Cultura do Abacate

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UNIPINHAL FACULDADE DE AGRONOMIA “MANOEL CARLOS GONÇALVES”

CULTURA DO ABACATE

TURMA C – NÍVEL VI EUCLIDES DOTTA NETO – RA 52380

ESPIRITO SANTO DO PINHAL 2007


Índice

1. Introdução

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2. Botânica

04

3. Cultivares

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4. Clima

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5. Solo

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5.1. Práticas de conservação do solo 6. Propagação

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6.1. Preparo do Solo

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6.2. Plantio

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7. Calagem e Adubação

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7,1. Adubação de cova

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7.2. Adubação de formação

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7.3. Adubação de produção

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8. Tratos Culturais

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8.1. Capinas

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8.2. Irrigação

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8.3. Pragas

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8.4. Doenças

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8.5. Poda

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9. Colheita,seleção,classificação,embalagem e comercialização

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9.1. Colheita

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9.2. Seleção

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9.3. Classificação

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9.3.1. Classificação oficial

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9.3.2. Classificação de agricultores e comerciantes

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9.3.3. Classificação no Havaí

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9.4. Embalagem e Comercialização

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9.5. Tratamentos de proteção das frutas

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10. Referências Bibliográficas

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1. Introdução

O abacateiro originou-se no México e América Central, pertence a família Lauraceae, gênero Persea Americana Mill (Guatemalense e Antilhana) e a Persea drymifolia Chan e Schelect (Mexicana). As variedades da raça mexicana toleram melhor temperatura baixa; as da antilhana são de clima tropical; e as guatemalenses de clima subtropical e não toleram extremos de temperatura. As plantas têm copa aberta e podem comumente atingir acima de 10 metros de altura. É importante conhecer a biologia floral do abacateiro pra obter uma boa produção devido à sua característica das flores serem hermafroditas. As suas flores se comportam de duas formas diferentes determinando a classificação dos cultivares em grupo A e grupo B. O grupo A é composto por variedades em que a primeira abertura da flor ocorre no período da manhã pronta para receber o pólen (feminina) reabrindo novamente à tarde do dia seguinte, porém, soltando pólen (masculino). As variedades do grupo B a primeira abertura da flor ocorre após o meio dia (feminina), fechando-se ao entardecer e reabrindo ao amanhecer no estágio masculino. Assim, para ocorrer uma eficiente polinização das flores, os pomares devem ser formados com variedades pertencentes aos dois grupos. Segundo Montenegro (1951), o fruticultor define qual a quantificação e/ ou forma de interplantação das variedades dos dois grupos necessários para a obtenção de produção de acordo com a procura no mercado. O abacate é uma das frutas tropicais mais valiosas, rica em proteínas e vitaminas lipossolúveis A, D e B, com quantidade variável de óleo na polpa, grandemente utilizado na indústria farmacêutica e de cosméticos, e na obtenção de óleos comerciais substitutivos do óleo de oliva. Guirra Net Rural, 2004, informou que os cultivares mais utilizados no mercado interno são: Simmonds (grupo A), Barbieri (B), Collinson (A), Quintal (B), Fortuna (A), Breda (A), Reis (B), Solano (B), Imperador (B), Ouro Verde (A) e Campinas (B). No mercado externo e para a industrialização são mais empregados os cultivares: Tatuí (grupo B), Hass (A) e Wagner (A). As variedades Hass e Fuerte vêm sendo comercializadas no mercado nacional 3


sob a denominação “Avocado” e por serem cultivares diferenciados têm sido mais valorizados. As variedades: Ouro Verde, Geada e Fortuna são mais comerciáveis no exterior, devido ao seu formato. O Brasil é o quarto maior produtor mundial de abacate, com uma produção, em 2004, de 173 mil toneladas em área de 12 mil ha, para uma produção mundial de, aproximadamente, 3,2 milhões de toneladas e área de 416 mil ha. A produção brasileira está distribuída principalmente pela Região Sudeste, seguida pelo Nordeste e Sul, sendo o Estado de São Paulo o maior produtor, com produção estimada, em 2003, de 78 mil toneladas (59% do total nacional). O segundo Estado maior produtor, o Paraná, apresenta participação ao redor de 14%, seguido dos Estados de Espírito Santo com 6%, Rio Grande do Sul com 6% e Ceará com 3% (IBGE, 2004).

