Catálogo da Exposição - È Nato Gesù

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FICHA CATALOGRÁFICA (Elaborada por Cláudio Oliveira CRB8-8831)

È.nato.Gesù:.a.Napoli.nel.1700/.Ulderico.Pinfi.ldi.;.fotografi.a:.Antonio. Allocca,.Claudio.Garofalo..–.São.Paulo:.Museu.de.Arte.Sacra. de.São.Paulo,.2018. 72p..;.il. ISBN 978-85-67787-37-4 Exposição realizada de 29 de novembro de 2018 a 06 de janeiro de 2019.no.Museu.de.Arte.Sacra.de.São.Paulo. 1..Exposição.2..Presépios.3..Museu.de.Arte.Sacra.de.São Paulo I..Título..II..Autor.

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POR

ASSOCIAÇÃO MUSEU DE ARTE SACRA DE SÃO PAULO, 2018

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O I R A SUM SUMÁRIO

Apresentação (Presentazione)......................................................................................................7 O artista (Il artista)...................................................................................................................... 11 Mostras (Mostre)......................................................................................................................... 12 O presépio napolitano de Ulderico Pinfildi: um percurso entre fé e cultura do século XVIII (Il presepe napoletano di Ulderico Pinfildi: un percorso tra fede e cultura del ’700)......................................................................................................... 16 As representações do presépio napolitano (Le rapresentazioni del presepe Napoletano)..... 21 Anúncio à Nossa Senhora (Annuncio alla Madonna).............................................................. 27 Anúncio aos pastores (Annuncio ai pastori)............................................................................. 29 Pastores a caminho (Pastori in cammino)................................................................................ 31 Grupo das pessoas vindas da Ilha de Prócida (Gruppo delle procidane)............................. 33 Grupo das calabresas (Gruppo delle calabresi)....................................................................... 35 Grupo de família com jumenta (Gruppo di famiglia con giumenta)...................................... 37 Pastores com presentes e ofícios (Pastori con doni e mestieri)............................................. 39 Tarantela (Tarantella)................................................................................................................. 41 Mouras nobres (More nobili)..................................................................................................... 43 Músicos orientais (Suonatori orientali)..................................................................................... 45 Os Reis Magos a cavalo (Re Magi a cavallo)............................................................................. 47 Anjos (Angeli)............................................................................................................................... 49 Natividade (Natività)................................................................................................................... 51 O “Presépio Cuciniello” no Museu Nacional de San Martino em Nápoles (Il “Presepe Cuciniello” nel Museo Nazionale di San Martino a Napoli)............................. 53

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A T N E S E PR APRESENTAÇÃO

PRESENTAZIONE

Para os cristãos não existe data mais significativa do que o Natal, quando se comemora o nascimento de Jesus , filho de Deus, salvador do mundo.

Per i cristiani non esiste una data più significativa del Natale, quando si celebra la nascita di Gesù, figlio di Dio, Salvatore del mondo.

Neste Natal de 2018, em sua tradicional mostra anual de presépios, o Museu de Arte Sacra de São Paulo (MAS/ SP) apresenta duas visões do presépio, iconografia maior da data:

In questo Natale 2018, nella sua tradizionale mostra annuale di presepi, il Museo di Arte Sacra di San Paolo (MAS/ SP) presenta due visioni del presepe, la più grande iconografia di questa data:

• DAL 1700: A NATIVIDADE DE CUCINIELLO DE SAN MARTINO

Em Nápoles, o Museu de San Martino preserva um dos presépios mais famosos dos “pastores” do século XVIII. Os “pastores” foram recolhidos por uma personalidade multifacetada do século napolitano, Michele Cuciniello, que doou sua coleção ao museu e cuidou pessoalmente de montar a “pedra” do presépio.

A Napoli, il Museo di San Martino conserva uno dei presepi più famosi dei “pastori” del XVIII Secolo. I “pastori” furono raccolti da una personalità multiforme del secolo napoletano, Michele Cuciniello, che donò la sua collezione al museo e prese cura personalmente del montaggio della “pietra” del presepe.

Em sua mostra, o MAS/SP apresenta uma projeção em 3D do famoso presépio para que o publico possa conhecer e interagir com essa maravilha. •

DAL 2018: A NATIVIDADE DE ULDERICO PINFILDI, DE NÁPOLES

Quando os Bourbon reinavam no Reino das Duas Sicílias, desejando mostrar ao mundo que além de ser um reino poderoso, sob os aspectos comercial e militar, também estavam conectados com o divino, resolveram remontar o presépio, encarregando seus artesãos e artistas de criar aquele que passou a ser considerado o símbolo da iconografia do nascimento de Jesus: o presépio napolitano.

DAL 1700: LA NATIVITÀ DI CUCINIELLO DI SAN MARTINO

Nella mostra, il MAS/SP presenta una proiezione in 3D del famoso presepe affinché il pubblico possa conoscere e interagire con questa meraviglia. •

DAL 2018: LA NATIVITÀ DI ULDERICO PINFILDI, DI NAPOLI

Quando i Borboni regnarono nel Regno delle Due Sicilie, volendo mostrare al mondo che oltre ad essere un regno potente, sotto l’aspetto commerciale e militare, erano anche legati al divino, decisero di ricomporre il presepe, affidando ai loro artigiani e artisti il compito di creare ciò che venne considerato il simbolo dell’iconografia della nascita di Gesù: Il Presepe Napoletano.

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Nesta mostra, Ulderico Pinfildi apresenta várias cenas utilizando os métodos tradicionais que, teatralizando a montagem, tornaram o presépio napolitano a mais tradicional e famosa representação do nascimento de Jesus.

In questa mostra Ulderico Pinfildi presenta diverse scene, utilizzando i metodi tradizionali che drammatizzando il montaggio fecero del Presepe Napoletano la rappresentazione più tradizionale e famosa della nascita di Gesù.

Um dos mais famosos presepistas de Nápoles, filho de também conceituados presepistas da cidade, apresenta-nos suas maravilhosas obras ao longo de uma “aula” de como se constrói um presépio napolitano.

Uno dei presepisti più famosi di Napoli, figlio di presepitas, ci presenta. di famosi presepisti della città, ci presenta i suoi meravigliosi lavori durante una “lezione” di come viene costruito un presepe napoletano.

Esperamos que nossos visitantes não só admirem a magnitude das obras como sintam o sentimento de Paz que elas transmitem.

Ci auguriamo che i nostri visitatori non solo ammirino la grandezza delle opere ma provino il sentimento di Pace che esse trasmettono.

MUSEU DE ARTE SACRA DE SÃO PAULO

MUSEO DE ARTE SACRA DE SÃO PAULO

José Oswaldo de Paula Santos Presidente do Conselho de Administração

José Carlos Marçal de Barros Diretor Executivo

José Oswaldo de Paula Santos Presidente del Consiglio di Amministrazione

José Carlos Marçal de Barros Direttore Esecutivo

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A T S I T AR O ARTISTA

IL ARTISTA

Meu nome é Ulderico Pinfildi, escultor e artista presepial.

Il mio nome è Ulderico Pinfildi, scultore e artista presepiale.

Aprendi essa arte desde pequeno, no laboratório da família; cresci entre argila e paixão, observando meu pai e minha mãe trabalhando com objetos de cerâmica e barro, cozidos e pintados à mão. Desde então, estudei as origens e a história do presépio, a moldagem, o uso dos materiais e a anatomia. Para a ambientação das cenas, sempre olhei para a iconografia dos presépios do século XVIII, paisagens e arquiteturas neoclássicas de uma Nápoles bourbônica. Para as expressões dos meus personagens, para as cores, o tom da pele, o movimento cênico, os clarosescuros e as luzes, tomei como referência os grandes mestres da pintura italiana, especialmente Caravaggio e Raffaello. O meu laboratório está situado entre os becos e os prédios do centro antigo de Nápoles, e protege o tesouro dessa antiga tradição. Aqui dou vida às minhas figuras do presépio, atores colocados em uma imagem estática que transmite um pensamento eterno.

Ho imparato quest’arte sin da piccolo, nella bottega di famiglia, cresciuto tra creta e passione osservando mio padre e mia madre lavorare ceramiche e terraglie, cotte e dipinte a mano. Da allora ho studiato le origini e la storia del presepe, la modellatura, l’uso dei materiali e l’anatomia. Per l’ambientazione delle scene ho sempre rivolto lo sguardo all’iconografia presepiale settecentesca, paesaggi e architetture neoclassiche della Napoli borbonica. Per le espressioni dei miei personaggi, per i colori, l’incarnato, il movimento scenico, i chiaroscuri e le luci, ho attinto ai grandi maestri della pittura italiana, in particolare Caravaggio e Raffaello. La mia bottega si trova tra i vicoli e i palazzi del centro antico di Napoli che custodisce il tesoro di questa antica tradizione. Qui dò vita alle mie figure presepiali, attori calati in un fermo immagine che racconta un pensiero eterno.

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E R T MOS MOSTRAS

MOSTRE

Ulderico Pinfildi participou de importantes eventos de arte de presépios:

Ulderico Pinfildi ha partecipato ad importanti manifestazioni di arte presepiale:

BRUXELAS Parlamento Europeu. Apresentação de figuras de presépio inseridas em uma grande cenografia. MIAMI Gold Italy, 1995. Exposição. TRAUNSTEIN (Baviera) 1995. Mostra sobre arte dos presépios. SIENA Palácio Público. Mostra coletiva sobre a arte dos presépios. MILANO B.I.T. Apresentação da excelência do artesanato. ESTRASBURGO Parlamento Europeu. Mostra coletiva sobre a arte dos presépios. NOVA YORK Torres Gêmeas, 1996. Apresentação da excelência da região da Campânia. SANTO DOMINGO 1997. Mostra coletiva sobre a arte dos presépios (amigos do presépio de Nápoles). PARIS Maison Objet, 1999. Exposição de artefatos dos presépios. MURCIA (Espanha). Conferência sobre o artesanato dos presépios napolitanos e intercâmbio cultural e tecnológico. NOVA YORK 2001. Colaboração para a realização de um presépio comissionado pela Câmara de Comércio de Nápoles e doado ao Corpo de Bombeiros de Nova York.

