maio 2012 nº03 • www.nestamagazine.com há empreendedorismo
Mais... Vitamimos Medbone UniPlaces Toppot WaterCooker Ginásio Mental ... e outras tendências!
Startup Lisboa Respira-se empreendedorismo na Baixa
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Indíce
MAIO ‘12
10 StartUp Lisboa
Respira-se empreendedorismo na baixa
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Medbone
O osso português
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UniPlaces
Encontrar casa na “Berlim com sol”
6 Vitamimos
A construir bons hábitos desde pequeninos
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Top Pot Water Cooker
Ginásio Mental
Enpreender a desenvolver as novas gerações
A cozinha profissional ao alcance de todos
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Opinião
Têndencias
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NESTA agora
NESTA Edição
editorial Nestes tempos menos fáceis e em que constantemente nos é pedido que apertemos o cinto, o papel do empreendedorismo e da criação de emprego, nas suas diversas e criativas formas, torna-se cada vez mais relevante. A procura de trabalho por parte das empresas é mais do que satisfeita pela oferta de trabalho interna, enquanto todos os dias o mercado é injetado com mais sangue fresco pronto para produzir. Ora, se o nosso tecido empresarial não é capaz de alocar toda essa mão-de-obra qualificada, que esperança restará para todo esse excedente? Será justo desperdiçar todo esse potencial? É neste contexto que ganham terreno as várias plataformas que criam valor a partir de pura criatividade, através das ideias. Estou a falar obviamente das incubadoras, das aceleradoras, dos clubes de empreendedores, dos fóruns, dos encontros e dos debates. Porque só com discussão e com conflito de ideias e de pontos de vista os sonhos se podem tornar realidade. E com trabalho, claro, muito trabalho... Qualquer indivíduo é capaz de ser criativo, é capaz de imaginar, logo
com os devidos meios ao seu alcance, aliados a muita força de vontade e motivação, também é capaz de criar o seu próprio negócio e trazer algo de novo ao mundo. Uma equipa multifacetada e competente, o know-how necessário, o apoio de alguém experiente e acesso a canais de financiamento e a uma boa rede de contatos, são os ingredientes de base para poder sonhar. Nesta ótica surgiu a vontade de termos o testemunho para o tema da capa da incubadora da mítica Rua da Prata, a Startup Lisboa. Desde já um caso de sucesso, que com relativamente pouco tempo de operações conta já com o apoio dos órgãos mais mediáticos e influentes, bem como um portfólio de startups bastante invejável. O ambiente está quente pela capital e a vontade é de fazer mais. Todas as semanas são conhecidos projetos novos e são cada vez mais, mais do que nunca. E por isso não nos custa chamar Lisboa a Startup City, onde tudo acontece, de Portugal para o mundo.
Pedro Sampaio Diretor Editorial NESTA magazine
Ficha Técnica Proprietário NOVA Entrepreneurship Society Director Editorial Pedro Sampaio Planeamento Estratégico e Edição de Conteúdos João Abiul Menano Redação José Guimarães Margarida Reis
Design Mariana Fernandes José Armando Fotografia Ricardo Teixeira
Sede de Redação NOVA Entrepreneurship Society Campus de Campolide Residência Alfredo de Sousa, piso-1 1099-032 Lisboa
Comunicação Externa Maria João Abreu Periodicidade Mensal nestamagazine.com
Medbone
O osso português A falta de osso para reconstrução, na medicina, funcionou como rastilho para a criação da Medbone, empresa que desenvolveu um osso sintético para concorrer com o natural. Uma ideia que já marca pontos internacionalmente e que fez de Cláudia Ranito a vencedora da última edição do Prémio Jovem Empreendedor.
Texto Margarida Reis Fotografia Medbone 4
Em foco
Cláudia Ranito venceu em Fevereiro o 12.º Prémio Jovem Empreendedor da ANJE
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oder-se-ia considerar um lugar comum dizer que o primeiro passo na criação de um negócio é aferir a necessidade do mercado relativamente à ideia tida, mas o que é facto é que se trata de uma fórmula comprovada e de inegável importância. “Se não existir necessidade a ideia não passa de um sonho”, valida Cláudia Ranito, empresária que fala com propriedade. Afinal, foi a tomada de consciência da pouca existência de osso para a reconstrução médica que a levou a criar a Medbone, empresa que é já um nome forte da regeneração óssea a nível global. Hoje, fornece produtos semelhantes ao osso natural, fruto de um processo patenteado, para cerca de 20 países no mundo. Como bónus, a certeza de que os profissionais na área da saúde têm ferramentas para efetivamente contribuir para a qualidade de vida das pessoas. O ano de 2008 marca a estreia da Medbone no mercado, pela mão da engenheira de materiais – que começou sozinha, movida pelos ingredientes paixão, força de vontade e ousadia… “q.b”, assume. “Confia em Alá, mas amarra o teu camelo”, ilustra a empreendedora recorrendo a uma declaração do profeta islâmico Maomé. Foi com este espírito que Cláudia Ranito prosperou ao pôr de pé a Medbone, desde as etapas mais fáceis (caso da constituição em si – “com a Empresa na Hora leva cinco ou dez minutos, trata-se apenas de burocracia”), às mais complexas, como a implementação da unidade fabril, o desenvolvimento dos produtos, a certificação (a empresa é certificada pela ISO 9001 e pela ISO 13485), o início da comercialização e a desejada internacionalização. Todo o processo levou a que durante dois anos e meio a empresária não visse qualquer retorno ao investimento feito – um montante de 600 mil euros, combinação de capitais próprios, crédito bancário e apoios vários, caso do programa Neotec – Criação de Empresas de Base Tecnológica.
Perseverança e ambição O investimento acabou por revelar-se profícuo: a distribuição tem vindo a estender-se a cada vez mais países, entre os quais Espanha, Dinamarca e Polónia e, fora da Europa, Kuwait, Cambodja, China, Colômbia, África do Sul e Moçambique. Segue-se a entrada nos Estados Unidos da América. Nesta internacionalização, o trunfo residiu na já referida ousadia (“ter lata”, chama-lhe a empresária) e na presença em diversas feiras da especialidade, já que a Medbone vende para parceiros de distribuição e não diretamente aos médicos. E são muitos os clientes especialmente orgulhosos por estarem a “comprar o osso português”, conta Cláudia Ranito. Mas na base do sucesso está a qualidade dos próprios produtos fornecidos, compostos de biomateriais reabsorvíveis baseados em fosfatos de cálcio, tão inovadores quanto eficientes na função a que se propõem. Em forma de grânulos, blocos, cilindros, cunhas e injetável, os ossos sintéticos podem igualmente ser produzidos à medida dos pacientes. Outras vantagens face ao osso natural são o preço, mais reduzido, o seu papel regenerador, o menor risco de transmissão de doenças que comportam e o facto de se conservarem durante cinco anos, sem necessitar de frio. Também as utilizações são numerosas: na cirurgia ortopédica, estética e dentária, passando pela veterinária, os implantes podem ser utilizados pelos médicos tanto em situações de pequenas falhas ósseas como em casos de perda elevada de osso. Outra particularidade é que podem funcionar temporariamente, até serem substituídos por novo tecido ósseo, que acaba por crescer no interior do implante. Com um departamento I&D (investigação e desenvolvimento) efervescente, a Medbone procura permanentemente alargar o número de aplicações, através do desenvolvimento de novos dispositivos que satisfaçam as necessidades dos profissionais de saúde. Não é portanto difícil perceber que o sonho de Cláudia Ranito tem muito por onde crescer.
