Jornal Mundo da Leitura nº. 40

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Mundo da

Leitura

Marco da Capital Nacional da Literatura

Jornal do Centro de Referência de Literatura e Multimeios - Ano XIV - edição especial - agosto de 2011 - Passo Fundo - RS

Fragmento de obra inédita de Pierre Lévy p. 3

Homenagem especial Josué Guimarães p. 6

Conferencistas da 14 ª Jornada p. 5 Escritores presentes na 14 Jornada Nacional de Literatura p. 8


2 - Jornal do Centro de Referência de Literatura e Multimeios

Passo Fundo, agosto de 2011 - Ano XIV

Editorial 30 anos de trabalho ininterrupto pela formação de leitores

E

stamos completando 30 anos de movimentação cultural permanente. Quando tivemos a ideia de realizar a 1ª Jornada de Literatura Sul-Rio-Grandense, em 1981, não podíamos imaginar que a trajetória dessas Jornadas seria tão longa, com tantos desdobramentos importantes, mais que inovadores, inéditos no processo de formação de leitores multimidiais, numa perspectiva cidadã. Contamos, naquela ocasião, com os ouvidos sensíveis de Josué Guimarães, que ouviu nossa proposta e dispôs-se a ajudar. O nosso compromisso era desenvolver uma metodologia de leitura antecipada das obras dos autores convidados, compartilhando-a entre professores e alunos de distintas áreas do conhecimento. Acordo feito, acordo cumprido. As leituras e as discussões foram realizadas. Iniciou-se o diálogo entre leitor e escritor. Marcaram presença nessa 1ª Jornada Josué Guimarães, Mário Quintana, Moacyr Scliar, Cyro Martins, Antônio Carlos Rezende, Armindo Trevisan e dois jovens escritores, Sérgio Capparelli e Deonísio da Silva. Na sequência, após avaliação criteriosa, optamos, juntamente com Josué, pela ampliação do evento em nível nacional e pela realização bienal. A Jornada impôs-se nessa dimensão. Sua trajetória foi sempre crescente. Ouvimos as críticas. Corrigimos desvios. Realizamos sugestões. Mantivemos a metodologia de preparação do público participante de cada edição. Nada mais seguro do que desenvolver esse processo no contexto de uma universidade comunitária. Desvinculada de caprichos peculiares a uma instituição de ensino superior privada. Descompromissada com princípios de caráter pecuniário. Focada na busca do grande objetivo: não apenas formar leitores multimidiais críticos e cidadãos, mas também formar plateias preparadas para sentir e apreciar a arte em todas as suas manifestações, para celebrar a cultura em toda a sua complexidade. A Jornada foi crescendo no meio acadêmico sem os ranços do rigor da academia. Assumiu ares de trabalho permanente prazeroso por seus resultados visíveis – a transformação dos sujeitos pela leitura. Congregou ideias e pessoas, sentimentos e ações voltados para o desenvolvimento humano. É sustentada pelo binômio educação-cultura desde o seu nascedouro. Atualmente, observando as tendências impositivas

Expediente Mundo da Leitura é uma publicação do Centro de Referência de Literatura e Multimeios. Ano XIV – agosto de 2011 – Curso de Letras – IFCH/UPF Coordenação: Tania M. K. Rösing Conselho Editorial: Professores Adriano C. Teixeira, Eládio V. Weschenfelder, Fabiane V. Burlamaque, Miguel Rettenmaier, Paulo Becker, Tania M. K. Rösing Editores responsáveis por esta edição: Lisandra Blanck e Beatriz Calegari Segal Monitores: Beatriz Calegari Segal, Elenice Deon, Eliana Teixeira, Eliana Leite, Elisângela de F. F. de Mello, Lisandra Blanck, Lisiane Vieira, Lucas W. Rodrigues, Mateus Mattielo Nickhorn e Renato Britto.

dos novos tempos, sustenta-se pelo trinômio educação-cultura-tecnologia. As Jornadas Literárias mantêm-se fiéis aos princípios que justificaram seu surgimento, promoveram seu vertiginoso desenvolvimento e apontam para a necessária continuidade dessas ações em novos ritmos, atendendo às necessidades e preferências dos novos leitores. Mais de oitocentos escritores, pesquisadores deixaram suas marcas a cada edição, sensibilizados pelo efetivo diálogo com os leitores. Aproximadamente cento e vinte grupos artísticos ampliaram a sensibilidade de um número superior a cento e trinta mil participantes de todas as edições. Alargaram-se as parcerias com os Ministérios da Educação, Cultura, Ciência e Tecnologia e Turismo, com empresas estatais e empresas privadas, com editoras, instituições educacionais e culturais. Passou-se a utilizar os benefícios da Lei de Incentivo à Cultura – mecenato e LIC estadual. Estreitaram-se os laços entre a Universidade de Passo Fundo, a Prefeitura Municipal, as Secretarias de Estado da Educação, da Cultura, de Ciência e Tecnologia. Conseguimos sensibilizar dirigentes da área do livro e da leitura no país, na América Latina e em países como a França, Portugal e a Espanha especialmente. Passo Fundo, pela trajetória exitosa das Jornadas Literárias, passou à condição de Capital Nacional da Literatura por força de lei federal sancionada pelo então presidente da República, Luís Inácio Lula da Silva (lei nº 11267, de 02 de janeiro de 2006). É a cidade com o maior índice de leitura no Brasil – 6,5 livros por pessoa/ano, segundo levantamento do IBOPE, aproximando-se da França. O Largo da Literatura, em Passo Fundo, é o espaço que abriga a Árvore das Letras e os primeiros túneis de policarbonato, onde são adesivados, a cada mês, textos literários de escritores locais e brasileiros. Da mesma forma, os largos da literatura gauchesca, cômica, brasileira e universal revelam a preocupação com a oferta de leitura literária a todo cidadão, tratando a leitura como um direito à cidadania. Estamos comemorando 30 anos de trabalho efetivo pela formação de leitores, pela formação de mediadores de leitores, pela formação de plateias sensíveis. O momento é de festa. O momento é de celebração das letras, das artes, da contribuição

Estagiárias do projeto Mundo da Leitura na TV: Aline Silva e Daniela Lorenzato Correspondência: Centro de Referência de Literatura e Multimeios Campus I - BR 285 - Bairro São José CEP 99001-970 - Passo Fundo/RS Contato: Telefone: (54) 3316-8148 E-mail: leitura@upf.br Home-page: http://www.mundodaleitura.upf.br Revisão: Liana Langaro Ilustração de Capa: Paulo Caruso Diagramação: Daniele Freitas (NEXJOR AGECOM/UPF) Fotos: Acervo Jornadas Literárias e Paulo Gomes Tiragem: 5 mil exemplares Impressão: Passografic

das inovações tecnológicas na construção de cada cidadão. Agradecemos a todos os que participaram desta trajetória contribuindo para que pudéssemos escrever uma história diferenciada, com foco no desenvolvimento humano pela leitura do impresso ao digital, passando pelas manifestações culturais, pelas expressões artísticas as mais diferenciadas. Por todos esses motivos, convidamos você, prezado leitor, você, distinta leitora, a contribuir de forma efetiva e singular com os debates sobre o tema Leitura entre nós: redes, linguagens e mídias, que estará centralizando as atenções de todos os participantes desta 14ª Jornada Nacional de Literatura, tema este tão bem desenvolvido em forma poética por Paulo Becker e musicado por Humberto Gessinger: pelo espaço-tempo viaja a palavra deletando os vácuos do esquecimento das placas de barro de antigos sumérios chega ao livro impresso salta pra internet mas cadê você que não me tecla mais a rede emudeceu sem tuas palavras mas cadê você, refaça a conexão crie outros nós entre nós Continuamos vivendo momentos difíceis na captação de recursos para viabilizar a realização de mais esta edição das Jornadas Literárias de Passo Fundo. Mas estamos certos de que valeu todo o esforço empreendido, valeu muito a construção de parcerias sensíveis que viabilizaram a 14ª Jornada Nacional de Literatura. Mesmo assim, estamos felizes por compartilhar com todos os leitores, com os leitores em formação, com os mediadores de leitores esta programação feita com muito cuidado, com muito carinho, na certeza de que estaremos contribuindo para a ampliação dos índices de leitura em nossa cidade, em nosso estado, em nosso país. Agradecemos, com muita emoção, a sua honrosa presença, a sua disposição em participar efetivamente desta festa dos 30 anos das Jornadas Literárias de Passo Fundo.

