myWAVE #4

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myWave | edição # 3 | www.mywave.com.br

celebrating youth culture

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myWave magazine #4 Conselho Editorial

Natsuo Oki, Vitor Gomes, Artur Tavares e Caio Salgado

Editor Vitor Gomes - redacao@wavemag.com.br

Jornalista Responsável Artur Tavares

Projeto Gráfico Natsuo Oki e Vitor Gomes

Diretor de Arte e Criação Natsuo Oki - natsuo@wavemag.com.br

Diretor Comercial Caio Salgado - caio@wavemag.com.br

Colaboradores

Diego Cordeiro, Jonas Gonçalves, Thais Ito, Raquel Lima, Sara Cadore, Maria Carolina, Gabrielle Tricanico, Renato Muller, Rafael Vazquez, Leandro Lourenço. Agradecimentos especiais a todos que direta ou indiretamente colaboraram para esta edição. Os artigos publicados não refletem necessáriamente a opinião da myWave.

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+55 11 2306-1270 / 2307-1270

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e-boy

Antes de mais nada, para entender o trabalho do estúdio E-boy, composto por um trio de artistas (Steffen Sauerteig, Svend Smital, Kai Vermehr), é preciso entender o que é um pixel. Para ser o mais didático possível, olhe para a tela do seu computador com uma lupa e você verá que a imagem é formada por pequenos pontinhos. Pois bem, prazer, estes são os pixels. Agora imagine fazer imagens inteiras compondo cada pontinho usado. Essa é a Pixel Art, a arte que o estúdio E-boy criou em 1997 e que fizeram dos caras referência quando se fala no assunto. Precisão, paciência e técnica são alguns dos atributos necessários para ser adepto do estilo que já é conhecido no mundo todo e tem fãs nos quatro cantos do planeta. Quem olha essas imagens pela primeira vez acha que quem as criou são uns geeks aficcionados por games, mas não, não é bem assim “É engraçado como muitas pessoas pensam que somos retrô e que temos influências dos velhos Ataris, c64 e jogos da Apple. Isso não é verdade….aqui na Alemanha as pessoas que cresceram na parte oriental não tiveram acesso a nenhum desses eletrônicos”. Talvez tenha vindo dessa alienação tecnológica, a paixão pelos pixels. Hoje a Pixel Art pode ser encontrada em tenis, mochilas, roupas, acessórios e quebracabeças na loja online dos caras, acessem: http://shop.eboy.com

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íNDICE

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interface

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BLOGOSFERA

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colunas

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ENTREVISTA

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ELES E ELAS

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ISSUE

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POLíTICA

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WHATS UP

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eDITORIAL

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2012

52

fAMA iNSTANTANEA

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cONTRA INFORMAÇÃO

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TAPA NA CARA

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QUANTO VALE A MúSICA?

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REVIEWS

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“Tornou-se chocantemente óbvio que a nossa tecnologia excedeu a humanidade.” Albert Einsten celebrating youth culture

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PRELIMINARES

vEJA A SUA SOGRA http://www.realidadeaumentada.net/ra/vaca/

370 Z http://takethewheel.nissan.com.au/ 8

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TROUXEMOS PARA VOCÊS ALGUNS EXEMPLOS DA FAMOSA “AR” ( REALIDADE AUMENTADA. ACESSEM OS SITES E APONTEM PARA SUA WEB CAM O SIMBOLO AO LADO E SURPREENDA-SE.

FUNK DE NATAL http://www.mccann.com.br/funkdenatal/

Como é morar no campo http://ge.ecomagination.com/smartgrid/ar/turbine.html?c_id=direct celebrating youth culture

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PRELIMINARES

e nem era 1º de abril... No ano em que a humanidade completa 40 anos que o homem pisou pela primeira vez na face lunar, recebemos uma ótima notícia: A NASA apagou as fitas originais da ida a Lua. Estava lá, dia 17/07/2009 no jornal Folha de São Paulo para quem quisesse ver “as fitas origianais com imagens Apollo -11, primeira missão tripulada a Lua, perderam-se para sempre”. Segundo a NASA, eles precisavam de fitas para serem reutilizadas e pegaram essas sem querer. Para piorar, foi a primeira vez que a agência norte americana admitiu ser impossível restaurar as fitas originais. Fico imaginando onde o pessoal da NASA guardava esse arquivo, em um depósito empoeirado cheio de caixas com fitas velhas dentro? Na gaveta embaixo da cama de Neil Armstrong? Se com as fitas originais já era dificil fazer os céticos acreditarem que o homem realmente fincou a bandeira na Lua, imagine agora. mywave.com.br 10

BABY EXPRESS Você pensa em ter filho depois dos 30 anos? Vai ser tudo muito bem programado, com a pessoa escolhida para você passar o resto da vida ao lado dela. Será um ou no máximo dois filhos, um casalsinho de preferência. Pois bem, se todo mundo pensasse igual a você, com certeza o número de habitantes na Terra iria diminuir rapidinho, mas não é o caso. Você sabia que a cada 5 minutos 274 bebês nascem na China? Ou seja, a cada hora, 3288 crianças nascem no país. Estaria bom se a China fosse o lugar com a maior natalidade no mundo. O problema é que a Índia já assumiu a liderança nesse ranking e lança a cada 5 minutos 395 bebes no mundo. Por que todo mundo não é igual a você e pensa em no máximo um casalsinho?


A.i. Um dos casos de inteligencia artificial de maior sucesso atualmente é o robô chamado Ed. Ele foi desenvolvido para conversar sobre assuntos ligados ao meio ambiente, uso racional de energia, etc. Nós entrevistamos esse robô.Veja um trecho da conversa do Ed:

a nova era Você usa o Google diariamente, certo? Seus amigos usam o Google diariamente, certo? Os amigos dos seus amigos usam o Google todos os dias, certo? Você tem ideia de quantas buscas são realizadas todos meses no sistema de busca deles? Acertou quem chutou 31 bilhões de buscas mensais, ou seja, o número corresponde a todas as pessoas do planeta entrando no Google e fazendo 5 buscas no site. Levando em consideração que apenas 1/4 da população mundial tem acesso a internet, cada pessoa no mundo digital tem de fazer mais de 20 buscas no Google para chegar a esse número. E quer saber o mais impressionante? Em 2006 o número de buscas realizadas mensalmente no Google era 2,7 bilhões, ou seja, bem vindos a era Google.

myWAVE: Eae Ed. beleza? Robô Ed: Belê. myWAVE: Nós somos de uma revista, e gostariamos de fazer uma entrevista com você. topa? Robô Ed: Já dei algumas entrevistas. Achei bem legal! myWAVE: Já fumou uma mari juana? Robô Ed: Não sei o que é isso! myWAVE: Sabe sim... Robô Ed: Sei sei myWAVE: Então usou ou não usou? Robô Ed: Pois é... myWAVE: Conte pra nós como foi... Robô Ed: Como foi o quê? myWAVE: Acho que isso já afetou sua memória, contenos sobre sua experiencia com a mari Juana... Robô Ed: Sem experiência não se consegue grande coisa... Quer ver o resto da entrevista? Acesse: http://mywave.virgula.uol.com.br/verPost.php?id=23 celebrating youth culture

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blogosfera

http://www.remuller.com.br

As duas únicas coisas que melhoraram Constantemente eu paro pra analisar o mundo a minha volta e me decepciono com a avaliação. Mesmo nas constatações mais otimistas, o mundo está piorando. As coisas que eram boas na minha infância estão estragando. O futebol é um exemplo da decadência da nossa sociedade. Do final dos anos 80 pra cá não podemos notar evolução. O nível técnico dos campeonatos regionais e nacionais caiu na proporção inversa que as economias boleiras europeias prosperavam e os talentos recém-garimpados iam fazer fama e fortuna no além-mar. Hoje é só pela fortuna mesmo, já que uma boa quantia de dinheiro leva os destaques do nacional para os campeonatos turco, ucraniano, russo, eslavo ou de qualquer outra nação emergente do futebol. As crianças e adolescentes também pioraram. Considero ter sido uma criança/adolescente muito mais legal que as atuais. Vou analisar os dois juntos porque ainda existe uma área cinzenta na definição de quando deixa de ser um e passa a ser outro. Além do mais, o estilo de vida e as responsabilidades, são bem parecidos. As crianças costumavam ser felizes, brincavam na rua, trocavam socos em um dia pra se abraçar no outro, e, com exceção de uns poucos amigos mentirosos, ninguém fazia sexo. Hoje o barato é ser triste, ficar no quarto conversando com o universo de pseudo-amigos na internet. E ai quem chega ao dez anos de idade sem estar sexualmente ativo é o maior motivo de chacota da 4º série C. Uma parte da culpa disso está no próximo foco de avaliação. A televisão piorou pacas. Nem a TV à cabo, que antigamente era quase garantia de programação decente em um solitário sábado à noite, presta mais. Tudo começou quando algum gênio percebeu o nível de instrução geral do brasileiro e, utilizando-se das mais manjadas técnicas nazistas de comunicação (copyright Goebbels), aproximou o meio e a mensagem ao gosto do cidadão comum: o “Homer”, como diria o Bonner. Um cara fez, e o resto foi na rabiola. Era troca de tiro em um canal, exame de DNA no outro, desfile de calcinha, e todo tipo coisa imagem que apelasse aos instintos mais básicos de uma pessoa comum, como o sexo e curiosidade pelo azar alheio. As pessoas começaram a assistir TV para que pudessem se sentir seres humanos menos miseráveis do que aqueles que estavam ali, expostos ao público. Mas a exposição era um business interessante, e muita gente que percebeu isso no começo surfa na onda até hoje. Depois vieram os reality shows, com inúmeras celebridades de verão aumentando exponencialmente uma já enraizada cultura de superexposição. Quem tá fora quer entrar e quem está dentro não quer sair. É uma bola de neve que faz com que as pessoas cada vez topem em se expor das maneiras mais bizarras, onde a TV ganha audiência (acompanhada dos anunciantes) e índividuo ganha a sua chance de entrar no caldeirão dos “quase famosos”. Existem duas únicas coisas que melhoraram desde que eu me conheço por gente: os videogames e as lésbicas. Os videogames já eram bons quando comecei a jogar, afinal passei um tempo razoável da minha vida tentando passar do sexto dia no Enduro ou buscando incansavelmente a tela final de Pitfall no Atari. Veio o Nintendinho, Mega Drive, Super Nintendo. Bons tempos. Depois veio o Playstation, e as histórias foram ficando cada vez mais complexas com a evolução tecnológica. Já as lésbicas... bom quando eu era mais novo, a figura mais característica representativa dessa categoria feminina era uma mulher masculinizada e feia pra valer. Tão feia que não vale nem a pena descrever. Hoje em dia, as lésbicas são mulheres deslumbrantes. Não estou falando daquelas falsas de filme pornô, mas sim da sua colega de trabalho, sua vizinha ou até sua irmã, talvez. São mulheres lindas, seguras e interessantes. Estão longe da condição de “presa” das mulheres hetero. São as mulheres que poderiam ter qualquer homem do mundo e escolheram não ter nenhum. De repente elas descobriram que os homens pioraram, como todas as outras coisas do mundo, e resolveram que seriam mais felizes mantendo tudo no clube da Luluzinha. Mas esse argumento não vou desenvolver como os outros, pra não dar tiro no pé.

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PUBLI EDITORIAL

Tecnocultura A cultura está em ebulição e a selva de pedra foi substituída pela selva tecnológica: aprender a lidar com a nova realidade digital é essencial para sobrevivência pessoal e profissional. A novidade veio, a novidade foi, e se você ficou de fora por um segundo, está atrasado. Esse é o mundo em que estamos vivendo, graças às tecnologias digitais que estão chacoalhando as formas de nos relacionarmos. Ainda não sabe por que ficou de fora da última balada que seu amigo agitou? Provavelmente porque você ainda não tem um Twitter. Todo cuidado é pouco, porque o mundo ditado pela tecnocultura não torna somente os equipamentos obsoletos: você pode estar ficando obsoleto sem perceber. Por que a tecnocultura está com tanto poder? Porque ela une a cultura com uma de suas manifestações mais fortes: as tecnologias digitais, que carregamos conosco no nosso bolso, literalmente. Não é preciso ir muito longe para perceber como isso mudou nossa vida: olhe ao redor, neste exato momento. É quase certeza que existe alguém falando ao celular ou digitando um SMS. Isto porque as transformações tecnológicas mudam a dinâmica de comportamento e percepção que temos do nosso mundo. Já experimentou ler um livro no Kindle, da Amazon? Você sabe quantas fotos são inseridas no Flickr a cada dia, graças às câmeras digitais e aos celulares? Até o músico tem mais acesso ao público com o SoundCloud e o MySpace. O que inicialmente parece influenciar apenas a nossa vida social já deu provas, há algum tempo, de que influencia nossa vida profissional também. Novos termos surgiram no contexto das profissões, como o mobile marketing. E quanto tempo até criarem uma nova tinta para os artistas contemporâneos? Quem acha que apenas celebridades usam a internet esqueceu-se completamente da eficiência dela na campanha do atual presidente norte-americano, Barack Obama. Ou seja, das artes ao mundo dos negócios, a tecnocultura está transformando a revolução digital num verdadeiro terremoto: só fica em pé quem conseguir entender e atender um público cada vez mais exigente. E se as profissões estão sendo alteradas pela tecnocultura, é natural que instituições de ensino também sejam e se adaptem às novas exigências do mercado. O Centro Universitário Belas Artes de

“se você ficou de fora por um segundo, está atrasado” São Paulo, com quase 85 anos de tradição, já tem aluno fazendo Toy Art como trabalho de conclusão de curso. Israel Evangelista, Rafael Cruz e Thiago Cutovoi perceberam essa novidade e aprofundaram-se nela até apresentar uma coleção que valeu nota 10. “Não queremos que o professor seja o único a trazer a novidade para a sala de aula: queremos que o aluno também traga. Afinal, quem está promovendo essa mudança é o jovem – basta vermos a idade dos criadores do Google, Twitter, Facebook e Orkut”, afirma Patrícia Cardim, assessora institucional do Belas Artes.

Centro Universitário Belas Artes de São Paulo Núcleo de Design Rua José Antônio Coelho, 879 – Vila Mariana Tel.: (11) 5576-7300 www.belasartes.br

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coluna

beleza interior Por: Luisa Micheletti | Blog: mtv.com.br/blogdaluisa

Tudo começou quando Vitor me ligou perguntando se eu ia mesmo começar a escrever para a myWave. Meus textos impressos dariam a impressão (para mim mesma) de que eu realmente escrevo. Então meu blog não é pra valer? Sim, mas como eu nasci antes dos blogs, talvez ainda considere que palavras impressas têm mais credibilidade do que caracteres digitais. Vi que eu estava diante do meu lado mais conservador. - -

Mundo novo! – ele falou. Mundo novo? – tremi.

