Edição 42 Revista do Ovo

Page 1


MAIS PROTEÇÃO

E SEGURANÇA

PARA O SEU PLANTEL Redução de reações vacinais com eficácia comprovada YOKEI®-5 ME é uma vacina que utiliza a tecnologia da microemulsão, o que reduz o risco de lesões nas aves, resultando em maior bem-estar e ganhos na produtividade.

VANTAGENS: MAIS SEGURA Com uma dose concentrada (0,3mL), protege o plantel contra os maiores desafios da produção.

BENEFÍCIOS EM DOSE ÚNICA PREVENINDO E CONTROLANDO AS DOENÇAS: Bronquite Infecciosa Doença de NewCastle

MAIS PRÁTICA Sua fluidez é facilitada devido a sua base em microemulsão, permitindo melhor aplicação.

Síndrome da Queda de Postura (EDS-76) Coriza Infecciosa

MENOS LESÕES A microemulsão diminui o risco de lesões que resultam em apatia, atraso na entrada da postura, queda na produção e até a morte.


Editorial Ciência, pesquisa e economia A Revista do Ovo traz nesta edição os principais caminhos pelos quais a avicultura de postura deve passar para vislumbrar sua evolução. De um lado, as questões envolvendo as exportações, como destacado por Ricardo Santin em seu artigo que aponta os esforços do setor para buscar mais abertura ao produto brasileiro no exterior. Outro ponto é a primeira campanha publicitária feita por uma empresa do setor de ovos. Na vanguarda, a Ovos Mantiqueira que inicia uma campanha orçada em R$ 1,2 milhão para aumentar suas vendas e valorizar ainda mais, além de seu produto, o ovo, como um todo. Neste contexto, toda a avicultura de postura sai ganhando! O Instituto Ovos Brasil (IOB) traz dois artigos científicos. No primeiro, estudos comprovaram que além dos receptores para gostos (doce, salgado, amargo e o azedo) existem outros distribuídos não só na língua, mas em todo o trato digestório e também no cérebro, que se ligam ao ácido glutâmico – ou glutamato – e que são responsáveis por um gosto diferenciado, chamado umami. “Traduzido como saboroso ou gostoso, o gosto umami se deve pela presença do ácido glutâmico, um aminoácido não-essencial presente em vários alimentos, entre eles o ovo”, aponta o artigo da nutricionista Lúcia Endriukaite. E, em um outro artigo, o foco é o selênio que, dentre as vitaminas, minerais e a proteína naturalmente presentes nos ovos, tem recebido muita atenção da classe médica e de nutricionistas. E ainda: a cobertura do Congresso de Ovos da Associação Paulista de Avicultura, os números do setor e muito mais. Boa leitura!

12

As possibilidades para o mercado externo

Ovo: um alimento Umami

Publicação Bimestral nº 42 | Ano V Abril e Maio/2017

expediente Publisher Paulo Godoy paulogodoy@avisite.com.br Redação Érica Barros (MTB 49.030) Giovana de Paula (MTB 39.817) imprensa@avisite.com.br Comercial Karla Bordin comercial@avisite.com.br Assistente de Marketing Simone Barbosa

Sumário

Exportação de ovos

Mundo Agro Editora Ltda. Rua Erasmo Braga, 1153 13070-147 - Campinas, SP

09

O gosto umami se deve pela presença do glutamato, um aminoácido não-essencial presente em vários alimentos, entre eles o ovo

04 08 10 16 18 26 28 30 32

Eventos e Notícias Curtas Mantiqueira investe em campanha publicitária Selênio: a ‘bola da vez’ para uma vida mais saudável

Diagramação e arte Mundo Agro e Innovativa Publicidade luciano.senise@innovativapp.com.br Internet Gustavo Cotrim webmaster@avisite.com.br Administrativo e circulação Caroline Esmi financeiro@avisite.com.br Sigam as nossas mídias sociais:

Destaque Conbrasul @revistadovo

Caderno Congresso APA

Multiplex qPCR em tempo real e microbiologia convencional para diagnóstico diferencial e quantificação de Salmonella Gallinarum e Salmonella Pullorum em fígado e conteúdo cecal de aves

www.facebook.com/ovosite

Para facilitar o acesso às matérias que estão na internet, disponibilizamos QrCodes. Utilize o leitor de seu computador, smartphone ou tablet

Destaque Simpósio OvoSite Artigo Técnico Comercial Agroceres Multimix Estatísticas

Revista do Ovo

3


Eventos

2017 Maio 21 a 24 One: Simpósio de Ideias Alltech

Notícias Curtas Tudo pronto

Definida a Comissão do Concurso de Qualidade de Ovos de Bastos 2017

Local: Lexington, Kentucky (EUA) Realização: Alltech E-mail: eventosbr@alltech.com Site: go.alltech.com/one2017-pt

Junho 08 a 09 XIII Simpósio Goiano de Avicultura Local: Castro´s Park Hotel, Goiânia, GO Realização: Associação Goiana de Avicultura (AGA) Telefone: (62) 3203-3665 E-mail: simposiogoiano@terra.com.br Site: www.agagoias.com.br/site/index.php

11 a 14 Conbrasul - 1ª Conferência Brasil Sul da Indústria e Produção de Ovos Local: Wish Serrano Resort e Convention, Gramado, RS Realização: Asgav e Ovos RS E-mail: conbrasul@asgav.com.br Site: www.asgav.com.br

20 a 23 4ª Favesu - Feira de Avicultura e Suinocultura Capixaba Local: Venda Nova do Imigrante, ES Realização: AVES e ASES E-mail: comercial@favesu.com.br Site: www.favesu.com.br

29 Avicultor 2017 Local: Rua Pitangui, 1904, Sagrada Família, Belo Horizonte – MG Realização: Avimig (Associação dos Avicultores de Minas Gerais) Telefone: (31) 3482-6403 E-mail: avimig@avimig.com.br Site: www.avimig.com.br/avicultor

4

Revista do Ovo

Está definida a nova comissão de avicultores que vai realizar o 58º Concurso de Qualidade de Ovos de Bastos, tradicional evento que acontece dentro da programação da Festa do Ovo, em julho. O prefeito Manoel Rosa assinou portaria que nomeia oficialmente 17 integrantes, todos avicultores ou médicos veterinários com atuação destacada na dinâmica produção de ovos do município, que desde os anos 1960 é conhecido como Capital do Ovo. A portaria nº 4.862/17 nomeia para a Comissão Municipal do Concurso de Qualidade de Ovos 2017: Christian Hideyuki Maki (presidente), Rodrigo Ono (vice-presidente), Gustavo Nagai (tesoureiro), Jorge Hiro Miyakubo e Dante Yuji Miyakubo (ambos nos cargos de secretários) e os demais membros: Alexandre Murakami, Alfredo Nakanishi, Fábio Ikeda, Fábio Murakami, Leonardo Yoshikawa, Luciano Ono, Luís Hirai, Matheus Mizuma, Milton Mizuma, Paulo Ueyama, Sérgio Kakimoto e Wagner Mizohata. Escolhido pela quarta vez consecutiva para presidir os trabalhos da Comissão Organizadora, o avicultor Christian Maki destaca que Bastos vem, ao longo das últimas décadas, investindo também em qualidade e que o Concurso de Qualidade é o palco onde isso fica bastante claro: “A cada ano vemos que a seleção dos ovos de alto padrão fica cada vez mais desafiante para os juízes, porque os ovos inscritos têm estado dentro de parâmetros superiores de qualidade. Percebe-se claramente ali a evolução da avicultura de Bastos e região”. Para o presidente, o Concurso contribui muito com isso, pois ele estimula as granjas a buscarem boas práticas de produção e biosseguridade para ter ovos mais competitivos e conseguir ranquear no Concurso de Qualidade de Ovos de Bastos. A cada ano são premiados os campeões em Qualidade nas categorias Ovos Brancos, Ovos Vermelhos e Ovos de Codorna, sendo estabelecido um ranking dos seis melhores colocados em ovos de galinha e três melhores em ovos de codorna. Tendo em vista o prestígio nacional que as granjas alcançam quando se destacam no Concurso de Bastos, pode-se afirmar que o mais importante para os produtores é ter suas marcas destacadas como campeãs ou mesmo ranqueadas. “O troféu conquistado em qualquer uma das posições do ranking final do Concurso é sempre uma vitória. Ele demonstra que a granja tem um trabalho de qualidade em sua produção”, afirma Christian Maki.


Sucesso

II Programa de Capacitação Ovos RS atrai muitos participantes Aconteceu no final de abril, o II Programa de Inovação e Capacitação Ovos RS, na cidade de Bento Gonçalves, na serra gaúcha. Foram abordados assuntos como as Implicações do Novo RIISPOA para Atividade de Produção de Ovos apresentado por Leonardo Isolan do MAPA/RS, as Normativas do MAPA que definem regras de biosseguridade, apresentadas por Taís Oltramari Barnasque também do Ministério da Agricultura SFA-RS. O encontro também contou com palestra sobre Controle de Pragas e Roedores pela empresa ENGETEC, as Ferramentas e Programas do Senai para o setor de alimentos, Ações de Prevenção Sanitária contra Influenza Aviária, Documentos e Registros de Qualidade e Programa de Controle de Resíduos. “Tivemos um excelente público e palestrantes comprometidos com nossa proposta de trabalho e conseguimos realizar um bom encontro, pois ali estavam aqueles que acima de tudo buscam a evolução e o aprimoramento de suas atividades” registrou José Eduardo dos Santos - Coordenador do Projeto Ovos RS.

Evento

XIII Simpósio Goiano de Avicultura: Influenza aviária e o território brasileiro

O XIII Simpósio Goiano de Avicultura será realizado nos dias 08 e 09 de junho, no Salão de Eventos do Castro´s Park Hotel, em Goiânia, Goiás. Com o objetivo de promover um debate sobre as mais recentes pesquisas e tecnologias na área, o encontro deve reunir cerca de 300 participantes, representando todos os elos da cadeia produtiva, como produtores, médicos veterinários, zootecnistas, professores, estudantes, pesquisadores, empresários, empresas dos segmentos de nutrição, saúde, genética, biossegurança entre outros.

Programação A programação deste ano será dividida entre os seguintes Painéis: “Um Geral Sobre a Avicultura Brasileira”, “Frangos de Corte” e “Poedeiras”, englobando os temas de Produção, Manejo, Sanidade, Qualidade na avicultura e Nutrição. As inscrições podem ser feitas pelo site www.agagoias.com.br. Outras informações podem ser obtidas pelos telefones (62) 3203.3665 e pelo e-mail simposigoiano@terra.com.br. A Revista do OvoSite

5


Notícias Curtas Recuperação

Valor da produção agropecuária deve alcançar R$ 550 bi

Alavancado pelo bom desempenho das safras de soja e milho, o valor bruto da produção (VBP) agropecuária do país caminha para se recuperar do tombo de 2016, quando adversidades climáticas prejudicaram a colheita desses grãos e de diversas outras culturas, e bater um novo recorde histórico neste ano. Segundo levantamento divulgado em março pelo Ministério da Agricultura, o VBP do setor deverá somar R$ 550,4 bilhões em 2017, R$ 2,5 bilhões a mais que o projetado em fevereiro e montante 4,2% - ou R$ 22,1 bilhões - superior ao calculado para 2016. Para os 21 produtos agrícolas que fazem parte da pesquisa, o ministério passou a prever um VBP de R$ 370,9 bilhões, R$ 3,8 bilhões acima da previsão do mês passado. Se confirmado, esse total representará um aumento de 7,8%, ou R$ 26,7 bilhões, em relação a 2016. Para o VBP dos cinco principais produtos da pecuária brasileira, entretanto, a estimativa do ministério caiu para

R$ 179,5 bilhões, ante os R$ 180,8 bilhões estimados em março e os R$ 184,1 bilhões de 2016. Entre todos os produtos que compõem o levantamento, a soja é o carro-chefe, com VBP agora projetado em R$ 127,3 bilhões, incremento de 9,6% sobre 2016. Mas o grande destaque continua a ser a recuperação do milho depois das perdas observadas no ano passado. Para o cereal, o ministério elevou sua previsão de VBP em 2017 para R$ 58,1 bilhões, 39,7% mais que em 2016. Entre a soja e o milho estão os bovinos, com VBP que passou a ser estimado em R$ 71,5 bilhões, em queda de 2,2% na comparação com o ano passado. Na sequência vem a cana-de-açúcar (R$ 54,3 bilhões, alta de 2%) e o frango (R$ 48,9 bilhões, baixa de 11,3%). Enquanto a cana continua a se recuperar de uma crise que marcou boa parte desta década, bovinos e frango sentem a pressão, sobretudo, de um mercado doméstico ainda retraído para as carnes.

