Jornal Mundo da Leitura nº. 36

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Mundo da Leitura

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DA LEITURA

Jornal do Centro de Referência de Literatura e Multimeios - Ano XIII - edição nº 20 - Novembro de 2010 - Passo Fundo - RS

Festa do Saci PAG 8

Espanha sedia o 9º Seminário Internacional

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Mais uma publicação do Mundo da Leitura PAG 14


2 - Jornal do Centro de Referência de Literatura e Multimeios

Passo Fundo, novembro de 2010 - Ano XIII

Editorial

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s ações desencadeadas pela equipe de monitores do Centro de Referência de Literatura e Multimeios – Mundo da Leitura -, sob a orientação de professores do curso de graduação em Letras e de pesquisadores do mestrado em Letras, podem ser consideradas de grande importância e criatividade não apenas para os usuários desse espaço educacional e cultural, como para a qualificação das publicações oriundas dessas ações e a elas destinadas para o seu aprimoramento. Mais uma vez, a seleção de um tema gerador – “Arte e tecnologia: novos desafios” – contribuiu fundamentalmente para direcionar os trabalhos, constituindo-se no grande norte. O itinerário percorrido e os caminhos seguidos justificam-se como processo de persecução do nosso objetivo maior: formar leitores midiáticos, ligados em textos literários, apreciadores de diferentes tipos de textos e de manifestações artísticas e culturais, em sua maioria, representantes da nova geração de leitores navegadores. Desejamos destacar, em primeiro lugar, a transformação da publicação em sete volumes, durante vários anos, conhecida como Práticas leitoras para uma nova cibercivilização, na publicação Roteiros de práticas leitoras para a escola, em formato de módulos. Com apoio do CNPq para a publicação, foram criados pela equipe os seguintes módulos: Educação Infantil, 1º e 2º anos, 3º e 4º anos, 5º e 6º anos, 7º, 8º 9º anos, Ensino Médio e um número especial dedicado aos alunos de 1º ao 4º ano do Ensino Fundamental sobre Literatura e Tecnologia, aproveitando os encontros de que participam esses alunos do Projeto de Inclusão Digital. O que diferencia a primeira série de publicações da segunda é a mudança do suporte: durante vários anos, publicamos as práticas leitoras desenvolvidas no Centro de Referência de Literatura e Multimeios em livros. Ao nos darmos conta da dificuldade dos professores se envolverem com esse tipo de suporte, decidimos propor, em cada módulo, duas etapas de trabalho: a primeira, constituída por um conjunto de atividades a serem desenvolvidas no contexto da visita agendada no Centro de Referência de Literatura e Multimeios. Após vivenciaram as ações propostas no Centro, cada professor que acompanha a turma recebe um módulo, leva para a escola e, nesse novo contexto, desenvolve uma série de ações já previstas como continuidade da ação iniciada na visita. Tais propostas não se configuram como receitas, mas como um desafio à realização de outras ações multimidiais para atraírem os novos leitores para ações de leitura em distintas linguagens e diversidade de suportes.

Expediente Mundo da Leitura é uma publicação do Centro de Referência de Literatura e Multimeios Ano XIII – nº 20 – novembro de 2010 – Curso de Letras – IFCH/UPF Coordenação: Tania M. K. Rösing Conselho Editorial: Professores Adriano C. Teixeira, Eládio V. Weschenfelder, Fabiane V. Burlamaque, Miguel Rettenmaier, Paulo Becker, Tania M. K. Rösing Editor responsável por esta edição: Lisandra Blanck Monitores: Elenice Deon, Eliana Teixeira, Eliana Leite,

A participação dos professores Dr. Miguel Rettenmaier e Dr. Tania Rösing no 9º Seminário Internacional de Pesquisa em Leitura e Patrimônio Cultural em Cáceres, Espanha, constituiu-se em mais um passo importante na internacionalização da Universidade de Passo Fundo, considerando-se que esses seminários iniciaram a partir de convênio estabelecido entre a Universidade de Extremadura, Badajoz, Espanha e a UPF, Passo Fundo, Brasil, acontecendo há nove anos uma edição na Europa e, no ano seguinte, em Passo Fundo. A continuidade de projetos como Mundo da Leitura na TV, parceria entre o Centro de Referência, a UPFTV e o Canal Futura, demonstra a importância da realização de ações permanentes que contribuem, de forma significativa, para estimularmos o surgimento cada vez em maior número de leitores envolvidos com variados suportes e distintas linguagens. O projeto Livro do Mês está em pleno desenvolvimento, tendo trazido no segundo semestre Heloisa Prieto e Luciana Savaget nos meses de agosto e setembro, constituindo-se em dois momentos importantes de reflexão sobre as obras Cidade dos deitados (editora Cosac Naify) e Enigmas de Huasao (editora Global), numa demonstração de que é preciso perseverar em ações de leitura, preparando os leitores para dialogar com as escritoras quando de suas presenças em Passo Fundo, Capital Nacional da Literatura, título de direito e de fato por tudo que se tem desenvolvido nesta região importante do país. Em novembro, está prevista a vinda do argentino Luís Maria Pescetti, autor da obra Dá pra acreditar? (SM Editores). Esse projeto somente é possível pelo relacionamento que se tem com editoras brasileiras, sensíveis às ações que aproximam autor e leitor, na certeza de um diálogo mais profundo sobre as obras lidas, com a Prefeitura Municipal, através da Secretaria Municipal de Educação, em especial com a Universidade Popular, com escolas estaduais e particulares. Nossa maior preocupação é continuar desencadeando entre os alunos de licenciaturas, sobretudo de Letras, um processo de conscientização acerca da importância do mediador de leitura no processo difícil, mas prazeroso, de formar leitores críticos. A criação do Roteiro de práticas leitoras na escola foi determinante para a publicação, também em módulos, das atividades do Livro do Mês, demonstrando que práticas leitoras podem estimular alunos e professores, no momento anterior à realização de cada edição, a se envolverem com a obra seleciona-

Elisângela de F. F de Mello, Lisandra Blanck, Lisiane Vieira, Lucas W. Rodrigues, Renato Britto, Beatriz Calegari Segal, Mateus Mattielo Nickhorn. Correspondência: Centro de Referência de Literatura e Multimeios Campus I – km 171 – BR 285 – Bairro São José Passo Fundo – RS – CEP 99001-970 Contato: (54) 3316-8148 E-mail: leitura@upf.br Home-page: http://www.mundodaleitura.upf.br Revisão: Liana Branco Ilustração de capa: Renato Britto

da para determinado mês, refletirem sobre seu conteúdo e aprimorarem a qualidade das perguntas a serem propostas ao autor, à autora quando de suas presenças em nossa cidade. A decisão de realizar a Festa do Saci na Praça Antonino Xavier e Oliveira, em conjunto com a Prefeitura Municipal, recebeu um grande impulso do jornalista e escritor cearense Flávio Paiva que, ao participar da 13ª Jornada Nacional de Literatura, revelou a preocupação de vários núcleos de professores, de artistas e de pesquisadores brasileiros com o crescimento da influência norte-americana não apenas com os produtos Disney, mas de forma especial com o repasse da festa Halloween, de origem celta e apropriada por diferentes países, para as escolas brasileiras, o que não se justifica em hipótese alguma. Foi emocionante constatar a presença das famílias e a participação efetiva e entusiástica das crianças, estímulo para que se realize, anualmente, no mês de outubro o momento de valorização dos mitos brasileiros – A Festa do Saci. São 13 anos de existência do Centro de Referência de Literatura e Multimeios – o nosso querido Mundo da Leitura – no contexto de 29 anos de movimentação cultural em que se constituem as Jornadas Literárias. Nesse espaço, vivenciam-se ações de ensino-pesquisa-extensão interligadas, numa demonstração do que significa a essência do trabalho universitário, gerando novos conhecimentos. Estamos certos de que percorremos um caminho importante: o de valorização da leitura entendida em suas múltiplas acepções. Valorizamos sobremaneira os leitores. Continuamos tentando estimular mediadores de leitura a realizar novas práticas leitoras, a propor novas vivências de leitura. Celebramos os autores literários, os tradutores de obras importantes. São quatro anos de realização do Livro do Mês, com a importante contribuição de editoras como L&PM, Global, Biruta, Mercuryo Jovem, Callis, Edições SM, WS Editor, Bertrand Brasil, Ática, Cia. das Letrinhas, Cosac Naify, Edelbra, Record, FTD, Moderna, Maneco, Scipione, Melhoramentos e Artes e Ofícios. Assim, damos continuidade à nossa caminhada, que comprova o quão importante é realizarmos ações interdisciplinares, com a participação de distintos parceiros, viabilizando a formação de mais leitores críticos neste país continental, carente de ações sintonizadas entre educação e cultura. Prof. Dr. Tania Mariza Kuchenbecker Rösing Coordenadora geral