Era ele, cutucando minha cabeça antes mesmo de eu me dar conta. Não o Vitor, mas o que ele disse. Esse seria o tema da próxima edição. Revista mesmo, dessas com páginas, papel, fotos, que se soltar cai no chão, como qualquer outro material sólido que esteja sujeito à lei da gravidade neste nosso planetinha (ainda) físico. Ando recebendo inúmeros e-mails e lendo artigos à respeito das mudanças climáticas no planeta. Textos de estudiosos, cientistas, astrólogos. Em uníssono, o discurso é de que mudanças supostamente naturais vão acontecer numa velocidade cada vez mais alta. Ao lado delas, a economia do mundo vai se desestruturando, abrindo espaço para uma nova organização, ainda desconhecida. Natural que um caminho rumo a um gigantesco ponto de interrogação nos dê medo. Não fomos ensinados a viver com menos, a utilizar somente o necessário, a rearranjar o cotidiano, e, muito menos, a aceitar que somos transitórios. Estamos vivendo hoje o resultado do nosso próprio desequilíbrio somado ao longo da história. O conjunto do desequilíbrio de cada indivíduo. Buscar o próprio equilíbrio é a primeira e uma das mais importantes atitudes para reequilibrar o mundo. Olhar para si mesmo não significa ser egoísta ou individualista, ao contrário. É uma das tarefas mais difíceis, porém mais eficientes: dar conta da parte onde cada um pode realmente exercer algum poder de transformação. Parece irônico que, aqui do alto da racionalidade, da tecnologia e do poder da ciência, o ser humano esteja tão carente de religião. E não me entenda mal: a origem da palavra Religião vem de Religar, reconectar, não tem nada a ver com instituições e crenças que se dizem religiosas, mas que afastam ainda mais o ser humano de si mesmo. Nosso desequilíbrio vem da super-valorização do mundo exterior e da negligência com o mundo interior. Não estou defendendo uma teoria pé-sujo de que o lado espiritual é mais importante que o material ou de que a a tecnologia é maléfica. Nenhum lado é mais importante que o outro, afinal, o equilíbrio se dá com pesos iguais. A tecnologia, por exemplo, é uma ferramenta, como uma faca. A faca facilita muito a nossa vida, mas usada sem um bom propósito, pode ser terrível. Nunca tivemos tantos recursos ao nosso redor, mas se não nos reconectarmos à consciência, ficaremos reféns de nossas próprias criações. E estamos criando o tempo todo, sabendo disso ou não. Olhar honestamente para dentro de si e descobrir os próprios propósitos, é a única forma de escolher o que se quer criar. 14

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E %NTR

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E A OUTR S I O C A A

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#(%'/5 9/'/-)8 Uma mistura diferente de suco de fruta com leite para vocĂŞ beber entre uma atividade e outra do seu dia. A qualquer hora. E em qualquer lugar. Yogomix ĂŠ gostoso, saudĂĄvel e refrescante. Experimente nos sabores uva, pĂŞssego e maracujĂĄ. celebrating youth culture

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coluna

Então... Tá melhor? Por: Felipe Neto | Blog: www.controleremoto.tv

Esse mundo novo, o novo mundo, muito me faz pensar em devaneios sobre o antigo mundo, aquele que eu não conheço, mas que, no fundo, todos imaginamos. Cheio de mistérios e proximidades pessoais. Período em que encontros eram marcados por telefone e, para os mais saidinhos, era muito mais fácil ignorar a existência da pessoa no dia seguinte. Lembra da época em que você sequer podia encostar os dedos na coxa da menina? Pois é, nem eu. Os giros de rotação da Terra parecem ter sido em “full speed” desde a década de 50. O cinema evoluiu de “Cantando na Chuva” para “Senhor dos Anéis”. A música passou de “Elvis” e “Beatles” para “Snoop Dogg” e “Lacraia”. O futebol transformou “Pelé” e “Garrincha” em “Luís Fabiano” e “Robinho”. E o romance, bem, o romance foi passando cada vez mais para o lado da inexistência. Não que seja lá um aspecto negativo, afinal, minha mente super “novo mundo” está condicionada a cagar para esse melodrama de filme sessão da tarde. Sabe, na década de 50 não tinha ninguém preocupado com a minha vida. Se bem que eu sequer estava presente nos nobres testículos de meu pai, mas a essência é o que importa. Ninguém arremessava dedos à minha face por conta de um cigarro, ou me taxava de vagabundo por viver escrevendo. Eu não tinha, na época, um aparelho rastreador me conectando a pessoas indesejáveis nos momentos menos oportunos. Ok, assumo, não havia PlayStation, mas também eu não precisava gastar horas tentando zerar o God of War no modo God (já tentou? Maldito seja o criador desse jogo). Em compensação, na época ninguém estava querendo proibir brinquedos porque continham chumbo ou pecinhas que se soltavam. Ninguém se preocupava com obesidade, pressão alta, câncer de pulmão, o segredo era se intoxicar ao máximo e deixar o resto pra lá. Os carros não precisavam de cintos de segurança, airbags, apoios de cabeça ou poltronas. Era uma época de liberdade. De tempo. Hoje não há mais tempo. Estamos sempre com pressa, correndo contra a lógica, tentando encaixar trinta e sete atividades em quinze minutos. Perdemos o contato pessoal, gerando diariamente uma nova leva de indivíduos com fobia social, daqueles que não conseguem conversar a menos que tenham alguns segundos para pensar na resposta, como o MSN permite. Se precisar rebater uma pergunta na hora, já era. Surgiu a sociedade do “então...”, sempre permitindo uma leve pensadinha antes de formular a sentença seguinte. Dizem que sou meio louco por não achar que esse novo mundo é de todo maravilhoso. Sabe, eu gostava da época em que podia dormir com alguém e não ligar no dia seguinte. Hoje ela me acha no Orkut. Como posso mentir no bar, dizendo ser um grande empresário ligado ao ramo do petróleo, se a cidadã chega em casa, coloca “Felipe Neto” no Google e descobre minha insignificância? E não adianta recomendar o Orkutcídio, porque embora aquela maldita ferramenta sirva para me ferrar, também serve para conhecer gente nova. O mal é que aí sim não posso mentir, a desgraça já sabe quem sou eu ANTES do primeiro encontro. Se calhar, já sabe até minha preferência por posições e minha tendência a gostar de dar uns tapinhas. Acabou o mistério, hoje em dia todo mundo já sabe de tudo. Eu quero surpreender nos tapinhas! O quê? Se eu gostaria de voltar para a década de 50? Então... Sei lá. 16

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O Café de la Musique é um dinning club com o mais novo e inovador conceito no mercado. Apresenta serviço premium e conta com um staff composto por uns dos melhores profissionais do mercado. Este conceito reúne três características marcantes: Música, Moda e Gastronomia. Nomes de grande importância para a música e entretenimento e de atrações especiais; tanto nacionais como internacionais. A casa foi dividida em três espaços, cada um deles explorado por um estilista brasileiro de renome que apresenta seu estilo e toques pessoais. O grande apelo deste tema é que a decoração muda de acordo com as novas coleções. Na gastronomia o Café de la Musique se destaca por agradar um público exigente e de paladares variados, já que possui cardápios distintos, o da cozinha italiana, contemporânea e japonesa.

Av.ÊJuscelinoÊKubitschekÊ1400Ê-ÊS‹oÊPauloÊ-ÊSP Tel:Ê(11)Ê3079-5588Ê-Êwww.cafedelamusique.com.br

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coluna

o tempo não para Por: Soninha | Site: www.soninha.com.br

Não conheço uma pessoa que não tenha a sensação de que o tempo passa mais rápido agora do que passava antes. Eu mesma, por exemplo. Não me conformo que metade do ano já se foi. Ainda outro dia eu planejava qualquer coisa para o longínquo mês de agosto... Danou-se. Agosto chegou. Já li teses científicas a respeito dessa sensação. Como recebemos doses cavalares de informação todos os dias – muito mais do que antigamente – o cérebro as processa de tal maneira que, para não sobrecarregar seus arquivos de dados e programas, descarta logo as informações menos relevantes - ações e acontecimentos corriqueiros que tomam minutos e horas. A mente “passa por cima” delas de modo que, no final, só fica o registro das mais “importantes”. Do dia de 18 horas (“úteis”) sobram seis ou sete – entupidas de informação. Com isso, a semana passa a ser de 7 dias de 7 horas – curtíssima. Não é à toa que passa voando. Sei lá se a teoria procede – ou se eu, com meu cérebro sobrecarregado, nem lembro direito do que li e inventei uma nova. Sei que é interessante, convincente. Sei também que quanto mais as coisas ficam rápidas, mais impacientes ficamos com elas. Um minuto de microondas parece um século. 30 segundos esperando o elevador, 90 segundos parado em um semáforo, dois minutos para fazer um download são insuportáveis. Eu não tenho saco para funções que dependem de muitos comandos no celular. Quero atalho para tudo. Meu novo aparelho, muito mais sofisticado que os anteriores, tem tantos serviços que mandar uma mensagem de SMS já implica na abertura de vários menus. Desbloquear teclado – Mensagens – Nova Mensagem – Mensagem de Texto... Saco! Queria apertar uma tecla e já sair escrevendo. O pior é que eu ainda me acho meio bicho-grilo (será uma gíria tão antiga que ninguém com menos de 35 vai entender?). Adoro mato, falta de luz, chão de terra, carta, papel, caneta, caminhada, bicicletada, trilha, areia, riacho. Gosto mais de reggae raiz do que de tecno, de paciência do que de games, de pracinhas do que de academias. Mas a minha aflição com qualquer demora de segundos não tem nada a ver com essa coisa meio Visconde de Mauá que eu aprecio tanto. Eu sempre relutei em aderir às tecnologias. Demorei para ter computador (achava tão prático usar máquina-de-escrever... Nem precisava de impressora, era só datilografar que já saía no papel!), internet, celular, CD, DVD. Mas depois que começo a usar, incorporo na minha vida de tal jeito que fico parecendo a maior geek da vizinhança. Que nada... Blogo, tuito, emeio porque é tudo muito fácil, muito user-friendly. Qualquer mané é capaz de aprender o que eu sei. Já o conhecimento e habilidade da minha filha de 12 anos são outra história... Ela me ensinou a trocar o fundo do Twitter, por exemplo. Que também é dificuldade nenhuma, mas por preguiça não cheguei nem a tentar. Enfim, o tempo voa cada vez mais rápido (se o tempo não for a impressão que a gente tem dele, é o que?), as crianças já nascem sabendo o que é CTRL-ALT-DEL, adolescentes tem um milhão de amigos e a tecnologia ajuda a resolver todos os problemas que não tínhamos antes. Xi, essa frase já ficou velha? Tá vendo como são as coisas... 18

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coluna

fim do mundo

Por: Kandy Saraiva | Blog: www.ideiasnajanela.blogspot.com De acordo com o calendário maia, o mundo acaba em 2012. Na dúvida, melhor seria pensarmos sobre o assunto e desacelerar um pouco. Mas, que nada! Cada vez mais, aprendemos a correr. Se usássemos a velocidade para conquistar objetivos, vá lá, mas não. A gente se habituou a atropelar: os outros, os direitos, as ideias, as palavras. Agora, por exemplo, o negócio é escrever em 140 caracteres, como se nesse número coubesse tudo. De certa forma, à medida que nos tornamos nada, 140 caracteres passam a ser muito. Estamos cada vez mais vazios. E podres. Vamos embolorando aos poucos, uma hora por causa da impotência, outra hora devido à alienação. Às vezes porque não adianta, outras porque não dá. Faltam atitudes e sobram desculpas. Fica tudo no desejo, para amanhã. E amanhã parece tão longe, tão depois, que o agora só serve se for imediatamente, de preferência relacionado a alguma necessidade individual. Então, antes que o mundo acabe, a única coisa a fazer é consumir mais, gastar mais, mesmo sem um tostão furado no bolso, para aproveitar, sacumé? A gente gasta o que não tem e culpa a crise pelo desemprego. E, se não dá para comprar, a gente pirateia, ninguém vai ficar sabendo mesmo... o resto é imposto, e a culpa, sempre do governo. Falando nele, hoje a gente pode usar a internet para combater a corrupção. Legal. Por outro lado, olha só que curioso, muito de nosso tempo se resume a esperar downloads terminarem, a copiar e colar, atropelando direitos autorais – de novo. Ilegal. Os políticos não podem sair da linha, mas a gente pode; eles têm de ser honestos, mas a gente não. Eles têm de fazer, a gente só aproveita. A incoerência não para aí. Políticos ou não, nunca o ser humano dedicou tanto tempo a si mesmo, num exercício intenso de egoísmo. Saímos por aí questionando que mundo vamos deixar para a próxima geração, como se tudo só pudesse ser usufruído no futuro, por outras pessoas, em outro tempo. Mas o mundo deve se perguntar que geração estamos deixando para ele. Estamos perpetuando a pergunta em vez de multiplicar a resposta. E, para piorar, a gente se esquece de que quem vai ensinar essa próxima geração a ser o que queremos que seja não é o mundo, os maias, a internet ou o governo. Somos nós e nossos exemplos. Nós e nossas crenças. Nós e nossa cultura. Nós e nosso comportamento. Nós e nossa coerência, nosso caráter, nossa verdade. Hoje. Olhando para a humanidade desse jeito, é melhor que o calendário maia esteja certo.

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Foi difícil fazer o Google falar sobre seus medos, mas em entrevista exclusiva, seu Diretor de Comunicação nos falou sobre o que a empresa teme, além de comparar os impactos da tecnologia na nossa vida ontem, hoje e amanhã Por: Thais Ito 11h50. Dois funcionários entram em uma sala cuja placa diz “Diretoria”, onde, sem hesitar, dirigem-se à mesa de sinuca para sua partida diária. No mesmo local há fliperama, Wii, X-Box e jogos de tabuleiro, como War e Imagem & Ação. Praticamente todos os dias, eles e os demais funcionários também aproveitam outras regalias, como sala de massagem, mesas de pebolim e pingue-pongue, puffs, bombons e salgadinhos (que eles apelidaram de “porcaritos”), bebidas (inclusive aquela breja marota) e até organizam campeonatos de Counter-Strike na LAN house que fica no próprio escritório. “E o escritório é tão paulistano que, enquanto uma pequena sala de reuniões foi batizada 22

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de ‘Ipanema’, a maior sala leva o nome de ‘Maresias’, diz Carlos Félix Ximenes, diretor de Comunicação do Google Brasil. É assim o ambiente de trabalho do Google em São Paulo. Foi nesse tom bem-humorado que rolou a entrevista com Ximenes. Ele fala dos impactos da tecnologia (puxando sardinha para a internet, claro) ontem, hoje e de como será amanhã. Imagine sua geladeira interagindo com você e com sua rede social na internet? É, ele cita isso. Porque a tendência, segundo ele, é o crescimento das ferramentas sociais e da interconexão entre aparelhos. Ximenes também revela que o Google, temido por tantos, também tem lá seus medos. Quando nos conduziu por um tour no escritório, deixando-nos com lágrimas nos olhos ao exibir o invejável ambiente de trabalho, Ximenes sacava seu crachá para liberar as portas toda vez que passávamos de um ambiente para outro. Quanta segurança, seu Google...“Um dos nossos maiores medos é o vazamento de informação”, diz. Tanto que em algumas áreas é expressamente proibido fotografar, já que as informações internas são expostas livremente entre os funcionários. A empresa também teme que as pessoas percam o interesse pela internet, embora incentive que os usuá-


entrevista

Yahoo. Mas o Google se mostrou muito eficiente para criar prioridade para as informações, aí vi que eles estavam transformando alguma coisa. rios saiam do computador para “viverem” mais e aumentarem suas bagagens intelectuais. E mais: Ximenez RIU ao afirmar que a empresa não tem medo de Chuck Norris, o maior dos destemidos, (não se ri diante do fogo, seu Google...) mas saímos com a impressão de que foi uma risada bem falsa... Então, leitores da era Google, aproveitem essa entrevista com o todo-poderoso, o grande símbolo tecnológico que surgiu há tão pouco, em 1998, revolucionando o sistema de busca e organização da informação. Ah, e só para que fique registrado: o faturamento do Google é de US$ 20 bilhões, dos quais 97% vem de publicidade, e a empresa nega (só Chuck Norris não temeria negar) que queira dominar o mundo.

Como é a sua história com o Google?

Sou jornalista e trabalhei em redação cobrindo Cidades, mas tinha preferência por Informática, então escrevia matérias eventuais sobre tecnologia. Aí surgiu o convite para trabalhar na Microsoft, depois na Nokia, depois no Google. Antes de conhecer o Google usava o Alta Vista, porque não gostava do sistema de pastas e diretórios do

Como fazia pesquisa na redação de jornal?

