Tratamento Fitossanitário na cultura da Cana de Açúcar
E. DOTTA NETO
Resumo A cana de açúcar (Saccharum officinarum), é uma cultura semi-perene, de grande desenvolvimento no Brasil. Tem duas épocas de plantio no Centrosul: Setembro-outubro e janeiro-março. O espaçamento entre os sulcos de plantio é de 1,40m, sua profundidade de 20 a 25cm e a largura proporcionada pela abertura dos sulcos. O Brasil é hoje o principal produtor de cana-deaçucar do mundo. Seus produtos são largamente utilizados na produção de açúcar, álcool combustível e bio-diesel. Uma tonelada de cana-de-açucar produz 80 litros de etanol sendo que um hectare de terra produz 88 toneladas de cana-de-açucar, no total são produzidos 7040 litros de etanol por hectare. As pragas de maiores danos na cultura são: os nematóides, broca da cana, besouro migdolus e os cupins. As doenças mais importantes: escaldadura das folhas, raquitismo das soqueiras, mosaico, carvão, estria vermelha, mancha ocular, ferrugem da cana, mancha amarela, podridão vermelha e podridão abacaxi. 1. Introdução
BACCHI (1983), caracterizou a cana de açúcar como pertencente ao gênero Saccharum L., da sub tribo Saccharae, Tribo Andropogone, família Gramínea, Ordem Glumiflorae, Classe Monocotyledoneae, Sub Divisão Angiospermae e Divisão Embryophyta siphonogama. A cana-de-açúcar (Saccharum officinarum) é uma cultura semi perene, podendo produzir por 4 a 6 anos. Relativamente fácil de ser implantada e manejada, com baixo custo, podendo atingir rendimentos de massa verde superiores a 120t/ha/ano. Normalmente a maturação se dá durante o período seco, quando a oferta de forragem das pastagens, é bastante limitada à produção animal.
Sua produtividade e longevidade são reguladas por diversos fatores, dentre os quais destacam-se: variedade escolhida, fertilidade do solo, condições climáticas, práticas culturais, controle de pragas e doenças e método de colheita. A cana de açúcar mundial ocupa uma área de 20.42 milhões de ha. com uma produção total de 1333 milhões de toneladas métricas. A área de cana de açúcar e produtividade difere vastamente de país para país. O Brasil tem a maior área (5.343 milhões ha), enquanto a Austrália tem a maior produtividade (85.1 tons/ha). De 121 países produtores de cana de açúcar, quinze países (Brasil, Índia, China, Tailândia, Paquistão, México, Cuba, Colômbia, Austrália, USA, Filipinas, África do Sul, Argentina, Mianmar, Bangladesh) 86% de área e 87.1% de produção. (Sugarcanecrops, 2007). Existem duas épocas de plantio: setembro-outubro e janeiro-março. O espaçamento entre os sulcos de plantio é de 1,40m, sua profundidade de 20 a 25cm e a largura é proporcionada pela abertura dos sulcos. Os colmos com idade de 10 a 12 meses são colocados no sulco, sempre cruzando a ponta do colmo anterior com o pé do seguinte e picados, com toletes de aproximadamente três gemas. FILHO J.O. et al. 1994, diz que os prejuízos são avaliados a partir da porcentagem de intensidade de infestação (II%), que é dada pela fórmula: II% = nº de entrenós perfurados X 100 nº total de entrenós Estima-se que para cada 1% de intensidade de infestação perdem-se 0,14% de cana em peso no campo e 0,48% em açúcar no processo de extração na indústria. Os levantamentos para determinar a II% devem ser feitos na plataforma estrategicamente coloca próxima da balança de entrada de matéria prima, onde ao acaso tomam 3 ou 4 colmos/volume de carga, resultando em cerca de 30 canas/ha de área colhida. A II% média da usina é estimada pela média ponderada por corte e por variedade.
2. Controle fitossanitário
2.1
Objetivo
Controle de doenças e pragas visando uma melhor produção, com alto grau de pureza varietal e sanidade.