Prof. Dr. Tania Mariza Kuchenbecker Rösing Coordenadora Geral

Universidade de Passo Fundo Reitor: José Carlos Carles de Souza Vice-Reitora de Graduação: Neusa Maria Henriques Rocha Vice-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação: Leonardo José Gil Barcellos Vice-Reitora de Extensão e Assuntos Comunitários: Lorena Terezinha Geib Vice-Reitor Administrativo: Agenor Dias de Meira Júnior


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Fragmento de obra inédita de Pierre Lévy 1. Mídia e cognição Não há dúvida de que a cognição humana é baseada na organização cerebral determinada biologicamente e na atividade neural. No entanto, nas últimas décadas vimos a publicação de uma impressionante quantidade de pesquisas sobre tecnologias intelectuais e ferramentas simbólicas. A ideia principal que unifica essa área de investigação interdisciplinar é a de que mecanismos de memória, meios de comunicação e sistemas simbólicos, todos, dentro do que se chama cultural, desempenham um papel fundamental na formulação das habilidades cognitivas, individual e coletivamente. A invenção da escrita permitiu o desenvolvimento do conhecimento sistematicamente organizado (listas, tabelas, arquivos, contabilidade, procedimentos hermenêuticos complexos) que foi muito além da sabedoria concreta das culturas orais, as quais eram organizadas a partir de mitos, histórias e rituais. A invenção do alfabeto, i.e. , um sistema de escrita fonética baseado em cerca de trinta signos (contra sistemas de escrita que necessitam de milhares de signos ideográficos ou sistemas misturados), levou à extensão social das habilidades de leitura e escrita e favoreceu o desenvolvimento do pensamento abstrato. A invenção dos numerais indo-arábicos, incluindo o sistema de notação posicional e o zero, tornou a aritmética mais simples e mais fácil, principalmente ao permitir o uso de algoritmos uniformes. Experimente multiplicar numerais romanos e você compreenderá a importância dos sistemas simbólicos na execução de tarefas cognitivas. Assim como é um veículo sem precedentes para a divulgação de informações e de conhecimento, o impresso levou indiretamente ao desenvolvimento de muitos sistemas de notação científica, incluindo mapas exatos baseados na projeção geométrica de paralelos e meridianos, sistemas de classificação biológica e sistemas de notação matemática e química. O impresso também favoreceu o desenvolvimento e a formalização dos estudos linguísticos e a criação de sistemas de metadados para bibliotecas e arquivos. Deve-se notar que o desenvolvimento do novo sistema simbólico não se deu logo imediatamente ao nascimento do impresso: foram necessárias várias gerações para assimilar e explorar as possibilidades cognitivas desse novo meio. De forma geral, a evolução cultural segue a evolução tecnológica. Por analogia, podemos prever sem muito risco que a completa exploração simbólica do novo ambiente de comunicação e processamento possibilitados pelas redes de computadores, i.e. , o meio digital, ainda está por vir.

2. Leitura e escrita como arte (hermenêutica) virtual Em sua origem, a hermenêutica era a arte de interpretar textos. Interpretar um texto significa uma leitura de forma profunda e sistemática para extrair o significado mais interessante e útil do ponto de vista do intérprete e da comunidade a que o

mesmo pertence. Esse trabalho de leitura consiste, na prática, em escrever textos (peritextos, epitextos, paratextos de todos os tipos) sobre o texto que está sendo interpretado. A leitura e a escrita envolvem as mesmas operações hermenêuticas básicas, em que a criação de significado é ponto central. O conceito de texto na hermenêutica contemporânea é muito mais vasto do que o da notação escrita do discurso. A esse respeito, parto das perspectivas pós-modernas e desconstrucionistas (em sentido amplo) apresentadas por autores como Wittgenstein, Foucault, Derrida e Lyotard, para quem todos os tipos de arranjos simbólicos podem ser considerados textos, incluindo aqueles baseados nas tradições orais ou em sistemas simbólicos icônicos, musicais, ritualísticos ou não linguísticos. Nessa abordagem, os processos de leitura e escrita de textos envolvem uma profusão infinitamente aberta de jogos de linguagem, epistemas ou funções de produção e interpretação textual, em que ninguém é favorecido em princípio. Em última análise, não há significado objetivo, externo ou neutro. O significado é sempre produzido por um mecanismo de interpretação textual particular, e todo o maquinário hermenêutico (produtor de significado) é necessariamente datado e situado. A minha concepção de hermenêutica também dialoga com a visão popularizada por Gadamer, Ricoeur, Gusdorf, Vattimo, Grondin, etc. , de que o processo hermenêutico nas ciências humanas, em vez de produzir uma “verdade objetiva” através da aplicação de métodos formais a artefatos culturais, traduz uma verdade de experiência humana que é sempre singular e está inserida em uma história particular . Essa compreensão de atividade hermenêutica tem afinidades óbvias


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com o perspectivismo de Nietzsche, que deve ser distinguido da visão de que “tudo é igualmente válido,” típica do relativismo extremo. Com a liberdade de interpretar vem a responsabilidade de guiar a cognição simbólica de uma comunidade, o que exige grande prudência. A minha abordagem de hermenêutica também deve muito ao conceito de imaginação radical desenvolvido por Cornelius Castoriadis, para quem a criação humana de significado não pode ser inteiramente reduzida a alguns determinismos mecanicistas, mas decorre de um potencial criativo irredutível e autônomo.

3. Inventando novos sistemas de leitura/ escrita: humanidades digitais e IEML Até agora, as humanidades digitais apenas utilizaram ou modificaram as ferramentas fornecidas por engenheiros para analisar, formatar e anotar arquivos de textos montados usando técnicas de escrita estáticas. Alguns dos trabalhos mais avançados nas humanidades digitais envolvem a transformação dos gêneros do livro e do artigo em processos colaborativos de leitura/escrita em meios sociais apropriados às necessidades dos pesquisadores, fluidos, interconectados e ubíquos. Mas isso é apenas o início de um processo de mudança cultural que não dá sinais de acabar. De fato, à medida que o meio digital evolui, podemos considerar novos sistemas de escrita mais fortes do que a escrita estática tradicional. A IEML ((Information Economy Metalanguage) é, até onde sei, o primeiro exemplo de um novo tipo de escrita (ou codificação de significado) expressamente planejado para explorar todos os recursos de memória e de cálculo do meio digital para o benefício da pesquisa em ciências humanas. A premissa explícita do programa de pesquisa baseado na IEML é a de que o novo corpus das ciências humanas não é mais do que todos os fluxos e armazenamentos de dados na Web. Assim, a IEML pode servir como uma metalinguagem para a categorização dos dados, a hipertextualização automática dos dados categorizados, o arranjo de informações em circuitos semânticos e o cálculo automático de vias e distâncias entre os itens de informação. Recordo aqui que os textos em IEML são chamados USLs (Uniform Semantic Locators) e que cada USL é uma variável de um grupo de transformações de operações algébricas que correspondem a operações semânticas. Escrever em IEML significa criar circuitos semânticos para a canalização de fluxos de informação ou a construção de filtros de dados, ou ainda ferramentas de mineração de dados. Ler em IEML significa realizar análises comparativas automatizadas de estruturas semânticas e extrair informação sobre os fluxos canalizados por essas estruturas. No novo ambiente intelectual criado pela esfera semântica da IEML, a colaboração na pesquisa significará organizar jogos de interpretação coletiva, jogos esses cujas regras automatizam a categorização, avaliação e contextualização dos dados. Do ponto de vista das humanidades, a maior parte das grandes civilizações-ou tradições intelectuais baseiase em (1) um sistema de escrita, (2) um corpus aberto de “clássicos” escritos com o uso desse sistema e (3) um conjunto de disciplinas intelectuais que permitem que o máximo de significado relevante seja extraído do corpus. Como já disse anteriormente, a Web está se tornando o novo corpus das ciências humanas. Mas a Web manifesta seus dados usando uma multiplicidade de sistemas simbólicos “naturais” (línguas,

