myWAVE #3

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myWave | edição # 3 | www.mywave.com.br


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expediente

myWave magazine #3 Conselho Editorial

Natsuo Oki, Vitor Gomes, Artur Tavares e Caio Salgado

Editor Vitor Gomes - redacao@wavemag.com.br

Jornalista Responsável Artur Tavares

Projeto Gráfico Natsuo Oki e Vitor Gomes

Diretor de Arte e Criação Natsuo Oki - natsuo@wavemag.com.br

Diretor Comercial Caio Salgado - caio@wavemag.com.br

Comercial

Pedro Rodrigues Alves - pedro@wavemag.com.br Leandro Lourenço - leandro@wavemag.com.br

Colaboradores

Diego Cordeiro, Jonas Gonçalves, Pamela Miguel, Livia Hayada, Thais Ito, Clarisse Colombo, Marty Bell, Raquel Lima. Agradecimentos especiais a todos que direta ou indiretamente colaboraram para esta edição. Os artigos publicados não refletem necessáriamente a opinião da myWave.

Publicidade

+55 11 2306-1270 / 2307-1270

www.mywave.com.br 6

Periodicidade: Bimestral Jornalista Responsável: Artur Tavares Distribuição: Gratuita nas principais faculdades de São Paulo.


artista convidado

ALEXANDRE SOMA Biolinas, Octosina, Germina, Anomalina e muitas outras “inas” são o que inspiram Alexandre Soma, 36, em sua arte. Desenvolveu o estilo próprio aproximadamente 2 anos e meio atras, quando ainda lecionava Criação Publicitária na Faculdade Estácio de Sá, no Rio de Janeiro. Nessa época, sua irmã estudava neurociência na UFRJ e ele fazia experimentos como professor usando música para aguçar a relação dos sentimentos individuais com o inconsciente coletivo de cores e formas que diferentes arranjos e estilos musicais podem transmitir. “Uma das música era “All is Full of Love” da Bjork e, naquela aula, tudo fez sentido: “Nanotecnologia, Quântica, Neurociência, Neuromancer, Moebius e Aeon Flux, tudo que eu admirava estava relacionado! Desenvolvi o conceito e chamei de ‘Biofuturismo’, um mundo completamente definido pelas relações bioquímicas, onde a tecnologia “Nano” teria criado uma nova forma de relação ‘Máquina x Homem’, onde tudo que o homem criaria fosse tão orgânico e imprevisível como a própria natureza.” Alexandre Soma que atualmente mora em São Paulo, tem planos de produzir uma graphic novel\ e levar o seu conceito para as artes plásticas criando fotomontagens, pinturas, texturas e instalações que explorem esse universo. Parece loucura, né? Mas esses pensamentos “malucos” levaram o cara a expor seus trabalhos em revistas conceituadas como Computer Arts e IdeaFixa. Além disso ganhou dois grandes concursos: Levi’s Be Original e Motomix, ambos em 2008. Gostou? Confira todo o trabalho dele em seu site: http://www.cromossoma.com.br/ http://www.flickr.com/photos/cromossoma


índice

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Interview

po!litica

Entrevistamos Gabriela Vuolo, do Greenpeace, que desmistifica as mudanças climáticas e diz não ser uma ecochata. Será?

Luiz Inácio Lula da Silva. Quem é esse homem que conseguiu niveis inéditos de popularidade e segundo Barack Obama “é o cara”.

8 - Interface 10 - blogosfera 18 - what’s up 22 - Elas 24 - eles 8

editorial Em um ensaio exclusivo a fotografa Marty Bell, mostra o seu olhar fashion com uma pitada de poluição.


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piores previsões

selo Verde?

tapa na cara

Qual será o mundo em que seus filhos viverão? Nem imagina? A myWave te mostra um preview desse velho novo mundo.

Que selo verde é esse que todas as empresas insistem em rotular seus produtos? Fomos averiguar se esses selos são verde mesmo ou se é tudo marketing.

Já que ninguem está nem ai com nada, que acham que Deus é o responsavel por tudo, fizemos o manifesto da destruição para ver se funciona.

32 - Issue 48 - refugio 60 - cult music 62 - cult cine e arts 64 - cult books


Imagens Divulgação

interface Click Arvore Faça as contas. Quantas folhas de papel você já utilizou em sua vida? E quantas árvores você já plantou? A SOS Mata Atlântica compreende que as pessoas que vivem em ambientes urbanos não têm muitas oportunidades de sair por aí plantando mudas para lá e para cá. Por isso, lançou na internet o site Click Árvore (www.clickarvore.com.br). O usuário cadastrado clica em um único botão, e a ONG garante uma nova planta em áreas de reflorestamento. Para quem vive preocupado com o meio ambiente e não tem muito tempo para se envolver com a causa, não custa nada passar lá, clicar e de quebra fazer o bem para o planeta.

xixi no banho Você sabe quantos litros de água são gastos cada vez que você aperta a descarga? São, em média, 12 litros gastos para levar o seu xixi embora. Pensando nisso, mais uma vez a SOS Mata Atlântica inovou e lançou a campanha Xixi no Banho. A divertida campanha pede que você lembre-se que fazer o famoso número um no chuveiro é uma forma de evitar uma descarga na privada. Acesse: www.xixinobanho.org.br

calculadora Você tem Carro? Consome muitos produtos embalados ou enlatados? Come carne ou alimentos de origem animal? Essas e outras perguntas são utilizadas pelo site Pegada Ecológica (www.pegadaecologica.org.br) para determinar qual a marca que você está deixando no planeta. Funciona como uma calculadora que mede o impacto da sua existência na Terra – e também pode ser um bom advogado do diabo, caso você seja um daqueles que não estão nem aí para o planeta. A iniciativa é da ONG WWF com a finalidade de mudar hábitos corriqueiros da vida dos cidadãos. 10


PUBLI-EDITORIAL

Meu chefe sou eu O número de jovens empreendedores cresce cada vez mais. O que antes era coisa para pais de familia, já é ensinado nas escolas. Empreendedorismo. Palavra que incentiva cada vez mais os jovens a cultivarem o sonho do negócio próprio. Uma pesquisa internacional, realizada em março deste ano em 43 países, mostra que, no Brasil, quase quatro milhões de jovens decidiram abrir o próprio negócio nos últimos três anos. O levantamento mostra ainda que cerca de 25% dos novos empreendedores brasileiros, em geral, tem entre 18 e 24 anos, o que coloca o país em 3º no ranking de participação jovem na área, atrás do Irã e da Jamaica, respectivamente. O desejo de ter algo seu, que antes ocupava a cabeça do pai de família, hoje ocupa a mente do universitário que começa até mesmo dentro da sala de aula a receber estímulos para tal. Um dos exemplos pode ser visto no Centro Universitário Belas Artes de São Paulo, no Núcleo de Design, que contempla Design Gráfico, de Moda, de Produto e de Interiores. Os alunos de Design Gráfico e Produto, que contam com o núcleo desde 2007, possuem, na grade curricular, a disciplina “Gestão da pequena empresa, Empreendedorismo”. A matéria aborda temas como plano de negócio, plano de lançamento de novos produtos e marketing. E olhe, que o incentivo tem dado corda às caraminholas dos estudantes. Vitor Gomes, estudante do sétimo semestre de design gráfico, sempre quis ser

um empreendedor e com a ajuda das aulas e apoio de mais dois amigos fundou o próprio negócio: a Revista myWAVE. “As aulas mostram que os designers também podem abrir seu próprio negócio e não precisam trabalhar para os outros sempre”, diz o universitário que ressalta também a importância da pesquisa do mercado antes de qualquer investimento empresarial - conteúdo também aplicado em sala de aula. Hoje, a Revista está em sua terceira edição e já conta com o apoio de grandes marcas nacionais e até mundialmente conhecidas. Assim como no caso da Revista myWave, a cada quatro novos negócios, três são abertos por oportunidade, e não por necessidade - casos em que se é preciso criar um negócio para tirar o sustento. Seja por necessidade ou oportunidade, o fato é que os jovens têm aprendido na sala de aula, nos exemplos do cotidiano e na própria evolução do tempo e mente a ser seu próprio chefe. Para conhecer mais sobre a estrutura dos cursos de Design Gráfico e Design de Produto do Centro Universitário Belas Artes de São Paulo, é possível consultar o site www.belasartes.br.

25% dos novos empreendedores brasileiros tem entre 18 e 24 anos

Centro Universitário Belas Artes de São Paulo Núcleo de Design Rua José Antônio Coelho, 879 – Vila Mariana Tel.: (11) 5576-7300 www.belasartes.br


blogosfera

rebiscoito.wordpress.com

flerte no elevador Vou contar uma história de ”cunho amoroso”, já que toda galera sonhava que eu tinha um romance com o meu “amigo do ônibus”. Na verdade, a história não é de cunho amoroso, sexual ou de coisas mais sérias. É que eu tenho essa atraçãozinha, uma brincadeirinha que acaba deixando meus dias mais interessantes. Seu nome é Eduardo. Ele é meu vizinho bonitão do 8º andar. Eu, sutilmente, dou a maior bola pra ele e, ou ele é MUITO simpático e super vai com a minha cara, ou ele também dá bola pra mim. Adoro quando vou trabalhar e o encontro, todo cheirosinho de terno e gravata, indo trabalhar também. Mas, não dá pra acontecer TANTA coisa em apenas três andares, só o básico das conversinhas de elevador. Pelo menos eu já sei que ele trabalha em banco, que acha ótimo o fato de eu trabalhar com cartões tridimensionais, e que nossos horários são parecidos. Certo dia, indo trabalhar, abri a porta do elevador e lá estava ele. Quando entrei, abriu um sorriso e disse: - Bom dia! - Bom dia. =] - E aí, como estão as coisas? - Ah. Bem! Eu me formeeeeei… - Pôxa, que legal! Parabéns! Ele continuou falando bastante, empolgado e bem humorado. Eu sorria, respondia tudo que ele perguntava. Foi quando chegamos no térreo que eu soltei: - Você acorda de bom humor? Ok. ”Que raios de pergunta foi essa???”, você deve estar pensando. Pois é. Assim que falei, a mesma coisa veio na minha cabeça. Ele respondeu com um sorriso amarelo, hesitou um pouco antes de falar, mas disse que “sim”, que “era bom né?” Com certeza o cara deve ter achado que eu estava muito mau-humorada, que não estava aguentando o fato de ele estar falando MUITO comigo, sem parar, achando que eu quis dar uma cortada. Só que na verdade, a pergunta simplesmente saiu porque ele me intimida. Antes ficasse um silêncio constrangedor, mas tive que resolver falar alguma coisa. Saiu a primeira merda que veio na minha cabeça. É como o menininho que gosta da menininha e resolve falar com ela pela 1ª vez: “Oi, eu como catota de nariz”, e a menininha sai correndo assustada. Pois bem…Foi mais ou menos assim que eu me sen12

ti, só que num nível mais avançado. Dei um tchauzinho pra ele e saí andando bem rápido, como quem foge de sei lá o quê. Queria dar soquinhos na minha própria cabeça dizendo “burra! burra! Burra!”, mas ele poderia ver. O dia passou, e cada vez que me lembrava disso, ficava chateada e me sentindo idiota. Resolvi que PRECISAVA fazer algo em relação à isso. Não podia ficar assim. Não queria que ele pensasse que eu o odeio, e que sou mau-humorada de manhã! Por isso, cheguei em casa e fiz um cartão. Tinha esse desenho de uma boca sorrindo dentro, e na capa estava escrito: “Na verdade…” Quando ele abria, a boca saltava e dizia “…eu gosto de pessoas que acordam de bom humor.“ Fiz no computador, imprimi, cortei bonitinho e assinei meu nome: “Beijos, Renata.” Desci, perguntei pro porteiro qual era o nome do cara que morava no 8º andar, usava terno e gravata, e que tinha um irmão. Quis fazê-lo entender bem quem eu procurava, para escrever o nome certo no cartão. Ele precisava entregar pra pessoa certa, né? Isso era o mais importante. “P/ Eduardo” escrevi no envelopinho. Totalmente sem vergonha na cara. Depois de pedir pro porteiro me falar o nome certo, ainda disse: - Ele já chegou? - Hum... Eu acho que não. - Então, quando ele chegar, você pode entregar isso pra ele?! Mas ó…Não vai entregar pro irmão dele hein? É pro de cabelo castanho! Não o loiro! (e ri) O porteiro aceitou, pegou o bilhete sem dar nenhuma risadinha marota ou fazer uma piadinha sem graça. Infelizmente, a minha história acaba aqui. Ainda não o encontrei no elevador, nem quis perguntar pro porteiro se ele havia entregue o bilhete, para não parecer uma coisa tão importante. (Óbvio que o porteiro já deve ter contado pra todo mundo... hahaha) Só sei que toda hora que vou trabalhar de manhã, dá um friozinho na barriga, ainda mais quando vejo que o elevador está descendo, ao invés de vir lá de baixo quando eu chamo. A vida não fica bem mais interessante quando o simples fato de se pegar um elevador se torna uma aventura? Eu acho que, às vezes, eu não meço minhas atitudes, exatamente por essa coisa de tornar a minha vida mais interessante. E, sinceramente? Acho isso ótimo.



