Mundo Mundo Marco da Capital Nacional da Literatura
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Jornal do Centro de Referência de Literatura e Multimeios - Ano XVI - edição especial - agosto de 2013 - Passo Fundo - RS
Passo Fundo, agosto de 2013 - Ano XVI
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proxima-se a 15ª Jornada Nacional de Literatura. A comissão organizadora interinstitucional, responsável pela programação, decidiu propor a discussão sobre o tema “Leituras jovens do mundo”. Em meio a tantas preocupações com os jovens, considerando a liderança que desenvolvem na família pelo domínio das novas tecnologias e, em consequência disso, a liderança que assumem na sociedade, desejamos convidá-lo, prezado leitor, amiga leitora, a continuar o diálogo que iniciaram com a leitura das obras selecionadas como preparação para uma participação mais efetiva nesta décima quinta edição. Estamos preocupados com muitas dimensões que envolvem a vida dos jovens: as relações entre corpo sexualidade e afeto; o protagonismo do jovem nos textos das telenovelas e nos textos literários; as relações entre trabalho, autonomia, consumo e consumismo entre os jovens, observando as mudanças impostas pelas TIC; convergência das mídias; faces na rede; narrativas transmidiais; a leitura das ruas por intermédio do entendimento das vozes das comunidades expressas nos grafites, nas pichações, nas danças, nas canções. Decidimos, portanto, refletir sobre os jovens, na presença dos jovens, ouvindo-os, esperando entendê-los e, quem sabe, transformando-nos com eles. Estes são alguns dos motivos pelos quais estaremos reunidos no período de 27 a 31 de agosto, concedendo-nos a oportunidade de nos enriquecermos interiormente com as falas dos convidados que, certamente, estão preparados para levantar mais questões, as quais responderemos juntos com pensamentos, com atitudes que possam nos aproximar muito mais dos jovens. Vivemos um tempo diferenciado na história presente do Brasil: jovens vão às ruas para manifestar suas inconformidades, estimulando adultos das mais diferentes idades a acompanhá-los nas mais diversas manifestações de defesa de direitos, na denúncia dos erros cometidos pela
Mundo da Leitura é uma publicação do Centro de Referência de Literatura e Multimeios. Ano XVI – edição especial – agosto de 2013 Coordenação: Tania M. K. Rösing Conselho Editorial: Professores Adriano C. Teixeira, Eládio V. Weschenfelder, Fabiane V. Burlamaque, Miguel Rettenmaier, Paulo Becker, Tania M. K. Rösing. Editores responsáveis por esta edição: Lisandra Blanck, Luis Fernando Portela e Gisele Risson. Monitores: Eliana Teixeira, Eliana Rodrigues Leite, Elisângela de F. F. de Mello,
classe política brasileira, na reivindicação de novas atitudes frente aos pleitos que defendem relativamente ao transporte, à educação, à segurança. São tantas as inconformidades que algumas palavras representam lutas muito grandes e implicações muito significativas. É o caso da educação. Não conseguimos visualizar empreendimentos no país que possam atender necessidades de educação desvinculadas de cultura. Não entendemos investimentos em livros de diferentes áreas sem o necessário investimento na formação permanente, contínua dos professores, dos bibliotecários, dos agentes culturais e educacionais. O exemplo de inconformidade explícita está sendo demonstrado pelos jovens brasileiros com eco nos mais diferentes países onde se encontram grupos de brasileiros. Também integrantes das gerações mais velhas como nós estamos integrados, erguendo nossas vozes para que nossos dirigentes ouçam o de que precisamos, o de que não gostamos e abominamos, o de que necessita um país para atingir a maturidade esperada por seu povo, o de que carecem as gerações mais jovens, presente e futuro da nação brasileira. Muitas pessoas perguntam a membros integrantes da comissão organizadora desta décima quinta edição das Jornadas Literárias de Passo Fundo qual é a novidade que se proporá. Respondemos: o novo é o tema, “Leituras jovens do mundo”. O novo são os autores, os pesquisadores, os artistas especializados nos mais diferentes aspectos abrangidos por essas questões, que foram convidados para aprofundar as discussões em torno desses temas. Teremos a oportunidade de ouvir depoimentos teóricos, experiências de vida. Teremos a oportunidade de participar de manifestações culturais e artísticas, que complementam as discussões, ampliando nossa competência de leitura, nossa capacidade de compreender, interpretar ideias inscritas na estrutura profunda dos diferentes tipos de textos com os quais estaremos nos envolvendo. Não
Fernanda da Silva, Kleiton Igor Pase, Lisandra Blanck, Lisiane Vieira, Loreci Alves Marins, Lucas Cyrino e Milena Dlugokenski. Estagiários do projeto Mundo da Leitura na TV: Gisele Risson e Luis Fernando Portela. Correspondências: Centro de Referência de Literatura e Multimeios Campus I – BR 285 Bairro São José – CEP 99052-900 Passo Fundo/RS - (54) 3316-8148 leitura@upf.br
temos compromisso com o que acontece em eventos literários realizados por todo o território brasileiro. Temos compromisso, sim, com a formação de públicos apreciadores da leitura como fator de emancipação. Com públicos interessados em ampliar seus níveis de compreensão e de interpretação dos diferentes textos, sejam eles impressos, sejam eles apresentados em outros suportes. Com públicos que possam vir a apreciar de forma sensível e ao mesmo tempo crítica as manifestações da cultura e da arte. Nosso compromisso com a leitura está criativa e sensivelmente posto no refrão da canção da 15ª Jornada Nacional de Literatura pela voz do poeta Paulo Becker:
Leio com os olhos Boca e ouvidos Pele e nariz Todos os sentidos Leio comovido Todos os sentidos Da vida
Prof. Dr. Tania Mariza Kuchenbecker Rösing Coordenadora Geral das Jornadas Literárias
Facebook: www.facebook.com/mundodaleituraupf Twitter: www.twitter.com/mdleituraupf YouTube: www.youtube.com/user/mdleitura Home-page: www.mundodaleitura.upf.br Revisão: Beatriz Calegari Segal Ilustração de Capa: Zero3 Comunicação e Design Diagramação: Marcus Freitas (Nexjor FAC) Fotos: Acervo Mundo da Leitura Tiragem: 7000 Impressão: Gráfica Jornal Zero Hora