Consulta pública

MAPA busca efetivar registro genealógico de aves Atendendo ao pedido da Associação Nacional dos Criadores da Raça Índio Brasileiro (ANCRIB), o Ministério da Agricultura abriu consulta pública para avaliação de Projeto de Instrução Normativa propondo a inclusão das aves como espécies consideradas de interesse zootécnico e econômico para fins de registro genealógico animal. Justificando a abertura da consulta pública, o Secretário de Defesa Agropecuária do MAPA, Luiz Eduardo Rangel, observa que a legislação existente não contempla as aves como espécies consideradas de interesse zootécnico e econômico para fins de registro genealógico animal. A propósito, explica que os programas de melhoramento genético da avicultura comercial são constituídos por linhagens, linhas de macho e fêmea, fortemente dissociados dos

6

A Revista do OvoSite

conceitos de raça, desenvolvidas em sistemas de produção em forma de pirâmide, com núcleos de seleção, multiplicadores e terminadores. Daí concluir que o registro genealógico não constitui atualmente uma ferramenta importante ao melhoramento genético das aves, motivo pelo qual o MAPA as excluiu da legislação pertinente. Não obstante, ouvindo o pleito da ANCRIB – que solicita registro no MAPA para execução dos serviços de registro genealógico da raça Índio Brasileiro – decidiu-se pela consulta pública, aberta pelo prazo de 30 dias contados a partir da data da publicação no Diário Oficial da União (26/04/2017). O texto do Projeto está disponível no site do MAPA (www.agricultura.gov.br)


Evento

Avicultor 2017 será realizado em junho

Opinião

“Há muito por fazer pela cadeia de produção do ovo e para integrar o ovo no dia a dia da dieta do brasileiro” Por Osler Desouzart, Membro da Diretoria Consultiva do World Agricultural Forum

O maior evento sobre avicultura de Minas, realizado pela Associação dos Avicultores de Minas Gerais (AVIMIG). O evento acontecerá no dia 29 de junho, em Belo Horizonte, com programação de palestras ligadas ao setor e da tradicional feira de Negócios. Data: 29/06/2017 Local: Sede da Avimig Endereço: Rua Pitangui, 1904 – Sagrada Família – Belo Horizonte/MG Realização: Avimig Mais informações: (31)3482-6403 ou avimig@avimig.com.br

“Vivemos os tempos de “food scare”, o medo de alimentos, provocado por inúmeras reportagens que anunciam o apocalipse para distintos alimentos. Os desmentidos e as provas em contrário são esquecidos nas páginas internas ou nas horas mortas da mesma mídia que acionou as trombetas apocalípticas. Nosso ovo foi vítima durante décadas de ataques motivados por ignorância, uma esclerose ótica científica que só permitia ver um aspecto, ou por simples falta de conhecimento científico avançado. Hoje a imprensa mundial noticia que o vilão do colesterol de ontem tornou-se um valioso bem da nutrição humana, particularmente indicado nas primeira e terceira idades. Hoje universalmente já se proclama que o ovo é saúde com economia e sabor. No Brasil, que por décadas patinou num consumo de menos de 100 ovos/ano por habitante, as vozes isoladas de defesa do ovo ampliaram seu alcance quando se uniram ao Instituto Ovos Brasil. O resultado é que em poucos anos alcançamos um consumo de 180 ovos/ano per capita e hoje se sabe mais sobre as vantagens da integração do ovo no dia a dia de nossa alimentação, seguindo o que preconiza a FAO (Organização da Alimentação e da Agricultura da ONU): viva melhor com um ovo por dia”.

A Revista do OvoSite

7


Marketing

Granja Mantiqueira lança sua primeira campanha publicitária em 30 anos Com investimento inicial estimado em R$ 1,2 milhão, campanha pretende solidificar a marca da empresa. É a primeira vez uma empresa produtora de ovos investe em marketing de massa

A Leandro Pinto, Diretor da Mantiqueira: “Acredito que a Mantiqueira sempre teve um espírito muito inovador, sendo pioneira em tecnologia e automação no processo de produção de ovos no Brasil. É por isso que ser a primeira marca de ovos a anunciar na mídia de massa é motivo de muita alegria, mas também o início de uma revolução do mercado que trará grandes desafios. Reconhecemos que estamos colhendo frutos de um trabalho árduo que começou há 30 anos com simplicidade e comprometimento em fornecer um alimento saudável às famílias brasileiras” Campanha pretende elevar o humor e dinamismo junto a uma linguagem simples, para atingir todas as famílias sem distinção

Granja Mantiqueira, uma das 12 maiores do mundo e a maior produtora de ovos do Brasil e da América do Sul, lança com a agência 11:21, do Rio de Janeiro (RJ), a primeira campanha publicitária da marca em 30 anos. As primeiras peças institucionais destacarão os 30 anos da marca no Brasil e o pioneirismo no desenvolvimento de granjas totalmente automatizadas, que permitem que o ovo chegue às embalagens, sem passar por mãos humanas. Na segunda etapa, a campanha apresenta os Ovos Gourmets, que têm como principal característica a gema forte com coloração intensa, indicada para receitas de chefs e cozinheiros da alta gastronomia, que pretendem realçar a cor dos pratos. A ideia é provar que toda dona de casa pode fazer pratos com toque gourmet, apenas usando os ovos da nova linha. Com investimento inicial estimado em R$ 1,2 milhão e lançamento realizado na segunda quinzena de abril, a campanha será exibida em TVs aberta e fechada e mídia exterior, até o final deste ano. A comunicação começou focada no Rio de Janeiro, onde a marca tem grande capilaridade na distribuição e numa segunda fase deve se expandir para outros estados. Para o diretor da agência 11:21, Gustavo Bastos, o grande desafio da campanha é falar com a dona de casa de todas as classes sociais. “Criamos cinco peças publicitárias e todo o roteiro foi pensado em elevar o humor e dinamismo junto a uma linguagem simples, para atingir todas as famílias sem distinção. O objetivo é causar uma revolução no mercado de ovos, fazendo com que o consumidor compre pela marca”. “Temos um grande desafio, mas também uma grande oportunidade pela frente. Sempre brinco que fazer o marketing da Mantiqueira é muito fácil, já que o mais difícil é feito no campo pelo nosso time. A nós, só cabe contar ao público todos os diferenciais e todo o excelente trabalho feito pela empresa para levar um dos alimentos mais saudáveis de forma tão segura à mesa de nossos consumidores” comenta Amanda Pinto, Gestora de Marketing da Granja Mantiqueira.

8

Revista do Ovo


Nutrição

Ovo: um alimento Umami O gosto umami se deve pela presença do ácido glutâmico ou glutamato, um aminoácido não-essencial presente em vários alimentos, entre eles o ovo

Lúcia Endriukaite é Nutricionista do Instituto Ovos Brasil

F

isiologicamente a língua possui receptores pelos quais podemos perceber ou sentir gostos, como o doce, o salgado, o amargo e o azedo, mais conhecidos das pessoas. No entanto, estudos realizados nas décadas de 80 e 90 comprovaram que além dos receptores para estes gostos, existem outros distribuídos não só na língua, mas em todo o trato digestório e também no cérebro, que se ligam ao ácido glutâmico – ou glutamato – e que são responsáveis por um gosto diferenciado, chamado umami. A descoberta, ou identificação, deste gosto é muito antiga, datada de 1908 pelo Dr. Kikunae Ikeda e foi efetivamente reconhecida como o quinto gosto do paladar humano em 2000(1). Traduzido como saboroso ou gostoso, o gosto umami se deve pela presença do ácido glutâmico ou glutamato, um aminoácido não-essencial presente em vários alimentos, entre eles o ovo(1). O tomate, e seus derivados, e o queijo parmesão são os alimentos mais ricos em ácido glutâmico e nucleotídeos guanilato e inosinato, que proporcionam o gosto umami. Por

isso, é possível entender porque a macarronada ou a pizza são tão apreciados pela população, além de ser um hábito cultural entre nós, brasileiros (1, 2). O ácido glutâmico promove a salivação através de um mecanismo de ativação dos nervos gustativos, enviando informações ao centro cerebral que é responsável pela salivação. Assim, o gosto umami promove benefícios principalmente aos idosos que possuem uma redução na produção de saliva, que ocorre tanto com o processo de envelhecimento como pela ingestão de medicamentos. Portanto, a salivação favorece a deglutição e também o processo de digestão. A interação ou combinação entre os sabores com o gosto Umami melhora a palatabilidade dos alimentos, favorecendo a redução do sal de adição nas preparações. O gosto Umami pode ser percebido a partir de uma quantidade mínima de ácido glutâmico livre presente no alimento que é de 1,2 mg / 100mg de ácido glutâmico do alimento(1, 3). O ovo é considerado um alimento umami porque possui em sua compo-

sição cerca de 10 mg de ácido glutâmico por unidade, sendo que a gema apresenta a maior concentração, que é de 7,5 mg por unidade(3). Assim, o consumo de ovo cozido oferece além de ácido glutâmico, nutrientes como proteínas – relacionadas ao desenvolvimento , regeneração, transportes de nutrientes – vitaminas do complexo B – como a vitamina B12, o ácido fólico e a colina – vitaminas A, D, E, K, luteína e zeaxantina e minerais como ferro, magnésio, selênio – importantes para a nutrição do organismo. Coma ovo, seu corpo agradece! Referências: 1. Reyes, F. G. - ‘Umami e Glutamato: Aspectos Químicos, Biológicos e Tecnológicos, São Paulo, Editora Plêiade; 2011. 2. Lindermann, B. - ‘A taste for umami’ - Nature Neuroscience, volume 3, edição 2; 2000. 3. Giacometti, T. - ‘Free and Bound Glutamate in Natural Products’ - In: Filer LJ, Garattini S, Kare MR, Reynolds WA, Wurtman RJ, editors. Glutamic acid: Advances in biochemistry and physiology. New York: Raven Press; 1979. Revista do Ovo

9


Instituto Ovos Brasil

Selênio: a ‘bola da vez’ para uma vida mais saudável Ingerido em quantidades adequadas, o mineral presente nos ovos auxilia no fortalecimento do sistema imunológico, no controle glicêmico e na regulação da tireoide