INTERVIEW

“A gente vai estar vivo para ver” Gabriela Vuolo, do Greenpeac destaca as mudanças climáticas como o problema mais urgente da atualidade, indica pequenas e grandes atitudes para freá-las e desmistifica o radicalismo “hardcore” da ONG Por: Thais Ito Quando o tema é meio ambiente, o papo pode engrossar, principalmente quando falamos com ativistas, também “carinhosamente” chamados de ecochatos (ou ecoborings). E se for do Greenpeace, então? Lá vem dedo na cara e blábláblá...Mentira (ou meia mentira)! Aproveitando o mês em que se comemora o Dia Mundial do Meio Ambiente e da Ecologia (5 de junho), a equipe da myWave entrevistou Gabriela Vuolo, 27, representante da campanha de Clima do Greenpeace, para saber como a organização tem combatido os principais problemas ambientais no Brasil e como o jovem pode ajudar. Após a mal-cheirosa travessia a pé pela ponte Cidade Universitária (bravos são os estudantes da USP que percorrem esse caminho diariamente), chegamos ao escritório paulista da ONG, no Butantã, onde Vuolo explicou que estaremos vivos para ver as consequências das mudanças climáticas, por isso a urgência de combatê-las, e deu dicas simples para tornar o mundo menos apocalíptico. Na ocasião, também descobrimos que os funcionários do Greenpeace não se alimentam por fotossíntese, embora utilizem o sol para gerar energia por meio de painéis solares, e que a maior parte deles vai ao trabalho em transporte público ou bicicleta, mas admitem existir ocasiões em que não é (tão) possível abrir mão do carro, como no caso da entrevistada. Confira! 14


Atualmente, a sustentabilidade é pauta constante. Diversos sintomas demonstram que a situação do planeta está ficando crítica. Qual problema o Greenpeace considera mais urgente? As mudanças climáticas, que no final das contas não é uma coisa só, é um grande guarda-chuva que abrange uma série de temas. Um exemplo é o desmatamento da Amazônia, um problema super grave que existe faz tempo, piora cada vez mais e tem uma contribuição enorme para as mudanças climáticas, especialmente no Brasil. Outro tema é a proteção dos oceanos, que também influencia as mudanças climáticas, tanto como vítima como um fator que poderia ajudar a melhorar a situação, caso cuidássemos melhor deles. Tem também a geração de energia, que entra na questão do consumo. Afinal, o que usamos todos os dias de energia, tanto de energia elétrica quanto para dirigir um carro, também influencia as alterações do clima. Está tudo interligado. E, principalmente em 2009, o tema mudanças climáticas é o mais urgente porque no final do ano tem uma reunião na Dinamarca [da ONU, sobre clima], onde governantes do mundo inteiro vão participar e terão que chegar a um acordo sobre como reduzir as emissões que causam o efeito estufa, senão, em breve, estaremos em maus lençóis. As previsões não são muito otimistas, e não são

As previsões não são muito otimistas, e não são previsões para daqui a 100 anos de impacto, é pra daqui a 20, 30, 40 anos previsões para daqui a 100 anos de impacto, é pra daqui a 20, 30, 40 anos. A gente ainda vai estar vivo pra ver o que vai acontecer. Pensando nisso, quais as prioridades do Greenpeace para este ano no Brasil? É justamente a questão das mudanças climáticas, que


a gente já vem trabalhando desde o começo do ano. Fizemos uma expedição abordando temas relacionados a cada cidade em que paramos. Por exemplo, em Fortaleza falamos sobre energia, pois o Ceará é o estado brasileiro com maior potencial de gerar energia através dos ventos (energia eólica). Em Recife, uma das cidades mais vulneráveis aos impactos das mudanças climáticas por causa do aumento do nível do mar, assim como o Rio de Janeiro, participamos da criação do Fórum Estadual de Mudanças Climáticas. Passamos também em Abrolhos, onde existe um contrassenso: em vez de proteger os oceanos, querem explorar petróleo justamente na maior área de corais do Brasil. Também fomos para Manaus, Rio de Janeiro... E na Semana do Meio Ambiente, no início de junho, levamos uma exposição fotográfica e uma tenda sensorial a São Paulo, Rio de Janeiro, Manaus, Salvador, Porto Alegre e Belo Horizonte, exibindo para o público uma visão geral da urgência do tema “mudanças climáticas”. A geração de energia eólica pode prejudicar as aves? Tem que ser feito um estudo de impacto ambiental antes de instalar a turbina, conferir se é rota de aves. É mais limpo que petróleo, pois a geração de energia não emite gases do efeito estufa, mas isso não significa que pode instalar de qualquer maneira. Quais outros problemas são urgentes? O padrão de consumo - como vivemos a nossa vida no dia-a-dia -, que tem relação com mudanças climáticas, mas ninguém percebe. As pessoas esquecem que as pequenas coisas têm tudo a ver com o meio ambiente - o que a gente come, veste, gera de lixo, como a gente se locomove, tudo. O que você come veio de onde? Se veio de longe, foi com caminhão a diesel? Poluiu. É transgênico? Poluiu. É peixe pescado de maneira incorreta? Tem problema. Gado que foi criado dentro da Amazônia? Tem problema. Que roupas e alimentos você consome? A gente tenta viver uma vida 100% limpa, mas é complicado. Muitos funcionários do Greenpeace vêm com transporte público, outros de bicicleta e tem um pessoal que vem de carro, pois tem um estilo de vida que não consegue mudar. Me incluo nisso porque tenho um filho, que é difícil de carregar em uma bike ou no ônibus. Nem sempre dá para abrir mão do carro, mas dá para minimizar o uso. Na hora de comer, produto orgânico, sem dúvida. No supermercado é mais caro, claro, que naquele sistema de cesta que é entregue na sua casa, como o Caminhos da Roça e o Sí16


tio A Boa Terra, então tem que ver onde e quando você compra, porque tem também a sazonalidade. Roupa ainda tem poucas opções. Começam a aparecer algumas com algodão orgânico e com tinta não-tóxica. No site O Guia Verde também tem um monte de dicas bacanas. Mas as pessoas nem sempre querem fazer essas adequações nos seus confortos, aí entra aquilo que falei no começo: padrão de consumo – como o seu dia-a-dia pode impactar menos, que escolhas podem fazer a diferença. Muitos jovens querem fazer a diferença, mas não sabem como. O que é possível fazer? Se informar é a primeira coisa. Você precisa estar por dentro do que está acontecendo para saber o que pode fazer. E também pergunte-se: “O que eu, como indivíduo, posso fazer para deixar o mundo um pouquinho melhor? Posso andar de bicicleta uma vez por semana? Posso preferir embalagem de papel do que de plástico? Posso não usar saquinho do supermercado?” Outra coisa importante é informar outras pessoas. O jovem, especialmente, tem o papel super importante de multiplicar a informação. Antes não havia internet, era mais difícil conseguir informação ou espalhar. Então, ficou sabendo? Espalha, não guarda para você. Se ainda achar que é pouco, procura uma ONG ou alguém que faça um trabalho bacana para ajudar. O que seria uma boa referência para pesquisa? Tem a ONU, mas ela é mundial, não entra muito no detalhe do local. O próprio site do Greenpeace é uma boa referência, tem denúncias de empresas que não fazem a coisa certa, listas de produtos transgênicos. Também tem o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor, que faz um trabalho muito legal sobre consumo sustentável, o Akatu também... Qual o papel das universidades? Deveriam preparar o jovem para lidar com as questões ambientais. Seria bom incluir a matéria “meio ambiente” na grade curricular de diversos cursos, já que é um tema tão transversal. Por exemplo, Direito tem a ver, as leis estão aí, como você pode melhorálas? No curso de Engenharia: o que existe de tecnologia? Na Engenharia Civil, por exemplo, dá para repensar como as construções podem ser mais sustentáveis, aproveitando melhor o ar e a luz. E não é só a questão técnica porque é importante aprofundar mais, preparar o jovem para pensar o meio ambiente como parte de tudo que ele faz. E não só nas universidades, isso tem que vir desde as próprias famílias.

Durante o II Fórum Internacional de Sustentabilidade e Comunicação, promovido em maio, falou-se bastante na necessidade de se adotar relações de ganhar-ganhar, em detrimento do ganhar-perder. O que o Greenpeace acha disso? Fundamental. Temos que achar um meio termo para todo mundo. Às vezes, há muita maquiagem verde, fingem que é um ganha-ganha. Algumas empresas, como a Petrobrás, responsável por boa parte da emissão de gases de efeito estufa, financia projetos ambientais. Pode comentar isso?

Não adianta gastar milhões em destruição e só uma moedinha para salvar... ...As empresas devem parar de querer tampar os buracos que elas mesmas causam. É um contrassenso, mas não é só a Petrobrás. Não adianta gastar milhões em destruição e só uma moedinha para salvar. E outra: por que a Petrobrás não investe em geração limpa? Por que a Bunge não adota uma política só de soja não-transgênica, por que tem que trabalhar com as duas? As empresas devem parar de querer tampar os buracos que elas mesmas causam. E como combater empresas que usam “maquiagem verde”? Boicote? Acho “boicote” uma palavra pesada. Acho que são escolhas, opções. Penso muito na campanha de transgênicos quando se fala em boicote. Tem uma série de marcas que usam transgênicos. Prefiro não consumir dessas marcas, mas se vou ao supermercado e não há opção, o que vou fazer? Quando dá para substituir, você substitui, quando dá pra escolher, es-


Carregar o peso de uma geração que destruiu de vez o planeta é meio ruim colhe, quando dá para ficar sem, você fica. Mas tem situações em que você não tem o que fazer. Dá para adaptar a vida sem ser neurótico. Como estimular o surgimento de produtos mais sustentáveis? Tem que cobrar. Tem a questão das escolhas, mas também existe o papel de cidadão de cobrar por novas opções. Por exemplo, falar no supermercado que não achou produto orgânico, não-transgênico ou biodegradável...Essa postura de cobrança tem que ter todo dia, onde quer que você vá. E não só com as empresas, com os governantes também, para que eles obriguem as empresas a serem mais limpas. Há algum livro que te inspira a seguindo lutando? “A Desobiediência Civil”, de Henry David Thoreau. É leitura obrigatória. Já te chamaram de ecochata? Várias, várias vezes (risos)! Como você lida com isso? Não é legal, né. Poxa, estou fazendo isso pelo bem de todo mundo, então por que estão me chamando de chata (risos)? Mas por outro lado é sinal de que estou surtindo efeito, estou cutucando. Ainda prefiro ser ecochata do que não fazer nada. Você tem um filho, que é um grande estímulo para continuar lutando pelo meio ambiente. E para o jovem que ainda não tem filho ou nem pretende ter, que outras motivações ele pode encontrar para deixar um planeta mais limpo? Pensar no coletivo. E refletir sobre o mundo que ele encontrou. Gostaria de ter encontrado algo melhor? Pensar se é justo deixar uma coisa pior pra quem ver depois. Carregar o peso de uma geração que destruiu de vez o planeta é meio ruim...

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Quer montar uma ONG? Uma ONG nasce de uma vontade coletiva. Convoque pessoas com ideais semelhantes para discutir os objetivos, a missão, etc da organização sem fins lucrativos, associação ou fundação, que pretendem formar. Em uma assembleia geral de constituição, definam seu estatuto, características e elegam seus primeiros dirigentes. Tudo isso deve ser registrado em ata, com o qual, junto dos documentos acima, poderá se registrar a ONG em cartório. Em seguida, além de providenciar um contador, é essencial regularizar a organização na Secretaria da Receita Federal, o que possibilita abrir uma conta bancária, e garantir a regularização trabalhista, mesmo que a ONG não tenha empregados. Interessou? Confira os detalhes desse passo a passo no site da Associação Brasileira de Organizações Não-Governamentais, que enfatiza: o verdadeiro desafio de criar uma ONG não é criá-la, mas sim mantê-la com responsabilidade e profissionalismo. atitude(s) Mais dicas simples – mais fácil que tudo isso tudo, só xixi no banho (já viu a nova campanha da SOS Mata Atlântica?) - para frear as mudanças climáticas, de acordo com o PNUMA (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente). - Em casa: . Feche a torneira ao se barbear e escovar os dentes . Reutilize a água usada para lavar roupas para limpar a calçada ou lavar o carro . Prefira embalagens reutilizáveis ao embrulhar seu lanche . Não esqueça de apagar a luz dos ambientes que não estiver usando e lembre-se de tirar o carregador da tomada, pois estes continuam consumindo energia - No trabalho: . Café para se manter acordado? Canecas laváveis para evitar copos plásticos! . Se precisar de folha de rascunho, aproveite folhas antigas que seriam jogadas fora . Formate computadores, monitores, impressoras e outros equipamentos para o modo econômico e desligue-os no fim do dia, reduzindo a emissão de carbono . Quer dar um upgrade no escritório? Plantas de interior removem poluentes do ar e trazem cor para o ambiente



WHAT’S UP

kiwi paradise Por: Monique Leite

Quem vai para a Nova Zelândia sempre volta se perguntando o porquê das bandas e cantores de lá não fazerem sucesso aqui. Isto porque a música kiwi (é assim que eles mesmos se intitulam, “pessoas kiwi”, “comida kiwi”, assim como, “músicas brasileiras”, “comidas brasileiras”) é realmente muito boa. Eu, por exemplo, fiz uma lista de “hits da NZ” que comecei a desenvolver, junto com uma amiga brasileira, desde o primeiro dia da minha estada no país. Corríamos até nosso caderno, reservado para isso, sempre que os títulos “NZ ON AIR” apareciam no início dos clipes na Juice TV (uma espécie de MTV local). Nosso trabalho resultou em uma relação de mais de 90 hits e 40 artistas neozelandeses. Quando cheguei, como não conhecia nada da música do país, pedi recomendações a um vendedor de uma music store e, sem pensar, ele me respondeu: The Feelers. Comprei o CD. Não me arrependi e escuto até hoje no volume máximo “Beautiful feeling”. Esta banda é uma das mais tradicionais do rock neozelandês e faz muito sucesso por lá. Mas, não é só de rock and roll e Bungee jump que o país vive. A Nova Zelândia tem um estilo próprio de música, uma combinação de pop, rock e reggae com a música maori (os nativos). Os exemplos mais expressivos são o cantor Tiki Taane e a banda Nesian Mystik. Eles são tão populares por lá que se você ficar três horas assistindo a Juice TV certamente verá o clipe de alguma música dessas bandas mais de três vezes cada. Os festivais, quase sempre gratuitos, acontecem freqüentemente e são a maior forma de divulgação dos artistas. São realizados em parques públicos, 20

e as pessoas vão munidas de toalhas, guarda-sol e alimentos, transformando os eventos em uma espécie de piquenique. Os shows de bandas de black music acontecem com menos freqüência, Mareko e Devolo são os nomes mais cotados. No reggae, o Katchafire é quem está na boca dos neozelandeses. Já para quem gosta de um estilo mais romântico, existe um cantor chamado Jonny Love que o próprio nome já diz tudo. Ele é como um Fagner neozelandês, mas com menos charme. No pop-rock eu indicaria Goodnight Nurse, Opshop, The Midnight Youth e Nathan King. Talvez a música mais famosa de berço kiwi seja a “How bizzare” do OMC: “Ooh baby, it’s making me crazy. Everytime I look around…”. É antiga, mas com certeza você já escutou em algum lugar. Nas vozes femininas, Gin Wigmore é a musa neozelandesa. Ela tem uma voz peculiar, só comparada com a cantora inglesa, Amy Winehouse. Não tem quem conheça e não se encante com a música kiwi. No meu caso, foi com a trilha sonora “Always on my mind” do Tiki que encontrei meu inesquecível summer love. Aliás, viagem à Nova Zelândia é sinônimo de paixão. Seja por um dos muitos gaúchos de Queenstown, cidade da ilha sul aonde, segundo a imigração neozelandesa, 20% da população é composta por brasileiros, ou pelos muitos kiwis de Auckland que andam pela Queen Street (principal avenida da cidade) com a camiseta do All Black (como é conhecida a seleção de rúgbi do país), cantarolando “one love, one love, baby one love” do Katchafire.



