NESTA magazine - Especial verao 2012

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especial verão 2012 nº05 • www.nestamagazine.com há empreendedorismo

Mais... Talkdesk Renault Sand Jumper Zaask Beija-Flor Bewarket ... e outras tendências!

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Indíce

ESPECIAL VERÃO ‘12

4 Notícias 6 Talkdesk

Um computador, uma ligação à internet... e aí tem o seu call center

8Startup

Pirates

10 Renault

Sand Jumper

Inovação portuguesa ao serviço do ambiente

12 Zaask

Quando você não tem tempo, encontre quem tenha

13 Ponto de Vista Coluna de Sara Correia

14 Beija-Flor Cronologia de uma ideia que cresceu

16 Bewarket

Bewarket quer mudar o paradigma do e-commerce

18 Tendências Faça contas, o hábito de levar a marmita para o trabalho é tudo de bom

19 Opinião Jack Soifer

20 NESTA agora


NESTA Edição

editorial

É Verão: negócios escaláveis e boas exportações O clima é propício e as ideias abundam. Cada vez mais são os casos de portugueses a quererem mostrar o seu valor lá fora. Arriscam e singram. Não é assim tão difícil. Quando se ouve tanto falar em exportações e na importância do seu estímulo, a resposta é dada à altura por vários conjuntos de micro, pequenas e médias empresas. São grandes. E a verdade é que os números das exportações até abrandaram no mês de Junho, tendo crescido quase 7% no segundo trimestre do presente ano. Na realidade, têm crescido até então e pela primeira vez nos últimos 50 anos, estas superaram o valor das importações, algo não muito habitual nos dias que correm. Desengane-se que pensa que se trata de um acontecimento banal. Mesmo numa altura tão difícil devido à conjuntura internacional e à perda do poder de compra por parte dos países que nos importam, Portugal dá a cara e mostra como se faz. Nesta edição especial de Verão, a NESTA pretende dar mais visibilidade a alguns projetos que têm tido muita aceitação por cá e que já começam a dar cartas lá fora. Comecemos desde logo pelo Startup Pirates, um programa de aceleração para ideias de negócio com a adição de algum espírito aventureiro e ousado. Cerca de um ano depois da sua criação, este conceito está já presente em vários pontos do globo e já viu nascer vários projetos com estrelinha como é o caso da Uniplaces, que já foi notícia na nossa revista.

A Talkdesk e a Zaask são outros dois casos que vale a pena ter de baixo de olho. A primeira esteve recentemente em Silicon Valley e promete revolucionar o modo como as grandes empresas gerem os seus serviços de call-center e a forma como os conhecemos atualmente. A segunda consiste numa plataforma que visa juntar que precisa de ver uma tarefa ou serviço ser levado a cabo e quem está disposto a resolver essa mesma situação por um dado valor pré-estabelecido e acordado entre ambas as partes. A verdade é que a Zaask bastante mais rápido do que seria de esperar e, pouco depois do seu lançamento, no passado mês de Abril, contavam já com 40000 utilizadores registados. Muito futuro para estes projetos que, apesar de serem relativamente recentes e pequenos ainda, apresentam-se desde logo desenhados para serem completamente escaláveis, com vista noutros mercados e na internacionalização. Se está a pensar fazer o mesmo, comece então por cá, um ótimo mercado para testar o seu negócio à partida e depois lance-se. Talvez Brasil, Espanha ou até mesmo países lusófonos do continente africano. O importante mesmo é jogar pelo seguro primeiro mas nunca deixar de arriscar. Bom Verão e bons mergulhos! Pedro Sampaio Diretor Editorial NESTA magazine

Ficha Técnica Proprietário NOVA Entrepreneurship Society Director Editorial Pedro Sampaio Planeamento Estratégico João Abiul Menano Redação José Guimarães Margarida Reis Sara Correia

Design Mariana Fernandes José Armando

Periodicidade Mensal

Fotografia Ricardo Teixeira

Sede de Redação NOVA Entrepreneurship Society Campus de Campolide Residência Alfredo de Sousa, piso-1 1099-032 Lisboa

Comunicação Externa Fernando Moreira Colaboradores Rita Pimenta Orlando Jaime Monteiro Hélder Moreno Lopes

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Notícias

Empresários Indianos investem em startups portuguesas A primeira delegação portuguesa da TiE foi lançada no passado dia 18 e será liderada por Abdool Vakil - The indus Entrepreneurs, organização sem fins lucrativos que visa fomentar o empreendedorismo. Em depoimento à Lusa, PK Agarwal - líder da organização - referiu estar bem impressionado com Portugal “Encontrei empresas cheias de ideias inovadoras e muito sofisticadas. Empresas estas que poderiam ter sido criadas em Silicon Valley [nos Estados Unidos] e ninguém daria pela diferença”. Acrescentando que considera que a atual situação económica portuguesa é ideal para arrancar com um novo negócio. “O copo está meio vazio, não existem empregos, portanto, mais vale começar algo novo”. A TiE, a Câmara Municipal de Lisboa e a Startup Lisboa organizaram o TiE Lisbon Entrepreneur Boot camp que culminou com o lançamento oficial da TiE Portugal. Uma comitiva de 170 elementos da TiE e um número mais restrito de empresários da Diáspora Indiana participaram neste evento partilhando conhecimento e experiências com jovens de 30 “startups” portuguesas. Para além disso está previsto encontros com diversas empresas, científicas, novas tecnologias, engenharia e banca, com membros do governo e o presi-

dente da Câmara de Lisboa. “Todas as empresas representadas desenvolvem produtos ou serviços globais (exportáveis e escaláveis) com base tecnológica e grande potencial de crescimento. Acredito que para todas, o contato com empreendedores tecnológicos de dimensão mundial será fundamental para a sua expansão global”, refere PK Agarwal. A TiE é uma rede mundial, com delegações no EUA, Canadá, alguns países da Europa, Índia, Paquistão, Japão, Malásia, Emirados Árabes Unidos, Singapura, Austrália e Maurícias. A TiE está presente em 57 cidades de 14 países e tem mais de 13 mil membros. “As companhias que já saíram desta rede valem mais de 200 mil milhões de dólares (163,8 mil milhões de euros) e já criaram milhares de empregos”, salienta o gestor. E deixa um conselho, referindo-se a Portugal como “um caso singular”, PK Agarwal notou que os portugueses têm estigma de falhar. “Acho que é uma coisa cultural. Se fores corajoso o suficiente e falhares, sabes que vais aprender com isso. Temos que celebrar o sucesso, mas também o falhanço, pois ajuda-nos a aprender”.■

Empresas presentes: ■ NMusic surgiu em 2010 e criou um sistema multiplataformas únicono mundo que permite ouvir música no computador, telefone, ‘tablet' e TV. ■ Zaask é uma plataforma online onde, num só sítio e de forma gratuita, poderá solicitar propostas para qualquer tarefa a pessoas talentosas ou empresas inscritas na comunidade. ■ Hole19 afirma-se como uma plataforma completa para o mundo de golfe, uma aplicação para os ‘smartphones' iPhone e Android. A aplicação recolhe estatísticas em

tempo real, mede as distâncias com recurso a GPS e aconselha ao jogador o taco a utilizar. ■ FeedZai visa desenvolver um produto disruptivo na área de Inteligência de Negócio, que permite garantir a existência de informação de negócio atualizada ao segundo. ■ ConsultaClick é uma empresa constituída em 2010 com o objetivo de revolucionar o sistema de marcação de consultas na área da saúde em Portugal e no estrangeiro.