Diagramação: AGECOM – Núcleo de Jornalsimo - Cássia Paula Colla Impressão: Gráfica Berthier Tiragem: 3000 exemplares Universidade de Passo Fundo Reitor: José Carlos Carles de Souza Vice-Reitora de Graduação: Neusa Maria Henriques Rocha Vice-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação: Leonardo José Gil Barcellos Vice-Reitora de Extensão e Assuntos Comunitários: Lorena Terezinha Geib Vice-Reitor Administrativo: Agenor Dias de Meira Júnior


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Nota 4 para o Mestrado em Letras da UPF O Programa de Pós-Graduação em Letras da UPF chega, pelo segundo triênio consecutivo, à nota máxima pela Capes - MEC

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ecomendado em 2003, o mestrado em Letras da Universidade de Passo Fundo chega a 2010 avaliado, por dois triênios consecutivos, entre 2004 e 2009, com nota 4, pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), órgão vinculado ao Ministério da Educação. A nota 4 representa grau máximo para programas que possuem apenas mestrado. Está nas origens do Programa, antecedendo sua recomendação pela CAPES, um envolvimento de décadas do curso de Letras da UPF com a leitura, através das Jornadas de Literatura de Passo Fundo.

O mestrado em Letras foi originalmente concebido em áreas de concentração em estudos linguísticos e estudos literários, divididas em duas linhas de pesquisa: Procedimentos de constituição do texto falado e escrito e Diversidade linguística e identidade cultural, na área da linguística, e Teorias e métodos de análise literária e Leitura e formação do leitor, na área da literatura. O desenvolvimento dos projetos de pesquisa e, principalmente, a forte orientação para a intervenção sociocomunitária vêm colaborando para que o PPGL redesenhe sua estrutura curricular no sentido de que seja enfatizado, no mestrado em Letras da UPF, aquilo que consagrou a cidade de Passo Fundo como Capital Nacional da Literatura: a formação do leitor. Tais reformas, ainda em processo de discussão, objetivam qualificar ainda mais o programa e conferir uma organicidade interdisciplinar entre as áreas da linguística e da literatura a um curso que se pauta por um histórico e por uma infraestrutura diferenciada. Está nas origens do programa, antecedendo sua recomendação pela Capes, um

envolvimento de décadas do curso de Letras da UPF com a leitura, através das Jornadas de Literatura de Passo Fundo. Essa grande movimentação cultural, iniciada em 1981, pela iniciativa da Dr. Tania Rösing, docente permanente do PPGL, mobiliza atualmente milhares de leitores e estabeleceu uma das bases do programa, a formação do leitor literário integrada a todas as demais manifestações artísticas. A ampliação da noção de leitura à experiência com múltiplas linguagens, em múltiplos suportes, permitiu a inauguração, em setembro de 1997, do Centro de Referência de Literatura e Multimeios, o Mundo da Leitura. Laboratório de leitura, espaço diferenciado de práticas leitoras inovadoras, ambiente de reflexão teórica sobre leitura, linguagem e literatura, o Mundo da Leitura abre à comunidade um acervo composto por livros, obras de literatura infanto-juvenil, quadrinhos, mangás, CDs de música, DVDs, além de toda uma bibliografia técnico-científica relativa às áreas das letras para pesquisadores e demais interessados. O Mundo da Leitura faz parte da infraestrutura do mestrado em Letras, como espaço de pesquisa, de ensino e de extensão. Integra também a infraestrutura do PPGL o acervo literário do escritor Josué Guimarães. O autor foi o primeiro nome consagrado a assumir a ideia das Jornadas de Passo Fundo, sendo o primeiro coordenador dos debates nos encontros entre 1981 e 1985. Sob a guarda da Universidade de Passo Fundo encontramse, desde 2007, originais e esboços que escreveu no seu planejamento criativo, objetos pessoais, fotos, vídeo, correspondência, publicações na imprensa, um material valioso à disposição dos pesquisadores, alunos e professores que fazem parte do PPGL.

O Mundo da Leitura faz parte da infraestrutura do mestrado em Letras, como espaço de pesquisa, de ensino e de extensão. A infraestrutura diferenciada colabora para uma produção científica, docente e discente, de qualidade e em quantidade significativa. O mestrado em Letras, embora jovem, já se encontra consolidado e é referência nacional, o que se

comprova pela qualificação A2, em nível de publicação internacional, conferida pela Capes ao periódico do programa, a revista Desenredo. Na ordem dessa circunstância, o PPGL se propõe a ser do tamanho dos seus objetivos e dos ideais que o antecederam no desenvolvimento da pesquisa nas letras e na formação de professores de nível superior, em demandas que redundem em reais transformações sociais, pela promoção da cultura e da leitura.


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Espanha sedia o 9º Seminário Internacional

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o calor maior da história mais recente da Espanha, momento no qual seus atletas venceram a Copa do Mundo de futebol, pesquisadores de distintos países europeus e latino-americanos reuniram-se em Cáceres, Espanha, para a realização da nona edição do Seminário Internacional de Pesquisa em Leitura e Patrimônio Cultural, no período de 19 a 22 de julho de 2010, sob a coordenação dos investigadores Doutores Eloy Martos Nuñez (UnEx), Tania Rösing (UPF) e Santiago Yubero (UCM). O tema que centralizou os debates foi “Socidaded lectora, sociedad letrada.” Realizaram-se conferências, mesas - redondas, sessões de comunicação. Lançaram-se livros, destacando-se a publicação em língua espanhola, Biblioteca,lectura y multimedia editada pela UPF

Editora, constituindo-se no registro dos pronunciamentos feitos durante a realização do 8º Seminário, realizado em Passo Fundo no contexto da programação da 13ª Jornada Nacional de Literatura, em outubro de 2009. Representando a Universidade

de Passo Fundo, estiveram presentes os professores Dr. Miguel Rettenmaier e Dr. Tania M. K. Rösing, os quais apresentaram as seguintes conferências, respectivamente: “Escritores e leitores: em formação e no âmbito do tema Fomento de La lectura y Educación”, “Roteiros

de práticas leitoras para a escola”. Os pesquisadores referidos também tiveram artigos seus publicados no livro Por que narrar? Cuentos contados e cuentos por contar, organizado por Mar Campos, Eloy Martos Nuñez e Gabriel Nuñez Ruiz, Ediciones da Universidad Castilla La Mancha lançado durante o 9º Seminário. É importante salientar que esses seminários têm sido realizados há nove anos ininterruptamente, o que demonstra o compromisso dos investigadores das instituições envolvidas em dar continuidade às investigações nessa área do conhecimento, valorizando as pesquisas em leitura e patrimônio cultural. Comprova-se, mais uma vez, o que significa o processo de internacionalização das universidades, no qual ações interinstitucionais efetivas de ensino, pesquisa e extensão constituem uma realidade indiscutível e inestimável.

