Edição 3 - Revista do Ovo

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nº 3 - ano I dezembro/2011 www.avisite.com.br/revistadoovo

Alternativa Os efeitos da utilização de milheto como alimento energético nas rações de poedeiras

Retrospectiva e perspectivas Trabalho da Ovos Brasil é destaque. Para o próximo ano, setor precisa de mais comprometimento dos produtores



eDITORIAL

expediente

O ovo nas mídias Apesar de sofrer com os elevados preços dos insumos, principalmente do milho, neste ano de 2011, o setor de postura comercial brasileiro tem motivos para celebrar. O ovo foi protagonista de uma enorme campanha de marketing, promovida para quebrar mitos sobre a sua qualidade e aumentar o seu consumo, coordenada pelo Instituto Ovos Brasil. A campanha mobilizou cerca de um milhão de pessoas e atingiu o seu ponto máximo no dia 14 de outubro, data em que o mundo comemora o Dia do Ovo. A celebração ao alimento foi realizada simultaneamente em vários países, com ações de degustação do produto em supermercados, restaurantes comerciais e de empresas, palestras, distribuição de informativos, concursos gastronômicos entre outras. Esta foi a primeira vez que a postura comercial brasileira teve uma campanha com essa projeção, segundo o Instituto. Celebração do Dia Mundial do Ovo teve degustação de omeletes em grandes redes de supermercados e informações sobre a qualidade nutricional do produto

A Revista do Ovo

Outra novidade importante é que em 2011 a comemoração do Dia Mundial do Ovo conseguiu reunir representantes de todos os elos da cadeia produtiva, desde os produtores até o varejo, passando por empresas fornecedoras de genética, equipamentos, nutrição, saúde e embalagens. Para 2012, a reportagem da página 08 da Revista do Ovo, alerta para alguns desafios que o setor de postura comercial brasileiro deverá enfrentar. De acordo com os especialistas consultados, entre esses desafios estão a certificação de ovos em casca e produtos para ampliar as exportações e o atendimento às exigências das Instruções Normativas 56 e 59 - que abrangem o registro, fiscalização e controle de estabelecimentos avícolas comerciais. Os produtores também deverão ficar atentos ao mercado e ao abastecimento de milho, que poderá ter os valores praticados pela saca de 60 quilos (em torno de R$ 30,00) mantidos no início deste 2012. Confira todas as projeções e estimativas para o setor nesta reportagem especial, que ainda traz uma retrospectiva de 2011 e as imagens do Dia do Ovo no Brasil. Boa leitura e feliz ano novo!

Publisher Paulo Godoy paulogodoy@avisite.com.br Redação Andrea Quevedo (MTB 27.007) Érica Barros (MTB 49.030) Mariana Almeida (MTB 62.855) imprensa@avisite.com.br Comercial Fernanda Bronzeado Rodrigo Osti publicidade@avisite.com.br Diagramação e arte Mundo Agro e WL Publicidade luciano.senise@grupowl.com.br Internet Jessica Sousa Rafael Ribeiro webmaster@avisite.com.br Circulação e assinatura Carla Fracalossi (19) 3241-9292 assinatura@avisite.com.br Fale com a redação! imprensa@avisite.com.br Tel: (19) 3241 9292

Mundo Agro Editora Ltda. Rua Erasmo Braga, 1153 13070-147 - Campinas, SP

SUMÁRIO

Notícias Curtas IBGE: valor da produção brasileira de ovos aumentou 7,3% ..................................................

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AGRADECIMENTOS Registramos aqui o nosso muito obrigado a todos os colaboradores das reportagens e artigos desta edição: José Roberto Bottura, José Carlos Teixeira, Rogério Belzer, Ana Flávia Quiles Marques Garcia, Alice Eiko Murakami, Antonio Cláudio Furlan, Ely Mitie Massuda, Alexandra Potença e Ivan Camilo Ospina Rojas.

Perspectivas postura Crescimento apesar das adversidades .............

08

Capa Milheto na alimentação de poedeiras......................