D

entre as vitaminas, minerais e a proteína naturalmente presentes nos ovos, o selênio tem recebido muita atenção da classe médica e de nutricionistas. Estudos recentes têm comprovado seus benefícios à saúde humana, principalmente no fortalecimento do sistema imunológico e no controle glicêmico. Por possuir em sua composição vários minerais, tais como cálcio, ferro, fósforo, potássio, magnésio, zinco e o selênio, o ovo tem se tornado um importante aliado para uma boa alimentação e vem sendo cada vez mais reconhecido como um “superalimento”. Em geral, os alimentos de origem animal, quando comparados aos de origem vegetal, apresentam maior absorção de selênio, como é o caso do ovo. Além disso, a composição da gema favorece ainda mais este processo no organismo, aproveitando muito melhor a capacidade nutricional do alimento. “Para adultos, a recomendação da ingestão do selênio varia entre

45 a 55 microgramas por dia, conforme recomendação do Instituto de Medicina dos Estados Unidos (IOM). O limite diário máximo de ingestão é de 400 mcg”, reforça Lúcia Endriukaite, nutricionista do Instituto Ovos Brasil. Confira na página a seguir a tabela por idade com as recomendações de consumo do selênio: Para se ter uma ideia do que estes números significam na prática, um ovo possui cerca de 15 mcg de selênio, o que representa algo em torno de 33% das necessidades diárias de um adulto, atendendo às necessidades nutricionais diárias. Além dos ovos, outro alimento conhecido como grande fonte de selênio é a castanha-do-pará. Contudo, é preciso ter atenção redobrada com o consumo em excesso do alimento. A concentração do mineral na amêndoa costuma variar bastante de acordo com a origem do produto e pode ultrapassar bastante o recomendável diário, causando até mesmo uma intoxicação. Cereais, cogumelos, atum, aveia, carnes e derivados como

Fonte: Instituto de Medicina dos Estados Unidos (IOM)

10

Revista do Ovo

a farinha de trigo e os queijos também podem colaborar com a ingestão da substância. Além de possuir as quantidades adequadas e recomendáveis de selênio para o organismo, o ovo possui outra grande vantagem ao ser escolhido como fonte de selênio: o custo-benefício. Mais barato e acessível, o alimento é extremamente balanceado e possui em sua composição vitaminas lipossolúveis (A,D,E,K), vitaminas do complexo B, carotenoides luteína e zeaxantina, além de minerais, que fazem dele um alimento completo.

A importância do selênio Minerais são micronutrientes fundamentais para o organismo, pois participam de forma intensa nas funções estruturais – que abrangem tecidos e ossos –, musculares, na transmissão de impulsos nervosos e no transporte de nutrientes. “O selênio é um elemento que afeta positivamente a fertilidade e a capacidade reprodutiva, atua na proteção contra xenobióticos


e metais pesados e desempenha funções biológicas essenciais, como a conversão de T4 (tiroxina) em T3 (trIiodotironina), importante para a manutenção do metabolismo. Sua deficiência está relacionada a desordens nas reações químicas celulares, o que favorece o surgimento de desequilíbrios e doenças”, aponta Lúcia, que reforça que o selênio é um dos minerais presentes em expressiva quantidade no alimento. Existem evidências positivas sobre a participação do selênio no processo de controle glicêmico, necessidade constante principalmente no cotidiano de diabéticos, além de sua poderosa ação antioxidante e da regulação do organismo para reduzir a ocorrência de inflamações. Por ser essencial para os processos celulares e atuar no DNA, o selênio também está relacionado à prevenção das mutações que podem ocasionar câncer, doenças cardíacas e na regulação da tireoide, o que permite melhor controle dos hormônios e do metabolismo, proporcionando maior equilíbrio da saúde do corpo. Ainda há muitos outros estudos em andamento e que apontam para uma série de benefícios do selênio, tais como a redução dos sinais de envelhecimento prematuro e o aumento da saúde dos cabelos. Espera-se que nos próximos anos haja ainda mais novidades positivas a respeito do consumo adequado do selênio.

Revista do Ovo

11


Exportação de ovos

As possibilidades para o mercado externo Existe grande potencial a ser desenvolvido para as exportações de ovos produzidos no Brasil

Ricardo Santin, Vice-Presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA): “Grandes esforços têm sido realizados para expandir os embarques de ovos”

O

ovo vem ganhando cada vez mais espaço na mesa do Brasileiro. Em menos de 10 anos, saltou 50 unidades no consumo per capita, chegando a 190 unidades em 2016, segundo número da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). Fortes campanhas realizadas por diversas entidades, entre elas, o Instituto Ovos Brasil (IOB), foram fundamentais neste processo. No mercado externo, entretanto, segue passos mais complexos. Com uma produção brasileira de 39,1 bilhões de unidades, o Brasil exportou 10,4 mil toneladas em 2016 - menos de 1% do total produzido. São muitos os fatores que influenciam os embarques de ovos. Um deles é o mercado interno que, em melhores condições, acabam retraindo os volumes que seriam embarcados. E, neste momento de crise, proteínas mais baratas como o ovo se tornam mais competitivas no prato do brasileiro.

12

Revista do Ovo

Apesar disto, os esforços de internacionalização da cadeia produtiva não param – especialmente para aumentar a venda de produtos com maior valor agregado, incrementando a rentabilidade dos embarques. Compradores dos Emirados Árabes Unidos e o Japão são os grandes destaques. Antes, Angola era o principal destino, mas desacelerou suas compras. Houve uma reformatação do mercado, com um novo desenho para as exportações. Credita-se a isto, em grande parte, o forte trabalho desenvolvido pelo Projeto Setorial Brazilian Egg, gerido pela ABPA em parceria com a Apex-Brasil. Tanto os Emirados Árabes Unidos quanto o Japão já eram mercados-alvo há anos do Projeto Setorial Brazilian Chicken, onde construímos valores sólidos sobre a qualidade, a sustentabilidade e o status sanitário do produto made in Brazil. A partir da expertise deste bem-sucedido projeto, caminhamos para uma ação conjunta entre o marketing internacional da car-

ne de frango e o do setor de ovos, que ainda tem muito território a conquistar. Neste sentido, materiais promocionais, ações especiais com os importadores, autoridades e imprensa estiveram no radar dos segmentos. Sob a trilha do frango, o ovo expandiu seus negócios e incrementou sua participação nestes mercados. Vale ressaltar que o Japão é visto pelo mundo como referência internacional, em termos de exigências de qualidade e status sanitário. Exportar para o Japão é quase como conquistar uma certificação de “top do mundo” nestes quesitos. Neste sentido, a abertura do mercado japonês para os nossos produtos colocou o Brasil em um outro patamar. O fato das vendas continuarem em ritmo ascendente reforça isto. Um fator essencial neste contexto é a qualidade de nosso produto. Em primeiro lugar, cumprimos todas as exigências em termos de qualidade, atestadas pelo Plano Nacional de Controle de Resíduos e Contaminantes (PNCRC). Ao mesmo tempo, o cumprimento às exigências estabelecidas pelas autoridades locais, somadas ao fato de nunca termos registrado Influenza Aviária em nosso território reforçam nossa condição sanitária. Nossos exportadores cumprem à risca as legislações da Organização Mundial de Saúde Animal e do Codex Alimentarius. São questões relevantes neste processo de validação para a abertura de mercado. Para estes mercados, a qualidade é o requisito mais importante, junto com a sanidade. Além disso, obviamente, somos um mercado competitivo em termos de custos de produção (salvo neste momento de crise de insumos), o que nos favorece como fornecedores. Cumprimos, ainda, todas as legislações relati-


vas ao bem-estar animal estabelecidas pela Organização Mundial de Saúde Animal, algo que é reconhecido por estes mercados. O resultado disto temos visto recentemente, com a abertura de novos mercados para o Brasil. Recentemente, o Chile abriu suas portas para o produto brasileiro. Outras negociações estão em andamento, como é o caso dos Estados Unidos e União Europeia - mas há ainda alguns entraves. No caso da União Europeia, avançamos com a constituição de um PNCRC específico para o setor de ovos, que também beneficia o início dos negócios com os EUA. Estes processos, entretanto, são lentos e enfrentam o protecionismo dos mercados. Fato é que grandes esforços têm sido realizados para expandir os embarques de ovos. Na esteira dos trabalhos já realizados para o setor de frangos, estamos atuando para buscar novas oportunidades para os exportadores de ovos, utilizando sinergias em estratégias conjuntas das duas cadeias produtivas. Avanços

Exportações de ovos Houve retração de 62,5% nos volumes embarcados neste primeiro trimestre em relação ao período anterior, com total de 2,072 mil toneladas (contra 5,5 mil toneladas em 2016); Em receita, houve retração de 59,3%, com US$ 2,8 milhões – no ano passado, foram US$ 6,9 milhões no período; Considerando a comparação entre março deste ano e o mesmo mês de 2016, houve decréscimo de 70,5% nos volumes embarcados, com 427 toneladas efetivadas no período – e de 69,3% em receita – com US$ 627 mil; Principal destino do produto brasileiro, os Emirados Árabes Unidos importaram 1,5 mil toneladas no primeiro trimestre (-61%). No segundo lugar, o Japão importou 272 toneladas (-68%).

aconteceram e temos certeza que, em breve, os números serão ainda mais representativos. Os esforços são de todos, do poder público e da iniciativa privada. O profissionalismo está em todos os elos, mas é preciso que mais empresas enxerguem a oportunidade que temos como exportadores de ovos. Temos um produto de al-

tíssima qualidade e demandado pelo mundo. Infelizmente, muitas empresas desaceleram suas estratégias de internacionalização quando o mercado interno aquece. É preciso investir em ambos os mercados para tornar a cadeia produtiva cada vez maior, mais rentável e globalizada. O ovo brasileiro é diferenciado e merece o mundo.

Revista do Ovo

13


Literatura

Purdue University (EUA) lança o livro “Egg Innovations and Strategies for Improvements” O livro trata dos aspectos relacionados à produção de ovos e seu desenvolvimento para a sustentação do consumo humano em nível mundial

A

O livro compara os vários aspectos relacionados à produção e bem-estar das aves, seguindo os movimentos mundiais do uso dos animais na produção de alimentos para o consumidor moderno

14

Revista do Ovo

Purdue University, nos Estados Unidos, lançou em dezembro o livro “Egg Innovations and Strategies for Improvements”. A obra da autora Patrícia Hester, Professora de Ciências Animais da Universidade, aborda todos os aspectos inerentes às aves como a fisiologia, metabolismo, qualidade dos ovos, possibilidades de enriquecimentos, aspectos de controle de qualidade, regulatórios, custos, análises de risco e tendências nas pesquisas com as poedeiras comerciais. O livro é direcionado a estudantes, pesquisadores, profissionais e produtores, indicando as tecnologias e sistemas de produção, comparando os vários aspectos relacionados à produção e bem-estar das aves, seguindo os movimentos mundiais do uso dos animais na produção de alimentos para o consumidor moderno. O professor Antonio Gilberto Bertechini, da Universidade Federal de Lavras (MG) contribui com a abordagens sobre os aspectos econômicos e culturais sobre o ovo de consumo indicando as tendências mundiais, os aspectos relacionados à evolução da tecnologia de produção, as inovações, os aspectos geográficos que indicam as variações e tendências para o futuro do setor de ovos nos vários continentes. Ele também discute os aspectos sobre as culturas, os estilos de vida e tra-

dições alimentares como fatores que influenciam as atitudes dos consumidores. “São abordadas as várias características das preferências de compra de ovos, o marketing no sentido de competição, tendências e estratégias para o mercado, com o diagnóstico para melhorias do segmento em cada país abordado e, também, outros aspectos relacionados à utilização dos ovos como fornecedor de substâncias nutracêuticas que estão participando das discussões modernas na nutrição humana”, destacou e completou Bertechini: “São analisados também todos os aspectos da produção de ovos, com discussões sobre as qualidades interna e externa e as medidas relacionadas à avaliação do segmento sob o ponto de vista zootécnico e de produção do alimento nutricionalmente mais rico para o consumo humano”. Os assuntos sobre a criação de outras aves também são abordados no livro como a galinha da Guiné, ganso, perus, avestruz e codornas com abordagens dos sistemas de produção, as caracteristicas e composição dos ovos e os aspectos culturais relacionados a essas criações. O livro está disponível para envio ao Brasil, em sua versão em inglês, para compra pela editora Elsevier, da Holanda (www.elsevier. c o m/ b o ok s/eg g- i n novat io n s - a n d - s t r ate g i e s - fo r i mp r ove m e nt s/ h e s te r/ 978-0-12-800879-9).


