NÚCLEO MUSEOGRÁFICO DO CASAL DA FALAGUEIRA
PELA ESTRADA DA PORCALHOTA Exposição temporária
18 de maio de 2013 a 10 de maio de 2014
Ficha Técnica Organização Câmara Municipal da Amadora DEDS – Divisão de Intervenção Cultural Museu Municipal de Arqueologia / Núcleo Museográfico do Casal da Falagueira
Coordenação Gisela Encarnação
Autoria Gabriela Xavier
Ilustração Desenho aguarelado reconstituindo a Estrada da Porcalhota na década de 1940, da autoria de Salomé Marcelino Pinto.
Conceção Gráfica e Paginação GIRP / GDG / Miguel Brás
Conceção Apoio Gráfico da Exposição Regis Barbosa
Peças e Documentos cedidos por: Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários da Amadora Fernando Rodrigues Ferreira Sociedade Filarmónica Comércio e Indústria da Amadora
Impressão e Acabamento GIRP – Oficinas Gráficas – Câmara Municipal da Amadora
CMA – maio 2013
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The extremely purple Macintoshes fights two angst-ridden lampstands. The dogs slightly easily tickled umpteen Macintoshes. Two bourgeois tickets laughed, but five aardvarks cleverly kisses the subway. Five fountains tastes Darin, then obese Jabberwockies fights Tokyo, however five bourgeois trailers mostly noisily bought umpteen purple wart hogs, yet the cat kisses umpteen speedy sheep, then the silly fountains grew up lamely, but umpte
O Vereador da Cultura
Ant贸nio Moreira
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té à construção do caminho-de-ferro, em 1887, a ligação entre Sintra e Lisboa fazia-se por estrada, e
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esta tinha um troço comum com a Estrada de Mafra até à zona da Porcalhota. Passando esta localidade, as Estradas de Sintra e Queluz separavam-se da de Mafra, no caminho que corresponde, grosso modo,
à atual Rua Gonçalves Ramos. As estradas eram de terra batida, destinadas ao tráfego de cavalos, muares, diligências e carros puxados por animais. Pelo menos desde o início do século XVIII, com a construção do convento e Paço de Mafra, que se registava grande movimento ao longo dos eixos viários que ligavam Mafra à capital. As zonas de Pêro Pinheiro a Mafra eram também as grandes fornecedoras das cantarias utilizadas nas construções da capital e a via de acesso a Lisboa foi especialmente movimentada pós terramoto de 1755, quando se empreendeu a reconstrução de Lisboa. São também desta época as quintas com casas apalaçadas nos arredores de Lisboa, que a aristocracia da corte utiliza como casas de férias, quando os calores do verão a obrigava a sair da capital. Seguindo esta moda, a própria família real empreende a reconstrução, a partir de 1747, do então designado Paço Velho de Queluz. Em 1794, a família real e a corte transfere-se para Queluz, após um incêndio no Palácio da Ajuda, onde o rei vivia desde o terramoto. A corte permaneceu em Queluz até à partida da família real para o Brasil, em 1807, fato que teve, seguramente, um grande impacto económico em toda esta zona envolvente do palácio. No século XIX assiste-se ao aparecimento da moda da Sintra Romântica, local de eleição de várias figuras de renome mundial do romantismo. Com D. Fernando de Saxe Coburg-Gotha, Sintra alcançou o período mais importante da sua História e transformou-se, definitivamente, num verdadeiro santuário romântico e destino turístico privilegiado. A vila tornou-se uma estância de vilegiatura, local de descanso e refugio para uma crescente burguesia lisboeta. Na Lisboa de oitocentos, era frequente e organização de passeios familiares até Sintra que, até à construção do caminho-de-ferro, implicavam uma longa viagem por estrada e a permanência de, pelo menos, uma noite num dos hotéis da vila. No século XIX as estradas de terra batida são progressivamente melhoradas com pavimentos de macadame, tecnologia importada da industrial Inglaterra. Data de 1835/1840 um documento referente à reconstrução, com novo traçado, do lanço de estrada compreendido entre a Porcalhota e o atalho de Queluz para Belas. Esta estrada, que corresponde à atual Rua Elias Garcia e que surge já nos mapas do Aqueduto Geral no século XVIII, servia o lugar da Amadora e, em oitocentos, passa a ser designada por Estrada de Sintra. Vindo de Lisboa, após passar a Porcalhota, os viajantes teriam de optar por seguir para Sintra pela Estrada Velha, ou Caminho Velho de Queluz (atual Av. Gonçalves Ramos), ou seguir pela nova estrada, continuando num percurso comum com os viajantes que tinham Mafra como destino.
