Aosclientes e leitores
E então, como foram as férias? Agora é arrumar a
E antes de tomar um cafezinho, leia matéria especial
casa, colocar as coisas no lugar, encarar a volta às
sobre a longa trajetória do café, desde nossos avós até
aulas da meninada, e já ir cuidando de pesquisar
hoje, com as sofisticadas cafeteiras e grãos. Daremos
o presente dos Pais. Rotina é bem isso, mas sem
ainda uma volta por Guaramiranga, com longa tradi-
dúvida a vida pode ser diferente, com pitadas de
ção em café orgânico de incrível sabor. Juliana e Laris-
cultura, de vida saudável, botar o coração e as
sa nos falam como foi a preparação para as Olímpia-
emoções na agenda pra não deixar que essa vida
das de Londres 2012. Para fechar com chave de ouro
atribulada nos deixe pirar de vez. É sobre este
as entrevistas exclusivas, Costumes conversou com o
tema que o jornalista Nazareno Albuquerque
artista Romero Britto, conhecido internacionalmente
escreve o seu artigo de última página, uma sem-
por seu estilo criativo e inconfundível.
pre polêmica mas agradável leitura. Por falar em jornalista, Adisia Sá brilha em nossas páginas em
Entre cores e pincéis convidamos a um tour pelas ga-
entrevista a Renato de Castro, contando causos
lerias de arte de Fortaleza, visitando lugares bucólicos
de sua notável carreira. Mas ninguém supera em
e estúdios que cheiram a tinta e acrílico. Como o Mi-
originalidade os causos mal humorados narrados
nimuseu Firmeza, uma verdadeira surpresa para os
por Seu Lunga, o folclórico juazeirense nascido
amantes da arte. Ainda sobre bons passeios, o Passeio
em Assaré, em longa entrevista exclusiva ao jor-
Público retoma suas tradições e acolhe diariamen-
nalista Demontier Tenório.
te famílias e intelectuais ávidos por redescobrirem o gosto de passear por uma época rica da nossa história.
Preocupada com o corpo e a mente dos leitores, Costumes também foi atrás de pessoas que conta-
Há muita coisa ainda pra se falar do conteúdo desta edi-
ram o que fazem para conseguir manter a tão de-
ção, como as receitas, as curiosidades, os clientes acostu-
sejada qualidade de vida. Para quem ainda busca
mados conosco, as novidades das gôndolas. Acenda sua
sair da rotina e inovar em uma atividade, trazemos
curiosidade e curta a pauta deliciosa da Revista Costu-
uma matéria superinteressante sobre esportes fi-
mes, cada vez mais leitura obrigatória do cearense e, em
nos como o tênis, o golfe, equitação e balé.
especial, dos clientes dos Mercadinhos São Luiz.
EXPEDIENTE Diretor Responsável Nazareno Albuquerque
Ádria Araújo Camila Vasconcelos
Produção Gráfica Carlos Araújo
Tiragem 20.000 exemplares
Gerente de Marketing dos Mercadinhos São Luiz Joana Ramalho
Fotografia Joselito Araújo Revisão Editorial Maryllenne Freitas
Comercial Gorette Vasconcelos comercial1@revistacostumes.com.br (85) 8802.3773 (85) 3261.5999
Exemplares Rua Boris, 197 - Centro Fortaleza - Ceará
Revisão Ortográfica Ana Luiza Costa
Capa - Direção de Arte Marcos Costa
Projeto Gráfico, Diagramação e Ilustração Marcos Lima
Impressão Gráfica Halley
Editora Chefe Isabella Purcaru Redação Isabella Purcaru Renato Barros Rafaele Esmeraldo Sara Rebeca Aguiar
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COSTUMES
A Revista Costumes é uma publicação trimestral www.mercadinhossaoluiz. com.br/revista-costumes
www.mercadinhossaoluiz.com.br/revista-costumes
BEBA COM MODERAÇÃO
>sumário
De onde vem?!
Açaí: fonte de energia para uma vida saudável
Esportes
Conheça os esportes finos
Dia dos pais
Filho de peixe... peixinho é!
Me Acostumei com Você
Adísia Sá: Jornalismo no sangue e na alma
16 24 32 36
54 62
Made in Brazil
Cores e traços de Romero Britto
Cearense por escolha
Domenico Gabriele: um maestro na alfaiataria
72
Retalhos do Cariri
80
Pequenos sabores
Seu Lunga: um homem por trás do mito
Finger food: a novatendência na culinária cearense
Londres 2012
Juliana e Larissa: coragem e persistência vão à Londres
Capa
Que tal um cafezinho?
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COSTUMES
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84 94
Arte e cultura
Uma praça de muitas histórias
Beleza
Charme na ponta dos dedos
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>novidades São Luiz
Novo site dos Mercadinhos São Luiz
Para facilitar o acesso dos clientes à informações sobre tudo dos Mercadinhos São Luiz, o site foi reformulado e está com novo layout, mais moderno, permitindo uma melhor visualização do conteúdo. O topo da página traz um menu que direciona para as outras seções do site como o Blog, que divulga as ações, eventos e lançamentos, além das novidades dos Mercadinhos São Luiz; a seção Receitas mostra as dicas de receitas do chef Fernando Barroso. O site traz também a Revista Costumes com todas as edições em PDF para facilitar ainda mais o acesso dos leitores à revista, além do Catálogo de Ofertas com encartes promocionais e a Loja Online onde os clientes podem fazer em casa as compras de frutas, verduras, produtos de higiene, limpeza e bebidas no link do supermercado virtual (www.saoluizdelivery.com.br). Para saber um pouco mais sobre os Mercadinhos São Luiz, o site traz o histórico, a missão e a visão da empresa. Há também um link para envio de currículos, outro exclusivo para os funcionários, um Fale Conosco, os endereços de todas as lojas e todas as informações sobre o programa de fidelidade dos clientes, o cartão Meu Costume. As novidades dos Mercadinhos podem ser encontradas diariamente nos links para as redes sociais (Facebook e Twitter). Acesse: www.mercadinhossaoluiz.com.br e conheça tudo o que os Mercadinhos São Luiz oferecem.
Nova loja dos Mercadinhos São Luiz em Juazeiro do Norte A 12ª loja dos Mercadinhos São Luiz localizada dentro do Cariri Shopping, na cidade de Juazeiro do Norte, passou por uma reforma e foi ampliada, de 1.100 metros quadrados de área de venda para 2.140 metros quadrados, visando melhorar o atendimento aos seus clientes. Com a reforma do shopping, a loja passa a oferecer novos produtos e serviços, como refeições prontas (almoços e sopas) servidas no setor de rotisserie, um setor de sushis, ilhas de pães especiais e ilhas de frios e defumados. Outra novidade é que o cliente terá a opção para escolher os sanduíches, saladas e pizzas feitos na hora, além de uma peixaria e de uma adega com mais de 500 rótulos. Com todos estes serviços, consequentemente o número de funcionários aumentou para suprir as necessidades dos clientes do Cariri. Subiu de 95 para 145, contando também com 16 caixas distribuídos , sendo 14 na frente da loja e 2 nos setores de alimentação.
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COSTUMES
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Nova moeda de troca Dotz nos Mercadinhos São Luiz Novidade recém-chegada em Fortaleza, o Dotz é um programa de fidelidade gratuito em que o cliente ganha a mesma moeda de troca em vários estabelecimentos no Brasil. Desde junho, os clientes dos Mercadinhos São Luiz passaram a ganhar Dotz no programa de fidelidade Meu Costume. Com ele, os clientes acumulam sua segunda moeda, podendo trocar os pontos no São Luiz ou em outros locais, como Posto de combustível Ale, L’acqua di Fiori, Ibyte, Farmácias Pague Menos, dentre outros.
gião, como as farmácias Pague Menos, os Mercadinhos São Luiz, a Rede Sobral e Palácios – Shell, Ibyte, dentro outros. Como as operações dos nossos principais parceiros também se estendiam à região do Cariri e por esta região ser economicamente forte no Estado, percebemos a oportunidade de estender o benefício do programa Dotz também para a população desta região, demonstrando toda a nossa confiança no Estado do Ceará.
A seguir confira entrevista exclusiva com o Presidente da Dotz, Roberto Chade para a Revista Costumes:
Revista Costumes: Qual a importância da coalizão? Como os Mercadinhos São Luiz irão contribuir para que Dotz seja um sucesso no nordeste? Roberto Chade: A coalizão é importante para tornar o programa de fidelidade das empresas mais atrativo para o cliente. No Programa Dotz os consumidores ganham uma única moeda – Dotz – em todas as compras do dia a dia (Supermercado, Farmácia, Gasolina, etc). Com isso trocam muito mais rápido por milhares de produtos e viagens. Dessa forma, os clientes concentram suas compras nas empresas parceiras do Programa Dotz. Os Mercadinhos São Luiz é parte fundamental para o sucesso da Dotz em Fortaleza. Temos a certeza e o orgulho de ter como parceiro a melhor rede de Supermercados da região.
Revista Costumes: Qual a sua visão do Ceará no cenário nacional e porque escolheu Fortaleza e Cariri para lançar a Dotz? Roberto Chade: Dentro da estratégia de expansão da Dotz tínhamos como meta iniciar as nossas operações no Nordeste ainda este ano, para isso procuramos avaliar o melhor ponto de partida e a melhor forma de expansão. Estudamos as principais capitais e encontramos diversos pontos favoráveis em Fortaleza, como: ser a segunda capital com o maior PIB na região do Nordeste e estar entre as 10 maiores capitais do país, ter uma população de quase 2,5 MI, etc. Mas o ponto decisivo foi as grandes parcerias que fizemos com empresas que possuem uma atuação muito relevante na re-
Revista Costumes: E o cearense? Por que Dotz será um programa diferente para ele? Roberto Chade: A Dotz está trazendo todo o beneficio do diferencial que o programa de coalizão tem para que o cearense também possa aproveitar. A partir de agora o cearense pode ganhar dotz em diversos parceiros e trocar seus dotz por milhares de produtos e até viagens. A Dotz pode auxiliar com os sonhos e realizações dos cearenses. E a aceitação inicial está sendo fantástica – em pouco mais de um mês de programa, já temos mais de 200 mil clientes participando do Programa Dotz – só temos a agradecer a todos os cearenses pela grande receptividade à Dotz.
Para ganhar, você precisa estar cadastrado no Meu Costume, e a cada R$ 2,00 em compras, o cliente acumula DZ 1 (dotz) que podem ser trocados por mais de 10.000 mil itens no site Dotz, assim como nos Mercadinhos São Luiz. Saiba mais informações dos Mercadinhos São Luiz e Dotz no site www.dotz.com.br
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COSTUMES
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>voz do consumidor
Com a palavra, o cliente A cada edição, a Costumes faz questão de ouvir você A Revista Costumes é bem interessante, diversificada e as matérias são bem elaboradas. A parte que mais gosto é a de culinária, sempre leio as receitas.
< Webert Ramalho
Auxiliar administrativo, 26 anos
A Costumes é uma revista de aparência agradável que trata sobre assuntos da atualidade e de informações úteis para donas de casa e para mulheres modernas. Eu gosto das matérias que abordam o papel da mulher, beleza e saúde feminina. Apesar dos clientes serem dos dois sexos, a maioria faz parte do público feminino.
É uma revista de qualidade, não só o material como também o conteúdo. Eu gosto mais da parte de receitas e de sustentabilidade, algo que tenha importância na natureza. Atualmente, o consumidor procura revista que tenha informação aliada a qualidade, um conteúdo real e a Costumes se encaixa neste perfil.
Francisca Emília Vasquez
Elen Bezerra >
Pedagoga, 64 anos
Cerimonialista, 32 anos
É uma revista de boa leitura, eu adoro as matérias do Me Acostumei com Você. Eu só gostaria que tivesse mais receita caseira, não muito sofisticadas, ideal para o dia a dia.
Gosto muito da revista, as matérias são ótimas e as receitas excelentes, sempre guardo todas as edições que recebo. A parte da alimentação e saúde é a que eu mais gosto de ler.
Silvia Helena
Ana Mary
Cake designer, 35 anos
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COSTUMES
Bibliotecária , 58 anos
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COSTUMES
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>no meu carrinho
No meu carrinho costumo levar frutas, pães e guloseimas. Adoro também comer o sushi. Já sou cliente há dois anos e sempre sou muito bem atendida.
Gosto do pão integral que o São Luiz fabrica e dos cereais. Sou cliente há cinco anos e procuro sempre comprar produtos que me auxiliam a manter uma alimentação saudável.
< Rebecca Brasil Jornalista, 20 anos
< Tereza Tavares Economista, 48 anos
Faz somente um ano que eu compro no São Luiz, mas ele já me conquistou para sempre. Gosto de comprar principalmente frutas que sempre são novinhas.
Sou vizinha do São Luiz e há dez anos sou cliente. Gosto de comprar frutas e verduras fresquinhas e sempre encontro o que gosto: tangerina, caqui, maracujá e ameixa.
Maxênio Ferrer >
Maria Aparecida de Araújo > Aposentada, 64 anos
Policial federal, 46 anos
Sou cliente há 20 anos e adoro as frutas e verduras, que são de excelente qualidade e bem novinhas. Gosto também do atendimento dos funcionários.
Sempre compro no São Luiz da Oliveira Paiva, que sou cliente há quase dez anos. Nunca deixo faltar em meu carrinho o bolo multigrãos, que eu adoro e só encontro no São Luiz.
< Karla Christina
< Elvira Lacerda
Advogada e designer de moda, 44 anos
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Securitária, 51 anos
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>a sua receita
Salada Verde da Zeidan Igredientes 1 ramo de alface americana 1 ramo de rúcula 200g de tomate cereja 200g de rabanete 1 cebola roxa 200g de palmito Aspargos ½ lata de ervilha fresca 100g de azeitonas 1 ramo de cheiro verde 1 pimentão verde 1 pimentão vermelho 1 pimentão amarelo 100g de queijo parmesão
Ingredientes para o molho 2 dentes de alho amassados 1 colher (sopa) de vinagre Sal a gosto Suco de 1 limão 1 xícara de chá de azeite extravirgem
Modo de preparo Lave as folhagens em água corrente, depois as deixe de molho em uma solução de água e hipoclorito por alguns minutos. Em seguida, lave-as A Secretária de Saúde do Município de Aquiraz e enfermeira Maria Nilzete Zeidan, é cliente dos Mercadinhos São Luiz há quase 20 anos. Ela diz que gosta do atendimento personalizado, da variedade dos produtos e principalmente da qualidade das verduras, que estão sempre bem fresquinhas. Preocupada com a saúde, Nilzete é adepta da alimentação saudável e não abre mão de saborear uma bela salada em suas refeições. “Cozinhar é um lazer para mim, é algo que me dá prazer, principalmente quando cozinho para meus filhos e amigos. Gosto de criar novas receitas e a que faz mais sucesso é a que nomeio de Salada Verde da Zeidan”.
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novamente em água corrente. Corte os pimentões em tirinhas e a cebola em rodelas. Reserve-os. Para preparar o molho, amasse os alhos e misture-os com o vinagre, o azeite, o suco do limão e acrescente uma pitada de sal. Para montar o prato, organize a alface americana e a rúcula na base de uma travessa. Por cima, espalhe todos os outros ingredientes. Depois, coloque lascas de queijo parmesão por cima e regue com o molho. A salada demora em média 10 minutos para ser preparada e serve muito bem seis pessoas.
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Picanha Invertida Ingredientes 1 picanha inteira pesando de 1,5 a 1,8 kg Sal grosso 4 dentes de alho esmagados 1 cebola picada 300g de queijo Provolone 20g de folhas de manjericão Ervas finas ou cheiro verde Azeite extravirgem
Modo de preparo Variedade de mercadorias, frutas e verduras sempre fresquinhas e um excelente atendimento, foram itens que conquistaram a confiança da Engenheira Civil Ticiane Martins e de sua família. Cliente dos Mercadinhos São Luiz da Avenida Alberto Sá, Ticiane conta à equipe da Costumes porque se diz fã da famosa Rede de Supermercados: “Fomos sempre muito bem atendidos no São Luiz e encontramos nossas marcas preferidas, além da grande variedade de cervejas”, diz Ticiane. Com a ajuda do marido, Mozart Júnior, e da filha Samara, 4 anos, Ticiane prepara a receita da Picanha Invertida para recepcionar em casa sua família e os amigos, e ainda compartilha o segredo para os leitores da Revista Costumes: “O sucesso é a ajuda da minha filha e ter um pouco de paciência. Além dos temperos, vai sempre uma pitada de amor, pois não adianta você cozinhar sem gostar”, diz.
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Com uma faca fina e comprida, faça um corte no miolo da picanha, atravessando-a. Não pode deixar separar nenhum dos lados. “Abra um túnel” na picanha. Usando uma das mãos, com cuidado, vire ao avesso a picanha, deixando a gordura para o lado de dentro. Em uma vasilha à parte, coloque todos os temperos já bem misturados e no ponto de serem colocados dentro da carne. Passe bastante azeite e polvilhe sal grosso por fora da picanha, colocando, se desejar, um pouco de sal dentro também. Por último, envolva a carne no papel manteiga sem deixar nada em aberto e leve à churrasqueira com braseiro bem quente por aproximadamente 2 horas. A altura ideal da carne no braseiro é de 40cm. Antes de servir, retire o papel manteiga e deixe no braseiro por mais 12 minutos de cada lado para que a carne fique mais dourada. Agora é só fatiar e servir.
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>de onde vem
Açaí
fonte de energia para uma vida saudável por Camila Vasconcelos
Com sabor levemente amargo, o açaí vem conquistando o paladar e se popularizando em todas as regiões do país, principalmente, no Nordeste, onde pode ser encontrado na forma de sucos, sorvetes, geleias, cremes, licores, barrinhas de cereais, bombons ou até mesmo na forma in natura. Fruto do açaizeiro – um tipo de palmeira nativa da Amazônia –, o açaí é bastante consumido no Norte do Brasil, mas principalmente no Pará.
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Na Amazônia, é hábito consumir o açaí com açúcar e farinha de mandioca ou tapioca, podendo ainda ser acompanhado de peixe assado ou camarão. Também já foi produzido o “vinho” de açaí, que virou bebida símbolo da região.
Os Benefícios do Açaí O açaí, além de fonte de vitamina E, é rico em fibras, cálcio, magnésio e potássio. A vitamina E, esclarece Caroline, atua como antioxidante do nosso corpo, responsável por combater os radicais livres, que contribuem para o envelhecimento das células, a formação de placas de gorduras nas paredes dos vasos sanguíneos e o desenvolvimento de doenças como a arterosclerose e até o câncer. Acredita-se que o açaí é fonte de ferro, provavelmente por associação com a sua cor escura, proveniente dos pigmentos contidos nela chamados de antocianinas. É apenas mito. O teor de ferro é muito baixo, além de não ser absorvido totalmente pelo nosso organismo. Desta forma, como esclarece a nutricionista, “o açaí não deve ser considerado, isoladamente, um fruto que tenha contribuição significativa para a cura da anemia”. Os Mercadinhos São Luiz oferecem aos seus clientes variados produtos derivados desta fruta típica do Norte. “Disponibilizamos da polpa ao sorvete de açaí”, disse a gerente de atendimento do São Luiz da Virgílio Távora, Cristina Ferreira. E completa: “Nossos clientes, principalmente os mais jovens, são exigentes e gostam de experimentar novidades relacionadas à fruta”. O Pomar da Polpa é fornecedor dos Mercadinhos São Luiz há 15 anos e disponibiliza concentrados de açaí em embalagens de variados tamanhos. O Mix de açaí com guaraná e o Mix de açaí com banana, por exemplo, são concentrados cremosos de açaí já prontos para serem degustados. “Sentimos a necessidade de inovar nossos produtos e o açaí é uma fruta que vem ganhando evidência na Região Nordeste”, informa o Diretor Comercial, Márcio Maia. Também fornecedora dos Mercadinhos São Luis, a Polpa São Pedro foi fundada em 1982 como trans-
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Todas as partes do Açaizeiro são aproveitadas: os frutos como alimento e para o artesanato; as folhas para coberturas de casas; a estipe para ripas de telhado; as raízes como vermífugo e o palmito como alimento natural e em conservas
portadora de frutas. O negócio foi se expandindo para regiões no entorno do Estado do Pará, ao mesmo tempo em que foi adquirindo conhecimento em relação à logística e à qualidade dos frutos do açaí. Já são 30 anos trabalhando com a fruta e a empresa conta com quatro plantas industriais, duas no Pará, uma no Amapá e outra em Fortaleza, onde funciona a distribuição de produtos à base de açaí do Nordeste. “O Ceará lidera as vendas pela boa aceitação dos cearenses ao produto”, diz o Diretor Comercial, Joabson Leite. Outro fornecedor é a J.A Comercial que distribui, em Fortaleza, o suco cremoso na caixinha da Amazoo, que já vem pronto para ser consumido nas versões sabores açaí com banana, açaí com guaraná e açaí com morango, disponíveis nas lojas dos Mercadinhos São Luiz, em caixas de um litro, 750 ml, e em caixinhas de 250ml e 200ml.
De onde vem... A produção de polpa do açaí tem início com o recebimento da fruta vinda de Belém do Pará e sua higienização. Por ser um fruto diferenciado, o açaí necessita de uma etapa de amolecimento, para que haja uma perfeita maceração da sua parte comestível. Depois, os frutos passam por uma filtragem para retirada de partículas sólidas indesejáveis. Em seguida, são pasteurizados, embalados e enviados para o segmento industrial
COSTUMES
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Os produtos chegam aos Mercadinhos São Luiz em caminhões refrigerados, sendo armazenados em freezers para a venda
ou destinados ao consumidor final. Independente do tipo de embalagem, todos os alimentos passam por uma etapa de congelamento e finalmente são armazenados a uma temperatura de 18 graus negativos. Após esta etapa, estão prontos para serem distribuídos. Vale ressaltar que todas as etapas deste processo de preparo de polpas são rigorosamente acompanhadas por profissionais do setor de controle de qualidade.
Nutritivo, mas calórico Alimento de alto teor energético, o açaí é muito apreciado por frequentadores de academias e atletas, que o consomem de diversas formas, inclusive acompanhado com granola, amendoim e outros produtos. “O fruto se popularizou entre os esportistas por possuir propriedades estimulantes semelhantes às encontradas no café ou em bebidas energéticas, em razão de seu elevado teor calórico proveniente das gorduras naturais”, afirma a nutricionista Caroline Andrade.
Reza a lenda...
Embora sejam muitos os benefícios do açaí à saúde, ele é uma fruta bastante calórica. “Tem cerca de 247 calorias em cada 100 gramas. Se vier acompanhado de granola, xarope de guaraná, iogurte, amendoim ou leite em pó, esse valor dobra”, alerta a nutricionista. Por isso, quem estiver de dieta deve consumir o produto em quantidades moderadas. “O ideal é escolher um suco ou apenas um concentrado de açaí, sem nenhum adicional”, completa.
A índia chorava todas as noites com saudades de seu filho. Em uma noite de lua cheia, a índia ouviu o choro de uma criança vindo de uma bela palmeira. Quando Iaça chegou mais perto, viu seu filho esperado-a de braços abertos. No mesmo instante, correu para abraçá-lo, mas a criança desapareceu. No dia seguinte, a índia foi encontrada morta, abraçada ao tronco da palmeira, que, por sua vez, estava carregada de pequenos frutos escuros.
O consumo do açaí pode variar de acordo com as necessidades de cada um, mas é recomendado ter bom senso, sempre levando em conta a finalidade de cada dieta e se há, ou não, prática de atividades físicas. “Por ser um alimento calórico, é mais indicado para pessoas que realizam exercícios físicos constantes e adotam uma alimentação equilibrada”, recomenda a nutricionista.
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Antes da existência da cidade de Belém do Pará, habitava no mesmo local uma tribo indígena. Como na época os alimentos eram escassos, o cacique decidiu que todas as crianças que nascessem a partir daquela data, seriam sacrificadas, uma vez que não haveria alimento suficiente para todos. Porém, Iaça, filha do cacique, deu a luz um lindo menino que também não foi poupado da cruel decisão de seu avô.
O cacique apanhou os frutinhos e percebeu que deles podia extrair um saboroso suco. Desde então esta fruta passou a ser a principal fonte de alimento daquela tribo. O acontecimento fez com que o cacique extinguisse os sacrifícios das crianças, pois a alimentação já não era mais problema na tribo. Em homenagem à sua filha, o cacique deu o nome de açaí aos frutinhos, que é o nome da índia ao contrário.
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>de onde vem
Porção individual de energia! Estudante de Odontologia da Universidade Federal do Ceará (UFC), João Pedro experimentou o açaí ainda quando criança na Praia do Icaraí. Hoje, a polpa faz parte dos hábitos alimentares do universitário. “Depois de praticar atividades físicas, sempre comprava em lanchonetes o açaí na tigela, para repor minhas energias, mas sempre tive vontade de desenvolver a minha própria receita. Então passei a observar os ingredientes que as pessoas usavam nas vitaminas e a pesquisar receitas na internet. Fiz alguns experimentos em casa e acabei chegando ao sabor que eu queria”, afirma João. A receita fez tanto sucesso que ele já está repassando para os amigos do seu prédio. Todas as vezes que acompanha a mãe nos Mercadinhos São Luiz, ele não perde tempo e coloca no carrinho os ingredientes para a sua vitamina de açaí. Segundo ele, além de ser saborosa, a fruta o ajuda a manter uma dieta balanceada, rica em fibras e nutrientes energéticos.
