Mostra de cinema
Sesc | Serviço Social do Comércio Departamento Nacional
Sesc | Serviço Social do Comércio Departamento Nacional Rio de Janeiro 2016
Mostra de cinema
Sesc | Serviço Social do Comércio Presidência do Conselho Nacional Antonio Oliveira Santos Departamento Nacional Direção-Geral Carlos Artexes Simões Coordenadoria de Educação e Cultura Paulo de Camargo Conteúdo Gerência de Cultura Marcia Costa Rodrigues Assessoria de Cinema Marco Aurélio Lopes Fialho Nadia Moreno Texto Marco Aurélio Lopes Fialho Produção editorial Assessoria de Comunicação Pedro Hammerschmidt Capeto Supervisão editorial, edição e preparação Fernanda Silveira Projeto gráfico Ana Cristina Pereira (Hannah23) Ilustrações Wagner Willian Revisão
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Elaine Bayma Produção gráfica Celso Mendonça Estagiários Diogo Franca (produção editorial) Wellisson Souza (design)
Sesc. Departamento Nacional. Jidaigeki: Viajando com Kurosawa ao Japão feudal: Mostra de cinema / Sesc, Departamento Nacional. -Rio de Janeiro : Sesc, Departamento Nacional, 2015. 88 p. ; 27 cm. Inclui bibliografia. ISBN 978-85-8254-052-7 1. Kurosawa, Akira, 1910-1998. 2. Diretores e produtores de cinema – Japão. I. Título.
Os dias morosos Acumulam-se, evocando Um velho passado. (BUSON)1
1
BUSON apud CORDEIRO, Renata (Org.).
Viagem ao Japão. São Paulo: Landy, 2004. p. 273.
5
Viajando com Kurosawa ao Japão Feudal
Muito da desconhecida história japonesa, sua organização social e cultural nos foi nutrida e descortinada pelo cinema, e com Kurosawa a época feudal japonesa emergiu no imaginário mundial. Samurais, gueixas e xoguns despertaram a curiosidade do homem comum ocidental e Kurosawa, Mifune e Shimura foram, em grande parte, responsáveis pelas imagens que o Ocidente começou a forjar do até então misterioso Japão. Pode-se dizer que o sucesso de Rashomon (1951), e depois de Os sete samurais (1954), alçou o Japão para a superfície terrestre, como se antes fosse nada mais que uma Atlântida submersa no mar do desconhecimento. Posteriormente, outros diretores seriam incensados e também reverberariam no Ocidente, em especial os filmes de samurai, até hoje muito cultuados em todo o mundo. Algumas questões de fundo histórico contribuíram para esse desconhecimento sobre a cultura japonesa. Do século 12 até o século 17, o Japão viveu sob o regime dos xogunatos,1 com clãs diversos se revezando no poder em uma guerra sem fim. Em 1600, a família Tokugawa modificou a noção de xogunato centralizando politicamente o poder. Assim, de 1600 até 1865, isto é, durante 265 anos, o Japão foi governado com
sofisticado código de honra e conduta, o bushido. 2 Já os senhores feudais, os daimyo, 3 tiveram seus poderes limitados por esse poder dos xoguns, devendo-lhes obediência. Para garantir seu poder político, os Tokugawa proibiram os senhores feudais japoneses (daimyo) de ter qualquer contato comercial com estrangeiros. As negociações com os estrangeiros seriam feitas sempre com
pulso forte por uma única família.
a intermediação e o consentimento
Como o sistema político era mantido
do xogum, autoridade máxima da
militarmente, os samurais (elite
estrutura política. Essa política era
guerreira ligada à aristocracia feudal)
tão dura que, ainda no século 17,
possuíam poderes e prestígio na era
durante uma tentativa espanhola de
dos xoguns e puderam aprimorar um
se estabelecer na região Sul, militares
Serviço Social do Comércio
1 Supremacia militar de um clã sobre outros. 2 “O caminho do guerreiro”, o código de ética dos samurais 3 Chefe de uma linhagem aristocrática militar, proprietário de terras vastas e no comando de um exército pessoal.
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Durante dois séculos, o isolamento japonês se tornou um fato incontestável, mas não absoluto. Havia relações estabelecidas pelo estado japonês com outros países e permissão para que ocorressem contatos com alguns comerciantes holandeses. Isso permitiu que o Japão tivesse uma noção acerca das transformações que transcorriam na economia europeia, assim como o avanço na tecnologia bélica de alguns países, mesmo se na prática o poderio militar japonês fosse inferior ao europeu. Ainda na administração dos Tokugawa, em 1853, o Japão recebeu a importante visita das “naus negras” norteamericanas, lideradas pelo comodoro Perry, o que iria mudar drasticamente japoneses expulsaram os espanhóis e assassinaram todos os japoneses que haviam se convertido ao cristianismo. Esse fato marcou o isolamento do Japão para o mundo ocidental durante mais de 200 anos. O historiador K. M. Panikkar (1977) define ideologicamente esse período histórico comandado pelos Tokugawa como sustentado por [...] uma teoria da grandeza nacional fundada na disciplina e na aceitação de uma vida dura, que preconiza uma organização militar do país e que coloca como valores supremos a segurança do império e, naturalmente, a fidelidade ao xogunato. Um governo central extremamente poderoso, uma engenhosa 4 PANIKKAR, K. M. A dominação ocidental na Ásia. Rio de Janeiro: Paz & Terra, 1977. p. 90.
máquina administrativa, bem como uma burocracia dirigida por um Conselho de Anciões eram os principais elementos do sistema.4
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a sociedade japonesa. Era uma visita a princípio amigável, mas que trazia também um tom ameaçador. A mensagem era clara: ou o Japão se abria para o mundo por “livre e espontânea” vontade, ou o faria por meio de uma guerra. O xogum sabia que não teria forças para esse tipo de enfrentamento. A China já havia tentado afrontar o poderio das potências imperialistas europeias e os resultados foram humilhantes, pois a supremacia bélica dessas nações era desproporcional e desfavorável ao Oriente. Não restava alternativa senão capitular e pensar em outras estratégias que não levassem ao confronto direto. Esse foi o início não só do capitalismo japonês, mas também da modernização de suas estruturas socioeconômicas.
