M
ais uma vez, o Museu de Arte Sacra de São Paulo concretiza o objetivo maior de sua existência, ao realizar a Exposição “Pintura & Música na Arte Colonial Paulista: Jesuíno do Monte Carmelo”. Sem a obsessão do enorme poeta e intelectual Mario de Andrade, pela construção e difusão da cultura brasileira, de norte a sul, de leste a oeste, a obra do Padre Jesuíno do Monte Carmelo talvez jazesse nos escombros de uma memória nacional sempre em busca de si mesma.
Seu livro Padre Jesuíno do Monte Carmelo publicado em 1945, pelo então Serviço do Patrimônio Histórico Artístico Nacional, um ano após sua morte, infelizmente esgotado até hoje desenha impecavelmente não só a vida e obra desse grande artista, mas também o contexto histórico em que ela nasceu e se desenvolveu. Assim como outros gênios da arte brasileira atuantes desde o período colonial até o século XIX, Padre Jesuíno, “Pobre, mulatinho sem pai” impõe-se hoje como talvez do maior artista e empreendedor cultural daquele período no hoje Estado de São Paulo. O Museu de Arte Sacra de São Paulo reúne nesta exposição, pela primeira vez, os acervos mais importantes das peças dele: Obras do Museu de Itu, Museu Afro Brasil, Igreja... e do próprio Museu de Arte Sacra. Com isso, esperamos que, no correr das comemorações do cinquentenário do Museu de Arte Sacra de São Paulo, o maior público possível possa usufruir destas obras de modo não apenas estético, mas também no intuito de tomar consciência de que a cultura brasileira é elemento indispensável da construção de um país mais belo, mais justo e mais orgulhoso de si mesmo. José Carlos Marçal de Barros Diretor Executivo do Museu de Arte Sacra de São Paulo
6
Pintura & Música na Arte Colonial Paulista: Jesuíno do Monte Carmelo
As Paredes dos Museus tem por compromisso (res)significar nosso presente, e por mais antigas que sejam as obras apresentadas elas sempre serão uma novidade para quem não as conhece. Aqui está uma rara oportunidades de repensarmos os valores de nosso presente observando o que de mais ‘belo e inovador’ foi produzido pela arte de nossos antepassados; e que hoje alicerçam nossa identidade cultural seja como ituanos, paulistas, brasileiros que esperamos como público desta mostra, somado a todos os imigrantes e turistas - este espaço tem como compromisso acolher todos de braços abertos. Esta mostra com obras do passado é mais atual do que nunca, pois discute temas como: intolerância, racismo, segregação, privilégios sociais, escravidão, História do Brasil, representatividade e pluralidade cultural. E são capazes de aqui reunidas nos ensinar muito sobre como podemos interpretarmos nosso presente e imaginar o futuro mais justo e feliz, trata-se de uma lição de humanidade que jamais dever ser esquecida e sim enaltecida, problematizada e trazida a todos pelo diálogo na construção de novos valores. Artes - Pintura - Música - Fé – Política - Paternidade - Literatura - Identidade Nacional – Patrimônio – Conhecimento – Preservação – Memória; são diferentes formas possíveis de entender e fruir esse conjunto artístico. Neste ano de 2020 esta exposição comemora pela perspectiva do Patrimônio: o Bicentenário de morte deste artista (* 1764, Santos + 1819, Itu) e os 200 anos da inauguração da Igreja de Nossa Senhora do Patrocínio em Itu – seu último grande projeto de vida. E pela perspectiva da Museologia celebra os 50 anos das atividades de trabalho do Museu de Arte Sacra de São Paulo e do Museu de Música Sacra e Arte Religiosa Padre Jesuíno do Monte Carmelo. Reconhecido como um dos principais artistas do Estado de São Paulo durante o Período Colonial, com atuação como: sacerdote, latinista, pintor, arquiteto, compositor e músico. Sua poética artística foi objeto de pesquisa por Mário de Andrade para a elaboração de sua biografia publicada pelo Instituto do Patrimônio Histórico em 1945, ocasião em que Jesuíno foi apresentado ao mundo. 7
