Jornal Mundo da Leitura nº. 32

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Mundo da Leitura

Jornal do Centro de Referência de Literatura e Multimeios - Ano XII - edição especial - agosto de 2009 - Passo Fundo - RS

M

U N D O

DA LEITURA

Pedro Bandeira p.8

12 anos do Mundo da Leitura p.15

Conheça os autores da

5aJornadinha


2 - Jornal do Centro de Referência de Literatura e Multimeios

Passo Fundo, agosto de 2009 - Ano XII

Editorial LER LIVROS, LER NA INTERNET - UMA EXPERIÊNCIA MAIS QUE SIGNIFICATIVA PARA OS JOVENS Estamos realizando mais uma edição da Jornada Literária. Você, caro leitor, você amiga leitora, são nossos convidados para contribuir com o debate sobre o tema “Arte e tecnologia: novas interfaces”. Sabemos de suas experiências de leitura em meio eletrônico, de suas preferências pela participação em grupos de relacionamento virtual. Estamos conscientes de que pertence à geração homo zapiens (homem que zapeia em meio à televisão, equipamentos de som, internet...): pessoas que nasceram de 1990 para cá têm demonstrado, segundo os autores holandeses Wim e Veen, uma competência para, ao mesmo tempo, acessar internet, ouvir música num mp3, enviar torpedos pelo celular, apreciar publicidade na televisão. É próprio dos jovens o desenvolvimento de uma hiperatenção. Estamos cientes do quanto lhes dá prazer o envolvimento com mangás, histórias em quadrinhos, entre outros materiais de leitura. Essa constatação está explícita na letra da música preparada pelo poeta Paulo Becker para cantarmos juntos durante as atividades desta Jornada: Olhamos telenovelas Zapeamos telejornais Somos fãs de animês De quadrinhos e mangás Navegamos na internet Falamos ao celular E enviamos muitos torpedos Esperando o amor chegar

lescência. Procuramos estimular o diálogo entre vocês e importantes escritores jovens da atualidade, que circulam em meio a textos impressos de grande qualidade, como também possuem blogs por intermédio dos quais ampliam o diálogo com seus leitores. Vocês leram livros, navegaram em meio eletrônico procurando acessar sites literários, blogs previamente selecionados, participando ativamente de sua preparação para o grande debate desta festa do livro, da literatura, da leitura em diferentes suportes, da leitura de distintas linguagens. Temos observado cuidadosamente suas preferências e procuramos organizar uma Jornada Literária que possa aproximar-se dos seus interesses, de suas necessidades. Procuramos, no entanto, ampliar seus desejos em conhecer mais, em dialogar mais com escritores que também são blogueiros, aproximando aceleradamente leitores e escritores. Considerando o mundo em que vivemos, as mudanças têm ocorrido muito rapidamente, movidas pelas descobertas tecnológicas. Outras acontecem pela insensatez humana, que propicia perdas na história e nas condições de nossas cidades. Não temos tido forças necessárias para participar dessas modificações contribuindo para que elas não sejam desumanizantes. Por isso mesmo, precisamos acompanhar o ritmo dessas mudanças sem perder o foco na necessidade de fazer parte do desenvolvimento que permite a participação dos jovens na condição de sujeitos dessas transformações. O poeta continua a falar:

Cai na real, cai na real A nossa vida é virtual Cai na real, cai na real A nossa vida é virtual Tudo isso nos levou a convidar escritores, cujas obras atingem suas expectativas de vida nessa importante fase de suas vidas – a ado-

Expediente Mundo da Leitura é uma publicação do Centro de Referência de Literatura e Multimeios Ano XII – edição especial 13ª Jornada Nacional de Literatura e 5ª Jornadinha Nacional de Literatura – agosto/2009 – Passo Fundo – RS – Curso de Letras – IFCH/UPF Coordenação: Tania M. K. Rösing Conselho Editorial: Professores Adriano C. Teixeira, Eládio V. Weschenfelder, Fabiane V. Burlamaque, Miguel Rettenmaier, Paulo Becker, Tania M. K. Rösing Editores Responsáveis por esta edição: Diogo C. Rufatto, Elisângela de F. F. de Mello, Giancarlo Rizzi Monitores: Bruno Philippsen, Diogo C. Rufatto, Eliana

O mundo muda mais rápido Que o coração de um mortal O que ontem era teatro Hoje é centro comercial A pracinha em que brincamos Ficou debaixo do asfalto E nós passamos de carro Esperando o amor chegar

Sem dúvida, suas presenças e participações efetivas nesta Jornada Literária constituir-seão em argumentos fortes para mostrarmos o quanto a leitura, seja ela do livro, seja em meio eletrônico, pode contribuir para o desenvolvimento interior de cada um e de todos, estimulando nosso imaginário. Tal condição permite que sonhemos com uma vida melhor enquanto sujeitos, enquanto cidadãos conscientes, para que nos tornemos protagonistas da história que estamos escrevendo enquanto seres viventes. Precisamos fazer parte de um público leitor, transformador dos grupos sociais a que pertencemos e dos espaços físicos nos quais atuamos. Precisamos nos constituir em plateias apreciadoras da pintura, da escultura, da dança, da música, da arquitetura, do teatro, da fotografia. É assim que ampliaremos nossa sensibilidade em relação às artes e poderemos contribuir para o surgimento de pessoas mais sensíveis a essas expressões da cultura. Leitura de livros, leitura em meio eletrônico, leitura de diferentes materiais... Esta é a motivação das Jornadas Literárias. Leitores críticos, sensíveis, emancipados – o nosso grande objetivo. Aproveitem, caros leitores, amigas leitoras, cada momento desta Jornada. Certamente, sairão daqui mais críticos, mais sensíveis. Ao voltarem para suas escolas, enviem uma mensagem para jornada@upf.br referindo os melhores momentos de sua participação nesta Jornada.. Curtam esse momento inusitado em suas vidas. Estamos felizes com a presença de todos e de todas. Bem-vindos à 13ª Jornada Nacional de Literatura! Bem-vindos à 5ª Jornadinha Nacional de Literatura.

Teixeira, Eliana Leite, Elisângela de F. F de Mello, Giancarlo Rizzi, Lisandra Blanck, Lisiane Vieira, Matheus Mattielo Nickhorn, Solange Lopes Brezolin e Valéria Sumye Milani (Cristina Azevedo, Natane Rangel – estagiárias do programa Mundo da Leitura na TV ) Correspondência: Centro de Referência de Literatura e Multimeios Campus I – km 171 – BR 285 – Bairro São José Passo Fundo – RS – CEP 99001-970 Contato: Telefone: (54) 3316-8148 E-mail: leitura@upf.br Home-page: http://www.mundodaleitura.upf.br Revisão: Liana Langaro Branco Ilustração de Capa: Giancarlo Rizzi Diagramação: Agência Experimental de Jornalismo -

Prof. Dr. Tania Mariza Kuchenbecker Rösing Coordenadora geral

FAC Fotos: Arquivo Mundo da Leitura e Jornadas Literárias Tiragem: 10 mil exemplares Universidade de Passo Fundo Reitor: Rui Getúlio Soares Vice-Reitora de Graduação: Eliane Lucia Colussi Vice-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação: Hugo Tourinho Filho Vice-Reitor de Extensão e Assuntos Comunitários: Adil de Oliveira Pacheco Vice-Reitor Administrativo: Nelson Germano Beck