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Produção Animal | Revista do Ovo 3


Notícias Em 2010

IBGE: valor da produção brasileira de ovos aumentou 7,3%

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ados da Pesquisa da Pecuária Municipal (PPM) do IBGE apontam que em 2010 o Brasil produziu 3,2 bilhões de dúzias de ovos de galinha, volume quase 2% maior que o registrado em 2009. A PPM também avaliou o valor dessa produção, concluindo que ela passou de R$5,3 bilhões em 2009 para R$5,7 bilhões em 2010, valores que configuram

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aumento anual próximo de 7,5%. Feitas as contas, chega-se à conclusão de que o ganho registrado deve-se também a uma valorização de 5,3% no preço pago ao produtor que, mesmo assim, acabou perdendo da inflação acumulada no ano (o IPCA acumulado em 2010, segundo também o IBGE, foi de 5,9%). Note-se ainda, a propósito dos valo-

res divulgados, que eles conduzem a um valor final da ordem de R$53,00/caixa em 2010, contra pouco mais de R$50,00/caixa em 2009. Como esses valores estão visivelmente acima daqueles apontados pelo mercado, conclui-se que eles incluem também ovos férteis, cujo valor unitário (conforme o fim a que se destinam) é substancialmente maior que o de ovos de consumo.


Leia as últimas notícias do setor em www.avisite.com.br

Coma ovo

Receita para acabar com a sonolência e trabalhar com disposição

S

e você é uma daquelas pessoas que costumam ficar sonolentas diante do computador, principalmente no período da tarde, vai ficar contente em saber que existe solução altamente saudável para esse mal: comer um ovo. Cientistas britânicos descobriram que as proteínas do ovo, especialmente as encontradas na clara, ajudam a nos manter acordados e alertas. Estas proteínas são mais eficientes que os carboidratos presentes em biscoitos, chocolates e doces, muitas vezes consumidos como uma rápida fonte de energia. E o ovo tem, ainda, outra vantagem: não engorda. Pesquisadores da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, avaliaram de que forma os nutrientes agem sobre as células do cérebro para nos manter acordados e ainda auxiliar no processo de queima das calorias. Constataram que uma mistura similar à da proteína da clara do ovo ativa essas células, ajudando na liberação do hormônio orexina, que atua na queima de calorias. O mais curioso, porém, é que essas pesquisas apenas servem para comprovar, agora de forma científica, algo que já era percebido “nos tempos da vovó”. Comprova essa afirmação campanha promovida nos EUA pelo Egg Marketing Board meio século atrás (anos 1960). O slogan então adotado (“Go to work on an egg” – em livre tradução, “coma um ovo antes de ir trabalhar”) já demonstrava que era possível começar bem cada novo dia. Mas as campanhas anti-ovo que se seguiram fizeram esquecer essa realidade, agora ressuscitada. Mais informações: www.cell.com/ neuron/fulltext/S0896-6273(11)00782-3

Campanha da década de 1960 O slogan “Go to work on an egg” (ou “Coma um ovo antes de ir trabalhar”, na tradução livre) foi usado em uma campanha pelo Egg Marketing Board, na década de 1960, com o objetivo de apresentar as qualidades nutricionais do ovo. Recentemente,

Pesquisa da Universidade de Cambridge comprova que a proteína do ovo, especialmente a da clara, ajuda a nos manter acordados e alertas

pesquisadores da British Nutrition Foundation, entidade também ligada à indústria avícola, concluíram que o tipo de colesterol encontrado no ovo tem efeito mínimo sobre o risco de provocar uma doença coronária. Segundo os pesquisadores, é a gordura saturada, e não o colesterol presente no ovo, que provoca o aumento do colesterol ruim no organismo. Outros fatores como

fumar, estar acima do peso e o sedentarismo também ajudam a aumentar os níveis de gordura e de colesterol no sangue e os riscos de uma doença no coração. A antiga campanha, e amplamente divulgada na década de 1960, já mostrava à população que é saudável consumir um ovo antes do início das rotinas do trabalho. Produção Animal | Revista do Ovo 5


Notícias Dieta suplementada

Brócolis na dieta das poedeiras

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esquisadores chineses estudaram os efeitos do caule e das folhas do brócolis para o desempenho na produção e na qualidade dos ovos de poedeiras comerciais. Um total de 384 galinhas de ovos marrom foram analisadas com o objetivo de avaliar os efeitos da inclusão de 0, 30, 60 e 90 gramas/kg de caule e folhas de brócolis desidratados no desempenho produtivo e na qualidade do ovo. As aves foram alojadas e separadas aleatoriamente em quatro grupos, com seis réplicas de 16 aves. Os resultados, segundo os pes-

