A ÚNICA RESPOSTA
PARA O DESAFIO BRASILEIRO
CONTRA A BRONQUITE INFECCIOSA BR
GANHE
DE PONTA A PONTA
Juntos, além da saúde animal
Editorial Esta edição da Revista do Ovo traz vários destaques para o setor avícola de postura. Mostramos que o quarto módulo do Programa Anual de Capacitação de Avicultores – Qualificaves Postura Comercial, realizado em agosto, durante a programação da 7ª Semana Tecnológica do Agronegócio (STA), em Santa Teresa,
Mundo Agro Editora Ltda. Rua Erasmo Braga, 1153 13070-147 - Campinas, SP
trouxe um comparativo técnico/econômico das linhagens W-36, Bovans White e W-80. E nós fomos conversar com exclusividade com o médico veterinário da Coopeavi, Tarcísio Simões Pereira Agostinho, sobre o tema. Acompanhe na entrevista exclusiva como foi feita a análise envolvendo produção x rentabilidade. Em outro destaque envolvendo ciência e produção, apresentamos um artigo sobre “Ferramentas de Precisão: uso prático na análise de dados”, o qual mostra que na era da Internet, onde a informação desempenha um papel fundamental na vida das pessoas, a agricultura está rapidamente se tornando uma indústria muito intensiva em dados, onde os agricultores precisam coletar e avaliar uma enorme quantidade de informações de diversos dispositivos por meio de diferentes tecnologias. E ainda: análises de mercado e os últimos números e estatísticas do setor avícola de postura. Boa leitura!
A comparação foi feita baseada em diversos cenários, com apresentação de cálculos e situações variadas.
12 16
IBGE confirma avicultura capixaba em franca expansão A Associação dos Avicultores do Estado do Espírito Santo (AVES) mostra dados que confirmam o crescimento da última década.
Ferramentas de Precisão: uso prático na análise de dados O cenário atual de produção de proteína animal demanda que os gestores busquem tomar decisões mais assertivas.
Publisher Paulo Godoy paulogodoy@avisite.com.br Redação Giovana de Paula (MTB 39.817) imprensa@avisite.com.br
Diagramação e arte Mundo Agro e Innovativa Publicidade luciano.senise@innovativapp.com.br
Sumário
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EXPEDIENTE
Comercial Karla Bordin (19) 3241 9292 comercial@avisite.com.br
E tem muito mais na sua Revista do Ovo!
Qualificaves apresenta comparativo de linhagens na avicultura de postura
Publicação Bimestral nº 50 | Ano V Outubro/2018
05 14 24
Notícias Curtas
Internet Gustavo Cotrim webmaster@avisite.com.br
Instituto Ovos Brasil se organiza para a Semana do Ovo 2018
Administrativo e circulação financeiro@avisite.com.br
Aspectos relevantes da nutrição e manejo de pintainhas nas fases de cria e recria
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Panorama mundial da produção, consumo, exportação e importação de ovos
31 32 33 34 36 37 38
A cada hora a cadeia da soja exporta R$ 16 milhões
Para facilitar o acesso às matérias que estão na internet, disponibilizamos QrCodes. Utilize o leitor de seu computador, smartphone ou tablet
A mulher no agronegócio Crescem empregos no agro com maior qualificação Cepea: avicultura de postura enfrenta dificuldades em agosto Desempenho do ovo Pintainhas de Postura Matérias- Primas
Revista do Ovo
3
Eventos
2018 Outubro 23 a 25
LPN Congress 2018 Local: Hilton Hotel Miami Airport, Miami (EUA) Informações: www.lpncongress.com
2019 Março 19 a 21
XVII Congresso de Ovos Organizado pela APA (Associação Paulista de Avicultura) Local: Centro de Convenções de Ribeirão Preto (SP). Informações: www.congressodeovos. com.br E-mail: congresso@apa.com.br
Agosto 27 a 29
Salão Internacional de Avicultura e Suinocultura (SIAVS) Local: Anhembi Parque, em São Paulo (SP). Promoção: Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) Informações: www.siavs.com.br
Há cinco anos no OvoSite
Ovo sofre forte desvalorização em setembro corrente Campinas (SP), 26 de Setembro de 2013 - Durma-se com um barulho desses. Apresentando comportamento que se poderia chamar de “invejável” durante a maior parte do ano (a ponto de, em vários momentos, ser referenciado pela avicultura de corte como exemplo a ser imitado), o ovo agora segue caminho inverso ao do frango. Pois neste mês, enquanto o frango (vivo) obtém, em relação ao último preço de agosto, valorização de mais de 10%, o ovo experimenta desvalorização de, praticamente, 10%. Ou perto de 15% em pouco mais de 30 dias. O fato é que a exaustão do consumidor (típica de todo final de mês) combinada com o aumento de produção que se repete a cada nova chegada da Primavera vem gerando grandes excedentes e deprimindo o preço do produto – a esta altura, não muito distante do menor valor registrado nos últimos nove meses. No momento, a cotação média alcançada pelo ovo se encontra cerca de 12% acima daquela observada em setembro de 2012, mês em que o mercado operou com a mesma fraqueza de setembro corrente, mas manteve estável o preço do produto. Aparentemente, a valorização de 12% não é de todo ruim. Mas se encontra bem aquém da valorização média de 30% alcançada desde janeiro até agora; e muitíssimo abaixo dos (quase) 65% de variação anual registrados nos primeiros dias de fevereiro. Tudo isso sem contar que a cotação do momento é a mesma registrada entre julho e agosto... do ano passado.
As quatro mais lidas no OvoSite em Setembrto
1
Ovos: negócios no pósferiado aumentam e produtores obtém reajuste Nos ovos brancos, o novo aumento – 1º da semana e do mês, 23º do ano – elevou o preço médio diário para R$59,00, equivalendo a redução de 4,8% e 21,3% sobre os preços praticados no mesmo dia do mês passado e do ano anterior, respectivamente.
3
Ovos: forte evolução nos últimos dias Os preços de referência dos ovos brancos e vermelhos mantiveram as mesmas bases do dia anterior: a caixa de ovos brancos variando de R$62,00 ao máximo de R$64,00 e a de ovos vermelhos de R$62,00 até R$67,00.
4
Revista do Ovo
2
Ovos: acúmulo de mercadoria causa pequeno retrocesso na virada do mês No encerramento da semana, passagem de agosto para setembro, o acúmulo de mercadoria causou pequena acomodação nos negócios realizados com ovos brancos e vermelhos.
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Preço médio semanal da caixa de ovos brancos No decorrer da semana passada (11 a 16/09) os negócios realizados no mercado de ovos se deram em ambiente favorecido pelo recebimento dos salários e, com isso, os produtores conseguiram alcançar dois novos reajustes.
Notícias Curtas Agronegócios
Ano positivo para grãos de boa liquidez Ainda que as estimativas do Ministério da Agricultura indiquem que o valor bruto da produção (VBP) agrícola brasileira vai recuar 1,2% em 2018, para R$ 384,2 bilhões, o grupo formado por soja, milho, algodão e trigo, os grãos com maior liquidez no mercado, apresentará crescimento. Nas contas da Pasta, o VBP do quarteto, encabeçado pela soja, alcançará R$ 224 bilhões, 10% mais que no ano passado. O valor da produção (“da porteira para dentro”) da soja crescerá 10,6%, para R$ 139,9 bilhões, o do algodão aumentará 44,4%, para R$ 35,5 bilhões, e o do trigo terá alta de 79,2%, para R$ 4,9 bilhões. No grupo, só o milho registrará recuo - de 10,8%, para R$ 45,7 bilhões, por causa da queda significativa do volume de produção. Na mesma direção, mas com estimativas um pouco diferentes para os preços, a Agroconsult projeta que a receita com a produção das quatro culturas subirá 13% neste ano, para R$ 186 bilhões. Segundo a consultoria, para essas cadeias a valorização do dólar e dos preços compensaram, com folga, o aumento dos custos dos fretes. “Mas não dá para ter certeza de que algo semelhante se repetirá na safra 2018/19”, ressalva a Agroconsult. Conforme a consultoria, o crescimento do faturamento garantiu boas margens operacionais aos produtores das quatro culturas este ano. A geração de caixa consolidada chegou a R$ 52 bilhões, o equivalente a uma margem de 28% sobre o faturamento.
Revista do Ovo
5
Notícias Curtas Produção
Plantel de poedeiras e produção de ovos no 1º semestre Os dados do IBGE mostraram que a produção brasileira de ovos no primeiro semestre de 2018 aumentou 7,5% em relação ao mesmo período de 2017, superando ligeiramente 1,7 bilhão de dúzias – o equivalente a, aproximadamente, 57,8 milhões de caixas de 30 dúzias ou, ainda, a quase 20,8 bilhões de unidades. O plantel produtor (no qual estão inclusas aves em cria, recria e produção)
aumentou praticamente na mesma proporção (+7,64%), passando de quase 149 milhões de cabeças para pouco mais de 160 milhões de cabeças. Índice de evolução igualmente idênticos são observados ao analisar-se plantel e produção de ovos em um período de 12 meses (julho de2017 a junho de 2018): o volume de poedeiras aumentou 7,72% e o de ovos produzidos 7,62%.
Apenas como um referencial – isto é, sem qualquer valor técnico – a tabela abaixo mostra, também, a relação entre o plantel de galinhas poedeiras existente e o volume de ovos dele decorrente. O resultado final aponta estabilidade na produtividade, pois o volume anual dos últimos 24 meses girou em torno dos 262 ovos por galinha.
OVOS
Plantel produtor e produção PLANTEL DE POEDEIRAS MILHÕES DE CABEÇAS
Mês
OVOS PRODUZIDOS MILHÕES DE DÚZIAS
2016/17
2017/18
VAR.
2016/17
2017/18
VAR.
2016/17
2017/18
VAR.
JUL
142,582
153,497
7,66%
259,346
281,224
8,44%
21,8
22,0
0,73%
AGO
143,305
153,608
7,19%
264,536
285,160
7,80%
22,2
22,3
0,57%
SET
141,653
153,546
8,40%
255,715
277,524
8,53%
21,7
21,7
0,12%
OUT
142,917
154,894
8,38%
267,475
288,326
7,80%
22,5
22,3
-0,54%
NOV
144,001
154,690
7,42%
263,381
283,022
7,46%
21,9
22,0
0,03%
DEZ
144,264
155,501
7,79%
269,312
286,860
6,52%
22,4
22,1
-1,18%
JAN
145,613
157,173
7,94%
270,661
291,100
7,55%
22,3
22,2
-0,36%
FEV
146,003
157,882
8,14%
250,989
272,017
8,38%
20,6
20,7
0,22%
MAR
144,618
159,554
10,33%
268,896
294,251
9,43%
22,3
22,1
-0,81%
ABR
151,111
162,029
7,23%
269,936
290,868
7,75%
21,4
21,5
0,49%
MAI
153,468
161,747
5,39%
278,764
296,019
6,19%
21,8
22,0
0,75%
JUN
151,749
162,410
7,03%
271,698
287,510
5,82%
21,5
21,2
-1,13%
EM 6 MESES
148,760
160,133
7,64%
1.610,944
1.731,765
7,50%
129,9
129,8
-0,13%
EM 12 MESES
145,940
157,211
7,72%
3.190,709
3.433,881
7,62%
262,4
262,1
-0,09%
Fonte dos dados básicos: IBGE – Elaboração e análises: AVISITE OBS.: (1) O plantel de poedeiras em 6 e 12 meses corresponde à média dos respectivos períodos; 2) A relação ovo/galinha é apresentada segundo médias mensais, semestrais e anuais.