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Há referências à Porcalhota desde, pelo menos, o início do século XVIII. Esta povoação cresceu ao longo da estrada e em função desta, como um prolongamento natural da aldeia rural da Falagueira que, em função de um crescente tráfego na Estrada Real, desenvolveu ao longo desta via um pequeno comércio e estruturas de apoio aos viajantes. A porcalhota surge amiúde na cartografia do século XVIII e XIX e abarcava três lugares, bem distintos para a população local, mas cujas diferenças frequentemente passavam despercebidas aos forasteiros. Quem vinha de Lisboa pela Estrada de Sintra passava primeiro pelas Cruzes, depois pela Porcalhota propriamente dita, e saía do lugar, após atravessar a Quinta Nova. A construção do caminho-de-ferro de Lisboa a Sintra marcou o início do declínio desta povoação, que era a mais importante entre Benfica e Queluz. O novo meio de transporte de passageiros diminuiu o trânsito na Estrada Real que, no entanto, continuou a ser a única via para o transporte de mercadorias. A partir de 1914, com o estabelecimento de elétricos até Benfica, a Estrada retomou parte do seu antigo movimento, que continuará a crescer nas décadas seguintes, graças ao incremento da circulação dos modernos automóveis e camionetas. Contudo, o que mais afetou a velha Porcalhota foi a localização da nova estação de comboio, situada a mais de um quilómetro de distância do centro da Porcalhota, entre terrenos agrícolas, próximo de casal da Amadora. No espaço de duas décadas os novos terrenos em torno da estação vão ser urbanizados com moradias e chalets ocupados maioritariamente, por uma burguesia urbana que tinha a sua atividade profissional em Lisboa. Desagradados com um nome tão bizarro com o de Porcalhota, os novos habitantes da zona encetam uma luta para mudar a designação da povoação, num processo que, como é habitual nestas situações, deu origem a pequenas querelas e rivalidades entre os moradores da Porcalhota e da Amadora. Em 1907 foi publicado o diploma legal que decretou que os lugares, até então designados por Porcalhota, Amadora e Venteira, passassem a ter a denominação comum de Amadora. No início do século XX a Porcalhota mantinha parte do seu comércio tradicional e, nas décadas seguintes, as estalagens e cocheiras foram substituídas pelas modernas oficinas de automóveis, bombas de gasolina e novas empresas de camionagem. No entanto, a Porcalhota já não se orgulhava de ser a povoação mais importante da zona pois era incapaz de rivalizar com as festas e eventos organizados na Amadora pela Liga de Melhoramentos, pelos Recreios Desportivos e, mais tarde, pelo Grupo de Esquadrilhas de Aviação República. Para recordar a velha Porcalhota propomo-nos a fazer um percurso, rumo a Lisboa, entre o cruzamento da Rua Elias Garcia com a Rua Gonçalves Ramos, e o início da povoação da Venda Nova, tentando reconhecer os poucos vestígios que ainda existem da época áurea da Porcalhota. Através da cartografia, processos de obras e fotografia, vamos tentar reconstruir as principais caraterísticas desta povoação, que esteve na origem do aparecimento da Amadora.
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A QUINTA NOVA
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A QUINTA NOVA Se, no início do século XX, encetássemos, no cruzamento entre a Rua Elias Garcia e a Rua Gonçalves Ramos, uma jornada em direção a Lisboa pela antiga Estrada Real, deparávamo-nos com um lugarejo chamado Quinta Nova, que se estendia ao longo da estrada até à ponte sobre a ribeira da Falagueira. Segundo António dos Santos Coelho o lugar da Quinta Nova tinha para cima de 20 fogos e “No tempo dos transportes de cantarias nos carros de pachorrentos bois, era aqui que todos estacionavam e em certas ocasiões chegavam, a ser para cima de duas dezenas de carros de bois e galeras que ali passavam a noite, recolhendo-se os condutores e o gado nas estalagens e seguindo viagem no outro dia, pela manhã, para o seu destino em Lisboa.” (1) Com a construção do caminho-de-ferro, este lanço da estrada, relativamente próximo da Estação da Porcalhota, sofreu algumas transformações e encontramos aqui, ainda hoje, vários tipos de edifícios, como as casas apalaçadas de antigas quintas e as habitações populares saloias, características de um meio rural, convivendo lado a lado com os chales e prédios com fachadas decoradas com azulejos, de gosto mais urbano. Aqui se concentraram alguns dos serviços essenciais da recém-formada povoação da Amadora, como as Escolas Primárias, o Quartel da GNR, e os Bombeiros. A Quinta Nova era muito movimentada, e ainda em 1923, o correspondente na Amadora do jornal O Debate, de Algés, referiase neste termos a esta zona: “ É velho hábito que o gado das carroças que conduzem as cantarias para Lisboa, pernoitam numa estalagem da Amadora, que fica próxima do posto da Guarda Republicana. O que não faz sentido é que a Guarda Republicana consinta que os carroceiros deixem pela estrada os veículos, sem luz, pejando o caminho, de forma que muitas vezes só fica uma pequena faixa ao centro da estrada para um carro passar.” (2) A norte da via-férrea, não existia qualquer ligação à Estação da Porcalhota, e a Av. António Correia de Oliveira, só veio a ser construída muito mais tarde, com o moderno surto urbanístico. O caminho-de-ferro cortou também a Estrada Real, situandose aqui a primeira, e durante muito tempo a única, passagem de nível existente na Amadora. Até à abertura do viaduto sob a viaférrea na estrada do desvio, atual Av. Salvador Allende, em 1933, era normal, aos domingos, formarem-se longas filas de carros que aguardavam a abertura das cancelas para prosseguirem o seu passeio até Sintra. Logo a seguir às cancelas, em direção a Lisboa, do lado norte da estrada, encontramos um conjunto de edifícios de dois pisos, com fachadas decoradas com azulejos. Os dois primeiros foram construídos em 1905, quando eram propriedade de Manuel da Silva Lírio, e compreendiam lojas no rés-do-chão e habitações no primeiro piso. Aqui esteve sedeada, durante muitos anos, a Sociedade Filarmónica Comércio e Industria da Amadora, formada em 1959. Seguindo em direção a Lisboa vemos a Av. Miguel Bombarda, inicialmente designada por Travessa da Roussada, posteriormente Av. Dr. Pinto Coelho, mudando para a designação atual após 5 de Outubro de 1910. Esta via foi construída sobre antigos caminhos de pé posto que ligavam ao chafariz e à aldeia da Falagueira.
(1)
Coelho, António Santos, Subsídios para a história da Amadora, Amadora, Câmara Municipal da Amadora, 1982, p. 24.