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BRUXELLES Parlamento Europeo. Presentazione di figure Presepiali inserite su una grande scenografia. MIAMI Gold Italy, 1995. Mostra espositiva. TRAUNSTEIN (Baviera) 1995. Mostra di Arte Presepiale. SIENA Palazzo Pubblico. Mostra Collettiva sull’Arte Presepiale. MILANO B.I.T. Presentazione dell’eccellenza dell’artigianato. STRASBURGO Parlamento Europeo. Mostra Collettiva sull’Arte Presepiale. NEW YORK Torri Gemelle, 1996. Presentazione dell’eccellenza Campana. SANTO DOMINGO 1997. Mostra Collettiva sull’Arte Presepiale (amici del presepe di Napoli). PARIGI Maison Objet, 1999. Esposizione di manufatti presepiale. MURCIA (Spagna). Conferenza sull’artigianato presepiale napoletano e scambio culturale e tecnologico. NEW YORK 2001. Collaborazione alla realizzazione di un presepe commissionato dalla Camera di Commercio di Napoli e donato ai Vigili del fuoco di New York.

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ROMA “Scrigno” (Arca) Espaço Etoile, março 2006. BRUXELAS Instituto Italiano de Cultura, dezembro 2006. Apresentação de um presépio napolitano e intercâmbio cultural.

ROMA “Scrigno” Spazio Etoile, marzo 2006. BRUXELLES Istituto Italiano di Cultura, dicembre 2006. Presentazione di un presepe Napoletano e scambio culturale.

NÁPOLES Castel dell’Ovo 2007. “A Última Cena” – Mostra coletiva sobre a arte dos presépios do século XVIII.

NAPOLI Castel dell’Ovo 2007“. L’Ultima Scena”. Mostra Collettiva sull’interpretazione dell’Arte Presepiale del 700.

PRÊMIO Empresa Artesanal de Excelência 2008 – União Industrial.

PREMIO Azienda Artigiana d’Eccellenza 2008. Unione Industriale.

WASHINGTON Folger Shakespeare Library. Christmas 2012 – O presépio napolitano do século XVIII.

WASHINGTON Folger Shakespeare Library. Chritmas 2012. Il Presepe Napoletano del 700.

DESIGNED European SME Gran Prix 2014.

DESIGNED European SME Gran Prix 2014.

SEVILHA Museu Bellver. Mostra permanente “O presépio napolitano do século XVIII”.

SIVIGLIA Museo Bellver. Mostra Permanente Il presepe Napoletano del 700.

SÃO PAULO Museu de Arte Sacra de São Paulo, 2015. Mostra permanente “O Nascimento da Esperança”. MILANO Collezione della Cascina La Maggiore, 2017. Mostra permanente “O Presépio Napolitano do século XVIII”. NAPOLI 2017. Pio Monte da Misericordia. Mostra permanente “O Presépio da Misericórdia”, inspirado em sete obras de Caravaggio.

Ulderico Pinfildi foi docente de modelagem no ASSEFOR e na AMIGOS DO PRESÉPIO em 2014, e nos cursos de formação e restauração na Universidade Suor Orsola Benincasa, desde 2015 até hoje.

SAO PAULO Museo de Arte Sacra de São Paulo, 2015. Mostra Permanente “La Nascita della Speranza”. MILANO Collezione della Cascina La Maggiore, 2017. Mostra Permanente Il Presepe Napoletano del 700. NAPOLI 2017. Pio Monte della Misericordia, Il presepe della Misericordia, da 7 opere di Caravaggio.

Ulderico Pinfildi é stato docente di modellato per conto dell’ASSEFOR e degli AMICI DEL PRESEPE 2014, nei corsi di formazione di modellato e restauro all’università Suor Orsola Benincasa da 2015 ad oggi.

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E P E S E R P O PRESÉPIO NAPOLITANO DE ULDERICO PINFILDI: UM PERCURSO ENTRE FÉ E CULTURA DO SÉCULO XVIII

IL PRESEPE NAPOLETANO DI ULDERICO PINFILDI: UN PERCORSO TRA FEDE E CULTURA DEL ’700

Existe um só lugar no mundo em que, se tivermos a capacidade de observar e uma certa sensibilidade, conseguiremos rever os Natais antigos, os Natais vividos pelos avós dos nossos avós, os Natais ambientados, respirados, desfrutados, glorificados pelas gerações passadas, que oferecem cenários do que foi e que nunca mais será igual. É suficiente estar em Nápoles, no centro histórico, no dia 25 de dezembro. Um centro histórico que tem as suas origens no século VIII a.C., e que foi se transformando no decorrer do tempo até os dias de hoje. Na metade do século XVIII aconteceu o que nunca havia acontecido em nenhum lugar do mundo: a história do nascimento de Cristo muda de cenário; do clássico Oriente Médio, onde historicamente está situada, transfere-se, junto com os santos e os Reis Magos, para o Mediterrâneo e exatamente em Nápoles.

C’è un solo posto al mondo nel quale, se si ha la capacità di osservare e si possiede una certa sensibilità, si riescono a vedere i Natali antichi, i Natali vissuti dagli avi dei nostri avi, i Natali ambientati, respirati, goduti, esaltati da generazioni passate, che offrono squarci di quello che è stato e che mai più sarà. Basta trovarsi a Napoli in pieno centro storico, il 25 dicembre. Un centro storico che ha le sue origini nell’VIII sec. a.C., e che si è solo trasformato nel tempo arrivando fino ad oggi. In questo centro del ‘700 accadde quello che mai era ed è successo in nessun posto del mondo: la storia della nascita di Cristo cambia scena, dal classico Medioriente, dove storicamente è accertata, si sposta, Santi e Magi compresi, sul Mediterraneo e precisamente a Napoli.

Pode parecer uma blasfêmia, mas é assim. O clássico presépio napolitano (aquele do século XVIII) nada mais faz do que ambientar o nascimento de Cristo no centro de Nápoles, nas suas vielas entre os muros da cidade bourbônica, com os mesmos personagens que passavam por aquelas estradas: nobres, pedintes, camponeses vestidos com roupa de festa, mouros e personagens do mundo conhecido na época. Nápoles era um próspero porto em todo aquele fascinante

Sembra blasfemo, ma è così; il classico presepe napoletano (quello del ‘700) non fa altro che ambientare la nascita di Cristo nel centro di Napoli, nei suoi vicoli tra le mura della città Borbonica, con gli stessi personaggi che calpestavano quelle vie: nobili, pezzenti, contadini vestiti a festa, mori e personaggi di tutto il mondo conosciuto allora. Napoli era un fiorente porto ed in tutto questo affascinante caos la Sacra Famiglia, i Magi, il bue e l’asinello venivano omaggiati dalla gente della città

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caos; a Sagrada Família e os Magos, o boi e o burrinho eram honrados pelo povo da cidade que celebrava o sagrado evento. O presépio napolitano pode ser considerado uma das grandes criações artísticas europeias, entre o barroco e o rococó: o retrato de uma cidade vibrante onde a multidão se transforma em paisagem. O seu encanto está naquela porção de fábula e de realidade que tão bem se misturam à sombra do Vesúvio. Em um fundo feito de colinas almiscaradas de verde, de pedreiras de tufo, de pérgulas de uva, se veem personagens místicos, homens alegres usando tricórnio e casaco, camponeses e arrojados bailarinos de tarantela. O presépio se transforma então em teatro, onde os atores – os pastores – recitam aquela comédia cujas origens se perdem na noite dos tempos, que se renova todos os anos. Ulderico Pinfildi ainda hoje honra esse ritual sagrado e nas suas obras faz uma reconstrução fotográfica em 3D de uma cidade em festa. Uma cidade e pessoas que podem ser encontradas somente em quadros antigos ou em descrições acuradas nos livros que descrevem o nosso passado. Uma cidade que revive nos seus personagens já esquecidos, mas que existiram e fazem parte da história. Hoje como então, no laboratório de Ulderico Pinfildi são realizadas cenas e figuras de presépio respeitando as regras do século XVIII. Atrás disso existe seguramente um acurado estudo, particularmente cuidadoso ao permanecer fiel às esculturas do presépio do século XVIII, tanto nas formas físicas quanto nos trajes. Os detalhes, de fato, são aqueles que tornam a cena viva: os acabamentos do rosto, cabecinhas moldadas em

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che festeggiava il sacro evento. Il presepe napoletano può essere annoverato tra le grandi creazioni artistiche europee, tra Barocco e Rococò: il ritratto di una città solare dove la folla diventa paesaggio. Il suo fascino risiede in quel tanto di favola e di realtà che così bene si fondono all’ombra del Vesuvio. Su uno sfondo fatto di colline muschiate di verde, di cave di tufo, di pergolati di uva, sostano personaggi mistici, buontemponi in tricorno e zimarra, contadini ed audaci ballerini di tarantella. Il presepe diventa, allora, teatro dove gli attori – i pastori – recitano quella commedia le cui origini si perdono nella notte dei tempi che di anno in anno si rinnova. Ulderico Pinfildi ancora oggi onora questo sacro rito e nelle sue opere fa una ricostruzione fotografica in 3D di una città in festa. Una città e delle persone che si possono ritrovare solo in quadri antichi o in descrizioni accurate nei libri che raccontano del nostro passato. Una città che rivive nei suoi personaggi ormai dimenticati, ma che sono esistiti e fanno parte della storia. Oggi come allora nel laboratorio di Ulderico Pinfildi si realizzano scenografie e figure presepiali rispettando i canoni del ‘700. Dietro c’è sicuramente un accurato studio particolarmente attento nel rimanere fedele alle sculture presepiali del ‘700, sia nelle forme fisiche che negli abiti. I particolari, infatti, sono quelli che rendono viva la scena: le rifiniture del viso, testine modellate in terracotta con occhi in vetro soffiato e dipinto, arti in legno policromo, le mani, i corpi, i piedi, gli abiti abilmente ricamati, ma soprattutto fedeli all’epoca, a partire dalle stoffe, come seta ricamata per

