Revista do OvoSite - Edição 63

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Editorial

Sumário

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Novidades à vista para a avicultura de postura

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Publicação Trimestral nº 63 | Ano X Setembro/2021

EXPEDIENTE

30 Mundo Agro Editora Ltda. Rua Erasmo Braga, 1153 13070-147 - Campinas, SP

Eventos e As mais lidas Notícias curtas SonoSteam apresenta processo seguro para desinfecção de ovos

Crédito: Assessoria Ceva – A Hora do Ovo

Esta edição da Revista do OvoSite, no formato digital, traz algumas notícias importantes de empresas, como informações sobre a Novumane, vacina recém lançada pela Ceva; a experiência de Ademar Kerckhoff com os equipamentos MOBA, no ES; a Katayama Alimentos que fala mais sobre a sua produção própria de ovos industrializados; a nova certificação para produção de ovos da Asgav em conjunto com a IEC; e a SonoSteam que apresenta um processo seguro para desinfecção de ovos. Dando mais um passo na direção da sustentabilidade, a Granja Mantiqueira transportou mil caixas de ovos entre Mato Grosso e São Paulo, de trem. A prioridade do setor é sempre qualidade dos ovos, e conhecer estes parâmetros é o tema do artigo de Danilo Cavalcante, Professor adjunto da Universidade Federal do Agreste de Pernambuco – UFAPE, e demais autores. Além disso, a edição também traz o artigo sobre ambiência na avicultura de postura, Índices de conforto térmico para poedeiras, de Sarah Sgavioli e demais autores, mostrando que o Ambiente interno dos aviários deve ser controlado para que as aves possam ser mantidas dentro da zona de conforto térmico, reduzindo efeitos térmicos negativos sobre a produtividade. A Vaccinar também mostra alternativas nutricionais para mitigar os custos de produção na cotonicultura de postura. E como ponto final, José Mauro Nunes, colaborador da FGV, fala sobre a necessidade de digitalização na produção de ovos como forma de alcançar o consumidor final. Boa leitura!

Mercado e Matérias-Primas

Publisher Paulo Godoy paulo.godoy@mundoagro.com.br Redação Érica Barros (MTB 49.030) Rai Silva (MTB 1070) imprensa@mundoagro.com.br Comercial Natasha Garcia e Paulo Godoy (19) 3241 9292 (19) 98963-6343 comercial@mundoagro.com.br

Vacinação Ceva lança nova vacina com a promessa de parar o ciclo da Doença de Gumboro. Felipe Pelicioni fala sobre a Novamune

Informe publicitário Ademar Kerckhoff, proprietário da Granja Kerovos no ES, conta sua experiência com os equipamentos MOBA

Certificação Em conjunto com IEC, Asgav dá início a nova certificação para produção de ovos

Diagramação e arte Mundo Agro e Luciano Senise senise@senise.net Internet Gustavo Cotrim webmaster@avisite.com.br Administrativo e circulação financeiro@avisite.com.br

Os Informes Técnicos-Empresariais publicados nas páginas da Revista do OvoSite são de responsabilidade das empresas e dos autores que as assinam. Este conteúdo não reflete a opinião da Mundo Agro

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Novo modal Mantiqueira transporta mil caixas de ovos entre Mato Grosso e São Paulo de trem

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Ambiência Índices de conforto térmico para poedeiras comerciais Sarah Sgavioli

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Artigo técnico Qualidade de ovos: o que é avaliado? Danilo Cavalcante

IOB Saúde intestinal: alimentação equilibrada, contendo ovo, contribui para manutenção da microbiota

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Vaccinar Alternativas nutricionais para mitigar os custos de produção na coturnicultura de postura

40 Academia da Avicultura lança curso “Melhorando a qualidade de ovos através da nutrição da poedeira”. Michele Mendonça, professora do curso

42 Hendrix Selecionando para uma melhoria da eclosão

Ponto Final Avicultura de postura precisa se digitalizar para alcançar o consumidor final José Mauro Nunes

26 Processamento de ovos Katayama Alimentos e a produção própria de ovos industrializados

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Mercado

Desempenho do ovo em agosto e nos oito primeiros meses de 2021

A

primeira vista, todas as boas perspectivas desenhadas em torno do ovo para agosto passado se concretizaram, pois, na média do mês, atingiu-se não só o melhor valor do ano, mas de todos os tempos. Aliás, da mesma forma que o frango. Porém, a média mensal encobre a efetiva realidade do setor, que apenas na primeira metade do mês apresentou o dinamismo projetado desde julho, quando foi anunciada, por exemplo, a vindoura suspensão das restrições a uma série de atividades econômicas e sociais ou, ainda, a retomada, na educação, das aulas presenciais (o que pressupunha, também, a retomada da merenda escolar). De fato, as duas primeiras semanas de agosto confirmaram as expectativas, pois, no período, o ovo alcançou recorde de preço, superando até mesmo o “boom” registrado durante a primeira onda de Covid-19. Mas foi só. Porque antes de encerrada a primeira quinzena o mercado esfriou e os preços retrocederam de forma praticamente contínua. Resultado: agosto foi encerrado com valor médio 11% inferior ao registrado na abertura do mês e – o que é pior – com a menor cotação em quase 90 dias. Aparentando minimizar esse fraco resultado, o valor médio de agosto ficou 63% acima do registrado um ano

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Em agosto, ovo obteve a maior média mensal de todos os tempos. A aparente boa notícia não foi suficiente para impedir a queda do poder de compra do avicultor, devido ao aumento expressivo das matérias-primas antes, no mesmo mês. Porém – sempre é bom lembrar – o elevado índice está sendo determinado não pela valorização do produto, mas por uma base extremamente baixa, pois, um ano atrás, entre agosto e setembro, o preço do ovo recuou aos menores patamares de 2020. Por sinal, a perspectiva de alguma valorização perde totalmente o significado quando se compara o preço médio do ovo nos oito primeiros meses de 2021 com aquele registrado no mesmo período de 2020. Porque, frente a um incremento de preço de 28%, o produto viu sua principal matéria-prima, o milho, aumentar mais de 75%.


Matérias-Primas Milho registra crescimento anual de quase 76% Transcorridos dois terços do ano, o preço do milho continua registrando evolução anual expressiva. Nos primeiros oito meses de 2021 o preço médio do insumo, saca de 60 kg, interior de SP, alcançou cotação de R$96,92, equivalendo a aumento de quase 76% sobre a média alcançada pelo produto no mesmo período do ano passado, quando a cotação média atingida foi de R$55,10. Em relação ao mesmo período de 2019, o aumento supera os 138%.

Produtor de ovo enfrenta queda de

26,5 % em sua capacidade de compra de milho * na comparação entre médias 2020/2021

Farelo de soja aumenta 57% em 2021 O farelo de soja (FOB, interior de SP) atingiu índices maiúsculos de crescimento no decorrer dos primeiros oito meses de 2021. O preço médio do período alcançou valor de R$2.569/t, representando índice positivo de 57% sobre o apontado para o mesmo período de 2020, quando a cotação média atingiu apenas R$1.636/t. Na comparação com o mesmo período de 2019, o aumento supera os 113%.

Produtor de ovo enfrenta queda de

17,6 % em sua capacidade de compra de farelo de soja * na comparação entre médias 2020/2021

Valores de troca – Milho/Ovo

Valores de troca – Farelo/Ovo

O preço do ovo, na granja (interior paulista, caixa com 30 dúzias), obteve valorização extremamente baixa quando comparada à do milho no decorrer dos oito primeiros meses de 2021, atingindo preço médio de quase R$104,22, equivalendo a índice positivo de 29,4% sobre o recebido no mesmo período do ano passado, negociado por R$80,57. Assim, com a valorização no preço médio dos ovos bem inferior a alcançada pelo milho, os avicultores de postura comercial seguem absorvendo grandes perdas no poder de compra. No período foram necessárias 15,5 caixas de ovos para adquirir uma tonelada do cereal, enquanto no mesmo período de 2020 foram necessárias apenas 11,4 caixas/t, significando piora de 26,5% em sua capacidade de compra.

De acordo com os preços médios dos produtos no acumulado de 2021, foram necessárias, aproximadamente, 24,6 caixas de ovos (valor na granja, interior paulista) para adquirir uma tonelada de farelo de soja. Com isso, o poder de compra do avicultor de postura comercial registrou perda de 17,6% em relação ao farelo de soja, já que no mesmo período do ano passado foram necessárias apenas 20,3 caixas de ovos para adquirir uma tonelada do cereal. Considerando o mesmo período de dois anos atrás, a perda dos avicultores atinge 21,5%, já que de janeiro a agosto de 2019 houve a necessidade de 19,3 caixas para adquirir o produto.

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Eventos

2021 Novembro

28 a 01 de dezembro

3ª Conbrasul Ovos - Conferência Brasil Sul da Indústria e Produção de Ovos Local: Wich Serrano Resort & Convention Gramado, RS Realização: ASGAV Site: www.conbrasul.ovosrs.com.br

2022 Março 22 e 24

XX Congresso de Ovos Local: Centro de Eventos de Ribeirão Preto Realização: APA e CDA Site: www.congressodeovos.com.br

As mais lidas no OvoSite ONG efetua consulta global sobre ovos de poedeiras livres O Grupo de Trabalho de Bem-Estar das Galinhas Poedeiras da Coalizão Global para o Bem-Estar Animal (GCAW, na sigla em inglês, ONG composta por 13 empresas membros, como Nestlé, Unilever e Tyson Foods) identificou a aquisição de ovoprodutos provenientes de poedeiras sem gaiolas como um desafio chave para atender aos compromissos globais propostos pela entidade. Mais informações: www.ovosite.com.br/index.php?page=noticias&id=20324

N.OVO lança primeiro substituto plant based de ovos mexidos e omeletes do país

Abril 27 a 29

V Simpósio de Avicultura do Nordeste Local: Centro de Ciências Agrárias da UFPB, em Areia, Paraíba Realização: Grupo de Estudos em Tecnologias Avícolas (GETA) da Universidade Federal da Paraíba – Campus II – Areia, PB Site: getaufpbcca.wixsite.com/sane2020

Junho 08 e 09

6ª Feira de Avicultura e Suinocultura Capixaba (FAVESU) Local: Centro de Eventos Padre Cleto Caliman (Polentão) - Venda Nova do Imigrante, ES. Realização: Associação dos Avicultores do Espírito Santo (AVES) e Associação de Suinocultores do Espírito Santo (ASES) Site: www.favesu.com.br 09 e 10

Simpósio Goiano de Avicultura Realização: AGA e UFG Site: www.agagoias.com.br

Agosto 09 a 11

SIAVS 2022 – Salão Internacional de Avicultura e Suinocultura Local: Expo Center Norte – São Paulo, SP Realização: Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) Site: www.siavs.com.br

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A N.OVO do Grupo Mantiqueira comemora a chegada nas gôndolas dos supermercados do N.OVO Mexido e Omelete, versão à base de vegetais, para substituição de ovos mexidos e omeletes. O produto já pode ser encontrado nas redes Pão de Açúcar, La Frutaria e Zona Sul. Mais informações: www.ovosite.com.br/index.php?page=noticias&id=20403

Compra de até 200 mil toneladas de milho atenderá pequenos criadores do país Medida Provisória autoriza a compra do grão pela Conab a preço de mercado, que será disponibilizado aos produtores por meio do Programa de Venda em Balcão. Mais informações: www.ovosite.com.br/index.php?page=noticias&id=20301


A PROTEÇÃO EM DESTAQUE!

A Vaxxon IBr é a solução brasileira para a Bronquite Infecciosa das Aves. Desenvolvida pelo Vaxxinova, especialista em vacinas aviárias, a Vaxxon IBr foi idealizada a partir da homologia existente com os desafios de campo e a necessidade de um amplo espectro de proteção.