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Em foco
vitamimos
a construir bons hábitos desde pequeninos
Empenhada em melhorar os hábitos alimentares dos portugueses, Ana Quintas é professora de profissão e criadora da Vitamimos, um projeto de reeducação alimentar que há 1 ano ensina boas práticas na cozinha, não só aos mais novos mas também aos pais e colocou pela primeira vez Portugal no mapa do Food Revolution Day, um evento de alcance mundial, levado a cabo pela Fundação Jamie Oliver. NESTA Magazine: Come-se mal em Portugal? Ana Quintas: Apesar da situação da obesidade ser dramática, nas escolas portuguesas ainda se come com relativa qualidade, principalmente graças ao consumo de sopa e produtos hortícolas. Temos a vantagem da tradição da dieta mediterrânica, a qual tem todos os ingredientes que interessam promover. Só que nas cidades o estilo de vida mudou bastante e, com isso, os hábitos das famílias tornaram-se preocupantes. A nossa situação ao nível da alimentação não é tão grave como noutros países, mas a questão do sedentarismo torna-se preocupante e o balanço entre o que se ingere e o que se consome tornou-se desproporcional.
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E foi aí que surgiu a ideia de criar a Vitamimos? Eu sou professora e como tal sempre estive ligada a vários projetos, alguns na área da alimentação e promoção da saúde. Tive conhecimento do concurso da DNA Cascais e decidi concorrer, um pouco na brincadeira. Desenvolver esta ideia foi algo que me deu imenso gozo. Enviei o projeto sem grandes expetativas e ganhei na categoria de saúde. Decidi concorrer porque percebi que havia uma lacuna nas escolas: não haviam projetos ligados à educação alimentar, apesar de haver projetos sobre a prevenção do tabagismo, comportamentos de risco, HIV, entre outros. Li a Carta Europeia do Combate à Obesidade e percebi que em Portugal havia muito
Em foco trabalho por fazer, até porque ao longo da minha carreira não tinha tomado contato com um único projeto sobre educação alimentar. A minha proposta consistiu na criação de um centro de educação alimentar, porque mais uma vez havia centros para “isto” e para “aquilo”, mas não havia um para questões ligadas à alimentação. E para mim fez sentido implementá-lo aqui na Quinta da Alagoa, um parque público onde as famílias se dirigem em contexto de lazer e onde se pode inclusive aliar a alimentação à atividade física. Somos parceiros da Divisão do Desporto da Câmara Municipal de Cascais e através do programa Cascais Ativa fazemos atividades físicas com dois professores de educação física e os nutricionistas da equipa. Os números da obesidade mundial são alarmantes. Como planeiam contrariar esta tendência? Todos os anos temos 300 crianças do concelho de Cascais que usufruem dos nossos programas gratuitamente. Temos colégios que nos contratam, deslocamo-nos aos locais, fazemos eventos, coffe-breaks, workshops, etc. Para nos podermos candidatar a alguns apoios, a Vitamimos Unipessoal não servia, pelo que fundámos a Associação Vitamimos SABE - Saúde Ambiente e Bem Estar. Os portugueses são muito sensíveis quanto toca a ajudar o outro. Por exemplo, quando as pessoas veem o nosso café a €1 chegam muitas vezes a reclamar, mas quando dizemos que tudo o que angariamos é para a associação (sem fins lucrativos) aplicar em projetos para ajudar os outros, imediatamente a resposta das pessoas se altera. Como o dinheiro não é para a empresa enriquecer, torna-se aceitável. Nesta fase acreditamos que devemos tentar aproveitar todas as oportunidades para nos desenvolvermos e chegar mais longe. Aqui motivamos e criamos formas divertidas de comer alimentos que devem ser promovidos. Não proibimos ninguém de fazer nada. Mas ao incentivarmos o que é bom, automaticamente o que é menos bom vai ficar posto de parte. Por isso defendemos que se criem, por exemplo, aulas de culinária nas escolas, como já é prática em países como o Reino Unido. A internet é um meio imprescindível para difundir a mensagem? Sem dúvida! Temos por exemplo um projeto chamado Vita Tech, a primeira horta tecnológica. Vamos trazer a internet para a horta, para tentar atrair também as crianças e os jovens para a horta, utilizando códigos QR que eles próprios vão criar para cada produto, com links para um site onde podem ver as propriedades de cada produto, aceder a receitas com os mesmos, ou seja, puxar pela curiosidade atraves da utilização da tecnologia.
O método de educação é então de pais para filhos, ou dos filhos para os pais? Diz-se que “é mais fácil construir um menino do que consertar um homem” e por isso queremos chegar tanto aos pais como aos filhos. Mas como é que chegamos às famílias? Por exemplo, desenvolvemos um programa chamado Viva a Sopa, onde ensinamos as crianças a fazer sopa, capacitando-as, dando-lhes empowerement. No programa, todas as crianças levavam uma carta para casa com um destacável, que depois nos era devolvido, chegando desta forma às familias sem lhes “roubar” o tempo que atualmente não têem. Conseguimos uma taxa de execução de 72%, ou seja, esta percentagem de crianças fez a sopa para os pais! Só 6% é que se recusaram a fazer e os restantes ainda não tinham feito mas tinham a intenção de fazer. Conseguimos chegar aos pais através dos filhos. Mas também temos workshops para as famílias, sessões de educação alimentar personalizada e já fomos contratados por várias associações de pais para entrarmos com programas em alguns colégios. Provavelmente estamos a fazer demasiadas atividades diferentes, ao passo que se nos focássemos só numa atividade, talvez tivessemos maior impacto. Mas, neste momento, estamos numa fase de perceber o que resulta melhor para afinar processos. E a visão de futuro para a problemática da alimentação? Há que mudar a mentalidade. O grande drama atual é que se está a transmitir às crianças alguma preguiça em executar até as tarefas mais simples, como cozinhar. Nós tentamos explicar que o momento da preparação de uma refeição é uma boa oportunidade para terem um momento de partilha e de convívio, que una as pessoas, a família, ao mesmo tempo que cuidam da saúde. E que não é preciso complicar, pois podem fazer-se pratos muito simples e baratos e que qualquer criança consegue confecionar. As pessoas podem e devem saber preparar refeições saudáveis. Passa por cada um de nós ser o responsável por elaborar o seu próprio alimento, principalmente logo desde pequenino. Texto José Guimarães Fotografias Vitamimos
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UniPlaces
Encontrar casa na “Berlim com sol”
Conheceram-se em Londres mas foi em Lisboa que se fixaram para lançar a UniPlaces, uma plataforma exclusivamente dedicada ao alojamento para universitários. A Startup Lisboa é desde o início do ano a morada de Miguel, Leo, Mariano e Ben, uma equipa de empreendedores bem internacional. www.uniplaces.pt
Texto Margarida Reis | Fotografia UniPlaces
Em foco
A equipa UniPlaces em Silicon Valley
E
ncontra alojamento perto da universidade: é este o convite do website da UniPlaces, feito em português, inglês e espanhol. Direcionada a estudantes, professores e visitantes universitários nacionais e estrangeiros, a plataforma quer ser o meio oficial para procurar casa dentro deste universo, aliando-se por isso às principais universidades e respetivas associações de estudantes. A recetividade tem sido forte e até já galgou fronteiras, preparando-se a empresa para a implementação no Chile, depois da vitória no concurso mundial de startups naquele país da América Latina. Tudo começou do lado de cá do Atântico, mais precisamente em Londres, onde as vidas do português Miguel Santo Amaro, do espanhol Leo Lara, do argentino Mariano Kostelec e do inglês Ben Grech se encontraram, numa rede de empreendedores. O sítio certo no momento certo, dirão hoje, muito provavelmente. “A base do sucesso são as pessoas certas. Quando encontramos essas pessoas não as devemos deixar fugir. Foi assim connosco”, conta Miguel Santo Amaro, destacando a competência de cada um dos quatro elementos nas suas áreas profissionais, da engenharia informática à gestão e finanças. O reconhecimento do potencial da equipa teve assim mais peso na vontade de empreender do que a própria ideia. Até porque esta só surgiu depois, já a equipa tinha decidido estabelecer-se em Portugal com o objetivo de trabalhar em conjunto, fosse qual fosse o projeto. Porquê? Miguel defende que, apesar de a economia nacional estar estagnada, o país “oferece um mercado de teste fantástico, devido ao tamanho e rentabilidade do mesmo”, tendo ainda uma “comunidade startup cada vez mais ativa”, graduados de alta qualidade e um clima e estilo de vida atrativos. “Berlin with sunshine!” - assim define Lisboa o jovem empreendedor.