(2)
O Debate, 24 de fevereiro de 1923, p.3. 7
Voltando à Rua Elias Garcia, após o cruzamento, vemos o terreno onde se situava a “Tasca das Portas Largas”. Tudo indica, que este estabelecimento, cuja última função foi como taberna, dispôs, em tempos, de estábulos para descanso e muda dos cavalos e muares que percorriam a estrada real. Apesar de devoluta, ainda hoje podemos ver uma bonita Moradia Neoromântica de planta quadrangular, de dois pisos e águas furtadas, construída entre 1910 e 1911, e que foi projetada por Guilherme Eduardo Gomes. A fachada principal destaca-se das restantes, pela ornamentação em pedra e frisos de azulejo de padrão. A seguir surge-nos o “Palácio da Porcalhota”, também designado por “Casa do Infantado”. Foi construído em meados do Século XVIII, ao que tudo indica pelo Primeiro Conde de Peniche. A tradição oral reporta-o a funções de apoio aos membros da corte, em deslocação aos Palácios de Queluz, Mafra ou Sintra, que aqui paravam para descansar e tratar das montadas. Após a implantação da República foi arrendado para instalação das escolas primárias oficiais, inauguradas solenemente pelo Presidente da Republica Manuel de Arriga, a 13-04-1913. No rés-do-chão do Palácio foi também instalado, por volta de 1916/18, o quartel da Guarda Nacional Republicana da Amadora. Atualmente, parte do edifício está arrendada ao Externato Verney. No lado sul da Estrada, vemos, ainda hoje, uma moradia com quintal murado e várias pequenas habitações, de um ou dois pisos, estas com entrada diretamente para a estrada e dispondo de quintais nas traseiras. A Associação de Bombeiros Voluntários da Amadora formou-se em finais de 1904 e, no início, o seu corpo ativo não atingia uma vintena de bombeiros, e o seu equipamento, também reduzido, foi sendo progressivamente ampliado, graças ao apoio de alguns beneméritos da terra. Teve a sua localização inicial na atual Av. Miguel Bombarda, num espaço de cocheiras, cedido por particulares. Por volta de 1909 estava em curso a construção do seu novo quartel, na Rua Elias Garcia, projeto que em 1912 era já uma realidade. Aqui permaneceram até aos dias de hoje, em instalações que foram sendo progressivamente reformuladas e melhoradas. A construção do novo quartel/sede foi uma aspiração que só veio a ser concretizada em setembro de 1992. Voltando ao lado Norte da Estrada, após o Palácio, encontram-se prédios de habitação datados de meados da década de 60 e início da década de 1970. Não existe qualquer registo fotográfico que nos permita reconstituir como foi este espaço atualmente cortado pelo arruamento denominado por Praceta da Quinta Nova. Um pequeno postal do início do século XIX, mostra-nos um aglomerado de casas térreas rústicas, com várias carruagens e animais parados à porta. Há quem afirme que esta imagem representa a estalagem e cocheiras que João Cristóvão China abriu aqui, na viragem do século. Em 1919 o negócio foi herdado por João Cristóvão China, filho, que durante as décadas de 1920 e 1930, acompanhando as mudanças ocorridas nos meios de transporte, transforma a estalagem na “Garagem Amadora”, com capacidade de recolha de 20 veículos, venda de gasolina e venda e reparação de pneus. A mais antiga garagem da Amadora, hoje com oficinas de reparação automóvel, é ainda, frequentemente, designada por garagem do China. Em Abril de 1929 entraram em funcionamento as carreiras de camionagem de Joaquim Luiz Martelo, que faziam a ligação entre o terminal dos elétricos, em Benfica, e Queluz. Enfrentavam a concorrência da empresa de Eduardo Jorge, experiente industrial da área dos transportes, sedeado na Venda Nova. A empresa Martelo estava instalada na “Vila Martelo”, na Rua Elias Garcia, n.ºs 232 a 220, tendo como limite nascente a ribeira da Falagueira, que neste local, assumia também a denominação de ribeira da Quinta Nova. A propriedade de Joaquim Luiz Martelo compreendia um vasto conjunto de edifícios, construídos ao longo das primeiras décadas 8
do século XX, que englobavam espaços de garagens e de apoio à empresa, residência da família dos proprietários e habitações para operários. Estas últimas foram construídas para arrendamento e organizavam-se em duas correntezas de casas térreas, com acesso a partir de uma rua particular, perpendicular à Rua Elias Garcia. No limite deste quarteirão, erguia-se o edifício de gaveto, de dois pisos, onde morava a família de Joaquim Luiz Martelo. No topo do gaveto, junto ao remate do telhado, exibiam-se um painel de azulejos de padrão, rodeados de pequenos martelos em baixo relevo. Esta decoração informava os transeuntes, de que estavam frente à casa de Joaquim Luís Martelo. Ladeando o edifício encontrávamos a Travessa do Olival, limitada a poente pela ribeira, que corresponde parcialmente à atual Avenida Comandante Luís António da Silva, e que ligava à Av. Miguel Bombarda, e à aldeia da Falagueira. No início da década de 1930 foi construída a “Estrada do Desvio”, posteriormente designada por Salvador Allende, que, com a abertura do viaduto sob a linha férrea, possibilitou o encerramento ao trânsito automóvel da primeira passagem de nível da Amadora, e desviou o tráfego de estrada deste troço da Rua Elias Garcia. Infelizmente, o viaduto construído nos anos de 1930, só permitia uma estrada de duas fachas e o seu alargamento só veio a ser possível na década de 1980
01 – Pormenor da zona da Quinta Nova, numa planta do aqueduto, datada do século XVIII. PLANTA DO AQUEDUTO DESDE AS NASCENTES ATÉ À PORCALHOTA. Desenho Aguarelado. Atribuído a Francisco António Ferreira; 650 x 1450 mm; Inv. N.º 137/133. Museu da Cidade de Lisboa.
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Fotografia aérea da zona da Quinta Nova em 1944. Levantamento Aerofotográfico Estereoscópico de Cascais-Oeiras, Esc. 1:7.600, Rolo 44.05, Fiada 24, n.º 88, Instituto Geográfico Português, 1944.
Planta de Localização do Processo N.º 1/1905, referente à construção de um conjunto de habitações, com comércio no rés-do-chão, propriedade de Manuel da Silva Lírio. Arquivo do D.A.U. da C.M.A. 10
Fachada dos edifícios construídos na atual Rua Elias Garcia, que mais tarde foram sede da Sociedade Filarmónica Comércio e Indústria da Amadora. Processo N.º 1/1905 do Arquivo do D.A.U. da C.M.A.
Desfile da Festa da Árvore em 4 de Abril de 1909. A foto tirada de costas para a Passagem de nível e ve-se à esquerda ,o início da Av. Miguel Bombarda. Fotografia cedida por José Santos Mattos.
