Edição 47 Revista do Ovo

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Editorial Setor de postura segue em compasso positivo em 2018 No ano passado, nossa equipe também esteve presente ao Congresso de Ovos da Associação Paulista de Avicultura (APA), em Ribeirão Preto (SP) e pode verificar como o mercado estava aquecido e confiante de que o ano de 2017 seria um ano

Mundo Agro Editora Ltda. Rua Erasmo Braga, 1153 13070-147 - Campinas, SP

extremamente positivo ao setor de postura no Brasil. E as perspectivas se confirmaram. Foi um ano muito bom ao segmento. Nesta edição, novamente, a equipe da Revista do Ovo está presente e vai contar essa história, confiante de que será novamente um ano de grandes realizações! De acordo com José Roberto Bottura, Diretor Técnico da APA, para este ano o setor prevê um pequeno aumento no custo de produção. “Esperamos também um aumento de consumo em função da melhora econômica do país”, apontou. “O ano passado foi positivo para a atividade e este quadro estimulou investimentos. Estes avanços estão em processo relativamente acelerado e tem resultado em melhor qualidade de infraestrutura”, disse. Ele ainda faz um alerta em relação ao alojamento de pintainhos. “Temos de estar atentos para não alojar acima da capacidade de absorção da oferta pelo mercado”. Acompanhem estes e outros destaques na sua Revista do Ovo. Boa leitura!

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O RIISPOA 2017 trouxe uma série de atualizações que dizem respeito diretamente à postura comercial

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Publisher Paulo Godoy paulogodoy@avisite.com.br Redação Giovana de Paula (MTB 39.817) Érica Barros (MTB 49.030) imprensa@avisite.com.br Comercial Karla Bordin (19) 3241 9292 comercial@avisite.com.br

Internet Gustavo Cotrim webmaster@avisite.com.br

Eventos

Administrativo e circulação financeiro@avisite.com.br

Notícias Curtas Lançamento: Coopeavi lança nova marca de ovo Informe Técnico Comercial: Tifo Aviário e os avanços científicos recentes nas pesquisas brasileiras

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Informe Técnico Comercial: O controle de ácaros hematófagos e seus benefícios

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Água e meio-ambiente: Bombeamento de água com energia solar no campo

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Bem-Estar Animal: Certified Humane Brasil certifica ovo caipira orgânico da Fazenda da Toca

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Análises: Principais números e as análises do mercado avícola de postura.

Ferramenta nutricional

Os aditivos alimentares podem ser componentes importantes em um programa de intervenção para saúde animal, qualidade e segurança alimentar.

EXPEDIENTE

Diagramação e arte Mundo Agro e Innovativa Publicidade luciano.senise@innovativapp.com.br

Sumário

Legislação Arcabouço legal para a Postura Comercial e suas atualizações

Publicação Bimestral nº 46 | Ano V Março/2018

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Revista do Ovo

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Eventos

2018 Março 20 a 22

XVI Congresso APA de Produção e Comercialização de Ovos Local: Centro de Convenções de Ribeirão Preto, Ribeirão Preto - SP Realização: APA Informações: www.congressodeovos.com.br

Abril 10 a 12

Simpósio Brasil Sul de Avicultura Local: Centro de Cultura e Eventos Plínio Arlindo de Nês, Chapecó, SC Realização: Nucleovet Site: www.nucleovet.com.br

Maio 16 e 17

35ª Conferência FACTA WPSA Brasil 2018 Avicultura 4.0: Redução de perdas, otimização de processo e melhoria de produtividade. Local: Campinas, SP Realização: Fundação APINCO de Ciência e Tecnologia Avícolas (FACTA) Telefone: (19) 3243-6555 E-mail: facta@facta.org.br Site: www.facta.org.br

Julho 14 a 16

Festa do Ovo de Bastos Local: Bastos, SP Realização: Sindicato Rural de Bastos Informações: www.bastos.sp.gov.br/ noticia/925/58-festa-do-ovo

Há cinco anos no OvoSite

Instituto Ovos Brasil define em assembleia nova arrecadação para 2013 Campinas, 21 de Março de 2013 - Em assembleia realizada durante o XI Congresso de Ovos da APA, em Ribeirão Preto, SP, membros e dirigentes do Instituto Ovos Brasil, depois de discutirem e avaliarem várias alternativas, chegaram a um consenso que a arrecadação para manter as atividades da entidade volta a ser feita por meio dos incubatórios. A partir do dia 1º de maio, os incubatórios repassarão R$ 0,03 por pintainha para o Instituto. “Desde a criação do Ovos Brasil, em 2007, a arrecadação por pintainha vem sendo de R$ 0,01. Hoje, o Instituto, para continuar o trabalho que vem realizando junto à cadeia produtiva de ovos como ações de marketing e ações de representação do setor, precisa de um orçamento anual mínimo de R$ 800 mil”, explica Rogério Belzer, presidente do Conselho do Ovos Brasil. “Mas, atualmente, não temos a adesão de 100% do setor nacional para manter a entidade viva. Porém, diante das situações apresentadas nesta assembleia, ficou bem claro que todos defendem que a entidade precisa continuar ativa”.

As quatro mais lidas no OvoSite

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05 de Fev Ovos: expressivo aumento no encerramento da semana “Os ovos alcançaram novas valorizações em SP. Nos ovos brancos o aumento elevou o preço médio diário para R$64,00, valor 8,5% superior ao praticado na abertura do mês. Na comparação com o mesmo período do ano passado, o valor recebido é 14,7% inferior”.

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IX Encontro Técnico Unifrango Local: Maringá, PR Realização: Integra/ Sindiavipar Informações: ww.integra.agr.br/ encontrotecnico

Setembro 12 a 14

Curso de Atualização em Avicultura de Postura Comercial Local: Unesp - Campus de Jaboticabal Realização: Unesp - Campus de Jaboticabal, SP

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02 de Fev Ovos: fevereiro traz boas perspectivas “...O preço médio diário do ovo branco se encontra 20%-21% abaixo dos recebidos no mesmo período de fevereiro do último biênio. enquanto no atacado as mercadorias disponíveis atenderam a procura com certa folga, em algumas regiões o produtor teve dificuldade em atender o comprador.”

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07 de Fev Ovos: cotação subiu apenas para os ovos vermelhos “...A diferença para a caixa de ovos brancos que era de R$5,00 a R$10,00 passou a ser de R$8,00 a R$12,00. Os ovos brancos permaneceram com preços estabilizados. Com isso, o preço médio diário da caixa de ovos brancos ficou 21% abaixo do praticado no mesmo período do ano passado, enquanto os ovos vermelhos tiveram índice de retração um pouco menor, 16,9%”

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16 de Fev Ovos: índices de evolução são superiores ao ano passado, mas preços são bem inferiores “...A evolução do preço dos ovos é 27% superior à alcançada na abertura do mês, índice superior aos alcançados no ano passado (21,6%) e nos últimos 10 anos (21%), respectivamente. A base de preço deste início de mês foi bem inferior a fevereiro do ano passado”.


Aumento de 8%

Plantel de postura comercial em produção no mês de fevereiro O plantel de postura comercial em produção no decorrer de fevereiro alcançou a marca dos 100 milhões de cabeças, aumentando 8% no ano. Com isso, o produtor de ovos tem capacidade produtiva suficiente para atender as necessidades do mercado interno e externo. De toda forma, é preciso ações que favoreçam maior consumo do produto para justificar tão grande crescimento em curto espaço de tempo.

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Notícias Curtas Análise

2018 para o mercado de postura, por Ricardo Santin, Vice-Presidente Executivo da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA)

Os ‘gargalos’ que o Brasil vai enfrentar em 2018 no setor avícola? Equilíbrio no mercado interno, expansão do número de países importadores, melhoria do leque de produtos processados ofertados ao consumidor final e evitar impactos causados pelos roubos de cargas. O que podemos encarar como um sinal, verde, um sinal amarelo e um sinal vermelho para o ano de 2018?

O crescimento do consumo per capita de ovos no Brasil, mesmo que relativamente tímido, é um bom sinal para os produtores. Com os sinais de retomada econômica, o consumo de proteínas é influenciado positivamente. Como proteína mais acessível, o ovo costuma ser um dos grandes beneficiados nestes momentos. O custo de produção é, também, um sinal amarelo para o ovo. A expectativa de oferta de insumos está aquém do esperado. A importação de grãos e o bom estoque de passagem 2017/2018 devem evitar grandes elevações nos insumos. A questão da segurança nas estradas é um desafio para a indústria de alimentos, que gerou seus impactos no setor de ovos e pode ser considerado nosso sinal vermelho. Empresas do nosso setor já anunciaram a suspensão do fornecimento de produtos à determinadas regiões do País devido à falta de segurança. O que pode ser promissor para a avicultura em 2018? A retomada dos níveis de exportações. Os embarques para a África do Sul devem ser a grande “promessa” de 2018. Aquele país tem sido constantemente impactado por focos de influenza aviária, demandando a importação de produtos avícolas. No setor de carne de frango, esta elevação nas importações foi sentida drasticamente, e a África do Sul passou a figurar entre os 10 maiores importadores do setor brasileiro. O mesmo deve ocorrer com ovos.

Inovação

Cientista japonês utiliza clara de ovos na produção de energia limpa

Um cientista japonês afirma que ele e sua equipe descobriram um método para melhorar a produção de energia livre de carbono – usando proteínas retiradas da clara de ovo. Yusuke Yamada, professor da Universidade da Cidade de Osaka, disse que sua equipe conseguiu usar proteínas de clara de ovo como uma “ferramenta” para produzir hidrogênio, uma poderosa fonte de eletricidade limpa. O novo método “nos aproxima do nosso objetivo final de produzir hidrogênio a partir da água”, disse Yamada à AFP. “Esta é a base para a produção limpa de hidrogênio no futuro”, acrescentou o cientista. Podendo ser produzido em laboratórios sem combustíveis fósseis, criando uma interação especial das moléculas no estado líquido, explicou Yamada. Mas as moléculas e partículas de movimento livre e localizadas aleatoriamente no fluido podem interferir no processo de produção de hidrogênio e os cientistas têm procurado uma maneira de imobilizá-los.

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A equipe de Yamada usou uma proteína encontrada no ovo para criar cristais com muitos buracos pequenos para atrapalhar essas partículas. A mudança trouxe uma sensação de controle de tráfego para as interações moleculares e melhorou a eficiência da produção de hidrogênio, disse Yamada. “Se você usa hidrogênio como fonte de energia, ele só libera água no meio ambiente. É extremamente ecológico”, disse ele à AFP. Cur“Nós descobrimos que a proteína era uma ferramenta útil” para gerar hidrogênio em um laboratório sem usar combustível fóssil, disse o professor. As principais empresas do mundo vêem o hidrogênio como a energia limpa máxima para impulsionar tudo no futuro, desde carros até prédios de escritórios, e abandonar os combustíveis fósseis que causam o aquecimento global. O método de Yamada foi publicado na edição de fevereiro da revista científica “Applied Catalysis B”.


