Revista Costumes 3ª Edição

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EDITORIAL

V

ocê, leitor, tem nos oferecido sua atenção e carinho desde a primeira edição, e a forma que temos de retribuir isso é com um cuidado especial no planejamento da Revista Costumes. Uma preocupação que mantemos é a de abordar novidades interessantes dentro do ambiente maior que nos cerca, a cidade de Fortaleza e o estado do Ceará. Assim, você poderá saber como surgiu o sushi, prato japonês que vem sendo aperfeiçoado há mais de mil anos e caiu no gosto do fortalezense. Na tradição nacional, descobrimos segredos simples, mas importantíssimos, a respeito da brasileiríssima caipirinha. No estado, vamos a campo, ou melhor, à Lagoa do Cauípe, conhecer um esporte que tem aquecido o turismo local, o kitesurf, e ainda encontramos um guia muito especial para nos levar a Juazeiro do Norte. O panorama cultural da cidade de Fortaleza é abordado em livros e muito além deles, como na arte de Mano Alencar (em “Me acostumei com você”). Valorizando a produção cinematográfica local, o destaque é para “Altar do Cangaço”, um documentário mais do que necessário para preservar e compreender a identidade regional. As Festas Juninas e a cerimônia de casamento são temas antigos, mas inovadores pela forma como se adaptam à vida atual. Já a mulher preocupada com a beleza irá encontrar dicas de como esbanjar charme em cada gesto. Para completar, não esquecemos de cuidar da sua saúde, com especialistas qualificados, e lhe fazemos o convite de fugir para um bosque ou para a Beira Mar. Passando por uma operação sorriso para as crianças, vamos ainda “tirar as medidas” do amor pelos pets. Falando em amor, tem coisa mais aconchegante que carinho de mãe? Um amor tão intenso que vai além dos laços sanguíneos. Nós aproveitamos essa inspiração para preparar as matérias com muito carinho. Por isso, e muito mais, agradecemos às mães, desejando a elas - e a todos - um feliz Dia das Mães. Boa leitura! Valéria Dallegrave

EXPEDIENTE Diretor responsável: Nazareno Albuquerque Diretora de Marketing dos Mercadinhos São Luiz Joana Ramalho Editor(a) chefe: Isabella Purcaru Revisão editorial: Valéria Dallegrave Redação: Isabella Purcaru Renato Barros Valéria Dallegrave Fotografia: Joselito Araújo Jarí Vieira Marcelo Rolim Projeto gráfico: Assis Neto Errata 2ª Edição Na matéria Carne: uma preferência dos brasileiros (pág. 49): “A nutricionista e coordenadora do Setor de Nutrição do Núcleo de Atenção Médica Integrada (NAMI) da Universidade de Fortaleza (UNIFOR), Myrian Fragoso...”. Em lugar de Myrian Fagoso, leia-se Ranile Jadão, que foi, na verdade, a nutricionista entrevistada. Na matéria Queijos e Vinhos: o casamento perfeito (pág. 31): “A Organização Mundial da Saúde (OMS), recomenda a ingestão diária de vinho. Pois há evidências de que o consumo regular desse alimento leva a uma redução na incidência de doenças crônicas não transmissíveis, como é o caso da obesidade, hipertensão arterial, câncer de cólon e osteoporose.” Onde se lê “doenças crônicas não transmissíveis”, leia-se: “doenças cardiovasculares”.

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Produção Gráfica: Carlos Araújo

Comercial: Daiara Maia (85) 8802 3773 daiara_revistacostumes@hotmail.com Capa: Foto: Falcão Júnior Direção de arte: Marcos Costa Impressão: Gráfica LCR Tiragem: 20.000 exemplares A Revista Costumes é uma publicação trimestral, com Direção Editorial do Blog do Tamanduá. Exemplares: Rua Thomas Aciloy 1493 – Dionísio Torres (85)3261 5999 costumes@revistacostumes.com.br


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NOVIDADES SÃO LUIZ

NOVO JINGLE DOS MERCADINHOS SÃO LUIZ Coube ao músico Waldonys ser o interprete e criador musical do novo jingle dos Mercadinhos São Luiz. O tema já está no ar e reafirma o compromisso de qualidade no atendimento do São Luiz. “O Waldonys entendeu com precisão os valores mercadológicos da rede, que tem como pontos fortes, além da qualidade e variedade de produtos, uma proposta de atendimento que vai do fornecedor ao consumidor com o carinho e a simplicidade que são marcas da empresa”, define Joana Ramalho, Gestora de Marketing e Coordenadora do processo criativo.

LOJA SÃO LUIZ CIDADE DOS FUNCIONÁRIOS É REINAUGURADA A loja do São Luiz Cidade dos Funcionários acaba de passar por uma reforma para oferecer melhor qualidade no atendimento. O que era bom em 900m² duplicou para 1800m², proporcionando conforto maior aos clientes, sob os mais diversos aspectos, de corredores mais espaçados até novos sistemas de ar condicionado e de iluminação. A ampliação da loja incluiu uma nova seção especializada em produtos lights, diets e orgânicos e propiciou uma variedade ainda maior de opções nas seções de especiarias, molhos, condimentos, bebidas destiladas, vinhos e cervejas nacionais e importadas. Agora, só falta você ir conferir de perto as novidades!

SÃO LUIZ NO PRÉ-CARNAVAL DE FORTALEZA É de costume os Mercadinhos São Luiz participarem de eventos culturais, principalmente aqueles ligados à vizinhança das lojas. Com o pré-carnaval, não poderia ser diferente. Afinal, a manifestação popular vem ganhando força na capital e está diretamente ligada à região do Benfica, onde já funciona, há 13 anos, a filial dos Mercadinhos. “Gostamos de apoiar os costumes e as formas de expressão dos clientes de nossas lojas”, afirma a Gestora de Marketing, Joana Ramalho. Outras festas características da cultura brasileira recebem o apoio dos Mercadinhos São Luiz, como o Carnaval do Bar O Mincharia, que já virou tradicional na região da Praia de Iracema, o Bloco do Promotor, um carnaval especial para os colaboradores de fornecedores de supermercados, e o Arraialice, um arraial beneficente, no qual se promove a arrecadação de alimentos para entidades filantrópicas. 8

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COLABORADORES

Nazareno Albuquerque: Jornalista,

integra o núcleo de projetos do grupo de Comunicação OPovo, comentarista de política da AM do Povo/CBN é consultor de planejamento mercadológico da NA Comunicação, além de assinar uma coluna de opinião no Blog do Tamanduá. Seus domingos são de pouca conversa: vida no sítio em paz com a natureza e à beira da piscina um refinadíssimo destilado em boa companhia.

Valéria Dallegrave: Nascida no Rio Grande do Sul, Valéria Dallegrave da Costa vive há mais de dez anos no Ceará e já se define como “cearúcha”. Com curso de dramaturgia na Escuela Internacional de Cine y TV de Cuba e no Dragão do Mar, assina coluna sobre cinema no Blog do Tamanduá. Gerenciou e produziu os textos para o blog do making of do filme “As Mães de Chico Xavier”, a ser lançado em breve nos cinemas. Brinca com as palavras em seu próprio espaço de literatura, onde publica as “crônicas da menina”, textos poéticos para adultos que já foram – e continuam a ser – crianças

Nívea Albuquerque: Nívea Albuquerque é nutricionista clínica formada pela Universidade de Fortaleza (UNIFOR), com experiência no manejo de pacientes com transtornos alimentares e obesidade. Casada, mãe de três filhos afirma que “a beleza começa de dentro, o que comemos reflete em nosso corpo”. Nivea cursa, atualmente, a pós-graduação em nutrição aplicada a estética e atende adolescentes e adultos realizando aconselhamento nutricional no Hospital Monteklinikum.

Edmar Mendes: Cearense da gema, largou a arquitetura aos 20 anos para fazer moda. Hoje, pósgraduado em Criação de Imagem e Styling de Moda pelo Senac São Paulo, é, também, consultor de Moda e Estilo. Seu trabalho pode ser conferido na vitrines na Meio Tom, onde atua como designer, e na Sabbia Rossa, sua loja multi-marcas.

Sarah Carneiro Sarah Carneiro é psicóloga clínica formada pela Universidade Federal do Ceará (UFC), pós-graduada pela Universidade de São Paulo (USP) e mestre pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). É Professora da Ratio Faculdade e ministra cursos livres nas áreas de Perda, Luto, Separação e Psicologia de Emergência. É Diretora Técnica da Humanitas Desenvolvimento de Pessoas, empresa que presta consultoria, dentre outras, à Secretaria de Segurança Pública do Estado do Ceará. Sarah é casada e, mesmo cheia de trabalho, sempre encontra tempo para viagens e diversão.

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SUMÁRIO

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De onde vem?!

Produtos orgânicos: Saúde e estilo de vida preservando o amanhã Entenda o que é sustentabilidade e por que os produtos orgânicos fazem tão bem à saúde.mais saudáveis no cardápio dos pequenos.

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Vida Saudável

Nascer do dia na Beira Mar: Os primeiros raios de sol na Terra da Luz Resgatamos para você um pouco da história e da beleza da Beira Mar, convidando-o a fugir do estresse urbano para o nascer do sol.

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Me acostumei com você

Mano Alencar, o sentimento vivo das cores Mano conta como percebeu sua vocação e persistiu na busca pela expressão mais autêntica de sua arte, até se tornar referência da cultura cearense.

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Dia das mães

Amor de mãe: muito além do sangue Conheça as histórias de amor de mães e filhos adotivos, que transcendem os laços sanguíneos.

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Festas Juninas

Tradição e adaptação forjando a alma do Nordeste As origens das festas juninas e sua modernização. E ainda, para você fazer, as deliciosas receitas das chefs Anayde Mello, Marana Figlioulo e Mattu Macêdo.

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Cariri

Surpresas de Juazeiro do Norte Um passeio pela cidade de Padre Cícero, apresentada pelo poeta e escritor Geraldo Barbosa.

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Cultura

Um altar para o cangaço Documentário de Wolney Oliveira coloca os últimos cangaceiros na mira da câmera

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Beleza

Charme em cada gesto Confira os cuidados que se deve ter com mãos e unhas, que viraram acessórios de moda.

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VOZ DO CONSUMIDOR

“Achei uma boa idéia a criação a revista, pois além da sugestão de receitas, tem matérias sobre cultura e atualidades... Leio a revista inteira!” (Regina Elisabeth Mesquita, professora)

“Muito interessante a revista, dando dicas com muita atualidade. Acho que é o primeiro supermercado no Ceará a oferecer esse benefício. Isso é cuidar dos clientes, é um grande privilégio para nós!” Lopes Costa, consultor

“Achei uma maravilha, gostei muito! Acho que deveriam dar mais dicas de saladas e escrever receitas voltadas para pessoas que tem intolerância à lactose.” Samara Santana Nogueira, funcionária pública

“Acho uma excelente iniciativa, um estímulo extra para as pessoas virem ao São Luís. Afinal, informação a mais sempre é bom!” Alana Rodrigues, psicóloga

“A revista é um complemento de informação sobre produtos, e veio enriquecer ainda mais a qualidade da loja!” Berarda Bezerra, corretora

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“A revista está boa, mas não me aprofundei mais por não ter muito tempo no meu dia-a-dia. Do pouco que li, gostei do conteúdo, e gostaria de ver mais matérias sobre estética e nutrição nos próximos números!” Cleonice Alves Rocha, corretora de imóveis

“É com grande satisfação que nós da Avine parabenizamos o brilhante trabalho que vem sendo desenvolvido pela equipe da Revista Costumes.” Airton Carneiro Júnior Diretor da Avine “Adoro as receitas e as opções de corte de carnes. De vez em quando vou até a revista para conferir uma receita, minha patroa está adorando, a revista se superou!” Elisângela da Silva, doméstica

“Tudo o que vem do São Luís é de boa qualidade! Fiquei sabendo agora da existência da revista e já estou ansiosa para ler!” Alípia Carneiro, engenheira eletricista

“Gostaria de ver mais matérias sobre acessórios, moda em geral, gastronomia light e moda... o público feminino vai adorar!” Francicleide Rocha, turismóloga

E você, o que achou? Mande os seus comentários para costumes@gmail.com

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A SUA RECEITA

PARA TODOS OS GOSTOS

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paixonada por tortas e doces desde criança, a psicóloga Carolina Batista também é proprietária da loja Tortelê, aberta há dois anos. Os Mercadinhos São Luís estão presentes em sua trajetória desde o início de suas atividades empresariais, e até mesmo antes, quando ela ainda trabalhava com a mãe. “Hoje costumo comprar diretamente dos fornecedores mas, mesmo assim, continuo indo ao São Luís para adquirir itens como damasco e nozes, além de ingredientes mais refinados que não encontro em outros estabelecimentos”, afirma, aproveitando a deixa para repassar uma de suas receitas preferidas, a torta de nozes.

MASSA DO BOLO

Ingredientes 4 ovos 1 xícara e meia de açúcar 1 xícara e meia de farinha de trigo 1 colher de sopa de fermento 1 xícara de leite fervente 30g de nozes

MODO DE PREPARO

Bater as quatro claras de ovos em neve, acrescentando as gemas, peneiradas, e o açúcar. Bater novamente, até ficar bem cremoso. Em seguida, desligar a batedeira, adicionar a farinha de trigo e o fermento, mexendo com uma espátula, e acrescentar o leite. Untar a fôrma com manteiga, polvilhar farinha de trigo e colocar a massa de bolo, levando-a para assar em forno pré-aquecido RECHEIO Ingredientes 1 lata de leite condensado 1 lata de creme de leite 2 latas de leite 2 colheres de sopa de amido de milho 2 gemas peneiradas (reservar as claras para a cobertura) 40g de nozes

MODO DE PREPARO

Levar todos os ingredientes ao fogo, mexendo sem parar, até ferver bem e engrossar. Deixe esfriar e reserve.

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Levar ao fogo até obter o ponto de fio, desligando em seguida. Na batedeira, pegar as claras reservadas ao recheio e bater até o ponto de neve. Acrescentar a calda e bater até obter o ponto de suspiro. Pingar gotas de meio limão.

MONTAGEM DO BOLO

COBERTURA Ingredientes 1 xícara de açúcar ½ xícara de água Metade de um limão 2 claras batidas em ponto de neve 14

MODO DE PREPARO

Partir o bolo em três camadas, molhando-as com leite e essência de nozes. Em seguida, aplicar o recheio. Colocar a tampa do bolo e aplicar a cobertura sobre ela e nas laterais. Enfeitar com nozes e cerejas com cabo. Pronto, ficou lindo e delicioso! s


A SUA RECEITA

PARA REUNIR A FAMÍLIA

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s pernambucanos Luís Antônio Oliveira, administrador, e sua esposa Kátia, publicitária, são pais de Igor, 3, e vêem as “sessões” culinárias como momentos para apreciar a família reunida. Enquanto Luís prefere preparar as entradas e petiscos (que acompanharão, é claro, uma de suas paixões, a cerveja), Kátia gosta de preparar pratos da culinária regional nordestina. Uma das especialidades que não pode faltar, para eles, no final de semana, é a peixada, acompanhada com vinagrete de frutos do mar, seguida de uma deliciosa sobremesa bem pernambucana, como o bolo de rolo de goiaba. Juntos, eles dão a receita de sucesso da vinagrete e da peixada, pratos saborosos e fáceis de preparar.

ENTRADA VINAGRETE DE FRUTOS DO MAR Ingredientes 400g de camarão 200g de Kani kama 1 cebola bem picada 250g de tomate cereja cortado em pedaços 1 xícara de azeite Sal, pimenta do reino e salsa a gosto Recheio: 1 colher (sopa) de azeite 1 cebola pequena picada 300 gramas de salsichas de frango em rodelas 4 fatias de presunto picado 1 lata de milho e ervilha em conserva 1 xícara de azeitonas 1 colher de chá de orégano

MODO DE PREPARO Descongele o camarão e o kani kama. Quando estiver em temperatura ambiente, corte o kani em pedaços e tempere o camarão com sal e pimenta do reino a gosto. Em seguida, misture com o vinagrete (feito com cebola, tomate, salsa, um pouco de azeite e vinagre). Para finalizar, coloque o restante do azeite e sirva a seguir.

PRATO PRINCIPAL Peixada

Ingredientes 1 kg de posta de peixe (utilizamos bejupirá) 3 cebolas 2 tomates 1 pimentão amarelo pequeno 1 pimentão vermelho pequeno

1 pimentão verde pequeno 1 chuchu 1 cenoura 3 batatas ½ kg de jerimum (abóbora) 2 ovos cozidos 2 dentes de alho 1 garrafa de leite de coco 2 colheres de azeite 2 limões Molho de tomate Coentro e cebolinha a gosto

MODO DE PREPARO

Tempere o peixe com sal, limão e pimenta do reino a gosto, deixando marinar por 15 minutos. Reserve. Em outra panela, refogue uma cebola picada em duas colheres de azeite, acrescente dois dedos de alho amassado e deixe refogar mais um pouco. Frite o peixe nesse refogado por cinco minutos de cada lado. Pegue o restante das cebolas, os pimentões e o tomate (todos cortados em rodelas) e coloque metade sobre o peixe, reservando a outra metade. Em seguida, acrescente o chuchu, a batata, a cenoura e o jerimum (abóbora) em pedaços. Logo após, acrescente também o restante da cebola, dos pimentões e do tomate. Adicione o leite de coco ao extrato de tomate e jogue sobre tudo. Espere cozinhar o peixe e as verduras. Para finalizar, coloque coentro, cebolinha e os ovos cozidos (sem casca, claro, e inteiros). Sirva com um fio de azeite de oliva. c

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NO MEU CARRINHO

“O que mais gosto aqui é que tem sempre variedade, legumes frescos e muita qualidade, o que sempre procuro. Fazer as compras é um momento para se ficar à vontade, e o ambiente aqui é bastante agradável.” Paul Zimmerlin, ex-diretor da Aliança Francesaeconomista.

“Vim fazer as compras da semana. Toda semana venho aqui, pois o atendimento é super qualificado e, além disso, os preços também valem a pena!” Guilherme Bluhm, economista aposentado

“Vim aqui pela manhã e fiz as compras, e voltei agora para buscar um item que estava faltando, o creme de leite fresco, pois estava preparando camarão na abóbora. O supervisor dos Mercadinhos me avisou que o produto ainda está em falta porque eles estão dependendo do fornecedor, e ficou de me telefonar para avisar assim que chegasse!” Antonieta Bezerra, contadora

“Faço compras quinzenalmente no São Luís, embora costume frequentar sua padaria diariamente e levar algum item que porventura tenha faltado em casa. Hoje estou fazendo as compras da quinzena, meu marido fica na seção das verduras, frios e frutas e eu cuido do resto. O diferencial daqui é o atendimento, me sinto em casa. O São Luís faz toda a diferença!” Kenya Alcântara Filgueiras, diretora de escola

“Compro aqui sempre, uma vez na semana, para comprar frutas e verduras. Claro, aproveito e levo todos os itens necessários, de material de limpeza a produtos de higiene pessoal. Até agora, sempre encontrei tudo o que estava precisando.” Airles Bastos, bancário

“Vim comprar mais alguns itens que faltaram da última compra numa outra unidade do São Luís, além de algumas frutas mais exóticas como o noni, que é da Polinésia Francesa e é muito indicado para artrite. Já tinha procurado em outras lojas, mas só encontrei no São Luís do Cocó.” Andrea Dantas, dentista 16

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DE ONDE VEM!?

