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coisas. Para serem contratadas, as bandas passaram a tocar repertório bem variado, como forró, baião, frevo, cirandas. Assim foram sendo criadas as ‘bandas que animavam as festas populares’. Em minha banda, incluímos músicas de Luiz Gonzaga e Jackson do Pandeiro. Apesar de tudo isso, ainda existem bandas pelo sertão que só tocam em novenas. Enfim, as bandas de pífanos são grupos que tocam em diversos eventos, sejam eles religiosos ou profanos, para dançar ou para acompanhar procissão.

» Hoje você tem a sua banda, mas tocou com seu pai até quando?

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BF Toquei durante um bom tempo, até que ele adoeceu e não pôde mais tocar. Foi quando eu o substituí. Peguei a banda de papai e coloquei outros ‘tocadores’. Ele ia observando e gostando. Em maio de 1977, vim embora para Caruaru, a convite de amigos das rádios, fazendo shows com Ivan Bulhões, Canarinho, Caravana da Alegria, Lídio Cavalcante.

» Foi nessa época que gravou seu primeiro disco?

BF Gravei o primeiro disco em 1976, Biu do Pife, Pife do Biu. No ano seguinte fui para o Rio de Janeiro e gravei pela gravadora Esquema, com Manuel Maurício. Na época, Jackson do Pandeiro era contratado da gravadora, e foi ele quem fez o acompanhamento e o violão desse trabalho. Esse e ganhamos. Depois fomos para um grande concurso no Recife. Participaram grupos de todos os cantos. A Banda Cultural se apresentou por volta das 2h da manhã. Na ocasião, estava presente até o governador de Pernambuco, Marco Maciel.

» Quando chegou a Caruaru já existia a Banda de Pífanos de Caruaru, uma das mais conhecidas até hoje, certo?

BF Essa banda é da família dos Biano e já existia quando cheguei. Em uma ocasião, substituí o João Biano. Ele tinha um compromisso em São Paulo e pediu que eu tocasse na inauguração do Terminal Rodoviário de Caruaru e do Hotel Sol. Nessa época, e a banda do Compadre Peba. A Banda Dois Irmãos é de um grande ‘tocador’ de pife, o João do Pife. Ele trabalhou comigo durante 22 anos.

LP era de forró, com formação típica das bandas do gênero, com sanfona e também baixo elétrico. Até aqui não tinha nada de gravação com banda de pífanos.

BF Fazemos de tudo um pouco. Tocamos em festas religiosas tradicionais, novenas e também em shows. Se não diversificamos o repertório, ficamos sem trabalho. Como podemos tocar em uma festa se só soubermos uma novena? Vamos ficar a noite inteira tocando a mesma coisa? Recentemente fomos nos apresentar em uma festa religiosa em Lagoa da Princesa, a festa de São José.

» Então não se tinha a ideia de gravar as bandas de pifes com os seus repertórios?

Pois é, o meu primeiro trabalho da banda de pífano em disco foi com a Banda Cultural, em 1981. Participamos do Festival Música Hoje, com a música Baião do Nordeste, 1978, as duas bandas em evidência eram a dele e a minha, a Banda do Biu.

» A Banda Cultural era um grupo seu que durou vários anos e acabou revelando outros músicos.

» Hoje sua banda é a Princesa do Agreste. Como estão os trabalhos?

BF Só para seguir um raciocínio, a Banda Cultural surgiu a partir da Banda de Pífanos de Caruaru, quando os Biano foram para São Paulo. Depois a Banda Cultural gerou mais duas bandas, a Dois Irmãos Tocamos bendito, dobrado, peças de novena, marcha de novena. No fim da apresentação até os ‘bacamarteiros’ festejaram dando tiros para o alto. Para se ter uma ideia de como o povo gostou, até o padre entrou na festa e pediu para que tocássemos algo mais ‘quente’. Não é que deixamos a tradição de lado, mas as coisas mudam, a banda tem de tocar desde novena até samba, chorinho, forró e frevo. O frevo é importante no repertório para lembrar Recife e Olinda.

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