Desempenho

No ano passado produtor de ovos teve desempenho inferior ao alcançado no varejo

O acompanhamento de preços da comercialização da caixa de ovos brancos no mercado paulista e das vendas ao consumidor indicam que no decorrer do ano passado o desempenho no mercado varejista foi melhor do que o verificado na granja. A diferença entre um e outro alcançou índice de 40,5% e ficou 3,3% abaixo do alcançado no ano anterior quando atingiu a melhor relação do último quinquênio, 41,9%. De toda forma, alcançou melhor desempenho do que o verificado nos outros anos. Aliás, em três dos últimos cinco anos o índice foi superior a 40%. Assim, indica uma boa base referencial entre o produto comercializado na Granja e no Varejo.

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Notícias Curtas Tributação

Santa Catarina desiste de cobrança antecipada do ICMS

O Estado de Santa Catarina vai retirar a maioria dos produtos da sistemática da substituição tributária, até então eficiente ferramenta de controle da arrecadação, que concentra o recolhimento do ICMS na indústria ou importador. A saída será gradativa e deve ser finalizada em junho, segundo o secretário da Fazenda Estadual, Paulo Eli. A decisão decorre do novo entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF) que, ao julgar o Recurso Extraordinário n° 593849, decidiu que o contribuinte deve receber a diferença do imposto nos casos em que o valor de venda do produto for menor que o presumido. “A decisão do Supremo trouxe insegurança jurídica e vai representar um custo tributário elevado tanto para as empresas como para os Estados”, afirma o secretário de Santa Catarina. Hoje, acrescenta, os pedidos administrativos e decisões judiciais pleiteando a diferença do imposto somam R$ 70 milhões no Estado.

A decisão decorre do novo entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF) que, ao julgar o Recurso Extraordinário n° 593849, decidiu que o contribuinte deve receber a diferença do imposto nos casos em que o valor de venda do produto for menor que o presumido

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Até a saída definitiva da sistemática, que hoje abrange 70% dos produtos, Santa Catarina vai tanto ressarcir o contribuinte da diferença como também cobrá-la quando o preço final do produto for maior que o presumido. O mecanismo permanecerá apenas nos setores tradicionais - entre eles, combustíveis, cigarros, bebidas e automóveis. Para o presidente da Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc), Glauco José Corte, o fim da sistemática da substituição tributária, que atinge 50 mil produtos no Estado, é um avanço porque vai representar uma redução de custo para a indústria, hoje obrigada a antecipar o recolhimento do tributo. “O ideal seria que todos os Estados seguissem o mesmo caminho”, afirma. As novas regras em estudo que vão vigorar até a saída definitiva do Estado da sistemática da substituição tributária constam de uma medida provisória em fase de finalização. Segundo Paulo Eli, a norma sobre ressarcimento e cobrança da diferença do ICMS será parecida com Lei n° 15.056, publicada no fim do ano passado pelo Estado do Rio Grande do Sul, com regulamentação prevista para abril deste ano. “A decisão do STF e as ações de contribuintes pedindo a devolução do imposto no Judiciário nos levou a alterar a legislação”, explica o subsecretário da Receita Estadual do Rio Grande do Sul, Mário Luís Wunderlich dos Santos. O novo posicionamento dos ministros do Supremo, segundo o secretário, surpreendeu os Estados, que acreditavam na consolidação da legislação que trata da substituição tributária. Antes da decisão, a lei trazia como exceção o ressarcimento do imposto apenas nos casos em que a venda do produto não fosse efetivada. Segundo o secretário, o Rio Grande do Sul não vislumbra aumento de arrecadação com as novas regras. “Mas certamente vai aumentar a burocracia para as empresas, que terão de realizar cálculos para chegar à diferença do imposto”, prevê. O setor supermercadista, na sua opinião, será um dos mais afetados por conta da diversidade de itens comercializados. Para o presidente do Comitê dos Secretários de Fazenda (Consefaz), André Horta, que também é secretário de tributação do Rio Grande do Norte, com a decisão do STF perdem tanto o contribuinte como o setor produtivo. “Haverá aumento da burocracia com os cálculos da diferença do imposto cobrado dentro da sistemática”, afirma. Para ele, é uma surpresa a saída de Santa Catarina, que mantém universo expressivo de produtos dentro dessa sistemática de cobrança.”Para os Estados que adotam a substituição tributária em produtos tradicionais, como combustíveis, cigarros e bebidas, a decisão do STF não é tão relevante”, explica. É o caso de Goiás e até do Rio Grande de Norte. O assunto será levado à próxima reunião do Consefaz, marcada para o mês de abril. Antes, porém, este mês, os secretários de fazenda estaduais têm encontro com representantes da Confederação Nacional da Indústria (CNI) para tratar do Convênio nº 52, que consolida a legislação da substituição tributária. Publicado no início de janeiro, o convênio é alvo de uma ação direta de inconstitucionalidade (Adin) no STF impetrada pela CNI.


Agronegócios

Saldo da Balança Comercial Paulista cai em janeiro de 2018, mas continua segurando as contas do Estado

As exportações setoriais de São Paulo representaram 19,7% das vendas externas brasileiras, no primeiro mês do ano. Em janeiro de 2018, as exportações do Estado de São Paulo somaram US$ 3,63 bilhões (21,4% do total nacional) e as importações, US$ 5,17 bilhões (36,4% do total nacional), registrando um déficit de US$ 1,54 bilhão, informa o Instituto de Economia Agrícola (IEA), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento. Em relação a janeiro passado, o valor das exportações paulistas aumentou 6,5% e o das importações 18%, aumentando o déficit comercial (58,8%). No mesmo período, o agronegócio paulista apresentou queda nas vendas externas (-17,1%), registrando US$ 1,21 bilhão; enquanto as importações subiram (+4,9%), somando pouco mais de US$ 430 milhões, movimento que provocou a redução de 25,7% no saldo comercial, em relação ao primeiro mês de 2017, atingindo US$ 780 milhões. Essa queda está relacionada principalmente à diminuição do valor exportado do complexo sucroalcooleiro que registrou queda de 42% em janeiro de 2018. Mesmo com a diminuição do superávit, os resultados positivos do agronegócio estadual são extremamente importantes para reduzir déficit do comércio exterior paulista acumulado nos demais setores, afirmam José Alberto Angelo e Marli Mascarenhas Oliveira, pesquisadores do IEA, responsáveis pelo artigo. A balança comercial brasileira registrou superávit de US$ 2,77 bilhões, montante 16,4% maior que o obtido em janeiro de 2017. As exportações somaram US$ 16,97 bilhões e importações de US$ 14,20 bilhões. As exportações do agronegócio brasileiro aumentaram 4,8% em janeiro de 2018, quando comparadas com o mesmo período do ano anterior, atingindo US$ 6,15 bilhões (36,2% do total). Já as importações do setor caíram 2,4%, somando US$ 1,24 bilhão (8,7% do total). O superávit do agronegócio foi de US$ 4,91 bilhões, sendo 6,7% superior ao do mesmo período do ano passado.

Cevac IBras®, a resposta brasileira para PROTEGER e PREVENIR dos desafios da Bronquite Infecciosa A Revista do OvoSite

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Lançamento

Coopeavi lança nova marca de ovo

A proposta da Coopeavi é oferecer ao mercado varejista um produto de qualidade e agregar valor à produção dos cooperados. Quais são os diferenciais da nova marca de ovos Liva, da Coopeavi? O principal diferencial é a rastreabilidade do produto, que permite ao consumidor acessar a história da família que produziu o alimento. Uma plataforma está sendo criada para o consumidor conhecer cada uma das famílias que fazem parte da cooperativa e fornecem ovos para o nosso entreposto. Em quais estados ela será comercializada? ES, MG, RJ e BA, onde a Coopeavi já mantém pontos de vendas para distribuição dos produtos da cooperativa. No Espírito Santo, foco na região da Grande Vitória, com expectativa p a r a che-

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Cooperat iva Agropecuária Centro Serrana (Coopeavi) lançou em fevereiro sua nova marca de ovos: Liva. A marca passa a ser a oficial dos produtos alimentícios abrangendo os ovos e também café tradicional. A proposta da Coopeavi é oferecer ao mercado varejista um produto de qualidade e agregar valor à produção dos cooperados. ¬O gerente executivo de marketing da Coopeavi afirma que a marca Liva está projetada para uma gama maior de alimentos comercializados pela cooperativa. “A marca Liva é uma marca de alimentos da Coopeavi, não somente de ovos e café. ‘Liva, leve para sua vida’, essa é a garantia que queremos passar ao consumidor, de um produto de qualidade”. Acompanhe na sequência uma entrevista exclusiva com Luis Carlos Brandt, Gerente Executivo de Produção da Coopeavi.

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Linha completa


A Coopeavi Mais de

12mil cooperados 1,2milhão de aves poedeiras em produção (considerando cooperados e Condomínio Avícola) Estados de atuação

ES, MG, RJ e BA

gar às prateleiras de cidades maiores do sul e do norte do Estado. Quanto será produzido e comercializado mensalmente? Ainda não é possível dimensionar, vai depender da demanda. Números de aves em produção para esta nova marca São as aves do plantel da cooperativa: 1,2 milhão dos cooperados. A cooperativa não comercializa a produção do plantel todo, porque alguns cooperados comercializam de forma independente, mas a cooperativa tem cerca de 40 fornecedores que entregam ovos no entreposto e contribuem para o volume de ovos da marca Liva. Porque a Coopeavi resolveu investir em uma nova marca? A proposta da Coopeavi é oferecer ao mercado varejista um produto de qualidade e agregar valor ao produto dos cooperados. A marca Liva está projetada para uma gama maior de alimentos comercializados pela cooperativa, não somente ovos e café, sempre com qualidade.