Universidade de Passo Fundo Reitor: José Carlos Carles de Souza Vice-Reitora de Graduação: Neusa Maria Henriques Rocha Vice-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação: Leonardo José Gil Barcellos Vice-Reitora de Extensão e Assuntos Comunitários: Bernadete Maria Dalmolin Vice-Reitor Administrativo: Agenor Dias de Meira Júnior
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destino mete os pés pelas mãos. Parece que acerta, na aparência, mas erra feio na essência. Levou o Alcione Araújo para uns dias em Minas, para que ele morresse na terra em que nasceu e assim, aparentemente, fosse dada uma espécie de simetria à sua biografia. Mas não era a hora de interromper uma obra em constante renovação e uma contribuição ainda muito, muito necessária ao pensamento político brasileiro, em áreas essenciais como a cultura, a arte e a educação. Releio a dedicatória que me escreveu no seu último livro de crônicas, dizendo-se “o dramaturgo que passou para os devaneios cotidianos”. O cronista já tinha ganho com seu primeiro livro o Prêmio Jabuti, mas continuava cada dia mais saboroso, e crônica é o PF bom e caseiro da literatura, o sabor de cada dia. Outra vez, nesse livro premiado, o destino acerta na aparência, ditando o título “Urgente é a vida”. E vejo, ainda no título de uma crônica sua, o que parece se ajustar como uma legenda
para um certo modo seu de olhar e viver a vida: “A vida é ruim, mas é boa.” Alcione era uma mistura de desconfiada mineirice com disposição para a fruição dos bons pedaços. O último e-mail que me mandou, [...] falando de renovadas esperanças de salvar nossa Sociedade Brasileira de Autores, começava assim: “Tomara, tomara, tomara...” O dramaturgo deixa uma obra completa (não terminada, não sei se me entendem), um painel dramático e épico inspirado e poético do homem do nosso tempo. Mas o romancista tinha acabado de publicar “Ventania”, seu terceiro e fascinante romance, confirmação de um narrador brilhante apenas começando sua obra. Por outro lado, ou do mesmo lado, pois Alcione foi um escritor profundamente comprometido com sua época, “a idade e o corpo verdadeiros que ela tem”, era um intelectual de pensamento agudo, bem formulado, de bases sólidas, sempre. Seu amigo e parceiro de Jornadas Literárias Ignácio de Loyola Brandão escreve que Alcione “estudou fi-
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losofia, me parece que também teologia, é um homem antenado com seu tempo, tira lascas de sociologia e história”. E é por isso que, como Ignácio de Loyola também escreve, “quando fala, fascina”. Não sei se lascas, Ignácio, diria nacos, porções graúdas e diria também que seus estudos se aperfeiçoaram na sua filha Carolina, professora de filosofia e seu orgulho, com quem discutia a vida e o sentido das coisas em longos e gozosos domingos. Também falaria da sua antena voltada para o Brasil. Alcione organizou durante muitos anos, no mesmo apartamento do Leblon das suas conversas com Carolina, encontros memoráveis de artistas e intelectuais com algumas das mais importantes figuras republicanas, políticos, líderes, personalidades que participavam da reconstrução do Brasil. Ali, ouvimos as ideias dessas personagens, perguntamos, discutimos. Eram pensamentos distintos, muitas vezes opostos, que fizeram daquele apartamento no Leblon um fórum verdadeiramente livre. Dos seus estudos, das discussões
que promovia, do seu saber, da sua visão aguda, vinha a solidez de um pensamento que ele continuava a compartilhar pelo Brasil afora, nas feiras de livro, nas Jornadas Literárias, nos encontros sobre educação e cultura, nos vários fóruns para onde viajava sem parar, um caixeiro viajante de enorme bagagem cultural. Penso no recanto do seu apartamento, ao lado da sala, onde trabalhava cercado de livros. Qual será a última frase que escreveu e que está lá, pendurada na tela do seu computador, onde espera que ele venha completar... Uma crônica, um novo romance, um roteiro de cinema, uma peça de teatro? Ele não virá, aquelas são as últimas palavras de um novo canto que o destino desastrado e desastroso interrompeu. Meu irmão Alcione, vou sentir muito a falta das suas opiniões cheias de sabedoria e profundidade.
Aderbal Freire-Filho, diretor de teatro
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Massimo Canevacci Ernani Cesar de Freitas*
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assimo Canevacci é professor de Antropologia Cultural do Departamento de Ciências Sociais e da Comunicação da Universidade La Sapienza de Roma. É o criador e diretor da revista Avatar e da revista eletrônica ZON/A, especializada em temas ligados à antropologia, comunicação e artes visuais. É autor de importantes obras de referência como: Comunicação visual (2009), Fetichismos visuais: corpos erópticos e metrópole comunicacional (2008), Culturas extremas: mutações juvenis nos corpos das metrópoles (2005), A cidade polifônica: ensaio sobre a antropologia da comunicação urbana (2000), Sincretismos: uma exploração das hibridações culturais (1996) e Antropologia da comunicação visual (1990, reeditado em 2001). Realiza pesquisas etnográficas sobre várias áreas: cultura indígena, movimento juvenil, metrópole, comunicação, cultura e o visual. Canevacci é um pensador que não economiza pesquisa e reflexão sobre a comunicação visual, para tal percorre desde o virtual, as webculturas e os mix-media até a política, o esporte e a arte. Massimo Canevacci, em seus estudos, aborda a individualidade humana na perspectiva da totalidade, sem desvinculá-la da noção de classe social. Reconhecido pela ousadia em romper com métodos clássicos da história intelectual, Massimo Canevacci é um antropólogo que expõe e explica a metrópole contemporânea, a influência das mídias digitais e, ao contrário do que muito da tradição acadêmica sugere, não vê o processo cultural atual como puramente alienante. Ele capta, sim, a imensa possibilidade de interação, participação e de criação de um novo tipo de sujeito, múltiplo e ativo.