Grande parte de todo Patrimônio Artístico Paulista do Período Colonial tombado pelo IPHAN no estado de São Paulo são de sua autoria e está localizado, em Igrejas e Museus, nas cidades de: Itu, São Paulo e Santos. Estas obras reunidas abordam a soma de um conjunto de pesquisas e esforços de preservação - de diversas instituições de memória como: Museus, Arquivos, Bibliotecas, Secretaria Municipal de Cultura e do Patrimônio Histórico, Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo e diversas Universidades Públicas estaduais e federais, que se destacam no contemporâneo por trabalhar na valorização deste Patrimônio Material e Imaterial Sacros pela perspectiva Religiosa e Artística. Está apresentado um raro diálogo aproximando as coleções de Igrejas Ituanas: Matriz de Nossa Senhora da Candelária – 1780; Igreja do Senhor Bom Jesus - 1765 e Nossa Senhora do Patrocínio – 1820; somadas as obras musealizadas dos Museus de Música Sacra e Arte Religiosa Pe. Jesuíno do Monte Carmelo, Museu da Música - Itu com as coleções do Museu de Arte Sacra de São Paulo e Museu AfroBrasil. Esta mostra com trabalhos inéditos pela primeira vez no espaço do museu de arte, reveste de significados e ressignificações o amplo panorama da produção artística: visual e sonora, do nosso Jesuíno apresentada aqui como nosso Patrimônio Artístico Colonial Paulista e Nacional. Entre as obras inéditas estão: a) Santana Mestra, Segunda Metade do Século XVIII, atribuída a Jesuíno ou sua Escola de Pintura Jesuína, obra que faz parte da coleção da Igreja do Senhor Bom Jesus. b) assim como a série de apóstolos que pertencem a Igreja de Nossa Senhora do Patrocínio de Itu – dos quais participam da mostra São Thomas e São João Evangelista; e duas obras pertencentes ao Museu de Música Sacra e Arte Religiosa Padre Jesuíno do Monte Carmelo, São Pedro e São Paulo. Essas obras revelam uma nova palheta cromática muito mais vibrante e colorida, como as cores das tábuas encontradas na Igreja Matriz de Nossa Senhora da Candelária de Itu que também participam da mostra. Apresentadas sob a pesquisa e curadoria do Dr. Emerson Castilho também Diretor e Museólogo do Museu Pe. Jesuíno, apontam para uma possível Escola de Pintura Jesuína que tenha operado entre Itu e São Paulo durante a virada do século XVIII e XIX. Segundo descrições encontradas nos Cadernos de Depósitos de 1847 de autoria de Miguel Benício de Assunção Dultra – Manuscrito também localizado pelo mesmo pesquisador - junto a Pinacoteca do Estado de São Paulo abre precedente para essas novas interpretações. Assim como o pesquisador atribui também a Jesuíno na Igreja do Bom Jesus a pintura de óleo sobre madeira no teto de uma das salas laterais na Capela Mór, representando Nossa Senhora Mãe dos Homens e a alegoria dos quatro continentes conhecidos até então: África – América – Europa – Ásia. O segundo núcleo gravita em torno da figura histórica de Jesuíno, representante de uma escola de artífices e músicos considerado o auge de um novo momento, na qual a arte sacra paulista abandona uma escala íntima e doméstica de objetos sacros e oratórios, e passa a ser elaborada em escala monu8
