cortisol sériA utilização CLOSTAT®Cromo e KemTRACE® Cromo melhora a qualidade de co foi determinada a cada dos cicloaditivos de mTRACE® em comparação Referência 28 dias por meio de quimiluminescom a dieta controle. casca, com melhora na gravidade específica, espessura, porcentagem 1) deTD-21-7060 casca e força da
38
casca. E diminui a as concentrações séricas de colesterol e glicose.
Revista do OvoSite
Nutrição
Consumo de ovos auxilia nos cuidados contra a Sarcopenia
Sarcopenia é uma síndrome caracterizada pela perda generalizada e progressiva de massa muscular esquelética associada a perda de força e/ou função muscular, que ocorre entre 5 a 13% nas pessoas com idades entre 60 e 70 anos
Lúcia Endriukaite, Nutricionista do Instituto Ovos Brasil
C
aro leitor e leitora, responda a estas perguntas: • Você tem mais de 60 anos ou uma idade próxima a essa faixa etária? • Você tem se alimentado de forma equilibrada com a ingestão de proteínas de acordo com as suas necessidades? • Você pratica exercícios físicos pelo menos três vezes na semana – preferencialmente os resistidos (musculação)? Espero que as suas respostas tenham sido positivas, pois alimentação irregular, sedentarismo, tabagismo e idade são fatores que podem acarretar em al-
terações funcionais do organismo, podendo levar a sarcopenia. Sarcopenia é uma síndrome caracterizada pela perda generalizada e progressiva de massa muscular esquelética associada a perda de força e/ou função muscular, que ocorre entre 5 a 13% nas pessoas com idades entre 60 e 70 anos. Nas pessoas com idades acima de 80 anos esse percentual pode variar entre 11 a 50%. Vale lembrar que a perda de massa muscular ocorre a partir dos 40 anos com redução de 3 a 5% ao ano. Na prática, a mobilidade fica comprometida levando o idoso a ter dificuldade para caminhar e realizar atividades cotidianas que ocasionam na perda da qualidade de vida. A prevenção ou minimização dos danos se dá através da prática de exercícios físicos, com uma alimentação adequada e tendo o consumo adequado de proteínas, que no idoso saudável deve ser em torno de 1,2g/ kg de peso. Em se tratando de uma pessoa acamada, o consumo de proteína deve ser entre 1,2 e 2g de proteína para evitar grandes perdas. Fonte de proteína, o ovo possui ótima digestibilidade, é de fácil consumo e aceitação, além de ser apreciado pela maioria das pessoas. Contém na sua composição aminoácidos de cadeia ramificada que favorecem o ganho de massa magra, além de conter vitaminas do complexo B, entre elas a colina, que melhora a transmissão do impulso nervoso.
Também contém vitamina D, que contribui para a fixação de cálcio ósseo, além minerais como selênio que possui ação antioxidante e contribui para um melhor funcionamento da tireoide. Para garantir que as suas respostas sejam sempre positivas às perguntas iniciais, que tal adotar um estilo de vida mais saudável com a prática de exercícios físicos, alimentação equilibrada e peso adequado? O ovo pode contribuir muito com a sua alimentação dentro de um plano alimentar adequado.
Referências: 1. Waitzberg, Dan L. Nutrição oral e parenteral na prática clínica/ Dan L. Waitzberg-- 5. ed—Rio de Janeiro: Atheneu, 2017. 2. Pícoli, TS; Figueiredo, LL; Patrizzi, LJ. Sarcopenia e envelhecimento. Fisioter. Mov., Curitiba, v. 24, n. 3, p. 455-462, jul./set. 2011. 3. Sociedade Brasileira de Reumatologia- https://www.reumatologia.org.br (acesso em 14/05/21) 4. https://fdc.nal.usda.gov/dc-app.html#food-details/748967/nutrients Referências: 1- USA 2- Harper 3- Guyton 4- Rong 5- Estudo Alvaro Avezum Revista do OvoSite
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Perfil Corporativo
Granja Faria: os passos que levam a construir uma das mais importantes produtoras de ovos do Brasil Ela conta hoje com seis marcas e disponibiliza ovos em todo território nacional e exporta para dez países Atualmente o Grupo Granja Faria está presente em vários estados do Brasil. Sua produção está distribuída entre Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Tocantins
U
ma das maiores e mais renomadas produtoras de ovos comerciais do Brasil. Esta é a Granja Faria, fundada no ano de 2006, em Nova Mutum, Mato Grosso. Hoje é considerada uma das maiores e mais renomadas empresas produtoras de ovos férteis e pintainhos do Brasil. Ela conta hoje com seis marcas e disponibiliza ovos em todo território nacional. Atualmente o Grupo Granja Faria está presente em vários estados do Brasil. Sua produção está distribuída entre Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Tocantins. Além das granjas, está presente nos estados do Amapá, Amazonas, Maranhão, Pará, Rio de Janeiro, São
Paulo e Roraima. A Granja Faria exporta para 10 países: Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Omã, Senegal, Costa do Marfim, Madagascar, México, Venezuela, Paraguai, Alemanha. Ela comercializa ovos comerciais comum, caipira, especiais e codorna, incubação de ovos, ovos férteis, Produtos específicos e pintinhos de 1 dia. Para suprir a necessidade de pintainhos da empresa BRF a Granja Faria criou um sistema de integração de produção e ovos férteis, e no ano de 2008, ainda em parceria com a BRF, iniciou a produção de ovos férteis na cidade de Videira, Santa Catarina e um ano depois em 2009 na cidade de Fazenda Vila Nova, no Rio Grande do Sul.
Granja Faria • 10 unidades produtoras de ovos comerciais • 3 indústrias com processamento de ovos • 10 milhões de aves comerciais alojadas • Abrangência nacional do Sul ao Norte
40 Revista do OvoSite
• Mix de produtos completos • Especialistas em ovos férteis e pintinhos de um dia • 02 unidades incubadoras (capacidade de 10 milhões de ovos cada) • 3,2 milhões de aves matrizes alojadas • 10 unidades produtoras (ovos férteis) • Ovo: 40% de Market Share (BRA)
Em 2012 firmou parceria com a empresa Tyson, atualmente JBS, na produção de frango de corte na cidade de Campo Mourão, no Paraná, onde se iniciou uma significativa expansão em seus negócios. No ano de 2013, através de uma transação bem sucedida na cidade de Lauro Muller/SC, compraram a Avícola Catarinense, que há mais de 24
anos atuava no mercado avícola com produção própria de ovos férteis e pintainhos. Em 2013, o Grupo adquiriu uma propriedade em Erval Velho, em Santa Catarina onde mantém uma considerável produção de ovos férteis visando o mercado externo. Atualmente, toda a produção da Granja Faria de pintainhos produzidos em seus incubató-
rios, estão presentes no mercado dos estados de Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Paraná e São Paulo. A Revista do OvoSite foi conversar com Ricardo Faria, o Presidente do Conselho da Granja Faria para entender um pouco mais sobre o atual processo que tem levado a ser atualmente, a empresa uma das maiores produtoras de ovos do Brasil.
Perfil Ricardo Faria, Granja Faria - Nome Ricardo Faria. - Cargo Presidente do Conselho. - Há quantos anos na Granja Faria 14 anos - Como começou na avicultura Em uma granja de ovos férteis em Nova Mutum. - Como analisa o atual momento do mercado avícola de postura Extremamente delicado muito pressionado pelo custo dos insumos. - Como a Granaja Faria busca se posicionar no mercado Ter presença nacional e ser a marca líder em todas as regiões brasileiras. - Técnicas de vendas junto ao varejo Alta qualidade e forte distribuição. - Novas formas de produção (cage free): A Granja Faria vem investindo desde 2017 nessa técnica de produção de ovos e desde 2019 é líder nacional nesse segmento de ovos e cresce ano após ano na disponibilidade desse produto ao consumidor . - Como a empresa vê essa demanda do mercado? Crescente, mas é óbvio sujeito ao aumento da renda do consumidor. - Venda, Marketing e colocação de ovos no varejo. Como está esse 'gargalo' para o aumento do consumo de ovos? O consumo de ovos vem aumentando significativamente graças às iniciativas de comunicação do setor, cresce acima do crescimento do PIB claramente indicando uma substituição do ovo em detrimento de outros alimentos. - Qual é a projeção da Granja Faria para daqui há cinco anos no mercado? Continuar trabalhando na forte relação de suas marcas com os consumidores. Gerando satisfação aos seus acionistas, orgulho de seus colaboradores e bem inserido nas comunidades que estamos inseridos.