Culturas extremas: mutações juvenis nos corpos das metrópoles. Culturas extremas é um livro que trabalha com a noção de fim das subculturas e no qual Canevacci propõe a noção de culturas intermináveis, relacionadas à persistência e às mutações das culturas juvenis na atualidade. É uma importante bibliografia em português para quem pesquisa a temática. O livro traz uma forte análise sobre as culturas juvenis contemporâneas, resultantes das revoluções socioculturais impulsionadas pela tecnologia pós-industrial. Esse é o ponto de partida através do que Canevacci fala sobre sua visão de cultura, orientada sempre pela perspectiva do sujeito autônomo. Os movimentos que comenta em seu livro estão muito distantes do Estado. São dinâmicas culturais que se encontram à revelia de uma cultura pública e institucionalizada. O texto é articulado em três partes: a) a primeira busca redefinir os cenários múltiplos nos quais figuram os fragmentos juvenis contemporâneos; contra qualquer tradição continuísta, inter-relacionam-se e entrecruzam-se os fios que eliminam todo resíduo conceitual de subcultura ou de contracultura; propõe, então, um novo cenário
multifacetado das culturas intermináveis; b) a segunda parte apresenta um percurso multinarrativo entre um “defluir de interzonas” nas quais se verifica o eXtremo interminável; c) a terceira parte é baseada numa acentuação das diferenças, por meio da emergência de conceitos líquidos. Culturas intermináveis, interzonas eXtremas, conceitos líquidos: o texto se articula, se constrói e se organiza defluidamente no decorrer dessas três diferenças. Na linguagem utilizada pelo autor, é possível verificar que o “ultrapasse” é a ferramenta da afirmação autônoma dos jovens no mundo: na emergência de uma infinidade de novos signos, a linguagem é levada a territórios que se sobrepõem aos léxicos institucionais; na urgência de trilhar um caminho sem lhe saber o fim, a história é o vértice do presente. CONTEXTO Em Culturas extremas, Massimo Canevacci, na Introducão/Loop do livro, comenta que “este ensaio nasce de uma grande insatisfação”. Isso porque “as pesquisas jornalísticas, as pesquisas quantitativas, as abordagens generalistas, as visões prescritivas não conseguem dar [...] o multissentido das perspectivas emitidas por aquelas que se
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definem ‘culturas juvenis’. Elas desenham constelações móveis, desordenadas, de faces múltiplas. Multicodes”. Canevacci reivindica uma espontaneidade metodológica polifônica que vai de encontro a todo rigor formal monológico, a toda e qualquer moral holística pensativa, a toda e qualquer implacável estatística. Na contramão do discurso científico, “instrumento para obter financiamentos, fazer carreira, falar em nome de”, o autor adota a metodologia do “gozo da diferença”. É isso o que lhe permite frequentar interzonas urbanas nas quais estabelecem um fluxo comunicacional direto com os sujeitos, jamais objetos. Rave, piercing, techno, tatuagem, bodyscape, cut-up, ciberespaço, fanzine, videoarte - a cultura líquida escorre pelos desvãos da cidade, despercebida entre camadas envelhecidas do método acadêmico centralizado. Em vez de tipologias, o que interessa a Canevacci são “as zonas limítrofes, os espaços vazios, os desafios panoramáticos, os atravessamentos”. O autor, nessa obra Culturas extremas: mutações juvenis nos corpos das metrópoles, refere-se a uma perspectiva de mundo que organiza as chamadas “tribos urbanas” juvenis, que passam a ser assunto recorrente, dentro e fora do debate acadêmico, a partir da década de 1980. De acordo com Canevacci (2005, p. 15), “não há
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mais contracultura, pois não há mais o contra. O término da hegemonia, o fim da ideologia e o fim da política enxugaram o contra. E libertaram as culturas extremas[...]”. Diante desse cenário multifacetado, de diversidade cultural, os jovens têm espaço para mostrarem suas “faces” e irromper sua cultura. Esse fenômeno do extremo interminável tem relação direta com a temática da 15ª Jornada Nacional de Literatura: “Leituras jovens do mundo”, que “explora o potencial, as preferências e a diversidade de interesses e comportamentos necessários ao entendimento dos jovens e a imprescindível sintonia com esse público”. QUESTÕES SUSCITADAS – LEITURAS Em Culturas extremas: mutações juvenis nos corpos das metrópoles, Massimo Canevacci defende que as atuais tribos urbanas juvenis não são herdeiras da assim chamada contracultura, pois não partem do reconhecimento crítico de certa cultura oficial a ser revirada ao avesso; se existe uma cultura oficial, as tribos ignoram sua existência. Canevacci as qualifica como apolíticas por faltar a elas qualquer noção de totalidade e qualquer pretensão de universalidade: a cultura das tribos é formada de escombros encontrados e reunidos a esmo. Para ele,
não existe mais uma contracultura, pois teria morrido “a política como utopia que transforma o mundo empenhando o futuro próximo” (CANEVACCI, 2005, p. 15). A cultura das tribos também não é uma subcultura, pois não é uma versão alternativa ou periférica de uma cultura hegemônica. Segundo Canevacci (2005, p. 15), as condições sociais promovidas por uma produção industrial policêntrica de símbolos culturais em fins do século XX praticamente implodiu a pertinência de falarmos de uma cultura hegemônica: “[...] a clássica dicotomia cultura hegemônica/culturas subalternas exauriu-se definitivamente”. Tais tribos, portanto, não se orientam por nenhuma utopia, na medida em que identificamos o sentido forte de utopia como o reconhecimento do elemento trágico da história e da própria existência humana: a capacidade de avistar um horizonte de redenção que poderia existir concretamente. As tribos, por não terem noção de totalidade e pretensão de universalidade, não podem operar criticamente e, portanto, não há por que imaginar que elas coloquem lá no horizonte (ou seja, no lugar que está lá onde a vista alcança, mas que não existe aqui e agora) o “tempo significativo” que elas organizam. As atuais tribos urbanas juvenis são heterotópicas na medida em que trocam qual-
quer fascínio pelo futuro “em favor do fluir no presente [...] uma libertação aqui e agora” (CANEVACCI, 2005, p. 35). Para Canevacci, o contexto das tribos é tão incrivelmente outro, em contraste com a crítica cultural desde meados do século XIX, que a própria noção de indivíduo precisa ser repensada. *Doutor em Letras e professor da UPF
REFERÊNCIAS AGUIAR, Julia. Entrevista com pensador Massimo Canevacci. 11/04/2008. Disponível em: <www.overmundo.com.br/overblog/entrevista-com-pensadormassimo-canevacci>. Acesso em: 30 mar. 2013. CANEVACCI, Massimo. Culturas extremas: mutações juvenis nas corpos das metrópoles. Rio de Janeiro: DP&A, 2005. TEMER, Ana Carolina Rocha Pessoa; PEREIRA, Silvana Coleta dos Santos. Entrevista com Massimo Canevacci. Comunicação e Informação, UFG, v.10, n. 2, p. 107-110, jul./dez.2007. Disponível em: <www.revistas.ufg.br/ index.php/ci/article/ view/10799/7178>. Acesso em: 30 mar. 2013.