made in brazil The pursuit of sustainability is a honorable and ambitious endeavor, but in this day and age, with most of us living in cities, it can be difficult. In urban areas, where capitalism is most culturally-engrained, consumer consciousness can be one of the most effective tools for positive change. By exercising discretion to decide what we buy, we can guide the marketplace and thus our collective livelihood towards greater sustainability. Conscious consumerism not only helps preserve the environment, but also encourages a more stable economy and promotes social justice. This “big picture” approach requires awareness and education, but proves to have a more profound and long-lasting influence than...lets say, turning off the water while you brush your teeth. Needless to say, organic food and “green products” are an easy option when you can afford them, but for those who must rely on less expensive mainstream products, making the right choice requires more investigation. The most pertinent information about a product can be found on the tag or label: who made it, where it was made, and what it’s made of. As you may expect, the size of a corporation, or predominance of a brand, is generally proportional to the scale of production. Programmed to disregard everything besides profit margins, corporate farms and factories eagerly employ negligent policies of exploitation, exhausting resources, polluting the environment and crippling local economies. At the risk of perpetuating such large-scale irresponsibility, supporting smaller, local and lesser-known brands is likely more sustainable. It is rare to find a product that fails to tell the consumer where it was made. Most often it is in simple terms, “made in Brasil”. Other times you must scrutinize the label to see where the factory or distributor is based. Although it may seem trivial, this information is crucial to making a wise choice. Products that are 22

Por: Albert Brown

shipped across the sea, for instance, are less sustainable than the same product made in Brasil. “Buying Local”, as it’s been coined, not only reduces fuel consumption and pollution, but it also supports the economy of your respective community (whether it be your city, state or country)…undoubtedly a good thing. It is especially important to consider distance when buying fruits and vegetables. Produce that has traveled for thousands of kilometers is invariably a lower quality, bred to withstand shipping, not to be flavorful. Without labels on produce, it helps to know what is “in season”, meaning what is currently being harvested in your area.. For instance, mangos are ripe in the summer, so if you buy them in the winter it means that they have been shipped from a place that is so far away as to be in the opposite season. Once you become aware of what fruits and vegetables are in season, you’ll be in a great position to pick out only the best. This practice is made easier if you shop at the local outdoor markets, where you have the clear advantage of actually talking to the vendor. When it comes to processed food, apart from knowing where it came from, ingredients are most important. A list of ingredients can be very revealing as well as sobering, often time exposing the harsh reality that your food is made of chemicals, numbers, and artificial flavorings. It’s a great idea to try eating food that has only recognizable ingredients. Nobody likes the idea of eating something from a laboratory, and after all, nothing is more sustainable than personal health. Armed with the knowledge of who makes the product, where and with what, each of us can make informed and responsible decisions. Conscience consumerism is a movement, and together we can make the marketplace more sustainable. Pursuing this goal will enrich communities and local economies, protect the environment and of course…make us feel better about ourselves.



ELAS

homem apaixonado Por: 3x30 Solteira, Casada e Divorciada Existem pelo menos quatro tipos de homens apaixonados. O cafona-chicletinho, o poético, o durão-racional e o apaixonado. O cafona-chicletinho é...cafona. E grudento. Ele manda mais flores que o necessário, abusa de recursos como ursinhos de pelúcia e manda aquelas mensagens telefônicas gravadas com Fabio Jr. de fundo. Ele é meloso, exagerado, e opera como o Twitter: te manda uma mensagem a cada segundo só para dizer que pensou em você. Se a lady curte esse tipo de abordagem, o cara tá feito. Mas no geral, esse é o tipo de homem que faz mulher sair correndo. Certa vez, presenciei um cara chegando com flores num restaurante e, todo acabrunhado e tímido, começou a cantar “Outra Vez”, de Roberto Carlos, na frente da mulher pela qual ele estava apaixonado. Isso na hora do almoço, dia útil. A mulher quase se escondeu debaixo da mesa. E, no dia seguinte, lá estava ela no maior xaveco com outro cara no mesmíssimo restaurante. Dica para lidar com esse tipo: passe adiante. O poético é o mais perigoso. Ele é confuso, meio aéreo e instável. Ele some, fica uns dias sem dar sinal e, de repente, chega um e-mail com uma “canção” que ele compôs para você. Ele manda flores quando você menos espera. Faz dedicatórias escondidas no meio de um livro velho e surrado. Faz um mimo besta e Made in China que ele comprou no camelô “pensando em você” parecer a joia mais cara do mundo. Olha para teu corpo como se o seu corpo fosse a casa dele (desculpe, Chico, não tinha como não usar sua frase). Esse tipo é aquele que pode até ser meio depressivo. Mas da mesma forma súbita que ele se apaixona por você, ele se desapaixona. E some. Dica: curta esse lance de ser musa inspiradora, mas não se apaixone. E siga adiante. O durão-racional chega a ser engraçado. Isso porque ele jura que jamais se apaixonou. Que não acredita nessas coisas, que paixão é coisa de tolos e jovens e que ele nunca se encantou por uma mulher a ponto de perder a cabeça, a razão ou a identidade. Ele vive seus amores e suas transas mas é incapaz de dizer uma palavra mais doce, de dizer que sentiu saudade e - jamais - que “é louco por você”. Mas curiosamente faz de tudo para chamar a sua atenção. De alguma maneira ele vai tentar mostrar o quão inteligente ele é. Ou forte. Fica te rodeando. O apaixonado durão-racional é meio narcisista, quer a sua atenção, mas te dá pouca atenção em troca. Dica: use e abuse e passe para o próximo. Por fim, o homem apaixonado “apaixonado” é o melhor de todos. Porque ele não é apaixonado só por você, mas pela vida. Costuma ser um Don Juan, desses gentis com o gênero feminino como um todo. Elegante no trato, nas palavras. É um perfeito sedutor. Mas uma vez apaixonado por uma única mulher, faz dela a mais amada do mundo. Ele é aquele que como na canção de Chico (ai, de novo! Mas que posso fazer se o Chico é quem mais entende do babado?) chega do nada, sem dizer nada, sem falar nada e se apossa sorrateiro do seu coração. Se ele manda flores, investe em vinhos, mostra que é inteligente, forte, se faz poesia, se liga a cada cinco segundos, se não liga muito ou se até canta Roberto Carlos no restaurante por quilo (ok, isso é dispensável...) – nada disso realmente importa muito. O homem apaixonado “apaixonado” ganha a mulher no olhar. Dica: vai fundo. 24

3xtrinta.blogspot.com



ELES

mulher apaixonada Por: Gravataí Merengue Se fosse meramente um texto cômico, bastaria escapar pela tangente: mulher não gosta disso, mulher prefere dinheiro. Ou usar qualquer tipo de anedota similar. Mas é bobagem. Elas se apaixonam, sim. É claro. Mas é curioso o que fazem quando isso acontece. Nós, homens, queremos sexo. Aliás, também queremos quando não estamos muito apaixonados. E, inclusive, estamos a fim de uma bagunça mesmo quando não há paixão alguma. Mas, para manter aquele clima de romantismo, endossamos a tese: “é bem melhor no auge da paixão”. Mas as mulheres, bom, elas não vinculam sexo e paixão. Quando estão envolvidas mesmo e têm certeza de que aquele é o cara, inexplicavelmente começam a propor (e nem sempre de forma muito polida) que se estabeleça um relacionamento sério. Muitas vezes, como é preciso atrair o sacripanta para a “armadilha”, elas o sexo é usado como arapuca. Mas é apenas uma armadilha, nada além. E isso é uma regra: homem apaixonado quer festança, mulher apaixonada quer coisa séria. Daí, nos casos (raros...) em que há correspondência de paixões, as partes cedem reciprocamente: ela topa a bagunça irrestrita, ele aceita estreitar o laço. Como sabemos, tudo vai à falência. Isso porque o amante outrora incansável vai, pouco a pouco, se transformando num sujeito diferente. Em questão de meses o que era diário passa a ser semanal e, vejam vocês, vira mensal. Com isso, a moça adepta da relação séria se sente rejeitada e, com isso, passa a flexibilizar algumas regras daquele que deveria ser um regime ortodoxo. Não que a “safada” seja ela, porque a essa altura ele já deve ter pulado a cerca em várias modalidades: salto simples, costas, duplo mortal carpado etc. Quando chega a vez dela, a batata assa de verdade, porque... Bom, porque entra o “fator paixão”. Vejamos. Mas, antes, uma reflexão: Essa é a hora em que as meninas indagam: “Vocês dizem que só pensam em sexo, mas porque de uma hora para outra não fazem mais?”. Resposta: “Continuamos pensando, mas não exatamente em vocês”. Sigamos. Enfim... Agora, ela criou coragem para trair e vai até o fim. Chegou o grande dia, está suficientemente empenhada. E tudo acontece, mesmo. Não apenas acontece, como é muito bom. Bom até demais. Na verdade, é ótimo. Maravilhoso! Mas sabem o que ela faz? Vira para o lado, passa a mão no cabelo do sujeito (que provavelmente pensa em alguma forma de ir embora pra cuidar da vida) e diz: “Estou apaixonada”. E não acaba aí: imediatamente pensa num jeito de viver um “relacionamento sério” com aquele que deveria ser apenas um amante. Essa é a mulher apaixonada. E esse é o sujeito que, aceitando o convite, em alguns meses estará esparramado no sofá, vendo jogo de futebol sem dar muita atenção pro que acontece ao seu redor. Porque esse é o homem. www.gravataimerengue.com.br 26



PO!LITICA

o bem e o mal Presidente revive mito de “pai dos pobres”, bate recordes de popularidade, mas não escapa de críticas. Por: Jonas Gonçalves Um presidente da República jamais será unanimidade no Brasil e em qualquer outro país. Nem mesmo o mais carismático dos políticos poderia escapar de críticas. A divisão de opiniões ocorre já em eleições, quando a disputa pelo poder cria divergências muitas vezes irreconciliáveis. Mas, se existe um político no Brasil (e até no mundo) que impressiona pela popularidade, esse é Luiz Inácio Lula da Silva. Uma amostra foi dada em abril deste ano por Barack Obama, presidente dos EUA, que apontou para o brasileiro durante uma reunião do G20 e declarou: “este é o cara”. Apesar de ter enfrentado uma séria crise política em 2005, com o estouro do escândalo do mensalão, e enfrentar os reflexos da crise econômica mundial que começou em 2008, a imagem de Lula permanece preservada, acima da política, do próprio partido. Eleito em 2002 e reeleito em 2006, está no sétimo e penúltimo ano de sua trajetória no Palácio do Planalto. Conhecido por sua empatia com as classes menos favorecidas, é alvo de críticas daqueles que rejeitam seu comportamento despojado mesmo em ocasiões formais, seus constantes discursos de improviso, além da fama de “pai dos pobres”, uma espécie de Getúlio Vargas redivivo. No entanto, traçar comparações entre as figuras de Lula e Vargas é um erro. Não somente pelas enormes diferenças de contexto histórico, mas também pelo fato de que, enquanto Vargas teve diversas “encarna28

ções” políticas (líder revolucionário, ditador, pai dos pobres, nacionalista e, por fim, suicida trágico), Lula começou como sindicalista nos anos 70 e só entrou na política por acreditar que poderia chegar ao poder mesmo sendo de origem pobre, com escolaridade limitada e sem um grande partido que o sustentasse. O PT começou como um pequeno grupo de inspiração comunista, mas se tornou uma das maiores agremiações políticas do Brasil em um período de 20 anos justamente pela única mudança fundamental que ocorreu com o seu líder: de um revolucionário que abertamente discursava contra a elite, especialmente na eleição de 1989 (quando perdeu para Fernando Collor, então no PRN), para um político tradicional que se amoldou a essa mesma elite, moderando o discurso, para finalmente chegar à Presidência (em 2002, quando venceu José Serra, do PSDB).