Viajando com Kurosawa ao Japão Feudal
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O caminho japonês para a modernização se deu de forma muito própria. A figura do imperador durante esse longo período do xogunato foi apenas decorativa. Historicamente, o imperador no Japão possui uma ascendência divina, é um descendente direto da deusa do sol, portanto, constitui-se como uma instituição incontestável. Mas o imperador voltaria a ter uma participação política relevante em um momento muito delicado para a soberania japonesa. Foi na Era Meiji, ou “Governo Esclarecido” (18681912), o período em que o Japão se transformou rapidamente em uma poderosa monarquia constitucional moderna, livre dos entraves feudais e em pouquíssimo tempo respeitado como uma potência econômica, sendo também visto assim pela Europa e pelos Estados Unidos. A abertura do Japão ao mundo no século 19 obedeceu, por um lado, a uma lógica de expansão do mercado capitalista, em sua busca irrefreável de ganhar novos mercados consumidores a seus produtos industrializados; por outro lado, foi a maneira encontrada pelas elites japonesas de sobreviver frente ao inevitável avanço imperialista, que invadia ferozmente os países asiáticos. Para o Japão, promover a modernização significava manter boa parte de suas tradições culturais, suavizando ao máximo a interferência externa em sua vida cotidiana. Era fundamental não ser invadido e agredido militarmente tal como foram Índia e China.
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Viajando com Kurosawa ao Japão Feudal
É claro que para isso o Japão teve de se transformar em uma potência econômica, militar e imperialista, o que traria consequências catastróficas mais à frente, como a problemática participação na Segunda Guerra Mundial ao lado da Alemanha e da Itália, coroada por uma das maiores tragédias humanas: o lançamento das bombas atômicas em Hiroshima e Nagasaki pelos Estados Unidos, em 1945. Até a Era Taishô (1912-1926), o que se desenvolveu no Japão foi a progressão democrática de suas instituições políticas. Mas a partir da Era Showa (1926-1988), o país mergulhou em um crescente militarismo. Da mesma forma que a Era Edo, também conhecida como a Era dos Tokugawa, que isolou o Japão do mundo por mais de 200 anos, a Era Showa implantou uma fase expansionista e belicista, mergulhando o Japão novamente em uma situação de isolamento. A agressividade da política externa japonesa resultou em retrocessos significativos quando comparados aos avanços que o país conquistou desde a transformadora Era Meiji. A cultura, em geral, sofreu um baque extraordinário, com a instalação da censura no país, controlada abnegadamente pelo Ministério do Interior. O nacionalismo exacerbado assumia contornos xenófobos; em sua autobiografia, Kurosawa chegou a narrar alguns desses episódios. Diz ainda que no período de 1941-1945, época da Guerra do Pacífico, tudo que soasse “angloamericano” era proibido.
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Oh, mas que frescor: Do sino, ao longe, a perder-se A voz desse sino! (BUSON)1
1
11
BUSON apud CORDEIRO, 2004, p. 279.
Viajando com Kurosawa ao Japão Feudal
Mais uma vez, o Japão se isolava do mundo e em uma época em que seu cinema estava altamente produtivo, repleto de diretores talentosos e produtoras consolidadas. Se observarmos a filmografia dos diretores ativos naquele período, facilmente se constata a quase nulidade de filmes realizados, sendo os poucos realizados com temáticas militaristas ou de propaganda. O mais surpreendente, e ao mesmo tempo digno de registro, foi a persistência e a tenacidade de Kurosawa, que conseguiu iniciar sua carreira de diretor em 1943, tendo concluído quatro filmes nesse nebuloso período da história japonesa. Mas não foi fácil, já que vários de seus roteiros não se transformaram em projetos, sendo sistematicamente recusados, o que não impedia Kurosawa de apresentar outros roteiros, até vencer os censores pelo cansaço. Por essa razão, foi e ainda é muito celebrado o prêmio em Veneza dado a Kurosawa por Rashomon. No Ocidente, a história do cinema japonês é em geral bastante desconhecida, até mesmo devido a esses diversos momentos de isolamento. Poucos livros abordam o tema em sua abrangência, inclusive é muito comum a não inclusão do Japão nas publicações dedicadas à história do cinema mundial. Nesse aspecto, vale ressaltar o trabalho do maior historiador do cinema mundial, Georges Sadoul, que dedicou poucas, mas competentes páginas sobre a sétima arte nipônica. Nosso intuito
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aqui é construir um painel, apenas para melhor situar e compreender o papel de Kurosawa em seu contexto cultural e cinematográfico. Mergulhar na história do cinema japonês é também expandir conhecimento em torno de expressões próprias dessa cultura e fazer um esforço para melhor entender sua dinâmica e aproximá-la do universo cultural ocidental. Para isso, precisamos conhecer suas principais propriedades. Uma das características mais singulares do cinema japonês foi a existência dos benshis, 5 narradores que permaneciam nas exibições, comentavam o conteúdo e as histórias
12
5 “Aquele que comenta”.
dos filmes. Eles se constituíam nas figuras mais poderosas do cinema japonês, pelo menos até meados dos anos 1930. Contraditoriamente, simbolizavam um elemento específico do cinema nipônico, um traço próprio, não encontrado nos países ocidentais. Representavam também um entrave às novidades e aos padrões narrativos desenvolvidos e aceitos em outras partes do mundo.