PRODUTOS ORGÂNICOS: SAÚDE E ESTILO DE VIDA PRESERVANDO O

AMANHÃ

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or que escolher produtos orgânicos? A escolha não está relacionada apenas à melhora na qualidade da alimentação, como muita gente pensa. Ao comprar produtos orgânicos você está consumindo também um estilo de vida. Em meio ao turbilhão do cotidiano e à valorização crescente da produção por meios mais rápidos, é preciso uma pausa para entender a necessidade de buscar a sustentabilidade, ou seja, uma garantia da qualidade de vida no futuro. Os estudos sobre hortifruti orgânicas começam em1905, com o pesquisador inglês Sir. Albert Howard, que observou uma forma alternativa de produção de plantas. Em suas obras, Howard ressalta a importância da utilização da matéria orgânica nos processos produtivos, demonstrando que já no solo ocorre uma série de processos vivos e dinâmicos, essenciais à saúde das plantas, daí a necessidade de fertilizá-lo de forma orgânica. Foi apenas depois da década de 60 que começaram a surgir indícios de haver problemas nutricionais a partir do uso da agricultura convencional, além da mesma agredir o meio ambiente, colocando em questão o perigo representado pelos pesticidas para a flora e a fauna. Assim, sustentabilidade é a palavra de ordem na produção de orgânicos. Segundo a sócia proprietária do Centro de Distribuição Portal dos Orgânicos, Sandra Soares, o princípio da produção orgânica é o estabelecimento do equilíbrio da natureza utilizando métodos naturais de adubação e de controle de pragas, contribuindo para um consumo mais responsável e consciente. Segundo o Instituto Biodinâmico (IBC), certificador brasileiro reconhecido internacionalmente, a produção orgânica no Brasil cresce 30% ao ano e ocupa atualmente uma área de 6,5 milhões de hectares de terras, colocando o país na segunda posição dentre os maiores produtores mundiais de orgânicos.

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Depois da terra preparada é hora de colocar as mudas

Para começar o plantio, a terra é adubada com matéria orgânica, deixando de lado a dependência de produtos químicos

COMO É FEITO A NUTRIÇÃO DO SOLO E O CONTROLE DAS PRAGAS Segundo o engenheiro agrônomo da EMATERCE, Carlos Alberto, a agricultura orgânica é um processo de manejo sustentável que adota o uso eficiente dos recursos naturais, utilizando a reciclagem dos resíduos orgânicos de origem vegetal e animal, além da diversificação de culturas e criações. O processo de nutrição do solo é o ponto forte desta cultura, pois tem de ser feito com matéria orgânica, deixando de lado a dependência de produtos químicos, que tantos danos causam ao solo, à água, às plantas, aos animais e ao homem. A terra passa por toda uma preparação para estar apta e saudável para plantio. Primeiramente é feita uma recuperação do solo através de adubação verde, se houver rio é feita toda a recuperação da mata ciliar. O cultivo de hortaliças orgânicas começa com a definição do lugar, de acordo com a aptidão de cada solo. É preferível que o plantio seja feito com mudas ou sementes de áreas de cultivos orgânicos. O engenheiro agrônomo Gerente da EMATERCE de São Benedito, Francisco Dias explica que as mudas com essa origem, por exemplo, contêm em seus saquinhos, um substrato rico em matéria

O produto é colhido..

orgânica e microorganismos que lhes confere uma maior resistência ao ataque de pragas e doenças, além de rápida adaptação ao lugar de plantio. São diferenciais o controle biológico de pragas e até barreiras de vento com plantas mais altas que as da horta. Sandra explica que, dentro do manejo orgânico, o controle das pragas é feito de forma consciente, com o objetivo não de matar, mas sim dar outros atrativos para elas, “ por exemplo, cultivamos perto da horta plantas que tenham flores amarelas ou mesmo que exalem cheiros mais fortes, como o cravo”, afirma Sandra. O engenheiro afirma ainda que, em substituição aos agrotóxicos, este controle pode ser feito com caldas naturais, a partir de esterco fresco ou mesmo de urina de vaca. Ele observa que, após anos de uso das práticas orgânicas, já se verifica uma acentuada redução nos níveis de ataque de pragas e doenças. Encontra-se nessas áreas a presença de determinadas insetos, tidos como pragas, que entretanto não ocasionam danos sérios, não comprometendo a produção da cultura.

embalado ..

e segue para a distribuição nos Mercadinhos

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SEM AGROTÓXICOS E COM MUITO MAIS NUTRIENTES É crescente o número de estudos que revelam as vantagens físico-químicas e nutricionais de consumir alimentos Orgânicos. A nutricionista e coordenadora do Setor de Nutrição do Núcleo de Atenção Médica Integrada (NAMI), Myrian Fragoso, afirma que as hortaliças orgânicas têm propriedades de cor, odor, textura, sabor que lhes conferem maior durabilidade, além do aumento no teor de fibras, micronutrientes (principalmente fósforo e vitamina C) e compostos fenólicos, com sua ação antioxidante e protetora no organismo. Pesquisa realizada na Universidade de São Paulo, em 2006, mostrou que o tomate orgânico apresenta um aumento significativo de vitamina C e compostos fenólicos quando comparado ao similar convencional. Outra pesquisa sugere que maçãs orgânicas possuem 31,9% mais fósforo, 8,5% mais fibras, 18,6% mais compostos fenólicos, além de apresentarem melhor qualidade de sabor, aroma e firmeza, conferindo uma durabilidade 12% maior que a convencional. A nutricionista explica que o consumo de alimentos contaminados com agrotóxicos pode causar diversos prejuízos à saúde humana. A gravidade do dano é bastante variável, podendo ir desde uma alergia a casos mais graves como alterações cognitivas, hormonais, diminuição da fertilidade, disfunções neurológicas e até câncer.

CERTIFICAÇÃO Para ter certeza que a hortaliça que você está levando para casa é orgânica, fique atento ao selo que garante essa certificação. No Brasil, entrou em vigor este ano o Selo Orgânico Brasil, uma identificação do Ministério da Agricultura para garantir a qualidade dos alimentos orgânicos oferecidos à população. Antes, os produtos orgânicos só tinham selo de empresas certificadoras que garantiam a sua qualidade. Agora, o Orgânico Brasil garante ao consumidor a procedência do produto, e de que este está dentro das normas exigidas para ser rotulado como orgânico.

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Adepta de produtos orgânicos, Letícia gosta de escolher pessoalmente os produtos que compõe a sua salada

E PARA ONDE VAI? SEGUINDO O PRODUTO ATÉ SUA CASA

Para a advogada, Letícia Studart, adepta da alimentação orgânica, os benefícios que provém desta escolha não são imediatos. “Tenho consciência que a minha opção por produtos orgânicos não me trará resultados para o agora, mas sim, futuros.” Mãe de duas filhas, Letícia, 13, e

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Laís, 6, ela afirma que a alimentação da família não admite supérfluos durante a semana. “A Laís aceita bem os meus conselhos, pede frutas e até belisca as minhas saladas”, afirma a advogada. Letícia deixou de comer carne vermelha aos 13 anos, quando presenciou na casa do avô o abatimento de um carneiro, desde então buscou leituras sobre boa alimentação, aos poucos foi abolindo itens do seu cardápio, e hoje está dentro do grupo de pessoas que comem apenas hortifruti e derivados do leite, os chamados ovolactovegetarianos. A advogada afirma que busca principalmente a funcionalidade do alimento, não apenas o sabor, por isso sempre opta pelo mais saudável. “A minha alimentação é 60% hortifuti, para tanto sempre opto por produtos orgânicos. Tenho muita consciência das minhas escolhas, e sei que os benefícios virão ao longo do tempo, o meu organismo não será contaminado pelos agrotóxicos”, explica Letícia. Seu cardápio inicia com um farto café da manhã, no qual nunca falta a ração humana, com a qual tem um cuidado especial: “Eu mesma faço questão de ir ao supermercado escolher os produtos que irão compor o meu suplemento, pois a primeira refeição é a mais rica do dia”, afirma a advogada. Além de todos os cuidados com a alimentação, ela é adepta da corrida, seja de manhã ou à noite e ainda pratica exercícios na academia. Sua última refeição é uma salada caprichada, cedida para a Revista Costumes, cuja receita você pode conferir abaixo:


SALADA ORGÂNICA INGREDIENTES: 1 maço de alface americana orgânica 10 tomates cerejas orgânicas 2 cenouras orgânicas cortadas em lascas 100g de queijo roquefort 100g de queijo gorgonzola 50 g de nozes 50 g de passas 2 colheres de catchup Azeite Páprica Orégano Gergelim

MODO DE PREPARO: Corte as alfaces com as mãos e os queijos em cubos. Os tomates cerejas são cortados ao meio, e as cenouras em lascas. Coloque as nozes e as passas a gosto e tempere tudo com azeite, páprica, orégano, gergelim e catchup, que serve para dar um toque sutil de agridoce. Para saborear, sirva com uma bebida refrescante.

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KITESURF: VÔO NO AZUL

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o Ceará, os ventos do verão trazem modismos e vontades típicos da estação, assim como condições propícias para a prática do esporte que é a atual febre entre água e ar no país, o kitesurf. A pipa, também conhecida como papagaio, dá um colorido vibrante ao céu. Pairando acima da prancha, em harmonia total com a natureza, o kitesurfista ora desliza, ora voa sobre as águas de praias ou lagoas. Tudo começou em 1985, quando dois irmãos franceses, Bruno e Dominique Legaignoux, navegaram com uma pipa sobre esquis. No Brasil, o kitesurf surgiu ainda depois,e rapidamente se tornou popular. Esporte recomendado para todas as idades, trabalha principalmente a coluna lombar, costas e braços, segundo o médico especializado em medicina do esporte Marcus Strozberg. A atividade exige técnica, equilíbrio e resistência, principalmente cardiorespiratória. Strozberg explica que o kitesurf não é um esporte recomendado, mas sim escolhido, portanto os praticantes devem observar algumas precauções. Além de se proteger do sol, procurar um instrutor e hidratar-se, tomar cuidado com a alimentação. No mundo, há vários locais em que se pode praticar kitesurf, dentre eles destacam-se, próximos a Cancun, Praia del Carmen e Puerto Morelos, que contêm o essencial:

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O pequeno Davi

Antônio Pádua mostra que a prática não tem idade para o o Kitesurf


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Surfista há dez anos, Juca recomenda aos iniciantes que comecem a praticar kite em águas calmas

vento, grandes praias e areia. Outro lugar ideal é a África do Sul, com um cenário costeiro de encantar os olhos, boa qualidade de surf em qualquer época do ano e um nível de vida barato. A cidade de Langebaan, perto da Cidade do Cabo, é internacionalmente reconhecida como um dos pontos de encontro mais badalados para todo o gênero de prática de surf. No Brasil, o esporte pode ser praticado durante todo o ano, e há numerosos locais onde se pode, mesmo, quase voar (atingindo até 70 km por hora). O Estado do Ceará oferece cerca de 600 quilômetros de praia, ventos e condições meteorológicas ideais, o que proporciona um ambiente de mar e céu que faz a cabeça de esportistas radicais do mundo inteiro. O espetáculo colorido dos papagaios usados no esporte, somado à beleza da paisagem, encanta os freqüentadores na Lagoa do Cauípe. Entre algumas surpresas do lugar, de onde surgiram diversos profissionais de kite, está o pequeno Davi, nascido nesse santuário, que manobra a barra de controle

como se tivesse grande experiência. O que impressiona é que Davi tem apenas dois anos (!).O pai do aprendiz explica o feito: “Nos Estados Unidos, a criança ganha uma bola de basquete, no Brasil uma bola de futebol, no Cauípe, um kite”..., afirma Luiz Eduardo. O aposentado Antônio Pádua mostra que a prática não tem mesmo idade. Apesar das suas quase sete décadas de vida, ele domina o manejo da barra, que exige muita força e coordenação motora. O kitesurfista de 69 anos afirma que o esporte aquático é apenas uma das inúmeras atividades do seu cotidiano. “O kite proporciona a adrenalina que nenhum outro esporte me faz sentir”. Antônio é tão entusiasmado com a prática que contagiou sua filha, e hoje os dois praticam juntos. O publicitário Juca Máximo, 26, é apaixonado por esportes aquáticos, ainda mais quando esses envolvem água salgada e amigos, através dos quais conheceu e passou a praticar o kite. Surfista há dez anos, afirma que foi fácil gostar do esporte e recomenda aos iniciantes que

O atual campeão brasileiro de kitesurf, Carlos Madson mostra por que ganho o título

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comecem em águas calmas. Outro fator importante é estar em dia com o condicionamento físico. “Como o esporte exige muita força, você precisa estar bem condicionado, mas certamente será um momento para desestressar”, afirma. Além do mar, o kitesurf pode ser praticado em lagoas e sobre o gelo. No entanto, pessoas dos quatro cantos do mundo têm elegido a Lagoa do Cauípe como a sensação do esporte. Segundo Paulo Roberto, instrutor de kitesurf há seis anos, durante os seis a sete meses de alta estação para a prática de kite, a lagoa fica tomada por praticantes vindos de todos os lugares. Homens e mulheres, brasileiros e estrangeiros dão diversidade cultural à paisagem. Paulo Roberto afirma que o período das férias dos europeus coincide, justamente, com a época dos ventos fortes aqui no Ceará: de agosto a novembro. Isso atrai e mantém por aqui os turistas do velho continente que buscam diversão na combinação entre vento e mar. O campeão mundial Evandro Silva

O atual campeão brasileiro de kitesurf, Carlos Madson

CAUÍPE: A LAGOA DO KITE

O campeão mundial, Evandro Silva e o atual campeão brasileiro de kitesurf, Carlos Madson, nasceram na Lagoa do Cauípe. E fica a pergunta: o que faz dessa terra um lugar especial para formar profissionais em pranchas e pipas? Paulo Roberto explica que as condições do vento, sempre estável, fazem da lagoa do Cauípe um dos destinos cearenses mais procurados para quem quer praticar o kite. Mas ele alerta “Não ouse subir numa prancha de kite sem antes ter passado pelas mãos de um instrutor. A norma está no Estatuto de Segurança da Associação Brasileira de Kitesurf. “Não é quem pega qualquer ondinha de vez em quando que pode praticar kite”. O médico Marcus Strozberg afirma ainda que o kitesurf não é um esporte recomendado, mas sim escolhido, portanto os praticantes devem tomar muito cuidado. Além de se proteger do sol, devem procurar um instrutor,

hidratar-se e tomar cuidado com a alimentação. No Cauípe, quem não é instrutor de kite trabalha na área gastronômica. As barracas são a segunda fonte de renda no paraíso das pipas. Uma das escolas mais famosas do lugar é a Escola de kite e windsurf Wind Bê, que formou a grande maioria dos velejadores desses dois esportes no Ceará, fazendo surgir, entre esses, alguns campeões. A escola nasceu há 15 anos com a instrução de windsurf. Percebendo, depois, o potencial do kitesurf, o professor Bê iniciou uma parceria com a Naish Kiteboarding para realizar o projeto. Com a ajuda do amigo Dudu Mazzocato, a escola foi equipada, e Bê formou seus instrutores, nativos da vila de Cauípe. Apesar de o esporte ser a primeira fonte de renda do Cauípe, o morador Luiz Eduardo afirma que “os meninos aqui são parceiros, quando uma escola está lotada, eles mandam para outra, não existe rivalidade”. c

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FALANDO NISSO...

MODA PRAIA: PARA USAR E

OUSAR

Cia Marítima

Por Edmar Mendes

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Uma das peças mais marcantes da moda brasileira é o biquíni. Aparentemente tão simples, ele estampa e valoriza o corpo das mulheres num dia quente de verão, ditando a marquinha do bronzeado. A moda praia é um dos segmentos que reúne o maior número de vendas no nordeste, e vem ganhando conceito artístico a cada temporada nas principais fashionweeks do Brasil. Marcas como Lenny, Salinas e Água de Coco são responsáveis por verdadeiros espetáculos nas passarelas, pois brincam com a modelagem de suas criações a tal ponto de fazer do biquíni uma escultura envolvendo o corpo das modelos. É por esse motivo que hoje não se considera a moda praia exclusiva para mar e piscina, já que um maiô ou um top de biquíni, por exemplo, pode ser encarado como peça chave no dia-a-dia de qualquer mulher, para ser usado com jeans e camisetas decotadas. A principal característica desse segmento é a estamparia, que conquista o público por sua variedade de desenhos e cores. Afinal, existem muitos estúdios e designers gráficos trabalhando para alimentar a demanda do mercado, seja em parceria direta com as fábricas de matéria prima ou

com as próprias empresas que desenvolvem o produto final. Um biquíni tem vida útil longa, se for bem cuidado. Para isso, é só ficar atento aos seguintes cuidados: não colocálo de molho, lavar sempre em água corrente e abundante, usar sabão neutro, nunca passar a ferro, lavar a seco ou colocar em máquina de lavar. Para finalizar, não torça o biquíni nem guarde as peças molhadas, deixando secar em local arejado. Parece incrível que duas peças tão pequenas tenham várias formas e estampas não é? Pois eles mudam a cada temporada, e ainda variam de marca para marca. Atualmente, a moda praia brasileira é referência internacional, lançando tendências e marcando presença em desfiles pelo mundo afora. É muito difícil não se apaixonar pela variedade de cores e diversidade de modelos dos nossos biquínis. Então, quando for escolher o seu, olhe para ele com outros olhos, conheça o produto, sinta o toque e, acima de tudo, perca o medo de variar. Fica o convite: Que tal uma praia agora?

Cia Marítima para o São Paulo Fashion Week 2011

Biquini Lenny 2011 Blue Man Fashion Rio

Água de Coco para o São Paulo Fashion Week

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UMA INFUSÃO DE BENEFÍCIOS

BENEFÍCIOS

NA SUA VIDA

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epois da refeição, no fim da tarde ou antes de dormir, o chá tornou-se popular em vários países, sendo a segunda bebida mais consumida no mundo. Fica atrás apenas da água. Na cultural oriental, o chá passou a fazer parte das atividades básicas principais do dia. Como bebida social, tem origem chinesa, mais precisamente da época da dinastia Tang. No Japão, a cultura do chá foi introduzida por monges budistas que levaram da China algumas sementes. Nesses dois países, o chá passou por uma evolução extraordinária que envolveu não só recursos técnicos e econômicos, mas também arte, poesia, filosofia e até religião. No Japão, por exemplo, o chá faz parte do Chanoyu, um cerimonial com sete séculos de história que chega a durar até quatro horas, no qual todo e qualquer movimento possui um significado relacionado à beleza , à valorização e purificação dos utensílios e até da alma do indivíduo.

Na casa de Waleska nunca falta um chá, seja como drinque gelado para receber amigos, ou mesmo o tradicional chá quente, servido às 17h

Mas o chá quase foi extinto, por conta do pouco entusiasmo dos japoneses por seu gosto e aroma. Ele só caiu no gosto do público alguns séculos mais tarde, quando as primeiras sementes chegaram e os japoneses começaram a produzi-lo. A etapa da fermentação foi completamente abolida nesse processo e as folhas, depois de colhidas, passadas pelo vapor durante alguns segundos, não escureceram. O resultado foi um chá de cor verde intensa, sabor e aroma fresco e agradável.

Na Europa, para onde foi levado pelos portugueses, passou a ser consumido em cafés. Na Inglaterra, difundiu-se rapidamente, tornando-se uma bebida muito popular. Essa popularidade estendeu-se aos países com forte influência inglesa: primeiramente Estados Unidos, depois Austrália e Canadá, onde era, até então, bebido a qualquer hora do dia. No início do século XIX foi instituída, pela sétima Duquesa de Bedford em Londres, a tradição do chá da tarde (five o’clock tea).

