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Veja a vida por um outro ângulo

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FO JORNALISMO INVESTIGATIVO EM PÍLULAS RÁPIDAS

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E CERTEIRAS SE TORNOU UM CAMINHO PARA A CRIADORA DE CONTEÚDO ASSUMIR O LADO ARTÍSTICO E SE PROJETAR NO BRASIL

“Oí!” – É com esta interjeição simpática de um segundo que começam os vídeos de Fefe. O que vem a seguir é alguma notícia escabrosa, que revela como os seres humanos podem ser cruéis e bizarros. Aos 20 anos, ela tem ao redor 25 milhões deles como audiência se somarmos todas as suas redes – 15 milhões só no TikTok, onde tudo começou há dois anos. Muito antes disso, na infância, ela dava sinais de que seria artista: aos 9 anos começou a modelar para várias marcas, cantava na igreja e fez um filme. De lá pra cá, a certeza de querer seguir a carreira artística só aumentou. Mas ela sabia que não queria ser famosa fazendo dancinhas ou tutoriais de maquiagem: “meu objetivo era levar conteúdo para as pessoas”, conta. Foi assim que viralizou. Nessa entrevista, Fefê conta como foi do zero aos milhões.

Como começou sua carreira?. Sempre tive o sonho de ser atriz. Com 9 anos comecei a ser modelo para várias marcas. Com 10, escrevi um livro de auto-ajuda com conselhos para a vida (risos) e depois criei um canal chamado Deixa Falar – lá, desabafava sobre temas da vida e incluía o bullying que sofri quando gravava vídeos cantando na internet. Abandonei o canal, inclusive, naquela época. Não aguentei. Mas, depois, aos 16 anos e mais madura, entendi que precisava estar com a cabeça boa para seguir a carreira artística, que era o que eu tanto sonhava. Estava no Instagram fazendo fotos como modelo e fui chamada para um teste de um filme. Não sei como, porque na minha cabeça eu não tinha capacidade, mas fiz o filme O segredo de Sara. Foi quando descobri que gostava desse mundo de mistério, crimes e suspense.

E depois de descobrir isso?

Bem, eu comecei a pensar que venho de uma família toda ligada à área jurídica. Meu avô era detetive, minha mãe é advogada, meu pai, desembargador, minha tia é advogada…todo mundo é desse meio jurídico. Gosto dessa vibe de contar sobre crime, pessoas envolvidas, mas de uma forma meio jornalística. Em 2020, eu passei uma temporada com minha mãe e meu padrasto em Miami, nos Estados Unidos. Seriam só alguns meses lá. Estava matriculada em Jornalismo e em Cinema no Brasil. Mas veio a pandemia, os lockdowns, e você sabe…Não podia nem ir ao mercado que a polícia vinha atrás. O TikTok estava forte lá e minha mãe dizia que eu precisava abrir um perfil. Abri, mas só pra ver. Não queria fazer dancinha, nem falar de maquiagem. Achava que era só isso que tinha na rede. Eu comecei a ver vídeos americanos de pessoas noticiando casos bizarros, mas eram só homens narrando. Pensei que seria legal entregar conteúdo daquela forma. O primeiro vídeo foi sobre a conspiração de que Elvis não morreu. Postei e deu 1 milhão de visualizações. Achei que seria um caminho possível. Fiz outros vídeos de outros estilos, mas nenhum engajava tanto. Inclusive um amigo do meu namorado, o Mumuzinho, disse que nem lê mais jornal, só vê meus vídeos (risos).

Quando voltou ao Brasil?

Quando acabou a pandemia, meu padrasto teve problemas renais. Ele acabou falecendo. Recebi um teste para fazer um papel em um filme no Brasil. O roteiro era de uma menina que tinha ido aos Estados Unidos com a mãe e o padrasto e ele faleceu. O curioso é que o roteirista não me conhecia. Era o filme Avassaladoras 2, com a Giovanna Antonelli e a Juliana Barone. Fiz o teste e nem achei que ia passar. Mas dei tudo de mim. Walkiria Barbosa, produtora do filme, disse que percebeu. Aí eu contei minha história e ficamos surpresas com a coincidência. Ganhei o papel, gravamos e o filme sai em 2023 no canal Disney Plus, estou muito animada.

O TikTok hoje é sua rede mais forte, mas você chegou no começo e viu valor. O que você acha que vem depois dela?