2. Botânica

O abacateiro, Persea americana M., pertence à família das Lauraceae. É uma árvore de porte médio a alto, geralmente de 12m, mais até 18m de altura, de tronco cilíndrico e linheiro, com casca aromática, rugosa longitudinal e de cor cinza, terminando em copa simétrica, estreita ou espalhada e ampla, madeira leve e frágil, fácil de quebrar com o vento, ramos baixos. As folhas sem estípulas, curto-pecioladas, alternas, indivisas, oblongo-lanceoladas a ovais, de 10-15cm de comprimento e 5-15cm de largura, lisas e algo coriáceas; peninervadas e de bordos ligeiramentes sinuosos; verde a verde escuro, ligeiramente lustrosas, na face superior; verde-cinza na parte inferior. Quando novas apresentam coloração bronzeada. As inflorescências, axilares, aparecem na base dos brotos do ano, agrupadas na parte terminal dos ramos, dando a aparência de panículas terminais. As flores são pequenas, do diâmetro de 5-15mm, bissexuais, de cor verde amarelada, fragrantes, com curto pedicelo. São flores perfeitas mas sem corola, com cálice de 6 sépalas, com cor verde amarelada, com 12 estames dispostos em 4 séries de 3, sendo 9 deles funcionais, pois 3 são reduzidos e estaminóides e os internos de maior comprimento. O ovário é unicarpelar ou

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uniovular, com um estilo e um estigma em forma de disco. Todas as partes das flores estão cobertas por finos pelos. O fruto é formado por epicarpo (casca) e mesocarpo (polpa) e endocarpo (semente), em frma ovalada, ou arredondada, com diâmetro de 7 a 10cm e comprimento de 7 a 10cm, mas pode mudar muito com as numerosas variedades existentes, assim como outros seus caracteres; a casca, por exemplo, geralmente verde amarelada, pode apresentar manchas mais ou menos extensas de cor purpúrea, ou pode ser totalmente purpúrea escura a marrom; ela é glabra, lisa ou rugosa, fina ou espessa, lignificada e quebradiça, suave ou coriácea. A polpa é geralmente de cor amarela clara, com tendência ao verde perto da casca, de consistência manteigosa, e espessura de 15 a 20mm ou mais. A semente é grande, globosa ou arredondada, com ponta mais ou menos pronunciada do lado do pedúnculo formada por dois cotilédones distintos, esféricos e rosados, amarelos ou verdes. O embrião é colocado, na semente, do lado oposto ao pedúnculo e em sua direção. A semente pode estar presa na cavidade ou solta. A classificação das variedades de abacateiro existentes em 3 raças, continuam sendo universalmente conhecidas: a mexicana, a guatemalteca e a antilhana (West Indian). Para diferenciar as 3 raças é a seguinte: A) As folhas, quando esfregadas, exalam odor de anis 1. Árvores relativamente resistentes ao frio; maturação dos frutos 6 a 8 meses depois do florescimento, dependendo do clima. Fruto pequeno com casca fina, suave, lisa. Semente relativamente grande – Raça Mexicana AA) As folhas, quando esfregadas, não exalam odor de anis 2. Árvores menos resistentes ao frio; maturação dos frutos de 10 a 15 meses depois do florescimento. Fruto de tamanho médio a grande. Casca grossa e dura, superfície geralmente áspera – Raça Guatemalteca 3. Árvores ainda menos resistentes ao frio; maturação dos frutos de 6 a 8 meses depois do florescimento. Fruto de tamanho médio a grande. Casca grossa mas suave e com superfície lisa – Raça Antilhana A flor do abacateiro é hermafrodita ou bissexual. A época de maturidade do pistilo não corresponde à da deiscência das anteras, necessita para efeito de polinização, do pólen proveniente de outro indivíduo de comportamento 5