Revista do OvoSite
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Empresas
Grupo Faria: "Hoje temos 4 Classificadoras Sanovo em nossas granjas e estamos muito felizes com a solução" O proprietário do Grupo Faria, Ricardo Faria, explica o impacto da compra da embaladora de ovos férteis da SANOVO e o início da colaboração
O Grupo Faria escolheu a SANOVO pela “marca bem conhecida e conceituada pela garantia da qualidade do produto final”
I
nício da Cooperação: “Tivemos sérios problemas de rachaduras nos ovos e ovos de baixa qualidade em algumas granjas que adquirimos há alguns anos. Encontramo-nos com a SANOVO e encontramos uma boa solução. A SANOVO tinha acabado de desenvolver as novas OptiGrader com capacidade de 707 caixas por hora, que instalamos em nossas granjas”, explica o Sr. Faria sobre a solução para rachaduras e ovos vulneráveis.
Nova máquina de classificação de ovos comerciais “O resultado da instalação da classificadora SANOVO foi muito menos ovos quebrados nas caixas e nas bandejas. Melhor retorno operacional da empresa. Até agora, já instalamos 4 classificadoras SANOVO em nossas granjas e estamos muito felizes com a solução.” Os elementos-chave que definiram o processo do projeto, segundo Ricardo Faria, foram a competência técnica dos engenheiros da SANOVO,
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Revista do OvoSite
a equipa de instalação e formação do pessoal, o funcionamento inicial e as adaptações posteriores. Ricardo Faria afirma que um serviço de qualidade é muito procurado e é aqui que a SANOVO marca verdadeiramente a diferença. O relacionamento da SANOVO com o Grupo Faria foi estabelecido pela primeira vez, cinco anos antes da compra das quatro classificadoras OptiGrader 707, com a venda de uma embaladora de ovos férteis (Hatchery Packer) para um dos incubatórios do Grupo Faria. Nessa época, o Grupo Faria escolheu a SANOVO pela “marca bem conhecida e conceituada pela garantia da qualidade do produto final”. O proprietário do Grupo Faria, Ricardo Faria, explica o impacto da compra da embaladora de ovos férteis da SANOVO e o início da colaboração: “Antigamente tínhamos um monte de ovos com as pontas para cima e agora trabalhamos com mais de 99,5 % de eficiência. Portanto, a embaladora de ovos férteis (Hatchery Packer) é realmente boa e muito confiável.”
Revista do OvoSite
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Informativo Técnico-Comercial
Efeito do Detoxa® Plus sobre os parâmetros produtivos em galinhas de postura Detoxa® Plus melhorou os parâmetros produtivos das aves desafiadas durante três ciclos de 28 dias, das 25 às 37 semanas de idade, com FB1 e de T-2. Ao mesmo tempo, aumentou as porcentagens de albumina nos ovos Autor: Fabio Luis Gazoni, Serviços Técnicos Avícolas Internacionais Vetanco SA
A
ração balanceada que é fornecida às galinhas de postura comercial tem impacto de 55% a 60% no custo de uma dúzia de ovos. Contaminantes como as micotoxinas causam perdas significativas na qualidade da ração e nos resultados gerais de produção. As micotoxinas são metabólitos produzidos por diferentes tipos de fungos sob estresse. Esses fungos geralmente contaminam os cereais e produzem toxinas em diferentes pontos da cadeia de produção. Quando as micotoxinas são ingeridas por animais, elas causam várias alterações na saúde que variam de acordo com os tipos e quantidades de micotoxinas ingeridas. Hoje, se tem disponíveis vários métodos para controlar as micotoxinas. Algumas micotoxinas apresentam uma complexa estrutura química e a maneira mais eficiente de controlá-las é por meio de aditivos enzimáticos anti-micotoxinas. Esses aditivos não dependem da polaridade das micotoxinas, mas agem especificamente sobre elas. Autores (J.P. Jouany., 2007; M.R. Armado et al., 2012; K. Tso et al., 2019) demonstraram que diferentes cepas de Saccharomyces cerevisiae possuem as enzimas necessárias para biotransformar as principais micotoxinas como
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tricotecenos, ocratoxinas, fumonisinas e zearalenona. Um experimento foi realizado na Universidade do Estado de Santa Catarina, Campus de Chapecó, Brasil, para demonstrar a eficácia de um inativador enzimático de micotoxinas a base de S. cerevisiae (DETOXA® PLUS) sobre aves de postura desafiadas experimentalmente com Fumonisina B1 (FB1) e Toxina T2 (T-2). O teste contou com 60 aves Hy-line Brown de 25 semanas de idade. Essas aves foram divididas em cinco grupos experimentais com quatro repetições
por grupo. As aves foram alojadas em gaiolas tradicionais equipadas com comedouros em linha e sistema de bebedouros nipple. As micotoxinas FB1 e T-2 foram produzidas em pureza pelos métodos padronizados e foram adicionadas à ração em diferentes concentrações de acordo com o grupo experimental.
Os grupos experimentais Os níveis de FB1 e T-2 nas dietas de poedeiras deste estudo estão demonstrados na tabela abaixo:
Os grupos experimentais: Grupos
Aditivos
FB1 (ppb)
T-2 (ppb)
Controle Negativo
Sem aditivo
590
ND
Controle Positivo
Sem aditivo
17.100
2.120
Detoxa® Plus 0.5
Detoxa® 0.5kg/t
Plus
a
17.450
2.410
Detoxa® Plus 1
Detoxa® 1kg/t
Plus
a
16.850
2.190
Nota 1: ND - não detectado (Limite de quantificação 30 ppb). Cromatografia líquida com detecção por espectrometria de massa (HPLC - MS / MS).
Parâmetros avaliados ·
Resultados zootécnicos: os parâmetros zootécnicos foram avaliados em três ciclos
Parâmetros avaliados
Resultados
· Resultados zootécnicos: os parâmetros zootécnicos foram avaliados em três ciclos de 28 dias cada. Dentre eles foram avaliadas a porcentagem de postura, o peso médio dos ovos, massa dos ovos, consumo de ração e conversão alimentar (kg de ração/kg de ovo e kg/dúzia). · Qualidade do ovo: ao final de cada ciclo, foram avaliadas a dureza da casca do ovo, a espessura da casca e as porcentagens de gema, albumina e a casca de ovo. · Bioquímica sanguínea: nas semanas 24ª, 29ª, 33ª e 37ª de idade, o sangue foi retirado de oito aves por grupo para avaliar proteínas totais, albuminas e globulinas totais, fosfatase alcalina e alanina aminotransferase.
PARÂMETROS ZOOTÉCNICOS Como pode ser visto, em todos os parâmetros foram observadas diferenças significativas entre ambos controles, confirmando o efeito negativo do desafio das micotoxinas. Com relação aos tratamentos, Detoxa® Plus atingiu valores similares ao controle negativo no peso dos ovos, embora tenha melhorado os resultados em comparação com o controle positivo, em porcentagem de postura, ingestão de ração e taxa de conversão alimentar. QUALIDADE DO OVO Na qualidade dos ovos, o desafio com as micotoxinas diminuiu a resistência da casca quando comparado aos dois controles. Só foram encontradas diferenças significativas com os
tratamentos na porcentagem de albumina, sendo significativamente mais elevados nos grupos tratados, em comparação até mesmo com o controle negativo. BIOQUÍMICA SANGUÍNEA Na avaliação das enzimas hepáticas na triagem da bioquímica sanguínea foram observadas diferenças significativas entre os controles para os níveis de alanina aminotransferase com 37 semanas de idade. A atividade da ALT nas aves pode estar elevada em decorrência de dano em múltiplos tecidos, dificultando muitas vezes a interpretação (HARR, 2002). Os níveis de fosfatase alcalina, associada ao metabolismo do cálcio e fósforo com participação nas atividades osteoblásticas e condrogênicas,
peso dos ovos, embora tenha melhorado os resultados em comparação com o controle positivo, em porcentagem de postura, ingestão de ração e taxa de conversão alimentar. QUALIDADE DO OVO
PARÂMETROS ZOOTÉCNICOS
Tratamentos
Tratamentos Controle Neg.
Controle Pos.