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Destaques OvoSite: Profissionais, Empresas & Instituições

SonoSteam apresenta processo seguro para desinfecção de ovos A SonoSteam desenvolveu uma solução em grande escala para desinfecção fácil e segura de ovos para incubação e ovos de mesa sem o uso de produtos químicos. A eclodibilidade foi monitorada em lotes de postura de ovos em um grande teste com 120.000 ovos processados pela SonoSteam. Os

resultados mostraram um aumento da eclodibilidade de 4% em comparação com os grupos de controle. Os pintos foram monitorados todas as semanas durante 53 dias e nenhuma diferença foi observada no crescimento e saúde em comparação ao grupo controle. Testes com mais de 300 ovos de

mesa mostram que 1-2 segundos de tratamento com SonoSteam são adequados para atingir mais de 5 log de redução de Salmonella. Na verdade, Salmonella estava ausente da superfície dos ovos em todos os casos, após o processo SonoSteam. Saiba mais em sonosteam.com

3a Conbrasul Ovos acontece de 28 de novembro a 1° de dezembro Em Gramado, RS, hotel que recebe o evento tem o selo Clean & Safe Avanço da vacinação, redução de casos de Covid-19 no país e a força da rede de relacionamentos proporcionada pelo encontro viabilizam o primeiro evento presencial da avicultura com protocolos de segurança sob consultoria do Hospital Sírio-Libanês Com o avanço da vacinação e a redução de casos de Covid-19 no Bra-

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sil, aos poucos os profissionais da avicultura vão retomando os eventos presenciais. Um dos mais importantes é a 3ª Conbrasul Ovos (Conferência Brasil Sul da Indústria e Produção de Ovos), que reúne atores da agroindústria e fornecedores de insumos da cadeia avícola entre os dias 28 de novembro e 1º de dezembro de 2021,

em Gramado, no Rio Grande do Sul. O evento presencial, promovido por Asgav, a Associação Gaúcha de Avicultura e Programa Ovos RS, vai ser realizado no Wish Serrano Resort & Convention, a única rede brasileira com selo Clean & Safe. Mais informações em www.conbrasul.ovosrs.com.br


Vaxxinova traz “um novo mundo de possibilidades” para saúde animal Biovet Vaxxinova agora é Vaxxinova O anúncio oficial foi feito pelo presidente da empresa, Hugo Scanavini Neto, pelo diretor comercial & marketing Brasil e Latam, Ricardo Boeck, e demais diretores (todos submetidos a testes contra a COVID), durante evento com transmissão online para os colaboradores, distribuidores, parceiros comerciais e convidados.No ano fiscal 2020/2021, mesmo com todos os desafios trazidos pela pandemia, a empresa ampliou seu quadro profissional, hoje composto por 450 colaboradores diretos, por meio de contratações para diversos novos postos de trabalho que foram criados em todas as Unidades de Negócios. Leia mais sobre a Vaxxinova em reportagem na Revistam do AviSite de setembro, clicando aqui.

Ricardo Boeck, diretor comercial & marketing Brasil e Latam e Hugo Scanavini Neto, presidente da empresa

Evonik amplia oferta de serviços NIR

Divulgação Evonik

Tecnologia é para matérias-primas e rações para nutrição animal

Com a implementação da norma ISO 12099 para espectroscopia no infravermelho próximo (NIR), calibrações atualizadas e ampliadas para matérias-primas e rações para nutrição animal, além de novas

funcionalidades no AMINONIR® Portátil, a Evonik agora oferece a seus clientes um serviço ainda mais abrangente. Além da nutrição animal, como os aminoácidos, e de conceitos para

dietas com redução de proteína, os serviços analíticos são um componente das soluções de sistemas da Evonik para alimentação animal de maneira saudável, eficiente e sustentável. Revista do OvoSite

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Destaques OvoSite: Profissionais, Empresas & Instituições

5º Concurso de Qualidade de Ovos Capixaba já tem data marcada O 5º Concurso de Qualidade de Ovos Capixaba será promovido no próximo dia 08 de outubro, na Sede da Cooperativa Agropecuária Centro Serrana (Coopeavi), no município de Santa Maria de Jetibá. O concurso também comemorará o Dia Mundial do Ovo.

Nova diretoria da AVES é eleita para gestão 2021-2023 Oderlí Schneider retorna à presidência Realizado de forma presencial e também on-line, o processo eleitoral contou com apenas uma chapa, que foi eleita de forma unânime. Presidente do Conselho Deliberativo da

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AVES entre 2013 e 2017, Oderlí Schneider retorna ao cargo, tendo Volkmar Berger como vice-presidente da entidade. Além disso, foram eleitos os cin-

cos conselheiros que irão compor o Conselho Deliberativo da entidade. São eles: Ademar Kerckhoff, Denilson Potratz, Everdan Berger, Fernando Marim, Ronaldo Sales de Sá.


Destaques OvoSite: Empresas & Mídia

Granja Mantiqueira: nova granja 4.0 em Lorena, SP De acordo com a Mantiqueira, a mais tecnológica e sustentável granja do país está sendo construída, com capacidade para um milhão de aves. Será feito também o primeiro museu do ovo do Brasil. A fazenda 4.0 já recebeu as primeiras 55 mil pintainhas para o sistema cage free. A granja terá tecnologia e a sustentabilidade como seus maiores diferenciais na produção de ovos de galinhas livres.

Crédito e expansão Além disso, o grupo Mantiqueira concluiu a emissão de um Certificado de Recebíveis do Agronegócio (CRA) que captou R$ 230 milhões para acelerar seu processo de expansão. O dinheiro vai financiar a construção de três novas granjas com tecnologia 4.0. As unidades serão capazes de aumentar em 30% a capacidade produtiva da empresa mineira.

Sustentabilidade

O Grupo Mantiqueira divulgou seu Relatório de Sustentabilidade, o primeiro do grupo apresentando sua visão estratégica, ações e metas do desempenho Ambiental, Social e de Governança Corporativa (ESG). Inspirado nas diretrizes propostas pela Global Reporting Initiative (GRI) – a edição apresenta informações sobre a gestão e as práticas relativas ao período de 1º de janeiro a 31 de dezembro de 2020. Leandro Pinto - Grupo Mantiqueira Saiba mais em www.ovosmantiqueira.com.br/sustentabilidade 8/09/2021 Anuncio Avisite, Ovosite - Agosto 2021.jpg

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Destaques OvoSite: Empresas & Mídia

Granja Faria abre restaurante em SP Restaurante foi batizado com o nome Eggy; grupo prevê faturamento total de R$ 1,2 bilhão para 2021 Um novo restaurante no Itaim, bairro nobre de São Paulo, abriu as portas carregado de simbolismo. Primeiro, pelo menu: a especialidade do Eggy é o ovo. O local vai ter café da manhã, hambúrgueres e outros alimentos que buscam servir de base para a estrela principal — seguindo a trilha da redenção do ovo como já se vê em endereços descolados nos Estados Unidos. Mas o simbolismo maior vem do controlador do Eggy. Trata-se da Granja Faria, uma das maiores empresas avícolas do Brasil. A Granja Faria é um desses fenômenos de crescimento que se vê Brasil afora, longe dos grandes endereços corporativos. Passou de faturamento na casa dos R$ 180 milhões quatro anos atrás para R$ 785 milhões em 2020 e prevê R$ 1,2 bilhão para 2021.

Katayama Alimentos lança Blog sobre o universo do ovo Empresa divulgará informações para o consumidor Com o propósito de compartilhar conteúdos relevantes e confiáveis sobre o universo do ovo, a Katayama Alimentos anunciou o lançamento de um Blog dedicado a enriquecer o conhecimento do consumidor sobre o ovo e seus inúmeros benefícios. "O principal objetivo da marca é promover conteúdos educativos e relevantes, esclarecer conceitos e resolver dúvidas, ou seja, ser uma fonte segura, confiável e referência quando o assunto é ovo", conta Regina Romanini, Gestora de Marketing da Katayama Alimentos..

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As auditorias de certificação para o Programa de Certificação Ovos Plus Quality – OPQ são conduzidas de forma autônoma pelo Organismo de Certificação do Produto – OCP – SENAI – RS.

Mais qualificação para quem produz e para quem consome

PROGRAMA DE CERTIFICAÇÃO OVOS PLUS QUALITY

Desenvolvido pela ASGAV, o Programa de Certificação Ovos Plus Quality – OPQ é uma certificação voluntária para a produção de ovos em sistemas alternativos. • O OPQ dá maior credibilidade nas inspeções oficiais, no crédito para investimento e na expansão para o mercado externo, assim como atende aos anseios dos consumidores que podem acessar informações sobre a produção pelo QR Code. • O OPQ está de acordo com legislações nacionais e internacionais, contempla diretrizes de bem-estar animal, respeito às normas para cada sistema de criação, rastreabilidade, qualidade e inocuidade de ovos.

Realização:

Assista ao vídeo

Organismo Certificador:

Mais informações em: www.ovosplusquality.com.br Revista do OvoSite

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Destaques OvoSite: Ciência & Tecnologia

IZ comemora dia da avicultura com pesquisas na área Instituto mantém laboratório que faz análise da qualidade do ovo Para atender com eficiência às demandas do setor produtivo e às necessidades dos produtores do estado de São Paulo, e exigências do consumidor, o Instituto de Zootecnia (IZ/Apta), da Secretaria de Agricultura e Abasteci-

mento do Estado de São Paulo, comemora o Dia da Avicultura. A equipe do IZ atua no desenvolvimento de pesquisas em diferentes sistemas de produção avícola; bem-estar animal; qualidade de ovos; biotecnolo-

gia; indicadores de saúde intestinal e avaliação de métodos substitutivos ao uso de antimicrobianos; contribuindo para os avanços tecnológicos da avicultura, o desenvolvimento econômico do país e a alimentação da população.

SP: APA e CDA renovam termo de colaboração Parceria assegura a manutenção de 9 médicos veterinários + pessoal de apoio A Associação Paulista de Avicultura renovou o termo de colaboração sanitária com a Coordenadoria de Defesa Agropecuária (CDA) da Secretaria de Agricultura de SP. O acordo envolve um repasse de valores, que possibilita que a APA disponibilize para a CDA 9 médicos veterinários e pessoal administrativo. A parceria é essencial para que se façam cumprir, no estado de São Paulo, as atividades do PNSA (Plano Nacional de Sani-

Erico Pozzer e Luis Bianco, da CDA

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dade Aviária), com destaque para o cadastramento e renovação dos registros dos estabelecimentos avícolas do Estado e outras atividades visando a manutenção do status sanitário dos planteis avícolas paulistas.

Saúde Avícola no Youtube A APA também compartilhou o link das palestras de capacitação em

enfermidades avícolas, realizadas nos dias 3, 4 e 10 de agosto em seu canal no youtube. Dividido nas categorias frangos de corte, produção de ovos para consumo e biosseguridade na avicultura, o evento foi sucesso de público. Cerca de 1.000 visualizações já foram registradas nos vídeos, e cerca de 300 pessoas assistiram às palestras simultaneamente.

Acesse: www.youtube.com/channel/UCLz5Aym8Nj-82vGRiBIDmxw


Destaques OvoSite: Produção, Mercado e Exportação

Exportação de ovos comerciais segue caindo Número ainda é maior que 2020 As exportações de ovos comerciais seguem apresentando recuo mensal, embora ainda sejam superiores aos embarques do mesmo período do ano passado. O total de ovos comerciais com casca in natura alcançou volume le-

vemente superior a 3 milhões de ovos (8,4 mil caixas) no mês de julho, indicando queda de 13,3% sobre o embarcado em junho último. Na comparação com o baixíssimo volume de julho do ano passado, o crescimento atingiu 340%.

Produção de ovos de galinha sobe na comparação anual No 2º trimestre de 2021 número é 0,1% maior Pelos números do IBGE, no 2º trimestre de 2021 a produção de ovos de galinha manteve estabilidade, com o volume de 977,00 milhões de dúzias, um acréscimo de 0,1% em relação ao mesmo período do ano anterior e uma retração de 0,1% em comparação ao 1° trimestre de 2021.

SP terá de comprar de fora 50% do milho que consome este ano Avicultura de postura consome quase 20% da produção de milho de SP O segmento que mais consome milho no Estado é o de avicultura de corte, com 40,2% do consumo, seguido da avicultura de postura e pela suinocultura, com 19,6% e 14,6. A produção de milho em 2020/21 em São Paulo não será suficiente para suprir as necessidades do Estado, aponta o Instituto de

Economia Agrícola (IEA-Apta), em relatório divulgado em seu site. O Estado deve colher 4,2 milhões de toneladas de milho no total (safra de verão e safrinha), quantidade 16,2% menor em relação à safra anterior - o IEA lembra que principalmente a safra de inverno, semeada com atraso, sofreu quebras por causa de estiagem seguida de geadas. Revista do OvoSite

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Vacinação - Informe Técnico Empresarial

Ceva lança vacina Novamune com a promessa de parar o ciclo da Doença de Gumboro em granjas de postura Em encontro virtual, empresa anuncia divisor de águas para um problema persistente no setor

O

dia 13 de agosto foi a data escolhida para a apresentação da tecnologia que atesta o protagonismo da Ceva junto ao mercado avícola global. Agora, a avicultura de postura brasileira passa a ter acesso à solução definitiva para um problema presente e persistente no setor. Com a Novamune, o setor de postura será capaz de parar o ciclo de Gumboro e reduzir de forma significativa o número de vacinações nas granjas. Uma novidade que reforça a expertise voltada para pesquisa e desenvolvimento em vacinas de uma empresa dedicada exclusivamente para saúde animal.