2.2
Pragas da Cana de açúcar
Broca da Cana Espécie Diatraea saccharalis e Diatraea flavipinella, ambas ovipositam nas folhas parecendo escamas, nasce as lagartas que atacam as folhas, depois entra no colmo da cana pela gema, se desenvolve e faz galerias de baixo para cima, abre orifício para a pupa. A planta mãe é a mais atacada, quando a planta nova é atacada causa sintoma de coração morto (seca folhas centrais), em canas mais velhas fazem galerias e causa perda de peso. Pelo orifício feito pode entrar 2 tipos de fungos: Colletotrichum e Fusarium que causam a doença podridão vermelha. Lagartas Espécie Spodoptera frugiperda (lagarta do cartucho), Mocis latipes, Pseudaletia sequax, ambas comem folhas. A lagarta Agrotis ipsilon ( Lagarta Rosca) corta plantas novas rente ao solo e a lagarta Elasmopalpus lignosellus faz orifício no colmo, provocando o sintoma nas plantas de coração morto. Pulgões Espécie
Rhopalosiphum
maidis
sugam
seiva,
atraem
formiga,
desenvolve fumagina. Esse pulgão também transmite a doença do Mosaico da Cana. Cigarrinha Espécie Mahanarva fimbriolata, a ninfa desta cigarrinha produz espuma, com o objetivo de manter umidade. Oviposita no solo, a ninfa suga raiz, o adulto vai de um colmo a outro. Os prejuízos causados são secas longitudinais, até chegar a seca total.
Broca gigante Espécie Castnia licus, parecida com a broca comum, aparentemente maior, e também causa os mesmos prejuízos que a broca da cana. Besouros Família
Scarabaeidae,
espécie
Ligyrus
spp,
Euetheola
humilis,
Stenocrates sp, Podischnus sp. e família Curculionidae, espécie Sphenophorus levis, Metamasius hemipterus, essas espécies ficam no solo e comem raízes. Família Cerambycidae, espécie Migdolus fryanus, destrói o tolete da cana e o colmo na parte de baixo. Cupim Se alimentam do colmo de cana, reduzindo valores comerciais. Espécies Cornitermes cumulans, Heterotermes tenuis Cochonilha Espécie Saccharicoccus sacchari, não apresenta grandes prejuízos, ela fica entre a folha e o colmo, onde suga seiva, atraem formigas e desenvolve fumagina, prejudica o açúcar e o álcool. Percevejo Castanho Espécies Scaptocoris castanea e Scaptocoris carvalhoi, ambos sugam seiva das raízes e a planta amarelece e seca.
2.3 Controle de pragas
Broca da Cana Para o controle químico se utiliza Furadan 50 G aplicar 30Kg/ha, técnica de aplicação terrestre/aéreo. O produto deve ser aplicado logo após o transplante ou plantio, aplicar junto com os toletes durante o plantio ou incorporada ao solo em banda ou faixa em cana soca. Não deixar o produto exposto ao na superfície. Classe toxicológica III (mediamente tóxico). Regent 800 WG aplicar via terrestre/aéreo, aplicação terrestre 100 a 300 L/ha e aplicação aérea 30 a 60 L/ha. Sulco de Plantio: Realizar as aplicações preventivamente no sulco de plantio no momento da semeadura da cultura com auxílio de pulverizadores adaptados com bicos de jato plano (leque). Classe toxicológica II (altamente tóxica).