Brócolis ajudou no aumento de xanthophyll na gema do ovo, melhorou a sua cor e diminuiu a quantidade de colesterol

quisadores chineses, mostraram que a suplementação com brócolis não alterou o desempenho produtivo das aves. No entanto, o brócolis ajudou no aumento de xanthophyll na gema do ovo, melhorou a cor da gema e, linearmente, diminuiu a quantidade de colesterol na gema. Em resumo, o estudo chinês com suplementação de brócolis na dieta de poedeiras comerciais comprovou uma melhora na qualidade dos ovos, com uma gema mais pigmentada e com menor quantidade de colesterol. As informações são do site World Poultry.

Genética própria

Instituto da Nigéria apresenta nova poedeira

O

Instituto de Pesquisa Nacional em Produção Animal da Nigéria (NAPRI, na sigla em inglês) apresentou recentemente uma nova espécie de galinha poedeira, denominada Shika Brown, que pode botar ovos 6 Produção Animal | Revista do Ovo

durante dois anos consecutivamente. Após 15 anos de pesquisas na área, os cientistas do NAPRI, que avaliaram inúmeras características de qualidade em uma ave, chegaram a um perfil de poedeira que oferecesse excelente

qualidade de casca nos ovos, alta produção, taxa de crescimento, persistência e resistência, peso do ovo, idade produtiva e conversão alimentar. A Shika Brown é altamente adaptada ao clima tropical e resistente a várias doenças de importância econômica para a postura comercial. A principal pesquisadora do Instituto, Dra. Grace Erakpotabor, disse à imprensa nigeriana que o desenvolvimento desta poedeira veio para salvar o país dos altos custos com as importações de aves de postura comercial. “A Shika Brown é uma das maiores conquistas recentes do Instituto. Até então, a Nigéria importava poedeiras de outros países e isso custava muito dinheiro ao país, já que as aves importadas não conseguiam se adaptar às nossas condições ambientais”, explicou a pesquisadora. Ainda de acordo com ela, a Shika Brown começa a produzir ovos às 18 semanas de idade, bem antes das outras aves importadas, que iniciavam a sua produção na 24ª semana de vida. Mais informações: www.napri-ng.org.


No Espírito Santo

Ovo é tema de workshop para universitários capixabas

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ais de 150 universitários discutiram em outubro as propriedades nutricionais do ovo. O assunto foi abordado na 9ª edição da Jornada Científica e Cultural da Universidade Vila Velha (UVV), localizada na cidade de mesmo nome no Espírito Santo. O workshop, direcionado aos estudantes de nutrição, veterinária e gastronomia, foi realizado pela Associação dos Avicultores do Estado do Espírito santo (AVES) em parceria com o curso de nutrição da UVV e apoio do Sebrae, Instituto Ovos Brasil e União Brasileira de Avicultura (Ubabef).

Com o tema “Ovo: Segurança alimentar e nutricional em discussão”, o evento apresentou o que há de novo em pesquisas sobre o valor nutritivo deste alimento na dieta humana e aspectos de segurança na produção e na manipulação de produtos à base de ovos. O Secretário Executivo da Aves, Nélio Hand, enfatiza que esse tipo de discussão é de suma importância para o setor avícola. “Vemos sempre muita informação distorcida em relação aos nossos produtos. Oportunidades como essa nos ajudam a levar essa informação de maneira coerente”.

Com o tema “segurança alimentar e nutricional em discussão”, evento apresentou o que há de novo em pesquisas sobre o valor nutritivo deste alimento na dieta

Asgav

Produtores de ovos terão linha de crédito especial do BRDE

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m reunião realizada na sede da Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav), em Porto Alegre, RS, representantes do setor de postura comercial iniciaram tratativas para a implantação de linha específica para modernização e readequação dos aviários dos produtores associados. O diretor executivo da Asgav, Eduardo Santos, e o coordenador da comissão de postura comercial da Asgav, Daniel Bampi, apresentaram informações sobre o setor. Logo em seguida, representantes do BRDE apresenta-

ram as linhas e programas de financiamento aos produtores e também a alternativa de uma linha específica para atender o setor. “Esperamos com esta iniciativa propiciar melhores condições de acesso ao crédito para os produtores de ovos do Rio Grande do Sul. Este segmento precisa ser mais valorizado e se auto valorizar no agronegócio e no mercado em geral” diz Eduardo Santos, diretor Executivo da Asgav. A reunião também tratou da futura criação do selo de referência “Ovos RS”. Produção Animal | Revista do Ovo 7