6 Kabuki: forma de teatro popular tradicional do Japão, que surgiu no Período Edo, no início do século 17, todo representado por homens, inclusive os papéis femininos. Seu nome é formado a partir da junção ka = cantar, bu = dançar e ki = representar. Há no kabuki, o momento mie, quando um ator fica imóvel, congelado, para expressar o auge dramático do personagem. Os cenários e as vestimentas se caracterizam pelo uso simbólico das cores e o rosto, pela maquiagem branca, com boca e olhos bem delineados. Nô: Um dos mais antigos gêneros teatrais que ainda sobrevive no mundo. O termo “Nô”, que em japonês significa talento ou habilidade, define uma forma narrativa muito diferente da dramaturgia ocidental. Os atores representam e ao mesmo tempo contam a história, usando os movimentos e a aparência para sugerir o que está sendo contado. O objetivo da encenação no teatro Nô é atingir o máximo de significação com o mínimo de expressão. Suas narrativas são cheias de deuses, guerreiros e mulheres enlouquecidas. O protagonista é o único que usa máscara. Normalmente ele é um espírito errante, que narra de forma lírica sua nostalgia, ajudado por um coro. O teatro Nô surgiu a partir de antigas formas de dança e dos dramas apresentados em santuários e templos japoneses, entre os séculos 12 e 13. Entre os séculos 14 e 19, ele era apresentado em cerimônias para uma elite da então sociedade feudal do Japão.
Mas é importante entender as razões desses entraves. Tradicionalmente, a cultura japonesa apoiava-se no Kabuki e no Nô.6 A proliferação dos benshis traduzia e dialogava diretamente com essa tradição teatral japonesa. Era natural que esse tradicionalismo resistisse às novas formas narrativas trazidas pelo cinema. A prática era uma tentativa de salvaguardar a tradição narrativa da cultura japonesa, mas as imagens que chegavam traziam a cultura ocidental não só nas histórias como na concepção narrativa da montagem dos filmes. E não havia meio de fugir dela. Toda venda de patente para implantação do cinematógrafo já colocava alguns requisitos básicos. Um deles era a exibição de conteúdos trazidos pelo representante da patente. Assim, os benshis combateram ferozmente a chegada do cinema sonoro, junto com os músicos de orquestra, que tocavam nas sessões. Seu protesto ia ao encontro da política xenófoba do governo militar e nacionalista da época. Como era de se esperar, a estética predominante dos filmes vinha do 13
Viajando com Kurosawa ao Japão Feudal
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com filmes de época (jidaigeki), mas havendo também os dramas de pessoas comuns (shomingeki) e filmes modernos (gendaigeki). Os shomingeki não eram, nessa época, um tipo de abordagem tão usual. O trabalho com personagens proletários e seus dramas teve em Kenji Mizoguchi (18981956) o cineasta mais importante para a consolidação de um cinema japonês popular e com contornos dramáticos e realistas bem delineados, ao mesmo tempo socialmente crítico, em plena segunda metade dos anos 1930, época
7 Grandes corporações financeiras. 8 “Teatro novo”, nascido no início do século 20.
tradicional teatro Kabuki, não só nos
da forte ideologia militarista no Japão.
enredos como também na própria
Já nos primeiros anos do século 20,
encenação. Enquanto o cinema em
artistas se mobilizaram em torno de
todo o mundo lutava pela afirmação
uma modernização estética da cultura
de uma linguagem cinematográfica
japonesa. A Era Meiji transformou as
própria, o Japão ainda tinha obstáculos
estruturas econômicas e políticas do
inerentes ao seu desenvolvimento
país, porém pouco mexeu nas suas
cultural. Vencido esse momento
estruturas culturais. Os entraves
de implantação, o cinema acabou
avolumaram-se, mas uma forma
assimilando muito dessa cultura
específica de desenvolvimento
tradicional, pois mais tarde se
capitalista no Japão colaborou para
tornaria uma importante janela para
o fortalecimento das produtoras de
a disseminação da cultura oriental
cinema, o surgimento dos zaibatsus.7
mundo afora.
Mas não só o investimento financeiro
Apesar dessas dificuldades, o
alimentou o Japão da Era Meiji, houve
cinema nipônico mostrava avanços
em paralelo um movimento estético
consideráveis. Já nos anos 1930
modernizador, o shingeki, 8 ainda no
muitas empresas cinematográficas
final da primeira década do século 20.
estavam se consolidando no Japão,
O shingeki influenciou-se fortemente
buscando um maior profissionalismo
pelo método de Stanislavski e nas
e arriscando outras formas narrativas.
obras de Ibsen e Bernard Shaw, que
Desde os anos 1920, diversos
propunham novas formas e técnicas
cineastas já tentavam trabalhar a
interpretativas de aproximação
partir de premissas mais estéticas
com o espectador. O cinema bebeu
do que simplesmente aceitar o
dessas vertentes ocidentais, o que
formato de exibição imposto pelos
inevitavelmente trouxe profundas
benshis. Vários cineastas inovaram
mudanças para a maneira de
15
Viajando com Kurosawa ao Japão Feudal
representar da época. Um exemplo dessa modernização foi a abolição dos oyama,9 com a possibilidade de aproximação da câmera, esse artifício começou a soar como grotesco. Como bem assinala a professora Maria Roberta Novielli [...] no começo da terceira década do século, o cinema japonês tinha sofrido uma primeira e determinante transformação. Nascido de uma base preexistente de códigos e modos de representação próprios do teatro e da narrativa tradicional, começava a apropriar-se deles e a constituir-se como arte autônoma e frequentemente em posição privilegiada.10
Não era então uma proposta de aniquilamento ou anulação da cultura japonesa, mas sim um processo de imiscuí-la com outros próprios da gramática cinematográfica mundial, e, nesse ponto, a exibição dos filmes estrangeiros possuíam um papel relevante. Era preciso sublinhar
Maria Roberta Novielli deve ser compreendido em sua filmografia como “a serenidade inerente à simplicidade, o refinamento do não
também os cineastas japoneses como artistas criadores, tais como eram vistos os diretores de teatro, os artistas plásticos e literatos. Vindo nessa leva, além de Mizoguchi, nos anos 1930, Yasujiro Ozu (1903-
elaborado, a austeridade que perpassa a pobreza: o fascínio que dela brota permeia de modo indefinível certas atmosferas”.12 No final dos anos 1930 e início dos
1963) desponta como um dos grandes
anos 1940, o cinema japonês tinha
nomes do cinema japonês. Seus
condições plenas para se equiparar
dramas intimistas e familiares, com
aos mais expressivos do mundo.