"A Novamune é um divisor de águas na área de poedeiras. Acreditamos que empresas que se prestam a ser inovadoras devem mostrar realmente a inovação. A Ceva carrega o DNA inovador. Ao longo dos anos lançamos uma série de soluções para o mercado avícola e esta é mais uma ferramenta, um produto desenvolvido por nossas equipes de P&D exclusivo para o mercado de poedeiras", destaca o Diretor da Unidade de Negócios Aves da multinacional francesa, Branko Alva. E para este momento tão importante, a Ceva reservou uma programação especial com palestras de

profissionais referências em suas respectivas áreas de atuação que trouxeram informações relevantes para os mais de 100 participantes no encontro virtual. "Foi um momento único e oportuno onde apresentamos de forma clara o atual cenário mercadológico, experiências de mercados de países expoentes na produção e consumo de ovos como Estados Unidos e México nas visões do Dr. Chad Gregory (presidente da United Egg Producers) e Francisco Gonzales (União dos Avicultores do México) respectivamente, além de todo o conceito por trás da Novamune com os especialistas CE-

Branco Alva diz: “Ceva carrega o DNA inovador. Ao longo dos anos lançamos uma série de soluções para o mercado avícola e esta é mais uma ferramenta”

Ceva reservou uma programação especial com palestras de profissionais que trouxeram informações relevantes para os mais de 100 participantes 18

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Uma vacina desenhada exclusivamente para poedeiras pensando em dois pontos importantes: eficácia e segurança

VA", detalha o Gerente de Marketing Aves Ciclo Longo Ceva, Felipe Pelicioni, responsável pela condução dos trabalhos do evento. O primeiro a se apresentar foi o consultor da MB Agro (São Paulo/SP), Alexandre Mendonça de Barros que apresentou as causas e consequências relacionadas às altas em torno dos custos de produção e projeções para o setor. Dos problemas sanitários vivido pela suinocultura chinesa que impactaram e continuam impactando a produção mundial, passando pelos efeitos da pandemia, canalização da renda nos canais food services, exportações elevadas, dólar em alta e

seus efeitos na formação dos preços internos foram abordados pelo especialista, além da insaciável demanda chinesa por grãos, clima e o impacto no estoque global de grãos. Fatores que, na avaliação de Felipe, independente dos desafios existentes, cada vez mais será demandado dos produtores o gerenciamento de suas empresas com a máxima eficiência. "A Novamune traz inúmeros benefícios em linha a estes cenários", completa. Os detalhes e diferencias da Novamune ficaram à cargo do Gerente de Marketing Corporativo da Ceva, o Dr. Roberto Soares. "A Novamune é

uma vacina de complexo imune que contém uma cepa vacinal SYZA 26, coberta com anticorpos específicos chamados imunoglobulina protetora do vírus e administrada em dose única dentro do incubatório em aves brancas e vermelhas. Uma vacina desenhada exclusivamente para poedeiras pensando em dois pontos importantes: eficácia e segurança", detalhou. Além disso, a Novamune traz consigo flexibilidade, compatível com diferentes vacinas vetorizadas e de Marek. "Esta flexibilidade simplifica os programas de vacinação no incubatório contribuindo para o manejo e biossegurança". Revista do OvoSite

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Vacinação - Informe Técnico Empresarial

Felipe Pelicioni detalha vantagens da Novamune “São 10 anos de seleção de cepas e testes de formulação, com o apoio de inúmeras experiências exitosas em diferentes regiões do mundo, e que agora chega ao Brasil”

Felipe Pelicioni: Produtores devem gerenciar suas empresas com a máxima eficiência

Novamune é uma vacina de complexo imune que contém uma cepa vacinal SYZA 26, coberta com anticorpos específicos chamados imunoglobulina protetora do vírus e administrada em dose única dentro do incubatório em aves brancas e vermelhas 20

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Quais são as vantagens desse novo produto frente a outros similares? Essa é a primeira vacina contra Gumboro desenvolvida especificamente para poedeiras. E tem como característica única, a capacidade de parar o ciclo de gumboro, independente da imunidade materna e do desafio de campo. A tecnologia imunocomplexo, dominada pela Ceva, que já comercializou mais de 120 bilhões de doses de vacinas dessa tecnologia para frango de corte (Transmune), agora está disponível em uma vacina desenvolvida especificamente para poedeiras. Com todos os benefícios que uma vacina viva traz (pega vacinal), com a conveniência de uma única aplicação no incubatório. Qual é a inovação para as granjas e o que vai facilitar no dia a dia? A Novamune veio para possibilitar a redefinição dos programas vacinais. Os impactos práticos são muitos:

1 - Dose única no incubatório: sem vacinações no campo/água de bebida; 2 - Pode ser associada a qualquer vacina contra Marek (HVT e Rispens). Dessa forma, podemos associar a Novamune com qualquer tecnologia recombinante. Neste sentido, podemos por exemplo, associar a Novamune com a Vectormune ND (vacina recombinante, de Marek HVT + Newcastle) e assim eliminar qualquer vacinação no campo contra Gumboro e Newcastle durante toda a vida produtiva das aves. Há alguns anos, isso iria parecer brincadeira: Eliminar toda a vacinação contra Gumboro e Newcastle do campo! Hoje isso é realidade, graças às tecnologias desenvolvidas pela Ceva Saúde Animal. Há quanto tempo essa vacina vem sendo desenvolvida? O desenvolvimento foi possível graças à toda experiência que a Ceva possui no segmento de Gumboro, isso representa décadas de pesquisa e desenvolvimento. A seleção da cepa e testes de formulação da Novamune vêm sendo realizadas nos últimos 10 anos, e agora chega ao Brasil, apoiado por inúmeras experiências exitosas em diferentes regiões do mundo. Assim, temos a certeza e segurança de disponibilizar uma vacina única, desenvolvida exclusivamente para postura, testada e aprovada nos mais exigentes mercados do mundo. E neste momento de pandemia, a Ceva não deixou de continuar suas pesquisas para desenvolver este produto? A pandemia obrigou toda a equipe Ceva a se adaptar à essa nova realidade e, seguindo todas as recomendações dos serviços de saúde, nossa equipe se manteve no campo o máximo possível, acompanhando as mais de 1,2 milhões de poedeiras já vacinadas com a Novamune.


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Informe publicitário

Ademar Kerckhoff, proprietário da Granja Kerovos no ES, conta sua experiência com os equipamentos MOBA Negócio foi realizado com representante da MOBA, MRE Techonology

A

Ademar e Igor Kerckhoff

“A MRE tem uma equipe sempre pronta para atender, com peças originais que mantém em estoque e técnicos preparados para qualquer problema”, afirma Kerckhoff 22

Revista do OvoSite

MRE Technology é uma empresa que apresenta soluções tecnológicas para avicultura e agroindústria. Fundada em 2015, representa, no Brasil e Paraguai, as marcas líderes mundiais MOBA, KOHSHIN E GIOVO, que oferecem equipamentos de alta eficiência e confiabilidade, apoio, ferramentas e recursos para o crescimento e desenvolvimento do agronegócio. Os equipamentos comercializados são classificadoras de ovos (automação do sistema de logística), embaladoras automáticas de frangos e quebradoras de ovos para indústria de ovo líquido. Ademar Kerckhoff é proprietário de 3 classificadoras de ovos MOBA e presidente da Kerovos Alimentos, uma empresa familiar, com destaque nacional na produção de ovos. Ele compartilha sua história, impulsionada por uma máquina MOBA, há muitas décadas atrás. Foi ainda jovem que iniciou na indústria e logo demonstrou interesse pela avicultura. Seu pai já havia sido proprietário de uma granja, que infelizmente não obteve bons resultados e, então, mudou seus negócios para a área de café. Quando Ademar Kerckoff disse ao pai que pretendia iniciar um negócio na avicultura, seu pai não ficou entusiasmado com a ideia, pois desejava que o filho trabalhasse na sua bem-sucedida indústria de café. Ademar Kerckhoff foi persistente, sabia o que queria. Com muito esforço e determinação fez com que seu


Classificadora de Ovos MOBA pai finalmente concordasse com seus planos. Seguiu em frente e, em 1973, era o orgulhoso proprietário de uma pequena granja com 5.000 aves. "Não foi fácil", diz ele, "fazíamos tudo à mão." Depois de um tempo, Kerckhoff pensou nas vantagens de uma máquina para classificar os

Atualmente a Kerovos Alimentos possui 5 milhões de aves, onde a classificação dos ovos é feita com 3 classificadoras MOBA e conta com 2 indústrias de ovos líquidos com equipamentos MOBA e 100% aos cuidados da MRE Technology

ovos, o que o fez se aventurar em uma nova direção: a automação. Sua primeira máquina não era uma Moba. "Comprei três máquinas e, pensando bem, não foi um bom investimento", disse Ademar Kerckhoff, "elas simplesmente não me forneciam o que eu esperava, tinha muitas perdas”. À medida que a empresa crescia, sentia necessidade de mudanças e avanços tecnológicos. Um dia, visitando a Espanha, viu uma máquina que fez seu coração disparar. “Mas”, pensou, “comprar uma máquina com nova concepção não é fácil... como vou pagá-la?” Mesmo assim, continuava sonhando com essa máquina. “Acho que isso foi há mais de 17 anos”, lembra Ademar Kerckhoff . Ele entrou em contato com um representante de vendas da Moba que veio ao Brasil. "Agora vou seguir meu coração e vou comprar uma máquina Moba”, comentou com a esposa na ocasião. Assim, comprou sua primeira máquina MOBA: Omnia XF170. Quando questionado sobre o motivo da escolha por uma MOBA, sua resposta é bem simples: "É o melhor! Exatamente o que precisávamos, o conceito de

manuseio individual dos ovos, por exemplo, e a facilidade de limpeza são características importantes para nós." Ademar Kerckhoff tem muito orgulho dos equipamentos Moba e está sempre disposto a mostrar para clientes suas funcionalidades e benefícios. Sobre a satisfação com a Moba, ele conta da agilidade no atendimento por parte da MRE: “Quando preciso de ajuda ou conselho, ligo para a MRE Technology, representante da Moba no Brasil. A MRE tem uma equipe sempre pronta para atender, com peças originais que mantém em seu estoque e com técnicos preparados para qualquer problema.Tenho o prazer de ter um bom relacionamento com a Moba e a MRE Technology", afirma. Atualmente a Kerovos Alimentos possui 5 milhões de aves, onde a classificação dos ovos é feita com 3 classificadoras MOBA e conta com 2 indústrias de ovos líquidos com equipamentos MOBA e 100% aos cuidados da MRE Technology. Uma empresa familiar administrada por Ademar, sua esposa e filhos – Igor e Carol Kerckhoff, com capacidade de enviar além dos ovos in natura, ovos líquidos para todo o Brasil. Revista do OvoSite

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Sustentabilidade

Granja Mantiqueira transporta mil caixas de ovos entre Mato Grosso e São Paulo de trem Visando redução de emissões de CO2, empresa inicia testes para diversificação do modal logístico

Mantiqueira visa transportar cargas ainda maiores por trem, com mais segurança e frequência 24

Revista do OvoSite

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ocê sabia que, com basicamente duas operadoras privadas, 40% dos trilhos no Brasil estão sem uso, o frete é 50% mais caro do que em países concorrentes e só 15% da infraestrutura atende ao setor? A informação foi divulgada pela Associação Nacional dos Usuários de Transportes de Carga (Anut) e vem de encontro à divulgação da Granja Mantiqueira, que tenta aproveitar os poucos recursos ferroviários do Brasil, visando diversificar seu modal logístico. A maior produtora do país embarcou 1.093 caixas de ovos produzidos em Primavera do Leste, no Mato Grosso, com rumo a São Paulo,

de trem. O primeiro contêiner desembarcou em Sumaré (SP), numa operação realizada pela empresa Brado, especializada na logística multimodal. Com um transit time diferenciado, a carga foi colocada em um único contêiner de 40 pés, com os produtos já embalados em bandejas que foram para as gôndolas de supermercados paulistas. O contêiner chegou em Sumaré (SP) após cinco dias de viagem, e foi colocado em um caminhão para seguir até o Centro de Distribuição da Mantiqueira em Guarulhos (SP) Segundo a Granja Mantiqueira, o objetivo da operação é testar esse novo meio de transporte de ovos para reduzir custos e impactos ambientais quando comparado ao transporte por caminhões. Uma operação mais limpa e com menos emissão de CO2 na atmosfera. Murilo Pinto, diretor comercial e logística do Grupo Mantiqueira afirma: “Estamos em período de testes do modelo. Gostamos do primeiro resultado mas ainda estamos desenvolvendo pontos e estratégias que precisamos otimizar”. Murilo também explica que o investimento para o transporte ferroviário é mais baixo que os demais, mas não poderá substituir a operação rodoviária e sim complementá-la. “É o início de uma experiência que pretendemos dar continuidade”, avalia. Ainda de acordo com a Associação Nacional dos Usuários de Transportes de Carga, atualmente 30 mil quilômetros da malha ferroviária brasileira estão nas mãos


