5 UNIPINHAL FACULDADE DE AGRONOMIA “MANOEL CARLOS GONÇALVES”
PRODUÇÃO DE FIGO (PREPARO DO SOLO ATÉ A PÓS COLHEITA
EUCLIDES DOTTA NETO
ESPIRITO SANTO DO PINHAL 2008
6 1. Introdução A figueira (Ficus carica L.) é cultivada desde os tempos mais remotos, porém teve sua importância econômica iniciada no Estado de São Paulo, nos últimos sessenta anos (AMARO, 1972). Conforme dados estatísticos, a área colhida com a cultura da figueira no Brasil, em 2004, foi de 3.130 ha, sendo os Estados do Rio Grande do Sul e São Paulo considerados os maiores produtores. São Paulo é o segundo produtor nacional de figo, com um volume de sete mil toneladas, concentrada na região de Campinas, que responde por todas as exportações brasileiras de figo maduro (INSTITUTO BRASILEIRO DE FRUTAS, 2005). O figo (Ficus carica) pertence à família Moraceae, podendo apresentar uma altura de oito metros, é originária da região do mediterrâneo. Trata-se de umas das primeiras culturas cultivadas pelo homem (JAMAS, 1986). Segundo mesmo autor, a planta apresenta folhas caducas que caem no outono-inverno. A figueira se desenvolve nas regiões subtropicais temperadas, com grande capacidade de adaptação climática. É caracterizada pela presença de células lactíferas, principalmente nos ramos e pecíolo foliar, que exsudam uma substância denominada de ficcina, enzima proteolítica que é responsável por queimaduras de 2º grau quando em contato com a pele. Seus ramos são frágeis, possuem folhas recortadas entre cinco e sete lobos, suas flores de pequeno tamanho desenvolvem-se no seu interior quando ainda são inflorescências. Podem constituir uma inflorescência se possuirem somente flores e uma infrutescência se as flores forem fertilizadas e se transformarem em pequenos aquênios, frutos, que contêm a semente. Os figos são de estruturação carnuda e suculenta, possuem coloração branco-amarelada até roxa, são altamente energéticos pois são ricos em açúcar,podem ser provenientes de plantas masculinas e femininas quando são comestíveis são da planta feminina,o da planta masculina é designado por caprifigo, e não é comercializado (INSTITUTO BRASILEIRO DE FRUTAS, 2005).
7 Segundo Pio et al. (2007), a planta apresenta porte arbustivo, conduzido em sistema de sucessivas podas drásticas e destinam-se ao consumo in natura ou à industrialização podendo ser em forma de doces em calda (verdes e inchados), cristalizados, figadas e secos do tipo rami. As mudas são produzidas a partir de estacas lisas (estacas coletadas junto a época de poda e plantadas diretamente na cova de plantio) ou estacas enraizadas. A época de realização do plantio vai depender do tipo de mudas disponíveis, as mudas de raízes nuas ou estacas é para plantio de junho a julho e as
produzidas em recipientes são para qualquer época do ano, porém, de
preferência, na estação das águas (IAC, 2008). De maneira geral a figueira se desenvolve em todos os tipos de solo, o importante é que este apresente boa profundidade, capacidade de drenagem e boa retenção de umidade (MANCIN et al., 2008). Segundo Campo et al. (1996), a calagem e a adubação são realizadas de acordo com a análise de solo, aplicando o calcário para elevar a saturação por bases a 70% (setenta por cento). Deve-se aplicar o corretivo em área total, antes do plantio ou mesmo durante a exploração do pomar, incorporando-o mediante aração e/ou gradagem. As covas para o plantio devem ter dimensões de 40x40x40cm. A primeira camada de solo (até os 30cm iniciais), é separada do subsolo (demais 30cm) e misturada com 5Kg de esterco de galinha ou 20Kg de esterco de curral curtido, 1Kg de calcário, 100g de P 2O5 e 50g de K2O. Essa mistura é colocada no fundo da cova, completando-se o que faltar com a terra provinda da raspagem superficial do terreno. A do subsolo é utilizada para a construção da bacia ao redor da muda, após o plantio. No demais anos, realizar a adubação de acordo com a análise do solo e/ou foliar. Os tratos culturais que pode se fazer na figueira é utilizar palhada de cana de açúcar no solo, pois segura umidade, erosão e não permite o crescimento de plantas daninhas. Outro trato comum na figueira é a aplicação de calda bordalesa, onde se mistura: 2Kg de cal, 1Kg de sulfato de cobre e 10L de água (FABIANO, 2008).
8 A produtividade é de 20 a 22 t/ha de frutos maduros ou inchados, ou 10 t/ha de verdes em pomares adultos racionalmente conduzidos (FABIANO, 2008). 2. Objetivo O objetivo deste trabalho é conhecer todas as etapas da cadeia produtiva do figo, desde a implantação da lavoura até sua comercialização. 3. Revisão Bibliográfica 3.1. Botânica e Taxonomia A figueira é pertencente à família Moraceae, a qual pertence outras espécies frutíferas, tais como as amoreiras (Morus alba e Mofos nigra) e a jaqueira (Artocarpus heterophillus). Somente o gênero Ficus, ao qual, pertence a figueira, possui mais de 600 espécies. A figueira pertence ao sub-gênero Eusyce, caracterizado por apresentar flores unissexuais e ginoidiocismo (JAMAS, 1986). Botanicamente, a figueira é denominada Ficus carica. Dentro desta espécie, há várias subespécies. Quanto à sua genética, a figueira (Ficus carica L.) é descrita como apresentando x = 13 e número somático 2n = 26 (JAMAS, 1986). 4. Escolha e Preparo da Área A escolha da área em que o pomar será implantado é de muita importância para o sucesso da cultura. Devem-se levar em consideração alguns pontos importantes (Figura 1). No Brasil, praticamente toda a ficicultura está baseada em apenas uma cultivar de figo comum, denominada 'Roxo de Valinhos'. Esta cultivar apresenta boa performance nas condições brasileiras de clima e solo, embora haja riscos por toda uma cultura estar calcada sobre apenas uma cultivar.
9 4.1. Solo De acordo com Mancin et al. (2008), a figueira possui grande capacidade de adaptação aos mais variados tipos de solos, com restrições aos solos encharcados. Solos profundos, bem drenados e com boa capacidade de retenção de água, são ideais para o cultivo dessa frutífera. Os solos arenosos perdem rapidamente a água e a fertilidade. Além disso, são os mais propícios à infestação por nematóides, não sendo indicados para a cultura da figueira. Segundo mesmo autor, com a devida antecedência, deve ser prevista prática como a irrigação e a utilização de cobertura morta, principalmente em solos que secam facilmente, tornando-se difíceis de serem trabalhados durante os períodos de estiagem. Solos pouco profundos e compactados dificultam a penetração do sistema radicular, fazendo com que as raízes fiquem bastante superficiais. Deve-se evitar a instalação de figueirais em várzeas ou locais sujeitos a encharcamento do solo e a incidência de geadas (MANCIN et al., 2008). A seguir também serão citadas algumas características importantes: a) sejam de pouca declividade e não estejam localizadas em baixadas; b) apresentem solos bem drenados e bem providos de matéria orgânica; c) apresentem profundidade superior a 1 metro; d) possuam textura areno-argilosa. Os solos arenosos devem ser evitados devido à rápida infestação de nematóides. Solos muito argilosos não proporcionam boas condições para o desenvolvimento da planta; e) tenha sido feita rotação de culturas por, no mínimo, 2 anos; f) tenha orientação para a face norte, mais iluminada e mais quente que a face sul e a salvo dos ventos frios; g) não apresentem nematóides; h) não esteja em área com grande ocorrência de geadas (MANCIN et al., 2008). Deve-se evitar escolher terrenos muito íngremes, pois isto aumenta muito o
10 custo de produção e de implantação, implicando na necessidade de práticas que evitam a erosão como curvas de nível, cordões de controle, terraços, plantio em curva de nível. Para as áreas de pouco desnível até 5%, deve-se fazer o plantio do pomar em curvas de nível, no sentido contrário à direção das águas (MANCIN et al., 2008). 4.2. Exigências Climáticas A figueira é uma espécie caducifólia e adapta-se melhor ao clima temperado, com invernos suaves e úmidos e verões quentes e secos. No Sul e nos planaltos do Sudeste, onde se encontram as maiores partes das áreas cultivadas com figueira, o clima é mesotérmico, com invernos suaves e verões quentes ou relativamente suaves e úmidos. Apesar disso, a figueira comporta-se satisfatoriamente bem nas regiões semi-úmidas, sub-úmidas e semi-áridas do Nordeste, se irrigada. Em vista disso, pode-se afirmar que a figueira é uma frutífera que possui grande capacidade de adaptação a diferentes condições climáticas (MANCIN et al., 2008). É uma espécie com pouca exigência em frio para completar o repouso hibernal. Nas regiões de clima seco, a estação seca ajuda induzir o repouso vegetativo, complementando o efeito do frio (MANCIN et al., 2008). 4.2.1. Temperatura A exigência em frio hibernal para quebra de dormência das gemas varia de 100 a 300 horas de frio (abaixo de 7,2 ºC). Apesar disso, há boa adaptação da figueira em regiões de clima quente, com a vantagem adicional de poder-se produzir frutas durante o ano todo, visto que a irrigação e a poda condicionam a frutificação. Nas regiões quentes, as safras são maiores e os figos, mais doces (MANCIN et al., 2008). A figueira tolera temperaturas de até 35 a 42 ºC. Já foi verificado que temperaturas em torno de 40 ºC durante o período de amadurecimento das frutas provocam maturação antecipada, com alteração na consistência da casca do fruto, que se torna coriácea e dura. Em regiões de clima mais frio, há risco de danos por
11 geadas tardias, pois temperaturas no final do inverno entre –3 a –6 ºC podem matar os figos em formação e os ramos mais herbáceos. Como alternativas para contornar os efeitos da ocorrência de geadas tardias recomenda-se que a poda seja feita mais tardiamente (mês de agosto, na região do Rio Grande do Sul) deixando-se de quatro a cinco gemas, ou seja, três a quatro entre nós. Caso seja necessário devido à morte das brotações terminais por ocorrência da geada durante a primavera, pode-se podar novamente, retirando-se as partes danificadas pelo frio (MANCIN et al., 2008). 4.2.2. Umidade A figueira é bastante sensível a falta de umidade no solo, principalmente no período de frutificação, o que está relacionado ao seu sistema radicular superficial. A cultura exige, no período vegetativo, chuvas freqüentes e bem distribuídas, sendo adequadas precipitações em torno de 1200 mm anuais (MANCIN et al., 2008). O emprego da cobertura morta do solo do pomar permite preservar a umidade do solo, fundamental para o bom desenvolvimento da figueira. Em locais com precipitações irregulares, pequenas estiagens são sentidas pelas plantas, causando a queda das folhas, com prejuízos à produção. Neste caso a cultura deve ser irrigada. Por outro lado, a alta umidade pode predispor as frutas ao ataque de doenças bem como causar fendilhamento das frutas quando elas se encontram no estágio de maturação (MANCIN et al., 2008). 4.2.3. Ventos Geralmente, o vento não chega a causar prejuízos. Porém, ventos fortes, durante o desenvolvimento das frutas, provocam danos mecânicos causados pelas batidas das folhas. Nos locais muito sujeitos a ventos fortes, pode-se recomendar a instalação de quebra-ventos (MANCIN et al., 2008).