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Legislação

Arcabouço legal para a Postura Comercial e suas atualizações

O RIISPOA 2017 trouxe uma série de atualizações que dizem respeito diretamente à postura comercial Autoras: Raquel Melchior, Doutora em Zootecnia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul e Consultora Técnica do Programa Ovos RS da Associação Gaúcha de Avicultura e Paula Gabriela da Silva Pires, Médica veterinária e Doutoranda em Zootecnia na Universidade Federal do Rio Grande do Sul

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avicultura industrial brasileira, desde os primórdios apresentou um distanciamento entre a produção de carne e ovos. A produção de carne visa a exportação enquanto a produção de ovos é destinada quase que exclusivamente ao mercado interno. Esse distanciamento pode ser observado também no rigor da legislação que rege a produção. Enquanto a produção de carne segue a legislação brasileira e busca adequar-se as normas dos países para os quais exportam, os produtores de ovos baseiam-se quase que exclusivamente na legislação nacio-

A atualização do RIISPOA trouxe também a extinção da categoria de inspeção denominada Estabelecimento Relacionado (E.R) que pertenciam ao Sistema de Inspeção Federal (SIF), mas com alguns aspectos de exigências diferenciadas. 12

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nal. A legislação que determina as normas técnicas do setor até o momento é o Regulamento de Inspeção Industrial e sanitária de Produtos de Origem Animal elaborado em 1952. Já a Portaria nº 1 de 21 de fevereiro de 1990 traz as normas gerais para a inspeção de ovos e derivados. Atualmente as granjas de postura vem investindo em tecnologia, através da construção de galpões modernos e automatizados, equipamentos, genética e alimentação adequada. Há ainda indústrias de processamento de ovos e fabricação de ovoprodutos tais como: ovo líquido, ovo em pó, ovo pasteurizado, ovo frito congelado, albumina, entre outros. Esta evolução na produção requer uma adequação na legislação para prever esses processos. A publicação do decreto 9.013 em 29 de março de 2017 atualizando a versão do RIISPOA 1952 vem de encontro as novas demandas do setor. O RIISPOA 2017 trouxe uma série de atualizações que dizem respeito diretamente à postura comercial começando pela nomenclatura/classificação dos estabelecimentos - Granja Avícola e Unidade de Beneficiamento de ovos e derivados. Por esta definição a Granja avícola irá produzir e proceder a ovoscopia, classificação, acondicionamento, rotulagem, armazenagem e a expedição de ovos oriundos, exclusivamente, de produção

própria destinada à comercialização direta. Já a Unidade de beneficiamento de ovos e derivados poderá realizar os mesmos procedimentos supracitados e quando possuir as instalações e condições adequadas realizar a industrialização dos ovos de produção própria ou adquiridos de terceiros. Também são definidos os derivados de ovos que podem ser líquidos, concentrados, pasteurizados, desidratados, liofilizados, cristalizados, resfriados, congelados, ultracongelados, coagulados ou apresentarem-se sob outras formas utilizadas como alimento, abrindo uma série de possibilidades aos produtores e indústrias brasileiras. A atualização do RIISPOA trouxe também a extinção da categoria de inspeção denominada Estabelecimento Relacionado (E.R). Os chamados E.R.s pertenciam ao Sistema de Inspeção Federal (SIF), mas com alguns aspectos de exigências diferenciadas. A partir de novembro de 2017 esta classificação foi extinta e estes estabelecimentos tiveram que migrar ou para Inspeção Federal, Inspeção Estadual ou ainda Inspeções Municipais e seus equivalentes. Para aqueles que optaram pelo SIF este é um momento de transição e adequação. Entre os aspectos que deverão ser revistos pelos estabelecimentos que estão migrando para o SIF destacamos:


As dependências e instalações industriais de produtos comestíveis devem ser separadas por paredes inteiras daquelas que se destinem ao preparo de produtos não comestíveis e daquelas não relacionadas com a produção. Ou seja, as áreas de recepção e seleção dos ovos terão de ser separadas das áreas destinadas a classificação e embalagem dos ovos para evitar contaminações cruzadas. Os estabelecimentos devem dispor de dependências, instalações e equipamentos ordenados para evitar estrangulamentos no fluxo operacional e prevenir a contaminação cruzada. Além disso, o estabelecimento de produtos de origem animal não poderá ultrapassar a capacidade de suas instalações e equipamentos. Os responsáveis pelo estabelecimento ficam obrigados a dispor de programa de recolhimento dos produtos por ele elaborados e eventualmente expedidos, quando for constatado desvio no controle de processo ou outra não conformidade que possa incorrer em risco à saúde ou aos interesses do consumidor. Devem também, dispor de mecanismos de controle para assegurar a rastreabilidade das matérias-primas e dos produtos, com disponibilidade de informações de toda a cadeia produtiva. Além disso, é importante destacar que o RIISPOA também traz em seu ca-

pítulo que trata das infrações e penalidades itens que claramente tratam da produção e comércio de ovos e derivados com destaque a presença de resíduos de produtos veterinários. Entre outros, é importante salientar os artigos 496, 497 e 500 que apontam como infrações: a falta de higiene nas operações de produção, instalações e equipamentos; a falta de comprovação de origem das matérias primas e produtos; o comércio de produtos considerados impróprios ao consumo, a saber: - danificados por umidade ou fermentação, rançosos, com características anormais, contendo sujidades ou com pouco cuidado na manipulação, elaboração, conservação ou acondicionamento; contenham contaminantes que não possuam limite estabelecido em legislação, mas que possam prejudicar a saúde do consumidor; - contenham contaminantes, resíduos de agrotóxicos, de produtos de uso veterinário acima dos limites estabelecidos; - sejam obtidos de animais que estejam sendo submetidos a tratamento com produtos de uso veterinário durante o período de carência recomendado pelo fabricante; e ovos com: - alterações da gema e da clara, com gema aderente à casca, gema rompida, presença de manchas escuras ou de sangue alcançando também a clara, presença de embrião com mancha orbitária ou em adiantado estado de de-

senvolvimento; - mumificação ou estejam secos por outra causa; - podridão vermelha, negra ou branca; - contaminação por fungos, externa ou internamente; sujidades externas por materiais estercorais ou tenham tido contato com substâncias capazes de transmitir odores ou sabores estranhos; - rompimento da casca e estejam sujos; ou - rompimento da casca e das membranas testáceas. Além da atualização do RIISPOA e a transição no sistema de inspeção, este também é um momento crucial para os avicultores, já que em 03/03/2018 se encerra o prazo para que os estabelecimentos protocolem seu registro junto ao Plano Nacional de sanidade Avícola. Para os produtores de ovos isso significa um forte investimento em telamento dos galpões, além de exigir a organização de documentos e procedimentos internos da granja. Apesar do turbulento momento, que demanda muitos investimentos financeiros e muitos esforços de produtores e técnicos, acreditamos que após toda essa etapa teremos estabelecimentos melhor preparados para a conquista de novos mercados, habilitados a comercializar em todo o território nacional e galgar mercados externos. *Recomendamos a leitura integral das legislações citadas para maiores esclarecimentos.

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Informe Técnico-Comercial

Ferramenta nutricional para segurança alimentar Os aditivos alimentares podem ser componentes importantes em um programa/plano de intervenção para saúde animal, qualidade e segurança alimentar

Autora: Melina Bonato, Coordenadora de P&D, ICC Brazil

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preocupação com a qualidade dos ingredientes e dos aditivos utilizados na ração animal é uma tendência global e irreversível, principalmente, pois o consumidor final está mais ciente da relação entre nutrição e saúde. ImmunoWall®, além de ser um ingrediente natural, comprovou ser uma solução bem sucedida para melhorar a saúde intestinal e a segurança alimentar em baixas dosagens, resultando em um excelente custo/benefício para produtores de ovos. Sabe-se que a Salmonella Enteritidis (SE), o sorotipo mais comum associado à doença humana, coloniza o ceco e os órgãos internos em galinhas de criação comercial resultando na translocação da SE para o ovário. Consequentemente, a SE pode ser encontrada nos ovos por meio de uma infecção dos ovários ou do trato intestinal.

Métodos para reduzir a contaminação do ovo Os produtores utilizam meios para reduzir a contaminação nos ovos, no entanto a praticidade e os custos de implementação dessas intervenções, são considerações importantes durante um programa de redução da contaminação de patógenos.

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Os aditivos alimentares podem ser componentes importantes em um programa/plano de intervenção para saúde animal, qualidade e segurança alimentar. Nos últimos anos, diversas alternativas para antibióticos foram testadas e utilizadas comercialmente na produção animal. Contudo, diversos fatores relacionados ao metabolismo animal devem ser considerados para obter o melhor custo/benefício de uma alternativa. ImmunoWall® produzido pela ICC Brazil, empresa brasileira de nutrição animal, é uma parede celular de levedura (Saccharomyces cerevisiae) com alta concentração de β-glucanos (> 35 %) e níveis excelentes de mananoligossacarídeos, MOS (>19 %).

Prevenindo a colonização de patógenos no intestino O MOS é conhecido por sua capacidade de aglutinar patógenos, já que

impedirá a colonização destes no intestino, pois oferece um sítio de ligação para bactérias gram-negativas que possuem fimbrias tipo 1. Como os β-glucanos são indigestíveis, as bactérias “capturadas” serão excretadas junto com as fezes. É importante ressaltar que, para atingir sua completa funcionalidade, as paredes celulares das leveduras devem ter uma baixa digestibilidade no intestino. Quanto maior a concentração de β-glucanos na parede de levedura, menor será sua digestibilidade e maior sua funcionalidade. Isso é o que torna o ImmunoWall® uma solução única no mercado. Os β-glucanos presentes no ImmunoWall® também atuam modulando a resposta imune dos animais, pois são estimulantes naturais do sistema imune inato. Quando as células fagocíticas entram em contato com os β-glucanos, essas células são estimuladas e produzem citocinas.

Nos últimos anos, diversas alternativas para antibióticos foram testadas e utilizadas comercialmente na produção animal. Contudo, diversos fatores relacionados ao metabolismo animal devem ser considerados para obter o melhor custo/benefício de uma alternativa Revista do Ovo

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Informe Técnico-Comercial

Maior condição imune A produção de citocinas acionará uma reação em cadeia, induzindo o status imune mais elevado nos animais e os tornando mais aptos a combater infecções oportunistas. Uma dessas respostas é a multiplicação e proliferação de células caliciformes, que são responsáveis pela produção de muco. Com o aumento da produção e a liberação de muco no lúmen intestinal, a mucosa (barreira protetora dos vilos e do meio que permite a ação de diversas enzimas) aumenta, resultando em uma maior proteção das células e dos vilos intestinais. ImmunoWall® age como um agente profilático, melhorando a resistência animal e diminuindo as perdas no de-

Uma redução na colonização do ceco com o uso de ImmunoWall® será uma diminuição na contaminação fecal da superfície dos ovos 16

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sempenho e as altas taxas de mortalidade. Em um ambiente extremamente desafiador, o fortalecimento do sistema imune é a chave para melhores ganhos de produtividade.

Uso experimental na alimentação Uma pesquisa realizada no Southern Poultry Research (Athens, GA – EUA) por Hofacre, et al. (2017) teve como objetivo avaliar o uso de ImmunoWall® na dieta de poedeiras comerciais para reduzir a colonização do intestino e ovários pela SE. As frangas foram alimentadas com uma dieta controle ou suplementadas com ImmunoWall® a partir de 10 semanas de idade e, na 16ª semana, foram oralmente contaminadas por uma cepa de SE resistente ao ácido nalidíxico. Aos 7 e 14 dias após o desafio, as aves foram eutanasiadas e passaram por uma necropsia, onde foram obtidas amostras do ceco e dos ovários. A SE resistente ao ácido nalidíxico foi isolada e identificada. Foi necessária uma dose de SE extremamente alta nesse estudo para estabelecer uma transmissão suficiente da SE para os ovários (> 40% das aves do grupo controle foram positivas na cultura ovariana vs. 33,3% no grupo ImmunoWall®). ImmunoWall® foi muito eficaz na redução da prevalência da infecção no ceco (93,8% para ImmunoWall® vs. 97,9% do grupo controle, aos 7 dias pós-infecção; e 47,9% para ImmunoWall® vs. 53,2% do grupo controle,

aos 14 dias pós-infecção), já que houve uma redução significativa na colonização do ceco pela SE aos 7 dias (os ceco positivos para SE no grupo ImmunoWall® apresentaram uma mediana de aproximadamente 102 SE/grama vs. 103 SE/grama de conteúdo cecal no grupo controle), resultando em reduções correspondentes na prevalência e na colonização dos ovários.