Trabalhei em redação de 89 a 94 (a internet só foi aberta no Brasil em 95). Havia um monte de pequenos provedores e eu usava o do IBASE (Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicos), do Betinho, irmão do Henfil [cartunista brasileiro]. Eu tinha que ligar para o Rio de Janeiro, interurbano, linha discada. Minha mulher queria me matar por causa da conta. Eu só fazia de madrugada e varava a noite pesquisando para no dia seguinte ter material para trabalhar. A pesquisa era um trabalho extenso e especializado, achar coisas no passado era pra quem tinha faro. Na faculdade todo mundo tinha sua agendinha com contatos e ninguém emprestava para ninguém, era o seu patrimônio.

O jornalista norte-americano Gay Talese disse no programa Roda Viva, da TV Cultura, que ainda não usa o Google... Eu acho que é uma arte que está se perdendo, mas em toda arte sempre haverá alguém defendendo. É importante que o ser humano continue mantendo a habilidade de associar informações, discernir o que é importante, criar hierarquização. Vamos continuar celebrating youth culture

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tendo buscadores analógicos, e isso é fundamental para continuar renovando o olhar sobre o conhecimento humano. E o próprio mecanismo de busca deve se humanizar mais.

O que o Google mudou no mundo, nos nossos hábitos cotidianos?

O Google encurtou caminhos, tornou as informações muito mais acessíveis. Nossa missão é organizar as informações do mundo e a busca foi a nossa primeira forma de tentar atender a essa necessidade.

Que outros personagens dos setores tecnológicos mudaram os nossos hábitos?

A vida há quarenta anos era completamente diferente. Você frequentava uma escola que ficava perto da sua casa, viajava nas férias para a praia, pois dava para ir de carro ou de ônibus, tinha amigos na sua vizinhança, fazia compras na vendinha da esquina, era tudo incrustado geograficamente numa distância de no máximo 30 km. Nos últimos 100 anos, romperamse as barreiras geográficas, criaram carro, avião, telefonia, trem, televisão, celular, fotografia. Hoje é tudo muito imediato. Por exemplo, um dos meus hobbies é tirar fotos. Uso filme preto e branco até hoje, tenho até um laboratório. E quando tiro foto da família, todo mundo vem dizendo “Deixa eu ver?”, mas não dá pra ver. É o imediatismo. A carta é outro exemplo, às vezes demorava vinte dias para receber a resposta. Hoje você manda um e-mail e, se a pessoa não responder na hora, você já o cutuca no GTalk ou no Messenger. A Apple, a Microsoft, a Kodak causaram grandes mudanças. A informática foi um grande acelerador de transformações. Ganhei meu primeiro computador, um Apple II, com 12 anos. Gastava um dia inteiro escrevendo linha de código para fazer um Bio Ritmo, uma febre dos anos 80, que nem o horóscopo é hoje.

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Com a data e hora de nascimento, geravam-se curvas para o emocional, o físico e o intelectual, indicando quando cada estado estava em alta. Todo mundo no bairro queria fazer. Era bom para arrumar namorada (risos).

Dominar a tecnologia atrai mulheres? Oooopa! (risos)

Como você compara suas atividades online e offline de hoje e de ontem?

Sou uma pessoa 100% digital, mas com uma pegada analógica. Outro hobby meu era tocar como DJ e há pouco um amigo me arranjou uma nova pick-up. Comecei a ouvir discos e comprar vinis de novo. Pulei do MP3 para o vinil! Mas digitalizei coisas para o MP3 - navego entre os dois mundos. No digital você fica muito acelerado. No analógico tem uma qualidade diferente e você baixa a velocidade. Por exemplo, quando eu tiro uma foto, mando revelar e depois amplio em casa. Me tranco no quarto escuro, sem ninguém por perto...É uma terapia. Essa navegação entre os dois mundo é muito gostosa. Moro num bairro muito


entrevista

o Eric Schmidt, fez uma brincadeira. Perguntaram o que ele recomendava para os jovens. Ele falou “Desliguem a internet e vão ler um livro, vão fazer alguma coisa fora da internet.”

E isso não é ruim para o Google?

tradicional (Vila Madalena), onde você conhece as famílias e existe um senso de comunidade, que é muito difícil numa cidade como São Paulo. Conhece um pensador francês chamado Paul Virilio? Ele tem uma teoria de que a velocidade degenera o espaço físico. Ele dá o exemplo do transporte. Você andava com cavalo, depois com bicicleta e, conforme você acelera a velocidade, seu campo de visão e seu foco diminuem - você só olha para a pista, não mais para a paisagem. Acontece também com a internet e com a tecnologia em geral, que aumentam a velocidade. Quando você procura um livro analogicamente, folheia várias opções, pede indicação para alguém, tem todo uma interação. Você vê muito mais paisagens, isso interfere na sua qualidade de relação com o mundo exterior. O mundo analógico tem esse poder de desenvolver esse senso de comunidade. Você tem uma inserção social, que é importante ter.

E você não teme que as ferramentas do Google incentivem as pessoas a ficarem ainda mais na internet e deixarem a interação de lado?

Mas não há nada de errado em ficar mais ou menos tempo na internet. Recentemente, o nosso CEO,

Não, é ótimo! A gente precisa de gente inteligente. As pessoas que usam a inteligência e têm experiências mais diversificadas reconhecem o valor de um serviço. Se você fica usando SÓ o Google, perde o parâmetro. Então vão curtir outras coisas, experimentem. Só assim você descobre o que é melhor para você. E no Google não existe isso de que você é NOSSO cliente. Você ESTÁ nosso cliente enquanto satisfeito. Eu, por exemplo, uso o Macintosh, adoro a Apple, mas tenho uma certa mágoa com ela porque por muitos anos a marca fazia coisas com formatos próprios, por exemplo uma impressora exclusiva para a Apple. Então eu me sentia roubado. Por que eu não posso imprimir em qualquer outra, por que tenho que ser punido pela minha fidelidade? A Apple hoje trabalha com padrões da indústria, mas ainda tem algumas frescuras. Isso limita meu poder de decisão, mas sou um prisioneiro voluntário porque gosto da marca.

Como enxerga a recente parceria da Microsoft com o Yahoo? A gente acha ótimo. Testem, experimentem.

O que assusta o Google?

As pessoas desistirem da internet. Elas falarem “A internet não tem mais a mesma graça, não é o que eu queria, vou fazer outra coisa da vida”. Nosso negócio é 100% internet. A gente não vai fazer uma bicicletinha ou leques Google. Então se a internet por algum motivo perder qualidade ou virar um depósito de spam, de fraudes, de pornografia, não interessa para a gente. celebrating youth culture

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E não tem medo de uma pane geral?

A internet foi desenhada para ser à prova disso. O Vint Cerf, pai da internet, me disse que “[o risco] é quase zero porque a internet foi desenhada para ser redundante, ser estável, segura. Por mais que a gente possa ter grandes crashes, a internet não morre.”

O Google não tem medo nem do Chuck Norris? (risos) Não (ALTOS risos)...

Não é contraditório nos incentivarem a sair da internet e ao mesmo tempo temer que a gente a deixe?

A internet faz parte da vida da gente hoje. Não é mais coisa só de geek, de tecnófilo. A internet hoje faz parte da vida.

Mas você acha que dá para viver sem internet? Dá. Mas a pergunta é: “por que você faria isso”?

Que novidades tecnológicas assustariam os funcionários do Google?

A literatura é rica em ficções sobre o homem virando escravo da máquina ou sobre estados totalitários, como o “1984”, de George Orwell. São cenários possíveis, mas não vai acontecer porque o mundo está

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mais conectado, mais crítico, trocando informações de culturas diferentes. Acho impensável uma ditadura aqui no Brasil, por exemplo. Aposto que, se tentassem, a comunidade brasileira se comunicaria com o mundo todo. Hoje o mundo se mobiliza, é mais difícil ser despótico. Claro, há casos como o Hugo Chavez, mas ele não consegue fazer barbaridades porque o mundo está de olho e a comunidade venezuelana de resistência está conectada com o mundo. Olha o Irã tendo eleições com suspeita de fraude. O país se mobilizou, o Twitter e o YouTube bombaram. A internet hoje tem um papel fundamental, inclusive para garantir a democracia. A internet não é vilã, faz parte do tecido social.

Na sua passagem pelo Brasil, Vint Cerf, “pai da internet”, disse que o PIB pode aumentar com o crescimento de oportunidades vindas da internet, mas a privacidade pessoal sofre. Como isso deve evoluir? É um balanço sensível. O Vint me perguntou se eu havia morado numa cidade pequena, eu lhe disse que cresci em um bairro pequeno. Ele rebateu: “Como é que era no seu bairro quando você fazia besteira com sua namorada?” Respondi: “Todo mundo ficava sabendo”. Ele: “E aí, o que acontece?”. Eu: “Aí você ar-


entrevista

ruma namorada em outro bairro porque ali queimou o filme”. O mundo, o ser humano é assim.

Na internet a proporção disso é muito maior...

Concordo, mas a internet também tem muito mais ferramentas poderosas para preservar a privacidade. Por exemplo, se um cara de uma cidade pequena andasse na rua dele com a cueca pra fora ou com uma meia de cada cor, todo mundo podia ver. Hoje [na internet] posso determinar o grau de exposição e para quem vou me expor, dá para criar filtros. Isso não existia lá na cidade pequena; se espirrava todo mundo via. Mas ok, você vai me dizer “E aquele caso da menina que foi filmada pelada pelo namorado e rodou a internet?”. Bom, primeira coisa: não se deixe filmar por nenhum namorado ou até marido, eles são temporários. Se você quer preservar sua privacidade, não se deixe fotografar ou filmar. O problema não está na internet, a internet é só um meio, o problema está no comportamento das pessoas. Você tem que gerenciar a sua vida.

Há alguma tecnologia que vai mudar a internet como conhecemos?

Haverá cada vez mais ferramentas sociais, como o Twitter, o Facebook, MySpace, Orkut. É uma tendên-

cia clara. As pessoas gostam da internet, e experimentar a internet junto com os amigos é muito mais divertido. A internet acelera algumas relações, mas elas acontecem de fato na vida real.

Qual a visão do Google em relação ao futuro, daqui a cinco, dez anos?

A interoperabilidade [capacidade de sistemas diferentes interagirem] de máquinas, coisas e pessoas vai ser maior. Por exemplo, hoje você vai para um hotel e leva celular, notebook, BlackBerry – várias telas e teclados. Que legal seria chegar lá e levar só uma caixinha preta, que reconhece a tela da televisão do quarto e interage. Teria então no hotel a minha estação de trabalho pronta, sem precisar ficar levando várias coisas. Interconexão vai ser uma tendência, as coisas vão se reconhecer. Outro exemplo: minha geladeira poderia entender que minha água está acabando e perguntar se encomenda mais na vendinha. Diria “sim, ok”. Mas aí decido que quero comprar outra marca, mas não sei qual. Então a geladeira consulta na rede social qual a água que meus amigos gostam. Você vai interagindo entre coisas e pessoas para fazer sua vida mais fácil. Nos próximos anos a gente vai ver muito isso: interconexão social entre nós e as coisas que nos servem. celebrating youth culture

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ELES PENSAM

mulher moderna Por: 3x30 - Solteira , Casada e Divorciada | Blog: 3xtrinta.blogspot.com

As mulheres estão sempre em desvantagem. Não adianta negar, e também não falo isso para me gabar, porque essas regras são impostas pela sociedade (não por mim) e em momento algum digo que concordo com elas. Apenas constato fatos e repito a constatação: estão em desvantagem. Os tais “relacionamentos modernos” são prova disso. Vejamos, por exemplo, o que eram as relações arcaicas, antigas e conservadoras: os homens mandavam e as mulheres obedeciam. Eles trabalhavam fora de casa e elas cuidavam da “lida doméstica” (ou pessoalmente, ou comandando as empregadas do lar). E, invariavelmente, eles é que tinham várias amantes - muito embora, é claro, elas também tivessem os seus. Em termos financeiros e de emancipação social, quem sentava na graxa eram as criaturas do sexo feminino, pois divórcio ou “desquite” não apenas inexistiam no mundo jurídico, como também, quando eles ocorriam de maneira informal, as deixavam na miséria. Um jogo péssimo, um verdadeiro perde-perde para elas. Mas, vejam só, hoje temos os “relacionamentos modernos”. Os dois trabalham, dividem contas etc. Podemos dar a isso o nome de relação modernosa, mas acho que a idéia é ir além. Porque, sexualmente falando, moderna mesmo é a relação aberta, aquela em que não se fala em fidelidade conjugal, o laço que os une é estritamente amoroso e sentimental e o físico independe disso. Certo? Então vejamos. 28

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Levando em conta que ambos são sexualmente livres, temos aí um empate. Por mais que o machismo social (sim, ele existe) faça com que o homem seja visto como ‘perdedor’, o saldo é igualitário. Cada um apronta das suas, de comum acordo, e fim de conversa. De modo que a pontuação complica quando o casal resolve fazer alguma coisa “em conjunto”. Salvo casos atípicos, o mais clássico é levar outra garota para a cama. De novo: não adianta dirigir acusações a mim. É pura estatística, com levantamentos científicos do DataGravataí. E muitas mulheres, inclusive, preferem assim, detestando a hipótese do camarada propor um ménage no qual ele traga outro caboclo para firulas consigo próprio. Mentira? Pois é... Sim, evoluímos. Os casais maduros de hoje vivem numa boa e estão em sintonia bacana. Mas, quando o assunto é “relacionamento moderno”, temos um grau de desigualdade favorável aos homens, não adianta negar. Não é como antigamente, claro, até porque nos dias de hoje há um certo consentimento feminino (ao contrário dos tais grilhões sociais d’antanho). É por isso que sempre agradeço aos céus por ter nascido homem. Para se ter uma idéia da força dessa oração, basta lembrar que nem acredito em Deus.


ELAS PENSAM

homem moderno

Por: Gravataí Merengue | Blog: www.gravataimerengue.com.br Lembram daquela música do Pepeu Gomes? “Em ser um homem feminino, não fere meu lado masculino...” E não fere mesmo. Aliás, reforça, encanta e desperta admiração. Há pouco tempo testemunhei dois exemplos bem próximos desta máxima. Os dois homens foram pais pela primeira vez recentemente. A dupla pertence a gerações diferentes, um na casa dos 30, outro, pai aos 40 pela primeira vez. Ambos tiveram meninos, sendo que um deles quase ficou histérico no dia do parto. A ansiedade era tamanha que parecia ser ele quem daria a luz. Na verdade foi quase, pois o futuro papai ficou na sala de parto segurando a mão da esposa durante todo o tempo. Da quase histeria para a determinação na hora certa, acompanhou tudo sem vertigens, sem medo, sem tremedeiras, sem desmaio. Ficou ali dentro da sala num claríssimo “tô contigo e não abro” como poucos que já vi. Já o outro me contou que é capaz de ficar vendo seu filho dormir por horas seguidas e nem sequer notar o tempo passar. Fica lá, assumidamente babando, curtindo cada movimento da respiração, do rosto e das mãos do filhote... Enfim, corujar tem sido o seu esporte favorito nestes tempos. “Se soubesse que era assim, teria tido filhos antes.”, resumiu. Então, queridas leitoras, ficaram espantadas? Pois é, foram dois homens que fizeram e disseram essas coisas. Sim, eles estão por aí e sempre estiveram. Vocês nunca perceberam? Num primeiro momento também me surpreendi nos dois casos. Só que, em seguida, percebi que essa surpresa era totalmente infundada. Eu simplesmente repetia neste espanto um padrão de comporta-

mento que muitas mulheres adotam por ser este o mais fácil. Afinal, não tem nada mais moleza na vida que seguir o senso comum. “Ah, mas isso é exceção. Ah, mas isso não existe. Só mesmo fulano para ser assim”. Quanta bobagem... Num português bem claro: o espanto é taxativo de quem adora categorizar. Colocar os homens num saco, e as mulheres no outro, por exemplo. Como se a vida fosse um armazém de secos e molhados. As relações mudaram; homens e mulheres, cada um com seu script pré-determinado, é coisa do passado. Nessa nova história que os relacionamentos modernos escrevem a cada dia não existem vilões, nem mocinhas. Homens ficam “grávidos” e trocam fraldas, enquanto muitas mulheres estão diante do computador, trabalhando, nos intervalos que o bebê concede. Por isso, que tal acordar e olhar para os lados sem preconceitos? Antes do gênero, tem a personalidade e o temperamento e, principalmente, existe a escolha de cada um. Aconteça o que acontecer, uma escolha foi feita lá atrás. Será que nada de bom resta de uma relação que terminou? Eu duvido. Sair melhor depois do fim já é um grande lucro. E porque espantar-se quando homens dizem, com todas as letras, que pensariam mil vezes antes de sair de casa quando há filhos em jogo? Ué, pensaram que eles não estavam nem aí para as crianças? A realidade não é bem assim não. Os homens não são todos iguais. Muito menos as mulheres. Que tal deixar de ver a vida em preto e branco?