Em 1996, Massimo Canevacci publicou o livro Sincretismos, que trata das novas formas de conexões, contaminações, trocas entre culturas diversas, dos índios Bororo brasileiros aos novos alienígenas etnocyberpunks, passando por um filme macedônico, uma performance berlinense, uma música malaia, a publicidade, o shopping center e a arquitetura. Agora intitulado SincrétiKa, seu novo livro é a ampliação e renovação, ou até mesmo a metamorfose, daquela primeira edição. Profundamente modificado em relação ao primeiro livro, SincrétiKa focaliza as relações entre arte, etnografia e sincretismos. Expõe diversas zonas conceituais, reflexivas e estéticas. A parte inicial, mais teórica, apresenta conceitos sincréticos, métodos híbridos, críticas diaspóricas. A seguir o texto é articulado no transitar reflexivo: o sujeito etnógrafo ou artista reflete sobre si mesmo no curso do processo elaborativo da obra. No transitar há um contínuo distanciar-se, compenetrar-se e misturar-se; um saltar entre o dentro e o fora; um escorrer e um transitar nas margens. A montagem como método e a metodologia vagante apresentam autores e obras diferentes entre si que tecem os fios cruzados dos sincretismos culturais: cinema, música, moda, literatura, arte pública. O final ubíquo procura desvendar o incompreensível como experiência do artista e do etnógrafo; a ubiquidade foge dos fechamentos monológicos da identidade, evade impalpável e se libera em direção ao vagar sincrético. SincrétiKa é igual e diferente de Sincretismos: aplica o método da montagem a um panorama expressivo que se acrescenta a cada dia e que impõe a quem pesquisa, a quem é um espectador/intérprete curioso dos fragmentos culturais, a quem quer afirmar o próprio valor criativo, um forte desejo de penetrar nesses panoramas para encontrar o seu caminho subjetivo. SincrétiKa observa e é observada pelo sujeito-eus. Enfim, afirma na sua composição a necessidade de atravessar com a mesma curiosidade crítica as mais diferentes formas de arte contemporânea. Sinopse enviada pela Editora Nobel
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Alejandro Reyes nasceu na cidade do México. É jornalista, tradutor, escritor e ativista, membro do coletivo de mídia alternativa Rádio Zapatista. Depois de morar vários anos nos Estados Unidos e na França, mudou-se, em 1995, para o Brasil, onde dedicouse ao trabalho social com crianças e adolescentes de rua. É mestre em Estudos Latino-Americanos e doutor em Literatura Latino-Americana pela Universidade da Califórnia em Berkeley. Escreve em diversos órgãos de comunicação social alternativos dedicados a movimentos sociais do México e dos Estados Unidos. Partici-
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pou do movimento literário baiano e publicou, entre outras obras, Vidas de rua (Fundação Casa de Jorge Amado, 1997), Contos mexicanos (A Romana, 2004) e, neste ano, Vozes dos Porões (Aeroplano), ensaio sobre o movimento de literatura periférica/marginal no Brasil. A rainha do Cine Roma (Leya, 2010), seu primeiro romance, foi finalista do prêmio Leya 2008 e ganhador do prêmio Lipp 2012 pela versão em espanhol, e foi publicado no Brasil, Portugal, México e, no próximo ano, na França. Atualmente, Alejandro Reyes mora em Chiapas, México.
César Coll é professor de Psicologia Evolutiva e da Educação da Faculdade de Psicologia da Universidade de Barcelona. Foi um dos principais coordenadores da reforma educacional espanhola e consultor do Ministério da Educação e Cultura na elaboração dos Parâmetros Curriculares Nacionais no Brasil, participando como assessor técnico. Sua principal ideia é que a preparação de um currículo precisa satisfazer a todos os níveis da escola, sendo importante aquilo que o aluno efetivamente apreende e não o conteúdo transmitido pelo professor. Todo o universo que compõe a educação (escola, aluno, família, governo, etc.) precisa se fazer presente. Coll é autor, em parceria com Carles Monereo e outros colaboradores, do livro Psicologia da educação virtual (Artmed, 2010).
José Afonso Furtado nasceu em Alcobaça, Portugal, no ano de 1953. Licenciou-se em Filosofia pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e, durante muitos anos, desenvolveu a sua atividade profissional em organismos governamentais na área da Cultura, tendo exercido entre 1987 e 1991 o cargo de Presidente do Instituto Português do Livro e da Leitura, organismo que foi responsável pela concepção, lançamento e consolidação do programa Rede Nacional de Bibliotecas Públicas. Furtado foi docente do Curso de Especialização em Ciências Documentais da Faculdade de Letras da Universidade Clássica de Lisboa, entre 1992 e 1995, do Curso de Especialização de Técnicas Editoriais da mesma Faculdade, entre 1994 e 2002, e diretor da Biblioteca de
Arte da Fundação Calouste de Gulbenkian entre 1992 e 2012. Atualmente, é docente no Curso de Pós-Graduação em “Edição: Livros e Novos Suportes Digitais” da Universidade Católica Portuguesa, instituição onde integra o Conselho Consultivo do Programa “Leitura Digital” e membro da Comissão de Honra do Plano Nacional de Leitura, além de ter sido agraciado com o grau de grande oficial da Ordem do Infante D. Henrique, em 2012. Participou de diversos livros em conjunto e publicou, entre outras obras: Os livros e as leituras: novas ecologias da informação (Livros e Leituras, 2000), O papel e o pixel (Escritório do Livro, 2004) e Uma cultura da informação para o universo digital (Fundação Francisco Manuel dos Santos, 2012).