Revista do Ovo

15


Evento

Conbrasul Ovos 2017: um momento de alta relevância para produção de ovos 1ª Conferência Brasil Sul da Indústria e Produção de Ovos será realizada em junho, no Rio Grande do Sul

A

Eduardo Santos, Coordenador Executivo do Projeto Ovos RS: evento trará conhecimento e visão futura de mercado para os empresários e produtores do setor de postura

16

Revista do Ovo

produção de ovos e os temas que estão cada vez mais presentes no dia a dia dos produtores empresários do setor serão amplamente debatidos na 1ª Conferência Brasil Sul da Indústria e Produção de Ovos que acontecerá de 11 a 14 de junho deste ano na cidade de Gramado, no Rio Grande do Sul. A programação e estrutura do evento foram desenvolvidas para que o setor tenha condições de analisar e debater temas relevantes e estratégicos que estão redefinindo os rumos da avicultura de produção de ovos do Brasil. A ASGAV que desenvolve e coordena o Projeto Ovos RS e que também é membro oficial da International Egg Comission traz para a Conferência o Presidente da International Egg Comission - Cezar de Anda que irá abordar os assuntos em destaque mundial na produção de ovos e a atividades da Organização Mundial de Ovos ao redor do mundo. O evento, segundo o coordenador e idealizador da CONBRASUL Ovos 2017, Eduardo Santos, vem para somar com outros eventos do setor e impulsionar o setor para valorização mais dinâmica da atividade que precisa ter um melhor desempenho no mercado interno e externo. As mudanças no sistema de produção ou produções alternativas e, a necessidade de fortalecimento da bioseguridade também serão debatidos durante a conferência, além de

uma sessão especial para cases de marketing e promoção que serão apresentados, inclusive a participação de cases internacionais de países como Colômbia, Estados Unidos, Holanda e Suíça. A proposta da CONBRASUL Ovos evidencia um momento onde muitas mudanças deverão acontecer no sistema de produção de ovos e a participação e adesão de produtores, empresários, apoiadores e patrocinadores de diversos estados do Brasil já caracteriza o evento em sua 1ª Edição como um grande evento do setor. “Nós planejamos trazer assuntos e diversas participações que propiciem conhecimento e visão futura de mercado para os empresários e produtores do setor, o Brasil é bem amplo e atividades regionais com este porte, ajudarão o setor a evoluir cada vez mais”, destacou Eduardo Santos – Coordenador Executivo do Projeto Ovos RS. CONBRASUL Ovos 2017 será uma oportunidade de profunda avaliação de como serão as condições de produção de ovos para os próximos anos, uma análise abrangente e conceituada. O primeiro dia do evento terá assuntos sobre produção, mercado e economia, o segundo dia cases de marketing, produção e temas técnicos e o terceiro e ultimo dia a sanidade entra em debate. A programação completa e outras informações estão disponíveis através do site www.conbrasul. ovosrs.com.br


Evento

Simpósio OvoSite aborda desafios na produção e comercialização de ovos

Em agosto, setor de produção de ovos tem um encontro marcado em São Paulo para analisar o segmento ABPA e presidente do Conselho Diretor do Instituto Ovos Brasil. Saiba mais sobre o evento pelo site www.siavs.com.br.

Sobre o Siavs

A

Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e a Mundo Agro Editora promovem, no dia 29 de agosto (terça-feira), a 3ª edição do Simpósio Ovosite, durante o Salão Internacional de Avicultura e Suinocultura - SIAVS (de 29 a 31 de agosto), no Anhembi Parque, em São Paulo (SP). O evento gratuito é considerado um dos mais importantes no calendário da avicultura de postura do Brasil. Nesta edição, terá como tema os “Desafios na Produção e Comercialização de Ovos”. Participam do simpósio o presidente da Câmara Argentina de Produtores

Avícolas (CAPIA), Javier Prida, o empresário Leandro Pinto, da Granja Mantiqueira, e a presidente da Somai Nordeste, Maria Luiza Assunção Pimenta. O apresentador do programa Dia a Dia Rural, do Canal Terra Viva, Otávio Ceschi Júnior, mediará o debate (veja a programação abaixo). “O Simpósio Ovosite já se consolidou na programação de eventos do setor de postura nacional. As expectativas são grandes para a edição de 2017, e teremos uma programação bastante diversificada, fazendo jus à importância desta proteína para o agronegócio e para os brasileiros”, avalia Ricardo Santin, vice-presidente de mercados da

SIMPÓSIO OVOSITE: DESAFIOS NA PRODUÇÃO E COMERCIALIZAÇÃO DE OVOS Moderador: Otávio Ceschi Júnior Terra Viva, São Paulo/SP

14h00 - 14h30 ABRAS: venda de ovos no varejo 14h30 - 15h00 Agregação de valor na produção de ovos por meio do processamento e exportação Maria Luiza Pimenta – Somai Nordeste 15h00 - 15h30 Sanidade e qualidade como fatores de diferença Leandro Pinto - Granja Mantiqueira, Rio de Janeiro/RJ 15h30 - 16h00 Experiências exitosas do marketing do ovo na América Latina Javier Prida - CAPIA, Buenos Aires/Argentina 16h00 - 16h30 Debate

Iniciativa da ABPA, o SIAVS é o maior e mais completo evento da avicultura e da suinocultura do Brasil. Também é considerado o maior encontro político desses setores no País, contando com a presença de governadores, ministros, senadores, deputados, prefeitos, secretários, lideranças nacionais e setoriais. Além disso, os mais influentes nomes do empresariado, da área técnica e de outros elos do agronegócio brasileiro, especialmente da cadeia produtiva de proteína animal, participam do Salão Internacional de Avicultura e Suinocultura. Na edição anterior, em 2015, dezenas de milhares de visitantes de mais de 40 países visitaram as mais de 100 empresas expositoras. Foi o maior e mais importante evento promovido pelo setor de proteína animal no ano, com mais de 70 palestrantes do Brasil, Europa e América Latina, além de seminários e atrações exclusivas em parceria com organizações, como a Apex-Brasil e empresas do setor. O SIAVS possui uma ampla programação de palestras voltadas à reflexão sobre os desafios e avanços técnico-sanitários e de estratégias de negócio, diante do cenário econômico do País. O evento contará ainda com uma série de atrações paralelas, já tradicionais, como o Simpósio OvoSite, o Seminário Internacional de Sustentabilidade da Feed&Food, o Projeto Produtor, e outros. O SIAVS acontecerá entre os dias 29 e 31 de agosto de 2017, no Anhembi Parque, em São Paulo (SP). Toda a programação está disponível pelo site www. siavs.com.br. Revista do Ovo

17


Evento

Congresso APA – Produção e comercialização de ovos delimita ações do setor de postura Em sua 15ª edição, o evento contou com recorde de público e trouxe análises técnicas e econômicas ao setor de postura

18

Revista do Ovo

S

e o objetivo da organização do XV Congresso APA – Produção e Comercialização de Ovos, realizado em março, em Ribeirão Preto (SP) foi o de promover um evento histórico para o setor de postura, este foi alcançado. O público (mais de 500 inscritos), participou ativamente dos debates promovidos pela Associação Paulista de Avicultura, com ‘casa cheia’ até o final. O tema desta edição foi “Buscando resultado, produzindo qualidade”. Em meio às discussões sobre as notícias divulgadas à época sobre a operação “Carne Fraca”, da Polícia Federal e que, segundo alguns presentes, causou tumulto e temor ao setor de produção de proteína animal, alguns te-

mas foram analisados mais a fundo, como bem-estar animal, necessidade de aumento tanto das exportações como do consumo interno de ovos e a sempre polêmica discussão sobre o uso de antibiótico. De acordo com o Diretor Técnico da APA e organizador do evento, José Roberto Bottura, a grade do Congresso foi estabelecida para atender aos assuntos mais pertinentes do setor. “Queremos que todos os produtores estejam cientes dos caminhos necessários a serem trilhados na hora de tomar as decisões. O evento atingiu o seu objetivo de levar informação e qualificação ao setor, mesmo neste momento turbulento que passamos”, destacou.


Acompanhe alguns destaques do Congresso de Ovos - APA “As exigências nutricionais vêm sendo, a cada período, modificadas, seja pelo aumento da eficiência das aves, fruto da busca pela maior produção de alimentos para o mercado consumidor que cresce vertiginosamente, associado à não elevação dos custos. Nesse tempo, as recomendações nutricionais precisam ser sempre adaptadas ao que se quer produzir, e de que forma e, além disso, onde e com quais tecnologias, pois como citado anteriormente, essas podem ser variáveis para aves de genética similar. A busca pela manutenção do nível de produção das aves de postura no Brasil demanda de estudos e práticas de elevada tecnologia, seja em genética, nutrição, infraestrutura e logística, e outros, pois só assim se manterá o elevado padrão de qualidade hoje alcançado. É por isso que a atualização das exigências nutricionais das poedeiras no Brasil deve ser constante e aplicação diária de tecnologias disponíveis para atender as aves e ao mercado, ambos a cada tempo mais exigentes”. Fernando Guilherme Perazzo Costa, Professor da Universidade Federal da Paraíba “Quando um aditivo é utilizado na dieta dos animais a primeira pergunta feita é sobre sua relação custo-benefício, e isto não é diferente no que diz respeito às enzimas. Entretanto, a pergunta a ser feita não é porque deve-se utilizar enzimas e, sim, porque não utilizá-las. Enzimas exógenas, em combinação com as secreções endógenas, degradam compostos complexos em moléculas que podem ser utilizadas pelos animais. Quando enzimas são adicionadas às dietas, devem apresentar uma alta eficiência para compensar o tempo de trânsito relativamente curto da digesta através do trato digestório. No passado, os pesquisadores investigaram principalmente a melhoria no valor energético dos alimentos e a melhoria na utilização do fósforo fítico em dietas vegetais. Nos últimos anos, houve um interesse também na melhoria da utilização das proteínas e aminoácidos presentes nos ingredientes das dietas. Desta forma, o uso da enzima não irá promover

somente uma diminuição nos custos de uma dieta, mas, trazer benefícios que, de forma direta ou indireta, melhoram a rentabilidade do sistema de produção”. Lúcio Francelino Araújo, Médico Veterinário formado pela Universidade Federal de Goiás e professor da Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos (FZEA) “Demonstrada a importância da casca do ovo, é oportuno questionar “porque a casca do ovo quebra?” A resposta a esta pergunta é óbvia: “a casca do ovo quebra quando sua resistência é menor do que a força de agressão a qual é exposta”. Esta resposta enfatiza que, a incidência de ovos com casca danificada depende da resistência da casca e da força de agressão a que os ovos são submetidos. Portanto, em termos práticos os problemas de casca de ovos dependem da qualidade da casca e dos cuidados no seu manuseio”. Nelson Carneiro Baião, UFMG “No cenário Político mundial, o Brasil é um país viável, apesar da falência do seu modelo político. Uma geração de homens públicos está acabando e uma nova está assumindo, o que será muito bom para o país. Acredito na retomada tímida dos preços das commodities e em uma gestão austera das estatais, como Eletrobras, Petrobras e BNDES”. Christian Lohbauer, Diretor de Assuntos Corporativos da Bayer “Precisamos trabalhar com informações corretas para que não se estabeleçam mais ‘crises de informação’. Vamos fazer por merecer as conquistas e perenizar o sucesso do Agronegócio. Temos que estar preparados para os desafios” Duarte Nogueira, Prefeito de Ribeirão Preto, ex-Secretário Estadual de Agricultura de SP “A avicultura de postura é um importante setor do agronegócio e tem que mostrar sua força” Érico Pozzer, Presidente da APA “As exportações de ovos não são uma opção. São uma estratégia. Atualmente o Brasil exporta somente 0,9% de sua produção de ovos. É muito pouco! Temos um grande potencial para aumentar estes números” Tabatha Lacerda, Gerente Executiva do Instituto Ovos Brasil Revista do Ovo