Marketing

Lula se mantém popular (sujeito tanto a críticas quanto a elogios) na mídia e na sociedade por priorizar programas de grande impacto socioeconômico, como o PAC, o Bolsa-Família e o “Minha Casa, Minha Vida”, voltado para a área da habitação. Tais programas são demonstrações de utilização estratégica do marketing político. Em um de seus artigos, intitulado “O Cacarejo na Política”, Gaudêncio Torquato, jornalista, professor titular da Universidade de São Paulo (USP) e consul-

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X tor político, avalia que o marketing é, historicamente, uma ferramenta inevitável na política. “(...) nossos mandatários, com muito cacarejo, acrescentavam palmos de altura ao seu tamanho, elevando as benesses dos governos e a grandeza das nações. Basta olhar para os contornos do Estado Novo, emoldurados pelas cores do Departamento de Imprensa e Propaganda getulista. Mergulhamos nas águas do Brasil potência, sob a onisciente comunicação do ciclo militar”. Em seu texto, Torquato relata que, após a redemocratização do País, o uso do marketing se intensificou, especialmente com Lula. “(...) a partir de 1986, com o governo Sarney, ouvindo mais uma vez cacarejos que vendiam as glórias de planos econômicos. Falácias

O ex-sindicalista dá um banho em Getúlio, um sábio na arte de fazer firulas para as massas acabaram frustrando o povo. Perplexos, assistimos ao marketing exacerbado do furacão Collor, até aportarmos, esbaforidos, na atual estação, em que um palanque permanente nas ruas foi estrategicamente armado pelo presidente Lula. Cada qual com seu modelo de entoar ‘causos’, soltar recursos e amarrar apoios, os governos do ciclo da redemocratização descobriram o marketing como arsenal de batalha. Mas Luiz Inácio quer fazer do impossível o possível. Não é o PT, conforme diz Serra, mas Lula, o autor de um marketing devastador. O ex-sindicalista dá um banho em Getúlio, um sábio na arte de fazer firulas para as massas”.

Votos

O jornalista Rodolfo Albiero era um eleitor de Lula, mas resolveu alterar o voto devido aos diversos escândalos revelados ainda no primeiro mandato. “Votei no Lula em 2002. Não só nele, como em outros representantes do PT. Estava muito desanimado após os escândalos do mensalão, CPIs inconclusivas, impunidade, entre outras razões”, enumera. Entretanto, não deixa de reconhecer qualidades, especialmente na figura histórica do presidente. “Apesar de não ter repetido o voto em 2006, torci para que ele ganhasse. Sem dúvida é um personagem importante da história da democracia no Brasil, principalmente pelo seu histórico. Uma pessoa que não completou os estudos, de origem humilde, vindo de uma região como o Nordeste, e mesmo assim conseguiu chegar ao cargo político mais alto do Brasil. Em relação a isso, não tem como não admirar a pessoa”, analisa Albiero.

Trajetória

Luiz Inácio Lula da Silva nasceu em 27 de outubro de 1945, na cidade de Garanhuns, interior de Pernambuco. Casado com Marisa Letícia desde 1974, tem cinco filhos. Lula, por sua vez, é o sétimo dos oito filhos de Aristides Inácio da Silva e Eurídice Ferreira de Mello. Em dezembro de 1952, a família de Lula migrou para o litoral paulista, viajando 13 dias num caminhão “pau de arara”. Foi morar em Vicente de Carvalho, bairro pobre do Guarujá. A família mudou-se para São Paulo, e aos 12 anos de idade, Lula conseguiu seu primeiro emprego numa tinturaria. Também foi engraxate e office-boy. Com 14 anos, começou a trabalhar nos Armazéns Gerais Columbia, onde teve a Carteira de Trabalho


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assinada pela primeira vez. Lula transferiu-se depois para a Fábrica de Parafusos Marte e obteve uma vaga no curso de torneiro mecânico do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai). O curso durou três anos e Lula tornou-se metalúrgico. A crise após o golpe militar de 1964 levou Lula a mudar de emprego, passando por várias fábricas, até ingressar nas Indústrias Villares, localizada em São Bernardo do Campo, no ABC paulista. Lula começou a ter contato com o movimento sindical, por intermédio de seu irmão José Ferreira da Silva, mais conhecido por Frei Chico. Em 1969, o Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo e Diadema fez eleição para escolher uma nova diretoria e Lula foi eleito suplente. Na eleição seguinte, em 1972, tornou-se primeiro-secretário. Em 1975, foi eleito presidente do sindicato com 92 por cento dos votos, passando a representar 100 mil trabalhadores. Lula deu então uma nova direção ao movimento sindical brasileiro. Em 78, Lula foi reeleito presidente do sindicato e, após 10 anos sem greves operárias, ocorreram no país as primeiras paralisações. Em março de 79, 170 mil metalúrgicos pararam o ABC paulista. A repressão policial ao movimento grevista e a quase inexistência de políticos que representassem os interesses dos trabalhadores no Congresso Nacional fez com que Lula pensasse pela primeira vez em criar o Partido dos Trabalhadores (PT). O Brasil atravessava, então, um processo de abertura política lenta e gradual comandada pelos militares ainda no poder. Em 10 de fevereiro de 1980, Lula fundou o PT, juntamente com outros sindicalistas, intelectuais, políticos e representantes de movimentos sociais, como lideranças rurais e religiosas. Em 1980, nova greve dos metalúrgicos provocou a intervenção do Governo Federal no sindicato e a prisão de Lula e outros dirigentes sindicais, com base na Lei de Segurança Nacional. Foram 31 dias de prisão. Em 1982, o PT já estava implantado em quase todo 30

Em dezembro de 1952, a família de Lula migrou para o litoral paulista, viajando 13 dias num caminhão “pau de arara” o território nacional. Lula liderou a organização do partido e disputou naquele ano o Governo de São Paulo. Em agosto de 83, participou da fundação da Central Única dos Trabalhadores (CUT). Em 84 participou, como uma das principais lideranças, da campanha das “diretas-já” para a Presidência da República. Em 1986, foi eleito o deputado federal mais votado do país para a Assembleia Constituinte. O PT lançou Lula para disputar a Presidência da República em 1989, após 29 anos sem eleição direta para o cargo. Perdeu a disputa, no segundo turno, por pequena diferença de votos, mas dois anos depois liderou uma mobilização nacional contra a corrupção que acabou no “impeachment” do presidente Fernando Collor de Mello. Em 1994 e 1998, Lula voltou a se candidatar a presidente da República e foi derrotado por Fernando Henrique Cardoso. Na última semana de junho de 2002, a Convenção Nacional do PT aprovou uma ampla aliança política (PT, PL, PCdoB, PCB e PMN) que teve por base um programa de governo para resgatar as dívidas sociais fundamentais que o país tem com a grande maioria do povo brasileiro. O candidato a vice-presidente na chapa era o senador José Alencar, do PL de Minas Gerais. Em 27 de outubro de 2002, aos 57 anos de idade, com quase 53 milhões de votos, Luiz Inácio Lula da Silva é eleito Presidente da República Federativa do Brasil. Em 29 de outubro de 2006, Luiz Inácio Lula da Silva se reelege Presidente da República com mais de 58 milhões de votos (60,83% dos votos válidos) vencendo em segundo turno o candidato do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), Geraldo Alckmin.



artista

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artista convidado


Fotos Divulgação

issue

Ele é um carro elétrico e também solar. Com a bateria cheia tem autonomia para percorrer 250km e mais 30km a cada 7 minutos de exposição ao sol. Chega a uma velocidade maxima de 130km/h e vai de 0 a 60km/h em apenas 6,3 segundos. Parece um protótipo, mas não é! Felizmente ideias como essa já não são mais uma realidade distante. A francesa Bolloré e a italiana Pininfarina, vão lançar o Blue Car, que já esta aceitando reservas e vai começar a ser comercializado em alguns paises da Europa. O preço ainda não foi divulgado, mas com certeza a lista de espera já é grande, afinal, quem não gostaria de ter um belo carro, energéticamente eficiente e ecológicamente correto?

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Foto Divulgação

DOMSAI

V.LIVE

Faz uma semana que você sai de casa cedo, vai para o trabalho, imenda com as aulas noturnas da faculdade e volta para casa só no final do dia. Quando você percebe, aquela plantinha que você comprou prometendo que iria cuidar, está morta. Foi pensando em casos como esse que a Vitamin lançou o IV Plant Pot, o vaso de plantas com um saquinho que parece soro, que garante agua para sua planta sem precisar que você fique se preocupando com isso. Além de tudo, o design do vaso é de muito bom gusto e combina com qualquer ambiente. Está disponível em varias cores e tamanhos. Veja mais em www.store.vitaminliving.com

Foto Divulgação

Domsai é uma invenção do designer de produto Matteo Cibic, mescla elementos da arte toy e cactus. A novidade é práticamente uma versao viva do brinquedos, que ganharam admiradores por todo mundo, os chamados toy art. São produzidos artesanalmente com uma base que se assemelha bastante a forma de uma pessoa e uma cúpula que guarda um cactus. É uma combinação perfeita para se deixar longe do alcance das crianças. São distribuidos pela Monotono e quem quiser saber mais sobre essa invenção ou quiser comprar um desses, acesse o site http://www.monotono.it. Só não se espante com os preços que giram em torno de cem euros.


Dirty Stuff Fotos: Marty Bell

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Foto Vivek Chugh

PIORES PREVISÕES

corre que o aquecimento vem aí! As previsões ambientais não são das melhores. Mas como ainda não vendem territórios na Lua e você tem que ficar por aqui mesmo, saiba como a coisa vai estar daqui uns anos Por: Raquel Lima


Foto Peter K

Só pra calcular o estrago, por ano, a população chinesa aumenta em cerca de 15 milhões de pessoas. Assim, em alguns anos, a China precisará de 300 milhões de toneladas de grãos por ano para alimentar a população – o que equivale à soma de todas as exportações de grãos do mundo. Derretimento das geleiras. Grandes tempestades. Furacões. Enchentes. Queimadas sem controle. Extinção de milhares de animais. Fim da biodiversidade. Escassez de água. Disseminação de doenças. E calor; muito calor. Não, isso não é mais um roteiro de um filme hollywoodiano do tipo o mundo vai acabar, corram e esperem o galã te salvar. Aqui, no mundo que efeitos especiais não resultam em Oscar, e sim em destruição, não há Tom Cruise, Will Smith ou Spielberg que consiga reverter o caminho em que o mundo anda. Só cerca de seis bilhões de pessoas podem fazer isso (e talvez): os habitantes deste pobre mundo consumido. Não é preciso ser nenhum estudioso para perceber que as coisas estão meio de pernas para o ar. Mudanças climáticas pelo aquecimento global, efeito estufa, uso desenfreado da biodiversidade e desperdício de água. Todas essas ações provocarão nos próximos 60 anos, nas melhores estimativas, seríssimos problemas. “Quando a temperatura sobe, eu tenho mudanças climáticas. Se eu mexo com a água, tenho escassez no futuro. Se eu mexo com as florestas, eu acabo com a biodiversidade. São vários corredores e todos indo para um único ponto. O planeta caminha para colapso ambiental”, diz o professor do Departamento de Ciências do Ambiente da PUC, Paulo Roberto Moraes.

Confira hoje na telinha

É. Alguma coisa diferente está acontecendo. E o 42

planeta já está se cansando de nos avisar. No Brasil mesmo, mudanças podem ser vistas. Enchente no Norte e seca no Sul? Desabrigados pelas cheias em Santa Catarina? Furacões no Brasil? Ué, mas Deus não era brasileiro??? Então, o resto do mundo deve estar fudido. Atualmente, uma das melhores representações é a tão falada gripe suína, gripe A, gripe H1N1, enfim. Seja qual for o nome usado, a realidade é que a doença já apresenta 5.265 casos confirmados e 61 mortes, segundo relatório da Organização Mundial de Saúde (OMS) do dia 12 de maio. Isso num período de três semanas, desde sua identificação no dia 24 de abril. Agora, você acha que isso é só uma coincidência? Que é normal? Ou seria mais um aviso do nosso planeta? Por um lado, a tecnologia ajuda na pesquisa para cura e identificação rápida do vírus, por outro, a globalização contribui fielmente para a fácil disseminação do influenza. Afinal de contas, qual era a facilidade que se tinha antigamente para se viajar até os EUA ou pro Canadá? Hoje, homens de negócio fazem bate e volta nesses países. Superpopulação, consumo excessivo e até a diminuição de florestas influenciam a expansão de doenças – com no caso dos vírus de florestas. Um dos exemplos mais destrutivos, e sem resposta, é o ebola, epidemia que atinge a África. Aliás, na África, tirando os poucos países turísticos modificados pelos e para os gringos, a maioria concentra baixa


água

Os níveis dos oceanos subirão 95 centímetros, e o número de tempestades aumentará.

tecnologia, péssimo saneamento, raros atendimento de saúde e alta população. Modernos fatores propícios para a disseminação de doenças. A AIDS no continente é mais que um bom exemplo disso. Segundo o professor Moraes, esta é justamente uma das piores consequências do tratamento que damos ao planeta. As pandemias. “A água não vai subir da noite pro dia. A gente pode se mudar, por exemplo. Agora, a gente está subestimando o processo da gripe suína. As pandemias se espalham muito rápido e é preciso agir rapidamente. O problema é justamente a escala”.

Cabe mais um?