Ingredientes 200g de polpa congelada de açaí 50 ml de xarope de guaraná 100 ml de leite integral Mel a gosto 10 morangos Opcionais: Granola/ Leite em pó
Modo de preparo Bata no liquidificador a polpa do açaí, o leite, o mel, o xarope de guaraná, morangos e alguns cubos de gelo para que a vitamina fique bem consistente. Quando perceber que a mistura ficou bem homogênea, despeje em uma tigela acrescentando granola e leite em pó a gosto. A receita também pode ser feita substituindo os morangos por bananas. C
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Em busca de uma vida
saudável por Ádria Araújo
Ter qualidade de vida está na lista prioritária dos desejos mais cobiçados pela população. Dez entre dez pessoas querem manter uma alimentação saudável, praticar exercícios físicos, ter uma vida tranquila e evitar o estresse, porém essas são tarefas difíceis de serem encaixadas no cotidiano atribulado da sociedade contemporânea. Buscando conciliarem uma vida cheia de compromissos com uma horinha para cuidar de si mesmas, quatro pessoas com atividades diferentes falaram à Revista Costumes de seus cotidianos e contaram como fazem para aliar os exercícios físicos ao dia a dia desgastante.
Vida de modelo não é só glamour Em um domingo de sol forte, na praia do Cumbuco, a equipe da Revista Costumes acompanhou a apresentadora, modelo e ex-Miss Ceará, Anastácia Duarte, 24 anos, em uma de suas atividades preferidas na hora de manter o corpo em forma e a mente sã: o kitesurfe.
Anastácia Duarte prestes a entrar no mar e praticar kitesurfe, sua atividade preferida
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Além das aventuras no mar, dançar e correr também são atividades que fazem parte da rotina de Anastácia, que desde mais nova gosta de esportes - ela entrou na natação por motivos de saúde e depois começou a praticar vôlei e basquete, que a estimularam a manter os exercícios físicos em sua rotina. “Na época em que eu viajava como modelo, eu mudava a alimentação e, dependendo do país, engordava. Então, tentava acordar cedo para nadar ou correr. Hoje, estou satisfeita com meu corpo,
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mas a cobrança em mantê-lo é ainda maior por conta da minha profissão. Procuro sempre escutar meu corpo: se como mais, faço mais atividade. Se eu quero comer, não passo vontade, mas procuro não exagerar”, diz. Mesmo com a semana repleta de aulas na faculdade, apresentação e gravações das matérias externas do programa, e às vezes até desfiles, ensaios e fotos para catálogos, Anastácia procura sempre encaixar alguma atividade física pelo menos duas ou três vezes na semana. “Dependendo da gravação do programa, corro pela manhã cedinho ou no final da tarde, e os benefícios para o meu corpo logo aparecem: raciocino melhor, tenho mais agilidade na vida e sou mais proativa”. Além do exercício físico, Anastácia procura manter uma alimentação saudável, com sucos, geleia, café com leite, frango, peixe, arroz integral, às vezes carne vermelha, frutas e verduras, mas sem abdicar do seu “maior pecado”: o chocolate. “Eu acredito que você é o que você come, então procuro sempre ter cuidado na alimentação. O que eu não deixo de comer é o chocolate. Como, mas sem exagero”.
Eventos e uma vida agitada Foi cedo da manhã, seguida de uma noite de eventos, que o jornalista e engenheiro civil Pompeu Vasconcelos, 44 anos, recebeu a equipe da Revista Costumes em seu escritório. Preparado para correr na Beira-Mar, antes ele nos contou um pouco da sua rotina e como faz para adaptar os exercícios físicos à vida agitada. Também colunista social, Pompeu frequenta muitos restaurantes, participa de inaugurações, eventos, casamentos, fazendo cobertura social. E como encaixar os exercícios físicos em meio a tanta correria? “Na minha rotina não dá para eu programar meu dia. Assim tento estar bem cedinho na BeiraMar, mas quando não consigo pela manhã, tento ir à tarde”, revela. Pompeu conta que pratica sempre alguma modalidade esportiva, desde que ingressou no Colégio Militar, e revela que o esporte que mais gosta é esqui aquático e na neve, mas as condições climáticas e a falta de oferta no Ceará inviabilizam a práti-
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O Jornalista Pompeu Vasconcelos ao amanhecer, na Orla de Fortaleza mantendo seu condicionamento físico e a qualidade de vida
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ca. Sendo assim, Pompeu opta por fazer academia ou correr. “O problema na corrida é que quando encontramos os amigos, deixamos de correr para caminhar e o ritmo diminui. Na academia o ambiente é melhor, porque dá pra conversar entre um exercício e outro, além de ser um ambiente que me agrada. Já a corrida, por ser mais cedo, é melhor para minha saúde, para o bem-estar e disposição”. Com uma vida social intensa, participando de diversos eventos onde são servidos drinks e frituras, Pompeu revela que procura manter uma alimentação balanceada baseada em frutas, cereais, iogurtes, proteínas, carboidratos e tem o acompanhamento da nutricionista Mirella Rocha. “Manter uma boa alimentação às vezes é difícil, porque almoço e janto fora todos os dias. Contudo, nos coquetéis as frituras são inevitáveis”, revela.
Exercícios físicos desde criança Sacrifícios para praticar exercícios? Isso não é problema para o empresário Alexandre Pereira, 46 anos, que faz karatê, malha em academia e corre na Beira-Mar. “Faço exercícios com prazer, sempre gostei de esportes e me faz muito bem. Para manter o peso, para a saúde e aliviar o estresse. Tenho que me cuidar, até para evitar problemas de saúde que tendem a aparecer com a idade.” E é desde criança que o esporte está presente em sua vida. Alexandre participou de campeonatos de tênis fora do país, foi atleta da seleção cearense de basquete, jogou futebol, velejou de windsurfe, participou de corridas náuticas, fez squash e correu de kart. “Atualmente o que me diverte é a corrida. O karatê, que eu estou voltando a treinar, é mais um desafio de mudança de faixa”, revela.
Alexandre Pereira exercitando o Karatê para ter disposição e uma vida mais saudável
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COSTUMES
Para ter disposição e uma vida mais saudável, Alexandre busca manter uma alimentação baseada em frutas, leites, sanduíches, sucos, almoço balanceado, legumes e um jantar leve. “Tenho que ter disposição para acordar 5h30 da manhã; em seguida, como uma fruta e corro. Quando volto tomo um suco, como um sanduíche e vou trabalhar. O almoço e jantar são bem leves. Evito carne vermelha e fritura. No final de semana é que eu libero geral“, revela.
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Alexandre conta que praticar exercícios físicos, estar satisfeito com seu trabalho, ter uma boa vida espiritual, estar bem com a família e curtir os amigos são pilares para o ser humano ter uma vida plena. E isso é o que empresário faz para manter sua vida mais saudável.
Preocupação com a estética e saúde na volta ao Brasil Resistir às novidades gastronômicas é sempre uma tarefa difícil, ainda mais quando se está viajando. Para a estilista Renata Zeidan, 26 anos, que morou em Londres durante onze meses não foi diferente. “Voltei nove quilos acima do peso, o que me levou a me preocupar mais com a saúde e a estética. Como eu não sei cozinhar, eu comia muita coisa pré-pronta, com muito conservante. Notei que meu metabolismo já não era mais o mesmo, então optei por uma rotina mais saudável”, conta. Apesar de preferir tênis, squash e corrida, ela se rendeu aos aparelhos da musculação, tanto pela facilidade de tempo como pela disponibilidade de horário. “Faço musculação cinco vezes por semana e tento correr pelo menos uma vez por semana na Beira-Mar. Isso me faz muito bem, tanto para a respiração, quanto na disposição. Quando estou na academia descarrego todo o estresse do dia”. Os cuidados com a saúde também envolvem alimentação. Renata começou a consumir mais sanduíches leves, sucos, comer proteínas. No almoço sempre inclui algum carboidrato, proteína e salada. Já o jantar é bem variado, pois sempre sai com as amigas e opta por pizzas ou sushis. “Como de tudo, não me privo de comer o que gosto, mas tento equilibrar, se como algo muito pesado ao longo do dia, tento pegar mais leve no jantar e vice-versa”, diz. Nos finais de semana, para relaxar e manter a mente em equilíbrio, Renata vai à praia e toma banho de mar, encontra-se com as amigas e procura estar satisfeita com as atividades do cotidiano. C
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A estilista Renata Zeidan, adepta de outros esportes, rendeuse à musculação unindo o tempo com a vontade de se exercitar
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Conheça os
Esportes finos
por Rafaele Esmeraldo
Das quadras ao contato direto com a natureza, conheça um pouco mais sobre alguns esportes ainda usufruídos por poucos.
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Camila de Andrade pratica balé desde os sete anos e sabe que o esporte trás muitos benefícios, mesmo a um custo maior, se comparado a outras atividades
Goretti Quintela, fundadora da escola de Ballet Goretti Quintela
Apesar da infinidade de benefícios, atividades como o hipismo, o golfe, o tênis e o balé são pouco difundidos no Ceará. Tidos como esportes de elite, essas atividades têm sido insistentemente procuradas pelos cearenses. Delas, a mais conhecida é o balé, sobre o qual pode falar com propriedade a professora e coreógrafa, Goretti Quintela, fundadora da Escola de Ballet que leva seu nome. Ela afirma que sua Escola oferece diversos tipos de categorias e ritmos, mas o balé clássico é o mais procurado por ser a base de todas as outras modalidades de danças. Segundo Goretti, a prática do balé proporciona muitos benefícios porque mexe com articulações e musculatura do corpo, além de ser uma atividade aeróbica. “Desta maneira, liberamos endorfina, o hormônio responsável pelo prazer. A dança nos proporciona sensações de bem estar, relaxa nosso corpo e mente, melhorando a autoestima e a autoconfiança, e diminuindo o estresse”, afirma. Aluna de Goretti, Camila de Andrade Porto Lima, 16, iniciou aos sete a prática do balé clássico. “Aprendi a ter, sobretudo, disciplina. Ter respeito ao mestre, determinação, além de ajudar na saúde mental e no físico. O custo financeiro é relativo. É necessário comprar sapatilhas frequentemente, devido ao desgaste. Além disso, os figurinos são muito caros. Se comparado ao futebol, por exemplo, em que só são necessárias chuteiras e bola, o balé é mais caro, mas se comparado ao tênis, em que o material tem um custo mais elevado, ele fica razoável”, diz Camila.
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“Nos últimos anos, o balé cearense tem crescido exponencialmente. As academias mais antigas buscaram o aprimoramento de suas bailarinas e novas academias foram implantadas. As pessoas viram o quanto o balé faz bem e o procuram cada vez mais”, diz Camila, que acredita que sua vida teria sido completamente diferente se não tivesse entrado tão cedo no balé.“ O balé me proporcionou o contato com a boa música, a arte, e fez-me amadurecer. Além disso, a minha alimentação é regrada e o meu tempo é bem dividido, nunca tive problemas em relação a isso”, afirma a bailarina.
Esporte para todas as idades Um esporte que a cada dia ganha mais adeptos no Ceará é o golfe. De acordo com o instrutor da Escola de Golfe Aquiraz Riviera, Maximiliano Casimiro, os benefícios proporcionados pelo golfe são vários, a começar pelo combate ao stress, em razão do contato direto com a natureza. “No golfe, você pode estar na companhia de pessoas agradáveis como familiares, amigos ou até mesmo em uma reunião de negócios durante a partida”, diz Maximiliano. A prática da atividade aumenta a autoestima e favorece a autonomia, uma vez que o próprio jogador tem que to-
Antenor Naspolini com o instrutor Maximiliano Casimiro
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>esporte
mar decisões que podem afetar diretamente o resultado de seu jogo, como por exemplo, decidir qual o taco apropriado, que tipo de tacada seria mais apropriada contra o vento, ou a favor dele, como jogar por cima de um lago ou fugir dele pelas laterais. Maximiliano explica que por ser considerada uma atividade física de baixo risco traumático, a sua prática pode manter-se até a pessoa atingir uma idade avançada. A caminhada e os movimentos dos membros superiores, do tronco e dos membros inferiores, realizados durante cada percurso, trazem benefícios de nível osteomuscular e articular e podem também proteger as articulações, bem como contribuir para a manutenção da massa óssea. “Já no caso das crianças, elas aprendem a conter a ansiedade, trabalham a coordenação motora, a concentração, o respeito pelo meio ambiente (cada vez que executamos uma tacada e arrancamos um pedaço de grama, devemos repor, para que alguém que venha no grupo de trás não tenha que bater a sua bola de dentro de um buraco), além do respeito ao próximo, uma vez que cada jogador, após executar a sua tacada, deve fazer silêncio total enquanto o outro bate sua bola”, diz Maximiliano. O sociólogo e professor Antenor Naspolini, que começou a praticar golfe aos 69 anos, afirma que a cada tacada se depara com um desafio específico. Na taqueira, há 14 tacos e cada um com uma função especial. A escolha do taco adequado depende da localização da bola, da distância até o buraco, das condições do campo, da direção do vento, da presença de obstáculos. “São muitos os fatores a serem observados, o que torna o golfe um esporte fascinante que desafia a gente a cada tacada”, diz Naspolini. “Sempre gostei de praticar algum esporte, mas somente o golfe possibilita que três gerações (avô, pai e neto) entrem em campo para efetivamente jogarem e não apenas para brincar, pois ele tem o sistema de handicap, que possibilita jogadores com desempenhos diferentes a competirem entre si”. Na opinião do golfista, o esporte ainda é pouco difundido no Brasil. “Sem campos públicos, localizados perto da moradia das pessoas, o golfe continuará sendo, no Brasil, um esporte caro”, ressalta.
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Fred Bezerra joga tênis desde 2007, levado às quadras pelo irmão e pela admiração ao ídolo: o tenista Guga
Trabalhando corpo e mente Apesar de ser considerado um esporte de elite, o tênis é mais popular que o golfe. O treinador da Academia Cearense de Tênis (ACT), Francisco Luciano de Sousa Nunes Filho, afirma que atualmente há muitas quadras em vários condomínios residenciais, sem contar com as dos clubes Marreco Tênis Clube, Náutico Atlético Cearense, Círculo Militar de Fortaleza, Ideal Clube, e em academias. “Pessoas das mais diversas idades têm procurado o tênis e adquirido consciência da importância dos benefícios que o esporte oferece, promovendo a saúde e o bem estar geral, reduzindo riscos de doenças como diabetes, osteoporose e enfermidades cardíacas, além melhorar a capacidade de raciocínio para resolver situações difíceis”, enumera Luciano. O treinador diz que a prática pode ser iniciada a partir dos quatro anos de idade até o limite do corpo e da mente. É muito importante que o novato se submeta a uma avaliação médica antes de iniciar. Depois, é só comprar roupas confortáveis, tênis adequados e raquete. E nunca esquecer o protetor solar.
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Aluno de Luciano, o Procurador Fredy Bezerra de Menezes, 30 anos, joga tênis desde 2007. Além de incentivado por seu irmão, que era praticante, tinha curiosidade sobre o esporte desde os tempos do Guga, considerado – no final dos anos 1990 e início de 2000 – o maior tenista masculino brasileiro de todos os tempos. “Gostei do tênis desde o primeiro momento em que comecei a praticá-lo com regularidade. Ele tem me ajudado a queimar muitas calorias e acredito que um dos maiores benefícios é o aprendizado do lado mental. O jogador tem que desenvolver muita concentração, rapidez de raciocínio, além de um controle de nervos fora do comum, o que pode ser muito útil, se a pessoa souber aplicá-lo nas demais áreas de sua vida.Importante mencionar também que vários grupos musculares são intensamente trabalhados, como os das pernas, dos braços, além do ombro e do abdômen, fazendo do tênis um esporte quase completo”, avalia Fredy.
Exercício e contato direto com a natureza O hipismo é outro esporte pouco difundido no Ceará, embora sua procura venha aumentando, como garante o instrutor da Escola de Equitação Christus, Felipe Cavalcanti Fernandes Vieira. “Todos que querem começar a ter aulas é por admiração ao esporte e amor aos animais. Em Fortaleza, existem cinco hípicas, mas só em três delas funciona uma escolinha, com iniciação no esporte: Centro Hípico Harafah, Centro Hípico Chambord e Escola de Equitação Christus.” Segundo Felipe, o perfil dos alunos na Equitação Christus é bem variado, com crianças a partir de dois anos, além de jovens e adultos, que são a maioria. O esporte exige dons e qualidades do esportista como em nenhum outro esporte, pois além de trabalhar força, destreza e resistência física, são necessárias também habilidades intelectuais, capacidade de definição, decisão e paciência. O hipismo também melhora a coordenação motora, o equilíbrio, a postura e a resistência aeróbica. Proporciona benefícios como rapidez dos reflexos, desenvolvimento da percepção de si próprio, melhora a autoconfiança, o processo de aprendizagem escolar e a socialização.
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A empresária Maria Luiza Santiago cultivou o amor pelos cavalos ainda pequena, na fazenda de seus avós
A empresária Maria Luiza Santiago de Miranda, 32 anos, começou a andar a cavalo ainda pequena, na fazenda de seus avós. Veio então a vontade de praticar um esporte a eles relacionado. “O hipismo, a meu ver, é um esporte completo, porque você aprende a ter calma e a ser mais paciente, pois as conquistas são lentas. Porém, quando se consegue atingir um objetivo é muito satisfatório. Outros fatores são a disciplina, concentração, saber tomar decisões na hora certa e o que considero mais importante: a autoconfiança.” Os cearenses têm optado pelo hipismo por vários motivos, na opinião da empresária. Primeiro porque com essa vida agitada as pessoas estão procurando cada vez mais uma atividade relaxante e ter contato com ambientes mais tranquilos e naturais, exatamente tudo o que esse esporte proporciona. Outro fator é que o hipismo tem se tornado mais conhecido na mídia, devido aos bons resultados obtidos por nossos competidores em níveis inclusive internacionais. C Serviços Escola de Equitação Christus Rua Rosa Cordeiro, 121 - Água Fria - (85) 3273.2048 Academia Cearense de Tênis (ACT) Rua Paulo Morais, 333 - Papicu - (85) 3234.3377 Escola de Golfe Aquiraz Riviera Rua Um, Enseada Praia l Catu Área Remanescente SN, Quadra l, Aquiraz - (85) 3224.4164 Escola de Ballet Goretti Quintela Rua S. Paulo, 1718 - Centro - (85) 3238.2631
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Atenção pequenos:
por Rafaele Esmeraldo
Não é segredo que os exercícios físicos são importantes para o ser humano, seja adulto ou criança. Os maus hábitos alimentares e o sedentarismo dos pais são prejudiciais para o desenvolvimento de seus filhos, podendo ser transferidos para os hábitos das crianças também. A pediatra Ângela Rocha Mapurunga diz que, no caso da alimentação, tudo começa na gestação da mãe, que irá influenciar na formação do feto. “Uma dieta balanceada desde esse período será um diferencial para o futuro bebê. Ao nascer, o maior fator protetor chama-se amamentação. Deverá ser exclusivamente amamentação por seis meses e depois um desmame progressivo à base de frutas e leguminosas, evitando o uso de carboidratos e com controle da oferta proteica”. A prática regular de exercícios, segundo a pediatra, é fundamental para o desenvolvimento neuropsicomotor – ou seja, do sistema nervoso, sob o aspecto psicológico e da coordenação motora. As brincadeiras infantis propiciam a liberação dos hormônios relacionados ao
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crescimento, assim como os do prazer – as endorfinas –, além de permitirem a socialização da criança. A pediatra afirma que a motivação para a criança se exercitar geralmente tem início na escola. “Muitas vezes essa oportunidade é perdida porque o trabalho deveria ser direcionado para cada criança, ou para grupos menores, mas não é isso o que acontece”. No âmbito familiar, a criança deve ser tratada como um ser inteligente, deve estar envolvida no seu processo de crescimento e deve ser conscientizada sobre os riscos de suas escolhas. “Os pais têm a obrigação de passar essas informações, antes que seja tarde demais”, alerta. Uma das modalidades bastante requisitadas pelas mães que buscam esportes saudáveis para seus filhos é a natação. A professora da New Planet Academia, Isabelle Silva, diz que a natação pode ser iniciada aos quatro meses de idade e deve ter o aval do pediatra. “A natação estimula, na criança, as capacidades motoras,
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cardiorrespiratórias, pois é treinada com as respirações compassadas desse esporte. A criança tem, obrigatoriamente, que respirar ao término de um ciclo de braçadas. Isto fortalece os músculos responsáveis pela respiração, melhora a coordenação, o equilíbrio, a agilidade, a força, a velocidade.”, explica a professora. O coordenador geral da New Planet Academia, Renné Mazza Cruz, afirma que os pais querem, através do esporte, que seus filhos desenvolvam espírito de equipe nos esportes coletivos, e controle de ansiedade nos esportes individuais, além de aprenderem sobre valores morais como o respeito ao próximo. O advogado Paulo de Moura Rafael, 38 anos, pai de dois alunos da natação infantil, Fernanda e Leonardo, de 8 e 5 anos, respectivamente, acredita que a prática de esportes é fundamental no desenvolvimento de qualquer criança, e ele, como pai, busca incentivar isso desde cedo. “A natação, além de ser um esporte completo, é muito importante para a segurança das crianças, fornecendo a técnica necessária para que se protejam de imprevistos fatais que possam ocorrer em uma piscina ou na praia, ambientes que toda criança gosta. Vê-los nadar com desenvoltura, hoje, é algo que nos tranquiliza e nos enche de orgulho por essa conquista”.
Aprendendo a driblar e a lutar O coordenador de Esportes da Escola de Futebol Boca Juniors/Best Soccer, Marconne dos Santos Montenegro, diz que para crianças e adolescentes recomenda-se atividades de moderada à baixa intensidade, que são lúdicas e proporcionem prazer aos praticantes. “O profissional responsável terá obrigatoriamente que saber se a atividade apresentada é compatível com a sua faixa etária, pois as respostas das crianças estão diretamente ligadas ao nível de desenvolvimento cognitivo em que se encontram”, afirma Marconne. Segundo ele, os pais estão iniciando seus filhos na prática de esportes cada vez mais cedo. No futebol, as crianças estão começando com cinco anos de idade, além de ser uma ferramenta utilizada pelo profissional para otimizar e promover, ao máximo, o desenvolvimento motor, psicológico, físico e social das crianças. Com isso,
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O bom e velho futebol ainda conquista os pequenos que fazem parte da geração de TV´S e videogames
“as crianças aprendem, desde muito cedo, conceitos sobre vitórias e derrotas, a importância do trabalho em equipe, o respeito aos colegas e adversários, o respeito às regras do jogo e muitos outros princípios fundamentais para sua formação como cidadão”. Marconne lembra que, nas últimas décadas, as brincadeiras infantis mudaram bastante. “Soltar pipa, jogar bola de gude, soltar pião, jogar de carimba, por exemplo, foram substituídas pelo videogame e computador. Contribuíram para essas mudanças a diminuição das áreas livres para realizar essas brincadeiras e, principalmente, o aumento da violência nas grandes cidades. Muitos pais, em consequência da falta de segurança, não permitem que as crianças pratiquem atividades de forma mais livre e solta, restringindo-as às atividades com pouquíssimo gasto calórico”, analisa. De acordo com o coordenador, o mais importante é que a criança seja estimulada à prática de uma atividade física que lhe desperte interesse; dessa forma, estará
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>esporte
proporciona um autocontrole das emoções. “Por saber dominar uma arte de luta milenar de origem oriental, a prática traz, também, a autoconfiança, deixando as pessoas preparadas para enfrentarem as adversidades que encontram fora do dojô (local de treinamento)”.