Detoxa® Plus 0.5
25-29
96.25
81.84
86.6
85.53
29-33
92.98a
85.56b
84.4b
86.46b
33-37
92.46a
78.42c
88.49ab
86.92b
Peso médio do ovo
63.86a
57.92b
60.39ab
62.06a
Massa do ovo
58.67a
47.64c
51.90bc
51.55bc
25-29
111.77a
78.15c
94.66b
80.46c
29-33
112.51a
84.58d
93.55bc
86.06cd
33-37
113.25a
90.99b
92.44b
91.67b
25-29
1.4a
1.16c
1.29b
1.25b
29-33
1.41
1.26
1.31
1.29
33-37
1.42
1.3m6
1.91
1.76
Variáveis
Ciclos Semana s
% de postura
Consumo alimento (CA)
Conversão (CA/dúzia)
de
A
Conversão A (kg/kg)
a
a
a
c
d
ab
b
bc
1.33 1.78
ab
Detoxa® Plus 1
bc
Variáveis
Controle Neg.
Controle Pos.
Detoxa® Plus 0.5
Detoxa® Plus 1
Resistência da casca, x103
5302.84a
4959.74ab
4483.13b
4637.33ab
Espessura da casca (mm)
0.38
0.37
0.37
0.36
Porcentagem da casca
9.99
9.90
9.42
9.65
de
63.68b
63.5b
65.32a
64.19ab
Porcentagem de gema
26.14
26.88
25.67
26.2
Porcentagem albumina
Diferentes letras (a-b) indicam diferenças significativas entre tratamentos para os diferentes ciclos p≤0.05.
Na qualidade dos ovos, o desafio com as micotoxinas diminuiu a resistência da casca quando comparado aos dois controles. Só foram encontradas diferenças significativas com os tratamentos na porcentagem de albumina, sendo significativamente mais elevados nos grupos tratados, em comparação até mesmo com o controle negativo. BIOQUÍMICA SANGUÍNEA
cd
Tratamentos
1.33
Variáveis
1.62
b
Diferentes letras (a-d) indicam diferenças significativas entre tratamentos para os diferentes ciclos p≤0.05.
Ciclo Semanas
Alanina
24
Controle Neg.
Controle Pos.
Detoxa® Plus 0.5
Detoxa® Plus 1
24.17
27.74
28.02
29.36
Como pode ser visto, em todos os parâmetros foram observadas diferenças significativas entre ambos controles, confirmando o efeito negativo do desafio das micotoxinas. Com relação aos tratamentos, Detoxa® Plus atingiu valores similares ao controle negativo no
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Informativo Técnico-Comercial BIOQUÍMICA SANGUÍNEA Tratamentos Controle Neg.
Controle Pos.
Detoxa® Plus 0.5
Detoxa® Plus 1
24
24.17
27.74
28.02
29.36
29
18.97ab
16.36ab
8.74b
22.19a
33
17.57
9.99
7.88
10.78
37
8.28b
41.90a
32.22a
33.87a
Fosfatase alcalina (U/L)
509.68a
343.31b
451.89ab
350.07b
Proteínas totais (mg/dL)
5.06
4.82
5.05
5.20
Albuminas totais (mg/dL)
1.92
1.85
1.76
1.91
Globulinas totais (mg/dL)
3.14
3.01
3.29
3.30
Variáveis
Ciclo Semanas
Alanina aminotransferase (ALT) (U/L)
Diferentes letras (a-b) indicam diferenças significativas entre tratamentos para os diferentes ciclos p≤0.05.
Na avaliação das enzimas hepáticas na triagem da bioquímica sanguínea foram A suplementação com Detoxa® Plus foram similares entre tratamentos e os controles observadas diferenças significativas entre para os níveis de alanina kg/t e da 1 kg/t socontrole positivo, mas foram observaaminotransferase com 37 semanas de idade. A 0,5 atividade ALTteve nasefeito aves positivo pode estar elevada em decorrência em múltiplos dificultando muitas vezes a das diferenças entre de os dano controles. As bretecidos, os parâmetros zootécnicos quando interpretação (HARR, 2002). alterações nos níveis de fosfatase alcacomparado ao controle positivo, mea ideia de que o osso aolhorando o peso ovos em 4,26% Os lina níveissuportam de fosfatase alcalina, associada metabolismo do dos cálcio e fósforo come medular promove cálcio osteoblásticas durante a for- e 7,14%, respectivamente; a porcentagem participação nas atividades condrogênicas, foram similares entre tratamentos e controle positivo, foram observadas diferenças entre os controles. As mação da casca dos ovos mas e armazena de postura nos três ciclos de produção, alterações nos níveis de fosfatase alcalina suportam a ideia de que o osso medular cálcio quando não há ovo no útero chegando a 12,8% na 37ª semana, além promove cálcio durante a formação da casca dos ovos e armazena cálcio quando não há acordo Taylor do (1965), consumo de ração e a taxaalcalina de conovo (Etches, no útero 1987). (Etches,De 1987). De com acordo com Taylor o nível de fosfatase versãoé alimentar em comparação o nível de fosfatase alcalina que que (1965), está relacionado às atividades osteoblásticas maior quando o processo com de formação da casca do ovo está acontecendo. o controle positivo. Adicionalmente a está relacionado às não atividades osteoblásticas é maior quando o processo de isto, a administração de Detoxa® Plus formação da casca do ovo não está gerou aumento na porcentagem de albumina nos ovos. acontecendo.
Discussão
Conclusão
O desafio das micotoxinas teve um impacto negativo sobre as aves, afetando todos os parâmetros zootécnicos, ligeiramente a resistência da casca e os níveis de alanina aminotransferase. Esses resultados indicam que o consumo prolongado de micotoxinas altera os parâmetros zootécnicos, diminui a resistência da casca do ovo e provoca alterações hepáticas resultando em um aumento das enzimas hepáticas no sangue.
Detoxa® Plus melhorou os parâmetros produtivos das aves desafiadas durante três ciclos de 28 dias, das 25 às 37 semanas de idade, com FB1 e de T-2. Ao mesmo tempo, aumentou as porcentagens de albumina nos ovos. Demonstrou, portanto, que Detoxa® Plus é uma ferramenta fundamental para alcançar resultados produtivos durante os graves desafios das micotoxinas.
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Comitê de Ética Esse trabalho foi aprovado pela Comissão de Ética no Uso de Animais (CEUA) da Universidade Estadual de Santa Catarina (UDESC), protocolo número 3089070619. Informações mais detalhadas estão disponíveis em: ht t ps : //doi.org /10.1016 /j.m ic path.2020.104517
Bibliografia · Dazuk, V., Boiago, M. M., Rolim ,G., Paravisi, A., Copetti, P. M., Bissacotti, B. F., Morsch, V. M., Vedovatto, M., Gazoni, F. L., Matte, F., Gloria, E. M., Da Silva, A. S. Laying hens fed mycotoxin-contaminated feed produced by Fusarium fungi (T-2 toxin and fumonisin B1) and Saccharomyces cerevisiae lysate: Impacts on poultry health, productive efficiency, and egg quality. Microbial Pathogenesis 149 (2020) 104517. https://doi. org/10.1016/j.micpath.2020.104517 · Etches RJ. Calcium logistics in the laying hen. J. Nutr. 1987; 117:619-628. · HARR, K. E. Clinical chemistry of companion avian species: a review. In. Veterinary Clinical Pathology, Santa Barbara, v. 31, n. 3, p. 140–151, 2002. · J.P. Jouany, Methods for preventing, decontaminating and minimizing the toxicity of mycotoxins in feeds, Anim. Feed Sci. Technol. 137 (2007) 342–362. https://doi.org/10.1016/j.anifeedsci.2007.06.009 · M.R. Armando, R.P. Pizzolitto, C.A. Dogi, A. Cristofolini, C.V. Merkis, C.V. Poloni, A.M. Dalcero, L.R. Cavaglieri, Adsorption of ochratoxin A and zearalenone by potential probiotic Saccharomyces cerevisiae strains and its relation with cell wall thickness, J. Appl. Microbiol. 113 (2012) 256–264. https://doi.org/10.1111/ j.1365-2672.2012.05331.x · Taylor TG, Dacke CG. Calcium metabolism and its regulation. In Physiology and Biochemistry of the Domestic Fowl, vol. 5; ed. F. M. Freeman. London: Academic Press, 1984. p. 125–170. · Tso, K.-H.; Ju, J.-C.; Fan, Y.-K.; Chiang, H.-I. Enzyme Degradation Reagents Effectively Remove Mycotoxins Deoxynivalenol and Zearalenone from Pig and Poultry Artificial Digestive Juices. Toxins 2019, 11, 599. https://doi. org/10.3390/toxins11100599.