O aumento acelerado da população mundial, e consequentemente seu consumo, é o principal responsável pelos desastres que ameaçam a vida na Terra. Efeito estufa, extinção de espécies animais e vegetais, buraco na camada de ozônio e principalmente o esgotamento dos recursos naturais estão na ficha criminal da superpopulação terrestre. “É como preparar um buffet para 100 pessoas e chegar na hora vir 500. Vai faltar estrutura para atender todo mundo”, compara o professor da PUC. O consumo da nossa população assola diversas áreas. Talvez a mais preocupante seja a da alimentação. “Segundo alguns modelos matemáticos, poderemos culminar na diminuição da produção agrícola, com sérios comprometimentos nos estoques de alimen-

to do planeta”, diz Eliana. Só pra calcular o estrago, por ano, a população chinesa aumenta em cerca de 15 milhões de pessoas. Assim, em alguns anos, a China precisará de 300 milhões de toneladas de grãos por ano para alimentar a população – o que equivale à soma de todas as exportações de grãos do mundo. Por mais que robôs, máquinas e modernos fertilizantes aumentem a produtividade de terrenos agrícolas, a extensão destas áreas é inevitável, chegando às florestas, que convertidas em pastos ou plantações, deixarão de exercer o trabalho de equilibrar o clima por meio da oxigenação. O uso de fertilizantes sintéticos também modifica cada vez mais o solo, o que agrava mais um dos nossos futuros problemas: escassez de água potável. Os lençóis freáticos, que poderiam renovar nossa quantidade de água, hoje sofrem com a poluição de fertilizantes, no campo, e com o não abastecimento pelas águas da chuva, na cidade, por conta da impermeabilização causada pelo asfalto. Além disso, a nossa velocidade do consumo é bem maior que o tempo de recuperação dos mananciais. Outra vítima dos seres humanos, mas não menos prejudicada, são os ecossistemas - conjunto de formas de vida que tornam o mundo habitável. Pois é, vimos tantos filmes em que a Terra não é mais habitável que estamos tentando fazer o mesmo. A ação humana isolou os ecossistemas naturais. Cercamos florestas, regiões ribeirinhas, vegetações típicas e biomas. Sem ter para onde ir, essas formas de vida simplesmente


Foto Julia Starr

Como o mundo vai estar daqui a 50 anos? De geração em geração, opiniões sobre o futuro

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ANOS

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“Tudo vai estar maior, os prédios vão estar grandes e as ruas também”. Maria Eduarda

“Pior. As indústrias estão destruindo tudo. Pelo menos o homem devia cuidar melhor do mundo”. Paulo Ricardo

“Uma zona de trânsito, muita poluição, pouca qualidade de vida e perto do fim das fontes naturais de energia”. Rogério Bastos

“Se estiver aqui ainda, vai estar bem ruim. O homem não está cuidando, está destruindo”. Vera Lima

“Tenho dó de quem vai estar aqui. Eu não vou ver, mas tenho netos e bisnetos que vão viver num mundo destruído”. Iolanda Farah

deixarão de existir, em uma perda da biodiversidade. Calcula-se que a espécie humana se apropria de 50% do potencial da produtividade do conjunto dos ecossistemas. Ah, e pesquisas mostram também que a concentração de gás carbônico na atmosfera e o crescimento populacional são diretamente proporcionais. Como se vê não só ambientalistas têm a responsabilidade de mudar o mundo, mesmo quando as previsões são ambientais. Uma política pública de natalidade já adiantaria bastante o nosso lado, juntamente com uma nova estrutura econômica – a economia ecológica (veja o conceito em boxe separado). Porém, com a redução da natalidade, os governos não conseguiriam pagar aposentadoria à crescente população idosa e os sistemas previdenciários entrariam em colapso.

39º de febre

Além do inchaço populacional, e como causa deste também, um dos fatores das mudanças que vimos hoje é o aquecimento global. Sem dúvida, o planeta está esquentando e óbvio que isso muda algumas coisas. A grosso modo, coloque um vaso de planta direto no Sol durante algumas horas e depois coloque na geladeira. E depois no Sol. E depois na geladeira. Não há ser vivo que não sofra com mudanças de temperatura. Se não morrer, ele vai sofrer sérias adaptações para sobreviver, como já definiu Darwin lá atrás na história da biologia. 44

Há mais ou menos duas décadas, o aquecimento global saiu dos círculos acadêmicos para ganhar as rodas de conversa. O ponto para disparar de vez a falação foi em 2007 com a divulgação do quarto relatório do Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC), órgão da ONU que reúne os cientistas e políticos mais cabeçudos de cerca de 100 países para analisar as mudanças climáticas. Segundo o relatório do IPCC, no ano de 2100, a temperatura média será 1,4ºC a 5,8ºC mais alta. Na primeira hipótese, o planeta atingiria a mais alta temperatura em 1 milhão de anos, e na segunda, teríamos um aquecimento que a Terra não vivencia há 3,6 milhões de anos. Os níveis dos oceanos subirão entre 18 centímetros e 95 centímetros, inundando áreas onde vivem cerca de 120 milhões de pessoas. Alguns fenômenos que envolvem a atmosfera e o oceano, como o El Niño, também seriam cada vez mais frequentes e mais intensos. O relatório ainda mostra que a maior parte do CO2 lançado na atmosfera nos últimos séculos ficará lá por mais de 100 anos, e o CFC, poluente relacionado a sprays e geladeiras, demora mais de 1 milhão de anos para se dissipar. Além disso, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a modificação do clima é responsável por 2,4% dos casos de diarreia e 2% dos casos de malária em todo o mundo, entre outras doenças. No Bra-


calor

Em 50 anos a temperatura da Terra pode aumentar cerca de 5,8° C, chegando até à 60° C

sil, por exemplo, poderá ocorrer aumento de doenças, como a dengue, e riscos de epidemia nas regiões alagadas ou até mesmo em regiões planálticas. Como já dissemos, quando acontecem mudanças, as espécies com maior capacidade de adaptação sobrevivem. Aproximadamente de 20 a 30% das espécies de animais e plantas entrarão em extinção. E no mundo humano, não basta apenas capacidade. O dinheiro vale mais. Com a mudança de regime de chuvas, por exemplo, os países mais pobres, que sobrevivem da agricultura de subsistência, sofrerão quebras de safra e consequentemente longos períodos de fome. “É como se a Terra tivesse apresentando os primeiros sintomas de uma doença. Agora, ela está com febre, mas daqui a pouco quando atingir seu máximo de temperatura, as coisas não vão mais ter volta”, diz o professor da PUC. “Nossa relação com o planeta tem que mudar”.

Mas quem ligou o forno?

Segundo a mestra em Desenvolvimento e Meio Ambiente e Consultora da Fundação Rio Parnaíba, no Piauí, Eliana Morais de Abreu, o aquecimento global decorre de fatores, como o aumento na produção de gás carbônico e a consequente poluição atmosférica. Nós lançamos CO2, CFC, metano e outros gases na atmosfera que retêm a radiação solar que normalmente seria refletida de volta ao espaço. Assim, ligamos o micro-ondas da Terra. Antes mesmo do homem

morar por aqui, esses gases já eram produzidos pela decomposição de seres mortos, vulcões e queimadas espontâneas. O problema é que estamos passando da conta. Desde a Revolução Industrial, no século XVII, a queima de combustíveis fósseis aumentou 600 vezes a emissão de CO2 na atmosfera, de 10 milhões de toneladas por ano para 6 bilhões de toneladas anuais. Porém, há um pequeno grupo de cientistas, os céticos, que discorda da tese de que o homem seja o grande causador do aquecimento. Para eles, as alterações climáticas são comuns na história do planeta, e por causas naturais, principalmente pela atividade solar. O astro vem se aproximando do planeta, o que muda a quantidade e a distribuição da energia que o Sol emite sobre nós. “Alterações climáticas são cíclicas e sua periodicidade não se afere com o tempo humano”, declara o Mestre em Pesquisas Sociais e Estudos Populacionais, Marcos Zurita, do RJ. Mas , o IPCC, por onde se rege a grande maioria dos pesquisadores, define que o Sol tem apenas 7% da responsabilidade pelo aquecimento em curso. “Mais de 90% das causas são de origem humana”, concorda o professor Moraes. Os céticos caíram ainda mais no conceito, quando em 1998, o Instituto Americano do Petróleo (API), que integra as principais empresas petrolíferas, tentou bancar cientistas para falar em público sobre as “reais causas do aquecimento”. Interesse no assunto? Mmm... Em contrapartida, estes cientistas defendem


Foto JJon Ng

Superpopulação + consumo + aquecimento global = colapso

ambiental

que tudo não passa de uma conspiração de ONGs e ambientalistas que querem lucrar com o dinheiro governamental para ações de preservação. “De qualquer forma, as previsões catastróficas constituem-se em um alerta à sociedade e ao poder público para adotarmos tecnologias limpas e reduzir estas atividades humanas”, diz a consultora do Piauí.

Alô? Capitão Planeta?Dá pra dar uma força? Para diminuir a emissão de gases poluentes, temos de mudar hábitos, buscar novas fontes de energia e substituir as antigas, reciclar o lixo, plantar árvores, entre outras medidas. O custo disso tudo, segundo o IPCC seria algo entre US$ 78 bilhões e mais de US$ 1 trilhão por ano. Sim, é bastante. O próprio relatório do órgão reconhece que os esforços para acabar com o aquecimento global não são fáceis e devem vir acompanhados de outras políticas públicas, como saúde, educação e desenvolvimento econômico. “Somente através da adoção de políticas públicas sérias voltadas para a proteção ambiental é que formaremos cidadãos conscientes”, defende Eliana. Porém, além de quem está sentado nas câmaras e no Senado, é preciso tirar a bunda do sofá aí de casa. O primeiro passo vem com nossas próprias atitudes cotidianas. “Hoje em dia, você já vê discussões do tema, isso é um avanço. Está se criando uma consciência, mas ainda é preciso entender melhor a função da natureza e a partir daí desenvolver um senso críti46

co de conservação e preservação ambiental”, explica Moraes. Na teoria é uma coisa, mas na prática ainda há um descaso com a conservação do meio ambiente. Para o professor, a consciência é mais bem construída em países orientais, como no Japão. No Ocidente, há aquele delay em práticas modernas que visam o mundo ao invés do dinheiro que ele possa gerar. Já para Zurita, essa consciência ambiental é algo plantado na sociedade que acaba nem tendo muitos fundamentos e esquece o maior bem natural do mundo, o homem. “Não se pode levar ao homem condições para que viva plena e dignamente em detrimento de uma intocabilidade absoluta do meio, de sua esfera de contacto. Este é o mote atual!”, defende. Por nossa culpa, as previsões são inevitáveis, mas justamente por isso caiba a nós um pedido de desculpas que fique mais nas ações do que nas palavras. É lindo e moderno ter “consciência ambiental”, mas isso não basta. A estátua da Liberdade não está segurando fogo para atearmos às florestas e nem o Cristo está de braços abertos dizendo: Venham e fodam tudo! Por isso, comece a fazer alguma coisa ou pelo menos não tenha filhos. Os poupe do mundo que vão encontrar e poupe o mundo de mais um que vai contribuir para a superpopulação.


fome

Daqui 100 anos a Terra terá cerca de 9 Bilhões de pessoas, a comida será escassa.

Economia Ecológica Nascido entre as décadas de 60 e 70, o conceito de economia ecológica propõe a reforma dos sistemas de produção de alimentos, materiais e energia – com fontes renováveis: eólica, solar e geotérmica, que hoje podem ser caras, mas serão mais baratas futuramente. Os sistemas tributários financiariam a reciclagem, a geração de energia limpa e renovável e colocaria impostos a mais em atividades insustentáveis, como o uso de combustível fóssil, como a gasolina. Para ingressar na economia ecológica, a humanidade teria de assumir os riscos de falência em massa e crises de governos e dos sistemas financeiros. Mas a economia atual, também não leva em conta o fim dos recursos naturais, que não são infinitos, o que, em todo caso, levaria o planeta a uma grande crise global. Ou melhor, vai levar (se o consumo continuar assim).


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artista convidado


REFUGIO

Tá nervoso!? chega uma hora que o nosso corpo parece gritar: SOSSEGO!! Mesmo com televisão, cinema ou sinuca com amigos, o ser humano sente necessidade de um encontro com a natureza para aliviar mente e corpo do caos da rotina diária. Resta a pergunta: São Paulo oferece isso? Sim, oferece. Por: Clarisse Colombo São Paulo não para! São 7.200 pães, 720 pizzas e 278 sushis feitos em um minuto. São mais de 5,5 milhões de automóveis trafegando em 1.509 km² onde todo mundo é diferente e ao mesmo tempo é igual. Gente de todo lugar do mundo vem à capital para saciar uma curiosidade, um sonho, uma idealização... seja de lazer, emprego ou cultura. Paulistas, paulistanos, gaúchos, nordestinos, portugueses, italianos, japoneses: uns amando e outros odiando a rotina desenfreada da “maior cidade nordestina fora do Nordeste”, “maior cidade portuguesa fora de Portugal”, “maior cidade italiana fora da Itália” e assim vai... Segundo uma pesquisa feita esse ano pela APPM (Análise, Pesquisa e Planejamento de Mercado e também de opinião pública), revelou que um dos pontos positivos de São Paulo, levantado pelos entrevistados, é a gama de oportunidades de trabalho que a maior cidade do hemisfério sul oferece. Como pontos negativos estão a poluição (atmosférica e sonora), o trânsito e a violência. Bem, posso dizer que não houve grandes revelações nesse levantamento. Uma cidade cosmo50

polita que oferece todo tipo de serviço, praticamente 24 horas por dia, não possui uma fórmula mágica para interromper, anular ou diminuir os efeitos disso. Uma vez nomeada “selva de pedra” sempre será a selva de pedra. Será?... Deve haver alguma forma de escape. Foi por isso que fui atrás para colher opiniões de quem vive aqui e o que fazem para conviver nesse ringue: cidade grande versus natureza. Há também relato de quem já morou, porém, resolveu abster-se do ritmo frenético daqui para conviver com o verde. “Acredito que Sampa seja o céu e o inferno”, disse Romel P. Marques, paulistano de 39 anos, que tem como profissão ser consultor em meio ambiente e sustentabilidade e como hobby a prática de esportes ao ar livre, onde, inclusive, já participou de campeonatos: “tenho algumas medalhas em provas de raid de aventura (caiaque, natação, rapel, orientação na mata, corrida e mountain bike), outras poucas em corridas de ciclismo e uma especial em quarto lugar no 12 horas de MTB em 2005”. Ele confessou a mim que fugir do stress da cidade grande não soluciona o


uns amando e outros odiando a rotina desenfreada da “maior cidade nordestina fora do Nordeste”, “maior cidade portuguesa fora de Portugal”, “maior cidade italiana fora da Itália” e assim vai...