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técnicas de escrita estática, vídeos, músicas, jogos interativos, programas, etc. ). Vimos que esses sistemas simbólicos são díspares, sua tradução automática é problemática e seu endereço físico (URLs) é semanticamente nebuloso. Além do mais, a maior parte dos sistemas de notação ou representação em uso hoje em dia, devido às suas irregularidades, raramente pode ser processada, exceto se utilizarmos métodos estatísticos. O objetivo principal da IEML é a recodificação semântica dos dados da Web utilizando USLs semanticamente transparentes. Essa codificação precisa ser feita livremente, abertamente e colaborativamente. Coordenado pela esfera semântica da IEML, o hipercortex constrói a unidade operacional do novo corpus das ciências humanas. Mas, longe de ser uniformizadora, é uma unidade perspectivista, criando relações simétricas entre uma multiplicidade de diferentes pontos de vista. A IEML é uma linguagem normal, cuja sintaxe e semântica são calculáveis, é automaticamente traduzível em línguas naturais e abre praticamente infinitas possibilidades de notação de significado. Essa ferramenta simbólica deveria ser usada para unificar o novo corpus das ciências humanas (o conteúdo da Web) e aumentar as possibilidades de interrogar e interpretar dados. Lógica e estatística não são suficientes. Somente seremos capazes de automatizar a criação e o uso de informação semântica recorrendo ao muito antigo legado hermenêutico das ciências humanas. Então, e só então, a humanidade terá adquirido alguma maestria do potencial de processamento simbólico dos computadores. Pesquisadores das humanidades digitais são, por isso, convidados a participar no desenvolvimento de uma nova tradição intelectual. As ferramentas e os métodos dessa tradição poderiam ser muito mais poderosos do que os das tradições anteriores, porque se baseiam em (a) o potencial de cálculo e memória do meio digital, (b) as capacidades “sociais” de comunicação e colaboração abertas por esse meio e (c) a combinação através da IEML- de um sistema universal de notação de significado e uma topologia hipertextual estruturada como um grupo de transformação calculável. Para as ciências físicas e biológicas, “o grande livro da natureza é escrito em linguagem matemática.” A geometria é utilizada como um método de decodificação do texto dos fenômenos naturais. Da mesma forma, para as ciências humanas progredirem em direção à inteligência coletiva reflexiva, o grande hipertexto nebuloso da Web será decodificado no hipertexto transparente da topologia semântica da IEML. O leitor pode agora entrever o desenvolvimento de uma nova tradição intelectual. A IEML será a escrita culta dessa tradição. Essa escrita intrinsecamente multilíngue e calculável automaticamente tece relações semânticas entre os seus textos. Os dados públicos da Web constituem o precioso corpus de clássicos da nova tradição. E, finalmente, conversas criativas atuarão como hermeneutas associados livres extraindo o máximo de significado relevante do corpus. O objetivo final da nova tradição intelectual é o de domesticar o potencial de cálculo disponível no momento para que sirva à reflexividade da inteligência coletiva humana, e, assim, prepare o caminho para a civilização do futuro. LÉVY, Pierre. The Semantic Sphere: Computation, Cognition, and Information Economy. W iley-ISTE, 2011. Tradução: Luciana Lhullier Rosa

(Autorizado pelo autor)


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Conferencistas da 14ª Jornada Nesses 30 anos de Jornadas Literárias, foram muitas as conferências proferidas no Circo da Cultura. Nomes famosos, nacional e internacionalmente, como Frei Betto, Edgar Morin, Jostein Gaarder, entre outros, já expuseram suas ideias para os milhares de participantes das Jornadas, promovendo a construção de conhecimento em diversas áreas. Na 14ª Jornada Nacional de Literatura serão quatro conferências relacionadas ao seu tema norteador, Leitura entre nós: redes, linguagens e mídias. No dia 23 de agosto, o palestrante será o tunisiano Pierre Lévy, Doutor em Sociologia e em Ciências da Informação e da Comunicação, titular da cadeira de Pesquisa em Inteligência Coletiva, na Universidade de Ottawa, Canadá, e integrante da Sociedade Real do Canadá (Academia Canadense de Ciências e Humanidades). Em seus estudos Lévy aborda o papel fundamental das tecnologias na esfera da comunicação e a performance dos sistemas de signos na evolução da cultura em geral. Autor de uma dezena de obras filosóficas que tratam da comunicação na atualidade, é um dos mais importantes defensores do uso do computador, sobretudo a internet, para a ampliação e democratização do conhecimento humano. É o filósofo da cibercultura, do ciberespaço, da inteligência coletiva, do aprendizado cooperativo e da árvore do conhecimento.

No dia seguinte, 24, o músico, compositor e produtor musical, Cid Campos, aborda o tema “Um percurso musical através do design sonoro digital”. Campos atuou intensamente como baixista e compositor, assimilando a linguagem da música pop, do rock, do jazz e da MPB, além de ter participado dos grupos Papa Poluição, Sexo dos Anjos e Zipertensão. Especializando– se no tratamento sonoro e musical do texto poético, produziu o CD Poesia é Risco (Polygram, 1995) e, na linha de trabalho de musicalização das leituras de poemas, produziu outros dois CDs: Ouvindo Oswald e Profetas em Movimento. Em 2009 lançou pelo Selo Sesc o CD infantil CRIANÇAS CRIONÇAS, com o show poético-musical-teatral. Mais recentemente, criou com Arnaldo Antunes, Walter Silveira, Lenora de Barros, João Bandeira e Grima Grimaldi o espetáculo mulrtimída POEMIX BR. A par das apresentações de espetáculos “verbivocovisuais”, vem realizando aulas-shows e work-shows com tecnologia de ponta, como POEMÚSICA (2010), ao lado de Augusto de Campos e Adriana Calcanhotto.

“A comunicação do impresso ao digital” é a conferência do dia 25 de agosto, que será proferida pelos jornalistas Roberto Dias, Rinaldo Gama, Pedro Dória e Pedro Dias Lopes. Pedro Dória, editor-executivo de plataformas digitais e colunista de O Globo, foi editor-chefe de conteúdos digitais e colunista de O Estado de S. Paulo, Knight Latin American Fellow na Universidade de Stanford, e o primeiro jornalista brasileiro a ter um blog profissional. Trabalhou como colunista da Folha de S. Paulo e esteve entre os fundadores dos sites NO. e NoMínimo. Autor de quatro livros, sendo o último Eu gosto de uma coisa errada.