floral diferente. Esse fato precisa ser devidamente considerado na escolha de variedades para estabelecimento de uam plantação comercial, com a intercalação no plantio de variedades de grupos diferentes de florescimento Em relação ao tempo normal de abertura e de fechamento das flores, as variedades de abacate pertencem a dois grupos distintos, designados A e B. GRUPO A: Neste grupo estão as variedades em que a primeira abertura da flor, isto é, quando o estigma se apresenta receptivo, ocorre no período da manhã. As anteras, porém, não se abrem,e não há, portanto, soltura do pólen para fecundação do estigma. A flor se fecha por volta do meio-dia, para reabrir no dia seguinte, no período da tarde, quando então os estames estão maduros e ocorre a deiscência das anteras, porém o estigma já não se encontra mais receptivo. GRUPO B: Este grupo compreende as variedades em que a primeira abertura da flor ocorre após o meio-dia, fechando-se ao entardecer. Nesse período, contudo, não há liberação de pólen. A reabertura da flor ocorre no dia seguinte, no período da manhã, quando então as anteras são deiscentes, porém, o estigma não é mais receptivo. Essa periodicidade floral pode ser parcialmente afetada pelas condições climáticas, que tornam possível a autopolinização. Embora existam variedades mais ou menos susceptíveis à autopolinização, esta é sempre deficiente, e somente a consociação de variedades recíprocas pode garantir uma produção satisfatória.

3. Cultivares

Apesar do abacateiro possuir flores hermafroditas ou bissexuais, a época de maturidade do pistilo não corresponde à da deiscência das anteras. Necessita, portanto, para efeito de polinização, do pólen proveniente de outro indivíduo, de comportamento floral diferente. Este fato dá margem ao surgimento de um grande numero de novos cultivares. a) Grupo Floral A Collinson Possui anteras estéreis, isto é não produzem pólen, portanto deve ser consorciada com outras variedades que floresçam na mesma época. 6


Árvore

de

crescimento

grande,

resistência

regular

às

geadas,

precocidade normal e produção constante. Frutos grandes, obovóides e elípticos, imunes a verrugose e boa resistência ao transporte, casca verde brilhante, lisa ou ligeiramente verrugosa, coriácea, polpa amarelo ovo, de sabor neutro, rendimento alto, tamanho do caroço pequeno, forma oblata, aderente a cavidade. Fortuna Árvore rigorosa, resistente à verrugose e à antracnose, produção precoce. Fruto grande, polpa amarelo ovo, um tanto adocicada Hass Árvore ereta e vigorosa, de produção constante. Frutos verdes, quando de vez, tornando-se depois escuros; muito pouco areentos, piriformes, pequenos, casca relativamente fina, coriácea, caroço pequeno; polpa de sabor bom a excelente. Ouro Verde Maturação tardia e a colheita se concentra nos meses de setembro a outubro. As folhas são arredondadas, com coloração verde escura, quando adultas, sem apresentar o odor anis. O fruto é de base angular, a cor da casca é verde, com superfície rugosa, textura lenhosa e aparência lustrosa. A forma da semente é elíptica e semente solta. A polpa apresenta coloração amarela, com sabor semelhante a nozes, com baixo teor de fibras. Simmonds Árvore de crescimento médio, fraca resistência às geadas, precocidade normal e produção regular. Frutos de tamanho grande, elípticos, imune a verrugose e regular resistência ao transporte, casca lisa, coriácea, verde amarelada, polpa de cor amarelada, adocicada, caroço grande, elípticos. Wagner Árvore de crescimento médio, boa resistência às geadas, produção precoce e do tipo constante. Frutos de tamanho médio, obovados, de boa resistência à verrugose e ao transporte, casca verrugosa, lenhosa, verde, polpa amarela, de sabor neutro, baixo rendimento, caroço grande, orbicular, aderente à cavidade.

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b) Grupo Floral B Barbieri Apresenta maturação precoce, folhas arredondadas, com coloração verde escura, quando adultas, sem apresentar o odor anis. O fruto é de base angular, a casca é verde, com superfície lisa, textura coriácea e aparência lustrosa. A forma da semente é elíptica e aderente. A polpa apresenta coloração amarela creme, de sabor neutro. Campinas Maturação tardia, folhas arredondadas, com coloração verde, quando adultas, sem apresentar o odor de anis. O fruto é de base angular, a cor da casca é verde amarelada, com superfície levemente verrugosa e aparência lustrosa. A forma da semente é elíptica e aderente. A polpa apresenta coloração amarelo creme, com sabor semelhante a nozes. Fuerte Árvore rigorosa, comumente algo compacta e de porte pequeno, produtiva, mas tem forte tendência para alternar a produção. Frutos piriformes, casca ligeiramente áspera, verde escura, medianamente grossa e de consistência coriácea, polpa de sabor muito bom, caroço de tamanho médio, cônico. Pollock Árvore de crescimento médio, fraca resistência às geadas, precocidade normal e produção constante. Frutos de tamanho muito grande, piriformes, imunes à verrugose e regular resistência ao transporte, casca lisa, coriácea, verde amarelada brilhante, polpa amarela, adocicada, caroço pequeno, cônico e aderente à cavidade. Prince Árvore de crescimento grande, muito fraca resistência às geadas, de precocidade normal e produção constante. Frutos grandes, obovados, de boa resistência a verrugose e ao transporte, casca verrugosa, lenhosa e verde, polpa amarela, de sabor neutro e rendimento médio, caroço pequeno, cordiforme, aderente à cavidade. Quintal Fruto grande, piriforme. É o único do tipo “Manteiga” e de valor comercial. 8