Oportunidade “à frente do nariz” Por cá, cedo formaram a opinião de que não existia nenhuma plataforma online de qualidade que permitisse aos estudantes portugueses e estrangeiros - incluindo eles próprios
- encontrar alojamento facilmente. A ideia foi centralizar todos os anúncios de alojamento para universitários, “papéis espalhados ao acaso nas paredes das universidades”. Desse ponto de partida, deram início a uma pesquisa exaustiva no mercado, que lhes permitisse conhecer a realidade de alunos, professores e senhorios, testando depois o website com potenciais clientes. As vitórias na Startup Weekend Portugal, em novembro, e na BET Católica, em Janeiro, forneceram confiança extra para o grupo lançar a empresa a nível nacional e internacional, com capitais próprios e seguindo uma estratégia lean até à construção do produto pronto para entrar no mercado. “Felizmente, graças aos avanços tecnológicos, hoje em dia é possível validar um modelo de negócio online sem um grande investimento inicial”, afirma Miguel. Quanto à monetização, o objetivo é que a UniPlaces passe a ter apenas anúncios pagos, tendo já uma plataforma inicial de qualidade gerado o interesse dos senhorios, beneficiando ainda de publicidade e patrocínios de parceiros. O website recebeu já cerca de cinco mil anúncios, 13 por cento dos quais pagos – isto sem qualquer investimento financeiro em marketing. Os empreendedores preveem que com o lançamento oficial da nova plataforma, em Maio, o número de anúncios e visitas aumente consideravelmente. Ambições? Ser o site líder em alojamento universitário em Portugal e no Chile, chegar a Espanha e explorar outros mercados na América Latina, na Europa e no resto do mundo. “A UniPlaces foi concebida para ser altamente escalável”, conclui Miguel Santo Amaro. Incubada na Startup Lisboa desde o início do ano, a empresa encontra-se também a tentar obter financiamento de investidores ingleses e portugueses, o que permitirá reforçar a equipa, atualmente de seis pessoas. Ambiciosos, os sócios Miguel, Leo, Mariano e Ben querem acima de tudo reinvestir o máximo de capital na empresa. Para que o negócio continue a luzir, à imagem do sol da Lisboa que o viu nasceu e que o lançou para o mundo.
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respira-se empreendedorismo
na baixa Se é verdade que Lisboa é “a” startup city por excelência, como sugere o vídeo da Invest Portugal que se tornou viral nas últimas semanas, então a Startup Lisboa é um dos melhores exemplos para o ilustrar. A NESTA magazine foi visitar a incubadora nascida este ano no centro da dinâmica empreendedora lisboeta, que conta já com 30 empresas incubadas.
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Capa
Inauguração da Startup Lisboa na Rua da Prata O ano começou bem para o empreendedorismo na capital portuguesa. A Startup Lisboa – Incubadora de Empresas, que começara a ser planeada cerca de dois anos antes, abria em Janeiro as suas portas às primeiras empresas incubadas – eram então 15 – e com a inauguração oficial, a dia 2 de Fevereiro, dava-se a conhecer à cidade e a Portugal. Localizada na Baixa Pombalina, na emblemática Rua da Prata (número 80), a incubadora foca-se acima de tudo no setor web e mobile, fato que desde logo a distingue das demais. Falámos com João Vasconcelos, diretor executivo da Startup Lisboa, para conhecermos na primeira pessoa esta propulsora do empreendedorismo.
aos lugares – neste momento estamos com cerca de 300 candidaturas e temos já incubadas 30 empresas.
NESTA Magazine: Como surgiu e o que é, em linhas gerais, a Startup Lisboa? João Vasconcelos: A ideia foi da Câmara Municipal de Lisboa, que planeava desde 2009/2010 criar uma incubadora de empresas na Baixa. Contactou para o efeito vários privados, acabando por se juntar ao Montepio e ao IAPMEI para criar a Startup Lisboa, uma associação privada sem fins lucrativos que conta também com vários parceiros fundadores. Trata-se de um edifício de incubação de empresas, que se candidatam
No caso das que não estavam, vieram por tratar-se de Lisboa? Sim, é uma cidade atrativa para montar uma startup. Antes de mais pelos custos da habitação, reduzidos numa capital europeia. Depois, por causa das lowcost – daqui podem viajar para o resto da Europa ao mesmo preço do que se estivessem no centro do continente. Também pelos custos dos recursos humanos. Podem contratar por exemplo um programador muito bom por 1000 euros por mês que em Londres custaria muito mais.
Quais os critérios para a escolha de uma empresa? Vários, mas os principais são: ter um produto ou serviço global, exportável ou escalável, um grande potencial de crescimento e de preferência ser de base tecnológica e inovadora. Privilegiamos o web e mobile: das 30 empresas que temos cá, 27 são deste setor. E dessas 30, oito são de empreendedores estrangeiros; temos desde ingleses, argentinos, espanhóis, italianos… Algumas pessoas que já estavam em Portugal, outras que não.
A predominância do web e mobile tem a ver com uma preferência vossa? Sim, e deve-se para já ao próprio edifício. Nós estamos na Baixa, num edifício pombalino. Aqui não posso ter um armazém ou um laboratório, não há estacionamento, portanto têm de ser serviços. E ser-se inovador nos serviços é muito difícil, só nestas áreas. Que tipos de apoio têm as startups ao entrar? Nós temos a incubação virtual, a pré-incubação e a incubação. Na incubação virtual, as empresas usufruem dos serviços, das salas de reuniões, dos eventos, e tudo o mais, mas não estão aqui. Na pré-incubação, a empresa está aqui mas numa sala partilhada, não tendo ainda um produto ou serviço em fase
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Capa
Eles dão o testemunho Por que decidiram candidatar-se a incubação na Startup Lisboa e como tem corrido a experiência até à data? Algumas das jovens empresas contam-nos tudo.