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Ciência e Pesquisa
Como a casca dos ovos pode ser reutilizada para gerar produtos de valor? Estima-se que em 2018, aproximadamente 8,58 milhões de toneladas de cascas de ovos foram produzidas ao redor do mundo, e que em sua grande maioria são descartadas em lixo comum e destinadas a aterros sanitários, o que pode resultar em problemas ambientais Autoras: Paula Gabriela da Silva Pires, Médica Veterinária – Doutora em Zootecnia Caroline Bavaresco, Zootecnista – Doutora em Zootecnia paulagabrielapires@yahoo.com.br
O
vos são uma importante fonte de nutrientes para uma dieta saudável. Além disso, os ovos são considerados pelo consumidor uma fonte economicamente, mais atraente de proteína animal, e são fonte de vitaminas e minerais. Em 2018, a produção mundial de ovos atingiu aproximadamente 76,7 milhões de toneladas (FAO, 2020a). Nos últimos 30 anos, a produção de ovos cresceu em mais de 150% e um maior progresso foi observado na Ásia, onde a produção quadruplicou (FAO, 2020b). Em 2020, cerca de 53 bilhões de unidades de ovos foram produzidas no Brasil e o consumo per capita de ovos pela população brasileira passou de 148 ovos em 2010 para 251 ovos em 2020 (ABPA, 2021). Com o aumento do número de ovos produzidos, há também o aumento de cascas que devem receber um descarte correto. Estima-se que em 2018, aproximadamente 8,58 milhões de toneladas de cascas de ovos foram produzidas ao redor do mundo, e que em sua grande maioria são descartadas em lixo comum e destinadas a aterros sanitários, o que pode resultar em problemas ambientais. Resíduos de casca de ovo são produzidos em
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grande volume nas indústrias de processamento de ovos e alimentos, incubadoras de frangos de corte, e em residências, oriundas da dieta humana. Entretanto, podem apresentar grande potencial para uso como calcário (CaCO3) ou cal (CaO), em uma variedade de aplicações. Esse artigo fornece uma breve revisão sobre as diferentes aplicações de cascas de ovos.
Casca do ovo Comercialmente, a casca é um componente fundamental do ovo, por ser considerado sua embalagem natural, além de exercer uma grande influência na escolha do consumidor no momento da compra. Essa porção do ovo corresponde em torno de 11% do ovo, e o seu processo de formação ocorre no útero ou câmara calcígena e leva em torno de 18 a 20 horas. O carbonato de cálcio representa mais de 90% da composição da casca do ovo, além de carbonato de magnésio, fosfato de cálcio, matéria orgânica, proteínas e pigmentos. O perfil nutricional de cascas de ovos em pó pode ser visto na Tabela 1.
Utilização da casca de ovos De maneira simplificada podemos
agrupar o uso das cascas dos ovos em dois grupos principais: (a) matéria-prima para fabricação de produtos; (b) suprimento operacional (aplicações sorptivas e catalíticas) (Figura 1). O nível de tecnologia empregada nesses processos irá determinar o nível de investimento e valor agregado do produto final, sendo que as cascas dos ovos podem ser utilizadas desde o setor agrícola (fertilizantes e ração animal), até saúde humana como suplemento alimentar, implantes ósseos e dentários, e como catalizadores na indústria do biodiesel e removedor de poluentes (Figura 1).
Cálcio como suplemento nutricional Suplementação Humana Os alimentos são responsáveis por fornecer ao ser humano uma gama de nutrientes, contudo nem sempre é possível obter todos os eles e/ou as quantidades necessárias através da dieta. Assim a suplementação utilizando compostos específicos, tem a finalidade de prevenir ou corrigir uma deficiência de um ou mais nutrientes na população ou em um grupo populacional específico. Baseado na composição da casca, ela pode ser utilizada como suplemen-
orgânica, proteínas e pigmentos. O perfil nutricional de cascas de ovos em pó pode ser visto na Tabela 1. Tabela 1. Comparação nutricional de ovos de casca branca ou marrom (em pó) Constituintes (%)
Casca de ovo branco
Casca de ovo marrom
Água
0,46
0,20
Proteína
3,92
5,04
Minerais totais
94,61
94,28
Gordura
0,35
0,08
Composição mineral Cálcio
34,12
33,13
Magnésio
0,29
0,36
Fósforo
0,04
0,07
Potássio
0,03
0,04
Sódio
0,05
0,04
Adaptado de Ray et al., (2017) Utilização da casca de ovos
to nutricional para humanos. Schaarias-primas, a fim de proporcionar De que maneira agrupar o uso das cascas dos ovos em dois fsma et al. (1997) afirmou a cascasimplificada uma dieta podemos balanceada. O fornecide cálcio na dieta de aves, por dos ovos pode ser empregada na nutrigrupos principais: (a) mento matéria-prima para fabricação de produtos; (b) suprimento ção humana, especialmente em casos exemplo, se dá pela inclusão de calcário, fosfato, entre outros. De acordo de osteoporose. Contudo, existe a neoperacional (aplicações sorptivas e catalíticas) (Figura 1). O nível de tecnologia cessidade da realização de um tratacom Scheideler (2003), a casca de empregada irá determinar nível fonte de investimento e valor agregado do mento químico adequado,nesses já que processos as ovos pode ser utilizadao como cascas em sua forma de carbonato de alternativa de cálcio, fosfato mono e produto final, sendo quebicálcico as cascas dos ovos podem ser utilizadas desde o setor agrícola cálcio bruto possuem baixa solubilinas rações animais. Vandedade. Após serem submetidas à propopuliere et al., (1975) afirmavam cessamento específico, as cascas poque a casca do ovo apresentava quandem ser utilizadas como uma fonte de tidades de Ca equivalentes ao calcário, além de apresentar pequena cálcio para sintetizar outros sais de quantidade de proteína. Contudo, cálcio, como citrato, fosfato, lactato e para que a casca de ovos seja utilizaglucomato. O citrato de cálcio, por da na dieta de animais, geralmente exemplo, pode fornecer quantidades existe a necessidade de um nível de consideráveis de cálcio solúvel e altamente biodisponível, e o processo de manipulação dessa matéria-prima. A conversão apresenta um rendimento secagem (80°C) é requerida para a geral em torno de 64% (Oliveira et al., inativação microbiana e remoção da 2013). A partir das membranas da casumidade do produto, e a trituração ca do ovo também é possível obter hipara a obtenção da farinha de casca drolisados de proteína e outros com(Quina et al., 2016). postos que auxiliam na manutenção A União Europeia através da regulação prevista na (EC) N◦ 1069/2009, da integridade das articulações e do classifica a casca dos ovos como subtecido conjuntivo (Quina et al. 2016). produto de baixo risco para saúde publica e animal, prevendo diversas forSuplementação em dietas para mas de empregar esse material, denanimais tre elas o fornecimento na dieta aniAs rações animais geralmente mal. A Associação Americana de contam com o uso de diversas maté-
Resíduos de casca de ovo são produzidos em grande volume nas indústrias de processamento de ovos e alimentos, incubadoras de frangos de corte, e em residências, oriundas da dieta humana Revista do OvoSite
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Ciência e Pesquisa F
A Figura 1. Reutilização de cascas de ovos em diferentes produtos (Adaptado de: Quina, Soares e Ferreira (2016))
Controle Oficial de Alimentos consiGongruttananun (2011) em estudera a casca de ovo um aditivo alido com galinhas poedeiras, concluiu nutricional mentar para animais de companhia e que cascas de ovos podem ser utilizadas como única fonte de cálcio, sem de produção (Ruff et al., 2012). ApeSuplementação Humana sar do aporte por entidades regulató- que ocorra efeitos deletérios no ganho rias permitindo o uso da casca de de peso, consumo de ração, peso do Os alimentos são responsáveis por fornecer ao ser humano uma gama de ovo/farinha, na alimentação de aniovo, produção de ovos, qualidade da mais, énapossível literatura obter a maioria dos os es- eles casca dos as ovos, balanço de Ca plasmánutrientes, contudo nem sempre todos e/ou quantidades tudos relata a utilização da farinha tico, mineralização óssea e desenvolnecessárias através da dieta. Assim utilizando compostos vimento dosespecíficos, órgãos reprodutivos. de cascaadesuplementação ovo na dieta de aves. Além disso, destaca a importância do Froning e Bergquist (1990) utilizatem a finalidade de prevenir ram ou corrigir uma deficiência de umtamanho ou maisdanutrientes na casca de ovo extrusada em dieta partícula utilizada e da de poedeiras eespecífico. não verificaram efeitos esterilização dessa matéria-prima. população ou em um grupo populacional negativos sobre a produção de ovos. Schaafsma e Beelen (1999) utilizaram Posteriormente, Tadtiyanant et al., casca de ovos na dieta de leitões e sugerem que a casca pode ser utilizada (1993) não verificaram efeitos deletérios sobre o peso dos ovos, produção como uma boa fonte de cálcio, sem de ovos, conversão alimentar e a graefeitos adversos sobre a digestibilidavidade específica dos ovos quando de do magnésio e gordura. utilizaram farinha de casca extrusada. Outras Aplicações Scheideler, (1998) sugeriu que o cálcio Fertilizantes oriundo da casca do ovo está altamente disponível para apoiar a produção A casca de ovo pode ser utilizada de ovos em galinhas poedeiras, mas como fertilizante devido ao seu alto deve ser combinado com uma fonte teor de cálcio e nitrogênio. Cascas de de cálcio de grandes partículas para ovos resultantes de processos industriais são utilizadas na agricultura, a proporcionar um ovo de qualidade superior (maior resistência da casca). fim de corrigir os pH de solos ácidos.