CHÁ COM LEITE, LIMÃO OU ESPECIARIAS? Se, na maioria dos países, o costume de servir chá com leite é pouco difundido, na Inglaterra a prática é quase obrigatória. Os ingleses acrescentam leite a todo tipo de chá preto. A nutricionista e coordenadora do Setor de Nutrição do Núcleo de Atenção Médica Integrada (NAMI) da Universidade de Fortaleza (UNIFOR), Myrian Fragoso, explica que “adicionando um ao outro, as proteínas do leite se ligam aos compostos do chá, suavizando o sabor adstringente, tornando-o, assim, mais agradável ao paladar”. Já na Rússia, a preferência é pela combinação com o limão, que torna o chá mais refrescante. Na Índia também é muito consumido (tanto quanto o cafezinho no Brasil). O famoso chai, conhecido aqui por muitos c

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praticantes de yoga, é uma bebida que tem várias receitas, mas é basicamente a mistura de chá preto, leite e um mix de especiarias, entre elas canela e gengibre. É devido a essas especiarias que o chai se torna uma bebida energética, digestiva e revitalizante. Dados de um dos principais fabricantes do produto, a Dr. Oetker Brasil, indicam que nos últimos cinco anos houve um crescimento de 30% no mercado de chás secos entre nós, graças à versão em saquinho, introduzida no país no início da década. Na casa da decoradora de interiores e, como a mesma se define, “acima de tudo, dona de casa”, Waleska Miranda, nunca falta um chá, seja como drinque gelado para receber amigos, ou mesmo o tradicional chá quente, servido às 17h. Para ela, na verdade, não importa o horário. Waleska conta que a bebida entrou em sua vida com mais periodicidade depois de uma consulta à endocrinologista, que lhe aconselhou o uso do chá para diminuir as enxaquecas e saciar a fome entre as refeições. Hoje, ela faz dessa “medicação” um ritual de bem estar físico e mental. Precisamos concordar, sem dúvida um chazinho tem suas qualidades terapêuticas. Mas calma aí, afinal, o que a gente bebe em casa é chá ou infusão?

AS DIFERENÇAS ENTRE CHÁ E CHÁ Todos os chás derivam da mesma planta – a camellia sinensis – mas se diferenciam entre si dependendo do processo de oxidação a que são sujeitos, que modifica a cor das suas folhas, o seu aroma, sabor e quantidade de polifenóis presentes. Chás só podem ser chamados por esse nome se forem feitos a partir das folhas da camellia sinensis, planta que dá origem aos chás preto, verde, branco e oolong. Ou seja, aquele chazinho de camomila que você sempre tomou não era, na verdade, um chá, mas uma tisana. “Sempre houve essa confusão. As pessoas tendem a considerar que tudo o que vem em saquinho e é mergulhado em água quente é chá. Na verdade, nem mesmo o ‘chá’ mate é chá”, afirma a nutricionista Myriam Fragoso. Infusões são todos os outros tipos de bebidas feitas a partir da imersão de folhas, flores e frutas em água quente. Apenas para se ter uma idéia da variedade de chás e infusões herbais e de frutas existentes, a Mariage Frères, renomada casa francesa especializada em chás desde 1854, trabalha com 300 tipos de chás e infusões do mundo inteiro.

OS CHÁS VERDADEIROS: CHÁ VERDE

Logo após serem colhidas, as folhas da camellia sinensis são submetidas a um processo de aquecimento para evitar a oxidação. Graças ao método, a bebida preserva grande parte das características da planta. Países como o Japão só produzem esse tipo de chá. Seu sabor é considerado suave. De acordo com a especialista Carla Saueressig, pratos leves, como saladas ou peixes, vão bem com o chá verde, aromatizado ou não. E sim, é possível encontrar nas casas especializadas versões acrescidas de flores, frutas e outros perfumes. 32

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A casa de chá do Hotel Marina Park, que está aberta para eventos.

CHÁ BRANCO O tipo branco é na verdade uma versão do verde submetida a um processo de fermentação bem leve, de dois a quatro por cento. Utilizam-se somente folhas tenras ou brotos da camellia. Ele tem um gosto que pende para o bastante suave. Antes, era produzido somente na China, na província de Fujian. Mas nos dias de hoje regiões da Índia como a Darjeeling também estão explorando esse filão.

CHÁ OOLONG

As folhas são parcialmente fermentadas. É mais leve que o chá preto. Os especialistas acreditam que seu sabor se encontra num ponto de interseção entre o verde e o preto. Em sua fabricação, são empregados vários tipos de folhas de diferentes locais de plantio. É produzido somente na China.

CHÁ PRETO As folhas passam por uma fermentação total, daí seu gosto e cor peculiares. Assim como acontece com os vinhos, é possível deixar o sabor do chá preto mais complexo durante a fermentação acrescentando sabores especiais. Por ser mais encorpado, vai bem com carnes, pratos doces e salgados. Uma das variedades especiais é o oothu, originário da Índia. A camellia é cultivada em meio a plantações de cardamomo e outros temperos, o que lhe proporciona um gosto único.

FAZENDO BEM PARA A SAÚDE HÁ SÉCULOS...

E há muito mais a falar sobre chás em geral… ao longo dos últimos anos, os estudos em torno desta bebida secular têm-se multiplicado. Saboroso, com poucas calorias e recheado de antioxidantes, as características são mais que suficientes para aderir à chá mania. Vários estudos apontam que a ingestão de chá é responsável pela redução de risco de doenças coronárias, diminuição dos níveis de colesterol, preservação da densidade óssea, prevenção de alguns tipos de cancro, diminuição da fadiga, redução do peso, diminuição do risco de cárie dentária, proteção do organismo e facilidade de digestão. No entanto, o gastroenterologista e hepatologista, Dr.

Lúcio Côrtes explica que, muito embora os chás tenham infinitos benefícios, é importante salientar que, “a despeito de serem ‘naturais’, as plantas têm que ser encaradas como medicamentos sob todos os aspectos”. Por isso, recomenda que os chás não sejam utilizados regularmente sem consultar a opinião de um profissional habilitado, médico ou nutricionista. Mas não é motivo para estresse (e se houvesse, seria hora para uma infusão de camomila). A advertência não nos impede de desfrutar da bebida sem exageros. De forma geral, o chá ou infusão traz conforto térmico e bem estar geral. Seja quente ou fria, a bebida pode também estimular o apetite, acalmar, melhorar a função gastrintestinal, etc. PARA VOCÊ EXPERIMENTAR EM CASA: RECEITA DA WALESKA PARA RECEBER OS AMIGOS: Refrescante Chá de Maçã Ingredientes 2 saquinhos de chá de maçã vermelha 1 xícara de água 1 colher de sopa de mel 1 maçã picada Modo de Fazer Coloque a água para ferver e despeje sobre os saquinhos. Deixe em infusão for 5 minutos, removendo os saquinhos em seguida. Adicione mel e misture bem. Espere esfriar, coloque a maçã picada e sirva em taças de champagne. c

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VIDA SAUDÁVEL

NASCER DO DIA NA

BEIRA MAR

OS PRIMEIROS RAIOS DE

SOL NA TERRA DA LUZ 34

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Esculpida em ferro, de Zenon Barreto: “Iracema Guardiã” é uma das cinco estátuas da “virgem dos lábios de mel” existentes em Fortaleza.


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o centro de Fortaleza, o intenso movimento de carros, ônibus e pedestres deslocando-se para mais um dia de trabalho dá a impressão de que o ritmo acelerado sequer foi interrompido durante a noite. Assim que o sinal fica verde, motoristas impacientes disparam buzinas e pedestres correm para tentar atravessar a rua antes da passagem dos carros. Enquanto isso, na Beira Mar, o sol desponta sonolento e lança os primeiros raios sobre a estátua de Iracema, obra de Corbiniano Lins inaugurada em 1965. A virgem dos lábios de mel, ícone da cearensidade, personagem do romance de José de Alencar, teria esperado pelo retorno do português Martim Soares Moreno bem ali, entre o Meireles e o Mucuripe. Muito mais do que personagem literário, Iracema tornou-se um mito, há quem acredite que tenha existido de fato. Sua estátua, sob os primeiros raios de sol, parece mesmo ganhar vida e saudar os visitantes dessas terras que ganharam o nome de Ceará. Mas há poucas pessoas ali, nesse horário, para sentir o ar puro e a brisa suave da manhã. No extenso calçadão que margeia a orla, alguns casais de idade madura passeiam tranquilamente. Um deles pára e contempla a paisagem, talvez percebendo a forma como a estátua parece mover-se entre a luz e a sombra do nascer do dia, talvez apenas admirando a beleza inspiradora e respirando a energia do lugar...

No Mucuripe, alguns atletas praticam alongamentos, preparam-se para percorrer os quilômetros que os separam da meta, a Praia de Iracema. Outros, por sua vez, já correm em busca da boa forma, com modernos aparelhos de mp3, ou aproveitam para fazer exercícios nos equipamentos distribuídos em vários pontos da orla. Como contraponto, para lembrar que não é preciso apressar o dia, caminha devagar ao lado uma senhora com seu cãozinho cheio de personalidade, vestido com a camisa do Flamengo. Há ainda quem esteja apenas botando o papo em dia na companhia dos amigos, sorvendo lentamente a amplitude e a riqueza da paisagem. Recortado pelos coqueiros que margeiam a costa, o mar acaba por se tornar, incontestavelmente, parte integrante dos diálogos. Ao lado da Praça dos Estressados, ponto de encontro preferido dos passantes, começam a chegar esportistas e amadores. Quadras de vôlei, futebol e futsal são os principais destinos desses grupos, que contam com uma boa água de coco para se refrescar, no intervalo dos jogos. O hábito saudável de praticar atividades físicas c

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logo no começo da manhã proporciona fôlego, energia e disposição para uma vida equilibrada, com um ritmo mais de acordo ao da natureza. Pelo menos esse é um dos principais motivos para quem busca o amanhecer no trecho mais nobre da orla fortalezense, a exemplo de José Trindade da Silva (conhecido como Zeca Trindade), de 60 anos, que pratica remo, tênis, futebol e há mais de quatro décadas não perde a chance de passear no local: “Quando comecei a vir aqui para praticar esportes, tinha até gente que achava estranho. Lembro que o trecho percorrido partia da Avenida Barão de Studart e, na altura do Mucuripe, geralmente era o ponto final do trajeto, jogavam até pedra na gente, gritando, ao nos ver correndo: ‘olha os doidos’!”, relembra, com um largo sorriso. De terra batida e sem nenhum arranha-céu, a primeira via que ligou a praia ao Centro de Fortaleza era denominada pelos pescadores de “Rua da Frente”, a mesma que daria origem à que hoje chamamos de “Avenida Beira Mar”, com seus inúmeros hotéis, símbolo incontestável de nosso marketing turístico. Outrora um bucólico recanto pontilhado de poucas casas e muitos coqueiros, sem barracas de praia, o local inspirou algumas das fotografias aéreas de Amelia Mary Earhart, que buscou o status de primeira mulher a realizar um vôo ao redor do globo. A primeira aviadora a sobrevoar o Atlântico fez escala em Fortaleza, em 1937, dias antes do desaparecimento de seu avião Electra no Oceano Pacífico. Antes de se tornar a “Beira Mar”, o trecho mais conhecido da costa fortalezense também serviu de set de filmagem:

Orson Welles, já conhecido por sua obra mais famosa, Cidadão Kane, veio a Fortaleza na década de 1940, a fim de produzir um documentário, que nunca foi concluído. Ele decidiu reconstituir a saga de Manuel Preto, Jerônimo, Jacaré e Tatá, os quatro jangadeiros que foram do Ceará ao Rio de Janeiro (a capital, na época) na jangada São Pedro, sem bússola, solicitar melhores condições de vida para os trabalhadores do mar ao Presidente Getúlio Vargas. Não houve final feliz, porém: na reconstituição, a jangada foi tragada por uma onda, causando a morte de Jacaré, cujo corpo nunca foi encontrado. Muito tempo se passou desde então, mas a fama e o charme da Beira Mar aumentaram ainda mais com o passar das décadas, cativando visitantes e moradores. A administradora Alessandra Magalhães, frequentadora da Beira Mar há seis anos, acredita que não existe lugar melhor para começar o dia: “Venho aqui sempre às seis da manhã, pois tem os cones na pista, oferecendo maior segurança. Fora desse horário é complicado, pois o calçadão está cheio de gente e não dá para andar na pista devido ao trânsito, que também é intenso”. O estudante de Educação Física Márcio Linhares, 24, lamenta não ser tão assíduo por não morar perto da Beira Mar, considerada por ele o lugar mais convidativo de toda a Fortaleza: “Venho aqui bem menos do que gostaria, por conta da distância, mas sempre que venho aproveito bastante”, explica. “Gosto muito de praticar esportes, faço musculação desde os 17 anos e tenho o hábito de ir de bicicleta para o trabalho e para a faculdade, economizando tempo e, na minha rotina, já considero isso uma espécie de treino”.

Márcio Linhares afirma que a Orla fortalezense é o lugar mais convidativo de toda a cidade “Outrora um bucólico recanto pontilhado de poucas casas e muitos coqueiros”

Zeca Trindade recorda com saudade o tempo que começou a praticar esportes na Beira Mar

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Para Aprígio Diógenes a prática de esportes ao ar livre é o que proporciona bem estar diário

Eduardo Parente, profissional da Assessoria Esportiva Limiar

ASSESSORIAS ESPORTIVAS ESCLARECEM DÚVIDAS OFERECEM SUPORTE PARA AS PRÁTICAS O comerciário Aprígio Diógenes, por sua vez, frequenta o local há menos tempo que Alessandra, isto é, há apenas um ano e meio, ocasião em que se integrou a uma das Assessorias Esportivas dos Mercadinhos São Luiz (ao todo, são quatro: KM, Triativo, Limiar e RO2). De acordo com ele, a prática de esportes ao ar livre proporciona bem estar e uma melhora significativa no condicionamento físico: “Hoje consigo fazer muitas coisas simples que não fazia antes, como subir escadas e realizar caminhadas mais longas, tenho mais pique para o dia-a-dia. Faço pós-graduação aos sábados, logo em seguida ao treino, e percebi que graças a isso a minha concentração aumenta muito e tenho melhor rendimento nas aulas”, afirma. De acordo com Eduardo Parente, da Limiar, assessoria esportiva à qual Diógenes é filiado, a parceria com o São Luiz surgiu por iniciativa dos próprios Mercadinhos, a fim de incentivar seus funcionários a praticar esportes e tirálos do sedentarismo, idéia que se estendeu também, logo em seguida, aos próprios clientes: “Oferecemos a prática de atividades físicas três vezes na semana, cada aula com duas horas de duração. Montamos uma estrutura para corridas, que conta com pontos de apoio com água, frutas e porta-objetos, além do acompanhamento de três professores de educação física (entre eles, também uma nutricionista)”. Para Tiago Mohana, da Triativo, muitas pessoas buscam as assessorias esportivas por conta da segurança oferecida, a fim de evitar erros nas práticas esportivas e as consequentes lesões, levando em conta, é claro, a possibilidade de fazer amigos: “Além de cuidar da saúde e receber uma boa orientação, as pessoas não querem apenas correr, mas também conversar e conhecer novas pessoas. O grande barato das assessorias, a propósito, é esse: cuidar do corpo mas também formar um grupo de amigos”, afirma. Além de todos esses fatores, Rômulo Souza, diretor da RO2, destaca também o fato de as atividades ao ar livre serem mais estimulantes: “Os alunos buscam as

Alessandra Magalhães, frequentadora da Beira Mar há seis anos, acredita que não existe lugar melhor para começar o dia

assessorias pela segurança e acompanhamento. Indicamos o tênis ideal para correr, damos dicas sobre a pisada, a respiração, ensinamos a respeitar os limites da freqüência cardíaca, damos todo o acompanhamento necessário. Praticar atividades em grupo é algo muito mais motivador do que sem a presença de outras pessoas, em um local fechado”, explica.

O grande barato das assessorias, a propósito, é esse: cuidar do corpo mas também formar um grupo de amigos Educador físico da KM, Dicson Falcão também acredita que o hábito de realizar atividades em grupo fortalece ainda mais a permanência dos alunos, motivando-os a atingir os resultados almejados: “Muita gente pratica corrida sem ter conhecimento da vasta opção de treinamento que existe para isso, sem saber como iniciar ou progredir a fim de atingir melhores resultados e uma melhor performance. Dessa forma, as pessoas que buscam as assessorias acabam por unir o útil ao agradável, isto é, além da melhoria na própria saúde, passam a fazer parte de um grupo, integrando-se. Esse companheirismo, por sua vez, vai dar mais chances ainda para que cada um atinja os melhores resultados e seus objetivos pessoais”. Muito mais do que benefícios para o corpo, o bem-estar mental proporcionado pela atividade física ou por um simples passeio matinal no trecho mais nobre de Fortaleza pode ser constatado com um simples olhar para aqueles que cultivam esse hábito, como o casal da terceira idade que, de mãos dadas, pára novamente e contempla o mar no término do passeio, na Praia de Iracema. Partilham, no sorriso em comum, talvez a lembrança da índia apaixonada que se tornou parte integrante da paisagem local. Seja qual for o motivo, eles têm motivos para sorrir, não há nada mais saudável e tranquilizante no dia a dia corrido da cidade, do que apreciar a beleza do mar e agradecer os primeiros raios de sol... c

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ME ACOSTUMEI COM VOCÊ

MANO ALENCAR,

O SENTIMENTO VIVO DAS CORES

Por Renato Barros de Castro

om as inconfundíveis pinceladas em cores intensas, na descoberta da expressão mais genuína das emoções, o artista plástico Mano Alencar firmou, desde cedo, sua vocação para as artes plásticas. Hoje reconhecido por grandes nomes da cultura brasileira, como Fagner e Caetano Veloso, o menino de Juazeiro do Norte trilhou um longo caminho até os salões de arte da particulares dessa “realidade”, indicando, em suas obras, Itália, França, Espanha, Portugal, Estados Unidos e um talento intuitivo e visceral. Saído do Cariri ainda criança, acompanhando a família por Argentina.

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Na infância, as férias passadas no sertão, na casa dos avós, inspiraram as primeiras pinturas. Naquela época, ele já costumava levar consigo alguns guaches para retratar os bichos e a vegetação. O que mais chamava a atenção dos adultos, entretanto, era o curioso fato de suas pinturas não serem fiéis às cores reais, apresentando variações bem 38

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diversas cidades, Mano teve formação sobralense, o que lhe rendeu o vislumbre da possibilidade de viver da arte. Sobral também lhe proporcionou o primeiro contato com os grandes mestres da pintura, bem como a admiração das pessoas por seus trabalhos iniciais e o encontro com uma grande incentivadora, a professora Florinda, que rapidamente identificou e estimulou suas aptidões.