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terracota com olhos de vidro soprado e pintado, membros em madeira policromada, as mãos, o corpo, os pés; os trajes habilmente bordados, mas principalmente fiéis à época, a começar dos tecidos, como a seda bordada para os nobres, algodão e linho com acabamentos à mão para os personagens menos ricos; a produção de animais, assim como os acessórios de madeira ou de metais, cestas de frutas e verduras, vários utensílios que, juntos em um único cenário, criam uma atmosfera de festa de sabor antigo. Para obter tudo isso, faz-se uma pesquisa ininterrupta, realizada com paixão, que visa à reconstrução de um mundo frequentemente esquecido, mas que, no final das contas, é o mundo do qual viemos.

i nobili, cotone e lino rifiniti a mano per i personaggi meno eccellenti, la produzione animalistica, così come gli accessori in legno o in metallo, cestini di frutta e verdura, utensili vari che, uniti in un’unica scena, creano un’atmosfera di festa dal sapore antico. Per ottenere tutto ciò c’è una ricerca incessante, condotta con passione, che mira alla ricostruzione di un mondo spesso dimenticato, ma che poi è il mondo da cui proveniamo.

Uma massa de argila, uma mesinha, um luminoso e muito, muito frio. As mãos, as ferramentas extraordinárias dos artesãos, congelavam. Panos aquecidos, usados para moldar a argila. O maravilhoso presépio napolitano é assim: uma obra de transformação.

Sono cresciuto alimentato di creta e passione. Era naturale che appena bambino lavorassi con papà in bottega casa di tutta la famiglia. Ho visto i miei fratelli, le sorelle e mamma lavorare alle terraglie cotte e dipinte. Non so che significhi non modellare, non dipingere, non fare pastori poiché la mia storia, la mia vita, è stato un preordinamento genetico. Una prosecuzione di sangue.

Cresci alimentado de argila e paixão. Era natural que desde criança eu trabalhasse com meu pai no laboratório da família. Eu vi os meus irmãos, as minhas irmãs e a minha mãe trabalharem com as cerâmicas cozidas e pintadas. Não sei o que significa não moldar, não pintar, não fazer pastores, pois a minha história, a minha vida foi uma pré-ordenação genética. Uma continuação de sangue. Muitas pessoas chegam ao trabalho que desenvolvem quando adultos pelas escolhas que fizeram. Eu simplesmente segui a onda do rio que me gerou e me

Un panetto di creta, un tavolino, un neon e tanto, tanto freddo. Le mani, gli straordinari unici attrezzi degli artigiani, gelavano. Dei panni riscaldati, servivano a renderle mobili per modellare la creta. Il meraviglioso presepe napoletano è così: un’opera di trasformazione.

Molti arrivano al lavoro che fanno da adulti, per scelte poi fatte. Io ho seguito semplicemente l’onda del fiume che mi ha generato e mi ha fatto uomo consapevole di ciò che faccio. La mia gioia massima è dare il senso profondo delle mie opere a chi le commissiona, le acquista e le porta nel suo mondo. E poi mi richiama perche è felicemente entrato dentro fino al collo, con tutta l’anima. E il danaro pagato sminuisce

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transformou no homem consciente do que faço. A minha máxima felicidade é dar o sentido profundo das minhas obras a quem as encomenda, as adquire e as leva em seu mundo. E depois me procura novamente porque entrou alegremente nesse mundo até o pescoço, com toda a alma. E o dinheiro pago minimiza o seu valor. Transforma-se em muito pouca coisa, como uma pequena e diminuta escada que permitiu subir a um nível mais alto. Muitas pessoas, demais, estão ligadas ao miserável custo daquela ridícula escada e acabam perdendo mundos, experiências, a ampliação da própria experiência e da dos que as rodeiam. A ignorância é um poço negro onde não se afunda sozinho. Meu nome é Ulderico Pinfildi. Quem escreve sobre mim diz que sou um artista. As pessoas que escrevem sobre mim devem dizer quem sou. Somente nos outros podemos ser algo. Os grandes filósofos e apoiadores da alteridade têm razão. Eu me considero um trabalhador e sempre trabalhei. O meu laboratório em Nápoles continua a história. Meus irmãos estão comigo. As minhas obras, os meus pastores, cada uma das minhas esculturas, grandes ou pequenas, são meus filhos e levam gravado o sinal da primogenitura. Toda a história, toda a paixão e o amor que possuo, está na obra que as pessoas levam para casa. Aquela minha casa laboratório.

il suo valore. Diventa pochissima cosa come una piccola minuta scala che ti ha concesso di salire ad un piano più alto. Molti, troppi, sono legati al miserabile costo di quella ridicola scala perdendosi mondi, esperienze, l’ampliamento della propria esistenza e di chi li circonda. L’ignoranza è un pozzo nero dove non si spronfonda da soli. Il mio nome è Ulderico Pinfildi. Chi scrive di me dice che sono un artista. Gli altri devono dire chi sono. Solo negli altri possiamo essere qualcosa. I grandi filosofi e sostenitori dell’alterità hanno più che ragione. Io penso di essere un lavoratore e di aver sempre lavorato. La mia bottega a Napoli continua la storia. I miei fratelli sono con me. Le mie opere, i miei pastori, ogni mia piccola o grande scultura, è figlio mio e porta inciso il segno della primogenitura. Tutta la storia, tutta la passione e l’amore che posso, è nell’opera che chiunque porta a casa. Quella mia casa bottega. Chi compra entra nel fiume che mi ha generato e ci conduce con sè.

Quem adquire a minha obra entra no rio que me gerou e nos leva consigo.

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A T E L NAPO AS REPRESENTAÇOES DO PRESÉPIO NAPOLITANO

LE RAPRESENTAZIONI DEL PRESEPE NAPOLETANO

Quando me pedem para falar sobre o presépio napolitano, é sempre muito complicado começar.

Quando mi si chiede di parlare del presepe Napoletano, mi risulta sempre complicato cominciare.

A melhor coisa é talvez partir das origens. Diz-se que as primeiras representações do nascimento de Jesus foram realizadas por São Francisco de Assis, que envolvia pessoas humildes do lugar em um tipo de representação, durante a qual o evento era revivido em alma e corpo.

La cosa migliore è forse partire dalle origini. Si dice che le prime rappresentazioni della nascita di Gesù siano da ricondurre a San Francesco d’Assisi, che coinvolgeva persone umili del luogo in una sorta di rappresentazione, durante la quale l’avvento veniva rivissuto in anima e corpo.

Depois, as representações do presépio com estátuas de madeira começaram a ser colocadas nas igrejas para os fiéis. Somente mais tarde, no início do século XVIII, os “pastores” objeto de culto passaram a fazer parte das casas dos fiéis que, quase enfeitiçados por esse mundo mágico, competiam para possuir as estatuetas mais bonitas, feitas na maioria das vezes por grandes artistas que viviam no Reino das Duas Sicílias. Estamos falando do Reino dos Bourbons, que deram força vital a essa forma de arte. As dimensões das estatuetas se reduziram, as cabeças são modeladas em terracota com os olhos de vidro, em prol de um mais intenso realismo nas expressões e nos personagens. Além disso, a estatueta de fio de ferro e estopa toma o lugar da estatueta do século XVII feita de madeira e com articulações, uma mudança tão importante e decisiva que ainda hoje nós, escultores, preferimos fazer os personagens do presépio com estatuetas de fio e estopa.

In seguito, rappresentazioni presepiali con figure lignee cominciarono ad essere installate nelle chiese tra i fedeli. Solo successivamente, agli inizi del ‘700, i “pastori” oggetto di culto entrarono a far parte delle case di committenti che, quasi stregati da questo mondo magico, facevano a gara per possedere le statuine più belle, realizzate il più delle volte da grandi artisti che vivevano nel Regno delle due Sicilie. Stiamo parlando del regno dei Borbone, che diedero linfa vitale a questa forma d’arte. Il presepe nel mondo è realizzato in tante forme espressive ma, a mio parere, ha raggiunto il massimo livello di espressività proprio a Napoli nel diciottesimo secolo, diventando un manufatto unico nel suo genere. Le dimensioni delle statuine si riducono, le testine vengono modellate in terracotta con gli occhi in vetro, a vantaggio di un più intenso realismo nelle espressioni e nei caratteri. Inoltre, il manichino di filo di ferro e stoppa, prende il posto del manichino

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Mas o que fará com que o presépio napolitano seja único é o que eu chamo “a sadia presunção partenopeia (napolitana)”. De fato, Jesus nasce em Nápoles, em terras da Campânia, entre as pessoas que viviam no reino. Nasce nas estradas de Nápoles, que de repente se torna o grande cenário do evento. E então o presépio se transforma em algo mais. De objeto de culto, torna-se moda entre os nobres e paixão para os colecionadores de pequenas obras de arte e representações teatrais. Mesmo no século XX, o grande Eduardo De Filippo o transforma em ponto de apoio de uma de suas obras mais conhecidas. É exatamente esse aspecto que mais fascina, considerar os personagens do presépio atores que, em um grande palco, recitam, cada um, o próprio papel, como em uma verdadeira e própria obra de teatro. Atores sem palavra, que, como em um filme mudo, se expressam com o corpo e falam através de posições plásticas na sua elegância escultural, nunca caindo no grotesco. Tudo isso em uma cenografia que representa a vida do interior da Campânia e de uma Nápoles imersa na natureza. Uma atmosfera que nos faz quase sentir aquele clima ameno e doce que a caracteriza, entre ruínas da época romana que o mundo inteiro admira tanto. “O presépio napolitano”, portanto, claramente abrange cultura e tradição. É rico de referências às sagradas escrituras, mas ao mesmo tempo coloca em cena o sagrado e o profano por meio da sua representação cenográfica.