Controle biológico com predadores: Vespa de espécie Polybia, tesourinha Labidura riparia. Parasitóides: Trichogramma galloi, Telenomus alecto, Lydella minense, Paratheresia claripalpis, Lixophaga diatraea, Cotesia flavipes. Patógenos: Baculovirus, Metarrhizium anisopliae. Lagartas Controle químico com Dipterex 500 aplicação via terrestre/aéreo 200 a 300 L/ha. Classe toxicológica II ( altamente tóxica). Pulgões Com operação “roguing” arrancamento e queima da touceira da cana com mosaico. Controle biológico com Parasitóides: vespa Lisiplebus, controle com Joaninhas e Patógenos Entomophthora Cigarrinhas Controle biológico com moscas, vespa Aemopolynema hervali, se alimenta dos ovos de cigarrinhas, controle com Metarrhizium anisopliae, Beauveria bassaiana, Empusa e nematóides. Controle químico Actara 250 WG 1000g/ha, aplicação terrestre/aérea 30 a 50 L de calda/ha. Jato dirigido em ambos os lados da linha de plantio, de modo a atingir as ninfas, protegidas pela espuma, alojadas na base das plantas. Aplicação aérea: somente em condição de cana fechada, quando não mais permitir aplicação tratorizada. Classe toxicológica III (mediamente tóxica). Broca Gigante Controle biológico com Metarrhizium anisopliae e Beauveria bassiana. Besouros Iscas (mistura de inseticidas + melaço de cana). Na espécie Migdolus fryanus controle com iscas de feromônios, controle biológico com moscas. Controle químico com Regent 800 WG, dosagem 500g/ha, aplicação via terrestre 300 L/ha, aéreo 30 a 60 L/ha. Plantios novos: Aplicar o produto no sulco de plantio no momento da semeadura. Soqueira: Aplicação do produto abaixo da superfície do solo na região de maior ocorrência do sistema radicular das plantas. Classe toxicológica II (altamente tóxico). Thiodan CE dosagem 11,5 L/ha, aplicação terrestre 200 L/ha e aéreo 30 a 40 L/ha. Aplicar o produto no sulco de plantio sobre os toletes, obedecendo as dosagens especificadas para cada praga. Volume de calda de 200 l/ha. Classe toxicológica II ( altamente tóxico).
Cupim Isca a base de Beauveria bassiana + umidoclopril. Controle químico com Regent 800 WG, dosagem 200 a 250g/ha, aplicação via terrestre 100 a 300 L/ha, aéreo 30 a 60 L/ha. Plantios novos: Aplicação o produto no sulco de plantio no momento da semeadura. Soqueira: Aplicação do produto abaixo da superfície do solo na região de maior ocorrência do sistema radicular das plantas. Aplicação do produto na parte aérea das plantas conforme recomendação. Classe toxicológica II (altamente tóxico). ). Thiodan CE dosagem 6 L/ha, aplicação terrestre 200 L/ha e aéreo 30 a 40 L/ha. Aplicar o produto no sulco de plantio sobre os toletes, obedecendo as dosagens especificadas para cada praga. Volume de calda de 200 l/ha. Classe toxicológica II ( altamente tóxico). Cochonilha Controle com a queima
2.4
Doenças da Cana de açúcar
Mosaico – Sugarcane mosaic vírus – SCMV e Sorghum mosaic vírus – SrMV Os
sintomas
aparecem
em
folhas
novas.