Levantamento da fachada dos edifícios conhecidos como a “Tasca das Portas Largas”, atualmente já demolidos.
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Alçado principal da Moradia Neo-romântica. Processo N.º 16/1910 do Arquivo do D.A.U. da C.M.A.
Alçado principal do edifício “O Palácio”, presente no Processo N.º 9/1912, referente à adaptação do edifício a escolas primárias oficiais da Amadora. Arquivo do D.A.U. da C.M.A.
Desfile da Festa da Árvore em 13 de Abril de 1913, junto ao “Palácio”, após a inauguração do edifício das novas escolas, pelo Presidente Manuel de Arriaga, que se encontra à janela. Arquivo do MMAR.
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Edifício
das
Escolas
Primárias da Amadora. Fotografia cedida por Fernando Coelho
Quartel do Bombeiros Voluntários da Amadora em 1912. Jornal A Amadora, 14 de Abril de 1912, p. 6.
Quartel da Guarda Nacional Republicana, na década de 1960. Arquivo Fotográfico da C.M.L., foto de Garcia Nunes, anos 1960. Cota antiga: A45796.
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Projeto de adaptação de um edifício a Quartel dos Bombeiros Voluntários, datado de Setembro de 1909. Processo N.º 6/1901. Arquivo do D.A.U. da C.M.A.
Diploma concedido pelos Bombeiros Voluntários da Amadora a José Aprígio Gomes. Fotografia cedida pela AHBVA.
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Processo N.º 24/1928, referente à construção de um anexo de 3 pisos para instrução dos bombeiros, nos terrenos do quintal da sede. Arquivo do D.A.U. da C.M.A.
Festa nos Bombeiros, a 21 de junho de 1948, quando esta Associação foi agraciada com a ordem de benemerência pelo Presidente da República. Fotografia cedida pela AHBVA.
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Quartel dos Bombeiros Voluntários da Amadora. Arquivo Fotográfico da C.M.L., foto de Garcia Nunes, anos 1960; Cota antiga: A45797.
Desfile da Festa da Árvore, 04-04-1909, na Rua Elias Garcia, junto à estalagem de João Cristóvão China. O cortejo vem da Porcalhota e dirige-se para a passagem de nível. Arquivo do MMAR.
Postal ilustrado da antiga Estalagem do China. Arquivo do MMAR.
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Processo N.º 78/1922, referente à construção de um barracão, na propriedade de João Cristóvão China no local onde veio a abrir a Garagem Amadora. Arquivo do D.A.U. da C.M.A.
Processo N.º 1/1931, referente à instalação de uma bomba de gasolina da Shell Company, à porta da Garagem de João Cristóvão China. Arquivo do D.A.U. da C.M.A.
Fachada da Garagem Amadora, nos anos de 1950. Arquivo do MMAR.
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João Cristóvão China, filho, junto de uma bomba da gasolina da sua garagem. Revista Rodoviária, n.º 245, fevereiro de 1976, p. 15.
Fachada da Garagem Amadora em 1976. Revista Rodoviária, n.º 245, fevereiro de 1976, p. 15.
Planta de localização de Processo N.º 113/1939, referente a uma ampliação na propriedade de Joaquim Luís Martelo, onde se vê as várias construções deste bairro, edificado ao longo da década de 1920 e início dos anos 30. Arquivo do D.A.U. da C.M.A.
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Processo N.º 69/1936, referente à instalação de uma bomba de gasolina da Vacuum Oil Company, à porta da Garagem de Joaquim Luís Martelo. Arquivo do D.A.U. da C.M.A.
Conjunto dos edifícios da Vila Martelo, no início do século XXI, quando se encontrava já devoluto. Arquivo do MMAR.
A família de Vasco Callixto junto ao viaduto na estrada do desvio, atual Av. Salvador Allende, em 1956. Fotografia cedida por Vasco Callixto.
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A PORCALHOTA
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A PORCALHOTA Continuando pela antiga Estrada Real, a seguir à Vila Martelo, passava-se a ponte sobre a Ribeira da Falagueira e entrava-se na Porcalhota. Como diz António dos Santos Coelho, “A Dona Porcalhota orgulhava-se de ser o centro de todos os lugarejos, por ser nela que havia tudo de melhor… tinha casas apalaçadas, de primeiro andar e com dependências e quintas… Tinha também um comércio primitivo, com tendas, casas de pastos e tabernas.” (1). Na Porcalhota foi instalada a primeira escola oficial da zona e, no princípio do século XX, aqui exista também uma farmácia e um talho, únicos estabelecimentos do género para os vários lugarejos dos arredores. As imagens mais antigas da zona próxima da Ribeira mostram-nos, a norte, várias construções rústicas, térreas ou de dois pisos, que albergavam habitações modestas. A Estrada Real era também ladeada por árvores e, a sul, existiam apenas terras de cultivo. Entre 1958 e 1959 foram construídos os primeiros prédios da urbanização conhecida por “Bairro de Bosque”, precisamente no lado sul da Rua Elias Garcia. Aqui o alinhamento dos prédios recuou vários metros, possibilitando a construção futura de uma estrada com quatro fachas de rodagem. A ponte desapareceu aquando do encanamento da ribeira, em meados dos anos de 1960. Por esta altura já era grande o número de prédios construídos no Bairro do Bosque, tornando-se indispensável a construção de coletores de esgoto sobre o leito da ribeira. A sul da estrada, mesmo antes de chegar ao cruzamento com a antiga Azinhaga do Bosque (atual Rua das Indústrias) encontravam-se os edifícios da Quinta do Bosque, cujo proprietário mais antigo de que há memória foi Lourenço Luís Galvão, Estribeiro Menor do Rei, referido nas Memórias Paroquiais. Segundo este documento de 1758, este nobre estava sepultado na Ermida da sua Quinta na Porcalhota, dedicada a Santo António. Em meados do século XIX a quinta permanecia na família, sendo o seu proprietário o Comendador João Galvão Mexia de Sousa Moura Teles e Albuquerque. A Quinta do Bosque era a mais importante da zona, com uma área agrícola que se estendia até aos terrenos da atual Reboleira e que, com a construção do caminho-de-ferro em 1887, ficaram cortados pela linha do comboio. A casa senhorial era decorada com azulejos no interior e, em meados do século XX, era gerida pelo patriarcado, albergando uma corporação de religiosas. Os terrenos da quinta deram lugar à urbanização da Quinta do Bosque e em 1959 o edifício de habitação foi também demolido. Do outro lado da Estrada Real encontrava-se a Estrada da Falagueira, que ainda hoje mantém esta designação e que, de há muito, era o caminho de acesso à aldeia de Falagueira e aos casais saloios que a rodeavam. Relativamente próximo da estrada principal foi construída, no segundo quartel do século XVIII, a única capela pública da zona, dedicada a Nossa Senhora da Conceição à Lapa. À beira da Estrada, para servir simultaneamente as populações locais e o gado que transportava os viajantes, situava-se o Chafariz da Porcalhota, alimentado pelas águas do Aqueduto Geral e datado de 1850. A sua construção não foi pacífica dando lugar a uma série de conflitos entre o proprietário da Quinta do Bosque e a população da Porcalhota. Contestava o primeiro a localização
(1)
Coelho, António Santos, Subsídios para a história da Amadora, Amadora, Câmara Municipal da Amadora, 1982, p. 15.