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Grupo Tholl

Vidas virtuais Letra: Paulo Becker Música: Pedro Almeida JL13 para base. Já contatei o Circo da Cultura. Aguardo novo comando. Base para JL13. Sua missão é ajudar a formar leitores multimidiais. Que a força esteja com você. Olhamos telenovelas Zapeamos telejornais Somos fãs de animês De quadrinhos e mangás Navegamos na internet Falamos ao celular E enviamos muitos torpedos Esperando o amor chegar Cai na real, cai na real A nossa vida é virtual Cai na real, cai na real A nossa vida é virtual O mundo muda mais rápido Que o coração de um mortal O que ontem era teatro Hoje é centro comercial A pracinha em que brincamos Ficou debaixo do asfalto E nós passamos de carro Esperando o amor chegar Cai na real, cai na real A nossa vida é virtual Cai na real, cai na real A nossa vida é virtual Ô linda moça Do disco voador Me leve pra jornada Sempre que você for Ô linda moça Só não me deixe aqui Enquanto eu sei que tem Tanta estrela por aí

O

começo do Grupo Tholl se deu em 1987, quando João Bachilli, o atual diretor, e um grupo de amigos praticantes de ginástica olímpica resolveram se unir e fazer acrobacias, juntamente com o grupo Teatro Escola de Pelotas (TEP) e de Bartira Franco. No começo, faziam animações e pequenas apresentações, com muita dificuldade, tanto de tempo, quanto financeira. Aos poucos, o grupo foi se organizando em termos de tempo, componentes e espaço para ensaio. Pouco antes da estreia do espetáculo Tholl, os ensaios eram diários e os almoços, na casa do próprio diretor. Um grupo construído com muito amor e doação de todos os artistas. As suas apresentações foram fazendo sucesso e vieram patrocínios e apoiadores. Dessa forma, o grupo foi se consolidando cada vez mais e conseguindo a colaboração de profissionais. Hoje, conta com 109 integrantes, dentre artistas, aprendizes, técnicos, costureiras, produtores, designer gráfico, fotógrafo, assessor de imprensa e diretor. O sucesso do grupo pode ser avaliado pelos prêmios que conquistou, tais como o Troféu Construir e o Prêmio Treze Horas, em 2003; o de Destaque

Allan da Rosa "Por que somente livros para crianças é que são legais? Por que não podemos criar um livro que, além do texto com a nossa história, também seja bonito? Quem falou que livro tem que ser feio e chato?" (http:// revistaraiz.uol.com.br/politicas/cooperifa. html) As palavras acima mostram que Allan da Rosa não se preocupa somente em escrever, mas também em incentivar a leitura, sobretudo na periferia, local onde nasceu, cresceu e vive. Allan da Rosa teve vários empregos, tais como vendedor de livros, de incensos e de jazigos de cemitério, feirante, office-boy, professor, alfabetizador de

Cultural 2005; o Prêmio Líderes e Vencedores 2008, na categoria Expressão Cultural, e o Troféu Multiesporte 2008, como Homenagem Especial outorgada pelo jornalista Sérgio Cabral, além de ter sido outorgado, em 2007, por proposição da deputada Leila Fetter, o título de Patrimônio Cultural do Rio Grande do Sul. Atualmente, o Grupo Tholl – Oficina Permanente de Técnicas Circenses - OPTC é vinculado à Universidade Católica de Pelotas e possui três espetáculos montados: Tholl, Imagem e Sonho; Kaiumá, a Fronteira e Exotique - Pocket Show. Para a abertura da 13ª Jornada de Literatura e das manhãs da 5ª Jornadinha Nacional de Literatura, porém, o grupo montou um espetáculo especial, de acordo com o tema "Arte e tecnologia: novas interfaces".

adultos, dançarino, ator de rua, roteirista e locutor de rádio-documentários. Foi coautor do vídeo Vaguei os livros, me sujei com a m... toda. O autor estudou no cursinho Núcleo da Consciência Negra, graduou-se em História pela Universidade de São Paulo e cursa mestrado em Cultura e Educação na mesma instituição. Hoje, faz parte do grupo de capoeira Irmãos Guerreiros e do grupo Sarau da Cooperifa, além de ser o organizador do selo Edições Toró. Seu livro Da Cabula é uma peça teatral sobre uma das tantas mulheres que sabemos existir. Essa obra lhe rendeu o II Prêmio Nacional de Dramaturgia Negra Ruth de Souza. Da Cabula é uma mulher pobre, negra e que sonha em aprender a ler e escrever. Está em processo de alfabetização, apesar de já ter passado da idade que se espera que se aprenda a ler e escrever. Sua ignorância, da qual é mais vítima que responsável, acaba por lhe trazer alguns transtornos, como pegar o ônibus errado e ter de dar voltas imensas para conseguir voltar para casa. Entretanto, no ato da escrita ela consegue refazer sua história, preenchendo sua vida com poesia e coisas melhores do que a realidade.


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André Diniz da Silva

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asceu em Niterói-RJ em 1969, onde vive até hoje. É escritor, professor, historiador e pesquisador de música popular brasileira. Suas pesquisas se transformam em livros e assim ele divulga a história da música. Suas obras trazem informações

sobre os genêros musicais, compositores, cantores e músicos. A coleção Mestres da Música no Brasil, por meio da biografia de grandes compositores que inovaram a linguagem musical brasileira e lutaram pela construção de uma identidade artística nacional, conta a história do Brasil e da música brasileira. Um das obras da coleção é

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Noel Rosa, escrita por André e Juliana Lins. O livro mostra o Rio de Janeiro do começo do século XX, cidade e época em que viveu um dos maiores compositores brasileiros. O livro relata a vida e obra de Noel Rosa, que, apesar de ter vivido somente 26 anos, deixou mais de 200 músicas. Uma oportunidade para conhecer a vida e obra de Noel

Rosa, os fatos históricos e costumes da época.

ho do mundo. Nascido no Rio de Janeiro-RJ em 1975, o autor é roteirista e desenhista de

histórias em quadrinhos. Sua trajetória começou em 1994 com a publicação de fanzines. Em 2000, criou a editora Nona Arte. Hoje, é um dos responsáveis pelo site Nona Arte, no qual é possível ler HQs e até mesmo fazer downloads destas. Por ter publicado HQs como 1985, Fawcett, 31 de Fevereiro, Subversivos, Chalaça, o Amigo do Rei e outras, conquistou 14 prêmios dos troféus HQ Mix e Ângelo Agostine, como Melhor Roteirista, Melhor Edição, Melhor Graphic Novel, Melhor Site de Quadrinhos, entre outros.