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seicentesco in legno con gli snodi; un cambiamento talmente importante e decisivo, che ancora oggi noi scultori preferiamo realizzare i personaggi del presepe con manichini di filo e stoppa. Ma la cosa che renderà unico il presepe napoletano è quella che io chiamo “ La sana presunzione Partenopea”. Infatti Gesù nasce a Napoli in terra Campana, tra la gente che popolava il regno. Nasce fra le strade di Napoli, che all’improvviso diventa il grande scenario dell’evento. Ed allora il presepe diventa un’altra cosa. Da oggetto di culto diventa moda fra i nobili, diventa passione per il collezionismo di piccole opere d’arte e diventa rappresentazione teatrale. Anche nel ‘900 il grande Eduardo De Filippo ne fa il fulcro di una delle sue opere più conosciute. È proprio questo l’ aspetto che più mi affascina, considerare i personaggi del presepe come attori che, su di un grande palcoscenico, recitano ognuno il proprio ruolo, come in una vera e propria opera teatrale. Attori senza parola, che, come in un film muto, si esprimono con il corpo e parlano attraverso pose plastiche nella loro eleganza scultorea, senza mai cadere nel grottesco. Il tutto in una scenografia che è quella delle vedute dell’ entro terra campano, e di una Napoli immersa nella natura. Un’atmosfera che ci fa quasi percepire quel clima mite e dolce che la caratterizza, tra rovine di epoca romana che tutto il mondo ammira. “Il presepe napoletano”, quindi, chiaramente racchiude cultura e tradizione.

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O templo com o seu duplo significado: de um lado, simples costume dos fiéis que, fascinados pela descoberta das ruínas romanas na cidade de Herculano, pedem para fazer uma representação como se fosse o presépio. Por outro lado, um local “poético”, onde a cristandade nasce sobre as ruínas de um templo pagão. O anúncio aos pastores: cena rica de personagens rústicos e de animais (ovelhas, cabras, cães) onde encontra lugar Benino, o pastorzinho adormecido, que na obra teatral “O canto dos pastores” é aquele que vai sonhar com o presépio e tudo o que vai acontecer. Os pastores, como em uma imagem estática, são pegos no momento em que um rumor lhes chama a atenção, representados em sua expressão de maravilha ao ver o anjo indicando o caminho em direção ao “Salvador”.

Contudo, ao “bem” representado até aqui contrapõe-se o “mal” que serpenteia na cena da cantina. Talvez a cena mais colorida e festiva. O anfitrião “demônio” é o proprietário de um local onde se materializam todos os pecados do homem. Há ali todas as coisas boas: carne de açougue, carne de caça, a mesa posta, clientes lascivos, músicos e bailarinos, jogadores, bandidos e meretrizes. Diante de um presépio napolitano, não podemos deixar de ficar fascinados

E’ ricco di rimandi alle sacre scritture, ma al tempo stesso mette in scena il sacro ed il profano attraverso la sua rappresentazione scenografica. •

Il tempio con il suo doppio significato: da una parte, semplice vezzo dei committenti che, affascinati dai ritrovamenti delle rovine romane ad Ercolano, ne chiedono una raffigurazione commissionando il presepe. Dall’altra un luogo “poetico”, dove la cristianita’ nasce sulle rovine di un tempio pagano.

L’annunzio ai pastori: scena ricca di personaggi rustici e di animali (pecore, capre, cani) dove trova posto Benino, il pastorello dormiente, che nell’opera teatrale “ La cantata dei pastori” è colui che sognerà il presepe e tutto ciò che vi accadrà. I pastori, come in un fermo immagine, sono colti nell’ attimo in cui un fruscio attira la loro attenzione, raffigurati nelle loro espressioni di meraviglia nel vedere l’angelo che indica la strada verso “Il Salvatore”.

Tuttavia al “bene”, fin qui rappresentato, si contrappone il “male” che serpeggia nella scena dell’ osteria. Forse la scena più variopinta e festosa. L’ oste “demonio” è il padrone di un luogo dove si materializzano tutti i peccati dell’ uomo. Alle pareti c’è ogni ben di Dio: carne macellata, cacciagione, la tavola imbandita a festa, avventori lascivi, suonatori e ballerini, giocatori d’ azzardo, brutti ceffi, e donne di malaffare.

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pela representação daquela que é a realidade. O bem e o mal contrapostos em um só cenário, assim como acontece na vida real de todos os dias. Todos nós, observadores, somos postos diante de uma escolha: onde decidimos nos colocar? No meio dos clientes de uma taberna ou no meio das estátuas em adoração diante do menino Jesus? A representação da procissão dos Reis Magos é, a meu ver, a mais preciosa de toda a obra. Personagens cheios de mistério, seguidos por músicos, carregadores de baús repletos de mercadorias e objetos preciosos. Os Reis Magos levam de presente ao menino ouro, incenso e mirra, três elementos utilizados também nos rituais pagãos, símbolos de realeza e instrumentos de manifestações divinas. Este é o fascínio do “presépio napolitano”: um grande entretenimento, mas também um momento de reflexão. Todavia, o presépio é também, e principalmente, a representação de uma Nápoles cosmopolita, ao mesmo tempo capital de um reino e porto dos mais importantes do Mediterrâneo; uma mistura de raças, personagens de todas as cores e classes sociais vindos de todas as partes da “bacia mediterrânea”. Gosto de pensar em uma Nápoles aberta para acolher todas as raças, uma Nápoles que via na diversidade uma preciosa fonte de riqueza. Gostaria de encerrar com a lembrança, talvez a mais intensa, do momento que marcou o meu “encontro” com o Presépio Cuciniello e com a coleção de presépios do Museu de San Martino, obras que exerceram sobre mim uma impressão

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Di fronte ad un presepe napoletano, non possiamo non rimanere affascinati dalla raffigurazione di quella che è la realtà. Il bene ed il male contrapposti su di un solo palcoscenico, proprio come nella vita di tutti i giorni. Tutti noi osservatori siamo posti davanti ad una scelta: dove decidiamo di collocarci? Tra gli avventori di una taverna o tra le figure in adorazione dinanzi al bambino Gesù? La messa in scena del corteo dei Re Magi è, a mio parere, la raffigurazione più preziosa di tutta l’ opera. Personaggi carichi di mistero, che hanno al seguito suonatori, portatori di scrigni ricolmi di ogni mercanzia ed oggetti preziosi, i Re Magi recano in dono al bambino l’oro, l’incenso e la mirra, tre elementi utilizzati anche nei riti pagani, simboli di regalità e strumenti di divinazione. Questo è il fascino del “presepe napoletano” un grande gioco ma anche un momento di riflessione. Tuttavia il presepe è anche e soprattutto rappresentazione di una Napoli cosmopolita, nel contempo capitale di un regno e porto tra i più importanti del Mediterraneo, un insieme di razze, personaggi di ogni colore e ceto sociale provenienti da tutto il “bacino”. Mi piace pensare ad una Napoli aperta ad accogliere ogni razza, una Napoli che vedeva nella diversità una preziosa fonte di ricchezza. Voglio chiudere con il ricordo, forse il più intenso, del momento che ha segnato il mio “incontro” con il Presepe Cuciniello e con la collezione presepiale del Museo di San Martino, opere che hanno esercitato

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tão profunda que me levaram a me apaixonar pela arte dos presépios, que se tornou hoje a minha razão de viver. As minhas lembranças se tornam ainda mais tenras se penso no meu pai, que me acompanhava para ver o presépio em San Martino, e essas lembranças ganham vida toda vez que plasmo e modelo a argila com as minhas mãos. Hoje posso dizer que tive sorte em poder admirar essas esculturas, que se tornaram desde cedo objeto dos meus estudos – como o escritor que vê nos clássicos da literatura o principal instrumento para a sua formação. Foi uma passagem obrigatória, porque me permitiu conhecer os artistas do passado que deram vida a essas “pequenas” obras-primas. Para mim, é motivo de grande orgulho poder compartilhar essa emoção com o Museu de Arte Sacra de São Paulo, por meio de uma exposição que permitirá a todos nós admirar o Presépio Cuciniello, uma obra de arte que deve ser contemplada da qual se pode quase sentir-se parte. Talvez seja justamente esse o objetivo de uma exposição em um museu. Enquanto o observador contempla a obra, no seu coração se acende uma centelha que lentamente se transforma em uma chama (labareda), em uma luz que lhe indica o caminho. Não sei se será assim para todos, mas certamente foi isso o que aconteceu comigo.

su di me una suggestione così profonda da spingermi ad appassionarmi all’arte presepiale, divenuta oggi mia ragione di vita. I miei ricordi si fanno ancora più teneri, se penso a mio padre che mi accompagnava a visitare il Presepe a San Martino, e questi ricordi si ravvivano ogni volta che plasmo e modello l’argilla con le mie mani. Oggi posso dire di essere stato fortunato ad aver potuto ammirare queste sculture, diventate ben presto oggetto dei miei studi, al pari dello scrittore che vede nei classici della letteratura il principale strumento per la sua formazione. E’ stato un passaggio obbligato, perché mi ha permesso di conoscere gli artisti del passato che hanno dato vita a questi “piccoli” capolavori. Per me è motivo di grande orgoglio poter condividere questa emozione con il Museo di Arte Sacra di San Paolo, attraverso un’esposizione che consentirà a tutti noi di ammirare il Presepe Cuciniello, un’opera d’arte da contemplare e di cui potersi quasi sentir parte. Forse è proprio questo lo scopo di un’esposizione museale. Mentre l’osservatore contempla l’opera, nel suo cuore si accende una scintilla, che lentamente avvampa in una fiamma, in una luce che gli indica la strada. Io non so se sarà così per tutti, ma di sicuro è quanto è successo a me. Ulderico Pinfildi Scultore e artista presepiale

Ulderico Pinfildi Escultor e artista presepial

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ANÚNCIO À NOSSA SENHORA “Eu te saúdo, ó cheia de graça, o Senhor é contigo”. A cena representa o momento em que o anjo aparece em sonho a Maria, anunciando com palavras e música a concepção de Jesus, o Salvador. Dessa cena, origina-se toda a história que é celebrada no presépio.