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do chafariz, que no espaço onde veio a ser edificado, obstruía o acesso às cocheiras da Quinta. Finalmente, disputou-se a posse dos sobejos do chafariz que, em vez de serem aproveitados para regas na Quinta como o seu proprietário pretendia, acabaram por alimentar um tanque para lavadeiras construído a pedido do povo deste lugar. Atualmente já nada resta do tanque e o chafariz, com o alargamento da Rua Elias Garcia, na década de 1960, teve de ser removido do local e, posteriormente implantado num largo próximo, junto à Estrada da Falagueira, na Praceta daponte da Conceição. Entre a Azinhaga do Bosque, atual Rua das Industrias e a Travessa da Reboleira, existia um conjunto de casas rústicas que era denominado, já no início do século XVIII, de Reboleira. Em Março de 1912, na sequência de um surto de tifo em Lisboa, uma comitiva de ministros e técnicos do Instituto Câmara Pestana deslocaram-se a esta zona para recolher amostras das águas do Aqueduto Geral, dando origem a algumas das raras imagens deste pequeno núcleo saloio. Junto à Estrada, este núcleo da Reboleira era limitado por um conjunto de casas térreas, rústicas, de que ainda hoje existem alguns edifícios, nomeadamente a taberna da Tia Rita, com o seu tradicional chão de mós esgotadas de moinhos. Antes da utilização generalizada do gás e eletricidade, era aqui que os moradores da Porcalhota vinham comprar carvão e petróleo, para os seus fogões, candeeiros etc. Seguem-se uma casa térrea, com a fachada decorada com frisos de azulejos, que atualmente comporta dois estabelecimentos comerciais. No início do século XX, esta casa pertencia à firma Silva e Ribeiro, que aqui tinha instalada uma padaria, reformulada em 1910. De acordo com um projeto de 1910, no atual n.º 83 situava-se a loja da padaria e no número 85 A, a habitação dos comerciantes. Posteriormente esta habitação foi também transformada em loja, onde está instalada uma das drogarias mais antigas da zona, a Drogaria Renascença, gerida pelo Sr. Américo, que aqui está desde o início da década de 1950. Ainda no lado sul da estrada, e continuando em direção a Lisboa, a seguir à Travessa da Reboleira, encontravam-se mais habitações saloias e uma grande moradia, atualmente já demolidas. Voltando ao lado norte da Estrada, logo a seguir ao cruzamento com a Estrada da Falagueira, via-se, em 1913, uma fileira de casas de habitação, na sua maioria casas saloias típicas. Entre estas, dois prédios de dois pisos, com fachadas revestidas a azulejos, assinalavam a presença de uma população com gostos mais urbanos. Aqui se situava o famoso retiro de Pedro Franco, que deu fama à Porcalhota, pelas delícias do seu coelho guisado, confecionado com o sangue do animal. A casa tornou-se muito conhecida entre a boémia de Lisboa, nos anos de 1860 e 1870, entrando depois em declínio com a mudança de donos. Ainda no princípio da década de 1960, se podia ver este retiro, cujos azulejos da fachada anunciavam aos viajantes que ali se servia o famoso petisco do Coelho da Porcalhota. Um pouco mais à frente, numa pequena casa térrea, situava-se a sede da Sociedade Filarmónica Recreio Artístico da Amadora. A mais antiga associação da Amadora encontrava-se aqui sedeada desde finais da década de 1930. Devido à iniciativa dos sócios para angariar fundos através do sorteio de um automóvel, a coletividade conseguiu adquirir o terreno onde se situava a sede. No final da década de 1950, surgem os projetos para a urbanização da Quinta do Puíme, que preveem a criação de uma nova artéria, a Rua Pedro Franco, perpendicular à Rua Elias Garcia. Graças à venda de uma parcela dos terrenos a SFRAA obteve meios para a construção de uma nova sede – um moderno edifício de 4 pisos oficialmente inaugurado 04-11-1962, que ainda hoje alberga esta coletividade. Continuando do lado norte da estrada em direção a Lisboa, ainda hoje podemos ver a fachada da Quinta do Assentista, ou 23
Quinta do Intendente, com o seu majestoso portal que ostenta a data de 1746 e onde se pode observar um nicho com uma pequena imagem de Nossa Senhora da Saúde. O portão dá acesso a um pátio interior, com o chão em calçada portuguesa. A partir deste pátio, tem-se acesso à residência dos proprietários, aos jardins e ao pomar. A habitação da família mais importante da terra, desenvolve-se num edifício de dois pisos, e no piso superior, encontram-se algumas divisões decoradas com delicados frescos pintados durante remodelações que ocorreram no século XIX. A Quinta do Assentista conserva ainda o seu jardim, um dos raros exemplares destas áreas de recreio características das quintas dos arredores de Lisboa. Do lado da Estrada, o edifico da habitação da quinta da Assentista, prolonga-se até à Azinhaga do Pau (atual Travessa da Quinta do Pau) e início da Estrada dos Salgados. Este bloco de casas, mais humildes do que a quinta, arrendados para habitação e comércio. Em 1912, a sede da SFRAA estava aqui instalada. Fundada em 1878, esta coletividade teve, pelo menos, três sedes diferentes, todas situadas na Porcalhota, ao longo da Estrada Real. No lado sul da Estrada ainda podemos ver a casa que José António d’Ataíde mandou reconstruir em 1904, e que marca o fim do núcleo urbano da Porcalhota. Onde a antiga Estrada Real se bifurcava com o caminho dos Salgados (atual Av. Eduardo Jorge), surgia-nos, no meio da estrada, uma casa de dois pisos, formando aquilo a que, no princípio do século XX, era chamado de largo da Porcalhota, que marcava o limite do lugar. Saindo da Porcalhota, descendo em direção a Lisboa, voltávamos a encontrar habitações modestas, de 1 piso, com entrada diretamente para a Estrada, entrecortadas por muros de quintais e hortas. Cremos ser esta a calçada a que se refere Pinho Leal, no final do século XIX, que separava a Porcalhota de Cima, da Porcalhota de Baixo.