A carga de ovos foi colocada em um único contêiner de 40 pés, com os produtos já embalados em bandejas que foram para as gôndolas de supermercados paulistas da iniciativa privada, mas apenas 12 mil km estão em operação, sendo que 80% da carga é composta por minério de ferro, 15% por produtos agropecuários e 5% de outros tipo de mercadoria. “Comparado a outros países, é muito pouco. O Brasil precisa ampliar sua malha ferroviária para cerca de 50 mil quilômetros e diversificar as cargas”, afirma a Anut. Apesar do cenário desanimador, há boas notícias: a tarifa está cada vez mais competitiva no principal corredor de exportação do agronegócio brasileiro, o trecho que liga o Terminal Ferroviário de Rondonópolis (MT) ao Porto de Santos (SP). Uma tonelada de soja que sai de Sorriso (MT) e é movimentada de trem de Rondonópolis a Santos custava R$175 ao produtor em 2016. Em 2020, o valor era de R$130 por tonelada. É uma redução de 26% em cinco anos, em valores nominais. E as pressões de consumidores e entidades na direção da sustentabilidade podem colaborar para aumentar o transporte de cargas ferroviárias no Brasil. Para a Granja Mantiqueira, é o início de um processo em ampliação. Murilo Pinto complementa: “Nosso objetivo é seguir transportando cargas ainda maiores por trem, com mais segurança e frequência". Com força de vontade e competência, o agronegócio brasileiro segue seu rumo e espera melhorias na logística, para que o transporte não seja um gargalo, mas um ponto de apoio ao crescimento do setor. Revista do OvoSite

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Entrevista: Processamento de ovos

Katayama Alimentos e a produção própria de ovos industrializados Gilson Katayama, diretor da empresa, aponta vantagens e desafios para produção e exportação do ovo processado

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sistema produtivo de ovos quando vendidos “in natura” ou para processamento são bem diferentes e exigem plantas industriais específicas. Os ovos “in natura”, comercializados com cascas intactas, passam pelo processo de recepção dos ovos produzidos pelas galinhas poedeiras, seleção, lavagem e embalagem. Já o processo de pasteurização/industrialização dos ovos necessita de plantas separadas, dentro de um ambiente com temperatura controlada para a quebra, filtragem, resfriamento, pasteurização e envasamento. Para detalhar este processo e compartilhar experiências, Gilson Katayama, diretor da Katayama Alimentos, conversou com a Revista do OvoSite. Leia a íntegra deste bate papo na sequência:

Revista do OvoSite: Quais são os produtos fabricados pela Katayama após o processamento de ovos? Gilson Katayama: A Katayama Alimentos, com sede em Guararapes (SP), é uma das principais indústrias avícolas do País, também se dedica à produção própria de ovos industrializados ou processados, dispondo de uma planta totalmente automatizada com equipamentos de padrões internacionais e apurado controle de qualidade, aliada à coleta diária de ovos, garantindo um produto fresco, seguro e de origem comprovada. Além dos ovos “in natura” ou ovo com casca, possui a linha dos ovos pasteurizados, líquidos e desidratados. A empresa introduziu em seu portfólio os ovos líquidos pasteurizados para atender

Gilson Katayama, Diretor da Katayama Alimentos

Parte do mercado desconhece o uso do ovo líquido e em pó e os benefícios de sua utilização. Em mercados mais maduros, como é o caso dos EUA, o uso do ovo líquido é superior a 30% do total de ovos produzidos 26

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uma específica demanda de mercado, principalmente da indústria alimentícia e do segmento de food service. Esses ovos são versáteis, de fácil transporte e indicados nas preparações de massas, bolos, suspiros, mousses, produtos empanados, merengues, marshmallows, bebidas proteicas, entre outras receitas. Os ovos líquidos estão disponíveis em três versões: ovo integral pasteurizado resfriado; gema de ovo pasteurizada resfriada; e clara de ovo pasteurizada resfriada. O portfólio inclui também opções com adição de aditivos, como enzimas ou ainda com fórmulas específicas, de acordo com as necessidades do cliente. Todos os produtos podem ser acondicionados em garrafas pet de 1 kg, galão pet de 5 kg, caixas de 18 kg, tanques isotérmicos BIN ou carretas. Já o ovo pasteurizado desidratado ou ovo em pó vem conquistando cada vez mais espaço no meio gastronômico, facilitando o preparo de refeições e produtos industrializados. Entre suas vantagens está o peso reduzido, durabilidade estendida, facilidade de transporte e manuseio (em comparação aos ovos “in natura”) e o fato de não precisar de refrigeração para o seu armazenamento (como é o caso dos ovos líquidos). Por ser fácil de transportar, a versão seca do alimento também pode ser usada para suplementar com proteínas outros pratos e refeições no dia a dia, ampliando as oportunidades de mercado para alimentos. Os ovos pasteurizados desidratados estão disponíveis nas versões com ovo integral, clara de ovo, gema de ovo e gema de ovo tratada com enzima, todos comercializados em embalagens de 1kg e de 20 kg.


RO: Qual é o tamanho deste mercado no Brasil? Gilson Katayama: Não dispomos de muitos dados estatísticos setoriais referentes à produção de ovos processados. A estimativa de mercado é que a porcentagem de ovos industrializados no Brasil, em relação ao total de ovo consumido, seja algo em torno de 5% a 7%. Segundo dados de exportação da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), em 2020, as exportações de ovos industrializados representaram 35,55% do total comercializado para o exterior. Na Katayama Alimentos, os ovos industrializados representam aproximadamente 15% da produção total, sendo que 20% é destinado ao mercado externo principalmente na forma de desidratados. RO: O que falta para o Brasil para ampliar este mercado? Gilson Katayama: Boa parte do mercado que poderia utilizar ovos processados ainda faz uso de ovos em casca, pois desconhece o produto líquido e em pó e os benefícios de sua utilização. Em mercados mais maduros, como é o caso, por exemplo, dos Estados Unidos, o uso do ovo líquido é superior a 30% do total de ovos produzidos naquele país. Além disso, adicionalmente ao público B2B, os ovos processados têm um longo caminho a percorrer quando se fala de produtos expostos na gôndola do supermercado, seja na forma direta ou como semielaborados. Neste caso, tornar os ovos processados conhecidos do consumidor final é desafiante e caro. RO: A Katayama Alimentos negocia seus produtos processados somente no mercado interno ou são enviados também para exportação? Gilson Katayama: Os ovos processados também são exportados, principalmente para países do oriente médio e majoritariamente para empresas no ramo alimentício desses países, com atuação nos segmentos de bebidas, lácteos, alimentos congelados, panificação e confeitaria. A Katayama Alimentos tem como estratégia incrementar o comércio externo, diversificando seus canais de venda. A meta atual é destinar 10% da

Planta para produção de ovos produção à exportação. Para isso, além da participação em feiras internacionais e de ações de marketing, a empresa fechou uma parceria com a Agência Paulista de Promoção de Investimentos e Competitividade (InvestSP) para o estabelecimento de escritórios regionais no Oriente Médio, Ásia e África. A Certificação Halal, conquistada pela Katayama Alimentos, tanto para o ovo “in natura” como para o ovo industrializado/processado, também é outro importante diferencial da empresa para acessar o mercado muçulmano. Outra conquista significativa da Katayama Alimentos foi a certificação Brand Reputation through Compliance (BRCGS), norma global que exige dos fabricantes de alimentos a utilização de processos seguros de produção e de gerenciamento da qualidade dos produtos para atender às exigências dos clientes. Certamente, essa certificação ampliará a participação em muitos mercados, pois a certificação BRCGS é reconhecida mundialmente e exigida por muitos varejistas, empresas de serviços alimentares e fabricantes de alimentos. RO: O que diferencia o sistema produtivo de ovos quando vendidos “in natura” ou para processamento? Gilson Katayama: São processos bem diferentes e que exigem plantas industriais específicas. Os ovos “in natura”, comercializados com cascas intactas, passam pelo processo de recepção dos ovos produzidos pelas galinhas poedeiras, seleção, lavagem e embalagem. Já o processo de pasteurização/ industrialização dos ovos necessita de plantas separadas, dentro de um ambiente com temperatura controlada

No Brasil, os ovos processados têm um longo caminho a percorrer quando se fala de produtos expostos na gôndola do supermercado, seja na forma direta ou como semielaborados. Tornar os ovos processados conhecidos do consumidor final é desafiante e caro para a quebra, filtragem, resfriamento, pasteurização e envasamento. Em uma fábrica moderna - com capacidade instalada de até 60 toneladas/ dia – os ovos líquidos da Katayama Alimentos são processados diariamente e conduzidos diretamente da unidade produtiva por esteiras transportadoras, assegurando um produto muito fresco e de alta qualidade. No caso dos ovos desidratados também é necessário ter um site só para a secagem dos ovos. O processo inclui a quebra de ovos frescos, que depois são filtrados, resfriados, pasteurizados e desidratados. Vale destacar que o processo de fabricação da versão do alimento em Revista do OvoSite

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Entrevista: Processamento de ovos

A Katayama Alimentos tem como estratégia incrementar o comércio externo, diversificando seus canais de venda. A meta atual é destinar 10% da produção à exportação

O ovo líquido é versátil, de fácil transporte e indicado nas preparações de massas, bolos, suspiros, mousses, produtos empanados, merengues, marshmallows e bebidas proteicas, entre outras receitas

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pó é totalmente automatizado, inibindo qualquer tipo de contaminação. Desde a primeira etapa da produção, que transforma os ovos “in natura” em ovo líquido pasteurizado e posteriormente em ovo desidratado pasteurizado, os cuidados são rigorosos para garantir a inativação de bactérias e a segurança alimentar do produto final. O ovo em pó tem prazo de validade de um ano (sem perda das propriedades físicas, funcionais e nutricionais), a partir da data de fechamento das embalagens. Vale destacar que os ovos da Katayama Alimentos são produzidos sem qualquer contato manual e passam por um moderno sistema de limpeza e desinfecção, onde são lavados e higienizados um a um, além de passarem por uma câmara onde recebem um banho de luz ultravioleta que elimina fungos e bactérias nocivas à saúde. Desde 2013, a Katayama Alimentos produz ovos em grande escala 100% livres de antibióticos. RO: Quais são as maiores dificuldades para uma empresa ou produtor investir no processamento de ovos? Quanto é necessário para este começo? Gilson Katayama: O maior desafio para o empresário é profissionalizar a divisão, uma vez que os processos, controles e inspeções, além da comer-

cialização, são mais criteriosos e técnicos e, portanto, carecem de equipes de produção e comercial com mais capacitação, além de instalações que exigem um cuidado maior que o da classificação e embalamento de ovos in natura. O investimento em uma planta é muito variável, de acordo com a capacidade de produção diária requerida e se também produzirá os ovos desidratados. Hoje as fábricas são bem flexíveis em dimensionamento. RO: Quais são os nichos de mercado para ovos processados no Brasil e qual a estratégia de comercialização? Gilson Katayama: Os ovos líquidos pasteurizadosa atendem uma demanda específica de mercado, principalmente da indústria alimentícia e do segmento de food service. Esses ovos são versáteis, de fácil transporte e indicados nas preparações de massas, bolos, suspiros, mousses, produtos empanados, merengues, marshmallows, bebidas proteicas, entre outras receitas. Os ovos desidratados também são indicados para estabelecimentos onde há dificuldades em receber produtos perecíveis, ao segmento de merenda escolar, cozinhas industriais, além do food service e indústrias alimentícias. O ovo possui grande importância não apenas na alimentação, como também no processamento dos alimentos por suas características funcionais e nutritivas. O avanço da indústria de ovos em tecnologias de conservação foi fundamental para atender às demandas do uso de ovos na indústria alimentícia. Com isso, permitiu uma série de vantagens, como liberdade de formulações, economia e facilidade em transporte, melhor conservação do produto e aumento do prazo comercial, diminuição de perdas com quebras, etc., Tudo isso fornecendo um produto de alta qualidade tecnológica e segurança sanitária. Sobre a comercialização, quando se fala em ovos, temos sempre a possibilidade de fazer o integral, clara e gema, e tanto líquidos como também desidratados. Se vende clara, tem a gema para vender também. Então a sintonia entre o time comercial e o industrial é de vital importância na estratégia de comercialização dos produtos.