Perspectivas e Retrospectiva

Crescimento apesar das adversidades Postura comercial brasileira enfrentou a alta do milho e a queda da rentabilidade e mesmo assim cresceu 6% em 2011. Para o próximo ano, coerência e união devem ser as palavras de ordem para o bom desempenho do setor

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O

ano de 2011 não foi dos melhores para a avicultura de postura comercial brasileira. O preço alcançado do produto esteve muito próximo ao custo de produção e, algumas vezes, abaixo dele. A rápida análise aqui descrita é do Diretor Executivo do Instituto Ovos Brasil, José Roberto Bottura. “Tivemos pouquíssimos momentos em que o preço do ovo esteve acima do custo de produção”, revela. Mas o que fez este cenário adverso se estabelecer sobre a avicultura de postura comercial em 2011? De acordo com Bottura, foram dois fatores: o primeiro foi a queda nas exportações de ovos, em comparação ao volume exportado em 2010; e o segundo foi a alta do preço dos insumos, principalmente do milho. “As estimativas de exportação de ovos não foram alcançadas neste ano, projetadas em cerca de 28 mil toneladas. Então, tivemos uma maior disponibilidade do produto no mercado interno”, explica. “E a saca de milho batendo na casa dos R$ 30,00, e muitas vezes até ultrapassando esta marca, contribuiu para aumentar, e muito, o custo de produção do ovo e derrubar a margem de lucro do produtor”. O consultor José Carlos Teixeira concorda com Bottura e projeta que a alta do milho, no período entre janeiro e outubro de 2011, passou de 55%. “Esta elevação do milho neutralizou o aumento dos preços conseguidos no mercado de ovos”, acrescenta Teixeira. No entanto, a produção de

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Brasil deve produzir 69 milhões de caixas com 30 dúzias em 2011

Instituto Ovos Brasil estima um consumo per capita de 148 ovos em 2011

ovos no Brasil seguiu firme e forte. Segundo as estimativas do Instituto Ovos Brasil, a produção em 2011 deverá chegar a 69 milhões de caixas com 30 dúzias, o que resulta em um volume 6% maior sobre a produção de 2010, que totalizou 63 milhões de caixas. O consumo per capita também terá desempenho positivo neste ano. O Diretor Executivo do Ovos Brasil estima o fechamento de 2011 com 148 ovos consumidos por habitante. Um acréscimo significativo sobre as 137 unidades per capita do ano anterior. Boa parcela deste resultado é mérito dos trabalhos e dos esforços do Instituto Ovos Brasil com a campanha do Dia Mundial do Ovo (leia mais no box “Celebrando o Ovo”). Na área da sanidade, o setor voltou a enfrentar uma antiga inimiga: a laringotraqueíte infecciosa. Alguns casos no município de Itanhandu, MG, começaram a ser registrados já no final de 2010. Houve mobilização para o controle da doença. No entanto, a cidade paulista de Guatapará também notificou casos da enfermidade e foi autorizada pela Secretaria de Agricultura de São Paulo a realizar a vacinação nos seus plantéis em fevereiro deste ano. “Infelizmente, este é um trabalho de vigília e que tem que ser constante, pois os prejuízos provocados pela laringotraqueíte podem ser devastadores”, alerta Bottura.

2012 E o que vem por aí? Segundo José Carlos Teixeira, em 2012, o Produção Animal | Revista do Ovo 9


Perspectivas e Retrospectiva

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Produção Animal | Revista do Ovo 11