Pormenor da zona da Porcalhota numa planta do aqueduto, datada do século XVIII. PLANTA DO AQUEDUTO DESDE AS NASCENTES ATÉ À PORCALHOTA. Desenho Aguarelado. Atribuído a Francisco António Ferreira; 650 x 1450 mm; Inv. N.º 137/133. Museu da Cidade de Lisboa.
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Pormenor da zona da Porcalhota na PLANTA DO AQUEDUTO DESDE A RASCOEIRA ATÉ À PORCALHOTA. Desenho aguarelado; Sem indicação de autor; 600 x 1114 mm; Inv. N.º 134/131. Museu da Cidade de Lisboa.
Fotografia aérea da zona da Porcalhota, em 1944. Levantamento Aerofotográfico Estereoscópico de Cascais-Oeiras, Esc. 1:7.600, Rolo 44.05, Fiada 24, n.º 89, Instituto Geográfico Português, 1944.
Cruzamento da Av. Comandante Luís António Silva (antiga Travessa do Olival) com a rua Elias Garcia, vendo-se em primeiro plano a ponte sobre a ribeira da Falagueira. Revista A Hora, 1974, p. 25.
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Esquina da Av. Comandante Luís António da Silva com a Rua Elias Garcia, em 1969, onde ainda existia um pequeno núcleo de habitações saloias e uma das árvores que outrora ladeavam a Estrada Real. Arquivo Fotográfico da C.M.L., foto de Arnaldo Madureira; Cota antiga: A67484.
Esquina da Av. Comandante Luís António da Silva com a Rua Elias Garcia, em meados dos anos de 1980, vendo-se o mesmo núcleo de habitações saloias, atualmente já demolidas. Arquivo do MMAR.
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Planta de localização e fachada principal do Processo N.º 29/1934, referente a alterações na propriedade de António Brilhante da Silva Pessoa, situada na Rua Elias Garcia, entre a Ribeira da Falagueira e a Estrada da Falagueira. Arquivo do D.A.U. da C.M.A.
Rua Elias Garcia, vendo-se, à esquerda os muros da Quinta do Bosque; 1958/59. Fotografia cedida por Carlos Teixeira (Mesquita).
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Pormenor da PLANTA DO AQUEDUTO DESDE A PORCALHOTA ATÉ AOS ARCOS DA DAMAIA, onde se vê a localização do pátio e cocheiras da Quinta do Bosque, que se desenvolvem virados para a antiga Azinhaga do Bosque, atual Rua das indústrias. Desenho Aguarelado; Sem indicação de autor; 530 x 1119 mm; Inv. N.º 129/126. Museu da Cidade de Lisboa.
Cruzamento da Estrada da Falagueira com a Rua Elias Garcia em 1961, vendo-se em fundo o chafariz da Porcalhota. Arquivo Fotográfico da C.M.L., foto de Arnaldo Madureira. Cota antiga: A36685.
Mercearia no cruzamento da Estrada da Falagueira com a Rua Elias Garcia, em 1969. Arquivo Fotográfico da C.M.L., foto de João H Goulart. Cota antiga: A68697.
O Chafariz da Porcalhota em 1961. Arquivo Fotográfico da C.M.L., foto de Arnaldo Madureira. Cota antiga: A36684.
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Técnicos do Instituto Câmara Pestana a caminho da entrada do Aqueduto, no início da atual Rua das Indústrias. Ilustração Portuguesa, n.º 317, 18-03-1912, p.373.
Banda da SFRAA junto à sede. Fotografia cedida por Carlos
Elias Garcia, frente à SFRAA. Arquivo do MMAR.
Teixeira (Mesquita).
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Planta de localização e fachada do Processo N.º 4/1910, referente a alterações na padaria da firma Silva e Ribeiro, que atualmente correspondem aos n.ºs 83 e 85 A. Arquivo do D.A.U. da C.M.A.
Banda da SFRAA, na cerimónia de lançamento da primeira pedra da nova sede, vendo-se em fundo um conjunto de habitações, atualmente já demolidas. 1961. Fotografia cedida por Carlos Teixeira (Mesquita).
Aspeto da Rua Elias Garcia, próximo à Travessa da Reboleira, em 1960/61, durante as obras de abertura das fundações da nova sede da SFRAA. Fotografia cedida por Carlos Teixeira (Mesquita).
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Desfile da festa da árvore de 1913. Arquivo do MMAR.
Edifício do restaurante do Pedro dos Coelhos em 1969. Arquivo Fotográfico da C.M.L., foto de Arnaldo Madureira. Cota antiga: A67481.