12 4.2.4. Luz A figueira em ambiente altamente iluminado adquire um crescimento vigoroso e produz frutas de excelente qualidade. A coloração e a forma das frutas são afetadas pelo clima (luz, temperatura, umidade) e outros fatores (MANCIN et al., 2008). 4.3. Preparo da Área As áreas para o cultivo de figueiras devem ser preparadas com antecedência mínima de 2 meses ao plantio das mudas. Em terrenos dobrados, preferentemente marcar as curvas antes do solo ser lavrado. A lavra deve ser profunda, podendo ser executada numa faixa de 2 metros. É necessário que seja feita a análise do solo, em laboratório oficial, com uma antecedência mínima de três meses ao plantio (MANCIN et al., 2008). Segundo Mancin et al. (2008), a quantidade de calcário a ser incorporada dependerá da análise do solo, podendo ser espalhada antes da primeira lavra. A marcação das covas é feita com estacas de bambu ou madeira, utilizando-se uma corda para melhor alinhamento. As covas devem ser abertas momentos antes do plantio, de tamanho suficiente para acomodar o sistema radicular das mudas. É muito importante que, no momento do plantio, não seja posto nenhum tipo de adubo na cova (mineral ou orgânico), mesmo que se tenha o cuidado de misturálo bem com a terra. O sistema radicular das mudas perderá água para a solução do solo e, como conseqüência, as mudas morrerão desidratadas ou, em outras palavras, "queimadas pelo adubo". A figueira se desenvolve bem em solo permanentemente livre de ervas daninhas. Isso tem feito muitos fruticultores cultivarem intensamente o solo, prático que pode causar a diminuição do teor de matéria orgânica, além de deixar a área sujeita a erosão. O fruticultor deve estabelecer um programa de cultivo para a figueira atendendo itens como: - melhores condições de suprimento de água e nutrientes, evitando-se a concorrência de ervas daninhas durante o ciclo vegetativo da figueira;
13 - manutenção ou aumento do teor de matéria orgânica, compensando as perdas por erosão, decomposição e retirada pela cultura e/ou plantas invasoras; De acordo com a disponibilidade de mão-de-obra, maquinaria e tamanho do pomar, podem ser adotadas combinações de práticas culturais como, por exemplo, fazer o primeiro cultivo revolvendo o solo; os demais, com roçadeira, exceto na linha de plantas onde não deverão existir invasoras. O cultivo, nas entrelinhas, de uma leguminosa de inverno, como o cornichão (Lótus corniculatus), a ervilhaca (Vicia sp), entre outras; quando iniciado no fim do verão ou no início do outono, produzirá massa verde a ser incorporada. O cultivo de centeio (Secale cereale), durante o inverno e de feijãode-porco (Canavalia ensiformis)
ou
feijão-miúdo
(Dolichossinensis
Lin.)
nos
período
de
primavera/verão, é outra prática que pode ser adotada no sistema de manejo do solo em pomar de figueiras. Estes cultivos melhoram a estrutura física do solo e aumentam o teor de matéria orgânica, tendo-se o cuidado do acompanhamento da fertilidade do solo, cujos níveis nutricionais devem ser monitorados através de análise do solo (MANCIN et al., 2008). 5. Variedades Dentre as principais variedades de interesse econômico em nosso meio se destacam: Roxo de Valinhos e Pingo de Mel. 5.1. Roxo de Valinhos Segundo Rigitano. (1955), esta variedade recebe também os nomes de San Piero, Negro Largo, Portugal, Brown Turkey, Nero, e caracteriza-se por ser rústica, vigorosa, precoce e produtiva, além de apresentarem folhas grandes verdes escuras, coriáceas, pecíolo longo, com sete lobos (lóbulos), seio peciolar em forma de lira. As frutificações ocorrem sobre ramos com um ano de idade, podendo produzir também brebas, desde que as podas sejam menos drásticas. Os frutos
14 apresentam coloração roxa, pesam cerca de 60 a 90 gramas, e atingem cerca 7,5 cm de comprimento (RIGITANO,1955). Os frutos são oblongos-periformes, de pescoço curto e grosso, com superfície ligeiramente áspera. Ostíolo grande, aberto com escamas de coloração rósea. Fruto de bom sabor para consumo “in natura”, não se prestando para figopassa por não possuir semente e nem teor elevado de açucares, é a planta mais vigorosa, de porte grande, altamente produtiva, considerada a mais produtiva de todas as variedades e com maior tonelagem por hectare com produção precoce, podendo iniciar durante o seu primeiro ano de vegetação. Maturação de dezembro a maio(IAC.2008). 5.2. Pingo de Mel Conhecido também como Kadota, Dottato, White Pacific. Essa variedade constitui a base da indústria na Califórnia, e na Itália é a principal matéria prima para a produção de figo-passa. Segundo o Instituto brasileiro de frutas.2005, esta variedade apresenta porte grande quando conduzida sob poda longa e pequena sob poda drástica. Folhas verdes com 5 lóbulos,planta com bom vigor, produtiva e frutos de tamanho médio a pequeno, pesando de 30 a 60 gramas. Ostíolo médio e fechado, apresentando-se, quando maduro, selado por uma gota de goma,pele rija, coriácea, resistente ao transporte, verde-amarelado ou amarelo-limão; polpa cor de âmbar, sem sementes, doce e sem acidez. Os frutos da produção normal são esféricos, sem pescoço, pedúnculo médio. Brebas grandes, periformes com um pequeno pescoço, pele verde a verdeamarelada; polpa violeta, doce, rica e de excelente qualidade (INSTITUTO BRASILEIRO DE FRUTAS, 2005). 6. Produção de mudas As mudas são produzidas a partir de estacas enraizadas. A época de realização do plantio vai depender do tipo de mudas disponível. Mudas de raízes
15 nuas: nos meses de junho e julho; em recipientes: em qualquer época, porém, de preferência, na estação das águas (Figura 2). Utilizar mudas provenientes de viveiros livres de nematóides; evitar o aproveitamento de filhotes que se formam junto do tronco das plantas adultas. A estaquia direta no campo é um processo de multiplicação, que pode ser conveniente pela maior rapidez na implantação do figueiral, sob condições favoráveis de clima e solo. As mudas necessárias para mesa devem ser 1.600/há e para indústria 3.300/há. (IAC,2008) 6.1. Propagação Ao contrário do que se verifica com a grande maioria das plantas frutíferas, na propagação da figueira, a enxertia é dispensável, embora possa ser usada, quando necessária. Isto porque a figueira é facilmente multiplicada por estacas, dando origem a plantas idênticas à de origem (MEDEIROS, 1987). No Brasil, as variedades cultivadas produzem frutos partenocárpicos, isto é, com sementes estéreis. A figueira pode ser propagada por estaquia, mergulhia, rebentões e enxertia. A estaquia é o processo mais indicado. As estacas são plantadas inicialmente em viveiro, passando para o local definitivo, no inverno do ano seguinte, já enraizada. No estado de São Paulo, este processo vem empregado já há mais de quarenta anos. Em algumas regiões de clima quente, as estacas, obtidas da poda de inverno, são enraizadas em sacos plásticos, no mês de julho, permanecendo assim, à sombra, até o chamado "período das águas". Nos meses de novembro ou dezembro, as estacas já enraizadas e em plena vegetação, são transplantadas para o local definitivo (MEDEIROS, 1987). Os rebentões ou perfilhos, que crescem junto ao tronco das figueiras adultas, constituem material de propagação, porém, devido ao grande risco de ocorrência de nematóides, deve-se evitar a utilização destes perfilhos. Devem-se adquirir mudas sadias, vigorosas, com o sistema radiculares bem formados, provenientes de viveiros idôneos, com tradição em produzir mudas de alta qualidade (MEDEIROS, 1987).
16 6.2. Preparo das estacas Segundo Franco et al. (1975), as estacas são preparadas logo após a poda de inverno, devendo ter de 20 a 30 cm de comprimento por 1,5 a 3 cm de diâmetro. Os cortes devem ser feitos com a utilização de uma tesoura de poda bem afiada, logo abaixo de um nó, na base e, um pouco acima, no ápice, em bisel. As estacas devem ser enviveiradas logo após o preparo. - controle da ferrugem das folhas e frutos; - controle das brocas do tronco e dos ponteiros. 6.3. Estaquia É o processo mais usado para a multiplicação da figueira (figura 3). A estaquia é, em geral, feita logo após a poda de inverno, nos meses de julho e agosto. São utilizados ramos com um ano de idade, devendo-se evitar que esses se desidratem antes do preparo das estacas (PEREIRA, 1981). Tem sido observado que quando se deixa os ramos podados à sombra por um período suficiente para que cesse a perda de seiva (geralmente de 3 a 5 dias), as estacas, deles obtidas, apresentam um percentual de enraizamento mais elevado (PEREIRA, 1981). O local do viveiro deve ser bem drenado, de fácil irrigação e totalmente livre de ervas daninhas e nematóides. O aspecto "sanidade" das mudas é de tão relevante importância que, segundo Pereira (1981), a utilização de mudas provenientes de viveiros no Estado de São Paulo, já foram evitadas para plantios comerciais devido aos problemas de infestação por nematóides. Meneguini (1978), citado por Pereira (1981), trabalhando com estaquia em sacos plásticos, verificou que as estacas da base e do meio dos ramos de um ano, com 20 a 30 cm de comprimento, mostraram pegamento superior a 75%. As estaquias foram realizadas em julho, em sacos plásticos de 30 cm de comprimento e diâmetro de 29 cm, com capacidade para 4 litros de terra. O
17 enchimento dos sacos plásticos foi feito previamente com mistura de terra e esterco de galinha bem curtido, na proporção de 3 partes de terra, por 1 de esterco. A estaquia pode ser procedida usando-se uma pá de corte com a qual se abre um sulco de 10 cm de profundidade em forma de V, em solo previamente preparado. A base da estaca é colocada no fundo do sulco, sem ser espetada para que não seja provocado o deslocamento enraizamento. Segue-se a compactação do solo ao redor das estacas, de forma a evitar a permanência de bolsões de ar. Terminado o plantio das estacas, procede-se a rega e, com uma enxada, se constrói um camalhão de terra deixando-se aflorar a ponta das estacas (no máximo duas gemas). É conveniente que se faça a cobertura destes camalhões com palha, conservando-se assim a umidade, diminuindo e mantendo a temperatura do solo, evitando-se a "queima" das brotações novas. Enraizamento superior a 90% tem sido obtido com a utilização de IBA (ácido indolbutírico), na concentração de 2000 ppm. São utilizados 2mg de IBA por litro. A diluição do IBA é feita com álcool etílico em quantidade suficiente para que seja dissolvido, completando-se o volume de um litro, com água destilada (RIGITANO, 1964). 7. Plantio Para o plantio de apenas uma ou poucas plantas, é só abrir uma cova com medida de 60x 60x 40. A terra superficial (os primeiros 20cm) deverá ser colocada de um lado do buraco e a terra profunda (os 20 cm seguintes) deverá ser colocada do outro lado (Jamas,1986). Segundo Jamas.(1986),a terra superficial deverá ser misturada com 3 a 5 quilos de esterco curtido (isso dá mais ou menos uma lata com 20 litros). Se puder colocar um quilo de farinha de osso ou fosfato de rocha e
mais
umas
300
gramas de cloreto de Potássio, poderá ajudar muito no desenvolvimento da planta. Se forem instalar muitas plantas, o terreno deve ser limpo e arado a uma profundidade de 30cm. O solo deverá ser corrigido com calcário dolomítico de acordo com a análise do mesmo e depois gradeado.