Comecei em 2015 e vi no TikTok uma rede que engajava quem fazia conteúdos consistentes. Acordava e às 10h começava a postar a cada hora até meia-noite. Sabia que tinha que entregar uma quantidade e uma qualidade muito boas. Há muitas vertentes dentro da plataforma. Tem entretenimento, informação…ela permite entender sobre várias coisas ou só rir. É muito dinâmico. Mas para onde vamos é uma incógnita. Atualmente, estou no Instagram, no Youtube, no TikTok e também no Twitter.

Você tem uma equipe grande? Tenho, mas gosto de estar muito presente nas minhas redes. Vejo muitos criadores de conteúdo crescerem e perderem essa mão, sabe? Eu não quero perder minha essência que foi o que me conectou com os seguidores. Precisamos ter equipe, e minha mãe, por exemplo, é a pessoa que mais me ajuda nessa Terra, mas as minhas redes precisam ter a minha marca, meu olhar em tudo.

E férias, tem tempo pra isso?

Meu final de semana é segunda e terça-feira. Quarta também é um dia mais tranquilo para ver a família ou ir à praia. Vou encaixando as coisas, mas não consigo ficar parada. Talvez daqui a dois anos eu surte? Talvez. (risos) Mas meu escritório é meu telefone, resolvo mil coisas e não paro nunca.

Quando se sentiu famosa pela primeira vez? Quando voltei ao Brasil. Estava namorando um menino americano e fomos direto para Búzios ficar na minha casa de lá, estávamos no isolamento social. Fomos comprar um açaí e algumas crianças saíram correndo e gritando “Fefê, Fefê” e a gente não podia se abraçar, ter muito contato. Pensei: alguma coisa aconteceu, alguma coisa eu fiz! Foi muito legal, porque eu não sabia que estava fazendo muito sucesso assim. No início era bem esquisito. Mas sempre tento tratar as pessoas como eu queria ser tratada. Já fui destratada por uma pessoa da qual eu era fã, aos 8 anos e foi bem triste ela não querer contato comigo. Nunca me esqueci.

Sendo dona do seu dinheiro e de uma carreira hoje, você ainda tem planos de fazer faculdade?

Quero fazer. Ainda tem uma veia empreendedora nascendo em mim, então tá bem difícil. Além de uma veia social, que nasceu quando fez uma frente fria forte em São Paulo e fomos às ruas – eu, minha mãe e meu namorado – entregar suprimentos a pessoas em situação de vulnerabilidade. Aquilo me despertou um lado de fazer uma mudança na sociedade. Mas meu sonho é continuar a ser atriz, quero continuar seguindo isso.

E os comentários de haters, como lida com eles?

Tem muitas coisas bizarras que ainda recebo, do tipo “você deveria colocar silicone”, ou “você não sabe falar direito”... Acho que pelo estereótipo de ser loira, branquinha, sou julgada o tempo todo como a rica, a nojentinha. A minha família é toda da baixada, eu batalhei e eles me ajudaram a construir tudo o que temos hoje. No início brigava, fazia stories contra os haters. Mas entendi que as pessoas estão mais falando delas do que de mim. Elas querem desabafar e como estamos aparecendo ali, nos criticam. Estou tentando colocar na minha cabeça que não é problema meu, que esses comentários não precisam entrar em mim. Mas muitas vezes não dá pra ler atrocidades sobre você e pensar “ah, tá tudo bem”. Bom, tenho aprendido as máximas “calada, vence” e “mate as pessoas com bondade” como diz a música da Selena Gomez.

Qual foi a história que você compartilhou e mais te deixou chocada?

O caso do Jeffrey Dahmer, canibal americano que assassinava pessoas de um grupo específico. Ele era louco, matava e cortava as pessoas em pedaços e ainda comia. Mas o que mais me chocou foi ver as pessoas vestirem fantasia de Jeffrey no último Halloween, ver fã-clubes dele. Nunca deveria ser enaltecido um assassino desses. As pessoas estão ignorando muito as vítimas. Isso me assusta.

De onde vêm as histórias?

Recebo muitas por mensagem direta e leio sobre casos reais que acontecem. Teve a história de uma menina de 13 anos que sofreu preconceito racial e cometeu suicídio que me foi contada pelos próprios pais, que me autorizaram a publicar. Vou filtrando o que vai ser mais legal para quem me segue.

O que viraliza mais?

Faço alguns vídeos que sei que vão viralizar. Notícias que acabaram de sair e poucos jornais divulgaram. Em outras vezes, ninguém falou do jeito que falei. Quando sento e gravo da maneira mais rápida possível, 100% despretensiosamente às vezes viraliza também. Mas tem outro caminho, o das notícias mais produzidas: passo meses fazendo um roteiro, colhendo histórias e o público se interessa muito.

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