O karatê tem conquistado os pais, por proporcionar, ao mesmo tempo, qualidade de vida e disciplina aos filhos
O professor Osteval Tavares com os seus pequenos lutadores
Osteval confirma que o karatê tem sido procurado cada vez mais cedo pelos pais, por descobrirem que ajuda na disciplina dos seus filhos. Crianças a partir de três anos já podem iniciar na turma Baby, de três a quatro anos. Em seguida, vem a turma Infantil, de cinco a sete anos, e a turma para crianças de oito a doze anos. “As crianças ganham maior clareza sobre valores como respeito, cortesia, lealdade, autocontrole. Já na parte física, por meio de atividades lúdicas, trabalhamos a coordenação motora, equilíbrio, ganho de força e agilidade. O karatê ensina o caminho mais rápido e eficaz. Dificuldade é o nosso desafio e as crianças aprendem cedo a superarem os obstáculos, por fazerem parte da proposta do ‘quebra barreiras”, relata Osteval. O diretor técnico da Academia Studio Master, Gilberto Barros, sustenta que o karatê tem sido procurado por pais que sabem que exercícios físicos são sinônimos de saúde e que colocar os filhos para praticarem uma atividade física é cuidar e proporcionar-lhes esse bem-estar.
diretamente combatendo o sedentarismo. “Em nossos treinos e aulas procuramos manter um bom diálogo com as crianças, pois assim sabemos quais são os seus interesses e, principalmente, o que lhes desagrada. Temos por obrigação perceber qualquer tipo de situação que apresente um desinteresse durante a atividade, para que então possamos evitá-la. Utilizamos em nossos treinamentos a prática do reforço positivo, na qual, mesmo quando a criança não execute de forma correta o que lhe foi solicitado, ela seja estimulada a tentar novamente, mostrando que a cada tentativa percebemos uma melhora, aumentando sua confiança e autoestima”, enfatiza Marconne. Outra modalidade bem atrativa para as crianças é o karatê. O professor da Academia Studio Master, Osteval Tavares, afirma que essa atividade, entre vários benefícios,
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É exatamente desta forma que pensa o médico Evandro Faria, pai de Malu, de 8 anos, que pratica karatê desde os 4, e de João,de 2 anos, que enfrentará o dajô no próximo ano. “O karatê é mais que uma arte marcial. O que mais nos chama atenção é que a Malu consegue manter maior controle emocional nas situações em que é desafiada”, diz o orgulhoso pai, que é também praticante da modalidade, o que, certamente, influenciou a filha. C Serviços New Planet Academia Avenida Oliveira Paiva, 2455 - Parque Manibura (85) 3271.0171 Escola de Futebol Boca Juniors/Best Soccer Avenida Santos Dumont, 6001 - Papicu (85) 3265.4565 Academia Studio Master Rua Des Leite Albuquerque, 1100 - Aldeota (85) 3263.8888
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Diretor do Sistema Verdes Mares, Edilmar Norões e o filho Paulo César Norões, atualmente Chefe de Esportes da TV Verdes Mares
Filho de peixe... peixinho é! por Camila Vasconcelos
É bem provável que você já tenha ouvido o ditado popular “Filho de peixe, peixinho é”. Por isso, fica difícil não fazer comparações quando falamos de filhos que seguem os mesmos passos dos pais, quer escolhendo a mesma profissão ou trabalhando no mesmo ramo e, posteriormente, dando continuidade aos negócios da família. Muitas vezes o processo de seguir a profissão dos pais acontece naturalmente, já que os filhos acabam participando, quase que involuntariamente, da rotina e das experiências de trabalho deles. Como aconteceu com o
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Diretor do Sistema Verdes Mares, Edilmar Norões, e seu filho, Paulo César Norões, que atualmente ocupa o cargo de Chefe de Esportes da TV Verdes Mares, é colunista do Diário do Nordeste e comentarista do Sportv e PFC, canal internacional que transmite futebol 24 h/por dia. “A profissão surgiu naturalmente para ele, pois desde pequeno participava daquilo que eu, como profissional, já exercia. Ele vinha para a TV porque estudava perto e, com isso, passou a conviver com meus colegas e a frequentar meu ambiente de trabalho, lugar com o qual
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O empresário Airton Carneiro com dois de seus três filhos: Airton Júnior e Ana Cláudia
ele se identificou muito. Acredito que todos esses fatores motivaram para que ele ingressasse na profissão”, disse o orgulhoso pai, Edilmar. Segundo o Diretor do Sistema Verdes Mares, foi fácil perceber a veia jornalística do filho. “Além dele, tenho outros cinco filhos que, quando crianças, não tinham o mesmo interesse que ele demonstrava pela minha profissão. Mas o entrosamento de Paulo César no meu ambiente de trabalho o transformou em um jornalista”. Para Paulo César Norões, seguir os conselhos do pai e observar como ele atuava no trabalho e na vida, foram fundamentais para torná-lo o profissional que é hoje.“ Via como ele agia e vejo até hoje. Ele é minha referência. Tudo o que ele faz tem um padrão de excelência. A repercussão de tudo que ele faz é sempre positiva e isso dá a sensação de que devemos seguir este caminho”.
Um é pouco, dois melhor ainda O empresário Airton Carneiro, dono da Avine Comercial e Avícola, tem orgulho de, atualmente, ter dois de seus filhos trabalhando ao seu lado. As mais velhas, Ana Cláudia e Ana Paula, trabalharam desde a fundação da empresa, em 1992. Ana Cláudia continua na empresa, como Gerente Financeira, enquanto sua irmã, Ana Paula, trabalha na Xerez Avícola com seu marido. Depois de estagiar por um ano nos Mercadinhos São Luiz, Airton Júnior levou sua força de trabalho para a área de controller e expansão de negócios na Avine, exercendo a função de Gerente Geral. Segundo Airton Jr., trabalhar no mesmo ambiente que o pai faz com que os dois fiquem cada vez mais próximos. “Conviver com ele diariamente é muito bom, pois isso nos aproxima e possibilita uma parceria bem mais intensa do que se apenas nos encontrássemos em momentos familiares. Este convívio acaba transformando alguns momentos de trabalho em momentos de lazer e descontração”, disse. Para Ana Cláudia, trabalhar ao lado do pai é um constante aprendizado. “Ele é uma pessoa de visão, sempre a frente de seu tempo. Um profissional de ´mão cheia`,
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O empresário Antônio Guerra e o filho Emílio Guerra, que sempre idealizou trabalhar com o pai
admirado por seus funcionários, clientes e fornecedores. Um exemplo a ser seguido. Como pai, é uma pessoa maravilhosa, sempre carinhoso, atencioso e cuidadoso com todos os filhos”. E complementa dizendo: “Ver os filhos trabalhando na empresa é, antes de tudo, poder dar continuidade ao sonho dele, de ter uma empresa de sucesso, referência no seu segmento”.
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>dia dos pais
Parceria que deu certo
herdada do pai, o comediante cearense e agora Deputado Federal por São Paulo, Tiririca.
Pai e filho, Antônio Guerra e Emílio Guerra são também sócio proprietários da grife masculina Skyler. Tendo o pai como principais referências profissional e pessoal, Emílio afirma que os perfis diferentes, porém complementares, ajudaram muito no desenvolvimento dos negócios. A parceria entre pai e filho nasceu e fluiu quase naturalmente. “Sempre tive vontade de trabalhar com o meu pai. Ele tem formação em economia e trabalhava como diretor em uma grande indústria. Sou formado em Direito e tinha um escritório de representação comercial. Em 1996, resolvemos nos associar ao escritório, o que deu uma nova dimensão para os negócios. No ano seguinte, nasceu a Skyler. Enquanto ele cuidava da parte administrativa e financeira, eu assumi a parte comercial. Tive que aprender a escutar e consultar meu sócio, ou seja, meu pai, na tomada de decisões. E ele faz a mesma coisa comigo. Esta conduta é a chave para o bom relacionamento e para o sucesso profissional”, avalia.
Filho de peixe, palhaço é! Herança genética. É assim que Everson Silva, mais conhecido por Tirullipa, denomina o seu dom para fazer as pessoas rirem. Ele acredita que sua veia cômica foi
O talento foi descoberto ainda criança, aos 10 anos. Nessa idade era fácil fazer“graça”com o personagem“Tiririquinha”imitando seu pai. Chegou a fazer várias apresentações em programas de grande audiência, como Domingo Legal, Domingão do Faustão, Programa do Ratinho, Raul Gil, entre outros. Hoje, com 27 anos, viaja por todo o Brasil com o show “Filho de peixe palhaço é”, levando alegria com seus personagens, inclusive o próprio “Tiririquinha”, em que Tirullipa homenageia seu pai, fazendo a imitação do“deputado”Tiririca. Quando indagado se tem interesse em seguir a carreira política como o pai, Everson responde que ainda é cedo para dizer. “Acho que tudo tem seu momento e sua hora certa. No momento não estou preparado, por isso vou continuar fazendo o que mais sei fazer: alegrar as pessoas com minhas piadas e brincadeiras”. Quando estão juntos, pai e filho gostam de se divertir.“Meu pai é um eterno meninão. Além de contar piadas, a gente joga bola juntos e videogame até tarde da madrugada”. Mas nem tudo é brincadeira. Quando o assunto é trabalho, Everson diz que o pai o aconselha e é muito exigente. “Ele puxa minha orelha quando é preciso e se eu não der o meu melhor, ele me chama a atenção”, afirma. C
Everson Silva (Tirulipa) diz ser herança genética o dom que carrega do pai, Francisco
Everardo Oliveira (o Tiririca) de fazer comédiaas pessoas rirem
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>dia dos pais
A Revista Costumes selecionou alguns dos muitos pais, clientes dos Mercadinhos São Luiz, para homenagear e receber os nossos parabéns!
O administrador de empresas Ruy Pessoa, 46 anos, compra no São Luiz da Alberto Sá desde 2004, com os filhos Pedro Vitor, de 4 anos e Marcos Paulo, de apenas 9 meses.
O profissional de educação física Vinicius Aguiar, 42 anos, é cliente dos Mercadinhos São Luiz da Alberto Sá há mais de 10 anos e faz compras com seu filho Pedro Aguiar, de 16 anos.
Sr. Luiz Severo, 78 anos, é cliente fiel do São Luiz do Cocó desde sua fundação e faz compras com sua filha Rosana Severo, de 50 anos. Sr. Luiz também é pai de Ivana, Severo Filho e Silvana.
Frank Viana, analista de sistemas, 44 anos, sempre compra no São Luiz da Alberto Sá. O paizão estava na companhia dos filhos Jonas Viana, 9 anos e Ana Tereza Viana, de 2 anos.
O empresário Junior Carneiro, 46 anos, é cliente dos Mercadinhos São Luiz da Alberto Sá desde que foi fundado e é pai de Rafael Carneiro, 11 anos.
Empresário Renato Nobre, de 37 anos, é cliente do São Luiz do Cocó há quase 4 anos e estava na companhia de seus filhos Emily Nobre, 15 anos e Renato Nobre Filho, 10 anos. Renato também é pai de Yasmin Nobre, 18 anos.
O representante comercial Henrique Sérgio Castelo Branco, 55 anos, é cliente do São Luiz da Oliveira Paiva há mais de 4 anos e estava com sua filha, Maria Isabel, de 17 anos. Henrique também é pai de Henrique Sérgio, 31 anos, e Raul Sidney, 29 anos.
O comerciante Francisco Soares, de 55 anos, e seu filho Saymon Henrique, de 5 anos, sempre fazem compras no São Luiz da Oliveira Paiva. Francisco, cliente há mais de 12 anos, também é pai de Ricardo Luiz, 32 anos e Roberta Aretha, 28 anos.
O administrador de empresa Flavio Themotheo, de 41 anos, é cliente do São Luiz desde pequeno e faz compras no São Luiz do bairro Cocó desde a fundação. Estava com os filhos Flavio Filho, 15, Thiago Themotheo, 10, e Arthur Themotheo, de 4 anos.
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O policial militar Rautony Teixeira, 30 anos, é pai de primeira viagem e fazia compras com seus gêmeos Arthur e Vinicius de 6 meses. Rautony compra no São Luiz da Oliveira Paiva há muitos anos.
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>me acostumei com vocĂŞ
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>me acostumei com você
Adísia Sá
jornalismo no sangue e na alma
Conheça um pouco mais sobre a primeira mulher a trabalhar como jornalista profissional no Ceará: com sólida base ética e formação em Filosofia Pura, ela ajudou a criar o primeiro curso de jornalismo no Estado, tornando-se professora deste e, também, verdadeira referência para as novas gerações. por Renato Barros de Castro
Rua da Imprensa Na infância, um curioso hábito já permitia revelar a vocação de uma personalidade combativa e inquieta, que não se conformaria com as injustiças do mundo. Munida de muitas “páginas” de papel de enrolar pão, ela redigia todo um jornalzinho nomeado com as letras que formavam suas iniciais – MABS (Maria Adísia Barros de Sá) –, empenhando-se em preencher cada recanto de seus primeiros boletins de notícias.
Na verdade, essa proximidade com a imprensa começou a lhe dar uma vontade inexplicável de ser jornalista. E, juntando-a aos fatores de ordem ideológica (seu desejo de lutar contra as injustiças e de não permitir que pessoas fossem humilhadas), trouxe-lhe a certeza inabalável de que esta seria mesmo sua profissão.
A primeira jornalista profissional do Ceará
Não deixa de ser notável a coincidência de ter se mudado de Cariré (norte do Estado) onde nasceu, em 1929, para a Rua Senador Pompeu, no Centro de Fortaleza, também conhecida como “Rua da Imprensa”. O local havia sido escolhido por sua mãe para instalar, junto com seu pai, a Pensão Sobral. Vizinha ao Correio do Ceará, ao Unitário e ainda ao jornal O Estado (a Gazeta de Notícias ficava mais à frente), a pensão se instalara, pois, no “coração” dos jornais, o que se configuraria como um dos motivos decisivos para delinear o destino de Adísia.
Ao mesmo tempo em que redigia o jornalzinho MABS, surgiu o periódico Viver, que Adísia passou a editar no Imaculada Conceição, colégio em que estudou em Fortaleza. Mais tarde, à época do Curso de Filosofia Pura (no qual se formaria em dezembro de 1954), também se tornou responsável pelos jornais da Faculdade de Filosofia Católica e da União Estadual dos Estudantes. Um ano após a formatura, ingressou no Gazeta de Notícias mediante seleção. A partir daí, não se desligou da atividade jornalística em nenhum momento de sua vida.
“Embalada pelo barulho das rotativas e das impressoras, envolvida pelo cheiro de chumbo das linotipos”, como ela ainda se recorda até hoje, a proximidade com os jornais também causava inconvenientes: como a fuligem que sujava todas as roupas de cama e as toalhas de mesa da pensão. Inconvenientes apenas para os proprietários, naturalmente, uma vez que, para Adísia, tudo aquilo era motivo de verdadeiro contentamento.
“Antes de mim, nomes como Francisca Clotilde, Rachel de Queiroz e Suzana Alencar já escreviam para jornais. Entretanto, elas eram beletristas, amantes das letras, ou seja, eram mais escritoras que também publicavam em jornais do que propriamente jornalistas”, afirma Adísia, para quem o fato de ser a única mulher trabalhando numa Redação àquela época não trouxe nenhum tipo de constrangimento.
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>me acostumei com você
“Apesar de eu ser a única jornalista mulher, não sofri nenhum tipo de preconceito, pelo contrário, fui muito bem recebida. A única resistência enfrentada foi a de minha mãe, que disse que isso era coisa de homem, e que eu não ia trabalhar em jornal. Meu pai me perguntou se o que eu realmente queria era ser jornalista, eu reafirmei minha posição, e, assim, minha mãe também acabou por aceitar”, rememora. “A Gazeta foi onde aprendi tudo, foi o mais representativo: aprendi a escrever para jornal e sobre comportamento ético. Foi a minha escola”, acrescenta.
de Notícias, Adísia trilhou toda uma vida no jornalismo norteada pelos ideais que a impulsionaram para essa carreira, primando pelo lado ético do fazer jornalístico, ou seja, o verdadeiro caminho para os que se comprometem seriamente com a profissão.
As conquistas
“A meu ver, o tripé da notícia é formado por: fato, raízes e consequências. A causa gera fato. Todo fato tem uma causa e uma consequência. Quando falo em verdade factual, me refiro a ter a coisa como foi gerada. Ser jornalista é ter uma responsabilidade enorme, pois é preciso saber a causa do fato e ter em mente que se vai gerar uma nova consequência”, explica.
No livro História e memória do jornalismo cearense, coordenado por Sebastião Rogério Ponte e publicado pelo Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado do Ceará, em 2004, Adísia é descrita como “Uma pequena que sempre ocupou muitos espaços. E inaugurou novos, quando a realidade pareceu estreita. Assim, ao longo de sua carreira iniciada em 1955, foi articulista, repórter, comentarista, secretária e diretora de redação, ombudsman, professora, chefe de departamento e escritora. Atuou em jornal impresso, televisão, rádio e entidades de classe [...] Mas ressalte-se o pioneirismo: Adísia foi a primeira mulher a trabalhar na imprensa cearense, a primeira a sindicalizar-se no Estado, foi uma das fundadoras do Curso de Comunicação Social da Universidade Federal do Ceará, ombudsman quando poucos no Brasil entendiam o que seria isto [...] É uma das mais respeitadas jornalistas do Estado. Respeito este, conquistado em décadas de combatividade e destemor ao clamar por justiça social no País”.
Os desafios do jornalismo atual De acordo com Adísia, as grandes transformações tecnológicas e a chegada da internet não estão acabando com o jornalismo impresso, mas dando-lhe a oportunidade de se reinventar para manter toda sua importância junto aos leitores. Para ela, os jornais impressos estão conseguindo se adaptar muito bem à nova realidade, passando pelo que chama de “processo de revistização”.
Para Adísia, toda essa respeitabilidade – e que hoje a torna um verdadeiro modelo para as novas gerações do jornalismo – nunca foi encarada como um objetivo a ser atingido na profissão, mas um caminho natural a ser percorrido.
“As notícias do jornal impresso, no Ceará, são aprofundadas e têm bastante análise. Ainda existe o peso do editorial, assim como a presença de muitos articulistas. O que está acontecendo aqui e no Brasil como um todo é a “revistização” dos jornais, que é uma forma que estes encontraram para sobreviver nos tempos atuais: grandes reportagens e riqueza de imagens, de ilustrações (como nas revistas). Já os jornais televisivos terão de se adaptar. Afinal, a notícia hoje está em toda parte, e o que há de mais relevante é justamente a análise. O fato é passageiro, o que fica é o comentário, a análise do fato”, explica.
Seguindo os rígidos preceitos familiares, as leituras na Faculdade de Filosofia (“Ensinavam-me apenas São Tomás de Aquino, mas eu lia todos os outros”) e as lições de Olavo Araújo, seu primeiro chefe no jornal Gazeta
Indagada a respeito de outra mudança que tem provocado polêmica no meio acadêmico (a não obrigatoriedade do diploma de curso superior de Jornalismo para exercer a profissão), Adísia, que participou
A essência da verdade
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“A credibilidade do jornalista é uma consequência da responsabilidade de ter o compromisso com a verdade factual. A mentira sempre será descoberta, pois a essência da verdade escapa a si mesma, é incontrolável: mais cedo ou mais tarde, ela explode”, enfatiza.
COSTUMES
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>me acostumei com você
ativamente da criação do Curso de Jornalismo da Universidade Federal do Ceará (UFC), afirma não tratar-se de um retrocesso. Pelo contrário. “Veja bem: vivemos num mundo capitalista. Independentemente de haver a exigência do diploma, é o próprio mercado de trabalho que vai priorizar os que possuem formação. Os patrões vão escolher aqueles que já
Aos 17 anos
Adísia no Congresso Nacional dos jornalistas em 1972
sabem a profissão, em detrimento dos que ainda precisam aprender. Eles não vão optar por contratar os que ainda não estão prontos. Obrigatório ou não, o diploma é uma exigência capitalista”, ressalta. E apresenta o motivo pelo qual o futuro das faculdades de jornalismo, a seu ver, está garantido: “Elas vão continuar, e por essa razão: mesmo sem a obrigatoriedade da exigência do diploma, elas preparam um profissional”.
Adísia em sua formatura
A jornalista em entrevista ao então presidente, Juscelino Kubitschek em visita ao Ceará
Na rede escutando seu ‘radinho’ de pilha, em momento de distração
A biógrafa
Autora do livro Adísia Sá – Uma biografia, a jornalista e escritora Luiza Helena Amorim conta aos leitores de Costumes como foi a experiência de mergulhar na trajetória de Adísia Sá: “A cada conversa, uma aula. A cada palavra dita, uma admiração profissional e, sobretudo, humana. Escrever sobre a vida de Adísia Sá, adentrar na seara pessoal, tentar mostrar a pessoa além do mito, foi um grande desafio como ‘foca’. Mais que isso, foi uma experiência pessoal que guardo com carinho. O livro foi meu Trabalho de Conclusão de Curso e tive o prazer de ter a professora no dia da defesa e mais ainda de ouvi-la brigar com a Banca porque me deram 9,8 como nota final. Conquistei através dele o 3º lugar na XII Exposição da Pesquisa Experimental em Comunicação (EXPOCOM), no Rio de Janeiro, despertei para a vida, para o jornalismo, para o fazer biográfico. No entanto, o maior prêmio, inestimável, foi conquistar essa amizade. E tenho orgulho de dizer que já levei puxões de orelha dela... O que seria de tantas gerações de jornalistas se não tivéssemos o exemplo de figuras como Adísia Sá, que possui um olhar crítico, briguento, defensor da ética e tantos outros valores em discussão na mídia nacional? Obrigada, Professora, Adísia!”. C
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COSTUMES
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>sabores do mundo
cozinha mexicana descubra a magia deste sabor Se você ainda não provou a culinária do México, descubra a seguir os motivos pelos quais já está na hora de se aventurar nesse fascinante território gustativo. por Renato Barros de Castro
No embate entre o Velho e o Novo Mundo, a vitória do paladar Apimentada. Enérgica. Original. Entregar-se ao prazer de descobrir a culinária mexicana pode ser tarefa comparada a uma verdadeira aventura. Rica em cores e texturas, ela atrai e aguça a imaginação desde o primeiro contato visual, que se configura em um agradável aperitivo. Do colorido dos pratos à combinação
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COSTUMES
de aromas, tudo faz parte de um surpreendente universo que vem conquistando e cativando cada vez mais os apreciadores da boa cozinha. Com forte influência das culturas pré-colombianas, que tinham o milho como elemento essencial, a culinária do que hoje conhecemos como México foi recebendo contribuições dos navegadores espanhóis, que invadiram o território de maias e astecas. Se, de um lado, os europeus
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>sabores do mundo
subjugaram e dizimaram antigas civilizações, por outro os costumes e saberes dos habitantes nativos foram mais fortes que eles mesmos: os hábitos de alimentação locais prevaleceram sobre os do invasor. A “Civilização do Milho” lançou suas bases culinárias séculos antes da Era Cristã, aprimorando inúmeras técnicas agrícolas e produzindo uma variada gama de produtos, com destaque para grãos e até mesmo para o lendário cacau, eleito como fonte de status em culturas pré-hispânicas, verdadeiro néctar dos deuses que se espalhou por todo o mundo depois da invasão espanhola.
“Agora a nova geração também está fazendo o mesmo. Grande parte das pessoas que visita o restaurante morou fora e já conheceu a comida mexicana. Os que não conhecem são trazidos por causa da propaganda boca a boca. Máscaras, chapéus, imagens, luminárias, tudo aqui veio do México. A música e o cardápio são em espanhol e a pessoa se sente como se estivesse lá. O restaurante oferece um momento de fuga da realidade cotidiana, uma espécie de viagem de alguns minutos”, afirma.
João Alberto, proprietário do restaurante mexicano Péon Pizza y Taco
Autenticidade a toda prova De acordo com João Alberto Lopes, proprietário do restaurante mexicano Péon Pizza y Taco, em Fortaleza, o maior trunfo da tradição culinária do México é exatamente sua autenticidade, isto é, o fato de ter prevalecido sobre a cultura do colonizador. “Ela é bem autêntica, não parece com nenhuma outra. Na culinária brasileira, temos influências de várias partes do mundo, enquanto a mexicana é essencialmente asteca, que já existia antes mesmo da chegada do homem branco e conseguiu se perpetuar”, afirma. Os espanhóis podem ter introduzido um ou outro elemento, como a carne de porco, mas até mesmo a maneira de se preparar essa carne não condiz com hábitos europeus, mas astecas. “O costume, ainda hoje, é utilizar urucum em caroço (e não em pó, como no Brasil) para tingir a carne, a fim de dar-lhe mais cor e sabor. Em carne de boi, por exemplo, usa-se a folha de agave para enrolar a carne e, assim, passar sabor para ela”, explica o restaurateur. Filho de pai brasileiro e mãe espanhola, João Alberto Lopes é casado com uma mexicana, morou no México e, ao voltar a residir no Brasil, trabalhou como Chef até abrir seu próprio restaurante temático, em 2008. Para ele, o gosto pela comida mexicana aqui no Ceará se difundiu graças a uma geração de intercambistas, hoje acima da faixa dos 30 anos, que travou seu primeiro contato com essa cozinha em viagens ao exterior, sobretudo aos Estados Unidos, onde é bastante apreciada.
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Uma cozinha estranhamente familiar Para Lopes, o principal motivo do sucesso da culinária mexicana junto ao público cearense se deve ao fato de ela ser muito rica em elementos já conhecidos localmente. A familiaridade com os ingredientes, ainda que em combinações bastante inabituais, pode agradar ao paladar quase que de imediato. O abacate e a pimenta, por exemplo, ingredientes fundamentais na cozinha mexicana, também fazem parte da dieta alimentar do brasileiro. “O abacate é muito conhecido no Brasil e é consumido geralmente com açúcar. Já na culinária mexicana, é servido salgado, e é a base de uma de suas principais igua-
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>sabores do mundo
rias: o guacamole, que leva também limão, cebolinha e coentro.” Com relação à pimenta, o Chef informa que no Brasil só se usa praticamente a pimenta de cheiro - com exceção da Bahia, que usa outros tipos. No México, entretanto, utiliza-se uma variedade enorme, e come-se carne com muitos tipos diferentes de pimenta. “Essas misturas dão um tempero diferente e ao mesmo tempo agradam muito ao brasileiro”, explica. Para aliviar os efeitos das comidas apimentadas, Lopes sugere uma marguerita, bebida feita com suco de limão, sal, açúcar e tequila. “É uma espécie de caipirinha mexicana. Vai bem com qualquer prato. Como quase todos os pratos levam pimenta, ela é o carro-chefe para acompanhar”, enfatiza. Além das saladas - a dieta dos mexicanos é muito rica em verduras -, outro elemento indispensável nessa cozinha é o feijão, ingrediente essencial da Fajita, prato ao qual se acrescenta guacamole, salada e carne de porco - pode-se usar também carne de frango ou bovina. “A fajita talvez seja o prato da culinária mexicana predileto dos cearenses, que também apreciam muito os nachos (guacamole, queijo, feijão mexicano, carne desfiada e totopo) e as tortillas, que podem ser feitas de trigo ou de milho”, diz o Chef.