Redução na contaminação fecal dos ovos É importante destacar que uma redução na colonização do ceco com o uso de ImmunoWall® será uma diminuição na contaminação fecal da superfície dos ovos. Após a postura dos ovos, eles começam a esfriar e incorporar as bactérias que estão na superfície pelos poros da casca. Assim, uma contaminação menor da superfície pela SE deve resultar em uma contaminação menor da parte interna do ovo. O uso de ImmunoWall® pode ser uma parte integrada e viável de uma estratégia abrangente para intervenção da SE, resultando em uma redução da colonização dos ovários e da contaminação ambiental. *Hofacre, et al. Effectiveness of a yeast cell wall in commercial layers against intestinal and ovary colonization of S. enteritidis, presented at the Southern Conference of Avian Disease seminar in Atlanta in January 2017 (IPPE) and will be published in the proceedings of the Western Poultry Disease Conference in March of 2017.


Evento

XVI Congresso APA de Produção e Comercialização de Ovos destaca importância do bem-estar animal durante o evento Evento será realizado entre os dias 20 e 22 de março, em Ribeirão Preto (SP)

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omo o bem-estar de aves poedeiras pode contribuir com ganhos de produtividade no campo? Quais são os impactos da evolução em genética de milho na formulação de ração para a avicultura de postura? Quais são as alternativas de vendas de ovos no varejo? Como produzir e vender cada vez mais e melhor com rentabilidade? Estas são algumas das perguntas que serão respondidas por especialistas em avicultura de postura de vários países durante o XVI Congresso APA de Produção e Comercialização de Ovos, de 20 a 22 de março, em Ribeirão Preto (SP). Este ano, são aguardados cerca de 600 participantes. De acordo com José Roberto Bottura, Diretor Técnico da Associação Paulista de Avicultura (APA), um dos temas em destaques da edição do Congresso de será o bem-estar animal. Além de ser assunto discutido durante nossa programação científica, teremos neste ano uma programação Pré-Congresso inteiramente dedicada ao tema, que ocupará toda a manhã de terça-feira, dia 20 de março. “Neste ano também, pela primeira vez em muitos anos, o evento se inicia na manhã de terça – e não após o almoço. A escolha do tema se deu em função da crescente

Bottura: “Teremos neste ano um número maior de palestrantes internacionais em função de entender que este intercâmbio com a produção de outros países tem sido benéfico para o desenvolvimento da cadeia produtiva”. pressão do consumidor e das grandes redes varejistas. Muitas vezes estas exigências são bastante questionáveis, pois o conceito de bem-estar animal é muito mais amplo que a discussão do uso de gaiolas na produção de ovos. Precisamos discutir e mostrar diversos

Prêmio APA/OvoSite O Prêmio APA/OvoSite, que acontece pela segunda vez, é uma iniciativa da Associação Paulista de Avicultura (APA) em parceria com o OvoSite. O objetivo é realizar uma homenagem a alguns dos profissionais e produtores de ovos que se dedicam a Postura Comercial. “Este prêmio é uma homenagem a alguns dos profissionais que se destacaram no setor ao longo do ano passado”, afirmou Bottura. O OvoSite será o responsável por organizar a votação e a divulgação do prêmio. Serão 5 categorias: Marketing do Ovo (marca mais lembrada); Empresário do Ano (Gestão); Profissional de Sanidade, Profissional de Nutrição, Pesquisador do Ano e Empreendedorismo do Ano (inovação). São três finalistas por categoria e a cerimônia de premiação acontece durante a abertura do Congresso de Ovos 2018.

pontos de vista e é este o objetivo desta edição”, destacou Bottura. Ele aponta que quando se ajusta um manejo na propriedade visando o bem-estar dos animais, ele pode implicar em custo que, muitas vezes, vem acompanhado de melhorias na rentabilidade. “Por exemplo, a redução da densidade de galinhas por gaiola pode sim aumentar a eficiência produtiva do plantel, ou mesmo aumentar o tamanho do ovo. Outro benefício que pode trazer é uma redução de mortalidade. O produtor já começa a entender que os investimentos em bem-estar não dignificam perda de rentabilidade. E ele vai precisar se adaptar a estas novas normas”, explicou. Revista do Ovo

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Evento

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Informe Técnico-Comercial

Tifo Aviário: avanços científicos recentes nas pesquisas brasileiras Dois trabalhos publicados em 2017 comprovam que os casos de Tifo Aviário ocorridos no Brasil não se relacionam com utilização da cepa vacinal SG 9R, ou seja, não foi demonstrada a reversão de virulência da cepa vacinal em questão.

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ois recentes trabalhos, um conduzido pelo Prof. Dr. Angelo Berchieri Junior, da Universidade Estadual Paulista, Jaboticabal (SP) (Further investigations on the epidemiology of fowl typhoid in Brazil. Celis-Estupiñan, A.L.P. et al; Avian Pathology,

2017), e outro pelo corpo técnico da Simbios, André Fonseca, Nilo Ikuta e Vagner Lunge, (Molecular and phylogenetic analyses of Salmonella Gallinarum trace the origin and diversification of recent outbreaks of fowl typhoid in poultry farms. De Carli, S. et al; Veterinary Microbiology, 2017),

dão destaque aos avanços nas pesquisas envolvendo o Tifo Aviário no Brasil. A enfermidade é responsável por enormes prejuízos, seja em granjas reprodutoras, seja em granjas comerciais (ovos ou carne), devido à mortalidade e/ou a queda de produção.

Acompanhe na sequência, as entrevistas exclusivas, com os profissionais responsáveis pelas pesquisas

Angelo Berchieri Junior

Professor titular da Universidade Estadual Paulista, Jaboticabal (SP). O que é o Tifo Aviário (TA) e qual a sua importância para a avicultura industrial? É uma enfermidade que acomete galináceos – galinhas, codornas, perus, faisões, etc. – podendo provocar alta mortalidade em qualquer faixa etária, embora seja mais comum em aves adultas. Alguns animais adoecem, param de produzir ovos e morrem; os outros ao redor, se contaminam após bicagem das carcaças, apresentando o mesmo quadro e assim, sucessivamente o TA é transmitido de ave para ave, podendo atingir 80% do plantel. Em decorrência da

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severidade da doença, lotes de aves reprodutoras com diagnóstico confirmado de TA devem ser eliminados. Seja em granjas reprodutoras, seja em granjas comerciais (ovos ou carne), os prejuízos são enormes devido a mortalidade e/ou a queda de produção. Existem aves ou linhagens mais susceptíveis ao TA? As aves brancas leves são mais resistentes ao quadro da enfermidade. Mas se infectadas, apresentam queda temporária de produção de ovos e o agente do TA, Salmonella enterica subsp. enterica sorovar Gallinarum


biotipo Gallinarum (SG), pode persistir no organismo da ave por várias semanas. A mortalidade em lotes dessas aves é bem menor que em aves vermelhas e reprodutoras de corte. Qual o papel das linhagens de aves brancas leves na epidemiologia do TA? Como nem sempre se observa sinais clínicos e alteração visível da taxa de mortalidade deste tipo de plantel, a presença de SG pode passar despercebida. Se alguma ave infectada morrer, SG se espalha pela carcaça, a qual será bicada pelas demais e/ ou levada por outros animais, como roedores, gatos, cães, aves selvagens, etc. Dessa forma, a bactéria se dissemina pela propriedade e região. No tifo aviário também se observa a presença de aves portadoras assintomáticas como na Pulorose? Não. O agente da pulorose, Salmonella enterica subsp. enterica sorovar Gallinarum biotipo Pullorum (SP), tem como principal mecanismo de disseminação, a via transovariana. Aves acometidas no início da vida, que sobrevivem à enfermidade, carreiam a bactéria por toda a vida produtiva. Em aves reprodutoras, SP passa do ovário aos folículos (gema). Durante o processo de incubação, em alguns ovos, o embrião não se desen-

volve; em outros, o embrião se desenvolve mas morre antes de eclodir; e outros nascem. No nascedouro haverá disseminação entre os recém nascidos. Assim, pintinhos chegarão à granja com diferentes graus de infecção. Dependendo da dimensão da infecção na granja reprodutora, a mortalidade será maior ou menor nas três primeiras semanas de vida da progênie. Os sobreviventes se tornarão portadores e irão disseminar SP em alguns ovos produzidos na fase adulta. Portanto, não se pode dizer que a transmissão de SP e SG sejam semelhantes. O uso de antimicrobianos para controlar o TA é uma medida eficiente? Não. Pode reduzir a mortalidade, mas não elimina a infecção, criando uma falsa ideia de controle. Retirando-se o antimicrobiano, a enfermidade reaparece. Considero muito mais eficaz a retirada correta e rápida de aves mortas (de preferência retirá-las antes de morrerem), bem como a eliminação eficiente das carcaças. Lembrar que aves reprodutoras não podem receber tratamento para o TA e que o lote deve ser eliminado. Qual a importância da vacinação para controle do TA? Quais são a principais vacinas disponíveis?

A vacinação seria um instrumento a mais, dentro de um programa de biossegurança. A única vacina disponível, comercialmente, é a que contém a estirpe SG9R viva. A vacinação com SG9R em poedeiras, na sua opinião, é uma medida de controle assertiva para a prevenção do TA? E para o controle desta doença?