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issue

honda city A Honda diz que ele não é nem uma versão menor do Civic nem uma opção sedã do Fit, apesar do nome City ser uma junção da sílaba inicial do primeiro com o final do nome do segundo. Mas o novo três-volumes da marca japonesa, chega tentando cavar seu lugar entre os dois companheiros de concessionária com preços entre R$ 56 210 e R$ 71 095, valores que o colocam acima de rivais como Fiat Linea, Polo Sedã e perigosamente perto dos consagrados Civic e Toyota Corolla – uma prova dessa “operação de risco” é notar que o Civic mais barato custa R$ 6 730 menos que o City top de linha. Todos as versões terão motor 1.5 16V flex de 116 cv de potência. Apesar do preço próximo ao do Civic, a Honda aposta em “atributos diferenciados” para convencer o cliente. Trocando em miúdos, a marca afirma que os carros são muito diferentes e atrairão públicos distintos.

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Foto Divulgação

ALO? QUE HORAS SÃO? Quem achava que essa história de relógio/celular era coisa de Jornada nas estrelas, tem que ver esse novo LG G910. Ele tem tela de 1,4 polegada sensível ao toque. Como o aparelho não conta com muitos botões, é a partir dessa tela mesmo que as principais operações do telefone móvel são selecionadas.

Ele é pequenininho mas pode realizar videochamadas a partir de uma pequena câmera embutida no telefone. A conexão com a internet chega a uma velocidade de 7,2 megabits por segundo, mais rápido que muito PC velho por ai.

A LG afirmou que o aparelho chegará ao Brasil até o fim de 2009, mais ainda não há informações sobre preço (prepare o bolso). Na Europa ele já tem preço definido: custará 899 euros (1.290 dólares).

Foto Divulgação

TWITTERNECA A tecnologia continua dominando os objetos do nosso cotidiano e o Twitter, febre do momento, não podia ficar de fora. 

Essa é a Twitterneca, uma caneca que monta um mosaico com seus seguidores no Twitter. Funciona mais ou menos assim. Você coloca o seu login no site, ele monta um mosaico com seus followers e estampa esse mosaico em sua caneca.
 Existem alguns sites que oferecem o mesmo serviço, um nos EUA e outro aqui no Brasil mesmo. Ambos entregam na sua casa. A caneca personalisada sai por uma bagatela de 40 reais (no site nacional) e chega em dois dias. http://sxoop.com/twitter/ www.twitternecas.com.br

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A LIGA DA INJUSTIÇA Os brasileiros parecem que já se acostumaram a tanta roubalheira. às vezes até esquecemos os grandes escândalos envolvendo nossos governantes. Por isso fizemos uma compilação de todas as barbaridades desses caras que insistem em trabalhar contra o desenvolvimeto do Brasil. Com vocês: “A Liga da Injustiça”. Por: Jonas Gonçalves Quando a Política se torna um campo de batalha envolvendo tanto interesses pessoais como antagonismos partidários, que se sobrepõem ao debate de temas relevantes para a Nação, tudo caminha para um impasse e um baixo nível que envergonham qualquer sociedade. Nos últimos 20 anos (período em que o País está redemocratizado), o noticiário sobre a Política vem sendo dominado por Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs) e discussões acaloradas sobre denúncias de corrupção e brigas partidárias que visam, tão somente, derrubar quem está no poder para que outros ocupem o lugar. Em 1989, Fernando Collor de Mello foi eleito presidente do Brasil. Alguns leitores certamente se lembram de que, na época, só se falava em corrupção no governo do então presidente José Sarney. As investigações sobre o que se passava nas altas esferas começaram a se tornar corriqueiras naquele período. E o crítico mais feroz e contumaz de Sarney era ninguém menos do que o “caçador de marajás”, eleito naquele pleito como uma forma de mudar a realidade política brasileira. Contudo, o resultado foi frustrante. As denúncias se avolumaram e se multiplicaram a partir do fracasso 32

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do plano econômico que levava o nome do presidente. Os casos de corrupção se espalharam como um câncer que contaminou a administração pública. O centro das denúncias foi o tesoureiro da campanha eleitoral, o empresário Paulo César Farias, que usava cheques de correntistas-fantasmas (titulares de contas bancárias com nomes fictícios) para pagar até mesmo despesas pessoais de Collor, como as famosas cascatas da Casa da Dinda. Em dezembro de 1992, Collor renunciou e perdeu os direitos políticos por oito anos. Mas, ele voltou. Contra todas as expectativas, foi novamente eleito para um cargo público. Em 2007, foi empossado como senador por Alagoas. E, atualmente, apoia tanto o adversário nas eleições de 1989, o atual presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, quanto o alvo preferencial de seus disparos verbais naquela campanha, o presidente do Senado, José Sarney. Alguns diriam que os tempos mudaram, mas, a rigor, na Política brasileira tudo permanece rigorosamente como antes. Não há coerência, pois os interesses político-partidários comuns se sobrepõem a quaisquer divergências passadas. Quando se está no


PO! LITICA

poder e se sabe dividi-lo para obter aliados, inimigos se tornam amigos (e vice-versa). Anões e outros bichos Em 1993, os “Anões do Orçamento” entraram em cena. Um deles, o deputado baiano João Alves, um dos seis parlamentares de baixa estatura cassados após as investigações, foi o símbolo daquele momento, ao justificar a riqueza alegando ter vencido dezenas de vezes na loteria. E a sequência de escândalos não parou por aí, ganhando cada vez mais impacto de repercussão com o desenvolvimento dos veículos de comunicação, especialmente a Internet. A indignação e os protestos se multiplicam, especialmente em programas “politicamente incorretos” como o CQC (Custe o Que Custar), da Rede Bandeirantes, que mostra, com uma boa dose de sarcasmo, a incompetência de muitos dos que ocupam cargos no Congresso Nacional. No livro “Jornalismo Econômico”, a jornalista Suely Caldas escreveu que os parlamentares e suas CPIs só se interessam em apurar práticas de corrupção enquanto estiverem sob a atenção da mídia. Depois de um tempo, o escândalo é logo esquecido e arquivado. É aí que entra a famosa expressão “tudo acaba

em pizza”, pois os resultados das investigações frente à dimensão dos escândalos quase sempre são pífios. Nos governos FHC e Lula, o volume de escândalos continuou alto. Desde a compra de votos para aprovar a emenda da reeleição, em 1997, até o emblemático “mensalão” (compra de votos pelo pagamento mensal de R$ 30 mil para deputados), em 2005. As denúncias do deputado Roberto Jefferson, que impressionou o País pela boa oratória de advogado frente

Nos governos FHC e Lula, o volume de escândalos continuou alto. Desde a compra de votos para aprovar a emenda da reeleição, em 1997, até o emblemático “mensalão” às câmeras, entraram para a série de momentos que deveriam ser inesquecíveis para os cidadãos. Porém, apenas alguns se lembram, pois a maioria esquece (muitos por preferência, pois nem todos fazem jus à fama do brasileiro de não ter memória, especialmente para fatos políticos). Vale lembrar também do “mensalinho”, o pagamento de R$ 10 mil mensais ao deputado Severino Cavalcanti, feito pelo empresário Sebastião Buani para que ele pudesse manter um restaurante na Câmara dos Deputados. O escândalo veio à tona em 2005, quando Cavalcanti era o presicelebrating youth culture

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PO!LITICA

dente da Casa. Os pagamentos ocorreram em 2003, quando ele era o primeiro-secretário. Com a série de denúncias envolvendo o senador José Sarney, que já marcaram o ano de 2009, o Senado entrou em uma profunda crise, que envolve a estrutura administrativa, cabide de empregos para parentes (nepotismo) e aliados. Com o baixo nível que se viu nas brigas entre os senadores Pedro Simon (PMDB-RS), Fernando Collor (PTB-AL), Renan Calheiros (PMDBAL) e Tasso Jereissati (PSDB-CE), a mídia deu mais

O excesso de funcionários do Senado e de toda a estrutura do poder em Brasília deveria receber maior atenção. Afinal, como é possível se falar em combater atos de corrupção se quem deveria fazê-lo, são aqueles que os praticam? valor aos arranca-rabos e a expressões que deveriam ser impublicáveis por respeito os leitores (mas que, infelizmente, vieram a público). O excesso de funcionários do Senado e de toda a estrutura do poder em Brasília deveria receber maior atenção. Afinal, como é possível se falar em combater atos de corrupção se quem deveria fazê-lo, servindo assim de referência para a sociedade (os representantes escolhidos pelo voto) são aqueles que os praticam? Também é importante ressaltar que as disputas entre deputados ou senadores sempre possuem um expressivo componente de disputa política, visando as próximas eleições. Atualmente, já se articula para 2010, quando serão eleitos deputados estaduais e federais, senadores, governadores e o presidente da República. Os dois grandes blocos (situação e oposição) não perdem oportunidades de se diferenciarem um do outro, preferindo priorizar a desqualificação dos adversários em detrimento de propostas que possam, de fato, transformar o Brasil. A reforma política, por exemplo, naufraga governo após governo, pois sempre aparece um escândalo que serve como 34

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pretexto a fim de monopolizar as discussões em plenário e paralisar os trabalhos, deixando jornalistas na posição de meros comentaristas de trocas de insulto e a sociedade descrente de uma perspectiva de mudança real. Quando se realizou um plebiscito em 1993, a fim de escolher a manutenção ou mudança tanto da forma quanto do sistema de governo (respectivamente, monarquia ou república e presidencialismo ou parlamentarismo), não houve o aprofundamento necessário para que a população entendesse a importância daquele momento histórico. Era a chance para que o parlamentarismo fosse experimentado como solução. Nesse sistema, se ocorrem escândalos políticos, estes podem ser solucionados com um voto de censura e a correspondente queda do governo e, até mesmo, a eventual dissolução do parlamento, seguida de novas eleições legislativas, sem ruptura política. Entretanto, dificilmente haverá outra oportunidade para comprovar a eficácia desse sistema na realidade brasileira.

Acompanhamento

Para aquele eleitor que deseja saber a quantas anda a (in)atividade daquele político em quem votou no último pleito, a dica é acessar o site do projeto Excelências (www.excelencias.org.br), mantido pela Organização Não-Governamental (ONG) Transparência Brasil. Na página, é possível obter informações como uso de verbas indenizatórias, assiduidade nas sessões e bens declarados à Justiça Eleitoral. Basta digitar o nome do parlamentar no campo de busca. O projeto Excelências traz informações sobre todos os parlamentares em exercício nas Casas legislativas das esferas federal e estadual, e mais os membros das Câmaras Municipais das capitais brasileiras, num total de 2.368 políticos. Os dados são extraídos de fontes públicas (as próprias Casas legislativas, o Tribunal Superior Eleitoral, tribunais estaduais e superiores, tribunais de contas e outras) e de outros projetos mantidos pela Transparência Brasil, como o Às Claras (financiamento eleitoral) e o Deu no Jornal (noticiário sobre corrupção). Para saber mais informações, também é recomendado visitar o próprio site da Transparência Brasil (www.transparencia.org.br).


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la balada madrileña Nosso correspondente internacional, nos conta como é a noite na espanha. entre chupitos e baladas até as 6h da manhã descobrimos o melhor de madri. Por: Rafael Vazquez Já são 21h30, mas no verão de Madrid o sol faz valer sua boa localização no centro do sistema solar e fervendo a capital espanhola a temperaturas que chegam a 40 graus. Além disso, o marco zero da cidade é justamente na Praça Porta do Sol. Então, “a Lua e as estrelas que esperem para entrar”. À vontade e antes de se retirar pacientemente, o astro assiste boa parte dos cerca de 3,5 milhões de moradores, reforçados por um incontável número diário de turistas, se apresentarem para a odisséia proporcionada pela eclética, dinâmica e intensa noite madrileña. Atualmente, na principal cidade do país, onde Reis Católicos impunham o cumprimento das leis eclesiásticas e a Inquisição condenava hereges à fogueira, pecado mesmo é sair de casa para visitar um único sarao, nome dado às festas ou agitos noturnos. Salir de copas ou ir de fiestas significa que, nas próximas seis ou oito horas, entre cafés, terrazas (bares com mesas nas calçadas), pubs, discotecas ou mesmo praças, uma pessoa poderá ir a quatro, cinco ou seis lugares diferentes – pode ser até mais, dependendo da inquietação, ou menos, caso encontre companhia agradável antes das 3h da matina. São vários os motivos que possibilitam a noite madrileña de ter essas características. A grande maioria das atrações estão concentradas no centro da cidade 36

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e em bairros muito próximos. Isto gera um fenômeno bastante vantajoso, pois para vencer a concorrência muitas discotecas pequenas colocam “relações públicas” nas ruas convidando as pessoas a conhe-

cerem o local sem pagar entrada, com direito a um chupito. Maliciosos(as) e recatados(as),

calma! Chupito é nada mais que uma pequena dose de alguma bebida oferecida pela casa como cortesia, geralmente uma daquelas saborosas e perigosas cachaças doces. Depois de passar a régua no presente, não há obrigação nenhuma de continuar na casa. Se o lugar desagrada, pode ir embora sem dar nenhuma satisfação. Mas, para entrar no clima e não se precipitar em impressões rápidas, o ideal é pedir ao menos uma caña de cerveja, que são copos parecidos com aqueles de boteco. Costumam ter preços justos. A não ser que o ambiente esteja muito interessante, com pessoas igualmente interessantes e interessadas na pista de dança, alguém logo vai propor uma nova busca, que pode terminar antes de caminhar 30 metros. Provavelmente serão realizadas as mesmas etapas algumas vezes, até se achar o lugar adequado aos gostos e intenções de cada. E a diversidade é grande, em todos os sentidos – desde ritmos musicais até pre-


WHATS UP

ferências sexuais e baladinhas para imigrantes, seja latinas, asiáticas e também brasileiras. Quando o relógio bate às 3h, muitos dos pubs e discotecas desligam o som, acendem as luzes e varrem os pés de quem insiste em esvaziar seus copos. É a partir desse horário que o movimento nas ruas aumenta e é possível identificar melhor o caráter cosmopolita da noite de Madrid. Enquanto se busca outro bar aberto ou se encaminha a um club que se mantêm em atividade até o amanhecer, escuta-se conversas em vários idiomas. Também é aí quando se separa definitivamente quem gosta de ambientes fechados e quem prefere terminar a noite sob a brilhante escuridão do telhado espanhol em alguma praça. Para os solteiros ainda há chances de encontrar um par em qualquer das opções. Aviso: para os homens menos dispostos a encarar o delicado jogo de sedução europeu o jeito é pagar deliberadamente para gozar o restante da noitada. Para esses, as alternativas são infinitas, com destaque para a técnica peculiar das prostitutas africanas que têm seus escritórios nas ruas do centro. Ao passar por elas, qualquer um pode ter o braço agarrado e descobrir que são poliglotas: “mamar, tchupar, suck. Vamonos, vamô, let´s go”. Entre os clubs, há uma franquia já conhecida no Brasil, especialmente para quem vive em São Paulo e gosta de música eletrônica: a Pacha. Porém, diferentemente do que ocorre na terra da garoa, não é necessário pagar tanto só para manter a respiração. O preço de entrada, da Pacha e de outros clubs, costuma variar entre 10 e 15 euros com direito a um drink. Ainda na porta, é importante demonstrar ou iludir os seguranças de que não está bêbado. Pelo estilo de se aproveitar a noite, os seguranças têm a missão de

prevenir uma possível confusão ao identificar quem exagerou antes de chegar. E eles, além de infalíveis para esse serviço especial, costumam ser intransigentes e invulneráveis quando flagram alguém. Dentro, o ambiente maior e o acúmulo de álcool no sangue facilita o approach. As espanholas costumam reagir bem a investidas suaves de conversa, mas, sem pressa! Um ataque mal elaborado pode ser suicida e acabar com o jogo. E o fato de ela estar simpática não garante os três pontos. Às vezes, a melhor tática é anotar o telefone e agendar uma nova partida amistosa; isso depende de faro e mira do artilheiro. Para os brasileiros, acostumados com baladas em que casais se formam vertiginosamente durante a noite, a quase ausência de beijos na boca vista em volta pode inibir, mas isso não significa que seja impossível encontrar espanholas menos preocupadas com as opiniões das amigas e amigos presentes ou turistas que esperam esperançosamente algum espanhol tomar iniciativa. Existe uma lenda de que os espanhois são considerados grandes amantes. De fato, o personagem Don Juan é espanhol. No que-

sito “atitude na balada”, entretanto, os homens espanhois estão longe de mostrarem sua “fúria”.