Texto Sara Correia com Lusa Fotografia Hole19 e Jornal i

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Notícias

Diga não ao caminho traçado, ele conduz somente onde os outros já foram Há cerca de sete anos atrás uma ex-patroa numa conversa informal referiu que um currículo demasiado eclético era sinónimo de uma personalidade instável e pouco segura, o que para ela era um fator contra qualquer contratação. Com uma certa felicidade vos digo que a dita senhora estava enganada. Para entenderem melhor o que vos digo devo referir que essa pessoa iniciou a sua carreira numa época em que um emprego era para a vida, o conhecimento era algo muito pouco mutável, dependendo muita da experiência e das competências adquiridas num dado posto de trabalho. Mas agora as regras do jogo mudaram, rapidamente qualquer tipo de conhecimento se torna obsoleto, o mundo tornou-se incerto, mais global e diversificado. Atualmente, a experiência e o conhecimento são muito menos relevantes, colocando a adaptabilidade, a resiliência e a nossa esfera de contatos no topo das necessidades para nos mantermos no mundo laboral. Assim um candidato que não segue o caminho tradicional, tendo constantes ruturas no seu currículo, demonstra grandes competências

a nível da inteligência emocional, tais como flexibilidade, empatia, consciência organizacional e uma boa gestão de relações. Estas características tem uma enorme importância para separar o trigo do joio, isto é, diferenciar a performance de cada candidato. A forma como se adaptou à procura do mercado de trabalho revela o potencial de crescimento do indivíduo, demonstrando curiosidade, visão, inspiração, determinação e motivação. Podemos dizer que nos nossos dias a grande procura recai sobre dois fatores: • Prontidão: pretende-se adequação entre os requisitos do cargo e o candidato numa fase específica da sua carreira. Tem como base as competências críticas e adequação cultural. • Potencial de desenvolvimento: neste ponto faz sentido tudo o que foi dito anteriormente, se somos adaptáveis, trabalhando sempre ao mais alto nível das nossas capacidades, teremos um enorme potencial de desenvolvimento. Mas não fique preocupado se a sua carreira se desenvolveu de forma linear, a questão não será tanto a forma como se desenrola esse caminho, mas sim o receio que esse currículo

revele uma pessoa acomodada, pouco criativa e sem grande espaço para a mudança. Isso não quer dizer que esse candidato não continue a procurar crescer e a ter um desempenho bem-sucedido. E claro que as mais bem sucedidas inovações são as mesmas que criam novos mercados, derrubando as existentes. Vários estudos revelam que este processo de rutura melhora as probabilidades de sucesso de produtos, companhias e também de países. Acredito que pode também funcionar como catalisador não só profissionalmente mas também a nível pessoal, tornando a amostra mais ampla. Assim não falamos só de um empreendedor que lançou uma empresa inovadora, mas também de uma pessoa que escolheu trabalhar de forma mais livre e menos limitativa movendo-se entre áreas de conhecimento, projetos e companhias. Este zigzag constante pode ser comum atualmente, mas as pessoas que "zigzagueiam" melhor, na verdade, não o fazem de forma aleatória. ■ Texto Sara Correia Fotografia Google Life

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LaserLeap A seringa já não pica

Se foge de agulhas como o diabo foge da cruz temos boas notícias para si, nasceu a LaserLeap uma seringa a laser que promete não magoar. A necessidade de desenvolver uma alternativa à clássica seringa, deu-se durante a pesquisa no tratamento do cancro de pele ao verificar-se que as moléculas em estudo demoravam demasiado tempo a entrarem nas diferentes camadas da pele. Como resposta a esse impasse, Carlos Serpa, Gonçalo Sá e Luís Arnaut, investigadores do Departamento de Química da Universidade de Coimbra, delinearam uma estratégia com base em ondas foto acústicas, o resultado não poderiam funcionar de forma mais simples, o medicamento é aplicado na pele em forma de gel ou creme e depois sujeito ao laser estimulando a sua absorção pela pele. Esta tecnologia foi testada em 30 estudantes do Departamento de Química comprovandose indolor e não provocando vermelhidão. “A sua aplicação baseia-se na geração de ondas de pressão que transientemente permeabilizam a pele, de modo a que a absorção dos fármacos seja facilitada. Esse processo caracteriza-se por ser rápido, eficaz e as principais aplicações ramificam-se no tratamento do cancro da pele, na analgesia e na cosmética”, afirmou Gonçalo Sá ao jornal i. Engana-se quem pensa que é um projeto recente, nasceu em 2008, ano em que arrecadou 80 mil euros de prémio no concurso BES Inovação. Permitindo realizar a prova de conceito

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e ganhar o prémio AVCRI/RedEmprendia no valor de 200 mil euros dois anos depois. A RedEmprendia é uma associação ligada ao Grupo Santander e que tem como objetivo apoiar empreendedores, englobando 20 universidades ibero-americanas. Durante a apresentação da LaserLeap, o seu presidente, Senén Barro, não poupou elogios à tecnologia, classificando-a como “excecional”, enfatizando a importância no aumento de qualidade de vida dos pacientes. Seguiu-se a criação em setembro de 2011 da empresa LaserLeap Tecnologies, e um pedido de patente internacional a abril de 2012 para se dar início a comercialização do produto. Mais recentemente a LaserLeap foi distinguida com o primeiro prémio no Photonics West 2012, em São Francisco, EUA, um dos maiores encontros científicos do mundo na área da fotónica, fortalecendo o caráter internacional da tecnologia. que promete chegar ao mercado dentro de um ano. ■ http://www.youtube.com/ watch?v=52JncPfrsAQ http://www.laserleap.com/ Texto Sara Correia Fotografia TVi24


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ICote.

Não há lugar para si em Portugal, certamente existe lá fora Muitas vezes é necessário sairmos do mundo que nos foi destinado para podermos ganhar outra perspetiva sobre o que se pode fazer e, como resultado dessa necessidade, temos um grupo de estagiários portugueses do 14º programa de estágios internacionais (2010). Esta ideia nasceu de uma conversa entre amigos numa noite quente Madrilena em Maio de 2010, sabendo que o estágio INOV Contacto estava na reta final. Sem que existisse alguma perspetiva de futuro, Pedro Ramos decidiu criar um grupo no Facebook para partilha de informação entre os participantes deste programa de estágios. Nasceu a pagina “Pessoal do INOV que quer continuar a trabalhar no estrangeiro”, lançando a base para o ICote.pt um sitio de partilha de informação de uma forma prática entre estudantes colocados em diferentes mercados. O estado do mercado de trabalho nacional em que 15% da população ativa está desempregada e a crescente precariedade do mercado laboral criaram as condições propícias para o desenvolvimento deste tipo de projeto. Para João Guerreiro – um dos fundadores do grupo no facebook -, o ICote é como “uma rede

de conhecimento que agrega informação sobre as diversas áreas, nos diversos mercados de trabalho e ofertas no estrangeiro” e acrescenta que “o site pretende ter ofertas de emprego exclusivas, transmitidas diretamente através de pessoas de todo o mundo (…) e informações sobre como procurar emprego em cada área e em cada país e conteúdos exclusivos sobre empregabilidade”. Em atualização constante, esta plataforma de networking funciona como uma ferramenta contra o desemprego. Assim a regra é a aventura. Se não existe lugar para si em Portugal, certamente existe lá fora.■ http://www.icote.pt Texto Sara Correia Fotografia O’Rear, Charles/The U.S. National Archives

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Em foco

Cristina Fonseca e Tiago Paiva, fundadores da Talkdesk

Um computador, uma ligação à internet... e aí tem o seu call center

Link http://www.talkdesk.com/ Texto José Guimarães Fotografia Talkdesk

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Apostando na simplificação das comunicações empresariais, a Talkdesk tem como missão permitir que qualquer empresa tenha acesso a um sistema de call center de forma rápida e envolvendo poucos custos. Engenheiros de formação, os fundadores aliaram a sua experiência à visão de uma oportunidade de mercado e conseguiram um concurso lançado por uma empresa americana, tendo já objetivos bem definidos para um futuro próximo.


Em foco

CREATE A CALL CENTER IN 5 MINUTES ALL IN THE BROWSER

NESTA magazine - Em que consiste o negócio da Talkdesk e qual a sua mais-valia para o mercado? Cristina Fonseca - A Talkdesk permite que qualquer empresa consiga criar um call center apenas com um computador e acesso à internet. Eliminamos a necessidade de contratar uma infraestrutura de comunicações ou fazer um contrato de prestação de serviços com um provedor de call centers, o que normalmente demora algum tempo e implica algum investimento. Em menos de 5 minutos uma empresa pode criar uma conta, registar os agentes/operadores que atendem os telefones e comprar um número de telefone, ficando o call center pronto a receber chamadas na hora. As empresas pagam pelo que usam e não por um serviço contratado à priori. Por ser totalmente online não implica que os operadores estejam a trabalhar no mesmo espaço físico e até permite atender chamadas no telemóvel ou noutro telefone se o operador não estiver no local de trabalho habitual. NM - Como criaram o projeto e que dificuldades é que sentiram no processo? CF - O projeto surgiu para participar num concurso. A ideia já existia mas quando a empresa Twilio lançou um concurso para promover o uso da sua infraestrutura de comunicações, fizémos o primeiro protótipo. A nossa principal motivação foi o prémio que na altura era um MacBook, gostámos tanto do resultado e começámos a ter tantas abordagens e feedback positivo que pensámos logo em torná-lo num produto. NM - Vi que a vossa plataforma é “powered by Twilio”. Qual a estratégia por detrás desta parceria? CF - Como já mencionei, a ligação ao Twilio vem do concurso que deu origem à Talkdesk. A ideia já existia dos projetos em que tínhamos estado envolvidos, detetámos sempre a necessidade de sabermos quem eram os clientes que ligavam: se eram grandes ou pequenas empresas, se já nos tinham contatado antes ou não. Mas não havia nada simples de configurar que nos permitisse fazer isso. Depois de ganharmos o concurso candidatámo-nos a um apoio que a Twilio dá a empresas cuja base seja a tecnologia deles. Ganhámos, de entre 9 finalistas. Depois disso fomos convidados a integrar um programa de aceleração da incubadora 500 startups (considerada pela Forbes top 5 dos Estados Unidos). O programa consistiu em 4 meses bastante intensos com workshops, treino em áreas específicas e muita pressão para expor o produto a clientes, receber o máximo de feedback de forma a testar o mercado. Estes programas de aceleração funcionam como um programa de treino intensivo em que nos são oferecidos recursos para transformarmos rapidamente um produto num negócio. Das coisas mais valiosas que nos oferecem é uma rede de mentores com competências em diversas áreas e aos quais podemos sempre recorrer. É uma comunidade de relações extremamente valiosa que nos pode ajudar a crescer.