É preciso entender como o Tifo Aviário se propaga. Depois, entender que não adianta tomar medidas paliativas e que não existem medidas milagrosas. A disseminação da enfermidade depende de aves mortas infectadas pelo agente do TA, sendo bicadas pelas que estão ao redor Revista do Ovo

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Informe Técnico-Comercial

A limpeza e desinfecção dos locais onde encontravam-se as aves mortas deve ser parte dos procedimentos de combate ao Tifo Aviário

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Diferente do que ocorre em granjas reprodutoras, onde o programa de biossegurança e o sistema de criação tem tudo para ser eficiente, em granjas de galinhas para postura de ovos de mesa, o desafio é muito maior, considerando-se a quantidade de aves na granja e na região, a proximidade de outras granjas, manejos sanitários diferentes, idades múltiplas, movimentação pessoal e de veículos, etc. A vacinação pode induzir imunidade por um determinado período. Pelo fato de que o desenvolvimento da enfermidade é dose dependente, a vacinação, sendo acrescentada às demais medidas de biossegurança, poderia ser útil para evitar a propagação da doença. É recomendado o uso da vacina SG9R em regiões sem histórico de problemas de TA? A enfermidade está disseminada no país e a vacinação está sendo feita nos susceptíveis. Seria mais prudente, analisar os mecanismos de disseminação da bactéria e assegurar que se tornassem ineficazes. Seria mais profícuo, dar mais atenção aos meios de transportes de pintinhos de um dia, ovos para incubação, ovos para comercialização, descarte de aves de postura, envio para abate de aves de postura comercial e de aves reprodutoras. Dar atenção ao transporte e ao que é transportado. Lotes contendo

aves doentes deveriam ser destinados ao abate sanitário na propriedade. Implementar um programa de monitoria bacteriológica nas propriedades. A movimentação de pessoal e veículos entre áreas afetadas e áreas livres devem ser consideradas como fatores de risco. É preciso avaliar as conseqüências da introdução da vacinação antes de fazê-lo. Por que a vacinação de matrizes contra o TA não é permitida pela legislação? Granjas reprodutoras são construídas longe de outras granjas, cercadas por vegetação natural, com criação em núcleos individualizados e seguem o programa de biossegurança, incluindo-se a monitoria bacteriológica, conforme determina o PNSA. Na minha opinião, seguindo as normas do PNSA, granjas reprodutoras conseguem ser livres de SG. Há benefício na utilização de vacinas autógenas de S. Gallinarum no controle do TA? Vacinas autógenas são compostas de bactérias mortas. Podem ser feitas, desde que o programa de vacinação contemple uma vacinação prévia com uma estirpe viva atenuada. A vacina viva é necessária para estimulação mais complexa do sistema imune. O uso de bacterinas, apenas, não consegue induzir à resposta imune necessária.


XVI CONGRESSO APA Centro de convenções Ribeirão Preto 20 a 22 de março de 2018

Informações: www.congressodeovos.com.br Telefones: (11) 3832.1422 - APA e (19) 3243.6555 - FACTA E-mails: congresso@apa.com.br atendimento@apa.com.br facta@facta.org.br

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Informe Técnico-Comercial Qual a forma eficaz de se conter um surto de tifo aviário? Qual a forma eficaz de se impedir a entrada da S. Gallinarum nas granjas? Primeiro é preciso entender como a doença se propaga. Depois, entender que não adianta tomar medidas paliativas e que não existem medidas milagrosas. A disseminação da enfermidade depende de aves mortas infectadas pelo agente do TA, sendo bicadas pelas que estão ao redor. Verificar os locais onde a enfermidade se iniciou, além das condições de ambiência, higiene, etc. Retirar o mais rápido possível, carcaças de aves mortas (de preferência, retirar as aves moribundas). Não deixá-las na granja. Destiná-las imediatamente para compostagem ou incineração. Incineração completa seria mais eficiente. Considerar como foco de infecção o local que a ave estava e tudo aquilo que teve contato com ela (cama, fezes, equipamentos, pessoal que trabalha na granja, veterinário, etc). A limpeza e desinfecção dos locais onde encontravam-se as aves mortas deve ser parte dos procedimentos de combate ao TA. Considerar roedores, moscas, ectoparasitas e aves selvagens como veiculadores de SG. Seres humanos e veículos devem ser considerados meios de disseminação de SG. Fazer monitoria bacteriológica de animais que morrem na granja e dos resíduos (cama, compostagem, etc.). Qualificação e incentivo ao pessoal que trabalha na granja, a começar pelo responsável técnico. Quando um lote de reprodutoras positivo para S. Gallinarum é eliminado de uma granja, após a limpeza, lavagem, desinfecção e monitoria bacteriológica das instalações, é importante se respeitar o vazio sanitário antes da entrada do novo lote? Sim. Lembrar que a monitoria bacteriológica deve contemplar os locais de destino das carcaças, cama, coleções de líquido atingidos pelo sistema de lavagem da granja. Recomendo ainda que o processo de limpeza, lavagem e desinfecção deve atingir também as pessoas (e seus pertences) que trabalham e que visitam a granja. Em seu artigo recente, publicado na revista Avian Pathology, seu grupo explora 4 possibilidades para a re-emergência, e para o atual status do tifo aviário no Brasil, comente-os: A susceptibilidade das linhagens comercias ao TA teria mudado? No trabalho são apresentados resultados de infecção experimental de três linhagens comerciais de aves para postura de ovos de mesa, variedades branca e vermelha. As variedades vermelhas apresentaram alta mortalidade e as variedades brancas mortalidade muito baixa, à semelhança de trabalhos anteriores. Diante dos resultados não é possí-

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vel associar os casos de TA a alteração nas linhagens comerciais. O uso de antibióticos em lotes positivos para o TA teria favorecido a disseminação da doença? Pode ser que sim. O tratamento diminui a mortalidade, mas não elimina a bactéria da ave. Em lotes em que se utilizou antimicrobianos e que depois foram enviados para abate, é possível que aves morreram durante o trajeto. SG se multiplicaria, espalhando-se pela carcaça, que seria bicada pelas as aves ao redor. O veículo de transporte estaria disseminando-a por onde passasse, inclusive no abatedouro. Considerar que o transporte pode variar de algumas horas até mais que um dia, sendo um enorme fator de estresse. No abatedouro, outros veículos adentrariam, podendo se transformar em carreadores da bactéria para os locais aonde retornarem. O raciocínio é o mesmo para o interior da granja. Passado o efeito do antimicrobiano, morrendo uma ave apenas, SG se espalha pela carcaça e, pela bicagem, outras aves se infectarão e assim por diante. O pessoal que tem contato com as carcaças, são potencias disseminadores. Transmissão vertical (intra-ovariana) estaria exercendo importante papel na disseminação do TA? As aves infectadas experimentalmente pararam de produzir ovos e morreram. Quando as aves experimentais foram tratadas com antimicrobiano, depois de algumas semanas voltaram à produção. Todos os ovos produzidos foram examinados e SG não foi detectada em nenhum deles. SG foi inoculada na superfície externa da casca, sob a casca e no interior do vitelo, de ovos férteis. Após o período de incubação dos ovos, naqueles em que SG foi inoculada na casca ou sob a casca, não houve re-isolamento da bactéria. Quando a inoculação foi no

vitelo, ocorreu morte embrionária ou ausência de desenvolvimento embrionário e SG encontrava-se em abundância no interior do ovo. Diante desses resultados, entendemos que não há transmissão transovariana como ocorre na pulorose, mas SG pode ser carreada da granja reprodutora para o incubatório e deste para a progênie. Houve o surgimento de uma nova estirpe de SG mais patogênica? Não acredito que esta tenha sido a razão da “re-emergência” do tifo aviário. Acredito que a situação atual seja decorrente da demora em reconhecer a doença em animais mortos na granja e a dificuldade de diagnóstico laboratorial devido a diferença entre salmonelas paratíficas e os biotipos SG e SP, começando pela amostra a ser examinada, pelo crescimento da bactéria em meios de cultivo, etc. Quais as conclusões deste trabalho? Que não houve alteração quanto à bactéria, mecanismo de transmissão ou de patogenicidade ao tifo aviário. Que é preciso ficar atento sempre. Capacitar e reciclar o pessoal envolvido, seja aqueles que trabalham em operações avícolas, sejam aqueles que trabalham em diagnóstico laboratorial. Não esquecer que a avicultura comercial cresceu exponencialmente e continua a crescer. Se expandindo por todas as regiões do país. País em que o TA já foi identificado no passado e que possui diversos galináceos em sua fauna, incluindo galinhas, perus e codornas. Seria possível explicar rapidamente com base nas análises de PFGE (gel de eletroforese em campo pulsado) do seu trabalho qual a relação da estirpe vacinal SG9R e a(s) estirpe(s) que circulam no Brasil? As estirpes de SG são muito conservadas e SG9R é uma estirpe que se originou de outra que era patogênica, a 9S. Os resultados de seu presente trabalho o surpreenderam? Se

A avicultura comercial cresceu exponencialmente e continua a crescer, expandindo-se por todas as regiões do país. País em que o Tifo Aviário já foi identificado no passado e que possui diversos galináceos em sua fauna, incluindo galinhas, perus e codornas

sim comente em que pontos foi surpreendido? Não me surpreendem. Mostram que na natureza, tudo é muito simples e o conhecimento do passado continua sendo um ensinamento de grande valia. As mesmas recomendações listadas no livro mais antigo que conheço, Manual de Doenças das Aves de Reis e Nóbrega, do Instituto Biológico de São Paulo, da década de 1940-50, continuam valendo. É preciso fazer o dever de casa. Usar novas ferramentas sem deixar de lado o dia a dia. Você acredita que há possibilidade de reversão de virulência por parte da estirpe vacinal SG9R? Não. Essa estirpe foi desenvolvida pelo Dr. William Smith por volta de 1955.Tem sido usada amplamente e muito estudada por pesquisadores de diversos países. Caso isso acontecesse, já teria sido noticiado. A reversão espontânea de estirpes rugosas não é fato comum. Revista do Ovo

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Informe Técnico-Comercial

Vagner Lunge, André Fonseca e Nilo Ikuta Corpo técnico da Simbios

Qual foi o incentivo inicial para a realização deste trabalho? Qual foi a dúvida que no primeiro momento vocês quiseram responder neste trabalho? O grande incentivo inicial foi uma questão levantada por vários veterinários vinculados à avicultura (entre os quais o próprio Dr. Paulo César Martins, da BioCamp). Os surtos recentes de tifo aviário seriam devidos à reversão de virulência da cepa vacinal SG9R utilizada no campo? A evidência científica que levou a tal dúvida foi um trabalho publicado em 20131 que demonstrou, com base em sequenciamento de genoma total, que isolados de SG de um surto de tifo aviário na Bélgica eram bastante parecidos com a cepa vacinal SG9R, indicando a possibilidade de reversão vacinal recente naquela granja/região produtora em questão. (1Van Immerseel F, et al. Salmonella Gallinarum field isolates from laying

Os serviços veterinários da indústria e do governo não foram capazes de responder adequadamente ao enorme aumento da produção, e as medidas de biossegurança podem não ter sido tão rigorosas 26