Impulsivo e inquieto, com grande dificuldade para seguir regras, o aluno se destacava por evitar seguir caminhos já trilhados, buscando sempre a liberdade para criar à sua própria maneira. Depois de pintar cartazes e fazer todo tipo de desenho para as promoções do Patronato Escola Industrial Doméstica, onde havia estudado, passou a pintar nas calçadas e até mesmo em pátios de igreja, usando qualquer material que lhe caísse às mãos, de giz a pedaços de carvão, já que não tinha acesso a tintas e outros materiais mais sofisticados. A família, por sua vez, mesmo acreditando que a arte não seria o caminho mais seguro para seu futuro, observava o desenvolvimento das habilidades de Mano num misto de admiração e surpresa, encomendando-lhe retratos e, na medida do possível, apoiando-o. Com apenas 15 anos de idade, já começava a comercializar seus quadros entre amigos e parentes, comprando o primeiro tênis e a primeira calça jeans com o resultado do seu trabalho, pequenas conquistas que o motivaram a levar a profissão cada vez mais a sério. Com a mudança para Fortaleza, na década de 1970, veio o primeiro emprego formal. No Jornal O Povo, trabalhou no setor de ilustrações, junto ao jornalista Ronaldo Salgado, que o estimulou a explorar as habilidades como artista plástico. Em 1986, alguns anos depois de se lançar oficialmente no mundo das artes e ter realizado várias exposições, sua trajetória passou por uma importante transformação. Mano migrou para o abstracionismo, reafirmado com a mostra Figuras abstratas. No início de sua carreira, a atração pela arte figurativa deveu-se mais ao fato dessa ser a porta natural para um artista em formação, já que o domínio do figurativo, na opinião de muitos artistas, é visto como fundamental para se chegar à técnica abstracionista. Embora difícil, a mudança se revelou estimulante, auferindo ainda mais sentido à vida profissional e c

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particular do pintor, que conseguiu libertar-se da limitação do figurativismo para melhor exprimir a amplitude de seus sentimentos, antes tolhidos, de certa forma, pela prisão das formas. Para Mano, afinal, é a emoção que enriquece o artista e, quando ela é verdadeira, irá tocar a alma do contemplador: sob esse ponto de vista, o abstracionismo é um estilo totalmente livre, pois faz com que cada pessoa observe os quadros de maneira particular, a partir de um ângulo pessoal, recriando aquilo que vê. Trabalhando com as emoções em detrimento das regras, Mano foi alçando vôo em vernissages na Europa e nos EUA. Além disso, foi se tornando ainda mais eclético ao atuar em diferentes campos da atividade artística, como a literatura e a música. A pintura, a publicação de livros de poesia, de prosa poética, trabalhos em escultura e o lançamento de CDs com músicas de sua autoria interagiram de forma natural, todos interligados no tema da reflexão sobre a vida do homem contemporâneo. Sua exposição mais recente, Luzes do futuro, teve lugar no Espaço Cultural Marcantonio Villaça, em Brasília, e reuniu uma mostra individual com trinta telas pintadas em acrílico, metade delas em preto e branco. Comparadas aos seus trabalhos iniciais, elas deixam claro para o apreciador de sua arte que tudo é muito diferente e, paradoxalmente, igual: apesar da diversificação das formas e tons, a força da emoção é a mesma. Através dela, o público é seduzido para o universo do artista, que permanece fiel à verdade dos sentimentos e à livre expressão de sua sensibilidade por meio da vivacidade transbordante das cores. Mas como traduzir em palavras essa sensibilidade? Belchior, um dos mais expressivos compositores da música popular brasileira, em depoimento reproduzido no site do artista, fala do efeito que a obra de Mano Alencar produz sobre o público, de maneira que se pode senti-la diante de 40

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nossos olhos, percebendo a inspiração transformadora da arte: “Os quadros estão prontos. Basta. Agora é deixá-los, fazendo onda(s), mirando-nos firmes e ferozes, pondo-nos contra a parede, forçando suavemente a entrada de nosso olhar modernamente descuidado e, quem sabe, abrindo a passagem secreta até nossa mente entorpecida pela visão vulgar de objetos sem sentido”. E só nos resta aproveitar, quando for possível, para contemplar seus quadros por nós mesmos e deixar que Mano Alencar nos surpreenda, nos conduzindo por essa “passagem secreta”. É uma oportunidade única. Mano Alencar em seu atelier


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Amor de mãe:

Muito além do Sangue

DIAS DAS MÃES

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que falar do amor que, dentre todas as formas de amar, se impõe como o mais infinito e incondicional? Assim é o amor de mãe, que doa, transforma, é corajoso e perdoa tantas expectativas não realizadas. Mas esse amor não é restrito a filhos gerados no ventre. Há muitas histórias de mulheres que se doaram – e doam - a filhos que não carregaram na barriga, a crianças que não são biologicamente suas, e nem por isso são menos amadas. Este é o caso da Mãe de Raquel, 5, a bancária Marta Vasconcelos, 36, para quem ter amor para dar é estar automaticamente preparado para enfrentar todos os trâmites que uma doação acarreta. O empresário Raimundo Vasconcelos foi o pai também muito presente, que acompanhou de perto os trâmites burocráticos. Ele afirma que o processo “foi rápido”, até a guarda definitiva, num total de seis meses. Marta recebendo beijo das suas duas princesas: Raquel e Júlia

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A advogada Maria Magalhães, especializada em ações do trato da infância e da juventude, afirma que os candidatos a pais adotivos (pessoas acima de 18 anos) devem procurar o Juizado da Infância e da juventude e se inscrever no Cadastro Nacional de Adoção. Após isso, irão passar por um curso e pela avaliação psicossocial, que os qualificará como aptos - ou não – para adotar. Raimundo concorda com o processo, já que é esse que vai garantir a qualidade de vida da criança adotada. A mãe biológica de Raquel decidiu dar a filha para doação por não ter condições financeiras de criá-la, mesmo já a tendo registrado com o nome de Rayssa. Assim, o que de fato provocou mais receio em Marta não foi nem a demora da ação em si, mas a possibilidade da mãe adotiva desistir antes de sua conclusão. “Isso eu não suportaria”, afirma ela. “Raquel chegou à minha vida de uma forma muito especial”, conta Marta. Depois de sofrer um aborto com oito meses de gestação, não conseguia mais engravidar e foi quando o casal pensou em adoção. Dois anos após a perda do bebê, a irmã de Raimundo liga para ele, contando que uma mulher, em Tutóia (Maranhão), estava grávida, mas não queria criar a filha. A irmã pensou em oferecer a criança ao outro irmão, casado há 20 anos, que também não conseguia ter filhos. No entanto, a reação de Raimundo e Marta foi imediata. E assim Raquel entrou na vida da família Vasconcelos, em Fortaleza. Mas a surpresa de Marta, antes mesmo de conseguir a guarda definitiva de Raquel, foi descobrir estar grávida de Júlia, hoje com quatro anos. A bancária conta que as meninas se dão muito bem e não existe diferença de uma filha para outra. O amor é o mesmo. “Ás vezes somos até mais protetores com a Raquel, por conta do preconceito alheio” afirma o pai. Patrícia e sua mãe, Iêda

Ieda:

Mãede

Coração

Maria Magalhães afirma que são vários os motivos que levam à adoção. Dentre esses está a infertilidade. 100 milhões de mulheres em todo o mundo não podem ter filhos por sofrer de endometriose (doença que acomete as mulheres em idade reprodutiva, e consiste na presença de endométrio em locais fora do útero), segundo a Fundação Mundial de Pesquisa de Endometriose. É o caso de Ieda, que também não abdicou de ser mãe. A estudante de direito Patrícia Freitas (24) recebe o carinho da mãe Ieda (é assim que ela a chama) desde a barriga de sua mãe biológica, Aparecida Freitas, amiga de Ieda. c

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Como os pais de Patrícia tinham um casamento instável, Ieda sempre apoiou a amiga, dando suporte para que o bebê nascesse com saúde. Agora aposentada, ela conta com orgulho: “fui a primeira a pegar Patrícia, depois do médico”. Desde então os destinos das duas, mãe e filha adotiva, foram entrelaçados. Ieda conta que, até os 15 anos, Patrícia morou com a família biológica, pela aproximação da escola em que a filha estudava. Quando a mãe adotiva se aposentou, entretanto, ela mudou “de mala e cuia” para o lar em que reside até hoje, com a mãe do coração. E Patrícia enaltece sua condição privilegiada, por ter duas mães que ama de forma incondicional, “amor esse que não reconhece a sutil diferença entre biologia e ‘adoção’”, diz a estudante. A aposentada resume em uma frase a importância da filha em sua vida: “Poderia ter escolhido qualquer criança, tenho muitos sobrinhos, ou mesmo adotado uma de forma tradicional, mas eu e a Patrícia nos escolhemos e ela é tudo na minha vida.”

Matheus e Gabriel:

As “encomendas”

na porta de casa

Segundo prevê a Lei n° 12.010, o processo de adoção deve ser a última medida a ser tomada quando se torna impossível à permanência da criança com os pais. Mas quando essas são deixadas pelos pais na porta de alguém? Foi o que aconteceu com a funcionária pública, Elaine Brito duas vezes. A história da família de Elaine e Walter é sinônimo pleno de adoção. A funcionária pública é mãe biológica de Olga, 19, e adotiva de Gabriel, 8, e Matheus, 3. E Walter traz de outro relacionamento mais duas adoções: Walter Neto, 19, e Rafael, 21. Casada há 15 anos, Elaine afirma que as adoções aconteceram de forma muito natural, e que no momento que os 44

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Walter, Elaine e os filhos Olga, Gabriel e Matheus

pegou nos braços foi como se tivesse acabado de parir, “não escolhi nenhuma adoção, mas estava aberta para isso. E no momento que eles chegaram até mim eu já era a mãe deles”, afirma a funcionária pública. Gabriel, nome escolhido pela irmã Olga, chegou ao prédio destinado à Elaine, com dois meses de nascido. Deixado com o endereço do casal, a mãe afirma que “foi um presente! O porteiro interfonou afirmando ter uma encomenda para mim e quando vimos tinha o Gabriel”. Os novos pais trataram de entrar com o pedido de adoção e dez meses depois receberam a guarda definitiva. “Foi muito especial, estávamos na festa de um ano dele, quando a Juíza nos procurou com o documento na mão”, afirma ela. A chegada do Gabriel foi responsável por fortalecer

a família, pois depois todos passaram a morar juntos. Segundo Elaine “Gabriel foi como um elo, logo Rafael veio de Recife e Walter Neto do interior do Ceará, e ele foi esse anjinho que consolidou a família.” Já Matheus chegou com dois dias de nascido, segundo avaliação médica. Como a família já possuía histórico de adoção, o processo foi mais rápido e com seis meses saiu o documento que deu a guarda definitiva aos pais adotivos. Segundo o Juizado da Infância e da Adolescência, atualmente no Ceará são aproximadamente 479 crianças e adolescentes abrigados em instituições de acolhimento. Dessas, 62 estão disponíveis para adoção, à espera de uma família. Enquanto isso, há 241 casais habilitados à espera de uma criança, sendo 179 da Comarca de Fortaleza e 62 das Comarcas do Interior.

O dia das mães ganhou data pela dor de uma filha, a estadunidense Anna Jarvis, filha de pastores, que, durante três anos liderou o movimento para instituir o dia, a fim de homenagear sua mãe, já falecida, e todas mães em geral. Em 1914, o presidente Woodrow Wilson oficializou a comemoração no dia 9 de Maio. Em pouco tempo, mais de 40 países adotaram a data, que foi oficializada, no Brasil, em 1932, pelo então presidente Getúlio Vargas, como o segundo domingo de maio. Em 1947, Dom Jaime de Barros Câmara, Cardeal-Arcebispo do Rio de Janeiro, determinou que a mesma fizesse parte do calendário oficial da Igreja Católica. c

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SABORES DO MUNDO

SUSHI,

APERFEIÇOADO HÁ MAIS DE MIL ANOS

Já é tempo de você provar...

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lássica ou criativa, praticada em todas as partes do mundo, a cozinha japonesa é símbolo de reverência, tradição e adaptação. Além de sofisticada, é considerada uma das mais saudáveis, pois tem baixo colesterol e é muito nutritiva. Quando se fala dessa gastronomia, o sushi é o primeiro item que vem à mente. De origem milenar, desde antes de Cristo, ainda conquista, a cada dia, novos adeptos, sendo um prazeroso desafio para os que gostam de arriscar-se a conhecer novos sabores. Criado a partir da busca por um método de conservar o peixe nos meses quentes de verão (problema que não existia no inverno japonês, por conta da neve), o sushi surgiu simplesmente por acaso. O peixe, essencial na dieta alimentar de um país insular, necessitava ser conservado e, para isso, a maneira mais simples era salgá-lo e deixá-lo ao sol. Com o tempo, os japoneses descobriram uma maneira mais eficiente: colocar os filés de pescado entre camadas de arroz cozido, em um “sushi prensado”. O arroz liberava ácido lático e auxiliava na conservação do peixe, dando ainda um sabor agridoce.

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Séculos depois, foi introduzida a ideia de enrolá-lo em algas, dando o aspecto colorido que conhecemos. A preocupação com a manipulação e o consumo de peixes crus levou à busca por temperos, como o vinagre, o wassabi e o gengibre, que têm alto poder antibacteriano. Em meados do século XIX, o sushi adquiriu as principais características pelas quais o conhecemos hoje e passou a ser difundido em outros países. Junto com ele, surgiu um personagem importantíssimo, o sushiman, que em muitos restaurantes ainda impressiona não só pelo resultado saboroso e atraente de seu trabalho como também pela destreza ao preparar o alimento. A partir do Japão, o sushi invadiu toda a Ásia. No Ocidente, começou pelos Estados Unidos, conquistando em especial a Califórnia, onde havia uma grande comunidade japonesa. (O sushi Califórnia e o Filadélfia, criados nessa região, são alguns dos exemplos da adaptação da iguaria ao gosto dos estadunidenses). No Brasil, a difusão começou a partir do Bairro da Liberdade,

em São Paulo. Originalmente restrito apenas ao reduto nipônico, os paulistas logo aprenderam a apreciá-lo, contribuindo para que o novo sabor se espalhasse a outros lugares do Brasil. De acordo com o chef de cozinha e empresário Élcio Nagano, o sushi chegou a Fortaleza no início da década de 1990, quando três restaurantes japoneses se instalaram aqui (Miki, Mikado e Banzai). Com a resistência por parte da clientela, esses estabelecimentos acabaram por se especializar em grelhados japoneses, oferecendo o sushi apenas eventualmente. Mas, como se pode deduzir, a história não parou por aí, “posteriormente, a chegada de restaurantes como Mariko e Moyashi ajudou a popularizar o sushi entre os cearenses. E, no ano 2000, abri o restaurante Kingyo, na Varjota, que trouxe uma comida japonesa mais sofisticada, contribuindo para a evolução do mercado. Hoje, já são mais de 100 pontos vendendo sushi em Fortaleza, incluindo supermercados, padarias e churrascarias”, ressalta Nagano. c

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Atualmente à frente do Restaurante Soho, Nagano acredita que a comida japonesa se tornou uma febre mundial por três motivos: “Antes de tudo, é uma comida saudável. É também saborosa e cativante. Além disso, está ligada a uma quebra de rotina, por conta do ritual que a envolve... O uso dos hashis, por exemplo, no lugar dos talheres”, afirma. Nascido em Londrina, Paraná, filho de japoneses, Nagano desde muito cedo aprendeu, em família, os segredos da culinária nipônica. “O Soho hoje tem um cardápio muito amplo, que vai desde a comida tradicional japonesa até experiências inovadoras, dentro do que se entende por gastronomia contemporânea japonesa. É uma casa que está sempre pesquisando e lançando novos pratos, os mesmos que são feitos nos melhores restaurantes japoneses do mundo e também criações nossas, a exemplo do Gyupari (filé mignon grelhado e fois gras ao molho teriyaki, com purê trufado de abóbora japonesa sobre leito de nirá)”, afirma.

FAÇA VOCÊ MESMO!

De acordo com o sushiman Jonas Marques, você também pode se arriscar a preparar um sushi simples, que, não esqueça, deve ser comido logo após o preparo. Os segredos maiores não são revelados mas, para ter o gostinho de preparar seu próprio sushi, você deve basicamente primar pela qualidade do arroz e a escolha do molho. O peixe tem que ser o mais fresco possível. Confira a seguir uma receita que pode ser preparada em casa:

de produtos para culinária japonesa). Depois corte em pedaços e, para acompanhar, use o molho Shoyu. Conseguiu chegar até aqui!? Então parabéns, e bom apetite!

SUSHI FILADÉLFIA INGREDIENTES:

Uma folha de alga marinha 70g de arroz japonês 30g de queijo Filadélfia 50g de salmão fresco

MODO DE PREPARO:

Coloca-se o arroz cozido sobre a alga marinha e, em seguida, o queijo e o salmão. Logo após, basta enrolar o sushi. Calma, isso é feito com o auxilio de uma esteira especial (vendida em lojas

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Quando interrogado sobre uma adaptação ao gosto cearense, ele não hesita e cita o sushi feito de camarão empanado e cream cheese envoltos em filé de salmão flambado. Outra curiosidade é o Ivete Shake, um sashimi de salmão com gengibre e pimenta que leva esse nome em homenagem à cantora Ivete Sangalo (uma das clientes mais famosas do Soho), comprovando ainda mais que a culinária japonesa é um território sem fronteiras para inovações: afinal, desde sua descoberta, seu caráter foi o de se adaptar, com facilidade, a todos os lugares e a todas as épocas.

O SAOSHI DO SÃO LUIZ Trabalhando com culinária japonesa há doze anos, os Mercadinhos São Luís também produzem sushi de qualidade, cativando um público cada vez maior. Entre os tipos mais procurados estão os hots, tanto de salmão (philadelfhia) como o de camarão (Ebi) e os especiais, que tem mais de quinze variedades e dentre esses os campeões de venda são o nigiri, kugan e o califórnia (com pepino, manga, e cane). No self service do Saoshi pode ser encontrado uma variedade de 40 de sushis. Para Elano da Silva Pereira, sushiman do São Luís há doze anos, o sucesso desta iguaria entre o público se dá pelo bom atendimento e a qualificação da equipe que trabalha com o produto: “Recebemos bom treinamento e procuramos nos atualizar, pois o sushi está sempre em evolução e a cada dia aprendemos algo mais”. De acordo com Elano, o segredo de se preparar um bom sushi está na forma de temperar o arroz, pois é onde cada sushiman pode acrescentar seu toque pessoal: “Cada casa tem seu tempero, e no São Luís não é diferente. Creio que o que faz o nosso sushi tão especial é o tempero do arroz. Os japoneses usam tradicionalmente vinagre, saquê, sal e açúcar, e, aqui acrescentamos outros condimentos a essa base, como hondashi e erva-doce, entre muitos outros”, afirma.

SERVIÇO SOHO RESTAURANTE Avenida Senador Virgílio Távora, 999 loja 6 Reservas: 3224-7031 Funcionamento: Todos os dias. Almoço: meio dia às 15h. Happy hour das 18h às 21 h. Jantar das 18h à meia-noite.

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FESTAS JUNINAS

TRADIÇÃO E ADAPTAÇÃO ALIMENTAM A ALMA DO NORDESTE

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ntre as inúmeras manifestações culturais nordestinas, as festas juninas se destacam por agrupar toda a riqueza da mistura de diferentes povos na formação social brasileira. Trazidas ao Brasil pelos portugueses ainda no período colonial, tiveram origem em países católicos da Europa, sendo realizadas em homenagem a São João, e se reafirmaram por conta de sua enorme aceitação em território luso. Alguns de seus elementos viriam, até mesmo, da cultura pagã da Idade Média, como a fogueira, usada na celebração do solstício de verão. Mas há, também, uma lenda católica que justifica esse costume: a de que seria a forma através da qual Maria foi avisada por Isabel sobre o nascimento do menino João Batista. Incorporando uma série de características originárias de países distintos, essas festas se constituem de um riquíssimo patrimônio imaterial, unindo tradição e adaptação para se manterem vivas no imaginário dos povos. Da França, veio a dança marcada, a preferida dos nobres (influenciando, no Brasil, as típicas quadrilhas), da Península Ibérica veio a dança de fitas, especialmente comum no interior de Portugal e da Espanha.