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RELAÇÃO OVO POR GALINHA
A Revista do OvoSite
Exportação
Exportação de ovos comerciais (in natura) em agosto Em agosto último as vendas externas de ovos comerciais in natura (com casca) levantadas através do sistema de Estatísticas do Comércio Exterior continuaram crescentes: foi o 3º maior volume embarcado no ano. Foram exportados 9,234 milhões de ovos comerciais, equivalendo a 769.530 dúzias ou 25.651 caixas de 360 ovos, indicando aumento de 26,2% e 246% na comparação com o mês anterior e agosto do ano passado, respectivamente. Com isso, passados dois terços do ano, o volume embarcado chega aos 65,547 milhões de ovos, equivalendo a quase 53% de aumento sobre o mesmo período do ano passado. Já no acumulado dos últimos doze meses – setembro de 2017 a agosto de 2018 – o volume exportado alcança 78,268 milhões e equivale a índice positivo de 13,9% sobre o mesmo período imediatamente anterior.
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A Revista do OvoSite
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Entrevista
A palestra, promovida pela Associação dos Avicultores do Estado do Espírito Santo (AVES) em parceria com a Cooperativa Agropecuária Centro Serrana (Coopeavi), foi ministrada pelo médico veterinário da Coopeavi Tarcísio Simões Pereira Agostinho, no auditório da STA
Qualificaves apresenta comparativo de linhagens na avicultura de postura Considerado um tema sensível, a comparação foi feita baseada em diversos cenários, com apresentação de cálculos e situações variadas
O
quarto módulo do Programa Anual de Capacitação de Avicultores – Qualificaves Postura Comercial, realizado em agosto, durante a programação da 7ª Semana Tecnológica do Agronegócio (STA), em Santa Teresa, trouxe um comparativo técnico/econômico das linhagens W-36, Bovans White e W-80.
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Revista do Ovo
A palestra, promovida pela Associação dos Avicultores do Estado do Espírito Santo (AVES) em parceria com a Cooperativa Agropecuária Centro Serrana (Coopeavi), foi ministrada pelo médico veterinário da Coopeavi Tarcísio Simões Pereira Agostinho, no auditório da STA, realizada no Parque de Exposições da cidade.
Considerado um tema sensível, a comparação foi feita baseada em diversos cenários, com apresentação de cálculos e situações variadas. Tarcísio apresentou um perfil da avicultura do Brasil e do estado, com destaque para a produção capixaba, e mostrou dados baseados em simulações de lote de 10 mil aves, com três linhagens
diferentes, escolhidas por serem as mais usadas na região. Na tabela comparativa, os números levaram em consideração: percentual de produção, peso dos ovos, consumo e nível nutricional da ração, mortalidade, preço da franga, depreciação, mão de obra, esterco e descarte das aves. Por meio de simulações, quesitos como maior persistência de pico, comportamento da ave e relação entre galpões automáticos e convencionais foram levados em conta. “Nós mostramos a complexidade e as particularidades de cada linhagem, baseadas nos manuais das linhagens, informações fornecidas pela própria empresa de genética, sem favorecer a nenhuma delas. Apresentamos dados e situações para que vocês avicultores possam concluir o que é melhor”, explicou o palestrante. O zootecnista da Coopeavi, Felipe Barreto, complementou: “Não existe uma linhagem ideal. Isso vai depender da realidade de cada um. O que é mais econômico: trabalhar com uma linhagem com resultado menor, não se preocupar muito com a sanidade do lote, ou trabalhar com uma linhagem mais eficiente, com melhor rendimento em conversão alimentar, e ter cuidado maior
com biossegurança de um modo geral? É preciso analisar”, complementou. A Revista do Ovo foi conversar com o médico veterinário da Coopeavi, Tarcísio Simões Pereira Agostinho, sobre o tema. Acompanhe na sequência a entrevista exclusiva. Que análise envolvendo produção x rentabilidade, dentro dos principais aspectos apresentados nas linhagens - percentual de produção, peso dos ovos, consumo e nível nutricional da ração, mortalidade, preço da franga, depreciação, mão de obra, esterco e descarte das aves - podemos avaliar ? Existem linhagens que possuem a relação ovo/ave dia muito favorável, obtendo uma produção de ovos elevada por muito tempo. Contudo, esse não deve ser o único fator a ser levado em conta para tomada de decisão na escolha de uma linhagem de aves. Devemos relacionar cada linhagem estudada de acordo com as condições da granja (manejo, tipo de galpão/gaiola e etc), mercado de ovos predominante (ovos grandes, extras ou industrialização), resistência a doenças, principalmente. As linhagens citadas W-36, Bovans White e W-80, são as mais utilizadas no ES?
Na tabela comparativa, os números levaram em consideração: percentual de produção, peso dos ovos, consumo e nível nutricional da ração, mortalidade, preço da franga, depreciação, mão de obra, esterco e descarte das aves
Revista do Ovo
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Entrevista
Agostinho
“Nós mostramos a complexidade e as particularidades de cada linhagem, baseadas nos manuais das linhagens, informações fornecidas pela própria empresa de genética, sem favorecer a nenhuma delas”
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Revista do Ovo
Atualmente, observa-se um alojamento predominante de hy-line w-36 e bovans white em Santa Maria de Jetibá, com a entrada recente da linhagem hy-line w-80 e outras no mercado. Qual é hoje, em sua opinião, o papel do avanço genético na produção de ovos? O avanço genético tem que caminhar de acordo com a expectativa do produtor, onde espera-se ter elevada produtividade (ovo/ave alojada), ovos com maior qualidade de casca evitando perda excessivas (ovo vendáveis), além de resistência a doenças. Contudo, com o somatório dos fatores citados deve-se buscar a maior rentabilidade no bolso do produtor para a atividade. Lembrando que o valor da ração representa uma enorme parcela nos custos da atividade. Portanto, uma maior eficiência alimentar é de suma importância para se obter lucratividade na produção avícola de postura comercial. Em sua opinião, como os produtores devem definir a melhor linhagem para sua produção? A escolha da linhagem deve estar de acordo com o grau de profissionalização e
tecnologia aplicada na atividade podendo ter escolhas diferentes de acordo com a realidade de cada produtor. Gostaria de uma análise maior sobre a questão levantada em sua apresentação: “O que é mais econômico: trabalhar com uma linhagem com resultado menor, não se preocupar muito com a sanidade do lote, ou trabalhar com uma linhagem mais eficiente, com melhor rendimento em conversão alimentar, e ter cuidado maior com biossegurança de um modo geral”? Existem linhagens que exigem maior grau de detalhamento de níveis nutricionais da ração, manejo mais cuidadoso e condições maiores de biosseguridade. Da mesma forma existem outras que “aceitam certas falhas”, não influenciando tanto nos índices zootécnicos como produtividade de ovos, perdas com trincas e mortalidade. Portanto, o mais econômico é conhecer qual realidade cada produto se enquadra para escolher a linhagem mais adequada à sua realidade.
Revista do Ovo
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Avicultura/ES
IBGE confirma avicultura capixaba em franca expansão A Associação dos Avicultores do Estado do Espírito Santo (AVES) mostra outros dados que confirmam o crescimento da última década
Hand: “São dados de orgulho para o setor e toda sociedade capixaba. Eles refletem a coragem e a persistência de uma cadeia que luta em muitos momentos contra muitas situações negativas”
O
s números da avicultura no Espírito Santo mais que dobraram entre 2006 e 2017. A produção de aves cresceu 115%, enquanto a de ovos teve um aumento de 174%, dados muito acima da média brasileira e dos principais estados produtores. Os números parciais são do Censo Agropecuário 2017, divulgado recentemente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). De acordo com o diretor executivo da Associação dos Avicultores do Estado do Espírito Santo (AVES), Nélio Hand, o resultado mostra não só a pujança de um setor organizado, mas a luta diária de todos os envolvidos no grande complexo do agronegócio. “Nenhuma outra atividade da agricultura capixaba cresceu tanto nos últimos 10 anos quanto a avicultura, sendo uma das poucas exceções na produção de animais que não tiveram diminuição nos seus plantéis”, observa. De acordo com Nélio, números dessa natureza merecem uma análise mais crítica e não só de comemoração por apre-
12
Revista do Ovo
sentarem nos últimos anos esse significativo crescimento. “São dados de orgulho para o setor e toda sociedade capixaba. Eles refletem a coragem e a persistência de uma cadeia que luta em muitos momentos contra muitas situações negativas”, esclarece. Entre os desafios está enfrentar a burocracia. O excesso de legislações e a falta de capacidade em acompanhar a dinâmica desse setor muitas vezes faz com que ocorra um ‘estacionamento’ na produção. Frente a essa realidade, o resultado revela ainda a assertividade do trabalho feito nos últimos anos, levando a produção de frangos a deixar o patamar de mero produtor de aves vivas a uma indústria moderna, com tecnologia compatível à usada no Brasil e no mundo. No entanto, mesmo com esse esforço todo, com uma capacidade de dobrar sua produção “da noite para o dia”, é um segmento limitado pelas condições que o mercado apresenta com as concorrências desleais, por exemplo, além de outros fatores. “O setor de produção de ovos está entre os mais automatizados do país, permitindo a pequenos e grandes produzirem com qualidade e competitividade. Vale ressaltar a característica de povo trabalhador que coloca o estado do Espírito Santo na terceira posição nacional. Mas que também na mesma vertente das carnes, precisa conviver com as dificuldades que acabam engessando a produção”, ressalta Nélio.
Outros números do setor A AVES mostra outros dados que confirmam o crescimento da última década. Por trás do crescimento que envolve a avicultura capixaba, existem 210 produtores, 07 plantas de abate, 03 integradoras, com mais de 50 integrados, além de 02 incubatórios.
“Existem ainda quase 25 mil postos de trabalhos gerados pelos segmentos envolvidos, sem contar as mais de 100 mil famílias cuja renda é resultante da avicultura, a exemplo da agricultura que recebe hoje mais de 50 mil toneladas mensais de adubo orgânico (esterco), abastecendo produções de horticultura, cafeicultura, fruticultura, reflorestamento, entre tantas outras atividades”, enumera. O setor de transportes é outra atividade econômica extremamente beneficiada pela existência da avicultura. São realizadas cerca de 25.000 cargas mensais de caminhões em caráter exclusivo, para o fretamento de longa distância no transporte de insumos, frango vivo, frango abatido, ovos e esterco. Além disso, ainda existe a terceirização de serviços desse porte. O grande crescimento apontado ainda no levantamento do IBGE reflete nos números diretamente econômicos. Em 2006 o faturamento bruto da avicultura capixaba foi de R$ 260 milhões, já em 2017 esse número está em R$ 2 bilhões, representando cerca de 2% do PIB do ES. “O cenário sob o ponto de vista estrutural é favorável. A indústria do frango está com sua estrutura preparada para praticamente dobrar a sua produção e a avicultura de postura comercial também tem o potencial de destacar cada vez mais a sua produção no cenário nacional”, garante Nélio. O executivo afirma que esse potencial poderia ser maximizado se em várias vertentes houvesse maior participação e entendimento do poder público sobre a importância desses segmentos. “Temos recebido sim atenção nos últimos tempos, mas se for verificada sob o ponto de vista de outras unidades da federação, essa atenção está muito aquém do que se vê em outros estados”, argumenta.