Touceiras
tem
desenvolvimento retardado, podendo ter altura reduzida pela metade. Dependendo da estirpe do vírus, da variedade, das condições de cultivo e do ambiente, os sintomas podem variar, a ponto de desaparecerem, devido ao fenômeno de recuperação. Ocasionalmente, os colmos podem apresentar sintomas de riscas e estrias deprimidas que podem evoluir até a necrose do tecido sub-epidérmicos. Nestes casos, o encurtamento dos entrenós é acentuado. O SCMV e SrMV são transmitidos por grande número de espécie de pulgões. Síndrome do amarelecimento da folha (amarelinho) – Sugarcane yellow leaf virus – ScYLV ou Fioplasma As nervuras foliares mostram intenso amalerecimento principalmente na face abaxial. Posteriormente o limbo se torna amarelado e a nervura central arroxeada. Plantas afetadas tem sistema radicular pequeno e superficial. O
“amarelinho é transmitido pelos pulgões Melanaphis sacchari e Rhopalosiphum maidis, e mudas infectadas, enquanto que o fitoplasma é possivelmente transmitido pela cigarrinha Perkinsiella saccharacida. Escaldadura das folhas – Xanthomonas albilineans Sintoma latente é o que prevalece na maioria das variedades comerciais. Que apresentam tolerância e por isso convivem com o patógeno por anos, sem manisfestar sintomas externos. Internamente, em colmos maduros, observa-se, ocasionalmente, descoloração vascular na região nodal que se assemelha aos sintomas descritos como vírgula no nó de plantas infectadas pela bactéria do raquitismo da soqueira. A identificação da doença exige, neste caso, a aplicação de métodos sorológicos ou o isolamento do agente causal em meio seletivo. No sintoma crônico, estrias brancas estendem-se por extensas áreas do limbo foliar podendo atingir a bainha. Estas estrias podem evoluir para diversos graus de clorose foliar, de bordos indefinidos até a necrose, havendo, frequentemente, brotação das gemas basais do colmo. Em corte lngitudinal, nesta área brotada, observa-se descoloração do xilema na região nodal, estendendo-se até o entrenó. O sintoma agudo só ocorre em variedades suscetíveis, intolerantes ou com resistência intermediária. Neste caso, a queima de folhas como se a planta tivesse sido escaldada, as vezes, sem manisfeto de sintomas de brotação lateral do colmo. A seca total das folhas dificulta a identificação. Somente após alguns dias os colmos brotam lateralmente, exibindo os sintomas crônicos da doença. A bactéria Xanthomonas albilineans é uma bactéria de crescimento lento, se propaga por mudas infectadas, facões de corte, colheitadeiras, roedores e pela gutação. Raquitismo das soqueiras – Leifsonia xyli Em geral o raquitismo das soqueiras não tem um sintoma característico. Normalmente se observa um crescimento irregular, com o encurtamento de colmos, evidenciando em anos de seca, quando o desenvolvimento da planta é prejudicado. Além do estresse hídrico, outros fatores podem agravar os sintomas da doença, tais como presenças de ervas daninhas, solos compactados, deficiência ou excesso de adubo e presença de outras doenças.
Nas variedades mais suscetíveis pode-se observar internamente, na parte mais velha de colmos maduros, na altura do nó, vasos de coloração alterada variando de alaranjado claro a vermelho escuro, podendo observar “vírgulas” e traços ou pontos localizados preferencialmente nas partes mais profundas do colmo. Estes sintomas repetem-se em praticamente todos os nós maduros do colmo. O patógeno é transmitido mecanicamente por facões e elementos de corte de colheitadeira, e a introdução primária em campo é feita por mudas infectadas. Na ausência da cultura, a bactéria pode permanecer infectiva em restos de toletes e no solo por vários meses, sendo necessário deixar transcorrer entre três e seis meses antes de um novo plantio. Estria vermelha – Acidovorax avenae Os primeiros sintomas são estrias encharcadas que gradualmente tomam a coloração vermelha. Nas