Reis Maturação tardia. As folhas são arredondadas, com coloração verde escura, quando adultas, sem apresentar o odor de anis. O fruto é de base angular. A casca é verde, com superfície levemente rugosa, textura lenhosa e aparência lustrosa. A forma da semente é cordiforme e aderente. A polpa apresenta coloração amarelo creme, de sabor semelhante a nozes, com baixo teor de fibras. Solano Árvore de grande desenvolvimento, com alta produtividade e produção constante, fruto muito grande, casca de cor verde escura, levemente rugosa, espessa. A polpa apresenta coloração amarelo ovo, com ausência de fibras, o rendimento em polpa é alto. Tatuí Árvore de grande desenvolvimento, com folhas largas, produção alternada, fruto grande, casca de cor verde fosca brilhante, lisa, espessa. Rendimento de polpa alto.

Outras variedades também são encontradas no Estado de São Paulo. Entre elas, pode citar as seguintes: Barker, Carlsbad, Dikaro, Duke, Glória, Gottfried, Itizamna, Linda, Lula, Margarida, Nabal, Northrop, McDonald, Panchoy, Princesa, Puebla, Rincon, Sharpless, Taft, Taylor, Trapp, Waldin, Winslowson e outras.

4. Clima

As principais exigências do abacateiro quanto ao clima relacionam-se com a temperatura e a precipitação. Quanto ao primeiro fator, as variedades tem comportamento diferente conforme a raça a que pertençam. Os abacateiros da raça antilhana, conhecidos por “comum” ou “manteiga”, originários das regiões de baixa altitude da América do Sul e da América Central, são menos resistentes ao frio, danificando-se com a temperatura ao redor de 2ºC. As variedades da raça guatemalense, originárias das regiões altas da América Central, são mais resistentes ao frio do que as antilhanas, com uma resistência comparável à da 9


laranjeiras. Finalmente, os abacateiros da raça mexicana, originários das regiões altas do México e da Cordilheira dos Andes, são os mais resistentes de todos ao frio. Nas regiões mais quentes, verifica-se que há uma antecipação na maturação dos frutos. A precipitação pluviométrica em torno de 1.300mm anuais é suficiente para o abacateiro. Estiagens prolongadas são nocivas pela queda de folhas que provocam e a conseqüente redução da safra. O excesso de precipitação durante o período de florescimento e frutificação, além de reduzir a produção, prejudica a qualidade das frutas. As regiões sujeitas a ventos fortes e frios são contra indicadas à instalação de pomares de abacate, pela queima que causam às plantas e pela queda de frutos.

5. Solo

Os solos devem ser leves, profundos, bem drenados, sem camadas de Impedimento e neutros ou ligeiramente ácidos, evitando-se aqueles sujeitos ao encharcamento. Os solos pesados, excessivamente argilosos ou barrentos, com alto poder de retenção de água, sujeitos, portanto, ao encharcamento, não devem ser plantados com abacateiros, porque predispõem as plantas à molétia podridão das raízes, causada pelo fungo Phytophthora cinnamomi.

5.1. Práticas de conservação do solo

Plantio em nível, capinas em ruas alternadas, com a utilização de cobertura vegetal nas entrelinhas, mantendo rasteira no período chuvoso através de roçadeira ou uso de herbicidas em faixas. Em terrenos com declividade acima de 6% associar terraceamento, de acordo com o manejo e tipo de solo, ou utilizar patamares ou banquetas.