NM - Quem é a Cristina e qual o seu papel e o dos outros fundadores neste negócio? CF - Tanto eu como o Tiago Paiva somos mestres em Engenharia de Redes de Comunicações pelo Instituto Superior Técnico. Eu fiz investigação, o Tiago trabalhou numa multinacional mas renunciámos a um emprego seguro para criarmos algo nosso. Começámos com projetos mais pequeninos e durante um ano fizémos algumas experiências (umas falhadas outras com sucesso). Como é normal numa startup o nosso papel é o de "faz-tudo". O Raoul Felix (Mestre em Eng. Informática também pelo IST) juntou-se a nós no início do projeto. Os 3 construimos a primeira versão da plataforma e angariámos os primeiros clientes. Isto implica sermos engenheiros, comerciais, dar suporte aos clientes... no fundo trabalhar muito mas saber fazê-lo em equipa. NM - O fato de estarem no Taguspark é uma vantagem? CF - É uma vantagem claro. Aqui há 2 anos criar uma empresa em Portugal sem dinheiro era muito complicado. Hoje em dia com o acesso a incubadoras e a toda uma rede de incentivos ao empreendedorismo as coisas são um bocadinho mais simples. NM - Que conselho dariam a quem pretende passar da teoria à prática, na criação do seu próprio negócio? CF - Primeiro que tudo é preciso ter muita coragem para arriscar em algo que à partida tem pequena probabilidade de dar certo. A Talkdesk não foi o nosso primeiro negócio. Gosto sempre de explicar às pessoas que já falhei várias vezes mas que isso foi das coisas mais importantes para estarmos onde estamos hoje. Quando fomos aceites no que é considerado um dos melhores programas de aceleração da américa ficámos um bocadinho sem reação. Hoje olhando para trás percebemos que isso foi o resultado de termos tentado e falhado várias vezes, termos renunciado a um emprego seguro quando todos nos diziam para aceitarmos um trabalho numa empresa de prestígio e termos dedicado muitas horas a aprender e a estudar como nos podíamos superar. Se fosse começar um negócio hoje, as 3 coisas mais importantes seriam sem dúvida testar a ideia antes de investir demasiado tempo a desenvolvê-la, ou seja, lançar um produto mínimamente viável o mais cedo possível e perguntar aos clientes o que eles realmente querem em vez de lhes tentar vender o que eu acho que eles querem; parar de vez em quando para pensar, refazer o caminho e voltar atrás se for preciso, sendo que falhar é positivo se tirarmos lições disso e falhar cedo permite-nos chegar ao objetivo mais cedo também; criar uma equipa dinâmica, comprometida e com muita paixão pelo projeto que seja capaz de dar tudo por tudo. NM - Onde querem chegar com a Talkdesk daqui a 1 ano, ou 5 anos? CF - Angariar clientes é a nossa prioridade neste momento. Não digo daqui a 1, mas talvez daqui a 5 anos sejamos reconhecidos como a empresa que transformou os call centers em algo simples e acessível a qualquer empresa. ■

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Grande Tema

Para quê ser marinheiro quando se pode ser pirata? Texto Orlando Jaime Monteiro / Fotografia Startup Pirates

Link www.startuppirates.org

O Startup Pirates é uma organização sem fins lucrativos responsável por uma série de programas de aceleração de empreendedorismo que nasceu a norte do País, na cidade do Porto e que daí se projetou para o mundo. Os referidos programas aceleram empreendedores em potência capacitando-os através de eventos intensivos de oito dias, que combinam formação e mentoring com experientes empreendedores e business coaches com o desenvolvimento de ideias de negócio. O público-alvo são então todos aqueles que acreditam que ser empreendedor é uma aventura para navegar por mares turbulentos. Com pouco mais de um ano de existência o movimento vai, até ao final do ano, estar presente em 10 países diferentes espalhados por 4 continentes. A NESTA magazine quis saber os motivos do sucesso deste projeto que em muito foi inspirado pela frase de Steve Jobs: “Why join the navy, if you can be a Pirate?”. Fomos então ao encontro dos cinco piratas responsáveis por este movimento com muita ousadia à mistura: Inês Santos Silva, João Oliveira, Ariana Brás, Daniela Monteiro e Rafael Pires. NESTA magazine – Como surgiu e o que é, em linhas gerais, o Startup Pirates? O Startup Pirates nasceu de uma lacuna que identificamos enquanto organizadores e participantes em vários programas ligados a empreendedorismo que existiam: havia um foco grande no desenvolvimento de ideias mas não na capacitação de empreendedores para transformar ideias em negócios. Olhando para esta oportunidade decidimos, depois de algumas conversas com pessoas ligadas à área do empreendedorismo, lançar um programa piloto em Setembro do ano passado. De uma forma sintetizada como decorre o evento? O evento decorre durante oito dias sendo que a manhã está habitualmente reservada para workshops em áreas importantes para quem quer arrancar com o seu projeto, por exemplo, modelos de negócio, pitching ou marketing. Durante a tarde decorrem as sessões de trabalho onde as equipas desenvolvem os seus projetos tendo, em alguns dias, sessões de mentoring com em-

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preendedores experientes para ajudá-los nesse mesmo desenvolvimento. Toda esta dinâmica é intercalada com talks com empreendedores, que partilham as suas histórias de sucesso e fracasso, e atividades diversas como surf, dança ou yoga para ajudar os participantes a recuperar energias durante os intensos dias de trabalho. No último dia as equipas têm a oportunidade de apresentar os seus projetos a investidores reais sendo as melhores equipas premiadas com oportunidades de incubação e serviços úteis ao desenvolvimento do negócio. Ainda relativamente ao evento, quais são os critérios para a escolha dos participantes? A seleção dos participantes é, em grande parte, baseada na motivação dos candidatos. Os programas do Startup Pirates estão, acima de tudo, focados na aceleração de potenciais empreendedores. Atendendo a isso mesmo, não selecionamos apenas pessoas com ideias de negócio mas, sim, todos aqueles que se interessam pelo mundo empreendedorismo e das startups e que pensam, mais cedo ou mais tarde, lançar a sua própria empresa ou trabalhar no lançamento de uma. Qual é a importância dos Mentores? E quais são os critérios para a escolha dos mesmos? Os mentores são fundamentais para o desenvolvimento dos projetos durante os nossos programas. A sua experiência e con-