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Com o passar do tempo, em cada região do país, tais elementos foram se misturando a outros, indígenas, afro-brasileiros ou característicos da própria imigração européia. Ganhando diversidade, as festas se firmaram principalmente no Nordeste, onde adquiriram maior expressividade junto à população, tornando-se até uma das principais marcas de identidade regional. As celebrações se caracterizam pela presença de comidas típicas (muitas feitas de milho), bandeirinhas, danças e folguedos. Durante os festejos, quadrilhas, bingos e leilões tomam conta de diversas cidades nordestinas. Comemoram, cada uma a seu modo, as datas tão caras à identidade regional, que vão de 12 de junho, véspera do dia de Santo Antônio, até 29, dia de São Pedro, “esquentando” mesmo entre 23 e 24, no dia de São João. Mas, ao contrário do que se pode pensar hoje, com tanta animação, as essas datas não foram sempre tão populares. De acordo com o professor Gilmar de Carvalho, da Universidade Federal do Ceará (UFC), as festas juninas sofreram constantes transformações para se adaptar ao gosto do público, enfrentando altos e baixos: “Houve uma queda sensível nos anos 1970, pois as festas juninas estavam muito ligadas à tradição, e o Brasil se modernizou muito a partir dessa época. Houve um grande impulso devido a várias políticas públicas e, nesse contexto, elas passaram a ser vistas como algo conservador, até mesmo ultrapassado. Mais tarde, as quadrilhas e as festas juninas foram retomadas junto a outras manifestações da tradição popular, se atualizando e se modificando para agradar as pessoas, com nova trilha sonora, muito brilho e uma nova estética: a estética do espetáculo. Dessa forma, elas foram se aproximando do que as pessoas costumam ver na TV, na internet, ou seja, não é mais a ótica do sertão e sim o sertão visto pela ótica 54

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da cidade grande”, afirma. A despeito de suas adaptações à vida moderna, as festas juninas continuam despontando no calendário cultural nordestino, recuperando sua relevância e prestígio. Prova disso são as milhares de pessoas que se dirigem, todos os anos até Campina Grande, na Paraíba, um dos principais pólos dessa grande comemoração, que leva o título de “maior São João do mundo”. No Ceará, os festejos juninos também são levados a sério. De acordo com Gilmar de Carvalho, vivemos atualmente uma época de renascimento dessa tradição: “O Ceará é um dos grandes pólos de festas juninas do Nordeste. Temos um circuito de festivais e Fortaleza é uma das pontas desse circuito, que passa por Mossoró e Campina Grande, por exemplo. Nosso estado mantém a tradição de quadrilhas vencedoras de concursos, e há um renascimento das tradições juninas em todo o Ceará, seja no interior, na capital ou nos bairros da periferia. Hoje, as quadrilhas juninas viraram até microempresas ( já não são mais aquelas quadrilhas de bairro), e podem até mesmo participar de editais exclusivos”, explica. Ícones de nossa expressão cultural, os festejos juninos tiveram de se reinventar para continuar existindo, adaptando-se aos novos tempos, mas é igualmente inegável a contribuição da religiosidade nordestina à manutenção dos costumes. Traço marcante da cultura regional, a fé originou e fortaleceu a permanência de muitas manifestações populares, com destaque no Ceará para a festa do Pau da Bandeira de Santo Antônio, em Barbalha, na região do Cariri, onde os devotos carregam um mastro de mais de 23 metros de comprimento e duas toneladas até a igreja matriz, na abertura da festa do padroeiro.


CURIOSIDADES CRENDICES POPULARES As crendices populares também são associadas às comemorações. A noite que antecede o dia de Santo Antônio, considerado o “santo casamenteiro”, é o momento ideal para a realização de simpatias por parte de moças solteiras que almejam o casamento. Há a já tradicional “tortura” do Santo, de colocar sua imagem de cabeça para baixo ou separálo do menino Jesus, prometendo só restaurar a situação anterior quando arranjarem um namorado. Na noite do dia 24, dedicado a São João, uma crendice popular é a de que, deixando vários papeis enrolados, cada um com o nome de um pretendente, em uma vasilha com água, o nome do noivo (ou da noiva) será aquele que amanhecer desenrolado. Já no dia 29, dedicado a São Pedro, as crendices populares indicam, a quem quiser vender uma casa, para rezar ao “guardião das chaves do céu” e levar a uma igreja uma chave de cera com 3 fitinhas amarradas (uma rosa, uma azul e uma branca).

A SEGUIR VOCÊ CONFERE AS DELÍCIAS DO SERTÃO PELAS CHEFS. Mattu Macêdo

Marana Figlioulo

Receitas de São João por Anayde Mello VATAPÁ DE PEIXE INGREDIENTES 2 kg de filés de peixe em cubos pequenos 2 cebolas picadas 2 folhas de louro 1 talo de salsão picado

Anayde Mello

6 dentes de alho picados 1 pimentão verde picado 2 pimentas de cheiro picadas 1 xíc. azeite 1 colher de sopa de colorífico (colorau) 1 litro leite de coco 10 und pão carioquinha adormecido 1 litro de leite ½ vidro de azeite de dendê 1 pimenta malagueta

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À parte, faça uma calda com as rapaduras e a água. Retire do fogo e junte a margarina. Acrescente a calda da rapadura ainda quente aos outros ingredientes já reservados. Misture bem. Coloque em forma untada e leve ao forno moderado até que, ao enfiar um palito, esse saia limpo.

2 kg cabeça e espinha dorsal de peixe sal pimenta do reino ½ maço de coentro ½ maço de cebolinha MODO DE PREPARO Coloque o pão para amolecer no leite, liquidifique-o e reserve. Aqueça o azeite numa frigideira e acrescente o colorífico. Peneire e reserve. Numa panela, aqueça o azeite colorificado acima e doure as cebolas, com o salsão e o pimentão. Junte as cabeças e as espinhas de peixe. Incorpore o leite de coco, juntamente com os dentes de alho, a folha de louro, as pimentas de cheiro, o coentro e a cebolinha. Acrescente água até cobrir o peixe. Deixe cozinhar bem para apurar um bom caldo. Coe este caldo e volte o líquido à panela. Acrescente o filé de peixe já temperado com sal e pimenta. Depois de cozido, incorpore a massa de pão. Mexa constantemente. Ao final coloque o azeite de dendê, a pimenta malagueta picadinha e um pouco de cebolinha verde finamente picada. Corrija o sal.

Receitas de São João por Mattu Macêd BOLO PÉ DE MOLEQUE

Receitas de São João por Marana Figlioulo

INGREDIENTES

BOLO DE MILHO (BOLO DE NOIVA)

1 kg de carimã (bem lavada e espremida) ½ xícara de farinha de mandioca 1 colher (chá) de erva-doce 1 colher (chá) de cravo moído 1 colher (chá) de gengibre ralado 1 coco fresco ralado 2 colheres (sopa) de margarina 1 colher (sopa) de óleo 1 xícara(chá) de leite 4 rapaduras(de preferência as pretas) – 1 kg 4 xícaras de água (para calda de rapadura) 1 xícara de castanha trituradas Castanhas inteiras para decorar (opcional)

INGREDIENTES 3 litros de leite 1 pacote de milharina açúcar a gosto 1 colher de sal rasa 1 xícara de queijo ralado 300ml de leite de coco 3 colheres de sopa de manteiga MODO DE FAZER

MODO DE PREPARO Passe pelo liquidificador a farinha de mandioca, a erva-doce, o cravo moído e o gengibre. Misture com a carimã, o coco, o leite, uma pitada de sal e óleo. Reserve.

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Misture o leite, a milharina,o sal e o açúcar, leve ao fogo e faça uma papa. Retire do fogo e crescente o queijo ralado, o leite de coco e a manteiga, misture bem. Coloque a mistura em uma forma untada. Leve ao forno até dourar. Para fazer o bolo de noiva (foto) faça três bolos em tamanhos diferentes: um maior, um médio e um menor. Peneire açúcar de confeiteiro por cima e decore com um casal de noivos.


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CASAMENTO

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Casamento UMA CELEBRAÇÃO ANTIGA, QUE PODE SER ORIGINAL

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a conversa com amigos e conhecidos, a impressão que se tem é que hoje o casamento tradicional não é mais necessário, ou mesmo obrigatório. Muitos casais optam por morar juntos sem assinar um documento, ou até sem usar aliança. O comprometimento de um com o outro, no caso, é o que faz da união um casamento de verdade. No entanto, os números apontam em sentido contrário à ideia que parece ser dominante. Os brasileiros nunca se casaram tanto como nos últimos dez anos. É o que diz a pesquisa Síntese de Indicadores Sociais 2010, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Segundo os números resultantes, a taxa de nupcialidade em 1999 era de 6,6. Até 2002, houve uma queda, mas o índice voltou a crescer e, em 2008, chegou a 6,7. De acordo com o IBGE, o aumento no número pode ser atribuído à melhoria no acesso aos serviços de Justiça, particularmente ao registro civil de casamento. No Ceará, de cada mil pessoas, uma média de cinco casaram. Para atender a esse público, a Indústria cearense de casamento já está preparada e profissionalizada, afirma o SócioDiretor da produtora de eventos Celebre, Roberto Alves. “Chegamos a um ponto em que o mercado tinha que se profissionalizar. Hoje, não deixamos nada a dever para o eixo Rio – São Paulo”, afirma Roberto.

Detalhes da decoração da Triarte Eventos no casamento de Mariana e Raul

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Como alternativa para as grandes produções, que requerem um investimento alto, o mercado abre as portas a novas tendências, buscando reinventar o tradicional e se adaptar ao orçamento dos casais. A odontóloga Mariana Laprovítera e o administrador Raul Carneiro avaliaram com cuidado as prioridades, quando decidiram como seria seu casamento. Mariana sabia que queria duas coisas: uma era morar bem, a outra, casar na Igreja que sempre sonhou. E ela optou por inovar. A celebração aconteceu na Igreja do Cristo Rei e os 400 convidados foram recebidos pelos noivos no salão da Igreja. Na recepção, foi servido um jantar volante, com vinho e espumante. “Não faltou nada que um casamento tradicional teria, só foi mais rápido”, afirma a noiva. Dentre as tendências de casamento para 2011 estão os minicasamentos. A expressão vem de mini weddings, e é uma referência a celebrações com até 100 convidados. A jornalista Celina Paiva e o engenheiro eletricista Maik Rabelo optaram por um casamento menor, pois queriam concretizar o sonho da Lua de mel em Paris. O casal, que se conheceu em 2005, na EXPOCRATO, passou a namorar após 10 dias de trabalho-convivência intensos. Fãs de Chico Buarque, partilharam esse mesmo interesse e se apaixonaram. “Quando o vi acompanhando um especial do Chico na Televisão e cantando Tatuagem, eu pensei... é perfeito!”, afirma Celina, com um sorriso. Os noivos escolheram uma cerimônia mais íntima. “Pelo nosso temperamento, quisemos ter a presença apenas de quem realmente participou de nossa vida”, afirma Maik. O casamento aconteceu em uma manhã de julho na Capela do Bom Pastor, com 120 pessoas, recepcionadas na área aberta da Igreja de Santa Edwirges. “Dentro 60

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Detalhes da decoração do casamento de Celina e Maik

do orçamento, priorizei as fotos, escolhemos um bom fotógrafo, por que, na verdade, é o que fica”, afirma a jornalista. “Nosso casamento se utilizou do tradicional na cerimônia, no entanto a recepção foi o diferencial, pois não tivemos banda nem bebida. Nem por isso foi menos divertido”, afirmam os noivos. Na recepção, foi servido um branch, o que possibilitou que o evento fosse mais rápido. Celina deixou claro no convite que a cerimônia não sofreria nenhum atraso, pois havia a preocupação de que um horário mais avançado na manhã trouxesse desconforto, com o calor, para os convidados.


Celina e Maik em Paris, lua de mel dos sonhos

UM CASAMENTO DIFERENTE E INESQUECÍVEL... A mudança, ao longo do tempo, levou a uma personalização do evento. Não há mais a necessidade de fazer casamentos em buffets e jantares sentados, a cerimônia ganha a cara dos noivos e de suas preferências, sem deixar de pensar em agradar aos convidados, afirma Roberto. Segundo ele, estamos reinventando “o engessado” e Fortaleza não fica para trás, com a vantagem de ser uma cidade litorânea, pois cresce o número de opções por lugares diferentes. A gerente comercial Duna Uribe escolheu aproveitar o bom clima da terra do sol. Ela está nos preparativos para seu casamento com o economista de portos, Philippe Scheffer, que acontecerá na praia do Cumbuco. Duna é cearense, mas tem residência fixa na Holanda, para onde viajou a fim de fazer um mestrado e acabou conhecendo o noivo. Ela conta que optou por uma celebração aconchegante, para poucas pessoas, a família e os amigos mais próximos, que conhecem a história de amor entre os dois. A festa será ao ar livre e contará com a presença de

pessoas de vários lugares do mundo. Além de fazer uma celebração que valoriza as origens dos noivos, Duna irá inovar nas lembrancinhas de casamento: ao invés de distribuir os tradicionais bem-casados, será feita uma doação a uma instituição de caridade, em nome dos convidados. Segundo Roberto, 90% dos seus clientes procuram um casamento “diferente”, que dê ao tradicional uma releitura. Para atender a toda essa expectativa e às idéias inovadoras, o Ceará conta hoje com uma boa quantidade de fornecedores. Roberto afirma que, há 5 anos atrás, um catálogo de fornecedores para casamentos não tinha mais que 50 páginas, e hoje pode chegar a uma média de 200, com muita facilidade. A opção pelo casamento, em alta novamente, é muito pessoal, e realmente antiga. As formas de inovar na realização dessa cerimônia, entretanto, são incontáveis. E não há nada como deixar os momentos inesquecíveis com aquele jeitinho todo seu. Ainda bem que hoje a regra é não se prender às regras... c

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SABOR NACIONAL

CAIPIRINHA COM AGUARDENTE, BRANQUINHA, BIRITA, DENGOSA, PINGA, CANINHA, ENGASGA-GATO...

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erdadeira marca do Brasil no exterior, a mistura aparentemente simples entre cachaça, limão amassado, gelo e açúcar nunca foi tão popular. Embora apresentando algumas variações, como na substituição da cachaça por vodka ou o rum; ou do limão por morango, maracujá, lima e outras frutas; a receita original resiste. Os seus apreciadores podem até provar essas “novidades” mas, mais cedo ou mais tarde, retornam inevitavelmente à tradicional caipirinha. Mesmo sem haver unanimidade quanto a sua real origem, acredita-se que a bebida brasileiríssima tenha surgido no interior de São Paulo (daí o nome, que derivaria de “caipira”), como um trivial remédio contra a gripe. Do estágio inicial aos balcões dos mais variados bares, sejam eles populares ou refinados, o que se sabe é que esse clássico da coquetelaria internacional continua fascinando muitas pessoas, independente da cultura em que estão inseridas.

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Para o empresário Ricardo Reis, a caipirinha faz parte da identidade nacional brasileira

Curiosamente, a bebida tem mais prestígio fora do país do que em território nacional, o que talvez se deva ao fato da cachaça ser algumas vezes vista, por aqui, como bebida inferior, ligada às classes menos favorecidas economicamente. Não à toa, o folclorista Câmara Cascudo lista mais de setecentos sinônimos para a cachaça, o que revela sua enorme popularidade e denuncia, também, uma série de disfarces de linguagem utilizados para contornar o desprezo por parte das consideradas “boas famílias” brasileiras. Mas qual o motivo da bebida ter caído, literalmente, no gosto do público? Por que ela instiga tantas tentativas de inovação e, ainda assim, consegue preservar sua originalidade, permanentemente cultuada com o passar do tempo? De acordo com o empresário Ricardo Reis, sócio do Degusti, a caipirinha faz parte da identidade nacional exportada para o mundo inteiro. Seu segredo está em seguir a receita original, e, a partir daí, adequar-se ao gosto dos consumidores. “No Degusti, além da caipirinha tradicional, também fazemos caipirinhas com frutas como o kiwi, a siriguela, a carambola e a tangerina. Entre os nossos clientes, a bebida é bastante procurada por oferecermos essa variedade de opções”, afirma. Para Márcio Mendes, barman do Picanha do Cowboy, a caipirinha é popular principalmente entre os estrangeiros. “Quando eles chegam aqui, já posso até adivinhar o que vão pedir. Acredito que essa busca tão grande pela caipirinha se deva ao fato de que ela é ideal para apreciar a cachaça, que, se pura, tem um gosto muito forte para eles”, explica, aproveitando a deixa para revelar o mais importante no preparo da bebida: “É fundamental cortar o limão em pedaços e retirar a parte central, que é amarga. Sem ela, a caipirinha fica com um gosto bem saboroso”.

ENTENDA A DIFERENÇA ENTRE DRINKS E COQUETÉIS Ao contrário do que muitas pessoas costumam pensar, drinks e coquetéis são coisas diferentes. Enquanto os drinks são compostos por, no máximo, dois ingredientes, os coquetéis não se limitam a isso, tendo uma elaboração mais complexa, que pode incluir licores, sucos e frutas. O teor alcoólico não serve para distingui-los, pois não caracteriza particularmente nenhuma das duas bebidas. Os drinks e coquetéis mais famosos possuem registro de suas receitas junto à Associação Internacional de Bartenders (IBA).

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SEGREDOS QUE FAZEM A DIFERENÇA A tradicional caipirinha tem seus segredos. Embora os ingredientes sejam fáceis de encontrar, alguns detalhes fazem a diferença no sabor. O mais importante dos ingredientes, a cachaça, deve ter o sabor suave, não precisa, necessariamente, ser uma cachaça envelhecida, mas tem de ser bem escolhida. Já a Vodka exige maiores cuidados quanto a origem. O melhor limão é o tipo taiti, não muito grande, com a casca mais fina e bem brilhosa. Para não amargar o sabor, retire toda a parte branca que envolve o limão e está presente no miolo. Quanto ao gelo, em vez de estar em cubos, é melhor que seja picado ou moído.

VAI UM PICOLÉ DE CAIPIRINHA? Em 2010, o chef espanhol Ferran Adriá, proprietário do restaurante El Bulli (tido por quatro vezes consecutivas como o melhor do mundo pela Restaurant Magazine), apresentou, durante um congresso de gastronomia em Madri, uma invenção particular que despertou a curiosidade e até mesmo o espanto do público. Em sua aula-palestra no seminário “Teatro das ideias”, dentro da programação do Madri Fusión, ele disponibilizou, para degustação, o picolé de caipirinha, cujos ingredientes foram congelados com nitrogênio líquido e servidos em um copo com gelo. O palito, cortado da cana de açúcar, teve em sua composição cristais de ácido cítrico granulado. 64

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RECEITA DE CAIPIRINHA INGREDIENTES Um limão taiti Uma dose e meia de cachaça ou Vodka Uma colher de açúcar Oito cubos de gelo picados ou moídos MODO DE PREPARO Lave o limão, corte as duas extremidades, depois corte-o pela metade. Retire com cuidado a casca, com a parte branca junto a ela e no miolo. Coloque o limão em uma coqueteleira e adicione duas colheres de açúcar. Use um macerador pra extrair o suco, mas não amasse demais, já que aquela parte branca também está entre a casca e os gomos, e isso pode tornar a caipirinha amarga. Adicione 75 ml de cachaça ou vodka (uma dose e meia). Em seguida, bata na coqueteleira com o gelo picado e moído, e pode servir! Com cuidado, claro: consuma moderadamente.


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CARIRI

SURPRESAS DE

JUAZEIRO DO NORTE Geraldo Menezes Barbosa - Jornalista e escritor

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ão vários os caminhos que levam à grande cidade de Juazeiro do Norte, a mais populosa no Ceará depois de Fortaleza. Um recanto detentor de mil surpresas para o visitante... Tendo como fundo de cenário o azul da serra do Araripe abraçando os visitantes, a cidade ajoelha-se aos pés da Basílica da Virgem Maria, local onde aconteceram os milagres da Hóstia Consagrada, que se transformou em sangue na boca da santa beata Maria de Araujo, e no qual o Padre Cícero Romão Batista recebeu a visão de Jesus Cristo, orientando-o a pregar a maior evangelização cristã das Américas. O lugar tornou-se o santuário do Nordeste, com a visitação anual de três milhões de romeiros. No Brasil são 150 milhões de devotos do Padrinho que alcançam graças e milagres por sua intercessão.

