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Alasca desejado

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Dicas quentes

Dicas quentes

Natureza exuberante, lugares pouco habitados, gigantes king crabs e todo o conforto Silver Muse fazem de uma jornada pelo Alasca inesquecível

Por FLÁVIA PIRES, de ANCHORAGE

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Conhecer o Alasca sempre foi um item incontestável na minha bucket list. Várias vezes me peguei assistindo a programas e documentários na televisão sobre o destino, sendo alguns dos meus favoritos, Pesca Mortal e Construções no Alasca. Um mostrando a desafiadora pesca de king crab, crustáceo típico da região, e outro no qual famílias constroem as próprias casas literalmente no meio do nada. De tanto consumir o conteúdo pela televisão, não conseguia evitar imaginar o combo perfeito da natureza exuberante com a imbatível estrutura americana para o turismo.

Como sempre costumo fazer quando escolho um destino novo, me dediquei a ler e estudar tudo sobre ele. Descobri que o Alasca é o maior e menos povoado estado dos EUA. O território pertencia aos russos e sempre foi considerado estratégico do ponto de vista militar. Foi vendido aos Estados Unidos em 1867 em meio a um período de crise financeira na Rússia. Naquela época, os britânicos eram uma superpotência mundial e já controlavam o Canadá. Acredita-se que, entre as razões pelas quais a Rússia vendeu o território aos americanos, estaria o receio de que o Reino Unido tivesse ambições expansionistas. Imagino que devam se arrepender amargamente dessa decisão da venda, até porque a principal fonte de renda do Alasca está baseada em extração de petróleo e gás natural. Isso representa mais de 80% das receitas do estado, tornando o Alasca o maior produtor de petróleo dos EUA.

Escolhi a companhia de cruzeiros Silversea para esta aventura de sete noites, já que sempre ouvia falar da alta qualidade dos navios e especialmente da hotelaria. O navio da temporada no Alasca foi o Silver Muse, construído em 2017 e que veio para elevar todos os patamares de luxo na navegação, superando seu antecessor, o Silver Spirit. O navio acomoda com muito espaço e con-

Escolhi

forto de seus 596 passageiros e 411 tripulantes. Estabilizadores de última geração garantem uma viagem tranquila, sem balanços em momento algum. A navegação no Alasca é muito tranquila, em vários momentos eu até esquecia que estava em um navio.

Toda estrutura contribuiu muito para a minha sensação de acolhimento, começando pelas acomodações. A Silver Suite, com 70m2, foi nossa casa pelas noites de navegação, com uma sala de estar ampla com sofás, mesa de jantar, frigobar, escrivaninha e uma varanda super espaçosa. Uma porta de correr separava a sala da suíte com cama super king, penteadeira e um banheiro generoso com banheira. Além disso, tínhamos também nosso próprio walk-in closet, daqueles cinematográficos, que me fizeram sentir em casa!

Conhecida por tantos diferenciais, a companhia Silversea inclui nas tarifas serviço de mordo- mo, amenities Bvlgari e Ortigia, serviço de quarto 24 horas com vasto cardápio e open bar, além de caviar e champagne de cortesia na cabine ou em qualquer ambiente do navio. Com uma arquitetura super arrojada e espaços internos extremamente elegantes e sóbrios, você não percebe o número de ocupantes em momento algum da viagem. São tantos ambientes e atividades dentro e fora da embarcação, além de oito restaurantes super bem distribuídos, que os passageiros se diluem em todo o trajeto.

Os restaurantes, aliás, são um capítulo à parte! A Silversea possui altíssima gastronomia, e os nove restaurantes do Silver Muse oferecem diferentes especialidades, agradando todos os gostos. São duas opções de café da manhã, o restaurante La Terraza – único em esquema de buffet, que abre para café da manhã, almoço e jantar – ou à la carte no lindo Atlantide, onde no almoço e jantar a especialidade são os frutos do mar. Além de, claro, ser possível optar por fazer o desjejum no conforto da cabine, com um extenso cardápio.