III Seminário Nacional de Língua e Literatura: Teoria e Ensino - Hipertexto e gêneros textuais e discursivos

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Programa de Pós-Graduação em Letras da UPF, criado em 2003, com duas áreas de concentração – estudos literários e estudos linguísticos – vem se consolidando na instituição, servindo de referência na região de abrangência, através de pesquisas desenvolvidas pelos docentes e alunos que atuam no Programa. Nesse sentido, o III Seminário Nacional de Língua e Literatura, realizado nos dias 23 e 24 de setembro de 2010, cujo tema foi “Hipertexto, gêneros textuais e discursivos”, auxiliou a divulgar, em âmbito nacional, a produção científica resultante dessas pesquisas, bem como estreitar os laços entre a graduação e a pósgraduação na instituição. A escolha do tema – “Hipertexto e gêneros textuais e discursivos” – surgiu da problematização que tais assuntos suscitam na esfera social, visto que se encontram diferentes respostas nos meios acadêmicos.

Para isso, contou-se com a participação de renomados pesquisadores de diferentes instituições nacionais, entre eles: a professora Dr. Angela Paiva Dionisio, da Universidade Federal de Pernambuco, que proferiu a conferência de abertura intitulada “Gêneros textuais, CD-ROMs educativos e multimodalidade,” e o professor Dr. Wilton Azevedo, da Universidade Presbiteriana Mackenzie, que encerrou o evento com a palestra “A leitura no meio digital”. Além das conferências, aconteceu, também, uma mesa-redonda intitulada “Hipertexto: as interfaces entre linguística e literatura,” que contou com representantes das duas áreas de concentração do Programa de Pós-Graduação em Letras, com as professoras Dr. Solange Mittmann e Dr. Márcia Ivana Lima e Silva, ambas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Ainda com o objetivo de divulgar trabalhos de alunos e professores

da área de letras e afins, na tarde de 24 de setembro, aconteceram as sessões de comunicação de professores, alunos de mestrado e de graduação, de bolsistas de iniciação científica, as quais foram seguidas de discussões sobre os temas. Além disso, a realização do evento possibilitou a troca de conhecimentos com pesquisadores de outros institutos de Ensino Superior do país e o diálogo entre as duas áreas de concentração do

programa, o que contribuiu para o aprimoramento da prática docente, em diferentes níveis de ensino, a partir das discussões teóricas e pesquisas apresentadas durante o seminário. Tendo em vista o conceito obtido pela avaliação da capes no último triênio, a promoção de eventos científicos como esse surge como uma necessidade para a manutenção desse conceito, uma vez que eventos dessa natureza vêm qualificar ainda mais o programa.


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O Projeto Livro do Mês completa a sua 35ª edição em 2010

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o segundo semestre de 2010, o projeto Livro do Mês, que é uma parceria da Universidade de Passo Fundo com a Prefeitura Municipal, através da Secretaria de Educação e da Universidade Popular, deu continuidade às atividades mensais completando a sua 34ª edição em 4 anos de existência. No mês de agosto, os leitores tiveram a oportunidade de conhecer a escritora Heloisa Prieto e sua obra Cidade dos deitados. O primeiro encontro, dia 31 de agosto, ocorreu na UPF sendo voltado para os alunos do curso de Letras. Nos dias 01 e 02 de setembro, o evento ocorreu no Teatro do Sesc e contou com a presença de alunos de escolas públicas e particulares e comunidade em geral de Passo Fundo. Heloisa Prieto comentou sobre a sua experiência com a leitura, que vivenciou desde pequena ouvindo os causos que a família contava. Os de assombração e de velório eram seus preferidos contados pela sua tia, além da literatura gótica, que também fez parte de seu repertório durante a juventude. A obra Cidade dos deitados é reflexo dessas experiências, que resolveu compartilhar com seus leitores. O livro do mês de setembro foi Enigmas de Huasao de Luciana Savaget. Os encontros ocorreram nos dias 22, 23 e 24 de setembro. Os primeiros encontros foram voltados para os alunos do curso de Letras realizados na UPF. No campus UPF de Lagoa Vermelha, a obra Enigmas de Huasao foi em espanhol. Para os alunos das redes pública, particular e o público em geral, os encontros também aconteceram no Teatro do Sesc de Passo Fundo. Alguns alunos entregaram para a autora os trabalhos realizados em sala de aula a partir de seu livro, além de participarem fazendo perguntas sobre a obra. Luciana Savaget narrou o percurso que realizou na cidade de Cuzco, no Peru, e encantou os leitores com histórias repletas de magia e sensibilidade, que deram origem à obra Enigmas de Huasao. O livro do mês de novembro fecha o ano de 2010 em sua 35ª edição, com o autor Luis Pescetti e a obra Dá pra acreditar?. Seguindo o modelo dos encontros anteriores, em 23 de novembro pela manhã e tarde será com as escolas públicas, particulares e para a comunidade em geral no teatro Sesc. À noite, o encontro é voltado para os alunos do curso de Letras na UPF.


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Última Morada Lucas Werschedet Rodrigues Acadêmico do curso de Letras

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ós Que Aqui Estamos... Por Vós Esperamos. Meia-Noite, sexta-feira 13. Uma hora da madrugada. Na volta para casa de uma festa, que de tão chata parecia um velório, o pneu do carro da sobrinha de dona Marina estoura justamente na frente de um cemitério. Logo ela ouve ao longe algumas vozes estranhas, seis punks, que, ao invés de ajudarem, queriam mesmo dar risada. Em seguida, um senhor aproxima-se em sua direção, o coveiro do cemitério, mas, antes de ajudá-la a trocar o pneu, teria que terminar um serviço. Simpático e tagarela, o senhor conta a história de um defunto, que, quando morreu, queria a estátua de sua mulher só de camisola deitada em seu túmulo. Repentinamente, três velhas entram correndo no cemitério e quase atropelam o coveiro e a sobrinha de Marina, que nessa hora pensava em nada mais nada menos que em sua tia para socorrê-la dessa situação. A partir daí, a sobrinha de dona Marina passa por diversos apuros, e as histórias de terror tomam conta de sua vida e aquela noite torna-se uma longa jornada macabra. Sentimos a essência desta Cidade dos Deitados pela maneira como a autora Heloisa Prieto descreve e narra os fatos ocorridos. Também conhecemos

um pouco das suas preferências pessoais, como é o caso da citação feita logo nas primeiras páginas da música “Pet Sematary” dos Ramones: “I DON’T WANT TO BE BURIED IN A PET SEMATARY...” a qual os punks estavam escutando e, mais adiante, outro trecho da mesma música “I DON’T WANT TO LIVE MY LIFE AGAIN, OH NO!”. As ilustrações do livro, realizadas por Elizabeth Tog-

nato, estabelecem uma relação com os grafites das paredes dos túmulos no cemitério, como se fossem pinturas rupestres contemporâneas, permitindo a todos os seus trabalhos uma textura que lembra a dos desenhos em pedra. Dessa forma, deparamo-nos com riquíssimas ilustrações que nos transmitem o clima dessa cidade. A cada página, tem-se a impressão de vivenciar o mesmo estranhamento da protagonista ao se deparar com as figuras estranhas da história. Figuras essas que fazem referência ao mundo gótico, punk e rock and roll . Entre tantas outras coisas que encontramos na obra, uma chama atenção: a autora brinca com uma técnica de humor negro utilizada por Shakespeare, e que faz com que, antes de ter um grande sofrimento, você ria. Com isso, cria-se uma imagem de um muro com símbolos que ocupam duas páginas, onde aparece em forma de enigmas a seguinte frase: “Não importa que estejas sentado no trono mais alto do mundo, estarás sempre sentado sobre o teu traseiro”. Não tem como não se apavorar e se divertir ao mesmo tempo com esse livro, que é um apanhado de diversas histórias de coveiros de vários cemitérios. Escrito com uma linguagem simples, proporciona, assim, uma leitura dinâmica e acessível a todas as faixas etárias.