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Conferência A comunicação do impresso ao digital
Equipe de apoio
Exposição QR-Poema - Giselle Beiguelman
João Almino, vencedor do 7º Prêmio Passo Fundo Zaffari & Bourbon de Literatura
Palco de debates Diálogo, mídias e convergências
Espetáculo de abertura - 1000 Tempos - Intrépida Trupe
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12º SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE PESQUISA EM LEITURA E PATRIMÔNIO CULTURAL Leitura, arte e patrimônio: redesenhando redes Período: 28 a 31 de agosto de 2013 Horário: das 8h30min às 11h30min Local: Auditório da Faculdade de Odontologia (prédio A7) – Campus I – UPF Coordenação: Miguel Rettenmaier e Eloy Martos Núñez O Seminário Internacional de Pesquisa em Leitura e Patrimônio Cultural é um evento itinerante que, desde 2003, faz sede em Passo Fundo nos anos de Jornada Literária. Nos anos pares, vem alternando o encontro em cidades como Badajós - Espanha (2002), Paris (2004), Cuenca - Espanha (2006), Almeria - Espanha (2008), Cáceres - Espanha (2010) e Girona - Espanha (2012). As atividades do 12º Seminário Internacional de Pesquisa em Leitura e Patrimônio Cultural, vinculando os estudos da leitura às investigações sobre a cultura e a identidade, em uma abordagem que priorize o intercâmbio e a discussão entre universidades de várias partes do mundo, permitirá que, na programação da Jornada de 2013, sejam levadas a efeito duas ideias promissoras quanto aos seus resultados. No que se refere às discussões do 12º Seminário, com a temática “Leitura, arte e patrimônio: redesenhando redes”, prometem ampliar o debate da formação do leitor pela presença de mais de uma dezena de universidades da Europa e da América Latina representadas por relevantes pesquisadores, proferindo conferências e participando de discussões.
ENCONTRO INTERNACIONAL DE BIBLIOTECÁRIOS E MEDIADORES DE LEITURA Biblioteca, Inovação e Comunidade Período: 28 a 31 de agosto de 2013 Horário: das 8h30min às 11h30min Local: Auditório do ICEG (prédio B5) – Campus I – UPF Coordenação: Adriana Cybele Ferrari O encontro propõe uma reflexão sobre o novo perfil das bibliotecas na atualidade e a importância dos bibliotecários como mediadores e fomentadores de leitura. Profissionais de diferentes países compartilham experiências, apresentando outros modelos de biblioteca e de formação do leitor, como as bibliotecas-parque de Medellin, na Colômbia; as ações da Conabip na Argentina; as bibliotecas CRA do Chile, e, no Brasil, o Plano Nacional do Livro e Leitura e projetos liderados pelo Sistema Estadual de Bibliotecas Escolares e de Bibliotecas Públicas do Rio Grande do Sul e de Minas Gerais.
2º SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE LITERATURA INFANTIL E JUVENIL Leituras jovens e mercado: demandas e tendências Período: 28 a 31 de agosto de 2013 Horário: das 8h30min às 11h30min Local: Auditório da Biblioteca Central (prédio C1) – Campus I – UPF Coordenação: Fabiane Verardi Burlamaque A literatura destinada a crianças e jovens ainda ocupa nos estudos críticos e literários um espaço subestimado, dessa forma, o 2º Simpósio Internacional de Literatura Infantil e Juvenil pretende, através de discussões com escritores, ilustradores, tradutores, educadores e editores debater a questão das leituras jovens do mundo suas demandas e tendências, uma vez que vivenciamos um mercado editorial em franca ascensão.
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4º ENCONTRO ESTADUAL DE ESCRITORES GAÚCHOS A criação literária em debate Período: 28 a 31 de agosto de 2013 Horário: das 8h30min às 11h30min Local: Auditório do Centro de Educação e Tecnologia (prédio B3) Campus I – UPF Coordenação: Luís Augusto Fischer O Encontro Estadual de Escritores Gaúchos é uma iniciativa organizada pelas Jornadas Literárias, desde 2007, com o objetivo de proporcionar a troca de experiências entre escritores atuantes no Rio Grande do Sul, e entre os participantes do Portal das Linguagens. Tratam-se de escritores gauchescos, em torno de temas diversos e interessantes para eles, assim como para todos os amantes da literatura, ou seja, não há uma limitação em torno do local de nascimento.
3º SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE CONTADORES DE HISTÓRIAS Contar histórias para jovens Período: 28 a 31 de agosto de 2013 Horário: das 8h30min às 11h30min Local: Auditório da FEAC (prédio B6) – Campus I – UPF Coordenação: Celso Sisto e Eládio Weschenfelder O Seminário Internacional de Contadores de Histórias, da 15ª Jornada Nacional de Literatura de Passo Fundo, tem como proposta refletir sobre as especificidades do contador de histórias em sua performance para o público jovem.Com o foco exclusivo neste público, queremos levantar e debater questões sobre as exigências de repertórios, linguagens, recursos e interações específicos para os jovens ouvintes e leitores. Por trás de cada um destes enfoques, está a pergunta básica: o que é necessário para contar histórias para uma plateia juvenil?