Do México pré-hispânico a uma febre mundial, passando pela Côrte da Espanha Rica em pratos quentes e bebidas, a cozinha mexicana também encanta por suas deliciosas sobremesas, como o mini burrito de maçã, especialidade do Restaurante Taco e Pizza, também em Fortaleza (ver receita que acompanha esta reportagem). Não podemos deixar de mencionar, é claro, o chocolate, que tem suas origens mais remotas no território que hoje corresponde ao México: sim, foi a partir daí que o chocolate começou a conquistar o mundo. Antes da chegada dos espanhóis, o cacau era considerado sagrado, utilizado como remédio, moeda de troca e oferenda para os deuses. Em sua origem, o chocolate era servido na forma de uma bebida gordurosa, pican-
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te e amarga, preparada a partir das sementes de cacau, com muito tempero - os maias tinham o costume de elaborar a bebida esmagando as sementes e, depois, acrescentando pimenta à mistura. Levado para a Europa nos primeiros anos do século XVI por Cristóvão Colombo, o cacau difundiu-se no Velho Mundo pelas mãos do conquistador espanhol Hernánd Cortez. Depois de aprender como o chocolate era feito no México, ele teria levado para a Espanha sementes de cacau e os segredos do preparo do néctar. Com o tempo, os espanhóis acrescentaram açúcar à bebida, que passou a ser servida quente, tornando-a mais agradável ao paladar europeu e extremamente apreciada na Côrte e nos palácios da Espanha. Guardada por muitos anos dentro do território espanhol, a exclusividade da receita preferida dos nobres foi repassada apenas aos monges, que desenvolveram e aperfeiçoaram os seus modos de preparo. Posteriormente, já em meados do século XVII, as informações sobre o chocolate começaram a cruzar as fronteiras e a espalhar-se por outras partes do continente europeu. A popularização da bebida, entretanto, só aconteceria no século XIX, quando os holandeses impulsionaram o processo de produção, conseguindo separar o licor da manteiga de cacau. A partir daí, surgiram as primeiras barras de chocolates, similares as consumidas hoje. Com pratos criativos, característica que a tornou mundialmente apreciada, a culinária mexicana continua conquistando, ainda hoje, paladares do mundo inteiro. É hora de você também entregar-se à descoberta, ou melhor, à conquista desse sabor.
Chocolate para os mortos Comemorado no dia 2 de novembro, o Dia dos Mortos (Dia de Los Muertos) é o dia de uma das maiores festas populares do México. Durante a comemoração, as pessoas oferecem aos mortos tudo o que elas mais apreciavam em vida, sejam pratos, bebidas ou flores. Uma tradição muito cultuada é a oferenda de caveiras doces, feitas com açúcar, marzipã e...claro, chocolate!
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>sabores do mundo
> Miniburrito de Maçã
> Quesadilla
Ingredientes - parte 1
Ingredientes
2 colheres de sopa de manteiga 4 colheres de sopa de rum 6 colheres de sopa de mel Karo 1 colher de sopa de suco de limão 1 colher de sopa de canela 5 copos de maçã em cubo
Modo de preparo
Coloque todos os ingredientes numa panela e cozinhe-os por 30 minutos. Reserve.
Ingredientes - parte 2
1 colher de sopa de uvas passas 1 colher de sopa de nozes picadas 25g de massa semi pronta para burrito
Modo de preparo
Pegue 25g de massa pré-pronta, abra-a e coloque os ingredientes que foram cozidos. Sobre estes, acrescente as uvas passas e as nozes. Feche o miniburritos no formato de uma carta e coloque-os para dourar no forno a 180 graus, de 10 a 12 minutos. Sirva-os com duas bolas de sorvete de creme.
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1 tortilha (de milho ou de trigo) 4 fatias de queijo mussarela 2 colheres de queijo catupiry 2 Flores de abóbora
Modo de preparo
Esquenta-se a tortilha no forno ou na chapa sem gordura. Quando estiver quente, unte-a com queijo catupiry, acrescente as fatias de queijo mussarela e as flores de abóbora - pode substituir por rúcula, espinafre ou couve. Em seguida, feche a tortilha. Leve ao forno ou grill. Quanto mais tempo a tortilha demorar, mais crocante ficará. C Serviços: Peón Pizza y Taco Avenida Engenheiro Leal Lima Verde, 2280 Bairro José de Alencar (em frente ao Colégio Cristhus Sul) Funcionamento: terça a domingo, das 18h até o último cliente Contatos para reservas: (85) 3276.7646 ou 8818.9999 www.restaurantepeon.blogspot.com Taco e Pizza Av. Dom Luís, 737 - Bairro Meireles (próximo ao Colégio Espaço Aberto) Contatos: (85) 3261.0081 Funcionamento: terça a domingo, das 18h à meia-noite Às quartas-feiras, festival (rodízio) de comida mexicana.
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>Londres 2012
Juliana e Larissa coragem e persistência vão à Londres
Durante o treinamento para os Jogos Olímpicos de Londres, as atletas de vôlei de praia, Larissa e Juliana, receberam a equipe da Revista Costumes para contarem sobre a preparação para as Olimpíadas e um pouco de suas carreiras. por Ádria Araújo Enquanto Juliana Silva, 30, treina, Larissa França, 29, dá uma trégua no meio do preparo para as Olimpíadas de 2012, em Londres, para conceder entrevista à Revista Costumes. E começa o nosso bate-papo falando, com um brilho no olhos, como foi o início de tudo. Conta que desde pequena gosta de esportes e que o pontapé de partida foi um projeto de novos talentos da CBV (Confederação Brasileira de Vôlei). Em 2001, as duas foram convidadas para jogar em Fortaleza e foi quando receberam estrutura, auxílio técnico, material específico e alimentação para começarem a jogar profissionalmente. “Éramos oito, sobrou 4. Eu fiz dupla com a Juliana e as outras duas formaram a segunda dupla, e desde então estamos juntas. Ao longo da carreira, a dupla só se separou em dois momentos. O primeiro foi quando Larissa sofreu uma contusão nas costas, em 2002, e o segundo quando Juliana, às vésperas das Olimpíadas de Pequim, em 2008, machucou o joelho direito durante um duelo do Grand Prix de Paris do Circuito Mundial. Larissa acabou atuando ao lado de Ana Paula e não passaram do quinto lugar. O laço sentimental que há entre a dupla é muito forte, afinal são dez anos de carreira, de companheirismo, com uma história de vitórias, sucessos, alegrias, conquistas e superação. “Tenho certeza que lá na frente vou dizer para meus filhos: ‘aquela ali é a Juliana, que me acompanhou desde o início da minha carreira’. Então, deixamos um legado muito grande uma para a outra”, conta Larissa emocionada. E por falar em filhos, ela revela que planeja, sim, passar pela ex-
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periência da maternidade, mas assim como a companheira de quadra, o projeto está para outra fase da vida.
Preparação para campeonatos e Jogos Olímpicos de Londres Para as Olimpíadas, o preparo foi árduo. No início do ano, os treinos foram realizados em Fortaleza (CE), onde residem atualmente, fazendo trabalho de base para as competições que acontecem no decorrer do ano. Isso porque, em 2012, o foco principal é ganhar a medalha olímpica, título que falta para a carreira da dupla. “Como estamos em um nível alto, temos que nos dedicar, treinar, se comprometer, ter disciplina e tudo isso faz parte da nossa rotina. Esse ano olímpico está sendo de mais foco ainda e esse é o único título que nos falta”, conta. Paralelo aos treinos, a dupla mantém uma alimentação balanceada rica em proteínas, carboidratos e fibras, seguindo um acompanhamento nutricional, para aguentar toda a carga. “Evitamos chocolates, frituras, doces, ou seja, coisas que não são saudáveis”, conta Larissa. Além das Olimpíadas, o ano veio repleto de campeonatos importantes como o Circuito Brasileiro e o Circuito Mundial. Como o treinamento ocupa a maior parte do tempo das atletas, as duas ficam sem tempo para outras atividades. Mas elas revelam que nas horas vagas gostam de ir ao cinema, fazer churrasco em casa, de estar com a família e, principalmente, descansar.
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>Londres 2012
Favoritas em Londes, Juliana e Larissa deixam claro que as palavras de ordem para conseguir o Ouro nas Olimpíadas é ter esforço, competência e determinação. Quando indagada sobre as desvantagens em serem atletas de vôlei de praia, Larissa afirma: “Não tenho do que reclamar. Tudo são fases e eu, juntamente com Juliana, estamos vivendo muito
2004
Vice-Campeãs do Circuito Mundial e Brasileiro. Conquistaram o primeiro torneio internacional no Circuito Mundial.
2005
Campeãs do Circuito Mundial e Brasileiro. Conquistaram a medalha de prata no Campeonato Mundial de Berlim e foram indicadas pela FIVB (Federação Internacional de Voleibol) como a melhor dupla do mundo no ano.
2007
2008
2010
2011
Tricampeãs do Circuito Mundial e Brasileiro. Conquistaram também a medalha de ouro nos Jogos Pan-americanos do Rio de Janeiro e de bronze no Campeonato Mundial de Gstaad, na Suíça.
As duas atletas conquistaram o tetracampeonato Brasileiro e o pentacampeonato mundial. Também entraram para o Guiness Book 2011 como a dupla que fez o maior número de pontos em uma partida de vôlei de praia. 46
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bem essa fase. São dez anos de profissão, muito bem vividos. Tudo o que eu passei, o que eu abdiquei, foi uma escolha. Eu agradeço a Deus pela vida que tenho. Ao longo dos meus 30 anos, só tenho que agradecer por tudo o que eu cresci, amadureci como pessoa, como mulher, filha e atleta. O esporte me proporcionou muita coisa boa”, finaliza.
2006
Conquistaram o Bicampeonato do Circuito Mundial e do Circuito Brasileiro e foram eleitas mais uma vez como a melhor dupla do mundo.
2009
Juliana teve grave lesão no joelho. Com isso, Larissa disputou os jogos do torneio de vôlei de praia ao lado de Ana Paula, ficando na 5ª colocação. Larissa jogou com Vivian e foram tetracampeãs na etapa do Circuito Mundial e Circuito Brasileiro.
Tetracampeãs do Circuito Mundial. Juliana retorna e as duas conquistam a medalha de ouro no primeiro torneio do ano do Circuito Mundial, em Brasília. Ganharam a medalha de prata no Campeonato Mundial de Stavanger.
2012
Alcançaram ouro no título do Campeonato Mundial em Roma, além do Hexacampeonato do Circuito Mundial, Bicampeonato Pan-Americano em Guadalajara e Pentacampeonato do Circuito Brasileiro.
Conquistaram o ouro na etapa de Pequim do Circuito Mundial de Vôlei de Praia. C
* Até o fechamento desta matéria as Olímpiadas de Londres 2012 ainda estavam acontecendo.
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Que tal um
? por Sara Rebeca Aguiar
Um dos mais eficientes antidepressivos, fonte de inúmeros minerais, o café vem ganhando a simpatia da medicina nos últimos anos. Alguns estudiosos acreditam na sua contribuição para a prevenção de uma série de doenças, como Parkinson. A bebida queridinha dos brasileiros também faz movimentar a economia. Somos os maiores produtores mundiais de grãos de café,e estamos prestes a nos tornar seus maiores consumidores. Isso possibilita que o filão do agronegócio passe a ser, agora, as cafeterias e suas quase infinitas combinações de bebidas baseadas no café. De acordo com a Associação Brasileira das Indústrias de Café (Abic), já são mais de 3000 “Casas de café” em todo o Brasil. E os números avançam com especial destaque para o Nordeste. A principal receita de hoje é conhecer um pouco mais sobre esse líquido tão apreciado pela população e pelo mundo corporativo. Que tal um cafezinho?
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de doenças, como Parkinson e diabetes. “O café contém minerais como potássio, magnésio, cálcio, sódio e ferro. É uma boa fonte nutricional”, assegura a nutricionista.
Destaque na economia
Rafael Sá e sua inseparável dose de disposição: o café
É nas madrugadas que o café se torna o melhor companheiro do designer gráfico Rafael Sá, 29. Para ele, muitas vezes o dia não dá conta do montante de serviço e o trabalho estica até altas horas. “É o que me garante mais disposição e atenção para diagramar muitas páginas”. Com bom humor, ele define o quanto o café é indispensável à sua rotina. “Sem ele, eu teria um passamento”, brinca. De acordo com a nutricionista Nívea Albuquerque, o efeito instantâneo de aumentar o estado de vigilância e reduzir a fadiga deve-se à ação da cafeína. Ela explica que a substância promove alterações no estado de alerta, memória, aprendizado, orientação espacial e variáveis psicomotoras, como tempo de reação e de locomoção. Segundo ela, não há comprovações incontestáveis de que o café faça mal à saúde. “A ação depende da dose. Apesar de ser a substância psicoativa mais consumida no mundo, a cafeína contida no café não é considerada uma droga de abuso, segundo a OMS [Organização Mundial de Saúde]. Não existe evidência de que o uso abusivo da bebida possa levar a graves consequências físicas e sociais associadas”, garante. A nutricionista reitera que, para alguns estudiosos, a cafeína altera a percepção do esforço e disponibilidade física. Tanto é assim que ela lembra que o café é utilizado, frequentemente, por atletas que acreditam na ação capaz de melhorar o desempenho e aumentar a resistência em atividades que requerem intenso gasto energético. Nívea Albuquerque acrescenta: a bebida é um dos mais eficientes antidepressivos, melhora a oxigenação do sangue e ajuda na prevenção de uma série
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Não apenas à saúde, ele é recomendável também à economia. Segundo o Relatório sobre Mercado Cafeeiro, de dezembro de 2011, elaborado pela Organização Internacional do Café (OIC), a produção da safra do ano passado foi estimada em 131, 4 milhões de sacas de 60kg. O Brasil é responsável por 43,4 milhões desta produção, o que o põe em uma liderança folgada no ranking dos maiores produtores. Mais especificamente, o principal estado produtor brasileiro é Minas Gerais, com 26,6 milhões. O Vietnã vem em segundo lugar, com 18,5 milhões. A Gerente Lucila Garcia, responsável pelo setor de Pesquisa e Desenvolvimento do Grupo 3 Corações, dono da marca Santa Clara, explica que o Brasil tem solo e condições geográficas ideais para o cultivo de alguns tipos de grãos. Daí o destaque mundial. “Há dois séculos, o Brasil é o maior produtor”, confirma a gerente. Como maior exportador, de acordo com o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), a receita obtida em 2011 alcançou um recorde histórico: 53,6% superior à registrada em 2010, atingindo US$ 8,7 bilhões. Para alcançar também o patamar de maior consumidor falta pouco, segundo o Diretor Executivo da Associação Brasileira das Indústrias de Café (Abic), Nathan Herszkowicz. “Só perdemos para os Estados Unidos, que consome uma média anual de 21 a 23 milhões de sacas. A expectativa é de que, nos próximos anos, alcancemos também a marca de maiores consumidores”, acredita. Em 2011, o consumo interno brasileiro foi de 19,7 milhões de sacas.
Sucesso nas cafeterias De casa para a rua, o costume de tomar café vem ganhando contornos de happy hour, de encontro com os amigos no fim de semana, de reuniões de negócios e até mesmo de recepção de batizados. É nas cafeterias, principalmente, que os grãos vêm se destacando. E nada de expresso simples servido com pão de queijo. A variedade de espécies, de tipos, de misturas com outros ingredientes vêm conquistando cada dia mais adeptos.
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O Gerente da Cafeteria Santa Clara Café Orgânico, em Fortaleza, Giurdan Pereira, conta que recebe cerca de 600 pessoas por dia no espaço que administra, com capacidade para 78 pessoas, localizado dentro do complexo cultural Dragão do Mar. Depois das 16h, as filas começam a se formar. A área também recebe reservas para eventos, desde encontro de empresários até recepção de batizados. “O pai da criança reservou de 12h às 14h. Ao todo, 22 bebidas quentes e 13 geladas encantam um público apaixonado por café. “Os cappuccinos, cafés com creme de avelã, shakes e affogatos são os campeões de vendas. Mas as combinações com whisky, vodca, licor e vinho também fazem sucesso”, enumera Giurdan. Na cafeteria comandada por Pereira, só é utilizado café orgânico, livre de agrotóxicos. Os grãos são torrados dentro da própria loja e armazenados em recipientes de vidros, durante sete dias, sendo consumidos entre o 8º e o 20º dia depois da torra. “Todo esse processo é necessário para obtermos o resultado esperado, verificado no sabor, no aroma, na acidez e no amargor”, esclarece. E quem quiser ainda pode comprar os grãos na própria cafeteria. “Vendemos algumas variedades, tanto para quem vai usar coador ou filtro, como para quem possui cafeteiras mais diferenciadas em casa”, divulga. O Diretor Executivo Nathan, da Abic, diz que o número de cafeterias em todo o Brasil varia de 3000 a 3500 unidades. Segundo ele, o ramo avança em direção ao Nordeste, onde o consumo anual per capita é o maior do Brasil. Aproximadamente 90 litros por pessoa, enquanto no Sul registra-se 80 litros. “O grande interesse vem pelo potencial de mercado. O movimento em torno do café na região é muito grande. Outro ponto positivo é a qualificação do pessoal que trabalha na área. Mandam gente daí (Nordeste) para trabalhar em outras regiões. O Nordeste dá um banho de profissionalismo”, comenta Nathan. Com tanto sucesso, a reclamação do Gerente da cafeteira, Giurdan, é uma só: “Se tivéssemos para onde ampliar o espaço da cafeteria seria muito bom porque aqui o número de clientes só aumenta”, comemora.
Giurdan Pereira recepciona cerca de 600 pessoas por dia na Cafeteria Santa Clara Café Orgânico
Cafeteira dentro de casa Para acompanhar a tendência do consumidor de não se contentar com o cafezinho simples, já existem no mercado cafeteiras que extrapolam o tradicional expresso. O conceito de levar a cafeteria para dentro de casa é o que define o sucesso de máquinas que produzem multibebidas, quentes ou geladas. “É o prazer de estar na comodidade da sua casa, com os amigos, sem dispensar a qualidade e a variedade da cafeteria”, explica o gerente de marketing do Nescafé Dolce Gusto, da Nestlé, Marcos Djinishian. Ele é responsável por divulgar no mercado uma linha de cafeteiras que, atualmente, vêm fazendo a cabeça dos consumidores apaixonados por café. As cafeteiras produzem 15 tipos de bebidas: cinco variedades de expresso; seis especialidades, como o cappuccino; dois tipos de bebidas para o café da manhã e duas bebidas frias. Segundo Marcos, é a exigência do consumidor que vai moldando o segmento. “Hoje, as pessoas querem qualidade e comodidade, sem abrir mão de suas preferências. Essa linha vem atender essa exigência, por isso é líder e o número de vendas só aumenta”, justifica Djinishian.
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Segredos de um bom café do coador de pano é mais indicado que o de pa1 Opel.usoO primeiro preserva os óleos essenciais da bebida, que dão um sabor legítimo ao café. limpeza do coador de pano deve ser feita apenas com 2 Aágua, a fim de retirar os resíduos. Guarde-o somente na geladeira ou no freezer. Para utilizar o pano novamente, basta enxaguá-lo com água quente. armazene o pó do café na geladeira ou no freezer. 3 Não Além de não haver necessidade, o aroma de outros produtos pode passar para o café e comprometer o sabor original da bebida. Guarde-o em lugares arejados
e armazene-o, preferencialmente, em pote escuro a fim de preservar suas características e qualidades. água para fazer o café não precisa estar fervente, basta 4 Aaquecê-la e despejá-la no coador. primeira xícara de café deve ser ingerida na primeira hora 5 Aapós o despertar. Este café pode ser misturado com leite para aumentar o teor nutritivo da bebida, aspecto importante para crianças e adolescentes. aprecie o café sem açúcar. Assim, o sabor original 6 Sedopossível, café se mantém mais fiel. preparado o café, deve-se consumi-lo imediatamente. 7 Após Se for preparar gelado, faça isso de modo rápido também, nunca use café ‘velho’, que sobrou na garrafa. combinar sabores, lembre-se de que o café é um 8 Para produto naturalmente amargo e forte. Cacau, canela, leite, gengibre, laranja, menta são boas e populares combinações. dose máxima diária de café para uma pessoa adulta e sau9 Adável é de meio litro de café, ou seja, cinco xícaras de 100ml, sempre divididas durante o dia, em intervalos de pelo menos duas horas.
Fontes: www.revistacafeicultura.com.br Nívea Albuquerque – Nutricionista Lucila Garcia – Gerente de Pesquisa e Desenvolvimento do Grupo 3 Corações
Café no Ceará Há cerca de vinte anos, o Maciço do Baturité era conhecido por ser um importante pólo da cultura do café; no entanto, a realidade vem se modificando. Mesmo fazendo parte da Área de Proteção Ambiental (APA), a produção da região está diminuindo principalmente por conta do mal uso da terra, das variações climáticas e excassez de mão de obra para trabalhar nas colheitas, já que o Turismo vem oferecendo melhores condições de trabalho. Hoje, o que se observa é o avanço da degradação ambiental e o desânimo dos produtores, que não têm o retorno esperado da sua produção. “Antigamente conseguíamos tirar mil e tantas sacas de café. Hoje só dá 10 sacas e olhe lá”, afirma o agricultor José Valdo de Sousa, de 65 anos, que trabalha com café
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desde oito anos de idade no Sítio Arábia. A propriedade era propriedade de um senhor, que faleceu há cinco anos, e deixou as terras aos cuidados dos filhos que, com suas vidas estabelecidas em Fortaleza, não se interessam mais por dar continuidade à cultura que a tempos atrás sustentou a vida de tantas famílias. José Valdo nos conta com ar de tristeza que o sítio era responsável pela maior produção da Serra de Baturité, mas que desde 2007, o maquinário de moenda encontra-se parado. “Se eu botar o maquinário pra rodar, a despesa é muito alta e eu não tenho condições. Antigamente eram mais de 80 pessoas trabalhando para ele. Agora o povo novo não quer mais trabalhar. Além do mais, hoje, sou só eu e poucas pessoas que, depois de muito ‘bajular’ aceitam nos ajudar na colheita do pouco de café que ainda dá”, contou.
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O agricultor José Valdo de Souza planta e colhe café desde os oito anos de idade
Sebastião da Silva com a última colheita do ano
João Caracas, vivendo ainda da rentabilidade do café
Sob a sombra da ingazeira o agricultor Sebastião da Silva, de 54 anos, colhe os últimos grãos de café da safra deste ano e despeja no terraço para secagem. Há 30 anos trabalha no Sítio Bom Retiro, propriedade do engenheiro Roberto Flávio de Holanda. Hoje, o local que produzia mais de 1.000 sacas de café, dá espaço a aconchegantes chalés, atual fonte de renda da localidade. “O cultivo não é mais lucrativo como era antes. Agora se ganha dinheiro com turismo. Para não deixar o café se estragar eu colho e vendo aos atravessadores que pagarem melhor pela saca. Também utilizamos para o consumo próprio do sítio”, afirmou.
Seguindo na direção contrária às pesquisas e aos fatos, o empresário João Caracas, de 80 anos, ainda vive da rentabilidade do café. Com orgulho, afirma que no ano passado plantou 20 mil novos pés de café em sua propriedade com o objetivo de não deixar morrer a cultura cafeeira da região. Na sua fazenda de oito hectares ele produz, de forma artesanal, além do café orgânico, livre de agrotóxicos, o açúcar mascavo, a cachaça de banana e licores variados. Tudo o que produz, vende nos finais de semana na Feirinha da Praça do Teatro Rachel de Queiroz, em Guaramiranga. Além disso, há seis anos fornece café orgânico de marca própria para os Mercadinhos São Luiz.
Onde saborear? Quem for visitar a cidade de Guaramiranga, pode saborear a iguaria na única cafeteria da cidade chamada Café com Flores, que existe há 12 anos. Segundo as proprietárias Elisângela Dias e Carla Barreto, “o bom e velho café é bem aceito pelos visitantes em qualquer época do ano”. O cardápio é bem variado e oferece desde o café expresso aos coquetéis com licores e chocolates. O sucesso é tão grande que recentemente foi inaugurada uma filial no Memorial do Engenho, construído com o objetivo de abrigar e relembrar a história econômica e cultural da Serra. C
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coresetraçosde por Ádria Araújo e Renato Barros de Castro
Reconhecido internacionalmente por seu estilo peculiar e inconfundível, que mistura cultura pop e muito talento, o artista brasileiro revela à Costumes os caminhos que percorreu entre a vida e a paixão definitiva pela pintura. 54
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Se não fosse pintor, quem diria, o artista pernambucano Romero Britto, nascido em Recife em 1963, seria provavelmente diplomata ou até mesmo embaixador, o que também lhe daria a possibilidade de realizar o sonho que cultivou desde muito cedo, o de representar o Brasil. Apesar de ter optado por outros voos, pode-se dizer mesmo que ele não fugiu ao destino que gostaria de ter traçado. Admirado em muitas partes do mundo, sobretudo nos Estados Unidos, Britto é hoje uma referência em arte contemporânea, e um dos pintores brasileiros mais conhecidos lá fora. “Desde criança me interessava por artes, mas nunca pensei que a arte seria tudo para mim. Acho que o Brasil produz muita coisa boa para o mundo e as artes também se encontram nesse contexto. Brasil é vida, e o mundo precisa muito de vida e alegria”, afirma, orgulhoso de saber que sua obra passou a ser chamada pelo público de “arte da cura”, graças a toda uma leveza e colorido que dela emana. “Acho que todos nós precisamos de inspiração e muita alegria, e as pessoas encontram isto na minha arte”, acrescenta. Autodidata desde tenra idade, ele pintou sobre superfícies como folhas de jornais e, em 1983, conheceu de perto as obras de Matisse e Picasso durante uma viagem à Paris, fato que iria exercer relevante influência em sua formação como pintor. Detentor de um estilo descrito pelo jornal The New York Times como aquele que “exulta aconchego, otimismo e calor”, Britto combinou influências do Cubismo (que teve Picasso como um de seus principais representantes) ao da cultura pop, encontrando seu próprio caminho dentro do fazer artístico. Mas foi somente em 1988, depois de mudar-se para Miami, que esse estilo que iria agradar até mesmo aos ferozes críticos do The New York Times, passou a brilhar de modo definitivamente intenso, fazendo-o emergir como um artista de sucesso.