Enigmas de Huasao - Uma história peruana Cristina Azevedo Acadêmica do curso de Letras

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uciana Savaget, jornalista, escritora e viajante do mundo, escreveu 25 livros, alguns deles publicados em vários países. Em uma de suas viagens a trabalho, conheceu uma misteriosa e encantadora peruana que lhe contou a história de sua vida e do lugar onde vivia. Ao conhecer Hilaria e seu filho Luter, a jornalista conheceu a história de Huasao e, como ela mesma diz: “cumpri a minha promessa escrevendo a vida daquela peruana que vivia num mundo povoado por fantasmas e pela dor”. A escritora narra com extrema sensibilidade e beleza estética os mistérios que cercam a desolada e solitária Huasao, próxima a Cuzco, no Peru. Nasce uma história fantástica e enigmática, que se perde entre o real e o imaginado, relatando a vida e a cultura de um povo incrivelmente místico. Além de descrever a estranha ro-

tina dos bruxos locais, a história retrata a força e a determinação da mulher e do povo peruano. Como o texto, que é envolvido em uma atmosfera misteriosa, a ilustração do livro também nos traduz esse clima obscuro e espectral no qual vivem os habitantes de Huasao. Apesar de ser uma terra castigada pelos deuses, onde não há nenhuma gota de orvalho e nenhum raio de luz, Huasao é habitada por um povo corajoso e bravo, cujas fé e determinação são admiráveis. Há ainda personagens misteriosos e intrigantes, como Rosalia, que, além de atormentada com a dor de um amor malfadado, possui um assombroso segredo. Entre a ficção e a realidade, essa história nos permite conhecer um pouco sobre um povo diferenciado pela sua tradição e seus costumes, que, apesar das dificuldades, é trabalhador, alegre e acolhedor. Também viajamos junto com os personagens por um mundo de mistérios e de enigmas.


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Dá pra acreditar? Lauro Gomes Acadêmico do curso de Letras

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uis Pescetti, em Dá pra acreditar?, livro escolhido para ser lido pelos leitores da Capital Nacional da Literatura no mês de novembro, com tradução de Marcos Bagno e com ilustrações de Pablo Bernasconi, genialmente traz surpreendentes histórias construídas em diferentes gêneros e tipos textuais. O autor faz uso, então, da prosa, da poesia, da carta e da música para compartilhar sonhos e fantasias que transgridem muitas das regras preestabelecidas em sociedade, isto é, o senso comum. Dentre elas, há Papai-Noel, que responde a cartas de pedidos de presentes; poeta, que faz poesia enquanto dorme e bebê sendo vendido em loja. Muitas das histórias, em verdade, parecem ser contadas pela visão de uma criança, de tão mágicas que chegam a ser. E, assim, cabe a pergunta: dá pra acreditar? Esse livro parece proporcionar ao jovem leitor uma leitura semelhante àquela que ele realiza na internet, por intermédio do hipertexto, visto que, com a diversidade de gêneros textuais e com a presença constante da intertextualidade, é possível que ele tenha essa sensação, o que não o deixa parar de ler antes do final, muito embora uma história independa da outra. Certamente esse leitor irá se divertir e aprender muito com as histórias, uma vez que, de maneira muito divertida, com a presença marcada do humor no texto, Pescetti também explicita o quão importante é, por exemplo, o respeito à ortografia da língua, por intermédio de trechos quase incompreensíveis, cujo conteúdo alerta para a importância de respeitá-la. E, nesse viés, há de se destacar a primeira história, que é uma releitura muito bem humorada do conto de fadas Os três porquinhos. Luis Pescetti trabalha, pois, a linguagem de seu livro de forma lúdica e moderna, por meio de neologismos, de textos marcados pela oralidade, além das inversões e brincadeiras com a sintaxe da língua. Esse estilo de linguagem, em momentos escolhidos pelo autor, pode remeter o maduro e competente leitor ao ano de 1922, por exemplo, quando a literatura brasileira passava por uma fase de rompimento com seu passado clássico, por meio de escritos, como Macunaína, de Mário de Andrade. Além dessa característi-

ca estilística, até mesmo o fantástico e o humor deste livro estão presentes em Dá pra acreditar?, de Pescetti. Frise-se, portanto, a presença da intertextualidade no livro. Luis Pescetti nasceu em 1958 na Argentina. Pedagogo, músico, ator e es-

critor, publicou vários livros infantis e juvenis. Suas histórias, cheias de humor, conquistaram importantes prêmios literários (White Ravens, Casa de las Américas e muitos outros) e foram publicadas na Argentina, na Espanha, Estados Unidos, Cuba, México, Clile, Venezuela...


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Festa do Saci Quando a meia-noite me encontrar Junto a você Algo diferente vou sentir Vou precisar me esconder Na sombra da lua cheia Este medo de ser Um vampiro, um lobisomem, um saci-pererê Um vampiro, um lobisomem, um saci-pererê... Canção da meia noite Kleiton e Kledir

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oi no embalo desta e de outras músicas, além de livros, oficinas, teatro,dança, brincadeiras e contação de histórias, que aconteceu uma bela festa. Enganou-se quem pensou que a festa era de comemoração ao Halloween. Desta vez, foi a Festa do Saci. Dia 31 de outubro mais de 300 crianças se reuniram na praça Antonino Xavier de Oliveira, em Passo Fundo para festejar. Com o objetivo de valorizar o folclore brasileiro representado pela figura do Saci, a Universidade de Passo Fundo, através do Mundo da Leitura, e a Prefeitura de Passo Fundo, por meio da Secretaria de Educação e da Universidade Popular, organizaram uma tarde de leitura e recreação voltados para o nosso folclore. A festa iniciou com as palavras de boas-vindas da vice-reitora de Extensão e Assuntos Comunitários, Lorena Terezinha Geib, e da professora Maria Augusta D’Arienzo, coordenadora da Universidade Popular. Em seguida, o professor Eládio V. Weschenfelder, do curso de Letras da UPF, contou a história Dez Sacizinhos, de Tatiana Belinky, e contextualizou a figura do Saci comentando a origem e o significado desse personagem para a cultura brasileira. Durante as oficinas, as crianças fizeram dobraduras do gorro e do cachimbo do Saci; na oficina de estêncil, pintaram os Sacis em seu redemoinho. Além da apresentação de dança, ao som da música “Canção da meia noite” de Kleiton e Kledir, o público também teve oportunidade de assistir ao teatro de sombras, Pedrinho e o Saci, de Monteiro Lobato, as 77 caras e bocas no Saci-bola e a contação da história O Saci, de Ricardo Azevedo, com Nathália Brasil. Também tiveram a oportunidade de serem fotografadas no “mete a cara” do Saci, além de participarem da corrida do Saci, quando crianças de diferentes idades marcaram presença e se divertiram com a brincadeira recebendo como premiação livros com os personagens míticos do folclore brasileiro. Na brincadeira do Encontre o Saci, as crianças ficaram eufóricas saltitando entre as árvores da praça para conseguirem encontrar as 7 garrafas

com o Saci. Ao final, também receberam os livros como premiação, gentilmente cedidos pela Livraria UPF com doação da Companhia da Leitura. O Dia do Saci está sendo amplamente divulgado pela organização Sociedade dos Observadores do Saci (Sosaci) em diferentes regiões

do Brasil, incentivando o culto aos mitos brasileiros e à cultura popular como um todo. Passo Fundo, sendo a Capital Nacional da Literatura, reforça o seu compromisso com a formação de leitores, aderindo a esse importante movimento de valorização do folclore brasileiro. Esta Festa do Saci foi a primeira de muitas outras que virão.