7º PLENÁRIO DA RED INTERNACIONAL DE UNIVERSIDADES LECTORAS Data: 28 de agosto de 2013 Horário: 11h30min às 13h Local: Auditório da Faculdade de Odontologia (prédio A7) Campus I - UPF Coordenação: Miguel Rettenmaier e Eloy Martos Núñez A Red Internacional de Universidades Lectoras agrega 40 universidades em torno de objetivos e atividades comuns, de fomento à leitura e à escrita na comunidade universitária e em seu conjunto. Em seus princípios, encontrase uma concepção plural de leitura pela qual se mobilizem práticas politextuais e policontextuais. Estão entre os objetivos da Red: - Tratar a leitura e a escrita de forma transversal com vistas a associar cultura e tecnologia; - Promover o desenvolvimento cidadão de universitários pelo envolvimento com a leitura na cultura clássica e em outras linguagens; - Fomentar a cooperação internacional e o desenvolvimento social e econômico. O 7º Plenário da Red Internacional de Universidades Lectoras avaliará os resultados atingidos até o presente momento, além de propor novas iniciativas comuns de formação leitora e cidadã. www.universidadeslectoras.org
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A Banda AR21 é formada pelos antigos integrantes da Banda AfroReggae. O nome AR21 está relacionado com a comunidade de Vigário Geral, da zona norte do Rio de Janeiro, código de área 21, berço dos integrantes da banda. Surgiu em novembro de 2012 com a proposta de um ritmo mais dançante, sendo a primeira banda de samba funk carioca com influências do Reggae. Em seu repertório, traz pagodes e funks cariocas conhecidos como “Rap da felicidade”, de Cidinho e Doca; “Eu só quero é ser feliz”, “Nosso sonho”, de Claudinho e Buchecha; “Sou o cara pra você”, de Thiaguinho; “Amiga da minha mulher” e “Alma de guerreiro”, ambas de Seu Jorge, entre outras. O grupo também traz composições próprias como “Erga-se”, que será o nome do primeiro CD com lançamento previsto para 2013. O clipe dessa música já está sendo exibido nos principais canais de música como MTV, Multishow e Mix TV. Para saber mais sobre o grupo acesse: www.afroreggae.org/ar21
Emicida tornou-se um dos grandes nomes do rap no Brasil. Nascido em São Paulo onde reside até hoje, sempre se destacou vencendo as batalhas de rimas, eternizando seu grito de guerra “A Rua é Noiz”. Em 2009, lançou a primeira mixtape, “Pra quem já mordeu um cachorro por comida até que eu cheguei longe” que foi produzido pelo seu selo aboratório Fantasma. O CD foi vendido pelo próprio Emicida que também é produtor musical, atingindo 3.000 cópias e ganhando visibilidade e reconhecimento do público e da crítica. Já fez turnês nos EUA e na Europa, participou dos festivais SWU, Rock in Rio e Sónar e recebeu prêmios importantes do VMB e o Prêmio Bravo de Cultura de melhor CD de música popular. Emicida já fez parcerias com outros MCs, com funkeiros, roqueiros e sambistas como Tom Zé e Wilson das Neves, Criolo e Pitty. Twitter: @emicida – Facebook: www.facebook.com/EmicidaOficial
O show “Comédia em Pé” é um espetáculo de humor onde os comediantes atuam de pé, diante da plateia em formato de Stand Up Comedy, no estilo pocket show que se consagrou nos Estados Unidos. O texto, escrito pelos próprios atores, Fernando Caruso, Cláudio Torres Gonzaga, Smigol e Victor Sarro, aborda assuntos da vida cotidiana que se tornam engraçados a partir de uma visão bem humorada. O Grupo “Comédia em pé” foi criado em 2005 e é um dos pioneiros do estilo Stand Up Comedy no Brasil.
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A dupla pelotense Kleiton & Kledir apresenta-se com um show que valoriza a sonoridade acústica de instrumentos como o violão e o violino, em canções que são grandes sucessos de sua extensa e produtiva vida musical. Os irmãos, que iniciaram sua carreira no grupo Almondegas – marco na cultura musical gaúcha, que trouxe aos palcos espetáculos misturando canções populares com orquestras sinfônicas, dança e teatro e repercutiu no cenário cultural na década de 1970 – são autores de canções inesquecíveis, como “Deu pra ti” e “Vira virou”, ícones de seu trabalho, que levou a música gaúcha a todo país, mantendo o sotaque do sul e ao mesmo tempo explorando novas possibilidades que a tornaram mais universal. Isso fez da dupla, símbolo cultural do estado, garantindo-lhes o título de “Embaixadores Culturais do RS”. Demonstrando sua versatilidade, Kleiton e Kledir também apresentam, atualmente, o espetáculo infantil Par ou Ímpar, no qual suas canções ganham vida com as representações cênicas baseadas em técnicas circenses, teatro e dança do Grupo Tholl, trabalho que rendeu ao CD homônimo o Prêmio da Música Brasileira 2013 de melhor álbum infantil.
LEITURAS
Paulo Becker / Humberto Gessinger
Leio com os olhos Um haicai do Leminski Que recitei outrora Só pra te ver sorrir Leio com a língua O sabor do alfajor O mel da melancia E o sal do teu suor Com o meu nariz Leio aromas da estação Os cheiros mais sutis Que teu corpo exala Leio com os olhos Boca e ouvidos Pele e nariz Todos os sentidos Leio comovido Todos os sentidos Da vida
Daquela canção ouvida na infância, daquela melodia que tocava quando uma pessoa especial apareceu, das notas compassadas que chamavam a dobrar a esquina e seguir seu som enquanto a vida parecia correr normalmente e que a cada vez que são ouvidas novamente trazem de volta os sentimentos desencadeados em outros tempos. São de situações como essas que nasceu o livro de memórias Solidão no fundo da agulha (LivrosParaTodos, 2012), de Ignácio de Loyola Brandão, e é também daí que surge o espetáculo musical de mesmo nome, do autor em parceria com a sua filha, a cantora Rita Gullo. São canções como “Valsinha”, de Chico Buarque e Vinicius de Moraes; “Quizás”, de Osvaldo Farrés; e “Amado mio”, de Doris Fisher e Allan Roberts, que abrem as portas para lembranças da vida do autor e nos trazem de volta outras épocas e sentimentos históricos que não são somente cenas pessoais de Loyola, mas uma amálgama das memórias e da força ficcional que elas geralmente trazem em si. Ignácio de Loyola Brandão e Rita Gullo relevam os sentimentos e as emoções passadas que pode guardar uma canção, através do relato de situações, alucinações, fantasias e momentos vividos, entre conversa e música.