Pouco tempo depois de sua chegada, seus trabalhos já integravam, ao lado de nomes como Andy Warhol e Keith Haring (verdadeiros ícones da pintura), a campanha “Absolut Art” da Vodka Absolut. E assim começaram suas colaborações para marcas famosas como Audi, Bentley, Disney e FIFA (cujo cartaz oficial da Copa do Mundo de 2010 leva a assinatura do brasileiro). Em seguida, também vieram participações em editoras incensadas, ilustrando livros publicados pela Simon & Schuster e Rizzoli. Com trabalhos exibidos em galerias e museus de mais de uma centena de países (a exemplo do Salão Nacional de Belas Artes, no Louvre, Paris, entre 2008 e 2010), ele criou instalações públicas de arte para locais como o famoso Hyde Park, em Londres, e o Aeroporto John F. Kennedy, de Nova York. O motivo de todo esse sucesso? Ainda que muitos fatores possam ser citados, em conjunto ou isoladamente, a verdade é que a alegria de ser brasileiro que impregna suas obras e o otimismo típico de nosso povo parecem encantar olhares mundo afora. “Não há receitas. Como já me falou o produtor e diretor da Rede Globo, Jayme Monjardim, ‘ser popular não é fácil’. Acho que, antes de mais nada, o artista que produz imagens alegres e quem tem a sorte de fazer uma campanha da Absolut Vodka aos 25 anos de idade e ter sua arte vista nas melhores revistas internacionais são uma grande ajuda”, ressalta Britto. Indagado sobre a possibilidade de ter se tornado conhecido no mundo todo por ter conquistado já de cara os Estados Unidos e não o Brasil de imediato, o que alavancou sua carreira, o pintor pernambucano reflete: “Arte não tem nacionalidade. Quando um colecionador compra Picasso ele não o compra pelo fato de que ele é espanhol. Arte é arte em qualquer lugar. O mercado e o poder de compra dos americanos são os maiores do mundo, e por isso se vende mais nos Estados Unidos. Afinal, é natural que o mundo fique mais interessado
em saber sobre tudo o que se produz em um país de sucesso, tudo mesmo, inclusive as artes”. Para Britto, na verdade, o papel de um artista é ser um agente de mudança positiva, uma força a iluminar o mundo, a fluir na direção do bem. “Eu estou criando durante todo este tempo um vocabulário. E este vocabulário permite me comunicar com o mundo. Pelo fato de minhas imagens serem muito positivas, as pessoas guardam na memória. A minha mensagem é dar alegria para todos”. Talvez os personagens que ele nos apresenta nas telas, todos emoldurados de luz e cores, concordem com as
Romero Britto com o casal Gisele Bündchen e Tom Brady, que foi presenteado com um quadro do artista
palavras de seu criador. Sonhadores, risonhos e confiantes, eles apontam para um dos motivos principais da existência da arte: a busca do belo no mundo, e uma aproximação da vida por meio desse distanciamento que só a arte pode proporcionar. Dessa forma, as imagens criadas por Britto acabam por propiciar um momento de relaxamento – ou até mesmo “maravilhamento” – aos olhos dos espectadores, como em um truque de mágica, levando-os diretamente ao encontro da alegria de viver, o que acaba por fazê-los lembrar que a vida também está muito além de qualquer fronteira que possamos lhe traçar. C
Romero Britto com o irlandês Bono Vox
Romero Brito com o expresidente dos EUA, Bill Clinton
O artista presenteando o rei do futebol, Pelé
Romero com o famoso cantor inglês Elton John
O artista brasileiro com o atual presidente dos EUA, Barack Obama
Romero com George W. Bush e sua esposa Laura Bush
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O brasileiro com a cantora americana Whitney Houston
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Restaurante Caravelle tradição e pioneirismo Seu Oscar, proprietário do Restaurante Caravelle
Dirigido por Oscar Holanda, o mais antigo restaurante em funcionamento na capital cearense vem conquistando clientes há cinco décadas, sem nunca ter mudado de proprietário. Costumes faz você entrar nessa história desvendando os segredos de tão longevo sucesso. por Renato Barros de Castro
“No final dos anos 50, chega ao Brasil, trazido pela Varig, o Caravelle, avião de origem francesa projetado por Henri Zleger. Daí a origem do nome dado ao nosso restaurante em 1960, por sugestão de Chico Alves, jornalista da Tribuna do Ceará, amigo e cliente que com sua presença marcante tem acompanhado os voos do
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nosso Caravelle”. – É com essa pitoresca descrição, antecedendo as especialidades da casa, que o cardápio do restaurante dirigido por Oscar Holanda, ou melhor, Seu Oscar, se apresenta ao público recém-chegado. Os frequentadores mais antigos, por sua vez, já conhecem a história de cor, sempre com bons motivos para retornar.
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O texto escrito na primeira página do cardápio tem toda sua razão de ser; é que, nesse caso, o nome vem mesmo antes de tudo, pois a marca Caravelle já se tornou uma verdadeira instituição, um “patrimônio” da nossa cidade: numa metrópole moderna como Fortaleza, sempre ávida de novidades, é admirável encontrarmos um estabelecimento desse ramo que se mantenha aberto por 52 anos, sempre dirigido e administrado pelas mãos de uma mesma família, funcionando no mesmo local.
tiva novos adeptos. Para Regina Baima Holanda, uma das principais administradoras da casa, essa presença da família é uma das marcas do Caravelle, não apenas pelos que estão ligados à direção como também pela clientela, da qual costuma ouvir muitas vezes: “(Vocês são) uma família recebendo outras famílias”.
Toda essa tradição se deve ao esforço da família Holanda, em torno da qual brilha o carisma e a simplicidade do patriarca, Oscar, que desenvolveu como poucos a habilidade de receber bem os clientes – ou seja, amigos, como ele mesmo faz questão de frisar. Nascido em Furnas, distrito de Aracoiaba, em 1935, Oscar trabalhou por muitos anos numa farmácia no Centro de Fortaleza, e entre uma venda e outra no balcão conheceu Irismar Baima, com quem se casou e teve 11 filhos. Com o aumento da prole, dez anos depois do matrimônio veio a necessidade de montar o próprio negócio; foi então que resolveu apostar em um bar, construído na Avenida Luciano Carneiro, na Vila União, bairro que começava a crescer por conta da proximidade com o aeroporto da cidade, ainda em construção.
“Uma família recebendo outras famílias” A despeito das dificuldades, a aposta foi se revelando pouco a pouco vantajosa, e, anos depois, ao curso de sucessivas ampliações, tornou-se um verdadeiro restaurante, que foi conquistando paladares e crescendo ainda mais com o envolvimento dos filhos no empreendimento, aprendendo no dia a dia a habilidade de receber bem: ainda hoje, quase todos os filhos de Seu Oscar perseguem esse saber, ajudando direta ou indiretamente nas tarefas do restaurante. Presentes diariamente no dia a dia do Restaurante, estão os irmãos Oscar Júnior, Ângela, Regina, e, é claro, Dona Irismar, que ajuda na elaboração do cardápio e está sempre vigilante quando o quesito é controle de qualidade, com a preocupação maior de manter o mesmo sabor da comida, ou seja, o mesmo paladar que ajudou a fidelizar os clientes e que, a cada dia, ca-
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Parte da equipe responsável pelo sucesso do Caravelle: Seu Oscar com o filho Oscar Júnior e a irmã(não é esposa?) Dona Irismar
“Sua casa fora de casa” Com serviços variados como self service diário, comida à la carte (destaque para o filé à parmegiana e a carne de sol), shows de MPB aos finais de semana, salão para eventos (lançamentos de livros e CDs de clientes são constantes) e até mesmo piano no almoço dos sábados e domingos, o Caravelle não é local partilhado apenas pela terceira idade, como muitos chegam a pensar, por conta de toda sua história, tradição, e, também, pelos antigos shows realizados ali, recebendo nomes como Agnaldo Timóteo, Ângela Maria, Moacyr Franco, Benito di Paula, José Augusto e Jerri Adriany. Na verdade, trata-se de um ambiente descontraído onde se encontram várias gerações, e é comum avistar avôs, filhos e netos dividindo a mesma mesa. Antenados com a pluralidade etária de seu público, os Holanda inauguraram o Espaço Caravelle Lanches (a funcionar junto ao prédio no qual está instalado o restaurante), onde se pode encontrar pizza, sushi, pastel, caldo de cana e até mesmo uma fabricação própria de sorvete, tudo produzido ali mesmo. “O principal público do Caravelle são as famílias. Trabalhamos sempre tendo em mente o slogan ‘sua casa
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>empreendedorismo
fora de casa’: os frequentadores trazem a família e, com a lanchonete, por exemplo, a ideia é atender plenamente a todos os gostos, incluindo a geração mais nova”, afirma Leonardo Holanda, que participa do empreendimento sempre que não está atuando no setor de vendas da empresa Castanhas Classe A, o mais novo “vôo” do pai, Oscar. – A produção de castanha de caju e rapadura na fazenda do restaurante, no Município de Aracoiaba, está se tornando o mais novo sucesso da família, em parte graças à credibilidade que a marca Caravelle já conquistou junto ao público.
Com a palavra, o cliente De acordo com o empresário Francisco Helder da Silva, 55 anos, frequentador do Caravelle desde os 16, o restaurante dirigido por Seu Oscar tem algumas características que o tornam único, e fazem com que os clientes nunca deixem de voltar. “A primeira vez que vim ao Caravelle, eu ainda era menor de idade. O lugar era o point do bairro, não tinha nada parecido por aqui. Passei a vir com mais frequência por volta dos 30 anos, acompanhado de amigos e de um grupo de encontro de casais da Paróquia de Nazaré. Assim, posso dizer que este sempre foi um estabelecimento muito tranquilo, nunca presenciei a menor discussão. É um ambiente totalmente familiar, que tenho como a extensão da minha casa”, enfatiza Helder. “Assim como os clientes, os funcionários estão aqui há muitas décadas. Tem garçons que trabalhavam aqui quando da minha primeira visita e, ainda hoje, continuam na casa, mesmo depois de se aposentarem. É o caso do José Maria Gomes, hoje com 72 anos, e que trabalha no Caravelle há 38 anos. Isso é a prova de que, além de bons anfitriões, os patrões também devem ser muito bons para os funcionários”, prossegue Silva, aproveitando a deixa para revelar mais uma vantagem de frequentar o Caravelle: “Uma curiosidade é que o cliente não paga a comissão ao garçom, quem paga é a própria casa. Mas não pense que isso pode estar embutido no preço, pois não está: os preços daqui são acessíveis e compatíveis com os outros”, ressalta. Assim como Helder da Silva, o administrador Eginaldo Oliveira, de 42 anos, é frequentador assíduo do Caravelle há muitos anos, trazido pelos mesmos motivos: ambien-
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O segredo de todo esse progresso, nas palavras do próprio Oscar, é uma combinação de pequenos detalhes a serem cuidados, a exemplo de amor à qualidade, limpeza, preço acessível, e, é claro, a busca por procurar servir sempre com excelência. “Eu tenho duas riquezas muito grandes: a primeira é minha família, que sempre me ajudou no trabalho. A segunda é a amizade que firmei com as pessoas que frequentam meu restaurante, ao longo da vida”, afirma o fundador do Caravelle, apoiado por dona Irismar, que arremata: “O sucesso do Caravelle é o próprio Oscar”. te aconchegante, comida de qualidade e a sensação de estar em casa. “Há um excelente buffet de verduras e uma grande variedade de pratos, desde uma comida mais light até uma feijoada, por exemplo. Por ser um restaurante onde se é muito bem tratado, tenho a liberdade de escolher até mesmo um prato que não esteja no cardápio. O atendimento é bastante diferenciado”, afirma o empresário, que faz questão de passar no Caravelle pelo menos cinco vezes por semana. C O administrador Eginaldo Oliveira gosta do Caravelle pela sensação de estar em casa
O empresário Francisco Helder da Silva, cliente do Caravelle desde os 16 anos
Serviço Restaurante Caravelle Avenida Luciano Carneiro, 1936 – Vila União Informações: (85) 3272.1384 Funcionamento: diariamente, de 11h às 23h
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>cearense por escolha
um maestro na alfaiataria por Renato Barros de Castro
Entre duas paixões (a ópera e a costura) e dois países, o italiano naturalizado brasileiro começou a tornar-se cearense a partir de uma profecia que transformou seu destino, levando-o das sombrias ruas de uma cidadela medieval até a chamada Terra do Sol, que lhe era descrita simplesmente como “O paraíso”.
Uma cidade à beira do abismo A história de Domenico Gabriele é uma daquelas que, sem dúvida alguma, admitem o clássico começo do “Era uma vez...”. Quem sabe o próprio cenário de seus primeiros anos já traga escondida tal ideia, contando a fábula por si mesma; é que envolto em brumas e isolado por um enorme desfiladeiro, o vilarejo de Tortora (sua terra natal), parecia pairar acima dos céus, como se fosse sustentado apenas por nuvens, cercado de montanhas por todos os lados. A pequena cidade do sul da Itália, na região da Calábria, era um lugar voltado apenas para suas próprias e modestas ocupações, ensimesmada em seu lento cotidiano, onde nada acontecia afora a mera repetição dos dias. Como toda cidade italiana de tradição medieval, tinha sua bela fontana e ruas tortuosas e escuras, de onde se entrevia, aqui e ali, uma nesga do abismo a que desafiara por ter sido construída em topografia tão incerta quanto vertiginosa. Nesse lugar pacato, o menino Domenico percebeu que apenas uma coisa, definitivamente, não permanecia a mesma: as vitrines de Francesco Maceri, o alfaiate do vilarejo. Afinal, a profusão de roupas distintas ali apresentadas, ora listradas, ora em xadrez, as cores neutras, os tons pasteis, tudo isso atraía misteriosamente sua atenção, que ia acompanhando as mudanças do mostruário com íntimo divertimento infantil e, ao mesmo tempo, com uma espécie de pressentimento.
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Dizem que tudo o que alguém tem a fazer no mundo já se manifesta desde muito cedo. Ou ainda: que tudo o que é nosso volta a nós mesmos, como explicitado pelos poetas da Renascença Italiana. Mais tarde, os caminhos de Domenico para além do abismo confirmariam ainda mais a precisão de tais “verdades”, presentes tanto na vida quanto na arte.
O paraíso A Itália é pródiga em autores célebres, de Dante a Petrarca. Como também, de escritores famosos que foram a este país em busca de inspiração e aventura; as encontraram, naturalmente. Poetas cantaram as belezas da luxuriante península e, assim como muitos livros religiosos, também fizeram referências a uma Terra Prometida que se encontraria além deste mundo, além da vida, encarando a arte como uma ponte entre as aspirações humanas e a mesquinha realidade. O próprio Dante Alighieri, autor da famosa Divina Comédia, descreveu o paraíso em versos que resistem aos séculos. Para Domenico, que bem deve ter se familiarizado com estes ainda nos bancos escolares, o “paraíso” era, todavia, outra coisa: um lugar que existia fisicamente, do outro lado do oceano e muito al di là dos abismos de Tortora – uma terra descrita por sua genitora como a terra de leite e mel, para onde ele deveria se dirigir o mais rápido possível, longe das cicatrizes de duas guerras mundiais e da instabilidade sofrida pelos antepassados, e que mais cedo ou mais tarde tornaria a rondar aquela terra.
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>cearense por escolha
O aprendiz Filho de mãe cearense, Domenico guardou os sábios conselhos da genitora, segundo a qual o Brasil era o lugar certo para se viver, longe do passado turbulento da Europa, das guerras que pareciam sempre iminentes. Assim, ela lhe relatava, com muita afabilidade, os tempos vividos com seus pais italianos (avós de Domenico) em Fortaleza, como o hábito de comprar leite com um leiteiro que passava de porta em porta, acompanhado de uma vaquinha prestes a ser ordenhada diante do freguês – imagem bucólica que devia ser um verdadeiro refúgio para alguém que vivenciou, na Itália, a Segunda Guerra Mundial. A ideia de se mudar para o Brasil tornou-se incisivamente insistente, mas o pai do rapazinho, admirador das arrumações do alfaiate, não permitiu a mudança de país. Enquanto não chegava a maioridade para ser dono do próprio nariz, Domenico decidiu pedir para aprender corte na alfaiataria de Francesco, que recusou a ajuda: “Quando você crescer, aí sim, você me procura”. E Domenico o procurou novamente, com apenas 10 anos de idade, pelos idos de 1950. Qual decepção! Começou o trabalho varrendo o chão e assoprando ferro à brasa, preparando roupa a engomar (vale dizer que o trabalho para quem queria aprender um ofício, àquela época, não era remunerado). Mas, não demoraria para que passasse a aprender os segredos do ofício do patrão, como o chuleado, o guarnecido, o ponto-espinho, o picado e o caseado, métodos básicos para o começo de carreira de todo bom e verdadeiro alfaiate.
Da capital da moda e do design à italiana para as terras de Alencar Depois da proveitosa experiência junto ao Signore Maceri, Domenico partiu para o desafiante, industrializado e desenvolvido Norte da Itália. Ao mesmo tempo em que passou a trabalhar em alfaiatarias maiores, ganhando experiência, frequentava um curso de corte na Scuola Rugeri di Milano, associando teoria e prática. Mal terminou os estudos, e já com uma boa dose de autoconfiança, de-
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cidiu haver chegada a hora de se mudar para o Brasil, ou melhor, “o paraíso”, como sua mãe insistia em lembrá-lo. Dessa forma, o tempo de exílio no próprio país onde nascera estava prestes a encontrar seu termo. Com 18 anos completos, a figura paterna também não lhe era mais empecilho: a esperada maioridade havia chegado. Em 1958, Domenico finalmente embarcou em um navio que passou por Gênova, Barcelona, Lisboa e Dakar, numa longa viagem até chegar ao Recife, onde resolveu pendências burocráticas e, decidido, partir de avião para Fortaleza, onde iria morar. Desde que chegara, a capital cearense pareceu-lhe de todo familiar causando-lhe um bom pressentimento: o fez lembrar um de seus livros preferidos, Cuore (“Coração”), de Edmondo de Amicis, que narra a história de certo personagem que deixa toda a família na Europa, as paisagens corriqueiras e os amigos a fim de conhecer terras novas, acabando por mudar-se para os trópicos. Assim, as pequenas casas multicolores avistadas no trajeto logo à saída do aeroporto, já pertenciam a uma espécie de memória afetiva que sempre lhe fora cara, confirmando como acertada a decisão tomada. O início em Fortaleza, naturalmente, não fora nada fácil, mas Domenico havia se preparado para isso, assumindo um ofício do qual gostava e com a ambição de ser um alfaiate reconhecido. Para conseguir se estabelecer na cidade, foram seis anos de árduo trabalho, até abrir sua própria alfaiataria, no Edifício Triunfo, no centro da cidade. Com pouco aparato, o estabelecimento (que não vendia peças, apenas prestava serviços) tinha mobília modesta, uma velha Singer e um manequim reciclado pelas mãos do próprio Domenico, que o encontrara no lixo. Sem metas muito audaciosas, mas com projeções e possibilidades medidas passo a passo, a salinha foi progredindo. Em pouco tempo, já eram três ambientes funcionando conjuntamente, e, 17 anos após a inauguração, Domenico mudou-se para o endereço que ocupa até hoje, na Barão de Studart, outrora uma avenida feita de areia, nas proximidades da qual funcionava um barracão coberto com material simples e distante de tudo, o Cine Ventura. O que ninguém poderia imaginar é que,
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mais tarde, essa via tão modesta iria se tornar uma das principais artérias da nossa urbe.
Entre a vida e a arte Para Domenico, as recorrentes palavras de sua mãe, hoje, soam-lhe como uma verdadeira profecia: era mesmo no Brasil onde iria construir uma carreira sólida, tornar-se reconhecido e constituir uma família. Em outras palavras: ter uma vida estável e segura, o que parecia pouco provável na Itália em época pretérita de sua vida. Casado com a cearense Ângela Maria Ribeiro Gabriele, com quem teve 4 filhos (dois dos quais passaram a gerenciar a loja que leva seu nome), Domenico considera ter encontrado seu porto seguro longe da Itália. “Sempre senti que fazia parte daqui, mesmo antes de eu chegar. Não tive nenhuma dificuldade de adaptação e aprendi o português aqui mesmo, na rua, na escola da vida. Divido a Itália entre Norte e Sul. Enquanto no Norte as pessoas têm o temperamento dos paulistas, no Sul elas se parecem mais com as daqui, ou seja, fazem amizade muito facilmente, com muita abertura para uma boa conversa. Nunca me senti um estranho no Brasil.”, afirma Domenico, com o bem-humorado sorriso que lhe é particular, deixando transparecer uma firme ideia de confiança e otimismo ao interlocutor. “O Brasil não é mais visto como o país do futuro, mas o país do momento. Tenho certeza de que os italianos veem os brasileiros de uma forma melhor que os próprios brasileiros se veem. Atualmente, não são poucas as pessoas que querem vir para cá para trabalhar e investir”, acrescenta, aproveitando a “deixa” para relatar sobre o seu dia a dia atual como alfaiate e empresário. “Recebo tanto clientes de mais idade quanto jovens. Para algumas famílias, chego a atender pai, filho e avô. O desafio é saber o gosto do freguês, que não pode ter pressa: é preciso que tenha tempo para dizer exatamente o que quer. Só não gosto de ouvir ‘eu queria’, porque aí a pessoa se expressa como se a coisa já estivesse pronta”, brinca, levantando-se para mostrar as sutilezas entre as composições da textura dos ternos que se harmonizam em seu gabinete, onde “orquestra” uma infinidade de peças.
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Domenico exercendo sua paixão pela alfaiataria
Trabalhando com encomendas sob medida (em que tudo é feito cuidadosamente à mão) e o melhor do prêt-à-porter, com enorme diversidade de marcas (incluindo as mundialmente famosas Zegna, Ouropiano e Dormeuil, dentre outras), Domenico também cuida dos clientes com a atenção de um perito. “Ser um bom alfaiate não é apenas trabalhar com manequins, mas saber fazer uma roupa ficar bem em pessoas de pesos, alturas e formas diferentes, ainda que nem sempre proporcionais. Na encomenda sob medida, trabalhamos da seguinte forma: o cliente escolhe o tecido (geralmente os mais procurados são o super 120 e o super 130, tecidos leves, fio puro de lã) e faço o contato com o distribuidor. No dia seguinte, o tecido chega à alfaiataria. O terno fica pronto em cerca de 3 a 4 meses, por conta da dificuldade na mão-de-obra”, explica. Acompanhando a fabricação de suas peças com a dedicação de um verdadeiro maestro, atento a cada detalhe (ele mesmo também cria peças, dentro da tradição clássica do vestir), Domenico só divide sua paixão pela alfaiataria com duas outras: a botânica e a ópera. Quanto à primeira, já iniciou uma plantação de oliveiras no Município de Pacoti, ambicionando em breve produzir azeite, mesmo que apenas para consumo próprio. Já no que se refere à árias e tenores, foi muito mais além. Admirador inconteste de Verdi, Puccini e Rossini, ele decidiu retornar à terra natal num tour musical que durou vários dias, passando pelos melhores teatros de Florença, Milão, Bolonha, Nápoles e Roma, numa espécie de peregrinação afetiva que bem poderia simbolizar, intimamente, um verdadeiro prêmio por ter seguido os sábios conselhos maternos: como ecos soprados do abismo que separava seu destino na Terra do Sol da distante e silenciosa Tortora. C
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>por um mundo melhor
Investimento jovem tecnologia e empreendedorismo por um futuro promissor
por Camila Vasconcelos
O município cearense de Aquiraz, localizado a 24,7km de Fortaleza, pode ser considerado hoje como a porta de entrada de centenas de jovens em busca de conhecimento, qualidade de vida, e de um
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futuro promissor. Isso porque, o Município abriga o Instituto Tecnológico e Vocacional Avançado (ITEVA), uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP).