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TRADICIONAL

Bandeja de ovos de pato / peru / ganso

Bandeja de ovos de galinha

QUAIL

MINI

Bandeja de ovos de codorna

CAIXA DE OVOS 360

Bandeja de ovos de galinha

200 ovos

Proteção perfeita do ovo devido ao design inteligente Forte e durável Fácil manuseio

GI-OVO - sales@gi-ovo.com - +31(0)88-030 89 00 Revista do OvoSite

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Certificação

Com apoio do IEC (International Egg Comission), Associação Gaúcha de Avicultura lançou nova certificação para produção de ovos Ovos Plus Quality, ou OPQ, visa suprir lacunas na legislação específica da produção de ovos cage free, free range e caipira e também garantir qualidade na produção convencional

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Programa de Certificação Ovos Plus Quality (OPQ) é uma certificação voluntária desenvolvida pela Associação Gaúcha de Avicultura como uma alternativa aos produtores que desejam diferenciar seus produtos e obter maior credibilidade frente às inspeções oficiais, aos consumidores, na busca por mercados especializados e mais exigentes, na abertura de mercados para a exportação e na busca por crédito para investir em sua produção.

José Eduardo dos Santos, Presidente Executivo da ASGAV

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Para o consumidor, o selo Ovos Plus Quality – OPQ busca assegurar que ovos convencionais ou diferenciados atendam aos critérios que definem cada sistema de produção

José Eduardo dos Santos, Presidente Executivo das ASGAV (Associação Gaúcha de Avicultura), coordenador do Ovos RS e também do Ovos Plus Quality, conta que participou da construção do capítulo do Código Terrestre sobre bem-estar animal para poedeiras que foi apreciado este ano na assembleia da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE). Inclusive, quando aprovado, este código vai servir como diretriz para diversos países que não têm uma legislação específica para sistemas alternativos, Brasil sendo um deles. Daí surgiu a oportunidade de criar uma certificadora com a visão de que o produtor, em nível nacional, precisa de um auxílio no processo de transição para os sistemas alternativos, já tão comum em outros países. O Selo Ovos Plus Quality (OPQ) é uma opção para consumidores que desejam adquirir ovos diferenciados com a certeza do atendimento aos critérios que definem cada sistema de produção de ovos. “Nosso objetivo é ser uma ferramenta constituída por uma instituição que entende o setor, que tem interesse em ajudar. Nós não temos interesses lucrativos, apenas queremos dar amparo no movimento de criação de aves livres de gaiola, que começa a se acentuar no Brasil. Como não temos uma lei específica, temos vários produtores de peque-


no, médio e de grande porte expandindo os negócios nessa área. E como a certificadora foi desenvolvida com base em legislações internacionais, qualquer legislação que venha para o Brasil para regrar os sistemas alternativos, já vai encontrar a certificadora que tem toda a abrangência e subsídios em legislação de outros países, indicados pelo IEC”, afirma Eduardo. Segundo ele, a criação envolveu um comitê técnico-científico, além de especialistas da Embrapa Suínos e Aves e produtores da iniciativa privada. “O mais importante é que desenvolvemos o programa, mas a execução vai ser realizada de forma independente pelo Organismo de Certificação do Produto - OCP-SENAI-RS - que possui acreditação Inmetro para realização de auditorias de certificação”, completa Eduardo dos Santos. No Brasil temos várias criações de ovos de aves soltas, mas não temos certeza se todos esses produtores estão seguindo à risca as diretrizes necessárias para esta produção. Então, um ovo com certificação traz ao consumidor uma garantia a mais além dos órgãos de inspeção oficiais.

Para aderir a esta certificação existe um custo, já que um grupo de profissionais foram capacitados pelo Senai e pela consultora técnica da Asgav, a Dra. em Zootecnia Raquel Melchior. Dentro do trabalho de certificação do Ovos Plus Quality também está o esclarecimento do consumidor sobre os diferentes tipos de produção e o que é o selo Ovos Plus Quality. Sobre os custos envolvidos, Eduardo dos Santos esclarece: “após o pagamento dos custos de auditoria, existe um valor a ser pago depois do recebimento do selo, que vai dar sustentação a todas as despesas e investimentos feitos. Também enviamos comunicação para hotéis, restaurantes, explicando os tipos de criação, e também a criação alternativa. Não temos fins lucrativos, mas precisamos arcar com as despesas de mídias, cursos, material, especialistas. Não é nada exorbitante que vá afastar o produtor”. As vantagens de um sistema produtivo auditado e certificado podem fazer a diferença, seja na escolha do consumidor ou na abertura de novos mercados, nacionais ou internacionais.

“No Brasil temos várias criações de ovos de aves soltas, mas não temos certeza se todos esses produtores estão seguindo à risca as diretrizes necessárias para esta produção. Então, um ovo com certificação traz ao consumidor uma garantia a mais além dos órgãos de inspeção oficiais”

Quem pode ser certificado com o selo Ovos Plus Quality ? Ovos Plus Quality Convencional Produção de ovos a partir de aves alojadas em gaiolas convencionais.

Continua... Revista do OvoSite

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Certificação Ovos Plus Quality Cage Free Produção de ovos a partir de aves alojadas em galpões, livres de gaiolas.

Ovos Plus Quality Free Range Produção de ovos a partir de aves alojadas em galpões, livres de gaiolas e com acesso a área externa (piquetes).

Ovos Plus Quality Codorna Produção de ovos de codorna. Atendimento de requisitos para a produção de ovos de aves alojadas em gaiolas (convencional) ou em sistemas orgânicos de criação.

Ovos Plus Quality Caipira Produção de ovos a partir de aves alojadas em galpões, livres de gaiolas e com acesso a área externa (piquetes), recebendo alimentação livre de produtos de origem animal, óleos vegetais reciclados e pigmentantes sintéticos (ABNT 16437:2016). Para saber mais acesse: www.ovosplusquality.com.br atendimento@ovosplusquality.com.br

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Artigo Técnico

Qualidade de ovos: o que é avaliado? Pesquisadores abordam o conjunto de variáveis e diversos fatores que influenciam a qualidade do alimento Autor: Danilo Cavalcante – Zootecnista, Doutor em Zootecnia, Professor adjunto da Universidade Federal do Agreste de Pernambuco – UFAPE Heraldo Oliveira – Zootecnista, Doutor em Zootecnia, Professor no Centro Universitário UNIFAVIP Luanna Sales – Zootecnista, Mestre em Ciência dos Alimentos, Mestranda no PPGCAP/UFRPE/ UFAPE, Doutoranda em Zootecnia no PPGZ/UFRPE, Zootecnista na Granja Ovo Novo danilo.cavalcante@ufape.edu.br Danilo Cavalcante

Qualidade da casca é importante também para a segurança alimentar, já que se estiver danificada, ou carente de cutícula, os ovos são mais suscetíveis à contaminação por bactérias 34 Revista do OvoSite

Heraldo Oliveira

E

m 2020, cerca de 53 bilhões de unidades de ovos foram produzidos no Brasil, com consumo per capita de 251 (ABPA, 2021). Para garantir produtividade, o avicultor tem cada vez mais buscado tecnologias que aportem a produção de forma eficiente. O consumidor, além de ter apresentado aumento no consumo de ovos nos últimos anos, tem se preocupado cada vez mais com os aspectos relacionados à qualidade do produto no momento da compra. A qualidade do ovo para consumo é determinada pela comparação de vários fatores, tanto internos como externos. Portanto, conhecer um pouco sobre os fatores que são levados em con-

Luanna Sales

sideração para determinar que um ovo possui maior ou menor qualidade torna-se cada vez mais importante.

Características que determinam a qualidade interna do ovo Para avaliação dos principais constituintes internos do ovo realiza-se sua quebra numa superfície plana e nivelada (Figura 1) e são observados aspectos relacionados à viscosidade e ausência de corpos no albúmen e a coloração, forma, firmeza e ausência de defeitos na gema. Além disso, medidas de peso da gema e de altura e peso do albúmen são


realizadas, a fim de determinar indicadores de qualidade interna.

Porcentagem de gema e albúmen As porcentagens de gema e de albúmen são determinadas de acordo com o peso de cada constituinte em relação ao peso do ovo. Com o envelhecimento da ave, aumenta o percentual de gema e reduz o albúmen, interferindo negativamente na qualidade (Vilela et al., 2016). Outro aspecto importante que deve ser considerado quanto às porcentagens destes constituintes pode estar relacionado ao tempo e temperatura de armazenamento destes ovos, pois, com o passar dos dias, pode ocorrer passagem de água do albúmen para a gema. Este efeito é ainda mais acentuado quando as condições de armazenamento não são adequadas (Barbosa et al., 2008). Em termos gerais, considera-se valores de 24 a 30% de gema e 56 a 63% de albúmen.

Primeiro passo na avaliação da qualidade é a quebra do ovo numa superfície plana e nivelada

Índices de gema e de albúmen Para determinação dos índices de gema e de albúmen é necessário mensurar a altura e o diâmetro da gema e do albúmen denso (Figura 1), em seguida, divide-se suas respectivas alturas pelos valores médios de seus diâmetros. Estes indicadores são influenciados diretamente pelo tempo e temperatura de armazenamento, ou seja, o aumento do período de estocagem leva a redução dos índices de

albúmen e de gema. No entanto, quando refrigerados há uma manutenção destes índices e, consequentemente, preservação da qualidade do produto (Lana et al., 2017). Normalmente os valores de índice albúmen variam entre 0,090 e 0,120, e de gema variam entre 0,39 a 0,45. Valores inferiores significam comprometimento da qualidade.

Figura 1. Esquema para medir os parâmetros de qualidade interna do ovo (Fonte: Adaptado de avicultura.info/gallinas-ponedoras-nutricion-y-calidad-del-huevo).

Unidade Haugh A Unidade Haugh (UH) avalia a qualidade do albúmen e relaciona os valores do peso do ovo (PO, g) e altura do albúmen (h, mm), sendo calculado a utilizando a equação UH = 100 log (h + 7,57 – 1,7 X PO0,37), descrita por Card e Nesheim (1966). Quanto maior a UH melhor a qualidade do ovo. O avançar da idade da ave e o tempo e temperatura de armazenamento influenciam negativamente na UH (Garcia et al., 2015). Os parâmetros estabelecidos em função do valor de UH são AA (100 a 72), A (71 até 60), B (59 até 30) e C (29 até 0). No Brasil esta variável não é adotada como parâmetro de avaliação da qualidade interna dos ovos. A UH recebeu diversas críticas devido a correção do peso do ovo e por não considerar outros constituintes do ovo. Assim, recentemente Narushin et al. (2021) propuseram um novo índice de qualidade interna em substituição a UH, o qual leva em consideração a altura do albúmen espesso, média do diâmetro ou altura da gema e peso do ovo, Revista do OvoSite

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Artigo Técnico sendo considerado pelos pesquisadores como um índice mais completo por considerar a condição da gema.

Frescor dos ovos (pH de albúmen)

Viscosidade, ausência de corpos no albúmen e a coloração, forma, firmeza e ausência de defeitos na gema são os primeiros aspectos observados para determinar a qualidade do ovo

Recentemente Narushin et al. (2021) propuseram um novo índice de qualidade interna em substituição a UH, o qual leva em consideração a altura do albúmen espesso, média do diâmetro ou altura da gema e peso do ovo, sendo considerado pelos pesquisadores como um índice mais completo por considerar a condição da gema 36

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Este parâmetro é um importante indicador do frescor do ovo, pois a modificação do pH leva a perda da viscosidade do albúmen, sendo diretamente influenciado pelo tempo prolongado de armazenamento e mais acentuado com a falta de refrigeração (Mueller et al., 2017). Isto porque, as movimentações de dióxido de carbono e umidade que ocorre entre o ambiente interno com o meio externo através dos poros da casca inevitavelmente promovem alteração do pH (Samli et al., 2005). A determinação do pH do albúmen é realizada por meio do uso de medidor de pH ou pHmetro digital com a inserção do eletrodo no albúmen. O pH do albúmen de um ovo fresco é em torno de 7,7 podendo chegar a 9,0-9,5 quando armazenado. Ovos sob refrigeração (5,0-8,0 °C) apresentam pH menor do que aqueles armazenados em temperatura ambiente (25 °C).

Coloração da gema A coloração da gema é uma característica do ovo que atrai muito a atenção dos consumidores. Gemas de coloração mais intensa são as preferidas. A tonalidade deste constituinte é influenciada diretamente pela presença de carotenóides ou pigmentantes presentes na dieta das aves (Biscaro & Canniatti-Brazaca, 2006). Ovos de qualidade superior normalmente apresentam gema com aspectos de maior translucência, consistente e centralizada no meio do albúmen. Com avançar da idade de armazenamento, os ovos apresentam gemas achatadas, flácidas e membrana frágil, rompendo com facilidade. Quando os ovos são submetidos a períodos de estocagem sem controle de temperatura apresentam menores índices de coloração, este fato pode estar relacionado com a perda de água do albúmen para a gema (Freitas et al., 2011). A coloração da gema pode ser determinada de forma subjetiva por meio do uso do leque colorimétrico DSM, que

possui um guia de cores com uma escala de 1 a 15, ou por sua versão digital Digital YolkFan®. Aves alimentadas com dietas à base de milho e farelo de soja e sem pigmentantes apresentam gemas como coloração entre 6 e 7 na escala do leque.