Figura 1. Reutilização de cascas de ovos em diferentes produtos (Adaptado de:suplemento Quina, Cálcio como Soares e Ferreira (2016))
As cascas de ovos podem apresentar grande potencial para uso como calcário (CaCO3) ou cal (CaO), em uma variedade de aplicações. Esse artigo fornece uma breve revisão sobre as diferentes aplicações de cascas de ovos 50
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Uma vantagem da reutilização da casca do ovo em comparação com outras fontes naturais de cálcio é o baixo nível de substâncias tóxicas presentes. Apesar das potencialidades da utilização das cascas de ovos, elas ainda são um resíduo industrial potencialmente poluente quando não utilizadas de forma adequada, pois suportam a ação microbiológica, o que dificulta a sua degradação.
Catalizadores O óxido de cálcio (CaO), é uma matéria-prima utilizada pela indústria química na produção de cal, e pode ser utilizado como catalisador na produção de biodiesel. O carbonato de cálcio (CaCO3) de cascas de ovo, pode ser utilizado como fertilizantes, componente de rações para animais, na remoção de metais pesados. Pode ser empregado como um substituto para os minerais usados no tratamento do papel, a fim de melhorar o brilho, a opacidade e a resistência. A casca de ovo pode ainda ser utilizada para outros fins, como: aumento da quantidade de minerais em diversos compostos, produção de hidroxiopatite, aumento da resistência do cimento entre outros.
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Noviembre 2003. Edita: Instituto de Estudios del Huevo Apartado de correos 3.38 28080 Madri. 3. FAO, Food and Agriculture Organization of United Nations. 2020a. World food and agriculture. Statistical Yearbook 2020b. Disponível em: www.fao.org/documents/ card/en/c/cb1329en/ Acesso em Abril de 2021. 4. FAO, Food and Agriculture Organization of United Nations. 2020. Gateway to poultry production and products. Disponível em: http:// www.fao.org/poultry-production-products/en/. Acesso em Abril de 2021. 5. Froning, G. W., and D. Bergquist. 1990. Utilization of inedible eggshells and technical albumen using extrusion technology. Poultry Science 69:2051–2053. 6. Gongruttananun, N. 2011. Effects of eggshell calcium on productive performance, plasma calcium, bone mineralization, and gonadal characteristics in laying hens. Poultry Science 90 :524–529. 7. Oliveira, D. A., Benelli, P., and Amante, E. R. 2013. A literature review on adding value to solid residues: eggshells. Journal of Cleaner Production 46:42e4743. 8. Quina, M. J., Soares, M. A. R., Quinta-Ferreira, R. 2016. Applications of industrial eggshell as a valuable anthropogenic resource. Resources, Conservation and Recycling 123: 176186. 9. Ray, S., Barman, A. K., Roy, P. K., and Singh, B. K. 2017. Chicken
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Informativo Técnico – Comercial
Seleção Genética Equilibrada e Performance de Aves Poedeiras Embora pareça algo simples, manter a disponibilidade local de aves Matrizes e Poedeiras de classe mundial é algo complexo, que envolve o investimento e aplicação de pesquisa e desenvolvimento genético de última geração, e ao mesmo tempo é essencial para manter a competitividade no mercado dos Distribuidores e Produtores de ovos, incluindo melhorias na eficiência alimentar
Fernando Vieira, Veterinário, Pós-graduado em ciências avícolas e Mestre em Administração (MBA) Gerente de Área América do Sul, Hendrix Genetics Ltda
O
mundo corporativo relacionado às casas genéticas atuantes na avicultura tem representado uma das grandes molas propulsoras desse setor econômico no Brasil nos últimos 20 anos. Casas genéticas no sentido daquelas que investem massiva e continuamente em melhoramento genético desde aves pedigree, e na reprodução e multiplicação dessas aves. A referência às duas últimas décadas talvez tenha um viés empírico pois é o tempo que tenho me dedicado ao acompanhamento do desenvolvimento e comercialização técnica de Aves Reprodutoras, no entanto não é surpresa que na realidade as Aves Poedeiras de hoje são o resultado de ao menos 6 décadas de seleção genética. As aves agora são muito mais eficientes e capazes de atingir seu pri-
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Revista do OvoSite
meiro ciclo de produção de ovos um mês antes em relação ao que era esperado no passado. Deve-se notar que as empresas de seleção genética estão estabilizando esta característica. A idade da maturidade sexual tem se mantido estável durante a última década e isso é importante para permitir que as aves mais jovens tenham o tempo necessário para se desenvolverem bem, com a finalidade de manter boa persistência de produção de ovos e permanecer altamente produtiva até o término do ciclo produtivo. A produção de ovos por galinha alojada mais do que dobrou. Este é o resultado combinado de uma maturidade sexual antecipada, atingindo picos de produção mais altos e, o mais importante, melhoria da persistência. Através do aumento da persistência, temos a capacidade de manter as aves produzindo por mais
tempo, mantendo a boa saúde e os altos níveis de produção de ovos. Mais recentemente e pela minha adesão à Hendrix Genetics Ltda tenho tido a oportunidade de vislumbrar o desempenho produtivo dessas aves Matrizes e Poedeiras de acordo com os dados de performance a campo, que reconfirmam a ciência aplicada pelos geneticistas e os dados comprovados também por experimentos independentes como o realizado na Universidade da Carolina do Norte dos Estados Unidos. Este experimento encontra-se na sua 40ª edição e acompanha há 60 anos os progressos genéticos que estão sendo feitos: as aves de hoje mostram melhor robustez, permitindo que sejam mantidas por mais tempo em boas condições corporais, em boa saúde e mais adaptadas para expressarem sua aptidão natural. As melhorias na produção de ovos não vieram com uma despesa extra de aumento na ingestão de ração. Quando observamos a relação entre a ração consumida (em gramas) versus a quantidade de ovos produzidos (em gramas) a partir dos últimos 10 testes realizados na
Universidade da Carolina do Norte, podemos ver uma diminuição constante. Um melhoramento massivo de mais de 25% na eficiência alimentar foi alcançado em menos de 3 décadas, este enorme melhoramento resulta diretamente em um menor impacto da pegada de carbono na produção de ovos, tornando a produção de ovos mais sustentável do que nunca: A abordagem é sobre seleção genética equilibrada, buscando o melhoramento das características de uma forma balanceada. Melhorar a eficiência produtiva não deve ser em detrimento da viabilidade, e a persistência de produção somente pode aumentar se a maturidade precoce permanecer constante, e a qualidade interna / externa da casca do ovo deve melhorar enquanto mantém-se a correta curva do tamanho do ovo. Ao longo dos últimos 40 anos nós temos colocado um foco cada vez maior nos testes de progênie em circunstâncias de campo. A elite, as linhas puras de aves pedigree, podem desempenhar performance perfeita nas granjas de P&D de alta sanidade animal, mas o produto precisa desenvolver bom de-
sempenho sob diferentes condições de ambiente ao redor do mundo, algumas vezes a partir dos ambientes mais difíceis em aviários abertos em regiões tropicais, áreas com alta densidade de aves e frequente alta pressão de desafios sanitários, até os ambientes com sistema de produção free-range e orgânicos, com restrições adicionais na escolha dos ingredientes da ração. Dessa forma os programas de seleção genética avançados como da Hendrix Genetics oferecem produtos sob medida para atender às necessidades de cada mercado. E finalmente, os plantéis brasileiros e consequentemente de todas as regiões atendidas pela Hendrix Genetics do Brasil têm se mantido atualizados com as últimas gerações de Aves de Postura disponíveis mundialmente. Embora pareça algo simples, manter a disponibilidade local de aves Matrizes e Poedeiras de classe mundial é algo complexo, que envolve o investimento e a aplicação de pesquisa e desenvolvimento genético de última geração, e ao mesmo tempo é essencial para manter a competitividade no mercado de Distribuidores e Produtores de ovos. Revista do OvoSite