UniPlaces www.uniplaces.pt
de comercialização. Quando o seu produto ou serviço atinge essa fase ocupa uma sala. A nível de serviços, têm consultoria gratuita fiscal, jurídica, tecnológica, de marketing, e formação (workshops) igualmente gratuita. Além disso, as várias empresas têm o seu mentor, que são sempre CEO ou founders de empresas. Mas a maior vantagem de estar aqui não são os serviços partilhados ou os preços reduzidos, mas sim estar no mesmo ambiente de outros empreendedores, a troca de experiências e de conhecimento. Voltando um pouco atrás, à essência da Startup Lisboa. Qual o objetivo de abrir uma incubadora neste sítio e neste setor de atividade? Para a Câmara, o objetivo está atingido porque estão aqui quase 100 pessoas num edifício da Baixa, é menos um edifício vazio nesta zona, e são 100 empreendedores que provavelmente não teriam a Baixa como primeira escolha para trabalhar. Estamos também a dar o nosso contributo para renovar o tecido empresarial da Baixa. O Montepio é o último banco português com sede na Baixa ainda, e há um forte componente de give back, de dinamização. A Startup Lisboa dá mais vida a esta zona. Para o IAPMEI o objetivo é apoiar o empreendedorismo e a inovação – é esta a sua função. Os três sócios estão satisfeitos, a expetativa está a ser cumprida. E já estamos a preparar um segundo edifício, na rua Castilho, que deverá abrir dentro de um mês ou dois. Não estávamos à espera de tantas candidaturas. O modo de funcionamento desta incubadora é especial, também por ter a loja? Sim, temos a loja, que permite a empresas incubadas comercializarem os seus produtos. Mas o especial é o fato de ser a primeira incubadora focada nesta área, web e mobile, em Portugal – na economia digital. Nas outras incubadoras tanto podemos encontrar alguém a trabalhar na web, como a fazer um painel solar ou uma vacina. O nosso modelo permite que nos foquemos nos mentores, parcerias e formações para este setor. Por fim, em Lisboa, incubadoras que para além da solução imobiliária tenham todos estes serviços de apoio também não há.
A Startup Lisboa tem muitos procedimentos de gestão e de acompanhamento dos projetos incubados baseados em entidades homólogas de sucesso, como o YCombinator, o Le Camping e o Plug&Play. Para além de servir de incubadora e disponibilizar espaços físicos a preços competitivos, este modelo proporciona ainda às empresas incubadas condições privilegiadas de acesso a entidades especializadas, como consultoras, contabilidade ou serviços jurídicos, entidades públicas, investidores e financiadores, bem como uma efetiva e constante exposição mediática. Contudo, a maior vantagem é o facto de a entrada de empreendedores na Startup Lisboa ser um processo de seleção rigoroso liderado pelo nosso mentor (“Chief Happiness Officer”), João Vasconcelos, apostando em projetos completamente inovadores, com produtos ou serviços exportáveis, em empresas que possam crescer bastante a nível global. Consequentemente, este ambiente criado entre as várias empresas incubadas é verdadeiramente único – encontram-se muitas vezes sinergias entre os projetos e existe uma grande entreajuda entre os promotores. O João foi quem nos convenceu a mudarmo-nos para Lisboa depois de ganharmos o Startup Weekend 2012. Devemos parte do sucesso que alcançámos até hoje a ele e à estrutura fantástica da Startup Lisboa, que nos tem apoiado incansalvemente, a todos os níveis.
Exciting space www.excitingspace.com Acreditamos que a incubadora Startup Lisboa e as fantásticas oportunidades de networking que oferece (com outras startups, potenciais clientes, mentores, etc.) são de valor inestimável, ao ajudar-nos a concretizar os nossos objetivos ambiciosos e a expandir e melhorar a nossa empresa de uma forma rápida e bem sucedida. Além disso, a nível prático, conseguimos um espaço com uma atmosfera inovadora e inspiradora, na qual a nossa pequena equipa pode planear e desenvolver os seus produtos, e obter também inspiração, ideias, apoio e experiência de outras pessoas que trabalham na incubadora. Adicionalmente, o baixo custo do espaço e dos serviços permite-nos operar sem investimento externo durante o nosso primeiro projeto piloto, colocando-nos assim numa posição negocial mais forte quando de facto procuramos investimento. Finalmente, o prestígio e a reputação de fazer parte da incubadora Startup Lisboa vai aumentar a nossa credibilidade e negociabilidade, facilitando a abordagem a novos clientes, como museus, centros comerciais, etc. Estamos na Startup Lisboa desde o início de Março. A experiência tem sido muito boa sobretudo dado o networking (colegas, investidores, etc.), os vários cursos de formação, o excelente espaço físico e a atmosfera inovadora e inspiradora.
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Capa Vegetalícias www.vegetalicias.com Anabela Cristos A Startup Lisboa, como incubadora de empresas, representa um ponto importante no início de atividade pela sua localização, pela exposição e divulgação que proporciona aos seus incubados e pela possibilidade de networking constante entre os parceiros. Estou na Startup Lisboa desde o início, ou seja, Fevereiro de 2012, e tem sido uma experiência ótima, não só porque proporciona contactos diversos pela exposição e por ser uma novidade em Lisboa em termos de empreendedorismo, mas também porque tendo uma localização muito central facilita contacto com os clientes, os fornecedores e, claro, também os parceiros incubados.
Em que fase estão neste momento as startups incubadas? Existe alguma que se destaque por já estar mais desenvolvida? Nós podemos receber um empreendedor só com a ideia ou uma empresa com até três anos de atividade – desde que se justifique por que é que precisa de vir para aqui. A startup que está mais avançada é a Nmusic, que desenvolveu o player de música Musicbox para o Sapo. Temos também a ConsultaClick, que já está no Brasil, na Roménia, em Espanha e na Bélgica. A Table&Friends, que quando veio para a Startup Lisboa era só uma ideia e que já está com atividade em Barcelona. E temos a UniPlaces, que já está no Chile. Tudo negócios que dão para escalar.
Mobitto www.mobitto.com José Simões Decidimos candidatar-nos à Startup Lisboa, onde estamos desde janeiro, pelo ambiente de trabalho e possibilidade de networking com “like-minded people“. Entrámos em pré-incubação ainda antes de o edifício abrir ao público. A experiência tem sido fantástica pois temos conhecido imensas pessoas que nos podem ajudar no nosso negócio. Além disso, temos uma renda favorável comparativamente com o restante mercado. No entanto, e acima de tudo, gostaria de destacar o networking!
CVfilm www.cvfilm.eu Soubemos da Startup Lisboa exatamente no momento em que estávamos à procura de espaço para a CVfilm. Não tivemos dúvidas de que seria o contexto ideal para desenvolver o nosso projeto. Estamos na incubadora desde Janeiro, tem sido uma experiência muito gratificante. Temos acesso a diversas iniciativas relacionadas com o desenvolvimento de startups, aumentamos a nossa rede de contactos, dispomos de serviços oferecidos por parceiros, participação em ações de formação e workshops… A experiência é muito positiva, enriquecedora e um contributo para a sustentabilidade do projeto. Ficamos com pena de ter que sair deste ambiente, seja quando for.