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Um dos projetos de maior destaque do ITEVA é o MídiaCom, que desde 2004 trabalha na capacitação de jovens para a produção de multimídia, computação gráfica e comunicação digita. O Projeto MídiaCom funciona como uma cooperativa de tecnologia digital, onde os jovens são treinados e, posteriormente, passam a qualificar novos integrantes. A filosofia de trabalho é a de estimular o empreendedorismo dos jovens, o trabalho cooperado e a autossustentabilidade do projeto. “Hoje, o Projeto é capaz de gerar recursos próprios através da prestação de serviços para empresas, profissionais liberais e instituições. Não faltam clientes”, afirma Anderson Ribeiro, Coordenador Técnico do ITEVA e Gerente de produção do Projeto MídiaCom. No princípio eram apenas 15 jovens em uma sala com 5 computadores. Hoje são mais de 150 trabalhando com softwares sofisticados, desenvolvendo apresentações em PowerPoint de projetos e palestras para cerca de 40 clientes de grande porte, como: Natura, Coca-Cola, Tetra Pak, BVS&A, Banco do Nordeste, Petrobrás, Microsoft, SEBRAE, dentre outras empresas. No Projeto foi implementado um Plano de Carreiras, que proporciona ao jovem, depois do curso, prosperar dentro do Instituto, assumindo funções de gestão e até de direção. “A organização, as regras e a administração da empresa é regida pelos próprios cooperados, que foram capacitados pelos próprios alunos. “Aqui você vê jovens capacitando jovens”, complementa Anderson Ribeiro. E o resultado desse Projeto vem dando frutos a Josinaldo Batista, 20 anos. Ele ingressou no ITEVA sem nunca ter tido acesso a um computador. Iniciou o curso, aperfeiçoou-se e agora, através do Plano de Carreiras do Projeto MídiaCom, atingiu o posto de Técnico de Multimídia. “A primeira vez que liguei um computador eu já tinha 15 anos, e foi no ITEVA, lugar em que iniciei minha formação”, declarou com orgulho. Em junho passado, a convite da Microsoft Brasil ele participou do Innovate-4Good, evento internacional realizado no Centro de Tecnologia da Microsoft (MTC), na Cidade do México. Esteve reunido com
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Diretor do ITEVA, Fábio Beneduce
jovens que utilizam a tecnologia de forma criativa, ajudando a transformar a região em que moram, em um lugar melhor. Discutiram sobre os problemas que assolam a humanidade e traçaram soluções criativas que gerem oportunidades. De passaporte e visto em mãos, Josinaldo contou entusiasmado: “Eu nunca saí do Ceará. Com estas conquistas, além de me tornar um orgulho para a família, ainda vou carregar na bagagem histórias de esforço e superação para contar à minha filhinha Laura, de 2 anos, quando ela crescer”.
O conhecimento não deve ser dividido, e sim multiplicado! O diretor do ITEVA, Fábio Beneduce diz que os elementos que regem a instituição são: a união, disciplina, consciência crítica, responsabilidade social e empresarial, transparência e cooperação. Acrescenta, “Passo para eles que conhecimento é o maior patrimônio que podemos ter e, aqui no ITEVA, o conhecimento não é dividido, e sim multiplicado”. É com este intuito que o Projeto está sendo replicado em outros lugares do Brasil. Um outro exemplo de sucesso do ITEVA é o integrante Miguel Lima, que com apenas 20 anos, será o gestor da implantação do Projeto MídiaCom na Associação Beneficente dos Funcionários da Allianz Seguros, em São Paulo. “Estou há quatro anos no ITEVA, e desde quando entrei adquiri diversos conhecimentos, principalmente na área de Comunicação e na área de Gestão. Já trabalhei com cultura, com financeiro e com comunicação e marketing”, conta Miguel.
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Miguel Lima, a 4 anos na Instituição, com viagem marcada para São Paulo
Adriana Cavalcante trabalha na área de Design e desenvolve desde peças de PowerPoint até diagramação de revistas
Ruthiany Sousa trabalha na produção de vídeo-aulas para alunos novatos
Josinaldo Batista teve seu primeiro contato com o computador aos 15 anos, no ITEVA. Hoje é Técnico de Multimídia e já viajou ao México a convite da Microsoft Brasil
Orgulho de fazer parte do ITEVA A vida para Leandro Barros começou cedo, mais especificamente aos 13 anos de idade, trabalhando como ajudante de pedreiro na construção civil. Como a sua irmã já fazia parte do ITEVA, ele começou a se engajar no Projeto MídiaCom. “Não acreditava que poderia aprender computação gráfica, mas entrei nas aulas e fui desenvolvendo meus conhecimentos e consegui chegar, através do Plano de Carreiras, ao cargo de Técnico de Multimídia”. Hoje, com 24 anos, Leandro está construindo a sua casa. É com orgulho que Alice Cavalcante, de apenas 17 anos, diz que é Chefe do Departamento Financeiro do Instituto. Ela tem acesso a todos os valores, além de ser responsável por todos os cálculos relacionados à instituição. “Todos os dias aprendo algo novo. Vejo um futuro bem promissor com a experiência que estou tendo aqui”, disse. Adriana Cavalcante tem 17 anos e trabalha na área de Design, desenvolvendo peças, PowerPoints e diagramação de revistas. “Antes não sabia do meu potencial e tudo que eu aprendi foi aqui. Temos cumplicidade entre pessoas e isso não se vê em lugar nenhum. Brincamos e não perdemos o foco”.
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Leandro Barros entrou no ITEVA com 13 anos. Hoje, aos 24, é Técnico de Multimídia e está construindo sua casa
Há dois anos no ITEVA, Ruthiany de Sousa afirma que neste pouco tempo já aprendeu muita coisa. “Trabalho na produção de vídeo-aulas para os novos alunos, além de ser a responsável por elaborar o cardápio das refeições e a entrada dos produtos alimentícios”. Mesmo com pouca idade, os jovens aprendem que o comprometimento e a disciplina são qualidades básicas para a ascensão profissional e é a partir do ITEVA que eles têm acesso ao primeiro emprego e à obtenção de renda, permitindo a aquisição constante de conhecimentos para garantir um bom futuro.
O que é uma OSCIP? São entidades que firmam Termo de Parceria com o Governo para promover ações de interesse público. De acordo com a Lei do Terceiro Setor (9.790/99), Associações de Direito Privado sem fins lucrativos são qualificadas pelo poder público como OSCIPs ao adequarem seus estatutos à Lei e só então podem formalizar parcerias com o Governo. C
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>mais saúde
Aprenda a manter a higiene da sua cozinha por Cláudio Lima
Para manter a higiene da sua cozinha e expulsar os microorganismos nocivos que colocam a saúde em risco é necessário muito mais do que lavar a louça, limpar o chão e retirar o lixo. Aprenda o que deve ser feito. 70
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>mais saúde
Esponja de louça Quando me param na rua ou no supermercado, a pergunta é sempre a mesma: – Professor, quanto tempo dura uma esponja de lavar louça? Pelo fato de a esponja ser porosa, ela abriga restos de alimentos e muita umidade. Assim, ela é um lugar ideal para as bactérias se fixarem e se manterem vivas, por muito tempo. Algumas pessoas ficam utilizando uma esponja por três dias. Outras, por dez dias. Mas tem gente que usa por um mês. Acredite! Parece que faz amizade com a esponja. Põe nome na espoja, conversa com a esponja... Só pode! O que recomendo é bem simples. Vamos lá! Caso a sua família seja grande, ela suja muita louça, então a esponja dura pouco. Não mais que uma semana. Para uma família pequena, um casal ou uma pessoa que vive sozinha, a esponja dura mais, claro. Basta usar o bom senso. O que você não pode esquecer é de esterilizar a esponja todos os dias. Como é que faz? – Faça o seguinte: lave a esponja com detergente e retire todos os resíduos de alimentos que ficam impregnados na esponja. Depois esterilize a esponja numa solução de água sanitária (2 colheres de sopa de água para 1 litro de água) ou com água fervente, por 10 minutos.
existem luvas especiais. Uma vez contaminado, o pano de prato distribui contaminação para outros utensílios e para os alimentos. Quando alguém coloca o pano de prato para cobrir uma travessa com salada e impedir o pouso de moscas, o pano contamina a comida. Da mesma forma, a contaminação ocorre quando alguém coloca o pano que está em uso sobre os pratos que já estão lavados e limpos, no escorredor. Não esqueça! O pano de prato deve ser trocado, pelo menos, uma vez ao dia.
Rodinho de Pia Devemos ter muito cuidado com o rodinho de pia. É um utensílio bastante utilizado e que muita gente não dá a devida atenção. O rodo fica facilmente contaminado. Observe cuidadosamente e verá que nos “cantinhos” ele fica cheio de lodo, de fungos e isso contamina toda a superfície da pia na hora da utilização. No momento de passar o rodo para escoar a água você, na verdade, estará distribuindo contaminação. Após lavar o rodo com água e detergente, esterilize-o na mesma solução ensinada para esterilizar a esponja.
Prontinho! Agora é só espremer muito bem a esponja para que ela fique bem seca. Guarde-a num local seco. Nunca deixe de molho em água com sabão. Também não guarde a esponja em cima de um pedaço de sabão em barra, como muitos gostam de fazer. Pelo amor de Deus!
Lixeira de pia
Pano de prato
Local de lixeira é no chão! Preferencialmente com acionamento por pedal. Assim a cozinheira não vai tocar a tampa da lixeira e depois correr o risco de pegar nos alimentos com as mãos sujas. C
O pano de prato é um item que faz parte do cotidiano de toda dona de casa.Porém, muita gente usa o pano de forma errada e acaba contaminando os alimentos. Você já viu alguém colocar o pano no ombro? Já o viu amarrado na cintura de alguém? Então, isso contamina o pano. Quer ver outro erro? Usar o pano para pegar no cabo da panela. Não quer se queimar? Tudo bem! Mas, para isso,
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Essa daí foi a pior invenção que fizeram! Como é que uma criatura pode manipular alimentos sobre uma pia, cortar carnes, frango, lavar verduras, com uma lixeira ao lado?
Cláudio Lima Engenheiro de alimentos, Especialista em Alimentos e Saúde Pública e Mestre em Tecnologia de Alimentos. Escritor de vários livros no ramo de alimentos. É também colunista da Revista Viva Saúde - Editora Escala/SP. Palestrante e apresentador do Quadro Mais Saúde no CE/TV 1a Edição, TV Verdes Mares.
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Seu Lunga pousando para fotos com um dos grupos vindos de todo o Brasil para conhecer a lenda viva
Seu Lunga um homem por trás do mito
por Demontier Tenório Quando se fala em Joaquim dos Santos Rodrigues, ninguém sabe de quem se trata. Mas se alguém falar em “Seu Lunga”, imediatamente vem à mente a imagem de um homem ignorante – o que é puro mito! – por se constituir num calmo e pacato cidadão. Ele não é lembrado como o poeta, o comerciante, o agropecuarista, o eleitor que um dia quis ser vereador em Juazeiro do Norte-CE , e muito menos como o panegirista. Explicando: é que seu Lunga costuma discursar por ocasião do
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sepultamento de parentes, dando vazão à sua emoção em despedidas fúnebres. Como para ele o que interessa é a vida, evita responder a quem gostaria que lhe fosse o seu panegirista. Nascido no dia 18 de agosto de 1927, no Sítio Gravatá, na zona rural de Caririaçu, viveu a infância e a adolescência no Município de Assaré, terra do poeta – este famoso por sê-lo – Patativa. Em 1948, com 21 anos, seus pais se mu-
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daram para Juazeiro, onde reside até hoje, com a família. Prestes a comemorar 85 anos de idade, Seu Lunga tem pouco a reclamar da saúde. Todo dia faz o trajeto a pé ou de bicicleta dos cinco quarteirões que separam sua residência de seu local de trabalho: uma sucataria que funciona na Rua Santa Luzia, no centro da cidade. A cada quinze dias, visita sua propriedade rural, localizada no Sítio Pedrinhas, a 6km do centro de Juazeiro, onde, à sombra das fruteiras espalhadas no terreno, observa as cerca de 30 cabeças de gado com orgulho. Já na sucataria, sua atenção é voltada para diversos outros tipos de produtos, em sua maioria ferragens e objetos usados, que se misturam. Quando alguém chega procurando algo, tenta rebuscar na memória o lugar onde se encontra e termina localizando pacientemente e em pouco tempo. Quando nossa reportagem esteve na sucataria, uma cliente chegou querendo comprar um cabide de roupas usado. Em poucos minutos a peça de ferro estava em suas mãos. Seu Lunga informou que custava R$ 5,00, ao que ela rebateu, oferecendo R$ 4,00 e seu Lunga calou-se – porque ele sustenta ter um preço único desde 1950 e quando a pessoa reclama que está caro, faz questão de informar onde pode encontrar mais barato, mas não baixa seu preço. Logo depois uma freguesa levou facas e tesouras para amolar. Dona Francisca Bezerra mora pertinho, na Rua Boa Vista, e diz ser cliente antiga “porque encontro na sucataria tudo que procuro”. São mais de 20 mil produtos espalhados por todos os lugares e ele não gosta quando alguém chega e pergunta se determinada mercadoria é para vender. Seu Lunga é pragmático, e responde que “o único lugar onde se encontra coisas expostas que não são para vender é no museu”, e ainda garante que não é ignorante: “Não gosto é de pergunta idiota”. A força desse personagem folclórico é tão grande que, por ocasião do centenário de emancipação política de Juazeiro do Norte, em uma grande parte das reportagens de revistas, jornais, noticiários de rádio e TV, blogs seu Lunga foi citado. Sendo ilustre ou não, dividiu espaço midiático com Padre Cícero, a personalidade mais ilustre do município, que ele afirma ter conhecido. Seu Lunga diz que tinha apenas sete anos quando da morte do Padim Ciço e que o viu uma única vez.
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Na festa dos 100 anos de Juazeiro, Seu Lunga foi destaque até na Revista Playboy. Num dos trechos da matéria vinculada, ele diz ser imensurável a quantidade de piadas que correm mundo sobre suas “grosserias”. Uma pesquisa feita no Google mostra mais de 166 mil resultados para este “personagem” – que é bom dizer, não foi criado por ele. Já no Twitter, a conta @SenhorLunga (uma das três atribuídas a ele) conta-se mais de 20 mil seguidores atualmente, onde são reproduzidos causos e frases supostamente dele, que apenas cala e não confirma nada. Sentado em um banquinho de madeira na calçada do seu ferro-velho, e quase sempre de olho numa televisão Semp de 10 polegadas, seu Lunga demonstra não se acostumar com a fama. Vez por outra chegam grupos de turistas com máquinas fotográficas em punho e ele termina se deixando fotografar ao lado dos visitantes. “Não sei pra que isso!”, finge reclamar para depois concordar. Enquanto nossa equipe de reportagem ali esteve, apareceram dois grupos, um de Maracanaú e outro de Fortaleza. Os mais tímidos e amedrontados pela sua fama de “ignorante” ficam a observá-lo à distância e até o fotografam de longe. Uma adolescente de 17 anos confessou seu receio, pois seu Lunga não consegue apagar a imagem de “homem rude, grosseiro e ignorante”, criada pelo imaginário popular e alimentada, principalmente, pela literatura de cordel. As piadas sobre suas respostas engraçadas e intempestivas estão nas mesas dos bares, nas conversas entre amigos e programas de humor. Justiça – O único que não ri da situação é o próprio Seu Lunga, por considerar toda esta fama e repertório de anedotas como “mentirosos”. Por conta disso, foi
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>retalhos do Cariri
parar na Justiça contra o uso do seu nome. Em junho de 2008 perdeu uma ação indenizatória contra o poeta cordelista Abraão Batista, porém, três anos depois de ter recorrido, ganhou a causa, proibindo o poeta juazeirense de escrever novos livretos de literatura de cordel relatando causos a ele atribuídos. O objeto das ações foi o cordel intitulado “As histórias de Seu Lunga – o homem mais zangado do mundo”, editado em 1987 e reeditado no ano seguinte. Inicialmente, solicitou indenização por danos morais e o recolhimento dos cordéis, o que não foi acatado pela justiça. As razões da defesa de Abraão convenceram o Poder Judiciário de que as histórias do Seu Lunga já são de Domínio Público. Por isso, a sentença da Justiça decidiu pelo arquivamento do processo contra o poeta. Em maio de 2011, o Tribunal de Justiça do Ceará decidiu proibir o cordelista Abraão de escrever novos cordéis sobre Seu Lunga. Conforme os autos, ele publicou diversos poemas de causos atribuídos ao comerciante sem a devida autorização. A sentença constata que “houve prática de ilícito, na medida em que os cordéis violam os direitos do apelante inerentes à personalidade, à dignidade e à honra perante a comunidade”. Apesar dos causos, o que seu Lunga gosta mesmo é de poesias e até recitou algumas de sua autoria: Quem não mora muito longe, morando perto é vizim. Encostado a essa mata, a mata que tem espim. Cada pau tem o seu galho, cada galho o seu nim. Não vou morar nessa mata, por causa dos passarim. Morava bem em Juazeiro Mas me transportei daqui e fui morar em Salgueiro Lá existe uma fazenda que só existe vaqueiro Existe também um boi que é um grande boi mandingueiro E eu montado em meu cavalo, cavalo muito ligeiro. Eu vou derribar o boi, cavalo, boi e vaqueiro. Quem me dera ser um pássaro para no mundo voar Eu ia para o oceano, depois podia voltar. Mas vinha cair em seus braços somente pra consolar. Se conhece o bom guerreiro quando luta e é feroz. O homem pela conversa e o cantador pela voz.
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Causos de seu Lunga
Seu Lunga estava em casa com sede e mandou o sobrinho trazer leite. O garoto pergunta: – No copo, Seu Lunga? Ele: – Não, bota no chão e vem empurrando com o rodo. Seu Lunga está no elevador e alguém pergunta: – Sobe? Ele: – Não, esse elevador anda de lado. Quando jovem, seu Lunga se apresentou à Marinha para a entrevista e o oficial perguntou: – Você sabe nadar? – Sei não, senhor. – Mas se não sabe nadar, como é que quer servir a Marinha? – Quer dizer que se eu fosse pra Aeronáutica tinha que saber voar?! Seu Lunga vai saindo da farmácia quando alguém pergunta: – Está doente, seu Lunga? Ele: – Quer dizer que se eu fosse saindo do cemitério eu estava morto?! O funcionário do banco avisou: – Seu Lunga, a promissória venceu. Ele: – Meu filho, por mim podia ter perdido ou empatado. Não torço por nenhuma promissória. Na sucataria alguém chega e pergunta: – Esse ventilador está funcionando? Ele: – Como é que ele pode estar funcionando se não está ligado? O filho do Seu Lunga jogava futebol e um dia ele foi assistir quando um torcedor pergunta: – Qual dos atletas é o seu filho? Seu Lunga aponta e diz: – É aquele ali. Mas o interlocutor não identificou e insistiu até Seu Lunga atirar uma pedra no rapaz e dizer: – É aquele que começou a chorar! Perguntaram a seu Lunga se caminhar faz bem à saúde. Ele: – Se for assim, o carteiro era um ser imortal. No restaurante, na hora de pagar a conta, ele puxou o talão e o garçom perguntou se ele ia pagar com cheque. Ele: – Não! Peguei o talão pra lhe escrever um poema. Em um bar, Seu Lunga pediu que colocasse um disco de Waldick Soriano e a atendente respondeu: – Não posso. Meu marido morreu. Ele: – Por acaso ele levou os discos para o caixão? C
Demontier Tenório Atual Diretor de Jornalismo e comentarista esportivo da Rádio Vale FM, Chefe de Redação do Site Miséria e Assessor de Imprensa da Secretária de Turismo e Romarias de Juazeiro do Norte. Durante 10 anos foi repórter da sucursal do Jornal Diário do Nordeste no Cariri, após trabalhar como correspondente do Jornal O Povo.
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>saúde
bulimia, anorexia e compulsão Saiba mais sobre os distúrbios alimentares por Nívea Albuquerque
Mais do que causa de transtornos alimentares, a relação com a comida revela como a pessoa se posiciona no mundo. Seja na recusa da anoréxica, seja na voracidade da bulímica ou ainda no descontrole do compulsivo; o fato é que, em busca de atenção e afeto, pessoas que sofrem com distúrbios alimentares desenvolvem uma relação patológica com os alimentos. Independente da idade, gênero, sexualidade, etnia, tamanho ou forma, os estudos revelam que a insatisfação com o corpo é uma questão que afeta toda a sociedade, acarretando problemas de relacionamento e baixa autoestima, além de bloqueios na progressão escolar e no trabalho.
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COSTUMES
Anorexia e bulimia nervosas e compulsão Quem nunca se sentiu frustrado na frente do espelho? Muitas vezes observamos nosso corpo com espírito muito crítico e geralmente concluímos que somente uma solução milagrosa nos fará emagrecer, ganhar músculos ou ficar mais belos. Neste momento, sempre aparece uma amiga com dicas milagrosas de como perder peso e outros “segredinhos”. Imediatamente retiramos do nosso cardápio todos os doces e frituras e os manuais de dietas passam a guiar nossa lista de compras e nortear nossa comida do dia a dia.
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>saúde
Por trás da “preocupação com a forma física” pode haver uma obsessão pelo corpo esbelto, perfeito. A busca desenfreada pelo ideal de beleza difundido sem parar nos meios de comunicação e repetidos à exaustão nas academias, lojas, ambiente de trabalho, praia, clube, consultórios médicos, enfim, em todo lugar, pode levar a práticas alimentares inadequadas. A Anorexia Nervosa é mais comum em mulheres (95% dos casos), jovens entre 15 e 25 anos. Sentimentos como vergonha de si mesmas e consequente baixa autoestima acabam por aprisioná-las em um ciclo vicioso de compulsão e abstinência alimentar. Estudos mostram que entre as mulheres que desenvolvem a doença na adolescência, a chance de recuperação varia entre 50% e 70%. Se o surgimento ocorrer durante a fase adulta, apenas uma em cada quatro pacientes se recupera. A “autodieta” de uma vítima da Anorexia é bastante rigorosa e uma singela maçã, por exemplo, é considerada absurdamente calórica. Comer um brigadeiro, então, pode causar uma verdadeira fobia. Estas pessoas passam fome durante longos períodos do dia, abusam da prática de atividade física e se veem como gordas mesmo que seus ossos estejam explicitamente visíveis sob a pele. Alguns portadores de Anorexia consideram-se “fortes” por resistirem aos doces, às tortas e aos chocolates e sentem-se vitoriosos em relação a pessoas que, embora reclamem de seus quilinhos a mais, não conseguem resistir à tentação da comida. Na Anorexia Nervosa, é comum que as mulheres tenham a menstruação interrompida e que as sensações físicas de frio, calor e fome sejam reduzidas. A Bulimia Nervosa, por sua vez, é um transtorno alimentar que geralmente se manifesta mais tardiamente, em comparação com a Anorexia, por volta dos 18 a 35 anos. Os portadores têm sensações que oscilam entre os extremos: fome aguda com episódios compulsivos pela comida, a qual se entregam sem limites. Na tentativa de se livrarem da solidão, geralmente ingerem, em um episódio bulímico, grandes quantidades de produtos muito calóricos como pães inteiros, barras de chocolates, bolos e tortas cremosas, que são “empurrados” estômago abaixo, mas sem proporcionarem o alívio do estado de tensão quase insuportável em que se encontram.
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Depois do episódio, a maioria se envergonha do que fez e força o vômito, repetindo diversas vezes esse comportamento. Os danos ao próprio corpo são visíveis, pois devido aos vômitos frequentes o ácido do estômago afeta os dentes, alterando-lhes a cor e ainda pode ocorrer ulceração no esôfago. O peso destes pacientes geralmente é estável e, por isso, é tão difícil para a família e amigos identificarem o problema. Chama-se de comer compulsivo quando um paciente come grande quantidade de alimentos, copiosamente sem controle, mas não vomita depois e nem faz nenhum tipo de “compensação”, como uma atividade física. Dependendo da frequência que mantém, duas vezes por semana pelo menos durante seis meses, pode ser considerado portador de Transtorno de Compulsão Alimentar Periódico. O tratamento dos transtornos alimentares de qualquer tipo deve ser feito com base na mudança comportamental, sendo de extrema importância o acompanhamento médico, psicológico e nutricional, que atuando de maneira integrada, possa ser capaz de promover mudanças eficazes. Através da modificação dos hábitos alimentares e da recuperação da autoestima, tenta-se romper o ciclo vicioso da doença e resolver o problema a longo prazo. A alteração negativa do comportamento alimentar é uma reação à negligência emocional ou a outras vivências traumáticas sofridas principalmente na primeira infância. Crianças e adolescentes percebem o valor que os pais dão à alimentação e aproveitam o momento das refeições para chamar atenção. Na verdade, muitas vezes, fases de inapetência ou episódios de comer compulsivo são gritos de socorro provocados pela carência de atenção e afeto. C
Nívea Albuquerque Formada pela Universidade de Fortaleza(UNIFOR), com experiência no manejo de pacientes com transtornos alimentares e obesidade. Pós graduada em Nutrição em Estética, integrante do corpo clínico do Hospital Monteklinikum, a nutricionista atende adolescentes e adultos realizando aconselhamento nutricional e atendimento dietoterápico clássico nas diversas enfermidades associadas à alimentação inadequada.
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essencial em todas as ocasiões Item indispensável em qualquer cozinha, o vinagre vai muito além de temperar ou simplesmente higienizar a salada. Esse ingrediente, que dispõe de uma infinidade de variações, tem mais utilidades do que você pode imaginar: desde o uso em sobremesas à composição de drinks. Escolha o seu e descubra suas mil e uma qualidades!