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hens are related to the vaccine strain SG9R. Vaccine. 2013 Oct 9;31(43):4940-5.) Qual é a vantagem da técnica molecular utilizada para estabelecer a relação de ancestralidade e clonalidade das cepas de S. Gallinarum estudadas? Salmonella sp é uma bactéria muito bem estudada e um exemplo clássico da ocorrência de assinaturas genômicas que distinguem estilos de vida e adaptação a diferentes hospedeiros. O sequenciamento do genoma completo de várias cepas de Salmonella spp. evidenciou as diferenças genéticas entre sorotipos. Mais do que isso, demonstrou que a principal diferença entre as cepas são os polimorfismos de nucleotídeos únicos (SNPs) nos genomas avaliados. Como estas alterações ocorrem ao longo do tempo, quanto maior o número de SNPs entre duas bactérias, maior a distância genealógica (mais distante o ancestral comum). Obviamente esses dados também permitem inferir relações temporais entre sorotipos e até mesmo cepas circulantes. Ou seja, esta análise pode ser utilizada para comparar linhagens e rastrear cepas de Salmonella spp. É a forma mais robusta de estudar a dinâmica da população e a história evolutiva de qualquer bactéria. No nosso estudo, usamos o sequenciamento de genomas completos para avaliar os SNPs entre cepas de SG do Brasil e, com o uso de métodos filogenéticos, investigar as cepas de SG isoladas de surtos no nosso país e de outras regiões do mundo. O objetivo foi compreender a história evolutiva deste importante sorotipo de salmonela e elucidar surtos recentes de tifo aviário no Brasil. Explique de forma resumida os resultados obtidos pelo trabalho do grupo. Os genomas completos de duas cepas de campo brasileiras de S. Gallinarum (BR_RS12 e 287/91) foram avaliados comparativamente com outras cepas de Gallinarum e Pullorum. A filogenia gerada demonstrou uma clara

separação das cepas de Gallinarum em relação às de Pullorum. Especificamente, o grupo de Gallinarum mostrou uma subdivisão clara entre as cepas de campo isoladas no Brasil; em comparação à vacina SG9R; a respectiva cepa mãe SG9; e a cepa de campo revertente MB4523 (justamente do estudo do grupo Belga). A análise de dinâmica populacional desses grupos (chamada filodinâmica) mostrou que ocorreram provavelmente duas introduções de Gallinarum no Brasil, a primeira em 1885 e a segunda em 1950. Em conclusão, esses resultados indicam que as cepas estudadas de S. Gallinarum (que foram isoladas de surtos de tifo aviário) circulam há muito tempo no Brasil e não foram originárias da reversão da virulência da vacina SG9R. Diante dos resultados obtidos, é possível afirmar que as estirpes de campo (desafio) e a SG9R (vacinal) são diferentes, e que não há evidências de reversão de virulência por parte da estirpe vacina? Sim, conforme demonstrado acima, é possível afirmar que as cepas estudadas são diferentes da cepa vacinal SG9R. Nas últimas três décadas, o Brasil apresentou um crescimento acentuado na produção de frangos e ovos. É provável que os serviços veterinários da indústria e do governo não tenham sido capazes de responder adequadamente a esse enorme aumento da produção, e as medidas de biossegurança podem não ter sido tão rigorosas. Os resultados apresentados aqui reforçam a importância da vigilância epidemiológica para apoiar as políticas de saúde animal. Há algum trabalho que esteja sendo desenvolvido neste momento, para complementar aos resultados obtidos neste? Sim, estamos justamente avaliando cepas de outros surtos de tifo aviário com a mesma metodologia de análises para verificar se estas cepas de campo apresentam algum indício de uma possível reversão de virulência da cepa vacinal.


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O controle de ácaros hematófagos e seus benefícios Veja qual é o impacto dos ácaros na produtividade, saúde das aves, bem estar animal e na lucratividade Autores: MV Dr. Gustavo Perdoncini , Coordenador de Contas-Chave Postura Comercial – MSD Saúde Animal e MV André Gomes, Gerente de Produtos Avicultura – MSD Saúde Animal

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o vilão ao bonzinho, os ovos estão cada vez mais presentes na mesa dos consumidores brasileiros. Porém, existe uma praga que prejudica a avicultura de postura, não somente no Brasil, mas em todo o mundo. O crescimento da infestação por ácaros hematófagos tem gerado mundialmente prejuízos bilionários e preocupações crescentes. Anemia, queda de produtividade, redução da qualidade dos ovos, incômodo para as aves, transmissão de enfermidades contagiosas são apenas alguns dos prejuízos observados. Neste trabalho será abordada a importância e o impacto que dois ácaros hematófagos conhecidos como Dermanyssus gallinae (ácaro vermelho das aves) e Ornithonyssus sylviarum (ácaro das aves do norte ou da bunda das galinhas) causam na avicultura. A eliminação destas duas pragas é cada vez mais urgente. E qual será a melhor ferramenta utilizada para eliminá-las?

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Cada produto e estratégia diferem em modo de ação e controle, mas o foco deve ser resumido em: eliminar os ácaros, blindar as granjas e não deixar resíduos em ovos

Atualmente, muitas pesquisas estão sendo realizadas para compreender o comportamento dos ácaros e identificar o melhor método que culmine com a eliminação dos prejuízos causados por estas pragas. Entretanto, até o momento, produtores brasileiros travam uma batalha para identificar uma ferramenta eficaz, rápida, segura para manipuladores, seguro para as aves e com carência zero para ovos. Qual é o impacto na produtividade, saúde das aves, bem estar animal e lucratividade? A resposta nem sempre é precisa e fácil de ser mensurada. Aviários com intensas infestações tendem a ter redução na produtividade mais perceptível. Dados recentes têm demostrado diferenças de 5,75% na produção de ovos e prejuízos na conversão alimentar. A qualidade da casca consequentemente também é afetada e perdas ao longo do processo tendem a ser maiores. O ácaro vermelho das aves é um ectoparasito comum, é considerado a praga mais significativa na postura comercial em todo o mundo e utiliza o

O controle eficaz de ácaros hematófagos é imprescindível, já que infestações geram prejuízos sanitários e zootécnicos

hospedeiro e o meio ambiente para completar seu ciclo de vida. Possui hábitos noturnos, se alimenta a partir do repasse sanguíneo das aves, principalmente no período da noite e se escondem nas instalações quando não estão se alimentando. Altas infestações tendem a alterar o comportamento do D. gallinae e estimular o repasse sanguíneo também durante o dia. Em condições ambientais desfavoráveis ou na ausência de aves nas instalações, algumas fases deste ácaro são capazes de sobreviver por vários meses sem se alimentar. Já o Ornithonyssus sylviarum possui ciclo de vida completo nas aves, utilizando o ambiente somente para se deslocar entre as aves, tornando difícil seu controle. As galinhas infestadas podem desenvolver anemia devido às picadas repetidas de ácaros, com perdas superiores a 3% de seu volume sanguíneo diário. Em casos extremos de infestações de D. gallinae, galinhas se tornam anêmicas e podem inclusive vir a óbito. Aumentos de 10 vezes na mortalidade de galinhas após altas infesta-

Aviários com intensas infestações tendem a ter redução na produtividade mais perceptível. Dados recentes têm demostrado diferenças de 5,75% na produção de ovos e prejuízos na conversão alimentar Revista do Ovo

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Informe Técnico-Comercial

Imagem do Dermanyssus gallinae (ácaro vermelho das aves)

Devido a demandas regulatórias, diversos produtos das classes dos carbamatos, organofosforados e piretróides foram banidos para uso na avicultura em diversos países 30 Revista do Ovo

ções tem sito relatados, porém a mortalidade pode ser maior quando os ácaros atuam como vetores de enfermidades patogênicas. O estresse constante, irritação dérmica e baixas performance são comumente observadas em situações onde estão presentes estas pragas. O ácaro vermelho das aves também pode estar envolvido na transmissão de inúmeros microrganismos para as aves, incluindo patógenos zoonóticos como Salmonella enteritidis, vírus da doença de Newcastle ou Influenza. A implantação de biosseguridade contribui para o controle das infestações e se traduz em benefícios econômicos, sanitários e de qualidade. Algumas medidas simples, como a troca de vestuário, manutenção da limpeza/higiene e controle de fluxo de pessoas/ferramentas são necessárias para o controle. O médico veterinário possui papel fundamental ao realizar escolhas e implementar medidas para manter li-

vre as granjas. Métodos químicos ou naturais estão ao alcance de produtores, entretanto a efetividade, segurança e regulamentação para a atividade devem ser consideradas. Cada produto e estratégia diferem em modo de ação e controle, mas o foco deve ser resumido em: eliminar os ácaros, blindar as granjas e não deixar resíduos em ovos. A garantia do controle das populações de ácaros é eficaz ao seguir as recomendações de biosseguridade e as corretas aplicações de produtos químicos regulamentados para a atividade. Devido a demandas regulatórias, diversos produtos das classes dos carbamatos, organofosforados e piretróides foram banidos para uso na avicultura em diversos países. Atualmente, deste grupo, o Phoxim é registrado na União Européia para o controle de D. gallinae. A molécula mais atual e inovadora, liberada na União Européia em 2017 é o Fluralaner. Esta molécula apresenta altíssima eficiência na eliminação do ácaro vermelho das aves ou Ácaro das Aves do Norte. O Fluralaner possui carência zero para ovos, aplicação via água de bebida e estará disponível no mercado brasileiro em 2017. A escolha inadequada para o controle de ácaros pode ser traduzida em grandes prejuízos: • Possibilidade de contaminação do alimento das aves • Contaminação/irritação do avicultor e das aves • Pouco ou nenhum efeito sobre os ovos de ácaros • Pouco residual no ambiente; • Inativação por sujidades ambientais; • Resíduo em ovos O controle eficaz de ácaros hematófagos é imprescindível, já que infestações geram prejuízos sanitários e zootécnicos. A escolha segura de um produto vai além da eliminação dos ácaros de uma granja. Esta escolha deve garantir segurança para as aves/ manipulador, possuir indicação em bula para postura comercial, ausência de resíduos em ovos e proteção à atividade.


Água e meio-ambiente

Bombeamento de água com energia solar leva benefícios aos produtores e ao meio ambiente Seus diferenciais são: melhor custo benefício, maior eficiência energética, baixo investimento inicial, menor tempo de retorno de investimento e sustentabilidade meio-ambiental

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Água e meio-ambiente

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energia solar fotovoltaica é um sistema limpo, renovável, que converte energia do sol em eletricidade e já é uma aliada no bombeamento de água no campo. Alguns locais mais remotos têm acesso limitado à água e, por isso, têm a necessidade de usar bombas elétricas para extração a partir de poços artesianos. Mas o problema é que a eletricidade nem sempre está disponível nestas áreas, por isso, as bombas são movidas a geradores a diesel, que além de serem poluentes, exigem uma manutenção constante. Apesar de ser uma aplicação pouco conhecida, o bombeamento é a mais acessível entre as aplicações da energia solar fotovoltaica. Seus diferenciais são um melhor custo benefício, maior eficiência energética, baixo investimento inicial e menor tempo de retorno de investimento. “Os painéis fotovoltaicos oferecem uma opção mais ecológica, sustentável e vantajosa em longo prazo para estes fins, além de atender perfeitamente esse tipo de demanda”, ressalta Raphael Pintão, sócio-diretor da NeoSolar Energia, empresa que está desenvolvendo os projetos no Brasil. Na sequência, Raphel Pintão dá mais detalhes de como funciona o sistema os seus benefícios ao campo, sendo totalmente adaptado também na avicultura. Como é possível o bombeamento de água através da energia solar? Como funciona o sistema? O sistema é muito simples e consiste basicamente de dois equipamentos, o painel solar que capta a energia solar e transforma em eletricidade e uma bomba d’agua elétrica, que usa essa energia para bombear água. Um ponto muito interessante é que não é preciso utilizar baterias. Sempre que houver sol o sistema bombeia a água e quando for necessário o armazenamento é feito com a própria água, que fica acumulada em um reservatório para ser usada de dia ou de noite. Ele é produzido no Brasil ou é importado? Existem fabricantes nacionais e es-

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Revista do Ovo

trangeiros, sendo que a maior parte do que está disponível no mercado é fruto de importação. Como ele tem auxiliado no campo? Principalmente no acesso à água, em pontos onde ainda não é disponível, ou em substituição a sistemas com geradores a diesel. Com um sistema de bombeamento solar, basta furar um poço e você consegue utilizar a água disponível permanentemente. O custo é muito mais baixo que levar a rede elétrica até aquele ponto e também mais baixo e simples que utilizar um gerador a diesel. Qual infraestrutura é necessária? Basta ter área com sol para instalar os painéis. A infraestrutura de bombeamento é idêntica a uma convencional. A única coisa que muda é a alimentação de energia elétrica, que passa a ser solar. Como o sistema não depende da rede elétrica, não há nenhuma dependência nesse sentido. Os painéis, via de regra, serão instalados com estruturas metálicas fixadas ao solo, próximo à bomba de água.