18 8. Adubação As adubações de cobertura deverão ter início quando mais de 60% das plantas estiverem com 3 ou mais pares de folhas. Deve-se fazer esta aplicação quando o solo estiver úmido, distribuindo-se bem os fertilizantes e manter um intervalo entre aplicações entre pelo menos 30 dias. Em geral, faz-se quatro adubações de cobertura: a) primeira, com 6-10 g N/planta; b) segunda, com 6-10 g N/planta; c) terceira, com 10-15 g N/planta e 10-15 g K 2O/planta e d) quarta, com 15 g N/planta e 15 g K2O/planta. Na tabela 2, constam as épocas e quantidades das adubações de plantio e pós-plantio recomendadas para a ficicultura no sudoeste de Minas Gerais (MANCIN et al., 2008). A adubação de crescimento e formação da planta é feita de acordo com os boletins técnicos regionais. Anualmente, a figueira perde as folhas, as frutas e os ramos com as podas drásticas, o que requer a reposição dos nutrientes perdidos. Há necessidade de uma ótima adubação anual para o bom desenvolvimento das plantas, quando se visa uma boa produção de frutas de boa qualidade. Logo após a poda, faz-se a adubação de manutenção. É recomendável, ainda, fazer adubações em toda a área de projeção da copa da planta. A cada 3 anos, recomenda-se fazer adubação orgânica. Caso seja identificada a necessidade de calagem, o calcário deverá ser aplicado por toda a área de cultivo ou nas linhas de plantas (1 metro para cada lado), durante o período de dormência, em quantidades determinadas pela análise de solo. Além de corrigir a acidez do solo, o corretivo constitui-se em importante fonte de cálcio e magnésio. Junto com as caldas de defensivos, pode-se adicionar um adubo foliar, o que pode dar bons resultados. Os micronutrientes mais exigidos pela figueira são o boro, ferro, manganês e zinco. A fórmula 10-4-7-0,5 de N-P-K-Mg tem proporcionado excelentes resultados, na dosagem de 300g/100 litros de água Como nas demais frutíferas caducifólias, é recomendável o uso do adubo foliar após a colheita das frutas (MANCIN et al., 2008).
19 Segundo Mancin et al (2008),a análise foliar não substitui a análise do solo, mas ambos se complementam. A folha é o órgão que melhor indica se a cultura está bem ou mal nutrida e a análise foliar serve para ajustar o programa de adubação ou as doses de adubo. A análise foliar serve para ajustar os programas de adubação porque, ao fazê-la, observa se o teor de um elemento está abaixo do nível crítico, que com o parcelamento das adubações a sua deficiência poderá ser corrigida, durante a própria safra ou na safra seguinte. Quanto à amostragem, não foram encontradas informações para a figueira. De maneira geral recomenda-se a coleta de folhas recém-maduras. Na planta, retira-se uma folha de cada ponto cardeal e forma-se uma amostra composta de cerca de 60 folhas, de um talhão homogêneo. Obtidos os resultados, deve-se compará-los com um padrão, a fim de identificar se existe nutrientes cujos terores estejam abaixo do nível crítico, o que conseqüentemente estará limitando a produção. De acordo com Jamas,o plantio deverá ser em linhas com desnível de 0,5 a 1,0%. O espaçamento deverá de 3,0 metros entra linhas e 2,0 metros entre plantas. As covas serão feitas da maneira citada anteriormente. A adubação deverá ser recomendada com base em análise do solo e por um técnico da área. O esterco deverá ser colocado tanto quanto disponível, até o limite indicado,é importante evitar que as raízes ressequem, não deixando nenhum espaço vazio,para isso deve-se irrigar com freqüência após o plantio. Para encher a cova deve ser utilizada a terra superficial que foi preparada, a terra mais profunda servirá para se fazer uma bacia em torno da planta. A melhor época para o plantio é o final do inverno ou principio da primavera, aproveitando dias nublados e chuvosos. Logo após o plantio deve-se regar a cova diariamente até o “pegamento”, ou seja, início da brotação que deverá ocorrer 10 a 15 dias após o plantio(IAC, 2008).
20 9. Tratos culturais O terreno deverá ser coberto com capim seco ou cana picada para proteger o solo de ressecamento (Figura 4), erosão e nematóides, conservar a umidade do solo e diminuir o crescimento de plantas daninhas(JAMAS, 1986). Segundo o mesmo autor, devem-se fazer capinas periódicas para evitar que o mato prejudique a figueira. Dentro dos tratos culturais também existem as podas, sendo elas poda de formação e pode de condução ou frutificação. 9.1. Poda de formação A poda engloba todos os tipos de intervenções que são efetuadas na planta, com o propósito de condicioná-la para umas produtividades rápidas, elevadas e mais constantes ao longo dos anos. A esta técnica, denomina-se “poda de formação”. Porém, mesmo durante este período inicial, a figueira já produz, de modo
que
se
torna
difícil
distinguir
a
poda
de
formação
da
de
frutificação(CHAGAS et al.,2007). No início da brotação, deve-se selecionar o melhor broto, através de desbrotas das demais brotações quando atingirem 5 a 10 cm de comprimento. A muda será então conduzida em haste única, até atingir 40 a 50 cm de comprimento, sendo então despontada ainda no verão, ou mais tardar no inverno seguinte (julho/agosto) por ocasião da poda.Despontando a haste principal da estaca (40 a 50 cm de altura), surgirão brotações laterais que constituirão a base ou esqueleto da planta. Esses brotos, ao atingirem cerca de 5 a 10 cm de comprimento, serão selecionados, permanecendo apenas três ramos, bem localizados, vigorosos e distribuídos, formando entre si um ângulo de 120°. Deste modo, no próximo inverno se terá à base da planta, formada pelo ramo principal com três brotos, que a partir de agora serão denominados pernadas. A primeira poda de inverno, ocorre um ano após o plantio, consistirá no corte dos três ramos, ou pernadas, a 10 cm de seu ponto de inserção no tronco. Ao iniciar-se a brotação nas pernadas, é feita uma desbrota permanecendo apenas dois brotos bem localizados e distribuídos em cada uma das pernadas.
21 Nesta fase, a planta terá no total seis ramos crescendo, continuando as desbrotadas das possíveis brotações que surgirem. No período de inverno (julho/agosto) do próximo ano, estes seis ramos devem ser podados a 5 cm cada, ficando uma estrutura formada por uma haste principal e três pernadas, dotadas de duas hastes cada, constituindo assim a base da planta (CHAGAS et al.,2007). 9.2. Poda de condução ou frutificação Segundo Chagas et al.(2007),a figueira é uma árvore caducifólia bastante ramificada, podendo atingir até 10 metros de altura, mas que raramente ultrapassa 3 metros, devido ao sistema de sucessivas podas drásticas realizadas no período de inverno (julho/agosto). Em geral, a vida útil produtiva está em torno de 30 anos variando conforme o manejo dado à planta. A poda pode ser executada durante o inverno (poda hibernal ou em seco) e durante o período de crescimento vegetativo (poda em verde). A poda hibernal é mais comumente utilizada na cultura da figueira, sendo realizada no final do inverno, próximo à época da brotação. Como a figueira produz em ramos do ano, ou seja, a produção ocorre nos ramos novos emitidos no mesmo ciclo em que produzem, a principal particularidade da poda desta espécie é a realização de poda drástica nos ramos emitidos no ciclo anterior, que ficam com 5 a 10 cm de comprimento. Há dois sistemas de poda: o sistema tradicional e o sistema com desponte. a) Sistema tradicional ou convencional Após a formação da estrutura principal da planta (esqueleto), anualmente deve ser realizada a poda de frutificação, quando as plantas estiverem em repouso. Esta operação consiste na retirada dos ramos que já frutificaram. Os ramos são podados drasticamente 5 a 10 cm, deixando-se apenas a estrutura inicial da planta. Posteriormente, após a brotação, são escolhidos 1 a 2 brotos em boa posição por galho podado, de modo que os ramos cresçam verticalmente, formando um círculo à volta do tronco. Os demais brotos que aparecem são
22 totalmente eliminados. A maioria das espécies de figueira tolera bem a poda drástica, a qual também tem benefícios no controle da broca-da-figueira. Com o objetivo de acelerar ou retardar a época da colheita, a poda pode ser feita de maio a
novembro,
respectivamente,
conforme
as
condições
climáticas
e
o
desenvolvimento da planta. A planta podada nestes períodos poderá ter sua atividade afetada, porém havendo vantagens econômicas. Dependendo das condições climáticas e tratos, a colheita tem início cerca de 4 a 5 meses após a poda de frutificação. b) Sistema com desponte Uma variante do sistema de poda de frutificação é o sistema com desponte. Esta prática vem sendo utilizada comumente por produtores de Minas Gerais para a produção de figos verdes destinados a indústria. Embora faltem algumas informações sobre o efeito destes despontes na qualidade dos frutos e crescimento da planta, os resultados têm sido promissores. O sistema de desponte consiste em efetuar primeiramente a poda drástica normal no final do período de inverno, deixando-se apenas as estruturas iniciais da planta, que neste caso, é formada apenas pela haste única (40 a 60 cm) e as três pernadas (5 a 10 cm). São escolhidos 1 a 2 brotos em boa posição por galho podado, de modo que os ramos cresçam verticalmente, as quais são despontados quando atingirem oito pares de folhas (16 folhas). Este desponte estimula a brotação das gemas apicais do ramo despontado, de modo que são emitidos, após as desbrotas, outros dois ramos. Estes novos ramos serão despontados quando atingirem 3 pares de folhas (6 folhas). Esta última operação é repetida até meados de abril, num total de 4 a 6 despontes por ciclo. Estes despontes têm como principal efeito a emissão de novo ramos produtivos, escalonando e ampliando o período de safra e a produtividade. Por ser um tecido herbáceo, o desponte são feitos manualmente. O desponte dos ramos também é feito em pomares para figo de mesa. Cada planta, devido ao desponte,
23 pode produzir de 1,5 a 2,5 Kg de figos verdes para a indústria, denominados “figos de ponteiro”. 9.3. Sistema de irrigação Segundo HERNANDEZ, F.B.T.,(1999), hoje existem vários sistemas de irrigação disponíveis no mercado e é importante considerar que não existe um sistema de irrigação nem melhor e nem pior. Existe um sistema mais adequado para cada situação. 9.3.1. Aspersão De acordo com HERNANDEZ, F.B.T.,(1999), na irrigação por aspersão (Figura 5) a aplicação de água ao solo resulta da fragmentação de um jato de água lançado sob pressão no ar atmosférico, por meio de simples orifícios ou bocais de aspersões. De forma geral, os sistemas de irrigação apresentam as seguintes vantagens: Dispensa o preparo ou sistematização do terreno; permite um controle da lâmina de água a ser aplicada; possibilita economia de mão de obra e permite aplicação de fertilizantes, já as limitações são: elevados custos de operação e manutenção; distribuição de água afetada pelos fatores climáticos, principalmente o vento; favorece o desenvolvimento de algumas doenças; riscos de selamento da superfície do solo; imprópria para águas com sais. 9.3.2. Sistema Convencional Os sistemas convencionais podem ser apresentados em diferentes tipos. De forma geral, são constituídos por linhas principal, secundárias e laterais. A mobilidade dessas linhas definem os diferentes tipos de sistemas: Sistema portátil; sistema
semi-portátil;
sistema
fixo
permanente;
sistema
fixo
temporário
(HERNANDEZ,1999). Segundo HERNANDEZ,F.B.T.,1999, os aspersores utilizados nos sistemas convencionais de irrigação operam normalmente com pressões de serviço da ordem de 30 mca e estes sistemas são ainda muito utilizados. A uniformidade da
24 distribuição de água é função principalmente do espaçamento entre emissores e quanto maior o espaçamento entre emissores, menor o custo de implantação. 9.3.3. Autopropelido De acordo com Hernandez,F.B.T.,1999, para a irrigação de figueiras, este equipamento deve ser evitado em áreas pequenas de cultivo, sendo utilizado preferencialmente em áreas maiores e com geometria retangular. 9.3.4. Irrigação localizada ou gotejamento A irrigação localizada compreende a aplicação de água em apenas uma fração da área cultivada, em alta freqüência e baixo volume, mantendo o solo na zona radicular das plantas sob alto regime de umidade. A área mínima molhada deve ser de no mínimo 1/3 da área sombreada (ou projeção da copa das plantas). A área de solo molhado exposto à atmosfera fica bem reduzida e, conseqüentemente, é menor a perda de água por evaporação direta do solo. Os sistemas de irrigação localizada têm tido uma boa aceitabilidade entre os irrigantes, principalmente porque oferece uma grande potencialidade de benefícios à planta. Entretanto, por ser um método mais sofisticado de operação e manejo apresenta limitações operacionais e de manejo, que dependem de fatores técnicos, econômicos e agronômicos. São estas as vantagens e limitações do sistema: Economia e eficiência de aplicação de água; Maior produção e melhor qualidade do produto; Menor risco do efeito de sais para as plantas; Facilidade e eficiência na aplicação de fertilizantes; Reduzida mão-de-obra e baixo consumo de energia; Reduzida mão-de-obra e baixo consumo de energia; Desenvolvimento do sistema radicular (HERNANDEZ,1999).
