Jornal Mundo da Leitura nº. 35

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Mundo da

Leitura

Jornal do Centro de Referência de Literatura e Multimeios - Ano XIII - edição nº 19 - agosto de 2010 - Passo Fundo - RS

Práticas leitoras multimidiais 2010 pág 8 e 9

Livro do Mês: 32 edições de sucesso pág 5

Mais três Largos da Literatura inaugurados em Passo Fundo pág 10


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Passo Fundo, agosto de 2010 - Ano XIII

Editorial

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ais um exemplar do Jornal Mundo da Leitura é oferecido aos leitores já seduzidos pela leitura e aos que estão em processo de envolvimento com o ato de ler em suas infinitas modalidades. Iniciamos nosso décimo terceiro ano de intensa atividade pela formação de (neo)leitores. Durante o ano de 2009, o Centro de Referência de Literatura e Multimeios, embalado na preparação da 13ª Jornada Nacional de Literatura, desenvolveu práticas leitoras multimidiais focadas no tema Arte e Tecnologia: novas interfaces. Considerando o grande entusiasmo dos leitores de distintas faixas etárias sobre o tema, revelado no entusiasmo pela leitura em diferentes suportes, do impresso ao digital, a equipe responsável pelas ações do Mundo da Leitura decidiu focar as práticas leitoras de 2010 no tema: Arte e Tecnologia: novos desafios. Como potencializar as vivências de leitura no âmbito do Centro de Referência? O grupo todo se dedicou muito na criação de roteiros de práticas leitoras em duas etapas, observando os distintos públicos: a primeira, prevendo o que os usuários deverão realizar no momento da visita ao Centro e, na segunda, sugerindo atividades de leitura para serem desenvolvidas na escola, num processo de continuidade peculiar à formação do leitor. Assim, cada professor que acompanha os alunos na visita, participa da prática realizada no Mundo da Leitura e, deseja-se, que possa estar estimulado a dar continuidade ao trabalho, levando consigo uma cópia impressa com as sugestões. Dessa forma, pretendese ampliar o interesse pelo desenvolvimento

Expediente Mundo da Leitura é uma publicação do Centro de Referência de Literatura e Multimeios. Ano XIII – nº 19 – agosto de 2010 – Curso de Letras – IFCH/UPF Coordenação: Tania M. K. Rösing Conselho Editorial: Professores Adriano C. Teixeira, Eládio V. Weschenfelder, Fabiane V. Burlamaque, Miguel Rettenmaier, Paulo Becker, Tania M. K. Rösing Editor responsável por esta edição: Bruno Philippsen Monitores: Bruno Philippsen, Elenice Deon, Eliana Teixeira, Eliana Leite, Elisângela de F. F de Mello, Lisandra Blanck, Lisiane Vieira,

viabilizando a leitura em espaço público para leitores com as mais variadas preferências temáticas: estão sendo inaugurados quatro túneis na Praça Antonino Xavier, localizada em frente ao Hospital da Cidade, dedicados à literatura brasileira para adultos e jovens; no canteiro da Avenida Brasil, ao lado do monumento dedicado ao Teixeirinha, um túnel receberá a adesivação de textos gauchescos, procurando atender ao grande público que aprecia o tradicionalismo gaúcho e suas manifestações; em frente ao prédio da Academia Passo-fundense de Letras, no canteiro localizado na Avenida Brasil esquina com a Rua Teixeira Soares, outro túnel abrigará textos cômicos, mostrando ao público em geral fragmentos da comédia grega até os textos humorísticos contemporâneos. Assim, Passo Fundo vai-se consolidando como Capital Na-

de práticas leitoras multimidiais, atendendo à ampliação do conceito de leitura e à necessidade de desenvolver leituras em diferentes suportes e mídias. Percebe-se não apenas no Brasil, mas na América Latina, uma grande movimentação em torno da leitura. seminários, congressos, feiras do livro, festas literárias, bienais se multiplicam. O que se constata, no entanto, é a falta de entusiasmo dos mediadores de leitura (professores, pais, cuidadores, bibliotecários) para se transformarem em leitores, para ampliarem o repertório pessoal de leitura, qualificando-o com vistas ao repasse dessas experiências às pessoas com quem atuam, com quem convivem. Seus desempenhos docentes são extremamente tímidos se cotejados ao universo digital que se descortina não apenas às crianças e jovens, mas às pessoas de diferentes idades, recobrindo as modalidades de leitura com novas roupagens, sem dúvida, criativas e estimuladoras. Criou-se, em Passo Fundo, o Plano Municipal do Livro e Leitura com o objetivo de reunir ações de leitura, potencializá-las, estimulando uma sintonia no processo de formação de leitores. O processo é lento, mas vislumbram-se encaminhamentos os mais diferenciados nessa direção. O Largo da Literatura cria parcerias para oferecer cursos gratuitos de inclusão digital, ampliando as oportunidades de leitura em meio eletrônico bem como o domínio do uso de ferramentas eletrônicas no mercado do trabalho. Passo Fundo, enquanto Capital Nacional da Literatura, dá continuidade à criação de túneis (com fragmentos de textos literários),

Prof. Dr. Tania Mariza Kuchenbecker Rösing Coordenadora geral

Lucas W. Rodrigues, Renato Britto, Mateus Mattielo Nickhorn

Tiragem: 3 mil exemplares Impressão: Graffoluz

Correspondência: Centro de Referência de Literatura e Multimeios Campus I - km 171 - BR 285 Bairro São José - CEP 99001-970 Passo Fundo/RS Contato: Telefone: (54) 3316-8148 E-mail: leitura@upf.br Home-page: http://www.mundodaleitura.upf.br Revisão: Bruno Phillipsen e Eliana Teixeira Ilustração de Capa: Renato Britto Diagramação: Fábio Rockenbach (AgexJornal - FAC/ UPF)

Universidade de Passo Fundo Reitor: José Carlos Carles de Souza Vice-Reitora de Graduação: Neusa Maria Henriques Rocha Vice-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação: Leonardo José Gil Barcellos Vice-Reitora de Extensão e Assuntos Comunitários: Lorena Terezinha Geib Vice-Reitor Administrativo: Agenor Dias de Meira Júnior

cional da Literatura, o que, sem dúvida, é um orgulho para todos os munícipes aqui nascidos ou para aqueles que escolheram Passo Fundo para viver. Espera-se que os leitores e as leitoras possam aproveitar os conteúdos desenvolvidos nesta edição, ao mesmo tempo possam sentir-se estimulados a inovar suas vivências de leitura no ambiente de trabalho ou mesmo nas sugestões de leitura que oferecem às pessoas com quem convivem.


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Novas aquisições do Mundo da Leitura comunidade. A história em quadrinhos não foi esquecida: o usuário que quiser pode retirar os já clássicos Maus, Watchmen, e Persépolis, além, inclusive, de uma adaptação de O Estranho caso de Benjamin Button para os quadrinhos. Diversos artistas musicais nacionais e internacionais tiveram alguma de suas obras adquiridas também: Noel Rosa, Lenine, Los Hermanos, Seu Jorge, Maysa, Paralamas do Sucesso, Ana Cañas, Tom Zé, U2, Michael Jackson. Os CDs do Mundo da Leitura estão disponíveis para audição no local, nos horários abertos à comunidade. A filmoteca do Mundo da Leitura também tem muita novidade. Filmes como O jardineiro fiel, Búfalo da Noite, Na natureza Selvagem, Laranja Mecânica, 2001: uma Odisséia no Espaço, e diversos outros, podem ser vistos por qualquer pessoa da comunidade aos sábados.