Rinaldo Gama, Doutor em Comunicação e Semiótica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), é editor do caderno Sabático - Um tempo para a leitura, de O Estado de S. Paulo. Antes, no mesmo jornal, editou os suplementos Cultura e Aliás. Montou e coordena o curso de pós-graduação em Jornalismo Cultural da Fundação Armando Álvares Penteado (Faap). Foi chefe do Departamento de Jornalismo da Faculdade de Comunicação e Filosofia da PUC-SP e editor executivo dos Cadernos de Literatura Brasileira. Publicou, entre outros livros, O guardador de signos: Caeiro em Pessoa, em 1995.

Roberto Prata de Lima Dias, formado em Jornalismo pela USP e pós-graduado na Universidade de Barcelona, assumiu a editoria de Novas Plataformas da Folha e acumulou a função de editor de Especiais. Começou em Esporte, passou também por Brasil, onde participou da edição de todas as eleições de 2002 a 2008, e por Mercado, além de ter sido correspondente em Nova York no período da Guerra do Iraque (2003).

Pedro Dias Lopes graduou-se em Jornalismo pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, tem pós-graduação em Economia Empresarial pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul e duas especializações no Master em Jornalismo - Centro de Extensão Universitária/Universidade de Navarral. Há 11 anos em Zero Hora, há dois o assumiu o cargo de Editor-chefe de notícias online do Grupo RBS no Rio Grande do Sul, que inclui os sites de zerohora.com, clicEsportes e todo o portal clicRBS. Lopes participa do desenvolvimento de produtos web e para as plataformas de mobile e tablet.


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Homenagem Especial a Josué Guimarães P

ara a realização das Jornadas de Literatura de Passo Fundo, em sua origem, foi necessária a união de duas forças para que pudesse ocorrer um evento literário a 300 quilômetros de Porto Alegre: havia a energia e as ideias de uma professora, a atual coordenadora geral das Jornadas, Tania Rösing, e havia um sujeito respaldado no sistema literário de então, o escritor Josué Guimarães. Foi essa personalidade, já prestigiada, que avalizou o encontro trazendo os escritores para Passo Fundo, no ato inicial do que seria essa grande movimentação cultural, as Jornadas, responsáveis por Passo Fundo ser, oficialmente, a Capital Nacional da Literatura desde 2006. Josué Guimarães nasceu em janeiro de 1921, em São Jerônimo. Após a primeira infância, transcorrida em Rosário do Sul, segue com

sua família para Porto Alegre, onde Josué conclui o ginásio e o curso secundário. No Colégio Cruzeiro do Sul, tradicional estabelecimento de ensino do Rio Grande do Sul, funda o Grêmio Literário Humberto de Campos e passa a escrever no jornal do colégio. Posteriormente, concluído o curso secundário e, após uma curta tentativa na medicina, em razão da sua incapacidade de assistir a sessões de anatomia, opta pelo que foi uma de suas vocações: o jornalismo. Exerce, em várias cidades, desde jovem, dentro e fora do Brasil, as funções de redator, desenhista, diagramador, colunista, comentarista, repórter, cronista, correspondente internacional, etc. Embora seja o jornalismo sua profissão, uma forte orientação política se estabelece em suas convicções, o que o envolverá em programas (e problemas) partidários. É, em 1951, pelo PTB, o vereador mais votado de Porto Alegre, chegando à vice-presidência da Câmara, mas em pouco tempo abandona o PTB ingressando no Partido Socialista. Tempos depois, abandona a vida pública, à exceção de em pequenos períodos, como no caso, anos depois, do cargo que irá exercer no governo de João Goulart, como diretor da Agência Nacional, atual Empresa Brasileira de Comunicação. Tal cargo,

aliado a um histórico de manifestações críticas, lhe valerá, após o golpe de 1964, a necessidade de viver por anos na clandestinidade em Santos e na cidade de São Paulo. Em 1969, descoberto pelos órgãos de segurança, Josué responde a inquérito em liberdade e, após, retorna a Porto Alegre. A partir dos anos 1970, dedica-se à literatura. Publica seu primeiro livro em 1970, a coletânea de contos Os ladrões, após ser premiado na segunda edição do Concurso de Contos do Estado do Paraná, um dos mais importantes do país na época. No espaço entre o início de sua carreira como escritor até sua morte, em 1986, publica várias obras, que conquistam uma multidão de leitores, entre elas, a trilogia inacabada de A ferro e fogo, os romances Os tambores silenciosos e Camilo Mortágua, a novela Enquanto a noite não chega e a obra que se encontra entre as que mais cativaram os jovens leitores na recente

história cultural da leitura no Rio Grande do Sul, a novela É tarde para saber. Esse livro marca o primeiro passo de uma vocação adquirida por Josué Guimarães a partir do final dos anos 1970 e, principalmente, na década de 1980: a formação de leitores. Sua obra infanto-juvenil se encontra concentrada nos seus últimos seis anos de vida, da mesma forma como, a partir de 1981, Josué se engaja no projeto das Jornadas Literárias de Passo Fundo. O autor homenageado na 14ª Jornada Nacional de Literatura de Passo Fundo sabia que só se constrói um país formando leitores.

Para conhecer mais sobre a vida e a obra do escritor, acesse o Acervo Literário de Josué Guimarães: http://www.upf.br/aljog


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MEMÓRIA FOTOGRÁFICA

Cristovão Tezza - vencedor do 6º Prêmio Passo Fundo Zaffari & Bourbon de Literatura

Espetáculo de abertura - Grupo Tholl

Troféu Vasco Prado - Pedro Bandeira e Dalva Bisognin

Equipe de apoio - Jornadetes

Festerê Literário nos coletivos urbanos

Pré-Jornada - campus UPF Sarandi


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Escritores presentes na 14ª Jornada Nacional de Literatura

A

Petrobras, através da Seleção Pública do Programa Petrobras Cultural, oferece à sociedade brasileira um programa de patrocínio a projetos culturais marcado pela consistência, abrangência e continuidade da sua proposta. Estruturado de forma a atingir todas as etapas da cadeia produtiva da economia da cultura, contempla iniciativas que vão desde a etapa de pré-produção até a do consumo final dos bens e serviços culturais, ativos intangíveis da economia nacional. Atendendo às demandas dos agentes culturais - artistas, produtores, fornecedores, pesquisadores e público fruidor, o Programa Petrobras Cultural abrange três linhas de atuação: produção e difusão, preservação e memória e formação e educação para as artes em diferentes linguagens (artes cênicas, artes visuais, cinema, fotografia, música, literatura, patrimônio e artes integradas). Conheça os escritores e um trecho de suas obras contemplados com a Bolsa de Criação Literária do Programa Petrobras Cultural. Programa Petrobras Cultural: http://www.petrobras.com.br/ppc

Gustavo Bernardo Nasceu na cidade do Rio de Janeiro em 1955. É Mestre em Literatura Brasileira, Doutor em Literatura Comparada e professor de teoria da literatura e no Instituto de Letras da Universidade do Estado do Rio de Janeiro onde também coordena o Curso de Mestrado em Teoria da Literatura e Procientista. Na sombra das atividades acadêmicas, escreveu entre outros, Pálpebra, poesia; Pedro Pedra, Redação inquieta, ensaio; Menina, Quem pode julgar a primeira pedra?, A alma do urso, A filha do escritor contemplado pelo Programa Petrobras Cultural 2006/2007, e lançado pela editora Agir em 2008. Esta obra recebeu indicação para o 7º Prêmio Portugal Telecom de Literatura 2009 e para o 6º Prêmio Passo Fundo Zaffari & Bourbon de Literatura 2009. Em 2010 publicou O gosto do apfelstrudel.