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A população de Juazeiro do Norte vai além de 250 mil habitantes e detém o maior centro comercial interiorano do estado, abastecido por shopping center, mercadões, lojas e 50 municípios situados a seu redor. Indústrias de calçados, vestuários, ouro, artesanato e alumínio geram produtos para exportação. O centro da cidade vive em festa pela intensidade do seu comércio e a presença constante de turistas e romeiros. São 12 bairros interligando em avenidas com Crato, Barbalha e Missão Velha, num trânsito intenso de veículos e belas paisagens. De longe, o visitante vislumbra a monumental estátua do Padre Cícero na colina do Horto e o antigo casarão onde o sacerdote costumava recolher-se nas suas meditações e penitências. Para esse local, os devotos sobem a pé

ou de joelhos, imitando seu santo “padrinho”. Visitam o Santo Sepulcro, local místico, pedregoso, de difícil acesso, considerado sagrado, no qual beatos do passado residiram e faleceram e, segundo a lenda, para onde Jesus Cristo virá a fim de separar os justos e os pecadores, no Juízo Final. As igrejas Santuário de São Francisco, Coração de Jesus, nos Salesianos, e a Matriz de Nossa Senhora das Dores são as mas belas arquiteturas do interior do Nordeste, sendo a capela do Socorro a mais visitada, devido a estar sepultado, em seu interior, o Padre Cícero. Os devotos vão agradecer as graças alcançadas e pedir por bênçãos e proteção. São 120 mil alunos na rede escolar de Juazeiro do Norte, c

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dominando a Universidade Federal e Regional e 50 cursos superiores das Faculdades particulares, destacando-se Medicina, Odontologia, Farmácia, Enfermagem, Direito, Fisioterapia e Engenharia. Há o Instituto Cultural do Vale Caririense que reúne a intelectualidade juazeirense. Possui duas estações de TV, seis emissoras de rádio e o Memorial Padre Cícero. A rede hoteleira é múltipla, contando com um hotel cinco estrelas, vários de três estrelas, dezenas de confortáveis pousadas e centenas de hospedarias para romeiros. Os restaurantes estendem-se pelo centro e periferia, alguns sofisticados. Seu aeroporto liga o País com oito vôos diários em boeings de l40 passageiros. Duas estações rodoviárias, com ônibus para o Norte e Sul e dezenas de postos de topics, vans e outros coletivos. 68

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Conhecida como capital do folclore, esta cidade reúne o sentimento popular do sertão, mantendo grupos de danças tradicionais, reisados, lapinhas, maneiro pau, xaxado bandas cabaçais, emboladores, grupos de poetas repentistas e trovadores, cantores e conjuntos musicais apresentando-se na gigantesca praça de eventos “Juá Forró”, para 30 mil espectadores. Misticismo, trabalho, progresso e alegria são as pilastras que fazem da terra do “Padim Ciço” a cidade das surpresas que agradam o corpo e a alma, entre elas a envolvente hospitalidade e o carinho de um povo feliz. Juazeiro do Norte estará comemorando seu Centenário no dia 22 de julho de 2011 e você está convidado para esta festa.


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ALERGIA OU INTOLERÂNCIA ALIMENTAR?

VIDA SAUDÁVEL

Por Nívea Albuquerque

Os alimentos que costumamos consumir nem sempre são inofensivos

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s olhos começam a coçar, há uma crise de espirros, surgem placas e manchas na pele, diarréia, dor, vômitos, tudo isso depois de comer algo aparentemente “inocente”!? Pode ser alergia ou intolerância alimentar. Você sabe a diferença? Que medidas devem ser adotadas?

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As “crises alérgicas” podem se manifestar de formas variadas. As simples provocam reações na pele (coceira, urticária), no sistema gastrointestinal, (náuseas, vômitos, dor, diarréia) e no trato respiratório (espirros, tosse, crise de asma). As mais graves podem se dar após a ingestão de mínimas quantidades do alimento e de forma imediata, após minutos ou horas. Um exemplo típico de reação mais grave é quando a pessoa come caranguejo e imediatamente apresenta coceira e inchaço nas pálpebras. Neste caso, além dos sintomas na pele, o alérgico pode ter vômitos, falta de ar, sensação de sufocamento, alterações da pressão sanguínea (choque anafilático) e até ir a óbito, caso não receba rapidamente o tratamento adequado. Vários fatores contribuem para que se desenvolvam ou acentuem os sintomas de uma alergia alimentar. Entre eles estão a hereditariedade, a exposição antes dos três anos de idade a determinados alimentos (ovo, leite de vaca), a permeabilidade intestinal e fatores ambientais. A sensibilização a esses alimentos depende dos hábitos alimentares e varia de indivíduo para indivíduo. Lembrese que qualquer alimento pode ser capaz de desencadear uma reação alérgica. Além dos já citados, há a soja e o trigo. Os que podem provocar reações mais graves são, ainda: amendoim, crustáceos, leite de vaca e nozes. E, para quem é alérgico a caranguejo, não adianta tentar “driblar” a alergia tomando um antialérgico antes de sair para a caranguejada de quinta-feira à noite. Em algumas situações, a restrição dietética é a única saída para evitar as manifestações alérgicas (por isso, é necessário ler bem os rótulos e saber os componentes dos alimentos consumidos). Embora a alergia alimentar não tenha cura, quando tratada adequadamente pode haver uma diminuição considerável dos sintomas. “Em alguns casos específicos, é realizada uma dessensibilização oral, em que quantidades progressivas do alimento são administradas até que o organismo o tolere. Porém, este tratamento tem riscos e deve ser realizado sob a supervisão de um alergologista” afirma Dra. Fabiane Pomiecinski, médica e mestre em alergologia e imunologia pela Faculdade de Medicina da USP.

Quem apresentar sintomas de alergia alimentar deve anotar quais alimentos estão associados ao surgimento desses sintomas e buscar orientação profissional com um alergologista e um nutricionista. Entre outras providências, é necessário investigar o histórico alimentar da pessoa, realizar exames e substituir o(s) alimento(s) alérgeno(s) por outro(s) que forneça(m) nutrientes semelhantes.

CONTROLANDO OS SINTOMAS DA INTOLERÂNCIA ALIMENTAR: É fácil, no cotidiano, se confundir alergia com intolerância alimentar. Porém, a intolerância é muito mais comum do que as alergias e quase todos nós experimentamos ou experimentaremos ao menos um episódio de intolerância alimentar ao longo da vida. A intolerância alimentar é uma resposta anormal do sistema digestivo ao alimento. Pode se manifestar com náuseas, vômitos, dor abdominal, azia, distensão abdominal, flatulência, gases, cólicas e diarréia. A intolerância não envolve produção de anticorpos pelo sistema de defesa. Ela ocorre quando um alimento tem efeito nocivo sobre o sistema digestivo, há ausência/ insuficiência na produção de determinada enzima digestiva ou ocorre uma reação anormal a certos aditivos, corantes e conservantes presentes nos alimentos. c

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Uma das formas mais comuns de intolerância é a intolerância a lactose (açúcar do leite). A deficiência de uma enzima chamada lactase afeta de 10-25% dos adultos no ocidente e de 75-90 % dos adultos de origem asiática. Pessoas com esta deficiência apresentam sintomas desagradáveis como náuseas, dor e desconforto abdominal, gases e diarréia quando consomem leite e derivados ou alimentos que os contenham. A intolerância alimentar é geralmente dependente da quantidade ingerida. Por exemplo: frequentemente, portadores de intolerância a lactose conseguem beber pequenas quantidades de leite sem apresentar sintomas significativos, mas ao consumir várias porções de lácteos ou quantidade maior de leite passam a sofrer desordens digestivas. Na maioria das vezes, o diagnóstico é baseado em tentativa e erro, para identificar qual ou quais alimentos produzem a intolerância. Inicia-se então a exclusão dos alimentos suspeitos, até haver o alívio dos sintomas. Depois de um período, eles são reintroduzidos

gradativamente, para se observar qual pode ter sido responsável por desencadear os sintomas (estes procedimentos devem ser orientados e supervisionados por um nutricionista ou médico). O tratamento da intolerância alimentar consiste em evitar ou reduzir o consumo dos alimentos relacionados à intolerância, controlando os sintomas à medida que eles surgem. Devido ao desconforto que a intolerância à lactose causa, é muito comum que se use dietas com a restrição ou eliminação dos laticínios, que podem levar à falta de cálcio. É importante lembrar que, diante dessa estratégia de exclusão total de lácteos e derivados, é necessário um incremento na dieta com outros alimentos ricos em cálcio, como vegetais de cor verde escura (brócolis, couve, agrião), repolho, nabo e peixes de ossos moles, como o salmão e a sardinha, mariscos e camarão. A indústria alimentícia tem se adaptado a essa crescente demanda e hoje disponibiliza leites e derivados especialmente desenvolvidos, com baixo teor de lactose.

DICAS PARA MINIMIZAR OS PROBLEMAS DECORRENTES DA INTOLERÂNCIA À LACTOSE: • Quando é possível tolerar o consumo de iogurtes, prefira aqueles cujos rótulos dizem conter “culturas ativas”, pois possuem bactérias não nocivas e auxiliam na digestão da lactose. • Reduza e fracione a ingestão de leite durante o dia. Descubra seu limite de tolerância e anote a quantidade como referência. • Quanto a requeijões cremosos, opte pelos que possuem maior quantidade de amido. • A lactase pode ser suplementada em forma de cápsulas, fale com seu médico. • Consulte sempre os rótulos dos medicamentos, pois alguns usam a lactose como excipiente.

PÃEZINHOS DE POLVILHO

Esta receita não contém: leite, soja, trigo

INGREDIENTES Massa 2 ovos 1 xícara de chá de água ¾ xícara de chá de óleo 4 colheres de sopa de farinha de milho 1 colher de café de sal 2 xícaras de chá de polvilho azedo Óleo suficiente para untar forminhas de empadinha MODO DE PREPARO 1. Em um liquidificador, coloque os ovos, a água, o óleo, a farinha de milho e o sal e bata bem, até formar uma massa homogênea. 2. Acrescente o polvilho azedo e bata novamente. 3. Reserve 4. Unte forminhas de empadinha com óleo e préaqueça o forno. 5. Coloque a massa líquida até a metade de cada forminha. 6. Leve para assar com as forminhas em uma assadeira grande por 20 minutos em forno médio. 7. Desenforme os pãezinhos e sirva ainda quente.

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COMPORTAMENTO

De “HOMO SÍSIFOS” a HOMO SAPIENS

Por Sara Carneiro

(obsessões). Mas na grande maioria das vezes, a pessoas SABEM que seu comportamento é irracional, simplesmente não consegue evitá-lo. No nosso clube do “homo sísifos”, não realizamos rituais simples, mas esquemas complexos de comportamentos que nos levam sempre às mesmas circunstâncias, exatamente as que queríamos evitar. Levamos a nossa vida (no trabalho, nos relacionamentos, com nossos filhos, etc.) como num disco arranhado, condenados sempre a repetir as mesmas partes da música. E simplesmente NÃO NOS DAMOS CONTA DISSO. Ao invés de perceber esses padrões de comportamento, culpamos os outros, o mundo, o aquecimento global, a queda da bolsa... O PODER DA REINVENÇÃO DE SI MESMO: DE VÍTIMA A PROTAGONISTA

Por que não conseguimos deixar de repetir comportamentos que nos fazem mal? Você já se envolveu vezes e vezes sem conta com parceiros “errados”, empregos ruins, chefes inescrupulosos, contas que nunca consegue pagar, chocolates que entram espontaneamente na sua boca até o fim da caixa? Não teve a impressão de já ter visto esse filme? Ou que mundo está contra você e tudo acaba sempre dando errado, por mais que você se esforce? Então seja bem-vindo (a) ao clube dos “homo sísifos”! Diz o mito grego que nosso clube nasceu quando, ao ser jogado no inferno, Sísifo foi condenado pelos Deuses por toda a eternidade a rolar uma pedra de mármore até o cume de uma montanha, sendo que toda vez que estava quase alcançando o topo, a pedra rolava novamente montanha abaixo até o ponto de partida, por meio de uma força irresistível. O mito não conta, mas provavelmente o coitadinho tinha que correr muito na descida para não ser esmagado pela pedra e, ainda sim, Sísifo começava tudo outra vez... A maioria de nós já ouviu falar de pessoas que lavam as mãos compulsivamente, não pisam em linhas, arrumam objetos de determinada maneira. Esses rituais somados a outros fatores tão importantes quanto levam os especialistas ao diagnóstico de Transtorno Obsessivo Compulsivo (o famoso TOC). Geralmente, no TOC o paciente se vê compelido a realizar “tarefas” ritualizadas (compulsões) para evitar conseqüências aterrorizantes 74

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Na compulsão à repetição (ou comportamentos autodestrutivos, auto-sabotagem, medo do sucesso) estamos presos a conjuntos de crenças, atos, comportamentos complexos, dos quais não temos praticamente consciência ou controle. Sair da posição de vítima para a de protagonista é o primeiro e grande passo na evolução para homo sapiens, aquele que pode definir seu próprio destino com criatividade, racionalidade e emoção. É imprenscindível que a pessoa se dê conta, perceba seus padrões de repetição. Quantas e quais pedras estou sempre rolando montanha acima, somente para vê-las cair atrás de mim e começar tudo de novo? Entender o que se passa dentro de você é o passo número dois. “Que sentimentos, crenças, percepções, memórias estão envolvidos no meu comportamento? Por que eu ajo sempre assim?” Essa pode ser uma etapa dolorosa desse processo de autodescoberta. Traumas e lembranças desagradáveis poderão vir à tona e NADA ACONTECE POR ACASO. Em geral, somos muito influenciados pelas nossas primeiras relações: pai, mãe, irmãos, cuidadores, pessoas de referência. Essas relações devem ser exploradas. A seguir, temos de nos lamentar por tudo o que nos aconteceu e por todas as oportunidades que perdemos; o que os psicólogos costumam chamar de processo de luto, consternação. Depois desta etapa, estaremos prontos para deixar o muro das lamentações e partir para a ação, para a reinvenção de nós mesmos. A compreensão do passado dá a liberdade de viver mais plenamente o futuro. E, muitas vezes, isso significa perdoar aos outros e a nós mesmos. A caminhada evolutiva de “homo sísifos” a homo sapiens é longa e mais tortuosa do que pode parecer (“ah, falar é fácil”), mas não dura milhões de anos! Procure se cercar de todo apoio que puder, inclusive de um profissional capaz de acompanhá-lo, sem julgamentos, nessa jornada. Somente aí você estará pronto para tentar, provar, experimentar novos sentimentos, percepções, crenças e comportamentos. Livres do nosso disco arranhado, escolhendo quando e qual música queremos ouvir, alcançaremos finalmente o status de homo sapiens. Um ser humano pleno e cheio de possibilidades. E, acredite, o clube do “homo sísifos” não é um clube, é uma prisão...


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CEARENSE POR ESCOLHA

CHEF BERNARD

TWARDY: EUROPA, CARIBE, BRASIL

O DESBRAVADOR DOS SABORES

CEARENSES

Por Renato Barros de Castro

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omo um menino travesso, que passou por diversos internatos sem dedicarse muito a estudos, poderia se tornar um renomado chef da culinária internacional, levando experiências culinárias de diversas nações até um país bem distante de suas origens? A resposta para essa pergunta é a trajetória de Bernard Twardy, que escolheu o calor das terras cearenses para desbravar ainda mais os sabores e segredos de sua profissão.

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Twardy (nascido em Bonn, 1953), filho de uma psicanalista francesa e de um empresário e gastrônomo, presidente do Clube de Cozinheiros de Colônia, Alemanha, foi morar em Paris aos três anos de idade. Desde cedo, na capital da França, a culinária exerceu forte influência em sua vida. Com apenas 15 anos decidiu entrar para uma Aprentissage de cuisinier (Aprendizagem de Cozinheiro), em Melun, dando início a uma longa e sólida carreira. Os caminhos que o levaram às artes da culinária, entretanto, apareceram de uma forma bem curiosa em sua vida. Depois de desapontar a família com as notas

Como convidado, Bernard expõe seus conhecimentos para os alunos de Gastronomia e Turismo da FANOR

escolares e a rebeldia típica de muitos jovens, seu pai lhe propôs um mês de férias na Escandinávia, com o objetivo de fazê-lo refletir a respeito do caminho que gostaria de seguir na vida e decidir o trabalho que iria assumir. “Escolhi a culinária porque vislumbrei nela uma profissão sem fronteiras, que me permitiria viajar o mundo inteiro e conhecer várias culturas”, explica Bernard, convicto: “Afinal, a linguagem da cozinha é uma linguagem universal”. Logo após ter feito sua escolha, estudou Administração Hoteleira com foco em Gastronomia em Heidelberg, na Alemanha, e obteve Diploma Técnico Superior de Cozinha pela École Hotelière (Escola Hoteleira) de Paris. A partir daí, começou a percorrer os mais renomados hotéis europeus e africanos, até estar apto a embarcar em uma aventura mais desafiadora: “Para mudar de ares, sair da Europa (onde já tinha aprendido bastante), comprei um veleiro, o Galaxie, que promovia passeios de charter c

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com serviço especial de cozinha a bordo e trabalhava 39 semanas por ano, entre o Caribe e o Mediterrâneo. Foi uma ótima experiência. Eu tinha de me adaptar à identidade cultural das pessoas, compondo pratos personalizados”. Além de proporcionar novos conhecimentos e habilidades, essa atividade o aproximou inesperadamente de seu futuro lar, o Brasil, uma vez que os viajantes do Galaxie costumavam frequentar, nas cidades em que o veleiro ancorava, hotéis onde costumeiramente trabalhavam muitos brasileiros, que se tornariam seus amigos, fazendo surgir a curiosidade a respeito do nosso país. “Fortaleza foi amor à primeira vista. Depois de minha visita inicial, voltei aqui para um mês de férias, a fim de verificar se era exatamente o que eu estava buscando. Juntei todas as minhas coisas no Caribe, onde eu havia passado a morar, e me mudei para cá, fundando o Via Paris. Em 1989, ao deixar esse restaurante, fui convidado pelo Arialdo Pinho para o Azul do Mar, o primeiro restaurante do Beach Park, onde tive autonomia para trabalhar numa cozinha de muita qualidade”, explica. De acordo com Bernard, o principal motivo de escolher o Ceará foi ter sido muito bem acolhido pela população local, além de, na época, acreditar ter encontrado um território virgem em termos de gastronomia, pronto para ser desbravado: “... o único grande nome que despontava nessa área era Sandra Gentil, mas também me senti muito atraído a ficar por conta da diversidade de frutas e legumes existentes aqui”. Graças à experiência de ter vivido no Caribe, Bernard não encontrou nenhuma dificuldade em termos de adaptação, no que se refere ao clima. Quanto à comunicação já não foi tão fácil, e ele buscou a solução para o problema de uma forma criativa e agradável, mergulhando na língua portuguesa a partir de revistas em quadrinhos e discos de vinil que traziam impressas as letras das músicas. “Outro problema que encontrei logo na minha chegada foi a inflação galopante, que me obrigava a mudar o preço dos cardápios diariamente. Além disso, havia escassez de certos produtos. 60% do que eu costumo usar hoje não era possível encontrar naquela época, mas costumava fazer parcerias com hortas e pude contar com o apoio de muitos amigos, que também ajudavam trazendo ingredientes de outras cidades”, afirma. Atualmente coordenando a atividade gastronômica do Beach Park como Chef Corporativo, a realidade, é bem diversa: “Estou há muito tempo no Beach, local que não dá espaço à monotonia, com variedade de cardápios e equipes que interagem muito bem, comprometidas com a qualidade e a segurança alimentar. Além disso, trabalhamos num lugar bonito e bem cuidado, onde as Bernard também é membro da Sociedade Brasileira de Alta Gastronomia e ministra palestras e eventos em busca de resgatar a essência da cozinha nordestina, adequando-a aos padrões das grandes tendências das cozinhas internacionais. Prova disso é o lançamento de seu livro Cozinha Tropical Cearense, em que homenageia clientes e amigos de longa data, como o escritor Ignácio de Loyola Brandão. Também ganham destaque na obra seis cearenses que “batizaram” seus pratos preferidos: Ciro

Gomes, Mino, Renato Aragão, Lino Villaventura, Fagner e Luiza Tomé. “Com este livro, minha intenção é hastear a bandeira da culinária cearense para torná-la mais conhecida das pessoas que vivem fora do estado. Acredito que isso funcionou, pois depois do lançamento passei a ser convidado para eventos gastronômicos de peso em todo o Brasil”, festeja Bernard, que já está envolvido com a produção do segundo livro. Dessa vez, ele pretende mapear, juntamente com os parceiros Fernando Barroso e Élcio Nagano, os produtos emblemáticos do litoral, da serra e do sertão cearenses, reafirmando ainda mais seu amor pelos prazeres da terra que escolheu como sua e, ao mesmo tempo, prestandolhe tributo ao torná-la cada vez mais conhecida e apreciada mundo afora.