Pumpkin www.pumpkin.pt Candidatámo-nos para ter acesso a uma rede de empresas e pessoas que podem ajudar o nosso negócio e que nos podem ajudar com as suas experiências e contactos. Estamos incubados desde Janeiro, e tem sido uma experiência muito boa para a nossa empresa. Algumas das mais-valias: o contacto com pessoas dinâmicas, abertas e cheias de ideias; o apoio em assuntos importantes, como internacionalização, legais e TI; a rede de contactos de investidores, universidades e outras empresas.
FAQ Como posso candidatar-me a incubação na Startup Lisboa? Basta preencher o formulário de pré-candidatura online, em startuplisboa.com/candidaturas, se considera que a sua ideia ou empresa cumpre os critérios de seleção referidos por João Vasconcelos na entrevista. Quem avalia a minha candidatura? Existe uma comissão de avaliação, constituída por membros da Câmara Municipal de Lisboa, do Montepio, do IAPMEI. Dependendo do setor, estão envolvidos também parceiros privados. Quanto tempo demora o processo? Com o boom do início da Startup Lisboa, demora presentemente cerca de um mês e meio. O objetivo é que demore menos – um mês, no máximo. Tenho de pagar para ter a minha empresa incubada na Startup Lisboa? Apenas parte das despesas, como sendo em limpeza e internet. As salas, consultoria e formações são gratuitas. Valores, enfim, “muito abaixo do mercado”, afirma João Vasconcelos. Como se dá a saída de uma empresa da incubadora? Os contratos são de seis meses, podendo ou não ser renovados dependendo da evolução. “Umas podem ter crescido de mais, outras podem estar para fechar. Há as boas e as más razões para sair”, refere o responsável. A grande rotatividade de empresas é garantida.
Texto Margarida Reis | Fotografia Startup Lisboa
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Capa Zaask www.zaask.com Estamos na incubadora há cerca de um mês. Até agora tem sido fantástico. A Startup Lisboa já é bastante reconhecida no mercado português e nós acabamos por tirar partido disso. É excelente todos os dias entrarem-nos pela porta da nossa sala investidores, jornalistas, empresários reconhecidos, etc.! Para além disto, é bastante motivante para nós trabalhar num ambiente constituído por empresas a passar por processos e desafios semelhantes. Aqui sente-se a cultura do empreendedorismo. Se um pouco desta cultura se espalhasse ao resto do país, Portugal evoluiria melhor.
all-desk http://all-desk.com Não nos candidatámos a incubação, fazia parte do prémio por sermos finalistas na competição MIT Portugal. Gostamos de estar na Startup Lisboa e num sítio tão central da cidade. A incubadora tem ajudado o nosso negócio a evoluir, participando em vários testes que fizemos e tendo sempre divulgado a empresa junto dos seus contactos. É também uma grande mais-valia estar ao lado de outras empresas na mesma fase de desenvolvimento, pois cria-se um ambiente de entreajuda e camaradagem que não seria possível noutro tipo de espaços.
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Out of the box
José Pinto Ferreira no StartMeUp 2012
Top Pot Water Cooker
a cozinha profissional ao alcance de todos
Reforçando sempre o enorme prazer que sente em cozinhar e associando-o à oportunidade de servir boas refeições aos seus amigos, José Pinto Ferreira decidiu um dia aliar o seu gosto pessoal pela culinária à sua formação de engenharia mecânica e aventurar-se no desenvolvimento de um aparelho para cozinhar “a vácuo”, destinado ao mercado doméstico. O projeto foi apresentado no StartMeUp 2012 e recebeu e contou desde então com a curiosidade de todos. Texto José Guimarães | Fotografia Ricardo Teixeira e DR
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C
omo iguarias para um almoço que se queria sensorial, José Pinto Ferreira preparara um prato de carne e outro de peixe. O primeiro consistiu num confit de pato, um prato tradicional francês, típico do séc. XV. Já para o de peixe, reservou um lombo de salmão “mi-cuit”, «porque é facil de cozinhar e qualquer pessoa em casa consegue fazer este género de comida sem dificuldade», indica. Para acompanhar, preparou o que nas cozinhas mais requintadas se chama de “ovo perfeito”, que consiste em cozer o ovo a temperaturas que podem variar entre 63 e 65 graus, uma receita muito próxima dos ovos japoneses que antigamente eram cozidos em fontes de água quente a aproximadamente 60 graus durante 12 horas. Aqui, a experiência demora 1 hora. Sempre com a máxima precisão, José Pinto Ferreira, o criador da Top Pot Water Cooker, decidiu dar à NESTA magazine a oportunidade de passar por esta experiência degustativa de topo, dando a conhecer as potencialidades da sua máquina de cozinha “a vácuo”, também conhecida por cozinha a baixas
Out of the box
temperaturas, uma tendência gastronómica relativamente recente, adotada já por alguns dos mais conceituados restaurantes nacionais e internacionais.
Cozinhando com as enzimas
Esta recente tendência gastronómica baseia-se na técnica de cozinhar os alimentos em vácuo, de forma lenta e com temperaturas controladas, de forma tão precisa que chega a diferenciar meio grau de temperatura. Desta forma, o processamento dos alimentos é controlado ao máximo pelo chef, que consegue assim obter o efeito preciso que as enzimas do próprio alimento proporcionam, a partir do seu interior e sem danificar as suas propriedades. Este género de cozinha é já muito popular na restauração de topo, principalmente pela perfeição e controle que permite na confeção dos alimentos, bem como pela simplicidade dos processos. «Conseguem-se resultados que não se conseguem obter de outra forma e aumenta-se a quantidade de alimento que fica em perfeito estado de consumo. Com o método tradicional, cerca de 40% fica mal cozinhado, impróprio para consumo», explica o empreendedor. «Na frigideira simplesmente matam-se as enzimas. A partir dos 40 a 50 graus de temperatura podemos brincar com elas enquanto processam o alimento por dentro, matam os micróbios, facilitando o nosso processo digestivo, ao mesmo tempo que se promovem qualidades sensoriais».