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6. Propagação

As mudas são formadas por enxertia do tipo garfagem no topo em fenda cheia, usualmente em porta-enxertos da raça antilhana. Para pomares instalados em regiões sujeitas a geadas, é recomendável a formação das mudas em porta-enxertos mexicanos ou guatemalenses. As sementes retiradas dos frutos colhidos da planta são postas a germinar em canteiros de areia grossa e logo após sua germinação os porta-enxertos são repicados para sacos plásticos e colocados em ripados à meia-sombra, onde são enxertados quando alcançarem o diâmetro de um lápis. Após a enxertia são mantidos por 30 dias no ripado,e depois, aclimatados ao sol para posterior plantio no campo. É imprescindível o tratamento do solo dos recipientes. Tipos de enxertia no abacateiro: Garfagem inglesa simples, Garfagem de cunha ou fenda cheia, Enxertia de borbulha na forma de T normal, Garfagem lateral com entalhe reto, Garfagem em coroa. Sendo os mais empregados na cultura do abacateiro a enxertia por gema terminal; enxertia por garfagem em fenda cheia ou apical; e enxertia por garfagem lateral.

6.1.

Preparo do solo

Preparado convenientemente o solo, com uma aração profunda seguida de gradagem, procede-se à localização das covas e ao seu preparo, nas distâncias recomendadas. Nos terrenos em declive, as covas serão abertas em curvas de nível.

6.2.

Plantio

No período das chuvas ou, fora dele, com irrigação. Evitar a quebra do torrão; proteger do sol o tronco da muda na região de enxertia. Irrigar a muda até o seu pegamento. Plantio alto com torrão 5cm acima do nível do solo. Distância de plantio de 6x6m. Todas as fileiras ímpares são plantadas com variedade do grupo floral A; cada uma das fileiras pares inicia-se com a variedade do grupo floral A, e depois, dentro de cada fileira par, planta-se um

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pé da variedade do grupo B seguido de três pés da variedade do grupo floral A, alternando-se, dessa maneira, daí pra frente. Primeiro Desbaste: Pode ser feito entre 6 a 8 anos, dependendo dos fatores antes apontados. Uma árvore sim e outra não de cada fileira par é eliminada, a começar da primeira de cada fileira. Segundo Desbaste: É necessário após cerca de 4 anos, quando então todas as árvores de cada quarta fileira (4, 8, 12, etc) são eliminadas. Plantação final: As árvores estão agora distanciadas de 12m entre si, nos dois sentidos, com uma da variedade do grupo floral B no centro de cada grupo de quatro pés da variedade do grupo floral A. Coveamento e plantio: As covas são abertas nas dimensões de 60x60x40cm, separando-se, de um lado, a terra da primeira camada de 15cm e, de outro, a terra da camada restante ou do subsolo. Antes de proceder ao plantio das mudas, aplica-se na cova, com antecedência de 30 dias, a seguinte adubação orgânica e química, misturandose bem com aquela terra da primeira camada do solo separada durante a sua abertura: Esterco bem curtido – 30litros; Superfosfato – 0,5-1kg; Cloreto de potássio – 100-200g. Cerca de 30 dias depois procede-se ao plantio das mudas, o que deve coincidir com a entrada da estação das águas e, se possível, em dias de chuva ou céu encoberto. Retira-se a muda da embalagem e planta-se no centro da cova, de modo que o seu colo fique um pouco acima do nível do solo, firmando-se bem com o restante da terra e em posição bem ereta. O espaçamento deve ser de 10x10m a 10x5m; mudas necessárias: 100 a 200/hectare.

7. Calagem e adubação

Deve-se fazer primeiramente uma análise de solo, de acordo com a análise de solo, elevar a saturação por bases a 60% empregando-se o calcário dolomítico.

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7.1.

Adubação de cova

20litros de esterco de curral, ou 4litros de esterco de galinha, 250g de P2O5 misturando bem com a terra da superfície, 30 dias antes do plantio. Em cobertura, aplicar 60g de N fracionado em 3 vezes no período chuvoso aos 30, 90 e 150 dias após o pegamento da muda.

7.2.

Adubação de formação

No segundo e terceiro anos, 100 a 150g de N e, de acordo com a análise de solo, 40 a 200g de P2O5 e 0 a 100g de K2O em três parcelas, ao redor de cada planta e na projeção das copas. No quarto ano, 300g de N e, de acordo com os teores no solo, 120 a 300g de P2O5 e 0 a 200g de K2O. Os micronutrientes zinco e boro serão aplicados nas formas de sulfato de zinco a 0,25% e ácido bórico a 0,10% em duas aplicações, via foliar, na primavera e no verão anualmente.