ANNUNCIO ALLA MADONNA “Ti saluto, o piena di grazia, il Signore è con te”. La scena raffigura il momento in cui l’angelo appare in sogno a Maria, annunciandole con parole e musica il concepimento di Gesù il Salvatore. Da questa scena trae origine tutta la storia che viene rievocata nel presepe.

CARACTERÍSTICAS Artista: Ulderico Pinfildi Materiais: Argila, seda, prata, madeira, fio de ferro, vidro e estopa. Origem: Nápoles, Itália. Dimensões: entre 20 e 40 cm.

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ANÚNCIO AOS PASTORES Um anjo anuncia a um grupo de pastores, pobres e humildes, o nascimento de Jesus, indicando-lhes o caminho que os levará ao local da natividade. Personagens emblemáticos do presépio napolitano, os pastores são representados em um estado de maravilha (admiração) e profunda agitação ao ouvir essa notícia. Dois deles estão adormecidos: altamente simbólico é o sono de Benino, que, segundo a interpretação, é a metáfora da indiferença do homem; segundo uma outra interpretação, o pastorzinho adormecido sonha com o presépio que está prestes a tomar forma.

ANNUNCIO AI PASTORI Un angelo annuncia ad un gruppo di pastori, poveri e umili, la nascita di Gesù, indicando loro la strada che li condurrà al luogo della natività. Figure emblematiche del presepe napoletano, i pastori vengono rappresentati nel loro stato di meraviglia e turbamento all’ascolto della notizia. Due di essi sono addormentati: altamente simbolico è il sonno di Benino che, secondo un’interpretazione, è la metafora dell’indifferenza dell’uomo; secondo un’altra interpretazione il pastorello dormiente sogna il presepe che sta per prendere forma. CARACTERÍSTICAS Artista: Ulderico Pinfildi Materiais: Argila, seda, prata, madeira, fio de ferro, vidro e estopa. Origem: Nápoles, Itália. Dimensões: entre 20 e 40 cm.

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PASTORES A CAMINHO A cena destaca a prerrogativa do presépio napolitano de representar um conjunto de tradições e costumes do século XVIII, atribuindo aos personagens individuais uma conotação geográfica e social. Notam-se, em especial, dois casais de ricos camponeses vindos do interior do Reino das Duas Sicílias e que têm uma pele escura, o que revela a baixa classe social; eles estão vestidos, todavia, com o traje típico de festa, de seda e galões.

PASTORI IN CAMMINO La scena mette in luce la prerogativa del presepe napoletano di rappresentare uno spaccato di tradizioni e costumi del ‘700, attraverso l’attribuzione ai singoli personaggi di una connotazione geografica e sociale. Si notano in particolare due coppie di ricchi contadini, provenienti dall’entroterra del Regno delle Due Sicilie e dalla pelle color bruno, che ne tradisce il basso ceto sociale, vestiti, tuttavia, con il costume tipico della festa in seta e galloni.

CARACTERÍSTICAS Artista: Ulderico Pinfildi Materiais: Argila, seda, prata, madeira, fio de ferro, vidro e estopa. Origem: Nápoles, Itália. Dimensões: entre 20 e 40 cm.

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GRUPO DAS PESSOAS VINDAS DA ILHA DE PRÓCIDA Protagonista da cena é um traje feminino entre os mais bonitos e suntuosos do Reino. De origens gregas, o traje dá às estátuas que o vestem uma elegância única e preciosa, sendo enfeitado com galões dourados e um capuz que esconde quase completamente os cabelos.

GRUPPO DELLE PROCIDANE Protagonista della scena è un abito femminile tra i più belli e sontuosi del Regno. Di origini greche, l’abito conferisce alle figure che lo indossano un’eleganza unica e preziosa, essendo ornato di galloni dorati e di un copricapo che cela quasi completamente i capelli.

CARACTERÍSTICAS Artista: Ulderico Pinfildi Materiais: Argila, seda, prata, madeira, fio de ferro, vidro e estopa. Origem: Nápoles, Itália. Dimensões: entre 20 e 40 cm.

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GRUPO DAS CALABRESAS A constante inter-relação entre o presépio e as tradições do Reino é novamente demonstrada por essas estátuas que vestem um traje tipicamente calabrês, caracterizado por um capuz de tecido e enfeites de laços e bordados, expressão de luxo e riqueza, em suas formas coloridas e ao mesmo tempo “severas”, como exigiam os costumes da época.

GRUPPO DELLE CALABRESI La costante interrelazione tra il presepe e le tradizioni del Regno è testimoniata ancora una volta da queste figure che indossano un costume tipico calabrese, caratterizzato da un copricapo in stoffa e da decori in nastri e ricami, espressione di lusso e ricchezza, nelle sue fogge variopinte ma nel contempo “severe”, come imponevano le usanze del periodo.

CARACTERÍSTICAS Artista: Ulderico Pinfildi Materiais: Argila, seda, prata, madeira, fio de ferro, vidro e estopa. Origem: Nápoles, Itália. Dimensões: entre 20 e 40 cm.

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GRUPO DE FAMÍLIA COM JUMENTA Nas obras de presépios estão frequentemente presentes grupos que representam jovens camponesas com cestas de fruta ou crianças sobre jumentas, animais mansos e pequenos para transporte que, na cultura do século XVIII, assinalavam a melhoria das condições sociais de quem os possuía. A jumenta, muitas vezes, era representada com ornamentos peculiares, entre os quais laços vermelhos que, nos costumes supersticiosos da época, serviam para manter afastada a negatividade.

GRUPPO DI FAMIGLIA CON GIUMENTA Nelle opere presepiali sono spesso presenti gruppi che raffigurano giovani contadine con ceste di frutta o bambini, a cavallo di giumente, animali da trasporto mansueti e di piccola taglia che, assieme ad altri animali rappresentavano, nella cultura del XVIII secolo, il segno del miglioramento delle condizioni sociali di chi li possedeva. La giumenta, il più delle volte, era raffigurata con alcuni singolari ornamenti, tra cui svariati fiocchetti rossi che, nelle usanze scaramantiche dell’epoca, servivano a tenere lontano la negatività.

CARACTERÍSTICAS Artista: Ulderico Pinfildi Materiais: Argila, seda, prata, madeira, fio de ferro, vidro e estopa. Origem: Nápoles, Itália. Dimensões: entre 20 e 40 cm.

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PASTORES COM PRESENTES E OFÍCIOS Os caminhos do presépio são ricos de personagens ocupados em algum ofício. Na cena notam-se uma vendedora de castanhas com o fogo aceso, um amolador ocupado em afiar as facas na sua mesa, um comerciante de vinhos que transporta os seus barris e um dono de cantina, personagem esse de primordial importância na representação do presépio.

PASTORI CON DONI E MESTIERI Le strade del presepe sono ricche di personaggi intenti a svolgere un mestiere. Nella scena si notano una venditrice di castagne con il suo focone, un arrotino impegnato ad affilare i coltelli sul suo banco, un vinaio che trasporta i suoi barili e un oste, figura quest’ultima di primaria importanza nella rappresentazione presepiale.

CARACTERÍSTICAS Artista: Ulderico Pinfildi Materiais: Argila, seda, prata, madeira, fio de ferro, vidro e estopa. Origem: Nápoles, Itália. Dimensões: entre 20 e 40 cm.

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TARANTELA A música tem um papel de grande destaque no presépio. Está presente não somente no momento do Anúncio do Anjo para Nossa Senhora, mas também no grupo dos gaitistas. Um tocador de “bandolim” acompanha a “tarantela”, dança típica da tradição folclórica napolitana, e três dançarinos tocam outros instrumentos típicos.

TARANTELLA La musica riveste un ruolo di grande rilievo nel presepe. E’ presente non solo nel momento dell’Annuncio dell’Angelo alla Madonna, ma anche nel gruppo degli zampognari. Un suonatore di “mandolone” accompagna nella “tarantella”, il ballo tipico della tradizione folcloristica napoletana, tre ballerini intenti a suonare altri strumenti tipici.

CARACTERÍSTICAS Artista: Ulderico Pinfildi Materiais: Argila, seda, prata, madeira, fio de ferro, vidro e estopa. Origem: Nápoles, Itália. Dimensões: entre 20 e 40 cm.

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MOURAS NOBRES O presépio é também a representação do caráter multiétnico do Reino das Duas Sicílias, povoado de pessoas pertencentes a muitas raças vindas do Mediterrâneo. Inteiras cortes e ricos desfiles seguindo rainhas e princesas, como aquelas visíveis nessa cena, haviam atingido a imaginação do povo, a ponto de conquistar uma parte importante dentro do presépio.

MORE NOBILI Il presepe è anche rappresentazione del carattere multietnico del Regno delle due Sicilie, popolato da persone appartenenti a tante razze provenienti dal bacino del Mediterraneo. Intere corti e ricchi cortei al seguito di regine e principesse, come quella visibile in questa scena, avevano colpito l’immaginario del popolo al punto da conquistare una parte rilevante all’interno del presepe.