19

Fernando Guilherme Perazzo Costa

Lúcio Francelino Araújo

Duarte Nogueira

Érico Pozzer

Tabatha Lacerda

Nelson Carneiro Baião

Christian Lohbauer


Evento

Produção Animal Sem Antimicrobianos: possível? Marcos Horacio Rostagno Consultor Técnico Global, Elanco Animal Health “Com a crescente atenção dada à utilização de antimicrobianos na produção animal, cresce a tendência global de reduzir ou mesmo eliminar estes produtos dos sistemas de produção. Assim sendo, a questão que emerge é: “É possível produzir animais sem utilizar antimicrobianos, ou livre de antimicrobianos?” A resposta simples e direta é: “Sim, isto é possível!” Entretanto, considerando-se a complexidade dos sistemas de produção e seus desafios sanitários, a resposta mais apropriada e realista é: “Sim, mas estamos preparados, e qual o preço que desejamos pagar?”

Os efeitos da retirada dos antimicrobianos dos sistemas de produção animal têm sido muito variáveis, mas deixam muito claro que há consequências imediatas a partir do momento em que se deixa de utilizar esta ferramenta fundamental de gestão da saúde e do bem-estar animal. Assim sendo, torna-se muito importante entender que existe uma necessidade de adaptação a esta nova realidade na produção animal. Enfim, a transformação que vem ocorrendo na indústria de produção anima mundial é inquestionável.

O mercado de trabalho e gestão de pessoas em pauta durante Congresso da APA Antônio Mário Penz Diretor Global da Provimi “A avicultura brasileira, tanto na produção de carne quanto na produção de ovos, se desenvolveu e se modernizou rapidamente, se caracterizando como um dos setores mais importantes do agronegócio brasileiro. Este cenário favorável de produção, tudo indica, deverá se manter pelos próximos anos. Entretanto, este cenário exige grandes transformações, é dinâmico, competitivo e com concorrência acirrada. Com isto, se faz necessário que as empresas avícolas tenham pessoas cada vez mais capacitadas, comprometidas e focadas em resultados, para que possam atender toda esta demanda. Ao mesmo tempo que a agroindústria cresce, é possível constatar que a população rural vem diminuindo. Isto deve ser considerado como um limitante importante, pois novas tecnologias, agregadas ao sistema produtivo, em toda a cadeia da produção, exigem pessoas

20

Revista do Ovo

sempre melhor capacitadas. Assim, neste mercado, as empresas que sobreviverão à concorrência serão aquelas que revelarão seus talentos e competências e terão ferramentas tecnológicas estratégicas. Porém, a formação dos profissionais, que atuarão neste mercado, deve começar desde sua vida pré-profissional, ou seja, nas instituições de ensino. Mas de quem é a responsabilidade sobre a formação profissional destes estudantes, para que cheguem minimamente preparados no mercado de trabalho? A preparação de um profissional não está restrita à sua formação acadêmica. Portanto, todos os setores que são responsáveis por essa formação, têm que estar muito envolvidos e bem alinhados. É preciso um trabalho conjunto do estudante, das instituições de ensino e das empresas. Este último segmento, por ser usuário desses profissionais, possui um importante papel nesta formação”.


Prêmio APA & OvoSite é destaque em Ribeirão Preto Um dos destaques do Congresso APA foi a realização da entrega do prêmio APA & OvoSite. Ao final do primeiro dia do evento, após sua a abertura oficial, foram divulgados os resultados do Prêmio Apa & OvoSite, durante a cerimônia de abertura do Congresso de Ovos da APA. Segundo Eva Hunka, idealizadora do prêmio, o número de pessoas que votaram e participaram surpreendeu. “Houve grande adesão através de uma votação espontânea e, com o apoio do OvoSite, o prêmio foi um sucesso e o objetivo é repeti-lo no próximo ano”, destacou. Paulo Godoy, Diretor da Mundo Agro Editora, destacou que o Prêmio APA & OvoSite é um grande motivador da ciência, pesquisa e da inovação na avicultura de postura. “Com certeza é uma satisfação para a Mundo Agro participar desta ação e acredito que, até mesmo pela importância dos premiados no cenário avícola e também pela grandeza da Associação Paulista de Avicultura, o OvoSite se sente muito honrado pela parceria para o desenvolvimento do projeto e ele nos dá mais força ainda para continuar desempenhando, de forma clara e objetiva, nosso papel de levar informação ao setor”, destacou.

Paulo Godoy e Eva Hunka, durante a entrega do prêmio Apa & OvoSite

Veja os premiados Categoria Profissional de Sanidade: Masaio Mizuno Ishizuka “Prêmios, de forma geral, são reconhecimentos de um longo e profícuo trabalho em prol da ciência e da comunidade. A ciência gerando conhecimentos aplicáveis para o desenvolvimento da saúde animal. Em se tratando prêmio Apa & OvoSite, para mim foi uma surpresa mais do que agradável e gratificante, principalmente pela forma como os premiados foram indicados. Uma forma sui generis No meu caso, no momento do anúncio, foi uma surpresa indescritível por tratar-se da primeira premiação da Apa & OvoSite. Depois de assimilada a surpresa, fui tomada por uma intensa alegria do dever cumprido para com a avicultura pela qual tenho dedicado intensamente meus últimos 22 anos de carreira profissional, exatamente iniciada depois de minha aposentadoria da USP, tomada pelo sentimento do quanto poderia ser importante a minha colaboração no aprimoramento das habilidades dos avicultores, principalmente do setor de postura comercial. É um setor que aprecio, respeito e peço a Deus que os guie no caminho do constante aprimoramento, do progresso e da prosperidade”. Masaio Mizuno Ishizuka, FMVZ, USP.

Revista do Ovo

21


Evento

Categoria Empresário: Ademar Kerckhoff

“O prêmio foi uma grande surpresa para mim! Ao mesmo tempo, uma enorme satisfação! Fico extremamente honrado e ele vem coroar todo o esforço de nossa equipe”. Ademar Kerckhoff, Granja Kerckhoff, ES

Categoria Profissional de Nutrição: José Roberto

Categoria Pesquisador: Edivaldo Antônio Garcia

“O prêmio Apa & Ovosite “Destaques da Avicultura de Postura”, vem inovar e criar incentivo às empresas, produtores, profissionais e pesquisadores do segmento de produção de ovos do Brasil. Acreditamos que esta iniciativa venha alavancar e estimular as empresas e profissionais do setor a uma benéfica e positiva melhoria em seus métodos e processos em busca de evidenciar sua marca, seu produto ou seu trabalho, de modo a torná-lo cada vez melhor e mais reconhecido diante da Cadeia Produtiva de Ovos. Além disso, esperamos que este incentivo possa conduzir ao aumento no número de pesquisas direcionadas a melhorar ainda mais eficiência do setor produtivo”. Edivaldo Antônio Garcia, Professor Titular do Departamento de Produção Animal da FMVZ Unesp Botucatu

Categoria Marketing do Ovo: Ovos Mantiqueira

Na entrega do prêmio, a Ovos Mantiqueira foi representada por Guilherme Moreira, Gerente de Avicultura do Grupo Mantiqueira, na foto, ao lado de Paulo Godoy

“A iniciativa do prêmio Apa & OvoSite estreita as relações entre a APA, os avicultores, a indústria, o profissional e a Academia e ainda contribui de forma valiosa para ampliar a visibilidade das pesquisas realizadas no âmbito da ciência avícola”. José Roberto Medina, Gerente de Aves de Postura da BRNova

22

Revista do Ovo

“Estamos muito contentes com o recebimento do Prêmio APA & OvoSite que representa o reconhecimento de nosso trabalho de marketing e mostra que estamos no caminho correto. Há 3 anos desenvolvemos um trabalho estratégico e sólido no marketing, sustentado pela qualidade de nossos produtos e o compromisso de nossa equipe em produzir alimentos saudáveis de forma sustentável às famílias brasileiras”. Leandro Pinto, Diretor da Ovos Mantiqueira


EFICÁCIA E SEGURANÇA. A CEPA CERTA. NA HORA CERTA. Quando se trata de proteção contra a doença de Gumboro, é ótimo contar com uma cepa reconhecidamente eficaz, comprovada por extensivo uso no campo: V877. Melhor ainda é poder usá-la no momento ideal: in ovo. Poulvac MAGNIPLEX: EFICÁCIA E SEGURANÇA. A CEPA CERTA. NA HORA CERTA.

PREVENÇÃO CONTRA GUMBORO

Copyright Zoetis Indústria de Produtos Veterinários Ltda. Todos os direitos reservados. ZP130684

WWW.ZOETIS.COM.BR SAC:do 0800 Revista Ovo011 1919

23


Evento

Hendrix Genetics traz as experiências e tendências europeias para o bem-estar das aves poedeiras para Ribeirão Preto Johan Van Arendonk, Doutor em Ciência Animal, apresentou os detalhes sobre o desenvolvimento da criação de aves poedeiras para a melhoria do bem-estar animal na Europa

A

Hendrix Genetics trouxe para o Congresso de Ovos da APA o Chief Innovation & Technology Officer da empresa, Johan Van Arendonk, Doutor em Ciência Animal. Em sua apresentação, o foco foi o desenvolvimento da criação de aves poedeiras para a melhoria do bem-estar animal na Europa. “Temos uma preocupação muito grande, que inclusive é um reflexo da sociedade, pela forma de produzir. Esta é uma questão que também se fará presente no Brasil, quando se avaliam questões como a debicagem, uso de antibióticos e o uso das gaiolas”, lembrou. “A Europa reconheceu

uma série de questões e precisou ‘reaprender sua produção”, destacou. Ele destacou que a produção de ovos na Europa aumentou de 9,5 milhões de toneladas em 2000 para 10,9 milhões de toneladas em 2015, de acordo com a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO). A produção global de ovos expandiu-se mais rapidamente durante esse período e subiu de 51,1 milhões de toneladas em 2000 para 68,3 milhões de toneladas em 2013. Assim, em relação ao total mundial, as ações europeias diminuíram de 18,6% em 2000 para apenas 16% em 2015. “Mais importante do