Em foco

Daniela Monteiro, Inês Santos Silva, Rafael Pires, Ariana Brás e João Oliveira, fundadores do Startup Pirates

selhos são muito importantes para todos os participantes que estão, em grande parte dos casos, a desenvolver as suas ideias de negócio pela primeira vez. Os mentores são selecionados pelas equipas locais de acordo com a sua área de especialidade, seja ela marketing, vendas, e-commerce ou empreendedorismo social. É também tido em conta a experiência dos mentores nas respectivas áreas por forma a reunir um conjunto de pessoas capazes de apoiar as equipas nas diversas áreas importantes para o lançamento de um negócio. Qual tem sido o feedback dos participantes e o impacto dos eventos? Após dois programas, realizados no Porto e em Lisboa, temos tido uma avaliação dos participantes de 5/5 que, juntando aos diversos testemunhos que temos recolhido e publicado no nosso blog, nos permite dizer que os nossos programas têm superado as expetativas de grande parte dos participantes. A juntar a isso temos algumas startups a avançar bastante bem, como por exemplo a Foodzai e a 12 Feet Tall, algumas selecionados para programas de aceleração, ou ainda a Uniplaces que fechou recentemente uma ronda de investimento na ordem dos 200 mil euros. Qual é o apoio ou acompanhamento que vocês prestam às startups criadas após o evento? Os vencedores dos nossos eventos são habitualmente premiados com incubação em incubadoras locais onde têm acesso a redes de mentores e outro tipo de serviços. A juntar a isso estamos em permanente contato com as nossas startups fazendo

promoção do seu desenvolvimento nas nossas redes e, em caso de necessidade, colocando-as em contato com pessoas ou entidades que lhes possam prestar um apoio mais especializado numa determinada área. Quais são os próximos eventos? O nosso próximo evento será em Bratislava, Eslováquia, entre os dias 11 e 18 de Agosto. Em Setembro teremos vários eventos, começando no Porto e em Lisboa (entre os dias 1 e 8) seguindose depois S. João da Madeira (entre 9 e 16), Zaragoza e Poznan. Até ao final do ano teremos eventos em muitas outras cidades incluindo Macau, Cidade do Cabo (África do Sul), Braga ou Rio de Janeiro. E o que esperam que os participantes tragam para esses próximos eventos? Acima de tudo muita energia e motivação para transformarem as suas ideias em negócios. Temos a certeza que esses ingredientes irão garantir que retirarão o máximo partido dos programas para, com isso, lançarem e sustentarem o seu próprio negócio. Quais são os vossos próximos objetivos? Até ao final do ano pretendemos garantir mais 15 eventos já para 2013 sendo que o objetivo passa por apoiar mais de 1000 empreendedores contribuindo para a criação direta de, pelo menos, 20 startups. Cumprindo estes objetivos estaremos a aumentar o reconhecimento global do Startup Pirates como um programa de aceleração de empreendedores com elevadas taxas de impacto e de sucesso.■

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Grande Tema

Criativo por natureza e habituado desde sempre a desenhar nos seus inúmeros blocos de papel, Luís Fonseca decidiu um dia ir mais longe e aliar esta sua paixão à problemática ambiental do presente, criando um projeto de um automóvel que materializasse sustentabilidade e tecnologia de ponta. Assim nasceu o Renault Sand Jumper, um protótipo construído com materiais reciclados e recicláveis, que conjuga a mais recente tecnologia automóvel com inovações inspiradoras, como é a capacidade de poder gerar a sua própria energia.

Inovação portuguesa ao serviço do ambiente Texto José Guimarães Fotografia Luís Fonseca

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Out of the box

EMO MKIII

NESTA magazine - Quem é o Luís Fonseca e o que o inspira como pessoa? Luís Fonseca - Sou natural de Lisboa e tirei o curso de design industrial pelo IADE 1999/2003. Trabalhei em algumas empresas ligadas à área do design e agências de publicidade, fui durante os anos 2004/2008 o responsável pelo design da marca de calçado Sanjo, designer de footware para marcas como Scorpion Bay e Bear Surf Boards e trabalhei com a Lotto, entre outras marcas italianas. Já fiz de tudo um pouco, desde o trabalho de armazém e logística, a ilustrador, passei pela arquitetura, pelo calçado, folhetos e publicidade digital, até por embalagens de brinquedos de uma marca portuguesa. Mas o que mais gostaria de fazer é decididamente design automóvel e produto. Sempre gostei de criar, desde pequeno que ando sempre com blocos de desenhos e para onde quer que fosse levava canetas e folhas de papel. E dessas folhas em branco nasciam aviões, carros, casas e robôs. Por entre as brincadeiras de rua durante o dia, a noite era sempre passada em horas a desenhar. Nos dias de hoje desenho nas 2 horas de viagem de casa para o trabalho, no comboio e no metro. A minha inspiração vem de muitos lados, da natureza que nos rodeia, de um filme, ou de um livro. Até um jogo de futebol pode inspirar. Penso que a inspiração é um pouco como quando perdemos as chaves de casa, passamos horas á procura e acabamos sempre por encontrá-las no último sítio em que procuramos. NM - Como surgiu a ideia do Sand Jumper e que tipo de critérios foram tidos em conta para a conceção do design? LF - O que me levou a criar este projeto foi assistir ao uso abusivo dos recursos que roubamos à natureza. Com isso surgiu a ideia de um projeto de “ecodesign”. E uma ajuda extra, com os aumentos da poluição atmosférica e dos preços dos combustíveis. Não demorou muito tempo para sentir que fazia falta um carro que pudesse ser utilizado pelas novas gerações e que incutisse um nova mentalidade ecológica. Queria desenhar um veículo com personalidade e com um aspecto desportivo, mas sem o tornar demasiado agressivo, algo mais orgânico. NM - O projeto ainda está na fase de protótipo, mas em que segmento de mercado se pretende posicionar? LF - Sendo um concept car é um projeto que ainda está em fase de conceção. Mas seria um produto de gama média/alta, com diversas utilidades como referi no artigo da Green Savers. NM - Qual é a mais valia deste projeto? LF - A mais valia deste projeto é principalmente a ideia de que o ecodesign é obrigatório, pensarmos que o temos hoje é um dado adquirido é errado. O que temos hoje poderá não existir num

futuro próximo. É necessário utilizarmos os recursos e energia alternativas e sendo Portugal um pais soalheiro temos mesmo que aproveitar todas estas vantagens ao nosso alcance. NM - Como foi a experiência de trabalhar com a UMM? LF - Apenas fiz um redesign de um modelo da UMM com grande orgulho e para mostrar que era possível pegar novamente nessa ideia e trazer para uma nova realidade aquilo que - tenho a certeza - iria ser um sucesso de vendas: o renascer de uma metalúrgica e produto nacional de grande qualidade e robustez. NM - E o que é outro projeto, o Emo MKIII? LF - O EMO MKIII, tem outro tipo de função, ainda que se trate de um veiculo eléctrico. O desenho foi criado para a grande cidade de São Paulo, no Brasil. É a resposta a um conjunto de fatores para um concurso da “Shell Game Changer”. Seria um veículo mais seguro (contra carjacking) e mais pequeno, para se deslocar no meio do trânsito caótico da cidade e que trouxesse novas soluções energéticas. Em resposta desenhei um carro que se eleva a uma determinada altura para evitar os assaltos, pois torna-se mais difícil a um assaltante roubar um carro que está parado a uma altura superior. A outra característica seria a de mudar a estrutura com o aumento de velocidade, para reduzir o centro gravitacional. Este veículo é um pouco mais complexo que o Sand Jumper, já que utiliza 4 motores esféricos, uma tecnologia ainda muito recente. E tem no parabrisas uma película fotovoltaica, portanto é considerado um veículo híbrido. O grande desafio neste projeto foi a gravidade, visto ser um carro muito pequeno. Para tal, o uso de 4 giroscópios independentes serve para compensar o movimento, um pouco como o que vemos nos Segway. Outra inovação seria nas rodas que são omnidirecionais, o que significa que permite que o veiculo se deslocar lateralmente e rode 360º. Fiquei muito feliz, pois este trabalho apareceu em destaque no site da National Geographic. NM - Há convites de marcas? Existe alguma marca que gostasses de trabalhar? LF - Por enquanto ainda não recebi convite de marcas. Existem algumas com quem gostaria de trabalhar e estou aberto a desafios. NM - Quais as maiores dificuldades no mercado nacional para a materialização deste tipo de negócio? LF - Penso que em Portugal podemos ter uma grande ideia, mas inicialmente somos sempre postos de parte. Infelizmente é a mentalidade que assisto. Mas depois, quando um português é reconhecido no estrangeiro, todos nós nos enchemos de patriotismo e dizemos alto e em bom som “e também é português”. ■