10. Deficiências nutricionais 10.1. Nitrogênio
25 O nitrogênio é o nutriente mineral mais importante para o crescimento da figueira, sendo o mais extraído pela planta, apresentando, assim, os maiores teores na matéria seca da parte vegetativa e nos frutos da figueira (Fernades e Buzetti, 1999). Segundo Fernandes e Buzetti (1999), os sintomas de deficiência de nitrogênio em figo são: plantas pequenas e frágeis com coloração verde-citrina ou amarelada por toda a área foliar das folhas maduras, podendo, também, os sintomas atingem as folhas novas. 10.2. Boro Em fruteiras, a deficiência de boro causa mau funcionamento do tecido do cambio vascular, responsável pela multiplicação de células dos vasos condutores, provocando colapso imediato do floema e, em de deficiência aguda, também do xilema. Com isso, há redução de crescimento das raízes, que não recebem quantidade suficiente de fotoassimilados e, finalmente, a absorção de água e de nutrientes também é afetada. Não há sintomas foliares típicos, mas sim, de estrangulamento do tronco ou ramos, retorcidos, com nervuras amareladas (Folhas deformadas). A gema apical morre e ocorre superbrotamento de gemas axilares, com perda da dominância apical, dando um formato de roseta nos pontos de crescimento da planta; e como há prejuízo à condução de açúcares para as raízes, os ramos jovens acumulam carboidratos e podem excretar goma (Quaggio e Piza Jr., 2001). 10.3. Potássio As fruteiras são, normalmente, exigentes em potássio e a falta deste nutriente prejudica a produção de frutos. A absorção de água pela parte aérea, via transpiração e pressão radicular, é reduzida, acarretando murchamento das plantas. O crescimento e a formação de gemas são inibidos (Fernades e Buzetti, 1999).
26
10.4. Fósforo Segundo Fernandes e Buzetti (1999), a deficiência de fósforo ocorre em folhas mais velhas, com manchas de coloração tipicamente arroxeadas, causadas pelo acúmulo de antocianinas. Há decréscimo no número de flores e atraso e atraso na iniciação floral, ocasionando uma baixa produção 10.5. Enxofre De acordo com Fernandes e Buzetti (1999), sintomas de deficiência de S são incomuns, uma vez que a maioria dos solos o contém em quantidades apreciáveis. Quando presentes, sintomas de deficiência consistem de clorose geral estendendo por toda a folha. Em muitas espécies, S não é facilmente redistribuído a partir dos tecidos maduros; conseqüentemente, esses sintomas são usualmente observados, em primeiro plano, em folhas mais jovens. Contudo, em certas espécies, a clorose aparece simultaneamente, tanto em folhas velhas quanto nas mais novas. 10.6. Magnésio Segundo Fernandes e Buzetti (1999), sintomas de deficiência manifestamse sobremodo nas folhas mais velhas, formando áreas cloróticas tipicamente internervais. Nessa condição, há aumento nos teores de amido e de N nãoprotéico. 10.7. Cálcio Sintomas de sua deficiência aparecem mais em folhas mais jovens, com deterioração nas pontas e nas margens. Zonas meristemáticas, onde ocorrem
27 divisões celulares, são altamente susceptíveis, na medida em que Ca é requerido (Quaggio e Piza Jr., 2001). 10.8. Ferro De acordo com Fernandes e Buzetti (1999), deficiência de Fe manifesta-se, inicialmente, nas folhas mais jovens. Subseqüentemente, a clorose pode atingir também as nervuras, de sorte que a folha fica como um todo amarelada, com áreas necróticas, em razão da inibição da síntese de clorofilas. 10.9. Manganês Sintomas de deficiência de Mn são incomuns, mas, na sua ausência, observa-se clorose internerval nas folhas mais jovens (Quaggio e Piza Jr., 2001). 10.10. Cobre Segundo Fernandes e Buzetti (1999), Resulta em fechamento estomático (por falta de ATP), murchamento devido à lignificação reduzida das paredes celulares, e formação de grãos de pólen não-viáveis. 10.11. Zinco Sob deficiência de Zn, normalmente há uma redução na taxa de alongamento do caule, o que se explica por um possível requerimento de Zn para a síntese de auxinas (Quaggio e Piza Jr., 2001). 11. Pragas na Cultura do Figo Segundo Gallo.et al(1988), as principais pragas da figueira são: Broca da figueira, coleobrocas, cochonilhas, Eriofídeo-da-figueira, cigarrinhas das frutas e formigas. Chagas et al.(2007), ainda menciona a mosca do figo.
28
11.1. Broca-da-figueira (Azochis gripusalis) Sua maior infestação verifica-se depois de novembro, podendo chegar até abril (GALLO, 1988). Segundo Gallo, et al.(1988), a mariposa põe os ovos sobre os ramos ou na base do pecíolo das folhas (Figura 6). As larvas inicialmente, se alimentam da casca tenra dos ramos onde se deu a eclosão; à medida que se desenvolvem, atingem a parte lenhosa dos ramos. No seu local de penetração, notam-se excrementos ligados por uma teia de natureza sedosa, que vai obstruir a entrada da galeria, protegendo a broca. Referente aos danos, devido à sua penetração nos ramos, à medida que se aprofunda as folhas vão murchando e os frutos atrofiam-se e secam, podendo comprometer a produção. O controle deve ser feito integrando-se métodos culturais, físicos e químicos. Os métodos culturais consistem em: a) fazer podas dos ramos e queimá-los, realizando-se pincelamento com produtos à base de cobre (pasta bordalesa – 1 kg de sulfato de cobre + 1 kg de cal virgem + 10 litros de água) no local, para prevenir eventuais ocorrências de doenças; b) esmagar as lagartas na galeria dos ramos usando arame; c) manter a cultura em terreno limpo. Os métodos físicos consistem no uso de armadilhas luminosas, provindas de lâmpadas fluorescentes ultravioletas que exercem controle bastante eficiente. Utiliza-se uma armadilha para cada 7 ha (GALLO, 1988). Os métodos químicos consistem em fazer pulverizações sistemáticas após os primeiros ataques, observados de novembro em diante, época de postura da praga. Podem ser utilizados os seguintes produtos: Dipterex-500 (100 ml/100 litros de água); Folidol-600 (100 ml/100 litros de água); Deltametrina-2,5CE (50 ml/100 litros de água). Estes produtos podem ser aplicados junto com a calda bordalesa.
29 É importante salientar que as aplicações para o controle da broca deverão ser feitas de modo a atingir, principalmente, o ponteiro dos ramos, que é a zona mais vulnerável para o início do ataque (GALLO, 1988). 11.2. Coleobrocas Segundo Gallo, et al.(1988), estas brocas são larvas de coleópteros que abrem galerias nos ramos e troncos da figueira (Figura 7). Causam a murcha e a seca dos ramos, folhas e frutos localizados acima da região do ataque. Os troncos atacados podem apresentar feridas e galerias, mas, em todos os casos, acabam secando e levando a planta ao definhamento e morte. As principais espécies que se constituem pragas da figueira são: -Colobogaster cyanitaris -Marshallius bonelli -Trachyderes thoracicus -Teaniotes scalaris Segundo o mesmo autor, para o controle das coleobrocas, devem-se esmagar as larvas introduzindo-se um arame nas galerias. Como medida preventiva, recomenda-se mistura de um inseticida fosforado (porexemplo, Gusathion 400, na concentração de 150 ml/100 litros de água), pulverizando o tronco da figueira. Pode ser feito, ainda, o pincelamento do tronco após a poda com uma mistura de inseticidas fosforada. Pode-se, ainda, aplicar no orifício por onde sai a serragemproduzida pela broca fosfina em pasta, tampando, após, o buraco de abertura das larvas com argila úmida. O pincelamento dos ramos com calda a 10% de Carbofuran-350F sobre a casca no local de ataque também confere bons resultados. 11.3. Cochonilhas De acordo com Gallo, et al.(1988), as cochonilhas são bastante prejudiciais às plantas, pois, vivem na superfície de diversos órgãos vegetais aéreos, onde se
30 fixam e sugam a seiva dos tecidos, enfraquecendo a planta. As principais cochonilas (Figura 11) que causam danos são: -Morganella longispina -Asterolecanium pustulans Segundo o mesmo autor, o controle das cochonilhas deve ser feito no período de entressafra, após a poda dos ramos, dada a dificuldade de se fazer o controle durante a brotação e a frutificação. Deve-se efetuar a aplicação após o início da brotação. As inspeções periódicas devem ser sempre realizadas, pois, o controle fica mais fácil, desde que constate a infestação deste inseto logo no início. Devem ser feitas duas a quatro pulverizações com óleos emulsionáveis, juntamente com fosforados a cada 20 dias, como por exemplo, Eniton-50CE ou Feniton-50CE (150 ml/100 litros de água)(GALLO, 1988). 11.4. Eriofídeo-da-figueira (Aceria ficus ou Eriophyes ficus) Segundo Gallo, et al.(1988), são pequenos ácaros (Figura 10)que se desenvolvem nas gemas sobre as folhas mais novas e entre as sépalas das flores. É vetor de uma virose denominada “mosaico da figueira”. O sintoma resultante é a distorção foliar, com leves cloroses de bronzeamento. A ocorrência é em reboleiras e as plantas apresentam internódios curtos. O controle do ácaro consiste na pulverização com enxofre. 11.5. Cigarrinha-das-frutíferas (Aethalion reticulatum) Vive em colônias nos ramos novos, constituídas de formas jovens (ápteras) e adultas (aladas); suga a seiva da planta e o excesso é expelido por via anal, atraindo formigas (Figura 9). O controle é feito por meio do mesmo controle para a broca da figueira (GALLO, 1988).