Perspectivas e Retrospectiva

desempenho do setor estará intimamente ligado aos preços dos insumos (grãos, principalmente). “A oferta de milho será melhor, pelas projeções de safra. Porém, o preço não se alterará. Deverá permanecer no patamar de R$ 30,00 a saca”, adianta José Roberto Bottura. Os dois especialistas também compartilham da opinião que entre os maiores desafios da avicultura de postura comercial brasileira para 2012 estão a certificação de ovos em casca e produtos de ovos para ampliar as exportações e o atendimento às exigências das Instruções Normativas 56 e 59, que abrangem o registro, fiscalização e controle de estabelecimentos avícolas comerciais, que se estendem aos produtores de frangos e ovos. “Esta normativa 59, de dezembro de 2009, alterou padrões métricos e prazos da IN 56, de dezembro de 2007, e está prevista para entrar em vigor em 06 de dezembro de 2012. O setor de postura comercial está reagindo muito mal a isso, pois considera algumas regulamentações discutíveis e os prazos muito curtos para uma adequação”, dispara Bottura. “Além disso, o produtor de ovos não dispõe de linhas de crédito específicas para atender a essas exigências”. Segundo ele, várias reuniões deverão ser realizadas já no início de 2012 para fortalecer as

2012: alojar de forma coerente e mais união do setor contrapropostas do setor ao governo. “O que podemos dizer ao setor neste momento, para atravessar o ano de 2012 com um pouco mais de equilíbrio, é alojar de forma coerente. Essa é a única forma de o setor se defender de eventuais crises ou superofertas do produto”.

Trabalho destaque Para Rogério Belzer, Presidente do Conselho do Instituto Ovos Brasil, o País, apesar de ser o sétimo maior produtor mundial de ovos, ainda está abaixo da média mundial de consumo de ovos per capita, que é de 210 ovos. “O trabalho realizado em 2011 pelo Instituto Ovos Brasil merece todo o destaque pela abrangência e pelo feito que conseguiu”, afirma. “Pela primeira vez, conseguimos uma união inédita de empresas do setor para promover ações comemorativas ao Dia Mundial do Ovo, celebrado em 14 de outubro último. Esta tem sido uma tarefa árdua e quase solitária da Diretoria Executiva do Instituto, que vem conseguindo difundir os bene-

fícios nutricionais do ovo, esclarecendo e eliminando todos os mitos sobre o consumo de ovos”, ressalta Belzer. “Creio que hoje podemos afirmar, com segurança, que para a maioria das pessoas, o ovo realmente passou de vilão a mocinho”. Porém, Belzer alerta que o esforço não pode ser interrompido. Ainda falta muito para o Brasil chegar a patamares de consumo de países como México e Japão. “Nestes países, o consumo per capita anual de ovos está acima de 300 unidades”, fala. Um outro grande desafio e que impede o setor de crescer mais rapidamente, segundo Belzer, é a falta de comprometimento e de uma união maior entre os próprios produtores de ovos. “Ainda há muita desconfiança e individualismo que impedem a tomada de decisões que permitam ao setor crescer de forma sustentável, acompanhando a demanda crescente do consumo”, descreve. “Existem várias questões importantes para o setor de postura comercial que não são adequadamente conduzidas pela falta de uma liderança, respaldada pelos produtores, e que possa representá-los de forma efetiva. Tenho esperança de que em 2012 o setor possa seguir com muito mais ações promovidas pelo Instituto Ovos Brasil e que tenhamos uma maior união dos produtores”.

Manifesto “Nenhuma melhoria foi realizada neste ano de 2011 em relação a 2010. O que existe, é uma pressão do Ministério da Agricultura, através dos seus órgãos de controle de sanidade animal, em conjunto com as empresas integradoras, no sentido de fazer prevalecer, até o final de 2012, a IN 56, que estabelece várias regras e preceitos não aplicáveis à base já existente de aviários no Estado de São Paulo. São exigências desmedidas e completamente divorciadas da realidade do setor. Essas exigências passam por substituição de telas de aviários, proibição de circulação entre aviários - que em muitos casos levará o avicultor a mudar sua casa de lugar -, e várias outras que não respeitam o fato de que essa realidade já estava presente antes da criação da Instrução Normativa”. José Silveira Neto – Assofran (Associação dos Avicultores da Central Paulista)

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FOTOS: Crédito: Assessoria de Imprensa Ovos Brasil