De uma versatilidade incontestável, o vinagre é um dos auxiliares mais requisitados da cozinha. Engana-se quem pensa que ele só serve para temperar a salada, já que esta solução também tem o poder de dar sabor aos alimentos, amaciá-los e até mesmo neutralizar odores. Entre os ingredientes básicos mais populares de sua composição, encontram-se a maçã e o vinho, mas também podemos encontrar vinagre balsâmico, de mel, de flor e de outros elementos menos convencionais ainda, como alfazema, hortelã ou eucalipto. Quase todos os produtos com fermentação alcoólica podem ser aproveitados para fabricar o vinagre. A matéria-prima utilizada para sua elaboração é variável em função da disponibilidade de cada país. Assim, na Itália, Espanha, França e Grécia, países de grande tradição vinícola, o vinagre é feito, sobretudo, de vinho. Já na China e no Japão, é produzido a partir do arroz, enquanto que nos Estados Unidos e na Inglaterra, a partir da sidra e do
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malte. Na Alemanha, é mais utilizado o vinagre de álcool. No Brasil, os vinagres são elaborados, principalmente, a partir do álcool de cana-de-açúcar e do vinho. Segundo a nutricionista Fabiana Fontes, a palavra vinagre significa “vinho azedo” e surgiu da transformação do álcool em ácido acético por bactérias acéticas. “A história do vinagre está estreitamente ligada à do vinho. No entanto foi em 1864 que o cientista francês Louis Pasteur (1822-1895) determinou as bases científicas da produção industrial do vinagre”, explica Fabiana. Para o organismo, o condimento não só aumenta a atividade dos fermentos gástricos, mas também promove ao mesmo tempo um efeito excitante da glândula pancreática. Desta forma, o vinagre ajuda na digestão, afirma a nutricionista. Outra vantagem, desta vez aliada intimamente à perda de peso, é que por ser um alimento termogênico, aumenta o metabolismo e ajuda na regulação da insulina, contribuindo para o emagrecimento.
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>especiarias
Sabores e Inovações Os variados tipos de vinagre têm sido usados para incrementar muitos pratos e, surpreendentemente, até mesmo drinks (como o vinagre de Jerez). Sua utilização pode dar um toque inovador e diferenciado a muitas receitas, como é o caso do tipo balsâmico de Módena
Reserva, que combina tanto com carnes quanto com sobremesas. Diante de toda essa riqueza de possibilidades, é natural que muitos chefs já tenham passado a se dedicar à harmonização dos vinagres com os alimentos. Confira a seguir algumas sugestões para combinar melhor os diferentes tipos de vinagre na sua cozinha! C
Vinagres aromatizados
Vinagre de Arroz
Os vinagres aromatizados com ervas, especiarias, frutas ou alho são indicados para molhos de saladas. Os aromatizados com frutas podem ser usados em molhos para sobremesas, musses, sorvetes ou borrifados sobre panquecas e waffles.
Eficaz para limpar panelas e comidas queimadas: Retirar os resíduos, acrescentar água com vinagre até a altura onde está queimado, e ferver por alguns minutos.
Vinagre Balsâmico de Módena Reserva
Vinagre de vinho tinto
Resultado da fermentação de uma seleção especial de vinhos, por ser mais concentrado que o tradicional, seu uso vai além do tempero em saladas e harmonização de carnes, sendo, também, uma ótima opção para sobremesas à base de sorvetes e frutas.
Sua qualidade difere de uma marca para outra e alguns são bem ácidos. Ótimos para temperar qualquer alimento e para uso em marinadas.
Vinagre de Jerez Recomendado em pratos frios e para realçar o sabor de carnes, como carpaccio. Além desses usos, uma tendência que é comum na Espanha e que já chegou ao Brasil é a utilização do Vinagre de Jerez em bebidas. À base de vinho de Jerez, envelhecido em barricas de carvalho, ele tem sido um dos ingredientes usados na elaboração de drinques.
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Vinagre Balsâmico de Módena tradicional Com o paladar doce e suave é ideal para saladas, incrementar nos sabores de todas as carnes, pescados defumados e até para dar um toque especial em sobremesas.
Vinagre de álcool com limão Pode ser usado em molhos para sobremesas, mousses, sorvetes ou borrifado sobre panquecas e waffles.
Vinagre de vinho branco Vinagre de vinho branco é especialmente bom para cozinhar, mas também é um bom higienizador, se combinado com água. Uma mistura de 1/4 de uma xícara de vinagre e um copo de água é muito eficaz contra manchas e acúmulo de sujeira.
Vinagre de maçã Obtido a partir do suco fermentado de uma variedade de maçã, é o menos ácido. Fica ótimo em molhos para saladas, conservas, pratos agridoces, além de acentuar o sabor de molhos que acompanham carnes.
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>pequenos sabores
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>pequenos sabores
FINGER FOOD A nova tendência na culinária cearense
“Comida para se comer com os dedos”. Essa é a tradução para o termo inglês Finger Food, utilizado para nomear pequenos canapés, do tamanho de uma mordida, que se tornou tendência gastronômica em todo o mundo e está conquistando o paladar dos cearenses pelo sabor, praticidade e beleza. A expressão surgiu graças à atriz inglesa Joan Collins que, quando estava em um restaurante, pedia que lhe fossem preparados pequenos petiscos que pudessem ser saboreados com a ponta dos dedos, com o intuito de não borrar o batom e não perder a classe. Dessa forma, a proposta minimalista dos Finger Foods foi ganhando visibilidade na gastronomia mundial. As receitas variam desde os canapés mais simples, como as famosas torradinhas com patês, até miniaturas de receitas mais elaboradas. Segundo a chef do La Maison Buffet, Isabela Fiúza, o cardápio deve ser de acordo com a ocasião e com o tipo de público que se deseja atingir. “Uma reunião de empresários, por exemplo, exige um prato com ingredientes mais requintados e com uma decoração mais elaborada. O conceito permite que se misture e se monte, em pequenas porções, um Finger Food de cuscuz marroquino com cordeiro ao molho de rapadura e maracujá. A surpresa de sabores que as pessoas encontram nas pequenas porções é o que faz os Finger Foods pequenas por ganharem notoriedade”. Receitas tradicionais também ganham espaço no cardápio Finger Food. Minitortas salgadas, minisanduíches, risotos, sopas, saladas e camarões são apenas alguns exemplos de receitas tradicionais que foram adequadas à nova tendência. Os quitutes podem ser servidos em
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palitos, copinhos, colheres ou apenas em guardanapos decorados, a critério do chef.
Por que optar pelos Finger Foods? Apetitosos e bonitos visualmente, os Finger Foods têm sido servidos cada vez mais em eventos de casamentos e em reuniões empresariais pela facilidade na degustação. Outro motivo relevante é que as pessoas podem comer em pé. “Por permitir esta comodidade aos convidados, o estilo teve uma ótima adaptação à nossa realidade, o que explica a aceitação do conceito em recepções de festas em geral”, explica Isabela Fiúza. Outra vantagem é a possibilidade de servir muitos sabores em uma só ocasião. E mais outra: os Finger Foods dispensam o auxílio de garçons, o que faz com que os convidados fiquem mais à vontade na hora de se servirem.
Tendência gastronômica Em Fortaleza, esta tendência gastronômica vem crescendo continuamente, em especial nas festas sociais e eventos empresariais, o que fez com que buffets e restaurantes passassem a oferecer os Finger Foods em seus cardápios. As receitas variam entre o doce e o salgado, entre o quente e o frio. O professor de Gastronomia da Universidade Federal do Ceará (UFC) e também chef do Alice’s Buffet, Rodrigo Viriato, afirma que versões frias não são bem recebidas pelos cearenses, apesar do nosso clima quente. “A cozinha brasileira é picante, pesada e farta. A maioria das pessoas “se torce” diante de frituras e de comidas mais cremosas e quentes. Miniporções de risotos, pequenos gratinados e frutos do mar empanados, por exemplo, são os tipos mais pedidos”.
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>pequenos sabores
Verdadeiras esculturas de sabor A apresentação dos canapés é um show à parte. Com criatividade na montagem das receitas, os Finger Foods se transformam em verdadeiras esculturas de sabor. O que faz com que, quando postos à mesa, pareçam propositalmente parte da decoração do ambiente. Existem atualmente no mercado louças, talheres, tigelas, palitos decorados, dentre outros adereços em miniatura, que dão suporte à montagem e apresentação dos pratos.
O chef Rodrigo Viriato preparando a Lagosta grelhada
Lagosta grelhada 4 caudas de lagosta Sal a gosto Pimenta-do-reino branca a gosto Suco de uma tangerina
Lagosta grelhada com salada de folhas e aspargo com marmelada de tangerina
Deixe as caudas de lagosta marinando por duas horas no suco de tangerina. Depois tempere-as com sal e pimenta a gosto e grelhe-as em uma frigideira já aquecida.
Para a marmelada 12 tangerinas para o suco 6 cascas de tangerina cortadas em tiras 4 pitadas de bicarbonato Açúcar a gosto
Salada Alface americana Rúcula Aspargo fresco Tomates-cereja Pimenta a gosto Azeite Sal
Ferva as cascas por duas vezes. Depois lave-as muito bem em água corrente e corte-as em tirinhas finas. Junte as cascas ao suco das tangerinas em uma panela e acrescente, para cada medida de suco, uma medida de açúcar. Leve a mistura para cozinhar até ficar no ponto de geleia.
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Corte os tomates-cereja ao meio, pique o aspargo, as folhas da alface e da rúcula e tempere tudo com o azeite, o sal e a pimenta. C
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Uma praça de muitas
Localizada no coração de Fortaleza, a Praça dos Mártires (ou Passeio Público, como também é conhecida) oferece um verdadeiro refúgio à agitação da cidade e aos amantes do passado, ávidos por redescobrirem o gosto de passear por uma época que já não existe mais. Com todas as transformações pelas quais vem passando há mais de um século, o logradouro resiste ao tempo e continua seduzindo visitantes e desavisados. por Renato Barros de Castro
Primeiro encontro Para os não nascidos em Fortaleza, o primeiro encontro – casual ou pretendido – com a Praça dos Mártires deve se configurar, muito possivelmente, em um daqueles momentos que restarão indeléveis na memória, sem se corroerem mesmo a despeito do passar do tempo. Já para os nostálgicos frequentadores, é provável que a admiração e o afeto possuam igual proporção, mas te-
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nham sido cultivados pouco a pouco, muito lentamenC te: assim, o vigor do choque inicial pode ter sido abrandado por conta de uma natural familiaridade. De todo modo, quem estiver passando pelas proximidades da Santa Casa de Misericórdia, concentrado em seus afazeres, que fique atento ao se aproximar: em um único olhar, é possível abarcar toda uma combinação de estátuas em estilo greco-romano e convidativos ban-
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cos sob árvores centenárias, emolduradas pelas cores esverdeadas do oceano. Essa imagem, sempre melhor sentida do que descrita, contém um impacto visual cujo tributo equivale à sua permanente lembrança no território dos afetos de cada visitante.
Rosana e suas delícias de dar água na boca dos visitantes do Passeio Público
Entre a liberdade, a morte e o carnaval Planejado no início do século XX por Silva Paulet, engenheiro português, o Passeio Público assistiu, no ano de 1825, à execução de Feliciano Carapinima, Francisco Ibiapina, Padre Mororó, Azevedo Bolão e Pessoa Anta, revolucionários da Confederação do Equador (movimento que questionava e combatia o autoritarismo de D. Pedro I). Por conta desse evento histórico, o local passou a ser denominado, mais tarde, de Praça dos Mártires, ainda que o nome antigo não tenha sido de todo substituído na memória popular. Em 1880, o local passou por uma grande reforma, ganhando jardins, estátuas, canteiros e uma inauguração oficial. A partir daí, não tardou a transformar-se em um verdadeiro ponto de encontro da população fortalezense, mas com uma curiosa peculiaridade: ali, ricos e pobres não ocupavam o mesmo espaço. Enquanto os mais abastados flanavam pela Avenida Caio Prado (a das esfinges, famosa por seus animados carnavais), com privilegiada vista para o mar, os menos favorecidos passeavam no “andar de baixo”, nos trechos das avenidas Carapinima e Mororó.
A queda e o renascimento Depois de viver seu apogeu, nos fins do século XIX e começo do XX, o Passeio Público conheceu uma fase de declínio, que pode ter acompanhado o ritmo de seu próprio entorno – o centro de Fortaleza –, que passou a ser preterido a outras regiões da cidade. À sombra dos dias de Fausto, o local se tornaria um ponto de prostituição propício a furtos e pequenos crimes, estigma que duraria por muitos anos. Com a revitalização do espaço, no ano de 2007, a história da praça, mais uma vez, entraria em cena: o gigantesco baobá plantado por Senador Pompeu em 1910, um
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Os piqueniques que já são parte da programação de visitas ao Passeio Público
dos principais atrativos do local, pôde ser novamente apreciado pelas famílias, causando o esperado assombro e ar de interrogação nas crianças; o antigo quiosque, que deve ter recebido artistas, boêmios e literatos, abriu mais uma vez suas portas para os saudosos e recém amantes da praça.
A praça, hoje: encontro de gerações Graças à providencial reforma, o Passeio Público passou a integrar novamente a vida cultural da cidade, recebendo turistas, moradores e até mesmo aquele tipo de visitante desavisado de que já tratamos aqui. Ainda que o estigma da época de declínio ainda não tenha completamente desaparecido, a verdade é que o logradouro, hoje, está preparado para acolher seus visitantes, que devem cuidar apenas de apreciar a atmosfera mágica do lugar. Essa é a opinião da paulista Rosana Lins, radicada há 25 anos no Ceará, e que há um ano e meio resolveu encarar o desafio de dirigir o Café do Passeio– como passou a ser chamado o antigo quiosque da praça –, hoje aberto diariamente. “Sabíamos que o Passeio Público merecia um espaço à altura. Tínhamos o sonho de ver esse lugar funcionando, acreditamos no
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>arte e cultura
projeto de revitalização e as coisas aconteceram”, afirma Rosana, passando a explicar com entusiasmo algumas das novas atrações do local. “Às sextas-feiras, tem um happy hour, que começa com o pôr do sol, às 17h, e conta com a presença de músicos. Já tivemos até DJs, mas nada de som muito alto... apenas som ambiente, o suficiente para embalar uma boa conversa. No sábado, tem a feijoada, a partir do meio-dia, com música instrumental ao vivo: chorinho, bossa nova ou MPB. Os músicos são ligados a um projeto chamado Sol Maior, da Secretaria de Cultura de Fortaleza (Secultfor), por meio da qual a Prefeitura Municipal administra a praça”, afirma Rosana. No domingo, ocorre um dos eventos mais especiais, no qual muitas famílias se reúnem para desfrutar um saboroso piquenique. “As pessoas trazem lanche, toalha, e as crianças ficam brincando, ao mesmo tempo em que vão aparecendo novidades como teatro de bonecos, contação de histórias e artistas de circo. Esse projeto, também desenvolvido pela Secultfor, é um dos mais bonitos daqui, pois além de colorir a praça com o riso das crianças, ele traz a presença da família, que aumenta cada vez mais: vem o vovô, a vovó, o netinho... E assim todas as gerações convivem harmoniosamente”, explica. Além dessas atividades, os frequentadores contam ainda com serviço de wi-fi (internet sem fio) e uma pequena biblioteca, a funcionar dentro do Café do Passeio. Quanto à segurança, item que costuma levantar muitos questionamentos – herança dos anos de declínio da praça –, Rosana é categórica: “Aqui é seguro, sim. Temos a Guarda Municipal durante o dia e, à noite, contamos com vigilância armada”, enfatiza. “Ainda existe algum preconceito, mas isso vem diminuindo bastante, pois as pessoas estão reaprendendo a aproveitar este espaço público. Na verdade, os frequentadores de hoje são pessoas que têm consciência histórica e muito respeito pelo lugar”, ressalta, apresentando novos bons motivos para que o visitante – desavisado ou não – se demore ainda mais neste que se configura um dos mais importantes sítios de preservação da memória fortalezense.
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O centenário Baobá que dá sombra a visitantes de todas as idades
Jefferson Pereira e a namorada Márcia Félix
O “sertão de Fortaleza” O casal Jefferson Pereira, 20 anos, e Márcia Félix, 27, ambos comerciantes, começaram a frequentar o Passeio Público desde muito cedo, instigados pelos livros escolares de História e pelos familiares, que vez ou outra os levavam até ali. O casal se conheceu no bairro onde mora, o Jardim Guanabara, e desde que se casaram há três anos, passaram juntos a desfrutar ainda mais do espaço. “Hoje a praça está bem mais segura, mais cuidada, não tinha a vida que tem atualmente. Numa hora dessas (18 horas), ninguém se arriscava a ficar aqui, enquanto hoje isso é totalmente possível, já que tem a Guarda Municipal”, afirma Jefferson. Para Márcia, essa sensação de segurança contribuiu para estreitar sua relação afetiva com o lugar. “Eu vinha muito para a praça a fim de esperar a hora de minha filha sair do colégio. Com o passar do tempo, fui gostando cada vez mais de passear aqui, pois dá para esquecer as preocupações e relaxar a mente. O movimento da cidade parece ficar lá longe, dá até mesmo para fazer uma boa caminhada enquanto se ouve o canto dos passarinhos.
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Wendel Paiva e Gabriele Paiva, curtindo o bucolismo e a bela paisagem que a praça oferece
A decoradora Marta Pinheiro em visita à Fortaleza, dando uma passadinha no Passeio Público
Clicks do publicitário Emanuel Albuquerque
Parece até que estamos num ambiente de sertão. Acho que quando se está perto da natureza, a gente se sente mais seguro, mais tranquilo”, ressalta.
A beleza que deixa saudade A decoradora Marta Pinheiro, de 42 anos, que nasceu e vive em Manaus-AM, costuma visitar Fortaleza há 15 anos. A cada retorno, ela faz questão de visitar o Passeio Público, tanto por conta de sua história como por sua beleza. “Antigamente, eu lembro que costumava ver muitos pedintes e mendigos dormindo nos bancos. Dessa vez, estou achando o Passeio bem mais calmo, limpo e seguro. Sempre que venho à Fortaleza, faço questão de retornar ao Passeio porque é um lugar muito bom para se fotografar, e, diferentemente de outras praças do Centro, aqui é possível fazer isso sossegadamente, enquanto se aprecia as árvores e uma bela vista do mar”, afirma.
Eterno retorno Outro casal que tem o hábito de visitar a Praça dos Mártires é o historiador Wendel Paiva, 33 anos, e a administradora Gabriele Paiva, atraídos pelo bucolismo e a inconteste beleza da paisagem. “A primeira vez que vim aqui, eu ainda era criança. Eu e minha mãe estávamos no Centro e ela me trouxe a essa praça, que me pareceu impressionante. Tanto que ainda hoje me recordo da sensação desse encontro”, afirma Wendel. Para Gabriele, que nasceu em Fortaleza e se mudou para o Maranhão com alguns meses de vida, o Passeio Público só lhe foi revelado anos depois, quando de seu retorno. “Esse local é maravilhoso, já dá para ver o mar logo na entrada. O ambiente é super agradável e os bancos são muito convidativos para se botar o papo em dia”, ressalta, certa de voltar.
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Através da lente de um admirador Para o publicitário Emanuel Albuquerque, 34 anos, nascido e criado em Fortaleza, o passeio público é um de seus locais inspiradores e preferidos na cidade. Sempre que pode, visita a praça para exercitar o seu hobby preferido: fotografar. Para ele a praça é o lugar perfeito para quem quer se sentir seguro ao ar livre, saborear um café expresso ou uma feijoada de frente para o mar, à sombra de frondosas árvores. “Me sinto como nos parques do sul e sudeste, onde se consegue relaxar, fazer piquenique em família, ler um livro sentado no banco da praça ou mesmo no gramado, sem medo. Isso é primordial, pois não se se aprecia nada sem estar relaxado”. C Serviços Praça dos Mártires (Passeio Público) Rua Doutor João Moreira, s/n - Centro (próximo à Santa Casa de Misericórdia) Café do Passeio No espaço Interno da Praça dos Mártires Funcionamento: diariamente, das 9h às 17h O almoço é servido das 11:30h às 15h
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a rota das galerias por Renato Barros de Castro Costumes convida você a iniciar um tour pelas galerias da cidade, visitando tanto os lugares mais conhecidos do público quanto espaços como o Minimuseu Firmeza, uma verdadeira surpresa para os amantes da arte.
Universidades: guardiãs das artes plásticas Terra natal dos renomados pintores Antônio Bandeira, Leonilsone Fulano de Tal, o Estrigas, a cidade de Fortaleza acolheu outros grandes nomes das Artes Plásticas Brasileiras, quer vindos do interior do Estado, como Aldemir Martins e Raimundo Cela, quer vindos de outras partes do país, como o acreano Chico da Silva, alçado à fama internacional a partir da sensibilidade do olhar aguçado do suíço Jean-Pierre Chabloz, que reconheceu a qualidade artística de seu trabalho e o “apadrinhou” mostrando-a ao mundo, abrindo-lhe as portas para exposições em diversos países. Mesmo com toda essa tradição, o cenário da comercialização de obras de arte no Ceará ainda pode ser considerado tímido. A cidade de Fortaleza, aliás, ainda está à margem do circuito das grandes exposições (que gravi-
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ta em torno do eixo Rio-São Paulo), ainda que receba, de vez em quando, mostras de vultos como “O mirabolante Miró” (2006), “Rembrandt e a arte da Gravura” (2007) ou a do gênio barroco Peter Paul Rubens (2008), todas realizadas pelo Espaço Cultural Unifor. Os centros acadêmicos da capital cearense, a propósito, são em boa parte responsáveis por estimular o contato do público com a arte, a partir de exposições internacionais como essas ou por meio de mostras de artistas da terra que já atingiram pleno reconhecimento ou que estão no caminho certo para isso. Localizado no segundo andar do prédio da Reitoria da Universidade de Fortaleza, o Espaço Cultural Unifor ocupa uma área total de 1.200m² e também já trouxe a público exposições como “Raimundo Cela” (2004), “A Arte Brasileira nas Coleções Públicas e Privadas do Ceará” (2005) e “Antônio Bandeira” (2007), dentre muitas outras.
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>arte e cultura
Exposição no Espaço Cultural Unifor
Também vale visitar a Pinacoteca Floriano Teixeira, que integra o complexo de outro espaço cultural da UFC: a Casa de José de Alencar, em Messejana. De telas a óleo a desenhos em diversos estilos, a Pinacoteca é composta de 32 quadros de autoria do pintor maranhense que lhe dá nome, retratando personagens da obra do escritor cearense José de Alencar, a exemplo da índia Iracema, Martim, Peri, Aurélia, Arnaldo e muitos outros, oferecendo aos espectadores uma maneira única de unir literatura e artes visuais.
Outros olhares
Assim como o Espaço Cultural Unifor, a Galeria de Arte Vicente Leite está vinculada a um campus acadêmico: funciona dentro da Faculdade Sete de Setembro (FA7), que resolveu homenagear um dos maiores artistas plásticos cearenses. Adepto do Impressionismo, Vicente Rosal Ferreira Leite (nascido em Crato-Ce, em 1900) possui obras expostas no Museu Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro e foi amigo de Cândido Portinari, que o retratou em 1923. Enquanto a Galeria de Arte Vicente Leite aposta em exposições temporárias, enfocando artistas antigos e contemporâneos, o Museu de Arte da UFC (MAUC) conta com várias salas permanentes: Aldemir Martins, Raimundo Cela, Antonio Bandeira, Descartes Gadelha e Chico da Silva. Mais uma referência na divulgação da arte cearense ligada ao espaço acadêmico, o MAUC foi inaugurado em 1961, mantendo-se ainda hoje dentro da filosofia de seu idealizador e fundador, Antônio Martins Filho (primeiro Reitor da Universidade Federal do Ceará): relacionar universalidade e regionalidade. Reunindo obras populares e eruditas, o acervo do MAUC engloba trabalhos de nomes como Chico da Silva, Jean-Pierre Chabloz, Raimundo Cela, Aldemir Martins, aqui já citados, e a maior coleção de referência em matrizes de xilogravuras de cordel, além de coleções estrangeiras da Escola de Paris.
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Além das galerias ligadas às universidades cearenses e das galerias particulares (que serão abordadas pela Costumes nas próximas edições), existem aquelas que acompanharam o surgimento de instituições culturais, como o Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, junto ao qual funciona o Museu de Arte Contemporânea (MAC). Acessível a partir da entrada principal (na Avenida Castelo Branco), da famosa passarela vermelha ou de um moderno elevador panorâmico, o local traz exposições, oferece visitas guiadas, cursos e debates, e é uma parada obrigatória para os que visitam o universo cultural mais emblemático da capital cearense. Com salas climatizadas e uma programação variada, o MAC Dragão do Mar tem a missão de trazer ao Ceará as mais novas propostas da arte contemporânea mundial,
Exposição no Mac Dragão do Mar
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>arte e cultura
oferecendo ao espectador uma espécie de intercâmbio cultural com a oportunidade de debater a produção artística de outras partes do mundo por meio de projetos como Arte em Crivo, Sala Experimental, Painel Giratório, Americanidade e Jornada de Criação. Se o desejo é ir além das exposições e mergulhar em pesquisas ligadas à arte, o MAC Dragão do Mar conta ainda com a Biblioteca de Artes Visuais Leonilson, especializada em artes visuais e detentora de duas mil obras relacionadas às áreas de Fotografia, Design, Museologia, História da Arte, Arquitetura e Urbanismo, Moda e Arte Contemporânea. Para os que visitam o MAC e amam as artes plásticas, uma nova dica é estender o passeio até o Espaço Caixa Cultural Fortaleza, próximo à Ponte dos Ingleses, também na Praia de Iracema. Instalado no antigo prédio da Alfândega, o qual fora erguido em 1891 já tombado pelo Patrimônio Histórico, o espaço da Caixa Econômica Federal abriu as portas ao público em junho deste ano, após reforma para inauguração, que trouxe a exposição “Um nome no centro da coleção” – Aldemir Martins e o acervo da CAIXA, composta por 42 obras do pintor cearense. O Espaço Caixa Cultural é composto de cine-teatro com 190 lugares, três galerias de arte, salas para ensaios e oficinas de arte-educação, foyer, café cultural e livraria, além de um jardim e espaços para convivência e realização de eventos. Outro Centro Cultural filiado à rede bancária, em Fortaleza, é o Centro Cultural Banco do Nordeste, no centro da cidade, que costuma incluir exposições em sua extensa proServiços Espaço Cultural Unifor Universidade de Fortaleza Av. Washington Soares, 1321 (2º andar/prédio da Reitoria) Bairro Edson Queiroz Informações: (85) 3477.3319
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Exposição no Museu de Arte da UFC
gramação mensal. Também vale a pena conhecer a Galeria de Arte do SESC, que realiza importantes atividades de formação de público.