Tatiana Salem Levy

Nasceu em Lisboa em 1979, mas aos nove meses sua família mudou-se para o Rio de Janeiro. É judia, portuguesa e possui ascendência turca, mas se considera brasileira. Formou-se em Letras pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, fez mestrado sobre Estudos Literários na Pontifícia Universidade Católica do Rio. Tatiana é também tradutora e Doutora em Estudos de Literatura. Morou na França e nos Estados Unidos. Seu gosto pela literatura é anterior à formação acadêmica e vem desde a infância, por influência dos pais. Sua primeira publicação, A experiência de fora: Blanchot, Foucault e Deleuze, (2003), é um livro teórico, resultado de sua dissertação de mestrado. Também publicou uma série de artigos acadêmicos em revistas e sites de literatura. Seu livro A chave de casa conquistou o Prêmio São Paulo de Literatura de 2008, como Melhor Livro Estreante, e no mesmo ano foi finalista dos prêmios Jabuti e Passo Fundo Zaffari&Bourbon de Literatura. Esta mesma obra foi publicada em Portugal e na Espanha e sairá em breve na Itália, na França e na Turquia. Juntamente com Adriana Armony, organizou o livro Primos: histórias da herança árabe e judaica. A obra Dois Rios é seu segundo romance e será publicado pela Record em outubro de 2011.

Paulo Scott Paulo Henrique Rocha Scott nasceu em Porto Alegre, mas reside no Rio de Janeiro desde 2008. Tem cinco livros publicados. Em Histórias curtas para domesticar as paixões dos anjos e atenuar os sofrimentos dos monstros (2001), usou o pseudônimo Elrodris. Em 2004 foi um dos três finalistas do Prêmio Açorianos de Literatura com o livro de contos Ainda orangotangos (2003), reeditado em 2007. Em 2005, publicou o romance Voláteis, com o qual conquistou o prêmio Autor Revelação do Ano de 2005 - Prêmio Jornal O Sul /Câmara Rio-Grandense do Livro/Governo do Estado do Rio Grande do Sul. No mesmo ano, corroteirizou o filme O início do fim (curta-metragem de Gustavo Spolidoro, 2005, ganhador do prêmio de Melhor Curta Brasileira no Prêmio Jameson Short Film Awards / European Coordination of Film Festivals. Em 2006 publicou A timidez do monstro e Senhor escuridão. Neste mesmo ano, foi convidado do Off-Flip (evento oficial paralelo à Festa Literária Internacional de Parati) e escreveu a peça Crucial dois um (texto de dramaturgia, contemplado no Prêmio Funarte de Teatro Myriam Muniz), que estreou em Porto Alegre em 2007. Ainda em 2006, ocorreram as filmagens do longa-metragem Ainda orangotangos, adaptação de oito contos do livro Ainda orangotangos (projeto contemplado no edital para produção de longas-metragens de baixo orçamento do Ministério da Cultura de 2005 ) e vencedor do 13º Festival de Cinema de Milão, com direção de Gustavo Spolidoro. É também colunista semanal do Portal Terra http://terramagazine.terra.com.br. Em 2010 foi contemplado com a Bolsa Petrobras de Criação Literária com a obra Habitante irreal, que será lançado ainda este ano.


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Trecho da obra A filha do escritor Gustavo Bernardo Ainda estou aqui. Você também ainda está aí. Mas já respiro um pouco melhor. Leonela veio me dizer que Lívia dorme bem, aparentemente relaxada. Não é hábito da minha dedicada enfermeira vir me contar como os pacientes estão dormindo, mas compreendo seu cuidado. O que me espanta é o tom de preocupação, a delicadeza com que ela fala de Lívia e, principalmente, a delicadeza com que de repente ela está falando comigo. Não identifiquei nenhum tom de ironia, mas quem sabe. Parece que a filha do escritor está mexendo com o hospital ou, pelo menos, comigo e com Leonela. Já respirando assim, um pouco melhor, posso pensar por que estou tão envolvido. Lívia é bonita, sim, mas não é mais bonita do que muitas outras mulheres que conheci, pacientes ou não. Aliás, é muito difícil que uma mulher paciente de um hospital psiquiátrico seja bonita; se foi um dia, a doença normalmente terá devastado a sua beleza, o que não é o caso de Lívia. O que me impressiona é outra coisa, de que venho evitando falar. Desde que ela chegou no hospital, pedindo para que a hospedássemos até que o seu pai a encontrasse aqui, fiquei com a sensação, ora incômoda ora prazerosa, de que a conhecia desde pequena – ou melhor, desde que eu mesmo era pequeno. Enquanto ela alucinava com o seu filho Luís, o menino imaginário, eu me sentia dentro de um sonho, eu me sentia encontrando a pessoa que sempre procurei pela vida. Que essa pessoa seja, digamos, ligeiramente louca, permanece no canto do cérebro como uma ironia cruel do destino. Na maior parte do tempo e nos demais recantos do cérebro, eu me sinto feliz de estar aqui, neste hospital, como nunca havia me sentido antes. A junção da minha Lívia, se me permite o possessivo, com a Lívia de Machado de Assis, aquela do seu primeiro romance, me dá um personagem diferente. Não ria, mas é como se eu estivesse dentro de um livro e por isso mesmo minha vida tivesse passado a ser mais intensa do que a vida que eu tinha antes na realidade, fora do livro. Chego a achar que a vida sem Lívias é que é uma vida de marionete, que a vida verdadeira é essa, no meio das histórias do escritor e das alucinações emocionantes da minha paciente. Ah, sou eu que estou alucinando agora? Permita-me citar o doutor Giovanni Jervis, que no seu livro mais importante afirmava peremptoriamente: “só uma minoria dos casos de alucinação se deve a uma disfunção neurológica, isto é, a uma espécie de distúrbio elétrico-cerebral. A alucinação é próxima e afim da percepção cotidiana”. Dizendo de outra maneira: tanto pode ser que a forma como vejo Lívia seja uma alucinação quanto que eu mesmo seja a tua alucinação. Sim, a tua, não a de Lívia, usei a segunda pessoa para desfazer qualquer ambigüidade. É, alguma hora eu mesmo vou acabar por interná-lo, meu amigo.

A filha do escritor, de Gustavo Bernardo, teve patrocínio da Petrobras para sua realização. Para mais informações, acesse: www.petrobras.com.br/ppc


10 - Jornal do Centro de Referência de Literatura e Multimeios

Passo Fundo, agosto de 2011 - Ano XIV

Trecho da obra Dois Rios Tatiana Salem Levy Depois de duas horas de caminhada, um longo corredor de palmeiras nos recepciona. Enormes caranguejos azulados afundam suas patas no mangue do lado esquerdo de quem chega. Lembro-me perfeitamente da última vez que aqui estive, há vinte e um anos. Na entrada do vilarejo, um guarda pede nossos nomes. Enquanto os anota num ficheiro, vejo o horizonte se desenrolar de forma assustadora. Dois Rios se transformou numa cidade fantasma. Musgos se espalham por todos os cantos: Pela igreja, o chafariz, os postes de luz, a bicicleta solitária, as casas abandonadas. O gramado cresce sem governo, há ferrugem nos bancos da praça, as heras sobem os muros das construções. O cenário seria bonito, não fosse para mim a imagem escancarada da passagem do tempo. Dois Rios tornou-se um fantasma: As mesmas casas, a mesma praça, as mesmas ruas, carcomidas pelo abandono e a umidade. Lembro-me tanto, de tudo. Mais do que eu imaginava. Vejo-me a correr com as outras crianças, a pipa no céu, os cães atrás de nós; vejo-nos a jogar amarelinha, a comer churrasco no gramado, brincar de esconde-esconde, de pega-pega. A pele vermelha descascando, as pernas cobertas por mordidas de mosquito, a roupa sempre suja de terra, rasgada por conta dos tombos que levávamos. Os destroços anunciam que esse tempo acabou, e não foi ontem. Estico o olhar, e vejo no extremo oposto a entrada do presídio. A rua principal de Dois Rios começa na igreja e termina no presídio, que foi implodido. Eu sabia disso, mas assim, real, saltando aos olhos – a fachada quase intacta e o vazio por trás –, o efeito é outro. Na minha infância, a colônia penal dava argamassa aos nossos dias. Embora não pudéssemos entrar lá e ignorássemos a rotina dos presidiários, as atividades do povoado giravam em torno dela. Era para onde iam meu avô e quase todos os outros homens, com exceção de alguns jovens que trabalhavam como pescadores ou iam e voltavam para Abraão. Caminho por Dois Rios como se caminhasse por um cemitério. Não há vida, apenas restos de um vilarejo cercado pela mata de um lado e o oceano do outro. Aos poucos, à medida que as lembranças se diluem, a destruição começa a ganhar beleza: A beleza do tempo posterior ao desastre. A beleza dos destroços, das ruínas. Caminhar por Dois Rios é como caminhar entre os mortos, os meus e os outros, o sopro de vozes antigas aquecendo o ouvido em cada esquina. Vejo o mar, e bastaria seguir a trilha para alcançar a areia. Um rio em cada canto da praia, o oceano no meio. Então me volta tudo e vivo novamente as noites em que eu e meu irmão fugíamos de casa, enquanto nossos avós dormiam, nos refugiávamos onde o rio caudaloso deságua no mar e aguardávamos estrelas cadentes surgirem no céu para fazer pedidos.