CARACTERÍSTICAS Artista: Ulderico Pinfildi Materiais: Argila, seda, prata, madeira, fio de ferro, vidro e estopa. Origem: Nápoles, Itália. Dimensões: entre 20 e 40 cm.

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MÚSICOS ORIENTAIS Na pintura do presépio, os músicos turcos vindos da Anatólia davam um verdadeiro toque de cor e de luz. Retratados com os seus exóticos instrumentos musicais seguindo os reis, eram a representação de uma das primeiras bandas militares formadas na época.

SUONATORI ORIENTALI Nel dipinto presepiale, i suonatori Turchi provenienti dall’Anatolia erano un vero e proprio colpo di colore e di luce. Raffigurati con i loro esotici strumenti musicali al seguito dei re, essi erano la rappresentazione di una delle prime bande militari formatesi all’epoca.

CARACTERÍSTICAS Artista: Ulderico Pinfildi Materiais: Argila, seda, prata, madeira, fio de ferro, vidro e estopa. Origem: Nápoles, Itália. Dimensões: entre 20 e 40 cm.

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OS REIS MAGOS A CAVALO Figuras lendárias e misteriosas, na visão “napolitana” do presépio os Reis Magos eram frequentemente representados montados em seus cavalos em deslumbrante demonstração de riqueza, evidente não somente nos trajes suntuosos, mas também nos arreios dos cavalos, nos acabamentos de prata em suas espadas, nas coroas e nos presentes.

RE MAGI A CAVALLO Figure leggendarie e misteriose, nella visione “napoletana” del presepe i Re Magi venivano raffigurati spesso a cavallo dei loro destrieri in un abbagliante sfoggio di ricchezza, evidente non soltanto nei costumi sfarzosi ma anche nelle bardature dei cavalli, nei finimenti d’argento come le loro spade, nelle corone e nei doni.

CARACTERÍSTICAS Artista: Ulderico Pinfildi Materiais: Argila, seda, prata, madeira, fio de ferro, vidro e estopa. Origem: Nápoles, Itália. Dimensões: entre 20 e 40 cm.

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ANJOS Como objeto de arte, o presépio lembra imagens típicas das pinturas dos séculos XVII e XVIII. Entre essas, é dado particular destaque à representação dos anjos na glória, que dá à cena um efeito mais monumental quanto mais rica ela for de figuras angelicais. As silhuetas dos anjos sobem progressivamente em tamanho cada vez menor, resultando em uma amplificação em altura de efeito de perspectiva, que parece situar a cena em um espaço sem fronteiras.

ANGELI In quanto oggetto d’arte, il presepe rievoca immagini tipiche dei dipinti del ‘600 e del ‘700. Tra queste, particolare risalto viene dato alla raffigurazione degli angeli in gloria, che attribuisce alla scena un effetto tanto più monumentale, quanto più si presenta ricca di figure angeliche. Le sagome degli angeli svettano progressivamente verso l’alto in dimensioni sempre più ridotte, venendosi in tal modo a determinare un’amplificazione in altezza dell’effetto prospettico, che sembra porre la scenografia in uno spazio senza più confini.

CARACTERÍSTICAS Artista: Ulderico Pinfildi Materiais: Argila, seda, prata, madeira, fio de ferro, vidro e estopa. Origem: Nápoles, Itália. Dimensões: entre 20 e 40 cm.

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NATIVIDADE É a cena que motiva o presépio e que dá ao conjunto da obra aquela sacralidade, que representa o ponto de chegada de todo o caminho retratado nas outras cenas. Maria, José, o Menino Jesus, um sinal visual ao mesmo tempo poderoso e forte, terno e doce, que está ali para nos lembrar que o presépio napolitano é uma obra de arte, mas também um objeto de culto.

NATIVITÀ È la scena che motiva il presepe e che conferisce al complesso dell’opera quella sacralità, che rappresenta il punto di arrivo di tutto il percorso raffigurato nelle altre scene. Maria, Giuseppe, Gesù Bambino, un segno visivo nello stesso tempo potente e forte, tenero e dolce, che sta lì, a ricordarci che il Presepe Napoletano è opera d›arte ma anche oggetto di culto.

CARACTERÍSTICAS Artista: Ulderico Pinfildi Materiais: Argila, seda, prata, madeira, fio de ferro, vidro e estopa. Origem: Nápoles, Itália. Dimensões: entre 20 e 40 cm.

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MUSEU NACIONAL DE SAN MARTINO – NÁPOLES

“O.Museu.de.Arte.Sacra.de.São.Paulo.(MAS-SP).manifesta..a.sua.gratidão.à.Dra..Anna.Imponente,. Fernanda Capobianco e Rita Pastorelli, do Pólo Museal de Campania, pela possibilidade de exibir, em São.Paulo,.as.imagens.do.célebre.Presépio.de.Cucciniello.do.Museu.Nacional.de.San.Martino.” “Il Museo di Arte Sacra di San Paolo esprime la sua gratitudine alla Dott.ssa Anna Imponente, Fernanda Capobianco e Rita Pastorelli del POLO MUSEALE DELLA CAMPANIA per la possibilità di esporre a San Paolo le immagini del famoso Presepe di Cucciniello del Museo Nazionale di San Martino.” José Carlos Marçal de Barros

Diretor Executivo MAS-SP / Direttore Esecutivo MAS-SP

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O “PRESÉPIO CUCINIELLO” NO MUSEU NACIONAL DE SAN MARTINO EM NÁPOLES

IL “PRESEPE CUCINIELLO” NEL MUSEO NAZIONALE DI SAN MARTINO A NAPOLI

Em 1867, no esplêndido complexo monástico que domina do alto a cidade de Nápoles e que havia sido sede durante séculos da Certosa de San Martino, foi aberto ao público o Museu Nacional homônimo. Fundador do museu foi o ilustre arqueólogo e mais tarde senador Giuseppe Fiorelli, que depois da unificação política da Itália, em 1860, e do afastamento das ordens religiosas de suas sedes, teve a ideia genial de reunir em San Martino os testemunhos da história e da cultura do Reino de Nápoles, agora suplantado pelo recém-nascido Reino da Itália, antes que desaparecessem para sempre. Fiorelli achou absolutamente necessário documentar, entre outras coisas, aquela peculiar e complexa forma de expressão da arte napolitana que é o presépio, pensando em colocar um exemplar no Refeitório da Certosa.

Nel 1867, nello splendido complesso monastico che domina dall’alto la città di Napoli e che era stato sede per secoli della Certosa di San Martino, aprì al pubblico il Museo Nazionale omonimo. Fondatore del Museo fu l’illustre archeologo, e poi senatore, Giuseppe Fiorelli che, in seguito al raggiungimento dell’unità politica dell’Italia nel 1860 ed all’allontanamento degli Ordini religiosi dalle loro dimore, ebbe la geniale idea di raccogliere in San Martino le testimonianze della storia e della cultura del Regno di Napoli, ormai soppiantato dal neonato Regno d’Italia, prima che fossero disperse per sempre. Fiorelli pensò che fosse assolutamente necessario documentare, tra le altre, quella particolare e complessa forma di espressione dell’arte napoletana che è il presepe, ipotizzando di collocarne un esemplare nel Refettorio della Certosa.

Depois de contatar alguns colecionadores (entre os quais Perrone, cuja parte de sua extraordinária coleção chegaria ao museu por meio de herança testamentária um século depois, em 1972), Fiorelli pôde realizar o seu desejo em 1877, graças ao ato de doação da sua ampla coleção de estátuas, animais e acessórios para presépio (um total de aproximadamente 800 objetos) pelo comediógrafo, arquiteto e colecionador napolitano Michele Cuciniello. A abertura ao público do “Presépio Cuciniello” ocorreu em 1879, após dois anos de

Dopo aver preso contatti con alcuni collezionisti (tra cui i Perrone, parte della cui straordinaria collezione sarebbe poi giunta nel museo per lascito testamentario un secolo dopo, nel 1972) Fiorelli poté realizzare il suo desiderio nel 1877, grazie all’atto di donazione della sua ampia raccolta di figure, animali e accessori da presepe (per un totale di circa 800 oggetti) da parte del commediografo - architetto collezionista napoletano Michele Cuciniello. L’apertura al pubblico del “Presepe Cuciniello” avvenne nel 1879, dopo due anni di lavoro, ed ebbe un tale impatto sui

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trabalho, e teve um impacto tão grande nos visitantes que logo se tornou no “imaginário coletivo” quase o protótipo do presépio napolitano do século XVIII (influenciando ainda hoje quem decide montar o seu próprio presépio), provocando um salto de qualidade na consideração que os guias tinham do museu, especialmente os estrangeiros. Para permitir que a sua coleção fosse transferida ao museu, Michele Cuciniello havia vinculado a doação a cinco condições, três das quais eram particularmente significativas: 1. a coleção entraria no museu somente “quando a pedra estivesse pronta” (isto é, contanto que a “pedra” ou “rocha” – ou a estrutura básica feita de cortiça e madeira com as especificações ambientais e de construção civil – ficasse pronta com antecedência); 2. a realização da “pedra” deveria acontecer segundo as suas diretrizes e as estátua seriam colocadas por ele mesmo; 3. ao trabalho de realização deveria colaborar o seu amigo arquiteto Fausto Niccolini. O papel fundamental é, portanto, aquele do arquiteto: na verdade, nos deparamos com uma espécie de “encenação” teatral, como confirma a presença ao lado do doador e Niccolini pelo cenógrafo Luigi Masi (pela pintura da paisagem e do céu) e pelo presepista, autor da estrutura, Luigi Farina (que escreveu a lápis, na parte de trás de um arco entre a estrutura à esquerda, “este presépio foi feito por Luigi Farina