Da engenharia à cozinha
O empreendedor de 28 anos só aprendeu a cozinhar aos 18 anos, tudo graças a um amigo designer que decidiu ser chef e é agora um caso de sucesso mundial. «Antes disso não cozinhava. Tudo o que comia era à base de micro-ondas», recorda. Agora, José Ferreira adquiriu conhecimentos que o levariam a rivalizar com qualquer conceituado chef. Aliando as semelhanças entre esta técnica de confeção e a sua formação em engenharia, o que o apaixonou foram «a experimentação, a exatidão, a precisão e a possibilidade de investigação», afirma com entusiasmo. Assim, reuniu esforços com mais duas colegas – uma designer e uma gestora – e lançou mãos à obra, desenvolvendo todo o processo até chegar ao que ele próprio indica como sendo a fórmula ideal para este modo de confecionar alimentos. Neste momento o aparelho está em fase de protótipo, preparado para avançar para a produção com um modelo final. No entanto, indica que sente grandes desvantagens por estar a lidar com um produto físico: «Neste momento está tudo muito virado para web», aponta. «Se quero ser empreendedor e levar o meu projeto para a fren-
te tenho de ter muito mais força que o normal. As pessoas querem todas trabalhar na web e pode-se cair no risco de haver uma desadequação entre os investidores e o tipo de produtos que aparecem para se investir no mercado. Isto porque a web permite apostar e ver resultados muito mais rapidamente.» Apesar de apontar esta como uma grande desvantagem para conseguir obter um investidor interessado, também reconhece uma oportunidade: «quer isto dizer que os projetos que não sejam baseados na web precisam de ser mesmo muito bons, portanto quando são concretizados têm uma qualidade muito elevada». Tendo já participado em alguns concursos de empreendedorismo, foi no StartMeUp 2012 que levou pela primeira vez à prática algo tão a sério. «Tenho uma experiência algo limitada como empreendedor», reconhece. Mas em paralelo, graças às inúmeras iniciativas que aparecem no mercado, indica que se torna relativamente fácil perceber que qualidades um projeto vencedor tem que ter. O facto de ser engenheiro de formação ajudou o empreendedor na altura do fabrico do equipamento. «Todas as peças, a eletrónica customizada, os moldes, representam engenharia por medida», explica. Encontrando-se na fase de fechar o modelo ideal para mercado, necessita agora de um investidor interessado em avançar, sendo que o plano é que daqui a 1 ano possa começar a produzir em escala para vender para lojas. O seu objetivo passa por criar uma empresa de pequenas dimensões, fabricar poucas unidades por ano, entrar rapidamente no mercado, analisar a recetividade dos consumidores, por forma a ver a que nicho se adapta melhor e focar-se então nesse segmento. «Mas claro que não descarto a possibilidade de alguma marca se interessar em me comprar as patentes e os protótipos», entrando assim de uma forma diferente no mercado de consumo. «Os empreendedores nas entrevistas que fazem depois de terem sucesso, dão quase sempre a ideia de que tinham a solução certa desde o dia zero, mostrando uma confiança inabalável e de que ninguém os conseguiu parar no seu caminho, mas a realidade é que tem que se batalhar muito!», reconhece o empreendedor. Concluindo, José reconhece ainda que a experiência no StartMeUp foi muito positiva, embora aponte que «em Portugal assenta-se muito na viabilidade de um projeto ou ideia de negócio essencialmente nas projeções financeiras. Apesar de terem uma grande importância num estudo de viabilidade, por exemplo, nos Estados Unidos, em Silicon Valley é possível fazer-se um pitch de ideias de negócio sem projeções financeiras e mesmo assim conseguir captar o interesse dos investidores.»
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Observatório de Startups
Ginásio Mental Jorge Amorim, fundador do Ginásio Mental
Empreender a desenvolver as novas gerações Da mesma forma que trabalhamos os músculos do corpo para ficarmos mais fortes, Jorge Amorim defende que também podemos trabalhar o cérebro para desenvolver capacidades cognitivas e comportamentais. Para tal criou o Ginásio Mental, através do qual treina as gerações mais novas a pensar, criar e desenvolver corretamente, criando assim as bases para o futuro sustentável das próximas gerações. NESTA Magazine – O que é um “ginásio mental”? Jorge Amorim: É basicamente um espaço onde treinamos a mente, por módulos. Treinamos a memória, a resolução de problemas, a atenção, o cálculo e a escrita. Serve para todas as idades, mas neste momento só estamos focados em jovens entre os 10 anos e os 18 anos, isto porque achamos que é a idade em que este treino pode ser melhor aplicado para a melhoria dos resultados escolares e abrir novas possibilidades para o futuro de cada um.
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Então vocês estão virados para esse target específico. Mas isto pode ser aplicado a todos? Sim, não só aos jovens, mas também aos pais e encarregados de educação, para que estes possam fazer o complemento em casa, seja através dos hábitos com as horas de sono, da alimentação correta e para, no fundo, manter a motivação em alta. A motivação é muito importante no Ginásio Mental, porque afinal também usamos o modelo dos ginásios tradicionais. No fundo somos como que os Personal Trainers (PT) desses ginásios. Quando um aluno chega faz um teste, desse teste resulta
Observatório de Startups
um programa para desenvolver e para acompanharmos. Posteriormente temos que estar constantemente a motivar para os alunos verem os benefícios desse treino e conseguirem aplicar o conteúdo do treino às atividades escolares. Num exemplo: inicialmente podemos fazer o circuito da memória, onde se aprende a treinar a memória visual, a memória auditiva, agupar a memória de trabalho. Um dia um aluno perguntou-me como podia aplicar isto na sala de aula. Então fizemos um exercício em que simulamos o contexto de uma aula usando as técnicas da memória. No final da atividade fizemos um resumo que enviamos a todos, juntamente com alguns exercícios para treinar durante a semana. E mantendo essa analogia, qual é aqui o objetivo do PT do ginásio mental? Tal como num ginásio normal, é garantir que todos os alunos cumprem os objetivos, que conseguem integrar o trieno na atividade do dia a dia. Quando vamos a um ginásio físico, o que o nosso PT devia fazer (infelizmente nem sempre o faz) é garantir que em cada ida ao ginásio tiramos o melhor rendimento possível e que depois quando saímos conseguimos levar as boas práticas do ginásio para o exterior. Isto é obrigatório no Ginasio Mental. Neste momento somos 3 treinadores, cada um com componentes diferentes dentro do programa. Temos por exemplo um dos treinadores a trabalhar só nos estabelecimento e cumprimento dos objetivos, fazendo o coaching de cada um dos jovens, quer em termos de organização do dia a dia, das atividades e da integração na atividade escolar.