André Diniz

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ue grande segredo esconde Muzinga, o homem mais velho do mundo, com 199 anos, mas com saúde de um guri de 18? É isso que se pergunta Caio, seu tatataraneto, que passa a morar com o velho quando fica órfão. Para tentar desvendar esse mistério, Caio costuma ler escondido as anotações das aventuras vividas por Muzinga, o que o deixa fascinado e com uma intensa vontade de também viver aventuras. A opor-

Anna Claudia Ramos

É

leitora, ilustradora, escritora e mãe de Elias e Layla. Para a autora, escrever para jovens e crianças é uma maneira de nunca parar de sonhar e imaginar. Referimos que ela é leitora em primeiro lugar porque, desde a educação infantil, seu local preferido na es-

tunidade surge quando Muzinga decide sair em mais uma de suas estranhas jornadas, desta vez para resgatar um amigo seu que partiu em busca da cidade de Ibez, onde supostamente teria vivido a antiga civilização de Atlântis. É então que Caio demonstra a seu tatataravô que herdou, mesmo que passadas várias gerações, o seu espírito aventureiro. Essa é a história contada por André Diniz no livro A incrível história do homem mais vel-

cola era onde estavam os livros. Nasceu em 1966 no Rio de Janeiro, onde mora até hoje. É graduada em Letras pela PUC/ Rio e mestre em Ciência da Literatura pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Seu sonho de ser escritora se efetivou. O primeiro livro escrito para jovens, Pra onde vão os dias que passam?, foi publicado em 1992 e já foi traduzido na Bulgária. Em seu livro Sempre por perto, registra as dificuldades e as conquistas que contribuem na construção de uma identidade sexual. Os amores sinceros de Clara, por meninos e por meninas, são descritos e mostram como é difícil en-

trar na adolescência, o esforço necessário para vencer os preconceitos e reconhecer os sentimentos verdadeiros. Um livro que trabalha com ideias diferentes e que apresenta como é importante aprender sobre si, sobre o outro e respeitar as individualidades A obra Quando tudo acontece de repente também aborda a questão da adolescência, mas de um jeito diferente. O livro foi escrito por seis pessoas, que começaram a conversar sobre como é complicado manter seu jeito de ser numa sociedade consumista. A conversa virou contos, muitos contos. Então, ao invés de um, foram publicados dois livros. Para saber mais sobre a escritora e suas obras,

acesse: www.annaclaudiaramos.com. br ...amigo é aquele que está do nosso lado, mas aquele que está com a gente no sentimento, mesmo distante fisicamente. Anna Claudia Ramos Fonte blog.annaclaudicom.br

aramos.


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Carlo Frabetti 1. No livro Calvina, você faz muitas referências a outras obras de arte, da literatura universal, cinema, música, etc. Qual o objetivo dessa proposta? Tento familiarizar os jovens leitores e leitoras com essas referências culturais e também despertar o interesse em conhecê-las melhor. 2. O texto de Calvina é bastante marcado pela lógica. Você acredita que isso se dá pela sua formação em matemática? Por quê? Digamos que tanto meu interesse pela matemática como por certo tipo de narrativa tem a ver com uma aposta pelo racionalismo e a reflexão diante do irracionalismo dominante. 3. Que motivos foram marcantes para não definir se a personagem principal de Calvina é menino ou menina? Vivemos numa sociedade que impõe etiquetas a tudo e obriga todos a assumirmos um rol bem definido; Calvina não aceita essa imposição. 4. Tendo nascido na Itália e morando na Espanha, como você vê a situação da leitura entre os adolescentes contemporâneos? Tanto na Itália como na Espanha, há mais consumismo e mercadotectia editorial do que aproveitamento real da literatura e seus imensos tesouros. 5. Você acha possível que diferentes países se unam e troquem experiências visando à formação de leitores? Não só é possível, mas, necessário. Nesse sentido, os congressos e fóruns internacionais são muito importantes.

6. Você já publicou mais de 50 livros para crianças, adolescentes e adultos. Com uma obra tão extensa, o que significou ganhar o Prêmio Barco a Vapor em 2007? Esse prêmio foi muito importante para mim, pois me chegou num momento de marginalização de parte dos grandes meios de comunicação e de algumas grandes editoriais. 7. Você é presidente da Associação Contra a Tortura e membro fundador da Aliança de Intelectuais Anti-imperialistas. O que você gostaria de dizer para os jovens leitores? Que não permaneçam impassíveis diante dos abusos e das mentiras do poder. Que não caiam na armadilha do consumismo, de confundir a realização pessoal com o acúmulo de bens materiais. 8. Você era um sujeito leitor em sua infância e adolescência? Quais eram suas leituras preferidas? Fui (e continuo sendo) um devorador de livros. Meus autores favoritos na juventude: Verne, Poe, Wilde, Leopardi... 9. Você é membro da Academia de Ciências de Nova York, trabalha para divulgar o conhecimento científico e como roteirista de televisão. Como é exercer todas essas funções ao mesmo tempo? Ao mesmo tempo não: faz muito que não faço roteiros nem traduções, e minhas atividades científicas são muito restritas. 10. Você escreve também em italiano? Se a resposta for positiva, pergunta-se: como é

a experiência de escrever em duas línguas? Escrevo mais em castelhano do que em italiano, porém não posso nem quero renunciar a minha língua materna. Acho que o bilinguísmo é muito enriquecedor. Como falava Goethe, quem não conhece outras línguas não conhece a própria.

“ “

Fui (e continuo sendo) um devorador de livros.


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Braulio Tavares

O

cordel nordestino é uma tradição literária que, além da métrica própria e do estilo gráfico particular, é também caracterizado por misturar com facilidade em sua temática o real e o fantástico, o político e o infantil, a sátira e a crítica. Premissa ideal para que o paraibano Braulio Tavares, estudioso incansável da poesia popular, adaptasse para essa forma literária tão típica a narrativa do misterioso flautista de Hamelin, que é parte do imaginário popular a incontáveis gerações. Nascido em 1950 em Campo Grande, Paraíba, Braulio é escritor e compositor, com uma obra que abrange desde contos e ensaios literários, passando por composições musicais, volumes de poesia e, também, aproximações do cordel tradicio-

Clarah Averbuck

C

omeçou sua trajetória literária publicando seus textos na internet. Em junho de 1998, escreveu pela primeira vez para a Não-til, revista digital da Casa de Cinema de Porto Alegre. Um ano depois, se tornou uma das colunistas do CardosOnline, que durou até 2001 e revelou escritores como Daniel Galera e Daniel Pellizzari. Em 2001 começou a escrever sua primeira novela, Máquina de pinball, publicada no ano seguinte. Criou o blog Brazileira! preta, que chegou a ter mais de 1.800 acessos diários. A partir de então, publicou mais dois livros: Das coisas esquecidas atrás da estante, em 2003, e Vida de gato, em 2004. Também canta, teve várias bandas, entre elas Jazzie & Os Vendidos.

nal. Em O flautista misterioso e os ratos de Hamelin (2006), o autor reconta o fato supostamente ocorrido, segundo registros, em meados do século XII, nas margens do rio Wendel, na Alemanha. Na pequena cidade de Hamelin, uma asquerosa praga de ratos vitima a população que, desesperada, vê seus recursos se esvaindo rapidamente. O auxílio surge na figura do flautista, um misterioso artista, que, com sua música, liberta a cidade desse cruel destino, mas, iludido pelas promessas dos políticos, acaba sem o pagamento estipulado, resultando numa cobrança com juros elevadíssimos. O caráter bizarro da história, aliado às xilogravuras em estilo de cordel, de autoria de Mario Bag, assim como a forma original como Braulio aborda a história resultam numa narrativa quase contemporânea, na

A popularidade de seus escritos chamou a atenção de diretores importantes do teatro e do cinema. Máquina de pinball ganhou adaptação para o teatro, roteirizado por Antônio Abujamra e Alan Castelo, em 2003. Este e outros dois livros seus também inspiraram o diretor cinematográfico Murilo Salles, que produziu o filme Nome próprio em 2007. A personagem Camila, do livro Máquina de pinball, talvez seja o retrato de uma geração perdida nas comodidades do mundo atual. A busca incessante pelo prazer fácil, pela rapidez, por estímulos é a rotina dessa jovem, que não consegue construir relações aprofundadas com ninguém nem com nada, exceto com seus gatos. Sexo, drogas e rock’n roll ocupam quase todo o

Ernani Ssó

O

escritor gaúcho Ernani Ferreira da Fonseca Rosa, mais conhecido como Ernani Ssó, nasceu em 13 de agosto de 1953 em Bom Jesus. Cresceu no campo, e seu primeiro acesso aos livros foi quando entrou na escola. Durante a adolescência, pensou em ser desenhista, arquiteto e até mesmo humorista, no entanto a vontade de ser escritor prevaleceu. O autor diz que não inventa os personagens; ele costuma descobri-los.