O Mundo da Leitura iniciou 2010 com novidades em seu acervo multimidial: novos títulos de livros, audiolivros, histórias em quadrinho, CDs e DVDs. A partir da procura dos leitores e de sugestões da equipe de monitores do Mundo da Leitura, foram adquiridos novos materiais de empréstimo e consulta local. Romances como Ensaio sobre a cegueira, Memórias de uma gueixa, O clube da luta, Cores proibidas, As horas, Laranja Mecânica, entre outros, estão à disposição dos leitores. Para o público infanto-juvenil o Mundo da Leitura conta com as séries completas de livros de fantasia A bússola de Ouro e As crônicas de Nárnia. Foram comprados audiolivros - como Memórias póstumas de Brás Cubas, O Pequeno Príncipe, etc - que podem ser retirados por pessoas com deficiência visual da

Mundo da leitura com acervo da Embrapa

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esde o início do ano, no Mundo da Leitura, estão disponibilizados mais de 60 livros doados pela Fundação Embrapa. Dentre estes exemplares encontram-se: ABC da Agricultura Familiar, Coleção Plantar, Coleção Agroindústria Familiar e a Coleção 500 perguntas 500 respostas. O ABC da Agricultura Familiar, Agroindústria Familiar, 500 perguntas e 500 respostas e a Coleção Plantar, são publicações editadas pela Embrapa Informação Tecnológica em

parceria com as unidades de pesquisa da Embrapa. Escrita em linguagem simples e objetiva, é voltada para um público interessado em informações rápidas e práticas sobre assuntos como criação de animais, técnicas de plantio, controle de pragas e doenças, adubação alternativa e processamento industrial de produtos agropecuários. Os títulos fazem parte de edições especiais para o projeto Minibibliotecas, desenvolvido em conjunto com o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à

Fome (MDS), e cujos kits atualmente atendem a mais de 1.300 escolas públicas de ensino médio e fundamental em todo o Brasil. Muitos destes exemplares estão disponíveis na biblioteca do Mundo da Leitura, sendo de empréstimo, os alunos da universidade e comunidade podem ter acesso a esse acervo, tanto para trabalhos discentes, como para esclarecimento de dúvidas freqüentes e também de pais de alunos, cujo a atividade que exercem é a agricultura.


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CILELIJ é interrompido por terremoto em Santiago do Chile

1º Congresso Ibero-Americano de Lengua y Literatura Infantil y Juvenil (CILELIJ) é uma iniciativa da Fundación SM, cuja sede se encontra em Madri, Espanha, cumprindo seu objetivo de potencializar a Literatura infantil e Juvenil e promover a leitura no âmbito ibero-americano. Este congresso será realizado a cada três anos, cada vez numa cidade ibero-americana, tendo como objetivo converter-se num fórum de reflexão sobre os fundamentos e o potencial da literatura infantil e juvenil em território iberoamericano, tanto do ponto de vista geográfico (todos os países de língua espanhola mais o Brasil), como histórico (passado, presente e orientações para o futuro). A primeira edição foi realizada na cidade de Santiago, Chile, no período de 24 a 28 de fevereiro, com apoio da Direção de Bibliotecas, Archivos y Museos (DIBAM), organização governamental ligada ao Ministério de Educación Chileno e com patrocínio da Academia Chilena de La Lengua. A programação foi desenvolvida por mais de 70 especialistas da América Latina e da Espanha que traçaram um panorama histórico da Literatura Infantil e Juvenil produzida em língua espanhola e portuguesa. Constituiu-se, também, num momento espacial para discussões sobre a situação atual da Literatura infantil e juvenil nesses países bem como suas perspectivas futuras. Com o patrocínio da SM Editores, foram lançadas, durante o evento duas obras de importância maior sobre literatura para crianças e jovens: o Gran Diccionário de Autores Latinoamericanos de Literatura Infantil y Juvenil e o livro Historia de La Literatura Infantil em América Latina. Na ocasião foram homenageados escritores cujas obras são reconhecidas internacionalmente por sua qualidade, como contribuição de primeira grandeza para a formação de leitores desde a infância inicial: Lygia Bojunga (Brasil), Teresa Castello Yturbide (México), Montserrat Del Amo y Gili (Espanha), Alicia Morel (Chile), Maria Elena Walsh (Argentina).

À esquerda, “sobreviventes” do terremoto em 27/02 no Chile. À direita, Tania participa do painel apresentando Leitura em Passo Fundo

Entre os conferencistas e participantes de paineis, estiverem presentes os seguintes brasileiros convidados: José Castilho Marques Neto (PNLL), Marisa Lajolo, Ângela Lago, Ana Maria Machado, Dolores Prades (SM Brasil), Tania Rosing (UPF), Peter O´Sagae (Dobras da Leitura), Elisabeth Serra (FNLIJ). Escritores e espacialistas do porte de António Skarmeta (Chile), Juan Villoro (México), Pedro Cerrillo (Espanha), Jaime Padrino (Espanha), Antonio Orlando Rodriguez (Cuba), Teresa Colomer (Espanha) entre tantos outros, abrilhantaram o Congresso. O encontro entre os especialistas brasileiros com os demais convidados dos países de língua espanhola e portuguesa foi promissor, constituindo-se num momento de cotejo entre a produção feita para crianças e jovens nesses países, uma oportunidade para se conhecer quem está fazendo Literatura Infantil e Juvenil, acompanhar a trajetória desenvolvida no passado, a situação atual e as possibilidades futuras com muita qualidade. Como afirma Bartolomeu Campos Queirós sobre a qualidade na Literatura infantil e juvenil, “ou tem qualidade ou não é literatura” Conhecer ilustradores e suas obras se configurou como uma oportunidade única de valorização de autores que nem sempre recebem o reconhecimento devido. Tania Rösing foi convidada para falar sobre o tema “Ler em Passo Fundo”, discorrendo sobre a experiência das Jornadas Literárias e seus desdobramentos, seus resultados, suas perspectivas futuras como o Centro de Referência em

Literatura e Multimeios, a Jornadinha, o Programa Mundo da Leitura na TV, as ações do Largo da Literatura, o Livro do Mês, as publicações sobre leitura e formação do leitor. O Congresso teve sua programação interrompida pelo terremoto que aterrorizou o Chile na madrugada do dia 27 de fevereiro, dizimando vidas, destruindo cidades, promovendo a queda de edifícios, a abertura de ruas que se tornaram intransitáveis. Todos os especialistas convidados estavam hospedados no Hotel San Francisco Plaza e foram acordados às 3h32min pelo barulho, pelo tremor imensurável que durou apenas dois minutos e destruiu muitas cidades chilenas, causando danos humanos com a morte inesperada de muitas pessoas. Os hóspedes do hotel tiveram de abandonar seus apartamentos, descendo desde o 11º andar pelas escadas cujas paredes apresentavam rachaduras. Entre estes, Acioly e Tania Rosing ficaram na calçada até 6h, momento em que puderam entrar para o hall do hotel. Como não havia energia elétrica, as notícias ainda não estavam sendo acompanhadas por canais televisivos. Começaram, então, os contatos com os familiares de todos os recantos por telefonia celular. José Castilho, coordenador do PNLL, assumiu a coordenação do grupo brasileiro, juntamente com a acadêmica da ABL Ana Maria Machado, entrando em contato com a Embaixada Brasileira em Santiago, com representantes do governo do Presidente Lula e com a presidência da Academia Brasileira de Letras.

Todo esse esforço estimulou a imprensa brasileira a divulgar a presença desse grupo de intelectuais que estava impossibilitado de sair de Santiago, solicitando providências das autoridades governamentais. Na tarde do dia 1º de março, o Presidente Lula visitou a presidente Michele Bachelet, comprometendo-se a auxiliar o Chile. Como o avião do Presidente sempre é seguido de um avião de segurança, todos foram encaminhados para ocupar 18 lugares dessa aeronave. O grupo foi extremamente bem cuidados pelos representantes da Fundaccion SM e chegamos no Brasil na madrugada do dia 2 de fevereiro. O Congresso foi interrompido. Certamente foi um momento de aprendizagem e de relacionamento ibero-americano. Foi uma oportunidade de valorização do Brasil que tem sido poupado de tragédias da natureza como terremotos que ameaçam o Chile a cada minuto. A presidência do Congresso esteve a cargo de José Luis Cortes, Coordenador de Literatura Infantil y Juvenil da Funcación SM e Director Editorial Corporativo de Publicaciones Infantiles y Juveniles do Grupo SM, coordenando as equipes editorias de Literatura infantil e Juvenil nos nove países ibero-americanos onde está presente a SM. Seu trabalho e o da equipe que coordena foi pleno de competência, disciplina, cavalheirismo, presença constante em todos os momentos, responsável direto pelo sucesso em que se constituiu este primeiro Congresso - CILELIJ . A segunda edição será realizada na Colômbia em 2013.