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Saci-Pererê: significações do mito brasileiro Eládio Vilmar Weschenfelder Professor do curso de Letras

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s mitos e lendas são parte importante do folclore linguístico e literário de um povo. Comemorá-los, estudá-los e entender suas significações são fundamentais para o entendimento da história, da alma e da identidade brasileira. Nessa ótica, Saci, o mais simpático dos mitos brasileiros, surge como contraponto aos monstrengos internacionais, como os contidos no Halloween, tanto é que para 31 de outubro foi criado o Dia do Saci e seus amigos. O escritor Monteiro Lobato foi, dentre outros escritores e estudiosos, um dos pioneiros no resgate do folclore literário brasileiro. Em 1917 procedeu a uma consulta popular por meio de cartas, nas quais solicitava, aos leitores do jornal O Estado de São Paulo, relatos e experiências com o simpático, travesso e moleque de uma perna só. Com a riqueza das informações recebidas, publicou a obra O Saci-Pererê: resultado de um inquérito. Anos mais tarde, Pedrinho, no sítio de Dona Benta, movido pela curiosidade, ouvirá da boca do Tio Barnabé, que tinha mais de oitenta anos, que viu o Saci quando menino, ainda no tempo da escravidão, na fazenda de Passo Fundo. Quem não conhece a obra lobatiana O Saci, que teve as primeiras edições publicadas pela Companhia Editora Nacional! Por sua vez, o estudioso Câmara Cascudo teve como objeto de estudo o mito do Saci, e o tema já rendeu uma série de livros, filmes artigos na imprensa e teses. Fisicamente o Saci é um menino afro-descendente que só tem uma perna, usa carapuça vermelha, leva na boca

um cachimbo aceso e tem um furo na mão. Psicologicamente, Saci é um ente livre e por isso vive fazendo artes do tipo: azeda o leite, quebra a ponta das agulhas, embaraça os novelos de linha, esconde as tesouras, coloca sujeirinhas na comida, gora os ovos, vira os pregos para cima, atropela as galinhas, espanta os cavalos. Enfim, diz Tio Barnabé: “O Saci não faz maldade grande, mas não há maldade que não faça” Sendo um menino livre da escravidão negra no Brasil, Saci, para ter visualidade, apronta, como todo garoto, suas artes. No entanto, é especial, pois fruto da brutalidade, perdeu uma perna, o que significa para o povo que a escravidão foi feroz também com as crianças afro-descendentes. Seu cachimbo significa que incorporou a tradição indígena, pois seus caciques selavam acordos fumando o “cachimbo da paz”. Usa a carapuça vermelha, visto que assimilou, em parte, a cultura europeia, lembrando os imigrantes europeus e emblemas

da liberdade na Roma antiga. Lembra o barrete (gorro) adotado pelos camponeses ibéricos e os republicanos após a Revolução Francesa de 1789, assim como a força de Sansão que estava nos cabelos. Tem um furo na mão porque faz mágicas com as brasinhas acesas, que também sevem para acender o cachimbo. Portanto, estão presentes no Saci as características dos três povos que deram origem ao povo brasileiro: os índios, os afro-descendentes e os europeus. Mentira ou verdade, Saci-Pererê representa o espírito de liberdade, paz força e expontaneidade do povo brasileiro, juntamente com seus comparsas da boa fantasia: MBoitatá, Caipora, Cuca, Negrinho do Pastoreio e tantos outros. Antes festas em homenagem a todos eles, ao invés de copiar os estrangeirismos que manipulam as crianças e os jovens. Deu pra ti, Halloween. Viva o Saci-Pererê!

Sites sobre o Saci e cultura popular http://www.sosaci.org/ http://culturapopular2.blogspot.com/ http://www.arteducacao.pro.br/Cultura/lendas.htm http://www.bepeli.com.br/es/mitos_lendas_saci.html http://eosaciurbano.wordpress.com/ www.culturainfancia.com.br http://www.turmadosaci.com.br/ http://wqsaci.vilabol.uol.com.br/WeQtSACI/Index.htm http://criadoresdesacis.blig.ig.com.br/ http://janadg.multiply.com/photos/album/2/Sacis_na_pista http://www.tempodebrincar.com.br/ http://www.vilaesperanca.org/ http://minhashistoriasinfantis.blogspot.com/2009/07/saci-perere.html http://www.jangadabrasil.com.br/index.asp


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Práticas Leitoras 2010 QUEM CONTA ENCANTA

Prática leitora para educação infantil Tania M.K. Rösing - Eliana Leite - Mateus Mattielo Nickhorn A prática leitora voltada para alunos de Educação Infantil valeu-se da linguagem oral através da contação de histórias para estimular a leitura de forma multimidial. O texto A visita da bruxa, do autor Ernani Ssó, selecionado para ser contado aos alunos é narrado pelo contador, que vai interagindo com as imagens do livro projetadas na tela. Muitas vezes, o contador assume o papel dos personagens criando novas possibilidades de contar a história e de interagir com os pequenos espectadores. Essa experiência propicia um jogo de faz-de-conta, no qual os alunos protagonizam cada personagem através do mundo simbólico que recriam a partir da narrativa. Foi importante proporcionar aos alunos essas sensações fazendo com que cada um entrasse em contato com seu imaginário para viver a história de maneira intensa. As crianças dessa faixa etária ainda não separam o mundo real do imaginário e vivem as histórias com tanta intensidade que, em alguns momentos, algumas choraram expressando

LEITURA AUDIOVISUAL

Prática leitora 1º e 2º anos do Ensino Fundamental Tania M.K. Rösing -Lisandra Blanck - Lucas W. Rodrigues

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o Brasil, a televisão é ainda a mídia mais consumida, atingindo um número significativo de crianças de todas as faixas etárias durante boa parte de suas atividades diárias. Primeiramente, quando o monitor abre um espaço para conhecer as preferências dos alunos nos momentos de lazer, a televisão é a mais citada entre eles, seguida pelo computador com internet, vídeo game, jogos e diversas brincadeiras. Essa escolha quase unânime se justifica pelo fato de que muitos alunos ainda não dispõem de alguns meios eletrônicos em sua casa, como o computador e o vídeo game, mas todos, sem exceção, possuem, pelo menos, uma televisão e assistem com frequência a diferentes programas. A escolha do trecho do desenho Ben Dez e do programa Mundo da Leitura para ser assistido durante a atividade leitora envolveu muito os alunos. Foi possível perceber que a maioria já conhecia e demonstrava interesse através de comentários sobre a trama das histórias e sobre os personagens. Essa proximidade com as narrativas e com o veículo televisivo favoreceu muito o desenvolvimento da atividade, que se propôs a falar com os alunos sobre ações vivenciadas em seu cotidiano, como o ato de assistir à televisão, conduzindo-os a pensar e dialogar sobre seus programas favoritos. Sendo assim, os alunos também tiveram a oportunidade de citar outros programas de sua preferência, comentando sobre os personagens de que mais gostam.

medo ao se depararem com situações de estranhamento. A experiência de contar histórias agregando diferentes mídias ampliou as possibilidades de envolver os alunos com diferentes textos, enriquecen-

do a atividade leitora e fazendo com que esses se maravilhassem com os personagens. Esses seres fantásticos dos contos de fada se recriam e se perpetuam de geração em geração, para nunca perdermos o encanto de ouvir e contar histórias.