Características que determinam a qualidade externa do ovo A qualidade externa do ovo é um dos fatores importantes, uma vez que acarreta perdas econômicas expressivas no setor avícola. Além disso, a qualidade da casca é um fator muito importante para a segurança alimentar, já que se estiver danificada, ou carente de cutícula, os ovos são mais suscetíveis à contaminação por bactérias. Levando em consideração todos esses aspectos, as principais características que irão determinar a qualidade da casca são porcentagem de casca, espessura da casca, gravidade específica e resistência à quebra.

Porcentagem de casca A casca exerce a função de proteger o interior do ovo contra invasões de micro-organismos, contra impactos mecânicos e desidratação (Hincke et al., 2012) desde a postura, processamento e transporte e apresentação na gôndola do mercado. Este constituinte representa entre 9 a 14% do peso total do ovo. Quanto maior for o percentual de casca em relação ao peso do ovo, melhor será a sua qualidade. Valores acima de 10% são considerados bons. Sendo que ovos de poedeiras mais jovens a porcentagem é maior em relação às aves mais velhas, aumentando o índice de ovos trincados nestas últimas (Ramos et al., 2010).

Espessura de casca Pela sua importante função para manter a qualidade interna do ovo e pelos fatores apresentados anteriormente, quanto maior a espessura, mais resistente a casca e o conteúdo interno mais protegido. A espessura da casca dos ovos é mensurada com auxílio de paquímetro ou micrômetro em três pontos equidistantes na zona equatorial da casca, e a


média aritmética representará a espessura da mesma. Espera-se média de espessura de casca acima de 0,35 mm. É sabido que ocorre uma diminuição da espessura da casca com o aumento da idade da ave, e segundo Brake (1996) é devido à maior extensão da superfície desses ovos, com menor deposição de carbonato de cálcio por unidade de área, podendo apresentar qualidade de casca inferior, e a quebra ocorre com maior frequência, podendo interferir de forma negativa na qualidade interna dos ovos (Barbosa et al., 2012).

Gravidade específica Esta variável é utilizada para medir a espessura da casca e, indiretamente, o percentual de casca depositado sobre o ovo. O método mais utilizado é o conhecido banho em água com diferentes concentrações de solução salina (variando de 1,060 a 1,100 g/mL). Nesse processo, os ovos são colocados na solução com a concentração menor de sal e os que não flutuam são retirados e passados à solução seguinte, com uma concentração maior de sal. Este procedimento se repete até o ovo flutuar. A gravidade específica da solução na qual o ovo flutua, corresponde com a gravidade específica do ovo.

Resistência à quebra Principalmente para o produtor, o empenho é principalmente para que as aves produzam ovos com casca mais resistentes. Para avaliar esta variável, ovo é colocado em um aparelho que mensura a força de compressão necessária para romper a casca do ovo. Quanto maior a força registrada pelo equipamento, maior será a resistência da casca à quebra. Valores acima de 4 kgf são esperados para que a casca seja considerada resistente.

Considerações finais A determinação da qualidade interna e externa do ovo é realizada por meio de um conjunto de variáveis, e diversos são os fatores que influenciam esta qualidade. Desta forma, é muito importante que o produtor tenha conhecimento destes fatores, buscando produzir alimentos de melhor qualidade, garantindo a rentabilidade da atividade.

Aumento do período de estocagem leva à redução dos índices de albúmen e de gema. No entanto, quando refrigerados há uma manutenção destes índices e a preservação da qualidade do produto

Referências ABPA, Associação Brasileira de Proteína Animal, 2021. Relatório Anual. Disponível em: https://abpa-br.org/. Acesso em agosto de 2021. BARBOSA, N.A.A; SAKOMURA, N.K.; MENDONÇA, M.O.; FREITAS, E.R.; FERNANDES, J.B.K. Qualidade de ovos comerciais provenientes de poedeiras comerciais armazenados sob diferentes tempos e condições de ambiente. ARS Veterinária, Jaboticabal, V.24, n.2, p.123-127, 2008. BISCARO L. M.; CANIATTI-BRAZACA, S. G. Cor, betacaroteno e colesterol em gema de ovos obtidos de poedeiras que receberam diferentes dietas. Ciência Agrotécnica, Lavras, v.6, p.1130-1134, 2006. CARD, L. E.; NESHEIM, M. C. Poultry production. Philadelphia: Lea & Febiger. P. 399, 1966. FREITAS, L.W.; LIMA, PAZ, I. C. L. A.; GARCIA, R. G.; CALDARA F. R.; SENO, L. O.; FELIX, G. A.; LIMA, N. D. S.; FERREIRA, V. M. O. S.; CAVICHIOLO, F. Aspectos qualitativos de ovos comerciais submetidos a diferentes condições de armazenamento. Revista Agrarian, Dourados, v.4, n.11, p.66-72, 2011. LANA, S. R. V.; LANA, G. R. Q.;

SALVADOR, E. L.; LANA, A. M. Q.; CUNHA, F. S. A.; MARINHO, A. L. Rev. Bras. Saúde Prod. Anim., Salvador, v.18, n.1, p.140-151, 2017. MUELLER, F. P. MACHADO, P. R.; PINHEIRO, T. L. F. Conservação de ovos de galinha: avaliação da qualidade sob diferentes condições de estocagem. Nutrição Brasil, v.16, n.3, p.144153, 2017. NARUSHIN, V.G.; ROMANOV, M.N.; GRIFFIN, D.K. A novel Egg Quality Index as an alternative to Haugh unit score. Journal of Food Engineering, n.289, 2021. SAMLI, H.E.; AGMA. A.; SENKOYLU, N. Effects of storage time and temperature on egg quality in old laying hens. Poultry Science, v.14, p.548- 553, 2005. SANTOS, M. S. V.; ESPÍNDOLA, G.B.; LÔBO, R. N. B.; FREITAS, E. R.; GUERRA, J. L. L.; SANTOS, A. B. E. Efeito da temperatura e estocagem em ovos. Ciênc. Tecnol. Aliment., Campinas, v.29, n.3, p.513-517, 2009. VILELA, D. R.; CARVALHO, L. S. S.; FAGUNDES, N. S.; FERNANDES, E. A. Qualidade interna e externa de ovos de poedeiras comerciais com cascas normal e vítrea. Cienc. anim. bras., Goiânia, v.17, n.4, p. 509-518, 2016. Revista do OvoSite

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Nutrição - Informe Técnico-Empresarial

Alternativas nutricionais para mitigar os custos de produção na coturnicultura de postura Restrições impostas pela pandemia reduziram consideravelmente o faturamento dos produtores

O

s produtores de ovos de codornas, assim como toda a cadeia de produtos de origem animal, têm enfrentado grandes desafios nos últimos meses. O aumento nos preços dos grãos seguem pressionando os custos de produção. Para codornas, esta situação é potencializada, devido à alta densidade nutricional das rações, o que exige o uso de fontes energéticas como óleo vegetal e elevadas inclusões de farelo de soja nas dietas. Adicionalmente, as restrições impostas pela pandemia aos estabelecimentos ligados ao consumo de ovos de

Entre as estratégias para equilibrar os custos está a estratificação de dietas durante o período de produção de ovos, estabelecendo três ou quatro fases nutricionais, permitindo uma formulação específica para cada idade 38

Revista do OvoSite

Vaccinar busca melhora nos índices zootécnicos, como a porcentagem de postura, a qualidade de casca e o prolongamento do período produtivo, o que leva à diluição do custo por unidade, além de reduzir o valor médio da tonelada de ração codornas, reduziram consideravelmente o faturamento dos produtores, principalmente em 2020. Neste cenário de incerteza, torna-se cada vez mais importante a procura por soluções eficazes para minimizar os custos e/ou incrementar a produção. Neste sentido, por ser responsável pela maior parte dos custos produtivos, a nutrição é crucial para melhorar a relação entre receitas e despesas. Dentre as estratégias nutricionais eficientes para equilibrar os custos está a estratificação de dietas durante o período de produção de ovos, estabelecendo três ou quatro fases nutricionais, permitindo uma formulação específica para cada idade. Como resultado, é esperada a melhora nos índices zootécnicos, como a porcentagem de postura, a qualidade de casca e o prolongamento do período produtivo, o que leva à diluição do custo por unidade, além de reduzir o valor médio da tonelada de ração.

Outra importante prática é a análise constante das matérias-primas, objetivando formulações precisas e evitar a utilização de ingredientes contaminados ou fora do padrão de qualidade. Assim, é necessário garantir agilidade na análise laboratorial, ou parcerias com avaliações na própria granja. Face ao acima exposto, a Vaccinar Nutrição Animal desenvolveu um programa de soluções para este setor que se enquadra no conceito de nutrição de precisão. O programa é composto pela linha de ração, premixes e núcleos codornas HD que, aliada à incorporação de distintos módulos de serviços e ferramentas, auxiliam o produtor nas tomadas de decisões técnicas e econômicas. Desta forma, alinhamos e otimizamos as variáveis e recursos produtivos (nutrição, manejos, genética, instalações/ambiência, objetivos comerciais dos ovos, etc.) para a máxima eficiência econômica.


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Educação Continuada

Academia da Avicultura lança curso "Melhorando a qualidade de ovos através da nutrição da poedeira" Curso on-line está disponível na plataforma e traz atualização aos profissionais do setor

P

rimeira escola 100% on-line especializada em avicultura, a Academia da Avicultura disponibilizou em setembro mais um curso direcionado para a postura comercial. Denominado “Nutrição e Qualidade de Ovos de Galinha”, o curso será ministrado pela especialista Michele Mendonça que, entre outros títulos, possui pós-doutorado em Zootecnia pela Universidade Federal de Lavras (UFLA-MG). Atualmente, Michele atua como professora no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sudeste de Minas Gerais, campus Rio Pomba. De acordo com Aline Pereira, Médica Veterinária e gerente de conteúdo pedagógico da Academia da Avicultura, o novo curso tem como público-alvo profissionais que desejam usar a nutrição co-

Michele Mendonça, professora do curso "Melhorando a qualidade de ovos através da nutrição da poedeira"

mo ferramenta para melhorar a qualidade de ovos, produtividade das galinhas e também se atualizar com os conceitos e práticas mais recentes dessa área." “Atualmente temos através da seleção genética, aves mais longevas, com alto nível de produção, maior viabilidade e com melhor conversão alimentar, porém essa ave só irá expressar todo o seu potencial genético se receber uma nutrição adequada. Além disso a nutrição tem grande influência na qualidade do ovo, que é o produto final da cadeia”, explicou Aline. Ela também destacou que a presença de Michele no curso será um diferencial. “A Professora Michele é docente há 16 anos, atua em nível técnico, graduação e pós-graduação com ênfase em nutrição e manejo em coturnicultura e avicultura, parâmetros de qualidade e fortificação nutricional de ovos e produção de aves em sistemas caipiras e agroecológicos. Ela tem uma excelente didática e possui conhecimento efetivo no assunto, certamente irá agregar muito para quem deseja se aprofundar no tema”.

Curso On-line O curso é oferecido em vídeo-aulas sendo dividido em três módulos: Uma introdução voltada para revisão de conceitos que fornecem uma base para um melhor entendimento sobre as particularidades das aves e como manejá-las respectivamente. Um segundo módulo sobre estrutura, formação e qualidade do ovo, com aprofundamento do tema em parâmetros de qualidade de ovos de galinha in natura, abordando a relação entre os métodos utilizados por consumidores e por pesquisas científicas. O ter-

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ceiro e último módulo terá como abordagem o impacto da nutrição na qualidade do ovo, como por exemplo: níveis recomendados de minerais e vitaminas de acordo com a respectiva fonte, granulometria de ingredientes, uso de aditivos, regulação da ingestão de alimento, níveis de energia, entre outros. Ao final deste módulo, a Prof. Michele fala sobre como fazer a fortificação nutricional de ovos, que é uma estratégia que vem sendo utilizada para elevar o nível nutricional dos ovos comercializados e também agregar valor ao produto. O aluno poderá fazer download de materiais complementares que serão disponibilizados pelo curso como artigos científicos e técnicos. As dúvidas dos alunos podem ser compartilhadas em um fórum e serão respondidas pela professora. Todos os cursos da Academia da Avicultura possuem certificado de conclusão, com a carga horária de cada curso e certificação digital. Para saber mais acesse: www.academiadaavicultura.com.br Leia também o artigo na Revista do AviSite sobre a Academia da Avicultura, clicando aqui!