ampla utilização da câmera fixa e
Estrutura de estúdio, estrelas,
baixa fundou um estilo de filmar até
diretores competentes, tradição
hoje muito pesquisado. O lirismo e
histórica repleta de histórias de
a poesia narrativa de Mikio Naruse também se configura como um dos mais importantes. Naruse dedicouse a um estilo chamado de wabi,
11
que no entender da pesquisadora
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9 Ator do Kabuki que interpreta papéis femininos. 10 NOVIELLI, Maria Roberta. História do cinema japonês. Brasília: Ed. UnB, 2007. p. 31.
aventuras e presente moderno cheio de contradições, ambiente ótimo para o desenvolvimento de enredos
11 Ideal estético que indica o sóbrio refinamento próprio da simplicidade.
promissores. Infelizmente, questões políticas não ajudariam, pois a
12 NOVIELLI, op.cit., p. 94.
16
É importante registrar um claro incômodo da sociedade japonesa frente à ocupação norte-americana, muito devido às bombas atômicas lançadas em Hiroshima e Nagasaki (1945), que impuseram um fim trágico à guerra. Ainda em 1945, institui-se o Civil Information e Education Section (CIE) que funcionava como um novo departamento de propaganda próocupação, responsável entre outras coisas pelo controle da produção cinematográfica no Japão. Entre consolidação de um poder fortemente
as medidas adotadas havia até a
militarizado, nacionalista e xenófobo
proibição de filmes com cenas com
causava entraves categóricos. Controle
chambara,14 base dos filmes jidaigeki.
de conteúdo por meio de uma ríspida
Os filmes de samurai estavam em
censura reprimiu a imensa potência
suspenso, por representar o atraso do
que o cinema japonês demonstrava
antigo império militarista japonês. A
com obras consistentes e variadas
censura do período da ocupação (1945-
temáticas.
1952) trazia ainda entraves à produção,
Durante a participação japonesa na
pois os roteiros antes de serem filmados
Segunda Guerra Mundial (1941-1945) e, depois, no decorrer da ocupação norte-americana (1945-1952), o cinema japonês se retraiu facilitado ainda pela censura registrada nesses dois períodos, mas rapidamente a indústria cinematográfica se reergueu. Os números nesse caso dizem muito. Em 1940 o Japão tinha 497 filmes produzidos e 2.500 salas de cinema operando; em 1944, no
13 NOVIELLI, idem. p. 372-377. 14 Termo onomatopeico derivado do som estridente das espadas durante as lutas.
passavam pelo crivo de aprovação do CIE e os grandes estúdios eram os mais visados, o que provocou um aumento de produtoras independentes, devido às insatisfações com a censura. Na verdade, os cineastas japoneses saíram de um esquema cercado de proibições e propagandas dos militares para outro igualmente cerceador, o da ocupação. Portanto, os japoneses tinham a clara sensação que se tinha
período mais crítico da guerra,
trocado seis por meia dúzia.
apenas 46 filmes lançados e mil
Por sorte, a maioria dos estúdios
salas em funcionamento; mas em
japoneses não sofreu destruição no
1953, surpreendentemente já eram
período da guerra. Kioto e Tóquio
produzidos 302 filmes e operavam 4
sempre concentraram o maior número
mil salas no país, já no período da
de produtoras de cinema, o que fez
reconstrução, marcada pela ocupação
com que o cinema japonês pudesse se
norte-americana.
erguer sem grandes percalços.
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Viajando com Kurosawa ao Japão Feudal
Serviço Social do Comércio
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Durante a ocupação, os sindicatos foram muito estimulados com a finalidade de desestabilizar internamente as grandes produtoras, ainda impregnadas pela ideologia e por profissionais ligados ao antigo regime político. Várias greves estouraram e a mais grave foi na Toho, a maior produtora japonesa, cujo objetivo era a melhoria das condições de trabalho. Dessa greve surge um racha na Toho, com a saída de atores e diretores para fundarem a Shintoho (Nova Toho). Mas logo a ocupação se deu conta que estava incentivando uma agitação política ligada à ideologia marxista. Em 1950, o macarthismo 15 atinge o Japão, e diversos profissionais do cinema são demitidos por serem acusados de serem comunistas. Do ponto de vista estético, o que influenciou muito o cinema no pósguerra foi o neorrealismo italiano com seus dramas sociais profundos, filmagens em locações e com câmeras mais leves. Como consequência notouse uma proliferação de produtoras independentes, o que até então era incomum, já que no Japão o cinema estava atrelado às grandes corporações econômicas. Curiosamente, foi justo no final da ocupação, quando os jidaigeki eram malvistos pelos norte-americanos e os filmes neorrealistas faziam sucesso junto aos artistas japoneses,
15 Movimento iniciado nos Estados Unidos, em 1951, pelo senador Joseph McCarthy, com a finalidade de perseguir tanto comunistas quanto aqueles que praticavam, no seu entendimento, atos contra os Estados Unidos.
que uma distribuidora de filmes italianos no Japão resolve inverter a mão e levar filmes japoneses para a Itália. Foi assim que Kurosawa viu 19
Viajando com Kurosawa ao Japão Feudal
O mundo é orvalho, O mundo é orvalho sim, Mas há um porém... (ISSA)2
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Serviço Social do Comércio
ISSA apud CORDEIRO, 2004, p. 285.