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Nutrição
Ovos enriquecidos com ômega 3 para aumento da imunidade O ovo pode se tornar ainda mais completo e nutritivo que as outras fontes proteicas, através de enriquecimento como vitamina E, selênio e ômega 3 Autora: Elaine Talita Santos (Consultora em P&D)
J
á não é novidade que o ovo é considerado um super alimento do ponto de vista nutricional, sendo quase um polivitamínico natural, contendo vitaminas A, D, E e do complexo B, minerais como o ferro, zinco, fósforo, potássio, manganês e selênio. Desta forma, o ovo que é um alimento saboroso, pode ser considerado um antioxidante, energético, fortalecedor do sistema imune e para aqueles que buscam ganho de massa muscular, um excelente suplemento. Quantos benefícios um único ovo pode trazer ao organismo, além de ser um alimento de fácil acesso e baixo custo. Esse super alimento pode se tornar ainda mais completo e nutritivo que as outras fontes proteicas, atra-
vés de enriquecimento como vitamina E, selênio e ômega 3. O enriquecimento de ovos com aditivos, é uma prática comum no Brasil, América do Norte, Europa e Ásia. Para isso basta incluir o aditivo desejado na ração das poedeiras comerciais. Parece simples, e realmente é. As poedeiras ingerem a ração, depositando essa quantidade extra de vitamina e/ ou mineral e/ou ácido graxo nos ovos. Essa estratégia da nutrição animal é simples, eficaz e não causa qualquer desconforto ou prejuízo a ave. Se você ainda não viu nas gôndolas dos supermercados ovos enriquecidos, observe mais dá próxima vez, pois no Brasil existem diferentes granjas comercializando esse tipo de
produto. O segmento de ovos enriquecidos é um mercado pouco explorado pelo ponto de vista do marketing, informação e educação ao consumidor, nutricionistas e comunidade médica. O ovo venceu a barreira de vilão no aumento de colesterol ruim, está vivendo sua fase de proteína de alto valor biológico, rico em vitaminas e minerais e pode ainda se estabelecer como a fonte proteica de menor custo, oferecendo o melhor valor e benefício nutricional. A maior flexibilidade de uso e armazenamento do ovo comparado a outras fontes de proteína animal também é uma característica pouco explorada sob ponto de vista do consumidor; e isso faz toda diferença para atender a demanda por tempo que as pessoas procuram.
Perfil do consumidor de alimentos enriquecidos O perfil do consumidor de produtos enriquecidos em geral, busca algo a mais no produto que irá consumir, geralmente esse é um público com maior grau de instrução, que está atento as informações sobre saúde e deseja melhorar a qualidade nutricional da alimentação. No relató-
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rio Brasil FoodTrends de 2020, realizado pelo FiespIbope, foi observado que o brasileiro está com tendência de consumo de alimentos semelhantes à de outros países, sendo elas: conveniência e praticidade; confiabilidade e qualidade; sensorial e prazer (Gráfico 1). Outra característica que já é comum no consumidor de outros países e vem ganhando cada vez mais atenção do consumidor brasileiro é a saudabilidade e bem-estar que o alimento possui e a forma como esse alimento foi produzido, levando em consideração os aspectos de sustentabilidade, bem-estar animal e ética. O brasileiro vem aumentando o consumo de ovos per capita, em 2015 eram 191 ovos por habitante, no ano de 2020 passou para 251 ovos por habitante (ABPA, 2021). Essa característica do aumento do consumo de ovos e a mudança do perfil do consumidor brasileiro, buscando alimentos mais saudáveis é uma excelente oportunidade para o produtor agregar valor ao produto ovo. Os ovos enriquecidos já atingem a população das classes A e B e uma fatia da classe C, principalmente provenientes da região Centro-Sul
do Brasil. Para aumentar inserção dos ovos enriquecidos na mesa do brasileiro é preciso educar cada vez mais os consumidores sobre os benefícios desse alimento e deixar claro que se há um maior custo, qual será o “pacote de vantagens” que ele está adquirindo ao fazer a escolha.
Figura 1: Proporção dos grupos de tendência de consumidor brasileiro. Fonte: FiespIbope, 2020
Ômega 3 e seus benefícios para saúde Atualmente vivemos a pandemia do COVID-19 e nunca houve tanta preocupação e busca por aumento da saúde e imunidade. Um aliado para aumento da imunidade são os ácidos graxos ômega 3 de cadeia longa. Os ácidos graxos do tipo ômega 3 são essenciais para o organismo, pois não são sintetizados endogenamente, sendo assim, precisam ser obtidos por meio da alimentação, suplementação ou produzidos pelo organismo a partir dos ácidos linoleico e alfa linolênico. O ômega 3 é de extrema importância para o organismo humano e animal, desempenhando importantes funções na estrutura das membranas celulares e nos processos metabólicos. Em humanos, ele mantém sob condições normais, as membranas celulares, as
O enriquecimento de ovos com aditivos, é uma prática comum no Brasil, América do Norte, Europa e Ásia Revista do OvoSite
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Nutrição Tabela 1. Recomendações Global para ingestão de EPA e DHA. Região
Organização
População Alvo
World Health Organization (WHO)
Global
Recomendação
População adulta em geral
n‐3 PUFAs: 1 ‐ 2% de energia/dia
0 a 6 meses
DHA: 0,1 ‐ 0,18% de energia
6 a 24 meses
DHA: 10 ‐ 12 mg/kg corporal
Food and Agriculture Organization of the United 2 a 4 anos
EPA + DHA: 100‐150 mg
Nations (FAO)
4 a 6 anos
EPA + DHA: 150‐200 mg
6 a 10 anos
EPA + DHA: 200‐250 mg
Gestantes/Lactantes
EPA + DHA: 0,3 g/dia a 0,2 g/dia
International Society for the Study of Fatty Acids and Lipids (ISSFAL) NATO Workshop on ‐3 and ‐6 Fatty Acids World Association of Perinatal Medicine
População adulta em geral
2008
No mínimo 500 mg/dia de EPA + DHA
2004
Gestantes/Lactantes
DHA: 200 mg/dia
2007
População adulta em geral
300 ‐ 400 mg EPA+DHA/dia
1989
Gestantes/Lactantes
200 mg DHA/dia
para saúde cardiovascular
Bebês, quando não recebem leite materno
World Gastroenterology Organisation
Data da Publicação 2003
População adulta em geral
0,2 ‐ 0,5% da gordura total 3 a 5 porções de peixe/semana
2008 2008
Fonte: GOED, 2014.
Figura 2: Mapa do status global da ingestão de ômega 3. Fonte: Adaptado de Stark et al., 2016.
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funções cerebrais e a transmissão de impulsos nervosos. Esses ácidos graxos também participam da transferência do oxigênio atmosférico para o plasma sanguíneo, da síntese da hemoglobina e da divisão celular (YOUDIM et al., 2000; YEHUDA et
al., 2002; HAUG et al., 2011). O DHA e o EPA são os ácidos gra4 xos mais importantes para a saúde geral. Altos níveis de DHA e EPA na dieta têm sido associados a taxas mais baixas de doenças coronárias, arritmias, aterosclerose, inflamação,
diabetes e cânceres na mama, próstata e cólon (BROUGHTON et al., 1997; MARTIN et al., 2006). Aumentar a ingestão de EPA+DHA, diminui processos alérgicos e inflamatórios através da inibição de citocinas pró inflamatórias, além de aumentar a imunidade (STILE, 2020). Mundialmente (Tabela 1) é reconhecido a importância e recomendação da ingestão diária de EPA+DHA, tanto para adultos, quanto para crianças (GOED, 2014). No entanto, o consumo mundial de ômega 3 ainda é baixo (Figura 2), por diferentes razões como: baixo consumo de peixes e frutos do mar, falta de informações sobre a importância da ingestão diária e pouca diversidade de produtos de fácil acesso que forneçam EPA+DHA nos níveis necessários. No ano de 2020 o brasileiro consumiu 10,19 kg de pescados por habitante (SeaFood Brasil, 2021). Porém, nem todos os pescados são fonte de ômega 3, sendo o salmão e a sardinha os peixes com maiores teores de EPA e DHA. O consumo diário ou semanal desses peixes ainda não está bem estabelecido na mesa dos
brasileiros. Comparando o consumo em kg perca pita de pescado e ovos em 2020, o brasileiro comeu em média 13 kg de ovos, em relação a 10,19 kg de pescados.