mental expressa nas construções de templos, na pintura decorativa de tetos, no entalhamento artístico de retábulos seguidos de pintura, douração, importação e fatura de imagens, em suma de obras de arte agregadas a arquitetura. Ordenamento da montagem da exposição: Bibliografia – Mário de Andrade como idealizador do IPHAN e seu Primeiro Superintendente Regional na Região Sudeste atuou no Tombamento das Igrejas Matriz Nossa Senhora da Candelária em Itu e Conjunto Arquitetônico Carmelitano Ituano. 1º Fase – Igreja Matriz de Itu – Período de Formação; 2º Fase - Produção da decoração da Igreja dos Carmelitas em Itu, vinculado ao conjunto de tábuas que poderiam ter vindo se suas paredes laterais, possível início de uma sistematização na fatura das pinturas que deram origem a uma escola Jesuína de pintura; 3º Fase – Carmo Paulistana; 4º Fase – Recolhimento de Santa Tereza; 5º Fase – Igreja do Senhor Bom Jesus em Itu, decoração em seu teto de capela e onde remanesceu uma tela da sua autoria ou escola – estilemas muito característicos presentes na decoração do teto e da pintura de Santana Mestra; 6º Fase – Igreja Nossa Senhora do Patrocínio grande projeto de vida sacerdotal, pessoal e de família fase do Padres do Patrocínio com grandes festas sagradas e ativa vida política liberal; 6 Pinturas da mostra: 4 Telas da Série dos Apóstolos Inédita e 2 telas dos santos carmelitas que são seus filhos retratados. 7º Fase – Convento das Educandas ou Convento Concepcionista de Nossa Senhora das Mercês, criado por seus filhos e filhas de onde em pagamento o arquiteto João Walter Toscano recebeu duas telas, que foram posteriormente integradas a coleção do Sr. Emanoel Araújo e hoje estão nas paredes do Museu AfroBrasil. 8º Fase – Produção Musical: Canto Chão de Verônica para a Procissão dos Passos de Itu e Compendio de Músicas para a Inauguração da Igreja de Nossa Senhora do Patrocínio em Itu + pesquisas em andamento. A expopsição materializa o intuito da difusão de valores culturais sobre a temática da Arte Sacra Paulista, em suas faces materiais e imateriais, promovendo a fruição artística tanto plástica como musical. Curadoria/ Pesquisa e Museologia - Dr. Emerson Ribeiro Castilho, Diretor do Museu de Música Sacra e Arte Religiosa Padre Jesuíno do Monte Carmelo.
9
CRUCIFICAÇÃO (UMA TÁBUA) Autor: Padre Jesuíno do Monte Carmelo Segunda metade do século XVIII Pintura sobre madeira Procedência: Igreja Matriz Nossa Senhora da Candelária de Itu 10
11
12
SEPULTAMENTO DE CRISTO (DUAS TÁBUAS) Autor: Padre Jesuíno do Monte Carmelo Segunda metade do século XVIII Pintura sobre madeira Dimensões: Variadas Procedência: Igreja Matriz Nossa Senhora da Candelária de Itu 13
14
15
16
DEPOSIÇÃO DA CRUZ (CINCO TÁBUAS) Autor: Padre Jesuíno do Monte Carmelo Segunda metade do século XVIII Pintura sobre madeira Dimensões: Variadas Procedência: Igreja Matriz Nossa Senhora da Candelária de Itu 17
DENOMINAÇÃO ECCE HOMO Frei Jesuíno do Monte Carmelo Séc. XVIII Origem: São Paulo Óleo sobre madeira Dimensões: 140 x 65 x 5,5 Coleção Particular 18
CRISTO ATADO À COLUNA Frei Jesuíno do Monte Carmelo Séc. XVIII Óleo sobre madeira Origem: São Paulo Dimensões: 140,5 x 65,5 x 5,5 Coleção Particular 19
SANTANA MESTRA Padre Jesuíno do Monte Carmelo Final do século XIX Óleo sobre tela Dimensões (A x L): 1,80 x 1,00 cm Coleção: Igreja do Senhor Bom Jesus de Itu 20
