NA ESTRADA
Vida de músico
RAFAEL VELLOSO
E
Sax chorão Sax chorão e genuíno genuíno
S&M - No seu CD Sax Chorando, você fez praticamente tudo, desde a produção. RV - Este foi o meu primeiro trabalho-solo. Tive a oportunidade de gravá-lo inteiramente independente, ou seja, com recursos próprios, desde a gravação, masterização e prensagem até o pagamento dos direitos autorais. A idéia do CD veio antes mesmo de iniciar minha pesquisa de mestrado sobre o sax no choro e pude ter uma boa base teórica para a escolha das músicas, em que procurei dar um panorama amplo da produção instrumental brasileira. Além disso, à medida que fui descobrindo os músicos, as músicas e as primeiras gravações, a imagem do CD começou a se formar. Tive a oportunidade de conversar sobre o projeto com dois dos autores homenageados, Severino Araújo e Juarez Araújo – ambos me apoiaram e se dispuseram a participar do CD. É claro que realizar um CD de choro é uma tarefa muito diferente do que da época pesquisada, mas tive muita influência do trabalho desses autores e da sonoridade que eles alcançaram. SAX & METAIS JULHO / 2006
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LIVE!
S&M - Conte um pouco sobre sua tese. Qual é a base dela? RV - Ela se baseia em uma revisão histórica Efeitos e equipamentos Apesarde gostardo som mais seco e natu- do gênero, desde sua criação, em 1870, até ral, o instrumentistaprocuraincorporaros a fixação do gênero nas primeiras décadas efeitosacústicosproduzidosdiretono instru- do século XX. São apresentadas para anámento,variandoconformea músicae o esti- lises as primeiras gravações do saxofone no lo, comovibrato,distorçõese efeitosdiretos gênero e outras sem. Os exemplos são enna palheta.“No caso dos equipamentos, tão comparados em busca de transformaestouutilizandoum monitorde ouvidopara ções nas performances dos músicos. Foram também realizadas algumas experiências melhoraro retorno,um PowerClick com o headphonePorta-Pró.Masestouem fasede acústicas em relação às variações de afiadaptação,o microfoneque uso é um AKG nação e timbre de um saxofone com uma 419. São equipamentospráticosque utilizo boquilha normal e um bocal de ophicleide adaptado, procurando as razões pelas quais somente no show”, complementa.
REVIEW
• Palheta:“Estouvariandomuitoatualmente, costumavausar a Rico Jazz2 ½, mas tenho experimentado outras”.
este instrumento deu lugar ao saxofone, a partir do século XX, mas bastante utilizado no choro em sua etapa pioneira.
ESTÚDIO TECNOLOGIA
orquestras eruditas e populares como em grupos de rock, pop, choro e samba. Pro• SaxofonealtoJuliusKeilwerth.“Éumamarca curei uma formação também acadêmica, alemã muito boa, feita para concertistas.” fiz bacharelado em saxofone pela Universidade Estácio de Sá, no Rio de Janeiro, • Saxofone tenor Selmer Superaction II que apresentava então um currículo misto entre o popular e o erudito. Em 2003, • Boquilhas: iniciei a minha pesquisa de mestrado em * No sax alto: VandorenJumboJava VandorenJumbo Java, de Etnomusicologia na Escola de Música da massa, com rampa. UFRJ, abordando um assunto que me instigava muito, e já fazia parte da minha ati* No sax tenor: Dukkof de metal. vidade profissional: o saxofone no choro.
SETUP DE RAFAEL VELLOSO
NOVIDADE
S&M - Como foi o começo de seus estudos de saxofone? RV - Meu primeiro professor foi um oboísta, há 13 anos, depois tive outros mais ligados à música popular, ao choro e ao jazz, como Mário Sève, José Carlos Bigorna, Juarez Araújo e Carlos Malta. Sempre procurei uma formação mista, visto que o saxofone é um instrumento muito versátil, que permite o uso tanto como solista em
TESTE
VIDADE MÚSICO• RAFAELVELLOSO:SAXCHORÃOE GENUÍNO
logiado pelo maestro Severino Araújo e ex-aluno de Carlos Malta, o jovem saxofonista carioca Rafael Velloso é uma das gratas revelações do nosso rico mercado musical. Lançou, há dois anos, um CD em homenagem ao choro brasileiro e defendeu tese sobre o tema, sua grande paixão.
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