Ovos enriquecidos com ômega 3 e as crianças O DHA desempenha papel importante durante a gravidez, no desenvolvimento inicial do bebê e nos primeiros meses após o nascimento. Numerosos estudos demonstram que a deficiência de DHA e EPA causam problemas cognitivos e de retina (POLITI et al., 2001; CARDOSO et al., 2006; QUERQUES et al., 2011). Os pediatras recomendam o consumo de ovos diariamente para as crianças, além da suplementação com ômega 3, que geralmente ocorre via leite ou composto lácteo enriquecido com o EPA+DHA ou consumo de salmão e sardinha. Os ovos enriquecidos com ômega 3 são uma maneira versátil de oferecer uma proteína excelente aliada a esse ácido graxo tão importante para o desenvolvimento cerebral da criança. Essa característica infantil de consumo também é uma oportunidade de mercado a ser explorada, aliando a importância do EPA e DHA para crianças e a facilidade e aceitação de ovos por esse público. As mães estão cada vez mais atenta as informações nutricionais e buscando uma ali-
É incluído o aditivo desejado na ração das poedeiras comerciais, que ingerem a ração, depositando essa quantidade extra de vitamina e/ou mineral e/ou ácido graxo nos ovos. Essa estratégia da nutrição animal é simples, eficaz e não causa qualquer desconforto ou prejuízo a ave
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Nutrição
Figura 3: Geração de valor agregado ao produto através as exigências do consumidor. Fonte: Corbion (2018). mentação saudável para os filhos e são justamente as mulheres um grupo potencial de micro influenciadores na decisão de compras.
Valor agregado ao ovo enriquecido com ômega 3
Produzir ovos enriquecidos com ômega 3, gera valor agregado ao produto. Os ovos terão um custo maior para o produtor, porém serão vendidos por um preço maior ao consumidor final, proporcionando lucro ao avicultor. O custo a mais ao consumidor precisa ser justificado, para que o mesmo entenda que ele está adquirindo saúde e não somente ovos. Por isso, o marketing da sauda-
bilidade e bem-estar em relação a produtos enriquecidos e principalmente em relação aos ovos enriquecidos, necessita ser constante e assertivo, visando manter a demanda desse tipo de produto pelo consumidor (Figura 3). Na tabela 2 é possível ter ideia de quanto o produtor pode ganhar a mais quando produz ovo enriquecido com ômega 3. Lembrando que é possível obter ainda mais valor agregado ao produto se as poedeiras comerciais forem criadas em sistemas alternativos e também receberem ração com ômega 3. O setor de avicultura de postura comercial tem buscado aumentar o
volume de exportação de ovos regulares. Uma possível estratégia de aumento da exportação, seria exportar ovos de mesa enriquecido, já que em alguns países como Estados Unidos e Inglaterra a população demanda esse tipo de produto com maior constância.
Ômega 3 na ração de poedeiras comerciais A produção de ovos enriquecidos com ômega 3 deve seguir as normas de acordo com RDC n°54, de novembro de 2012, sobre o regulamento técnico de “Informação Nutricional Complementar”, da ANVISA. O regulamento exige que o alimento seja
Tabela 2. Comparação de preço entre ovos regulares, orgânico, caipira e com ômega 3 no Brasil e Estados Unidos. *Preço por 10 unidades de ovos. Fonte Brasil: https://www.savegnago.com.br/. Cotação 17/05/2021. Fonte Estados Unidos: https://www.walmart.com/. Cotação 17/05/2021.
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Revista do OvoSite
ÁCIDOS GRAXOS ÔMEGA 3 Atributo
Condições
Fonte
Mínimo de 300 mg de ácido alfa-linolênico ou
Por 100 g ou 100 ml em pratos preparados conforme o caso.
Mínimo de 40 mg da soma de EPA e DHA; e
Por porção
Alto conteúdo
Caso o alimento não atenda às condições estabelecidas para o atributo “baixo” ou “reduzido” em gorduras saturadas, deve ser declarada no rótulo junto à INC a frase “Este não é um alimento baixo ou reduzido em gorduras saturadas”, conforme o caso, com o mesmo tipo de letra da INC, com pelo menos 50% do tamanho da INC, de cor contrastante ao fundo do rótulo e que garanta a visibilidade e legibilidade da informação. Mínimo de 600 mg de ácido alfa-linolênico ou Por 100 g ou 100 ml em pratos preparados conforme o caso. Mínimo de 80 mg da soma de EPA e DHA; e
Por porção
Caso o alimento não atenda às condições estabelecidas para o atributo “baixo” ou “reduzido” em gorduras saturadas, deve ser declarada no rótulo junto à INC a frase “Este não é um alimento baixo ou reduzido em gorduras saturadas”, conforme o caso, com o mesmo tipo de letra da INC, com pelo menos 50% do tamanho da INC, de cor contrastante ao fundo do rótulo e que garanta a visibilidade e legibilidade da informação. Tabela 3. Quantidades mínimas de ácidos graxos ômega 3 de acordo com as exigências da RDC n. 54/2012 (ANVISA). Fonte: RDC n. 54/2012.
classificado como fonte ou com alto conteúdo (rico) em ômega 3 a partir de níveis mínimos de alfa-linolênico (ALA) ou da soma de EPA+DHA de acordo com a tabela 3. Diferentes fontes de ômega 3 podem ser adicionas na ração para enriquecimento dos ovos de poedeiras comerciais, como: óleo de linhaça, farinha ou óleo de peixes (salmão e sardinha) e farinha de microalgas (Schizochytrium sp.) (COSTA et al., 2017). Vale ressaltar que, esses aditivos são utilizados em diferentes formas e quantidades, em função do tipo e quantidade de EPA e DHA presentes, além da estabilidade do produto durante o preparo e fornecimento da ração. O óleo de linhaça não contém DHA, o óleo de peixe contém alto nível de DHA, porém há uma grande variação nesse teor de acordo com o fabricante, além de ser um recurso não sustentável. A farinha de microalgas, tem se mostrado mais eficiente no enriquecimento dos ovos, sendo necessário menor inclusão quando comparado com outras fontes de ômega 3, devido a alta quantidade de DHA contida nas microalgas. As microalgas também possuem capacidade pigmentante da gema do ovo (ŚWIĄTKIEWICZ et al., 2015). Outra característica que vem se tornando preferencia do produtor para a utilização da farinha de mi-
croalgas é que o nível de DHA praticamente não sofre variação na matéria prima, além do fácil manuseio e estabilidade durante o preparo da ração, quando comparado a outras fontes de ômega 3 que são em óleo. Hoje já existe no mercado farinha de microalga com 30% de DHA, produzidas de forma sustentável. Alguns trabalhos científicos ainda não publicados, sugerem que as aves também se beneficiem da ingestão de ômega 3 de cadeia longa, do ponto de vista da performance e saudabilidade. Porém, há necessidade de mais estudos para comprovação desses benefícios.