No fim, se até 6h, quando a deusa Eos – repetidamente citada por Homero na Odisséia original – anunciar a chegada do sol, a melhor maneira de encerrar a marcha madrileña (como são popularmente conhecidas essas peregrinações noturnas) é encontrar algum bar-restaurante aberto e pedir uma porra. Sem estresse, a garçonete servirá churros sem recheio e perguntará se prefere café ou uma caña de cerveja. Na cidade que está sempre de portas abertas para o sol, é quando ele dorme que os ratos se divertem mais. celebrating youth culture

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artista

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augusta paradise Fotos : Alex Batista Modelo : Aline Zen Styling : Diogo Brasiliano e Leandro Lourenรงo . Assistentes : Heitor Botini , Ana Eleonora . Assistente de foto: Gustavo Zylbersztajn Make and Hair : Mari Kato Tratamento de Imagem : Edson Guberovich

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vestido Alexandre, jaqueta Maria Bonita Extra, colar acervo, pulseiras Francesca Romana

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blazer LeLis Blanc, suti達 Minphe , sandaliaFernando Pires, hotpant, cinto acervo, acessorios Francesca Romana


vestido LeLis Blanc, colar Alphorria, pulseiras Francesca Romana

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saia Cholet, top Alexandre, colar Paola & Caterine para Clube de Estilo, pulseiras Francesca Romana

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Colar acervo

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colar Lorenzo Merlino, casaquinho Erika Ikezile, hotpant American Apparel, sandalia Fernando Pires

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body American Apparel, pulseira Francesca Romana , colar acervo , sandalia Fernando Pires


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top Lorenzo Merlino


Fotos : Alex Batista Modelo : Aline Zen Styling : Diogo Brasiliano e Leandro Lourenรงo . Assistentes : Heitor Botini , Ana Eleonora . Assistente de foto: Gustavo Zylbersztajn Make and Hair : Mari Kato Tratamento de Imagem : Edson Guberovich

Veja o making of do editorial no site www.mywave.com.br

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os seus dias estão contados!

A América eles dominaram por sete séculos, mas a discussão eles ocupam até hoje; cálculos malucos, previsões certas e muito mais que coincidência na sétima profecia maia Por: Raquel Lima


Proclamação. Proferir. Professar. Professor. Prognóstico. Progressão. Progresso. Projeção. Promessa. Promissor. Pronunciamento. Provável. Profecia. Estranho como as palavras se ligam (qualquer dúvida, procure no dicionário). Quase tão estranho quanto como esta profecia proclama uma projeção promissora de um progresso já pronunciado em outras proclamações. Ok, vamos parar com o jogo maluco de palavras e vamos ao jogo maluco do tempo que fundamenta uma das profecias que mais tem chamado a atenção, e que vai ganhar até filme este ano: a profecia maia de 2012. A profecia maia é um ciclo astronômico de 5.125 anos gregorianos - medida do nosso calendário. Isso quer dizer que a Terra a cada 5.125 anos termina seu ciclo. É a chamada Conta Longa, que se iniciou em 11 de agosto de 3113 a.C. e terminará em 21 de dezembro de 2012, quando, segundo as escrituras e história maias, algo muito grave vai acontecer. Mas cuidado: não confunda este “muito grave” com fim do mundo e outras previsões à la mãe Diná, que estouram o mundo em mil pedacinhos. O novo ciclo indica simplesmente que a Terra do jeito que conhecemos deixará de existir. O Livro Sagrado Maia diz: “Ao final do último

Katun (1992-2012) haverá um tempo em que estarão imersos na escuridão, mas logo virão os homens do Sol trazendo o sinal futuro”. Nem parece tão ruim assim, né?! No andar da carruagem, algumas mudanças poderiam até fazer bem aos seres humanos. Mas quais seriam ao certo estas mudanças?

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Eis aí uma das grandes incógnitas desta profecia. Infelizmente, os detalhes ficaram perdidos nos milhares de anos que nos separam desta civilização e nos documentos destruídos pelo tempo ou propositalmente. “Os padres católicos queimaram todos os códices maias (placas feitas de fibras vegetais onde escreviam), no século XVI, por ordem de Dom Diego de Landa, bispo do Yucatán”, explica o autor do livro 2012 A Profecia Maia, Alberto Beuttenmüller. Muitos dos livros foram destruídos por motivos militares, para quebrar o ânimo dos nativos e facilitar a conquista do povo maia pelos espanhóis mais adiante. O que se conseguiu apurar nos resquícios desta comunidade, que outrora dominou a América Central, foi o alerta para mudanças do planeta e do Sol. No dia 11 de dezembro de 2012, a Terra estará alinhada com o Sol e com o centro da nossa galáxia, a Via Láctea, onde existe o famoso buraco negro. Isso só acontece a cada 26 mil anos. Alguns cientistas defendem que este alinhamento com o buraco supermassivo levará a uma mudança do campo magnético terrestre que desencadeará tsunamis, vulcões, terremotos, entre outros desastres naturais. No dia 11 de agosto de 3113 a.C., os maias fixaram o nascimento do “Quinto Sol” – era atual – com final para 2012, onde entra o “Sexto Sol”. Será como uma inversão nos pólos terrestres. “As pessoas que estão morrendo devido a fenômenos como enchentes e terremotos já são as vítimas fatais do ciclo. E para elas o mundo acabou...”, completa Beuttenmüller ao defender o fim em doses homeopáticas. Medo. Na internet, já podemos encontrar até mapas de


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como ficará o quebra-cabeça dos continentes após esta mudança magnética. A Europa e a América do Norte iriam milhares de quilômetros em direção ao Norte e seus climas se tornariam polares. E numa projeção ainda mais pessimista, a Terra em certo ponto pararia e inverteria o sentido de sua rotação. Já imaginou as conseqüências disso? O que era quente virar frio, noite virar dia, e por aí vai. Os códices também falam da aparição de um cometa que poderia se chocar com o nosso lar doce lar – Terra. Mas o tal Planeta X ou Nibiru não aparece em momento algum. Estas duas lendas aparecem normalmente em teorias e projeções espirituais, e não científicas. O Planeta X (letra que representa a dúvida matemática) seria um corpo celeste do sistema solar localizado depois de Netuno. O boato começou quando astrônomos observaram irregularidades na órbita de Netuno e em outros gases no espaço. Mas, com novas missões espaciais, que não detectaram nenhuma forte atração gravitacional, a hipótese foi rejeitada. Outro historia da carochinha seria o Nibiru. Provindo da cultura suméria, o planeta apareceu pela primeira vez em uma escritura babilônica sobre a criação e fim do universo e dos humanos. Segundo os sumérios, na formação do sistema solar, Nibiru foi atraído pelo Sol e se chocou com outro planeta que deu origem à Terra. Agora, Nibiru vagaria lentamente pelo espaço e estaria se aproximando da Terra no ano de...? Adivinhe! 2012! “Os sumérios deixaram nas suas tábuas de escrita que o Nibiru irá passar bem próximo ao planeta Terra e criará o caos, mas tudo depende de bons tradutores.

Alguns espertos estão querendo ganhar dinheiro com um fim do mundo que não existe”, defende Alberto.

Mais uma coincidência ou não, depende até que ponto a matéria já te convenceu e mudou seus planos para daqui a três anos. O planeta passa por mudanças climáticas, certo? Uma das mais abruptas que interrogam cientistas até hoje é a Era do Gelo. Na Sibéria, foram encontrados mamutes congelados em perfeito estado de conservação, em pé e com capim na boca. Isto é, houve uma queda instantânea de temperatura, cerca 100 graus negativos em questão de minutos. Esta mudança repentina aconteceria em períodos de milhares de anos e teria ocorrido pela última vez na era congelante, por volta de 10.000 a 12.000 anos atrás. Assim, a Terra está passando pelo fim de um ciclo de 11.500 anos que será fechado com uma nova glaciação no ano de...? Chute! 2012! Os 20 anos anteriores ao primeiro dia do “Sexto Sol”, também descritos no livro sagrado, já nos permite tirar algumas conclusões. O último Katum, ciclo menor, teve início logo após um eclipse do Sol, que eles previram/calcularam para o dia 11 de julho de 1991, e que realmente aconteceu. Medo de novo. Após sete anos do início do Katum começaria uma era de escuridão e de desastres. Será? Confira os acontecimentos de 1999: - 7 de agosto: terremoto de 5.9°, na escala Richter, na Grécia, com 218 mortos - 8 de agosto: inundações catastróficas na China, com milhares de mortos celebrating youth culture

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- 17 de agosto: terremoto de 7.4º na Turquia, com 15.000 mortos - 20 de agosto: terremoto de 7.6º em Taiwan, com 2.000 mortos - 22 de agosto: cadeia de terremotos entre 2º e 5.2º em todo o planeta. Um terremoto em Oaxaca (México), seguido de grandes incêndios devidos a explosões de gás, com mais de 100 mortos - 10 de outubro: as chuvas produziram 300 mortos e 500.000 afetados também no México

para esta e próximas vidas.

ria uma oportunidade para recebermos um alto nível de energia para elevarmos a força vital interna. Isso nos aliviaria da depressão, sofrimento e instituiria a paz interior em nossos corpos. A 7ª profecia maia diz que a compreensão e aceitação deste processo de evolução levarão ao crescimento espiritual através da harmonia. Uau... Os maias acreditavam que o ser humano é composto por três corpos: o físico, o astral (mental) e o espiritual. O corpo físico é temporal, formado de matéria em constante transformação organizada e animada pelo espírito. O astral ou mental, também temporal, encontra-se numa dimensão superior. Ele concentra as experiências adquiridas na vida presente, o ego e a personalidade. Por último, e nas dimensões mais altas, o corpo espiritual armazena de maneira permanente a experiência compreendida em cada vida. Em 2012, você poderá equilibrar estes três corpos e ganhar uma elevação ultra-mega-super-blaster

tos se repetiriam o que nos permite prever o futuro e exercer poder sobre ele. Tanto é que a adivinhação era a mais importante função da religião maia – prova disso é que a palavra usada para designar seus sacerdotes significava “Guardião dos Dias”. Quando nascia uma criança, os maias a apresentava aos sacerdotes que, em função do dia do nascimento, adivinhavam a futura personalidade da criança, seus traços marcantes, suas propensões, habilidades e dificuldades. A observação da repetição cíclica das estações do ano e seus eventos climáticos, sincronizada à repetição do curso dos astros foi o que inspirou os maias à criação de seus calendários. Escritor e estudante da cultura maia, Alberto explica a obsessão desta antiga civilização por calendários. “Os maias foram grandes astrônomos e matemáticos. Tudo indica que eles criaram mais de 30 calendários. Esses cálculos de ciclos da Terra era uma de suas paixões”. Eles estabeleceram um dia zero, que segun-

Lost?

Os maias tinham a concepção de que tempo e espaço tratam-se de uma só coisa e que flui não linearmente, como na convenção europeia ocidental, mas circularmente, isto é, em ciclos repetitivos. Você achava que Lost era inovador? Bem-vindo o mundo maia! O conceito chama-se Najt e é representado

por uma espiral. Conhecendo o passado, seAgora, deixando as desgraças de lado e ressaltando ria possível transportar as ocorrências para a parte espiritual da coisa, o alinhamento de 2012 se- idêntico dia do ciclo futuro e os acontecimen-

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do os cientistas corresponde a 12 de agosto de 3113 a.C. Não se sabe o que aconteceu, mas provavelmente esta se trata de uma data mítica. A partir deste dia, os ciclos se repetiam. Podiam acontecer coisas diferentes nas datas anteriores de cada período, mas cada seqüência era exatamente igual à outra, passada ou futura. Por isso, os livros sagrados dos maias eram simultaneamente textos de história e de predição do futuro. Na perspectiva maia, passado, presente e futuro estão em uma mesma dimensão. Apesar de não realizar as correções e trabalhando o ano com 365 dias fixos, como o ano bissexto, o calendário maia conta um erro anual de apenas 37 centésimos de segundo com relação ao ano solar verdadeiro, enquanto o nosso calendário gregoriano apresenta um erro anual de aproximadamente 26 segundos em relação ao ano solar.

Entenda os maias

Em 1517, o explorador espanhol Francisco Hernández de Córdoba chegou ao norte da península de Yucatán, perto da atual cidade mexicana de Cancun, com 110 homens em três navios. A expedição de Hernández encontrou três grandes cidades, todas habitadas por um povo desconhecido dos espanhóis. A descoberta dos maias estava oficialmente feita. Eles já haviam entrado em declínio quando os espanhóis chegaram na América Central. Hoje, os arqueólogos se esforçam para criar um retrato fiel da civilização que, por sete séculos, foi uma das mais desenvolvidas do Ocidente. Em 2004, encontraram na Guatemala indícios de estátuas criadas por

este povo por volta de 1500 a.C. Nos 700 anos seguintes, levantaram El Petén, ainda na Guatemala, e se expandiram para o oeste, sudoeste e norte. Surgiram Palenque, Copán e Piedras Negras, entre outras 40 cidades, que ficavam no território que hoje alcança os atuais México, Belize e El Salvador, cerca de 325 mil quilômetros quadrados. Nenhuma cidade tinha controle sobre a outra, mas as maiores e mais poderosas usavam o poder militar para conseguir os melhores acordos comerciais. Essa era uma organização política muito frágil e pouco estável. É por isso que, apesar de terem em comum a língua, os hábitos e a religião, eles nunca foram um único império. Esta estrutura política pode ter acelerado a decadência dos maias. Os achados arqueológicos indicam que, a partir do ano 900, suas principais cidades foram abandonadas. Entre os séculos X e XII, os maias ainda registraram um período de renascimento, mas, a partir de 1441, isso foi por água abaixo ainda mais com a invasão espanhola. O título de grande civilização foi passado de vez para os astecas. Mas, hoje, seis milhões de pessoas que vivem em Yucatán e na Guatemala são consideradas maias. Eles falam 25 dialetos e vivem da mesma forma que seus antepassados que previram uma das mais famosas previsões atuais, eclipses, calendários, mudanças solares e terrestres, roteiro de um filme e a teoria de uma das séries mais assistidas. É... depois, a gente acha os astronautas da NASA e o autor de Lost inteligentes.