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Livro do mês: 32 edições de sucesso São quatro anos de sucesso. Desde o início do Projeto Livro do Mês já foram realizadas mais de 32 edições com a participação de mais de 33 escritores. Todo o mês, desde o ano de 2006, Passo Fundo se prepara para receber um autor que conversará com leitores em seminários voltados para os alunos dos cursos de graduação da Universidade de Passo Fundo, alunos e professores de todas as redes de ensino e comunidade em geral de Passo Fundo e região. O projeto Livro do Mês é um das ações da comissão interinstitucional responsável pela manutenção de uma programação permanente na cidade que recebeu o título de Capital Nacional da Literatura, que se deve à apresentação de projeto à Câmara Federal por iniciativa do Deputado Beto Albuquerque que se transformou na lei federal 11267, de 02/01/2006, sancionada pelo Presidente Luís Inácio Lula da Silva, considerando a caminhada crescente das Jornadas Literárias e seus resultados no processo de formação de leitores desde 1981. Neste ano, os leitores de Passo Fundo já receberam 4 autores. Em março, o livro escolhido foi o O Barbeiro e o judeu da prestação contra o sargento da motocicleta, de Joel Rufino dos Santos, que esteve em Passo Fundo nos dias 24, 25 e 26 de março. O autor falou sobre o conceito de literatura e a formação de leitores jovens, em seminários muito proveitosos, segundo os presentes. Angela Lago foi a autora que veio a Passo Fundo em abril, nos dias 27, 28 e 29. Sua fala foi uma verdadeira aula sobre as relações das ilustrações com o texto verbal, uma vez que ela é uma das mais importantes ilustradoras

do país. Em maio foi a vez de Tony Brandão animar os leitores de Passo Fundo, em 26, 27 e 28. Com sua vasta experiência na escrita de livros para crianças e adolescentes, o autor falou sobre o prazer que a boa literatura proporciona para jovens e as relações de seus textos literários com outras mídias. Nos dias 21 e 22 de junho, Luis Dill veio à Capital Nacional da Literatura, falar sobre seu livro De carona, com nitro. O projeto acontece pela parceria entre as editoras responsáveis pela publicação do livro do mês selecionado, a Universidade de Passo Fundo e a Prefeitura Municipal, através da Secretaria Municipal de Educação e da Universidade Popular e SESC Passo Fundo.

Joel Rufino

Luis Dill

Tony Brandão

Angela Lago


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De carona, com nitro: entre a realidade e a ficção De carona, com nitro, de Luís Dill, conta a história de vidas que poderiam ter sido. Seus personagens são pessoas comuns, como Bruno, Isadora, Ricardo, Nicole e Vitória. Poderiam ser seus colegas de aula, companheiros de festas, vizinhos, parentes. São jovens sedentos por vida e paixão, que você vê na praia, nos bares, no cinema e na internet. Através de uma história de ficção, há um alerta para uma possibilidade real, de forma dinâmica, sem pretensões ou julgamentos. Sua intenção não é dar respostas ou soluções, julgar ou condenar, mas provocar a reflexão e a conscientização dos jovens, diante dos fatos. Desmistificando a invulnerabilidade que os leva a ignorar os riscos e as conseqüências de atitudes impensadas e onipotentes, principalmente no trânsito. Além de ser totalmente dinâmico e possuidor de uma linguagem moderna e jovial, trazendo a visão dos jovens sobre as festas, o fim de semana e a vida, Luís Dill mostra o lado dos pais desses jovens que ficam em casa, aguardando o retorno

ato inconsequente é sepultado junto com seus corpos e seus sonhos. Nas últimas páginas, há o capítulo “De carona com a Informação”, que traz informações interessantes sobre trânsito e suas adjacências, assim como, dicas para ser um bom motorista, dados e pesquisas sobre acidentes, curiosidades e endereços úteis, entre outros elementos necessários, tanto para jovens como para adultos ficarem por dentro de tudo o que envolve o assunto. Com certeza não é uma história agradável e com final feliz, pelo contrário, é tensa, angustiante e trágica. Mas felizmente, é pura ficção, diferente de tantas outras das quais todos somos testemunhas ou expectadores diariamente. Quem sabe através da ficção algo possa ser modificado na consciência das pessoas sobre essa realidade e a possibilidade de transformá-la. de seus filhos com segurança, planejando para eles um futuro longo e feliz. Um futuro repleto de realizações que poderia ter sido vivido, mas que por um pequeno

Kina, a surfista O livro do mês de maio na Capital Nacional da Literatura é Kina, a Surfista, de Toni Brandão, obra feita especialmente para cativar o público leitor em formação, pré-adolescentes e jovens, através de uma linguagem clara, simples e fácil de entender e de temas atuais. Em uma trama que prende e envolve, Toni conta a história de Kina, uma famosa surfista que se vê envolvida na luta para preservar um lugar paradisíaco contra a invasão comercial. Toni inicia o livro falando sobre a língua e nos apresenta a linguagem dos surfistas, usando um pequeno dicionário da galera do surf, ele aproxima o público da vida dos personagens. A cada página lida vamos descobrindo mais sobre sereias, – que segundo o vocabulário dos surfistas é a surfista perfeita – pranchas e parafina. Kina é uma surfista famosa e multicampeã que até dormindo procura a onda dos sonhos. Apesar de ter tudo o que sempre quis, ela tem uma sensação de vazio constante, que ela não sabe explicar. Ela e seus amigos querem ajudar o vilarejo Rabo de Peixe, que é ameaçado por empresários estrangeiros que querem torná-lo um sofisticado empreendimento turístico, o que Namor queria impedir até desaparecer misteriosamente no mar. Kina, Namor e seus amigos viverão uma grande aventura em meio a seus ideais. Mas, será que Kina estará disposta a deixar tudo de lado para tentar ajudar Namor? Toni Brandão é natural de São Paulo, onde trabalhou como jornalista em vários jornais e revistas antes de se dedicar totalmente às obras de ficção.

Hoje, ele é autor de projetos nas mais diferentes mídias, desde literatura, teatro, televisão, cinema, até internet. Por sua grande habilidade em se comunicar com o público jovem é que seus livros já ultrapassaram a respeitosa marca dos 800 mil exemplares vendidos. Natane Rangel, acadêmica do curso de Letras da Universidade de Passo Fundo e estagiária do programa Mundo da Leitura na TV

Cristina Azevedo, acadêmica do curso de Letras da Universidade de Passo Fundo e estagiária do programa Mundo da Leitura na TV

O barbeiro e o judeu da prestação contra o sargento da motocicleta Um barbeiro comunista, um judeu que diz ter um sabão feito com seus pais e um sargento da ditadura do governo de Getúlio Vargas. Esses são os personagens principais do livro do mês de março da Capital Nacional da Literatura, Passo Fundo. Escrito por Joel Rufino dos Santos, O barbeiro e o judeu da prestação contra o sargento da motocicleta, é uma leitura obrigatória para os interessados no período da Segunda Guerra Mundial. Equipe Mundo da Leitura


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Poesia e ilustração para todas as horas Um livro de horas – escolhido como o Livro do Mês de abril da Capital Nacional da Literatura – é uma seleção de poesias feita por Angela Lago, que, ao escolhê-los, preferiu aqueles que nos transmitissem simplicidade, evocando o canto e o re-encantamento do mundo. Ângela escolheu vinte e quatro poemas que traduziu e nomeou de forma livre. A edição é bilíngue, ou seja, os poemas escritos por Emily estão no livro com a tradução ao lado, feita pela própria Angela. Além da tradução, ela também criou belíssimas ilustrações para a obra, trazendo mais vida e beleza às poesias. Emily Dickinson, nascida em 10 de dezembro de 1830, no estado de Massachusetts - EUA, produziu muito, apesar de ter ficado trancada em seu quarto durante anos e seus poemas não serem publicados até sua morte. Os poemas de Dickinson não eram reconhecidos na época por não manterem uma regularidade convencional aceita pelos críticos. Somente cerca de dez de suas poesias foram a público e anonimamente. A escritora, tradutora e ilustradora Angela Lago é reconhecida por diversas obras literárias, além de ter ilustrado obras de autores

FALA LEITOR

Luuh <anninha.lu.lu@hotmail.com> O livro do mês é muito importante para incentivar a leitura e a escrita dos alunos.Pois com eles nós aprendemos várias coisas,co mo:palavras,assuntos,etc.Trocamos idéias com os assuntos abordados dos livros e aprendemos com eles,tendo interesse pela a leitura e o conteúdo do livro. Parabéns pelo projeto!! Beijo..tchau!!