Na coleção No escuro, os personagens são bruxas, que são lideradas pela malvada Cunegundes, que sempre trama planos para assustar os humanos; ela quer espalhar terror e medo. Isso não quer dizer que os planos de Cunegundes deem sempre certo; na verdade, antes de eles se efetivarem, acontecem fatos estranhos que são engraçados para o leitor, mas desanimadores para Cunegundes.

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qual a corrupção política ameaça e subtrai da cidade muito mais do que a fatídica praga de ratos.

tempo de Camila. Como a própria autora diz ao final do texto, “qualquer semelhança com a realidade não terá sido mera coincidência”.


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Guilherme Fiuza

ML- Alguns autores não gostam de participar da adaptação de suas obras para o cinema.Você participou da adaptação de seu livro Meu nome não é Johnny ? Guilherme Fiuza - É verdade. Meu "primeiro mandamento", anunciado aos produtores do filme, era "não atrapalhar". Acho que no final devo até ter atrapalhado um pouquinho, mas ajudei também. A produtora Mariza Leão fez questão de me ter por perto em todo o processo. Fiz em torno de 50 sugestões, boa parte aceita. ML- Você percebeu que após a estreia do filme houve uma maior procura pelo livro? Guilherme Fiuza -Com o filme, a vendagem do livro triplicou. ML- Ao que você credita a repercussão do filme entre os jovens? E as premiações conquistadas? Guilherme Fiuza - Vários fatores podem explicar a repercussão e as premiações. Acredito que seja uma história original, sobre um cara normal e delirante ao mesmo tempo, que leva a sério seus desejos de transgredir, de misturar o certo e o errado a seu favor. É uma tentação que existe em todo mundo; por isso, acho que o público se vê um pouco no João Estrella. E o sucesso também se deve, é claro, ao talento do Selton Mello e de outros ótimos atores do elenco, da excelente direção do Mauro Lima e da

www.record.com.br

autor Gulherme Fiuza é jornalista desde 1987. Já publicou os livros Meu nome não é Johnny, 3.000 dias no bunker e Amazônia, 20º andar. Meu nome não é Johnny narra a história de um jovem de classe média alta adorado pelos pais, que se envolve com drogas e descobre o mundo do dinheiro fácil. O livro foi adaptado para o cinema em 2008 pelo diretor Mauro Lima, um dos filmes brasileiros mais vistos no país. Amazônia, 20º Andar conta como uma estilista rica e um empresário bem-sucedido, motivados pela luta de Chico Mendes, resolvem deixar tudo no Rio de Janeiro e se mudar para a floresta Amazônica para viver no meio de índios e seringueiros. Na entrevista, ele fala um pouco sobre o seu trabalho.

produção perfeita da Mariza Leão. ML- O João Estrella está vivo. Como foi contar a história de um personagem real? Guilherme Fiuza - Foi muito bom, porque ele não se importou de se expor, me autorizou a publicar seu nome verdadeiro, o que achei um ato corajoso e muito positivo para o livro e o filme. João me deu entrevistas excelentes, tem boa memória e reagiu bem ao meu trabalho investigatório, colaborando plenamente. ML- Meu nome não é Johnny e Amazônia, 20º Andar trazem situações reais. Como você transita entre a ficção e a realidade em suas obras? Guilherme Fiuza - Não transito entre a ficção e a realidade. Escrevo só sobre o que aconteceu de fato. Mas procuro

extrair a "novela" que existe na vida dos meus personagens, organizar a trama dos fatos reais, e os livros acabam se parecendo com romances. Mas não uso ficção. ML- No seu blog você faz comentários políticos. A internet não poderia ser um espaço para você compartilhar discussões sobre textos literários? Guilherme Fiuza - No meu blog trato de política, de esporte, de sexo, de violência, de cinema... Procuro os assuntos da atualidade que me tocam de um jeito especial, quase sempre por um ângulo que não foi notado antes. Não tenho muito gosto pela discussão acadêmica. A literatura pode ser abordada, desde que tenha algum nervo exposto acossando a realidade...


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Pedro Bandeira P

edro Bandeira é o autor homenageado da 13ª Jornada Nacional de Literatura e da 5ª Jornadinha Nacional de Literatura. Em sua cidade natal, Santos, trabalhou principalmente com teatro. Mas, depois foi professor de literatura, jornalista e publicitário. A partir de 1983, passou a se dedicar exclusivamente ao trabalho de escritor. Em 1984 consagrou-se com a publicação do livro Droga da obediência, obra para o público juvenil. Já publicou mais de 70 títulos e vendeu mais de 20 milhões de exemplares. É um escritor que vem conquistando leitores de diferentes gerações. ML – Como foi a sua formação de leitor? O que você sugere para que tenhamos mais leitores no Brasil? Pedro Bandeira - Ler deve ser um prazer. A literatura nasceu para divertir, para entreter, antes de pretender ensinar qualquer coisa. Os jovens que não foram fascinados pelas histórias quando pequenos têm mesmo pouca ligação com os livros. O verbo “ler” é parente dos verbos “sonhar” e “amar”, porque nenhum dos três comporta o imperativo. Ninguém pode ordenar a alguém que “sonhe”, que “ame”. O mesmo acontece com “leia!”. Para que eu leve alguém a me amar, tenho de seduzir essa pessoa; assim, para que eu leve alguém a ler com prazer, devo fascinar essa pessoa pelas histórias, devo apresentá-las com entusiasmo, com alegria, sem cobranças, sem “avaliações”, como se faz em muitas escolas. ML – A coleção Os Karas é composta por obras que são bastante procuradas no Mundo da Leitura. Os leitores que leem um dos livros voltam e procuram outros da coleção. O que significa para você como escritor saber que uma obra agrada diferentes gerações? Pedro Bandeira - Esse é um prazer enorme! O primeiro livro com os Karas foi publicado antes que houvesse o computador pessoal, os telefones celulares ou os I-pods ou os “Ainão-podes”... Mesmo assim, jovens que hoje têm doze anos gostam do livro como se ele tivesse sido escrito no mês passado! É uma surpresa e um prazer imenso sentir que livros meus como os dos Karas, como Feiurinha ou como A marca de uma lágrima já se tornaram obras clássicas, que atravessam gerações! O que pode acontecer de melhor para um escritor do que se sentir eterno enquanto ainda está vivo? ML – Seus livros já venderam mais de vinte milhões de exemplares. É um número impres-

sionante. Quais eram suas expectativas em relação à literatura quando mudou de profissão?

distanciado do momento histórico em que você começou a escrever. Como vê a repercussão da literatura nesses meios?