31
11.6. Formigas cortadeiras As principais formigas cortadeiras que atacam a cultura da figueira são as saúvas e as quenquéns (Figura 8). Como medida de controle, recomenda-se a utilização de iscas tóxicas granuladas. Outra alternativa consiste em injetar fumaça tóxica no interior do formigueiro, causando rapidamente a morte das formigas (GALLO, 1988). 11.7. Mosca do figo (Zaprionus indianus) Segundo Chagas et al.(2007), Zaprionus indianus é uma mosca de aproximadamente 2,5-3,0 mm. Os ovos são colocados no ostíolo, geralmente por mais de uma fêmea, formando uma pequena massa , mesmo estando os frutos ainda verdes. Durante o período de incubação dos ovos, bactérias e leveduras trazidas pelos adultos se desenvolvem no ostíolo. Este processo de decomposição caminha do ostíolo para o interior do fruto possibilitando a penetração das larvas desta e de outras espécies de insetos, tornando os figos impróprios para o consumo.Existem poucos estudos de controle deste inseto, pois até recentemente não causava danos econômicos nas culturas. No entanto, alguns métodos de controle cultural podem ser empregados no manejo,para reduzir a sua população: • Limpeza dos pomares e seus arredores, mantendo as plantas de figo e outras frutíferas isentas de frutas em estágio avançado de amadurecimento e danificadas por
insetos
ou
pássaros.
• Queimar ou enterrar qualquer tipo de vegetal (principalmente frutas e legumes) que
possam
entrar
em
estado
de
decomposição.
• Não abandonar pomares de qualquer espécie com frutos maduros.
32
12. Doenças do Figo 12.1. Ferrugem (Cerotelium fici)
Segundo KIMATI H., 1980, os sintomas surgem inicialmente, na forma de pequenas pontuações, mais ou menos angulares, cloróticas, na face superior da folha, correspondendo a numerosas pústulas ferruginosas na face inferior (Figura 12). Em ataques mais severos, as folhas ficam secas, deformadas, podendo mesmo caírem da planta. O controle pode ser através de mudas sadias, da poda de formação, da correção da fertilidade do solo, uso de barreiras físicas em torno do plantio, pulverização com fungicidas cúpricos. A calda bordalesa é um tipo de controle, apresentando ótimos resultados utilizando preventivamente, além de proporcionar maior rigidez ao fruto. Deve apresentar intervalos de 10 a 15 dias nas pulverizações para o controle da ferrugem. Alguns fungicidas sistêmicos, como propiconazole, mancozeb, difenoconazole e triazóis, apresentam vantagem em relação à calda bordalesa. (KIMATI, et al, 1997). 12.2. Antracnose (Colletotrichum gloesporioides) Nas folhas, o fungo provoca pequenas manchas necróticas, de coloração marrom. Nos frutos, surgem manchas deprimidas, castanho claro (Figura 13). Nas lesões é comum a formação de micélio e corpos de frutificação do patógeno. (KIMATI, et al, 1997) De acordo com KIMATI, H. 1980, geralmente, não exige medidas específicas de controle. As pulverizações realizadas para controlar a ferrugem são suficientes para manter a antracnose em níveis normais de convivência.
33
12.3. Podridões dos frutos (Alternaria alternata; Aspergillus niger; Cladosporium
cladosporioides;
Colletotrichum
gloesporioides
e
Rhizopus
stolonifer) São identificados outros fungos em associação a podridão dos frutos. Já foram isoladas, a partir de frutos infectados, as seguintes espécies: Alternaria alternata;
Aspergillus
niger;
Cladosporium
cladosporioides;
Colletotrichum
gloesporioides e Rhizopus stolonifer. Apresenta a presença de micélio branco, podendo afetar o fruto por inteiro (Figura 14) . (PENTEADO, S. R., 1983) O controle deve ser iniciado ainda no campo, evitar ferimentos nos frutos. Após a colheita e a seleção, os frutos devem permanecer em câmaras frias, a fim de evitar o desenvolvimento do fungo. A colheita deve ocorrer no ponto exato de amadurecimento.(KIMATI, et al., 1997)
12.4. Podridão seca (Lasiodiplodia theobromae) O fungo é cosmopolita, podendo infectar diferentes tipos de plantas. Os sintomas ocorrem tanto na parte basal, sob o solo, quanto na extremidade aérea, na forma de necrose seca (Figura 15). Observa-se murcha e a seca de brotações na parte aérea. Em plantas adultas, o fungo penetra através de ferimentos causados na poda de formação. Para controle utilizar fungicidas adequados (Thiabendazole).
Plantas
adultas
após
a
poda,devem
ser
protegidas
imediatamente na região do corte, com calda bordalesa ou uma pasta de thiabendazole + carbendazim.(PENTEADO, S.R., 1983). 12.5. Podridão de esclerócio (Sclerotium rolfsii Sacc.) PENTEADO, S. R., 1983, diz que a Podridão de esclerócio é causado por um patógeno cosmopolita, sendo o agente causal o Sclerotium rolfsii Sacc. A infecção ocorre na região do colo de plantas jovens, no campo pode ocorrer durante os meses mais chuvosos. Os sintomas são murcha, além de um
34 crescimento miceliano branco sobre os tecidos afetados (Figura 16). Sobre os micélios formam numerosos escleródios, apresentando coloração marrom. O controle se deve em eliminar plantas afetadas, retirar plantas invasoras, evitar ferimentos nos troncos e nas raízes durante a operação de capina. 12.6. Meloidoginose (Meloidogyne incognita) A infestação da figueira por nematóides das galhas é amplamente disseminada nas regiões onde a cultura se estabelece. Plantas infestadas, tem a produção comprometida, além de tornar suscetíveis à infecção por fungos. (KIMATI et al, 1997) KIMATI et al, 1997,comentou que nas plantas apresentam formação de galhas no sistema radicular (Figura 17). Na parte aérea, em casos de infestações mais severas, as plantas exibem clorose, crescimento retardado e tendência a murcha nos períodos mais quentes do dia, não dispondo das condições ideais para o transporte de água e nutrientes. Não se tem um controle adequado para nematóides, para tanto pode-se utilizar a solarização do substrato ou tratamento com nematicidas granulado. 13. Colheita do Figo Francisco et al, (2005), no Brasil a colheita do figo geralmente é de novembro a março, período de entressafra da produção da fruta fresca. No mercado interno, os preços são menos atrativos tornando a exportação uma opção vantajosa. Para o mercado europeu, o maior volume deve ser exportado até o fim de janeiro devido à entrada do fruto originário da Turquia em fevereiro com preços inferiores. Para obter produção de frutos na entressafra, em regiões tradicionais produtoras de figo, os fruticultores têm antecipado a execução da poda, com objetivo de adiantar o ciclo de crescimento e a época de colheita (Figura 18 e 19). Porém, nessas regiões, existe um sério inconveniente em praticar a poda
35 antecipada, uma vez que figueiras em brotação são bastante susceptíveis à queima pelas geadas, que costumam ocorrer nessa época (RIGITANO,O. 1964) Segundo a SOUZA, O.P, et al. (2006), a
colheita
deve
ser
feita
diariamente, e manualmente, sendo realizada logo pela manhã, nas horas mais frescas do dia para evitar o seu rápido dessecamento (Figura 20). Figos maduros são delicados e altamente perecíveis. Por serem muito sensíveis, os figos devem ser arrancados com cuidado da planta, com todo o pedúnculo, e depositados com delicadeza nos cestos de coleta (Figura 21). Estes cestos devem ser forrados com palha, algodão ou espuma fina, de modo a não permitir o esmagamento dos figos pelo atrito. O figo é uma fruta climatérica, ou seja, com capacidade de amadurecer depois de colhido. Contudo, o figo tem uma vida útil estimada em menos de uma semana quando armazenado em temperatura ambiente. Os figos destinados para a mesa, devem ser colhidos no estádio em que o fruto atinge o ponto de maturação, para poderem chegar ao mercado sem deteriorarem. Este ponto é reconhecido quando o figo começa a perder sua consistência dura, ganhando sua película a cor arroxeada para as variedades roxas e a coloração verde-amarelada para as variedades brancas. Os frutos que serão utilizados pela indústria para a produção de figo em calda, figo tipo rami e doces para cortes devem ser colhidos 20 a 30 dias antes dos frutos para a mesa (maduros), quando a cavidade central estiver completamente cheia. Na colheita deve-se tomar cuidado com o líquido que é liberado do pedúnculo do figo, pois provoca irritações ao contato com a pele humana. 13.1.Fatores que afetam a qualidade e a deterioração das frutas em pós colheita 13.1.1.Respiração
36 KLUGE, R. A, et al (2002), comenta que a respiração é o principal processo fisiológico que continua ocorrendo após a colheita A respiração é realizada devido as reservas acumuladas pela fruta, uma vez que ela não depende mais da absorção de água e nutrientes pelas raízes, e da atividade fotossintética das folhas da planta que a produziu. A respiração consiste na decomposição oxidativa de substâncias complexas presentes nas células. Após a colheita, a fruta tem sua vida independente e usa as reservas acumuladas, durante o crescimento e maturação. A temperatura influencia diretamente a respiração, sendo que o aumento de 10ºC na temperatura do produto eleva em 2 a 3 vezes a sua taxa respiratória e, conseqüentemente, diminui a sua vida pós-colheita. O oxigênio, o gás carbônico e o etileno são gases fundamentais na taxa respiratória de produtos frutícolas. Entretanto outros gases que ocorrem em menores quantidades na atmosfera, podem tornar problemáticos se atingirem níveis elevados, como: dióxido de enxofre, propileno e o ozônio. A taxa de respiração das frutas pode ser reduzida sob baixa disponibilidade de oxigênio, utilizando técnicas de armazenamento sob atmosfera modificada e controlada. A elevação da concentração de gás carbônico também contribui para a redução da taxa respiratória, onde sob níveis elevados de gás carbônico o tecido vegetal pode produzir etanol. Além do gás carbônico e do oxigênio, o etileno também pode afetar a atividade respiratória das frutas. O efeito da aplicação do etileno sobre a respiração é variável com o padrão respiratório, o estádio de desenvolvimento, a temperatura e as concentrações de oxigênio e gás carbônico. Frutas climatéricas e não climatéricas respondem de maneira distinta à sua aplicação. 13.1.2. Doenças de Pós-colheita As doenças que surgem após a colheita e durante o armazenamento são causados principalmente por fungos, que podem infectar a fruta ainda no pomar, e se desenvolver durante a conservação, ou promover a infecção na própria
37 frigoconservação, ou mesmo na falta de higienização dos equipamentos utilizados para a classificação, das embalagens e das câmaras frias.