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Genética e incubação

Selecionando para uma melhoria da eclosão

A eclosão previsível é um objetivo comum para todos os incubatórios, já que trata-se de uma característica de considerável importância econômica Autora: Marina Herrvé, geneticista Hendrix Genetics

C

Roy Pas Reform

om a finalidade de realizar uma boa previsão do desempenho reprodutivo das matrizes, a eclosão é essencial no planejamento e na produção de pintainhas de um dia. Existem muitos fatores que podem afetar a eclosão. A idade das matrizes, o período do ano, a relação macho/fêmea e a nutrição são todos fatores que podem afetar a fertilidade eclosão dos ovos férteis. Também a manipulação e o armazenamento dos ovos a temperatura ambiente e a umidade relativa tem efeito sobre a mortalidade embrionária e a eclosão. Em torno do pico de produção as características reprodutivas também tendem a atingir o pico, e geralmente

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Revista do OvoSite

tendem a diminuir à medida que os lotes de matrizes envelhecem. Não é apenas a fertilidade mais baixa dos machos e fêmeas que causam este declínio, mas também está diretamente relacionada com a deterioração da qualidade das cascas dos ovos. Gerenciar os perfis de tamanho dos ovos das reprodutoras também é importante. Ao conduzir o tamanho dos ovos das reprodutoras, é possível utilizar mais ovos incubáveis e eclodir mais pintinhos de um dia. Os perfis de ta-

Um objetivo importante é otimizar continuamente o número de pintos de primeira qualidade nascidos por cada ave reprodutora manho dos ovos são abordados em nosso programa de seleção, mas tenha em mente que você também pode dirigir seus perfis de tamanhos de ovos através do seu gerenciamento durante o período de produção das matrizes. As características de eclosão estão presentes em nosso programa de seleção há décadas. A fim de melhorar a eclosão no final da vida produtiva das matrizes, nós incorporamos novas características em nosso programa de seleção. Acrescentamos características de fertilidade e eclosão em nossas linhas de fêmeas com mais de 80 semanas de idade. Normalmente essas fêmeas são usadas apenas para registrar dados sobre a produção diária e qualidade dos ovos, viabilidade e etc. Utilizando técnicas de inseminação artificial nestas fêmeas, coletando os ovos férteis, ar-


ƌŽĚƵƚŝǀĂƐ ŶĚĞŵ Ă Ğŵ͘

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Variação fenotípica nos traçossĂƌŝĂĕĆŽ &ĞŶŽƚşƉŝĐĂ ŶŽƐ ƚƌĂĕŽƐ ĚĞ ŝŶĐƵďĂĕĆŽ de incubação

ƚĂŵĂŶŚŽ Ɛ ŽǀŽƐ ĞƌĨŝƐ ĚĞ ŵĂƐ ĚĞ ĚĞ ĚŝƌŝŐŝƌ ŶĐŝĂŵĞŶƚŽ

ƐĆŽ ĚĞ ĚĂĚĞ͘ Ă ƌĞŐŝƐƚƌĂƌ ŽƐ ŽǀŽƐ͕ ĆŽ ĂƌƚŝĨŝĐŝĂů ŶĚŽ ŽƐ Ž ŽƐ ŽǀŽƐ Ğ ƚƌĂĕŽƐ ĂǀĞƐ͘

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Roy Pas Reform

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mazenando-os por diferentes períodos e incubando posteriormente, nós conseguimos uma nova lista de traços relacionados à eclosão na idade mais avançada das aves. Como parte dessas medidas, realizamos análises de embriodiagnóstico para investigar os ovos claros e os embriões que morreram, e os separamos por categorias. Ao nascimento, contamos e classificamos os pintos de um dia de acordo com o padrão de qualidade, e registramos todos os dados diretamente no banco de dados do programa de seleção. Desta maneira conseguimos selecionar criteriosamente, pois o objetivo é otimizar continuamente o número de pintos de primeira qualidade nascidos por cada ave reprodutora. Pode-se ver claramente que existe uma grande variação entre as diferentes fêmeas. Esta variação que nos fornece as informações corretas para nos ajudar a realizar nossas seleções. Aquelas famílias de linha pura que contém muitas fêmeas "mais velhas" ainda com boa capacidade de reprodução possuem uma clara vantagem a ser selecionada para contribuir com as futuras gerações de fêmeas poedeiras. Revista do OvoSite

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Ambiência

Índices de conforto térmico para poedeiras comerciais Ambiente interno dos aviários deve ser controlado para que as aves possam ser mantidas dentro da zona de conforto térmico, reduzindo efeitos térmicos negativos sobre a produtividade Autores: Sarah Sgavioli*1, Cristhiano Ferreira Calderaro1, Luiz Arthur Malta Pereira1, Käthery Brennecke1, Letícia Salomão Barbosa Adorno2, Tamires de Oliveira Lima2, Otto Oliveira Martins2, Oswaldo Bortoletto Neto1 (1) Universidade Brasil. Programa de Mestrado em Produção Animal. Descalvado – SP. (2) Universidade Brasil. Medicina Veterinária. Descalvado – SP. *Autor correspondente: sarahsgavioli@yahoo.com.br

Sarah Sgavioli

E

m poedeiras o ambiente de criação está intimamente relacionado ao conforto térmico das aves, uma vez que, por serem animais homeotérmicos, têm sua temperatura corporal influenciada pelo ambiente ao qual estão inseridos. Desta forma, o ambiente inter-

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no dos aviários deve ser controlado para que as aves possam ser mantidas dentro da zona de conforto térmico, reduzindo efeitos térmicos negativos sobre a produtividade. A temperatura e a umidade relativa do ar dentro dos aviários devem ser controladas para que as aves sejam criadas na zona de conforto térmico, evitando efeitos térmicos negativos sobre a produção animal. Para fins produtivos e científicos, variáveis microclimáticas do ar têm sido utilizadas para avaliar a situação de estresse térmico dos animais de produção. Para poedeiras, a temperatura ambiente ideal varia de 21 a 28°C, apesar de alguns autores relatarem uma zona termo neutra que pode variar de 20 a 24ºC para aves no período de produção de ovos, além disso, a umidade relativa do ar para poedeiras pode variar entre 40 e 80%, portanto, seguir as recomendações dos manuais de manejo de cada linhagem, de acordo com a fase de crescimento é imprescindível para o sucesso da produção.

Quando as aves conseguem manter a temperatura corporal constante com taxa metabólica mínima e o menor gasto energético possível, considera-se que estejam em condição de zona de conforto térmico ou zona de termoneutralidade, ou seja, a proporção de energia metabolizável para termogênese é reduzida, enquanto a energia líquida destinada ao ganho corporal é aumentada. Nestas condições, o ambiente de alojamento favorece o sistema fisiológico, pois não há exigência de acionamento dos mecanismos para manter o organismo em equilíbrio térmico. A zona de conforto térmico das aves depende de diversos fatores, como: peso corporal, idade, estado fisiológico, tamanho do lote, densidade nutricional, genética, temperatura, velocidade do vento e umidade relativa do ar. Portanto, o controle da ambiência na avicultura de postura é de grande importância e envolve questões como: temperatura, umidade, velocidade do ar e radiação. Para manter um ambiente termicamente controlado, faz-se a mensuração de alguns índi-


ces, com o objetivo de buscar o conforto térmico desses animais. Entre esses índices pode-se citar: Índice de Temperatura e Umidade – ITU, Índice de Temperatura de Globo Negro e Umidade – ITGU, Índice de Temperatura, Umidade e Velocidade do Vento – ITUV, carga térmica radiante (CTR) e entalpia. Diversos trabalhos e pesquisas têm servido para o desenvolvimento de índices de conforto térmico e esses índices vêm sendo utilizados como uma técnica de alta confiabilidade para se determinar as condições de conforto e estresse térmico dentro das instalações avícolas.

Índices de conforto térmico Na literatura, diversos são os estudos e trabalhos realizados com intuito de analisar a correlação dos índices de conforto térmico do ambiente com as respostas fisiológicas, desempenho zootécnico e bem-estar. Em contrapartida, ao longo das últimas décadas, foi possível observar resultados discordantes ao buscar estabelecer faixas de conforto térmico animal para as diversas condições climáticas, seja no Brasil ou no exterior. O conhecimento de cada índice e sua importância na criação de poedeiras faz com que o controle da ambiência das instalações seja mais preciso e benéfico.

Índice de temperatura e umidade (ITU) A temperatura e a umidade relativa do ar, estão entre os elementos climáticos que mais influenciam o conforto térmico dos animais, a temperatura interna das aves varia entre 40 a 41 °C. O ITU é resultante da associação das temperaturas de bulbo seco e temperatura de ponto de orvalho, e foi um dos primeiros índices descritos na literatura. As informações disponibilizadas por meio de estações meteorológicas e imagens de satélites servem de base para o mapeamento bioclimático. Diante dessas informações, é possível calcular o ITU, que engloba informações sobre tempera-

tura e umidade relativa para a caracterização de determinadas zonas bioclimáticas, que apresentam valores distintos, dentro e fora das instalações avícolas. O índice de temperatura e umidade (ITU) é calculado por meio da Equação 1, proposto por Thom (1959): ITU= T bs+0,36 . T bu +41,5 (Equação 1) Onde: ITU = Índice de temperatura e umidade (°C). Tbs = Temperatura de bulbo seco (°C). Tbu = Temperatura de bulbo úmido (°C). Considera-se situação de conforto o valor de ITU abaixo de 70 para animais domésticos, enquanto valores acima de 78 são considerados estressantes. Apesar do ITU não levar em conta os efeitos da radiação, pode-se empregá-lo na ausência de medições da temperatura do globo negro.

Índice de temperatura do globo negro (ITGU) Este índice apresenta a vantagem de incorporar diretamente em um único valor, os efeitos da temperatura do ar, umidade, velocidade do ar e radiação solar, na forma de temperatura de globo negro, sendo considerado o mais adequado para avaliar o ambiente térmico em que os animais estão expostos à radiação solar. O ITGU é calculado por meio da Equação 2, proposta por Buffington et al. (1981). ITGU=Tgn +0,36 . Tpo +41,5 (Equação 2) Onde: ITGU =Índice de temperatura de globo negro e umidade (°C). Tgn = Temperatura de globo negro (°C). Tpo = Temperatura do ponto de orvalho (°C). A temperatura de globo negro é obtida a partir de um sensor de temperatura localizado no centro de uma

Quando as aves conseguem manter a temperatura corporal constante com taxa metabólica mínima e o menor gasto energético possível, considerase que estejam em condição de zona de conforto térmico ou zona de termoneutralidade

esfera oca, de cobre, com 0,15 m de diâmetro e 0,5 mm de espessura, pintada externamente com tinta preta fosca. Esta medida possui alta correlação à temperatura corporal e este índice possibilita uma estimativa das condições de conforto térmico mais próxima da ideal, sendo um dos indicadores mais precisos de estresse térmico. Em poedeiras, tomando-se por base os valores citados por Tinoco (1998), o ITGU de até 75 é considerado como de conforto térmico.

Índice de temperatura, umidade e velocidade do ar (ITUV) A ventilação dentro dos galpões avícolas é um fator muito importante para a produtividade zootécnica, pois promove a dissipação do calor da ave para o ambiente, aumentando os níveis de oxigênio e reduzindo as concentrações de amônia e de dióxido de carbono no interior das instalações. Além disso, em temperaturas elevadas, a movimentação do ar auxilia na dissipação do calor por convecção, desde que, a temperatura ambiente esteja abaixo da temperatura corporal da ave. A ventilação, também interfere, favorecendo o resfriamento por evaporação, renovando o ar em Revista do OvoSite

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Ambiência

Ventilação dentro dos galpões avícolas é um fator importante para a produtividade zootécnica torno das aves e o substituindo por ar frio e seco, o que reduz a umidade produzida por meio da respiração das aves, reduz a umidade presente na cama, assim como o ar quente saturado próximo às coberturas das instalações. O ITUV é calculado pela Equação 3, proposta por Tao & Xin (2003).

CTR= σ(TRM) (Equação 4) Onde: CTR = Carga térmica radiante. TRM =Temperatura média radiante. σ = 5,67 x 10-8 K-4. W/m2 (Constante de Stefan-Boltzmann).

ITUV=[(0,85 x T bs )+(0,15 x T bu )] xVar-0,058 (Equação 3)

(Equação 5) Onde: TMR = temperatura média radiante (K). V = velocidade do vento (m/s). Tgn = temperatura de globo negro (K). Tbs = temperatura de bulbo seco (K).