problema: “na volta do feriado ou final de semana o cidadão voltará à realidade no momento que pegar a estrada”. Consciente de que não há como ter uma vida pacata integralmente em São Paulo, Romel, desde os 13 anos de idade costuma viajar dois finais de semana por mês para surfar, escalar, remar, participar de provas e competições ou curtir os amigos. O consultor em meio ambiente e sustentabilidade também sugere dicas para quem anda com o “bolso furado” ou tenha que trabalhar em casa aos finais de semana – frequento parques para correr, ler um livro ou tomar sol - argumentou. Realmente, é algo bacana para se ter um contato com a (pouca) natureza que existe espalhada nos 40 parques municipais e estaduais de leste a oeste do município. Vale levar cachorro, namorado (a), um bom livro, um chimarrão (para quem é gaúcho de sangue ou de alma). Geralmente, os parques possuem estacionamento próprio com um valor pago por hora (nada exorbitante) ou gratuito. Acredito que em São Paulo existam parques para todos os gostos e que trazem estímulo a pratica de esportes, à instigação através de seus patrimônios históricos, culturais, arqueológicos, turísticos e proporcionam a pessoa a sair por algum tempo de sua rotina, chegando em casa com uma sensação zen. É o que, Roberto Del Grande Silva, também busca. Há 6 meses em solo paulistano, o gaúcho de Pelotas/RS, 26 anos e gerente de projetos, deixou família e filho no Sul por causa de uma proposta de trabalho. Deparouse com horas a mais dentro da agência e pouco tempo para esfriar a cabeça. Mesmo assim, já conheceu o parque Ibirapuera, a Praia de Maresias e Ilha Bela,

onde se hospedou na pousada chamada, Sítio Santa Seiva, que fica ao sul da ilha. “Com certeza, para quem quer fugir do stress e da correria diária da semana, são ótimos lugares”, comentou o gaúcho. Este último lugar citado por Roberto, o Sítio Santa Seiva, eu também tive a oportunidade de conhecer. Sem dúvidas é uma grande dica para se ter um contato real com o verde. Construído, literalmente pedra por pedra, há mais de 30 anos por Galeno, 58 anos, bio arquiteto que abandonou o trânsito caótico e o fast food para viver num local que preserva o “latejo” da natureza. “Este é um local onde você pode conviver com pessoas de todo o mundo. Diferentes seres vivenciando um mesmo momento”, diz o site do sítio. De encontro à opção de Galeno, Guilherme N. Valadares, mineiro de 25 anos, blogueiro, escolheu, há pouco mais de um ano, sair da fazenda do seu avô cercada por mata, onde via micos em árvores, ouvia o cantar dos pássaros, colhia fruta do pé e respirava ar puro todas as manhãs, em Belo Horizonte, para fazer sua vida em São Paulo. “Tornei-me um profissional e minha rede de contatos e oportunidades de negócios cresceu exponencialmente. A concepção de vida cultural e noturna também deu um salto”, contou. Porém, em contrapartida, apontou o gume ruim de tudo isso, como por exemplo, o de conhecer o lado “hard” das empresas, cultivar uma pança “safada” de chopp e se tornar cético, “casca grossa”, como se adjetiva. Guilherme curte tanto cidade quanto natureza. Para sair da rotina gosta de ir ao cinema, sair com os amigos – mas se quiser relaxar, de verdade, só estando perto da natureza. O que a realidade de uma cidade grande desencadeia, ultimamente, pode ser notado em um dos males do século: o estresse. Cada vez mais surgem adeptos do refúgio para locais onde possa ser visto o verde e escutado o som da natureza. Parece que todo esse caos já estava previsto naquele velho ditado: “tá nervoso? Vá pescar”. O que não deixa de ser, também, uma bela alternativa.


J. INVESTIGATIVO

Selo de mídas cada vez mais as empresas lançam no mercado produtos com o “selo verde”, a equipe da mywave foi atrás para ver o quão verde é esse selo Por: Diego Cordeiro Você entra no mercado, pega sua lista de compras e decide encarar mais uma jornada para abastecer sua casa com tudo o que você precisa. Mas quando vê as prateleiras apinhadas de produtos de todos os tipos se pergunta: será que esses produtos são sustentáveis? Após a divulgação do relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática (IPCC, em inglês) em 2007, o mundo parece ter despertado para os problemas ambientais que o planeta enfrenta. Desde então o comportamento das pessoas, empresas e políticos tem sofrido transformações na forma de se relacionar com os outros e com a natureza. Por isso termos como desenvolvimento sustentável, ecologicamente correto e consumo consciente ganham evidencia e começam a ser frequente na boca das pessoas. Tão frequentes que ameaçam se tornarem banais: é quase a mesma coisa quando se fala de política. A palavra corrupção não sai da boca do povo, mas ninguém se mobiliza para encontrar soluções. E na busca de guiar pobres mortais nessa cruzada contra o aquecimento global e o fim do mundo foram criadas diversas iniciativas para diferenciar 52


o que destrói e o que não destrói a natureza. Entre elas o selo verde.

O selo verde

O primeiro selo verde foi criado na Alemanha em 1978. O “Anjo Azul”, como é chamado, tem como objetivo orientar os consumidores para a compra de produtos que respeitavam padrões e procedimentos que não agrediam o meio ambiente. Ou seja: ecologicamente corretos. Assim como o selo alemão surgiram diversos outros nas mais diferentes áreas da economia e indústria – há selos para alimentos orgânicos, para madeira ecologicamente correta, para construções, para relações comerciais, eficiência energética e por aí vai. É selo que não acaba mais. E as instituições que conferem esses selos de qualidade também são variadas e vão desde órgãos governamentais, passando por ONGs, até selos das próprias empresas que buscam auto-regulamentar suas ações para impactar menos o meio ambiente. Portanto a tarefa agora fica fácil, não? Se você quiser contribuir para um mundo ecologicamente correto e sustentável é só seguir as dicas estampadas nos produtos espalhados pelas incontáveis prateleiras do mercado e dormir com a consciência limpa. Mas as coisas não são simples assim.

Será que o selo verde é verde mesmo?

Com o debate gerado pelo estudo bombástico do IPCC e a constante exposição na mídia, as pessoas têm, cada vez mais, procurado tomar atitudes e decisões que ajudem a reverter o quadro dramático traçado pelos cientistas da ONU. E empresas, sempre antenadas nas tendências que guiam os consumidores, começam a investir cada vez mais em selos

que atestem o compromisso dos produtores com a natureza. Há no mercado diversos selos verdes respeitados e reconhecidos como sérios. No cenário internacional se destacam o já citado Anjo Azul, o FSC (Conselho de Manejo Florestal), o LEED e o Green Building. No Brasil os principais são o IBD (Instituto de Biodinâmica), o Procel e o ISO 14001 distribuído pela ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas). Esses certificados de qualidade seguem padrões rígidos, independentes e fiscalizados por órgãos governamentais ou ONGs sólidas. Mas e os outros selos? “Interessante que o aumento da busca da população pelos produtos sustentáveis trouxe à público os falsos verdes ou o greenwashing, que em inglês significa lavar a imagem da empresa de modo que ela possa se intitular verde”, afirma a procuradora de Justiça do Ministério Público de São Paulo Déborah Pierri. “Mas apesar disso ela continua a impactar o meio ambiente. Ou não retém dados técnicos que comprove os valores sócio-ambientais”. Por isso o consumidor tem que estar atento e não se deixar levar por uma jogada de marketing barata. “Existe hoje um enorme conjunto de produtos que os denomino como ‘eco-lixo’, que são produtos que utilizam o ‘apelo verde’ para conseguir consumidores desinformados”, explica o biólogo e consultor em sustentabilidade Alexandre Colombo. E para evitar a compra de produtos “eco-lixo” e contribuir ainda mais com a destruição do meio ambiente é preciso estar atento. Afinal, existem produtos e empresas no mercado que estão comprometidos com a tarefa de ajudar a preservar o mundo. É que nem aquele ditado que as mães dizem aos filhos arteiros: mentira tem perna curta. “Muitos dos empresários utilizam essa imagem apenas para estimular


J. INVESTIGATIVO as vendas e poucos o fazem propriamente pelo meio ambiente”, diz Colombo. Mas, para a procuradora de Justiça Deborah Pierri, não se pode generalizar – um produto ou empresa que se vende como verde sem de fato o ser e isso acaba descoberto pode significar o fim da marca. “A sustentabilidade, embora seja vista como simples ferramenta de negócios para muitos empresários, representa a permanência empresarial no mercado”, diz Deborah.

Informação é a chave

Não há uma forma pré-definida para saber se um selo verde é verde de verdade. Para não levar gato por lebre e pagar mico comprando produtos que degradam a natureza é importante estar bem informado. “Priorize selos estruturados por organizações federais e órgãos internacionais bem estabelecidos no mercado”, ensina Colombo. Também existem ferramentas para ajudar as pessoas a terem certeza de que um produto ou serviço é sustentável. O Catálogo Sustentável, organizado pelo Centro de Estudos em Sustentabilidade da Fundação Getúlio Vargas, é uma fonte confiável de produtos “amigos da natureza”. O Idec (Instituto de Defesa do Consumidor) também organizou um Manual de Consumo Sustentável que ajuda na hora de fazer compras conscientemente. “Também é preciso verificar de outras formas, como o ISO ou outro indicador mundial similar”, afirma Deborah. Ainda há outras formas de verificar a qualidade do selo de qualidade – com o perdão do trocadilho – diretamente em sites de sites e ONGs. Buscar informações diretamente nas empresas também pode ser uma saída e se tiver dúvidas procure o fabricante, “pois, além de poder não estar contribuindo para o meio ambiente você pode estar ajudando a destruí-lo”, explica Colombo.

Saiba como consumir de forma consciente. O Instituto Akatu realizou em 2007 uma pesquisa para mapear o comportamento e a percepção que os consumidores tem sobre sustentabilidade e padrões de comportamento que apontam neste sentido. Foram 1275 pessoas entrevistadas entre setembro e outubro de 2006 nas 11 principais regiões metropolitanas do país.Confira abaixo algumas informações levantadas pela pesquisa.

As 13 atitudes do consumidor sustentável:

01. Evita deixar lâmpadas acesas em ambientes desocupados 02. Fecha a torneira enquanto escova os dentes 03. Desliga aparelhos eletrônicos quando não está usando 04. Costuma planejar as compras de alimentos 05. Costuma pedir nota fiscal quando faz compras 06. Costuma planejar compra de roupas 07. Costuma utilizar o verso de folhas de papel já utilizadas 08. Lê o rótulo atentamente antes de decidir a compra 09. A família separa o lixo para reciclagem (lata, papel, vidro, PET, garrafas) 10. Espera os alimentos esfriarem antes de guardar na geladeira 11. Comprou produtos feitos com material reciclado, nos últimos 6 meses 12. Comprou produtos orgânicos, nos últimos seis meses (por ex.: alimentos sem agrotóxicos, carne sem hormônios ou antibióticos) 13. Procura passar ao maior número possível de pessoas as informações que aprende sobre empresas e produtos. Um em cada três consumidores brasileiros percebe os impactos coletivos ou de longo prazo nas decisões de consumo. Eles representam 33% do universo desta pesquisa e são considerados a vanguarda dos consumidores conscientes. Destes, 28% compõe o segmento dos consumidores engajados (consumidores que cumprem de 8 a 10 das atitudes acima) e 5% são os conscientes (consumidores que cumprem de 11 a 13 das atitudes acima).

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Foto Dez Pain

Destrua o meio ambiente! Não adianta falar em aquecimento global. Não adianta mesmo. Nós da myWave cansamos, e por isso decidimos apoiar a destruição do planeta. Apoie nossa causa você também. Por: Artut Tavares Me considero uma pessoa calma. De verdade. Discordo, e muito, dos outros, mas não tenho problema nenhum em ser contrariado durante uma conversa. Mas, há algumas “verdades inconvenientes” que as pessoas relutam em acreditar, e a discordância delas me tira demais do sério. Uma delas é a condição ambiental do planeta Terra, principalmente quando se trata do aquecimento global. Cansei de ler, e mesmo de escutar por aí, que não existe algo como o aquecimento global. Geralmente ouço isso acompanhado de piadinhas como “esfriamento global” (no inverno) ou “alagamento global” (na época de chuvas). Sei que por aí não falta informação sobre o tema, mas não sei se é ignorância da população mesmo, ou se é falta de acesso à informação. Prefiro acreditar na segunda hipótese, crer que as pessoas não sabem o que está acontecendo com o planeta onde vivem. É um pensamento ingênuo, mas me faz dormir melhor. As pessoas tendem a não seguir conselhos. Nem que eles tratem do óbvio, do que há anos (ou décadas, até séculos) persiste nas sociedades por comprovações científicas ou heranças culturais. É como qualquer mãe, que, não importa a idade dos filhos, sempre recomenda a sair na rua carregando guardachuva ou uma blusa (“caso esfrie”, a minha diria). E é 56

como qualquer filho, que, mesmo ouvindo, insiste em teimar. No caso do meio ambiente, há discordâncias sobre os efeitos do aquecimento global no planeta. Cada novo estudo é um novo quadro, alguns cada vez mais alarmantes. E, embora ninguém saiba ao certo qual o impacto real que o fenômeno vai causar à Terra, quase todos os cientistas concordam que ele vai acontecer – ou já está acontecendo. De modo bem resumido e didático, a página online do Greenpeace diz que o aquecimento global traria “riscos de extinção em massa, colapso dos ecossistemas, falta de alimentos, escassez de água e grandes prejuízos econômicos.” Afirma também que o nível do mar vai aumentar 5mm a cada ano nos próximos 100, fazendo desaparecer boa parte das terras insulares da América Central. Na Europa, países como a Bélgica, Inglaterra, e outros costeiros também teriam diminuição no território. Em relação à temperatura, estima-se um aumento de 2ºC (podendo chegar, dizem outros, a um aumento de 5,8ºC) no mesmo período de tempo. Já de acordo com o Global Warming.org, cientistas reunidos em 2008 na conferência anual sobre meio