Celebrando o ovo Degustação de omeletes em supermercados, receita com ovos em cardápios de restaurantes de algumas das principais empresas do setor, palestras sobre o valor nutricional do ovo para profissionais da saúde, em universidades e escolas particulares e públicas, além de distribuição de gibis, bottoms e bonecos comemorativos. Estas foram algumas das principais ações da campanha de comemoração do Dia Mundial do Ovo no Brasil que, juntas, mobilizaram cerca de 1 milhão de pessoas. A data foi comemorada, simultaneamente em diversos países, no dia 14 de outubro deste ano. Foi a primeira vez que a postura comercial brasileira teve uma campanha com essa projeção. Outra novidade importante é que em 2011 a comemoração do Dia Mundial do Ovo conseguiu reunir representantes de todos os elos da cadeia produtiva, desde os produtores até o varejo, passando por empresas fornecedoras de genética, equipamentos, nutrição, saúde e embalagens. A campanha, organizada pelo Instituto Ovos Brasil e pela Novus, além de outras empresas do setor, também teve a adesão de profissionais voluntários, de conselhos regionais de nutrição, de associações regionais de produtores, da Ubabef, de universidades, de toda a imprensa especializada, além de atletas consagrados como César Cielo e Fabiana Murer. “Estamos muito satisfeitos com o resultado da campanha. Conseguimos levar nossa mensagem de alimento saudável, nutritivo e de baixo teor calórico, um ovo médio tem apenas 70 calorias, a um número expressivo de pessoas. Posso dizer que a meta foi atingida”, declarou o gerente de Marketing da Novus e um dos organizadores do projeto, David Moreno. Ele destaca que o objetivo da campanha foi o de levar informação e esclarecer o consumidor final sobre os mitos e as verdades que envolvem este alimento. “O Dia do Ovo foi uma ótima oportunidade para divulgar informações importantes como o fato de ser um alimento estratégico na dieta humana por ser de fácil preparo, saboroso, pode ser sofisticado, além de ser a fonte de proteína mais barata que existe”, disse o especialista. O Dia Mundial do Ovo foi criado em 1996 pelo International Egg Commission, sediado em Londres, Inglaterra, que considera o alimento perfeito para qualquer refeição. Comemorado sempre na segunda sexta-feira do mês de outubro, o Dia do Ovo é celebrado em todo o mundo para divulgar a todos, de consumidores a jornalistas e profissionais da saúde, as grandes vantagens deste alimento. “Desde seu início em 1996, o Dia Mundial do Ovo tem crescido e a sua influência tem se espalhado por todo o mundo. Hoje, é celebrado com eventos especiais em um número cada vez maior de países, desde as Américas até a Mongólia, da Austrália à China e por toda a Europa”, explica José Roberto Bottura, diretor executivo do Instituto Ovos Brasil. Produção Animal | Revista do Ovo 13

Material de divulgação do ovo

Palestras em escolas sobre a qualidade nutricional do ovo

Degustação de omelete na loja do Extra Anhanguera

Degustação de omelete no Pão de Açúcar Moema


Grão alternativo

Milheto pode substituir o milho em até 100% na ração

Milheto na A alimentação de poedeiras Trabalho avalia efeitos da suplementação do grão alternativo como fonte energética nas rações Autores: Ana Flávia Quiles Marques Garcia, Alice Eiko Murakami, Antonio Cláudio Furlan, Ely Mitie Massuda, Alexandra Potença, Ivan Camilo Ospina Rojas – Departamento de Zootecnia da Universidade Estadual de Maringá (UEM/PR)

utilização de ingredientes alternativos ao milho nas rações, além de uma necessidade para reduzir custos na produção de ovos, é uma oportunidade para encontrar outras fontes energéticas que substituam o milho, sem ocorrer prejuízos no desempenho animal. O milheto destaca-se por ser um ingrediente alternativo ao milho, pelo maior teor de proteína bruta dos grãos e maior concentração de aminoácidos, destacando-se a lisina, a metionina e a treonina (Adeola & Orbam, 1995). De acordo com Rostagno et al. (2005), a composição química do milheto é superior em relação ao milho, verificando-se valores de matéria seca (MS) 89,64 vs 87,11%, de proteína bruta (PB)13,10 vs 8,26%, de gordura 4,22 vs 3,61%. No entanto, os valores de energia bruta (EB) (3894 vs 3925 kcal/kg) e energia metabolizável (EM) para aves


(3168 vs 3381 kcal/kg) foram inferiores ao do milho. A inclusão de milheto em dietas animais apresenta ainda como vantagem a menor susceptibilidade à ocorrência de fungos, diminuindo assim a incidência de problemas como micotoxinas (Bandyopadhyay et al., 2007), e em relação a outros cereais, não possuir fatores antinutricionais, que interferem na digestibilidade, absorção e utilização dos nutrientes. O objetivo deste trabalho foi avaliar os efeitos da suplementação de milheto, como fonte energética nas rações de poedeiras comerciais sobre o desempenho e qualidade de ovos, bem como realizar uma avaliação econômica a fim de verificar a viabilidade da utilização de milheto.