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e imperialista, é chegada a hora de o país, por meio do cinema, mostrar o quanto desconhecido e fascinante era o universo cultural nipônico. E quem deu esse pontapé inicial foi Akira Kurosawa. Se no Japão Kurosawa carregou a pecha de ser ocidentalizado demais, no exterior ele revelou para o olhar ocidental um Japão fascinante e historicamente desconhecido, muitas vezes áspero, violento e cheio de batalhas de clãs; um país rigidamente hierárquico; além de nos mostrar personagens disciplinados e fiéis às suas ricas tradições. Mas a tal tendência ocidental de Kurosawa talvez esteja mais na sua forma de conceber o cinema. É conhecida a sua fascinação pelo cinema norteamericano (destaque para John Ford) e europeu (muito do expressionismo alemão). Na sua autobiografia, ele lista incredulamente seu filme Rashomon ser indicado para participar do Festival de Veneza e logo depois ser laureado com o prêmio máximo, o Leão de Ouro. Esse prêmio representou uma retomada dos jidaigeki para o cinema japonês. A partir desse momento, o interesse do ocidente pelo Japão voltou-se para os jidaigeki; era o exótico atraindo os olhares curiosos e ciosos por uma cultura diferente. Agora, em plena década de 1950, passados os tempos da Era Meiji, quando os japoneses tinham de soar modernos para o mundo, e passado também o tempo da militarização, quando o Japão assume uma faceta agressiva 21
os filmes assistidos por ano, a maioria ocidentais, o que o fez afeiçoar-se por determinada maneira de se pensar e narrar um filme; fora sua obsessão também pela literatura ocidental, em particular a russa do século 19 (Turgueniev, Tolstoi e Dostoievski, sobretudo no humanismo deste último, do qual era muito entusiástico). Mas sua ocidentalização encerrase por aí, no aspecto artístico, pois nas temáticas, Kurosawa sempre foi japonês ao extremo, basta assistir a qualquer um de seus filmes. A ocidentalização de Kurosawa nos traz à lembrança um artigo escrito em 1955 por André Bazin, o mais proeminente crítico de cinema
Viajando com Kurosawa ao Japão Feudal
francês, sobre o impacto que o filme Rashomon provocou nos meios cinematográficos europeus. Diante da qualidade inconteste da obra, Bazin diz não saber ao certo o quanto aquele filme representava o cinema japonês, já que era a única obra até então conhecida daquele país, mas enfatiza, surpreso, que o filme trazia em si, incorporado, todos os atributos e ditames cinematográficos ocidentais, isto é, do ponto de vista estético e técnico, a obra de Kurosawa de nada destoava dos grandes filmes produzidos na Europa e nos Estados Unidos. O crítico diz mais: País de cultura antiga e de fortes tradições, o Japão parece ter assimilado o cinema com tanta facilidade quanto todas as técnicas ocidentais. Mas assim como estas, longe de destruir-lhe a cultura, foram imediatamente integradas a ela, e o cinema situou-se de pronto e sem conflito ao nível da arte japonesa em geral.16
Cabe por isso mencionar, que a aproximação de Akira Kurosawa com o cinema deu-se por intermédio de
As conversas em que Heigo falava
seu irmão mais velho, Heigo, que
com autoridade dos filmes fascinavam
selecionava os filmes a serem vistos e
o irmão mais novo, já adolescente
o acompanhava às sessões de cinema.
e encantado com as artes. Mas o
Heigo trabalhou como benshi, o que
advento das fitas sonoras mudou o
lhe conferia muito prestígio. Segundo
destino de muitos. Os personagens
Kurosawa, os benshi “não somente
dos filmes passaram a falar e os
recontavam a história; eles faziam
benshi foram tornando-se antiquados
crescer seu conteúdo emocional,
e desnecessários, e sua presença foi
atuando nas vozes e nos efeitos
sendo gradativamente descartada.
sonoros e proporcionando descrições
Heigo não suportou o insucesso e
evocativas dos eventos e imagens da
a pressão de ter que buscar outra
tela”.
carreira, e, aos 27 anos, suicidou-se.
Certamente, a admiração de Akira por
Akira teve de encarar essa perda,
Heigo o aproximou muito do cinema.
afinal, Heigo não era só querido
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16 BAZIN, André. O cinema da crueldade. São Paulo: Martins Fontes, 1989. p. 178. 17 KUROSAWA, Akira. Relato autobiográfico. São Paulo: Estação Liberdade, 1991. p. 117.