Revista do Ovo
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Marketing e consumo de ovos
Instituto Ovos Brasil se organiza para a Semana do Ovo 2018 e ao mesmo tempo comemora aumento no consumo per capita do alimento Evento acontece entre 7 e 12 de outubro
O
Instituto Ovos Brasil já existe há 11 anos e desde o início dos seus trabalhos celebramos a Semana do Ovo. O Dia do Ovo é uma data mundial, celebrada por todos os países. Como no Brasil a data cai perto de um feriado nacional, sempre celebramos o mês todo. As ações da Semana do Ovo acontecem em diversas frentes. São ações em restaurantes, em escolas (para o esclarecimento de crianças), em redes famosas de supermercados, em eventos de gastronomia e em faculdades de pós-graduação, entre outras. Reveja as
Consumo per capita de ovos brasileiro deve alcançar 212 unidades em 2018 14
Revista do Ovo
ações do ano passado em: www.ovosbrasil.com.br/site/wp-content/ uploads/2017/10/Semana- do -Ovo-2017-Celebração-Nacional. pdf. O grande objetivo é celebrar um alimento com muitos nutrientes. Os ovos são ricos em vitaminas lipossolúveis (A, D, E, K) e do complexo B, por exemplo. Este conjunto de nutrientes é essencial para a visão e para promover o crescimento. O ovo também fornece energia e disposição para as atividades físicas e intelectuais e, dentre outros benefícios, combate os radicais livres. As vitaminas presentes no ovo também aumentam a resistência contra infecções e previnem a ocorrência de doenças respiratórias. O ovo pode ser ainda a solução para a melhoria da nutrição da população, já que trata-se de um alimento com muitos nutrientes, acessível financeiramente, versátil e com inúmeros tipos de preparação. O importante é celebrar todas essas qualidades que o ovo possui e aproveitar a Semana do Ovo para isso. Em 2017, para marcar a Semana do Ovo, o IOB organizou a campanha “Desafio do Ovo Frito”, em que atletas, como Jade Barbosa, Arthur Nory e Alan Ruschel entraram na brincadeira para fritar um ovo perfeito. O ganhador foi o ginasta Arthur Nory, que, como parte do desafio, indicou o Instituto de Pesquisa IPESQ (de Campina Grande, Paraíba) para receber a doação de 500 dú-
zias de ovos. Os vídeos foram assistidos por mais de 500 mil pessoas. Assista em: www.youtube.com/channel/ UCFcJM90W5Q1F EOKdBIGPmnQ. São ações como esta que contribuíram para que o consumo per capita brasileiro evoluísse significativamente, saindo de 120 ovos/habitante em 2007 para 192 ovos ao final de 2017. À propósito, segundo a ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal), o consumo per capita de ovos brasileiro deve alcançar 212 unidades em 2018. Os números de consumo do alimento por habitante têm crescido desde o início dos trabalhos de promoção do ovo e divulgação de seus benefícios pelo Instituto Ovos Brasil e seus parceiros, as entidades estaduais. Para acompanhar a maior presença dos ovos na mesa da nossa população, estima-se um avanço de 10% na produção do alimento neste ano, em relação às 39,9 bilhões de unidades produzidas em 2017, chegando a 44,2 bilhões de unidades. E não é apenas dentro das nossas fronteiras que os dados do setor crescem. As exportações de ovos totalizaram 5,8 mil toneladas entre janeiro e julho, volume 59% superior às 3,66 mil toneladas embarcadas no mesmo período de 2017. Em receita, houve aumento de 84%, com US$ 9,33 milhões de dólares este ano, contra US$ 5,07 milhões em 2017.
Ricardo Santin, Presidente do Conselho Diretor do Instituto Ovos Brasil
“Os números de consumo do alimento por habitante têm crescido desde o início dos trabalhos de promoção do ovo e divulgação de seus benefícios pelo Instituto Ovos Brasil e seus parceiros, as entidades estaduais”.
A importância do trabalho em conjunto é uma das maiores lições aprendidas pelos membros e entusiastas do Instituto Ovos Brasil. Juntos e ao mesmo tempo, podemos chegar mais longe com as ações em prol deste alimento. Por isso, o trabalho em conjunto feito pela promoção do ovo, entre o IOB e as entidades estaduais, é essencial para o sucesso da Semana do Ovo. Temos também a parceria das empresas patrocinadoras que realizam as suas ações e dos meios de comunicação do setor agropecuário, para repassar as notícias e ações. Além disso, há também as empresas que comercializam ovos e principalmente as casas genéticas. Fique de olho e programe-se você também: A Semana do Ovo 2018 vai de 7 a 12 de outubro. Já pensou em como você pode participar? Para os interessados, o IOB tem material para distribuição (entre em contato: admi-
nistrativo@ovosbrasil.com.br). Não se esqueça de dividir com o Instituto Ovos Brasil as ações que você organizou, pois todo o conteúdo será compilado para divulgação na mídia posteriormente.
Semana do Ovo Com várias ações promocionais, palestras, distribuições de brindes e degustações promovidas pelo Instituto Ovos Brasil e algumas empresas que atuam no segmento, o objetivo é ampliar a comunicação sobre o potencial nutritivo do ovo e destacar como este é um alimento muito importante para a alimentação humana. O dia do ovo foi criado pelo International Egg Commission (IEC) – órgão sediado no Reino Unido - que promove o alimento. A proposta inclui conscientizar a população sobre os benefícios do alimento. Anote aí: 7 a 12 de outubro é a Semana do Ovo.
Sobre o IOB O Instituto Ovos Brasil é uma entidade sem fins lucrativos criada em 2007 com objetivo de esclarecer a população sobre as propriedades nutricionais do ovo, os benefícios que este alimento proporciona à saúde, além de desfazer mitos sobre seu consumo. O IOB tem atuação em todo o território nacional e hoje é referência em informação sobre ovos no Brasil. O site da instituição (www.ovosbrasil.com.br) reúne campanhas, dados, pesquisas e artigos de credibilidade para o público em geral e profissionais das mais diversas áreas. Revista do Ovo
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Ciência e produção
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Revista do Ovo
Ferramentas de Precisão: uso prático na análise de dados O cenário atual de produção de proteína animal demanda que os gestores, constantemente, busquem tomar decisões mais assertivas, em tempo real, priorizando o bem-estar animal, a sustentabilidade do processo de produção e a responsabilidade social
Autor: Prof. Dr. Mario Mollo Neto, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – UNESP - Câmpus de Tupã/SP. E-mail: mariomollo@tupa.unesp.br
O
crescimento da avicultura tem sido implacável e, apesar da preferência pela carne suína na Ásia, o crescimento atual aponta para que o consumo global de carne de frango exceda o da carne suína até 2022, tornando-a a carne número um no mundo. O consumo de ovos também continua a crescer. Nos próximos 20 ou 30 anos, veremos outros quase 3 bilhões de pessoas habitarem a Terra. Assim, a avicultura deverá se preparar para responder a esta demanda. Devido a esta expansão, os agricultores precisam, cada vez mais, “cultivar dados”, não apenas criar galinhas, e, ao fazê-lo, aproveitar as novas tecnologias e informações digitais para melhorar a eficiência e responder aos crescentes requisitos dos consumidores. Dados obtidos do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, USDA, mostram que, em termos de exportações, o Brasil, em 2017, foi líder, atingindo o total de 34,4% das exportações de carne de frango no mundo. Este cenário demanda que os gestores, constantemente, busquem tomar decisões mais assertivas, em tempo real, priorizando o bem-estar animal, a sustentabilidade do processo de produção e a responsabilidade social. Na era da Internet, onde a informação desempenha um papel fundamental na vida das pessoas, a agricultura está rapidamente se tornando uma indústria muito intensiva em dados, onde os agricultores precisam coletar e avaliar uma enorme quantidade de informações de diversos dispositivos por meio de diferentes tecnologias. Estas novas tecnologias, chamadas de 4.0, são implementadas a partir dos conceitos de produção avícola de precisão, aliados às ferramentas de precisão. Estas ferramentas são compostas basicamente de sensores, atuadores, sistemas de aquisição, condicionamento e processamento de sinais, que são coletados do mundo real e, após sua filtragem e adequação, são convertidos do formato analógico para o formato digital. Com os dados em formato digital, acontece o processamento para transformar números Revista do Ovo
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Ciência e produção
O suporte a decisão pode ocorrer, por meio dos softwares de suporte a decisão ou DSS (Decision Support Systems) que são conectados aos sensores e atuadores, e aos usuários por meio de interfaces gráficas de visualização e entrada de dados 18
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em informação, em significado, em elementos valiosos para gerar suporte a decisão dos gestores, levando-os à solução dos problemas. Atualmente o suporte a decisão pode ocorrer, por meio dos softwares de suporte a decisão ou DSS (Decision Support Systems) que são conectados aos sensores e atuadores, e aos usuários por meio de interfaces gráficas de visualização e entrada de dados. Nos últimos anos, DSS dedicados, ou os sistemas de informação de manejo agrícola (SIGF - Farm Management Information Systems) evoluíram da manutenção simples de registros agrícolas para sistemas sofisticados e complexos para suportar todos os aspectos do gerenciamento da produção. O termo Smart farming (SF) ou a “Agricultura inteligente”, envolve a incorporação de tecnologias de informação e comunicação em máquinas, equipamentos e sensores para uso em sistemas de produção agrícola. Espera-se que novas tecnologias como a internet das coisas, o Big Data, robótica, tomada de decisão e processos estatísticos e a computação em nuvem, tecnologias de mapeamento e a geomática para a aquisição e gerenciamento de dados espaciais, cartografia, apoios topográficos, mapeamentos digitais, sensoriamento remoto, sistemas de informações geográficas, hidrografia, entre outras, avancem nesse desenvolvimento, introduzindo mais robôs e inteligência artificial nos processos
produtivos da agricultura e zootecnia. A “Agricultura inteligente”, é um conceito que se originou com engenharia de software e com a ciência da computação, que chegaram com a adição de tecnologias de computação e transmissão de dados da agricultura, dentro de um ambiente global de virtualização e computação ubíqua que prevê a onipresença da informática no cotidiano das pessoas. Esses elementos de computação são incorporados em objetos e interconectados entre si e com a internet. Estas tecnologias, quando utilizadas individualmente ou somadas, recebem o nome de “Ferramentas de Precisão”, e permitem a geração de um grande volume de dados e informações obtidos com a inserção progressiva de automação nos processos, auxiliando aos gestores aprimorar sua tomada de decisão para a produção, bem como para as questões estratégicas e gerenciais envolvidas. Problemas referentes a intensificação das mudanças climáticas continuarão a alterar as condições de crescimento, como temperatura, precipitação e umidade do solo, de formas cada vez menos previsíveis. Desta forma, observam que, estas ferramentas podem ajudar a reduzir estes impactos, mantê-los constantes ou reduzir os custos de produção em outras atividades agrícolas, e podem, também, ajudar a minimizar as restrições ambientais.