Material e Métodos Foram utilizadas 336 poedeiras comerciais, da linhagem Hy-Line. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado com seis tratamentos (0; 20; 40; 60; 80 e 100% de substituição de milheto ADR 7010), sete repetições e oito aves por unidade experimental. As rações experimentais foram formuladas à base de milho e farelo de soja, considerando-se a composição dos alimentos e as recomendações de Rostagno et al. (2005). O milheto utilizado possuía valores de 4045 kcal/kg de energia bruta e 12,58% de matéria seca. No 28º dia de cada ciclo, foi avaliado o consumo de ração (g/ ave/dia) e a conversão alimentar (kg de ração/kg de ovos e kg de ração/dúzia de ovos), efetuando-se a pesagem das rações no início e ao final de cada ciclo. Os ovos foram coletados diariamente para determinação da produção de ovos (% de postura). Nos últimos três dias de cada ciclo foram avaliados o peso médio dos ovos, a altura de

Utilização do alternativo não afeta o desempenho e qualidade de ovos. A alteração na coloração da gema pode ser evitada com o uso de pigmentantes

Milheto é um alimento semelhante ao milho e não possui fatores antinutricionais, que interferem na digestibilidade, absorção e utilização dos nutrientes

albúmen, a gravidade específica, a porcentagem, a espessura da casca e a coloração da gema. Para verificar a viabilidade econômica da substituição do milho pelo milheto, utilizou-se a equação descrita por Bellaver et al. (1985), que consiste em calcular o custo médio da ração por dúzia de ovos (NUCLEOPAR, 2009). A Margem Bruta Média (MBM) foi obtida pela diferença entre a RBM e o CMR. O Índice de Rentabilidade (IR) foi definido pelo quociente entre MBM e o CMR mostrando a taxa de retorno de cada unidade monetária empregada em ração. O ponto de equilíbrio define a quantidade de produção que apresente retorno zero. No caso, trata-se de ponto de equilíbrio parcial, pois apresenta o volume de produção necessário para cobrir apenas os custos com alimentação. Sendo assim, considerando que a RBM é produto entre a Quantidade em dúzia (Qdz) e o preço de uma dúzia de ovos (Pdz) e o Custo Médio de Produção (CMP) é produto entre a Produção Animal | Revista do Ovo 15


Grão alternativo

Figura 1. Instrumentos utilizados para análise de qualidade de ovo: micrômetro digital (espessura da casca), paquímetro digital (altura de albúmen) e leque colorimétrico (coloração da gema)

quantidade de ração consumida e o preço da ração conforme tratamento utilizado (Pr) temos que: RB =Qdz. Pdz e, CM = Qr x Pr. Logo, o ponto de equilíbrio se estabelece quando: RB=CM; Qdz x Pdz = Qr xPr; Qdz = Qr x Pr/ Pdz. Os dados obtidos foram desdobrados em polinômios ortogonais de forma a permitir a análise de variância e regressão de acordo com suas distribuições, e as médias comparadas pelo teste de Dunnett, utilizando o programa estatístico SAEG.

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Resultados e Discussão Os resultados de desempenho e qualidade de ovos das aves alimentadas com os níveis de substituição de milheto estão representados na Tabela 1. Não foi observado efeito (P>0,05) da inclusão do milheto para consumo de ração (g/ave), porcentagem de postura e conversão alimentar, e isto pode ter ocorrido pelo fato de as aves terem recebido rações isoenergéticas e isoproteicas, além do milheto ser um alimento muito semelhante ao