Alterações de edifícios de habitação, adaptando-os a nova sede da SFRAA, previstas no Processo N.º 266-A de 1938. Arquivo do D.A.U. da C.M.A.
A sede da SFRAA, pouco antes de um grupo de sócios dar início à sua demolição para construção de um novo edifício. 1960-1961. Fotografia cedida por Fernando Rodrigues Ferreira.
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As obras de fundações e a nova sede da SFRAA, em 1961. Fotografia cedida por Carlos Teixeira (Mesquita).
Edifício sede da SFRRA na década de 1960. Fotografia
Festa da Árvore de 1913, na Rua Elias Garcia, junto à Quinta do
cedida por Carlos Teixeira (Mesquita).
Assentista. Fotografia cedida por José Santos Mattos.
Rua Elias Garcia, junto à Quinta do Assentista, em 1969. Arquivo Fotográfico da C.M.L., foto de João H. Goulart. Cota antiga: A67957.
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Portal da Quinta do Assentista em 1961. Arquivo Fotográfico da C.M.L., foto de Arnaldo Madureira. Cota antiga: A36681.
Jardins da Quinta do Assentista na década de 1980. Arquivo do MMAR.
A Quinta do Assentista em 1961. Arquivo Fotográfico da C.M.L., foto de Arnaldo Madureira. Cota antiga: A36682.
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Conjunto de habitações a seguir à Quinta da Assentista. Fotografia cedida por Fernando Coelho.
Alçado do edifício de habitação, existente frente à Quinta do assentista, com projeto datado de 1904. Processo N.º 7/1904 do Arquivo do D.A.U. da C.M.A.
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Início da Avenida Eduardo Jorge, na Rua Elias Garcia, na década de 1960. Fotografia cedida por Fernando Coelho.
Edifícios de habitação na Rua Elias Garcia, em 1969, já demolidos e
Edifícios de habitação na Rua Elias Garcia, em 1969, que correspondem,
que correspondem ao atual prédio n.º 96. Arquivo Fotográfico da C.M.L.,
atualmente, ao prédio de habitação com o número 80. Arquivo Fotográfico
foto de Arnaldo Madureira. Cota antiga: A67483.
da C.M.L., foto de Arnaldo Madureira. Cota antiga: A67483.
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AS CRUZES
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AS CRUZES Continuando a descer em direção a Lisboa deparamo-nos com o cruzamento com a Rua Vice Almirante Azevedo Coutinho, artéria construída no início da década de 1940, para dar acesso à zona fabril da Venda Nova, que se formou também nesta década, sobre antigos terrenos de lavoura. Mais abaixo, a norte, a Travessa da Cruz, era a única ligação à estrada dos Salgados e delimitava um pequeno núcleo de casas saloias que, tudo indica, veio a dar o nome ao Bairro das Cruzes. Aqui se situava um Cruzeiro, cuja origem se desconhece, e que foi transferido para a Rua Elias Garcia, do outro lado da Estrada. Esta zona, que marcava o limite da Porcalhota, assumiu várias denominações ao longo do tempo, sendo a Cruz ou Cruzes, a mais antiga, havendo noticia deste lugar já em meados do século XVIII. No final do século XIX Pinho Leal refere-se a ele com a Porcalhota de Baixo que, segundo o autor, era uma das localidades mais bonitas dos subúrbios de Lisboa, com casas rodeadas de jardins e pomares, onde se desfrutava de uma bela vista que abarcava as arcarias do Aqueduto Geral e a povoação da Damaia. Nos processos de obras da década de 1930, as novas construções, a sul da Estrada, são pequenas moradias com quintal que referem o local como a Bairro das Cruzes, na Várzea da Porcalhota. A partir da década seguinte, a expansão da zona industrial altera de vez as características desta urbanização, que passou a ser conhecida, apenas, como complexo industrial da Venda Nova. Passando o largo do Cruzeiro encontra-se um edifício fabril, agora devoluto. Foi mandado construir por volta de 1946, sobre antigos terrenos agrícolas para instalação da produção da Sociedade Química Leseque. No início dos anos de 1960, chamavase Sociedade Química Lepetit e continuava a produzir fármacos. Do outro lado da rua encontramos a antiga Quinta de S. Miguel, com o seu pátio de entrada e edifício de habitação. S. Miguel é a denominação primitiva desta quinta, que teve várias fases de construção e que, pelos restos de azulejos encontrados em algumas partes do imóvel, deve remontar, pelo menos, ao século XVIII. No final do século XIX, Pinho Leal descreve-a como a quinta mais importante da Porcalhota de Baixo, propriedade de Luís do Rego da Fonseca Magalhães, filho do estadista liberal Rodrigo da Fonseca Magalhães. Na memória da população local a quinta é ainda lembrada como a Quinta do Hotel Tivoli, empresa que tomou posse da propriedade por volta de 1940 e que aqui mantinha estruturas de apoio ao seu hotel em Lisboa, nomeadamente lavandaria e explorações agrícolas e pecuárias. Nos seus jardins encontramos ainda uma gruta artificial, que outrora se situava junto a um lago, espaço de lazer de antigos proprietários. Atualmente o imóvel é propriedade municipal e o edifício da quinta e jardins albergam o Centro Intergeracional da Quinta de S. Miguel, equipamento com valências sociais. Passando o edifício de habitação da quinta, encontramos, atualmente, uma urbanização datada dos anos de 1980/90, nas áreas do antigo pomar e horta da quinta. A antiga Estrada Real era aqui delimitada por um muro alto, que pegava com o muro da atual Estação Agronómica de Reprodução Animal, já na Venda Nova, não existindo qualquer caminho ou rua correspondente à atual Rua Manuel Ribeiro de Pavia. A pouco mais de meio quilómetro das Portas de Benfica terminamos este roteiro da Estrada da Porcalhota. Para lá do Bairro das Cruzes, encontramos ainda a povoação da Venda Nova, antes de chegarmos à capital, mas já fora da alçada da denominação de Porcalhota.