Raphael Pintão Sócio-diretor da NeoSolar

“O bombeamento de água com energia solar tem propiciado o acesso à água, em pontos onde ainda não é disponível, ou em substituição a sistemas com geradores a diesel”.


É possível sua adaptação aos sistemas de aviários? Sim, o sistema pode atender qualquer tipo de demanda e pode ainda ser utilizado junto aos sistemas convencionais. O ponto de atenção é que a viabilidade está muito ligada à falta de acesso à energia. O sistema é indicado principalmente para quem não tem energia disponível ou tem alimentação apenas por gerador a diesel. Para quem já possui acesso à rede elétrica, o ideal é manter o sistema de bombeamento convencional e utilizar a energia solar em conjunto com esta rede. Neste caso o bombeamento solar direto não costuma ser uma alternativa interessante. Qual é o nível médio de investimento, e em quanto tempo esse valor é revertido ao empresário do agronegócio através da sua economia de energia elétrica? Novamente, o sistema de bombeamento solar não é feito para substituir ou economizar energia da rede. Ele é adequado para bombear água em regiões sem acesso à energia, ou que já possuem energia, mas sem a rede elétrica pública, como no caso dos geradores a diesel. Levando isso em consideração, o tempo de retorno vai depender, principalmente, do tamanho do benefício gerado por levar água aonde não tem, e isso é muito valioso.

Como é o retorno do investimento ao produtor? Em alguns casos o sistema pode se pagar em menos de um ano. Imagine a diferença de produtividade de uma lavoura com ou sem água? Ou então o ganho de produtividade e peso na criação de animais com acesso restrito? O retorno é realmente muito grande. O investimento vai depender basicamente de duas coisas: necessidade de água diária e profundidade de bombeamento da água. Os sistemas mais simples custam a partir de 1 mil reais já com bomba e painel solar. Sistemas maiores podem custar 100 mil, 200 mil, até mais de 1 milhão de reais. O importante é que quanto maior o investimento maior é o benefício, então o sistema acaba compensando sempre que não existe acesso à água e energia elétrica. Qual é o nível médio de sol de uma localidade para que o sistema funcione? No Brasil funciona em qualquer local e com sombra. A única preocupação é ter uma área sem sombras pra instalar os painéis. Qual é a realidade no campo deste atual sistema? Sua aceitação e adaptabilidade no campo? Pra quem conhece, parece milagre, ter água onde parecia impossível. O desafio é que a maior parte das pes-

soas não conhece e por isso tem uma certa desconfiança. Existem também equipamentos ruins e empresas não qualificadas, isso é muito comum neste mercado e acaba prejudicando a percepção das pessoas. Mas pra quem instalou um sistema bem feito, os resultados falam por si. Há economia também com a mão de obra? Não necessariamente. Talvez em comparação com os sistemas a diesel, sim. A manutenção é muito menor, pois na energia solar não existem partes móveis. Além disso, levar diesel até os motores pode ser trabalhoso e custoso. Cite-nos as vantagens e benefícios do sistema de bombeamento de água através da energia solar, a médio e longo prazo, para a economia e também para o meio-ambiente. A grande vantagem é levar água onde não tem. Acesso à água traz desenvolvimento, produtividade e vida a regiões secas, desabitadas e pouco produtivas. Financeiramente é a alternativa mais barata de acesso à água, em comparação à construir uma rede até o local ou então utilizar geradores à diesel. Além da economia, a energia solar é limpa e renovável e portanto não emite CO2 nem gera resíduos, tornando-se uma das principais fontes quando falamos de sustentabilidade.

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Revista do Ovo

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Bem-Estar Animal

Certified Humane Brasil certifica ovo caipira orgânico da Fazenda da Toca A propriedade é a primeira do país a poder usar o selo de bem-estar animal vinculado ao sistema de criação caipira de galinhas poedeiras

A

Fazenda da Toca é a primeira empresa brasileira a produzir ovo caipira orgânico reconhecido pelo instituto Certified Humane Brasil. A certificação garante que as galinhas poedeiras são criadas segundo os princípios exigidos pela instituição para o bem-estar animal, com práticas mais humanas e responsáveis. “Naturalmente, o selo Certified Humane sempre esteve em nosso radar. É uma certificação importante,

A Fazenda da Toca é uma propriedade de 2.300 hectares localizada em Itirapina, a 200 km da capital, São Paulo, e dedica-se à produção e comercialização de polpas de frutas e ovos, tudo 100% orgânico. Seus produtos são vendidos em mais de 500 pontos de venda com a marca da Fazenda da Toca e também para marcas próprias de redes supermercadistas, como Taeq (Grupo Pão de Açucar), Sentir Bem (Wal Mart), além da Mantiqueira.

34 Revista do Ovo


Fernando Bicaletto, diretor-geral da Fazenda da Toca, explica com exclusividade à Revista do Ovo como foi o processo de certificação da empresa e suas vantagens econômicas. Qual é a importância da certificação para a empresa? Desde que começamos a produzir ovos orgânicos, o bemestar animal é um de nossos principais pilares no processo de produção. Sempre implementamos os mais elevados padrões de bem-estar animal em nossos aviários. O respeito à natureza, aos animais e a empatia por todas as formas de vida são princípios basilares para nós. Com essa filosofia, nada mais natural do que aderir ao programa Certified Humane, que assegura as melhores praticas de manejo. Naturalmente, esse selo sempre esteve em nosso radar. É uma certificação importante, muito conhecida e difundida em nosso meio. A busca pelo aprimoramento constante de nossos procedimentos e o reconhecimento externo de nossas práticas voltadas ao bem-estar animal são as principais razões que nos levaram a querer fazer parte do programa. Como a empresa iniciou este processo Já faz alguns meses que iniciamos o processo de certificação. Por atuarmos há sete anos nesse segmento e já conhecermos bem as práticas relacionadas ao bem-estar animal, não tivemos dificuldade em adequar o nosso manejo para atender as exigências da certificação. Fizemos algumas pequenas adaptações e adotamos alguns procedimentos específicos, mas não foi preciso sair muito de nossa rotina, que já era muito focada em proporcionar a melhor qualidade de vida para as nossas aves. Ele dá vantagens competitivas à empresa? Na verdade, a busca por esse selo reforça o nosso comprometimento com o bem-estar animal, um valor que temos desde que iniciamos a nossa atuação no segmento de avicultura de postura há sete anos. Nosso intuito com essa certificação não é comercial, mas acreditamos que os consumidores, cada vez mais conscientes em relação a questões como o respeito aos animais, passará a exigir das empresas uma atitude respeitosa com o planeta, os animais, o meio ambiente e relações de trabalho. E o selo Humane é uma forma de as pessoas terem a garantia de estarem adquirindo um produto que considera o bem-estar animal em seu processo de produção. A importância econômica do mesmo Ao procurar essa certificação, não buscamos vantagens econômicas. O selo Certified Humane vai ao encontro do que acreditamos. O bem-estar animal sempre foi um valor fundamental para nós e um princípio de nossa produção. Com tudo que desenvolvemos nessa área, nada mais coerente do que buscar essa certificação.

além de muito conhecida e difundida em nosso meio. A busca pelo aprimoramento constante de nosso manejo e o reconhecimento externo de nossas práticas voltadas ao bem-estar animal são as principais razões que nos levam a querer fazer parte do programa”, afirma o diretor-geral da Fazenda da Toca, Fernando Bicaletto. A Certified Humane Brasil é pioneira na certificação do sistema de produção de ovo caipira no Brasil. O instituto passou a oferecer o selo de bem-estar animal para este sistema de criação no final do ano passado, sendo mais uma opção para os produtores de galinhas poedeiras, junto às criações free range e pastoreio, que exigem que as aves tenham acesso livre ao ambiente externo. Segundo o diretor geral da Certified Humane para a América Latina, Luiz Mazzon, a certificação de ovo caipira é uma forma de controle do consumidor, que pode ter a certeza de que aquele produto é realmente proveniente de uma granja que tem o bem-estar animal como princípio na criação das galinhas. Além disso, o selo Certified Humane é uma forma de retrair o uso desenfreado da definição “caipira” em tantas embalagens de ovos nos supermercados brasileiros. As aves da propriedade - da espécie Lohmann Brown - são criadas livres de gaiolas e têm acesso às áreas externas, o que permite que expressem o seu comportamento natural. “O respeito ao bem-estar animal é um dos principais pilares da produção de ovos da Fazenda”, afirma Bicaletto.

Exigências Para a propriedade alcançar a certificação, há algumas normas e regras, como o acesso aos piquetes, com um espaço mínimo de 0,5 m² por galinha. Nos galpões o espaço deve ser de 1 m² para sete aves, sendo os locais disponíveis para realizarem atividades de postura para o seu bem-estar. Mas na Fazenda, o espaço disponível é ainda maior (1 m² para seis aves nos espaços internos e 1 m² por ave nas áreas eternas). Ainda, são necessários 15 centímetros de espaço no poleiro para cada galinha nos galpões de postura, o que é um item obrigatório da Certified Humane. No piso, maravalha, pó de pinus ou casca de arroz são as coberturas adequadas. A debicagem também é vetada, sendo autorizado o aparo do bico apenas em galinhas antes dos 10 dias de idade –mas na Fazenda da Toca não é praticado o aparo dos bicos.