Vanessa Sella <nexaah_spb@hotmail. com Receber autores de diferente culturas e pensamentos é um grande privilégio para nós estudantes, pois obtemos a chance de conhecer diversas opiniões de pessoas que são diferente ou iguais de nós, que muitas vezes nos ensinam e incentivam a seguir o que sonhamos e a nunca desistir. A cada livro do mês, nos sentimos em um mundo totalmente diferente, que faz-nos esquecer dos conflitos e problemas lá fora e nos concentrar apenas naquele livro, naquela história, que a cada pequena explicação nós podemos viajar longe, usar nossa imaginação sem medo nem limitações, uma manhã, um momento em que somos livres para perguntar e tirar as curiosidades diretamente com o autor. Ir ao Livro do Mês, concerteza é uma honra para nós.

estrangeiros. Atualmente, Angela ganhou o Prêmio FNLIJ (Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil) na categoria de Melhor ilustração por seu trabalho em Um livro de horas. O nome do livro do mês de abril origina-se do nome de documentos escritos ou copiados à mão, comuns na Idade Média, chamados “livros de horas”. Em cada um desses livros há uma coleção de textos, orações e salmos. Em sua forma original, um livro de horas era lido como leitura religiosa. Em sua ilustração, Um livro de horas, torna-se rico pelo fato de Angela Lago ter realizado em suas ilustrações quase um trabalho de filigranas - um trabalho ornamental feito em metais preciosos – os quais são conseguidos por intermédio de entrelaçamento de pequenos e delicados fios dourados que enfeitam os desenhos copiando as iluminuras comuns em livros da Idade Média. No entanto, ela não utilizou tintas e ouro: usou recursos digitais

Viviane Formighieri <vivi_florr@hotmail. com> Encontro com o Autor Tiago Lacerda: Achei o encontro muito legal pois parecia que o autor era nosso amigo a tempos. Cada mês tem uma coisa diferente que deixa a gente com mais e mais vontade de ler e isso nos incentiva também. Adorei o livro, foi um dos que eu mais gostei. Pois ele conseguia passar pra nós leitores, uma realidade ali do lado da gente. Beijos Vivi.

Juliane Dias Borges Borges <julianesalva@hotmail.com> ooi ;) o livro do mês é muito interessante em vários sentidos, por serem influenciáveis para leitura cotidiana dos jovens de maneira com que o interesse passe a ser maior a cada livro, e para ajudar na desenvoltura do entendimento da leitura a conversa com o autor desenvolve o interesse sobre a vida de quem escreve e o questionamento de cada um sobre o escrito. Parabéns pelo projeto é um ótimo meio de continuarmos sendo a capital nacional da literatura! beIjo. .

com muito sucesso para recriar o efeito dessas duas antigas técnicas. Apesar da época em que Emily viveu, seus poemas tratam da sua própria maneira de pensar e ver o mundo. Alguns deles discorrem sobre fantasias de morte e apresentam surpreendentes metáforas e instigantes duplo sentidos. Ela facilmente descreve as belezas da natureza ao longo de voos selvagens em seu pensamento. Ao ler as poesias, percebemos que Emily se doa de corpo e alma, transmitindo uma sensação de amor, paz e tranquilidade. Angela, ao escolher como poema inicial “Hora do Ofertório”, oferece aos leitores que não conhecem Emily Dickinson um livro rico e ornamentado com poemas e ilustrações que expressam puros sentimentos de amor pela arte. Lucas Werschedet Rodrigues, acadêmico do nível III do curso de Letras da Universidade de Passo Fundo e monitor no Mundo da Leitura

Julia Vidal <juju_maninha16@hotmail.com> Nos encontros com os autores que pude ir, foi muito interessante foi algo que nem se passava por minha cabeça em acontecer. É interessante o jeito que o autor se expressa para poder passar para quem leu o livro uma mensagem que nos deixa pensativo ou ate mesmo o final do livro deixa cada um pensativo, angustiado em saber o que será que acontece, os livros foram todos muito bons e de um entendimento com ser humano inexplicavelmente, acho que posso falar isso sobre os livros.

Franciela Blanck <francinetyblanck@hotmail.com> oi!Tudo bem? Bom, estou aqui para falar do livro do mês. Livro do mês é uma atividade muito interessante e diferente que nos incentiva a ler cada vez mais.Também nos leva além pois não são todos que tem essa oportuninade,nos leva para um mundo diferente o mundo da imaginação,essa atividade nos estimula a cada vez mais desenvolver a nossa linguagem e leitura. Por isso agradeço a todos por essa oportunidade de desenvolvimento. E.E.E.Básico Nicolau de Araújo Vergueiro Abraços;D


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QUEM CONTA ENCANTA

Prática leitora para educação infantil Eliana Leite - Mateus Mattielo Nickhorn - Tânia M.K. Rösing

O desenvolvimento da linguagem oral em crianças de idade pré –escolar é fundamental para que possam ampliar a sua capacidade de comunicação e percepção do mundo à sua volta. É nesse período que estabelecem uma ponte com o universo lingüístico, agregando diferentes possibilidades de associação entre as palavras e as imagens que se apresentam durante todo o processo de formação do pensamento. Dessa forma, o ato de contar histórias enriquece essa experiência através de uma linguagem prazerosa e estimulante resgatando a oralidade presente nas lendas, contos, fábulas e mitos. Essas relações de ensino-aprendizagem através da linguagem oral passam a ser o primeiro contato que a criança tem com o texto literário antes da sua alfabetização propriamente dita. A contação de histórias contribuir para o desenvolvimento cognitivo e ativa a função simbólica possibilitando o entendimento da criança entre o mundo real e o imaginário. Através do resgate da memória afetiva estimulada pelos contos de fadas, a criança vivencia diferentes emoções expressando medo, alegria, tristeza e frustração junto com os personagens que povoam a sua imaginação. Em um jogo de faz – de – conta, resolve seus conflitos participando ativamente da história como se fosse o protagonista. Contudo, essa atividade leitora propõe sensibilizar alunos da educação infantil e despertar a criatividade e imaginação de forma lúdica e interativa através da contação de histórias.

LEITURA AUDIOVISUAL Prática leitora para 1° e 2° anos do ensino fundamental Tânia M.K. Rösing - Lisandra Blanck Entre os meios eletrônicos, a televisão é a mídia mais consumida nos lares brasileiros, atingindo de forma significativa um grande número de espectadores de todas as faixas etárias. O público infantil, especialmente, recebe forte influência dos conteúdos veiculados por esta mídia através de uma infinidade de imagens que são incorporadas no processo de formação do pensamento. A partir dessa interação, a criança absorve o mundo real, seguindo os referen-

ciais midiáticos que se utilizam de recursos de som, imagem, formas e cores; que seduzem e alimentam o imaginário infantil. A mediação da família e da escola, é fundamental para que a criança perceba o conteúdo televisivo de maneira ativa e não passiva. Portanto, ao integrar sistemas simbólicos com os elementos imagéticos, a criança necessita educar seu olhar para problematizar e dialogar com os programas que são apresentados na tela. Com o objetivo de compreender a lingua-

gem televisiva, a atividade proposta no Mundo da Leitura, intitulada Leitura Audiovisual a seguir busca incentivar o olhar interativo, crítico e dinâmico dos alunos de 1° e 2° anos, em relação à televisão, familiarizando-os com a linguagem dos quadrinhos, cinema, rádio, texto publicitário e computação gráfica que dialogam com esse meio. Nesse sentido, o consumo crítico e seletivo dos programas de TV, a partir do entendimento do texto audiovisual, desde o processo de produção, até a recepção dos programas, torna-se fundamental para instrumentalizar os alunos no processo de produção de conhecimento.