Dois Rios, de Tatiana Salem Levy, teve patrocínio da Petrobras para sua realização. Para mais informações, acesse: www.petrobras.com.br/ppc


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Jornal do Centro de Referência de Literatura e Multimeios - 11

Trecho da obra Habitante Irreal

Paulo Scott

“Me diga, Rener, de onde você é?”, pergunta. “Sou de Paris. Sabe? Aquela cidade que fica em Paris, conhece?”, deixando escapar o primeiro sorriso. “Como Londres fica em Londres?”, tenta acompanhá-la. “Não, a situação de Londres é completamente diferente”, e dá um gole no refrigerante que está bebendo. “Uma típica parisiense”, ele diz. “Gosto da geografia, mas não sou uma parisiense típica, não tenho o humor e a cretinice da cidade, não me orgulho de ter nascido lá... Quero dizer, não faz diferença ter nascido lá”, puxa-o pro lado da parede, a conversa deles está dificultando a passagem dos outros. “Não é uma bairrista, uma nacionalista. É o que você quer dizer?”, comenta (há sempre margem de erro entre pessoas que falando línguas diferentes usam uma terceira pra se comunicar). “Não acredito nas nacionalidades... Como não acredito em vítimas... Minha presença no ato pró-Mandela foi apenas pra ver até onde o discurso daqueles dois iria, e se cairiam no velho truque de vitimizar, no sentido de vitimização de pessoas”, diz determinada. “É o tipo de resposta que me faz precisar duma noite inteira pra entender e outra noite inteira pra rebater à altura”, ainda mais convencido de que já a viu antes. “Ok, estou pegando pesado com você, não é?”, ela segura o seu braço, “mas posso garantir: sou uma pessoa legal”, dá o último gole no refrigerante que está tomando. “Gosto de quem pega pesado”, Paulo diz envergando os braços e estufando o peito na tentativa de reproduzir a pose do marinheiro Popeye sem, contudo, lembrar como era a pose do marinheiro Popeye. “Que tal sairmos daqui, Paulo?”, ela propõe. E alguém bate no ombro dele. “Cuidado com essa preta, é altamente perigosa”, diz em voz alta Drake. “Você que lê até bula de remédio, leu a TNT da semana passada? Tinha uma foto da beldade aí ocupando quase meia página da revista”. E Paulo se dá conta de onde a conhece “É, camarada, minha ex-colega de Restaurante Sol é importante, foi apontada como a mais ousada entre os três líderes squatters que estão tirando a tranquilidade dos donos de grandes propriedades no sul de Londres”, completa. “Só invadimos propriedades vazias”, ela diz, “e, claro, moradias do governo”. Drake beija sua testa. “Te amo”, e em seguida falando só em português, “sempre quis comer, nunca consegui”, e voltando ao inglês, “ela já te contou, Paulo, que é fanática por Nietzsche?”. Paulo sacode a cabeça. “Nietzsche”, Drake prossegue, “a Coca-Cola da intelectualidade sub-vinte”. Rener se inclina na direção de Paulo e cochicha: “Gosto bastante do livro Ecce Homo, e é só”. Fabio puxa Drake pelo braço. “Aí, cabeça, usa teus conhecimentos filosóficos e consegue mais umas cervejas pros conterrâneos”. Drake faz sinal de vamos em frente, e saem. “Amo você também, Drake”, e se voltando pra Paulo (e antes de dizer que seu problema não é estar com vinte e seis anos e ainda gostar de Nietzsche) Rener põe as mãos em seu rosto e o beija na boca, diz que farão como dois homens francos devem fazer quando sentem que entre eles há chance de uma grande amizade.

Habitante Irreal, de Paulo Scott, teve patrocínio da Petrobras para sua realização. Para mais informações, acesse: www.petrobras.com.br/ppc


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Passo Fundo, agosto de 2011 - Ano XIV

Seminários, Encontros e Simpósio da 14ª Jornada Nacional de Literatura 4º Encontro Nacional da Academia Brasileira de Letras Período: 23 a 26 de agosto de 2011 Horário: das 8h30min às 11h30min Local: Auditório do Iceg (prédio B5) – Campus I – UPF

A consolidação da presença dos imortais na Jornada Nacional de Literatura objetiva enfatizar a importância de se discutir a leitura dos clássicos da literatura brasileira com acadêmicos, professores e alunos. Ao comentar as obras de sua preferência, a intenção é estimular jovens, leitores em formação, leitores relutantes a penetrarem nessa leitura nem sempre muito fácil, porém, fascinante. Pois, como destaca Calvino, as obras clássicas são aquelas que, “constituem uma riqueza para quem as tenha lido e amado; mas constituem uma riqueza não menor para quem se reserva a sorte de lê-las pela primeira vez nas melhores condições para apreciá-las”.

10º Seminário Internacional de Pesquisa em Leitura e Patrimônio Cultural Período: 23 a 26 de agosto de 2011 Horário: das 8h30min às 11h30min Local: Auditório da Odontologia (prédio A7) – Campus I – UPF Coordenação: Maria Del Mar Campos Fernandez Figares

O Seminário Internacional de Pesquisa em Leitura e Patrimônio Cultural é um evento itinerante que, desde 2003, faz sede em Passo Fundo nos anos de Jornada Literária. Nos anos pares, vem alternando o encontro em cidades como Badajós, Espanha (2002), Paris (2004), Cuenca, Espanha (2006), Almeria, Espanha (2008) e Cáceres, Espanha (2010). Em 2011 o encontro novamente acontece em Passo Fundo. Durante cinco dias, a décima edição do seminário integra a programação da 14ª Jornada Nacional de Literatura, no turno da manhã. Os debates serão realizados a partir do tema “Culturas, leituras e interações: das comunidades orais às redes sociais”.

Simpósio Internacional de Literatura Infantil e Juvenil

Período: 23 a 26 de agosto de 2011 Horário: das 8h30min às 11h30min Local: Auditório da Biblioteca – Campus I – UPF Coordenação: José Luís Ceccantini

3º Encontro Estadual de Escritores Gaúchos – a criação literária em debate

Período: 23 a 26 de agosto de 2011 Horário: das 8h30min às 11h30min Local: Auditório do Centro de Educação e Tecnologia (prédio B3) – Campus I – UPF Coordenação: Luís Augusto Fischer

O Encontro Estadual de Escritores Gaúchos é uma iniciativa organizada pelas Jornadas Literárias, desde 2007, com o objetivo de proporcionar a troca de experiências entre escritores atuantes no Rio Grande do Sul, e entre os participantes do Circo da Cultura. Trata-se de escritores gauchescos, em torno de temas diversos e interessantes para eles, assim como para todos os amantes da literatura, ou seja, não há uma limitação em torno do local de nascimento.