Os desenvolvimentos rápidos na tecnologia da internet das coisas (IoT Internet of Things) e computação em nuvem estão impulsionando o fenômeno chamado de agricultura inteligente. A base para o avanço neste setor envolve uma combinação de tecnologias de internet e tecnologias orientadas para o futuro para uso como objetos inteligentes na agricultura. O uso de ferramentas de precisão é possível devido ao uso de sensores, atuadores e temporizadores na agricultura. Um sensor é um dispositivo eletroeletrônico que mede grandezas físicas do ambiente e converte essas medições em um sinal que pode ser lido por um instrumento. Estes dispositivos encontram-se em constante evolução e novos sensores para grandezas físicas diferentes são criados em curtos espaços de tempo graças ao desenvolvimento da eletrônica. Entre as possíveis medidas lidas pelos sensores estão as seguintes: temperatura, umidade, luz, pressão, ní-
veis de ruído, presença ou ausência de certos tipos de objetos, níveis de tensão mecânica, velocidade, direção e tamanho dos objetos. Modelagem de comportamento animal, aprendizado de máquina e monitoramento de alimentação, são invariavelmente sustentados por sensores e/ou redes de sensores. Já os atuadores possibilitam a movimentação de todos os tipos de máquinas. Esses dispositivos usam uma fonte de energia, como por exemplo um motor elétrico, para converter energia, em movimento. Eles são usados na agricultura de várias maneiras durante o processo produtivo. Estes dispositivos atuadores podem ser encontrados nas portas de aviários e recipientes de armazenamento, em sistemas de ventilação, aspersão, aquecimento, transportadores, silos, galpões de armazenamento e até mesmo nos portões das propriedades. Como as fazendas geralmente operam em um horário regular para o nascer do sol e para o pôr do sol, mui-
tas estão ligadas a temporizadores. Eles são especialmente úteis em uma variedade de aplicações como abrir e fechar cortinas de aviários, acionar a iluminação temporizada em um galpão, assim como atuar sobre outras utilidades, reduzindo também os consumos de energia. A internet das coisas (IoT - Internet of Things), é o termo que descreve uma das tecnologias 4.0 relacionadas à Agricultura inteligente, e que compartilha o conceito de um ambiente inteligente com os sistemas de informação de manejo agrícola. A IoT permite que os objetos sejam controlados remotamente por meio de uma infraestrutura de rede existente, criando oportunidades para uma integração mais direta entre o mundo físico e os sistemas baseados em computador. O uso da IoT depende da infraestrutura da Internet, e isso apresenta vários desafios, especialmente ao lidar com um grande número de dispositivos de rede e a integração com outros sistemas.
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Ciência e produção
O potencial de IoT é determinado pela competência de capturar, processar, armazenar, transmitir e apresentar informações, na qual objetos interligados por uma rede são capazes de realizar ações de forma independente, gerando como produto uma grande quantidade e variedade de dados provenientes dos dispositivos da produção de alimentos instalados nos galpões de produção. A IoT prevê ainda o acesso a atuadores, como o uso de servo motores que ajudam na distribuição de ração, automatizam o sistema de regulação de temperatura para a ventilação dos galpões e ajusta a umidade relativa dos ambientes. Da mesma forma, motores e atuadores elétricos e pneumáticos controlam esteiras que removem os dejetos das aves e as esteiras que transportam ovos, assim como outras utilidades dos galpões. Muitos dos dados gerados pelos sensores permanecem pouco explorados pelos agricultores e, hoje, pesquisadores e empresas estão trabalhando
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Revista do Ovo
para desenvolver mais ferramentas que podem se conectar ao Big Data. Big Data é uma coleção de conjuntos de dados muito grandes com uma grande diversidade de tipos, dificultando o processamento usando plataformas tradicionais de gerenciamento de dados. Big Data é particularmente desafiador para os agricultores, especialmente aqueles que executam operações em criatórios. O termo “Big Data” está relacionado à tecnologia e está associado à “Agricultura inteligente”. Big Data é usado para se referir a um aumento no volume de dados, que são difíceis de armazenar, processar e analisar através de tecnologias tradicionais de bancos de dados. Como podemos coletar muitas informações dos dados de uma infinidade de sensores de dispositivos IoT, provenientes do processo produtivo, incluindo as bactérias no trato digestivo das aves, e como elas respondem à nutrição no nível genético, fica claro que os agricultores estão aprendendo como gerenciar grandes quantidades
de dados. Assim, entende-se que, “Cultivar os dados” para prever o crescimento de um animal individual, exige a capacidade de interpretar o “Big Data” proveniente de seu plantel. Atualmente, também estão sendo criados algoritmos complexos para interpretar as informações coletadas do microbioma, nutrigenômica e, assim, rastrear patógenos, como campylobacter ou bactérias resistentes a antibióticos. Da mesma forma, a nutrigenômica nos permite gerar informações para alimentar o animal com precisão, e podemos acessar o perfil de DNA para saber exatamente quais bactérias específicas estão presentes. Neste cenário, sem uma poderosa ferramenta para a análise de dados, não há como tirar proveito disso. A tecnologia de computação em nuvem é outra das ferramentas 4.0 que permite o uso da “Agricultura inteligente” com os seus crescentes volumes de dados por meio da criação de um repositório para acesso por meio da internet que facilita a utilização
das ferramentas de Big Data para análise. Os principais benefícios da computação em nuvem relacionam-se ao fato de que a computação em nuvem é uma grande mudança na forma tradicional que as empresas pensam em recursos de TI, levando a uma redução de custos, ampliando a velocidade de implementação e manutenção, permitindo escala global na utilização dos recursos, ampliando a produtividade e o desempenho das equipes e trazendo confiabilidade, pois, permite backup de dados, recuperação de desastres e a continuidade dos negócios, já que os dados podem ser espelhados em diversos sites redundantes na rede do provedor de nuvem adotado. A figura 1 apresenta a mudança de pensamento que se apresenta na atualidade, com o aporte das tecnologias 4.0, que baseadas na coleta de dados individuais pelos sensores, capitaneados pelos dispositivos IoT e com a utilização de uma telemetria eficien-
te, cabeada, ou por Wi-fi, com uma infraestrutura que permita uma armazenagem de grandes volumes de dados (Big Data), em ambiente colaborativo (web) e que tenha as garantias de bom funcionamento e redução de custos baseados em algoritmos complexos, culminando em um aprimorado processo de decisão que reverte em lucratividade. As tecnologias digitais 4.0 permitem aos pesquisadores e projetistas, lançar mão de avançadas e atuais ferramentas de modelagem matemática para o desenvolvimento de novos algoritmos complexos para a realização das análises em tempo real, que, de posse dos dados armazenados em Big Data, na web, podem inter-relacionar as variáveis armazenadas e as atuais que se apresentavam, no passado, em dimensões inacessíveis e proibitivas devido à tecnologia insuficiente, de forma a identificar novos conhecimentos dinamicamente para aplica-
As técnicas aplicadas vão, desde as análises estatísticas, das ferramentas da qualidade até a aplicação de princípios e técnicas da Inteligência Artificial (IA)
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Ciência e produção
As tecnologias digitais 4.0 permitem aos pesquisadores e projetistas, lançar mão de avançadas e atuais ferramentas de modelagem matemática para o desenvolvimento de novos algoritmos complexos para a realização das análises em tempo real
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ção imediata à solução dos novos desafios de produção. Um bom exemplo disto seria a previsão em tempo real da incidência de frentes de calor, baseadas nos dados históricos e nas previsões meteorológicas atuais e dos sensores que indicam a situação do microclima em questão, e a possibilidade de, não só alarmar a situação que se aproxima, como também iniciar um processo de aclimatação das aves, atuando nos controladores ambientais para que as aves melhor enfrentem o evento climático que irá chegar e, se necessário, atuem também sugerindo alterações nos componentes da ração a ser fornecida no período, reduzindo assim os impactos de mortalidade no criatório. As técnicas aplicadas vão, desde as análises estatísticas, das ferramentas da qualidade até a aplicação de princípios e técnicas da Inteligência Artificial (IA). Entre estas técnicas podemos listar as mais comumente encontradas para a aplicação em sistemas especialistas (SIGF ou DSS) focados para a “Agricultura inteligente”, que são: (i) Modelos probabilísticos e de otimização; (ii) Modelos de aprendizagem supervisionada; (iii) Modelos Bayesianos; (iv) Análise de séries temporais; (v) Programação genética; (vi) Redes Neurais, (vii) Lógiva Fuzzy; (viii) Lógica Paraconsistente; (ix) Mineração de Dados; (x) Simulação de Monte Carlo; (xi) Visualização de Big Data; (xii) Ferramentas de análise de negócios; (xiii) Análise preditiva e comportamental com cálculos de previsão e projeções; entre outras. Os sistemas podem inclusive considerar os inter-relacionamentos dos dados obtidos do Big Data com as conhecidas Metodologias de gestão de desempenho, como: PDCA (Plan-Do-Check-Act), BSC (Balanced Scorecard) ou GDP (Gerenciamento pelas Diretrizes), e outras disponíveis no mercado, que podem, inclusive, considerar composições entre as primeiras três listadas. Considerando o que tornaria melhor a produção de aves, é possível ainda, pontuar-se as fontes de dados que podem alavancar as análises tornando o suporte a decisão mais efetivo:
Do ponto de vista da produção, os pesos corporais individuais, se obtidos em tempo real, permitiriam melhores decisões sobre os consumos de ração e água; Do ponto de vista do bem-estar, o fato de conhecer melhor os níveis de estresse no conforto das aves avaliado através de dados meteorológicos, da temperatura corporal e fatores da qualidade do ar, como os níveis do dióxido de carbono e a amônia, traria muitos benefícios; Do ponto de vista do manejo das doenças, a capacidade de detectar antecipadamente o risco de patologias ou mitigar seus possíveis impactos, por meio da localização automatizada de aves mórbidas ou mortas em pontos diferentes do alojamento, antes que parte ou todo o lote seja afetado; Do ponto de vista da segurança alimentar, aumentar as técnicas de detecção de Salmonella, Campylobacter e E. coli seria de grande valia para todo o processo produtivo e para os consumidores finais; De uma perspectiva de processamento de alimentos, aumentar o rendimento por meio da eliminação de gargalos no processo produtivo, buscando novas técnicas e equipamentos mais eficientes e de menor custo para os processos. Modelos dinâmicos baseados em dados, seriam muito bem-vindos para poder vencer estes desafios, o que, atualmente encontra-se em pesquisa nos laboratórios aqui no Brasil e também nos que estão espalhados pelo mundo. As coletas realizadas por meio de sensores e Big Data, deverão permitir novos avanços para a atualização, devido às mudanças climáticas, dos indicadores de Índices térmicos para animais, como: índices de conforto, Índices de radiação e velocidade do ar, Índices que explicam a intensidade e duração do estresse térmico, Índice de contabilidade para condições de calor e frio. A título de exemplificação da aplicabilidade das ferramentas 4.0, podemos destacar que estas permitem que se realizem controles que potencializam a eficiência de produção, redu-
zem as causas de limitação de desempenho, morbidade e mortalidade, que resultam em perdas econômicas significativas e preocupações com o bem-estar animal. Estes controles, nos criatórios de aves, atuam sobre múltiplas variáveis que realizam: O controle ambiental de precisão incluindo a análise de: taxas de produção de calor e umidade usando os modelos bioenergéticos mais recentes; estresse térmico através de índices de conforto animal multifatoriais baseados em algumas medidas ambientais e fisiológicas; e comportamento animal como resposta a mudanças nas condições ambientais; O Controle fisiológico com precisão, que atua sobre variáveis como: temperatura corporal superficial e profunda, aplicação de técnicas não invasivas como a termografia, monitoramento por meio de câmeras de vídeo ou termômetros a laser, monitoramento da taxa de respiração como indicador do estresse térmico; Monitoramento da frequência cardíaca e do peso corporal. O controle de comportamentos com precisão, que atuam de forma a
acompanhar: a ingestão de alimentos e de água; o comportamento alimentar medindo o consumo de ração total e taxa de alimentação em associação com a duração da refeição, intervalo de refeições, número de refeições por dia e tempo total gasto com alimentação, rastreamento das aves por meio de antenas, tags passivos de transponders de radiofrequência, monitoramento de estações de alimentação eletrônica com sistema de alimentação de pesagem ou sensor de fluxo sólido; O controle de arraçoamento com precisão, que atua de forma a acompanhar: os processos de fabricação das rações, misturas dosagens, tipo (farelada, triturada ou peletizada) e, principalmente, acompanhar os resultados de campo focando no desempenho e qualidade do produto final após o abate, controle de qualidade e disponibilidade de água, controle da distribuição uniforme da ração, oferecendo em sua composição todo o aporte de vitaminas e energia que a ave necessita, controle da iluminação (fotoperíodo), controle da temperatura do criatório e; controle da conversão alimentar.