13.1.3. Distúrbios Fisiológicos Os distúrbios fisiológicos também são fontes de perdas de frutas de clima temperado. São definidos como alterações de origem não patogênica decorrente de modificações no metabolismo normal da fruta, ou da integridade estrutural dos tecidos. Diversas são as causas dos distúrbios fisiológicos, incluindo causas ambientais, nutricionais e as relacionadas com a temperatura. 13.1.4. Danos mecânicos As machucaduras, cortes e abrasões são exemplos de danos mecânicos que ocorrem nos tecidos das frutas. Os ferimentos nas frutas provocam a produção de etileno e a elevação da respiração, levando rapidamente a fruta à senescência, e normalmente iniciam durante o processo de colheita e o transporte. Os ferimentos facilitam a entrada de patógenos causadores de podridões. 13.2. Técnica de antecipação da colheita 13.2.1. Técnica de oleação A técnica de oleação consiste em tocar levemente, com uma gota de óleo, o ostíolo do figo em vias de amadurecer, a fim de acelerar a sua maturação. A operação é feita entre 10 a 15 dias antes da época normal de maturação e depois
38 de dois dias, o figo começa a inchar. Dentro de sete dias, completa a maturação para a colheita. 13.2.2. Técnica com aplicação de maturadores Outra técnica para a antecipação da colheita é a aplicação de Ethephon, que permite ao produtor colher parceladamente sua produção. O Ethephon é aplicado no figo através de um jato dirigido com um pequeno pulverizador manual, na dosagem de 250ppm. Para receber esse tratamento as frutas, devem estar de 15 a 20 dias da maturação natural, sendo que depois de 8 dias ela pode ser colhida. As frutas pulverizadas fora do estágio adequado tendem a murchar. 14. Seleção do Figo A seleção do figo é a próxima etapa depois da colheita. O figo colhido é transportado até o local onde é feita a seleção, os figos chegam em cestas de madeira e colocados lado a lado (Figura 22). Na seleção são retirados os figos que apresentam danos mecânicos; figos com manchas ou podridões; são retirados também figos com rachaduras no ostíolo; figos sem pedúnculo; frutos batidos, amassados, verdes; figos com tamanho muito pequeno; figos com danos causados por insetos e pássaros. 15. Armazenamento do Figo O armazenamento refrigerado é utilizado para a preservação das frutas após a colheita (Figura 23). Consiste basicamente na colocação destas em câmaras com baixa temperatura e alta umidade relativa do ar. Neste sistema é diminuída a respiração e a transpiração das frutas, bem como retardado o processo de senescência e o desenvolvimento de patógenos causadores de podridões.
39 Quanto mais rápido realizar este procedimento, o produto poderá ser armazenado por mais tempo em boas condições de comercialização. Um produto, mesmo resfriado rapidamente, só se conservará bem, se o seu conteúdo de calor for mantido até o consumo final. O método de resfriamento rápido com ar forçado, tipo túnel consiste em empilhar as embalagens com produtos formando uma estrutura fechada. Assim, os paletes com as embalagens contendo o produto são colocados lado a lado formando um túnel. Uma lona é colocada na parte superior dos paletes formando um túnel e um ventilador exaustor succiona o ar para dentro do túnel, forçando o ar frio fora do túnel a passar através do produto embalado. De acordo com Leal P. et al, (1998), o tempo de resfriamento é função das dimensões das caixas, da área de abertura destas, da forma de distribuição das mesmas, das características do produto (temperatura inicial e final, calor específico, forma geométrica) e das características do ar de resfriamento (temperatura, velocidade, umidade relativa, propriedades térmicas). É importante utilizar embalagens que tenham no mínimo 5% da área efetiva para a passagem de ar resfriado, e que a quantidade das áreas de abertura e forma estejam corretamente distribuídas para garantir a uniformidade do resfriamento. 15.1 Pré-resfriamento KLUGE, R. A, et al (2002), disse que o pré-resfriamento é uma das etapas mais importantes antes do armazenamento das frutas. É um procedimento muitas vezes não considerado e realizado, devido ao desconhecimento das técnicas. O pré-resfriamento consiste na rápida retirada do calor de campo dos produtos recém colhidos, antes do transporte, armazenamento ou processamento. Realizado de modo adequado possibilita a remoção rápida do calor de campo; diminui a incidência de doenças e retarda a perda de qualidade, uma vez que restringe o crescimento de microorganismos e reduz as atividades enzimática e respiratória; reduz as perdas de peso por transpiração; reduz a produção endógena de etileno pelas frutas; reduz o efeito Van’t Hoff, por aquecimento
40 devido à exposição ao sol ou à respiração; reduz a necessidade de resfriamento durante o transporte; entre outros. Para o processo de pré-resfriamento ser eficaz, deve ser realizado no menor tempo possível após a colheita. Uma vez que a fruta colhida, muitas vezes, em condições de alta temperatura, no verão, podendo a polpa alcançar temperatura até mesmo superior à temperatura ambiente pelo efeito do seu processo respiratório. A velocidade de resfriamento depende da transferência de calor do produto para o meio refrigerante; da condutividade térmica do produto; da diferença de temperatura entre o produto e o refrigerante e; da natureza do refrigerante. Os sistemas de pré-resfriamento existentes mais utilizados são o préresfriamento com água fria (hidrocooling) e com ar forçado (Forced air cooling). Em menor escala também são utilizados o pré-resfriamento a vácuo ou com gelo. O método a ser utilizado depende da temperatura do produto colhido, da fisiologia do produto e da vida útil em pós-colheita. Normalmente, se busca reduzir a temperatura do produto ao mais próximo possível da temperatura de armazenamento, geralmente, em torno de 4ºC. 15.2 Tempo de armazenamento Cada espécie e/ou cultivar apresenta um limite de armazenamento que, quando atingido, leva a fruta a senescência e morre. É importante o conhecimento da vida de armazenamento das diferentes frutas, como na forma de evitar perdas elevadas de qualidade, em função de um tempo demasiadamente longo de conservação, e melhor planejar a sua distribuição no mercado. A temperatura de armazenamento do figo é de 0 a 1ºC e seu tempo aproximado de conservação é de 7 a 10 dias. A faixa de temperatura de armazenamento é de 5ºC e os níveis de oxigênio e gás carbônico para o armazenamento de frutas de clima temperado sob atmosfera controlada é de 5 a
41 10% de oxigênio e 15 a 20% de gás carbônico. Sob temperatura ambiente os figos suportam apenas 1 ou 2 dias. Os figos não podem ser armazenados juntamente com maçãs, alho ou cebolas, pois absorvem os odores destes produtos.
15.3 Câmaras Frias As câmaras frias tem as seguintes finalidades, uma delas é manter os frutos resfriados preservando as frutas após a colheita, outra finalidade é manter o produto armazenado quando o preço esta baixo. Conforme PORTOCARRERO, M.A. (2005), deve se proceder á prévia higiene das câmaras frigorificas com produtos aprovados para a indústria agroalimentar; manter programa de manutenção do sistema de refrigeração. Armazenar os paletes em câmaras frias, em temperatura e umidade relativa adequada para garantir a conservação do produto. 16. Classificação do Figo A classificação é a separação do produto em lotes homogêneos de acordo com características mensuráveis dentro de um padrão mínimo de qualidade. O lote de figo é caracterizado em Grupo, Classe, Subclasse e Categoria (Figura 24). O Grupo organiza as características varietais. No figo a característica utilizada é a cor da casca. São dois grupos: Branco e Roxo. A Classe garante a homogeneidade visual do tamanho. No figo o tamanho é caracterizado pelo maior diâmetro do fruto e a amplitude de variação permitida em cada classe é de 5 mm. Existem cinco classes que variam de 5 em 5 mm, indo de 40 até 60 mm. A subclasse garante a homogeneidade visual de coloração e se refere à porcentagem de cobertura de roxo no fruto: 75 a 100%, 50 a 75%, 25 a
42 50% e até 25% de roxo, além da coloração verde amarelado variando de 75 a 100%. A categoria estabelece requisitos mínimos de qualidade em quatro divisões: Extra, I, II e III com diferentes tolerâncias aos defeitos graves e leves (Figura 25 e 26). São defeitos graves: podridão, ovos e larvas de moscas, passado, falta de pedúnculo, murcho, mancha superior a 7 mm de diâmetro, rachadura no ostíolo (com exposição das flores e alargamento do ostíolo), dano profundo e queimado de sol. Não são permitidos defeitos graves na categoria Extra, onde só são permitidos 5% de defeitos leves (Tabela 1). SOUZA O. P. et al (2006) diz que Os tipos de figos são: graúdo (altura e diâmetro maior de 60 mm); médio (41 a 60 mm de diâmetro e 54 a 60 mm de altura); miúdo (35 a 41 mm de diâmetro e 45 a 54 mm de altura). A qualidade do figo é aferida de acordo com os seguintes parâmetros: extra, quando apresenta até 20% na soma das tolerâncias dos efeitos (ferimentos, rachaduras, sem pedúnculos, etc.) e especial, quando esta soma atinge até 40% de defeitos. Quanto ao tamanho, a classificação utilizada está relacionada à quantidade de frutos que cabe em uma gaveta denominada tipo, ou seja, tipo10, tipo 8 e tipo 6. Este último, o mais valorizado, consegue melhor preço no mercado. Quanto mais arroxeada a coloração, uma característica da variedade, maior a aceitação. A aparência está ligada à integridade do ostíolo e à isenção de defeitos. (FRANCISCO, et al, 2005). A classificação que o produtor informou foi que existe 3 tipos de classificação, sendo: O graúdo tipo 8 AA; o médio tipo 8 A e o menor sendo tipo 8 (Figura 27, 28 e 29).