Jorge Amorim e Sofia Diogo no Acredita Portugal E existindo atualmente alguns projetos semelhantes, qual é a necessidade de existir um ginásio mental, ou seja, porque é que decidiram aparecer neste momento? Todos nós no Ginásio Mental trabalhamos com jovens e sabemos que a maior parte deles tem grandes dificuldades de se dedicar à escola. O ensino atual exige pouco do pensamento criativo e, mesmo assim, quando chega a altura dos jovens começarem a trabalhar exigimos que eles sejam tudo: empreendedores, criativos, capazes de tudo. Mas na realidade não há nada a nível curricular que os prepare para isso. O Ginásio Mental, além de estimular a vontade de aprender, tem algumas técnicas e truques para estimular uma aprendizagem mais rápida e estimular a área criativa. E que tipo de exercícios utilizam para isso? Há pouco falamos do circuito da memória. Aqui, por exemplo, mostramos quais as melhores técnicas para memorizar números, quais os truques, etc. Tudo isto é baseado em investigações recentes da área da psicologia cognitiva. Tal como há técnicas para ter mais músculos no corpo, também há técnicas para ter mais “músculo” na memória. Isto é, se nos habituarmos a memorizar números com significado, conseguimos
fazer clusters de números muito maiores e memorizar números mais complexos sem dificuldade. Ou então podemos ter um sentido para aqueles números, não precisando de os memorizar, adquirindo um “plano” para chegar até eles. Como em tudo na vida, quantas mais vezes estimularmos a rede neural, mais a reforçamos e mais depressa conseguimos aceder à informação. E até a motivação pode ser treinada, aprendendo técnicas para a estimular quando estivermos desmotivados. Tudo isto é feito não só presencialmente, mas também através de exercícios que enviamos aos alunos, para eles poderem trabalhar sozinhos, algo que também deve ser estimulado. Atualmente veem-se alguns “ginásios mentais”, até no formato de loja de rua. Vocês têm algum fator diferenciador face a estes modelos já existentes? De facto já existem “ginásios mentais”, embora com modelos diferentes. Nós, por um lado, não estamos presos a um espaço e podemo-nos deslocar e trabalhar diretamente nos locais. Por exemplo, se uma associação ou uma escola quiser dinamizar um “ginásio mental”, cedem-nos o espaço simples e nós levamos o resto do material necessário, contribuindo assim para uma solução mais económica por pessoa. Consoante o número de pessoas, também temos outros benefícios. Por exemplo, um dos “ginásios mentais” que estamos a dinamizar é na Cova da Moura, na Associação de Solidariedade Social do Alto da Cova da Moura, em que oferecemos um workshop para pais. Como há um grande número de alunos, motivamos também os professores para fazer um workshop gratuito, com os alunos também a participar e a partilhar alguns dos conhecimentos adquiridos. Além da componente mental também trabalhamos a componente comportamental. Porque para estar no ginásio mental há que cumprir uma série de regras, as quais são equiparadas às regras existentes numa empresa. Por exemplo, os alunos aplicam técnicas de brainstorming, de argumentação, etc. Daqui para a frente, quais as perspetivas para o futuro? O Ginásio Mental está a evoluir e irá existir num futuro próximo sobre a forma de consulta. Por exemplo, consultas específicas para crianças com problemas escolares, sejam comportamentais ou cognitivos. Para já trabalhamos na zona de Lisboa e arredores, mas queremos aumentar o raio de ação. Além do foco das notas dos alunos, também pretendemos que o Ginásio Mental vá além dos jovens, trabalhando também com idosos, por exemplo, na área de reabilitação. Durante a fase de lançamento da empresa, o que é que mais tiveram de trabalhar com os vossos próprios personal trainers, ao nível das capacidades de empreender de cada um? Eu acredito que empreender é ação! Primeiro tem que se saber bem o que se tem para oferecer, e depois há que agir. Depois de participarmos no Acredita Portugal focámo-nos em algo que fosse possível aplicar de imediato e que fosse mensurável, no nosso caso, através das notas da escola. Ou seja, decidimos ter o “sumo” antes de ter os planos, o site ou o logótipo. O desenvolvimento do Ginásio Mental exigiu de nós mais investimento de tempo do que de dinheiro, principalmente porque tivemos que fazer tudo de raiz, desde as pesquisas, criar as técnicas, todas elas cientificamente estruturadas e em constante mutação. Por causa disso, daqui a 1 ou 2 anos o Ginásio Mental não será igual, porque há novos estudos a aparecer e se não queremos estagnar, temos que desenvolver novas técnicas.
Texto José Guimarães Fotografia Jorge Amorim e Jornalismo Porto Net
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Mas o que ĂŠ mesmo o Crowdfunding? 20
Opinião
O
crowdfunding destacou-se inicialmente por ser uma plataforma em que havia, de um lado, uma qualquer causa social (representada por uma Instituição sem fins lucrativos) e do outro potenciais doadores. Havia aqui um espírito de liberalidade (desconsiderando neste ponto a discussão sobre saber se se trata de um contrato ou de um negócio jurídico unilateral) e quem recebia não tinha como objectivo o lucro (como acontece com as Empresas). Uma questão é levantada quando esta ação deixa de ser uma doação e passa a ser um investimento. O que acontece, e é transmitido e publicitado, é que qualquer pessoa pode investir numa startup. O significa, de facto, esta permissa? É necessário esclarecer devidamente a causa que tem por base a transmissão de dinheiro (ou outra qualquer contraprestação): se se trata de uma doação ou de uma compra de um valor mobiliário (no caso em apreço, ações de uma determinada empresa) ou se se trata da compra de um bem/serviço. Esta compra de um bem/serviço futuro, com condição resolutiva, é normalmente determinada pelo volume de vendas mínimo para que a transacção seja eficaz, como acontece, por exemplo, no caso da kickstarter.com. Existe, efectivamente, uma compra de participações sociais destas entidades? Na verdade não, pois raramente o recetores destas transmissões são empresas. Analisando este processo, não existe uma compra de ações e mesmo a existir poderia discutir-se a sua natureza: se se trataria de uma compra de um bem futuro ou da compra de um bem físico ou legalmente impossível. A utilização destas plataformas transmite a ideia, errada, de que é possível investir, através de uma plataforma online, em ações (ou outro tipo de valores mobiliários). Esta problemática tem vindo a ser debatida nos EUA1, nomeadamente durante a discussão do Jumpstart Our Business Startups Act. No Reino Unido, em que na presente data existe apenas uma entidade a quem foi concedida autorização de intermediação, mantém-se pendente a decisão sobre que tipo de valores mobiliários podem ser intermediados, ou seja, que empresas poderão usar esta plataforma com o objectivo de angariação de capital através da emissão de valores mobiliários. Quer nos EUA quer no Reino Unido, foi colocado um problema real: a proteção dos investidores. Será admissível, sob uma óptica legal, que seja possível aos projetos/empresas estarem numa plataforma que tem como finalidade a captação de fundos do público em geral, escusando-se à obediência das mesmas regras que todas as outras empresas? Tratar-se-ão estas de plataformas de negociação de valores mobiliários? Ou seja, será uma IPO em que quem vende não é intermediário, e em que o que é vendido não são ações? Qual deverá ser a responsabilidade de quem coloca no mercado este tipo de transações? Será suficiente um disclaimer para se obter a exoneração de responsabilidade e afirmação de não regência pela jurisdição de nenhum país da EU ou dos EUA? Frequentemente, na discussão sobre crowdfunding, confunde-se o conceito jurídico