Desta forma, é possível concluir que, existem importantes tecnologias emergentes que podem ser aplicadas à cadeia de produção avícola como “Ferramentas de Precisão” para auxiliar nos processos de análise para promover melhor suporte à decisão para os gestores do setor, manipulando uma grande quantidade de dados de sensores conectados a sistemas IoT, que são armazenados em modalidade Big Data localizados em plataformas colaborativas da web e utilizando algoritmos complexos para a sua análise. Estas tecnologias, denominadas 4.0, potencializam e atualizam os procedimentos menos complexos que vinham sendo anteriormente aplicados como “Avicultura Inteligente” ou de maneira mais geral como “Smart farming” ou a “Agricultura inteligente”, reduzindo ainda mais os custos e gerando novas oportunidades que alavancam a competitividade e a responsabilidade social, bem como para as questões estratégicas e gerenciais envolvidas, por meio de melhores informações que geram melhor suporte para tomadas de decisões com maior assertividade aliadas à um aporte de inovação tecnológica ao plantel. Revista do Ovo
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Nutrição
Aspectos relevantes da nutrição e manejo de pintainhas nas fases de cria e recria A fase de cria e recria de poedeiras comerciais são períodos extremamente críticos na vida de um lote
A
cadeia brasileira de produção avícola se destaca no cenário mundial do agronegócio, graças ao fortalecimento e sinergismo entre os elos: genética, nutrição, manejo, ambiência e sanidade. Por possuírem forte impacto sobre os resultados zootécnicos e econômicos, toda falha ou descuidos em qualquer um desses elos compromete a viabilidade da produção, cada vez mais competitiva e sensível a quaisquer variações. A fase de cria e recria de poedeiras comerciais são períodos extremamente críticos na vida de um lote. Nesta fase é onde ocorre o desenvolvimento e maturação fisiológica dos principais sistemas da ave: órgãos internos, digestório, esquelético, imunológico e reprodutivo. No que se refere à nutrição das pintainhas, são inúmeros os desafios à campo que podem afetar a expressão de todo o potencial genético da ave, dentre eles podemos citar:
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Revista do Ovo
Formulações de rações com níveis nutricionais inadequados; Variabilidade na composição e na qualidade das matérias primas utilizadas no preparo das rações; Consumo de ração inadequado, aumentando a desuniformidade dos lotes; Falhas nos processos de produção das rações, o uso de equipamentos inadequados, tecnologicamente defasados, que podem reduzir a qualidade da ração, por deficiências de moagem, dosagem e mistura; Qualidade e quantidade de equipamentos na granja, associado aos problemas de manejo e elevada densidade assumem o papel dos grandes vilões do ciclo de produção; Outro ponto relevante diz respeito ao fato de que o Brasil, com sua dimensão continental, dispõe de uma logística bastante complexa, fator este que pode impactar negativamente no de-
sempenho das pintainhas nos primeiros dias de vida. Isto ocorre porque, o transporte das aves do incubatório até a granja pode durar muitas horas e dependendo da região até dias, uma vez que as empresas multiplicadoras das linhagens de postura comercial concentram-se em grande parte nas regiões sudeste e sul do país, o que dificulta o acesso rápido ao alimento e faz com que as aves utilizem mais das suas reservas corporais para manutenção fisiológica. Por isso, um bom manejo no recebimento das pintainhas é fundamental para que haja maior estímulo ao consumo de ração. Em relação as fases de cria e recria é importante ainda considerar a concentração dos manejos mais estressantes, criteriosos e impactantes para ave, por exemplo: a debicagem, transferências de galpões e vacinações, impactando o desempenho, sobretudo no ganho de peso e uniformidade das aves. Com
Rafael Barbosa, Nutricionista da De Heus.
“No que se refere à nutrição das pintainhas, são inúmeros os desafios à campo que podem afetar a expressão de todo o potencial genético da ave.”
uma nutrição adequada, tecnológica e embasada cientificamente é possível minimizar esses impactos, fazendo com que as aves suportem as práticas de manejo, garantindo o desenvolvimento corporal e a uniformidade do lote. A desuniformidade é um dos principais parâmetros observados à campo quando há algum desajuste nutricional nas fases de cria e recria, e isso reflete no início da produção dos ovos. Portanto, priorizar a uniformidade na fase inicial e recria é de fundamental importância para facilitar, tanto os processos de manejo das aves quanto viabilizar a produção das mesmas. Assim, as aves que estão cada vez mais precoces, necessitam de programas nutricionais específicos para acompanhar a exigência fisiológica, promovendo o desenvolvimento satisfatório,
principalmente nas primeiras três semanas de vida. Outro ponto importante nesta fase é a existência de uma correlação positiva elevada entre o peso vivo atingido às 5 semanas e determinadas características produtivas, como a maturidade sexual, taxa de postura, persistência no pico de produção e viabilidade das aves até 72 semanas. Na fase pré-inicial (1-3 semanas) o consumo de ração em relação ao peso da ave é maior quando comparada a fase de postura (Tabela 1), a ração tem participação crucial no fornecimento adequado dos nutrientes ao organismo da ave, uma vez que esta não possui reservas corporais suficientes para suprir um possível desequilíbrio nutricional. Neste sentido, é de extrema relevância ajustar os nutrientes da ração
para que a demanda nutricional seja atendida ao máximo, pois a redução nutricional e de consumo durante as 6 primeiras semanas de vida apresentaria um efeito negativo mais evidente na performance da ave no período de produção.
Considerações finais Formar frangas saudáveis e uniformes é o principal objetivo nas fases iniciais e na recria da postura comercial, para isso devemos fornecer suporte necessário para que as aves suportem uma etapa de produção cada vez mais mais exigente, longa e produtiva. Neste sentido, a nutrição balanceada nas primeiras semanas de criação exerce um papel fundamental para se alcançar os índices zootécnicos e econômicos desejáveis durante todo o ciclo de produção. Revista do Ovo
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Análise
Panorama mundial da exportação e imp O Brasil possui capacidade para aumentar a produção e a exportação de ovos, bem como o consumo per capita Autores: Jakline Brandhuber de Moura1, Sarah Sgavioli2, Marli Aguirre Aranda Feil3, Christian Joppert Dias de Souza1 (1) Discente do Programa de Mestrado Profissional em Produção Animal, Universidade Brasil, Descalvado, SP. (2) Professora do Programa de Mestrado Profissional em Produção Animal, Universidade Brasil, Descalvado, SP. (3) Mestre pelo Programa de Agronegócios, Universidade Federal da Grande Dourados, Dourados, MS.
A
avicultura desempenha um papel fundamental para o agronegócio brasileiro e para o desenvolvimento econômico do país. Além de gerar milhões de empregos diretos e indiretos, produz alimentos de qualidade a baixo custo.
Produção mundial de ovos e poedeiras China, Estado Unidos da América (EUA), Índia e México dominam o
mercado mundial, como os maiores produtores de ovos. A China foi responsável pela produção de 30 milhões de toneladas de ovos, em 2017, e de acordo com os dados da Agência das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), em 2020 poderá alcançar uma produção de 34,2 milhões de tonelada de ovos. Para melhor compreender a distribuição da produção mundial de ovos de poedeiras comerciais, a FAO sugere que os países produtores sejam distri-
buídos em três partes: a primeira representada pela China como responsável por 36% da produção mundial; em seguida, os países como EUA (7,9%), Índia (6%), México (4%), Brasil (3,5%), Japão (3,3%), Rússia (3,2%), Indonésia (2,3%), Ucrânia (1,5%) e Turquia (1,3%) os quais correspondem a 33% da produção. Esses nove países representam 69% da produção global, ficando a terceira parte em 31% da produção mundial com 196 países.
Tabela 1: Dez maiores empresas produtoras de poedeiras comerciais em 2015. Empresas
País de origem
Número de poedeiras (bilhões)
Participação (%)
Cal-Maine Foods
EUA
36,40
20,70
Proteína Animal - PROAN
México
30,0
17,12
Rose Acre Farms
EUA
25,3
14,44
Michael Foods
EUA
13,5
7,70
Hillandale Farms
EUA
12,5
7,13
Indústria Bachoco
México
12,0
6,84
Empresa Guadalupe
México
12,0
6,84
Trillium Farm
EUA
11,4
6,50
Rembrandt Ent.
EUA
11,1
6,33
Granja Mantiqueira
Brasil
11,0
6,27
175,2
100
Total Fonte: https://www.avisite.com.br/noticias/imprimir.php?codnoticia=17554.