Pedro Bandeira - Jamais sonhei com esse sucesso. Ao abandonar meu último emprego, eu pretendia viver apenas como autônomo, tirando o sustento de minha família de trabalhos independentes (chamados free-lances) de publicidade e de jornalismo para complementar o que eu ganharia como escritor. Mas, graças aos meus maravilhosos leitores, graças às fantásticas professoras-sedutoras que puseram meus livros nas mãos dos pequenos leitores, logo eu pude me profissionalizar apenas como escritor. Esse pessoal criou para mim uma doce realidade com a qual eu sequer tinha sonhado!

Pedro Bandeira - Creio que o ser humano é sempre o mesmo, independentemente das mudanças que o progresso traz. Qualquer pessoa do século XXI se emociona com histórias escritas há 400 anos, como as peças de Shakespeare e Don Quixote, e até com dramas criados há mais de dois milênios, como as peças de Ésquilo, de Sófocles, ou os versos de Ilíada e Odisseia. Com progresso ou sem progresso, as pessoas amam, sofrem, sonham, têm esperança, sentem inveja, desesperam-se, choram... Eu, como escritor, escrevo para a criança e para o adolescente eternos que são, que sempre foram e que sempre serão!

ML – Que relação você estabelece entre suas narrativas e o cotidiano? Antes de enviar seus textos para a editora, você mostra para alguém? Pedro Bandeira - Minha mulher, educadora experiente, está sempre ao meu lado e é minha primeira leitora. Ela muito me ajudou a compreender a psicologia dos adolescentes que leem meus livros. ML – A relação dos leitores com os meios de comunicação é diferente no momento atual,

ML – E o que você pensa sobre a nova postura do leitor na internet? Você permitiria que seus textos estivessem na rede para que o leitor realizasse uma leitura em meio virtual? Pedro Bandeira - Não se trata de permitir... A transcrição de textos para a internet está sendo feita de modo pirata e isso pode matar a literatura! Por que alguém se daria ao trabalho de escrever um livro se ele será pirateado e o autor não poderá receber direitos pelo seu trabalho?


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Memória fotográfica

Espetáculo de Abertura

Conversa com os escritores Marina Colasanti e Ziraldo – lona principal

Ferrez - Conversa com adolescentes na lona principal

Sessão de autógrafos com o escritor Meshack Asare

Conversa paralela com o escritor Daniel Galera

Conversa com os escritores Rubens Matuck, Kátia Canton e Carla Caruso – loninha amarela


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ML - Você foi uma das primeiras escritoras a postar, de forma regular, textos na internet, e sua produção literária transita com naturalidade entre esses suportes mostrando sua grande segurança e liberdade na utilização destas linguagens. Qual sua impressão sobre este boom de pseudoescritores oriundos da blogosfera? Índigo - A internet é um meio fascinante para qualquer pessoa com pretensões literárias; oferece um canal com direito a retorno imediato e abrangência mundial, coisa que o livro não dá. Editora nenhuma te dá isso. A internet permite que você comece sozinho, em casa mesmo, sem o intermédio de ninguém. Isso, claro, acaba facilitando a produção de textos. Mas tem um outro lado. O meio digital é prejudicial ao processo de criação. A meu ver, a produção de um texto literário exige sigilo, reclusão, introspecção e distância do leitor. É como fazer teatro. Você não sobe no palco e sai interpretando com a plateia ali, sem antes ter ensaiado mil vezes. A blogosfera te dá espaço, mas se você não for muito cauteloso, ela pode acabar com a sua escrita. Vejo o blog como um monstrinho verde faminto, constantemente exigindo mais comida. Ele gosta de matéria viva e original. E, por ser tão sedutor, você se vicia nele. Bobeou, você lhe dá o que tem de melhor. Ele engole seus livros antes mesmo que você tenha tempo de escrevê-los. ML - Você tem uma relação muito madura e objetiva com a rede e soube, como poucos, extrair dela o suporte para a sua produção. Como você vê essa imensa rede de relacionamentos baseada em Facebook, Messenger, Orkut, Twitter, etc., que se constituiu em volta da internet? Índigo - Nunca consegui ter uma relação saudável com as ferramentas de relacionamento. Ou eu ficava completamente fissurada, que foi o que aconteceu com o Orkut, ou então mantenho distância, com medo dos efeitos prejudiciais que podem trazer. Com o Twitter eu não quis nem chegar perto. Nunca entrei, tenho pavor. Messenger já me roubou tempo e energia demais. O Messenger para mim era como um assaltante. Hoje em

Índigo dia só mantenho o blog porque não consigo largar. O resto eu aboli. Aliás, não conheço ninguém que tenha uma relação de moderação com essas ferramentas. Talvez a próxima geração consiga. Nós ainda somos muito deslumbrados. ML - Seu texto fala de forma direta ao público infanto-juvenil, sem meios-termos ou demasiadamente apoiado em citações “pop”, jamais menosprezando a

inteligência e a capacidade crítica desses leitores. Antes de lançar seus livros, já havia uma resposta tão boa do público, ou foi uma espécie de “tiro no escuro” apostar numa abordagem tão original? Índigo - Isso pode parecer estranho, mas eu só fui ter alguma análise crítica sobre meus livros depois do quinto título publicado. Não cabe a mim analisar minha própria obra. Agora eu sei o que as pessoas enxergam e curtem nos meus textos, e isso de certa forma acaba servindo de orientação. No começo minha preocupação era escrever com sinceridade e ineditismo, o que já é um desafio e tanto. ML - A crítica à dependência das tecnologias de comunicação é o mote central de O colapso dos bibelôs, sendo a pane dessas tecnologias o elemento revelador da fragilidade das relações construídas a partir desses elementos. Como é a sua relação com essas tecnologias? Qual o espaço que ocupam em sua vida cotidiana? Índigo - Hoje eu moro numa chácara

Passo Fundo, agosto de 2009 - Ano XII

cercada de mata nativa. A internet aqui é temperamental. Celular, nem adianta deixar ligado. Tenho televisão, mas não coloquei cabo nem antena. Só serve para assistir a vídeos. Não uso MSN, não tenho Orkut, entro em pouquíssimos blogs. Carro eu uso duas vezes por semana. Tenho conseguido reduzir drasticamente o uso de tecnologia na minha vida, e tem sido ótimo. Minha relação com a internet é como minha relação com a luz elétrica. É algo fundamental para a vida moderna. Mas é só isso. Um aparelho. ML - Sua coleção Costurando histórias (2008) traz cinco livros ilustrados por renomados estilistas brasileiros. Essa convergência de linguagens é latente no seu trabalho. A que você atribui essa facilidade de interação entre tantas linguagens diferentes? Índigo - Eu gosto de entrar em contato com mundos completamente diferentes do meu. Normalmente essas incursões detonam uma série de ideias legais, dilemas, crises e reviravoltas. O encontro com os estilistas foi assim. O mesmo aconteceu quando trabalhei com Edson Kumasaka num curta-metragem e mais recentemente com André Kitagawa numa HQ. Esses encontros sempre me dão um certo frio na barriga, mas eu sei que acaba sendo bom para mim. É benéfico como um xarope. ML - Alguns de seus blogs seguem uma temática específica, caso de “73 obsessões”, “73 bichos” e “73 subempregos”, ao passo que “ Vida no campo” tem uma estrutura mais tradicional, embora ainda mantendo a linguagem característica. Você acredita que essas experimentações com a linguagem da internet podem ser transpostas para texto impresso? Índigo - Eu vejo a internet como uma academia de ginástica. No meu blog eu exercito o texto para que ele esteja sempre em forma. Mas o lugar para expor o resultado de toda essa malhação é nos livros. No blog faço experimentações; no livro, não. No livro eu não arrisco nada. Tenho uma postura bem respeitosa e temerosa em relação ao livro. Blog eu escrevo sem pensar. Livro é pra valer.