Com o tema “Literatura para crianças e jovens: por um novo pensamento crítico”, durante os quatro dias em que acontecerá o Simpósio Internacional de Literatura Infantil e Juvenil, especialistas discutirão, em quatro mesas, as seguintes temáticas: Mercado e criação literária, A literatura além do verbal, Temas polêmicos na literatura para jovens e Literatura, signos e suportes contemporâneos.

2º Seminário Internacional de Contadores de Histórias Período: 23 a 26 de agosto de 2011 Horário: das 8h30min às 11h30min Local: Auditório da Feac (prédio B6) – Campus I – UPF Coordenação: Celso Sisto

O 2º Seminário Internacional de Contadores de Histórias visa reunir vozes expressivas e atuantes da área da narração oral como arte, a fim de refletir e debater essa importante linguagem artística, tão coerente com nosso tempo e espaço. Tornar-se um contador de histórias é um longo caminho. Esse é também um investimento que requer uma série de atenções: uma bagagem de leitura, um conhecimento do fazer literário, o treino de habilidades corporais e vocais e o domínio paulatino de uma linguagem artística.


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Jornal do Centro de Referência de Literatura e Multimeios - 13

Shows e Espetáculos Intrépida Trupe dá as boas-vindas ao Circo da Cultura As aberturas das Jornadas Literárias são sempre um espetáculo à parte: teatro, música e dança recepcionam aqueles que participarão dos quatro dias de cultura e arte. Na 14ª Jornada Nacional de Literatura, o grupo Intrépida Trupe dará as boas-vindas aos leitores. Ao longo de 24 anos de vida, o Intrépida Trupe desenvolveu uma linguagem híbrida, na qual a acrobacia, o teatro e a dança sempre estiveram presentes de forma significativa. O aprofundamento dessa pesquisa fez surgir uma qualidade de movimento vigorosa e arrojada, provocada por estímulos e estados nem sempre convencionais, tornando-se uma assinatura do grupo, que já conquistou seis prêmios nacionais e internacionais, além de serem pioneiros do novo circo no Brasil.

Show musical Poesia e risco no lago da palavra O repertório do espetáculo contém músicas de autoria de Cid Campos e parcerias com os poetas Haroldo de Campos, Augusto de Campos, Ronaldo Azeredo, Arnaldo Antunes, Lenora de Barros, Walter Silveira e outros. Trata-se de um mix de seus 3 Cds: Poesia é Risco, em parceria com Augusto de Campos, No Olho do Lago e Fala da Palavra. O espetáculo conta também com projeções em vídeo das animações de poemas criadas por Augusto de Campos, Walter Silveira e Sérgio Zeigler.

Pouca Vogal - Humberto Gessinger e Duca Leindecker Pouca Vogal é um projeto paralelo de rock brasileiro criado pelos cantores gaúchos Duca Leindecker (líder e guitarrista da banda Cidadão Quem) e Humberto Gessinger (líder e baixista do grupo Engenheiros do Hawaii). No ano de 2008, ambas as bandas encerraram as turnês dos seus respectivos discos, interrompendo as suas atividades e viabilizando a realização do projeto, há bastante tempo idealizado pelos cantores. Em março de 2009, o duo gravou o CD, DVD e blu-ray Pouca Vogal ao Vivo em Porto Alegre, no teatro do CIEE, na capital gaúcha. O show reúne músicas da Engenheiros e da Cidadão Quem, além das músicas que a dupla compôs durante o ano de 2008.

Irmãos Caruso e banda no encerramento da 14ª Jornada O público da 14ª Jornada Nacional terá a chance de prestigiar na noite de encerramento da Jornada o humor musical da banda Conjunto Nacional. Composto pelos gêmeos cartunistas Paulo e Chico Caruso, o grupo promete novas canções como “O Rap do Kadafi” e “O Pepino do Palocci”. Integram também a formação da irreverente banda o escritor Luis Fernando Veríssimo (no sax alto) e o chargista Aroeira (no sax tenor).

SAGRAÇÃO DA PALAVRA Paulo Becker / Humberto Gessinger

Espetáculo Parem de falar mal da rotina será atração na Jornada Este espetáculo é um modo de vida, é uma visão de existência. É a maneira com que Elisa Lucinda, atriz, roteirista e diretora da peça, consegue expressar sua urgência e inquietude na busca interminável da liberdade de se poder viver plenamente, sem os famosos cárceres que nós mesmos nos impomos. A peça une histórias vividas e ouvidas por Elisa, como observadora do cotidiano, além dos poemas retirados dos livros O Semelhante e Eu te amo e suas estreias. É bom lembrar que esse é um espetáculo de utilidade pública, ou seja: interessa a pessoas de qualquer faixa etária e a todas as classes sociais, porque é um espelho do ser humano. O público se sente íntimo, rindo de si mesmo. E assim voltamos à história do teatro na sua origem grega, o de ter uma função social e levar a plateia à catarse vendo e expurgando os seus próprios erros.

pelo espaço-tempo viaja a palavra deletando os vácuos do esquecimento das placas de barro de antigos sumérios chega ao livro impresso salta pra internet mas cadê você que não me tecla mais a rede emudeceu sem tuas palavras mas cadê você, refaça a conexão crie outros nós entre nós a palavra lava as mágoas da alma a palavra leva a clandestina ideia a palavra louva o soberbo amor a palavra cria nós entre nós mas cadê você que não me tecla mais a rede emudeceu sem tuas palavras mas cadê você refaça a conexão crie outros nós entre nós a palavra livra o grito oprimido a palavra luta contra a força bruta a palavra cria nós entre nós a palavra cria nós entre nós


Passo Fundo, agosto de 2011 - Ano XIV

14 - Jornal do Centro de Referência de Literatura e Multimeios

Programação Paralela Exposições Largo da Literatura – Praça Armando Sbeghen – Av. Brasil Leste Arte e rede - trabalhos realizados por acadêmicos do curso de Artes Visuais – FAC-UPF Museu de Artes Visuais Ruth Schneider – Av. Brasil, 750 - Centro Poesia da Imagem do MAC do Rio do Grande do Sul

Mostra Fotográfica Centro de Eventos - Campus I – UPF Escola de valor - Editora Moderna

Centro de Eventos – Campus I –UPF Livro- Álbum –Editora Moderna, Editora Cosac Naify, Edições SM Vídeo Interativo - Giselle Beiguelman qr-poem- Giselle Beiguelman 30 anos das Jornadas Literárias Cartuns - Era Lula, Agora é Dilma: Chico Caruso, Paulo Caruso e Aroeira Josué Guimarães: 90 anos de vida (Acervo Literário – Josué Guimarães) TRINCA - grupo A flecha - Porto Alegre-RS 4º ECOCARTOON- Brasília-DF

Circo da Cultura – Praça de Alimentação – Campus I - UPF Infinitos Nós – Grupo da foto - Passo Fundo

Circo da Cultura - espaço externo do complexo de lonas – Campus I UPF Palavras em rede: Grupo Bando de Barro, professores e alunos da UPF, UFRGS e artistas convidados - coordenado pelos artistas Rodrigo Núñez e Luciane Campana Tomasini.