7.3.

Adubação de produção

Para meta de produtividade entre 10 a 25t/ha, aplicar 60 a 120kg/ha de N, quando o teor de N nas folhas for inferior a 20g/kg. De acordo com a análise de solo, aplicar 20 a 120kg/ha de P2O5 e 30 a 150kg/ha de K2O. Fracionar a dose anual de fertilizantes, especialmente N e K. em três vezes, durante a estação das chuvas. Fazer duas pulverizações foliares, em setembro e fevereiro, com 50g de ácido bórico e 250g de sulfato de zinco em 100 litros de água.

8. Tratos culturais

8.1.

Capinas

Fazer monda regularmente, capinas mecânicas nas entrelinhas e coroamento manual das plantas, controle das ervas daninhas. Em outras épocas será suficiente manter a cobertura com grama ou, em terrenos mais 13


férteis e com perigo de erosão, cultivar leguminosas que serão periodicamente cortadas para formar uma cobertura permanente ao solo.

8.2.

Irrigação

A irrigação pode ser dispersada depois dos primeiros anos e sempre pode ser útil em condições especiais, de terras muito soltas ou clima seco; quando a plantação for feita em zona com chuva inferior aos 700mm ou 800mm anuais,a irrigação é indispensável.

8.3.

Pragas

Ácaro das flores – Tegolophus perseaflorae; Besouro de Limeira – Sternocolapsis quatuordecimcostata; Besouro Amarelo – Costalimaita ferruginea; Cochonilhas – Protopulvinaria longivalvata; Aspidiotus destructor Coleobrocas – Apate terebrans; Acanthoderes jaspidea Lagarta das Folhas – Pterourus scamander scamander; Saurita cassandra; Nipteria panacea Lagarta do Fruto – Stenoma catenifer Percevejo – Antiteuchus sepulcralis

8.4.

Doença

Podridão do pé, cancro ou gomose – Phytophthora cinnamomi; Podridão das raízes – Armillaria mellea; Verrugose ou sarna – Sphaceloma perseae; Murcha – Verticillium albo-atrum; Antracnose – Colletotrichum gloeosporioides; Cercosporiose – Cercospora purpúrea; Oídio – Oidium perseae; Podridão dos frutos – Dothiorella aromática; Podridão preta dos frutos – Diplodia natalensis; Podridão verde dos frutos – Hendersonia sp.; 14


Podridão vermelha dos frutos – Acrostalagmus cinnabarinus; Podridão mole dos frutos – Rhizopus nigricans; Nematóides – Pratylenchus pratensis; Radopholus similis.

8.5.

Poda

Nas lavouras em formação, executa-se, ainda, quando necessário, uma Poda durante o desenvolvimento inicial doa abacateiros, visando a dar certa orientação às ramificações, de modo a formar uma copa mais espalhada e baixa possível, particularmente para facilitar os tratamentos fitossanitários e a colheita. Eliminar os ramos secos, praguejados ou defeituosos, onde devem ser sistematicamente podados e queimados. A eliminação da inflorescência nos dois ou três primeiros anos é recomendável, pois favorece o desenvolvimento das plantas. Pouco poderá ser feito para manter a forma baixa e favorecer a frutificação ou a colheita.

9. Colheita, seleção, classificação, embalagem e comercialização

9.1. Colheita

A colheita é feita de janeiro a dezembro, com pico em abril e maio. É feita utilizando-se escadas e tesouras apropriadas, ou “apanhadores de saco” que são utilizados para colher os frutos nas partes mais altas da copa. Consistem em longas varas de bambu, de aproximadamente 4 metros de comprimento, providas na extremidade de uma sacola de tecido resistente presa a um aro de ferro de ¼”, com cerca de 20cm de diâmetro, tendo no extremo oposto da vara uma lâmina de metal cortante de aproximadamente 5cm. Os frutos não devem ser colhidos sem pedúnculos, os quais devem ser aparados, deixando-se 6 a 10mm de seu comprimento para facilitar o acondicionamento na embalagem.

9.2.