lesões novas é comum notar-se exsudação da bactéria. Posteriormente, os sintomas estendem-se para o meristema apical, que se torna umedecido em conseqüência da morte dos tecidos, causando a podridão do topo. A podridão do topo estende-se pelo colmo causando rachaduras por onde escorre líquido fétido. Falsa estria vermelha – Xanthomonas sp. Aparecimento de estrias esbranquiçadas, com mesclas de vermelho e amarelo, situadas só na lâmina da folha, estendendo-se do ápice para o meio das folhas mais velhas, que não continuam na bainha. Não produz podridão de toletes. A doença não ocorre em reboleiras, sendo mais severas nas bordas dos talhões, onde a disseminação da bactéria é mais intensa. Ferrugem – Puccinia melanocephala A coloração de pústulas na página inferior das folhas variam de amareladas a
marrom
escuro,
e
mostram
a
formação
de
esporos
subepidérmicos com ruptura da epiderme para sua liberação. Em variedades muito suscetíveis, as pústulas agrupam-se produzindo áreas de tecido necrosado. Plantas muito atacadas têm crescimento retardado com folhas queimadas e sem brilho. Carvão – Ustilago scitaminea O sintoma (chicote), inicia com uma película prateada que, ao romperse, expõe uma massa de teliósporos pretos e pulverulentos, facilmente destacados pelo vento, plantas doentes, antes de emitirem o chicote tem o
ângulo de inserção das folhas mais agudo, limbo foliar estreito e curto, colmos mais finos que o normal e touceiras com superbrotamento. Ocasionalmente, algumas variedades podem
produzir sintomas atípicos
como
galhas,
proliferação de gemas e vassoura de bruxa. As infecções são favorecidas por condições de seca em períodos de brotação. A viabilidade dos esporos diminuem em solos com umidade e situações de estresse predispõe a planta a uma maior severidade da doença. Mancha amarela – Mycovellosiella koepkey Os sintomas somente são visíveis nas folhas mais velhas. Inicialmente, são pontos cloróticos que evoluem para manchas vermelho – amareladas, irregulares e de tamanho variado. As manchas localizam-se em uma das faces das folhas e na face oposta observam-se manchas cloróticas de bordos limitados e visíveis contra a luz. Em ambientes favoráveis, as manchas coalescem, cobrindo quase todo o limbo foliar que fica com o aspecto de um veludo acinzentado. Mancha ocular – Bipolaris sacchari O sintoma mais típico manifesta nas folhas na forma de numerosas manchas necróticas, elípticas, inicialmente pardas, mais tarde marrom – avermelhadas. A medida que crescem, as lesões tornam-se alongadas, com centro de cor palha e frequentimente com halo amarelado. As estrias são ocasionadas por uma toxina produzida pelo fungo. Podridão vermelha – Glomerella tucumanensis ( Colletotrichum falcatum) Durante a germinação do tolete, causa a morte das gemas e redução na germinação. Nos colmos, o patógeno causa uma podridão vermelha. Na nervura central das folhas aparecem lesões vermelhas que mais tarde ficam com o centro claro, o tamanho das lesões variam, mas em folhas velhas atingem toda a extensão da nervura. Em variedades suscetíveis, as lesões aprofundam-se na nervura, os sintomas podem ser confundidos com deficiência de potássio. Em variedades altamamente suscetíveis, a medida que a planta se desenvolve e amadurece, a folhas do palmito amarelecem e paralisam o crescimento. As bainhas das folhas de cor palha ficam com a superfície recoberta de pontuações negras, que correspondem a frutificações do fungo. Na região nodal aparecem áreas necrosadas, de bordos definidos