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visitatori da farlo divenire ben presto nell’ “immaginario collettivo” quasi il prototipo del presepe napoletano del Settecento (condizionando tuttora chiunque decida di allestire un suo presepe) e da provocare un salto di qualità nella considerazione che del museo avevano le guide, soprattutto quelle straniere. Per acconsentire a trasferire nel museo la sua raccolta, Michele Cuciniello aveva vincolato il dono a cinque condizioni, tre delle quali erano particolarmente significative: 1. la collezione sarebbe entrata nel Museo solo “a sasso pronto”(cioè a patto che il “sasso”o “scoglio” - ovvero la struttura di base in sughero e legno con le specifiche ambientali e edilizie - fosse stato approntato in precedenza); 2. la realizzazione del “sasso” sarebbe dovuta avvenire secondo le sue direttive e le figure sarebbero state collocate da lui stesso; 3. al lavoro di realizzazione avrebbe dovuto collaborare il suo amico architetto Fausto Niccolini. Ruolo fondamentale è, dunque, quello dell’’architetto: siamo di fronte, infatti, ad una sorta di “messa in scena” teatrale, come conferma la presenza accanto al donatore ed a Niccolini dello scenografo Luigi Masi (per la dipintura del paesaggio e del cielo) e del presepista, autore dello scoglio, Luigi Farina (che scrisse a matita, sul retro di un arco tra le rocce a sinistra, “questo presepe fu fatto da Luigi Farina nel 1879” e che si definì, in un suo modello, “costruttore del

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em 1879”, e que se definiu, em um sua maquete, como o “construtor do presépio de San Martino”). O próprio Farina viria a ser nos anos seguintes o responsável pela manutenção de toda a estrutura do grande presépio. O local escolhido para a ambientação foi aquele ocupado pelas antigas cozinhas da Certosa (que foram sacrificadas para a ocasião, deixando escombros que ainda podem ser vistos), e foi ideia de Niccolini realizar a instalação de um duplo recipiente ilusionístico: a falsa gruta em falsa pedra vulcânica (obtida de um conglomerado de cimento, sobre uma leve estrutura em relevo, realizada especialmente para a ocasião) que, explorando a presença de um pilar coberto por um falso opus latericium à romana, prepara o ingresso para um grandioso ambiente com 7,50 m de altura, 7,40 m de largura e 5,30 m de profundidade. Na realidade, a ideia não era nova, pois, são conhecidos alguns desenhos da cenografia dos presépios, datados dos séculos XVII e XVIII, que mostram o cenário do presépio em uma gruta cujo acesso era feito por meio de uma gruta mais ampla. A escolha, ainda de Niccolini, de utilizar como fonte de iluminação uma claraboia colocada no alto da cobertura (cúpula) da sala atendia a dois objetivos: antes de mais nada, aumentava o fascínio do efeito realista, com a variação contínua das condições climáticas e da luminosidade dependendo do horário, e assim resolvia os problemas específicos devidos à escassez de meios tecnológicos da época. Aliás, o uso das claraboias entrava em uma tipologia de exposição

presepe di San Martino”). Lo stesso Farina sarebbe stato negli anni a venire l’addetto alla manutenzione dell’intera struttura del grande presepe. Il luogo scelto per l’ambientazione fu quello occupato dalle antiche cucine della Certosa (che furono sacrificate per l’occasione, lasciandone i resti che ancora si possono vedere) e fu idea del Niccolini immaginarne l’impianto in un doppio contenitore illusionistico: la finta grotta in finta pietra vulcanica (ottenuta con un conglomerato cementizio, su una leggera struttura ad incannucciato, realizzato per l’occasione) che, sfruttando la presenza di un pilastro ricoperto in finto opus latericium alla romana, prepara l’ingresso sul grandioso invaso alto mt. 7,50, largo mt. 7,40 e profondo mt. 5,30. In realtà, l’idea non era nuova in quanto si conosce qualche disegno di scenografia presepiale, databile tra ‘600 e ‘700, che mostra l’ambientazione del presepe in una grotta a cui si accedeva da una grotta più ampia. La scelta, sempre del Niccolini, di utilizzare come fonte di illuminazione un lucernario posto in alto sulla copertura (calotta) della sala rispondeva a due scopi: innanzitutto, aumentava il fascino dell’effetto realistico, con il variare continuo delle condizioni climatiche e della luminosità a seconda delle ore, e poi risolveva i problemi specifici dovuti alla scarsità di mezzi tecnologici dell’epoca. Del resto, l’uso dei lucernari rientrava in una tipologia diffusa di allestimento museale che si è perpetuata nel tempo proprio per i benefici citati (ancora nel 1957 il Museo di Capodimonte avrebbe aperto

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divulgada nos museus que foi perpetuada ao longo do tempo justamente por causa dos benefícios mencionados (em 1957, o Museu de Capodimonte abriria ao público a lindíssima coleção de quadros do segundo andar iluminada por claraboias e, alguns anos antes, também para a Seção Naval do nosso museu, havia sido adotada a mesma solução). Inclusive nesse caso, porém, uma exposição de presépios que havia aproveitado uma janela como fonte de luz natural, fora já documentada em 1627 mediante uma “encenação” realizada pelos padres Scolopi, que previa uma estrutura tipo palco com cortinas (atrás das quais escondiam-se lâmpadas). Depois disso, apesar do inegável encanto da luz natural, os fatores de risco envolvidos – como a descoloração dos tecidos, as possíveis infiltrações de água, a pouca resistência em relação às agressões externas – fizeram que fosse necessário fechar a claraboia. Por ocasião da última grande restauração do complexo (1988-1990), o cenógrafo Antonello Leone teve a ideia de preparar uma instalação de iluminação artificial eletrônica capaz de comandar os efeitos da alternância amanhecer – dia – pôr do sol – noite, que tanto agradou ao público (especialmente às crianças) e que, em breve, será restaurado com um novo suporte tecnológico. O presépio Cuciniello, que hoje parece um extraordinário exemplo do presépio “de corte ou de palácio”, é, curiosamente, apenas uma pálida lembrança dos presépios muito mais amplos, ricos e extravagantes que eram montados nas ricas residências dos séculos XVIII e XIX, descritos assim pelos contemporâneos: ao doador deve ser

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al pubblico la bellissima quadreria del secondo piano illuminata da lucernari e, alcuni anni prima, anche per la Sezione Navale del nostro museo era stata adottata la stessa soluzione). Anche in questo caso, però, un allestimento presepiale che aveva sfruttato una finestra come fonte di luce naturale, è documentato già nel 1627 da una “messa in scena” dei padri Scolopi che prevedeva anche una incorniciatura a mo’ di palcoscenico entro drappi (dietro cui si nascondevano delle lampade). In seguito, nonostante l’innegabile fascino dell’’illuminazione naturale, i fattori di rischio che essa comportava come lo scolorimento dei tessuti, le possibili infiltrazioni d’acqua, la minore resistenza verso aggressioni esterne hanno reso necessaria la chiusura del lucernario; in occasione dell’ultimo grande restauro del complesso (1988-90) lo scenografo Antonello Leone ebbe l’idea di approntare un impianto di illuminazione artificiale elettronico in grado di comandare gli effetti dell’alternanza aurora - giorno - tramonto - notte che tanto piacque al pubblico (soprattutto ai bambini …) e che sarà prossimamente ripristinato con un nuovo supporto tecnologico. Il presepe Cuciniello, che ci sembra oggi uno straordinario esempio del presepe “cortese o di palazzo” è, strano a dirsi, solo un pallido ricordo dei tanto più ampi, ricchi e stravaganti presepi, che si allestivano nelle ricche dimore tra Sette e Ottocento, descritti dai contemporanei: al donatore va riconosciuto soprattutto il merito di essere riuscito a comporre insieme, come in un altorilievo orizzontale

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reconhecido, principalmente, o mérito de ter montado em conjunto, como em um alto-relevo horizontal que se desdobra aos nossos olhos, as três cenas fundamentais: à esquerda, o Anúncio aos Pastores; no centro, a Natividade com a Procissão dos Orientais seguindo os Magos; e à direita, a cena da Taberna (a Procissão e a Taberna constituem a verdadeira prerrogativa do presépio napolitano comparado às representações do Natal de outras localidades italianas). Finalmente, para melhor posicionar ao longo do tempo essa estranha e complexa criatura que chamamos, resumidamente, de presépio napolitano do século XVIII, é preciso antes de mais nada lembrar que, até o século XVI e início do século XVII, o presépio havia sido principalmente uma forma de devoção, e estava presente como tal nos locais de culto em forma de esculturas de madeira de tamanho natural. Com a renovada espiritualidade da Contrarreforma, especialmente as novas ordens religiosas (como os teatinos e os jesuítas) quiseram acentuar tanto as práticas de devoção privada quanto carregar de emotividade e paixão os símbolos religiosos. O presépio entrou assim nas celas dos mosteiros e dos conventos e depois nas casas dos fiéis, primeiramente as aristocráticas (nelas incluindo reis e componentes da corte) e depois as “burguesas”, reduzindo as dimensões, mas aumentando desproporcionalmente o número de estátuas e, sobretudo, passando das grandes esculturas estáticas do passado aos primeiros manequins rígidos feitos de madeira, para então chegar às menores, porém ágeis, estatuetas manejáveis, com cabeça e membros de madeira

che si dispiega davanti ai nostri occhi, le tre scene fondamentali: a sinistra l’ Annuncio ai pastori, al centro la Natività con il Corteo degli Orientali al seguito dei Magi e a destra la scena dell’Osteria o Taverna (il Corteo e l’ Osteria costituiscono la vera prerogativa del presepe napoletano rispetto alle rappresentazioni natalizie di altre località italiane). Infine, per meglio collocare nel tempo questa strana e complessa creatura che chiamiamo, in maniera sommaria, presepe napoletano del Settecento occorre prima di tutto ricordare che, fino al ‘500 ed ai primi del ‘600, il presepe era stato soprattutto una forma di devozione ed era presente come tale nei luoghi di culto sotto forma di sculture in legno a grandezza naturale. Con la rinnovata spiritualità della Controriforma, soprattutto i nuovi ordini religiosi (come Teatini e Gesuiti) intesero sia accentuare le pratiche di devozione privata sia caricare di emotività e passione i simboli religiosi. Il presepe entrò così nelle celle di monasteri e conventi e successivamente nelle abitazioni di fedeli, prima aristocratici (ivi compresi Sovrani e componenti la Corte) e poi “borghesi”, riducendosi nelle dimensioni ma aumentando a dismisura nel numero delle figure e, soprattutto, passando dalle grandi e statiche sculture di un tempo ai primi rigidi manichini in legno, per finire alle più piccole ma agili figure manovrabili, con testa ed arti in legno e/o terracotta, anima di fil di ferro dolce (cioè malleabile) e stoppa, che ci sono più familiari. Quest’ultima versione del presepe napoletano ebbe il suo periodo di massimo splendore all’incirca tra il 1750