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Jornal do Centro de Referência de Literatura e Multimeios - 11 Foto: Leonardo Andreoli

Fernando Vilela Júlio Emílio Braz

É

mineiro de Manhumirim, mas foi morar ainda criança no Rio de Janeiro, onde permanece até hoje. Autodidata, começou sua carrereira escrevendo roteiros para histórias em quadrinhos. Também escreveu livros de bolso com histórias de bang-bang. Assinava as obras com nomes diferentes, chegando a utilizar 39 pseudônimos. Em 1998 publicou o seu primeiro livro infanto-juvenil, Saguairu. Já tem mais de 134 livros publicados, muitos traduzidos para outras línguas. Escrevendo para diversos públicos, em suas obras procura orientar os jovens, a exemplo de A coragem de mudar, que aborda o tema acoolismo na juventude, mostrando a importância do diálogo e de buscar auxílio de um profissional para conseguir solucio-

nar o problema. No entanto, suas obras não abordam unicamente questões sobre os problemas sociais pela juventude enfrentados. Na obra Um fim de semana muito louco, o autor traz as novas tecnologias para incrementar a aventura de um grupo de estudantes durante uma excursão, quando tudo parecia estar bem até as perseguições de carro começarem. Valho-me delas também para fazer minha profissão de fé, apresentar minha crença na leitura para criar seres pensantes e logicamente interessantes, algo de que o mundo necessita até com desespero nos dias de hoje em que se valoriza tanto o nada e a superficialidade, onde a inteligência muitas vezes é olhada com desconfiança e desinteresse. Júlio Emilio Braz

Gustavo Melo

C

om o advento da internet, pessoas com interesses comuns se reúnem facilmente. Grupos de discussão, fóruns e sites de relacionamento possibilitam o encontro e a interação de pessoas com idéias semelhantes. Porém, este anonimato e a facilidade de ocultar informações pode muitas vezes levar a situações perigosas e desagradáveis. O protagonista de A Casa (2008) é ingenuamente envolvido num jogo perigoso

ao marcar um encontro pela rede com três completos desconhecidos através do grupo virtual Loucos por Aventura num velho casarão abandonado. O livro de Gustavo Melo, escritor pernambucano que acabou fazendo de Passo Fundo sua “central de operações”, traz uma busca por aventura e fortes emoções que podem ter um final trágico, caso o protagonista Lucas não saiba como fugir da situação perigosa e sinistra em que se envolveu.

P

edro Malasartes é uma figura contraditória e ambígua: se por um lado aparenta ser um sujeito matuto e ingênuo, um homem simples do interior resignado às desigualdades sociais, por outro, mostra-se um malandro irremediável e astuto, um caipira espertalhão, que, com suas armações e muita lábia, vai conduzindo e enganando, para seu proveito, aqueles que cruzam pelo seu caminho. Este personagem folclórico da cultura portuguesa, incorporado definitivamente ao imaginário brasileiro, é protagonista de diversas narrativas populares que têm atravessado fronteiras e gerações por seu conteúdo muitas vezes cômico e surpreendente. Algumas dessas histórias foram adaptadas para a linguagem dos quadrinhos, numa parceria entre Fernando Vilela e Stela Barbieri na obra Pedro Malasartes em quadrinhos (2008). Formado pela UNICAMP, o paulista Fernando é educador, com um amplo currículo como artista plástico, tendo participado de exposições no Brasil e exterior. Dedica-se, também, à carreira de ilustrador e autor de livros, com a qual conquistou diversos prêmios, como o Jabuti de Melhor Livro Infantil e Melhor Ilustração Infantil-Juvenil em 2007 por Lampião e Lancelote (2007).


12 - Jornal do Centro de Referência de Literatura e Multimeios

Lourenço Cazarré

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aúcho de Pelotas, nasceu em 1953. Com 15 dias foi levado por sua mãe, Odette, para Bagé, onde viveu toda a sua infância. Há mais de 25 anos reside em Brasília. Quando morava em Bagé, lia escondido livros que a família mantinha guardados. Mas, quando começou a frequentar a Biblioteca Pública Infantil de Pelotas, aos dez anos, passou a ler sem parar. Com 14 anos, após um concurso com outros vinte guris, foi admitido como funcionário de um banco para entregar correspondência,

Lucia Hiratsuka A tradição das narrativas ilustradas japonesas, conhecidas como e-hon, e como a própria cultura do país do sol nascente são a base do trabalho de Lúcia Hiratsuka, artista plástica, escritora e ilustradora de vários livros infantis. Nascida em Duartina, interior de São Paulo, Lúcia graduou-se na Universidade de Belas Artes de São Paulo,continuando seus estudos como bolsista na Universidade de Fukuoka no Japão. Em terras japonesas, desenvolveu um trabalho de pesquisa centrado nas mesmas narrativas que povoaram sua imaginação desde a infância; desde então, tem se dedicado a transpor com leveza e técnica apurada as tradições, lendas e costumes daquele país em seus

Mário Teixeira O ano é 1982. Fatos estranhos movimentam o Bom Retiro, tradicional bairro de imigrantes em São Paulo. A comunidade judaica, em especial, fica alarmada com o assassinato de um comerciante e as claras manifestações antissemíticas por parte de um grupo de skinheads. É neste contexto, que retrata bem a formação étnico-racial brasileira, que Mário Teixeira conta a história de O Golem do Bom Retiro (2008), fazendo desta figura mitológica do judaísmo o protagonista de uma fábula moderna repleta de aventura e suspense.

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profissão na época chamada de "contínuo". É autor de mais de 40 livros, entre novelas juvenis, contos e romances. Já conquistou mais de 25 prêmios literários de âmbito nacional. Entre seus livros para jovens, destacam-se Nadando contra a morte, que conquistou o Prêmio Jabuti em 1998; A espada do general, traduzido para o espanhol pela editora Fondo de Cultura Econômica, e O sumiço do mentiroso, premiado pela Fundação Cultural de Brasília em 1990. Nadando contra a morte é a história de Maria do Amparo, que, aos 14 anos, sai do interior para trabalhar como doméstica numa família de classe média. O patrão

se aproveita da jovem e a estupra. Com medo, ela não o denuncia e esconde da patroa sua gravidez. Desesperada após o nascimento da criança, Maria do Amparo decide se matar e atira-se num rio com a criança. A situação é narrada por depoimentos de personagens que acompanharam o fato. Uma ótima obra para se falar sobre os problemas sociais, sobretudo sobre o instinto humano de preservação da vida.

livros, que, por si só, já são um reflexo do talento da escritora e ilustradora: a arte de Lúcia é refinada, claramente inspirada por elementos, paisagens e a própria estética japonesa, sobretudo nos trabalhos que utilizam a tradicional técnica do sumi-e, na qual a precisão dos traços e a leveza da composição definem a habilidade do artista. Em Os livros de Sayuri, Lúcia Hiratsuka conta uma história diferente de todas as outras, retratando com sensibilidade incomparável as memórias de sua própria família e, ao mesmo tempo, um período histórico da colonização brasileira. Neta de imigrantes japoneses, Lúcia creceu em num sítio no interior de São Paulo, cercada de histórias e livros que evocavam as tradições do arquipélago japonês.