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Viajando com Kurosawa ao JapĂŁo Feudal
por ser seu irmão, mas também por ser um grande ídolo, um espelho. Muito da perseverança e obstinação que tanto se constata acerca do profissional Akira Kurosawa se deve a essa paixão, que para ele soava como uma dívida de gratidão ao irmão, a ser paga pelo desenvolvimento de um perfeccionismo sem igual. Claro que só isso não bastaria, existia também um talento inequívoco, uma vocação artística incomum, uma necessidade de se expressar desde muito cedo revelada e na qual discorreremos a seguir. Desde cedo, a educação de Akira foi propensa à rigidez. Seu pai impôs aos Kurosawa disciplina, o que para o caçula foi sempre de difícil assimilação. Existia uma imposição física nessa educação que perpassava os esportes e as atividades físicas em geral. Já sua mãe comportava-se como uma mulher típica da era Meiji, que se dedicava ao lar para permitir o pleno trabalho do marido. Vale lembrar que o Japão atravessava a Era Taishô (1912-1926), que fora iniciada logo após a Era Meiji (1868-1912); época na qual a transformação capitalista foi avassaladora) e começava a desenvolver um perfil fortemente militarista e disciplinador. O Japão nessas duas eras se impôs como uma potência econômica e militar. Akira era então um frágil estudante do Ensino Fundamental, pouco propenso às atividades físicas, para o desgosto de seu pai. Os professores de Akira, em geral, eram muito rigorosos e punitivos, mas, para a sua sorte, no
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Viajando com Kurosawa ao JapĂŁo Feudal
Ensino Fundamental apareceu em seu caminho o professor Seiji Tachikawa. O sr. Tachikawa era um desses professores especiais, capazes de transformar pessoas. Quando chegaram às suas mãos os alunos Akira Kurosawa e Keinosuke Uekusa (futuro corroteirista de Kurosawa em vários projetos), sua visão libertadora de mundo salvou a alma de ambos. Vale aqui transcrever esse momento crucial pelo qual Akira, mesmo já idoso, demonstra-se devedor: No início da Era Taishô (1912-1926), quando iniciei minha temporada escolar, a palavra professor era sinônimo de pessoa assustadora. O fato de, nessa época, ter encontrado tão livre e inovadora educação, com tão grande impulso criativo por trás dela – que eu tenha encontrado professores como o sr. Tachikawa – eu reputo como uma benção das mais raras.18
O estímulo do sr. Tachikawa foi de
a facilidade na caligrafia japonesa
valorização profunda, psicológica e
(shodô) e o reconhecimento social
social, em relação ao talento do então
desse seu talento. Seu pai tentou fazer
menino Akira. Quando Akira realizou
de Kurosawa um lutador de kendô,
um desenho contendo manchas
tipo muito popular de artes marciais
e borrões, a turma desatou a rir
no Japão, que no lugar de espadas
debochadamente, mas o mestre fez
utiliza-se um pedaço de madeira, mas,
todos calarem-se ao emitir elogios
apesar da sua reconhecida dedicação,
ao trabalho de Kurosawa, causando a
faltava o talento necessário. Mas a
seguir um silêncio constrangedor em
luta até fora proveitosa nas futuras
toda a classe.
coreografias que viria a filmar no
Outros dados de sua formação podem
decorrer de sua carreira como
ser acrescidos como elementos
cineasta.
básicos que se somariam e agregariam
Quando completou 18 anos, Akira pôde
ao seu talento artístico. As aulas de
ter grande acesso aos livros. O Japão
caligrafia são um desses exemplos.
vivia um boom de livros ien, que eram
Nelas, suas habilidades manuais
chamados assim por custarem apenas
para o desenho foram aprimoradas.
um ien. Nos sebos, esses mesmos
Akira menciona em sua autobiografia
livros eram encontrados ainda mais
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18 KUROSAWA, 1991, p. 38.
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seu redor, era pungente se expressar perante a vida. Mas, por fim, a arte falaria mais alto, depois de tanto Dostoievski, Gogol, Murnau, Pudovkin, Cézanne, John Ford, Eisenstein, Chaplin, Buñuel, entre outros, o bombardeando diariamente, incessantemente, o inconsciente já havia decidido, por mais que seu consciente ainda o traísse, ou lançasse dúvidas. Ao sentir que a Liga das Artes Proletárias tendia para um estilo realista de arte, Kurosawa foi se distanciando dela. Suas informações já estavam muito adiante das noções de arte engajada ali pretendida e arduamente defendida. Caso ali permanecesse, o que aconteceria a Kurosawa seria uma limitação do seu baratos, pela metade do preço, ou até menos. Nessa época se deu uma maior aproximação de Kurosawa com os clássicos da literatura estrangeira e japonesa, sem hierarquia de gosto e leitura. Também começou a frequentar teatro, folhear livros de arte nas livrarias (eram caros para comprar) e ir ao cinema com o irmão Heigo.
potencial artístico em prol meramente de uma leitura realística do mundo. Pensar o mundo já fazia parte da espinha dorsal da linha conceitual de Akira, e também ter uma visão crítica, mas nunca aceitaria para si ideias que o limitassem como indivíduo, por mais justas que poderiam lhe soar. Como diretor, seus filmes sempre perpassaram pelo indivíduo na busca
Em 1928, Akira já era um jovem
de se entender a complexidade do
mergulhado nas artes. Com
estar no mundo. Antes de tudo, o
sua pintura, acreditava que se
homem era o mundo de Kurosawa
transformaria em um pintor
e isso não traduzia um desprezo
profissional, mas o cinema, em
pelo mundo e sim uma afirmação da
paralelo, também o sensibilizava
presença humana nesse mundo, um
bastante. Em 1929, houve uma
credo em sua potência. Daí sua fixação
aproximação de Kurosawa com
por Toshiro Mifune, por acreditar que
movimentos marxistas, em especial
ele expressava como poucos essa
com a Liga de Arte Proletária. A
potência humana que o diretor, como
necessidade de transformação se
artista, buscava tanto realçar em seus
ampliava também para o mundo ao
personagens e na sua obra.
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Viajando com Kurosawa ao Japão Feudal
Serviço Social do Comércio
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o que era muito usual na época e instaurou um sistema, a exemplo do norte-americano, em que o produtor era o responsável pelo filme e poderia intervir em várias fases da produção. Em 1936, a PCL foi incorporada a Toho, cujo proprietário vinha do ramo ferroviário. A Toho se transformaria, durante muitos anos, em uma das maiores produtoras de cinema do Japão, era um caso típico de zaibatsu.19 A entrada de Kurosawa na então PCL foi realmente transformadora para sua carreira e sua vida. Lá ele foi se familiarizando com a função de Kurosawa entraria profissionalmente
assistente até se firmar trabalhando
no mundo do cinema em 1936, aos 26
com o diretor Kajirô Yamamoto, um
anos de idade, três anos depois do
dos maiores diretores da empresa. Por
suicídio de seu irmão. Foram três anos
sete anos atuou como assistente de
de angústia e indecisões, de decepção
direção e eventualmente escrevendo
com seu talento para a pintura.
roteiros para outros diretores. Como
Mas quando viu a oportunidade de
assistente, demonstrou uma aplicação
adentrar o mundo do cinema como
fora do comum, desenvolvendo uma
diretor assistente na Photo Chemical
disciplina invejável. Era também
Laboratory (PCL), por intermédio de
atribuição sua dirigir algumas cenas,
um anúncio de jornal, não titubeou
quando designado pelo diretor. O
muito e aceitou o desafio quase de
que muito contribuiu para o sucesso
pronto, com o apoio dos pais, também
e realização de Akira foi a enorme
angustiados com seu futuro incerto.
confiança que Yamamoto lhe conferia;
A PCL era uma empresa relativamente
a amizade entre os dois cresceu tanto
nova, havia sido fundada em 1933.