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e/ou terracota, com núcleo feito de fio de ferro doce (isto é, maleável) e estopa, que nos são mais familiares. Essa última versão do presépio napolitano teve o seu período de máximo esplendor aproximadamente entre 1750 e 1820/1830, e manteve essencialmente inalterados os elementos iniciais por décadas e décadas – praticamente até os dias de hoje – perdendo, entretanto, com o passar do tempo, qualidade, especialmente pela menor disponibilidade de meios econômicos. A passagem das estátuas de madeira inertes de tamanho natural às estátuas móveis que diferencia o presépio de corte, depois aristocrático e burguês, do presépio mais antigo – estão expostos no mesmo museu exemplos extraordinários da Virgem puerpera do século XIV e dos grupos dos alamanos do século XV – permitiu fornecer ao presépio mais “moderno”, do qual o Cuciniello é um exemplo, a sua característica fundamental: o movimento. O presépio napolitano é uma criação que deve estar sempre in fieri (em andamento), pois é uma prerrogativa de quem organiza o presépio compor como preferir as cenas, mudar de lugar animais e objetos de acordo com a necessidade, vestir as estátuas (sejam elas humanas ou angelicais) e colocá-las nas posições mais variadas, iluminar ou colocar mais sombra, tudo com o objetivo de condicionar as sensações de quem olha. E é prerrogativa do espectador participar e se emocionar. O poder desse jogo, mais mental do que manual (uma “brincadeira juvenil” como julgava o austero arquiteto Vanvitelli, um “entretenimento característico” dos napolitanos, escrevia o apaixonado poeta Goethe), é tão grande que acabou se

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ed il 1820/1830 ed ha mantenuto poi, in sostanza immutati, gli stilemi di partenza per decenni e decenni - quasi fino ad oggi – perdendo tuttavia progressivamente in qualità, soprattutto per la minore disponibilità di mezzi economici. Il passaggio descritto dalle immote figure in legno a grandezza naturale alle figure mobili che differenzia il presepe di Corte, poi aristocratico e borghese, dal presepe più antico – di cui nello stesso museo sono esposti gli straordinari esempi della trecentesca Vergine puerpera e dei gruppi quattrocenteschi degli Alamanno – consentì di fornire al presepe più “moderno”, di cui il Cuciniello è un esempio, la sua sostanziale caratteristica: il movimento. Il presepe napoletano è una creazione che deve essere sempre in fieri poiché è prerogativa di chi organizza il presepe comporre a piacimento le scene, spostare animali e oggetti a seconda delle necessità, vestire le figure (umane o angeliche che siano) e atteggiarle nelle pose più varie, illuminare o mettere in ombra, tutto al fine di condizionare le sensazioni di chi guarda. Ed è prerogativa dello spettatore che partecipare ed emozionarsi. La potenza di questo gioco, mentale prima che manuale, (una “ragazzata” lo giudicava l’austero architetto Vanvitelli, uno “svago caratteristico” dei napoletani scriveva l’appassionato poeta Goethe), è tale da essere entrata nella lingua parlata: di fronte ad un paesaggio di case diroccate, magari viste in lontananza ed illuminate qua e là, noi napoletani diciamo “Sembra un presepe!” e usiamo l’espressione “fare il presepe”, laddove “fare” ha il valore di

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tornando parte da língua falada: no meio de uma paisagem de casas dilapidadas, vistas de longe e iluminadas aqui e ali, nós napolitanos dizemos “Parece um presépio!”, e usamos a expressão “montar o presépio”, em que “montar” tem um valor de criar com as próprias mãos uma realidade antes inexistente. No final, portanto, a forma de arte à qual o presépio mais se parece é a do teatro; mesmo com uma espiritualidade totalmente diferente, esse foi o espírito da sagrada representação que São Francisco quis organizar com o presépio vivo para os habitantes de Greccio (Rieti), na noite de Natal do ano de 1223.

creare con le proprie mani una realtà prima inesistente. Alla fine, quindi, la forma d’arte a cui più si apparenta il presepe è quella del teatro; del resto, pur con spiritualità affatto diversa, tale fu lo spirito della sacra rappresentazione che San Francesco volle organizzare con il presepe vivente per gli abitanti di Greccio (Rieti), nella notte di Natale del 1223.

Ileana Creazzo Già curatore della Sezione Presepiale del Museo di San Martino

Ileana Creazzo Ex-curadora da Seção Presepial do Museu de San Martino

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GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO Márcio França

Conselho Fiscal

Governador do Estado

José Emídio Teixeira Jussara Delphino Pe. José João da Silva

Romildo Campello

Conselheiros

Secretário da Cultura do Estado

Regina Célia Pousa Ponte

Coordenadora da Unidade de Preservação do Patrimônio Museológico da Cultura do Estado

ARQUIDIOCESE DE SÃO PAULO Cardeal Dom Odilo Pedro Scherer Arcebispo Metropolitano de São Paulo

ASSOCIAÇÃO MUSEU DE ARTE SACRA DE SÃO PAULO – SAMAS Conselho de Administração

Conselho Consultivo José Roberto Marcellino dos Santos Presidente do Conselho Consultivo

Ario Borges Nunes Junior Ary Casagrande Filho Beatriz Vicente de Azevedo Cônego Celso Pedro da Silva Luiz Arena Marcos Mendonça Mari Marino Ricardo I. Ohtake Ricardo Von Brusky Silvia Aquino Tito Enrique da Silva Neto Conselheiros

José Oswaldo de Paula Santos Presidente do Conselho de Administração

Rodrigo Mindlin Loeb Vice-Presidente

Arnoldo Wald Filho Demosthenes Madureira de Pinho Neto Dom Carlos Lema Garcia Dom Devair Araújo da Fonseca George Homenco Filho Haron Cohen Maria Elisa Pimenta Camargo Araujo Pe. Fernando José Carneiro Cardoso Pe. José Rodolpho Perazzolo Pe. Luiz Eduardo Baronto Pe. Valeriano Santos Costa Renato de Almeida Whitaker Ricardo Almeida Mendes Ricardo Nogueira do Nascimento Roberta Maria Rangel Rosimeire dos Santos Conselheiros

MUSEU DE ARTE SACRA DE SÃO PAULO José Carlos Marçal de Barros Diretor Executivo

Maria Inês Lopes Coutinho Diretora Técnica

Luiz Henrique Marcon Neves Diretor de Planejamento e Gestão

POLO MUSEALE DELLA CAMPANIA Anna Imponente Direttore

Fernanda Capobianco Responsabile Ufficio Mostre e Responsabile Editoriale

CERTOSA E MUSEO DI SAN MARTINO Rita Pastorelli Direttore

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EXPOSIÇÃO

CATÁLOGO

Ulderico Pinfildi

Roseli Katibe

Artista

Roseli Katibe

Produção executiva

Alana Iria Augusto Célia Maria Bezerra Cupertino Elaine Bueno Prado Elisa Carvalho Iran Monteiro Lia de Oliveira Ravaglia Strini Rosimeire dos Santos Acervo – catalogação e exposição

Flávia Andrea Siqueira Dias Conservação preventiva

Dahoos Cultural Montagem

Geraldo Monteiro da Silva Jose Mauri Vieira Marcelo Batista Oliveira Montagem e iluminação

Coordenação

Roseane Sobral Projeto gráfico

Ileana Creazzo Simone Natali Valerio Maria Bianco Textos

Opus Editorial

Revisão ortográfica

Fotos Antonio Allocca [obras de Ulderico Pinfildi] Claudio Garofalo [Presepio Cuciniello do Museo Nazionale di San Martino]

Claudio S. de Oliveira CRB 8-8831 Ficha catalográfica

Rush Gráfica Impressão

PROJEÇÃO

Wermeson Teixeira Soares

Estúdio Preto e Branco

Segurança e montagem – coordenação

Projeto Audiovisual

Pedro Paulo de Sena Madureira

Luiz de Franco Neto Mauricio Moreira

Consultor editorial

Roseane Sobral

Comunicação visual

Ligia Maria Paschoal Diniz Assistência – Equipe Técnica

Vanessa Costa Ribeiro

Direção Geral

Marlise G Kieling Direção Artistica

Murilo Celebrone Direção Técnica

Marcio Borges

Coordenação Ação Educativa

Finalização

Câmera Press

Ana Clara Schindler Igor Ventura

Plotagem

Silvia Balady Assessoria de imprensa

Videografismo

Estúdio Next Trilha Sonora

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Catálogo desenhado e editorado na Associação Museu de Arte Sacra de São Paulo – SAMAS, São Paulo, 2018. Composto em fontes Open Sans e Sanuk-LF. Miolo impresso em papel Couchê Fosco 150 g/m2. Capa impressa em papel Supremo Duo Design 350 g/m2.

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