Seleção

A seleção do abacate é feita de modo rústico, sem obedecer a um certo

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critério de eliminação das frutas que apresentem defeitos quanto à descoloração da casca, frutas sem pedúnculo ou arrancadas, manchas na casca por danos mecânicos ou com polpa mole devido à sua queda no momento da colheita e frutas mal formadas. Em muitos casos, abacates com pequenas manchas, resultante de infestação de determinados fungos, são misturados com frutas de boa qualidade em uma mesma caixa e, quando sua comercialização é muito demorada, estas frutas se deterioram e contaminam as demais. Na seleção das frutas deve-se procurar eliminar aquelas que apresentem os defeitos referidos, a fim de manter um certo padrão de qualidade. Uma vez selecionadas, as frutas a seguir serão classificadas, considerando-se os seguintes fatores: Variedades; grupo, de acordo com a forma; classe, de acordo com o tamanho; tipo, de acordo com a qualidade. 9.3.

Classificação

9.3.1. Classificação oficial A classificação do abacate “in natura”, regulamentada pelo decreto mencionado, estabelece a existência de duas classes e três tipos de frutas. As classes compreendem, segundo a coloração da casca da fruta: Classe I: Constituída por todas as variedades que apresentam casca verde quando a fruta esta madura. Nesta classe encontra-se a maioria das variedades de abacate. Classe II: Constituída por todas variedades que apresentam casca roxa quando a fruta está madura. Para cada classe, tem se os tipos 1,2 e 3 Tipo1:

É

constituído

por

abacates

de

uma

única

variedade,

perfeitamente desenvolvidos, limpos, bem formados, duros, com pedúnculo, coloração uniforme, isentos de danos causados por pragas e moléstias, impurezas, defeitos de embalagem. Tipo2:

Abacates

de

uma

única

variedade,

não

perfeitamente

desenvolvidos, desuniformes no tamanho, porém isentos de deterioração e danos. 16


Tipo3:

Abacates

de

duas

ou

mais

variedades,

perfeitamente

desenvolvidos, apresentando certa tolerância mínima de deterioração e danos por moléstias, impurezas e defeitos de embalagem, assim como coloração desuniforme, queimados pelo sol.

9.3.2. Classificação de agricultores e comerciantes

Estes adotam a sua própria classificação em tipos, segundo o número de frutas por caixa: Tipo extra – de 18 a 35 frutas/caixa; tipo especial – de 40 a 60 frutas/caixa; tipo primeira – de 65 a 80 frutas/caixa. Além dessa classificação, o abacate é comercializado de acordo com o número de frutas existentes na primeira camada da caixa. 8 a 12 frutas de boca – tipo extra; 13 a 16 frutas de boca – tipo especial; 17 a 20 frutas de boca – tipo primeira. A espécie da caixa utilizada neste tipo é denominado de caixa “tipo querosene” ou “caixa K”.

9.3.3. Classificação no Havaí

O departamento da agricultura do Havaí, através da divisão de mercado e serviço do consumidor, estabeleceu o seguinte critério para a classificação do abacate: Quanto à sua qualidade, os abacates são classificados em: Havaí Especial (Grau AA) – requisitos básicos: características varietais similares, maduros, não demasiadamente, limpos, bem formados, caroço pequeno. Havaí nº1 (Grau A) – requisitos básicos: características varietais similares, maduros, não demasiadamente, limpos, bem formados, caroço mais ou menos pequeno. Havaí nº2 (Grau B) – requisitos básicos: características varietais similares, maduros, não demasiadamente, limpos, mais ou menos bem formados, caroço não excessivamente grande. Classificação opcional do tamanho: O tamanho dos abacates podem ser especificados de acordo com a graduação e conforme a classificação de

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tamanho a que pertence, identificando-se ao “Havaí nº1, pequeno”, “Havaí Especial, grande” ou Havaí nº1, extra-grande”, em concordância com a prática: Pequeno: abaixo de 283g; Médio: 283 - 454g; Grande: 454 – 907g; Extra-grande: acima de 907g.

9.4.