“as mudanças climáticas vêm em ciclos inventados pelo Todo Poderoso para dar algo às pessoas conversarem”, reg henry, colunista do Pittsburgh Post-Gazette

ambiente do prêmio Nobel postularam que mais pessoas vão morrer devido ao frio do que devido ao calor até 2100. Já as chuvas serão responsáveis pelo aumento de furacões, tufões e outros fenômenos de destruição em massa. Pensando assim como não quer nada, até que é possível aguentar. Afinal, o que são 2ºC a mais no verão, ou então uns 3ºC a menos no frio. É até bom pra tomar um uísquinho. Só que, em termos práticos, as coisas mudam. Vamos pensar naquela velha máxima, algo sobre a água bater na bunda. Se o mar subir 5mm por ano, é possível que Manhattan (o maior centro financeiro do mundo), em Nova York, suma do mapa. Se trata da destruição de capital financeiro. As plataformas de petróleo em alto mar também desapareceriam, causando um impacto na distribuição e produção dos combustíveis fósseis, cuja queima é a maior responsável pelo fenômeno. Mais. As montanhas geladas europeias desapareceriam. Bye bye férias em Aspen! Também não seria mais possível pegar onda na Austrália ou na Nova Zelândia. A Jamaica e a Holanda serão praticamente inundadas, e seu legado para o mundo vai ficar só nos livros de história. No Brasil, nada de Guarujá nem nenhuma praia do litoral paulista. Fará calor em Campos de Jordão em 2100, e maior parte da população brasileira vai viver não mais no eixo centro-sul do país, e sim no centro-norte, já que precisaremos de terra para nossa produção agrícola, e a Amazônia vai estar desmatada. O cenário perfeito para um filmecatástrofe brasileiro seria a favela carioca, que, no

TAPA NA CARA

morro, viraria o centro da cidade após a inundação. Ih! Sem querer criei um gênero, o favela-catástrofe movie. Ficaremos sem ar-condicionado em nossos carros, que possivelmente não vão nem mais andar, já que, sendo muito otimistas, teremos petróleo suficiente só para os próximos dois séculos. Ficaremos sem nossa casa, sem nosso conforto, sem os aparelhos ultra-modernos que dependem da energia elétrica mal-produzida e poluente que abastece nossas casas nos dias de hoje. Talvez nem teremos mais onde viver, nossas cidades serão destruídas pelos movimentos migratórios, nossos cidadãos não terão mais o que comer. O impacto no ecossistema da Terra também pode ser irreversível. A atuação humana é capaz de desestruturar toda e qualquer cadeia alimentar. O pântano deixa de existir e o sapo não come mais a mosca – transmissora de doenças. O sapo deixa de existir e a cobra vai comer bois, ovelhas, pastos inteiros, e até humanos, por que não? Congele uma planície imensa, que serve de abrigo para pastagens, e o boi não vai poder mais ser criado ali. Ou, no inverso, transforme a mesma planície em deserto. O boi também não sobreviverá. Mas não ligamos, porque temos dinheiro, porque temos Deus, e, acima de tudo, porque sabemos que milhões de africanos e asiáticos que vivem abaixo da linha de miséria vão morrer muito antes de nós. E, mesmo sendo um fenômeno comprovado por pelo menos 96% dos cientistas mundiais – como afirma recente estudo da Universidade de Illinois, nos EUA – o aquecimento global ainda é algo impensável para alguns. É o caso do colunista ultra-conservador norte-americano Reg Henry, que em 2007 escreveu no jornal Pittsburgh Post-Gazette sobre um estudo divulgado em fevereiro daquele ano, quando o país passa-


Foto Kristin Smith

TAPA NA CARA

va por uma grande nevasca: “Felizmente, o relatório apareceu durante nossa onda de frio. Muitos cartunistas trabalharam em cima do conceito de aquecimento global nesta nevasca. Como nós rimos!”. No mesmo texto ele atribui o fenômeno a uma causa superior, e, por isso, trata-se de algo impossível de resolver. Ou melhor, que não precisa ser resolvido: “Pode estar um pouco mais quente no nosso planeta, mas as mudanças climáticas vêm em ciclos inventados pelo Todo Poderoso para dar algo às pessoas conversarem”. Claro! A culpa é de Deus, que criou a Terra e tudo nela (se você acredita nisso) só pra destruir tudo depois. Henry é um daqueles tipos que relutam em aceitar algumas “verdades inconvenientes”, como a do aquecimento global. São pessoas como ele que me incentivam a lançar esta campanha. Uma campanha para que nossa sociedade destrua o meio ambiente. Manifesto da destruição Vamos lutar para aquecer tanto nosso planeta a ponto de ser impossível caminhar nas ruas ao meiodia, de tanto calor. Vamos abusar dos nossos recursos naturais até que a natureza nos dê o troco. Tomaremos banhos de meia hora, deixaremos a torneira ligada enquanto escovamos os dentes, lavaremos nossos quintais como se fosse pela última vez. Encheremos nossas cidades de lixo, e quando todos os esgotos estiverem entupidos, choraremos unidos como um povo a perda da vida de milhares de pobres e desabrigados, vítimas das chuvas – ácidas, por causa da poluição. Nada disso, porém, será o suficiente para nos conscientizar. Porque somos teimosos, somos ultrapassados, e, acima de tudo, somos individualistas. Participar da salvação do mundo sai caro, muito caro. Vamos afetar a agricultura até que o solo fique seco, rachado, improdutivo e sem-recuperação. No nosso bolso, o dinheiro vai valer menos. Nas vendas, os produtos vão valer mais. Se salvar o mundo sai caro, se comer granola e arroz integral custa mais do que 58

aquele hambúrguer gorduroso do seu fast-food favorito, por que dar dar dinheiro para o natureba? Além do mais, os trabalhadores escravos de algumas grandes companhias destruidoras do ambiente serão os primeiros a migrar, não você. Não podemos deixar de lado a água, que vai subir a níveis altíssimos, mas que, salgada, será impossível de se consumir. Se as reservas de água potável já são mínimas, imaginem quando contaminarmos todos nossos aquíferos e reservatórios naturais (o Brasil tem o maior deles, o Guarani, abaixo de quase todo o território nacional), antes protegidos por nossas cavernas e grutas, hoje alvos fáceis para nossos esgotos. Vamos fazer com que o preço da água seja igual ou maior do que o da gasolina, quando ela for escassa o suficiente para se encontrar por aí. Você pode fazer sua parte também. É simples. Lembre-se do básico do dia a dia e você já vai estar fazendo sua parte. Jogue lixo no chão. Compre carros com motores potentes e beberrões. Tome banhos demorados. Não se esqueça das florestas. Promova o desmatamento. Gaste muito papel e muito tecido, ambos produtos vegetais. Promova também as queimadas, principalmente na época de festas juninas. Por fim, lembre-se de não acreditar em cientistas e ambientalistas. Eles estão falando um monte de bobagens. O que querem na verdade é desaquecer a economia, fazer com que o povo consuma menos. Por sua vez, isso acarretaria em demissões em massa nas empresas, greve geral e tomada do poder por vias revolucionárias. Se eles vencerem, voltaremos todos a ser índios, vivendo harmoniosamente com uma natureza verde e equilibrada. Não deixem isso acontecer. Seja mais um imbecil você também!



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artista convidado


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CULT

GREEN DAY O Green Day está de volta depois de um regime de 5 anos. “21st Century Breakdown” foi gravado em Hollywood e Oakland, e é uma ópera rock composta por 18 canções interligadas, com uma história como fio condutor. O álbum é dividido em três atos: “Heroes and Cons”, “Charlatans and Saints” e “Horseshoes and Handgrenades”, narrando a vida do casal Christian e Gloria, tendo como pano de fundo a crítica à sociedade americana na Era George W. Bush. O novo disco segue a mesma linha do sucesso anterior do trio na intenção de narrar uma história adolescente. Em American Idiot, o trio seguiu por 13 canções a vida do garoto Jimmy, desde o momento que sai de casa, até entrar no submundo das drogas e do crime, tornar-se Jesus of Suburbia, perder a garota de quem gosta e por fim, voltar para casa. O Greenday sofreu uma reviravolta em 2004, quando Billie Joe Armstrong, Mike Dirnt e Frank “Tré Cool” apresentaram um visual arrumadinho à base de ternos, gravatas e muita maquiagem. O estilo do som também mudou, de um rock cru com inspiração no punk para uma música mais acomodada ao enlatamento da mídia. O trio californiano começou quando Billie e Mike se conheceram na escola, em 1987. Dois anos depois, The Sweet Children mudou seu nome para Green Day e em 1990 gravaram o primeiro álbum, Smooth. Mas a carreira só começaria a dar certo a partir do ano seguinte, com Frank na bateria e a 62

gravação do álbum Kerplunk pela Lookout! Records. Em 1994 a banda lançou Dookie, pela Reprise Records, com os sucessos “Basket Case”e “When I Come Around”. No mesmo ano, o trio também criou Insomniac, emplacando “Walking Contradiction” e “Brain Stew” nas paradas. Três anos depois, veio o cd Nimrod, com a balada “Good Riddance (The Time of Your Life)”. Com Warning, em 2000, os melhores hits ficaram com “Waiting”, “Macy’s Day Parade” e “Minority”. No ano seguinte, o conjunto reuniu seus maiores sucessos com Internacional Superhits! e em 2002, lançaram Shenanigans, considerado por alguns fãs como o último trabalho de rock do trio. O sucesso de fato só explodiu pelo mundo com American Idiot, em 2004, ganhando novos públicos e formando um novo estilo, deixando registradas as canções “Wake Me Up When September Ends”, “Jesus of Suburbia” e “Boulevard of Broken Dreams”. O novo disco segue as mesmas regras da ópera rock anterior também na sonoridade, com canções como “21st Century Breakdown”, “Viva La Gloria” e “Know Your Enemy”. A banda optou por revisar o conceito anterior para não fugir da fórmula que já deu certo uma vez. O risco é cair na mesmice, com músicas que têm o mesmo estilo e a mesma mensagem de descrédito ao American Way of Life. O novo single, “Know Your Enemy”, já ganhou um video, disponível no site oficial da banda: www.greenday.com.


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MUSIC jennifer hudson

paralamas do sucesso Os Paralamas do sucesso estão de volta com o novo álbum intitulado Brasil afora. Após quatro anos sem lançar músicas inéditas, o trio aparece com um cd que tem tudo para agradar os fãs: é alto-astral e também espontâneo. O disco foi gravado em Salvador, no estúdio de Carlinhos Brown e conta com a sua participação na faixa “A lhe esperar”, composição de Liminha e Arnaldo Antunes. Já a música “Mormaço” tem a participação especial de Zé Ramalho. Herbert Vianna, Bi Ribeiro e João Barone misturam batidas de reggae, rock e pop e dão um tom festivo e alegre à obra.

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Jennifer Hudson lança seu álbum de estreia. Spotlight é o primeiro trabalho da cantora norte-americana que se revelou através da série de TV American Idol em 2004. A artista também se consagrou ao ganhar a estatueta do Oscar de melhor atriz coadjuvante por Effie, em Dreamgirls, musical da Broadway adaptado para as telas em 2006, em que atuou ao lado de Beyoncé. Jennifer canta 13 músicas em seu álbum debutante, com sonoridade agradável e animada, promete sucesso com as faixas 1 e 2, “Spotlight” e “If this isn’t love”. O cd também conta com a participação de Timbaland, Ne-Yo, T-Pain, Robin Thicke, Diane Warren e Stargate.


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CULT

A vida secreta das Abelhas

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Lily Owens (Dakota Fanning) é uma garota de 14 anos nada satisfeita com sua realidade. De um lado, o relacionamento conturbado com o autoritário pai, T. Ray (Paul Bettany) e de outro, recordações perturbadoras de ter sido a causa da morte de sua mãe quando tinha apenas quatro anos. Quando sua única amiga e tutora, Rosaleen (Jennifer Hudson), é presa por tentar votar sendo negra, Lily decide deixar sua casa na Carolina do Sul e fugir com ela para uma cidadezinha do interior. Lá, ambas irão encontrar as irmãs Boatwright. As três moças, August Boatwright (Queen Latifah), May (Sophie Okonedo) e June (Alicia Keys) são apicultoras e vão apresentar a Lily a interessante criação de abelhas, além de revelações sobre o passado de sua mãe. A história tem enfoque no universo feminino e na busca por si mesmo. É ambientado nos Estados Unidos de 1964, inspirado no livro homônimo de Sue Monk Kidd. Com direção de Gyna Prince-Bythewood e produção de Will Smith.

budapeste O livro Budapeste, de Chico Buarque, vai para o cinema com direção de Walter Carvalho, que dirige seu primeiro longa sozinho. Na trama, Jose Costa (Leonardo Medeiros) é um escritor que cria textos para outras pessoas. Depois de um congresso de ghost-writers, Costa é obrigado a fazer uma escala em Budapeste, onde acaba envolvendo-se em diferentes situações, até descobrir Zsoze Kósta. Casado com a jornalista Vanda (Giovana Antonelli), apaixona-se pela húngara Kriska (Gabriella Hámori). Com ela, aprende a língua húngara e se deixa fascinar pela cultura, dividido entre dois mundos e duas paixões. O drama foi gravado no Brasil, na Hungria e em Portugal. Tem produção de Rita Buzzar. No elenco também estão Andras Balint, Antonie Kamerling e Ivo Canelas. Em Budapeste, pela primeira vez Chico Buarque faz uma aparição num filme baseado em um de seus livros. Outras obras do autor que foram para as telas são Estorvo e Benjamim. 64


CINE e arts

À procura de um olhar

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No Ano da França no Brasil, a Pinacoteca do Estado de São Paulo apresenta À Procura de um Olhar: fotógrafos franceses e brasileiros revelam o Brasil, exposição com cerca de 200 fotografias de profissionais nacionais e franceses. É possível ver imagens de Pierre Verger em São Paulo e Belém, no Rio de Janeiro e Recife, e também na Bahia; obras de Jean Manzon no Rio, em São Paulo e no Nordeste; e Marcel Gautherot, com fotos tiradas também em São Paulo e no Rio, além de Amazonas, Pará e Bahia. Na Pinacoteca, Estação da Luz, 2. De terça à domingo, das 10h às 18h. A entrada inteira custa R$4,00.