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Revista do Ovo
produção, consumo, ortação de ovos
Revista do Ovo
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Análise Tabela 2: Consumo per capita de ovos por continente no período de 2006 a 2011 (kg) Continentes/ anos
2006
2007
2008
2009
2010
2011
África
2,3
2,4
2,4
2,3
2,4
2,5
América
11,4
11,2
11,2
11,5
11,6
11,8
Ásia
8,3
8,6
9,0
9,0
9,1
9,1
Europa
12,7
12,9
12,7
12,8
12,9
12,9
Oceania
7,1
6,5
6,5
6,2
6,7
7,4
Mundial
8,5
8,6
8,8
8,8
8,9
8,9
Fonte: Adaptado de http://www.thepoultrysite.com/articles/3492/global-poultry-trends-egg consumption-in-africa-and-oceania-below-the-global-average
Tabela 3: Importadores mundiais de ovos (unidades) e variação (%) no período de 2007 a 2013 2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
Variação (%)
Alemanha
311.437
337465
427.373
481.540
416.616
381.624
370.979
19,12
Iraque
62.084
121.861
178.834
199.482
188.187
255.789
294.299
374,03
Países Baixos
180.954
225.237
121.578
168.700
115.745
150.776
210.441
16,30
Hong Kong
88.935
90.551
91.880
95.244
103.067
102.638
105.776
18,94
França
176.876
132.010
143.351
54.240
63.034
72.087
43.710
-75,29
Fed. Rússia
10.188
9.926
11.973
16.738
22.017
58.395
61.975
508,3
Reino Unido
53.750
536.267
48.258
36.099
31.096
52.217
44.933
-16,40
Angola
14.039
17.963
15.006
19.046
25.238
48.516
21.644
54,17
Bélgica
40.036
46.681
43.475
60.931
56.693
47.030
52.743
31,74
Itália
23.653
20.119
23.446
39.891
28.270
40.507
92.156
289,62
Suíça
32.312
34.370
33.562
34.336
32.147
32.207
32.457
0,45
Emirados Árabes
10.188
9.926
13.945
15.498
22.231
28.317
51.205
402,60
Canadá
20.058
24.933
27.696
24.904
23.199
25.867
32.905
64,05
México
8.804
5.513
7.594
7.330
11.463
22.957
69.966
694,71
Afeganistão
12.154
17.308
16.106
12.669
20.705
13.437
22.825
87,80
Cingapura
62.330
69.127
72.260
75.837
75.491
12.391
77.699
24,66
Polônia
10.097
18.299
27798
19.244
21.030
12.024
18.353
81,77
Grécia
5.304
3.976
6.453
5.543
6.516
11.189
22.295
320,34
Áustria
18.759
18230
22.466
22.398
18.098
10.821
13.815
-26,36
Omã
19.170
15.145
16.664
16.605
18.176
7.560
11.373
-40,67
Países/ anos
Fonte: Adaptado de http://www.fao.org/faostat/es/#data/TP.
28
Revista do Ovo
Os EUA conseguiram aumentar o potencial de produção com investimentos em novas instalações, garantindo assim, uma posição importante na produção de ovos, com estimativa para 2018 de 8.565 milhões de dúzias. Ao longo dos anos a Europa perdeu sua posição no ranking mundial, e acabou cedendo espaço para o continente Asiático, principalmente a partir de 2008, quando então houve uma diminuição do volume de produção, devido ao processo de transformação socioeconômica no leste europeu, que refletiu sobremaneira na produção de ovos desta região. As dez maiores empresas produtoras de poedeiras pertencem ao continente americano. Destas, seis empresas estão nos EUA, com produção de 110,2 bilhões, sendo a Call-Maine Food a maior produtora de ovos da América. Outras três pertencem ao México, sendo a PROAN, a segunda colocada no ranking, com uma produção de 30 bilhões de ovos em 2015.
A granja Mantiqueira, brasileira, ocupa a 10º posição, com 11 bilhões de aves de postura (Tabela 1).
Consumo mundial de ovos No período de 2006 a 2011, o consumo mundial de ovos per capita cresceu. Se considerarmos o consumo per capita por continente, o Europeu é o continente que lidera o ranking, e em seguida, se encontra o continente Americano (Tabela 2). A população da África e da Oceania consome abaixo da média, entretanto, as quantidades reais provavelmente devem ser menores, uma vez que as estimativas da FAO não se referem às quantidades que chegam ao consumidor, ignorando portanto, perdas durante a distribuição e o processamento.
Exportação nacional de ovos Embora o Brasil ocupe o 7º lugar no ranking mundial na produção
O Brasil ocupou o 16º lugar entre os países exportadores de ovos no ano de 2016. Em longo prazo, o aumento do número de países importadores associado ao maior volume produzido de ovos poderá contribuir para inserção do país no mercado internacional.
Revista do Ovo
29
Análise
de ovos, a representatividade brasileira no mercado global, quando comparada aos demais exportadores, é pequena. O país ocupou o 16º lugar entre os países exportadores de ovos no ano de 2016. Em longo prazo, o aumento do número de países importadores associado ao maior volume produzido de ovos poderá contribuir para inserção do país no mercado internacional. Existem expectativas de recuperação da exportação de ovos devido à abertura de novos mercados. A Secretaria de Relações Internacionais do Agronegócio do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) anunciou, em dezembro de 2017, a abertura da Áfri-
30 Revista do Ovo
ca do Sul para a importação de ovos in natura e processados.
Importação mundial de ovos No contexto internacional, a Alemanha se destaca como o maior importador de ovos, assumindo o 1º lugar no ranking desde 2007, seguida, pelo Iraque, Países Baixos e Hong Kong, desde 2009 (Tabela 3). O Brasil não importou ovos durante o período de 2007 a 2017. O país conseguiu sustentar as cotações do mercado, mesmo em tempos de crise e altos preços dos insumos. Fomentou o mercado interno buscando segurança, qualidade e confiabilidade para os consumidores.
Considerações finais O Brasil tem demonstrado crescimento contínuo quanto à produção e ao consumo de ovos, entretanto há necessidade de investimento em novas tecnologias e ainda, que as agências responsáveis pela divulgação dos benefícios quanto ao consumo de ovos junto à população brasileira continuem com o trabalhado que vem sendo realizado. O Brasil possui capacidade para aumentar a produção e a exportação de ovos, bem como o consumo per capita. A literatura utilizada pode ser solicitada ao autor Sarah Sgavioli sarahsgavioli@yahoo.com.br
Matérias-primas
A cada hora a cadeia da soja exporta R$ 16 milhões A soja num primeiro momento vem sendo beneficiada pela guerra comercial entre EUA e China Autor: Prof. Dr. Marcos Fava Neves Titular (tempo parcial) das Faculdades de Administração da USP em Ribeirão Preto e da FGV em São Paulo. Especialista em planejamento estratégico do agronegócio favaneves@gmail.com
N
o quadro econômico, o último relatório Focus do Banco Central mantém o IPCA de 4,11% para este ano e o próximo em 4,15%. A estimativa para o PIB está em 1,49% e 2,5% respectivamente, Selic em 6,5% e 8% e o câmbio em 3,70 para estes dois anos. Porém agora em agosto uma desvalorização do real e desânimo do mercado com os resultados de pesquisas eleitorais. O dólar voltou a valer mais de 4 reais, o que traz confusão nos mercados de insumos e das commodities, mas eu ainda aposto em R$ 3,60 na virada do ano, a menos que um desastre ocorra na política, o que não é a minha aposta. No agro, a décima primeira estimativa da CONAB (safra 2017/18) traz produção esperada de 228,57 milhões de toneladas de grãos (3,8% menor que a safra anterior) em 61,7 milhões de hectares, área 1,3% maior que a safra anterior. A segunda safra de milho sofreu perda de quase 18% em relação ao ano passado com o impacto do clima. Em relação a preços internacionais, mais um mês negativo, com queda de 3,7% do índice mundial dos preços das commodities alimentares (índice da FAO) alcançando 168,8 pontos. Cereais caíram bastante (3,6%), açúcar (6%) e os lácteos também (6,6%). Óleos vegetais caíram 2,9% e carnes 1,9%. Tombos gerais de preços em dólar, ainda bem que em parte compensados pela desvalorização do real.
Conforme havia antecipado, a soja num primeiro momento vem sendo beneficiada pela guerra comercial entre EUA e China. Em julho exportamos mais de US$ 5 bilhões, 60% a mais que o julho de 2017. A China importou 2,7 milhões de toneladas a mais, um valor de US$ 3,8 bilhões, 64% a mais que a comparação com 2017. No ano está 6% acima. A ABIOVE estima que a cadeia da soja nos trará este ano US$ 37,5 bilhões, mais de 18% acima do ano passado. São números impressionantes. Fiz uma conta rápida aqui e ao câmbio de R$ 3,70 teríamos um total de R$ 138,7 bilhões. Isto daria R$ 11,5 bilhões por mês, R$ 385 milhões por dia e R$ 16 milhões por hora, aproximadamente! Com isto, as vendas do agro acumuladas em 2018 estão 5% maiores que o ano passado, atingindo US$ 59,2 bilhões e com o recuo das importações para US$ 8,3 bilhões, o saldo está 6% maior, em US$ 51 bilhões. Um saldo deste a esta taxa de câmbio é bastante confortável em reais. A última estimativa do USDA para a produção de soja trouxe um aumento de quase 4%, com a produção recorde de mais de 124 milhões de toneladas. As produtividades estão boas, graças ao clima. Somado aos problemas com a China (que derrubou as exportações para este país em 20%, aumentando em 7% para a União Europeia e para outros mercados) a soja bateu em Chicago o menor preço em 10 anos. Os EUA deverão ter grandes
estoques, 80% maiores que ano passado. Com isto as previsões de preços para o ciclo 2018/19 ficaram mais baixas, agora no intervalo entre US$ 7,65/10,15 por bushel para a soja e US$ 3,10/4,10 para o bushel de milho. Preços ruins aos americanos, mas bons aos brasileiros. A este câmbio eu venderia parte de minha produção futura, mas como sou um sem-terra, vale apenas recomendar. Mas no final, as guerras comerciais tendem a impactar negativamente o crescimento mundial, retraindo também as taxas de crescimento do consumo. No final a conta aparece para nós em outros produtos. Os competitivos, como nós, precisam de mercados abertos. Vamos aguardar para ver e analisar os desdobramentos. Dentro das surpresas negativas aplicadas ao agro, da nossa criação permanente de obstáculos, merece destacar estudo do ESALQ/LOG estimando aumento de custos de no mínimo 70% com o tabelamento de fretes e caso o frete de retorno tenha que ser pago também, o aumento chega a 154%, com impactos entre R$ 11 a R$ 25 bilhões em apenas 4 produtos analisados. Para concluir, a suspensão dos registros, comercialização e uso do glifosato faltando pouco tempo para começar a safra, digna de registro pela falta de visão do funcionamento do sistema econômico por parte do nosso poder judiciário, é mais um problema que precisa de solução urgente. Revista do Ovo
31
Opinião
A mulher no agronegócio A participação de mulheres como responsáveis pelos estabelecimentos rurais cresceu no País José Zeferino Pedrozo Presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de SC (Faesc) e do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar/SC).