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www.zaask.com

Out of the box

Juntando a experiência na resolução de problemas, com o conhecimento certo ao nível das novas tecnologias, Luís e Saurabh inspiraram-se no conceito de crowdsourcing para criar a Zaask, uma plataforma online que permite que “askers” e “taskers” interajam a qualquer hora, contribuindo positivamente com soluções em prol uns dos outros, com soluções eficientes, económicas e seguras. Numa sociedade cada vez mais afetada pela constante falta de tempo, os dois sócios encontraram assim uma forma de, também eles, dar o seu contributo à sociedade. NESTA magazine - Qual é o modelo de negócio em que a Zaask se baseia? Luís Martins - O objetivo da Zaask é resolver de uma forma inovadora e eficaz um problema que tem séculos: a falta de tempo de muitas pessoas ou empresas. Existem muitas tarefas do nosso dia a dia que, se pudéssemos, pagávamos a alguém de confiança e com talento para as realizar. É exatamente este o custo que a Zaask pretende eliminar, assim como aumentar as possibilidades de escolha para quem precisa. Para tal, recorre às novas tecnologias para promover o encontro entre pessoas ou empresas que precisam de ver certas tarefas feitas mas que não têm tempo ou recursos (Askers) e as pessoas da sua comunidade que têm tempo e talento para realizar essas mesmas tarefas (Taskers). Funciona da seguinte forma: - No site zaask.com, o Asker descreve a tarefa/trabalho que necessita de ver realizada (esta informação é disparada para as pessoas ou empresas da comunidade que quiser); - Recebe propostas por parte de pessoas ou empresas que estiverem disponíveis para lhe fazerem a tarefa/trabalho; - Escolhe a proposta que mais lhe agradar com base no preço e perfil dos Taskers; - Depois da tarefa concretizada, o pagamento é feito online (pelo valor acordado previamente) e é feita uma avaliação aos Taskers. - Neste momento o modelo de negócio é uma comissão entre os 3% e 10% (reduz à medida que o valor transacionado aumenta). No entanto, não fechamos as portas para evoluir ou acrescentar outros modelos, nomeadamente o modelo freemium. NM - E em que é que o modelo da Zaask difere de outros modelos já existentes? LM - O modelo da Zaask é diferente dos modelos já existentes, que nomeadamente são ou classificados ou agências. Na Zaask, através de um só passo, para qualquer trabalho e de forma gratuita, o Asker consegue obter muito mais informação para tomar a sua decisão: recebe várias propostas diretamente de quem as faz, para aquela tarefa específica, sem custos de agência ou overheads e com bastante informação por parte dos Taskers, nomeadamente avaliações de trabalhos passados assim como

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Quando você não tem tempo, encontre quem tenha Texto José Guimarães Imagem Zaask

uma validação da informação pessoal. O esquema de avaliações e recomendações do histórico de trabalhos é crítico no momento da escolha e mitiga bastante o tema da segurança que é para a Zaask tão importante! Por essa razão, os Taskers são criteriosamente escolhidos e obtêm uma série de certificados por cada informação validada, tal como registos nas redes sociais, números de contato, NIF, etc. A validação de informação está alinhada com os incentivos dos Taskers, pois aumentam bastante as hipóteses de ganhar trabalhos! Para além disto, há toda uma noção de comunidade que não existe noutros modelos. O valor da Zaask confunde-se 100% com o valor da comunidade. A Zaask é a comunidade. Temos por exemplo realizado workshops semanais com a comunidade nos quais debatemos em conjunto, formas inovadoras de aumentar o valor da mesma. NM - Em que ocasião é que vos surgiu a ideia de criar uma plataforma como a Zaask? LM - A ideia já vem de há alguns anos quando eu lia um livro que se chama “Lean Solutions”, de James Womack. Trata-se de um livro que dá uma série de soluções para eliminar o desperdício dos processos das empresas. No entanto, a determinada altura o autor fala de uma potencial solução para eliminar as tarefas que tem que ser feitas mas que não acrescentam valor à vida das pessoas. Entretanto, começaram a surgir vários market places online e as peças juntaram-se naturalmente. NM - Ter uma ideia é somente o primeiro passo para a criação de um negócio. Como é que deram seguimento ao resto do processo e quais foram as maiores dificuldades que sentiram? LM - A ideia é sem dúvida apenas uma pequena parte para a criação de um negócio. Diria que vale apenas uns 5%. Às vezes, pode até nem ser o primeiro passo. No nosso caso, não o foi. Primeiro criamos uma pequena equipa e depois começamos a pensar e analisar várias ideias e a tentar juntar várias peças soltas. Na minha opinião, são as equipas que desenvolvem os produtos e não o contrário. Depois há toda a componente de fazer acontecer. Aí sim, está a


Coluna grande dificuldade. Fazer acontecer é difícil porque se encontram muitos obstáculos e tem que se estar preparado para encontrar soluções para se ultrapassar esses obstáculos. Há sempre uma janela que se abre quando uma porta se fecha! NM - Como está a ser a experiência de lançar e manter um negócio em tempos de crise? O fato de ser online ajuda? LM - O fato de ser online e as novas tecnologias permitem facilitar muitos processos comparando com o offline. O que a Zaask faz seria muito mais limitado se fosse offline, por exemplo. É para isso que serve a internet, para facilitar processos. E por isso tem crescido tanto. A crise não quer dizer que não existam oportunidades! Elas existem, são é diferentes, com pressupostos diferentes. Estamos a assistir ao terminar de uma época e ao começar de outra, que na minha opinião será muito melhor! Mas a mudança é penosa. Tem que haver uma adaptação e por vezes isso custa. Mas quem se adaptar, rapidamente compreenderá quais as novas oportunidades. NM - O dinheiro é, ou não é essencial? LM - O dinheiro é importante mas não é crítico para começar. Muitas vezes, é apenas uma boa desculpa para não fazer nada. A Zaask é um bom exemplo. Até agora, alcançamos uma comunidade de 10 mil pessoas e não gastamos mais de 500 euros. O importante é ter clientes e na maior parte das vezes não é preciso ter dinheiro para conseguir os primeiros. Atitude, equipa, planeamento, capacidade de fazer acontecer e ultrapassar problemas e uma boa rede de contatos valem muitas vezes mais do que qualquer dinheiro para começar. Óbvio que o dinheiro é fundamental depois para ganhar escala, principalmente num negocio B2C, mas isso é já numa segunda fase e muito mais fácil de angariar depois de ter clientes. NM - De que forma tem sido a adesão por parte de “askers” e “taskers” e qual o feedback que têm tido depois de finalizados os processos na vossa plataforma? LM - A adesão tem estado muito acima das nossas expectativas. Estamos neste momento a caminho dos 10 mil utilizadores (após 3 meses de atividade), dos quais 45% são Askers e os restantes Taskers. No primeiro mês em que a plataforma esteve operacional (junho), tivemos mais de cem tarefas publicadas, num valor acima dos 20 mil euros. Ainda temos poucas tarefas atribuídas (20), mas estimamos que este número começará a subir de forma exponencial muito em breve, à medida que os utilizadores forem conhecendo melhor a plataforma e a forma como funciona. Ainda estamos muito no início. Um dado curioso é que todos os Taskers que concluíram tarefas tiveram avaliações máximas! Este dado inicial, tem confirmado o nosso pressuposto que a qualidade das tarefas realizadas via Zaask será superior do que em qualquer outro modelo. As avaliações são públicas. Os Taskers têm muito mais incentivos a terem uma boa avaliação. NM - Quais os próximos passos para a Zaask? LM - Neste momento estamos concentrados em essencialmente três grandes vetores. Um: consolidar processos que nos permitam, de forma contínua, otimizar a plataforma, eliminar bottlenecks e assim melhorar a experiência e a satisfação para o utilizador. Dois: estabelecer processos que nos permitam monitorizar e melhorar sistematicamente a performance do nosso investimento em marketing. E finalmente: enfocarmo-nos na internacionalização, nomeadamente Espanha e Brasil, como os países que se seguem. NM - Que conselho dariam a quem quer criar um negócio online (ou offline)? LM - O meu principal conselho é: descubram o que gostam de fazer e foquem-se nisso. O sucesso está relacionado com a felicidade. E, na minha opinião, felicidade é acordar todos os dias cheio de vontade e energia para fazer o que se vai fazer. Isso só se consegue se fizermos aquilo que se gosta! Como dizia uma pessoa que eu admirava: “uma boa vida não é uma vida boa”. ■

Ponto de vista

Para nós todos os dias são jogo Existem dois tipos de dias na vida de um empreendedor: os Treinos e os Jogos. Os Treinos são para limar as arrestas do projeto, reunir informação, escrever planos de negócio e sobretudo orientar a equipa. Os Jogos são diferentes, é quando o bicho pega, quando acontece. Se é novo neste campeonato a grande questão é: Como encontrar um meio-termo entre a performance no jogo e nos treinos, e como lidar com o desgaste emocional perante a derrota? Os conselhos são: 1. Prepare-se para trabalhar durante longos e longos dias: Pois é, não existe outra forma de dizer isto. Os primeiros 6 meses são os piores. Durante o dia trabalhe os seus contatos e faça algumas visitas de cortesia a potenciais clientes. À noite concentre-se nas folhas de Excel e foque-se nas necessidades dos seus clientes, estude a concorrência e sobretudo a sua empresa. 2. Aprenda a levar com algumas portas na cara: É difícil não perder a vontade depois de muitas portas se fecharem. Mas lembre-se, o nome do Jogo é Tenacidade. Considere como o supremo desafio a conversão de um redondo não num estimulante sim e lembre-se que a sua concorrência irá fazer exatamente o mesmo, tudo o que precisa fazer é aguentar-se mais tempo. 3. Não tome à pressa nenhuma decisão estratégica: Pode sentir-se pressionado a fazer escolhas importantes, não faça avaliações de forma superficial. Se não tiver tempo durante o dia para ir ao fundo da questão, o conselho passa por ser paciente. Tente reunir a informação necessária durante o dia e a noite é toda sua. Só quando entender a totalidade da situação é que poderá alterar o que quer que seja. Assim, se está a ler esta coluna e se está a criar ou a expandir um negócio, acredite que eu estou em sintonia com a sua dor. Mantenha-se focado, lembre-se que todos os dias são dias de Jogo. Se errar, não desanime. Fique no Jogo. O SIM é certo, acredite. Sara Correia

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Observatório title de Startups

8 de novembro Lançamento dos cadernos de bolso com ilustrações de Raquel Graça.