Embalagem e comercialização

Mercado interno: caixa K (23 kg) e caixa M (27 kg); mercado externo: caixa de papelão ondulado tipo telescópica total (tampa e fundo) com 4 a 6 kg de peso líquido. O acondicionamento do abacate para o mercado interno não é feito em embalagens específicas. Normalmente são empregadas as caixas que o agricultor possui na sua propriedade ou recorre à compra de caixas usadas, que tenham baixo custo, não importando com o estado de conservação. Muitas vezes o abacate é embalado em caixas usadas, em péssimas condições de limpeza e do material que as constitui, normalmente ocorre no período de maior produtividade, quando o preço alcançado pela fruta na comercialização não estimula o agricultor a melhorar a apresentação da embalagem; refletindo na avaliação das frutas nela contidas, o que na maioria das vezes é julgado como de má qualidade. Normalmente, as embalagens de madeira para abacate são utilizados para o mercado interno e compreendem dois tipos: caixa K (caixa de querosene ou de tomate) e a caixa M (caixa de mercado). O abacate pode ser comercializado na caixa K, que deverá ter as seguintes dimensões internas: 495 x 355 x 230mm, com uma tolerância admitida de + 5mm no comprimento, + 4mm na largura e + 3mm na altura. A caixa M, deverá ter as seguintes dimensões internas: 520 x 290 x 290mm, com uma tolerância admitida de + 6mm no comprimento, + 3mm na largura e + 3mm na altura. Embalagem de papelão é mais utilizado para a exportação do abacate, devido ao seu custo alto, para o mercado interno não é cogitado. Para o acondicionamento há dois tipos de caixas de papelão ondulado:

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Caixa I: 490 x 350 x 220mm, com tolerâncias admitidas de + 5mm no comprimento, + 4mm na largura e + 3mm na altura. Deve apresentar, nas suas laterais, três orifícios com diâmetro de 35mm ou três aberturas oblongas de 55mm de comprimento por 30mm de largura. Também nas testeiras deverá possuir dois orifícios ou duas aberturas oblongas, com as mesmas dimensões. Caixa II: 356 x 237 x 205mm, com tolerâncias admitidas de + 4mm no comprimento, + 3mm na largura e + 3mm na altura. Deve conter, nas paredes laterais, dois orifícios, com diâmetro de 30mm ou duas aberturas oblongas de 50mm de comprimento por 25mm de largura. Nas testeiras deverá possuir dois orifícios ou duas aberturas oblongas, com as mesmas dimensões.

9.5.

Tratamentos de proteção das frutas

A proteção das frutas pode ser feita com o uso de permeabilizantes como ceras ou por meio de filmes plásticos. Os permeabilizantes ou ceras, quando aplicados em concentração elevadas, causam o bloqueio das trocas gasosas da fruta, afetando a sua maturação e alterando as suas qualidades organolépticas. De acordo com as concentrações que se pode aplicar na fruta, sem prejudicar a sua qualidade, há a possibilidade de reduzir a respiração e, consequentemente, a liberação de etileno, evitando-se, com isto, que haja uma maturação acelerada. Tendo em vista que o abacate não pode ser conservado ou transportado à temperatura abaixo de 7ºC, devido à sua sensibilidade ao frio, pois nesta temperatura o seu metabolismo se reduz muito pouco, há necessidade de se recorrer a outro meios, como uso de permeabilizantes, para reduzir a sua taxa de respiração e, consequentemente, a sua perda de peso. Também é importante que se verifique a densidade da cera e qual seria a melhor maneira de aplicação: por aspersão ou por imersão e o tempo de tratamento, com o objetivo de se ter um melhor rendimento da operação.

10. Referências Bibliográficas

FAHL, J.I. et al. Boletim 200. 6 ed. Campinas: IAC, 1998. p. 91 - 93

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GUIRRA NET RURAL. (2004). Abacate. Disponível em: www.guirra.com.br/az/abacate.htm. Acesso em: 15 nov. 2007. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICO – IBGE. Produção Agrícola Municipal. Rio de Janeiro, 2004. Disponível em: www.sidra.ibge.gov.br. Acesso em: 5 jan. 2005. 41

MARANCA, G. Fruticultura Comercial: Manga e Abacate. São Paulo: Nobel, 1975. p. 65 - 96

MONTENEGRO, H. W. S. A cultura do abacateiro. São Paulo: Melhoramentos, 1951. 102p. (Criação e Lavoura, n. 11).

TEIXEIRA, C.G.; BLEINROTH, E.W.; DE CASTRO, J.V. et al. Abacate: cultura, matéria-prima, processamento e aspectos econômicos. 2 ed. rev. e ampl. Campinas, Ital, 1991. 193p

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