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instantânea Como a instantaneidade da internet faz celebridades, vende produtos e rende uma grana Por: Raquel Lima Coloque um improviso para esquentar. Ferva as idéias por três minutos e grave. Pronto. É só servir. Depois das celebridades instantâneas da TV, a moda chega ao mundo da internet. Se antes pra ficar famoso era preciso participar do Big Brother, no mundo 2.0 de hoje, é só postar aquele vídeo que você fez quando estava bêbado ou num momento de extrema descontração com aos amigos. Aquele que você assiste e pensa: que besta! Pois é, é esse aí que vai bombar nas cabeças dos internautas que buscam risos no YouTube. Só risos. O depoimento de uma senhora que “fuma maconha há trinta anos e não é viciada”, uma versão esdruxulamente dublada do Chaves traficando na vila, uma cantora brega numa tradução de um sucesso pop e inúmeros vídeos de bêbados falando errado, tropeçando, caindo e todas aqueles cenas que deixariam qualquer fã de Didi Mocó às gargalhadas. Atire a primeira pedra quem nunca gastou cinco minutinhos rindo com vídeos no YouTube, abrindo links que os amigos mandam ou repassando-os. A prova disto é o número de exibições de alguns dos famosos vídeos. O Tráfico na Vila é um exemplo: são mais de cinco milhões de views. No vídeo, o produtor musical Rafael Gasparian dublou o Chaves e a turma do seriado como se estivessem traficando drogas na vila. “Às vezes não gostaria que tivesse expandido tanto. Foi feito de uma forma bem caseira e ainda mais 60

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de um assunto não muito legal, como drogas”, conta. O vídeo caiu na rede por mãos de amigos. Mas uma coisa não dá pra negar: várias empresas de dublagem e de produtos cômicos para internet procuraram Gasparian depois do boom. “Percebi que a coisa estava explodindo quando fui a uma lan house em Minas Gerais e vi uns meninos assistindo ao vídeo”. Outro vídeo que todo mundo viu, ouviu falar, gerou versão funk e até participação em programas na TV - efeitos de sucessos na internet são explorados em todos os sentidos até não poder mais - foi o Tapa na Pantera. Produzido pela Ioiô Filmes, o curta alcançou mais de três milhões de exibições no YouTube e uma propagação que poucas vezes um vídeo fictício, produzido, atingiu. Os criadores até hoje não sabem quem colocou o filme no site, mas “sou muito grato”, diz um dos produtores, Rafael Gomes, “existem umas três ou quatro pessoas que falam que foram as primeiras a postar nosso vídeo”. Está aí outro aspecto da rede: ninguém é dono de nada. Nesta nova concepção de divulgação, arte, sucesso, seja lá o que for que a internet produza, um control+c control+v é sempre muito bem, ou mau, utilizado. Como já se diz, “nada se cria, tudo se copia.” Ainda mais agora só com a identidade virtual das pessoas, que, se por um lado cria uma enorme rede de contatos, por outro distancia o relacionamento real e a veracidade das ações destes perfis.


fama receita para o sucesso

O bizarro é pop

Os dois produtores concordam que a chave para este boom foi justamente o improviso e a não-preocupação com o resultado final. “Quando você planeja, parece que não dá tão certo, tem que ser instantâneo”, diz Rafael Gomes. “Quando você faz de propósito não tem o mesmo sucesso do que com uma coisa sem pretensão. Não existe uma fórmula para acontecer. Na internet as coisas mais absurdas são as mais vistas”, completa Rafael Gasparian. A prova que a galera curte uma coisa diferente (vamos colocar assim) é a mais nova cantora que faz sucesso entre os internautas. Não é Claudia Leitte nem Ivete Sangalo. O nome dela é Stefhany, “linda e absoluta”. Comprovando a globalização do mundo web, a cantora adolescente saiu do Piauí para se tornar um fenômeno com o hit “Eu Sou Stefhany (No Meu Cross Fox)” – uma versão brega de A Thousand Miles, de Vanessa Carlton. As filmagens foram feitas em casa, dirigidas pela própria mãe. A garota, que começou carreira solo com três mil CDs caseiros vendidos num camelô de sua região, hoje ganhou um CrossFox da Volkswagen – via Luciano Huck -, participou de programas de TVs, como os de Gugu e do Huck, e vai gravar um DVD em São Paulo em setembro. Sim, é verdade. “Não fui eu quem colocou o vídeo na internet. Foi um fã a quem agradeço muito. Depois, vieram me fa-

lar dos acessos e nem acreditei (hoje são quase dois milhões). Muita coisa mudou. Aumentou o número de pessoas nos shows, na porta dos hotéis, quando ando na rua causo tumulto mesmo sem querer”, revela a cantora - linda e absoluta. Que ex-BBB que nada...O negócio agora é cair na rede. Viva a democracia digital! Não é preciso ser loira, ter bunda bonita ou ser um bombadinho de academia. Mas, pelo amor de Deus, cabe aos internautas filtrarem e darem sucesso àquilo que é bom (e tem, é só procurar).

Não só pra rir

Foi quando alguém em alguma empresa teve uma ideia: “Poxa, se a coisa se espalha com tanta facilidade que forma celebridades instantâneas desse jeito, porque não usamos a internet para espalhar algo mais útil, como o nosso produto?” Impossível saber quem foi esse cara, mas a verdade é que os chamados virais tomam cada dia mais espaço nos sites de grandes companhias e nos mailings de consumidores, possíveis compradores, jornalistas ou simplesmente desocupados que ficam repassando os e-mails divertidos que recebem ou descobrem no mundo 2.0. O termo “viral” surgiu em 2001, com o aumento de serviços de e-mails gratuitos. Para divulgá-los, um email convidava os leitores a experimentar o serviço. Esses anúncios tinham como objetivo “infectar” quem celebrating youth culture

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recebesse os e-mails, que acabavam retransmitindo da busca. Resultado: a receita trimestral da compaa mensagem sem nenhum esforço. nhia chegou a US$ 5,52 bilhões. É inevitável. Sempre que recebermos algo, dermos O uso da web vem se tornando essencial para pesrisada e acharmos algum amigo – ou até mesmo soas, empresas, personalidades e políticos, seja para aquele seu colega no trabalho – ao nosso lado, pron- se aproximar do público, divulgar ações, vender proto: nós vamos encaminhar a dutos ou lucrar. É o conceito always mensagem. E, novamente, on dos novos tempos 2.0 – pronti“Quando você atire a primeira pedra que dão, rapidez e interatividade. Afinal planeja, parece que nunca fez isso. “Hoje a interde contas, quem nunca teve preguinet é o meio mais imediato de não dá tão certo, tem ça de cozinhar e comeu o melhor se conseguir divulgação, ainmiojo do mundo, que atire a terceique ser instantâneo” ra pedra da reportagem. da mais com o público jovem. Quando ele chega em casa liga primeiro o computador e depois a TV”, diz Rafael Go- Brasileiros na rede mes, que recentemente desenvolveu um trabalho de Terceiro mundo, sim. Desconectado, não. Pra quem divulgação de uma série da TV Cultura pela internet. achava que os países europeus ou da América do NorA emissora disponibilizou na internet os episódios da te eram mais ligados do que a gente, estava enganasérie Tudo que é Sólido pode Derreter antes de ir ao do. Quando a matéria é conectividade, internet e rear. Pode parecer loucura, mas num mundo onde um des sociais, o Brasil dá uma rasteira em muito gringo garotinho aparece na Globo e fica famoso por contra- por aí. Desde 2007, são vendidos mais computadores riar seu pai falando “gol do Santos” ao invés de “gol do que televisores no Brasil por ano. A quantidade de do Corinthians”, deu certo. pessoas que moram em domicílios em que há comA lista das empresas que descobriram os benefícios putador com internet é de 40,2 milhões. Atualmente do boca-a-boca internauta não é pequena. Alguns dos são cerca de 44,5 milhões de brasileiros, com 16 anos nomes são: Nike, Volkswagen, Elma Chips, Budwei- ou mais, que têm acesso à internet, seja no trabalho ser, Mentos, Coca-Cola, Samsung e Microsoft. Tá ou em casa. bom? A última campanha viral da Microsoft na rede O Brasil é o primeiro país do mundo em tempo de e no YouTube, anuncia o Office 2010 através de vídeos navegação por pessoa durante um mês - 44 horas e nas versões teaser e trailer que parodiam, e fazem 59 minutos. Os Estados Unidos ficam em segundo luentender que se trata de um novo filme de ação. gar, com 30 horas e 30 minutos. Nosso país também Atualmente, as grandes companhias se convence- é o segundo em número de acessos a redes sociais, ram do resultado de um bom trabalho feito na inter- sendo que cada usuário brasileiro visita, em média, net. Acessando a página inicial do YouTube, no espa- 1,22 mil páginas de sites de relacionamento por mês, ço publicitário está a nova campanha institucional da gastando em média 6,3 horas com redes sociais. montadora alemã. Espaço publicitário? Na internet? Pois é, foi-se o tempo também que o retorno financeiro da web não existia. Links para você entender a matéria: No Orkut, YouTube e em sua página de busca, o http://mywave.virgula.uol.com.br/verPost.php?id=215 Google soube muito bem utilizar e modelar espaços publicitários, ligando os anúncios de seus clientes à perfis específicos de usuários ou às palavras chaves 62

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jornalismo

contra-informação barriguda! com a necessidade da noticias segundo a segundo somado a banalização do ctrl+c e ctrl+v na, resolvemos investigar o verdadeiro valor da informação na internet. Por: Diego Cordeiro Imagine que você mora em uma das regiões mais ricas de São Paulo, mais precisamente no bairro de Moema. Por estar situado próximo ao aeroporto de Congonhas, o lugar, localizado na Zona Sul da cidade, é rota frequente de aviões que pousam e decolam a todos os instantes. Agora faz de conta que você está trabalhando normalmente em uma tarde de maio e abre uma página da internet, digamos de um grande portal como o Terra, e lê a seguinte notícia: “Avião cai em prédio da Zona Sul de São Paulo”. A primeira coisa em que você pensa é na sua avó, pobrezinha, fazendo crochê enquanto um Boeing surge na direção da janela da sua casa. Depois pensa na Mariazinha, que naquele dia, justo naquele dia, estava fazendo o seu doce predileto. E então você surta, entra em desespero: será que foi no meu prédio que a aeronave bateu? Para o seu alívio, você pega o telefone e consegue falar com a sua avó. Até tem tempo de perguntar da Mariazinha e do seu doce antes que seu chefe apareça cobrando aquele trabalho que era para ontem. Você obedece a ordem, afinal manda quem pode e obedece quem tem juízo. Mas antes de retomar o trabalho, leva a mão à cabeça e coça a cabeleira. Será que é primeiro de abril? Não era primeiro de abril. E se você acha que isso é uma história de mentira, se enganou. Tirando a parte da avó e da Mariazinha, que servem apenas para ilustrar uma hipótese, esse fato ocorreu no dia 20 de maio de 2008, pouco antes das seis horas da tarde. Nem preciso dizer que a notícia causou espanto, certo? Afinal de contas é normal – ou absurdo? – acidentes com aviões que pousam e decolam de Congonhas. Em questão de instantes todos os principais portais de internet estavam dando a notícia. Apesar de estar mais tranquilo por ter conseguido falar com a avó e

de ter certeza de que seu doce estará te esperando quando você chegar em casa, a dúvida ainda persiste: será mesmo que um avião caiu em algum prédio? Para a sorte dos passageiros e dos moradores do bairro em questão, a notícia estava errada. Na verdade, o que aconteceu foi o seguinte: uma fábrica de colchões pegou fogo e uma rede de televisão, ao avistar a fumaça, soltou a notícia de que ocorrera um acidente aéreo. E então as páginas de internet repassaram o fato adiante sem apurar para saber se a notícia era verdadeira ou não. E assim criou-se o pânico. Durante a faculdade de jornalismo aprendi que uma das tarefas principais do repórter, ou de quem quer que produza informação, é apurar e checar os fatos – sempre. Afinal de contas, quem envia a informação tem responsabilidade com o leitor e não pode simplesmente tentar adivinhar as coisas ou dar noticias erradas ou com imprecisões. Essa é a regra número um. O erro do Terra, ou a “barriga”, na linguagem jornalística, foi repassar a informação dada por uma emissora de televisão sem apurar se de fato o que acontecera fora um acidente aéreo. Em seguida, outros sites colocaram a notícia como manchete em suas páginas e ajudaram a disseminar o erro. Ao invés de checar com a Infraero para saber se o acidente aéreo tinha de fato ocorrido, as páginas simplesmente repassaram adiante a informação. Muitos fatores contribuíram para que esse e tantos outros erros ocorressem e ocorram. Em primeiro lugar, está o surgimento da internet. A rede mundial de computadores é fonte inesgotável de material para pesquisa e de notícias, servindo como uma biblioteca virtual onde é possível achar informações sobre praticamente tudo. celebrating youth culture

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ctrl+c ctrl+v ctrl+c ctrl+v ctrl+c ctrl+v jornalismo

Mas o que costuma acontecer não é uma pesquisa. É reciclagem de textos: um jornalista entra em um site de notícias, lê o que lhe interessa e depois entra em outra página. Lê a mesma notícia, faz um resumo das duas e publica. Em geral, os sites informativos não tem uma equipe grande suficiente para produzir notícias próprias e acabam usando desse artifício ou reproduzindo coisas de jornais e televisões, como fez o Terra no caso citado no começo do texto. Aí o que acontece é uma “salada” de Control+C e Control+V. Eu mesmo já fiz isso. Sim, é feio, mas admito que já fiz. Trabalhei em uma agência de comunicação que tinha uma equipe de jornalismo muito enxuta para produzir as próprias notícias e com um volume de trabalho muito grande. Com a pressa do dia-a-dia o conteúdo jornalístico era baseado em textos e informações da internet. Claro que sempre procurávamos tirar as informações de fontes confiáveis, mas sempre se está sujeito ao erro. E garanto que muitas pessoas também fazem como eu fiz durante o período na tal empresa. Não há apuração. É um disse que me disse danado. Mas não vá pensar que todo jornalista faz isso, pois não é verdade. A pressão e a pressa da profissão acabam fazendo com que essa atitude seja tomada, é quase uma exigência do mercado: não há tempo nem gente suficiente para fazer o trabalho da forma que ele deveria ser feito. Em segundo lugar está a concorrência entre os próprios veículos de comunicação para ver quem dá o chamado “furo”, ou seja, quem publica primeiro uma informação inédita. Isso contribui para que esses erros ocorram porque os jornalistas parecem estar mais preocupados em não ficar para trás do concorrente do 66

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que passar a informação correta. E no meio disso tudo fica o leitor, sem saber muito bem o que acontece e lendo notícias requentadas ou iguais. Como saber se o que estamos lendo está certo ou é, no mínimo, confiável? 1) Não acredite em tudo que ler na internet. Se os próprios sites jornalísticos erram, imaginem só blogueiros ou pessoas que publicam conteúdo na rede por si mesmas. 2) Procure informação em sites confiáveis. E, sempre que possível, cheque em outras páginas o conteúdo. Aliás, isso é um bom exercício: assim você vai perceber como há notícias requentadas circulando por aí. 3) Sempre saiba que os fatos podem estar errados, mesmo grandes portais. No caso da queda do avião citada acima, UOL, Folha e IG também deram a notícia. Sempre “confie desconfiando”. Quem perde com isso é o leitor e, em segundo lugar, o próprio jornalismo. A falta de dinheiro das redações – sejam de jornais, revistas ou portais de notícias – acaba prejudicando a qualidade das informações porque não há jornalistas suficientes para apurar notícias. E então o que acontece, na verdade, é um serviço de “contrainformação”: ao invés de ficar sabendo das coisas como elas são ou de ler uma notícia quente, o cidadão recebe informações erradas e desencontradas. Um desserviço a quem procura ficar antenado no mundo. Por isso, na próxima vez que ler algo na internet, tenha a pulga atrás da orelha. Há sim muita coisa para ler e aprender na web, mas tem muito mais baboseira do que coisas em que você realmente pode acreditar.