É também nesse ambiente rural, de trabalho árduo e descobertas diárias, onde o tempo tem um significado bem mais amplo e vago, que a pequena Sayuri vai conhecendo a magia da língua japonesa, até que os acontecimentos da 2ª Guerra Mundial, aliados à desconfiança das autoridades brasileiras, promove o fechamento das escolas para imigrantes. E nesse ambiente em que os imigrantes eram impedidos de falar sua língua natal em público, por-

Aliado às fantásticas ilustrações de Renato Alarcão, o texto do autor se vale de termos em hebraico e ídiche, línguas próprias da comunidade israelita, para criar a atmosfera necessária ao surgimento do gigante de barro, não sem antes apresentar detalhadamente a psicologia de personagens de origens tão diversas, tais como o menino de rua Nico, a policial coreana Jae-Ho, os irmãos skinheads e Ângelo e Garrafa e Ariel, filho do rabino Peretz, que, com ajuda de seu pseudocunhado Moisés, recria a fantástica lenda do golem, transformando numa aventura, que, se por vezes prece mística e lúdica, em outros pontos, mostra-se cruel-

mente realista e crítica. Nascido em São Paulo em 1968, Mário Teixeira trabalha como roteirista de teledramaturgia elaborando roteiros para diversos programas bastante conhecidos do público, como o Castelo Ra-tim-bum (TV Cultura) e Sítio do Pica-pau Amarelo (Globo), também atuando como corroteirista das telenovelas O Cravo e a Rosa, de Walcyr Carrasco e na adaptação de Ciranda de Pedra, em parceria com Alcides Nogueira, ambas da rede Globo.

ses problemas são abordados, acabam conhecendo diferentes visões defendidas pelos diversos personagens. Isso é enriquecedor. Nos meus livros não há apenas mocinhos. Há bandidos também. Lourenço Cazarré

Basta assistirmos a um telejornal para se ter noção da gravidade dos nossos problemas sociais: desemprego, drogas, corrupção, violência e falta de bons hospitais e escolas públicas. Os jovens, ao lerem um livro em que es-

tar material impresso ou escrito e sequer aprender o idioma natal, os livros da família tornam-se um tesouro precioso para aprender. E para Sayuri, mais do que aprender a ler, é um resgate da própria cultura.

Alguns Kanji (escrita de ideogramas japonesa) Kanji "Nichi"

dia, sol, Japão

Kanji "Gatsu"

lua, mês

Kanji "Hon"

verdadeiro, livro

Kanji "Yõ"

sakura, cerejeira

[O golem é uma criatura fantástica da tradição judaica, basicamente um homem de barro animado através de magia. O golem ganha vida por meio de um ritual que envolve práticas de

Cabala e a inscrição do termo hebraico emet (verdade ) em sua testa. Ao se retirar o aleph, caractere inicial da palavra, resultando em met (morte) e na desativação do golem.]


Passo Fundo, agosto de 2009 - Ano XII

Jornal do Centro de Referência de Literatura e Multimeios - 13

Programa Mundo da Leitura na TV O

programa Mundo da Leitura na TV, produzido pelo Centro de Referência de Literatura e Multimeios e pela UPFTV, é apresentado por Gali-Leu, o gato leitor, que vive no Mundo da Leitura, uma biblioteca com CD-ROMs, computadores, mangás, gibis, um escorregador, e adivinhem, até livros. Agora casado com Borralheira, Gali-Leu também convive com Natália, que desempenha no programa o papel de repórter e também de animadora do jogo, e com Mil-Faces, o mestre dos

disfarces e das charadas. Há também no programa dois ratos que estão sempre tramando contra o Mundo da Leitura: Reco-Reco, que visita o espaço atrás de livros, mas não para lê-los e sim para roê-los; e Ratazana, que quer separar o GaliLeu da Borralheira para conseguir dominar o Mundo da Leitura, e, para isso, se aproveita do desastrado Reco-Reco e sua estranha amizade com Gali-Leu (é, eles são gato e rato e são amigos) para levar adiante seus planos maquiavélicos. Você ficou curioso? Assista ao programa Mundo da Leitura na TV!

C

Como sintonizar os canais - Canal Futura Se você tem antena parabólica, sintonize na polarização vertical 20. - Na TV por assinatura, em parceira com a Globosat, estamos nos seguintes canais: - no canal 32 da Net para todo o Brasil (canal 26 para a cidade de Passo Fundo UPF TV - RS) Domingo - 13h30min - no canal 37 da Sky Site do programa www.mundodaleitura.upf.br/programa - no canal 163 da DirecTV

Rosana Rios

Ricardo Silvestrin omo diz em seu site www. ricardosilvestrin.com.br, Ricardo Silvestrin é poeta, escritor, contista, compositor e músico. Formado em Letras pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, assina uma coluna no Segundo Caderno do jornal Zero Hora e integra a banda Os poETs. Publicou diversos livros de poesia para crianças, jovens e adultos, tais como Transpoemas e O menos vendido. Também publicou um livro de contos chamado Play e participou de algumas antologias, como 100 haicaístas brasileiros e o volume de poesia de Jornadas Literárias de Passo Fundo, 20 anos de história. Essas obras renderam ao autor cinco vezes o Prêmio Açorianos e o Prêmio do Encontro Brasileiro de Haicai, 2º lugar. Confira um de seus poemas retirado do livro Transpoemas, que traz vários poemas divertidos sobre os meios de transporte.

Canal Futura Quarta - 10h30min Reprises: Sábado - 13h30min Domingo - 9h Segunda - 20h.

O ônibus escolar O menino tem motorista particular e carro com ar. Mas queria mesmo era estar no ônibus escolar.

O

gosto por inventar histórias, criar cenários variados que vão desde a aventura, passando pelo suspense até situações hilárias e engraçadas. Este é o trabalho de Rosana Rios, autora com mais de 100 livros publicados em seus 20 anos de carreira. Graduada pela Faculdade de Belas Artes de São Paulo, especializando-se em produção relacionada a crianças, Rosana é uma entusiasta de várias linguagens, criando histórias para uma infinidade de mídias: foi roteirista de televisão, escrevendo teleteatros para o extinto programa Bambalabão, da TV Cultura, argumentista de quadrinhos para a Editora Abril, ilustrou livros, traduziu e adaptou textos para teatro além de, atualmente, coordenar um grupo de estudos sobre literatura fantástica. Fã incondicional dos grandes mestres da narrativa sequencial, como Neil Gaiman e Frank Miller, Rosana aproximou ainda

mais este universo da literatura convencional com seu livro HQs: quando a ficção invade a realidade (2007). Indicada ao Jabuti 2008 na categoria Juvenil, a obra fala do universo das HQs através das aventuras de Déo, um adolescente que adora ler e desenhar quadrinhos e que, subitamente, se vê envolvido numa trama misteriosa, na qual um perigoso personagem parece ter rompido a barreira que separa a ficção da realidade.