Conferências para Áreas Específicas Auditório da Faculdade de Direito - Campus I- UPF 25/8 - 8h30min e 19h30min - Pode alguém ser condenado porque não chorou no enterro da mãe? Uma leitura de O estrangeiro, de Albert Camus - Professor Doutor Jacinto Nelson de Miranda Coutinho

Café Literário Centro de Convivência – Campus I – UPF 23/8 – 17h – Vitor Ramil, com mediação de Luís Augusto Fischer 24/8 – 17h – Vencedor do 7º Prêmio Passo Fundo Zaffari & Bourbon de Literatura, com mediação de Ignácio de Loyola Brandão 25/8 – 17h – Marco Lucchesi, com mediação de Luciana Savaget

Auditório da Faculdade de Ciências Econômicas, Administrativas e Contábeis – Campus I- UPF 23/8/11 – 19h30min – Livro: perspectivas de negócios - Pedro Herz (Livraria Cultura)

Espetáculos e Feira do Livro Oficinas TECNOLOGIA ASSISTIVA: NVDA CONEXÕES SEM LIMITES – Carlos Fernando Petry Laboratório Central de Informática – Campus I – UPF – (prédio B 5 – sala 9) 23, 24 e 25/8 - 8h30min às 11h30min REPRESENTAÇÕES SOBRE AS IDENTIDADES E A DIFERENÇA SURDA NO CINEMA – Adriana da Silva Thoma IFCH – Campus I – UPF – (prédio B 4 – sala 01) 23, 24 e 25/8 - 8h30min às 11h30min CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS PARA CRIANÇAS COM DEFICIÊNCIA VISUAL – Cibele da Costa Hubner Laboratório Central de Informática – Campus I – UPF – (prédio B 5 – sala 104) 24/8 – 14h às 16h

Circo da Cultura – Campus I –UPF 23 a 26/8 – 12h e 17h – Grupo de Teatro De Pernas Pro Ar - Cortejo espetáculo: banda circense FÁBULAS COM A TURMA DA MÔNICA - PARQUE Circo da Cultura – Campus I - UPF 22 a 26 – 9h às 22h CENTRO CULTURAL SESI Circo da Cultura – Campus I – UPF 22 a 26/8 – 9h às 22h - Biblioteca móvel FABULOSO Circo da Cultura – Campus I – UPF 23 a 26/8 – Ônibus-Biblioteca – SME/UP FEIRA DO LIVRO Circo da Cultura- Campus I – UPF Lançamentos de livros - Autógrafos 23 a 26/8/2011


Passo Fundo, agosto de 2011 - Ano XIV

Mundo da Leitura - 14 anos

O

Centro de Referência de Literatura e Multimeios – Mundo da Leitura completa 14 anos no dia 6 de setembro de 2011. Estamos muito felizes e gostaríamos de compartilhar com você a nossa alegria. Nesses 14 anos muitas pessoas nos visitaram, leram livros, histórias em quadrinhos, assistiram a filmes, ouviram músicas e navegaram na internet. Participaram com a turma da escola de atividades leitoras desenvolvidas pelos monitores, no espaço da arena. Organizaram grupos de amigos para jogar RPG nas tardes de sábado. Se você ainda não conhece o Mundo da Leitura, pode vir com a sua escola, professores e colegas para participar de atividades de leitura que envolvem diferentes linguagens e suportes variados – do impresso ao digital. Você também pode vir com seus amigos aos sábados pela manhã das 8h às 12h e à tarde das 13h30min às 17h30min. Além disso, pode fazer um cadastro e realizar o empréstimo de livros para ler em casa. Queremos que você faça parte do Mundo da Leitura.

Programa Mundo da Leitura na TV

Jornal do Centro de Referência de Literatura e Multimeios - 15

Largo da Literatura Praça Armando Sbeghen Nos últimos anos, o visual das praças de Passo Fundo está sendo alterado, o que consolida cada vez mais o município como Capital Nacional da Literatura. Além de servir de ponto de encontro para passo-fundenses e turistas, os espaços incentivam a formação de novos leitores, através de monumentos e ambientes para leitura. Nesse sentido, o Largo da Literatura, localizado na praça Armando Sbeghen, oferece visitas agendadas para escolas, mediante agendamento prévio, além de atividades como contação de histórias e de práticas leitoras direcionadas ao público participante. Os alunos percorrem o “Circuito do Largo”, onde monitores apresentam e contam histórias das sete etapas do trajeto: Árvore de Letras, arena, túneis de leitura I e II, rio Passo Fundo, monumento aos Tropeiros, e o quiosque de leitura. No quiosque de leitura, são disponibilizados livros para empréstimo para a comunidade. Também nesse espaço é oferecido, em parceria com a UPF e a ONG Junior Chamer International, um curso de inclusão digital gratuitamente com duração de uma semana. O Largo da Literatura tem sido palco para diferentes manifestações

artísticas. Neste ano realizamos o Festerê Literário, evento que prepara a cidade de Passo Fundo para receber uma das maiores movimentações culturais da América Latina, a Jornada Nacional de Literatura. Contação de histórias, oficinas, microespetáculos de bonecos e dança foram algumas das Para agendar uma visita ao Largo da Literatura, entre em contato pelo telefone 3314-6911 ou por e-mail: largodaliteratura@pmpf.rs.gov.br. Horário de funcionamento: das 8h às 18h de segunda a sábado.

Lançamentos e Publicações O Mundo da Leitura na TV é um programa de TV produzido pela Universidade de Passo Fundo e exibido nacionalmente no Canal Futura. As aventuras de Gali-Leu e sua turma são elaboradas por uma equipe interdisciplinar que envolve os cursos de Letras, Artes e Comunicação, Educação, Ciências Exatas e a UPFTV. De forma lúdica e dinâmica, as diversas linguagens apresentadas - manipulação de bonecos, leitura e encenação de textos infantis, artes gráficas, música, entre outros - servem de incentivo para o desenvolvimento da criatividade, do raciocínio lógico e, principalmente, para a criação do hábito da leitura entre as crianças.

Assista ao programa Mundo da Leitura na TV n Canal Futura e UPFTV Quarta - 10h30min Reprises: n Canal Futura e UPFTV - sábado - 11h n Canal Futura - domingo - 9h UPFTV – 19h n Canal Futura - segunda - 12h30min. Como sintonizar os canais n Canal Futura Se você tem antena parabólica, sintonize na polarização vertical 20. Na TV por assinatura, em parceira com a Glo¬bosat, estamos nos seguintes canais: - no canal 32 da Net para todo o Brasil (canal 26 para a cidade de Passo Fundo - RS) - no canal 37 da Sky - no canal 163 da DirecTV • Em São Gonçalo - RJ: canal 18 UHF n Canal: UPF TV - canal 4 VHF Alcance: Passo Fundo, Sertão, Mato Castel¬hano, Pontão, Coxilha, Ernestina, Tio Hugo, Ibirapuitã, Soledade e Carazinho [RS]. n Em Marau - RS: canal 54 UHF n Em Carazinho - RS: canal 20 UHF

Questões de literatura na tela Miguel Rettenmaier Tania M. K. Rösing (Org.)

Arte e tecnologia: novas interfaces (anais da 13ª Jornada Nacional de Literatura) Miguel Rettenmaier Tania M. K. Rösing (Org.)

Conversa com escritores: arte e tecnologia Tania M. K. Rösing Paulo Becker Eliana Teixeira (Org.)

Mediação de Leitura: discussões e alternativas para a formação de leitores Fabiano dos Santos José Castilho Marques Neto Tania M. K. Rösing (Org.)

A Jornada de Josué (Documentário) Direção: Deisi Fanfa


PROMOÇÃO:

PATROCÍNIO:

APOIO:

COOPERAÇÃO:

FINANCIAMENTO:

Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação

Ministério da Educação

Ministério da Cultura

Ministério do Turismo


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