“Sindicatos, as Cooperativas, os clubes, as escolas, as associações em geral – sejam de natureza econômica, laboral, cultural ou política – estão se tornando ambientes da presença atuante da mulher”
É
notório que, nas últimas décadas, ocorreu uma crescente participação feminina nas atividades econômicas e profissionais, nas entidades associativistas e nas organizações de intermediação social. A mulher tornou-se agente de mudanças e transformações. No campo, essa situação também é visível. A participação de mulheres como responsáveis pelos estabelecimentos rurais cresceu no País, segundo conclusões preliminares do Censo Agropecuário 2017: a direção de 18,6% dos estabelecimentos rurais estava nas mãos exclusivamente de mulheres entre 2016 e 2017. Houve evolução, pois, em 2006, o número de estabelecimentos chefiados somente por mulheres representava 12,7% do total. A participação delas na direção dos estabelecimentos rurais (18,6%), quando adicio-
32
Revista do Ovo
nada às mulheres que administram os estabelecimentos junto aos seus esposos (16,4%), faz com que o percentual de dirigentes do sexo feminino no agronegócio atinja a expressivos 35%. No contrafluxo desse movimento, Santa Catarina registrou o menor percentual de propriedades gerenciadas por mulheres (10,2%). Mas isso está mudando, porque é visível que os Sindicatos, as Cooperativas, os clubes, as escolas, as associações em geral – sejam de natureza econômica, laboral, cultural ou política – estão se tornando ambientes da presença atuante da mulher. Esse fenômeno também se verifica nas instituições do universo rural. Em assembleias de cooperativas agropecuárias e de Sindicatos de empregadores ou de trabalhadores rurais festeja-se a onipresente participação feminina. As mu-
danças no meio rural são mais lentas e os papéis sociais exercidos pelo homem e pela mulher, definidos por costumes mais rígidos. Para vencer a inércia e o preconceito de uma estrutura patriarcal, a mulher rural superou obstáculos maiores que a urbana. Sua postura mudou: hoje ela divide a chefia da família com o marido, quando ela mesma não assume sozinha esta função. A busca por aperfeiçoamento por parte delas é muito grande. Nos cursos realizados pelos sindicatos Rurais em convênio com o SENAR a participação da mulher é muito maior, frequentemente ultrapassando os 50%. Por isso, muitas mulheres acreditam que seu maior desafio é fazer com que o homem não fique para trás nesta evolução, em face da proverbial dificuldade de conscientização masculina da importância da busca do conhecimento e do aperfeiçoamento. Outro fator importante é a capacidade de agregação e conciliação da mulher. Quando focalizamos a propriedade rural e principalmente a pequena propriedade, que é basicamente familiar, o grande desafio está em resolver os conflitos que existem entre as gerações, pois normalmente os filhos são inovadores e revolucionários e os pais são conservadores e centralizadores. É reconhecida a eficiência que ela ostenta na propriedade rural, onde passou a interessar-se pela contabilidade de custos e resultados, pela questão previdenciária, pelos investimentos e pela viabilidade econômica. No plano social, comprova-se, hodiernamente, que a mulher agregou qualidade e dinamismo às instituições as quais passou a participar. Sua presença contribuiu para harmonizar as diferenças, atenuar as tensões, fortalecer os pontos de convergência e realçar os interesses comuns.
Mercado de trabalho/CEPEA
Crescem empregos no agro com maior qualificação Também houve crescimento de 4,4% da informalidade no agronegócio (sem carteira assinada) entre o primeiro semestre deste ano e o mesmo período de 2017
O
número de empregos com maior qualificação no agronegócio cresceu no primeiro semestre deste ano frente ao mesmo período de 2017, segundo indicam pesquisadores do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, com base em dados da PNAD Contínua, do IBGE. No período, houve alta de 7,2% de população ocupada com superior completo e queda significativa de 18,7% de pessoas ocupadas sem qualquer nível de instrução. Segundo pesquisadores do Cepea, essa tendência já vem sendo verificada há um tempo e está relacionada a diversos aspectos, como a elevação da tecnificação no campo, inviabilidade de pequenos estabelecimentos rurais no ambiente altamente concorrencial e tecnológico da agropecuária brasileira, a intensificação e concentração da produção e melhores oportunidades de emprego em ambientes urbanos em algumas regiões. Por outro lado, houve crescimento de 4,4% da informalidade no agronegócio (sem carteira assinada) entre o primeiro semestre deste ano e o mesmo período de 2017.
POPULAÇÃO OCUPADA NO AGRONEGÓCIO A população ocupada (PO) total do agronegócio manteve-se praticamente estável no segundo trimestre deste ano frente ao anterior, conforme indicam pesquisadores do Cepea. A participação da população ocupada do agronegócio no total do Brasil, no entanto, diminuiu. Isso porque, nesse período de comparação, houve aumento de 0,72% no número de ocupados total no País. Quando considerado o primeiro semestre deste ano frente ao mesmo período do ano passado, ao desagregar os segmentos do agronegócio (insumos, primário, indústria e serviços), verifica-se retração no número de ocupações das atividades primárias, de 1,93%. Neste caso, a pressão veio das atividades pecuárias. Já na agroindústria, observa-se estabilidade no total (ligeira alta de 0,35%), com redução no número de ocupados na indústria de base agrícola, mas crescimento na de base pecuária.
Revista do Ovo
33
Mercado / CEPEA
Avicultura de postura enfrenta dificuldades em agosto Autores: Maristela de Mello Martins1, Juliana Ferraz1, Claudia Scarpelin1e Sergio De Zen2 1) Analistas da Equipe de Ovos, Aves e Suínos do Cepea, da Esalq/USP; 2) Professor Dr. da Esalq e pesquisador responsável pela área de pecuária do Cepea, da Esalq/USP.
Mercado em Agosto Assim como observado ao longo de julho, o excesso de oferta de ovos no mercado doméstico seguiu pressionando as cotações da proteína no correr de agosto. Nem mesmo as maiores exportações no período foram suficientes para sustentar os patamares de preços que foram observados em julho, fazendo com que agosto fosse o segundo mês consecutivo de queda nas cotações. As médias mensais, inclusive, foram as menores em termos reais para um mês de agosto, considerando-se toda a série histórica do Cepea (iniciada em 2013). Entre julho e agosto, houve desvalorização de 3% para os ovos brancos tipo extra, com a caixa de 30 dúzias sendo comercializada a R$ 68,30
em Bastos (SP). Para o produto vermelho, a queda nas cotações foi de 4%, a R$ 77,09/cx em agosto. Com essas sucessivas quedas nos valores, avicultores intensificaram os descartes de poedeiras no mês, na tentativa de reduzir a oferta de ovos. Na comparação anual, os preços dos ovos brancos tipo extra, também em Bastos, foram 21% inferiores aos praticados no mesmo mês do ano passado, em termos nominais. Para o produto vermelho, a desvalorização é de 23% na mesma comparação. As dificuldades dos produtores são ainda acentuadas pelo fato de, neste ano, os custos de produção estarem superiores aos do de 2017, em decorrência das fortes valorizações do milho e do farelo de soja.
Fonte: CEPEA
34 Revista do Ovo
O excesso de oferta observado em julho e agosto está principalmente atrelado aos investimentos feitos pela cadeia no passado recente. Segundo agentes consultados pelo Cepea, os preços dos ovos e os custos de produção favoráveis em 2017 levaram avicultores a aumentar o plantel, o que elevou a produção em 2018. Vale lembrar que, no ano passado, a caixa com 30 dúzias de ovos brancos tipo extra teve preço médio de R$ 84 em Bastos (SP), aumento nominal de 6,25% frente à média de 2016. Já as cotações dos principais insumos utilizados na atividade, milho e farelo de soja, recuaram entre 2016 e 2017 na região de Campinas (SP) – o valor do cereal registrou queda nominal de 32% no período e o do derivado da soja, de 18%.
Censo Agropecurário 2017 Os resultados preliminares do Censo Agropecuário 2017, divulgados pelo IBGE em julho, indicam que, no período de coleta dos dados (01/10/2016 a 30/09/2017), haviam no Brasil 2,24 milhões de estabelecimentos agropecuários que produziam ovos de galinha. Desse total, 15% localizavam-se na Bahia, 13%, em Minas Gerais e 10%, no Rio Grande do Sul. Apesar de a Bahia e de o Rio Grande do Sul terem uma grande representatividade em relação aos estabelecimentos agropecuários, tem-se que a participação conjunta dos mesmos na produção brasileira de ovos é de apenas 9,82%. Essa disparidade pode indicar que, nesses estados, a produção dos estabelecimentos é de pequena escala. São Paulo, Paraná e Minas Gerais são os estados que têm a maior quantidade produzida de ovos, com respectivas representatividades de 32,41%, 10,53% e 8,72% em relação ao total produzido pelo Brasil. Juntos, esses estados respondem por 51,66% da produção nacional, o que configura aos mesmos um papel de extrema relevância para o abastecimento do País. Segundo os dados preliminares do Censo, Bastos (SP), que tradicionalmente se destaca na avicultura de postura, continua sendo o maior munícipio produtor do Brasil, com 97 estabelecimentos agropecuários se dedicando à atividade e alcançando a produção de 395,5 milhões de dúzias,
o equivalente a 9% do total nacional. Vale lembrar que o Censo Agropecuário de 2006 indicava que a produção do município era advinda de 82 estabelecimentos, os quais totalizavam 107,7 milhões de dúzias. Santa Maria de Jetibá (ES), que se figura como o segundo maior município produtor, tem 1.448 estabelecimentos agropecuários, os quais produzem 356,5 milhões de dúzias de ovos, representando 8% da produção brasileira, ainda segundo os dados do Censo. Nesse contexto, o volume produzido pela cidade capixaba é 9,9% inferior ao de Bastos. No Censo Agropecuário de 2006, a produção de Santa Maria de Jetibá era de 102,7 milhões de dúzias, as quais eram provenientes de 611 estabelecimentos. A terceira cidade com maior destaque na avicultura de postura é Itanhandu (MG). Segundo os dados do Censo, a produção da cidade mineira se dá em 76 propriedades e totaliza 74,6 milhões de dúzias, volume que responde a 2% da quantidade produzida pelo Brasil. No Censo Agropecuário de 2006, o município contava com 23 propriedades que produziram 10,9 milhões de dúzias. O panorama geral traçado a partir das informações preliminares do Censo Agropecuário de 2017 e daquele de 2006 mostra a evolução da avicultura de postura em importantes polos do Brasil. No entanto, é válido ponderar que há diferenças metodológicas entre os dois últimos levantamentos feitos pelo IBGE, como o período de referência das informações.
Na comparação anual, os preços dos ovos brancos tipo extra, também em Bastos, foram 21% inferiores aos praticados no mesmo mês do ano passado, em termos nominais. Para o produto vermelho, a desvalorização é de 23% na mesma comparação
Revista do Ovo
35
Estatísticas e Preços Pintainhas de postura comercial
Alojamento sofreu forte refluxo em junho
A
36 Revista do Ovo
EVOLUÇÃO MENSAL (OVOS BRANCOS E VERMELHOS) - MILHÕES DE CABEÇAS
PINTAINHAS COMERCIAIS DE POSTURA
% OVO BRANCO 2017/18
MÊS
2016/2017
2017/2018
VAR.%
Jul
7,412
8,671
16,99%
81,63%
78,36%
Ago
7,638
9,427
23,41%
81,53%
80,37%
Set
8,125
9,634
18,58%
80,31%
79,48%
9,495
22,32%
81,55%
78,30%
2016/17
Out
7,763
Nov
8,062
9,510
17,96%
83,66%
80,82%
Dez
7,522
8,361
11,16%
79,75%
81,02%
Jan
7,769
10,377
33,56%
80,58%
80,61%
Fev
7,253
9,082
25,23%
84,08%
79,15%
Mar
8,380
10,034
19,74%
82,87%
78,84%
Abr
8,653
10,111
16,85%
81,31%
81,46%
Mai
9,396
9,996
6,38%
79,56%
80,17%
Jun
9,043
8,476
-6,27%
79,73%
79,50%
Em 06 meses
50,494
58,076
15,02%
81,25%
79,99%
Em 12 meses
97,015
113,175
16,66%
81,33%
79,85%
Fonte dos dados básicos: ABPA – Elaboração e análises: AVISITE
I
2015
II
2016
50,494
46,256
II
I
46,522
46,380
II
I
2017
58,076
1º SEMESTRE DE 2015 A 1º SEMESTRE DE 2018 Milhões de cabeças
55,099
PLANTEL SEMESTRAL
44,893
inda sem contar com a divulgação oficial através da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), informações colhidas no mercado indicam que o alojamento mensal de pintainhas comerciais após atingir média mensal de 9,831 milhões de cabeças no primeiro trimestre, caiu para 9,527 milhões mensais no trimestre seguinte. Mas, tomando por base os cinco primeiros meses do ano, a média ficou bem próxima dos 10 milhões de cabeças, aumentando em quase 20% na comparação com o mesmo período do ano passado. Entretanto, no último mês do primeiro semestre, junho, houve forte redução no alojamento. O volume alojado atingiu cerca de 8,476 milhões de cabeças e representou queda de 15,2% sobre o mês anterior, maio. Além disso, após 20 meses ininterruptos de índice anual positivo, ficou negativo em relação ao alojado no mesmo mês do ano anterior, nesse caso, em 6,3%. Mesmo assim, o volume semestral alcançou 58 milhões de toneladas – 80% desse plantel destinado à produção de ovos brancos - e representou aumento de 15% sobre o mesmo semestre de 2017. Na comparação com o mesmo período de 2016 o acréscimo alcançou 25%. É um aumento que foge as expectativas mais otimistas de crescimento, considerando uma crise interna que já dura vários anos e dá, em alguns momentos, breves sinais de melhora. O volume semestral projetado para o ano sinaliza a possibilidade de se alojar 116 milhões de pintainhas, significando aumento de 10% sobre o plantel alojado no ano passado. Por enquanto, nos últimos doze meses – julho de 2017 a junho de 2018 – o volume atinge 113,2 milhões, equivalendo a 16,7% de aumento sobre o mesmo período imediatamente anterior. A convivência com excessos crescentes na produção de ovos e os baixos preços recebidos pelo produtor, indicam um plantel produtor bem superior às necessidades do mercado consumidor. Assim, é possível que a redução verificada no alojamento de junho possa ter continuidade no decorrer do segundo semestre.