43
Tabela 1: Tabela de classificação do Figo 17. Embalagem A embalagem é instrumento de proteção, movimentação e exposição do produto. A Instrução Normativa Conjunta SARC/ANVISA/INMETRO Nº 009, de 12 de novembro de 2002, estabelece as exigências para as embalagens de frutas e hortaliças frescas. As embalagens podem ser descartáveis ou retornáveis. Se retornáveis, devem ser higienizadas a cada uso. Se descartáveis, devem ser recicláveis ou de incinerabilidade limpa. Devem ser de medidas paletizáveis, isto é, o seu comprimento e a sua largura devem ser submúltiplos de 1m por 1,20 m, a medida do palete padrão brasileiro (PBR). Devem apresentar a identificação e a garantia do fabricante. Devem ser rotuladas, obedecendo à regulamentação do Governo Federal. Deve conter na embalagem PIFigo a identificação: variedade, peso, data, produtor, parcela, lote e exportador, conforme as normas técnicas legais de rotulagem e embalagem. Os produtores utilizam marcas próprias, que não visam ao efeito promocional direto sobre os consumidores, mas ficam conhecidas pelos comerciantes. Ou seja, o bom produtor, que tem uma fruta de qualidade, transmite
44 confiança e torna-se conhecido pelo mercado, o que lhe dá preferência nas vendas praticadas no atacado. Conseqüentemente, há uma procura maior pela marca, valorizando o produto. A capacidade de empilhamento de caixas para frutos maiores é de 15 unidades, já o empilhamento de frutos menores é de até 20 unidades (informação do produtor). 17.1 Medidas das Embalagens Os frutos são embalados em gavetas (320X150X50 mm para 1,5Kg; 275X135X50 mm ou 270X115X50 mm para 1Kg), deitados, para evitar problemas com vazamento de líquidos pelo ostíolo, e arrumados em engradados (3-5 gavetas por engradado) (Figura 30 e 31) ( FRANCISCO,et al, 2005). Figo-madeira comp. 360, larg. 265, alt. 70 Figo. Obs: caixa com três gavetas de papelão. Figo-madeira / retorno comprimento: 360, largura: 265 e altura: 80 Figo. Obs: caixa com três gavetas de papelão. (informação do produtor). Em cada gaveta vai 8 unidades de figo, na caixa com as 3 gavetas são colocados no total de 24 figos (Figura 32, 33 e 34)conforme informações do produtor. 17.2 Embalagem Fechada Na comercialização efetuada das Regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste para as demais Regiões, serão obrigatórios à utilização de embalagem fechada, excetuando as caixas dos tipos M-Mercado-madeira, Meia-Mercado-madeira (I, II e III), Toritomadeira (I e II), Toritão-madeira, Engradado III e Figo-madeira/retorno. 17.3 Regras de utilização das embalagens As tolerâncias admitidas serão de mais 3mm e/ou menos 3mm para todas as dimensões estabelecidas para as embalagens contidas nesta Portaria.
45 Não serão permitidas nas embalagens emendas ou remendos que ocasionem a modificação do espaço interno original. Não será permitido o reaproveitamento de embalagem que tenha sido utilizada para acondicionamento de defensivos agrícolas, fertilizantes, rações ou similares. Nenhum componente da embalagem (matéria-prima e acessórios) poderá conter resíduos prejudiciais à saúde humana. Os materiais utilizados nas embalagens devem estar em conformidade com as normas e recomendações de saúde e higiene que sejam capazes de proteger os produtos embalados.
17.4 Rotulagem A rotulagem da embalagem é importante, pois ajuda a identificar o produto, facilitando o manuseio pelos recebedores. 18. Transporte Para o transporte, utilizam-se caixas de madeira, dentro das quais são colocadas as caixas de papelão com 24 frutas cada (3 caixas de papelão por caixa de madeira). A exportação de frutas para a Europa é feita por via aérea. O transporte de frutas é uma das principais etapas do processo que vai da produção ao consumo desses alimentos. A falta de uma estratégia de logística adequada, aliada às más condições das estradas, faz com que 20% da safra colhida sejam desperdiçados no caminho entre a lavoura e o consumidor final, ou seja, de cada 10 frutas transportadas, 2 não podem ser consumidas. Além do desperdício, os produtos encarecem significativamente até chegarem à mesa do consumidor. Os meios de transporte precários, a utilização de veículos sem manutenção periódica e o uso de embalagens inadequadas contribuem para a proliferação de fungos e bactérias que aceleram a deterioração
46 das frutas e diminuem sua vida de prateleira. No trajeto entre o produtor e as feiras livres os alimentos têm um aumento de 32% nos preços para o público final. O transporte rodoviário deve ser feito com caminhões frigoríficos com temperatura em 0ºC (Figura 35 e 36). Carraro et al. (1994) comentou sobre as condições recomendadas para o transporte de figo, sendo: vida máxima em trânsito é de 7 a 10 dias; temperatura 0ºC; umidade relativa recomendada é de 85 a 90; necessidade de renovação de ar é baixa. 19. Comercialização A produção do figo pode ser destinada tanto para a comercialização in natura quanto para a industrialização. Para a indústria, o fruto meio maduro destina-se à produção do doce de figo, seco e caramelado, tipo rami; o figo inchado, ou de vez, pode ser usado para o preparo de compotas e figadas, enquanto os figos verdes são empregados para a produção de compotas e doces cristalizados (Figura 37). Para a comercialização, o figo é selecionado e embalado em gavetas que acondicionam de 6 a 14 figos em camada única, de mesmo tamanho. Constam os parâmetros utilizados para classificar os figos. O figo para fins industriais (verde ou inchados) é comercializado por quilograma de produto transportado a granel, usando-se, como embalagens, sacos ou caixas (de madeira ou plástico), geralmente cedidas pelas indústrias compradoras (SOUZA et al 2008). O valor do figo no mercado atacadista é dado principalmente pelo seu tamanho, pela sua cor e pela sua aparência. Quanto ao tamanho, a classificação utilizada está relacionada à quantidade de frutos que cabe em uma gaveta denominada tipo, ou seja, tipo10, tipo 8 e tipo 6. Quanto mais arroxeada a coloração, uma característica da variedade, maior a aceitação. Os produtores utilizam marcas próprias, que não visam ao efeito promocional direto sobre os consumidores, mas ficam conhecidas pelos
47 comerciantes. Ou seja, o bom produtor, que tem uma fruta de qualidade, transmite confiança e torna-se conhecido pelo mercado, o que lhe dá preferência nas vendas praticadas no atacado. Conseqüentemente, há uma procura maior pela marca,
valorizando
o
produto.
O Entreposto Terminal de São Paulo da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (ETSP - CEAGESP) é o principal local de comercialização do figo, com influência na formação de preço da fruta no mercado nacional. Foi responsável, em 2004, pela comercialização de aproximadamente 30%
do
figo
roxo
de
Valinhos
consumido
in
natura
no
Brasil.
O figo comercializado pelos atacadistas da CEAGESP tem como principais destinos hipermercados, supermercados, quitandas, sacolões, feiras e mercados especializados,
inclusive
CEASAs
de
outros
estados.
A comercialização de figo no ETSP é realizada por 110 atacadistas, parte dos quais também são produtores. Existe uma concentração no volume comercializado no Entreposto onde cinco atacadistas detém 81% deste volume. (FRANCISCO., et al, 2005). Carraro. et al. (1994) comentou que a formação de grandes blocos (NAFTA, CE, Mercosul, etc.) coloca algumas questões sobre o desenvolvimento do comércio internacional. Em termos gerais, a demanda por produtos alimentícios de alta qualidade cresceu regularmente nos países desenvolvidos, o que provocou importantes aumentos do consumo, principalmente de frutas frescas e de outros produtos exóticos importantes para países do hemisfério sul. Um exemplo disso, pode-se mencionar que a proporção de frutas frescas dentro do total de importações agroalimentares dos Estados Unidos, passou de 15% para em torno de 25% em 10 anos. Por outro lado, na França as importações de frutas frescas ocupam o segundo lugar nos gastos com alimentação da população. As
companhias
comerciais
estão
processamento e no comércio atacadista.
freqüentemente
envolvidas
no
48 19.1 Processamento de Figos Há diversos produtos alimentícios obtidos a partir do processamento do figo. Entre eles podem ser citados a compota de figo verde, a compota de figo maduro, o figo tipo rami, o figo cristalizado, a polpa de figo, a figada (doce de corte) e as geléias. Alguns aspectos diferenciam o processamento do figo das demais frutas, como a necessidade de fervura dos frutos em água quente para retirada do látex, quando se trabalha com figos verdes; e a possibilidade de também processar a fruta inteira (e não só em pedaços ou maceradas), como no caso do figo cristalizado, das compotas e do figo rami (Figura 38). A seleção dos frutos e o corte manual dos pedúnculos são etapas comuns no processamento de produtos derivados de figo. A incisão em forma de cruz na região do ostíolo é realizada no processamento de frutas inteiras, para facilitar a entrada da calda nas mesmas. Ao final do processo, o peso das frutas pode aumentar em até 58% devido à absorção de calda. Em figos maduros, é comum o uso de solução de soda a 1% para retirada da película. A compota de figos verdes diferencia-se da compota de figos maduros porque nesta última os frutos não são fervidos no xarope. Este é adicionado já acidificado sobre as frutas, na embalagem, antes da pasteurização. Para a compota de figos verdes, as frutas são fervidas no xarope, com adição parcelada de açúcar, para evitar o murchamento dos figos. 19.1.1 Compotas e Doces em Caldas Dentre os diversos produtos que podem ser obtidos das frutas, destaca-se as frutas em calda, que são consideradas como produtos de primeira linha nas indústrias de conservas, de larga aceitação pelos consumidores. A fruta em calda é produto obtido de frutas inteiras ou em pedaços, submetidas a cozimento incipiente, enlatadas ou envidradas, cobertas com calda de açúcar. Depois de fechado em recipientes, o produto é submetido a um tratamento térmico adequado. O processamento das frutas em calda se dá da seguinte forma: Preparação da calda ou xarope; Seleção das frutas; Lavagem e preparação das frutas; Cozimento;
49 Enchimento dos vidros; Adição de xarope; Retirada do ar e fechamento dos vidros; Pasteurização; Resfriamento; Identificação e armazenamento; o produto então é rotulado e acondicionado em embalagem para transporte. 19.1.2 Frutas Secas O figo seco pode ser processado em secadores industriais ou pelo método natural (ao sol). Para se chegar a um produto bem seco e de boa conservação é necessário que todas as frutas de um mesmo lote tenham o mesmo ponto de maturação.
20. Métodos de Exportação Existem 3 métodos de exportação, sendo eles: o método direto; método indireto e o método equiparado.
20.1 Método Direto de Exportação Este método corresponde à situação em que a empresa produtora/ exportadora oferece diretamente seus produtos a consumidores externos. Normalmente esta atividade deve ser precedida de uma pesquisa mercadológica, ocasião em que a empresa deve detectar possíveis importadores para o seu produto. Definidos os nomes dos contatos pretendidos, a próxima etapa é a efetivação de propostas pode ser feito através de visitas pessoais (viagens internacionais), ou mesmo através do envio de correspondência ou circulares.
50
20.2 Método Indireto de Exportação Esse procedimento é recomendável em uma fase exploratória de mercado, onde incertezas e riscos podem inibir a ação da empresa. Este procedimento pode não levar a resultados favoráveis, diante de uma certa dispersão de interesses gerados pela empresa intermediária decorrente de linhas abrangentes de produtos. O cuidado na seleção desta empresa já faz parte da estratégia a ser adotada pelo produtor/ exportador. São recomendáveis cinco passos para a contratação segura de agentes: Obter certeza quanto à possibilidade de exportação do produto, mediante a análise descrita; A empresa ou agente encarregado de promover a venda nos mercados externos deve possuir idoneidade e competência; Deve-se procurar uma empresa que possua familiaridade com o produto que se pretende oferecer; A empresa ou o agente deve estar suficientemente familiarizados com detalhes e informações atuais acerca de hábitos, costumes, legislação, etc; Necessário estabelecer um vinculo contratual por período de tempo definido, nem tão curto que não permita realizar prospecção e pesquisas, nem demasiadamente longo, para que possam alterar qualquer regra.