Tem sido muito interessante perceber a forma como os alunos se relacionam com os conteúdos audiovisuais que transitam ora em situações reais, ora em situações fantásticas e imaginárias, possibilitando que façam comentários como: “Só no sonho que a gente consegue voar como os personagens”. O momento de maior euforia dos alunos acontece quando são convidados a participar de um programa de TV, no qual o monitor grava a imagem dos alunos, para posteriormente se verem na televisão. Ao se depararem com a sua imagem na tela, expressam as mais diferentes reações. Ficam surpresos, curiosos e,

às vezes, envergonhados. Ao mesmo tempo em que são invadidos por uma gama de sensações e pensamentos que vão se organizando cognitivamente, estabelecem um diálogo com suas experiências. De uma forma ou de outra, estarão cada vez mais imersos num mundo cheio de cores, formas, movimento, sons e efeitos especiais, que vão se disseminando nas novas tecnologias e reunindo todos esses recursos à interatividade. Esse mundo de sons e imagens deve ser absorvido de maneira ativa, para que a criança possa criar significados, que se transformarão em conhecimento para toda a sua vida.


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QUANDO OS OBJETOS GANHAM VIDA Prática Leitora - 3º e 4º anos do Ensino Fundamental Tania M.K. Rösing - Lisiane Vieira - Lucas W. Rodrigues

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prática leitora Quando os objetos ganham vida, é uma atividade realizada com os alunos do 3º ao 4º ano do Ensino Fundamental. Tem por objetivo traçar alguns conceitos de apólogo, fábula, teatro de objetos, até chegar à animação. Na animação, terão uma noção de como os desenhos animados são criados, a fim de instigá-los e fazê-los pensar como são antes de chegar até nós. Para que possam ter ideia do que é e como funciona a animação, é apresentado um vídeo de um flipbook, ao qual os alunos reagem muito bem, pois a maioria conhece ou já fez um flipbook em casa; os que ainda não conhecem ficam muito curiosos e interessados para fazer um também. Alguns alunos, ao serem questionados sobre quando os objetos podem ganhar vida, costuma dizer que é quando dormimos ou saímos de casa. Outros respondem que é quando imaginamos, ou, então, em filmes e histórias. Ao contar a história “Telefone”, do livro Diálogos interessantíssimos, de Gilles Eduar, no qual o cachorro e o gato falam no telefone, os alunos, ao serem questionados se isso é possível, costumam dizer que eles falam sim e que a língua do cachorro é “cachorrês” e do gato é “gatolês”, porém seres humanos não os entendem.

Os alunos também têm contato com filmes e desenhos, nos quais os objetos podem falar, andar; enfim, passam a ter vida. Prestam muita atenção por mais que, em algum momento, já tenham visto o filme ou o desenho.

Na propaganda da Coca-Cola Zero, na qual o olho conversa com as línguas, as crianças creem que, se arrancarmos os olhos e a língua, em algum momento, elas possam falar ou ganhar vida, seja dormindo, na televisão ou nos sonhos.

conteúdo crítico ou humorístico. Percebe-se a dificuldade de alguns grupos de alunos de interpretar os quadrinhos, pois mesmos fazem a leitura descritiva da imagem. No entanto, alguns alunos, quando incentivados a realizar a leitura mais ampla das charges, cartuns e tiras cômicas apresentadas, têm demonstrado compreendê-las interpretando

seus temas, identificando suas diferenças. A pesquisa Retratos da Leitura no Brasil (Instituto Pró-Livro, 2008) revela que história em quadrinhos é o quarto gênero mais lido por meninos de 5 a 13. Na mesma pesquisa, aparecem citados Mauricio de Sousa e Ziraldo entre os 25 escritores brasileiros mais admirados pelos leitores.

LINGUAGEM QUADRINIZADA Prática Leitora - 5º e 6º anos do Ensino Fundamental Tania M.K. Rösing - Eliana Teixeira - Renato Britto

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os últimos anos, os quadrinhos ou histórias em quadrinhos alcançaram o status de gênero textual e o reconhecimento de leitura com grande potencial pedagógico. A partir da leitura dos estudos envolvendo os quadrinhos, elaboramos a prática leitora Linguagem quadrinizada a ser aplicada para alunos de 5° e 6° anos do ensino fundamental. Observa-se num primeiro momento que alunos que se dizem leitores de quadrinhos são poucos e são do sexo masculino. Para estes alunos, o entendimento de quadrinhos se reduz às histórias em quadrinhos da Turma da Mônica, de Mauricio de Sousa, e Ziraldo em menor escala. Intui-se que os mesmos não são leitores de jornal impresso nem de revistas, pois não citam outra forma de quadrinhos. À medida que a prática leitora vai sendo apresentada, vão reconhecendo alguns quadrinhos apresentados e familiarizando-se com os elementos e significados dos mesmos, especialmente das charges, cartuns e tiras cômicas, consideradas gêneros dos quadrinhos. Esses três estilos aparecem frequentemente em nossas leituras de jornais ou revistas e, agora, da internet, sempre com


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AGREGAR MÍDIAS E CRIAR COLABORATIVAMENTE Prática Leitora - 7º e 8º anos do Ensino Fundamental Tania M.K. Rösing - Elisêngela F. F. de Mello - Elenice Deon

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om a prática leitora destinada aos alunos de 7º, 8º e 9º anos se propôs uma conversa sobre a criação coletiva. Com as novas tecnologias da informação e da comunicação se tem a oportunidade de aproximar as pessoas e de promover a construção de coletivos inteligentes. Para Pierre Lévy (2007, p.29), “a base e o objetivo da inteligência coletiva é o reconhecimento e o enriquecimento das pessoas, nessa perspectiva onde o ideal para a formação de coletivos inteligentes é a troca de saberes, as tecnologias em rede podem contribuir para que as pessoas de diferentes culturas e lugares aproximemse e criem juntas”. A prática leitora tem sido uma reflexão sobre as tecnologias em rede. O debate fica em torno de como as práticas sociais podem ser potencializadas com o uso das tecnologias em rede com o intuito de produzir coletivamente. Tem se observado que a maioria dos adolescentes que participam da atividade utiliza a internet para se comunicar. As redes sociais, como Orkut e MSN, são as mais utilizadas; depois aparecem os jogos online. No entanto, tal prática não se reproduz nas escolas, pois os alunos relatam que possuem dificuldades de trabalhar coletivamente em sala de aula. Eles optam por dividir as tarefas e cada um faz a sua parte. O aspecto interessante é que esses mesmos alunos comunicam-se por MSN com seus colegas e combinam eventos sociais, mas não percebem como empregar as tecnologias em rede na educação.Quando questionados sobre essa questão, os alunos revelam que o uso das tecnologias nas escolas é limitado a pesquisas em sites de busca e que outras ferramentas não são utilizadas. Quando são apresentadas opções do uso do MSN, de blogs, do Google docs com um enfoque educacional, os alunos concordam que é possível realizar as

MINICONTO: A LITERATURA EM CÁPSULAS Prática Leitora - Ensino Médio e Superior Tania M.K. Rösing - Bruno Phillipsen

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sociedade vive hoje um tempo marcado pelo ritmo acelerado. A literatura acompanha essas mudanças resgatando o gênero miniconto como reflexo do tempo que estamos vivendo. O surgimento da internet e das novas tecno-

atividades da escola interagindo mais com os colegas e que a qualidade dos trabalhos melhoraria se eles planejassem e decidissem juntos, ao invés de fragmentarem as atividades. Como proposta de interação no ciberespaço sugere-se o uso do blog. A ideia é que os alunos, em duplas, elaborem um comentário sobre os problemas sociais do país. Uma indicação modesta, tendo em vista que os alunos expressaram suas opiniões sobre o tema na arena; entretanto, ao praticarem essa

produção em colaboração com o colega na frente do computador, elaborar um parágrafo que contenha a opinião de ambos se torna um obstáculo. Constata-se com essa prática leitora que o uso das tecnologias em rede na educação ainda não se efetivou numa dinâmica de colaboração. Há certo estranhamento de alunos e professores ao visualizarem que é possível aproximar as tecnologias em rede de seu cotidiano escolar.