Onde: ITUV = Índice de temperatura, umidade e velocidade do ar. Tbs = Temperatura de bulbo seco (°C). Tbu = Temperatura de bulbo úmido (°C). Var = velocidade do ar, (m/s).

Carga térmica radiante (CTR) A CTR expressa a radiação total recebida pelo globo negro e todos os arredores em condições estáveis, ou seja, caracteriza-se por ser a radiação total recebida por um corpo em todo espaço circundante a ele, foi proposta por Esmay (1969) e adiciona a velocidade do vento em seus cálculos. A carga térmica radiante não engloba a troca líquida de radiação entre o corpo e o seu meio circundante, mas inclui a radiação incidente no corpo. A CTR é calculada de acordo com a Equação 4 proposta por Esmay (1969), utilizando a temperatura média radiante (TRM) calculada pela Equação 5, proposta por Bond & Kelly (1955):

46 Revista do OvoSite

Ambientes cuja CTR apresente valores até 450 W.m-2 são considerados confortáveis para aves, sendo que valores acima deste representam situação de estresse para o animal. O produtor deve estar atento à incidência de CTR dentro e fora das instalações avícolas, utilizando telhados que reflitam a radiação recebida da atmosfera, visto que a material das coberturas é um dos principais fatores na incidência da CTR. O material do telhado deve ter alta inércia térmica e ao absorver o calor externo, atrasar a transferência do calor para o interior da instalação, isto resultará em um ambiente com menor CTR. Sistemas de ventilação, nebulização e aspersão também são estratégias para minimizar os efeitos da CTR para que as temperaturas internas permaneçam dentro das faixas termo neutras para as aves.

Entalpia (H) A H é definida como a quantidade de energia do ar úmido por unidade de massa de ar seco (kJ/kg de ar seco), correlaciona temperatura e umidade do ambiente, indicando a quantidade de energia contida em uma mistura de vapor de água. É calculada de acordo com Albright (1990, p.453), por meio da Equação 6: H=1,006 .Tbs+W .(2501+1,805 . Tbs) (Equação 6) Onde: H = entalpia (kJ/kg de ar seco). Tbs = temperatura do bulbo seco (°C). W = relação de umidade (kg vapor de água kg ar seco-1). W=((0,622 x Ea))/((Patm-Ea)) Onde: Ea = pressão parcial de vapor de água (kPa). Patm = pressão atmosférica (kPa). A H é uma propriedade termodinâmica que ajuda determinar as faixas de conforto térmico para as aves, medindo a quantidade total de energia no ar, incluindo não apenas a energia do sistema fechado como também a energia trocada no meio. Aves criadas em ambientes cuja entalpia esteja entre 54,7 a 62,9 KJ.Kg-1 ar seco, encontram-se em situação de conforto térmico. Ao longo dos anos, vários intervalos de conforto térmico para aves de produção, baseados na H, têm sido avaliados e descritos na literatura, onde para cada estágio de crescimento existe uma entalpia ideal para a produção das aves. As referências podem ser solicitadas ao autor correspondente.


Revista do OvoSite

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Instituto Ovos Brasil

Saúde intestinal: alimentação equilibrada, contendo ovo, contribui para manutenção da microbiota Novamente, pesquisa científica isenta ovo quanto à desequilíbrios no trato gastrointestinal

N

unca se pesquisou tanto a microbiota intestinal e o seu papel nos diversos sistemas do organismo, além da sua relação com as doenças crônicas não transmissíveis. A expressão de genes, estilo de vida e alimentação implicam no microbioma. Falando de uma forma muito simplista, a microbiota intestinal é constituída por uma variedade de microrganismos, como bactérias, vírus e fungos que habitam o trato gastrointestinal, e que possuem algumas funções importantes como manter a integridade da mucosa, combater microorganismos patogênicos, atuar na modulação do sistema imune, no processo de digestão de alimentos e na absorção de nutrientes (1,2). A microbiota é adquirida no período pós-parto e o seu desenvolvimento está relacionado ao tipo de parto, isto é, o parto normal favorece muito o de-

Número de pesquisas sobre microbiota intestinal tem aumentado e sabe-se que estilo de vida e alimentação implicam no microbioma 48 Revista do OvoSite

senvolvimento no bebê e o aleitamento contribui para esta condição (2). A manutenção da microbiota ocorre com a ingestão de uma alimentação variada composta de verduras, legumes e frutas, que possuem em sua composição fibras e açucares (galacto-oligossacarídeos, xilo-oligossacarídeos, fruto-oligossacarídeo, inulina, fosfo-oligossacarídeos, isomalto oligossacarídeos, lactulose, pectina) que servem como “alimento” para a fermentação microbiana e favorecem o aumento de bactérias benéficas. Aveia, banana, cebola, chicória são exemplos de alimentos prébioticos. Iogurtes, leites fermentados, queijos, chucrutes e soja fermentada são exemplos considerados probióticos, aqueles que introduzem microorganismos no intestino (2). Alguns fatores como alimentação irregular - rica em açúcar e alimentos refinados - e a utilização de medicamentos como antibióticos estão relacionados ao desequilíbrio da microbiota, a famosa disbiose. O que os estudos têm mostrado é que o desequilíbrio interfere na produção de ácidos graxos de cadeia curta que são responsáveis por fornecer energia para as células locais (3). Essas pesquisas também apontam que a microbiota participa da regulação dos lipídios no intestino (4) e, de acordo com Le Roy at al, regula o nível de colesterol plasmático, síntese de colesterol hepático e da circulação entero-hepática (5). A microbiota é responsável pela produção de TMA (trimetilamina) um metabolito proveniente de nutrientes como fosfatidilcolina, colina, L carnitina,

e que no fígado é convertida em TMAO (N- oxido de trimetilamina) e está relacionada a aterogênese (3). A aterogênese é caracterizada pelo desenvolvimento de placas gordurosas, denominadas placas ateromatosas, na superfície interna das paredes arteriais. Vários estudos colocaram o ovo na berlinda pela presença de colina na sua composição e várias pesquisas relacionaram o ovo ao TMAO. Muito recentemente, um estudo de Wilcox et al. foi publicado sobre justamente este tema – ovo e TMAO. O estudo clínico randomizado foi realizado com participantes saudáveis, que foram divididos em cinco grupos de pessoas consumindo: • ovos cozidos, • suplemento de bitartarato de colina, • ovos e suplemento de bitartarato de colina, • clara de ovo e suplemento de bitartarato de colina • fosfatidilcolina. Após análise de sangue e urina, o que se verificou é que os grupos que consumiram os suplementos tiveram um aumento do TMAO e reatividade plaquetária, enquanto que o consumo de quatro ovos e fosfatidilcolina não mostraram aumento significativo do metabolito.

Ovo: essencial em todas as etapas O ovo é um alimento acessível, nutritivo, constituído de proteínas, vitaminas do complexo B e a colina faz parte deste grupo. Vitaminas


Estudo comprovou que consumo de quatro ovos não mostrou aumento significativo da produção do metabolito trimetilamina

lipossolúveis, minerais, carotenoides, que são importantes para a nutrição do indivíduo, também estão presentes neste alimento. O ovo beneficia todo o ciclo de vida do indivíduo; em se tratando da colina, favorece o fechamento do tubo neural e o desenvolvimento da memória no feto, atua na síntese de acetilcolina, que está relacionada ao impulso nervoso, entre outros.

Mas, vale lembrar que todo o conteúdo nutritivo do ovo colabora com a quantidade de proteínas necessárias para a gestante, fundamental no desenvolvimento da criança e na manutenção da massa magra em adultos e idosos, além de contar com nutrientes ideais para a proteção dos olhos, pele, ossos. Neste momento, fica a reflexão sobre o quão fácil é responsabilizar um alimento sobre determinada alteração metabólica e se eximir das responsabilidades dos cuidados individuais com alimentação adequada, hábitos saudáveis como a prática de exercícios físicos, ter cautela na ingestão de bebida alcoólica, evitar o tabagismo e se manter dentro de peso adequado. Fica a dica: tenha uma alimentação equilibrada e tenha ovo na sua alimentação – coma ovo, que só faz bem!

Referência: 1-Waitzberg,Dan L. Nutrição oral, enteral e parenteral na prática clínica/ Dan L.Waitzberg. 5º ed. Rio de Janeiro: Atheneu, 2017. 2-Moraes, Ana Carolina Franco de et al. Microbiota intestinal e risco car-

diometabólico: mecanismos e modulação dietética. Arquivos Brasileiros de Endocrinologia & Metabologia [online]. 2014, v. 58, n. 4 [Acessado 15 Julho 2021] , pp. 317-327. Disponível em: < h t t p s : / / d o i . o r g/10.1590/0004-2730000002940>. ISSN 1677-9487. https://doi.org/10.159 0/0004-2730000002940. 3-Tang WH, Hazen SL. The Gut Microbiome and Its Role in Cardiovascular Diseases. Circulation.2017;135(11) :1008-1010.doi:10.11 61/CIRCULATIONAHA.116.024251 4-Nutritotal https://nutritotal. com.br/pro/existe-relaa-a-o-entre-saaode-intestinal-e-hipercolesterolemia 5-Le Roy T, Lécuyer E, Chassaing B, Rhimi M, Lhomme M, Boudebbouze S, Ichou F, Haro Barceló J, Huby T, Guerin M, Giral P, Maguin E, Kapel N, Gérard P, Clément K, Lesnik P. The intestinal microbiota regulates host cholesterol homeostasis. BMC Biol. 2019 Nov 27;17(1):94. 6-Wilcox,J.,Dietary Choline Supplements, but not eggs, raise fasting TMAO levels in participants with normal renal function: a Randomized clinical Trial. Am J Med, 2021 Revista do OvoSite

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Ponto Final

Avicultura de postura precisa se digitalizar para alcançar o consumidor final José Mauro Nunes é Professor Associado da Universidade do Rio de Janeiro e colaborador da FGV

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m termos de divulgação de marca, estamos vivendo um momento pós-pandemia. Falava-se muito em transformação digital, a digitalização paulatina dos negócios. Porém, no cenário pós-pandêmico, não se trata mais de transformação digital e sim de aceleração digital. Os negócios que não se digitalizaram vão sofrer uma dificuldade gigantesca de sobreviver e certamente já podem ter fechado. Diante disso, o digital para o setor de agronegócio é imperativo, não é mais um acessório. Sua utilidade não é mais um canal de venda ou comunicação. Agora é um meio de relacionamento que o setor e as empresas têm com clientes, varejistas ou atacadistas, distribuidores e o consumidor final.

Agora, mais do nunca, existe uma tremenda oportunidade para os produtores de ovos utilizarem as plataformas digitais e aplicativos próprios, para primeiro criarem uma marca e assim se tornarem autoridade no assunto. Isso pode funcionar como um centro de comunicação e de construção da reputação do setor de ovos.

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Por isso, o desenvolvimento de plataformas digitais para a cadeia de ovos é fundamental. Provavelmente você já deve ter percebido que as empresas que se transformaram digitalmente antes da pandemia saíram na frente e agora apresentam melhor desempenho. Mas existem várias maneiras de estabelecer um trabalho de criação e construção de plataformas digitais para ovos. O primeiro passo é estruturar um trabalho de comunicação e prestação de serviços com todos os membros da cadeia de valor, não somente com os produtores, mas também com cooperativas, atacadistas, distribuidores e varejistas. Um segundo passo, também muito importante, é justamente a comunicação com o consumidor final. Ainda nos dias de hoje ouvimos uma série de informações erradas a respeito do consumo de ovos. Há quem diga que faz mal. Mas hoje em função do aumento do preço da carne, o ovo é a proteína mais consumida pela população que necessita de uma dieta proteica. Portanto, a criação de conteúdo para informar os consumidores, para que eles conheçam os produtos e marcas e tomem a melhor decisão de compra é importante. Agora, mais do nunca, existe uma tremenda oportunidade para os produtores de ovos utilizarem um canal de comunicação nas plataformas digitais, como Instagram e outras redes sociais, além de aplicativos próprios, para primeiro criarem uma marca e assim se tornarem autoridade no assunto. Isso pode funcionar como um centro de comunicação e de construção da reputação do setor de ovos. As empresas que vendem para o consumidor final têm uma oportunidade para expor os seus diferenciais competitivos. No momento em que o consumidor final está diante da prateleira, ele deve escolher aquela marca que informou melhor o que está vendendo e saber quais os diferenciais competitivos de cada produtor. Nestes tempos digitais, as dificuldades e potenciais estão colocados a todos. Caberá a cada empresa, e ao setor de postura com suas associações e entidades, transformarem as ameaças em oportunidades, consolidando o ovo como alimento nobre, altamente consumido e ainda mais valorizado.


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