Bernard com o seu livro, Cozinha Tropical Cearense

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TRABALHO VOLUNTÁRIO

ESPALHANDO SORRISOS DE

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ais de 3,5 mil crianças brasileiras já podem sorrir pela primeira vez na vida. São os pacientes da Operação Sorriso do Brasil (OSB), ONG que realiza gratuitamente cirurgias de correção facial e tratamentos de fissuras labiais (lábio leporino) e palatais (fenda palatina). Esse trabalho é realizado graças à participação voluntária de médicos cirurgiões e profissionais de saúde de todo País, e a doações financeiras que sustentam o deslocamento das equipes médicas e a compra de suprimentos para as cirurgias.

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Entre os apoiadores da OSB, destaca-se a Colgate, que há 10 anos contribui financeiramente e com a doação de kits de higiene bucal para os pacientes. Nesse ano, a Colgate quer fazer mais: colocará no mercado produtos promocionais com o selo Operação Sorriso. Parte da receita obtida com a venda desses produtos será destinada à ONG, a fim de ampliar o número de crianças atendidas. Essa promoção sustentável está sendo divulgada por meio de TVs, revistas e rádios, em território nacional. A campanha começou em 22 de fevereiro nas lojas de hiper e supermercados e vai até 17 de abril. Nas farmácias, o período promocional é de 15 de março a 13 de abril. “Com isso, queremos estender nossa atuação aos consumidores que poderão contribuir para o trabalho da Operação Sorriso e ao mesmo tempo cuidar de sua saúde bucal”, afirma Adriana Petrela, do departamento de Marketing da Colgate. Neste ano, estão previstos 17 programas, que podem ser do tipo cirúrgico, pós-operatório ou educacional, em diversas cidades (confira calendário no site www. operacaosorriso.org.br), como Fortaleza, Santarém, Maceió, Manaus, Rio de Janeiro e Belo Horizonte. No primeiro caso, para a realização de cirurgias, é a demanda de pacientes, assim como o interesse e envolvimento de profissionais e instituições locais que determinará a escolha de um Estado. Os programas pós-operatórios visam acompanhar a evolução e a recuperação dos pacientes e os educacionais, ao aprimoramento de conhecimento e habilidades dos voluntários médicos e outros profissionais de saúde.

HISTÓRIAS QUE EMOCIONAM

‟Gerusa cativou a equipe. Ela conversava com todos e nos ajudava, organizando quem estava indo e vindo pelos corredores. Quando chegou à estação de anestesia, a maioria dos membros do time falava espanhol e Gerusa decidiu que ela também podia. Pude conversar e brincar com ela. Fomos andar de elevador e ela me disse que se sentia como se estivesse voando, pois nunca tinha estado num elevador antes, apenas os tinha visto em filmes. Por causa da sua fístula aberta, Gerusa me mostrou como ela enchia balões, tapando as narinas para que o ar entrasse no balão. A boa notícia é que agora ela poderá encher balões como as outras crianças, sem precisar segurar o nariz”. Os heróis não são apenas profissionais da saúde. Quem diz isso é Clóvis Brito, diretor executivo da Operação Sorriso do Brasil: “empresas como a Colgate e todas as pessoas que nos auxiliam fazem parte dessa história”. Ele se lembra de uma criança moradora de uma comunidade a 16 horas de Santarém (PA), com acesso apenas por

Em 2010, a Operação Sorriso do Brasil realizou projetos cirúrgicos e educacionais com apoio de voluntários do exterior e de diferentes regiões do Brasil. No total, foram realizados 345 procedimentos para 246 crianças. Muitas histórias ficam para sempre na memória de quem participa, como a de Gerusa, 11 anos, de Itapajé, cidade localizada a três horas de Fortaleza. A menina encantou a coordenadora do programa, Débora Bolonhini, em Fortaleza. Tanto que Débora relatou essa experiência:

barco. “Em 2008, nossa triagem foi de apenas um dia. Um funcionário do cartório local ouviu a notícia pelo rádio e se lembrou dessa criança. Porém, mesmo que a família soubesse, não haveria como chegar a tempo no hospital. Então, esse funcionário mobilizou pessoas da comunidade que conseguiram transportar a criança em um avião monomotor. Esse engajamento de muitas pessoas para ajudar alguém, cada um fazendo uma parte, é o que faz o nosso trabalho acontecer”, conta Brito. * Nem todos os pontos de vendas terão os produtos com o selo Operação Sorriso.

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CONHEÇA A OPERAÇÃO SORRISO No Brasil, nascem por ano mais de 5,6 mil crianças que crescerão com extrema dificuldade em atividades simples como falar, sorrir ou se alimentar, por serem vítimas de uma deformidade facial conhecida como fissura palatina. A principal região de ocorrência desse problema, que só pode ser tratado com intervenções cirúrgicas, é o Nordeste do País. Foi a necessidade de combater essa situação que deu origem à ONG Operação Sorriso do Brasil, no exterior conhecida como Operation Smile. Desde 1982, a Operation Smile reúne voluntários da área de saúde para realização de procedimentos e tratamentos gratuitos a quem sofre de problemas como a fissura. Sua atuação abrange mais de 50 países. Saiba mais em www.operationsmile.org.br.

* Nem todos os pontos de vendas terão os produtos com o selo Operação Sorriso.

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CINEMA

UM ALTAR PARA O CANGAÇO

Documentário de Wolney Oliveira coloca os últimos cangaceiros na mira da câmera

Por Valéria Dallegrave

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s cangaceiros foram “bandidos” ou “heróis” do sertão? O discurso de registros oficiais e da memória oral sobre alguns episódios da época do cangaço demonstram a complexidade dessa resposta. O cinema, é claro, não poderia ficar de fora de tanta riqueza narrativa e Benjamin Abrahão, um mascate libanês, ousou entrar em contato com o mais famoso cangaceiro. Esse foi só o começo do casamento entre cangaço e cinema, hoje reiterado por Altar do Cangaço (título provisório).

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Dirigido por Wolney Oliveira, o documentário traz entrevistas com os últimos cangaceiros vivos do bando de Lampião e, antes da estréia, dá a certeza de ter valor inestimável para a cultura nordestina (e brasileira). O terceiro longa realizado por Wolney – os anteriores são Milagre em Juazeiro, docudrama de 1999, e A Ilha da Morte, ficção de 2006 – já está confirmado para a abertura do Cine Ceará de 2011. O auge do cangaço foi entre 1870 e 1940. Na época, a imprensa chegou a publicar entrevistas com Lampião (Virgulino Ferreira da Silva), em que ele declarava o principal motivo de ter entrado para o cangaço: buscar vingança pela morte dos pais, já que as autoridades não tomariam providência alguma. A arbitrariedade e parcialidade da justiça ou, em outras palavras, a liberdade com que os coronéis faziam sua vontade prevalecer através das armas dos jagunços foi o terreno fértil em que germinou esse tipo de “banditismo social”. Como a polícia, às vezes, cometia atrocidades maiores, o sertanejo pôde ver o cangaceiro no papel de herói ou justiceiro, e disseminou diversas histórias, mitificando seus expoentes. Sobre Lampião, há lendas que tratam de antes mesmo do seu nascimento, como a suposta anunciação de sua vinda nos discursos de Antônio Conselheiro. Outras vão além da morte, alegando que a cabeça decepada, apresentada como prova pelos “macacos”, na verdade não era dele, que teria vivido ainda alguns anos. O tema é tão instigante que é difícil acreditar só agora estar surgindo o primeiro documentário longa-metragem a explorá-lo.

NO RASTRO DOS CANGACEIROS

O diretor de Altar do Cangaço, Wolney Oliveira, também é responsável pela Casa Amarela Eusélio Oliveira (UFC),

Wolney Oliveira na Casa Amarela

Bastidores do filme Altar do Cangaço (título provisório)

Um dos primeiros passos na realização do filme foi a investigação para encontrar os entrevistados. O historiador João de Sousa Lima, autor do livro “Moreno e Durvinha: sangue, amor e fuga no Cangaço”, rastrejador de cangaceiros e volantes, auxiliou, mais uma vez em campo. Agora, porém, buscando encontrar os remanescentes do cangaço, da polícia e de coiteiros (pessoas que davam proteção aos cangaceiros). Além dessa colaboração, também foi importante a consultoria de Antônio Amaury Corrêa de Araújo, pesquisador que escreveu mais de dez livros sobre o assunto. A partir daí, a equipe percorreu os estados de Minas Gerais, Alagoas, Pernambuco, Sergipe, Bahia, Ceará e Rio de Janeiro. O projeto inicial, de fazer um documentário sobre Lampião, acabou sendo adiado. Wolney conta o motivo da decisão: “quando comecei, ia fazer um filme sobre Lampião, mas aí descobri vários remanescentes do cangaço, da polícia, dos coiteiros, descobri histórias maravilhosas e vi que era mais importante priorizar esse pessoal que ainda estava vivo...”. Uma dessas histórias é a de Durvinha e Moreno, que reencontram, depois de sessenta e seis anos, o filho Inácio, deixado com um padre quando tinha menos de um mês de vida (era comum os cangaceiros, tendo filhos no sertão, deixá-los para ser criados por amigos ou pessoas de confiança). Foi, de fato, uma corrida contra o tempo. Dos cinco

O filme Altar do Cangaço vai abrir o Cine Ceará, previsto para ocorrer de 09 a 16 de junho, tendo como sede, pela primeira vez, o Teatro José de Alencar

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O diretor de Altar do Cangaço, Wolney Oliveira, também é responsável pela Casa Amarela Eusélio Oliveira (UFC), que mantém um vasto acervo de filmes, vídeos e fotografias preservando a cultura local -, e oferece cursos de cinema, fotografia e animação.

O CANGAÇO NO CINEMA BRASILEIRO - Livro

solados (volantes) entrevistados, três já faleceram. Entre os quatro cangaceiros, a perda foi justo o casal Moreno (Moreno com 100 anos de idade, há alguns meses atrás, e Durvinha com 93, em 2008). Além das entrevistas, Altar do Cangaço conta com fotografias, jornais de época e inserções de outros filmes, documentários e ficções. Para levantar todo esse material e concluir o trabalho foram necessários cinco anos. Entre as dificuldades encontradas, um cangaceiro, o Vinte e Cinco, não quis ser entrevistado - ele não dá entrevistas -. Houve, também, a relutância de Inácio – que se tornou policial -, filho de Moreno e Durvinha, a princípio não permitindo a filmagem de seu encontro com pais e irmãos. Como destaque, o documentário conta com o registro da família do casal de cangaceiros assistindo às imagens do grupo de Lampião, captadas por Benjamin Abrahão em 1936, que mostram Moreno e Durvinha respectivamente com vinte e quinze anos. Aliás, uma das referências mais recentes do gênero “filmes de cangaço” é Baile Perfumado (1997), de Paulo Caldas e Lírio Ferreira, que apresentou um ponto de vista (ficcional) sobre a história e o papel de Benjamin Abrahão. Contou com uma pesquisa detalhada para a elaboração do roteiro e com as imagens originais captadas pelo mascate. A relação entre cinema e cangaço continua indo muito bem, obrigada. Wolney afirma que, depois de Altar do Cangaço, o material colhido (num total de 180h) ainda vai render um documentário apenas sobre Lampião, que era a sua intenção inicial. Aguardamos, então, para saber mais sobre o herói-bandido do sertão que em combate mantinha a espingarda com clarões ininterruptos, qual um lampião. 86

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O livro O Cangaço no Cinema Brasileiro, de Marcelo Dídimo (doutor em Multimeios pela Unicamp e professor do Curso de Graduação em Cinema e Audiovisual e da Pós-graduação em Comunicação Social da UFC), faz um necessário resgate histórico dos filmes que, de uma forma ou de outra, abordaram o tema do cangaço no cinema brasileiro, catalogando-os e dividindo-os em grupos. Os filmes escolhidos estão delimitados àqueles em que o movimento foi tema central ou que contêm personagens de destaque envolvidos com o mesmo. Sempre que possível, o autor se detém nas obras, ressaltando as características, peculiaridades e diferenças entre elas. O levantamento divide-se em seis capítulos, que abrangem desde os primórdios dos filmes de cangaço, com as imagens documentais capturadas por Benjamin Abraão, até a década de 1990, na chamada “retomada” do cinema brasileiro. Inclui o nordestern - termo criado por Salvyano Cavalcanti de Paiva para caracterizar os filmes que sofreram forte influência dos westerns estadunidenses - , o excelente O Cangaceiro (1953, de Lima Barreto, produzido pela Vera Cruz), as sátiras com Grande Otelo e Mazzaroppi, as pornochanchadas, os documentários e, claro, os filmes de Glauber Rocha que incursionaram no gênero. No capítulo sobre documentários, descobrimos alguns antecedentes de Altar do Cangaço, como Lampião, O Rei do Cangaço (de Al Ghiu, 1959), Memória do cangaço (Paulo Gil Soares, 1964) e O Último Dia de Lampião (Maurice Capovilla, 1975), entre outros... E, se você ficou com vontade de saber mais, é só conferir o livro, leitura indispensável para uma melhor compreensão da relação entre cinema e cangaço.

* A Revista Costumes agradece à Livraria Cultura por ceder suas instalações para produção de imagem de colaboradora.


ARTE E CULTURA

UMA LIVRARIA COM MUITO MAIS DO QUE LIVROS Cultura em fortaleza

Quem pensa que livraria é apenas um lugar para se comprar livros está muito enganado. A inauguração da sede da Livraria Cultura em Fortaleza, em 09 de junho de 2010, mexeu com o cenário cultural local ao oferecer um novo espaço para realização de eventos, como peças de teatro, palestras, debates, exposições, lançamentos de livros com sessão de autógrafos, pocket-shows, etc. Localizada no Shopping Varanda Mall, a livraria possui um auditório com capacidade para cem pessoas sentadas (dentro desse número, incluem-se dois cadeirantes), onde são realizados ainda versões desses eventos dirigidas a crianças e jovens, acrescentando ainda, no caso, a contação de histórias. Durante os meses de férias, há também programações especiais inusitadas (como um telescópio para se olhar mais de perto no céu noturno). Os eventos são gratuitos ou têm a entrada liberada com a entrega de um quilo de alimento não perecível. A senha, distribuída normalmente uma hora antes dos eventos, é presencial, ou seja, uma por pessoa presente no local. Esse sistema é uma medida de segurança adotada para não superlotar o espaço. Confira o que está previsto para as próximas semanas no site http://www. livrariacultura.com.br/, tire suas dúvidas e vá alimentar um pouco a alma com cultura (mas se der aquela fome, não tem problema, o Café tem também um capuccino com tapioca delicioso...).

LIVRO Cinema, a lâmina que corta

Discorrendo sobre o cinema em tom informal e apaixonado de fã da sétima arte, Walter Filho participou de um bate-papo sobre seu livro “Cinema, a Lâmina que corta”, no auditório da Livraria Cultura. O autor, cearense, bacharel em Direito e Promotor de Justiça, tem uma ligação mais aprofundada com o cinema, pois já atuou como ator e assistente de direção do filme O Sertão das Memórias, de José Araújo. Walter escolheu algumas obras cinematográficas sobre as quais disserta, no livro, destacando um ou outro elemento que se tornaram imprescindíveis para tornar cada uma delas especial. Não deixa de expor seu ponto de vista pessoal, quando “conversa” sobre os filmes, entre eles: 2001, Uma Odisséia no Espaço; Adeus, Lenin; As Invasões Bárbaras; Batismo de Sangue; Fale com Ela; Laranja Mecânica; O Piano; A Face Oculta (além de outros). O bate-papo foi ilustrado com a projeção de imagens dos filmes em questão e teve a participação especial do crítico L. G. de Miranda Leão (que vem estudando e criticando filmes há mais de cinqüenta anos). Walter Filho aproveita sua formação para lançar um olhar crítico sobre o papel do Estado em filmes como Laranja Mecânica, Mar Adentro e Em Nome do Pai. Mas vai além: analisa situações, personagens e sentimentos retratados nos filmes, trazendo-os para a nossa realidade, buscando aprender, assim, sobre o ser humano. Para ele, o cinema é uma lâmina, que corta nossa carne, nossa visão... e nos torna menos idiotas.

AS MÃES DE CHICO XAVIER Produção cearense emociona o brasil nas pré-estréias As Mães de Chico Xavier, que teve grande parte das filmagens no Ceará (além da produção, roteiro e direção estarem a cargo de cearenses, assim como boa parte da técnica), ganhou uma das principais matérias da Revista Costumes quando ainda estava em fase de pós-produção. A promoção do filme, através de 20 pré-estréias (recorde) realizadas em todo o país, tem provocado elogios e comentários emocionados. Na história, três mulheres não sabem como reagir diante da perda de entes queridos, procurando por respostas. O resultado provoca reflexões sobre temas como violência, drogas, aborto, suicídio, perdão e fé. Não é para menos que a obra está comovendo platéias já nas primeiras exibições. O diretor Halder Gomes deu suas impressões (em depoimento no facebook) sobre a primeira exibição, em Porto Alegre: “Emocionante é pouco pra descrever a reação da platéia na primeira pré-estréia! O filme tocou profundamente o coração de todos. Lágrimas, aplausos. abraços, sorrisos e esperança. Missão cumprida”. E esse foi apenas o primeiro contato com o público... O lançamento nacional está marcado para primeiro de abril e a distribuição está a cargo da Paris Filmes, com apoio promocional da Globo Filmes e do Telecine. No elenco, destacam-se Nelson Xavier, Herson Capri, Caio Blat, Neuza Borges, Via Negromonte, Daniel Dias, Vanessa Gerbelli, Tainá Müller, Gustavo Falcão Joelson Medeiros e Cristiane Gois. • Mais informações sobre As Mães de Chico Xavier e o diário dos dias de filmagem em http://asmaesdechico.blogspot.com/

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BELEZA

CHARME EM CADA GESTO

E se pedirem a sua mão?

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cuidado com mãos e unhas é imprescindível para causar uma boa impressão nas mais diversas situações. Para isso, o mercado oferece muitas novidades. Os esmaltes se reinventam a cada dia, e de dez anos para cá as cores clarinhas e o tradicional vermelho abriram espaço para a liberdade de opções mais ousadas. Sem contar as infinidades de acabamentos disponíveis - fluorescentes, foscos, com brilho, com glitter e cintilantes. A moda pegou e a indústria está se divertindo com as mulheres mais coloridas. Com tanta opção, o esmalte passou de coadjuvante à protagonista e ganhou o título de “acessório de moda”. Mudança que reflete positivamente na venda dos produtos no mercado brasileiro. Para se ter ideia, até abril de 2010 foram vendidos 65,8 milhões de unidades no país, segundo a Nielsen. A variação em volume de vendas foi de 17,8% na comparação entre o primeiro quadrimestre de 2010 e o mesmo período em 2009. Em termos de valor, o crescimento foi de 32,3%.

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Compulsiva por novidades para as mãos de uma forma geral, Priscila Macedo, também estudante de moda, declara que não pode faltar em sua bolsa uma cera nutritiva para deixar em dia a saúde das mãos e fortalecer as unhas. Ela conta que faz as unhas desde os quatorze anos, e confessa: “Minha mãe brigava muito, por que eu roía as unhas. Hoje, não passo uma semana sequer sem fazê-las”.