31 de outubro Lançamento do projeto Beija-flor, no Facebook e blogue (http:// beijaflor-blog.blogspot.pt/), com os primeiros cadernos de bolso da coleção de padrões de azulejos portugueses e o vídeo com o processo de produção.

19 de novembro Publicação do projeto no blogue brasileiro Don't touch my moleskine. 10 de novembro Primeiros cadernos enviados para fora do País. Londres foi o primeiro destino.

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Novembro Participação na Feira de Publicação Independente, na Faculdade de Belas Artes do Porto.

30 de novembro Primeira encomenda de 20 cadernos personalizados.

25 de novembro As primeiras vendas para o Brasil.

Dezembro Beija-flor à venda em loja, na Bling Bling, no espaço Artes em Partes.


Observatório de Startups

Beija-Flor

Cronologia de uma ideia que cresceu

Texto Margarida Reis Fotografia Fred Gomes – fredgomes.com

Na sua quinta edição, a NESTA magazine dá início no Observatório de Startups a uma repescagem dos projetos e empresas em fase inicial de que tem vindo a falar. Começamos, claro, com o Beija-flor: a ideia de negócio que abriu as hostes da presente rubrica, na edição número um da revista. Como se desenvolveu o projeto ao longo dos tempos e em que ponto está presentemente? Respondemos com datas, numa cronologia de sucessos. ■

Março Lançamento dos tamanhos A5 e A7 de cadernos e das molas (“da roupa”) personalizadas.

Abril Participação na III Feira de Publicação Independente na galeria Dama Aflita. Beija-flor à venda no espaço |entre linhas|, na rua Miguel Bombarda. Publicação de cadernos de bolso com ilustrações de Pedro Fernandes.

Junho Publicação de cadernos de bolso com ilustrações de Miguel Sousa Participação no mercado especial São João. Produção de 100 cadernos com um padrão personalizado para o Arraial do Conto, pousada em Belo Horizonte, no Brasil.

Maio Colaboração com a Xirth Opina. Cem cadernos com ilustrações de vários artistas.

Julho Participação na Farrapeira, feira de papel e ilustração, em Guimarães.

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Observatório de Startups

Bewarket quer mudar o paradigma do e-commerce Chamam-lhe “social commerce”, mais do que e-commerce. O Bewarket detetou necessidades no universo do comércio online e procura agora transmiti-las aos internautas, levando-os a experimentar o serviço. O objetivo da startup é claro: ser o principal “shopping” do Facebook, crescendo a par e passo com a rede social de Mark Zuckerberg.

NESTA magazine - Quem está por detrás do Bewarket? Marco Barbosa - Somos cinco sócios, dois efetivos e três auxiliares. Eu e a empresa de desenvolvimento de software Sétima, Lda. somos os sócios efetivos, que trabalham diariamente e estão dedicados a tempo inteiro ao projeto. Diogo Azevedo, João Aresta e Ângelo Belchior são os sócios auxiliaries, que detêm uma cota da empresa devido ao investimento inicial que serviu de “boost” para arrancar com o desenvolvimento da plataforma. O Diogo é meu primo, o Ângelo foi meu colega de Universidade e o João é meu amigo. A Sétima apareceu quando andei a percorrer o País à procura de empresas de desenvolvimento que acreditassem no projeto e em mim de forma a colaborarem no seu desenvolvimento. Depois de muitos “nãos”, encontrei dois jovens, Rui Ramos e Miguel Vieira, donos da Sétima, que acreditaram em mim, no projeto e na sua ideologia. NM - Quando e como nasceu o projeto? De onde surgiu a ideia de negócio? MB - A ideia surgiu após eu ter ganho o quarto lugar mundial na Microsoft Imagine Cup 2008, com outra ideia de negócio. Tive a oportunidade de continuar com o resto da equipa a trabalhar nesse projeto, mas optei por abandoná-lo e tentar “remar sozinho”, ver realmente quais os meus limites e até onde posso ir. Foi aí que decidi escolher um tema para tese de mestrado com o professor com quem queria trabalhar, Ramiro Gonçalves, que é um especialista em comércio eletrónico. Foi durante a tese, enquanto fazia o estudo do mercado e o estado da arte, que me apercebi de imensas lacunas ainda existentes no comércio eletrónico. O conceito está assente numa ideologia que tem mais de dez anos. Aliado a isto, senti que começa a existir uma enorme convergência do comércio eletrónico e das redes sociais, daí este projeto basear-se num conceito de social commerce e não de e-commerce. NM - Este serviço fazia falta à Internet e às pessoas? Porquê? Essencialmente, em que é que se distingue dos outros serviços para vendas; a ligação a uma comunidade através do Facebook? MB - Sim, faz, a maioria das pessoas é que ainda não o sabe! Quando estava a fazer a tese encontrei uma série de perguntas para as quais nem o e-commerce nem o seu mercado tinham ainda resposta. Como, por exemplo: “posso trocar em vez de comprar?”, “posso definir uma percentagem da venda para doar a uma instituição de caridade?”, “posso ver no mapa quem vende portáteis perto de mim, num raio de cinco quilómetros?”, “posso

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ganhar uma comissão de uma venda, caso consiga um comprador?”, “consigo criar e exportar uma loja online para um website e/ou uma página de fãs do Facebook, com apenas três cliques e gratuitamente?”, “posso convocar todos os amigos de um amigo meu para lhe comprarmos, em grupo, algo que ele tem na sua wishlist e oferecer-lhe isso no aniversário?”, “posso saber qual a opinião dos meus amigos sobre algo antes de o comprar?”. Estas são apenas algumas das perguntas a que o Bewarket traz resposta. Embora algumas plataformas possam responder a uma ou outra questão das acima referidas, nenhuma responde a todas numa única fórmula. O facto de estar embutido no Facebook é uma grande vantagem competitiva, não só pela facilidade de acesso e confiança, mas também pela qualidade da informação que obtemos dos utilizadores, que só esta rede social nos consegue fornecer. Nenhuma plataforma de comércio eletrónico consegue saber com grande exatidão aquilo de que os utilizadores gostam, o que procuram e qual o seu perfil, de forma a conseguir dizer-lhe o que ele precisa antes mesmo de ele o saber. NM – Porquê um serviço exclusivamente no Facebook? Qual a importância desta rede social? Pretendem alargar o conceito a outras plataformas? MB - A web está saturada de serviços independentes, ou seja, com processos de registo exaustivos e pouco focados. Vejamos, só em Portugal temos mais de cinco grandes players no que toca a compras, vendas, leilões e classificados online. O Facebook é um ecossistema fortíssimo, com índices de crescimento nunca antes vistos. O melhor do Facebook não é o seu número de utilizadores mas sim a qualidade da informação obtida desses utilizadores. Uma aplicação inserida no Facebook cresce quase sozinha, quando bem desenvolvida e planeada. O potencial de viralidade e interação fornecido pelo Facebook é algo que não se consegue num website comum. Sim, em breve estaremos presentes também no Google+ e depois lançaremos o nosso próprio website. NM – Porquê a decisão do empreendedorismo? Este é o momento certo para escolher este caminho algo tortuoso? MB - Eu costumo dizer que uns queixam-se, outros resolvem. Eu já deixei de ver notícias porque é sempre o mesmo: crise, desemprego, manifestações… todos discutem os problemas, mas poucos criam soluções. Tortuoso?! Tortuoso é levantar de manhã sem motivação, trabalhar oito horas por dia numa empresa qualquer, a fazer um trabalho que não me apetece fazer e estar a semana