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Sua vida vale 140 caracteres seu trouxa! com o twitter, o facebook e outras ferramentas sociais que expõe o internauta, ser o pica grossa na vida real já nem é mais tão legal.

Por: Artur Tavares Universitários só são conhecidos por este termo pelo prestígio que é ser universitário em um país de educação pífia como o Brasil. São, em sua maioria, pós-adolescentes que tentam em vão sair de baixo das asas dos pais enquanto caminham a passos lentos para a maturidade. É nesta fase da vida que há o último grito, o último pavoneamento, de exibição primal do macho alfa dentro de si. E se até a virada da década o universitário-pós-adolescente-gostosão-daturma era o fortão, o micareteiro pegador, o cara com o sistema de som mais potente no carro, neste novo mundo tudo mudou. Aprenda, bombado, você gastou seu tempo a toa. Porque hoje existe o Twitter, e você só é interessante se souber se vender em nada menos que 140 caracteres. Pra se ter uma ideia, 140 caracteres é a primeira frase deste texto – repito pra ficar claro: “Universitários só são conhecidos por este termo pelo prestígio que é ser universitário em um país de educação pífia como o Brasil.” -, mais 10 caracteres (a própria palavra “caracteres” tem dez caracteres). E se tudo isso parece muito complicado para se entender, e olha que eu já gastei mais de mil caracteres só para explicar, imagina resumir sua vida em 140 toques. Agora adicione o fator “interesse” na equação, pense consigo mesmo e responda: você é interessante o suficiente para ser seguido no Twitter? Seus músculos, suas habilidades na balada, o saldo do seu cartão de crédito e seu carrão não contam mais. E agora, o que você vai fazer? Se você for esperto, vai procurar adquirir um pouco de cultura, claro. 68

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Porque para ser seguido na ferramenta social online do momento você precisa ter o que falar. Esse negócio de “vou pegar umas gatinhas e já volto”, de “comprei um novo sapato Gucci por R$ 5 mil”, de “a bala que eu tomei ontem bateu e me deixou fritaço na hora” não atrai ninguém. No Twitter, ou você tem o que falar, mostrar para os outros, ou você não é nada. E - os alunos de comunicação que estão lendo isso vão me achar imbecil pela constatação – hoje em dia só sobrevive no mundo quem detém informação. Ou você acha que o cara que encontrou na rede (e compartilhou, claro) o novo disco que vazou da banda do momento, uma foto daquela atriz deliciosa pagando uma gulosa num navio em alto mar, não é mais interessante que seu bate-e-volta na Praia Grande pra uma tarde de farofada na areia? Acorda, né? Infelizmente hoje em dia é assim. Quem não entrar na onda antes que ela quebre na quilha da prancha não vai ser ninguém na vida. Porque examinadores de currículos já estão espertos para os fatores “popularidade online” e “conteúdo transmitido”. Porque as garotas mais interessantes, que não vão virar donas de casas esbanjadoras no futuro, já entenderam como achar o novo pop da vez. Porque 140 caracteres é muito pouco, e para você ser interessante em tanto, é preciso saber pensar. Basicamente, se você se atrasou, jogou uns 20 e poucos anos no lixo. Aí um espertão que está lendo este texto pode se perguntar: “E o Orkut?”. Basicamente o Orkut acabou. Foi dominado por um bando de perfis falsos e por spams chatos de se receber, quando não contém


TAPA NA CARA

É uma espécie de nazismo online, onde só os “mais fortes” sobrevivem em uma triagem desigual feita por um tribunal de pseudoindies e modernetes que se consideram mais inteligentes que você porque conhecem uma banda islandesa obscura dos anos 80

algum tipo de vírus que vai ferrar seu computador inteiro. Claro, há outras ferramentas sociais em ascensão, mas vou provar que você também precisa ser interessante nelas para ser alguém na vida social fora da rede. A primeira destas ferramentas é o Blip, um Twitter que permite usuários compartilharem suas músicas favoritas através de links no YouTube. Bom, se você já nem consegue ser legal só escrevendo, imagina só compartilhando maravilhosos vídeos sertanejos, queimando seu filme heterossexual com a nova música da Lady Gaga, ou então mostrando toda sua sapiência musical com um pagode universitário lixão, tipo Inimigos da HP (o que é mais novo que isso, gente? Na minha época de universitário babão era isso que pegava entre a galera da bomba)? Pior que isso só dividir com os amigos o mais novo da chacota goa-trancer que bombou na última rave que você frequentou. A outra é o Facebook, a mais legal de todas as redes sociais da internet. Ela mistura o Twitter no sistema de micro-postagens com o Orkut e suas galerias de imagem e possibilidade de comunicação entre si em um mural que lembra muito uma página de scraps, mas melhor desenvolvida. Além disso, a rede permite compartilhamento de links de YouTube e de qualquer outro link online, como notícias ou imagens curiosas. Ou seja, se você não sabe o que escrever, e nem tem o que mostrar, nem entre para o Facebook. As pessoas não vão “curtir” o que você colocar ali – há uma ferramenta que permite o internauta gostar e destacar o que os amigos postam -, e você vai cair no ostracismo

online mais uma vez. Entendam para eu não parecer preconceituoso. Não é que eu estou criticando o gosto musical de ninguém, muito menos as escolhas de vida que fazem uma pessoa trocar um bom livro por um músculo torneado. É que nesse novo mundo só se dá bem o cara inteligente. Podem reparar. As novas comédias românticas dos cinemas são protagonizadas por nerds. Os moderninhos dominam as agências de publicidade e as redações jornalísticas. Se você não sabe fazer uma conta, como vai ser um bom engenheiro, ou bom administrador? Contar exige cérebro, como todo o resto na vida. Se você for músico, pode ter certeza que seu cavaquinho não vai competir com o sintetizador microKORG oitentista que seu parceiro anda usando pra fazer um indie rock. Só que a vã existência de um universitário (pós-adolescente) ainda não lhe trouxe essa maturidade. Também não estou aqui exigindo maturidade de ninguém, até porque eu não sou o cara mais adulto do mundo. Aliás, acho bem ruim uma pessoa ter que ser interessante desse jeito. As relações sociais de verdade estão desaparecendo, trocadas por malditos 140 caracteres. É uma espécie de nazismo online, onde só os “mais fortes” sobrevivem em uma triagem desigual feita por um tribunal de pseudo-indies e modernetes que se consideram mais inteligentes que você porque conhecem uma banda islandesa obscura dos anos 80. Do mesmo jeito que eles não ligam pra você, você tem o direito de não ligar para eles. Mas o problema é seu, amigão. celebrating youth culture

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TAPA NA CARA Como ser legal no mundinho online Só que eu sou um cara legal, daqueles que quer ter milhares de amigos no Facebook pra poder me exibir. Por isso, decidi fazer um breve guia de como abalar em redes sociais online. Acompanhe comigo.

Seja contido: nunca faça mais de um post sobre o mesmo assunto. Ler em escadinha é um saco, mais ou menos como ter que ouvir um gago contar a primeira vez dele na cama.

Diga só o que é novo ou interessante de verdade: é mais ou menos como aquele ditado que diz que é melhor ficar quieto do que abrir a boca pra falar bosta. Se você não tem o que dizer, fica quietinho lendo seus amigos. Uma hora você vai aprender como se faz.

Nada de pop trash e de fofocas de celebridades: a não ser que você tenha um link exclusivo da sex tape do momento, ou um hilário vídeo de uma cantora gostosa desabando de um palco suspenso a três metros de altura do chão. Vídeos de gays e lésbicas reinterpretando Britney Spears e Pussycat Dolls (procurem Valmir e Josy no YouTube. Fica a dica) também são permitidos. Mas, nada muito sério, do tipo: “gentem (sic), olhem o bebê da Ivete Sangalo”. Não repita o que já foi dito: essa é simples, e quase auto-explicativa. Se você segue um cara pop e ele postou algo muito legal, você vai sair de chupinha se copiar a descoberta do cara. Conheça seus seguidores: a melhor forma de agradar é dizer o que se quer ouvir. Você não vai mostrar a nova coleção de roupas do Marc Jacobs pros seus amigos boleiros, nem a nova camiseta do Timão pras suas amigas que passam tardes gastando dinheiro em shoppings centers. Melhor uma foto de arte do que uma foto de corpo: gostosas e gostosos são banalizados online. Ainda

mais quando o que se segue é uma legenda do tipo “sou cachorra, sou gatinha”, ou então “o cachorrinho foi pra cá, ou pra lá?”. Todo homem gosta de ver uma mulher com pouca roupa, fato, mas há limites. E já que não há censura online, o limite é o ridículo. Bêbado na balada então, nem pensar. Nem se você tiver tirado a foto na concorrida FunHell de quarta-feira, segurando uma taça de champanhe com os amigos. Resumindo, nada de exibicionismo.

Tudo o que você disser pode ser usado contra você: pra isso, vou dar alguns exemplos. Tenho um amigo

são-paulino que insiste em dizer que “ver o Muricy com a jaqueta do rival é triste”, que é uma pena ver “o Retardelli (Diego Tardelli) em campo”. Bom, Bambi, problema é seu se a torcida arco-íris é toda purpurinada e doída. Deu pra entender o que eu quis dizer, né?

Todo ataque que você fizer, por mais sutil que seja, pode ser respondido: lembre-se: a internet é uma via de mão dupla. Não fale mal de alguém publicamente. Seus podres podem ser desenterrados, ou você pode ler uma mensagem de resposta que vai te queimar na frente (da tela do computador) de todos seus amigos. Não saia adicionando desconhecidos anônimos: no Twitter e em outras redes sociais é melhor seguir famosos abertos a compartilhar conhecimento, como Marcelo Tas, o escritor Xico Sá ou os perfis falsos do técnico Renato Gaúcho e do ator Marcelo Anthony. Daí, você segue fazendo postagens boas e desconhecidos anônimos vão te procurar. Na internet, ser interessante é melhor do que se mostrar interessado por qualquer hype de meia-tigela. E se tudo isso der errado, se rala. Você está fadado ao ostracismo eterno, ao desconhecimento que corrói a alma de qualquer pessoa que almeja um dia ser pop. Mas tente, se dedique. O novo mundo é muito novo para que alguém fique para trás. 70

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11 DE SETEMBRO NOS CINEMAS

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QUANTO VALE?

Já se foi o tempo em que vender um milhão de discos era normal. Ninguém mais quer pagar para ouvir as músicas que gosta. Agora nos resta saber: quais as novas formas que os músicos inventaram para ganhar uma grana? Por: Sara Cadore

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Tem jeito de mensurar o valor da arte? Neste tempo em que bandas como o Radiohead desafiam o público colocando suas canções a venda por preço livre, como medir o investimento? Com tantas novas formas de vender a produção de um músico honesto, quanto vale o show, maestro? Há algum tempo, o mercado fonográfico está no olho do furacão e a previsão continua instável. A velha fórmula das grandes gravadoras está vencida e não acompanha nem de longe a velocidade com que os recursos da internet se renovam. O formato MP3, patenteado em 1994 pela Fraunhofer Society, democratizou a música através da rede e acabou se tornando o principal concorrente das gravadoras, com um atributo our concur: é de graça. O jornalista e DJ Lúcio Ribeiro é quem nos adianta as novidades do mundo da música em seu blog www. popload.com.br. Segundo ele, buscar alternativas para realizar transações no universo musical é um processo ainda em fase de descobertas, onde nada é definitivo. “Pode ser que o modelo de negócios para a música tenha que mudar totalmente. Muitas bandas estão doando sua produção e ganhando dinheiro só com shows lotados, em grandes eventos com grandes patrocinadores por trás”, afirma. Para ele, isso é uma realidade entre a maioria dos músicos: “O modelo antigo de grande gravadora, que é de certo modo predadora e que ruiu com as novas tecnologias, beneficiava um número muito pequeno de grupos”. Hoje, qualquer um pode chamar três amigos, formar uma banda e, com uma mínima estrutura, enviar sua música de dentro do seu quarto diretamente para os internautas de toda a web, de graça, eliminando os intermediários de venda e até as interferências na criação. “Antes, você dependia da gravadora pra te colocar em uma rádio, às vezes com jabá, às vezes com assessoria de imprensa, outras com um trabalho que interessava mais a empresa do que o músico. Esse processo acabou. Por outro lado, é impossível fechar a questão sobre o modo como isso vai acontecer, ainda estamos no esquema de tentativa e erro”, avalia Lúcio. Primeiro eram o Napster, o SoulSeek, o Kazaa, o

eMule. Depois o YouTube, o MySpace, o iTunes, a Last FM, os celulares que vêm com álbuns completos. E quais serão os próximos recursos? É inútil especular, se o que é tendência hoje vira obsoleto amanhã. Talvez um dos portais mais populares entre os músicos de nossos tempos seja o MySpace, onde, gratuitamente, qualquer banda pode se inscrever, disponibilizar sua música, fotos em alta, release e ainda trocar ideia com muita gente que está no mesmo barco. Sem contar que, com uma boa divulgação, sua lista

O formato MP3, democratizou a música através da rede e acabou se tornando o principal concorrente das gravadoras, com um atributo our concur: é de graça. de seguidores pode se multiplicar a cada dia. Os gaúchos da Severo em Marcha fazem parte da leva atual de novas bandas de um estado que é celeiro de talentos. Eles colocam a mão no fogo pelo uso do MySpace (www.myspace.com/severoemmarcha). Seu som bebe na fonte de várias vertentes do rock e foi divulgado através desta rede social. O vocalista Ricardo Sabadini conta como o site foi um grande abre portas para a banda: “É nossa principal ferramenta de divulgação. Usamos a internet com muita força, nos dedicamos e acabamos bombando entre formadores de opinião no Brasil inteiro”. Para o pessoal da Severo, viver da música tem um significado bem abrangente: “São vários mercados: banda, jingles, estúdio, produção... Vai da capacidade de assimilar e querer trabalhar, saber usar as ferramentas disponíveis, ser criativo e ter muita vontade”, afirma o baixista Edu Meirelles. O vocalista reforça: “Exploramos e curtimos muito os shows. A grana vem deles, onde também acabamos vendendo discos. Com a maioria é assim. As gravadoras são foda. As bandas têm que se empresariar. Somos como uma micro empresa”. celebrating youth culture

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QUANTO VALE?