21
SÃO PETRUS Autor: Padre Jesuíno do Monte Carmelo Segunda metade do século XVIII Pintura sobre tela emoldurada Dimensões (A x L): 2,19 x 1,30 cm Coleção: Museu de Música Sacra e Arte Religiosa Padre Jesuino do Monte Carmelo 22
23
SÃO THOMAS Padre Jesuíno do Monte Carmelo Segunda metade do século XVIII Pintura sobre madeira Dimensões (A x L): 2,19 x 1,30 cm Coleção: Associação de Instrução Popular e Beneficiência - SIPEB, responsável legal pela Igreja de N.S. do Patrocínio de Itu 24
25
SÃO PAULUS Autor: Padre Jesuíno do Monte Carmelo Segunda metade do século XVIII Pintura sobre tela emoldurada Dimensões (A x L): 2,19 x 1,30 cm Coleção: Museu de Música Sacra e Arte Religiosa Padre Jesuino do Monte Carmelo 26
27
SÃO JOÃO DA CRUZ Autor: Padre Jesuíno do Monte Carmelo Segunda metade do século XVIII Pintura sobre tela emoldurada Dimensões (A x L): 2,19 x 1,30 cm Coleção: Associação de Instrução Popular e Beneficiência - SIPEB, responsável legal pela Igreja de N.S. do Patrocínio de Itu 28
29
SANTA TEREZA D’ÁVILA Autor: Padre Jesuíno do Monte Carmelo Segunda metade do século XVIII Pintura sobre tela emoldurada Dimensões (A x L): 2,19 x 1,30 cm Coleção: Associação de Instrução Popular e Beneficiência - SIPEB, responsável legal pela Igreja de N.S. do Patrocínio de Itu 30
31
SÃO JOHANSES Autor: Padre Jesuíno do Monte Carmelo Segunda metade do século XVIII Pintura sobre madeira Dimensões (A x L): 2,19 x 1,30 cm Coleção: Associação de Instrução Popular e Beneficiência - SIPEB, responsável legal pela Igreja de N.S. do Patrocínio de Itu 32
33
SANTO AGOSTINHO Autor: Padre Jesuíno do Monte Carmelo (Atribuição) Século XVIII/ XIX Óleo sobre tela Procedência: Convento de Santa Teresa, São Paulo, SP Dimensão: 165,5 x 135,5 x 3cm 34
35
SANTO AMBRÓSIO Autor: Padre Jesuíno do Monte Carmelo (Atribuição) Século XVIII/ XIX Óleo sobre tela Procedência: Convento de Santa Teresa, São Paulo, SP Dimensão: 169 x 136 x 3cm 36
37
SÃO JERÔNIMO Autor: Padre Jesuíno do Monte Carmelo (Atribuição) Século XVIII/ XIX Óleo sobre tela Procedência: Convento de Santa Teresa, São Paulo, SP Dimensão: 168 x 134,5 x 3cm 38
39
SÃO THOMAS Autor: Padre Jesuíno do Monte Carmelo (Atribuição) Século XVIII/ XIX Óleo sobre tela Procedência: Convento de Santa Teresa, São Paulo, SP Dimensão: 177 x 144,5 x 4,5cm 40
41
SÃO GREGÓRIO PAPA Autor: Padre Jesuíno do Monte Carmelo (Atribuição) Século XVIII/ XIX Óleo sobre tela Procedência: Convento de Santa Teresa, São Paulo, SP Dimensão: 167,5 x 136 x 3cm 42
43
SÃO BOAVENTURA Autor: Padre Jesuíno do Monte Carmelo (Atribuição) Século XVIII/ XIX Óleo sobre tela Procedência: Convento de Santa Teresa, São Paulo, SP Dimensão: 177 x 144,5 x 4,5cm 44
45
EVANGELISTA SÃO JOÃO Autor: Padre Jesuíno do Monte Carmelo (Atribuição) Século XVIII / XIX Óleo sobre tela Procedência: Convento de Santa Teresa, São Paulo, SP Dimensão: 170 x 140 x 12cm 46
EVANGELISTA SÃO MARCOS Autor: Padre Jesuíno do Monte Carmelo (Atribuição) Século XVIII/ XIX Óleo sobre tela Procedência: Convento de Santa Teresa, São Paulo, SP Dimensão: 170 x 140 x 12cm 47
EVANGELISTA SÃO MATEUS Autor: Padre Jesuíno do Monte Carmelo (Atribuição) Século XVIII/ XIX Óleo sobre tela Procedência: Convento de Santa Teresa, São Paulo, SP Dimensão: 170 x 140 x 12cm 48
EVANGELISTA SÃO LUCAS Autor: Padre Jesuíno do Monte Carmelo (Atribuição) Século XVIII/ XIX Óleo sobre tela Procedência: Convento de Santa Teresa, São Paulo, SP Dimensão: 170 x 140 x 12cm 49