logias que foram se agregando a equipamentos cada vez mais sofisticados, abriu ainda mais espaço para este gênero ser absorvido pelas novas gerações, na medida que se utilizam de ferramentas das redes sociais para produzir textos e se comunicarem. Durante o desenvolvimento da atividade leitora, os alunos leram os minicontos, tecendo diferentes interpretações de um

mesmo texto. Observaram que o miniconto utiliza a mesma quantidade de caracteres que o twiter e também se familiariza com a linguagem do MSN e do Orkut. Muitos comentaram que já haviam lido pequenos textos em diferentes ambientes de seu cotidiano, mas não sabiam que se tratava do gênero miniconto. No final da atividade os alunos produziram vários minicontos demonstrando interesse e criatividade.


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Fala professor

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visita que nossa Escola fez ao Mundo da Leitura foi ótima, fomos muito bem recebidos, o ambiente acolhedor proporcionando as crianças oportunidade de descontração.A hora da contação de história foi a parte que mais chamou atenção, onde todos participaram. A integração da história com a informática , achamos muito interessante, pois muitas de nossas crianças não tem contato com esta tecnologia. A prática leitora é um momento em que as crianças interagem, fazem parte da história estimulando a imaginação e a participação. Esta prática já adotada por algumas professoras, será intencificada em todas as turmas. Obrigada pelo carinho, Lidiana Scorteganha coordenadora E.E.I.Rita Sirotsky

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A

creditamos que nossa tarefa, é acima de tudo, uma troca de experiências. Nessa troca, cada um de nós tem muito a oferecer ao outro. Juntos, temos todos muito a contar e desafios a vencer. É a nossa construção, como é também a de nossos alunos. Nossa visita ao Mundo da Leitura na UPF, enriqueceu ainda mais nosso trabalho em sala de aula. As crianças saíram do seu espaço, seu ambiente escolar e foram ao encontro de uma aula prática, onde tiveram a oportunidade de mostrar, falar, expressar-se de maneira confiante e desinibida. A professora que dirigiu os trabalhos criou um ambiente seguro, com um clima descontraído, isso permitiu aos alunos se arriscarem mais na posição de interlocutores. Expressar-se verbalmente é um desafio, até para nós adultos. Como não há de ser para as crianças? Foi com essa preocupação que o Mundo da Leitura orientou os trabalhos com a linguagem oral, ou seja, valorizando sempre a expressão da criança, espontânea. É importante salientar também a variedade de situações em que a professora do Mundo da Leitura, apresentou-lhes, estimulando-os e desafiando-os para a linguagem oral.Os estímulos podem e devem ser dirigidos com vistas a despertar no aluno a observação mais ampla do mundo. Parabéns Mundo da Leitura. Adriane F. Tissiani Escola Criança Feliz/ Universos

visita ao Mundo da Leitura foi muito significativa, pois, ao abordar a Linguagem Quadrinizada, aprofundou o estudo realizado em sala de aula sobre as características dos gêneros textuais História em Quadrinhos e Tiras. Assim os alunos enquanto se divertiam, também aumentavam e revisavam sobre as peculiaridades deste gênero. E por se tratar de um assunto que já possuíam conhecimento prévio puderam, também, participar interagir e comentar as atividades. Saliento que os alunos, também, tiveram a oportunidade entrar em contato, ler e manusear os mangás, já que na nossa escola ainda não possuímos acervo destes gibis e durante nossas aulas comentei minha primeira experiência com os mangás – não conseguia encontrar sentido na leitura, pois não sabia que a leitura é realizada de esquerda para a direita e também pela beleza das ilustrações estilizadas – o que deixou os alunos muito curiosos por estas obras. A visita ao Mundo da Leitura é um passeio tradicional para os nossos alunos, que todo ano, esperam ansiosos por este dia... Retornar o reduto do gato leitor de sua amada branca, sempre os gera ansiedade e curiosidade... Cláudia Zimmermann Teixeira E.M.E.F. Wolmar Salton

o Mundo da Leitura, as crianças da Escola São Mateus presenciaram uma encenação de um texto infantil sobre BRUXAS, foi um momento lúdico e dinâmico onde as crianças tiveram a oportunidade de participar na própria encenação emitindo sons, fazendo gestos e ver através de slideas figuras da história contada, adoramos, pois não foi um passa tempo e sim um ótimo incentivo para hábitos da leitura entre as crianças, desde já agradecemos a oportunidade que nos propuseram. Profª Adriéli Escola São Mateus

A

Passo Fundo já conta com quatro Largos da Literatura uma total remodelação, além de receber calçamento, bancos e iluminação; foram construídos um monumento de uma árvore contendo letras e dois túneis de leitura, que contêm textos, que são trocados periodicamente, um deles contendo somente obras de escritores passofundenses. Ainda nessa praça existem um quiosque com livros oferecidos à locação e acesso gratuito à internet, além de ocorrer um curso semanal de informática para a comunidade, em parceria da UPF e da ONG Junior Chamer International, também gratuito. Esse local, inclusive, já foi premiado pelo Ministério da Cultura

Foto: Hermano Favero

B

uscando cada vez mais valorizar a literatura do município de Passo Fundo, a Prefeitura Municipal está ampliando e organizando espaços para que a comunidade utilize-os com esse propósito. Em função disso, os Largos da Literatura estão tomando forma. Até agora as praças Armando Sbeghen e Francisco Antonino Xavier de Oliveira, juntamente dos canteiros Guilherme Luiz Sperry e Abraão Madaloso, já receberam esses espaços. O primeiro inaugurado foi na praça Armando Sbeghen, próximo à ponte do rio Passo Fundo. O local passou por

como Ponto de Leitura. A secretária municipal de Educação, professora Vera Vieira, explicou que o curso do Ponto é dividido em dois módulos, alfabetização e letramento digital. O primeiro visa oferecer noções básicas sobre computador, com foco voltado ao mercado de trabalho. Por sua vez, o de letramento tem por finalidade desenvolver competências ligadas especificamente à formação de leitores. O largo foi construído nesse local em razão de ele ser histórico na formação da cidade: ponto de passagem dos tropeiros que levavam mulas para Sorocaba (séc. XIX). Como o rio era fundo, dificultando a travessia, diziam que o passo era fundo. Justifica-se, assim, a construção do primeiro largo nesse local, onde já havia o marco aos tropeiros, que também passou por uma reconstituição arquitetônica. Continuando esse processo de restauração de pontos históricos da cidade, com o objetivo de uma unidade visual para que se estimule a leitura, no último mês de junho foram entregues à comunidade mais três largos: o da literatura brasileira, na praça Francisco Antonino

Xavier de Oliveira, caracterizado por um monumento com a letra B, e os largos da literatura cômica e gauchesca, nos canteiros Guilherme Luiz Sperry e Abraão Madaloso, caracterizados pelas letras C e G. Na praça Antonino Xavier (em frente ao Hospital da Cidade), existem quatro túneis de leitura: dois deles com textos de literatura infantil e dois para literatura adulta. A intenção também é instalar no local um quiosque de leitura. Os largos da literatura cômica e gauchesca também possuem esses túneis com textos. Os largos estão vinculados à Secretaria de Educação, via Universidade Popular (UP), e, segundo a sua coordenadora, professora Maria Augusta D’Arienzo, esses novos espaços também vão começar à ser contemplados com inúmeras atividades artísticas, como já acontece no largo da praça Armando Sbeghen, que periodicamente realiza atividades para os alunos das escolas do município e para a comunidade em geral. Este ano, dentre outras ações, já foram comemorados o aniversário de Monteiro Lobato, a Semana das Etnias, e os 153 anos do município de Passo Fundo, além de atividades em relação ao projeto Livro do Mês.