I
2018
Mercado
Desempenho do ovo em setembro de 2018
Ovo completa três quartos do ano valendo 18,55% menos que em idêntico período do ano passado
Média mensal e variações anual e mensal em treze meses MÊS.
MÉDIA R$/CXA
Média anual em 10 anos R$/CAIXA
VARIAÇÃO % NO ANO
NO MÊS
2009
SET
74,48
2,25%
-7,29%
OUT
69,04
0,70%
-7,30%
NOV
66,00
-3,00%
-4,40%
2011
DEZ
64,36
-13,03%
-2,48%
2012
JAN/18
53,92
-12,21%
-16,22%
FEV
71,35
-15,54%
32,31%
MAR
79,08
-10,59%
10,83%
2014
ABR
67,75
-25,66%
-14,32%
2015
2010
R$ 38,63 R$ 37,93 R$ 44,61 R$ 49,11 R$ 57,86
2013
MAI
62,84
-24,57%
-7,25%
JUN
80,23
-7,40%
28,26%
JUL
63,12
-24,52%
-21,33%
2017
AGO
60,70
-24,35%
-3,72%
2018
SET
58,21
-21,85%
-4,11%
R$ 52,70 R$ 59,47 R$ 75,43
2016
R$ 77,78 R$ 66,34
Fev
Jun
Jul
Ago
101,6
2018 Média 2001/2017 (17 anos)
Out
Nov
74,8
112,3 78,0
81,3
Mai
114,5
117,1
Abr
103,1
109,4
Mar
80,8
87,1
112,1
120,5 101,6
Jan
91,7
69,0
91,8
115,0
Preço relativo em 2018 comparativamente ao período 2001/2017 (17 anos) Média mensal do ano anterior = 100
110,4
OVO BRANCO EXTRA
Evolução de preços no atacado paulistano R$/CAIXA DE 30 DÚZIAS
greve dos caminhoneiros (final de maio) ocasionou uma explosão artificial nos preços do setor, o valor médio mensal – mesmo correspondendo ao melhor preço do ano – continuou aquém do registrado em junho de 2017. A realidade é que, além de ter fechado setembro com um preço médio 4,11% e 21,85% menor que os registrados, respectivamente, em agosto de 2018 e em setembro de 2017, o ovo completa três quartos do ano valendo, em termos nominais, 18,55% menos que em idêntico período do ano passado. Mas não só isso, pois em comparação aos mesmos nove meses de 2016 o retrocesso ficou próximo dos 15%. Culpa de quem? Mas o que agrava sensivelmente os problemas do setor é a produção, que cresce na contramão da economia. E os números do IBGE comprovam isso. Em 2016 foram produzidos, nacionalmente, pouco mais de 3,8 bilhões de dúzias de ovos, volume 1% superior ao de 2015. Já em 2017 a produção nacional subiu para 4,245 bilhões de dúzias, quase 12% a mais que no ano anterior. Em outras palavras, dois anos atrás o crescimento registrado ficou um pouco acima do crescimento vegetativo da população, inferior a 1% ao ano. Já no ano passado a expansão foi pelo menos 10 vezes superior ao aumento da população. Os primeiros dados relativos a 2018 são ainda mais preocupantes. Pois, a partir do cruzamento de dados dos levantamentos efetuados em granjas com plantel superior a 10 mil poedeiras, levantam-se indicativos de que a produção deste ano pode ter aumentado mais de 20% em relação a 2015.
100,4
omparando-se o comportamento do ovo e do frango no decorrer de 2018, não escapa que no mês de março, enquanto o ovo apresentava excelente desempenho (período de Quaresma), o frango enfrentava aquele que seria um de seus piores resultados do ano. Pois seis meses depois, o quadro observado é totalmente oposto: o frango registra seu melhor desempenho no ano e o ovo retrocede a um dos menores preços do corrente exercício. O retrocesso em si não chega a ser ocorrência inesperada, pois a curva sazonal de preços do ovo mostra que, em relação ao pico de março, o preço de setembro sofre significativo retrocesso (cerca de 15% a menos na média dos últimos 17 anos). O que surpreende em 2018 é o alto índice de redução acumulado nestes últimos seis meses, superior a 25%. Para simplificar basta dizer que há quase doze meses o ovo não obtém, na média mensal, preço igual ou melhor que o de um ano antes. Aliás, até em junho, quando a
99,7
C
Set
Dez
Revista do Ovo
37
Estatísticas e Preços
Milho e Soja Índice de aumento anual do Milho permanece alto
Farelo de soja registra leve aumento em setembro
O preço do milho registrou queda mensal em setembro. O preço médio do insumo, saca de 60 kg, interior de SP, fechou o mês cotado a R$43,05, valor 2,4% abaixo da média alcançada pelo produto em agosto, quando ficou em R$44,11. Porém, a disparidade de preço do milho em relação ao ano anterior permanece alta. O valor atual é 44,2% superior, já que a média de setembro de 2017 foi de R$29,85 a saca.
O farelo de soja (FOB, interior de SP) registrou insignificante alta em setembro de 2018. O produto foi comercializado pelo preço médio de R$1.394/t, valor 0,1% superior ao praticado no mês de agosto – R$1.393/t. Em comparação com setembro de 2017 – quando o preço médio era de R$955/t – a cotação atual registra alta de 46%.
Valores de troca – Milho/Frango vivo
Valores de troca – Milho/Ovo O preço do ovo, na granja (interior paulista, caixa com 30 dúzias), sofreu desvalorização em setembro e fechou à média de R$52,21, valor 4,6% inferior ao alcançado no mês anterior, quando o produto foi negociado por R$54,70. Com a maior desvalorização no preço médio dos ovos em relação ao milho, houve piora no poder de compra do avicultor. Em setembro foram necessárias 13,7 caixas de ovos para adquirir uma tonelada do cereal. Em agosto, foram necessárias 13,4 caixas/t, perda de 2,2% na capacidade de compra do produtor. Pior ainda em doze meses, quando a perda no poder de compra do produtor atingiu 47,1%.
Preçomédio médioMilho Milho Preço
setembro setembro outubro outubro novembro novembro dezembro dezembro janeiro janeiro fevereiro fevereiro março março abril abril maio maio junho junho julho julho agosto agosto setembro setembro
R$/sacadede60kg, 60kg,interior interiordedeSPSP R$/saca
53,00 53,00 51,00 51,00 49,00 49,00 47,00 47,00 45,00 45,00 43,00 43,00 41,00 41,00 39,00 39,00 37,00 37,00 35,00 35,00 33,00 33,00 31,00 31,00 29,00 29,00 27,00 27,00
2017 2017
2018 2018
MédiaSetembro Setembro Máximo Mínimo Média Mínimo Máximo 39,00 46,50 R$R$39,00 R$R$46,50
43,05 43,05
38 Revista do Ovo
Valores de troca – Farelo/Frango vivo A alta na cotação do frango vivo e o ínfimo aumento no farelo de soja em setembro fez com que fossem necessários 437 kg de frango vivo para adquirir uma tonelada do insumo, significando melhora de 6,3% no poder de compra do avicultor em relação a agosto, quando 464,3 kg de frango vivo obtiveram uma tonelada do produto. Na comparação em doze meses houve piora de 12,6%, pois, lá, foram necessários 382 kg para adquirir o cereal.
Valores de troca – Farelo/Ovo De acordo com os preços médios dos produtos, em setembro foram necessárias aproximadamente 26,7 caixas de ovos (valor na granja, interior paulista) para adquirir uma tonelada de farelo de soja. O poder de compra do avicultor de postura em relação ao farelo registrou perda mensal de 4,6%, já que, em agosto, 25,5 caixas de ovos adquiriam uma tonelada de farelo. Em relação a setembro de 2017 houve piora de 47,8% no poder de compra, pois naquele período a tonelada de farelo de soja custou, em média, 13,9 caixas de ovos.
Preçomédio médioFarelo Farelode desoja soja Preço R$/toneladaFOB, FOB,interior interiordedeSPSP R$/tonelada
1600 1600 1500 1500 1400 1400 1300 1300 1200 1200 1100 1100 1000 1000 950 950 900 900 850 850 800 800 750 750
setembro setembro outubro outubro novembro novembro dezembro dezembro janeiro janeiro fevereiro fevereiro março março abril abril maio maio junho junho julho julho agosto agosto setembro setembro
No frango vivo (interior de SP) o preço médio de setembro, alcançou R$3,19 kg, atingindo índice de valorização mensal de 6,5%. Assim, com a valorização do frango vivo e retrocesso na cotação do milho, melhorou o poder de compra do avicultor. Nesse mês, foram necessários 224,9 kg de frango vivo para se obter uma tonelada de milho, considerando-se a média mensal de ambos os produtos. Este volume representa cerca de 9% de ganho no poder de compra em relação ao mês anterior, pois, em agosto, a tonelada do milho “custou” 245,1 kg de frango vivo. Entretanto, em relação a setembro do ano passado, a perda chega a 11,5%.
2017 2017
2018 2018
MédiaSetembro Setembro Mínimo Média Máximo Mínimo Máximo 1.380,00 R$ 1.410,00 R$ R$ R$ 1.380,00 R$ R$ 1.410,00
1.394,00 1.394,00
Fonte das informações: www.jox.com.br
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Estatísticas e Preços
Bem-Estar
Produtividade
Menos lesão pós-vacinal.
Maximiza a produção contribuindo para bons resultados.
Microemulsão
Ampla proteção
Tecnologia que minimiza a reação vacinal.
Prevenção da Bronquite Infecciosa, Newcastle, EDS 76 e Coriza Infecciosa.
YOKEI®-5. Tradição de qualidade na proteção da postura comercial.
SAC: 0800-888-7387
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abcd