19 Consórcio monopolista de grandes empresas.
que extrapolou os limites do trabalho
Originalmente a PCL atuava como
nos estúdios.
uma associada da Nikkatsu, uma das
Esse tempo como assistente
grandes produtoras dos anos 1920
forçosamente o fez se relacionar com
e 1930 no Japão. De 1929 até 1932, a
os diversos departamentos existentes
empresa tinha como foco a pesquisa
em uma filmagem e lhe garantiu
e a experimentação da camada
uma grande e vigorosa experiência
sonora dos filmes. Ao se tornar uma
dentro de um set cinematográfico. A
produtora de filmes, em 1933, pôde
passagem de Kurosawa para a direção
praticar um esquema de produção
foi apenas uma questão de tempo,
mais profissional, menos familiar,
assim como seu posterior sucesso.
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Viajando com Kurosawa ao Japão Feudal
FILMES
Os sete samurais 1954
202 min P&B Elenco: Toshiro Mifune, Takashi Shimura, Yoshio Inaba, Seiji Miyaguchi, Minoru Chiaki, Katamari Fujiwara Durante o Japão feudal do século 16, um velho samurai chamado Kambei (Takashi Shimura) é contratado para defender uma aldeia indefesa que é constantemente saqueada por bandidos. Contando com a ajuda de outros seis samurais, Kambei treina os moradores para resistirem a um novo ataque que deve acontecer muito em breve.
Viajando com Kurosawa ao Japão Feudal
Rashomon 1950
88 min P&B Elenco: Toshiro Mifune, Takashi Shimura, Machiko Kyo, Masayuki Mori
Japão, século 11. Durante uma forte tempestade,
um
lenhador
(Takashi
Shimura), um sacerdote (Minoru Chiaki) e um camponês (Kichijiro Ueda) procuram refúgio nas ruínas de pedra do Portão de Rashomon. O sacerdote conta os detalhes de um julgamento que testemunhou, envolvendo o estupro de Masako (Machiko Kyô) e o assassinato do marido dela, Takehiro (Masayuki Mori), um samurai. Em flashback é mostrado o julgamento do bandido Tajomaru (Toshiro Mifune), no qual acontecem quatro testemunhos, inclusive de Takehiro através de um médium. Cada um conta sua “verdade”, que entra em conflito com a dos outros.
Viajando com Kurosawa ao Japão Feudal
A fortaleza escondida 1958
139 min P&B Elenco: Toshiro Mifune, Misa Uehara, Takashi Shimura, Susumu Fujita, Eiko Miyoshi,
Minoru
Chiaki,
Katamari
Fujiwara Durante o Japão do século 16, a caminho de casa, um poderoso homem escolta uma bela princesa fugitiva em meio ao território inimigo. Em sua viagem cruzam dois medrosos fazendeiros, que estão tentando retornar para casa depois de fugirem da Guerra Feudal. Viajando com Kurosawa ao Japão Feudal
Trono manchado de sangue 1957
110 min P&B Elenco: Toshiro Mifune, Takashi Shimura, Isuzu Yamada, Minoru Chiaki, Akira Kubo, Takamaru Sasaki, Yoichi Tachikawa Yoshiteru Miki (Akira Kubo) e Taketori Washizu (Toshiro Mifune) são os comandantes do primeiro e do segundo castelo de um reino no Japão, cuja sede fica no Castelo das Teias de Aranha. Após defenderem seu senhor em batalha, eles estão retornando para casa quando encontram um espírito que prediz o futuro de ambos. Ele diz que Washizu em breve assumirá o trono e que o filho de Miki, Yoshaki (Minoru Chiaki), o sucederá. Ao retornar para casa, Washizu comenta a predição com a esposa, lady Asaji (Isuzu Yamada). Ela acredita no que o espírito disse e incentiva o marido a agir, quando o atual rei chega em seu castelo para passar a noite.
Viajando com Kurosawa ao Japão Feudal
Sanjuro 1962
95 min P&B Elenco: Toshiro Mifune, Takashi Shimura, Tatsuya Nakadai, Yuzo Kayama, Katamari Fujiwara Um grupo de jovens idealistas determinados a limpar a cidade da corrupção é auxiliado por um samurai, Sanjuro, cínico e desalinhado, que não se encaixa no conceito de um nobre guerreiro para os jovens.
Viajando com Kurosawa ao Japão Feudal
Yojimbo 1961
112 min P&B Elenco: Toshiro Mifune, Takashi Shimura, Eijiro Tono, Kamatari Fujiwara, Seizaburo Kawazu, Isuzu Yamada, Tatsuya Nakadai No Japão do século 19, Sanjuro (Toshiro Mifune), um samurai errante, entra em uma pequena cidade rural. Ao descobrir pelo estalajadeiro que a cidade é dividida em duas gangues, Sanjuro coloca os dois lados em confronto, mas quando Unosuke (Tatsuya Nakadai), filho de um dos bandidos, chega com um revólver, Sanjuro deixa a cidade. Porém, quando Unosuke sequestra o estalajadeiro, o samurai retorna para confrontá-lo.