QUANDO OS OBJETOS GANHAM VIDA Prática leitora 3° e 4° anos do ensino fundamental Tânia M.K. Rösing - Lisiane Vieira As sugestões que seguem, são para serem realizadas com alunos do 3º e 4º ano do ensino fundamental, afim de que seja instigado o desejo pela leitura e literatura. O tema escolhido para a atividade a ser realizada é a animação de objetos, sendo ela no teatro, em filmes de animação, em músicas e propagandas onde os objetos ganham vida. Não sendo uma situação comum e real, passa a chamar a atenção quando um vaso de flor conversa com uma luminária.

Tem como propósito fazer com que os alunos pensem um pouco sobre como é realizado filmes e desenhos onde objetos ganham vida. Fazendo com que assim de forma prazerosa saibam a diferença entre apólogos, fábulas, conheçam um pouco de miniconto, de uma forma fantasiosa e prazerosa. Chama-se assim atenção para a preocupação de mostrar formas multimídias de serem trabalhadas em sala de aula. Espera-se que, ao realizar essa atividade

os alunos saiam mais curiosos para descobrir outras maneiras de interagir com o livro e com diversas linguagens. Mostrar o livro e chamarlhes atenção para os diferentes diálogos, questionando-se isso é possível e real. Dar uma breve noção sobre a produção de filmes de animação, para que eles entendam um pouco do funcionamento e como são feitos os filmes que eles assistem. Acredita-se também que após está atividade os alunos possam perceber a diferença entre minicontos, fábula e apólogo, sendo está uma preparação para a prática leitora.


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LINGUAGEM QUADRINIZADA

Prática leitora para 5° e 6° anos do ensino fundamental Tânia M.K. Rösing - Eliana Teixeira “ Ainda que relegados a uma condição minoritária, os quadrinhos oferecem um inestimável portal através do qual podemos ver nosso mundo. Hoje a imagem animada - tanto pelo cinema como pela tevê - constitui parte do leão de tais portais. Os quadrinhos, como outras formas minoritárias, são vitais para diversificar nossas percepções de mundo.” Scott Mc Cloud.

A prática leitora sobre a linguagem dos quadrinhos a ser aplicada para alunos do 5º ano e do 6º ano se mostra oportuna não só pelo tema “Arte e Tecnologia: novos desafios”, mas, especialmente porque a partir de 2006, o Programa Nacional Biblioteca na Escola (PNBE), incluiu na lista de compra de livros, obras em quadrinhos para compor o acervo

distribuído para as escolas de ensino fundamental e médio. Diante disso, os quadrinhos que por anos foram rotulados de “leitura menor” ou de gerar “preguiça mental”, passam a ser reconhecidos, pelo menos pelo governo federal, como uma leitura com potencial pedagógico. Para professores e alunos se torna imprescindível conhecer a linguagem dos quadrinhos, seus recursos, suas temáticas para que os mesmos possam ser trabalhados de forma prática nas diferentes áreas do conhecimento. Nesse contexto apresentamos para professores e alunos a prática leitora “Linguagem quadrinizada” com objetivo de conhecer as características da linguagem dos quadrinhos em seus diferentes gêneros (cartuns, charges, tiras cômicas, histórias

em quadrinhos mais longas de aventuras, adaptações de obras literárias, biografias, mangás, entre outras) procurando, assim, contribuir com a formação de leitores desta linguagem.

AGREGAR AS MÍDIAS E CRIAR COLABORATIVAMENTE Prática leitora para 7ª e 8ª séries do ensino fundamental Tânia M.K. Rösing - Elisângela F. F. de Mello Almeja-se com este material contribuir na formação de um leitor crítico, que seja capaz de interpretar as obras lidas e expressar suas opiniões. O tema escolhido para ser desenvolvido com esse nível de ensino está ligado à produção coletiva no ciberespaço. Percebese que a era do conhecimento está se efetivando, dentro desse contexto é importante que as tecnologias de rede contribuam para a produção coletiva. A criação coletiva consiste em ações em conjunto realizadas por pessoas espacialmente distantes ou próximas, com habilidades diferentes. Através do conhecimento compartilhado o coletivo chega a um objetivo comum. É importante mostrar aos jovens a riqueza da convivência em grupo e da aprendizagem com o outro, e as tecnologias de rede podem potencializar essa interação. Uma vez que os indivíduos podem usar isso a seu favor ao estarem em contato com outras pessoas,

independentemente da distância territorial que exista entre elas. Na rede, com a convergência das mídias, os indivíduos podem criar infinitos produtos. E então, ao invés de individualizar criações, por que não unir habilidades e produzir algo mais elaborado? Algumas experiências coletivas já existem no ciberespaço: a Wikipédia, o web jornalismo, o Google Docs, os blogs coletivos são o início de uma nova possibilidade de produzir informação e construir conhecimento. Entretanto, com esse roteiro propõe-se algo mais localizado, para que os alunos se familiarizem com a ideia de colaboração e tenham condições de futuramente colaborar com outros grupos. Nesse sentido as práticas leitoras presentes nesse livro buscam a reflexão e a discussão sobre a produção coletiva e objetiva apresentar aos jovens a riqueza das obras criadas coletivamente. Não se quer inferiori-

zar as obras de autores que produzem individualmente, mas sim mostrar a possibilidade de hoje se compartilhar conhecimento através da internet e viabilizar que as ideias se concretizem com a ajuda de pessoas do mundo todo. Entretanto, é importante ressaltar que produções coletivas precisam contemplar as habilidades dos autores. Elas devem ter qualidade, originalidade, ideias a transmitir. E então, quanto mais pessoas trabalharem juntas e se comprometerem com a produção e com o grupo, maior será a probabilidade de se obter um resultado melhor. Quando as informações são publicadas na rede seus atores precisam ter clareza e responsabilidade em relação às informações divulgadas, pois se a internet é um espaço livre e democrático, cabe aos colaboradores diponibilizarem informações que realmente sejam significativas e qualitativas. Hoje, a maioria dos autores na internet é anônima, e isso tende a aumentar, é de vital importância colaborar na formação de crianças e jovens que além de navegar na internet sejam produtores reconhecidos de informação.

MINICONTO: A LITERATURA EM CÁPSULAS Prática leitora para ensino médio e superior Tânia M.K. Rösing - Bruno Phillipsen Vivemos a hipermodernidade. Segundo Gilles Lipovetsky, um filósofo francês, professor de filosofia da Universidade de Grenoble, teórico da Hipermodernidade, autor dos livros A Era do Vazio, O luxo eterno, O império do

efêmero entre outros, estamos em um tempo marcado pelo efêmero, no qual a flexibilidade e a fluidez aparecem como tentativas de acompanhar essa velocidade. Sendo tudo tão rápido e fragmentado, é natural que a literatura reflita tal

tendência. O gênero miniconto floresce por todo o mundo e começa a atingir o grande público e a ser estudado academicamente. Seguindo esse fenômeno, o Mundo da Leitura focaliza o miniconto, suas origens e gêneros relacionados, e o uso da tecnologia em sua veiculação, para realizar a prática leitora multimidial voltada ao público do ensino médio e superior.