que evoluem rapidamente até a completa necrose do entrenó que passa a exibir coloração pardo escuro. Internamente, nos colmos, surgem bandas transversais brancas que caracterizam a podridão vermelha. Podridão de Fusarium e POKKAH BOENG – Gibberella fujikuroi (Fusarium moniliforme),Gibberella subglutinans (Fusarium subglutinans) Como o fungo já pode estar presente no embrião das sementes e crescer juntamente com a planta, a manifestação dos sintomas vai depender do estádio vegetativo do hospedeiro. Toletes ou gemas submetidos ao tratamento térmico podem exibir sintomas de enfezamento, podridão de raízes e falhas na germinação. A podridão do colmo esta sempre associada a injúrias físicas ou químicas. Nos orifícios da broca da cana, o fungo pode se instalar isoladamente ou em associação com a podridão vermelha. Na podridão de Fusarium, os tecidos adjacentes ao orifício sofrem inversão de sacarose, apresentam coloração vermelho-escura, quase negra, recobrindo alguns milímetros dos tecidos da cavidade ou se estendendo a maiores profundidades do entrenó, no caso de variedades suscetíveis. Através dos feixes vasculares, podem atingir vários entrenós acima e abaixo do orifício da broca. Neste caso, apenas o feixe vascular apresenta-se descolorido. Quando os colmos são submetidos a seca prolongada causando a morte de tecido do entrenó, os sintomas agravam-se e a tendência do fungo é destruir um volume muito maior do colmo. Podridão abacaxi – Ceratocystis paradoxa (Thielaviopsis paradoxa) O fungo penetra na planta por cortes ou ferimentos, sendo incapaz de entrar por aberturas naturais. O sintoma mais típico da doença é a fermentação dos toletes que exalam um odor agradável e característico de essência de abacaxi. Esta fermentação é mais acentuada nas fases iniciais do ataque enquanto o tolete tem reservas de açúcar. Podridões de raízes – Pythium sp Plantas atacadas apresentam falhas na germinação, baixo vigor, mau perfilhamento, crescimento irregular, enrolamento das folhas e são arrancadas com facilidade. As raízes novas apresentam extremidade avermelhada, tendendo, mais tarde, para pardo e as lesões podem ocorrer em qualquer local das raízes. Na fase adiantada da podridão, as pontas das raízes ficam encharcadas e moles com ramificações logo acima da lesão. Em ataques muito
severos não ocorre a formação de raízes secundárias e as plantas enfezadas morrem nos períodos de estiagem. Podridão de marasmius – Marasmius sacchari A podridão pode ser reconhecida pelo crescimento de micélio branco, filamentoso, nas bainhas basais que se soldamentre si e com o colmo, produzindo nestes o escurecimento e morte dos tecidos da região nodal abaixo da linha do solo. As necroses são pardas, envolvendo toda região dos primórdios de raízes que são destruídas. O crescimento da planta é paralisado e as folhas apresentam manchas necróticas avermelhadas e uniforme semelhantes às de deficiência de magnésio. Gomose – Xanthomonas axonopodis Apresentam estrias nas folhas maduras que ficam restritas à extremidade distal do limbo foliar. Inicialmente são amareladas passando a vermelhas ou pardas. Estria mosqueada – Herbaspirillum rubrisubalbicans Apresenta estrias estreitas nas folhas, podendo atingir toda extensão da lâmina acompanhando nervuras secundárias. As estrias podem apresentar cor vermelha, amarela e esbranquiçada, sem exsudatos de bactéria nas folhas. Mancha parda – Cercospora longipes Os sintomas ocorrem em folhas maduras na forma de lesões elípticas a fusóides, marrom-avermelhadas e arredondadas. Mancha anelar – Leptosphaeria sacchari Lesões são inicialmente verde-amarronzadas, de bordos mais escuros, com halo clorótico presente ou ausente e de centro palha. Nematóides Os sintomas causados por nematóides podem ser confundidos com deficiência de minerais. Na parte aérea de plantas novas, observa desenvolvimento irregular, amarelecimento, murcha, enfezamento de plantas. Nas raízes, os sintomas variam de acordo com os nematóides: Meloidogyne, observa formação de galhas nas raízes, Pratylenchus, observa ruptura da epiderme das raízes, numerosos ferimentos e apodrecimento do córtex, Trichodorus, as raízes são encurtadas, grossas, tortuosas, necrosadas e com ramificações laterais, Helicotylenchus nota-se mal desenvolvimento da soqueira.