Viajando com Kurosawa ao Japão Feudal
1943 Sanshiro Sugata 1944 A mais bela 1945 Sanshiro Sugata – segunda parte 1945 Aqueles que pisaram na cauda do tigre 1946 Os que constroem o amanhã 1946 Nenhum pesar pela nossa juventude 1947 Domingo maravilhoso 1948 Anjo embriagado 1949 Duelo silencioso 1949 Cão danado 1950 Escândalo 1950 Rashomon 1951 O idiota 1952 Viver 1954 Os sete samurais 1955 Crônica de um ser vivo 1957 Trono manchado de sangue 1957 Ralé 1958 A fortaleza escondida 1960 O homem mau dorme bem 1961 Yojimbo 1962 Sanjuro 1963 Céu e inferno 1965 Barba Ruiva 1970 Dodeskaden 1975 Dersu Uzala 1980 Kagemusha – a sombra do samurai 1985 Ran 1990 Sonhos 1991 Rapsódia em agosto 1993 Madadayo
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1943 Sanshiro Sugata 1944 A mais bela 1945 Sanshiro Sugata – segunda parte 1945 Aqueles que pisaram na cauda do tigre 1946 Os que constroem o amanhã 1946 Nenhum pesar pela nossa juventude 1947 Domingo maravilhoso 1948 Anjo embriagado 1949 Duelo silencioso 1949 Cão danado 1950 Escândalo 1950 Rashomon 1951 O idiota 1952 Viver 1954 Os sete samurais 1955 Crônica de um ser vivo 1957 Trono manchado de sangue 1957 Ralé 1958 A fortaleza escondida 1960 O homem mau dorme bem 1961 Yojimbo 1962 Sanjuro 1963 Céu e inferno 1965 Barba Ruiva 1970 Dodeskaden 1975 Dersu Uzala 1980 Kagemusha – a sombra do samurai 1985 Ran 1990 Sonhos 1991 Rapsódia em agosto 1993 Madadayo
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Rashomon 1950
88 min P&B Elenco: Toshiro Mifune, Takashi Shimura, Machiko Kyo, Masayuki Mori
Japão, século 11. Durante uma forte tempestade,
um
lenhador
(Takashi
Shimura), um sacerdote (Minoru Chiaki) e um camponês (Kichijiro Ueda) procuram refúgio nas ruínas de pedra do Portão de Rashomon. O sacerdote conta os detalhes de um julgamento que testemunhou, envolvendo o estupro de Masako (Machiko Kyô) e o assassinato do marido dela, Takehiro (Masayuki Mori), um samurai. Em flashback é mostrado o julgamento do bandido Tajomaru (Toshiro Mifune), no qual acontecem quatro testemunhos, inclusive de Takehiro através de um médium. Cada um conta sua “verdade”, que entra em conflito com a dos outros.
Viajando com Kurosawa ao Japão Viajando comFeudal Kurosawa ao Japão Feudal
Os sete samurais 1954
202 min P&B Elenco: Toshiro Mifune, Takashi Shimura, Yoshio Inaba, Seiji Miyaguchi, Minoru Chiaki, Katamari Fujiwara Durante o Japão feudal do século 16, um velho samurai chamado Kambei (Takashi Shimura) é contratado para defender uma aldeia indefesa que é constantemente saqueada por bandidos. Contando com a ajuda de outros seis samurais, Kambei treina os moradores para resistirem a um novo ataque que deve acontecer muito em breve. Viajando com Kurosawa ao Japão Feudal
Trono manchado de sangue 1957
110 min P&B Elenco: Toshiro Mifune, Takashi Shimura, Isuzu Yamada, Minoru Chiaki, Akira Kubo, Takamaru Sasaki, Yoichi Tachikawa Yoshiteru Miki (Akira Kubo) e Taketori Washizu (Toshiro Mifune) são os comandantes do primeiro e do segundo castelo de um reino no Japão, cuja sede fica no Castelo das Teias de Aranha. Após defenderem seu senhor em batalha, eles estão retornando para casa quando encontram um espírito que prediz o futuro de ambos. Ele diz que Washizu em breve assumirá o trono e que o filho de Miki, Yoshaki (Minoru Chiaki), o sucederá. Ao retornar para casa, Washizu comenta a predição com a esposa, lady Asaji (Isuzu Yamada). Ela acredita no que o espírito disse e incentiva o marido a agir, quando o atual rei chega em seu castelo para passar a noite.
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A fortaleza escondida 1958
139 min P&B Elenco: Toshiro Mifune, Misa Uehara, Takashi Shimura, Susumu Fujita, Eiko Miyoshi,
Minoru
Chiaki,
Katamari
Fujiwara Durante o Japão do século 16, a caminho de casa, um poderoso homem escolta uma bela princesa fugitiva em meio ao território inimigo. Em sua viagem cruzam dois medrosos fazendeiros, que estão tentando retornar para casa depois de fugirem da Guerra Feudal. Viajando com Kurosawa ao Japão Feudal
Yojimbo 1961
112 min P&B Elenco: Toshiro Mifune, Takashi Shimura, Eijiro Tono, Kamatari Fujiwara, Seizaburo Kawazu, Isuzu Yamada, Tatsuya Nakadai No Japão do século 19, Sanjuro (Toshiro Mifune), um samurai errante, entra em uma pequena cidade rural. Ao descobrir pelo estalajadeiro que a cidade é dividida em duas gangues, Sanjuro coloca os dois lados em confronto, mas quando Unosuke (Tatsuya Nakadai), filho de um dos bandidos, chega com um revólver, Sanjuro deixa a cidade. Porém, quando Unosuke sequestra o estalajadeiro, o samurai retorna para confrontá-lo.
Viajando com Kurosawa ao Japão Viajando comFeudal Kurosawa ao Japão Feudal
Sanjuro 1962
95 min P&B Elenco: Toshiro Mifune, Takashi Shimura, Tatsuya Nakadai, Yuzo Kayama, Katamari Fujiwara Um grupo de jovens idealistas determinados a limpar a cidade da corrupção é auxiliado por um samurai, Sanjuro, cínico e desalinhado, que não se encaixa no conceito de um nobre guerreiro para os jovens. Viajando com Kurosawa ao Japão Feudal