Equipe da Hendrix Genetics presente em Ribeirão Preto

24

Revista do Ovo

que as mudanças nos números são as mudanças nos sistemas de produção. As gaiolas convencionais foram proibidas na UE a partir de janeiro de 2012 e uma vez sendo lei, tiveram que se adaptar. Ao construir novas instalações, os produtores precisam escolher entre sistemas de gaiolas enriquecidas (colônia), aviários ou criação de aves soltas (free range)” e avaliando qual sistema se adapta melhor as suas condições econômicas e exigências do mercado destacou. Segundo Arendonk, a crescente demanda mundial por produtos de origem animal e a diminuição da disponibilidade de recursos, como a ter-


ra e a água, exigem aumento substancial da produção animal e a redução do impacto ambiental não é surpreendente, portanto, que a melhoria da eficiência alimentar das aves poedeiras seja alvo importante em muitos programas de melhoramento. Inserido do contexto da flexibilidade ou obrigatoriedade de adaptação à cada respectivo sistema de alojamento, o objetivo dos programas de melhoramento tem de ser adaptado regularmente para garantir que as populações sejam melhoradas no sentido desejado. “A importância relativa das características no objetivo do melhoramento varia ao longo do tempo devido às mudanças nas condições de produção, às exigências do mercado e à evolução societária. Nos últimos anos, os objetivos da criação animal evoluíram de forma equilibrada, focando não só na produtividade e na eficiência, sujeitos a restrições devido à disponibilidade de alimentos para animais, mas também à longevidade, à robustez e ao bem-estar dos animais”, disse. Arendonk alerta que a melhoria do bem-estar dos animais atrai mais atenção não só em pesquisas, mas também nos programas de melhoramento genético de aves poedeiras. “Foram necessárias pesquisas para desenvolver novas tecnologias para compreender o problema do bem-estar e para determinar as oportunidades para a melhoria genética para o bem-estar animal. Pesquisas sobre o comportamento canibal demonstraram que os métodos clássicos de seleção, como a seleção individual, podem resultar em respostas opostas ao esperado, pois esses métodos negligenciam o efeito de um indivíduo em seus companheiros de grupo (efeitos genéticos sociais)”, disse. Um novo método de seleção genética, no qual as aves não são selecionadas apenas pelo desempenho, mas pelo efeito que têm sobre seus companheiros de grupo, permite uma seleção melhor de aves com comportamentos menos agressivos. Os primeiros estudos, que determinaram esses efeitos dos genes sociais nas populações comerciais de poedeiras, indi-

cam grandes efeitos sociais hereditários: nas aves poedeiras, a hereditariedade para a característica “sobrevivência” aumentou de 7 para 19% devido a efeitos sociais hereditários (Ellen et al. 2008). Esses dados indicam que a inclusão dos efeitos sociais em programas de melhoramento genético tem potencial para aumentar substancialmente as respostas à seleção por canibalismo reduzido. Pesquisas recentes demonstraram que a seleção por canibalismo reduzido em aves poedeiras, utilizando métodos que visam tanto os efeitos genéticos diretos como sociais, é uma promessa para melhorar a produção e o bem-estar dos animais. Ele destacou ainda que a criação de poedeiras deve ser adaptada ao ambiente de produção das granjas comerciais. Devido à proibição de gaiolas convencionais, as galinhas poedeiras são mantidas cada vez mais em grandes grupos. “Isto representa um desafio para os programas de melhoramento de poedeiras: não apenas o comportamento das aves em grupos maiores torna-se um traço mais importante na meta genética, mas também porque a exploração de aves poedeiras para a ingestão alimentar e a produção de ovos é complicada”, disse. “A medição da produção de ovos ou consumo de ração de cada ave em sistemas sem gaiolas não é viável neste estágio. Portanto, a reprodução desses tipos é baseada na produção de ovos e na ingestão de ração de poedeiras monitoradas em gaiolas individuais. Devido ao genótipo por interação ambiental, sabemos que este sistema não é perfeito. O ideal seria analisar as características em um ambiente sem gaiolas que se assemelha ao ambiente de produção em granjas comerciais. É necessário um estudo mais aprofundado nesta área antes de se implementar um sistema desse tipo”, alertou.

Hendrix Genetics realiza Encontro Técnico em Bastos, SP Depois de proferir palestra no XV Congresso da APA, dia 22 de março, o holandês Johan van Arendonk foi

Arendonk: “A crescente demanda mundial por produtos de origem animal e a diminuição da disponibilidade de recursos, como a terra e a água, exigem aumento substancial da produção animal”

para a Capital Nacional do Ovo para o Encontro Técnico Hendrix - Bastos. O tema foi “Atualização sobre as tendências em genética em avicultura”. O evento, realizado na noite do dia 23, no tradicional Clube de Golf de Bastos, contou com a presença expressiva de avicultores de Bastos, região circunvizinha, Paraná e Nordeste do Brasil. Durante a palestra feita por Van Arendonk, que é uma autoridade em genética e produção animal, os convidados puderam debater sobre o tema e tirar dúvidas. Ao final da reunião, todos puderam desfrutar de um agradável jantar especialmente preparado para encerrar a noite. Revista do Ovo

25


Artigo técnico

Multiplex qPCR em tempo real e microbiologia convencional para diagnóstico diferencial e quantificação de Salmonella Gallinarum e Salmonella Pullorum em fígado e conteúdo cecal de aves¹ Johan Van Arendonk, Doutor em Ciência Animal, apresentou os detalhes sobre o desenvolvimento da criação de aves poedeiras para a melhoria do bem-estar animal na Europa Marcela da Silva Rubio2*, Rafael Antonio Casarin Penha Filho2, Fernanda de Oliveira Barbosa2, Andrei Itajahy Secundo de Souza2, Adriana Maria de Almeida2, Vinicius Goes2, Angelo Berchieri Junior2 (1) Auxilio FAPESP – Bolsa de Doutorado – Processo nº 2014/05496-7 (2) Laboratório de Ornitopatologia – Departamento de Patologia Animal – FCAV/UNESP Campus de Jaboticabal, SP

Introdução O gênero Salmonella spp. pertence à família Enterobacteriaceae e possui 2659 sorovares identificados (Issenhuth-Jeanjean et al., 2014). Aves domésticas podem ser infectadas com diversos sorovares diferentes de Salmonella spp., como os sorovares flagelados S. Typhimurium e S. Enteritidis, os quais não possuem especificidade aos hospedeiros e causam o paratifo em aves e podem acometer diferentes espécies de animais e também os seres humanos. O sorovar S. Gallinarum, subclassificado em dois biovares, S. Pullorum e S. Gallinarum, os quais são hospedeiro-específicos de aves e causam as doenças pulorose e tifo aviário, respectivamente (Löfström et al., 2010). Por se tratar de doenças de notificação obrigatória, a metodologia preconizada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) para o seu diagnóstico é o exame microbiológico (Brasil, 2009). No entanto, essa técnica, classificada como padrão ouro, demora até 7 dias para obtenção do resultado e pode

26

Revista do Ovo

ter interpretação dificultada, devido ao crescimento de outros micro-organismos presentes na amostra analisada, principalmente quando provenientes de amostras fecais (Chen et al., 2010). Além disso, os biovares S. Pullorum e S. Gallinarum são similares geneticamente, pois pertencem à mesma classe antigênica, o que dificulta a sua diferenciação por sorologia, sendo necessária a complementação por diferentes testes bioquímicos para sua diferenciação (Batista et al., 2015). Devido a isso, o diagnóstico molecular vem se destacando no meio científico, pela alta sensibilidade e especificidade obtida como teste diagnóstico, gerando resultados em até dois dias e facilitando a diferenciação de patógenos em uma única reação (Lin et al., 2010). O objetivo do presente estudo foi comparar a utilização de duas metodologias de diagnóstico, qPCR em tempo real e microbiologia convencional, para diagnóstico diferencial e quantitativo de S. Gallinarum e S. Pullorum em amostras de fígado e conteúdo cecal de aves.

Material e Métodos Foram utilizadas 12 aves de linhagem semipesada, variedade vermelha, para postura de ovos comerciais com 13 semanas de vida. As aves foram divididas em dois grupos (n=6) e alojadas em baterias experimentais com ambiente climatizado, recebendo água e ração ad libitum e programa de luz de 12 horas contínua, seguindo as recomendações do manual da linhagem. O experimento está de acordo com os princípios éticos para experimentação animal, com aprovação do Comitê de Ética no Uso de Animais (CEUA), vigente na Universidade, com protocolo nº 01354/15. Os inóculos foram preparados com as estirpes de S. Gallinarum (cepa 287/91) e S. Pullorum (cepa 449/87), proveniente da bacterioteca do setor de Ornitopatologia da FCAV/ UNESP Campus de Jaboticabal. As estirpes foram incubadas em caldo de lisogenia (LB) a 37ºC, por um período de 16 horas, sob agitação, para multiplicação bacteriana. A inoculação dos animais foi realizada a partir da administração de 2


mL de caldo LB contendo 108 UFC/ mL da respectiva bactéria, por via oral na 13ª semana de vida das aves. Com 4 e 7 dias após o desafio, 3 aves de cada grupo foram eutanasiadas para a colheita de amostras de fígado e fezes (conteúdo cecal). Após a colheita, as amostras destinadas a quantificação bacteriana pela técnica microbiológica, foram maceradas, homogeneizadas e submetidas à diluição decimal seriada em solução salina tamponada pH 7,4 (PBS). De cada diluição foi semeado 0,1 mL em placas de ágar verde brilhante contendo ácido nalidíxico (25 μg/mL) (VB Nal), com posterior incubação a 37ºC por 24 horas. Ao fim do plaqueamento, foi adicionado aos tubos contendo as amostras, 0,5 mL de caldo selenito 2X contendo novobiocina (0,04%), e incubado a 37ºC por 24 horas. Na ausência de colônias ao fim do período de incubação, as amostras enriquecidas em caldo selenito foram replaqueadas em placas de VB Nal, com posterior incubação a 37ºC por 24 horas. Já as amostras destinadas a quantificação bacteriana pela técnica da qPCR em tempo real, foram maceradas e submetidas ao processo de enriquecimento em 1 mL de caldo selenito 2X durante 4 horas a 37ºC. Após esse período, foi realizada a extração de DNA das amostras, utilizando o kit comercial QIAamp DNA Mini

Kit® (Qiagen, Hilden, Alemanha), seguindo o protocolo proposto pelo fabricante. As amostra de DNA foram submetidas à multiplex qPCR em tempo real, que utilizou como mix de reação 6,5 μL de Luminoct® Sybr® Green qPCR Readymix (Sigma-Aldrich, St. Louis, Missouri, USA), 0,025 μM do iniciador P1 e 0,05 μM dos iniciadores P2 e P3, 1,5 μL de DNA e água ultra-pura para completar o volume final de 12,5 μL. As análises da qPCR em tempo real foram realizadas no equipamento C1000 TouchTM Thermal Cycler (Bio-Rad, Hercules, Califórnia, USA), com protocolo de amplificação de: um ciclo de desnaturação inicial a 94 ºC durante 2 minutos, seguido de 42 ciclos a 94 ºC durante 15 segundos e 63 ºC durante 30 segundos. Posteriormente, os ciclos de amplificação (Cq) obtidos para cada amostra, foram convertidos em Log10 (UFC/ mL), de acordo com a curva de regressão padronizada para cada biovar (Figura 1), para quantificação das amostras.