title

toda a pensar na sexta-feira, como a maioria dos jovens portugueses e, arrisco-me a dizer, da Europa. O empreendedorismo é algo que nos supera, que nos põe à prova e que testa os nossos limites. Isto não é para quem quer, é para quem quer muito e para quem luta pelos seus sonhos, e não por um trabalho estável com um ordenado razoável! Sempre que se fala em empreendedorismo, toda a gente diz que gostaria de ter o seu próprio negócio, mas depois disso vem sempre um “MAS”. Mas não tenho dinheiro, mas não percebo de finanças, mas os outros são corruptos, mas o governo não ajuda, mas já alguém faz algo parecido, mas... Quem quer arranja, luta, erra, cai e aprende… Quem não quer arranja desculpas. Todos os momentos são certos para apostar no empreendedorismo! NM – Quais os passos que deram para fazer do Bewarket uma realidade? Quais as principais dificuldades encontradas? MB - Desde a ideia à sua estruturação, centenas de reuniões, muitos erros cometidos, muitas discussões, choro, angústia, ansiedade… Ao longo destes últimos dois anos, desde que a ideia ficou bem estruturada, fui “disparando” para todo o lado. Não sabia nada de planos de negócios, de finanças, de marketing, e não tinha dinheiro. Marquei imensas reuniões com pessoal dessas áreas para que pudesse aprender e perceber como funcionam, falei a amigos e familiares da ideia e que precisava de dinheiro para avançar. Apesar de ter mestrado em Informática, sozinho nunca conseguiria concretizar isto, precisaria de experiência profissional para me ajudar a tornar esta ideia realidade. Tive mais de 20 reuniões com empresas de software diferentes em todo o país, com investidores que me orientaram quanto a qual o melhor caminho a seguir e contei sempre com o apoio dos meus pais. Quando alguém não acredita em nós, seja investidor ou parceiro, temos de provar que somos capazes através de ações e nunca de palavras. Em Portugal a cultura do investimento de risco está a anos-luz da dos Estados Unidos da América, mas depende de nós adaptarmo-nos a esta realidade e jogar de acordo com as circunstâncias. O medo de arriscar cá é gigantescamente maior e o acesso a fundos de investimento é bem menor, então, se assim é, na perspetiva de um empreendedor, cria-se um MVP (Minimum Valuable Product), coloca-se no mercado e elabora-se uma projeção de crescimento e um plano financeiro baseado em factos. A primeira grande dificuldade é encontrar resposta a isto: “Tenho uma ideia, e agora?”. Temos de traçar um plano de execução, ou seja, o que é preciso fazer para concretizar algo. Não tem de ser algo elaborado, mas sim pensado. Se não sei qual o próximo pas-

so, pergunto a quem saiba. Se não fiquei esclarecido, pergunto a outra pessoa… e assim sucessivamente, até ter uma estratégia pensada que faça sentido e que seja plausível. Um empreendedor nunca pode pensar que sabe mais que os outros e deverá rodear-se sempre de pessoas que, em algum aspeto, saibam mais que ele. Um empreendedor vive da aprendizagem constante, e essa considero que seja uma máxima a ter em conta diariamente. NM – Como se financiaram? Planeiam obter mais financiamento num futuro próximo? MB - O financiamento até agora foi dos FFF - Family, Friends and Fools - e de alguns prémios de concursos de ideias que ganhamos. Estamos numa fase em que precisamos de capital de risco e estamos a orientar esforços nesse sentido. A prova de conceito está criada e provada, a competência técnica está demonstrada e as previsões de rentabilidade estão todas baseadas em factos dos seis meses de operabilidade que tivemos até agora. A grande fatia de um possível investimento de risco será só e apenas para publicidade em massa, em que sabemos exatamente quanto nos custa trazer um utilizador e de que forma. Só com estes seis meses de operabilidade é que conseguimos ter essa informação com uma margem de erro muito reduzida. Assim que atingirmos um certo numero de utilizadores, a própria viralidade do Facebook e os mecanismos que temos implementados tratarão do resto. O investimento que temos pensado vai permitir-nos atingir dez milhões de utilizadores em dois anos, o que significa que seremos líderes destacados, face à concorrência! NM – Em que ponto está neste momento o Bewarket e de que forma querem que cresça? O que se segue, em termos de novos projetos, na vida da startup? MB - O Bewarket cresce a uma média de dois por cento por dia, estamos com quase 5000 utilizadores registados e já contamos com mais de 100 mil visualizações. Isto sem um forte investimento em marketing/publicidade. O nosso grande objetivo é que o Bewarket seja o principal “shopping” do Facebook e que Portugal seja uma fatia muito pequena da nossa operabilidade. Isto é um projeto mundial: já temos três línguas, e atualmente temos mais acessos do Brasil do que de Portugal. O Bewarket, para já, é o único projeto da empresa, mas já estamos a estruturar um novo produto, que será lançado ainda este ano. ■ Link www.bewarket.com Texto Margarida Reis Fotografia Bewarket e DR

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Tendências

Faça contas, o hábito de levar a marmita para o trabalho é tudo de bom Austeridade é a palavra do dia, sabemos que os orçamentos familiares estão mais restringidos e o preço das refeições aumentou face à subida dos impostos na restauração. Almoçar fora durante a semana passou a ser um luxo ocasional para a maioria das pessoas. Em alternativa assistimos ao surgimento nas superfícies comerciais ou na internet de uma enorme variedade de recipientes específicos para conservar alimentos, ponha de parte as caixas Tupperware da sua mãe, agora a oferta promete o transporte da sua refeição até ao local de trabalho com grande estilo. A Mesclastone.com, smartlunch.blogs.sapo.pt ou pegada-verde.pt são alguns sites onde pode encontrar lancheiras cheias de “pausa”, com preços que variam entre os 20 e os 35 euros.

Se a marmita não é uma tendência tão atual assim - ainda se devem recordar dos bons velhos tempos da infância quando levavam um termo do Snoopy para a escola- o que é novo é o surgimento de empresas que se especializaram em levar-lhe todos os dias o almoço ao emprego, com preços a partir de 3,49 euros. É a pensar nas pessoas que nem almoçam fora e nem trazem a refeição de casa que surgiram negócios com “A marmita” ou a “S3 office”, serviços de entrega de refeições no local de trabalho a preços baixos.

O primeiro passo é registar-se, fazer o pedido através do site ou por telefone até ao final do dia anterior e por volta das 13 horas do dia seguinte será entregue no seu local de trabalho a refeição, com preços com 3,49 euros para uma salada, e 3,99 euros por prato. Mas pode ser criativo compondo o seu menu. Esteja atento ao menu publicado diariamente no site.

Todas as semanas,é enviado para o escritório a ementa semanal. Depois, basta encomendar por telefone ou por e-mail, entre as oito e as 12 horas de cada dia, para receber até às 13:30 horas o almoço. A empresa oferece dois tipos de menus com o mesmo preço: cinco euros por refeição. Três razões para “marmitar” Poupança: Dificilmente se almoça por menos de 6 euros, assim para quem almoça todos os dias fora ao fim de um mês significa que terá pago no mínimo 150 euros, aqui há uma margem para poupar todos os meses. Saúde: Se a poupança não é a sua prioridade, “marmitar” é uma aliada da sua saúde. Dá-lhe o poder de controlar a alimentação e com mais facilidade resiste as tentações. Tempo: cada vez mais escasso. Deixe de lado o rebuliço dos restaurantes, relaxe se optar por esta tática o mais provável é que lhe sobre tempo para fazer outras coisas, nem que seja apanhar sol ou conversar sobre o tempo. Links http://www.s3-office.com/ http://www.amarmita.com/ Texto Sara Correia

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Opinião Link www.jacksoifer.org Jack Soifer, Engenheiro, Brasosueco, fez 297 consultorias em 38 setores, em 12 países, p.ex. China, Rússia, Tanzânia, Angola, Inglaterra, Brasil, EUA. Autor de Portugal Rural, Transportes, Algarve/Alentejo - My Love, Como Sair Da Crise, etc.

Jack Soifer

A História repete-se.