Descontraído e com vistas estonteantes, o The Grill fica ao redor da piscina e serve pratos internacionais no almoço e no jantar, permitindo que os hóspedes preparem os próprios grelhados em pedras vulcânicas. O Indochine abre apenas para o jantar e oferece uma verdadeira experiência asiática, evocando toda uma sensação mística oriental em um ambiente lindíssimo.

No Silver Note, a experiência é única, com um cardápio o nipo-peruano que nos teletransporta para um universo de novos sabores através de apresentação impecável de pratos leves e cheios de sabor. Um piano bar com jazz e blues ao vivo embalam a noite. Ainda na viagem gustativa, o Kaiseki leva os passageiros aos sabores do Oriente mais uma vez, com um cardápio de sushi e sashimi à la carte no almoço e pratos no estilo teppanyaki no jantar, garantindo a culinária japonesa a bordo. Os toques europeus não ficam de fora. Com um menu personalizado, o La Dame é a mais alta expressão em excelência da gastronomia francesa e me fez sentir em um dos grandes e elegantes restaurantes de Paris, com uma adega impactante e decoração classuda que garantiram uma noite memorável. Refletindo a herança italiana da Silversea, o Spaccanapoli oferece pizzas e culinária italiana no almoço e no jantar.

Já no casual Arts Café, são oferecidas aos passageiros diferentes opções ao longo do dia, como um descontraído café da manhã, canapés no almoço, deliciosos bolos e tortas à tarde e festival de trufas de chocolate à noite. Drinques são servidos ali também, tanto no salão principal quanto no convidativo terraço. Falando em drinques, o Panorama

Lounge foi um dos meus points favoritos para um coquetel no fim de tarde. Com seus imensos janelões e uma vista linda 180 graus, o espaço é impressionante e ainda possui uma bela biblioteca anexa. Um dos meus passatempos preferidos da viagem foi folhear as centenas de livros disponíveis.

Para fora das páginas dos livros, entretenimento é o que não falta no Silver Muse! Cassino, cinema, salão de jogos com direito a torneios, palestras sobre diferentes temas, aulas de dança, ioga, shows diversos no teatro, disco night, cursos de fotografia e até mesmo karaokê, todas as atividades coordenadas por um staff extremamente atencioso. Para os viajantes solo, a equipe do navio organiza encontros para promover novas amizades, ideia que eu achei sensacional. Crianças são muito bem-vindas ao cruzeiro, até porque o Alasca é um destino multigeracional. Atende dos oito aos 80 anos, com atividades para todas as idades.

A área da piscina possui jacuzzis aquecidas que são um convite ao relaxamento, e o Zagara Beauty Spa, um verdadeiro santuário para o cor- po e a mente com nove salas de tratamento, uma suíte de acupuntura e uma banheira de hidromassagem externa aquecida.

Os passeios durante o cruzeiro são escolhidos online. Com seu código de reserva, você acessa uma área personalizada onde é possível fazer todas as reservas, tanto dos passeios, quanto dos restaurantes e atividades no navio. Tudo muito fácil, eficiente e ágil. Nesse portal, você consulta sua agenda diariamente. Mas o contato humano não é deixado de lado: a qualquer momento do cruzeiro, é possível consultar o competente time de concierges, todos sempre prontos para ajudar com absolutamente tudo. Geralmente, só conseguimos fazer um passeio em cada parada, já que na parte da tarde ou fim do dia acontecem os deslocamentos para o próximo destino. São uma infinidade de passeios oferecidos pelo navio, confesso que bateu um certo desespero no agendamento por querer conhecer tudo! A maioria dos passeios está incluído e alguns são pagos à parte, como os voos de helicóptero e hidroavião.