Entre a vida e a arte Para os que buscam um contato ainda mais especial com a arte, o endereço certo em Fortaleza é a Via Férrea, número 259, no bairro do Mondubim. Afastado da agitação do resto da urbe, o local abriga o Minimuseu Firmeza, que reúne cerca de 700 trabalhos (entre pinturas, gravuras e desenhos), colecionados ao longo de uma intensa vida dedicada à arte, tanto por Estrigas quanto por Nice Firmeza, diretores desse pitoresco espaço cultural que recebe o visitante com saborosos quitutes feitos na casa dos anfitriões. Conhecer o lendário casal, a propósito, por si só já vale a visita: Estrigas é um dos mais importantes nomes das artes plásticas cearenses, enquanto Nice foi a primeira mulher a ingressar na Sociedade Cearense de Artes Plásticas (Scap), na década de 1950. C
Casa de José de Alencar Av. Washington Soares, 6055 - Messejana Telefones: (85) 3276.2379 / 3229.1898 Funcionamento: segunda a sexta das 8h às 17h sábados, domingos e feriados das 8h às 15h
Centro Cultural Banco do Nordeste Rua Floriano Peixoto, 941 - Centro Funcionamento: Terça a sábado de 10h às 20h Domingo: 12h às 18h Informações: (85) 3464.3108
Galeria de Arte Vicente Leite Rua Almirante Maximiano da Fonseca, 1395 Bairro: Luciano Cavalcante Informações: (85) 4006.7600
Museu de Arte Contemporânea (MAC Dragão do Mar) Rua Dragão do Mar 81- Praia de Iracema Funcionamento: de terça a quinta, das 9h às 18h30 sexta a domingo, das 14h às 20h30 Informações: (85) 3488.8622 / 8624
Galeria de Arte do SESC Fortaleza Rua Clarindo de Queiroz, 1740 – Centro Informações: (85) 3452.9090
Museu de Arte da UFC Avenida da Universidade, 2854 – Benfica Informações: (85) 3366.7481
Espaço Caixa Cultural Fortaleza Av. Pessoa Anta, 287 – Praia de Iracema Funcionamento: terça a domingo, das 10h às 20h
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Minimuseu Firmeza Via Férrea, 259, Mondubim Funcionamento: terça a domingo de 8h às 18h Informações: (85) 3298.1537
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Bumbum em forma o ano inteiro por Ádria Araújo
Na terra do sol, todo dia é dia de praia, e ninguém gosta de desfilar de biquíni sem estar em plena forma. Por falar nisso, qual o primeiro item do visual que a mulherada quer exibir perfeito?... Ele mesmo: o derrière, vulgo “bumbum”, considerado a preferência nacional dos brasileiros. E para exibir um bumbum turbinado, algumas mulheres recorrem à musculação, aos tratamentos estéticos ou até mesmo às cirurgias plásticas. De acordo com os últimos dados da pesquisa do Ibope encomendada pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), o número de gluteoplastias, ou seja, implantes de silicone no bumbum, quase dobrou no ano de 2009, saltando de 4.591 em 2008 para 8.091 no ano seguinte.
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Para quem sonha ter um bumbum em forma ou com os glúteos maiores sem fazer esforço e de forma rápida, pode optar pela aplicação de silicone, que só exige o tripé: vontade, coragem e uma poupança programada. Mas para quem não é adepto dos bisturis, a tarefa não é fácil e exige muito mais do que simples desejo: força física e muita transpiração nas academias. O mais indicado é montar um programa com exercícios de musculação, que incluam o agachamento. “Os melhores exercícios são os multiarticulares, como agachamento, livre ou com barras, e leg inclinado, que trabalham bastante a região dos glúteos. Exercícios que envolvam a articulação do quadril e do joelho que são ligadas aos glúteos e que
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se assemelhem ao agachamento são muito bons”, recomenda o educador físico Álvaro de Paula.
A dermatologista Camila Albuquerque, responsável pelo tratamento com DMAE, que garante um up no bumbum, modelando-o de forma instantânea e indolor
Exercícios feitos em casa também proporcionam um bom resultado e beneficiam igualmente os glúteos. Subir degraus de escadas, ou em cadeiras firmes com pesos afixados nos tornozelos, aumentando de forma graduada o número de repetições, são exercícios simples que podem apresentar o resultado desejado, porém com um período mais demorado. “Mesmo fazendo exercícios em casa, os praticantes precisam da orientação do educador físico, porque ele vai conseguir otimizar a atividade para que haja um melhor resultado”, indica Álvaro. As recomendações do educador é que os praticantes trabalhem com a sobrecarga adequada, principalmente para quem ainda é iniciante, como o objetivo de fortalecer os músculos antes para só depois enfrentar exercícios mais complexos, tendo um controle maior das articulações exigidas em cada exercício, para que não se machuque. Por outro lado, se a preocupação maior não é aumentar o bumbum e sim levantá-lo e modelá-lo, de forma instantânea e indolor, o ideal é o tratamento com aplicações de DMAE (ácido dimetilaminoetanol), que tem a função de simular a ação do neurotransmissor acetilcolina, agindo na contração das fibras musculares, deixando-as mais firmes e reduzindo a flacidez. O DMAE pode ser encontrado in natura em peixes como sardinha e salmão. A dermatologista Camila Albuquerque, desenvolveu um tratamento com o uso do DMAE, que normalmente é utilizado para tratar de rugas e flacidez na face e no pescoço, e agora está sendo usado também no corpo. “Quando utilizado de forma injetável nos músculos do bumbum, é capaz de levantar, modelar e ainda diminuir a flacidez”, explica Camila. O procedimento com o DMAE é uma opção interessante para quem não tem tempo de ir à academia, ou não conseguiu o resultado almejado com os exercícios físicos, pois é um tratamento simples que consiste em quatro aplicações do ácido dimetilaminoetanol, com resultados percebidos já na primeira seção. “As demais aplicações são importantes para garantir a durabilidade do tratamento, que varia de 3 a 5 anos”, completa a dermatologista. C
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Exemplos de exercícios para tonificar o bumbum
Serviços Dermatologista Camila Albuquerque Av. Dom Luís, 1233 - Salas 1906/1907 Tel.: (85) 3242.6644 Academia Studio Master Rua Desembargador Leite Albuquerque, 1100 Tel.: (85) 3263.8888
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na ponta dos dedos por Ádria Araújo
Mulheres ousadas e adeptas de todos os estilos acompanham as tendências de unhas da estação.
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>saúde
Unhas de caviar, degradê, inglesinhas, border nails, ombré, animal print, com glitter, com efeito holográfico, francesinhas na meia lua... São muitas as opções de tendências criadas especialmente para decorar as suas unhas. As cores dos esmaltes lançadas em desfiles de moda a cada estação, estão cada vez mais ousadas. Do mesmo jeito que as mulheres combinam bolsas, sapatos e jóias, as unhas hoje são acessórios que se modificam, de acordo com a estação e as passarelas. E a paixão por unhas pintadas vem de épocas longínquas. Datam do período de 3.500 a 3.100 a.C, quando as egípcias usavam henna para deixar as unhas no princípio, pretas, e depois amarronzadas. As cores indicavam classe social: tons mais claros para mulheres de classe baixa e tons mais fortes para mulheres nobres. Cleópatra criou uma lei em que somente ela poderia usar unhas pintadas de vermelho. Na China Antiga, as unhas compridas eram sinônimo de nobreza, enquanto na Idade Moderna as unhas femininas eram curtas e arredondadas. Sempre acompanhando as tendências, o salão Cheiro Cheiroso traz muitas novidades em unhas decorativas para o universo feminino. As manicures Rozangela Teixeira e Edilane Alves apresentam as unhas de oncinha feitas com caneta para decoração; border nails, as unhas de renda de adesivo, trazidas de São Paulo; a ombré, que por cima do esmalte desejado, com uma esponja se aplica outro tom por cima; a inglesinha; a francesinha com pontas e tons de esmaltes diferentes, e outra tendência é a unha com a mesma cor da ponta, sendo uma fosca e a outra com extra brilho. “As clientes procuram mais as tendências ombré, de animal print (zebra, onça) e de renda”, contam. Já no Splendere as tendências que fazem sucesso são as inglesinhas, com tons de azul petróleo, verde, alaranjado, tons metalizados, prata e dourado. Segundo a manicure Tatiana da Costa e a designer de unhas Rose Schatz, está em alta também usar tons de azul mais forte em uma unha e nas outras os tons mais claros, ou usar bastante glitter. Até mesmo as noivas querem sair do tradicional, fazendo desenhos. “Nem todas as clientes são ousadas, mas gostam de azul, verde, laranja”, afirma.
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Outra novidade muito pedida no Splendere é a tendência de unhas de caviar, que são bolinhas aplicadas após a esmaltação. Podem ser de diversas cores, de acordo com o gosto de cada cliente.
Animal print
Animal print
Animal print
Caviar com border nails
Ombré
Inglesinha
Caviar
Animal print
Caviar
Pelúcia
Ombré
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>saúde
Misturinhas que dão certo As grifes Dior, Revlon, Bourjois e Chanel são as mais requisitadas nos salões conceituados. Chegam ao Brasil em vidrinhos importados, a um custo não muito acessível. Para realizar o desejo das clientes sem que se as-
sustem na hora de pagar, as especialistas investem nas misturas de marcas nacionais que resultam em cores similares as internacionais. Veja as dicas do Splendere de algumas opções de esmaltes nacionais que podem substituir as cores importadas: C
= Inveja Boa Risqué
+ Dior 671
Verde Água Colorama
=
Reflexos Azulados
= Uva
Impala
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Frisson
Chanel
+ Cajá Manga
Ana Hickmann
Bonequinha Charmosa
OPI Nail NL F 15
=
= Impala
Chanel
= Rouge Noir
Risqué
Riva
Colorama
Mimosa Chanel
Rosa Cetim Colorama
Mica Rose Chanel
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>moda
Tangerina
a fruta… ops! A cor do verão! por Edmar Mendes
Uma das características mais marcantes da moda é que ela se transforma completamente a cada temporada. Acompanhar estas mudanças e seu impacto no nosso estilo pessoal é verdadeiramente um deleite! Quer seja você um profissional da moda, que pesquisa ou participa de eventos e palestras sobre tendências, ou uma amante deste universo e que gosta de ficar por dentro das novidades. Acompanhar, por exemplo, a Rio e a São Paulo Fashion Week sempre é algo interessante de se
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fazer. Não apenas por serem as maiores e mais importantes semanas do calendário fashion brasileiro, mas também porque é nelas que podemos observar como as tendências apontadas para a próxima estação devem interferir na forma de pensar e comprar moda. Não é segredo o fato de não ser possível medir o impacto de uma determinada tendência de moda, e saber se ela vai ter muito ou pouco peso na esta-
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>moda
ção. É comum que algumas delas se sobreponham às demais, gerando maior desejo de consumo, seja por aparecer em coleções de diversas marcas seja ganhando mais espaço na mídia, como novelas, filmes, revistas. Daí se dizer que tendências são apostas. Para o próximo verão, por exemplo, uma das principais tendências é o tangerina. Apontada pela Pantone, empresa responsável pelo estudo e lançamento de tendências de cores usadas na moda e no design a cada temporada, como “indispensável” na cartela de cores de todo bom estilista, esta forte variante do laranja vem com tudo. Seja na alfaiataria, alta costura, moda praia ou acessórios, nos segmentos masculino, feminino ou infantil, ela já faz parte da coleção das principais marcas, em estampas de diversos motivos e tamanhos, e claro, em muitas peças lisas. Você deve estar se perguntando como uma cor pode influenciar todo um mercado; mas acredite, é mais comum do que parece. Quem não lembra de como, há alguns anos, ter uma peça de tom “rosa seco” era quase que indispensável, ao ponto de praticamente todas as marcas lançarem roupas nesta cor? Até os homens renderam-se a ela. O famigerado cinza foi, durante muitas temporadas, uma cor alusiva ao inverno, mas que no verão chegou forte e fez-se presente na paleta usada por quem quisesse ganhar dinheiro. A influência de uma cor começa bem antes de ela realmente virar um “must have”. Geralmente, ela inicia seu ciclo de maneira tímida, em revistas e editoriais de moda, ou até mesmo em desfiles como um acessório ou peça específico, uma ou duas temporadas antes de ser apontada como tendência. Isso é colocado de forma primorosa pela personagem Miranda Priestly, no filme “O Diabo Veste Prada”, quando ela explica o trajeto do azul cerúleo, desde a coleção de 2002 de Oscar de la Renta até ganhar o mercado de massa.
cialmente no que chamamos de “coleções de transição”, lançadas entre uma temporada e outra. Agora chegou a vez da cor tangerina brilhar e tentar conquistar seu espaço, seja cativando-nos por sua beleza e vivacidade ou impondo sua presença nas vitrines de modo que se torne impossível escaparmos dela. E para que você não precise temer o tangerina, aqui vai uma ajuda: abuse de florais ou de estampas com proposta étnica que usem o tangerina para chamar a atenção. Uma boa dica de como abraçar estas estampas sem medo de errar é focar em vestidos ou tops - como camisas, camisetas, regatas, batas e afins. No caso dos tops, opte por uma parte de baixo em tom neutro como preto ou algum outro que também esteja na estampa; afinal, laranja é sempre uma cor de impacto, então nada melhor do que amenizar seu peso visual com toques generosos de tons neutros. Mas vale um alerta: preto sempre na parte de baixo e quase sempre em detalhes na parte de cima, pois dependendo do seu tipo de corpo, uma calça laranja, seja lisa ou estampada, com um top preto pode criar uma silhueta não muito positiva para você. Outra boa dica é apostar em acessórios neutros para complementar os looks. E se você gosta de ousar e tem um estilo bem fashion, sempre é válida a experiência de criar looks multicoloridos. Mas aqui também é importante ressaltar que nem todas as cores caem bem com o tangerina ou permitem uma boa mistura. Para não errar, aposte em peças nas seguintes cores: azul e roxo, quanto mais fechado, melhor, pois neste caso, elas fazem o papel do preto; turquesa, verde cana ou cinza, para propostas com cores mais claras; e magenta, burgundi e caramelo, para looks ousados com toque sofisticado. Com estas dicas, não tem como errar! C E então, o tangerina vai fazer parte do seu verão?
Com a cor tangerina ocorreu exatamente o mesmo. Ela já deu as caras no inverno, ganhando destaque espe-
Edmar Mendes Cearense da gema, largou a arquitetura aos 20 anos para fazer moda. Hoje, pós-graduado em Criação de Imagem e Styling de Moda pelo Senac São Paulo, é, também, consultor de Moda e Estilo. Atualmente, mora em São Paulo onde continua com suas atividades além de cursar o Master em Calçados e Bolsas no Istituto Europeu di Design.
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>São Luiz por aí
Fernando e Neto Ramalho, e Domingos Carvalho Cordovil (Consultores do SEBRAE)
Fernando Ramalho (Diretor comercial do São Luiz) e Cesinha Roma (Diretor da Comercial Roma) Neto Ramalho, Susumu Honda (Presidente ABRAS) e Anibal Feijó (Presidente ACESU)
Mercadinhos São Luiz na feira Exponor Ceará 2012 “A Exponor Ceará 2012 - Convenção de Supermercados, Feira de Equipamentos Produtos e Serviços, realizada no Centro de Convenções de Fortaleza reuniu fornecedores, empresários e donos de supermercados de todo o Estado. A Feira exibiu stands de fornecedores e produtos e contou com a palestra do Diretor Presidente dos Mercadinhos São Luiz, Neto Ramalho. A apresentação intitulada “Mercadinhos
Workshop fecha ciclo de palestras do Mestre Cervejeiro Com muita descontração e requinte, foi realizado no último dia 24 de julho, um workshop sobre harmonização de cervejas com o chefe de cozinha e Mestre Cervejeiro, Eymard Freire. O evento, em parceria com a Todeschini, fechou com chave de ouro o ciclo de 16 palestras do Projeto Mestre Cervejeiro realizadas nas lojas dos Mercadinhos São Luiz entre os meses de maio e junho. Cerca de 50 clientes convidados estiveram presentes no workshop, onde receberam orientações sobre a harmonização, propriedades nutritivas e fisiológicas da cerveja, dicas de consumo e ainda tiveram a oportunidade de degustar os pratos preparados ao vivo pelo Mestre Cervejeiro.
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Lauro Dantas e Paulo Novais (Presidente do Supermercado O Povo)
Anibal Feijó (Presidente ACESU) e Neto Ramalho (Diretor presidente dos Mercadinhos São Luiz)
São Luiz e sua trajetória de sucesso” foi apresentada no stand do SEBRAE-CE. Na ocasião, foram exibidos slides mostrando a empresa desde sua fundação até os dias atuais, com lembranças do Sr. João Melo focando as estratégias da empresa, os clientes, sua missão e valores. O evento apresentou ainda palestras, Sr. Paulo Novais, Pres. Supermercados O Povo, e “Zezão”, Pres. da Rede Uniforça que falaram sobre as últimas novidades do ramo. Prestigiaram o evento também o Sr. Susumu Honda, Pres. da ABRAS, Cesinha Roma, Dir. da Comercial Roma, Aníbal Feijó, Pres. do ACESU.
Mercadinhos São Luiz apoia 1a edição da corrida KM Inteligente Com o intuito de ajudar crianças carentes a 1ª edição da corrida KM Inteligente com cunho beneficente, foi idealizada pela Sonhar Acordado com apoio dos Mercadinhos São Luiz. As inscrições eram feitas no São Luiz do bairro Cocó e o dinheiro arrecadado foi convertido em material escolar doado para as instituições atendidas pela Sonhar Acordado. Além do benefício de 750 crianças, os Mercadinhos São Luiz também forneceram lanches para os corredores, que incluíam frutas, sanduíches e sucos.
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>a seu dispor
Viviane Nascimento e seu cliente, Henrique Sérgio
Carinho pela profissão
faz a diferença na hora do bom atendimento É com um atendimento diferenciado e prazer em realizar o que faz, que há quase 3 anos Viviane Nascimento da Silva, 18 anos, trabalha como atendente da padaria dos Mercadinhos São Luiz da Av. Oliveira Paiva. Na função de atendente, Viviane procura sempre satisfazer os desejos de seus clientes. “Quando um cliente chega apressado dou mais atenção a ele. Peço ao que tem mais paciência para aguardar uns minutinhos, para não deixá-los chateados. Sou atenciosa com eles”. Para oferecer maior comodidade aos clientes, Viviane organiza diariamente a degustação dos pães, o que facilita na hora da escolha, principalmente quando quem quer comprar procura variedade. Ela fala que é frequente o desejo do cliente em entender qual o segredo do pão. “Procurei aprender com os padeiros de que massa os pães são feitos, a data certa da validade, a diferença do mais durinho para o mais molinho, para
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quando os clientes perguntarem, eu estar preparada para informá-los”, afirma Viviane. E foi com toda essa simpatia e bom atendimento que Viviane criou um vínculo de amizade com a clientela dos Mercadinhos São Luiz. O representante comercial Henrique Sérgio, 55 anos, cliente há quatro anos, conta que considera o setor de padaria bem servido, bem administrado e revela que o que mais gosta são os pães carioquinhas e os pães de queijo. “A padaria é excelente, tanto que venho da Luciano Cavalcante para comprar pão aqui”, conta. Quanto ao atendimento recebido por Viviane, Henrique conhece bem e garante com propriedade. “Ela é ágil, não demora em atender, não deixa cliente esperando, além de ser prestativa. Trata todo mundo bem, continua sorrindo mesmo se um cliente fala algo que não a agrade. Eu a chamo de deputada, brinco com todo mundo, me sinto em casa no São Luiz”, diz. C
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Caldo líquido em novo sabor
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Sempre atenta às necessidades de seus consumidores, a Nestlé, por meio da marca MAGGI, surpreende mais uma vez e apresenta lançamentos que prometem facilitar a vida de quem não abre mão de uma boa receita caseira. É a única linha de caldo líquido do mercado, agora com novo sabor: picanha. Encontrado também na versão galinha e carne, o produto se destaca pela praticidade e versatilidade, além de ser perfeito para refogar. Outro grande diferencial do Caldo Líquido MAGGI é a possibilidade de dosagem de acordo com a necessidade, além de não precisar ser diluído, por já ter consistência líquida.
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>check out
seus endereços para o apetitoso programa noturno (o que nem sempre ocorre no cotidiano). Turista é um ser em estado de felicidade; família em férias se acha mais em estado de graça que a sagrada família! Por que abriria um jornal ou ouviria uma rádio que tem por pauta a desgraça reinante e o empoderamento do cinismo em generosos espaços para candidatos em manada a disputarem eleitores?
...e então, como foram as férias? por Nazareno Albuquerque Instiga-me, ao escrever para Costumes, o medo de daqui a três meses o assunto estar vencido, ter dado o contrário das previsões, saudar como vivo quem já partiu, sentir saudades de quem me decepcionou de repente. Na economia, fazer previsões infundadas – recorrente na maioria das previsões dos economistas. Três meses passam voando, quer dizer, tanta coisa acontece que acaba colocando em risco o modesto escriba que sempre prezou pela notícia do dia, quente, saída da fornalha das ruas e dos gabinetes. Por isso falo desse mês de julho, fim de férias, turistas nas ruas, jovens empilhados nos shoppings consumindo papo com maionese, “ficantes” à solta, juventude a esbanjar saúde e nem tanto a cuidar do seu amor. A mídia, por sua vez, passando ao largo dos interesses em pauta dos leitores. Desarredem candidatos, “postes”, carros desembestados tocando músicas de candidatos a vereador e prefeito, pois não é bem de política que os “feriantes” querem saber. O interesse é pelo bom de comer, bom de ver, bom de apreciar, bom de curtir, bom de beijar, o sol, a praia, os shows, a nossa cultura. Nas férias, pelo menos, deveriam ser proibidas notícias de políticos (afinal, eles entram em recesso pra que?), de polícia, de violência internacional a grassar por toda parte, de “Cachoeiras” a riachos, essas coisas que nos tiram o prazer de viver. Os jornais e portais poderiam enfatizar o sol, a beleza feminina exposta em discretíssimos biquínis a puxar cachorrinhos de luxo, os drinks bem temperados e criativos, receitas de chefs com
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Cá estou eu a morrer de inveja de saudáveis senhores a respirarem nossa brisa batendo martelinhos no desfrute de nossos frutos do mar, paquerando gatinhas e mirando bumbuns. Eu, atolado em fatiota escura, quente pradaná, em meio ao trânsito caótico. Olho pelo vidro da janela do meu carro e sinto perfeitamente que eles estão a me gozar com um sorrisinho de desprezo. – Quem mandou ser pobre e trabalhar nas férias! Retruco em silêncio com olhar acovardado: – Vá pra.... Escrevo exatamente quando começa o Fortal, a cidade invadida por turistas solteiros – no máximo com sua namoradinha – que passam longe de teatros, mostras de cultura, dos prédios centenários. Nada de mulher, marido, menino, empregada e cachorro. A programação é assim mesmo: nada. O Fortal é nada, gente pulando, um cantor cinquentão e um trio elétrico ensurdecedor. Porque essa é a fórmula, a mais simples, a que menos compromete a cuca. Essa coisa de olhar o passado, ouvir lambança de intelectual dramaturgo, coisa nenhuma! Férias é férias, acabou, é o nosso pedaço ridículo de subcultura e ao mesmo tempo prazeroso, sem hora pra nada nem pra ninguém. O cartão de crédito vira a melhor companhia, ou até mesmo vale merecidos momentos de liberdade. – Vai ao shopping, Carolzinha, pega o meu cartão de crédito e te encontro no Siri! ... A conta na fatura de agosto, isto é só um detalhe. O bom é essa expectativa de felicidade absoluta, ainda que nos leve a uma euforia equivocada. Ou endividada. Agora, suas férias de julho em particular, caro leitor, como foram? Pois então, a minha foi assim, escrevendo todo dia, lendo Economia por profissão, 93 reuniões agendadas no mês e a mulher reclamando: - É, né, mais umas férias sem passear! C
Nazareno Albuquerque Jornalista, integra o núcleo de projetos do grupo de Comunicação O POVO, comentarista de economia da AM do Povo/CBN e consultor de planejamento mercadológico da NA Comunicação. Diretor Responsável pela Revista Costumes.
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