Para o multiartista FLU, que tem entre seus projetos a Banda Leme e a Robô Gigante (confira em www. myspace.com/bandaleme e www.myspace.com/robogigante) “O valor da invenção de algo é medido pelo gasto de neurônios e isso não tem como passar pra moeda corrente”. Este pensamento faz de FLU um “baixador compulsivo de músicas”, como ele mesmo definiu. É claro que a contrapartida é verdadeira, e cada plano em que FLU está envolvido também está disponível na rede. “Se existe uma energia sendo colocada no trabalho, de maneira ou de outra ele vai trazer um retorno”, acredita. O cara sempre optou por caminhos diferentes de mostrar seu trabalho, e não só utiliza a internet como produz muitas trilhas para cinema, TV e publicidade. Ele lembra que alguns blogs são as melhores maneiras para encontrar raridades musicais na rede, destacando o Bolacha Grátis (www.bolachasgratis.baywords.com). De fato, para a alegria da geral, quem mais se beneficia hoje com as tantas opções para disseminar a música é o público. “Se tem alguém vencendo com tudo isso é o próprio ouvinte, é o lado de lá, quem consome a arte, exatamente porque ele tem uma série de mecanismos e instrumentos novos que o permitem eliminar a influência de rádio, gravadora, jornal... Ele não precisa de um grande jornalista para orientá-lo, podem ser as dicas de um amigo”, aconselha Lúcio Ribeiro. É a independência em relação ao mainstream. Na contramão do conceito convencional, artistas consolidados andaram inspirando seus fãs e pupilos. Um bom exemplo foi a atitude dos ingleses do Radiohead, que desvinculados de gravadora, lançaram em 2007 o álbum In Rainbows em dois formatos: dez faixas em MP3 ou uma box com mais sete músicas inéditas, vinis e outros mimos de Thom Yorke e sua turma. Enquanto na época a Box custou 40 libras, o material vendido pela internet não tinha preço. A determinação do valor era feita pelo próprio comprador. Sim, muita gente não desembolsou nada pelas canções. Na ocasião, o guitarrista Jonny Greenwood, explicou 74

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que a intenção não era atacar a indústria fonográfica, mas lançar logo o disco que vinha sendo trabalhado desde 2005. Impossível não despertar a reflexão sobre o download ilegal de música. “Achei que era algo interessante pedir que as pessoas comparassem a música com todas as outras coisas a que dão valor na vida”, filosofou Greenwood. “Nós trabalhamos por quase dois anos nesse disco. Agora diga quanto vale a nossa arte. Se acha que não vale nada, pague isso”, provocou ele na época. Segundo o levantamento da Billboard em média foram pagas 5 libras (em torno de R$ 18 reais) pelo In Rainbows. O dinheiro ficou com

“Nós trabalhamos por quase dois anos nesse disco. Agora diga quanto vale a nossa arte. Se acha que não vale nada, pague isso” a banda e, ironicamente, a box foi mais vendida que o disco em MP3. Lúcio Ribeiro lembrou que Arctic Monkeys também lançou seu último disco na internet com o maior alarde. No momento em que chegou às lojas, o disco já bateu recorde de vendas. Moral da história, qualidade e criatividade nunca deixam de ganhar. Lúcio observou: ”Isto não quer dizer que seja este o modelo final do negócio”. Radiohead e Arctic Monkeys estavam no lugar certo, na hora certa e com a estratégia certa... “Até porque a gente não sabe o que bandas como estas têm em mente. Vão fazer a mesma coisa, vender de um modo antigo, ou inovar ainda mais?”, instiga o jornalista. Tramando o futuro Um dos cases legitimamente brasileiros de maior sucesso neste mercado é a Trama Virtual (www.tramavirtual.com.br). Em 1998, João Marcello Bôscoli e os irmãos Cláudio e André Szajman investiram na

ideia da gravadora que se tornaria sinônimo de fôlego para os músicos independentes no Brasil . Na Trama, acima de qualquer interesse de mercado, está a liberdade criativa. “Começamos o projeto porque tínhamos um acervo com cerca de cinco mil CDs/fitas demo e o ritmo de chegada continuava a crescer. Era uma angústia perceber o volume de produção musical local e a dificuldade de publicar essas obras. Foi aí que Cláudio, André e eu decidimos: vamos criar um selo virtual onde os artistas possam expor suas músicas através da auto-publicação. Assim nasceu a TramaVirtual”, explicou o músico, produtor e sócio do selo, João Marcello Bôscoli. Uma negação da padronização musical e da fama a qualquer preço, a Trama estabeleceu modelos de vanguarda na cena brasileira. Bôscoli orgulha-se em falar do pioneirismo de sua plataforma: ”Nunca copiamos ninguém; criamos a TramaVirtual antes do MySpace; o padrão ‘de graça para você, remunerado para o artista’ também é algo inédito”. A mecânica do download remunerado funciona como assistir a um programa da TV aberta, é de graça, mas os anunciantes cobrem o custo do artista. O valor a ser repassado às bandas é baseado na dinâmica de pagamento de royalties. Louvável iniciativa, onde todos saem ganhando. Outra novidade nesta mesma linha é o AlbumVirtual (www.albumvirtual. trama.com.br), que permite que o usuário cadastrado baixe discos completos com encarte e tudo. Para fomentar o mercado da música na íntegra, os parceiros da Trama dispõem de assessoria completa, com direito a produção de eventos, audiovisual, núcleo de moda e imagem. Não é a toa que esta verdadeira usina de talentos revelou a nova cara da MPB: Otto, Max de Castro, Luciana Mello, Fernanda Porto, Rappin Hood, Cansei de Ser Sexy, entre outros. Lista boa, né? Qual será a próxima aposta de Bôscolli? “Entre tantos gêneros e segmentos é muito difícil dizer um nome... Vou falar de um grupo que respeito muito: Quinteto em Branco e Preto”. Faça seu download e aproveite a dica. celebrating youth culture

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de

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o la net com am-se pe tr u n e o s c n o e é s nte mixe mais rece ircula no o. Seus re c o , is s d ta e u is q p c has, léscados nas e um mês de patricin s mais to á cerca d ta o h s , a fe i” g z a z a m ra m u a u n esso “Pap iação você estar ies que logo chega e fala suc ra a prem s Tanto faz a d ó p n S /i s ! s e a h õ v . A ç e ti . a me tréia, lterna y Gaga YouTub lista de no o seu álbum de es a bicas ou a ara o DJ tocar Lad ra e d li 08 é um Lady ep ctrôer Face”, TV. Em 20 le k e M o rota e ped a. P p a “ o d p s le a o g íde sin orias, ag nsão n virou de v e inclui o nas categ u ra o q em Lady G a estrela em asce d to , a ” n e e a c m m o a A a. eF v ve tetá n sexy e lind o qual es sso in- “Th A mais no o já são no sic n ), e d a c s n to u o s s o re s A o m e . c u ” m a (exVideo Mu Revelação das dos su o ano com nica é loir no início d lar as para a entre eles “Artista em aos prêmios do l a c ia s d e n u a u m o sucesso ”. Começ e concorr ídia como Lady, discos qu st a Dance da pela m le a s it c le i g o oldfrapp. in F s G . vejável “Ju o s a u s id e n le S U g . l. o in s a tua ard Dolls, Rein m lembra Pussycat e music a undo e em me- Aw c la ra a partir do n g a a p d lo s ti a a s d tr e Diva Seu via le em enoom rar, escre kon foi qu ucessos m em tod mais nova u s A . ra to o s u ã rs e s a to e s e s d e p a s, e a ey S úsic its e antes de 23 ano e suas m pria Britn a viraram h d s ró s p io a a ic u b d e s m a rgie mê n e em da jovem ira. Há Fe istribuitio ro lo nos de um Billboard. D tu u e o fu iv c L fi o n u m o na eu selo K ady també a. Se destaca xergo absolutos al Music. adonna, L u para o s n o a M li id o v a Bowie n it m o o a Univers c c ia o c m ã n o n ê c d r u n o Assim e io são David p c c s s o m e a g é õ e b a ç n n a m a ir ta té p id ciado gu as ins ça a foi influen de voz, m que suas das pa- se o semelhan a s c re a ti b to h ís m à in rt ti é a ra u o que a as Nã ome lo se as é claro ry. Seu n e das ultim e Nelly Furtado. não só pe M u . ld o n rc e e m e M u e d Q d o ink nha estilo e Fre sica Radio Gaga d Britney, P tro... seguir a li peia e seu mu sso como em no ras e v ro c la u a u e e n s p n e is o d a to d a m e v M a le h a radas n iv m li u ad eguir uma virou clichê, tendo sombra d Prefere s e u q , d n bala não é Tim

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Cd’s ra i ak h s

g n o t Pete

melhores eúne as r 9 0 0 2 apresennd Wonderla do mundo todo. O o c is d O ential Mix sic ama Ess te, ouse mu r n h g e o a r m d p s te o a n faz uma ,d faix pare a eter Tong todas as faixas e r P , mas, a to j a n d id a e c m r u A o s ixa ira. tad ram toca andava io One, m es tracks que fo sua carre o de divuld a a a n R iz t Shakira o Ib C o , B b e or ha –B alh dar um r das melh rland na Aleman u á de trab o o s ir ã s v ç r a a e p il s pretende p já e e u d la com música q vais Won e Wolf. E lançou a o. nos festi lbum, Sh d á s n a o u v d o m n o u do se s estão: gação do ca nas rádios de to e “She Wolf”, que e bacana e outros. s tr a n d e a c to to mais ba no clip na TV e já Entre as ody Cafh carna a lo e platinada. n e a rolla – Blo ot r ir a a k h a C y P o x Sh r c e r o s a p a o M ir zid ltin P ma Shak foi produ oom- Me unted r a ir B k são k a r mostra u h a S M sa é a ver s ra- H um de s y e e lb r á – r . ” o e g v a F o in b n o L ê L O Ernesto s- Shinga al esta há um m música “ lef Jean. ude- Ade ia 5 glesa da in d lo in de ig o C r o s a o ã n o rell e Wyc r s it ia a o r e J p e ã vers s conc ”éav evisto a r lf io s p o d a á W tá r m s e , s e h a a d “S akira o projeto remixad em uma um de Sh sucesso. brazuca d iro lugar la Wolf e p e u h im d r S O novo álb e 2009, e será um . p la s e a m p e lançad od o Guedes roduzida de outubr as ainda não foram das quebradas e o Paulo p Carvalho e Ricard das é NAMITOã S ti ix a rcelo Outras fa o Shakira com b seleciona um pode ser nas, mais Viet2, Ma uito bem ncias lati ceit ê m n r O álb o k fe c c e a r o tr s s trá entários. meno Outra m o m c .uk. o a c s , . n g p e in disp ecords.co per po r e o u u s n q u e muito sw T .j A a w E ic w H w , eletrôn do no site moderna encontra

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Marcelin

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filmes

BRUNO

Cazapórter do re o id rt e v no” é ntro pado, “Bru tor orat, o co ti B o e re d te is s o e p De per do a G, um rap ubversivo s li r A o e m , u o h tã Com a quis da de n Cohen. ro nte investi a e c B re a h is c a Sa utor de am britânico ista e prod xual te ir n te ia d ro e x e m e co osse rles – Larry Cha ria do hom direção de longa conta a histó a de moda da TV ,o gram Estados “Seinfeld” ta um pro n e s re p hega nos a c e le u e q , t, o ra n [GusBru o Bo tente, Lutz ssim com is A s . s a a c u ía e s tr aus isadas e o de oas desav clima mpanhad s o s c e a p s a o tr id Un ncon , em um arsten], e do mundo to e d taf Hamm rajantes a h in casqu tativas ult n o d te n s a ra u ti s i a v dio para ntre riente Mé ses e mental. E O u c o o a id i m a v e s n o, ar famos tre israele de paz en trado por um de se torn o rd o c a um r seques arquitetar rfão afrie para se d e p , s dota um ó o a n e o n a palesti íb e afroL orista no típico nom ear, m [u . .J O grupo terr e d e estr ele chama mesmo d s te n A cano que ]. o ele fotes para o, segund ar os holo g jo o a s a american ic y e conserndia polêm o que é ga re e já tr n o e n ru to B fron de e o con a frivolida o m extre . vadorismo

A IV R E ÀD

] ura Neiva Filipa [La , s s io ia z ú th B a de ia: o pai, M ado no litoral m a famíl o c Em 1979, o radic rã e v r francês rias de to fé ri c s s a e a o s s fessos pa mo Bloch], pro nio. el], um fa s ra s o a b C e t n [D e e Antô [Vic laric ernanda e a mãe, C F , ; s il o s v o ra n B no ta da ado s mais nto de vis o ois irmão p d o s ã lo o ç e ia e p ; ic ra tada à in é apresen em meio a a tá ri s rg e tó a is e m h u a A s, q uma crise de 14 ano m , e o iv te v e n e is a c a d s le aga us p pre embri quanto se n m e e s fa l, a a tá u d s x e e s ãe mas ento. A m to aos reais proble m a a v s a ro c p e o n ten lta s idade adu a-se desa a tr s m ra o u a m p m i a m te p age e seu pai to de pass scobre qu e om uma mília. O ri d c e la ã e m o quand indo a a o tr os ê ro v lo o o d Ela ia. A desc conjugal. ora na pra primeira a tr m x e e u o q s ] a ll c Be apenas a a [Camila sas, rém, será o estrangeir p , o d ou doloro re s g e ra s o d e s ta s n berta de lme do ditras, enca Terceiro fi “Nina”], érie de ou . a m s e m de uma s e si do Ralo” família e “O Cheiro em uma sobre sua e o [d ã a iç li ib a x h e D a r u o s it s e ó retor H ionado ap ” foi ovac nnes. a C e d “À Deriva l estiva F º 2 6 o d mostra

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dos criaais festeja m s o d m iterário. eéu alismo L Gay Tales rn o J o d a a Literáham e res do c FLIP (Feir a série d o d a m n u te ra n e tu cos e pres para falar urakami s ruas d le esteve raty) 2009 la E a e P p e s d o l Haruki M a tr on ion Escritor”. s e desenc al evento A Vida de a Internac 9, “ s ri 6 re , o 9 1 ro o tr v p n e li o d m c o n te e ortagens a últim gosto rrando em ma de rep s o da tram obre seu a e 18 de a o o s tr n s d 5 n , a 1 ta e s c io m s E u u o ia q s z N d ó T no e e fa ite. imas para Entre os e uma no ele, Tales u de Bethel, ima, dorm oas anôn d N to lt s e o s ú d re g e a c A n p e id . lo c d e ri o d E a e a n e a tor e jorqu e na peque tra decid mãs, Mari o o festival obre a vid acassos como escri deram u n ir s o u s e ra a a c u o lt te to u tã n c n s o a e c te, enqua endo em contar seus fr ideias que nunca pu rios Unidos, a e da contr k” é um fundamen ra hippie a se envolv c ro e b p to a a s c tas e d d por vá a no e e o g e u W oa em cidad alista. Pau blicadas, snde os pri u n u e la o e p l e c o a p e v ri te r ti á s a n s n a o g e c a fe id c v A m sa curiosa za volv ário mundo. “ lugar nes tura. Em u irmãs cru alser desen co do lend n s s fi e m a v e d rá a d ra g a a a o d io v tr m a b ti n u jorn m am no jornco relato auto t Tiber. Com o obje s, como u ca, motivos, e . Os dramas começ labama. o valem, a n ã e te n g o a s ip n io h o io íp a ll rs c d e ou no A biografia ra a vida crito por E otel de sua família erentes p sediar o sentido pa máfia auto faculdade que curs ue trabalhou m a de dif h o a o ra c c g a s ti p u n b e a e d o u a r oq va os q ried pela a nal da vem músic os dez an Times e se torssediado ce a prop se tornari n a jo re e l, r u fe m q te la o e o a u fa r v g m e a e o a Tib agin e um Pross New York a marca só não im ue influen e o dono d s com as mes- como repórter do r deixa su , to s u evento. Ele para a revolução q a a n s a e O nas revista õ m . s ç a u o s h x ra e e s le g in e e p h v s õ c m a a ç o s a peça ch z e à vida nam mais c e das rela to de toda rar. op, ao jaz easta Ang a solidão portamen p d in m o c u a colabo o a o c o s s d s o a ia u s c p o n ã is cio rê a m g u fe q s in k re la a T clando tão. Pe etragem “ desde en rânea. no o longa m ro u b o m ir v te contempo e s ro v li m e o e ia e L stre k”, com e Woodstoc Brasil.

U APÓS O E C E T ON AC R E C E T NOI A EM OCK T S D WOO

E D A D VI A R O T I R C ES

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