A

forma mais fácil para maus políticos dominarem um povo é darlhe vícios que o torne passivo. Na Roma Antiga eram os gladiadores que o divertiam. A Idade Média trouxe a religião e o feitiço que, misturados às pestes e à necessidade de trabalhar para alimentar os déspotas, não davam tempo ao povo para se organizar e melhorar a estrutura da sua sociedade. Na China antes da 2ª Grande Guerra dominava o ópio. Foi preciso uma revolução e um governo firme para substituí-lo por outra religião, o maoísmo. Um sistema retrógrado na Europa, que apregoa a democracia mas pratica a autocracia, resultou na Revolução Estudantil de Maio/68. Começou em Paris, como a Revolução Francesa de 1789, que mudou o conceito de governação no mundo. Já antes das revoluções sangrentas algumas evoluções tinham ocorrido: a revolução industrial dos 1880, a evolução energética dos 1900 e a dos costumes nos anos 20. Nenhuma delas veio da população humilde nem da classe média-baixa, os artesãos e maçons de 1780. As inovações com transportes movidos a vapor é que trouxeram uma evolução tecnológica a que se chamou de revolução industrial. Ela veio da elite, de engenheiros e do esforço de técnicos e inovadores, raramente das classes humildes ou dos intelectuais. No início do século passado eram os vícios que mantinham os povos dóceis: o ópio na China, o álcool na Rússia, Alemanha e EUA. A depressão dos anos 30 na Alemanha superada pelo ópio do na-

E a Economia? cionalismo doentio, na Rússia pelo comunismo doentio, nos EUA pelo fumo e pelo cinema, na Europa pelos supérfluos que chegavam à classe média, trouxe-nos a 2ª Grande Guerra. De 1946 a 1966 veio o vício da construção, dos carros e da televisão. Mas continuava a dicotomia entre a teoria da democracia e a realpolitik de uns poucos. Com o ópio proibido, o tabaco a fazer mal, o álcool caro, vieram o LSD e a libertação sexual, esta sim, uma revolução dos costumes. A insatisfação popular continuou a ser dominada pelos manipuladores com pulso de ferro, como Hoover nos EUA, Adenauer na Alemanha, de Gaulle em França. Eles fizeram algo de bom nalgum período anterior, mas aproveitaram-se da sua imagem para perpetuarem um sistema já não condizente com a sociedade da década de 60. A Revolução estudantil da Primavera de 1968 rapidamente se espalhou pela Europa e, em cada país, ganhou líderes que, de uma forma ou outra, forçaram a modernização das suas nações. Em 70 o grupo Baader-Meinhof na Alemanha e as Brigadas Vermelhas na Itália, são talvez os mais notórios. Noutros países a massiva participação nas eleições, por parte de uma população que pela 1ª vez encontrou uma alternativa credível na estrutura política, trouxe pelo voto p.ex. Allende no Chile. Ao usar a força do futebol, do carnaval e da TV nos países latino-americanos, e até tolerar o haxixe para distrair o povo, os manipuladores políticos, aliados

ao lóbi das armas, conseguiram derrubar Allende, manter os militares no poder do Brasil e impor modelos monetaristas em vez de desenvolvimentistas. Entre 1973 e 1976, num país após outro, veio o fortalecimento da democracia, mesmo à custa de convulsões internas, como o pós-25-de-Abril por cá, a transição democrática no Brasil. Transportes mais baratos e vistos facilitados permitiram a explosão do turismo, que trouxe modernidades às sociedades ainda semifechadas, como Portugal. Aqui os retornados de Angola/Moçambique também impactaram. Estamos à beira de uma nova revolução. A UE apregoou melhorias económicas à custa de menos democracia, ao se emprestar para um consumo supérfluo que beneficiou os grandes países do Euro, em detrimento dos mediterrânicos. Em 11/11/04 publiquei que teríamos esta crise. Em 01/03/10 disse no Prós e Contras que já estávamos em depressão, não só recessão; e que ela poderia durar 8 anos. O modelo que a Troika nos impôs não resultou em outros países. O “ceteris paribus” só existe em sonhos. A Argentina repudiou-o há 12 anos e ao adotar o desenvolvimentismo em vez do monetarismo, trouxe o caos normal na mudança de paradigmas. Mas na década passada teve um crescimento sustentável de uns 8%/ano. Só quando os economistas tornarem a economia real parte do desenvolvimento social é que teremos uma real democracia económica.

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NESTA agora

Eventos

Entrepreneurs Mini Break @ Cais das Colunas

14 de Agosto, 18:30-20:00 Cais das Colunas (Terreiro do Paço, Lisboa) Descrição: http:// entrepreneursminibreak.eventbrite.com Beta Talk, Portimão (especial de verão) 16 de Agosto, 19:00-22:00 NoSolo Água (Marina de Portimão) Descrição: http://www.eventbrite. com/event/4029004862/efblike Startup Pirates @ Porto 1 a 8 de Setembro Porto Descrição: http://www.startuppirates.org/ Beta-Trends (SEA & LIFE SCIENCES clusters) 5 de Setembro, 14:30-18:30 Pavilhão do Conhecimento, Parque das Nações, Lisboa Descrição: http://www. trendsdaybetastart.eventbrite.com Startup Pirates São João da Madeira 9 a 16 de Setembro São João da Madeira Decrição: http://sjm.startuppirates. org/programa/agenda/

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Conferências de Economia Social 10 de Setembro, 9:30-17:30 Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa Descrição: http://www.cases. pt/0_content/conferencia_economia_ social/programaConferencias EconomiaSocial.pdf Encontro Presente no Futuro 14 e 15 de Setembro Centro Cultural de Belém, Lisboa Descrição: http://www. presentenofuturo.pt/home/ PRODER – Margem Esquerda do Guadiana candidaturas a decorrer até 14 de Setembro Serpa, Mertola, Mourão, Moura e Barrancos Descrição: http://www.rotaguadiana. org/index/noticias/proder_2012


NESTA agora

Workshops & Concursos Prémio “Os Nossos Heróis” candidaturas a decorrer até 15 de Agosto Descrição: http://visao.sapo.pt/ descubra-os-herois-por-tras-destesorriso=f664657 Nutrition Awards – Empreendedorismo no Setor agroalimentar candidaturas a decorrer até 20 de Agosto Associação Portuguesa de Nutricionistas e GCI Descrição: http://www.nutritionawards. pt/como-participar.html CONVOCATÓRIA DE APOIOS AOS JOVENS CRIADORES 2012/2013 candidaturas a decorrer até 31 de Agosto Musibéria, Serpa Descrição: http://62.48.199.130/ musiberia/artigos. asp?id=123#.T_8Bqyrzzyc.facebook Jovens com Ideias… levam Portugal ao crescimento candidaturas a decorrer até 31 de Agosto Todo o país Descrição: http://www.facebook.com/ events/396424573752853/ Prémio Sim Samsung candidaturas a decorrer até 31 de Agosto Descrição: http://premiosim.com/#!/ comoparticipar Curso Gestão de Organizações e Projectos Culturais Coimbra 31 a 8 de Agosto Coimbra Descrição: http://www.cultideias. com/noticias.php?page=not_ destaque&id=119#not Prémios «Empreendedores sociais» candidaturas a decorrer até 1 de Setembro Descrição: http://europa. eu/ey2012/ey2012main. jsp?catId=1026&langId=pt ALGARVIVA - Concurso de ideias de negócio para mulheres empreendedoras do Algarve candidaturas a decorrer até 3 de Setembro Algarve Descrição: http://www.apme.pt/

ALENCRISE - Concurso de ideias de negócio para mulheres empreendedoras no Alentejo candidaturas a decorrer até 3 de Setembro Alentejo Descrição: http://www.apme.pt/ Nova Mobile Summer Camp by ISEGI 5 a 10 de Setembro Lisboa Descrição: http://www.isegi.unl.pt/ novamsc12/apresentacao.asp Curso de Verão – Internacionalização nos Sectores do Ambiente e Energia 6 a 15 de Setembro ISG, Lisboa Descrição: http://www.isg.pt/index. php/pt/ensino/cursos/curso-de-verao Curso METODOLOGIAS E PRÁTICAS NO DESENVOLVIMENTO COMUNITÁRIO 7 de Setembro a 20 de Outubro Almada Descrição: http://www.cultideias. com/noticias.php?page=not_ destaque&id=122#not

22ª Edição Curso de Empreendedorismo Gestão de PME 10 de Setembro a 11 de Outubro Lisboa Descrição: http://www.upskills.pt/ cursos/curso/id/6 Universidade de Verão In Loco 11 a 14 de Setembro Museu Municipal, Faro Descrição: http://www.in-loco.pt/site/ index.php?name=News&file=article &sid=179 Beta-start Sea and Life Science 15 de Setembro a 30 de Outubro João Sem Medo Center for Entrepreneurship (@coworklisboa * LX Factory) Descrição: http://ol.beta-start.com/ 3ª Edição do Concurso de Empreendedorismo Acredita Portugal 18 de Setembro Acredita Portugal Descrição: http://www. acreditaportugal.pt/realiza-o-teusonho/verpre-registo-edicao3.php

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Fique a saber mais sobre os nossos parceiros e o seu projeto Jagruthi Moov em sapana.org


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