Resultados e Discussão Os resultados obtidos com a utilização da técnica da qPCR em tempo real e da microbiológica estão representados pela Tabela 1. Nas amostras provenientes do fígado e em ambos os períodos, foi possível detectar 100% de amostras positivas em am-

bas as técnicas. No entanto, a microbiologia converteu uma quantidade maior de bactérias em relação à qPCR em tempo real. Tal fato pode estar atribuído ao processo de extração de DNA, que segundo estudo conduzido por Elizaquível & Aznar (2008), que ao avaliarem metodologias de extração de DNA, relataram que a extração com kit comercial gera perda de material genético a medida que o processamento das amostras é realizado, o que não ocorre na análise microbiológica. No grupo inoculado com S. Gallinarum não foi possível isolar a bactéria em amostras de conteúdo cecal pela microbiologia convencional. Resultado oposto foi obtido com a qPCR em tempo real, que converteu 83,34% de amostras positivas. Esse resultado reflete o exposto por Malorny et al. (2008), que relataram a dificuldade de isolamento de um patógeno específico pela microbiologia convencional em amostras fecais, devido a elevada flora microbiana presente nesse tipo de amostra. Tal resultado expõe um dado preocupante, pois as aves, além de portadoras, continuam eliminando a bactéria para o ambiente e consequentemente, disseminando a doença para o restante do lote, o que não seria observado pelo monitoramento com exame microbiológico, restringindo a implementação de medidas de preRevista do Ovo

27


Artigo técnico

Pesquisa torna possível a aplicabilidade das medidas de controle e profilaxia Marcela Rubio: “Com o desenvolvimento da pesquisa, objetivamos aplicar a técnica para outros tipos de amostras biológicas, como por exemplo amostras de ovo”

A necessidade da pesquisa sobre o diagnóstico diferencial e quantificação de Salmonella Gallinarum e Salmonella Pullorum em fígado e conteúdo cecal de aves surgiu pelo fato do gênero Salmonella spp. possuir 2639 sorotipos identificados até o momento, a dificuldade em se obter em um teste diagnóstico especifico para cada sorotipo torna-se muito dificultoso e oneroso. É o que explica uma das autoras do estudo, Marcela da Silva Rubio. Segundo ela, os biovares S. Gallinarum e S. Pullorum são antigenicamente semelhantes, impossibilitando a sua diferenciação com a utilização de testes sorológicos, necessitando de provas bioquímicas, que demoraria em torno de 5-7 dias para obtenção dos resultados, fato que evidencia a necessidade de um teste diagnostico eficaz e agil para diferenciar os biovares. “O teste multiplex qPCR em tempo real desenvolvido no presente estudo, além de diferenciar os biovares satisfatoriamente, obtêm o resultado diagnostico com a utilização de apenas uma reação de 1h30, o que diminui os custos e o tempo gastos com a reação”, explica. “Além disso, o teste possui aplicabilidade em amostras biológicas, principalmente a partir de amostras contaminadas, como amostras fecais, que são amostras de difícil isolamento pela microbiologia convencional, pela quantidade de contaminantes presentes, o que não ocorre na qPCR em tempo real, por se tratar de uma reação especifica para cada patógeno em questão”, diz. Ainda de acordo com Marcela, a obtenção de um resultado diagnóstico rápido e eficiente para diferenciação dos biovares, 1h30 por reação, evidencia a importância do teste, pois dessa forma torna-se possível a aplicabilidade das medidas de controle e profilaxia cabíveis para esses patógenos de maneira rápida e direcionada a doença atuante na produção em questão. “Com o desenvolvimento da pesquisa, objetivamos aplicar a técnica para outros tipos de amostras biológicas, como por exemplo amostras de ovo. Além disso, com a publicação da padronização da técnica que diferencia os biovares em uma única reação, há o propósito de adequar a técnica para a rotina de diagnóstico do Laboratório de Ornitopatologia de FCAV/UNEP Câmpus de Jaboticabal, SP”.

28

Revista do Ovo

venção e controle da enfermidade. Já no grupo infectado com S. Pullorum, todas as amostras provenientes de conteúdo cecal foram positivas e, assim como para fígado, a quantificação microbiológica converteu uma quantidade maior de bactérias em relação à qPCR em tempo real. Estes dados discordam com os resultados relatados por Löfström et al. (2010), que ao compararem as técnicas de qPCR e o microbiológico, obtiveram 100% de conversão de S. Enteritidis para ambos os testes. No entanto, relataram que esse índice só foi atingido quando a conversão do inóculo foi superior a 102 UFC/mL. Tal relato justifica a obtenção de resultados negativos em amostras cecais de animais inoculados com S. Gallinarum pelo exame microbiológico, que além de todos os contaminantes presentes nas fezes, a excreção de S. Gallinarum pelas fezes após 4 dias é baixa ou nula, destacando a necessidade de um teste diagnóstico com alta sensibilidade para monitoria desse importante patógeno em lotes avícolas.

Conclusões A comparação entre as duas técnicas de diagnóstico evidenciou que a análise microbiológica mostrou-se mais eficaz perante a quantificação de amostras infectadas com S. Gallinarum e S. Pullorum. Entretanto, a qPCR destacou-se qualitativamente, principalmente quando as amostras eram provenientes das fezes, pois obteve resultados positivos mesmo a partir de amostras com grande número de agentes contaminantes e inibidores e com baixa carga bacteriana.

Agradecimentos À Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de São Paulo – FAPESP, pela concessão de bolsa de Doutorado, sob processo nº 2014/05496-7.


Revista do Ovo

29


Informativo Técnico-Comercial

Ingredientes alternativos na alimentação de poedeiras comerciais Pesquisas vêm sendo desenvolvidas com o uso de alimentação alternativa, visando sanar dúvidas sobre o real potencial do alimento alternativo na produção animal Por Rafael Henrique Marques, Nutricionista de Aves de Postura da Agroceres Multimix

N

os últimos anos, a avicultura de postura tem evoluído muito e, como segmento importante na produção de alimento humano de alto valor biológico, tem se adequado às técnicas que possibilitam a melhoria da eficiência de produção (RODRIGUES et al., 2005). Sendo assim, a nutrição de poedeiras comerciais é caracterizada como uma importante ferramenta para garantir os elevados níveis de produção atingidos pelas linhagens comerciais modernas, porém, é necessário constante monitoramento dos constituintes e sobre a qualidade da ração fornecida às aves (STRINGHINI et al., 2005). A indústria de rações avícolas utiliza em suas formulações uma grande quantidade de matéria-prima vegetal - cerca de 80% dos componentes. Esses ingredientes são usados como fontes de energia e proteína, e são essenciais nas dietas das poedeiras, pois influenciam diretamente no desempenho das aves. No Brasil, o milho e o farelo de soja são os ingredientes mais usados como fonte energética e proteica nas dietas de aves, e o aumento constante nos preços desses grãos tem levado a um crescente interesse por alimentos alternativos que possam ser utilizados nas dietas, sem prejuízo no desempenho desses animais (TAVERNARI et al., 2008). No atual contexto, pesquisas vêm sendo desenvolvidas com o uso de ali-

30 Revista do Ovo

mentação alternativa, visando sanar dúvidas sobre o real potencial do alimento alternativo na produção animal. A crescente procura do milho para a alimentação humana e produção de Etanol, bem como os constantes aumentos da soja e seus derivados, dão maior evidência aos substitutos ditos alternativos. Toda troca de ingredientes comumente utilizados por outros de oferta sazonal deve ser realizada levando-se em consideração uma série de fatores, visando a segurança alimentar e a manutenção do desempenho dos animais. Bellaver & Ludke (2004) descreveram que sempre que se avalia a oportunidade de uso de um ingrediente alternativo, alguns pontos devem ser observados, tais como: a) Disponibilidade comercial; b) Quantidade de nutrientes e energia; c) Qualidade dos nutrientes; d) Características físicas do ingrediente.

Ingredientes energéticos:

Sorgo Vantagens: O sorgo possui maiores níveis de histidina, isoleucina, leucina, fenilalanina, serina e valina, em relação ao milho. Desvantagens: O fator limitante é a presença de substâncias antinutricio-

nais, em especial o tanino, que provoca um efeito negativo sobre a digestão intestinal. Além disso, devido a menor quantidade de pigmentos (carotenos e xantofilas), ocorre redução da coloração da gema do ovo, exigindo a adição de pigmentantes artificiais ou naturais à ração.

Milheto Vantagens: Possui teores de proteína superiores aos níveis encontrados


no milho, maior concentração de aminoácidos (ADEOLA & ORBAM, 1995), o que permite a formulação de dietas com menor nível de aminoácidos sintéticos, reduzindo os custos com a ração (MURAKAMI et al., 2009) não possui fatores antinutricionais, resistente a fungos (BANDYOPADHYAY et al., 2007). Desvantagens: Como o sorgo, o milheto também possui baixos índices de carotenoides, exigindo adição de pigmentantes naturais ou artificiais na ração. Possui também boa disponibilidade em certas épocas do ano.

bir algumas enzimas, tais como a tripsina e lipase.

Farelo de canola Vantagens: O farelo de canola apresenta maior teor de aminoácidos sulfurados, fibra bruta, cálcio, fósforo total em relação ao farelo de soja.

Desvantagens: A inclusão desse subproduto dependerá principalmente de seu preço, pois, apresenta baixa palatabilidade e restrição por problemas de contaminação microbiológica.

Amendoim Vantagens: O farelo de amendoim contém elevado teor proteico, se comparado ao farelo de soja.

Mandioca Vantagens: A farinha integral possui alta concentração de amido (65 a 75%), baixo em amilose, tornando-a de fácil digestão. Desvantagens: Devido a presença de glicosídeos cianogênicos, conhecidos como Linamarina e Lotaustralina, que sob ação de ácidos e enzimas sofrem hidrólise liberando acetona (açúcar e ácido cianídrico), inibem a cadeia respiratória dos seres vivos.

Ingredientes proteicos:

Farelo de girassol Vantagens: Apresenta elevado teor de metionina, cálcio e fósforo, quando comparado ao farelo de soja, tornando-se um ingrediente importante como substituto proteico nas formulações.

Desvantagens: Pode apresentar atividade goitrogênica, resultando em aumento de peso da tireóide e se for utilizado a níveis acima de 8 a 10% pode afetar o desempenho das aves. Também contém sinapina (1,0 a 1,5%), que parece não ter uma ação desfavorável para a maioria das aves, exceto poedeiras de ovos marrons que podem produzir ovos com odor de peixe.

Farinha de sangue Vantagens: Do ponto de vista do teor de aminoácidos, trata-se de uma farinha rica em lisina, triptofano, fenilalanina e treonina, sendo limitada em isoleucina, se comparada ao farelo de soja.

Desvantagens: O ponto mais negativo do uso de farelo de amendoim na alimentação animal é a infestação pós-colheita pelos fungos: Aspegillus flavus e Aspegillus parasitus, que produzem o princípio tóxico Aflatoxina.

Mamona Vantagens: O farelo de mamona tem grande potencial para ser utilizado em rações animais - substituindo fontes proteicas como o farelo de soja -, desde que as limitações relacionadas à sua toxidez e alergenicidade sejam superadas. Desvantagens: Os princípios tóxicos encontrados na mamona são: a ricina, ricinina e um fator alergênico (CBA).