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Passo Fundo, novembro de 2010 - Ano XIII

Programa Mundo da Leitura na TV nas escolas municipais Natane Rangel e Cristina Azevedo Alunas do Nível VI de Letras e estagiárias do projeto Programa Mundo da Leitura na TV no contexto da escola.

O

programa Mundo da Leitura na TV nas escolas é um projeto no qual 14 escolas da rede municipal de ensino, de Passo Fundo, recebem um kit, contendo 11 DVDs e dois cadernos Guia do professor, referentes ao programa Mundo da Leitura na TV, a fim de explorar o material juntamente com seu plano pedagógico. Nesses DVDs estão contidos 38 episódios e, juntamente com esse material, são entregues uma lista das pautas de cada programa para facilitar o trabalho, e o guia do professor com algumas atividades propostas a partir de quadros do programa. Como a proposta do programa é interdisciplinar e seu conteúdo é bastante variado,

pode ser utilizado não apenas pelos professores de língua e literatura, mas também pelos de artes, de ciências, de matemática, entre outros. Dessa forma, torna-se em sala de aula um recurso a mais na mão do professor para atrair e manter a atenção dos alunos, o que não é uma tarefa fácil. Através de uma contação de história, por exemplo, o professor pode chamar a atenção dos alunos para o livro da história, para o contexto onde a mesma está inserida e trabalhar a compreensão do texto e outras atividades relacionadas ou interligadas ao assunto. Dessa forma, abre-se um imenso leque de possibilidades de trabalho com a linguagem audiovisual. Além dos quadros de contação de histórias, trava-línguas, poesias, cantigas e dicas de livros, há as reportagens, que sempre mostram assuntos interessantes e que podem ser utiliza-

das em várias disciplinas. E, ainda, as oficinas, que auxiliam as crianças a desenvolverem a motricidade. As possibilidades de trabalhar o material são múltiplas e dependem apenas da criatividade e da disposição dos professores e da escola para tornar esse trabalho cada vez mais significativo para o aprendizado e a formação dos alunos, fazendo isso com o auxílio de um material rico, como o programa Mundo da Leitura na TV.

Mais uma publicação do Mundo da Leitura

O

Centro de Referência de Literatura e Multimeios, laboratório do curso de graduação em Letras e do mestrado em Letras, oferece aos professores as publicações: Livro do mês 2006 – Construindo o diálogo entre leitor – autor, Livro do mês 2007 – Formando leitores críticos, Livro do mês 2008 - Leitura prévia de textos literários, Livro do mês 2009 – Estimulando a leitura entre jovens leitores. As atividades multimidiais de leitura que ora são apresentadas no conjunto de propostas do projeto demonstram a preocupação constante dos organizadores em manter a metodologia de aproximação entre leitores e livro e, posteriormente, proporcionar o diálogo entre leitores e autor(es) em cada seminário realizado. As práticas leitoras que constituem esse projeto foram elaboradas e implementadas em diferentes espaços por monitores e funcionários do Centro de Referência de Literatura e Multimeios. Orientadas por professores envolvidos diretamente com o Mundo da Leitura, como é conhecido afetivamente o Centro de Referência, não apenas servem de registro de

atividades de leitura já realizadas com muito êxito, mas pretendem se constituir em estímulo à leitura dessas obras por jovens e adultos que ainda não se concederam esse privilégio. É importante salientar que tal projeto se mantém graças à parceria existente entre as editoras responsáveis pela publicação do livro do mês selecionado, as quais se responsabilizam pelo deslocamento do (a) autor (a) a Passo Fundo, a Universidade de Passo Fundo e a Prefeitura Municipal, através da Secretaria Municipal de Educação e da Universidade Popular, que se responsabilizam pela hospedagem do(a) autor(a), pela aquisição e divulgação do livro entre diferentes públicos. Mantém-se, sobretudo, pelo interesse dos professores em construir um processo de letramento literário entre seus alunos, conseguindo estimular jovens a se envolverem com a leitura do texto impresso em meio a atividades em outras mídias.


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Jornal do Centro de Referência de Literatura e Multimeios - 15

Lançamentos

Livro do mês 2006 Construindo o diálogo entre leitor – autor Tania M. K. Rösing (org.)

Livro do mês 2009 – Estimulando a leitura entre jovens leitores Tania M. K. Rösing (org.)

Livro do mês 2008 Leitura prévia de textos literários Tania M. K. Rösing (org.)

Lendo e vivendo relatos sobre leituras e vivências literárias. Luís Augusto Fischer (org.)

Livro do mês 2007 – Formando leitores críticos Tania M. K. Rösing (org.)

A todo vapor a literatura no Rio Grande do Sul Luís Augusto Fischer (org.)

Programa Mundo da Leitura na TV

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Mundo da Leitura é um programa de TV produzido pela Universidade de Passo Fundo e exibido nacionalmente no Canal

Futura. As aventuras de Gali-Leu e sua turma são elaboradas por uma equipe interdisciplinar que envolve os cursos de Letras, Artes e Comunica-

ção, Educação, Ciências Exatas, e a UPFTV. De forma lúdica e dinâmica, as diversas linguagens apresentadas - manipulação de bonecos, leitura e encenação de textos infantis, artes gráficas, música, entre outros - servem de incentivo para o desenvolvimento da criatividade, do raciocínio lógico e, principalmente, para a criação do hábito da leitura entre as crianças. Assista ao programa Mundo da Leitura Canal Futura e UPFTV Quarta - 10h30min Reprises: Canal Futura e UPFTV - Sábado - 11h Canal Futura - Domingo - 9h UPFTV – 19h

Canal Futura - Segunda - 12h30min. Como sintonizar os canais Canal Futura Se você tem antena parabólica, sintonize na polarização vertical 20. Na TV por assinatura, em parceira com a Globosat, estamos nos seguintes canais: - no canal 32 da Net para todo o Brasil (canal 26 para a cidade de Passo Fundo - RS) - no canal 37 da Sky - no canal 163 da DirecTV • Em São Gonçalo - RJ: canal 18 UHF Canal: UPF TV - Canal 4 VHF Alcance: Passo Fundo, Sertão, Mato Castelhano, Pontão, Coxilha, Ernestina, Tio Hugo, Ibirapuitã, Soledade e Carazinho [RS]. • Em Marau - RS: canal 54 UHF • Em Carazinho - RS: canal 20 UHF


Uma lenda... Saci-Pererê E aquele vulto que no quintal Nem me arrisco a ir lá pra ver Se é roupa voando em varal Ou se é Saci-Pererê! Quem já viu o Saci pulando Com seu cachimbo em brasa Disse que ele é tão veloz Que até parece ter asa! Com seus olhos cor de fogo Que brilham feito lanterna Zoando num redemoinho Pulando numa só perna! Esse homenzinho estranho Tão negro feito carvão Brinca com as brasas sem medo Tem um furo em cada mão! Ele vem envolto em vento É menor que um anão Como um metro de altura Causa tanta confusão? Soltou vacas e cavalos Espalhou farinha no chão Assustou todas as galinhas Eta, moleque do cão! Para prender o diabinho Só jogando uma peneira Dentro do redemoinho E acabar com a brincadeira! BAG, Mario. 13 lendas brasileiras. São Paulo: Paulinas, 2008. Pág. 10.


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