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Fotografia aérea da zona das Cruzes e zona fabril da Venda Nova, em 1944. Levantamento Aerofotográfico Estereoscópico de Cascais-Oeiras, Esc. 1:7.600, Rolo 44.05, Fiada 24, N.º 89, Instituto Geográfico Português, 1944.
Rua Elias Garcia no Bairro das Cruzes, em 1961. Arquivo Fotográfico da C.M.L., foto de Arnaldo Madureira. Cota antiga: A36679.
Obra de transferência do Cruzeiro para a Rua Elias Garcia. Fotografia cedida por Fernando Coelho.
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Planta do Processo N.º 16/1901, referente à construção de um muro de delimitação da propriedade de Maria José da Silva Pereira, onde se pode ver a localização inicial do cruzeiro. Arquivo do D.A.U. da C.M.A.
Alçado principal e Planta de localização de uma cavalariça e cocheira, a construir no Bairro das Cruzes, e datado de 1911. Processo N.º 112/1911 do Arquivo do D.A.U. da C.M.A.
Perspetiva da Rua Elias Garcia no Bairro das Cruzes, a caminho da Venda Nova, em 1961. Arquivo Fotográfico da C.M.L., foto de Arnaldo Madureira. Cota antiga: A36678.
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Laboratórios Lepetit, em 1961. Arquivo Fotográfico da C.M.L., foto de Augusto de Jesus Fernandes. Cota antiga: A36103.
Planta da Quinta de S. Miguel, com os edifícios de habitação, zona de lazer, áreas de pomar e horta, em 1940. Processo N.º 168/1940 do Arquivo do D.A.U. da C.M.A.
A Quinta de São Miguel em 1961. Arquivo Fotográfico da C.M.L., foto de Arnaldo
Lago e Gruta Artificial da Quinta de S. Miguel, na
Madureira. Cota antiga: A36680.
década de 1980. Arquivo do MMAR.
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Bibliografia Callixto, Vasco, Páginas da História da Amadora, Amadora, Câmara Municipal da Amadora, 1987. Castro, João Baptista de, Mappa de Portugal antigo e moderno, Lisboa, 1762-1763. Coelho, António Santos, Subsídios para a história da Amadora, Amadora, Câmara Municipal da Amadora, 1982. Costa, António Carvalho da, Corografia portugueza, e descriçam topografica do famoso reyno de Portugal..., Lisboa, 1706 – 1712. D. João V e o Abastecimento de Água a Lisboa, Exposição Palácio das Galveias, Lisboa, Outubro/Dezembro, 1990. Gaio, Eduardo Frutuoso, Apontamentos para a história dos Caminhos-de-ferro em Portugal, Sintra, 1957. Pinho Leal, Augusto Soares d’Azevedo Barbosa de, Portugal antigo e moderno: diccionário geográphico, estatístico, chorographico, heraldico, archeologico, historico, biographico e etymologico de todas as cidades, Lisboa, 1890. Portugal, Fernando e Matos, Alfredo de, Lisboa em 1758 Memórias Paroquiais de Lisboa, Lisboa 1973. Simões, A. Martinho, Concelho de Oeiras e Freguesia da Amadora, apontamentos para a sua história, Oeiras, Câmara Municipal de Oeiras, 1969. Veloso d’Andrade, José Sérgio, Memória sobre chafarizes, bicas, fontes e poços públicos de Lisboa, Belém e muitos outros lugares do Termo, Lisboa, 1851.
Jornais e Revistas Amadora (A), Jornal Comemorativo da inauguração dos Recreios Desportivos da Amadora, 14 de Abril de 1912. O Debate, Algés, 24 de Fevereiro de 1923. Ilustração Portuguesa, n.º 317, 18-03-1912, p.373. Revista A Hora, 1974. Revista Rodoviária, n.º 245, fevereiro de 1976.
Documentos Processos de obras do Arquivo do Departamento de Administração Urbanística da Câmara Municipal da Amadora.
Cartografia Configuração do lanço da estrada comprehendido entre o sitio da Porcalhota, e o atalho de Queluz para Bellas, com as rectificações aprovadas em 1835, Lisboa 1841 – Biblioteca Nacional de Portugal. PLANTA DO AQUEDUTO DESDE AS NASCENTES ATÉ À PORCALHOTA. Desenho Aguarelado. Atribuído a Francisco António Ferreira; 650 x 1450 mm; Inv. N.º 137/133. Museu da Cidade de Lisboa. PLANTA DO AQUEDUTO DESDE A RASCOEIRA ATÉ À PORCALHOTA. Desenho aguarelado; Sem indicação de autor; 600 x 1114 mm; Inv. N.º 134/131. Museu da Cidade de Lisboa. PLANTA DO AQUEDUTO DESDE A PORCALHOTA ATÉ AOS ARCOS DA DAMAIA, Desenho Aguarelado; Sem indicação de autor; 530 x 1119 mm; Inv. N.º 129/126. Museu da Cidade de Lisboa. Levantamento Aerofotográfico Estereoscópico de Cascais-Oeiras, Esc. 1:7.600, Rolo 44.05, Fiada 24, n.º 88 e n.º 89, Instituto Geográfico Português, 1944.
Imagens Arquivo Fotográfico da C.M.L. – Câmara Municipal de Lisboa Arquivo do MMAR – Museu Municipal de Arqueologia / Núcleo Museográfico do Casal do Casal da Falagueira. Fotografias Cedidas ao MMAR por: AHBVA - Associação Humanitária de Bombeiros Voluntários da Amadora Carlos Teixeira (Mesquita) Fernando Coelho Fernando Rodrigues Ferreira José Santos Mattos Vasco Callixto 42
Museu Municipal de Arqueologia Núcleo Museográfico do Casal da Falagueira Horário de abertura ao público 2.ª a sábado Das 9:00 h às 13:00 h e das 14:00 h às 17:00 Parque Aventura, Beco do Poço Tel.: 21 436 90 90 e-mail: museu.arqueologia@am-amadora.pt
Câmara Municipal da Amadora
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Apoio:
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