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Passo Fundo, agosto de 2010 - Ano XIII

Mais três Largos da Literatura são inaugurados em Passo Fundo Passo Fundo, a Capital Nacional da Literatura, recebeu nesta segunda-feira, 28 de junho, mais três Largos da Literatura. Uma solenidade especial marcou as inaugurações, primeiramente, na Praça Francisco Antonino Xavier e Oliveira, em frente ao Hospital da Cidade, onde está o Largo da Literatura Brasileira. Na sequência, os participantes conheceram o Largo da Literatura Gauchesca, na Praça Guilherme Spery e, a seguir, o Largo da Literatura Cômica, na Praça Abraão Madalosso, em frente ao Teatro Municipal Múcio de Castro. Desde 2008 já é mantido o principal espaço desta natureza, o Largo da Literatura Passo-Fundense, junto ao Marco da Capital Nacional da Literatura, que se constitui de um quiosque multimidial com livros, revistas e jornais, acesso à internet, e a principal atração do local: a Árvore das Letras. Os Largos da Literatura integram o projeto de consolidação da cidade de Passo Fundo como Capital Nacional da Literatura. Os espaços têm por objetivo revitalizar lugares históricos e estratégicos da cidade e envolver a comunidade em diferentes manifestações culturais. Coordenadora das Jornadas Literárias e professora do curso de Letras, Tânia Rösing destaca as ações. “Esse projeto faz parte de um sonho coletivo de muitas pessoas desde a

realização da primeira Jornada de Literatura. Os espaços literários nas praças possibilitam a leitura de textos variados pela população. A união de diversas instituições possibilita a criação desses Largos para diferentes leitores, apresentando literatura brasileira infantojuvenil, cultura gauchesca e também literatura cômica para os que apreciam o humor” argumentou. Na opinião do prefeito de Passo Fundo Airton Lângaro Dipp, os Largos são uma homenagem do município às Jornadas de Literatura. “Somos reconhecidos como Capital Nacional da Literatura e temos que levar um instrumento visual àqueles que nos visitam e para que conheçam de fato o porquê desse título. As pessoas podem visitar e ler poemas em um programa cultural gratuito” destacou. O deputado federal Beto Albuquerque salientou a importância de manter ambientes para a leitura. “Esses espaços são construídos para mantermos a chama da leitura da Capital Nacional da Literatura, que através das Jornadas está acesa há mais de 30 anos. Os túneis são para o povo ter contato com a leitura, pois nem sempre uma criança tem acesso a um poema como, por exemplo, de Mário Quintana. Os poemas colocados nas paredes dos túneis serão substituídos quinzenalmente” pontuou. Os Largos de Literatura foram construídos

com a união entre Universidade de Passo Fundo (UPF), Prefeitura Municipal por meio das Secretarias de Educação e de Desporto e Cultura e Ministério do Turismo do Governo Federal. Estiveram presentes na solenidade de inauguração dos três Largos a secretária de Educação Vera Vieira, o secretário de Desporto e Cultura César Augusto Azevedo dos Santos, representantes de demais Secretarias da Prefeitura, de entidades representantivas da comunidade e as vice-reitoras eleitas pela UPF Neusa Maria Rocha (Graduação) e Lorena Geib (Extensão e Assuntos Comunitários). Tradicionalistas marcam presença O Movimento Tradicionalista Gaúcho marcou presença na inauguração do Largo da Literatura Gauchesca, na Praça Guilherme Spery (situada no canteiro ao lado da Praça do Teixeirinha), local em que foram lidos textos literários gauchescos. Estiveram presentes o presidente da 7ª Região Tradicionalista, Sebastião Cavalheiro, a primeira prenda do Rio Grande do Sul, Adriane Rebechi Rodrigues, além de outras prendas e de patrões dos CTGs. O Largo da Literatura Gauchesca é uma homenagem aos 18 CTGs existentes em Passo Fundo e a toda a movimentação tradicionalista-cultural. Fotos: Assessoria de Imprensa UPF


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Projeto de Inclusão Digital no Largo da Literatura entrega certificados de oficinas de Passo Fundo, por meio da Secretaria de Educação e Universidade Popular e a ONG JCI (Junior Chamer International). As inscrições para as oficinas, que tem como pré-requisito saber ler e escrever, devem ser feitas no próprio Largo da Literatura, de segunda à sexta-feira, das 8h às 18h, e aos sábados, das 12h às 18, ou na Secretaria Municipal de Educação, de segunda à sexta-feira, das 12h30min às 18h. Retorno à comunidade Representando a UPF, o professor Adriano Teixeira, coordenador do Mutirão pela Inclusão Digital, afirmou que a entrega de certificados é mais um retorno dado pela instituição à comunidade. “Cada vez mais a tecnologia faz parte da vida das pessoas, não somente para haja uma melhor colocação no mercado de trabalho, mas também para que você possa ser um cidadão completo no mundo contemporâneo. Essa é a ideia do projeto, possibilitar que qualquer cidadão passo-fundense possa ter sua iniciação no mundo digital”, pontuou. São alunos dos cursos da área de informática da UPF que ministram as oficinas no Largo da Literatura. Além disso, a UPF participou da concepção do projeto e, agora, está realizando a avaliação e readequação dos módulos. “Devido à demanda, estamos estudando, igualmente, o oferecimento de oficinas em mais um turno (à tarde), podendo dobrar o número de pessoas atendidas”, considerou Teixeira.

De acordo com a presidente da JCI, Graciela Colle, mais de 100 pessoas já estão inscritas para o curso, que possui turmas fechadas até janeiro de 2011. “É importante ter esse espaço e poder utilizar a informática como uma ferramenta para a vida dessas pessoas”, argumentou. Já a coordenadora da Universidade Popular Maria Augusta D’Arienzo salientou que o projeto de Inclusão Digital é mais uma iniciativa que visa reafirmar Passo Fundo como Capital Nacional de Literatura. “Esse é o objetivo do Largo da Literatura, dar acesso ao livro, à leitura e à promoção de leitores m Passo Fundo”, finalizou. Fotos: Cristiane Sossella

O projeto de Inclusão Digital na Praça Armando Sbeghen - Largo da Literatura de Passo Fundo - realizou nesta segunda-feira, 5 de julho, a entrega de certificados para a segunda turma de alunos. Desenvolvida desde março deste ano, a iniciativa já propiciou a 54 pessoas a realização de oficinas rápidas e gratuitas na área de alfabetização e letramento digital. Os cursos são divididos nos seguintes módulos: introdução à informática, navegação na web, utilização do e-mail, construção de currículo profissional, leitura na web e utilização de mídias sociais. Totalmente gratuitas, as oficinas contabilizam 20h/aula. A aposentada Áurea de Lima Lopes, 84 anos, nunca tinha se interessado pela informática até receber o convite do neto para participar das aulas. “Agora gostei de aprender e vou me aperfeiçoar com a ajuda da minha filha”, explica, considerando que participou de todos os módulos com a ajuda da atenciosa equipe. Já o estudante Guilherme Ferreira, 10 anos, ansiava por participar em um curso de informática. Sem computador em casa, tinha dificuldades em fazer os trabalhos no colégio. “Não conseguia fazer as pesquisas na escola quando a professora solicitava. Agora já sei”, contou o orgulhoso aluno, que gostou especialmente de aprender a navegar na internet e das redes sociais. Todas as atividades do projeto são realizadas em parceria entre Universidade de Passo Fundo (UPF), pelos projetos Mutirão pela Inclusão Digital e Mundo da Leitura, Prefeitura


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Passo Fundo, agosto de 2010 - Ano XIII

Projeto Mundo da Leitura em comunidades Fotos: Equipe Mundo da Leitura

O projeto de extensão “Mundo da Leitura em comunidades” realizado pelo Centro de Referência de Literatura e Multimeios – Mundo da Leitura, em parceria com a Secretaria Municipal de Educação e com o Projeto Mutirão Digital/ICEG – UPF desde 2008, inicia no ano de 2010 mais uma etapa do projeto na Escola Municipal Patronato Educacional do Menor atendendo alunos do 1º ao 5º ano do Ensino Fundamental em encontros semanais. Amplia-se esse ano a participação do 5º ano com atividades desenvolvidas no Laboratório de informática da escola. As atividades leitoras apresentadas no decorrer do ano de 2009 pelos monitores centravase na apresentação de histórias em diferentes linguagens usando recursos diversificados. Na sequencia eram propostas atividades de compreensão, leitura e escrita. Na avaliação dos monitores, em 2009 a maioria dos alunos apresentou uma melhora significativa, uma vez que no início dos encontros eles não faziam as atividades e pouco participavam, mas com o passar do tempo após adquirir confiança nos monitores e desenvolver uma relação afetiva com os mesmos, a maioria começou a se envolver nas atividades. No início de cada encontro, os monitores procuraram dar uma prévia do que iria ser trabalhado ao longo do período e fazendo certos combinados, que serviam como um pacto para desenvolver as atividades de forma produtiva. Os alunos aderiram a esta prática e o trabalho foi desenvolvido com mais eficácia para ambos, alunos e monitores. As oficinas do Mutirão Digital (4ª ano/série) aconteceram no laboratório de informática da UPF e os alunos rapidamente aprenderam a enviar e receber e-mails. Os alunos, no decorrer dos meses, ampliaram seu conhecimento dos recursos tecnológicos e adquiriram autonomia em suas buscas na rede, também verificou-se que os participantes tornaram-se mais capazes para es-

