FISIOTERAPIA
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NOVEMBRO AZUL Fisioterapia pélvica e a saúde masculina
texto ROBERTA RUIZ foto DIVULGAÇÃO
M
uito se escuta falar em assoalho pélvico no universo feminino, mas ainda é um desconhecido entre os homens. Hoje, com o diagnóstico precoce do câncer de próstata, o aumento de cirurgias, e o aumento da incidência de incontinência urinária, ficou mais evidente a atuação da fisioterapia pélvica masculina. Porém, não é só em pacientes com câncer de próstata que a fisioterapia pode ajudar. Nos dias atuais usamos o termo reabilitação peniana integrada onde ocorre uma ação conjunta de vários profissionais como, psicólogo, fisioterapeuta, nutricionista, médico e educador físico, para restabelecer a função. A fisioterapia pélvica hoje tem importante atuação, pois trabalha com a parte cinético-funcional deste complexo sistema de funcionamento e para isto lançamos mão de várias técnicas, algumas delas já conhecidas, como a vacuoterapia (bomba peniana) porém, usada erroneamente e sem supervisão pode agravar os sintomas. Aqui trago para vocês técnicas utilizadas pela fisioterapia e que podem tornar o novembro um pouco mais azul, trazendo conforto e qualidade de vida para muitos homens. Cinesioterapia: são os exercícios para a musculatura do assoalho pélvico, personalizados para cada paciente, conforme avaliação. Além de exercícios específicos de assoalho pélvico, realizamos exercícios globais, pois não podemos esquecer que o corpo é uma unidade e assim deve ser abordado. Eletroterapia: um dos recursos amplamente utilizado pela fisioterapia no tratamento parcial ou temporário dos músculos estriados desnervados, para prevenir ou tratar a atrofia muscular é usada a estimulação elétrica transcutânea (EET) de baixa frequência. A estimulação elétrica tem a capacidade regenerativa sobre as células musculares lisas, ou seja, o crescimento da musculatura lisa é facilmente induzível pelo seu uso. A microscopia eletrônica mostra que a disfunção erétil é frequentemente causada por degeneração dos músculos lisos cavernosos. Stief et al. demonstraram que o uso da estimulação elétrica funcional em 21 pacientes com disfunção erétil crônica (20/21 não responsivos vasoativos), nos músculos lisos cavernosos é viável e resulta em uma melhora da disfunção erétil em um número significativo de 33% dos pacientes. Vacuoterapia: mais conhecido como bomba peniana já é utilizada há muito tempo e é indicada, principalmente, para pacientes pós-
prostatectomia, pois ocorre neuropraxia induzida pelo tratamento cirúrgico do câncer de próstata e prejudica o mecanismo neurovascular reflexo da atividade erétil. Isto, por sua vez, pode levar à hipoperfusão sinusoidal cavernosa (diminuição da vascularização local), persistente com consequente hipóxia e formação de áreas de fibrose nos corpos cavernosos. A hipótese subjacente é de que a indução artificial de ereções em curto prazo após a cirurgia venha a facilitar a oxigenação tecidual, reduzindo a fibrose dos corpos cavernosos na ausência das ereções noturnas e potencialmente aumente a probabilidade de preservação da função erétil. Mas aqui vale um alerta, o uso da bomba é individualizado e existem protocolos para sua utilização, pois a mesma se for usada erroneamente pode causar lesões penianas irreversíveis. Vibroterapia: a primeira estimulação vibratória peniana relatada (PVS) foi utilizada em homens, em 1965, com o objetivo de estimular a ejaculação. Posteriormente, em 1970, o PVS foi utilizado em homens com lesão medular com o objetivo de ativar o reflexo ejaculatório. De lá para cá a técnica foi sendo aprimorada e é usada para estimulação externa das fibras nervosas cavernosas, a partir da glande, o que induz a liberação de óxido nítrico nas ramificações nervosas terminais dos corpos cavernosos. Além de trabalhar com as informações nervosas, a vibroterapia trabalha com o tecido propriamente dito, melhorando sua mobilidade e facilitando a ereção. Aproveite o Novembro Azul e cuide-se, e nós da fisioterapia, estamos engajados e estudando sempre e com o objetivo de reabilitar e consequentemente devolver a qualidade de vida que é extremamente afetada nestes casos. Não existe passe de mágica e a resposta terapêutica irá depender de vários fatores, mas as pesquisas vêm nos trazendo resultados promissores em um universo de poucas opções de tratamento. ROBERTA RUIZ Fisioterapeuta – Crefito 38.482. Pós-graduada pela USP em Fisioterapia Respiratória. Instrutora de Pilates pela Physio Pilates Polestar (USA). Pós-graduada em Fisioterapia Pélvica – Uroginecológica Funcional (Inspirar). Formação em RPG e Terapias Manuais-Maitland (AUS). Formação em podoposturologia (palmilhas posturais). Proprietária do Espaço Integrata – www.integratafisio.com.br. Integrata Pilates e Fisioterapia Pélvica F Rua Gravata, 75 – Campeche – Florianópolis/SC C @integratafisio 1 (48) 99140-1810 0 roruizfisio@gmail.com