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Numa planície sem fim

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Dicas quentes

Dicas quentes

Aninhado em um dos maiores santuários de vida selvagem do planeta, o Four Seasons Serengeti é um lodge de localização imbatível para fazer safáris em busca dos Big Five e para acompanhar o espetáculo da Grande Migração na Tanzânia

Por CLAUDIA LIECHAVICIUS

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Ser surpreendida, em pleno café da manhã, por uma família de elefantes com vários bebês brincando na água é mais do que especial. E era assim, entre suspiros, fotografias, goles de chá e pulos de alegria que meus dias começavam à beira da icônica piscina do Four Seasons Safari Lodge Serengeti. Os olhos tentavam se acostumar àquelas cenas diárias de fofura explícita, mas é impossível manter a retina indiferente aos encontros inesperados com a vida selvagem nas planícies da Tanzânia.

Os elefantes africanos são animais inteligentes, imensos, sensíveis e carismáticos. Sua gestação é longa, com duração de 22 meses. Vivem em média 70 anos na savana, têm ligação forte com os outros membros da família, choram de emoção e ficam muito abalados quando perdem um filhote da manada. Costumo dizer que o aprendizado é um dos grandes presentes de uma viagem. Dickson, o motorista que me acompanhou desde a chegada na pequenina pista de pouso de Seronera até as estradas mais distantes do Serengeti em busca dos animais na rota da Grande Migração (quando mais de dois milhões de gnus, zebras e gazelas se deslocam atrás de água e comida) e em busca dos Big Five (categoria que inclui leões, leopardos, rinocerontes e búfalos, além dos elefantes), foi um grande mestre. Como membro de uma tribo Maasai, trazia sempre um sorriso estampado no rosto e a sabedoria de quem cresceu na intimidade da selva.

Aliás, os povos dessa etnia são considerados “guardiões do Serengeti”. Vivem de modo simples, em pequenas casas de barro feitas em assentamentos chamados de boma, cercados de gravetos espinhosos para evitar a entrada de animais selvagens e são famosos pelas roupas e adereços coloridíssimos que usam. Por seu perfil nômade, circulam livremente entre as fronteiras da Tanzânia e do Quênia, onde se estende o Parque Nacional do Serengeti, cujo nome na língua maasai significa “planície sem fim”.

É exatamente ali, no centro desse parque nacional considerado Patrimônio Mundial da UNESCO, que está localizado o Four Seasons Safari Lodge Serengeti. O trajeto de 45 minutos do pequeno aeroporto de Seronera até o hotel é feito em Toyota 4X4 fechado e é praticamente um game drive de boas-vindas. Só nesse transfer de chegada encontrei três dos Big Five (menos rinoceronte e leopardo). Um aperitivo do espetáculo que estava por vir.

Totalmente integrado à savana, o lodge oferece vistas deslumbrantes das planícies. Maduro, com estrutura já consolidada, encanta seus hóspedes há dez anos. Os quartos são amplos, bem iluminados, decorados com extremo bom gosto e têm terraços privativos (alguns com piscina) que trazem a pai- sagem até você. Durante a pandemia, ganhou novidades e agora oferece, entre suas 77 sofisticadas acomodações, uma vila presidencial super exclusiva, com três quartos servidos por mordomo, carrinho elétrico e ranger. Numa viagem como essa, onde o hotel funcionará como um oásis particular, é fundamental fazer uma escolha cuidadosa, tendo em vista que os passeios, os guias, as refeições, sua segurança e a experiência como um todo dependerão dessa estrutura. Quanto a isso, o Four Seasons Serengeti cuida minuciosamente de cada detalhe, além de se destacar em relação à sustentabilidade e à responsabilidade social. Tem parceria com produtores locais, adota redução do uso de plástico, tem programa de reciclagem de vidro e utiliza sistema próprio de tratamento de água.

Na arquitetura, o estilo rústico conversa em harmonia com a sofisticação. O projeto foi pensado para reverenciar a paisagem e enaltecer a cultura local sem deixar o conforto de lado. As tantas salas de estar chamam atenção pelos elementos de design africano. Em frente ao lobby, o destaque fica por conta da butique que vende artesanato produzido na região. No andar de baixo, a joalheria tem peças feitas em Tanzanita, uma pedra preciosa muito rara encontrada apenas na Tanzânia. O acesso às acomodações é feito por passarelas de madeira elevadas do chão onde encontrei ao acaso com babuínos, gazelas, búfalos e simpáticos texugos. Mas fique tranquilo, pois o hotel aceita crianças a partir de dois anos e há sempre um segurança por perto. Para elas tem um clubinho infantil, além do Discovery Center, que é uma mistura de museu, galeria de arte e cinema, onde há várias experiências interativas e documentários que ensinam sobre o povo local e a vida selvagem africana. Também é possível alugar no Discovery Center equipamento fotográfico para levar nos safáris e até mesmo contratar um fotógrafo para garantir bons registros.

O Four Seasons

Serengeti

A dinâmica do dia a dia é organizada em função dos safáris. Pressa não cabe na rotina, mas acordar cedo faz parte. Na manhã designada ao voo de balão, o wake up call acontece antes das quatro da madrugada e o café da manhã é servido depois do passeio à sombra de um baobá. Vale cada bocejo no caminho. Nos outros dias, as saídas variam entre sete e oito horas. Na sequência: retorno para almoço, pequeno descanso, outro safári na parte da tarde, spa, pôr do sol à beira da piscina, jantar, dormir e começar tudo outra vez. Afinal, o principal propósito de uma viagem à Tanzânia é exatamente curtir a natureza intocada e reverenciar a vida selvagem em seu estado mais puro naquelas planícies sem fim.

+infos: fourseasons.com/serengeti

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