Com os meus ouvidos Leio acordes e ruídos A chuva em surdina Tua palavra clara Leio com as mãos Feito criança a tocar Tudo que o olho vê Leio teu corpo em braile Leio com os olhos Boca e ouvidos Pele e nariz Todos os sentidos Leio comovido Todos os sentidos Da vida
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PAULO BECKER*
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programa Mundo da Leitura completa 10 anos no ar em 2013. A história do programa começou na primeira metade de 2003, quando um bando de malucos decidiu fazer um programa infantil de televisão na UPF. Os integrantes do grupo responsável pela concepção do programa eram, além de mim: Tania Rösing, coordenadora do Centro de Referência de Literatura e Multimeios – Mundo da Leitura; José Henrique Fonseca, diretor da UPFtv; Eduardo Wanmacher, professor da Faculdade de Artes e Comunicação – FAC; Eládio Vilmar Weschenfelder, professor do curso de Letras. Digo que éramos malucos porque tínhamos uma ideia na cabeça e uma câmera nas mãos, como certos cineastas idealistas da segunda metade do século passado, mas nos faltava todo o resto. E esse “resto” incluía desde atores e manipuladores de bonecos até um estúdio e equipamentos adequados para a gravação do programa (no início, dependíamos completamente dos laboratórios de vídeo e áudio da FAC, que podíamos utilizar somente nos horários não reservados pelos professores do curso!). E, acima de tudo, tínhamos uma carência total de profissionais com formação e experiência no ramo da produção de programas infantis. Lembro-me que o saudoso Alcione Araújo, grande colaborador das Jornadas de Literatura, observou certa vez que, em qualquer país de primeiro mundo, uma instituição como a nossa
UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDO Voz e Manipulação de Bonecos CACÁ SENA - Gali-Leu ELISÂNGELA DE MELLO Borralheira GIANCARLO CAMARGO Reco-Reco ELIANA RODRIGUES LEITE Ratazana GIANCARLO CAMARGO Alberto NATHÁLIA BRASIL - Alice
- Canal Futura Quarta - 10h30min Reprises: - Sábado - 11h - Domingo - 9h - Segunda – 12h Como sintonizar os canais
que abraçasse um projeto semelhante destacaria, num primeiro momento, um grupo de pessoas para se profissionalizar nas funções de direção, produção, roteirização, etc. Apenas quatro ou cinco anos depois, quando esse pessoal já se encontrasse formado, a instituição passaria para a fase de elaboração dos programas. Aqui, começamos pelo final: todos nós, envolvidos na criação do Mundo da Leitura, aprendemos a fazer um programa infantil fazendo-o, ou seja, nos profissionalizamos na marra, a partir de nossos próprios erros e acertos, sem esquecer da valiosa ajuda e dos ensinamentos que viemos a receber posteriormente, a partir de 2005, por parte dos integrantes da equipe do Canal Futura mais diretamente envolvidos na realização do programa. O primeiro episódio do Mundo da Leitura estreou na TVE, em canal aberto, para todo Rio Grande do Sul, no dia 26 de julho de 2003, um sábado. Tínhamos meia dúzia de episódios já gravados, mas esta reserva esgotou-se rapidamente, e chegamos ao ponto de o programa ser enviado de ônibus na sexta-feira para Porto Alegre para ir ao ar no dia seguinte. Este fato explicitou a precariedade da estrutura da UPFtv,
Elenco GIANCARLO CAMARGO - MilFaces NATHALIA BRASIL - Nati Roteiro e Consultoria PAULO BECKER Letras das Canções PAULO BECKER Pesquisa ELIANA TEIXEIRA ELISÂNGELA DE MELLO LISANDRA BLANCK LISIANE VIEIRA
Produção NATHALIA BRASIL RAQUEL TRAMONTINI Cenários PAULO BALARDIM Criação e Confecção dos Bonecos PAULO BALARDIM MARIA GORETI BETENCOURT Videografismo BRUNO QUEIRÓZ Direção CARLOS TESTON
na época, mas também revelou que havíamos dimensionado mal o trabalho necessário para produzir um programa de meia hora de duração. Desde a elaboração da pauta de cada episódio até a montagem e edição final do mesmo, havia tantos processos e atividades a serem cumpridos que era impossível fazer um episódio novo a cada semana, como ingenuamente havíamos planejado. Em decorrência disso, resolvemos fazer apenas 26 episódios por ano (como ocorre até hoje), divididos em duas séries de 13 episódios, sendo que cada série é reprisada imediatamente após o seu término, e assim são preenchidas as 52 semanas do ano. Até o presente momento, já foram finalizados 277 episódios, ao todo. Após a UPFtv tornar-se afiliada do Canal Futura, em 2005, o Mundo da Leitura passou a integrar a grade nacional daquele canal e tornou-se, em seguida, um dos seus programas com maior retorno de audiência. O Mundo da Leitura conseguiu fidelizar um público, com idade situada entre três e nove anos, em todas as regiões do país, e essas crianças (ou seus responsáveis, quando ainda muito novas) remetem diariamente mais de uma centena de
- Canal Futura Se você tem antena parabólica, sintonize na polarização vertical 20. Na TV por assinatura, em parceira com a Globosat, estamos nos seguintes canais: - no canal 32 da Net para todo o Brasil (canal 26 para a cidade de Passo Fundo - RS) - no canal 37 da Sky - no canal 163 da DirecTV - Em São Gonçalo - RJ: canal 18 UHF - Canal: UPF TV - canal 4 VHF Alcance: Passo Fundo, Sertão, Mato Castelhano, Pontão, Coxilha, Ernestina, Tio Hugo, Ibirapuitã, Soledade e Carazinho [RS]. • Em Marau - RS: canal 54 UHF • Em Carazinho - RS: canal 20 UHF
e-mails e cartas para a equipe e/ou os personagens do programa. Diante do acolhimento caloroso desse público, ainda em 2007, o Mundo da Leitura foi incorporado à programação da Globo Internacional, passando a ser retransmitido para 105 países, e também passou a integrar o projeto Educação nos Trilhos, uma parceria entre a Fundação Companhia Vale do Rio Doce e o Canal Futura, que atinge cerca de 1,5 milhão de usuários de trem por ano. Como se vê, essa criança que agora está comemorando seu aniversário de 10 anos já tem muita história para contar. *Professor da UPF e roteirista do Programa Mundo da Leitura
Trilha Sonora SANDRO CARTIER HUMBERTO GESSINGER
Videografismo HERBERT COHN JEAN-MARC BILLARD
Gerente de Conteúdo DÉBORA GARCIA
Direção de Fotografia e Câmera LEONARDO GOBBI
Coordenação do Centro de Referência de Literatura e Multimeios - Mundo da Leitura TANIA M. K. RÖSING
Coordenação de Produção JOANA LEVY
Gerente de Programação JOÃO ALEGRIA
Equipe Técnica ANDERSON LEIRIA SÉRGIO TOSCAN JÚLIO MEIRA
Analista de Conteúdo ANDRÉ LIBONATI
Gerente Geral LÚCIA ARAÚJO
Coordenação de Núcleo CLARICE SALIBY
Produtores Assistentes ANNE GERMANO JULIANA VENTURA
Supervisão Geral HUGO BARRETO
Coordenação Artística MARCIO MOTOKANE
Gerente de Produção VANESSA JARDIM
Edição BRUNO QUEIRÓZ
Produção de Arte ELIANA LEITE NATHÁLIA BRASIL
CANAL FUTURA
PARCEIROS Universidade de Passo Fundo e UPFTV
Passo Fundo, agosto de 2013 - Ano XVI
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ara você que gosta de histórias em quadrinhos, filmes, músicas, poesias, contação de histórias e games, e além de tudo adora viajar no mundo da imaginação e se sentir parte da história, desvendando os mistérios dos personagens, o convidamos a conhecer o Centro de Referência de Literatura e Multimeios. Apresentamos a você um espaço diferente, mais conhecido como Mundo da Leitura, que tem como objetivo formar leitores críticos em diferentes linguagens através de leituras hipermidiais.