milho e não possuir fatores antinutricionais. Garcia & Dale (2006) conduziram três experimentos utilizando diferentes níveis de inclusão de milheto na alimentação de poedeiras variando de 0 a 40%, e verificaram que ao utilizar o milheto em níveis de 10% em rações de poedeiras não foi afetada a ingestão de alimentos e a produção de ovos. Murakami et al. (2009), trabalhando com níveis de 0 a 100% de milheto em substituição ao milho nas rações de frangos de corte, observaram efeito linear em níveis crescentes para o ganho de peso das aves. A qualidade interna e externa dos ovos avaliados não foi afetada (P>0,05) pelos níveis de inclusão de milheto. No entanto, houve redução linear (P<0,05) para o índice de pigmentação da gema à medida que se aumentou a inclusão de milheto nas rações (Y = 5,75435 – 0,0112562X; R2 = 0,96). Estes resultados concordam com os encontrados por Café et al. (1999) e Filardi et al. (2005), que avaliaram o desempenho produtivo e a qualidade de ovos de poedeiras comerciais, com níveis que variam de 0 a 100% de inclusão de milheto em substituição ao milho. Verificaram que a utilização de milheto não afetou o desempenho e


qualidade de ovos, exceto para coloração de gema, a qual piorou à medida que os níveis de milheto foram crescentes na ração,o que pode ser evitado com o uso de pigmentantes. Para Carvalho et al. (2006), os carotenoides são responsáveis pela coloração da gema do ovo, podendo ser controlada pela dieta. Porém, a utilização ou não de pigmentantes naturais ou artificiais irá depender da finalidade da criação, bem como dos consumidores finais deste produto. O índice de pigmentação para o tratamento-controle foi de 5,75. Esses resultados contradizem os obtidos por Café et al.(1999), que verificaram valores próximos a sete. Este valor pode variar de acordo com a concentração de carotenoides presentes no milho, o que consequentemente irá interferir na coloração da gema. Na Tabela 2 encontram-se os valores referentes à avaliação econômica. Em relação ao tratamento apenas com milho, o custo médio de ração (CMR) diminuiu (P<0,05) a partir do nível de 40% de inclusão de milheto. Para todos os parâ-

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Grão alternativo

não foi observado diferença em relação ao controle, pois foi influenciado pelo consumo da ração. Observou-se que a adição de 100% de milheto na ração apresenta MB 8,06% maior do que a obtida com a ração com 100% milho. O IR, por sua vez, com a adição de 100% de milheto é 19,38% maior que o obtido no tratamento com 100% de milho. Com relação ao ponto de equilíbrio, níveis a partir de 40% diferiram do controle (P<0,05), apresentando valores menores à medida que se incluiu o milheto nas rações. Assim, para o tratamento-testemunha (milho) são necessários seis ovos para se cobrir os custos com a ração (0,46 dúzias). O tratamento com 80% e 100% de milheto na ração requer cinco ovos (0,42 dúzias).

Conclusão

metros avaliados, o tratamento com 20% de adição de milheto não diferiu do controle (P>0,05). Nos demais níveis de adição, a margem bruta (MB) e o índice de rentabilidade (IR) são mais elevados. O IR significa que para cada R$ 0,70 gasto por quilo de ração com o tratamento-controle, obteve-se retorno de 118%. A Tabela 3 contrapõe os diversos tratamentos fixando o valor base de 100 no tratamento com milho. Com relação ao controle, houve efeito (P<0,05) para CMR, MB e IR, os quais melhoraram a partir do nível de inclusão de 40% de milheto. Para o nível de 20% 18 Produção Animal | Revista do Ovo

Poedeiras podem ser alimentadas com milheto sem prejuízos no desempenho produtivo e qualidade externa dos ovos

Em relação ao tratamento apenas com milho, o custo médio da ração com milheto diminuiu a partir do nível de 40% de inclusão do alternativo

Nas condições em que o experimento foi conduzido, concluiu-se que o milheto pode substituir o milho, em até 100% na ração, sem prejuízos no desempenho produtivo e qualidade externa dos ovos de poedeiras. Com relação à avaliação econômica, apenas o nível de 20% de substituição por milheto apresentou menor rentabilidade pelo preço da ração quando comparado ao milho. Assim, o milheto pode ser um importante alimento alternativo ao milho nas formulações de rações, total ou parcialmente, em regiões onde houver disponibilidade do mesmo, ou em caso de escassez de matéria prima. Porém, deve-se considerar a necessidade da inclusão de pigmentantes para a adequada coloração da gema do ovo, que irá variar de acordo com as necessidades do mercado consumidor. A íntegra deste trabalho, com a bibliografia, está disponível www. avisite.com.br/cet.


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