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PAULO OLIVEIRA (SAXOFONE

Paulo Oliveira

Àmedida que o estudante de saxofone se desenvolve, a familiaridade e a conseqüente integração das digitações alternativas na sua técnica tornam-se uma necessidade. O sax possui, em seu mecanismo, opções para digitar determinadas notas de outras maneiras. Quando escolhidas adequadamente, essas alternativas proporcionam uma maior fl uidez e facilidade ao lidar com certas passagens técnicas, além de uma sonoridade mais consistente em relação às notas vizinhas, oferecendo melhor ligação dos sons e controle mais apurado das dinâmicas. As digitações alternativas mais utilizadas são: • Dó nos registros médio e agudo, combinando a digitação da nota

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Si natural com a chave lateral central apertada com o lado do indicador direito e que chamaremos aqui de Dó Lateral. • Sib (Lá#) também no médio e no agudo, que oferece quatro opções de digitação: a) Lateral, combinando a posição de Lá natural e o lado do dedo indicador direito na chave lateral inferior; b) ID, com a posição de Si natural combinada com o dedo indica

Paulo Oliveira é saxofonista, de São Paulo, e toca no grupo Zarabatana

dor da mão direita na chave do Fá; c) MD, posição de Si natural combinada com o dedo médio da mão direita na chave do Fá#; d) “Bis”, utilizando o fechamento simultâneo da chave do Si e da chave “bis” com o indicador da mão esquerda (a chave bis é aquela que possui um botão menor logo abaixo da chave do Si). • Fá# (Sol b) Lateral, nos registros médio e agudo, combinando a posição do Fá natural e o pressionamento da chave alternativa do Fá# com o dedo anular da mão direita (esta chave é aquela mais próxima da chave do R# grave). • Mi agudo frontal ou bis, posição de Sol com o dedo indicador esquerdo elevando-se para pressionar o botão (ou espátula) imediatamente acima. • Fá Agudo frontal ou bis, mesma posição do Mi agudo frontal com o dedo anular da mão esquerda elevado.

A utilização dessas digitações obedece basicamente a um princípio de economia de movimentos, ou seja, menos dedos se movimentam e evitam-se inversões de movimentos (um dedo abaixando e outro levantando, ações difíceis de sincronizar). As regras são bem simples: • O Dó Lateral é utilizado sempre em passagens descendentes Dó indo para Si natural ou ascendentemente em passagens cromáticas

Si, Dó, Dó# e em trinados de Si para Dó.

Descendo a Serra, Pixinguinha

• O Sib (Lá#) Lateral é utilizado nas passagens que envolvem principalmente o movimento ascendente Lá, Sib, Dó ou essas mesmas notas descendentemente e em trinados de Lá indo para Sib.

Eu te quero bem, Luis Americano

• O Sib (Lá#) do Indicador da Mão Direita (ID) é utilizado quando o Sib é precedido de um Fá natural e a nota posterior for um Si natural ou qualquer nota que use os dedos da mão direita (o arpegio de Sib Maior é um bom exemplo).

Chorei, Pixinguinha

• Utiliza-se o Sib (Lá#) do Médio da Mão Direita (MD) quando o Sib for precedido de um Gb (Fá#) e a nota posterior for um Si natural ou qualquer nota que use os dedos da mão direita.

Sururú na cidade (3ª parte), Zequinha de Abreu

• Utiliza-se o Sib (Lá#) “bis” em passagens que envolvam as notas Sol ou Ab indo ou vindo do Sib e também em passagens entre Sib e Réb (o arpegio de Sol diminuto é um bom exemplo).

Tigre da Lapa, Luis Americano

• O Fá# (Sol b) Lateral é utilizado em passagens cromáticas ascendentes e descendentes e nas descendentes de Sol b para Fá.

Escorregando, Ernesto Nazareth

• O Mi agudo frontal é utilizado nas passagens entre Dó e Dó# para o Mi agudo.

Arpegios de Am7 e A7

• Utiliza-se o Fá agudo frontal nas passagens entre Dó e Dó# para o Fá agudo.

Arpegios de F7(#5) e F7

A princípio, algumas digitações podem parecer mais complicadas que as posições usuais, mas isso acontece muitas vezes por falta de hábito em utilizá-las. Colocá-las em prática depende principalmente de um trabalho de análise e escolha aplicado ao material de estudo técnico, como escalas e arpegios. Sempre que nos deparamos com uma nota que possibilita mais de uma digitação, devemos nos fazer aquela antiga pergunta fi losófi ca: “De onde vim? Para onde vou?” Aqui, no caso, é de qual nota vim? Para qual nota vou? Com esses dados, analise qual alternativa de digitação possibilita executar a passagem com menos movimentos e sem inversões, principalmente na mesma mão. Vale lembrar que a utilização dessas técnicas se justifica notadamente em passagens mais rápidas. Em trechos mais lentos, as posições usuais em geral são mais afinadas.

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