No Mundo da Leitura, o leitor tem a oportunidade de entrar no mundo fantástico da literatura, explorando a leitura da maneira que mais gosta. Queremos que nosso público conquiste novos espaços e passe por novas possibilidades de perceber a realidade em que vive. Aqui os alunos participam das práticas leitoras que desenvolvem atividades através de textos, sons, vídeos e imagens. Aguçamos os sentidos, explorando as cores e as texturas, transmitindo informações que contribuem na formação do conhecimento. Assim procuramos
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estimular o pensamento crítico de crianças, jovens e adultos. Buscamos aprimorar o senso de leitura de mundo e convidamos nossos leitores a desvendar os segredos das histórias, fazendo com que explorem os livros e todas as possibilidades de leitura, seja por meio de palavras, ouvindo uma canção ou vendo uma imagem. O Mundo da Leitura também oferece as Sacolas Circulantes, uma oportunidade para que os professores conheçam nosso acervo e envolvam seus alunos com a literatura. Além das sacolas, o Mundo da Leitura faz empréstimos de livros para alunos, funcionários e comunidade em geral. As pessoas também podem usufruir do espaço nos horários abertos à comunidade. Em setembro deste ano, o Mundo da Leitura completa 16 anos. As histórias contadas e lidas divertiram, emocionaram e inspiraram novos leitores. O Mundo da Leitura, que surgiu a partir da Jornada Nacional de Literatura, busca incentivar cada vez mais a leitura e despertar o prazer nos leitores, compartilhando as experiências e difundindo a leitura em todos os lugares do mundo. Faça parte desta história. Esperamos por sua visita!
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s amantes de literatura ou interessados em conhecer mais sobre algumas obras têm agora um novo espaço. O Centro de Referência de Literatura e Multimeios – Mundo da Leitura, da Universidade de Passo Fundo (UPF), lançou no mês de junho o projeto Trocando Ideias no Mundo da Leitura. O projeto, com o objetivo de aproximar leitores e não leitores de clássicos da literatura universal, propõe uma roda de conversa sobre as obras selecionadas. Quem leu a obra pode participar das discussões com comentários ou mesmo esclarecer alguma dúvida; quem não leu, mas está interessado, também pode participar da conversa que é aberta tanto para o público acadêmico, quanto para a comunidade em geral. Entretanto, as discussões não terminam por aí: a página do Trocando Ideias no blog do Mundo da Leitura é alimentada com informações, curiosidades e críticas sobre as obras. Os encontros do Trocando Ideias ocorrem na última sexta-feira de cada mês, das 18h 30min às 19h 30min, no Mundo da Leitura. O calendário de obras propostas pode ser acessado no blog do Mundo da Leitura: mundodaleituraupf.blogspot.com.br
O Quiosque multimidial do Largo da Literatura Marco da Capital Nacional da Literatura possui livros, revistas, jornais e computadores com acesso à internet. A comunidade pode realizar o empréstimo de até três livros com prazo de entrega de até 10 dias. Localização: Praça Armando Sbeghen Horário de funcionamento: 12h30min às 18h30min de segunda a sexta-feira. Fone: (54) 3314-6911. O Quiosque de Leitura Roberto Pirovano Zanatta, no Largo da Literatura Brasileira, é equipado com livros, revistas e jornais. A comunidade pode fazer o empréstimo de livros e ter acesso a internet nos computadores ou pela rede wireless. Atividades desenvolvidas: Troca-Troca de Livro, Mês da Criança, Festa do Saci, Festa de Natal. Localização: Praça Antonino Xavier de Oliveira Horário de Funcionamento: 12h30min às 18h30min de segunda a sábado. Fone: (54) 3312-4210 A Biblioteca Pública Municipal Arno Viuniski oferece acesso à internet, empréstimo de livros, atividades culturais e literárias. Tem acervo de mais de cinquenta mil obras e cinco mil obras raras. Aberta à comunidade em geral. Localização: Rua Morom, 2019, bairro Centro. Horário de funcionamento: 8h às 11h30min – 13h30min às 17h30min, de segunda a sexta. Fone: (54) 3311-1128.
o ano de 2009, o prefeito municipal em exercício instituiu o Plano Municipal do Livro e Leitura de Passo Fundo (PMLL), integrado pelas mais diversas atividades desenvolvidas por instituições públicas e privadas, com fins de democratizar o acesso ao livro, fomentar a leitura e formar mediadores, valorizar a leitura e a comunicação e desenvolver a economia do livro. O PMLL surgiu estimulado pela movimentação cultural permanente em que se constituem as Jornadas Literárias de Passo Fundo, promovidas desde 1981, pela Universidade de Passo Fundo e Prefeitura de Passo Fundo. Reúne as iniciativas desenvolvidas no município em prol da leitura, procurando aumentar o número de leitores e o índice de leitura, possibilitando sua transformação em leitores críticos, emancipados e
hipermidiais. Para isto, foi instituída a Comissão Municipal do Livro e Leitura, sendo esta responsável pela coordenação e desenvolvimento do PMLL de Passo Fundo, composta pelas seguintes entidades: Prefeitura de Passo Fundo, Jornada Nacional de Literatura, Academia Passo-fundense de Letras, 7ª Coordenadoria Regional de Educação e União das Associações de Moradores de Passo Fundo. A prioridade do PMLL, portanto, é proporcionar a melhoria da capacidade leitora dos passo-fundenses que estejam no ensino formal, ou mesmo cidadãos de diferentes grupos sociais interessados em desenvolver uma formação estética, sensibilizadora, humanizante, incentivando-os a transformar o ato de ler no seu dia-a-dia num comportamento permanente.
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