Referências bibliográficas ANVISA. RDC n°54, de novembro de 2012, sobre o regulamento técnico de “Informação Nutricional Complementar”. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PROTEINA ANIMAL – ABPA. Relatório anual. 2021. BROUGHTON KS, JOHNSON CS, PACE BK, LIEBMAN M, KLEPPINGER KM. Reduced asthma symptoms with n-3 fatty acid ingestion are related to 5-series leukotriene production. Am J Clin Nutr. v. 65(4), p.1011-7. CARDOSO C.; AFONSO C.; BANDARRA N. Dietary DHA and health: Cognitive function ageing. Nutrition
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Mercado
Desempenho do ovo em maio e nos cinco primeiros meses de 2021
E
m 2021 o mês de maio foi absolutamente frustrante para o ovo. De um lado , o mercado não apresentou qualquer reação àquela que é a ocasião de concentração da comercialização do produto – o instante em que, com o salário do mês, o consumidor vai às compras. De outro lado, porque maio foi encerrado com valor inferior não apenas ao de abertura do mês, mas dos últimos quatro meses. Em maio não ocorreu o movimento de reativação de preços típico de todo início de mês: a cotação máxima registrada no período foi a mesma vinda da última semana de abril (então já decrescente), permanecendo inalterada durante todo o decêndio inicial do mês. A partir daí só ocorreram retrocessos, prevalecendo novo período de estabilidade (mas em mercado extremamente fraco) nos últimos 10 dias do mês. Pelo parâmetro adotado pelo OvoSite, o valor de fechamento de maio não era registrado desde o início de fevereiro passado. Então, em apenas duas semanas ocorreu valorização de 20% e, mal iniciada a Quaresma (17 de fevereiro), o ovo alcançava sua melhor cotação de 2021. Mas até isso durou pouco: quatro dias. A partir daí, excetuada breve valorização nos primeiros dias de abril, o retrocesso foi praticamente
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contínuo. No dia 31, a cotação média registrada ficou quase 20% abaixo do pico de fevereiro. O efeito desse desempenho é melhor visualizado no gráfico: embora tenham ficado quase 11,5% acima do que foi alcançado em maio de 2020, os preços médios do mês passado retrocederam mais de 7% em relação a abril, o que significa que corresponderam ao menor valor dos últimos quatro meses. Por outro lado, considerada a média dos cinco primeiros meses de 2021, constata-se que ela se encontra apenas 15% acima do que foi registrado no mesmo período do ano passado, enquanto em comparação à média anual de 2020 o ganho (aparente) é de 24%. Aparente, esclareça-se, porque não há ganho efetivo. Ele foi consumido pelos custos que, na média desses cinco meses, registraram evolução anual superior a 50%. A maior parte do aumento de custos vem sendo ocasionada pelo insumo-base do ovo, o milho - cujas altas começaram em 2020, potencializando-se em 2021. Pois nesses 24 meses a remuneração obtida pelo produtor do ovo aumentou 67%, enquanto o custo do milho evoluiu 178%. Ou seja: para adquirir, neste ano, o mesmo volume anterior de milho, o avicultor necessita, agora, de um volume de ovos quase 50% superior.
Matérias-Primas Milho registra crescimento de 70% no decorrer de 2021 O preço do milho continua registrando evolução expressiva no decorrer do ano. Nos primeiros cinco meses de 2021 o preço médio do insumo, saca de 60 kg, interior de SP, alcançou cotação de R$95,12, equivalendo a aumento de 70,6% sobre a média alcançada pelo produto no mesmo período do ano passado, quando a cotação média atingida foi de R$55,76.
Farelo de soja aponta aumento de quase 76% no acumulado do ano O farelo de soja (FOB, interior de SP) atingiu índices extraordinários de crescimento no decorrer dos primeiros cinco meses de 2021. O preço médio do período alcançou valor de R$2.688/t, representando índice positivo de 75,9% sobre o apontado para o mesmo período de 2020, quando a cotação média atingiu apenas R$1.528/t.
Valores de troca – Milho/Frango vivo No frango vivo (interior de SP) o preço médio acumulado nos primeiros cinco meses do ano alcançou R$4,69 kg, atingindo valorização anual de 50,6%. Assim, com a maior valorização na cotação do milho em relação ao frango vivo, houve perda no poder de compra do avicultor. Neste ano foram necessários quase 338 kg de frango vivo para se obter uma tonelada de milho, considerando-se a média mensal de ambos os produtos. Este volume representa queda de 11,7% no poder de compra em relação ao ano anterior, pois, no mesmo período de 2020 a tonelada do milho “custou” 298,2 kg de frango vivo.
Valores de troca – Farelo/Frango vivo
Valores de troca – Milho/Ovo
Valores de troca – Farelo/Ovo
O preço do ovo, na granja (interior paulista, caixa com 30 dúzias), obteve valorização pequena comparada à do milho no decorrer dos cinco primeiros meses de 2021, atingindo preço médio de quase R$101,00, equivalendo a índice positivo de 16,6% sobre o recebido no mesmo período do ano passado, negociado por R$86,64. Assim, com a valorização no preço médio dos ovos bem inferior ao alcançado pelo milho, também houve grande perda no poder de compra do avicultor de postura comercial. No período foram necessárias 15,7 caixas de ovos para adquirir uma tonelada do cereal, enquanto no mesmo período de 2020 foram necessárias apenas 10,7 caixas/t, significando piora de 31,7% em sua capacidade de compra.
De acordo com os preços médios dos produtos no acumulado de 2021, foram necessárias, aproximadamente, 26,6 caixas de ovos (valor na granja, interior paulista) para adquirir uma tonelada de farelo de soja. Com isso, o poder de compra do avicultor de postura comercial registrou significativa perda de um terço em relação ao farelo de soja, já que no mesmo período do ano passado foram necessárias apenas 17,6 caixas de ovos para adquirir uma tonelada do cereal. O resultado dessa perda no poder de compra em relação às matérias-primas, tanto do produtor de ovos quanto do frango vivo é um forte impacto no custo de produção em ambos os setores, incidindo em grandes perdas para os avicultores.
Mesmo com o frango vivo apresentando valorização significativa no decorrer dos primeiros cinco meses do ano, a alta verificada no preço médio do farelo de soja foi ainda mais relevante e fez com que fossem necessários 573 kg de frango vivo para adquirir uma tonelada do insumo, significando piora de 14,4% no poder de compra do avicultor em relação ao mesmo período de 2020 quando 490,5 kg de frango vivo foram necessários para obter uma tonelada do produto.
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Ponto Final
Avanços técnicos para o setor de ovos Foram muitos e grandes os passos que foram dados pelo setor nos últimos anos. E ainda há muito a ser feito para que se chegue a 365 ovos percapita, ou seja, um ovo por dia!
Tabatha Lacerda Coordenadora Técnica – Associação Brasileira de Proteína Animal
O
setor de avicultura de postura no Brasil tem evoluído significantemente nos últimos anos. Foram anos de crescimento expressivo e em que a produção de ovos atingiu marcas históricas. Chegamos em 2020 a 251 ovos per capita, um crescimento de quase 25% em 5 anos. Com isso, tem sido uma das cadeias a ser tornar protagonista nas discussões do agronegócio à medida que este crescimento também proporciona mais empregos, maior necessidade de estruturação da cadeia, avanço na utilização de tecnologia e maior visão sobre as ações de comercialização, marketing, administração do negócio e imagem do produto para o consumidor. A evolução das cadeias de produção de proteína animal também refletiu uma necessidade de modernização da normatização do tema. Atualizações no regulamento da inspeção industrial e sanitária de produtos de origem animal, no capítulo de ovos e também a Portaria 202 de janeiro de 2021 que colocou em consulta pública novo texto que dispõe sobre os requisitos
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mínimos relativos às dependências e aos equipamentos para a instalação e funcionamento de granjas avícolas e de unidades de beneficiamento de ovos e derivados (Consulta Pública - Portaria 202 de janeiro de 2021), por exemplo. Claro, não podemos deixar de mencionar o registro de estabelecimentos, atendendo aos preceitos da IN 56/2007 e todos seus atos complementares, que culminou com a melhora significativa dos planteis brasileiros, devido ao seu rol de exigências voltados a biosseguridade dos sistemas de produção. Hoje, o estabelecimento que não tiver registro (ou protocolo) não pode mais alojar pintainhas até que sua situação seja regularizada junto aos órgãos estaduais. Foram muitos e grandes os passos que foram dados pelo setor nos últimos anos. E ainda há muito a ser feito para que se chegue a 365 ovos percapita, ou seja, um ovo por dia! Infelizmente os preços do milho, da soja, além das embalagens e do óleo, vem penalizando fortemente o produtor. O setor tem expressado sua angústia diante da apresentação de margens negativas, e a situação se tornando crítica a cada dia. Os custos nunca estiveram tão altos, e também há a questão do câmbio desfavorável. É hora de reflexão, estudos e muita luta do produtor para que consiga se manter. Possivelmente haverá retração de mercado em 2021. O momento é desafiador, mas esforços consideráveis têm sido empregados para que não falte ovo na mesa do consumidor. Mesmo diante de tantas adversidades, o produtor sabe que trabalha em uma nobre missão, ainda mais no caso do ovo, que por suas qualidades e seu potencial nutricional, é o alimento que mais precisa ser levado em consideração em tempos de pandemia e necessidade de manutenção da imunidade das pessoas.
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