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Vida de músico Rafael V elloso

Elogiado pelo maestro Severino Araújo e ex-aluno de Carlos Malta, o jovem saxofonista carioca Rafael Velloso é uma das gratas revelações do nosso rico mercado musical. Lançou, há dois anos, um CD em homenagem ao choro brasileiro e defendeu tese sobre o tema, sua grande paixão.

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Sax chorão Sax chorão e genuínoe genuíno

S&M - Como foi o começo de seus estudos de saxofone?

RV - Meu primeiro professor foi um oboísta, há 13 anos, depois tive outros mais ligados à música popular, ao choro e ao jazz, como Mário Sève, José Carlos Bigorna, Juarez Araújo e Carlos Malta. Sempre procurei uma formação mista, visto que o saxofone é um instrumento muito versátil, que permite o uso tanto como solista em este instrumento deu lugar ao saxofone, a partir do século XX, mas bastante utilizado no choro em sua etapa pioneira.

Efeitos e equipamentos

Apesar de gostar do som mais seco e natural, o instrumentista procura incorporar os efeitos acústicos produzidos direto no instrumento, variando conforme a música e o estilo, como vibrato, distorções e efeitos diretos na palheta. “No caso dos equipamentos, estou utilizando um monitor de ouvido para melhorar o retorno, um Power Click com o headphone Porta-Pró. Mas estou em fase de adaptação, o microfone que uso é um AKG 419. São equipamentos práticos que utilizo somente no show”, complementa. No sax alto:VandorenJumboJava de

orquestras eruditas e populares como em grupos de rock, pop, choro e samba. Procurei uma formação também acadêmica, fi z bacharelado em saxofone pela Universidade Estácio de Sá, no Rio de Janeiro, que apresentava então um currículo misto entre o popular e o erudito. Em 2003, iniciei a minha pesquisa de mestrado em Etnomusicologia na Escola de Música da UFRJ, abordando um assunto que me instigava muito, e já fazia parte da minha atividade profi ssional: o saxofone no choro. S&M - Conte um pouco sobre sua tese. Qual é a base dela? RV - Ela se baseia em uma revisão histórica do gênero, desde sua criação, em 1870, até a fi xação do gênero nas primeiras décadas do século XX. São apresentadas para análises as primeiras gravações do saxofone no gênero e outras sem. Os exemplos são então comparados em busca de transformações nas performances dos músicos. Foram também realizadas algumas experiências acústicas em relação às variações de afi - nação e timbre de um saxofone com uma boquilha normal e um bocal de ophicleide adaptado, procurando as razões pelas quais SETUP DE RAFAEL VELLOSO • Saxofone alto Julius Keilwerth. “É uma marca alemã muito boa, feita para concertistas.” • Saxofone tenor Selmer Superaction II • Boquilhas: * No sax alto: Vandoren Jumbo Java, de massa, com rampa. * No sax tenor: Dukkof de metal. • Palheta: “Estou variando muito atualmente, costumava usar a Rico Jazz 2 ½, mas tenho experimentado outras”.

S&M - No seu CD Sax Chorando, você fez praticamente tudo, desde a produção.

RV - Este foi o meu primeiro trabalho-solo. Tive a oportunidade de gravá-lo inteiramente independente, ou seja, com recursos próprios, desde a gravação, masterização e prensagem até o pagamento dos direitos autorais. A idéia do CD veio antes mesmo de iniciar minha pesquisa de mestrado sobre o sax no choro e pude ter uma boa base teórica para a escolha das músicas, em que procurei dar um panorama amplo da produção instrumental brasileira. Além disso, à medida que fui descobrindo os músicos, as músicas e as primeiras gravações, a imagem do CD começou a se formar. Tive a oportunidade de conversar sobre o projeto com dois dos autores homenageados, Severino Araújo e Juarez Araújo – ambos me apoiaram e se dispuseram a participar do CD. É claro que realizar um CD de choro é uma tarefa muito diferente do que da época pesquisada, mas tive muita infl uência do trabalho desses autores e da sonoridade que eles alcançaram.

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