Sobre a Certified Humane O Instituto Certified Humane é o representante na América Latina da Humane Farm Animal Care – a principal organização internacional sem fins lucrativos de certificação voltada para a melhoria de vida das criações animais na produção de alimentos, do nascimento até o abate. Revista do Ovo

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Estatísticas e Preços Pintainhas de postura comercial

Alojamento em doze meses alcança 100 milhões de cabeças

S

36 Revista do Ovo

EVOLUÇÃO MENSAL (OVOS BRANCOS E VERMELHOS) - MILHÕES DE CABEÇAS

PINTAINHAS COMERCIAIS DE POSTURA

% OVO BRANCO

MÊS

2015/2016

2016/2017

VAR.%

2015/2016

2016/2017

Set

8,228

8,125

-1,26%

77,69%

80,31%

Out

7,844

7,763

-1,03%

80,24%

81,55%

Nov

7,679

8,062

4,98%

80,58%

83,66%

Dez

7,518

7,522

0,04%

73,65%

79,75%

Jan

7,580

7,769

2,49%

81,90%

80,58%

Fev

7,248

7,253

0,06%

78,88%

84,08%

Mar

8,299

8,380

0,97%

82,22%

82,87%

Abr

7,761

8,653

11,49%

78,32%

81,31%

Mai

7,929

9,396

18,50%

80,34%

79,56%

Jun

7,438

9,043

21,57%

82,77%

79,73%

Jul

7,412

8,671

16,99%

81,63%

78,36%

Ago

7,638

9,427

23,41%

81,53%

80,37%

Em 08 meses

61,306

68,592

11,88%

80,96%

80,76%

Em 12 meses

92,576

100,063

8,09%

79,98%

80,94%

Fonte dos dados básicos: ABPA – Elaboração e análises: AVISITE

ALOJAMENTO ACUMULADO

61,306

60,003

63,766

58,506

57,258

52,779

68,592

Janeiro a Agosto – 2010 a 2017 Milhões de cabeças

51,976

em novas informações oficiais por parte da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), dados colhidos no mercado indicam que o plantel de pintainhas de postura comercial continuou crescendo consideravelmente no decorrer do ano passado. Os dados de agosto indicam que foi atingido novo recorde no alojamento de pintainhas, aproximadamente 9,427 milhões de cabeças, representando novo recorde no setor e equivalendo a um incremento anual de 23,4%. No acumulado até agosto o volume alojado alcançou 68,592 milhões de pintainhas - 80,8% delas destinadas à produção de ovos brancos – que equivaleram a aumento de 11,9% sobre o mesmo período de 2016. Acompanhamento do volume acumulado em período de oito meses na presente década indicam que o alojamento cresceu 30%, equivalendo a um índice anual próximo de 4,5%. O alojamento médio em 2017 projeta 102,9 milhões de pintainhas alojadas para o ano. Se confirmado, significará crescimento de quase 11% sobre o alojamento total de 2016. O volume acumulado em doze meses – setembro de 2016 a agosto de 2017 – alcançou pela primeira vez a marca dos 100 milhões de pintainhas alojadas, representando 8,1% de aumento sobre o mesmo período imediatamente anterior. Esse índice de crescimento demonstra a expectativa dos produtores de ovos na recuperação da economia e abertura de novos postos de trabalho nos próximos meses. De toda forma, diante do cenário existente e das peculiaridades e acontecimentos no decorrer de 2018 é importante acompanhar o andamento do mercado. Afinal, a população cresce em índice inferior a 1%. E não dá para esperar que o mercado externo absorva os excessos pois os embarques no decorrer de 2017 foram péssimos. Assim, resta a expectativa de que a estimativa apontada pela ABPA de crescimento entre 5% a 6% no consumo de ovos para 2018 se concretize.

2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017


Desempenho do ovo em fevereiro e no 1º bimestre

Processo de recuperação começou antes do início da própria Quaresma uando fevereiro começou, o ovo era comercializado por um valor mais de 20% inferior ao registrado um ano antes. Quatro semanas depois, em 28 de fevereiro, o resultado negativo ainda persistia. Mas a diferença a menos apresentava significativa retração: ficou reduzida a não mais que 1%. Como se vê, nada como a chegada da Quaresma para dar novo – e decisivo – empuxo ao mercado de ovos. O detalhe, desta vez, é que o processo de recuperação começou antes do início da própria Quaresma. Neste caso, vale lembrar que 2018 foi iniciado de forma bastante preocupante para o segmento produtor de ovos, já que os preços do produto, em janeiro, recuaram mais de 16% em relação ao mês anterior, além de baixarem a níveis que não eram observados desde meados de 2015. Aparentemente o susto valeu, pois o setor produtivo readequou-se à demanda (ainda restrita) daquele momento. Tanto que, ainda em janeiro, o mercado passou a

OVO BRANCO EXTRA

Evolução de preços no atacado paulistano R$/CAIXA DE 30 DÚZIAS Média mensal e variações anual e mensal em treze meses MÊS.

MÉDIA R$/CXA

Média anual em 10 anos R$/CAIXA

VARIAÇÃO % NO ANO

NO MÊS

2009

FEV/17

84,48

8,89%

37,54%

MAR

88,44

7,30%

4,69%

2010

ABR

91,13

35,77%

3,04%

2011

MAI

83,31

14,81%

-8,58%

JUN

87,04

1,94%

4,48%

JUL

83,62

-3,72%

-3,93%

2013

AGO

80,33

-4,37%

3,93%

2014

SET

74,48

2,25%

-7,29%

OUT

69,04

0,70%

-7,30%

NOV

66,00

-3,00%

-4,40%

2016

DEZ

64,36

-13,03%

-2,48%

2017

JAN/18

53,92

-12,21%

-16,22%

FEV

71,35

-15,54%

32,31%

R$ 38,63 R$ 37,93 R$ 44,61 R$ 49,11

2012

R$ 57,86 R$ 52,70 R$ 59,47

2015

R$ 75,43 R$ 77,78 R$ 62,10

2018

dar claros sinais de recuperação, o mês sendo encerrado com um preço médio 11% superior ao registrado no primeiro dia de negócios do ano. Mesmo assim prevaleceu, na média do mês, uma queda de 12% em relação a janeiro de 2017. Com relação a fevereiro, o que mais se esperava era a não repetição do ocorrido um ano antes. Pois em fevereiro de 2017, após apresentar boa reação até meados do mês, o ovo viu seus preços refluírem na segunda quinzena. Desta vez, porém, o processo ficou limitado à primeira parte. Ou seja: repetiu-se a boa reação que, no entanto, não se limitou à primeira metade do mês: estendeu-se à segunda quinzena. Assim, fevereiro foi encerrado com valor pelo menos um terço superior ao registrado no primeiro dia do mês. Ainda assim – e como já havia ocorrido em janeiro – prevaleceu, no mês, um preço menor que o alcançado um ano antes. A redução, neste caso, superou os 15% e se repetiu pelo quarto mês consecutivo. De toda forma, o valor médio alcançado em fevereiro ficou 32% acima do alcançado no mês anterior e correspondeu, nominalmente, ao maior valor dos últimos cinco meses. Já o valor médio do primeiro bimestre de 2018 (mostrado no gráfico ao lado) permanece 14% aquém do valor alcançado no mesmo bimestre de 2017 e, comparativamente aos totais anuais de exercícios anteriores apresenta, também nominalmente, o menor valor dos últimos três anos.

100,4

112,3

114,5

Set

Out

Nov

69,3

99,7

109,4

Mai

2018 Média 2001/2017 (17 anos)

101,6

112,1

117,1

120,5

Abr

91,7

91,8

115,0

Preço relativo em 2018 comparativamente ao período 2001/2017 (17 anos) Média mensal do ano anterior = 100

110,4

Q

Jan

Fev

Mar

Jun

Jul

Ago

Dez

Revista do Ovo

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Estatísticas e Preços

Milho e Soja Milho segue registrando altas O preço do milho registrou nova valorização no mês de fevereiro. O preço médio do insumo, saca de 60 kg, interior de SP, fechou o mês cotado a R$36,86, valor 6,6% acima da média alcançada pelo produto em janeiro, quando ficou em R$34,59. Porém, a disparidade de preço do milho em relação ao ano anterior é negativa. O valor atual é 1,6% menor, já que a média de fevereiro de 2017 foi de R$37,47 a saca.

Farelo de soja registra alta pelo 5º mês consecutivo O farelo de soja (FOB, interior de SP) voltou a registrar nova alta em fevereiro de 2018. O produto foi comercializado pelo preço médio de R$1.146/t, valor 9,8% superior ao praticado no mês de janeiro – R$1.044/t. Em comparação com fevereiro de 2017 – quando o preço médio era de R$1.002/t – a cotação atual registra alta de 14,4%.

Valores de troca – Milho/Frango vivo Valores de troca – Farelo/Frango vivo

No frango vivo (interior de SP) o preço médio de fevereiro ficou em R$2,48/kg – alcançando índice 3,6% inferior à média de janeiro. Dessa forma, a desvalorização do frango vivo e o aumento no preço do milho piorou o poder de compra do avicultor. Nesse mês, foram necessários 247,7 kg de frango vivo para se obter uma tonelada de milho, considerando-se a média mensal de ambos os produtos. Este volume representa 9,4% de perda no poder de compra em relação ao mês anterior, pois, em janeiro, a tonelada do milho “custou” 224,3 kg de frango vivo.

A queda na cotação do frango vivo e a alta alcançada no farelo de soja em fevereiro fez com que fossem necessários 462,1 kg de frango vivo para adquirir uma tonelada do insumo, significando piora de 12,1% no poder de compra do avicultor em relação a janeiro, quando 406,2 kg de frango vivo obtiveram uma tonelada do produto. Na comparação em doze meses houve piora de 17,5% já que lá, foram necessários 381 kg para adquirir o cereal.

Valores de troca – Milho/Ovo

Valores de troca – Farelo/Ovo

O preço do ovo, na granja (interior paulista, caixa com 30 dúzias), obteve forte valorização mensal em fevereiro e fechou à média de R$65,35, valor 36,4% superior ao alcançado no mês anterior, quando o produto foi negociado por R$47,92. Com a fortíssima valorização no preço médio dos ovos em relação à verificada no milho, houve excelente melhora no poder de compra do avicultor. Em fevereiro foram necessárias 9,4 caixas de ovos para adquirir uma tonelada do cereal. Em janeiro, foram necessárias 12 caixas/t, melhorando em 28% a capacidade de compra do produtor.

De acordo com os preços médios dos produtos, em fevereiro foram necessárias aproximadamente 17,5 caixas de ovos (valor na granja, interior paulista) para adquirir uma tonelada de farelo de soja. O poder de compra do avicultor de postura em relação ao farelo registrou melhora mensal de 24,2%, já que, em janeiro, 21,8 caixas de ovos adquiriam uma tonelada de farelo. Em relação a fevereiro de 2017 houve piora de 27,2% no poder de compra, pois naquele período a tonelada de farelo de soja custou, em média, 12,8 caixas de ovos.

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Fonte das informações: www.jox.com.br


Revista do Ovo

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Estatísticas e Preços

40 Revista do Ovo


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