Era uma vez O Centro Cultural Banco do Brasil apresenta Era Uma Vez. Arte Conta Histórias do Mundo, de 21 de abril a 21 de junho. A exposição busca encontrar um paralelo entre as obras de arte e a literatura dos contos de fadas. O visitante pode observar as ilustrações, objetos e esculturas, ver o enorme lustre na sala rosa e a caverna no subsolo. Monitores ainda contam histórias para crianças no térreo. Autores clássicos de fábulas como os irmãos Grimm, Hans Christian Andersen e Charles Perrault receberam homenagens e salas específicas, contando suas trajetórias e com obras relativas às suas narrações. São mais de 100 obras expostas ao longo do prédio, remetendo a um universo mágico de encanto e inocência. Com curadoria de Kátia Canton, em cartaz no CCBB no centro de São Paulo, R. Álvares Penteado, 122. A entrada é franca.


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CULT

books Amanhecer Era uma vez Chega ao Brasil Amanhecer, o quarto volume da série Crepúsculo. O primeiro livro de Stephenie Meyer ganhou as telas em 2008, com Kristen Stewart e Robert Pattinson nos papeis principais. Desta vez, Bella Swan irá se acostumar a um novo estilo de vida, se esforçar para proteger as pessoas que ama e ao lado do vampiro Edward Cullen. A personagem terá à resposta para a escolha mais importante de sua vida: a existência humana ou a imortalidade junto de quem ama. O volume Amanhecer é precedido por Crepúsculo, Lua Nova e Eclipse. A série já vendeu mais de 55 milhões de exemplares no mundo todo. Amanhecer é a conclusão da narrativa romântica de Bella, mas a autora promete um quinto livro contando o épico pela visão de Edward.

Fraçois Bégaudeau criou um mundo escolar a partir da visão de um jovem professor em uma escola pública em um bairro suburbano da França. No entanto, a impressão que fica é que a narrativa se estende para as salas de aula de todas as partes do mundo, inclusive aquelas que já frequentamos. Aulas intermináveis; alunos que não querem colaborar; conversinhas; matérias; provas; broncas; brigas; relacionamentos. A história é narrada pelo professor, mostrando suas experiências, fracassos e perseverança em tentar abrir a visão de mundo de seus estudantes. Ganhou uma versão cinematográfica em 2008, premiada com a Palma de Ouro em Cannes.

Os irmãos Karamazov Foto Divulgação

Os irmãos mais famosos de Dostoiévski ganham uma cara nova com a tradução direto do russo para o português, feita por Paulo Bezerra, da Editora 34 (que também traduziu outros volumes, de Dostoiévski, e também Tostói). Em dois volumes, a edição conta a história dos três garotos Karamazov e a conturbada relação com o pai ausente e boêmio, que acaba assassinado. A trama envolve toda a sorte de sentimentos, desde paixão, ciúme, orgulho e raiva às partes mais profundas do ser humano, que fogem de descrições. É o último romance de Dostoiévski, e considerado sua obra prima.

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Entre os muros da escola



green-label Verde sempre foi uma das minhas cores preferidas. É a cor de fundo do meu blog, da minha íris e, como não poderia deixar de ser, da esperança que frequentemente renasce em mim, como aqueles pezinhos de feijão que plantamos num pedacinho de algodão em algum lugar da infância. Essa cor também tem uma certa conotação de liberdade: sinal verde, vá em frente, sempre em frente. Enfrente. É a única forma de remover o limbo de pensamentos parados pela falta de atitude. É por isso que a natureza não poderia ter cor mais propícia: faz parte da natureza humana ser selvagem em algumas circunstâncias, covarde diante dos medos, pastar para conseguir a maioria dos objetivos, ficar verde de raiva ou de inveja, ou jogar verde para colher maduro. É, a natureza humana parece nunca estar madura o suficiente. Curioso isso: covardia, hesitação, imaturidade e inércia são palavras verdes. Mas verdes também são as florestas, matas, árvores, vegetações, não só devido à clorofila, mas para lembrar nossa natureza humana imatura de que precisamos, sim, amadurecer de uma vez, parar de destruir, explorar, devastar, cavoucar, extrair, abater, depredar, derrubar, extinguir, caçar, extirpar, assolar. O verde foi feito para admirar. Não está na bandeira deste país por acaso, ainda que este país tenha sido um acaso. Ele é a mistura do azul do céu com o amarelo do ouro daqui extraído. Ops, extração de novo. Temos de deixar de ser verdes nessa acepção para tornarmo-nos versáteis e criativos, reciclando, reusando, reduzindo o consumo desenfreado. Temos de exercitar nossos outros tons, porque podemos ser verde-esmeralda, verde-primavera, verde-mar, verde-menta, verde-lunar, verde-grama e até verde-escuros, porque ninguém é de ferro, tem o direito de ficar triste de vez em quando. É preciso olhar o verde com outros olhos, independentemente da cor deles, para criarmos palavras verde-ecológicas que vão além da esperança, mas que respirem atitude: preservação, respeito, cuidado, plantação. Foi pra isso que plantamos aquele pé de feijão na infância. Para fazê-lo crescer e crescermos com ele. Kandy Saraiva, colunista da myWave desde a primeira edição, é sempre um prazer ve-la por aqui. Seu blog é: www.controleremoto.tv


vai toma no cult ! Já tivemos todos uma Dona Cotinha em nossas vidas. Aquela mulher íntegra e honesta, cuja virgindade provavelmente cresceu de volta devido ao tempo, sem uma bela embocada em seus confins misteriosos, que limitava sua existência a definir às crianças o certo e o errado. Aparentemente, qualquer deslize para uma marginalização dessas regras morais era tratado como uma saliente desmunhecada no meio de uma reunião da Ku Klux Klan. Dona Cotinha dizia: “Vou lavar sua boca com sabão!” Sinceramente, nunca tive medo do sabão. Aliás, como criança retardada que fui, comer Dove no banho e cola Polar no colégio era quase refeição diária. Mas, percebendo tal resistência e temendo que a seleção natural agisse, criando um indivíduo resistente às ameaças e desbocado pra car*lho, o discurso foi alterado para: “Vou encher sua boca com pimenta!” - Opa. Aí deu zebra! Quando lembro, até troco o “aí fud*u” pelo mamífero alvinegro. A frase era tão usada que, durante alguns anos, eu realmente achei que pimenta era um castigo. Ao descobrir que o condimento era amplamente utilizado na Bahia, não deu outra. A pergunta foi instantânea: “Mas por que caralhas eles não param de xingar?” - E tomei esporro. O palavrão sempre esteve presente em meu cotidiano, evitado ao máximo em frente da Dona Rosa ou da Dona Maria. Pois, diferente das Donas Cotinhas, essas sim encheriam de fato minha boca com pimenta e ainda dariam um copo d’água pelando como forma de ajuda. Maldito Daniel Neto, que de fato fez isso com um pobre Felipe Neto aos 6 anos de idade. Hoje, uma análise mais madura dos fatos depois, vejo como o palavrão é, de fato, um descarrego energético da mente. Soa perfeito, sai com facilidade e funciona praticamente como o vômito de um bêbado. Um alívio insuperável capaz de remediar qualquer

situação e colocá-lo no ápice do poder. Ainda lembrome das situações embaraçosas e de como tudo teria sido mais fácil se a maldita Dona Cotinha não tivesse criado tamanho temor pelas pimentas. “Ei, Felipe, venha no quadro e resolva esse problema”, disse certa vez a professora Olinda, uma megera estúpida que se divertia em causar humilhações aos alunos. Levantei-me e, com a mão trêmula, tentei resolver, mas minha deficiência mental para matemática falou mais alto, como sempre. Dessa vez não foi diferente. “O que você pensa que está fazendo? Hein? Essa aula é uma brincadeira pra você?”, em alto tom, na frente de toda classe. “Por acaso você prefere ficar em casa vendo revistas de mulheres nuas ao invés de estudar? Vou avisar seus pais disso. É o cúmulo! Um aluno ignorante desse jeito! Vai sentar na sua cadeira, e eu não quero ouvir sua voz irritante até o final do dia!” Amigos, pensei muito em Dona Cotinha neste momento e, somente por ela, calei-me em um soluço dolorido e sentei de cabeça baixa na carteira. Era o prefácio da humilhação executada por todos os colegas durante o resto da semana. Porém, tudo poderia ter sido diferente, se ao invés de Cotinha, eu recebesse a educação de Dona Claudéria, vendedora ambulante do Vidigal, que tratava a todos como “néim” e achava que “caralho” na verdade era “então”. Nesse momento, sob tamanha pressão e humilhação, me postaria ereto e, com o despudor de um bárbaro e o sentimento de justiça de um representante dos oprimidos, diria às cusparadas: - VÁ TOMAR NO CENTRO DO OLHO DO SEU CU, PROFESSORA DE MERDA! Provavelmente teria me tornado um aviãozinho do tráfico e acabaria em Bangu 1 aos 18 anos, mas, ei! Teria tudo valido a pena. Ou não.

Felipe Neto, aluno esforçado da Dona Cotinha é colunista da revista também. Seu blog é: www.controleremoto.tv


orgulho verde “Vamos fazer uma edição sobre o verde!”, me disseram um dia, enquanto tomávamos uma cerveja no bar da esquina. “Verde? Nem sei o que posso escrever sobre o meio ambiente, hein?”, respondi, meio que na espontaneidade. Foi aí que me contaram que não seria só deste verde, e sim na cor como um tema geral. Agora, sentado na frente do meu computador depois de um fim de semana inteiro olhando para meu isqueiro verde, decidi não contar mais o que eu planejava com tantos detalhes: um dia, na minha adolescência, pintei meu quarto de verde. Tinha problemas para dormir, principalmente ligados à estresse por conta de uma namorada. Não tive insônia um dia sequer desde então, muitos quartos verdes depois. Por mais engraçada que a história seja, ela significa alguma coisa só para mim. Não consigo fazer ficção sobre isso; e contá-la assim, como eu estou fazendo com vocês agora, me pareceu egocêntrico. O verde é muito mais que o símbolo do meio ambiente. Mesmo os ambientalistas mais ferrenhos – e aqueles que de vez em quando fumam algo bem verde, ou usam coletes verdes – sabem disso. O verde é sabidamente a cor da esperança, a esperança que eu tinha em dormir melhor, por exemplo. É também sinal de que as pessoas podem prosseguir no trânsito. Fico pensando se não poderia ser assim no amor. A pessoa um dia aparece de verde e você sabe, no fundo do seu coração, que ela te quer. Assim, bem simples. Num futuro muito próximo, só os mais antigos saberão que o verde significava que frutas ainda não estavam prontas para serem servidas. Nem sei mais Artur Tavares, é jornalista e editor do website da Revista Vice.

quanta gente ainda sabe disso hoje em dia, nesse mundo onde tudo parece tão desligado da natureza, e onde as pessoas pararam de comer coisas desta cor. E por falar em frutas, é a cor da maça verde, minha preferida. O verde é também a cor das esmeraldas, uma das mais bonitas pedras preciosas encontradas na Terra. Só que o verde delas é límpido como o de águas puras de praias desertas, nada semelhante do verde musgo que soldados vestem em guerras. É a cor dos passarinhos que contam segredos que ninguém deveria saber. Muitas vezes eles deixam as pessoas verdes de raiva por terem seus segredos revelados. Tudo bem, um dia seu segredo é contado, em outro é você quem vai contar. Ninguém tem direito de ficar verde de raiva nesse mundo de fofocas. Só que nesses tempos de falta de esperança, muita gente anda usando os isqueiros verdes para queimar enormes florestas verdes, com seus frutos (verdes ou não) e todos seus animais. Algo estranho, ainda mais se formos pensar que temos um compromisso com a pátria da preservação de nossas árvores. O verde de nossa bandeira representa nossa maior herança, uma que já estava aqui quando nossos ancestrais chegaram, mas que se não for cuidada, não estará mais aqui nas futuras gerações. Vai ver é por isso que de todos os significados que o verde tem, apenas a questão ambiental é lembrada. Já passou do tempo de se ter esperança em relação a ela. Está na hora de se mexer, pra não deixar todo um planeta verde. De raiva, pela destruição que causamos, é claro.


Já houve vários concursos para escolha de um símbolo para a cidade de São Paulo; quase todos (ou todos) os candidatos ao posto foram construídos. Não temos Pão de Açúcar, Baía da Guanabara... Me lembro de uma eleição que trazia a antena da Paulista, o MASP, a própria Paulista, o Obelisco e o Parque do Ibirapuera – este, bela combinação de engenho humano e obra da natureza. Mas parques são parques em qualquer lugar – árvores, lagos, trilhas, bancos. Há pequenas variações sobre o tema; cada um é especial a seu modo e nós temos os nossos: Aclimação, Horto Florestal, Parque do Carmo, da Luz, o próprio Ibirapuera. Um deles poderia ser nosso símbolo, mas se eles estivessem em Belo Horizonte, Toronto ou Madri, poderiam representar essas cidades da mesma maneira. Para ser um ícone de São Paulo, escolheria outra combinação de engenharia e botânica: alguma das muitas espécies vegetais que brotam do impossível. Árvore nascida da fresta entre duas placas de concreto do Minhocão. Samambaia brotando da carcaça de um automóvel. Flor espremida no vão da boca-de-lobo. Nascer em um parque é moleza. Entre pedestres e bicicletas, jardineiros e passarinhos. Posando para fotos com noivas ou crianças. À beira do lago. Mas à altura dos escapamentos dos automóveis, isso sim é que é valentia. Por que um vaso de planta regado e nutrido às vezes não vai pra frente, e o tomateiro entre os paralelepípedos cresce que é uma beleza? Mistérios de São Paulo, talvez de qualquer lugar. Mas certamente podemos dizer para uma semente: “If you can make it there / you’ll make it everywhere”. Em todo caso, não custa dar uma forcinha para as plantinhas e quebrar o asfalto onde der. Soninha, é jornalista, apresentadora de televisão, política e agora colunista fixa da myWAVE. Seu site é: www.soninha.com.br

Foto Bob Smith

No meio do caminho tinha uma pedra, tinha uma pedra no meio do caminho


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