crever frases longas. O grupo se mostrou motivado e sem receio de escrever ou se comunicar, ao contrário do que acontecia no início das oficinas, quando reclamavam que não sabiam realizar as atividades e necessitavam da atenção e auxílio constante dos monitores O depoimento a seguir, da aluna Mariana, do 1º ano, veiculado no programa Canal de Notícias da UPFTV, explicita como os alunos veem a presença dos monitores na escola: “Nós queria ler um livrinho, mas nós não sabemos ler ainda. Daí, acho que Deus mandou um presente pra gente pra deixar essas prôs vir aqui contar histórias pra gente e acho bem legal elas virem aqui colaborar com a gente [sic].” Além dos encontros na escola, os alunos do 1° e do 2° ano realizaram uma visita ao espaço físico do Centro de Referência de Literatura e Multimeios, onde presenciaram uma prática leitora sobre um livro de um escritor que esteve presente na 5ª Jornadinha Nacional de Literatura. A atividade incluiu uma contação de histórias, práticas no computador e o uso do acervo multimidial do Mundo da Leitura. Os monitores do Mundo da Leitura também disponibilizaram para a escola sacolas circulantes formadas por livros selecionados para as atividades do projeto que puderam ser utilizados pelos alunos e professores mesmo quando os executores do projeto não estavam presentes. Desta forma, pretendemos em 2010 continuar o desenvolvimento permanente de práticas sócio-educativas, com ações pedagógicas interdisciplinares, promovendo a construção de cidadãos autônomos e críticos. E, também, contribuir para a apropriação das tecnologias de informação e comunicação para esse público e oferecer aos profissionais que os acompanham possibilidades de aprimorar suas atividades a partir da leitura em meio eletrônico com o apoio dos projetos Mutirão Digital/ Kelix –Kit Escola Livre.

Depoimentos dos alunos que participam do Mutirão pela Inclusão Digital. A opinião foi enviada por e-mail aos monitores. De:”Carlos Henrique De Moura Ribeiro” carlos.mutirao@yahoo.com.br o que eu mais aprendi e gostei de fazer é mandar e-meios (sic) para todo mundo De: “Jessica Santos” jessica.fdomenor@yahoo.com.br eu gosto de joga jogos e escrever e ajudar os outros. . e eu gosto dos professores. e eu gosto de desenhar e até escrever textos. eu gosto de fazer frases. De:”Joice Renata Correia da Rosa” joice.fdomenor@yahoo.com.br EU GOSTO DAS OFICINAS DE INFORMATICA PORQUE TEM JOGOS E A PROFESSORA CONTA HISTORIA DOS LIVRINHOS AS OFICINAS DE INFORMÁTICA NA UPF SÃO LEGAIS OS PROFESSORES DA UPF SÃO MUITOS LEGAIS


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Os laços de família continuam os mesmos... Por Diogo da Costa Rufatto

Acadêmico do Curso de Letras

Nos 50 anos que se passaram, o mundo mudou muito. A tecnologia veio com força total, e promete permanecer. Fomos obrigados a aprender conceitos como globalização e inteligência artificial. Em poucos anos, passamos a viver o que chamamos de “Era da Informação”. Entretanto, há coisas que não mudaram, especialmente no que diz respeito ao ser humano em sua essência. É disso que se alimenta a literatura, em especial a de Clarice Lispector, autora brasileira que é assunto de inúmeras teses e pesquisas pelo mundo. Talvez pela originalidade de sua obra, que a torna única e inigualável, mesmo com a simplicidade de suas personagens. Em 2010, comemoramos o cinquentenário de publicação do livro Laços de família. De fato, precisamos comemorar. Se desejamos construir um mundo com cada vez mais leitores, precisamos de escritores e de livros que encantem, que proporcionem algo a mais para a vida dos leitores. Isso, definitivamente, Clarice Lispector consegue fazer. Sua escrita se situa onde nenhuma outra está. Não raro encontramos quem a chame de feiticeira ou de bruxa, já que suas palavras enfeitiçam. A teoria literária classifica seus escritos como prosa poética altamente influenciada pelo fluxo de consciência dos romances de investigação psicológica. Alguns falam do existencialismo presente em suas entrelinhas. Alguns classificam seus textos como escrita feminina. Outros falam de tantas outras coisas, como da filosofia encontrada em seus escritos, simplesmente porque sua obra é tão vasta e rica que permite a milhões de leitores e de críticos falar de milhões de coisas diferentes. Dentre todas as incertezas e possibilidades de interpretações, uma coisa é certa: ninguém passa incólume por Clarice Lispector. A força

de sedução que ela exerce em muitas pessoas é a mesma de repulsão que exerce em outras tantas. Cada paradoxo é levado ao extremo. E por que não dizer, para além dos limites da linguagem? Um dos comentários mais comuns sobre quem lê um de seus livros é “Não entendi nada”. Talvez seja para ser assim. Caio Fernando Abreu, escritor gaúcho que foi seu amigo, afirma que ela era infelicíssima e que morreu

incompreendida. José Castello a chama de “a senhora do vazio”. Os enredos clariceanos não são propriamente enredos, são desconexos, desconstruídos. Pela sua busca pelo inconsciente, pela obsessão pela palavra enquanto coisa, pelo que há por trás de tudo que pode ser definido, podemos cogitar que a autora desejava a incompreensão. Mas não podemos fazer mais do que cogitar. Ela própria chegou a afirmar que cada leitor é aquilo que

lê. Então, cada vez que alguém abre um de seus livros, surge uma nova Clarice Lispector. Em específico, Laços de família é um livro que reúne treze contos, publicado pela primeira vez em 1960 pela Francisco Alves Editora. Curiosamente, treze também é o número de contos de outros livros da autora, como A via-crucis do corpo, em que ela escreve “ É um livro de treze histórias. Mas podia ser de quatorze. Eu não quero.” Os treze contos de Laços de família falam, de uma forma ou de outra, das relações familiares, dos vínculos criados entre os seres humanos, e do que isso vem a representar na vida de cada personagem. Relações familiares são delicadas. Ao perceber isso, Clarice Lispector, com sua sensibilidade e lucidez, com a absurda compreensão que tinha do mundo, transformou essas relações na mais alta literatura. O dia-a-dia e suas atividades repetitivas podem camuflar pequenos mas importantes aspectos do cotidiano. São esses pequenos detalhes que, como uma súbita revelação, as personagens de Laços de família percebem, em algum instante ou momento epifânico, como um susto de em um átimo de instante ter consciência e lucidez de existir. Nos cinquenta anos passados desde sua primeira publicação, Laços de família atingiu o patamar de cânone da literatura brasileira. Essa consagração se dá tanto por leitores leigos como pela crítica especializada. Alguns de seus contos - “Amor”, “Feliz aniversário” e “Uma galinha” - foram selecionados para a antologia Os cem melhores contos brasileiros do século, organizado por Ítalo Moriconi. Escritores como Erico Verissimo e Fernando Sabino escreveram à autora comentando a preciosidade dessa obra-prima literária. A quem leu este clássico da literatura brasileira, fica a sugestão de fazer releituras, ou de ler outras obras da autora. Clarice é assim, surpreende sempre. E para quem não leu, fica o convite para se deixar seduzir e espantar com Clarice Lispector.