Nós zarpamos de Vancouver, no Canadá, e aproveitei dois dias antes de embarcar para conhecer a agradável cidade canadense, cenário de tantos filmes famosos. Recomendo muito fazer o mesmo e chegar com antecedência para não ficar só na vontade de conhecer os vários pontos turísticos.

Em todos os lugares que visitamos, quando ancorávamos no porto tínhamos o acesso super agilizado por uma escada, graças à impressionan- te estrutura americana para o turismo. Nossa primeira parada foi a cidade de Ketchikan, com cerca de 11 mil habitantes, que mais parece um cenário de filme, com um centrinho repleto de lojinhas e ótimos restaurantes de frutos do mar. A pesca no Alasca é uma grande fonte de renda, e os famosos king crabs estão por toda a parte. Depois de uma volta por ali, seguimos de carro por cerca de meia hora e depois pegamos um barco, no qual navegamos até chegar em uma ilhota para conhecer uma fazenda produtora de ostras. Lá, acompanhamos de perto todo o processo de criação e fizemos uma deliciosa degustação acompanhada de um saboroso vinho branco.

Juneau, a capital do Alasca, foi nosso segundo destino. Com 30 mil habitantes, a cidade está situada no sudoeste do estado, na base do Mount Roberts, de 1.164 metros de altura. É uma parada oficial de cruzeiros, já que não possui estradas e é acessível apenas por mar ou hidroavião. Por lá, dois lugares são imperdíveis e verdadeiras instituições na cidade: o Tracy’s King Crab Shack, onde é possível comer os maiores king crabs da sua vida, e o Red Dog Saloon, bar mais antigo do Alasca. No Tracy’s, não deixe de provar também o bisque de crab, assim como o crab roll e o crab cake, de comer rezando! No Red Dog, a diversão é garantida pelo happy hour animado, com ótimos drinks e música ao vivo.

Em Juneau, aproveitei para fazer o voo em hidroavião pelo glaciar de Mendenhall, programa quase obrigatório no Alasca. Gostaria de ter feito o voo mais completo com parada no glaciar, mas estava esgotado. Por isso, insisto na antecedência do agendamento dos passeios. Você pode optar também por fazer uma visita a um parque, com grande possibilidade de ver os famosos ursos.

Outro passeio que recomendo muito é um tour de bike no Klondie Gold Rush National Historical Park, distrito de Skagway e nossa terceira cidade no Alasca, com 1.200 habitantes. O tour já forne- ce bicicletas da marca Trek, capacete e luvas, com os quais colocamos o pé na estrada para conhecer um dos destaques da região. Realizei um sonho ao pedalar em meio a esta paisagem de tirar o fôlego. Mesmo com o tempo nublado, já que o Alasca só tem em média 60 dias de sol ao ano, a pedalada foi lindíssima. Para quem prefere abrir mão do passeio de bike, indico usar a manhã para fazer a rota de trem a Yukon Route no famoso White Pass, com um visual incrível. À tarde, passeamos pelo centrinho pitoresco, fundado em 1897, com uma rua principal que parece ter parado no tempo chamada Broadway.

Quarta e última cidade, Sitka foi fundada em 1799 pelo russo Alexandre Baranov e ficou conhecida pela importância no comércio de peles. É uma cidade grande, sem muito charme, então acertei na escolha do passeio. O bacana por lá foi pegar um barco e almoçar king crab e salmão selvagem em uma típica cabana em uma ilha. De sobremesa, uma fogueira nos esperava com marshmallows derretidos, programa típico americano. Na volta do último dia de passeios, ainda no barco, paramos para avistar um verdadeiro show de uma dezena de baleias com direito a muita emoção, absolutamente inesquecível. A última noite a bordo foi a caminho de Anchorage, onde após o check out no navio e um breve passeio pela cidade, retornamos ao Brasil.

E foi esse contato com a natureza exuberante, junto ao serviço e às instalações do Silver Muse, um verdadeiro hotel cinco estrelas flutuante e toda a estrutura em terra para o turismo, que me deixaram encantada pelo Alasca.

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