MODA NA PONTA DOS DEDOS Segundo Luciana, a unha virou um acessório e as tendências para esse segmento se renovam de forma quase instantânea. “Há dois anos, as marcas tradicionais de esmaltes lançavam coleções duas vezes ao ano. Hoje, isso acontece por eventos, e pelo menos quatro vezes por ano”, afirma a empresária. Uma das líderes no quesito esmaltes, a Risqué está no mercado há mais de 75 anos e há cinco formou uma parceria com o estilista Reinaldo Lourenço. Com ajuda das referências de cores e texturas dadas por ele, a equipe de criação da marca cria tendências e atende os desejos de consumo das clientes. Quanto às tendências para 2011, Luciana aposta nos esmaltes escuros, como os que foram mostrados na São Paulo Fashion Week 2011 e a coleção da Risqué, inspirada na modelo brasileira Isabeli Fontana. As cores e nomes dos esmaltes são inspirados nas atitudes da moça que, de acordo com a marca, é uma mulher doce e amável, mas dona de personalidade forte e determinada. Por isso, as cores são fortes e tem um brilho delicado. Outra tendência são as unhas decoradas. As velhas florzinhas desenhadas nas unhas francesinhas deram espaço para unhas bem elaboradas, como o degradê de cores do verde ao azul, ou mesmo uma “unha da mulher maravilha” (inspirada na bandeira dos EUA). Luciana recomenda, como opção interessante, um detalhe em todas as unhas, mas um diferenciado, mais chamativo, em apenas uma. A estudante de publicidade Erica Mavignier conta que adora lançamentos de esmaltes e está dentro das suas prioridades semanais fazer as unhas. “Como tenho a unha grande, posso fazer tudo, desde ousar na cor, até fazer uma unha estilizada, que são as que mais gosto”, afirma Erica.

Erika Mavignier adora lançamentos de esmaltes

A estudante Priscila Macedo faz as unhas desde os 14 anos

Coleção da Impala para São Paulo Fashion 2011

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A empresária Luciana explica por que a unha virou acessório

Coleção Sweet Rock’n’Roll da Risqué, inspirada na top Isabeli Fontana

O CUIDADO COM AS MÃOS Mas cuidado: para desfilar com as unhas bonitas, é preciso bem mais do que esmaltes com cores “bafônicas”, cuidados são essenciais e as mãos agradecem! E a Dermatologista Celina Albuquerque explica que a pele como um todo reflete os efeitos do envelhecimento intrínseco, próprio do avançar da idade, e extrínseco, causado principalmente pela radiação solar (UVA e UVB). No caso da pele das mãos, além desses fatores, existe ainda a agressão pelo contato freqüente com água, uso de sabões e outros produtos químicos. Ela aconselha, como essencial, o uso de filtros solares, que devem ser reaplicados a cada lavagem das mãos, ou de três em três horas. Não necessitam ser específicos para as mãos, mas o ideal é que tenham FSP 30 ou mais, com proteção contra raios UVA. O uso de hidratantes após a lavagem das mãos durante o dia ajuda a manter a proteção e a elasticidade da pele, além de promover retração da cutícula, reduzindo a necessidade de retirála. Á noite, o uso de cremes clareadores e que estimulem a produção de colágeno completa o ciclo de cuidados diários. A imersão freqüente das mãos e unhas na água pode fazer com que as unhas fiquem quebradiças, com descolamento das lâminas que as compõem, afirma a dermatologista. Ela indica, para isso, o uso de luvas para a proteção de mãos e unhas. Além disso, é bom evitar o uso frequente 90

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da acetona, que promove ressecamento: retire o esmalte semanalmente e nunca lixe em cima das unhas. Descartando causas patológicas para a fragilidade das unhas, o dermatologista poderá indicar tratamentos específicos para o fortalecimento das mesmas, como hidratantes, bases fortalecedoras à base de carbonato de cálcio, formaldeído e queratina. Outra opção são os suplementos nutricionais contendo biotina, zinco, queratina, cistina e cisteína, que podem auxiliar nesse processo. Tudo bem, você pode não estar acompanhando as mudanças nas unhas de Lady Gaga, mas manter uma mão bonita é essencial para a auto-estima de qualquer mulher. Variar um pouco a cor do esmalte também é uma boa ideia. Então aproveite, as dicas estão todas aí, é só seguir... SERVIÇO: Clube do Esmalte Rua Doutor José Lourenço, 510 Tel.: (85) 3067-3131 Dra. Celina Albuquerque Av. Santos Dumont 5753 sala 202 (85) 3032 3142 / 3032 3152


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POR AMOR AOS ANIMAIS

AMOR NA MEDIDA CERTA

ESCOLHENDO ROUPA PARA SEU PET

Q

ue roupa vestir hoje? Jaqueta, blusa de gola role, roupa de surfe, traje de gala, fantasia de natal, camiseta de futebol...? A preocupação é humana, só que, algumas vezes, trata da escolha feita pelos donos para caracterizar seu bicho de estimação. E são tantas opções no mercado, que dá para montar um closet dos mais variados só para os pets. Será exagero?! a despesa é maior, muitas vezes as aquisições são úteis para facilitar o dia-a-dia dos donos.

Victor e a lhasa apso Xeluí

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Pet Fashion Week São Paulo 2010

No Brasil, existe hoje uma média de 25 milhões de cães e sete milhões de gatos domésticos, são os números mais atualizados para o país, segundo o Radar Pet 2009, em pesquisa inédita com representantes das classes econômicas A, B e C. Dentro dessa estimativa, há uma boa parcela de donos muitas vezes ávidos por dar ao seu companheiro características humanas, com o uso de roupas ou acessórios. Dona de 28 cachorros e proprietária do Alphaville Dog, Narriman Borges confirma que, como membros da família, os bichos de estimação recebem atenções e mimos. Ela considera que, mesmo quando a despesa é maior, muitas vezes as aquisições são úteis para facilitar o dia-a-dia dos donos. O psicólogo Ciro Goiana explica que os donos de pets acreditam ser compreendidos pelos animais, que não vêem nossos defeitos, não nos criticam nem querem nos mudar, simplesmente nos amam, com um amor fiel e incondicional. Daí nós, humanos, expressamos o carinho que sentimos por nossos amigos peludos com “presentes” e cuidados especiais. “Assim como gostamos de cuidar das roupas e acessórios dos nossos filhos, também o fazemos com os animais, para agradá-los e demonstrar ao social o

cuidado ou o status dado ao bichinho”, afirma Ciro. O mercado, é claro, não iria perder uma fonte de renda como essa. Hoje em dia, é fácil encontrar todo tipo de roupas para vestir os bichos, os cães, principalmente. Existe até evento de moda: o Pet Fashion Week São Paulo, que é a edição brasileira do mais respeitado evento estadunidense voltado para o segmento. Criado há cinco anos, com edições anuais em New York, nos dois últimos anos aconteceu também no Japão. Em sua primeira edição brasileira, em abril de 2010, os bichinhos desfilaram coleções de grifes brasileiras e estrangeiras, acompanhados de modelos (humanos) profissionais. Mas é saudável manter um questionamento quanto ao tipo de roupas e acessórios para o seu pet. Por exemplo, no nosso clima, é preciso cuidado para as roupas não agravarem o calor, causando desconforto e podendo provocar até doenças. E lembre, também, de um alerta necessário: a excessiva humanização dos pets pode ser prejudicial a eles mesmos, desenvolvendo ansiedade, dependência exagerada e até gastrite, pois nem tudo que comemos é bem aceito pelo seu sistema digestivo... c

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No Alphaville Dog, além de roupas os bichinhos têm direito a penteados com os mais diversos tipos de acessórios

Danielle Azambuja com Brenda, sua yorkshire e também modelo do site Cheios de Graça

NEGÓCIO BOM PRA CACHORRO Mas a ideia de fornecer roupas para cães pode ser um negócio excelente. A empresária cearense Fran Pinheiro percebeu a possibilidade de obter retorno financeiro com a “moda” e, há seis anos, montou um ateliê especializado em roupas caninas. “Tudo teve ínicio quando, pesquisando na internet sobre cachorros, comecei a ver as roupinhas em sites especializados. Passei a pegar os modelos e confeccioná-los, mas sempre saíam diferentes, assim fui criando meu próprio estilo”, afirma a empresária, dona de cinco cachorros. Fran chega a vender até 50 peças por mês e usa seus cachorros como modelos. “Quando vou dar uma volta na Beira-mar, levo os cachorrinhos vestidos e é sempre um sucesso”, afirma ela. As roupas são confeccionadas com tecido hipoalergênico e sempre com modelos mais abertos, adaptados ao nosso clima, para que não sufoquem os animais. A veterinária Verônica Freitas explica que a ideia pode ser interessante, pois os animais domésticos também são suscetíveis ao ar condicionado ou mesmo ao sol. “Como a maioria dos cachorros são tosados, é importante agasalhá-los de acordo com o ambiente. Assim como nós, eles sentem frio, e quando o 94

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pêlo está ralo ficam ainda mais propensos ao câncer de pele”, afirma a médica. Segundo a veterinária, a roupa de cachorro não deve provocar atrito com o pêlo, para isso, é indicado um forro. O náilon e o cetim são os mais usados para forrar as peças. Por fora, predominam malha, flanela e algodão. “Os donos não querem só beleza, querem também funcionalidade, ou seja, a roupa tem que aquecer o cachorro, ser confortável e resistente, já que eles se deitam em qualquer canto, sem deixar de ser bonita”, afirma Verônica. Quanto aos gatos, a médica explica que as roupas devem ter elásticos para que o felino consiga tirar, pois se não for acostumado desde pequeno a usá-las, na ânsia de tirar, pode se sufocar. Na casa do Engenheiro agrônomo Raimundo Brasil, quem reina é a lhasa apso Xeluí. Pai de dois filhos adultos, o engenheiro conta que a alegria da casa é a cachorrinha. “Os meninos crescem e ficam menos carinhosos e a Xeluí é um amor comigo. Não tem como não amá-la, com o carinho que demonstra por nós”, afirma o dono da cachorrinha. O filho do Sr. Brasil, o advogado Victor Brasil foi quem


Modelos Pets by Fran Pinheiro

Narriman e seus pets modelos

trouxe Xeluí para casa. “A ganhei de uma cliente minha e a trouxe para casa, enquanto não tinha outro lugar, mas todos se apegaram e hoje ela é o xodó do meu pai”, afirma o filho. O dono da cachorrinha conta que as datas comemorativas não passam em branco para Xeluí, e ela sempre está vestida a caráter. Para a dona da loja online Cheios de Graça, a paulista Danielle Azambuja, a “roupinha” não pode ser de má qualidade, malfeita, pois os consumidores estão cada vez mais exigentes. “Uma roupa para pet deve obedecer aos mesmos critérios de criação de uma roupa para pessoas. Deve ter elegância, personalidade.”, afirma a empresária. Formada em Turismo, a viagem atual, para Danielle, é oferecer opções para pets de todas as raças e portes, com aconchego e conforto para animais que se tornaram, no decorrer dos séculos, participantes ativos do nosso presente. O processo criativo das peças é um autêntico “arregaçar de mangas”. Ela explica que tudo começa com

muita pesquisa: criações, novas e antigas tendências, o resgate do passado. Com esses dados, é efetivada a tempestade de ideias junto aos membros da equipe, ou somente na companhia de Brenda, sua yorkshire, também modelo do site. Danielle não segue a linha do que está “na moda”, de estar acompanhando radicalmente tendências. O mais importante, para ela, é a roupa do pet fazer feliz ao seu criador, e ao próprio pet. A estilista tem a convicção de que cada animal sente que está vestindo algo bonito, confortável e, mesmo que indiretamente, vai expressar essa felicidade. Será? Exageros à parte, o certo é que, como entre humanos, todas as formas de expressar amor pelos animais podem ser consideradas válidas, desde que se mantenha o respeito para com eles. c

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GÔNDOLA

BLOWTEX PREMIUM A Blowtex, empresa que possui a maior linha de preservativos do Brasil, inova mais uma vez e lança a exclusiva linha de preservativos feitos em poliisopreno, diferente do tradicional látex. O Blowtex Premium, fabricado com material mais macio, oferece maior conforto e proporciona uma sensibilidade incomparável, além de ser uma alternativa para os consumidores alérgicos ao látex. O Blowtex Premium é, também, vendido na inovadora embalagem disk, muito mais prática para abrir ou guardar o produto.

LINGUIÇAS NOBRES GRANJA REGINA A Granja Regina sabe da importância de reunir a família e os amigos para um bom papo em volta de uma mesa farta de coisas boas. Para deixar esse momento ainda mais gostoso, está lançando a linha de linguiças nobres. Temperadas com especiarias naturais e elaboradas com os melhores cortes de frango e suíno, as novas linguiças conquistam pelo requinte, praticidade e frescor. Disponíveis em três sabores: frango, pernil e calabresa aperitivo. A de peito de frango é leve, com menos gordura e muito mais saudável. A de pernil tem o sabor incomparável do pernil suíno, em uma linguiça fininha e fácil de preparar e a calabresa aperitivo é feita com cortes nobres de suíno, levemente apimentada, ideal pra reunir os amigos.

CHOCOLATÍSSIMO Uma excelente sugestão para fazer sucesso são as misturas pra bolo da linha Chocolatíssimo, da marca Dona Benta. São produtos elaborados com o mais puro cacau brasileiro e a exclusiva farinha de trigo Dona Benta, resultando em bolos deliciosos, de textura diferenciada, com muito mais chocolate e zero por cento gordura trans. Os produtos Chocolatíssimo são fáceis de preparar e estão disponíveis nos sabores Brownie, Chocolate Cremoso e Chocolate Suíço, sempre em embalagem de 450g. Para encontrar excelentes dicas de cozinha, e escolher sua receita especial, acesse o site www.donabenta.com.br.

NESCAFÉ DOLCE GUSTO Quer agradar toda a família? Então use Nescafé Dolce Gusto, a máquina que transforma sua casa em uma verdadeira cafeteria. Ela é linda, moderna, tem cápsulas exclusivas e até recebeu prêmios pelo seu design. Possui três modelos: Melody, Circolo e Piccolo. Você só precisa escolher uma das 10 variedades das deliciosas bebidas e degustar: Espresso, Espresso Intenso, Espresso Decaffeinato, Caffè Lungo, Cappuccino, Latte Macchiato, Chococino, Mocha e mais duas opções de bebidas frias: Nestea Pêssego e Cappuccino Ice. É a única máquina que oferece bebidas quentes e frias. Nescafé Dolce Gusto: finalmente, uma cafeteria na sua casa! 96

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TORTINHAS FORTALEZA A Fortaleza criou uma verdadeira sobremesa em forma de biscoito: Tortinhas Fortaleza. Livre de gordura trans, o biscoito sem tampa oferece muito mais recheio. Com massa crocante e textura macia, Tortinhas pode ser apreciado por crianças e adultos em várias ocasiões, nos recreios escolares, ou até mesmo em almoços e jantares, dos mais simples aos mais sofisticados. Ótimo para ser compartilhado com amigos e familiares e viver o gostinho de cada momento. Não perca tempo e prove Tortinhas em pacotes de 150g nos sabores chocolate, morango e limão.

LEITES ESPECIAIS BETÂNIA A linha de Leites Especiais Betânia é composta pelos leites UHT Baixa Lactose e Rico em Cálcio, representando um avanço tecnológico, além de manter todos os benefícios do leite. Pensando nos consumidores que possuem intolerância à lactose, a Betânia desenvolveu o Leite UHT com baixo teor de lactose, que pode ser consumido por esse público. Outra grande vantagem é a possibilidade de realização de receitas que levam leite. Já para os consumidores que necessitam de um maior aporte de cálcio, a Betânia desenvolveu o Leite UHT Rico em Cálcio, uma forma eficiente de adicionar uma maior quantidade desse mineral tão essencial para o organismo, além de ser também rico em Selênio e Zinco.

CALDO KNORR O novo Potinho de Caldo Knorr é um caldo diferente de todos os outros do mercado. Feito com ingredientes naturais e cozidos bem devagarinho, o Potinho de Caldo Knorr, possui um processo inovador, que permite o uso de menos sal, resultando em um caldo com zero por cento de gordura e 25% menos sódio que o caldo em cubo.

LA FELICITÀ È UN GELATO Com essa frase, o Nonno Vittorio Scabin resumia toda a sua dedicação ao Diletto, um sorvete artesanal, feito com frutas frescas e neve. O ano era 1922, e o local era o pequeno vilarejo de Seppada, na região do Vêneto. O cuidado no preparo e na seleção dos ingredientes naturais fazia do Diletto um sorvete delicioso e saudável. Mas veio a grande guerra, e Vittorio viuse obrigado a deixar a Itália e construir vida nova no Brasil. Hoje, quase um século depois, a tradição continua pelas mãos de seus netos, que uniram as evoluções da indústria às sutilezas do processo artesanal desenvolvido pelo nonno. Vittorio Scabin deixou para seus netos o legado do Diletto, com a dedicação, o perfeccionismo e a paixão fundamentais para transformar simples picolés em raras e deliciosas porções de felicidade. c

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CHECK OUT

UM BOSQUE QUE POSSO TAMBÉM

CHAMAR DE MEU

Por Nazareno Albuquerque

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cidade de Fortaleza, na ausência de espaços verdes suntuosos, a exemplo de capitais como o Rio de Janeiro, Recife, João Pessoa e Curitiba, tem uma praça acochegante chamada de bosque. O Bosque Eudoro Correia tem pouco mais de 10 mil metros quadrados, na região mais valorizada da cidade, o bairro da Aldeota. Sobrevivente dos “anos de ferro”, a praça foi doada pelo Exército para que a prefeitura fizesse dela um espaço público para a cidade. Antes disso, era campo de treinamento hípico para os militares. Foi um grande presente. De posse da dádiva urbana, o então prefeito Evandro Ayres de Moura, do qual fui assessor, em uma certa manhã me perguntou o que poderia ser feito naquele local, já que o dinheiro para construir uma grande praça era escasso, etc, etc. Foi então que lhe sugeri que fizesse “algo diferente” das praças usuais da cidade, um espaço sombreado, pequeno para um bosque, mas o suficiente para as pessoas passearem mesmo a sol pleno. Uma reedição da praça do Passeio Público com suas relíquias frondosas, como o Baobá trazido da África por um navegante conquistador. Era tudo o que desejava Evandro, financista oriundo do Banco do Brasil e disciplinado na prática do custo/ benefício. “Um bosque na Aldeota, Nazareno”, exclamou, com um riso largo que ressoou através dos portais do velho Paço da Sé. Era um tempo sem legislação ambiental, trejeitos de ecologistas, exigências ambientais, liminares fáceis e coisas tais. Os espaços verdes da cidade nasciam do coração dos gestores e dos ricos que rodeavam suas mansões com grandes fruteiras e belos jardins. Nada os obrigava por lei a manter o verde de Fortaleza, e assim foram preservadas lagoas como as de Parangaba e Maraponga, o Parque 98

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da Criança, os Parques do riacho Pajeú e Adahil Barreto, o verde da Gentilandia e a naturalmente bonita Praça da Imprensa. Todos por inspiração de homens de boa vontade, e não determinados por hipócritas e trejeitosas leis ambientais. Cerca de 200 árvores foram selecionadas pela equipe de Evandro para plantio no Bosque, em um evento público onde várias autoridades e empresários semearam mudas, de forma meio aleatória, mas todas de árvores frondosas e de variedades as mais diversas. Do bambu ao paud´arco, acácias e eucaliptos que pudessem sobreviver com pouca água, considerando o congênito descaso da cidade para com os espaços públicos, que 30 anos depois ainda persiste. Elas cresceram e se tornaram bênçãos da natureza, abrigos de passarinhos que cantam o dia todo nos seus galhos mais pertos do céu, recanto de bons papos e de uma feira permanente de plantas e flores para jardinagem de variedades diversas, que fazem bem aos olhos e ao coração. São tantos os quiosques, que acabaram tornando o bosque também conhecido como Praça das Flores. Obrigado, prefeito e amigo Evandro, pelo seu singelo legado a esta cidade sem inventividade administrativa. Já imaginaram se Fortaleza empreendesse ambientalmente nas suas dezenas de praças abandonadas, sinalizando de verde os espaços públicos ameaçados por olheiros insaciáveis do mercado e, portanto, sob o risco de, da noite para o dia, virar espaço privado de algum especulador esperto? O Bosque Eudoro Correia, ou Praça das Flores, é um pedacinho de chão do qual me orgulho, por ter tido o lampejo de propô-lo para a minha cidade. Um lugar que posso chamar também de meu.


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