CONSIDERAÇÕES:

Desvantagens: O girassol contém um composto polifenólico conhecido como ácido clorogênico que, embora não tenha sido observado efeitos prejudiciais, sabe-se que esse ácido pode ini-

Todo o conhecimento sobre os alimentos convencionais utilizados na nutrição de monogástricos, juntamente com a possibilidade de substituí-los por alimentos alternativos (em relação à composição nutricional, disponibilidade comercial, oportunidade versus preços), ressaltam a importância em relação à continuidade de estudos na área de nutrição animal, para comprovar que é possível utilizar estes subprodutos, sem prejuízos ao desempenho zootécnico das aves. Revista do Ovo

31


Estatísticas e Preços Pintainhas de postura comercial

Capacidade instalada cresce 1,65% em 2016 mas permanece inferior a 2014

D

32 Revista do Ovo

EVOLUÇÃO MENSAL (OVOS BRANCOS E VERMELHOS) - MILHÕES DE CABEÇAS

PINTAINHAS COMERCIAIS DE POSTURA

% OVO BRANCO

MÊS

2015

2015

2016

VAR.%

2016

Jan

7,172

7,580

5,70%

79,41%

81,90%

Fev

6,730

7,248

7,70%

81,94%

78,88%

Mar

7,934

8,299

4,60%

78,74%

82,22%

Abr

7,458

7,761

4,06%

83,08%

78,32%

Mai

7,540

7,929

5,17%

80,32%

80,34%

Jun

8,059

7,438

-7,71%

82,38%

82,77%

Jul

7,818

7,412

-5,20%

82,06%

81,63%

Ago

7,292

7,638

4,75%

77,76%

81,53%

Set

8,228

8,125

-1,26%

77,69%

80,31%

Out

7,844

7,763

-1,03%

80,24%

81,55%

Nov

7,679

8,062

4,98%

80,58%

83,66%

Dez

7,518

7,522

0,04%

73,65%

79,75%

1º Semestre

44,893

46,256

3,04%

80,97%

80,76%

2º Semestre

46,380

46,522

0,31%

78,69%

81,42%

Em 12 meses

91,273

92,777

1,65%

79,81%

81,09%

Fonte dos dados básicos: ABPA – Elaboração e análises: AVISITE

Alojamento semestral

2010

2011

2012

44,893

46,380

46,256

46,522

I

46,313

II

47,698

I

47,856

II

43,246

40,602

38,947 I

43,520

II

42,068

I

40,685

1º Semestre de 2010 a 2º Semestre de 2016 Milhões de cabeças

37,543

ados fornecidos pela Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) indicam que no mês de dezembro foram alojadas 7,522 milhões de pintainhas de postura comercial – aproximadamente 6 milhões para produção de ovos brancos e 1,523 milhão para produção de ovos vermelhos, praticamente o mesmo volume alojado em dezembro do ano anterior. Já sobre o mês anterior, novembro, houve redução de 6,7%. Com a divulgação dos dados de dezembro o alojamento do ano foi finalizado com 92,777 milhões de cabeças e representou aumento de 1,65% sobre as 91,273 milhões de pintainhas alojadas em 2015. De toda forma, ainda permanece inferior ao volume alojado em 2014, quando atingiu cerca de 94 milhões. Mas o índice de crescimento pode ser considerado moderado, diante do crescimento vegetativo e das possibilidades de consumo da população. A visível perda da capacidade aquisitiva de produtos de maior valor, supõe a opção por adquirir um produto alternativo que supra as necessidades. Dessa forma, o ovo comercial pode suprir essa lacuna por ser um produto nutritivo, saudável, saboroso e com baixo valor de aquisição. O índice de crescimento esteve todo concentrado no primeiro semestre, enquanto no segundo, o aumento foi pequeno. Mas isso se deve, principalmente, porque no primeiro semestre de 2015 houve redução de quase 6% sobre o mesmo semestre do ano anterior. Ou seja, o volume do primeiro semestre de 2016 ainda é menor do que o alojado no mesmo período de 2014. Assim, a capacidade de produção instalada está em condições de atender as necessidades do mercado interno e, também, possível crescimento nas importações do produto neste ano. Infelizmente, as exportações de ovos comerciais foram decepcionantes no primeiro trimestre de 2017, com redução superior a 65% no ano.

II

I

II

I

II

I

II

2013

2014

2015

2016


Desempenho do ovo em abril e no primeiro quadrimestre

Ovo completou o quarto mês do ano alcançando seu melhor preço médio de todos os tempos

F

az parte da sazonalidade do produto: ao mesmo tempo em que alcança, na Quaresma, os melhores preços do ano, mal passada a Páscoa o ovo vê seus preços entrarem em declínio. Em 2017 também foi assim. É provável, porém, que jamais tenha sido registrado recuo tão agudo quanto o observado neste último abril. Pois, transcorrida a Páscoa (16), apenas nos 10 últimos dias de negócios do mês o preço médio do produto sofreu queda próxima de 16%, com perda de mais de 1,5% ao dia e preço final inferior ao do início do mês, fato que não havia ocorrido nos meses anteriores. Mesmo assim, o ovo completou o quarto mês do ano alcançando, nominalmente, seu melhor preço médio de todos os tempos. Tendo como referência cargas fechadas do branco extra negociadas no atacado da cidade de São Paulo, o preço médio do mês ficou em R$91,13/caixa, valor apenas 3% acima do registrado no mês anterior, mas quase 36% superior ao de abril de 2016. Não só isso, no entanto. Pois a despeito do abrupto retrocesso pós-Páscoa, em abril o ovo subverteu a curva sazonal e, em vez de um valor descendente, como seria natural, pela primeira vez no ano registrou resultado positivo em relação ao desempenho tradicional.

Com tais desempenhos, o valor médio do ovo, que no primeiro trimestre do ano tinha ficado em R$78,00/caixa, aumentou cerca de 4% ao completar-se o quadrimestre. Ou seja: alcançou média de R$81,05/caixa, valor 11% superior ao alcançado nos mesmos quatro meses de 2016. Senão impossível, será difícil a repetição desses resultados em maio corrente. Porque, fundamentalmente, abril foi encerrado com uma das menores cotações dos últimos 90 dias e a valorização no decorrer do mês tende, normalmente, a ser moderada, sem atingir os valores registrados no trimestre fevereiro/abril. Mas o setor produtivo pode atuar para garantir o bom desempenho do setor. Basta, como tem feito até aqui, dar continuidade ao processo de eliminação das aves mais velhas e/ou de baixa produtividade.

OVO BRANCO EXTRA

Evolução de preços no atacado paulistano R$/CAIXA DE 30 DÚZIAS Média mensal e variações anual e mensal em treze meses

Média anual em 10 anos R$/CAIXA

MÊS.

MÉDIA R$/CXA

VARIAÇÃO % ANUAL MENSAL

ABR/16

67,12

-18,57%

20,85%

MAI

72,56

8,10%

32,22%

JUN

85,38

17,67%

45,21%

2010

JUL

86,85

1,71%

46,19%

2011

AGO

84,00

-3,28%

39,64%

SET

72,84

-13,29%

32,63%

OUT

68,56

-5,88%

11,13%

2013

NOV

68,04

-0,76%

4,55%

2014

74,00

8,76%

11,93%

61,42

-17,00%

-3,91%

FEV

84,48

37,54%

8,84%

2016

MAR

88,44

4,69%

7,31%

2017

ABR

91,13

3,04%

35,77%

R$ 44,61 R$ 49,11 R$ 57,86 R$ 52,70 R$ 59,47

2015

R$ 75,43 R$ 81,05

2017 Média 2001/2016 (16 anos)

101,2

111,3 100,2

Mai

101,7

Abr

112,6

Mar

117,2

109,3

114,7

121,07 111,5

120,7 117,50

115,2 92,5

112,23

Fev

R$ 37,93

2012

DEZ

Set

Out

Nov

81,6

Jan

R$ 38,63

2009

JAN/17

Preço relativo em 2017 comparativamente ao período 2001/2016 (16 anos) Média mensal do ano anterior = 100

R$ 43,62

2008

Jun

Jul

Ago

Dez

Revista do Ovo

33


Estatísticas e Preços

Milho e Soja Preço do milho registra forte queda em abril

Valor do farelo de soja continua em queda

O preço do milho registrou nova queda no mês de abril. O preço médio do insumo, saca de 60 kg, interior de SP, fechou o mês cotado a R$30,29, valor 15,46% abaixo da média alcançada pelo produto em março, quando ficou em R$35,83. A disparidade de preço do milho em relação ao ano anterior continua alta. O valor atual é 41,5% menor, já que a média de abril de 2016 foi de R$51,79 a saca.

O farelo de soja (FOB, interior de SP) seguiu em abril sua trajetória de queda, registrada desde o segundo semestre de 2016. O produto foi comercializado ao preço médio de R$931/t, valor 4,32% inferior ao praticado no mês de março – R$973/t. Em comparação com abril de 2016 – quando o preço médio era de R$1.012/t – a cotação atual registra queda de 8%.

Valores de troca – Milho/Frango vivo O frango vivo (interior de SP) fechou o mês de abril cotado a R$2,50/kg. A queda maior no valor do milho contribuiu para aumentar um pouco mais o poder de compra do avicultor. Nesse mês, foram necessários 201,9 kg de frango vivo para se obter uma tonelada de milho, considerando-se a média mensal de ambos os produtos. Este volume representa um aumento de quase 10% no poder de compra em relação ao mês anterior, pois, em março, a tonelada do milho “custou” 222 kg de frango vivo.

Valores de troca – Farelo/Frango vivo A maior queda registrada no preço do frango vivo em relação ao valor do farelo de soja no mês de abril fez com que fossem necessários 372,4 kg de frango vivo para adquirir uma tonelada do insumo, significando queda de 2,9% no poder de compra do avicultor em relação a março, quando 361,7 kg de frango vivo obtiveram uma tonelada do produto.

Valores de troca – Farelo/Ovo O preço do ovo, na granja (interior paulista, caixa com 30 dúzias), registrou em abril a média de R$85,13, valor 3,3% acima do alcançado no mês anterior, quando o produto foi negociado a R$82,44. Com esta valorização, houve melhora no poder de compra do avicultor. Em abril foram necessárias 5,9 caixas de ovos para adquirir uma tonelada do cereal. Em março, foram necessárias 7,2 caixas/t, aumento superior a 22% na capacidade de compra do produtor.

Preçomédio médioMilho Milho Preço

abril abril maio maio junho junho julho julho agosto agosto setembro setembro outubro outubro novembro novembro dezembro dezembro janeiro janeiro fevereiro fevereiro março março abril abril

53,00 53,00 51,00 51,00 49,00 49,00 47,00 47,00 45,00 45,00 43,00 43,00 41,00 41,00 39,00 39,00 37,00 37,00 35,00 35,00 33,00 33,00 31,00 31,00 29,00 29,00 27,00 27,00

R$/sacade de60kg, 60kg,interior interiorde deSP SP R$/saca

2016 2016

MédiaAbril Abril Média Mínimo Mínimo 28,00 R$ R$28,00 R$ R$

30,29 30,29

34 Revista do Ovo

2017 2017

Máximo Máximo 32,50 R$ R$ 32,50

De acordo com os preços médios dos produtos, em abril foram necessárias aproximadamente 10,9 caixas de ovos (valor na granja, interior paulista) para adquirir uma tonelada de farelo de soja. O poder de compra do avicultor de postura em relação ao farelo registrou aumento de 7,9%, já que, em março, 11,8 caixas de ovos adquiriam uma tonelada de farelo. Em relação a abril de 2016 houve aumento de 51,4% no poder de compra, pois naquele período a tonelada de farelo de soja custou, em média, 16,6 caixas de ovos.

Preçomédio médioFarelo Farelode desoja soja Preço R$/toneladaFOB, FOB,interior interiorde deSP SP R$/tonelada

1600 1600 1500 1500 1400 1400 1300 1300 1200 1200 1100 1100 1000 1000 950 950 900 900 850 850 800 800 750 750

abril abril maio maio junho junho julho julho agosto agosto setembro setembro outubro outubro novembro novembro dezembro dezembro janeiro janeiro fevereiro fevereiro março março abril abril

Valores de troca – Milho/Ovo

2016 2016

Mínimo Mínimo 920,00 R$ R$ 920,00

MédiaAbril Abril Média R$ R$

931,00 931,00

2017 2017

Máximo Máximo 950,00 R$ R$ 950,00

Fonte das informações: www.jox.com.br


Revista do Ovo

35


Estatísticas e Preços

36 Revista do Ovo


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.