de doação de facto com investimento; o conceito de empresa com o que o não é; confude-se uma compra e uma venda (mesmo de bem futuro). Talvez a fórmula mais elucidativa será a seguinte: doação, seguida de renumeração, seguida de condição resolutiva. Qualquer indivíduo consegue compreender a existência de uma vasta ignorância (não analisando a culpabilidade destes indivíduos) sobre o que se está a promover. Se se trata de uma doação, então o doador não pode reclamar qualquer renumeração do que foi doado, da mesma forma que uma Empresa não poderá realizar uma transmissão de dinheiro sem causa justificativa (neste ponto é importante relembrar que uma empresa é uma pessoa colectiva com fins lucrativos). De quem são, então, os riscos inerentes ao crowdfunding? De quem recebe o valor para “financiar”, da empresa financiada ou do indivíduo que compra estas “participações”? Um dos riscos inerentes é o efeito que pode provocar a negociação de ativos ao público em geral, nomeadamente devido à falta de consciência da maior parte dos potenciais compradores. Estes não têm consciência de que se trata de um investimento com poucas ou nenhumas garantias e com um elevado nível de risco (em que nunca é discutido o perfil do investidor). Outros riscos são a distorção da própria concorrência. Como referido em alguns artigos, para além de financiamento, uma IPO tem também um objetivo oculto e pouco falado: a credibilidade. O exemplo do que aconteceu com o setor imobiliário é elucidativo dos efeitos da Inovação Financeira, como já tem sido analisado em alguns papers. Aos que têm a convicção de que o crowdfunding, como é apresentado, é benéfico pelo auxílio que prestou na concretização de projectos, pergunto: foi, em algum momento, feita a avaliação séria do que estava a ser promovido, quando a aplicação das regras é igual em projetos com finalidades diferentes? Ou ao contrário, estarão estes financiadores dispostos a responder pelas dívidas dos projetos que financiaram, ou a assumirem o risco? Como referido em diversas publicações, os casos como o da Enron, da WordCom ou, mais recentemente, da Groupon são muitas vezes esquecidos. Esquecida é também a importantíssima variável da confiança no mercado, que levou à redação do Sarbanes-Oxley Act em 2002. A problemática em torno da qual ronda esta questão assenta em duas permissas básicas. Em primeiro lugar, as pessoas reagem a incentivos e a mensagem que é transmitida não é muito diferente da que passou antes de 2008 no setor imobiliário: se for comunicado que qualquer ativo pode ser admitido à negociação e que qualquer indivíduo pode investir, não tendo em consideração os riscos associados a estes Diana Vieira Fernandes potenciais ativos, ele vai investir. Em segundo lugar, não existem almoços grátis e Finance & Corporate Affairs da NOVA algures num futuro, não muito longínquo, a fatura do Crowdfunding terá de ser paga. Entrepreneurship Society 1
http://www.nytimes.com/2012/03/20/business/senate-seeks-to-toughen-jobs-bill-aimed-at-easing-rules-on-start-ups.html?_r=1&src=tp&smid=fb-share http://www.bloomberg.com/news/2012-03-18/small-biz-jobs-act-is-a-bipartisan-bridge-too-far-view.html http://online.wsj.com/article/SB10001424052970203370604577265512766009938.html
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Tendências
Exercício físico no escritório
A
ssiste-se atualmente a uma onda cada vez maior de “abaixo o sedentarismo, viva o exercício físico!” Mas é certo que não bastam as boas intenções. Para que a atividade física seja colocada em prática é necessário reunir alguns fatores importantes, como por exemplo, o tempo disponível. Atualmente, a falta de disponibilidade para praticar exercício físico é apontada pela maioria das pessoas como a principal razão para ainda não praticarem qualquer tipo desporto. Mas se por um lado este fator tem vindo a ser um problema, por outro lado assistem-se a algumas iniciativas cuja missão assenta no combate a esta tendência negativa, procurando proporcionar um meio eficaz de praticar exercício físico de forma adequada, sem ser necessário sair do seu local de trabalho. Depois de uma sessão de avaliação inicial aos colaboradores interessados e às instalações disponíveis, estas empresas aplicam algumas técnicas da área da saúde laboral, fornecendo todo o apoio necessário para a seleção e correta orientação das atividades e motivando corretamente os colaboradores. Suportadas por investigação científica, estas empresas estão orientadas para favorecer o bom funcionamento do tecido empresarial, através da diminuição dos casos de baixas por motivos de saúde, o que se traduz diretamente na diminuição do absentismo e num aumento da produtividade.
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Texto José Guimarães
NESTA agora
NESTA agora Workshop Cidade das Profissões – Passos para a criação do próprio emprego 12 de Junho de 2012 14:30-16:30 Cidade das Profissões R. das Flores, Porto http://cdp.portodigital.pt/repositorio-de-noticias/agenda-dejunho-cdp-1
Workshops & Concursos Eventos 8ª edição do Concurso Nacional de Inovação BES Beta-start (5th edition) De 19 de Abril a 30 de Junho de 2012 http://www.bes.pt/sitebes/cms.aspx?plg=245bea2e-b3d047ec-a4e5-6c6a5c755cd0
Curso de Empreendedorismo: do Conceito à Aplicação, da Ideia ao Negócio, da Tecnologia ao Valor De 20 de Abril a 1 de Junho de 2012 (Sexta sim, Sexta não) 18:00-21:00 Coimbra http://www.ordemengenheiros.pt/pt/agenda/curso-deempreendedorismo-do-conceito-a-aplicacao-da-ideia-aonegocio-da-tecnologia-ao-valor/ EDP Solidária Barragens 2012 De 14 de Maio a 22 de Junho de 2012 http://www.edp.pt/pt/sustentabilidade/ fundacoes/fundacaoedp/programas/Pages/ EDPSolidariaBarragens2012.aspx Novabase Competition 2012 De 18 de Maio a 15 de Setembro de 2012 http://competition.novabase.pt/ Desafio Massivemov + FIA De 21 de Maio a 15 de Junho de 2012 Feira Internacional de Artesanato - FIL Parque das Nações Rossio dos Olivais 2.13.01,1990 Lisboa http://www.massivemov.com/blog/eventos/desafiomassivemov-fia/ Prémio Empreendedores – Fundação Everis De 22 de Maio a 1 de Junho de 2012 http://fundacion.everis.com/en-GB/Paginas/inicio.aspx Formações gratuitas na Semana Solidária Open Space De 28 a 31 de Maio de 2012 MyCoworkSpace R. Cidade de Bolama, Lisboa http://www.mycoworkspace.com/formacoes-gratuitas-nasemana-solidaria-open-space/
De 5 de Maio a 8 de Junho de 2012 Startup Lisboa R. da Prata, Lisboa http://te.beta-start.com/#info Ignite Campus @ ESHTE FuTurismo Sexta, 25 de Maio de 2012 19:00-22:15 ESHTE Escola Superior de Hotelaria e Turismo do Estoril http://igniteportugal.clix.pt/2012/05/estoril-ignite-campuseshte-futurismo.html Entrepreneurs Beer Break @ ISCTE 29 de maio de 2012 18:30-20:30 ISCTE http://entrepreneursbreakiscte.eventbrite.com/ Beta-i Office Hours 30 de Maio de 2012 19:00-20:00 Startup Lisboa, R. da Prata, Lisboa http://betaiofficehours.eventbrite.com/ Entrepreneurs Meet USA, Embaixada EUA – Women Entrepreneurship 31 de Maio de 2012 15:00-18:00 Embaixada USA, Av. das Forças Armadas Lisboa http://www.unl.pt/empreendedorismo/entrepreneurs-meetusa 3 Day Startup Porto De 1 a 3 de Junho de 2012 Faculdade De Farmácia Da Universidade Do Porto R. de Aníbal Cunha 164 Porto http://porto.3daystartup.org/
ISCTE-IUL MIT – Portugal Venture Competition Até 31 de Maio de 2012 ISCTE-IUL MIT http://mitportugal-iei.org/
Demo Day Beta-Start Energia e Transportes 14 de Junho de 2012 15:00-18:30 Sede Da Caixa Geral De Depósitos Av. João XXI 63, Lisboa http://www.eventbrite.com/event/3179898161/efblike
Workshop “Desenvolva a sua Inteligência Emocional” 9 de Junho de 2012 10:00-18:00 Av. Ressano Garcia, Lisboa
SWITCH Conference 15 e 16 de Junho de 2012 Lisboa http://www.switchconf.com/
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