14 - Jornal do Centro de Referência de Literatura e Multimeios

Passo Fundo, agosto de 2009 - Ano XII Celso Sisto

Contadores de histórias

E

m sua 5ª edição, a Jornadinha Nacional de Literatura apresenta uma inovação: contação de histórias ao vivo, realizadas por contadores profissionais que estarão presentes no Seminário Internacional de Contadores de História. As performances dos artistas ocorrerão nos intervalos entre um rodízio de escritores e outro nas Loninhas. Os dois contadores serão Celso Sisto e Roberto de Freitas. Ceslo Cisto é escritor, ilustrador, contador de histórias do grupo Morandubetá (RJ), ator, arte-educador, especialista em literatura infantil e juvenil, pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), mestre em Literatura Brasileira pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), com Doutorado em Teoria da Literatura pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Criador dos grupos de contadores de histórias Pé

AffroReggae

O

Grupo Cultural AfroReggae (GCAR) surgiu em janeiro de 1993, após uma chacina em Vigário Geral. O objetivo do grupo é oferecer uma formação cultural e artística para jovens moradores de favelas, de modo que eles tenham meios de construir suas cidadanias e com isto possam escapar do caminho do narcotráfico e do subemprego, transformando-se também em multiplicadores para outros jovens. A experiência deu certo, e em 1995 nasceu a Banda AfroReggae, primeiro grupo artístico a ser consolidado no Brasil a partir de um projeto social, sendo reconhecido internacionalmente. O Grupo Cultural AfroReggae se transfor-

Os PoETs

A

música e a poesia sempre andaram lado a lado, seja pela sonoridade, seja pelo conteúdo. Essa busca pela poética musical, aliando letra e melodia numa única linguagem, é premissa por trás de Os PoETs (leia-se poetês), grupo resultante da união de Alexandre Brito, Ricardo Silvestrin e Ronald Augusto, três amantes das letras e da música, os quais prometem com suas apresentações na 13ª Jornada Nacional de Literatura e 5ª Jornadinha “ab-

de História, História Fiada e Tenterê. O autor também faz parte do quadro de colaboradores do Programa Nacional de Incentivo à Leitura (Proler) da Fundação Biblioteca Nacional. Considerado como um dos melhores contadores de história do Brasil, Roberto de Freitas se destaca também pelo seu trabalho de pesquisa sobre histórias e cantigas da tradição oral. Há 15 anos vem desenvolvendo esse trabalho através de pesquisas realizadas - desde o Vale do Jequitinhonha até às margens do Rio Negro no Amazonas. Contando e escutando, Roberto descobriu um novo país de tradições fortes e culturalmente rico. Roberto de Freitas é vencedor do concurso Os Melhores Contadores de Histórias em 1996 e 1997, concurso realizado anualmente pela Biblioteca Infantil e Juvenil da Prefeitura de Belo Horizonte. Na sua trajetória também acumula outros títulos como ator e músico. Hoje se dedica exclusi-

Roberto de Freitas

vamente às histórias apresentando-se em teatros, bibliotecas, bares, escolas, praças e empresas. Seu trabalho é marcado pelo ineditismo e pelo carisma com que se relaciona com a sua plateia, pelo humor e musicalidade, elementos que contribuem para dar a tonalidade natural a sua performance.

mou com o passar dos anos num verdadeiro complexo de atividades culturais. No entanto, a música continua sendo em Vigário Geral a melhor maneira para atrair os jovens a participarem do GCAR. O sucesso obtido com a Banda AfroReggae, tanto artístico, quanto como modelo de projeto social, fez com que outros jovens quisessem percorrer o mesmo caminho. Apesar de viajarem para diferentes lugares do mundo, o grupo não vai na onda de que a cada ano é necessário lançar um disco no mercado; pelo contrário, não seguem os padrões impostos e possuem uma outra concepção de música. As músicas são criadas a partir do que eles acreditam; não tocam o que está sendo vendido pelos meios de comunicação de massa.

Em suas músicas procuram introduzir sons novos e não fazem música para agradar a todos, porém buscam um padrão de qualidade em seus trabalhos, dando exemplo de que existem alternativas para a juventude das favelas. O novo CD Nenhum motivo explica a guerra traz uma nova forma de falar sobre temas do dia-a-dia, sejam eles moradores das comunidades ou do asfalto. Utilizando diferentes elementos musicais, sem perder a batida dos tambores, buscam deixar o álbum mais moderno e dançante.

duzir” a plateia até os novos horizontes musicais criados por eles. Reunindo-se pela primeira vez em 2001, o grupo lançou seu primeiro disco, Música Legal com Letra Bacana (YBMusic) em 2004, que, como diz o próprio título, traz 14 canções com letras bem trabalhadas que fogem do lugar-comum, aliadas a batidas e ritmos dos mais diversos desde o surf-rock, passando pelo rap e chorinho sem se prender, no entanto, a nenhum gênero específico, característica da experimentação poética e sonora promovida pelo grupo.

Os PoETs sobem ao palco no dia 25 de agosto às 19h e nas manhãs dos dias 27 e 28 de agosto, às 9h20min no Circo da Cultura.


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Jornal do Centro de Referência de Literatura e Multimeios - 15

12 anos conquistando leitores!

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ense num lugar onde se podem ler livros, revistas em quadrinhos, assistir a filmes, contação de histórias, teatro de sombras, ouvir música, interagir no computador com games divertidos e, ainda, participar de atividades leitoras que reúnam todas essas linguagens estimulando ainda mais a leitura de livros super interessantes. Estamos falando do Centro de Referência de Literatura e Multimeios, mais conhecido como Mundo da Leitura, que faz aniversário em setembro completando 12 anos. A criação desse projeto surgiu a partir da Jornada Nacional de Literatura. No Mundo da Leitura, o público de todas as idades tem a oportunidade de entrar no universo da literatura através de diferentes caminhos explorando a leitura que mais gosta. Nosso objetivo principal é formar leitores críticos em diferentes linguagens. Sendo assim, os livros, as revistas em quadrinhos, o cinema, o teatro, a dança, a música e o computador estão sempre presentes em nossas práticas leitoras. As atividades envolvem arte, diversidade cultural, poesia, fábulas, contos, histórias de ficção e outros textos que contribuem para a formação do leitor. Lendo e

interagindo com diferentes textos, os leitores refletem sobre assuntos importantes, resgatando a sua identidade para entender e se relacionar melhor com o mundo em que vivemos. Aos oito anos fui apresentado a esse espaço maravilhoso da UPF chamado: Mundo da Leitura. Um local em que jovens, adultos e crianças, divertem-se e viajam pelos mais diversos lugares, através do rico acervo de livros que possui. Desde então o Mundo da Leitura tornou-se uma segunda casa para mim, que mesmo agora, oito anos depois, me dá a mesma alegria e satisfação de quando coloquei meu pé pela primeira vez. Parabéns Mundo da Leitura! Jean Marcos Tesser O Mundo da Leitura oferece visitas agendadas para escolas e para a comunidade e realiza empréstimo de livros para professores e público em geral. Para acompanhar os novos leitores que estão surgindo, foi criado em 2004 projeto Mutirão Digital, que permite a muitos alunos o contato com o com-

putador através de atividades interativas. O programa Mundo da Leitura na TV, surgido em 2003 e hoje veiculado no Canal Futura e na UPFTV, é outro projeto que incentiva a leitura formando leitores em diferentes linguagens através da telinha. Durante esses 12 anos, o Mundo da Leitura cativou muitos leitores. Esperamos que ao longo dessa caminhada possamos continuar juntos difundindo a leitura e o conhecimento por todos os cantos do mundo. Você, caro leitor, é parte importante dessa trajetória de conquistas. Parabéns para todos nós!

Adquira na Livraria Universitária Livraria Universitária Campus IBairro São José Fone: (54)3316-8393

Livraria Universitária Campus IIIAvenida Brasil, 743 Fone:(54) 3316-8594


Marco da Capital Nacional da Literatura


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