20.3 Método Equiparado de Exportação
51 No caso de utilização de uma empresa comercial exportadora, também conhecida como Trading Companies, estabelecidas pelo D.L. 1248/72, trata-se de uma venda equiparada à exportação. O uso de empresa comercial seja trading ou não, é apropriado em certos casos; quando, por exemplo, uma empresa percebe que o seu produto é competitivo no mercado externo, porém ela não possui estrutura interna para desenvolver essa atividade. Justifica-se também o uso de intermediários quando as possibilidades de vendas para a exportação são pequenas e dispersas, não justificando um departamento com estrutura independente. Principalmente para as pequenas e médias empresas, a utilização de intermediários localizados no mercado interno para colocação dos seus produtos no mercado externo, tem grande importância na medida em que podem utilizar-se de um canal de distribuição sem necessidade de grande volume de dispêndio financeiro inicial
21.Fluxograma O fluxograma do compreende todas as etapas da sua produção até a comercialização.
Escolha da variedade
Produção de mudas Plantio
52
Tratos culturais
Colheita
Seleção Armazenagem
Classificação
Embalagem Transporte 21.1 Fluxograma para obtenção de produtos industrializados Comercialização 21.1.1 Fluxograma de Produção do Figo Seco
21.1.2 Fluxograma de Produção de Pasta de Figo
53
21.1.3 Fluxograma de Produção de Figo em Calda
21.1.4 Fluxograma de Produção de Figo Cristalizado
54
22.Visitas A visita foi realizada na cidade de Valinhos, interior de São Paulo, na Fazenda São Judas Tadeu, do proprietário Francisco Augusto Fabiano. Telefone de contato (19) 3881-2635 A visita ocorreu no dia 09 de Maio de 2008 e no dia 31 de outubro de 2008.
23.Fotos Ilustrativas
Figura 1: Escolha da área e preparo do solo
55
Figura 2: Mudas de figo prontas para serem implantadas
Figura 3: Cortes na extremidade da planta (estaquia)
56 Figura 4: Área de figo com cobertura vegetal
Figura 5: Irrigação em figueiras via microaspersão
Figura 6: Fases da Broca Azophis gripusalis (adulto, larva e pupa)
57
Figura 7: Coleobroca: fase de larva e adulto
Figura 8: Formiga saĂşva ou cortadeira
Figura 9: Na esquerda: adulto, na direita: ninfas da cigarrinha das frutĂferas
58
Figura 10: EriofĂdeo da figueira
Figura 11: Cochonilha da Figueira
Figura 12: Ferrugem na folha de figo
59
Figura 13: Sintomas de Antracnose no fruto
Figura 14: Fruto com aspecto de podrid達o causadas por Cladosporium cladosporioides (esq.) e Rhizopus stolonifer (dir.)
Figura 15: Podrid達o seca no caule da planta
60
Figura 16: Planta jovem com sintomas de podridão de Sclerotium rolfsii
Figura 17: Raíz com galhas, causada por nematóides
61
Figura 18: Poda e produção em épocas diferentes
Figura 19: Poda e produção em épocas diferentes
62
Figura 20: Colheita Manual
Figura 21: Cesto de Madeira (local onde coloca o figo colhido)
63
Figura 22: Cestas são colocadas lado a lado, antes da seleção
64
Figura 23: Armazenamento -Câmara Fria (para armazenamento dos figos)
Figura 24: Local onde é feito a seleção e a classificação
65
Figura 25: Classificação – Defeitos Leves
Figura 26: Classificação – Defeitos Graves
Figura 27: Classificação – Tamanho: Graúdo
66
Figura 28: Classificação – Tamanho: Médio
Figura 29: Classificação – Tamanho: Pequeno
Figura 30: Embalagem – (Figo sendo embalado em gavetas)
67
Figura 31: Embalagem – Caixa com 3 gavetas
Figura 32: Embalagem – Caixa utilizada para exportação
68
Figura 33: Embalagem – Caixa utilizada para mercado interno
Figura 34: Diferença entre o figo para Exportação e o figo de mercado interno
69
Figura 35: Transporte – Caminhão com câmara fria
Figura 36: Transporte – Carregamento das caixas de figo para comercialização
70
Figura 37: Comercialização – Figos Verdes (indústria) – Figos Maduros (consumo In natura)
Figura 38: Processamento do Figo
71 24.Conclusão Podemos concluir através deste trabalho que se a cultura do figo foi implantada e conduzida de maneira correta, seguindo estudos e pesquisas, sendo esses realizados por estudiosos desta cultura, o seu sucesso terá grandes chances de acontecer. Todos os processos desde a escolha da área até a comercialização final do produto é de grande importância. Pode concluir que o figo é uma fruta muito perecível, devido a isso o processo que vai da colheita até a comercialização deve ser bem rápido. O armazenamento refrigerado preserva as frutas após a colheita, nesse sistema diminui a transpiração e a respiração das frutas, podendo assim manter o fruto ainda por mais alguns dias após a colheita. Na classificação existem 3 tipos de tamanho: graúdo, médio e pequeno. O figo é colocado dentro das embalagens, onde possui 3 gavetas com 8 figos cada. O figo é distribuído para vários locais, como: CEAGESP, CEASAs, etc. O consumo do figo pode ser In natura, com o figo pode se produzir: figo seco; pasta de figo; figo em calda; figo cristalizado; etc. 25.Referências bibliográficas AMARO, A. A. Uma análise da comercialização de figo em São Paulo. 1972. 71f. Tese (Doutorado em Economia Aplicada) - Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz", Universidade de São Paulo, Piracicaba, 1972. CAMPO DALL'ORTO, F.A.; BARBOSA, W.; OJIMA, M. & RAIJ, B. van. Frutas de Clima Temperado: II. Pêra, figo, maçã, marmelo e pêssego em pomar compacto. In: RECOMENDAÇÕES DE ADUBAÇÃO E CALAGEM PARA O ESTADO DE SÃO PAULO. Campinas, Instituto Agronômico, 1996. (Boletim, 100) p. 139-140. CHAGAS,E.;PIO,R; O cultivo da figueira (Ficus carica L.). Toda Fruta, 2007. Disponível em:<http://www.todafruta.com.br/>. Acesso em: 28 set. 2008.
72 CARRARO, A.F. e CUNHA, M.M.
Manual de Exportação de Frutas – FRUPEX.
Brasília, IICA, 1994. p.147.
FERNANDES, F. M., BUZETTI, S. (1999). Fertilidade do solo e nutrição da figueira.Ilha Solteira: Funep, p. 69-85. FRANCISCO AUGUSTO FABIANO(2008).Visita realizada em 31 de outubro de 2008,na propriedade São Judas Tadeu município de Valinhos-SP,Telefone para contato (19) 3881-2635. FRANCISCO, V. L. F. S.; BAPTISTELLA, C. S. L.; SILVA,P. R.. A cultura do figo em São Paulo. IEA, 2005. Disponível em: < http://www.iea.sp.gov.br/out/verTexto.php?codTexto=2314>. Acesso em: 28 junho 2008. FRANCO, J. A. M.; PRATES, H. S. Cultura da figueira. Campinas: COTCATI, 1975. 8 p. GALLO, D. Manual de entomologia agrícola. São Paulo: CERES, 1988. Disponívelem:<http://www.empreendedorrural.com.br/modules.php? name=Forums&file=viewtopic&t=801>Acesso em: 17 de novembro de 2008. HERNANDEZ, F.B.T., 1999. Irrigação na Figueira. Disponível em: <http://www.agr.feis.unesp.br/IRRIGACAO.html>. Acesso em: 12 novembro 2008 IAC – INSTITUTO AGRONÔMICO DE CAMPINAS. Cultura da figueira. Disponível em: <http://www.iac.sp.gov.br/Tecnologias/FIGO/figo.htm>. Acesso em: 15 de novembro de 2008. INSTITUTO BRASILEIRO DE FRUTAS. Anuário brasileiro da fruticultura. Santa Cruz do Sul: Editora Gazeta Santa Cruz, 2005. 136 p.
73 KLUGE, R.A.; NACHTIGAL, J. C.; FACHINELLO, J.C.; BILHALVA, A.B. Fisiologia e manejo pós-colheita de frutas de clima temperado. 2a Ed. Campinas: Livraria e Editora Rural, 2002. p.214. KIMATI, H. Doenças da figueira. In: Galli, F. (Ed.). Manual de Fitopatologia: doenças das plantas cultivadas. São Paulo: Agronômica Ceres, 1980. V. 2, p.319 – 323 KIMATI, H; AMORIM, L; BENGAMIN FILHO, A; CAMARGO, L.E.A.; REZENDE, J.A.M. Manual de Fitopatologia. 3. Ed. São Paulo: ESALQ, 1997. 774p PENTEADO, S. R. Pragas e Doenças na Cultura da Figueira. Correio Agrícola São Paulo: Divisão Defensivos Agrícolas, v.02, 1983. p. 540 – 543 LEAL P., A.M. e A.B. CORTEZ L. 1998.
Métodos de pré-resfriamento de Frutas e
Hortaliças. In: II Curso de Atualização de Tecnologia de Resfriamento de Frutas e Hortaliças. Campinas: Faculdade de Engenharia Agrícola (UNICAMP). p. 81-91
MANCIN, C. A.; SOUZA, O. P.; MELO, B.; A cultura da figueira. Disponível em: <http://www.fruticultura.iciag.ufu.br/figo.html>. Acesso em: 17 de novembro de 2008. MEDEIROS, A. R. M. A cultura da figueira. Pelotas: EMBRAPACNPFT,1978. 20p. PIO, R. et al. O Cultivo da figueira (Fícus carica L.). Toda Fruta 2007. Disponível em: <http://www.todafruta.com.br/>. Acesso em: 16 maio 2008. PORTOCARRERO, M.A. Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e Cooperativismo – 2005. Disponível em:<http://www.inmetro.gov.br
/credencia
mento/organismos/figo/instrucaoNormativa.pdf >. Acesso em: 2 junho 2008
74
QUAGGIO J.A., PIZA Jr., C.T. (2001). Frutíferas tropicais. In: Ferreira, M.E., Cruz, M.C.P., Raij, B.v., Abreu, C.A. Micronutrientes e elementos tóxicos na agricultura. Jaboticabal:CNPq/FAPESP/POTAFOS, p. 458-491. RIGITANO, O. A figueira cultivada no Estado de São Paulo. Piracicaba: ESALQ, 1955. 59p. Tese de Doutoramento. RIGITANO, O. Instruções para a cultura da figueira. Campinas: Instituto Agronômico, 1964. 30p. (IAC. Boletim, 146). Disponível em: <http://www.iac.sp.gov.br/Tecnologias/FIGO/figo.htm>. Acesso em: 15 de novembro de 2008. PEREIRA, F.M. Efeitos dos reguladores de crescimento ethephon e giberelina, sobre a maturação de frutos da figueira (Ficus carica L.) variedade "Roxo de Valinhos", Jaboticabal: F.A.A.V. 1979. 91p. Tese LivreDocência.