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Prorrogado o Concurso de minicontos do Mundo da Leitura Com o objetivo de popularizar o gênero miniconto entre os alunos da Universidade de Passo Fundo e escolas de ensino médio da região e revelar novos talentos da escrita literária, o Centro de Referência de Literatura e Multimeios, Mundo da Leitura, promove seu primeiro concurso de minicontos. O concurso foi prorrogado. Agende sua visita no Mundo da Leitura e participe. Regulamento 1. Pode ser enviado somente 1 miniconto por autor. O miniconto deve ser escrito em língua portuguesa. 2. Por definição, será considerado um miniconto uma narrativa curta com até 140 caracteres (excluindo-se o título, quando houver). 3. Os minicontos devem ser enviados até 19 de novembro de 2010, para o e-mail leitura@upf.br. 4. No espaço “Assunto” do e-mail deve haver o título: Concurso de minicontos do Mundo da Leitura. 5. No e-mail que contém o miniconto, devem ser enviados os seguintes dados de identificação: nome do autor, telefone e email para contato. 6. A comprovação da inscrição virá por meio de e-mail. No caso de não recebimento do comprovante eletrônico é só entrar em contato pelo e-mail leitura@upf.br, ou no te-

lefone 3316-8148. 7. Podem participar somente os alunos da Universidade de Passo Fundo ou de escolas de ensino médio de Passo Fundo que participarem da prática leitora do Mundo da Leitura voltada ao ensino médio e superior de 2010, que pode ser agendada gratuitamente por alunos e professores através do telefone 3316-8148. 8. Os minicontos inscritos devem ser originais e não podem ter sido publicados em nenhum meio impresso, tampouco premiados em outros concursos. Premiação Serão premiados os 10 melhores minicontos, levando-se em conta a originalidade, a concisão, a capacidade de narrar uma história, o final surpreendente e o uso da linguagem. A premiação consistirá em: a)publicação dos minicontos em uma edição do jornal Mundo da Leitura, b)seleção dos minicontos para serem adesivados nos túneis do Largo da Literatura - Passo Fundo, onde ficarão expostos por 1 mês. Comissão julgadora A comissão julgadora será composta por professores de literatura do curso de Letras da Universidade de Passo Fundo.

Alguns minicontos Na próxima edição do Jornal Mundo da Leitura, o seu miniconto pode estar aqui! Participe do Concurso de minicontos. Aí vai uma seleção de alguns novos autores de minicontos. 022 A cada tijolo que ele colocava, os muros ficavam mais altos. Mal sabia ele que ali seria o presídio para onde mandariam seu filho. Carlos Seabra Era hora de dar um salto na vida. Escolheu a janela do 10º andar. O sal das lágrimas era o que dava o tempero entre eles Samir Mesquita 164 Pra ele não existia esse negócio romântico de Romeu e Julieta. Deu a ela todo o veneno e foi curtir a vida de solteiro. 156 A loteria acumulava, assim como os sonhos e as dívidas.

Tiago Moralles

MUNDO DA LEITURA NA TV

O Mundo da Leitura é um programa de TV produzido pela Universidade de Passo Fundo e exibido nacionalmente no Canal Futura. As aventuras de Gali-Leu e sua turma são elaboradas por uma equipe interdisciplinar que envolve os cursos de Letras, Artes e Comunicação, Educação, Ciências Exatas, e a UPFTV. De forma lúdica e dinâmica, as diversas linguagens apresentadas - manipulação de bonecos, leitura e encenação de textos infantis, artes gráficas, música, entre outros - servem de incentivo para o desenvolvimento da criatividade, do raciocínio lógico e, principalmente, para a criação do hábito da leitura entre as crianças.

Assista ao programa Mundo da Leitura Canal Futura n Quarta - 10h30min Reprises: n Sábado - 11h n Domingo - 9h n Segunda - 12h30min. Como sintonizar os canais

20.

u Canal Futura Se você tem antena parabólica, sintonize na polarização vertical

Na TV por assinatura, em parceira com a Globosat, estamos nos seguintes canais: - no canal 32 da Net para todo o Brasil (canal 26 para a cidade de Passo Fundo - RS) - no canal 37 da Sky - no canal 163 da DirecTV • Em São Gonçalo - RJ: canal 18 UHF u Canal: UPF TV - Canal 4 VHF Alcance: Passo Fundo, Sertão, Mato Castelhano, Pontão, Coxilha, Ernestina, Tio Hugo, Ibirapuitã, Soledade e Carazinho [RS]. • Em Marau - RS: canal 54 UHF • Em Carazinho - RS: canal 20 UHF


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Lançamentos

Conheça as publicações da UPF Editora Campus I - BR 285 - KM 171 - Bairro São José - Fone/ Fax 54 3316-8373 Caixa Postal : 611 Cep: 99001-970 Passo Fundo - RS - Brasil editora@upf.br http://www.upf.br

Roteiro de Práticas Leitoras para a escola - Leitura Audiovisual 1º e 2º anos do ensino fundamental Tania M. K. Rösing / Lisandra Blanck

Arte e Tecnologia Novas Interfaces

Tania M. K. Rösing / Miguel Rettenmaier (Org.)

Conversa com Escritores Arte e Tecnologia Tania M. K. Rösing / Paulo Becker Eliana Teixeira (Org.)

Roteiro de Práticas Leitoras para a escola - Literatura e Tecnologia Tania M. K. Rösing / Elisângela de F. F. de Mello

Roteiro de Práticas Leitoras para a escola - Quem conta encanta educação infantil Tania M. K. Rösing / Eliana Rodrigues Leite Mateus Mattielo Nickhorn

Roteiro de Práticas Leitoras para a escola - Quando os objetos ganham vida 3º e 4º anos do ensino fundamental Tania M. K. Rösing / Lisiane Vieira

Roteiro de Práticas Leitoras para a escola - Agregar mídias e criar colaborativamente 7º, 8º e 9º anos do ensino fundamental Tania M. K. Rösing / Elisângela de F. F. de Mello

Roteiro de Práticas Leitoras para a escola - Miniconto: a literatura em cápsulas Ensino Médio Tania M. K. Rösing / Bruno Philippsen

Itinierário urbano na vida e obra de SAMUEL RAWET Natalia Klidzio

Roteiro de Práticas Leitoras para a Escola - Linguagem quadrinizada 5º e 6º anos do ensino fundamental Tania M. K. Rösing / Eliana Teixeira


Uma lenda...

A MORTE E O PAXÁ

Há muito tempo, quando os bichos falavam e toda noite chovia no deserto, um velho paxá foi ao palácio saudar o sultão, como todas as manhãs. Na rua, tropeçou na Morte. - Desculpe – disse. A Morte ficou muda, olhando o paxá no fundo dos olhos, como se estivesse surpresa. Quando o paxá a reconheceu, saiu apressado, sem olhar para trás. Mas tinha certeza de que a Morte continuava olhando para ele. Chegou muito nervoso à sala de audiência do sultão. - Meu caro senhor, nunca pedi nada, mas hoje preciso de um favor. Gostaria de ser nomeado governador. Não importa a cidade, desde que seja bem longe. O sultão respondeu que não tinha nenhuma cidade precisando de governador. Mas o paxá insistiu. Tanto insistiu que o sultão disse: - Mas o que há? Todos os seus parentes, todo os seus amigos moram aqui. - Preciso me esconder. - Sim, mas por quê? Você não tem inimigos, tem? - Não tenho. - Então? O paxá hesitou, mas por fim contou: - Hoje de manhã, ao sair de casa, tropecei na Morte. Ela me olhou bem no fundo dos olhos. Me senti muito mal. Não sei se agüento me encontrar com ela outra vez. O sultão achou que o velho paxá estava caducando. Com pena dele, disse: - Está certo. Vou mandar você para Kaymakli. É bastante longe? - Sim, meu senhor. Naquela mesma madrugada o paxá se foi, em segredo. No outro dia, pela tarde, o sultão foi passear nos jardins do palácio. A Morte estava embaixo de uma árvore, imóvel, a gadanha na mão direita. Curioso, o sultão se aproximou dela: - Por que ontem você encarou o paxá? - Eu estava surpresa por vê-lo tão longe de Kaymakli – a Morte disse. – Tenho um encontro com ele lá, esta noite. SSÓ, Ernani. Contos de morte morrida: narrativas do folclore. São Paulo: Companhia das Letrinhas, 2007

Marco da Capital Nacional da Literatura


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