2.5
Controle de doenças
Mosaico – Sugarcane mosaic vírus – SCMV e Sorghum mosaic vírus – SrMV Uso de variedades resistentes, mudas sadias e eliminação de plantas doentes (roguing) nas áreas de viveiro de mudas. Avanços na obtenção de variedades transgênicas resistentes ao mosaico, a época de plantio ou colheita pode diminuir a incidência da doença, evitando que a brotação e estádios iniciais de crescimento não coincidam com os maiores níveis populacionais dos vetores. Síndrome do amarelecimento da folha (amarelinho) – Sugarcane yellow leaf virus – ScYLV ou Fioplasma A única medida de controle recomendada é a substituição de variedades que apresentam sintomas Escaldadura das folhas – Xanthomonas albilineans Controle da doença é feito com variedades resistentes e tolerantes ao patógeno. Tratamento térmico de toletes para limpeza do material de propagação, preparo das áreas de viveiros para eliminar bactérias do solo e restos de culturas, eliminar plantas voluntárias e plantas hospedeiras nos viveiros. Raquitismo das soqueiras – Leifsonia xyli O controle é baseado em métodos de exclusão, utilizando mudas sadias para o plantio. O uso de tratamento térmico de toletes ou gemas. Estria vermelha – Acidovorax avenae Uso de variedades resistentes é o mais efetivo método de controle. Falsa estria vermelha – Xanthomonas sp. Uso de variedades resistentes. No caso de variedades suscetíveis devese evitar plantios em condições de muita umidade e fertilidade. Ferrugem – Puccinia melanocephala Uso de variedades resistentes é o mais eficiente método de controle. Há possibilidade de se cultivar variedades com resistência intermediária ou mesmo suscetível, em regiões de escape onde o ambiente é desfavorável ao patógeno.
Carvão – Ustilago scitaminea Uso de variedades resistentes, uso de mudas sadias, remoção das plantas ou colmos doentes. Aplicação de Bayfidan 300 L/ha. Mancha amarela – Mycovellosiella koepkey Uso de variedades resistentes Mancha ocular – Bipolaris sacchari Uso de variedades resistentes Podridão vermelha – Glomerella tucumanensis ( Colletotrichum falcatum) O uso de variedades resistentes é o único método econômico no controle. Podridão de Fusarium e POKKAH BOENG – Gibberella fujikuroi (Fusarium moniliforme),Gibberella subglutinans (Fusarium subglutinans) Uso de variedades tolerantes ao fungo. O tratamento térmico de mudas para o controle do raquitismo das soqueiras elimina a maioria do micélio das mudas. O tratamento de toletes com fungicidas é eficiente para eliminação dos esporos superficiais e proteçãodos toletes na fase inicial de germinação. Podridão abacaxi – Ceratocystis paradoxa (Thielaviopsis paradoxa) Qualquer medida que estimule a brotação rápida dos toletes ou proteja as feridas por onde o fungo penetra, produz excelentes resultados no controle da doença. Todo plantio efetuado nos meses de verão esta livre da doença. Medidas complementares como bom preparo de solo, plantio raso, mudas novas e vigorosas, proporciona diminuição dos danos. Quando se faz o plantio de mudas que sofreram a termoterapia é indispensável a aplicação de fungicidas como benomyl ou propiconazole. Podridões de raízes – Pythium sp Uso de variedades resistentes Podridão de marasmius – Marasmius sacchari Recomendam-se correções de acidez e adubações adequadas para permitir um enraizamento profundo e aumentar o vigor das plantas. O uso de variedades resistentes é recomendável. Nas regiões de secas constantes, a irrigação é indispensável para obter um controle completo do fungo. Gomose – Xanthomonas axonopodis Uso de variedades resistentes
Estria mosqueada – Herbaspirillum rubrisubalbicans Testes em variedades resistentes a H. rubrisubalbicans comprovaram que ela pode colonizar raízes, colmos e folhas sem causar doença Mancha parda – Cercospora longipes Uso de variedades resistentes Mancha anelar – Leptosphaeria sacchari Como a doença não causa problemas, não é necessário seu controle, exceto nos programas de melhoramento onde variedades muito suscetíveis devem ser eliminadas. Nematóides Uso de variedades tolerantes, controle biológico e controle químico com nematicidas. Evitar uso de implementos,
2.6 Tratamentos de mudas
2.6.1 Tratamento térmico
2.6.1.1 Objetivo do tratamento térmico
A termoterapia para o controle de doenças da cana de açúcar, foi desenvolvido principalmente para controlar o raquitismo da soqueira
2.6.1.2 Procedimento do tratamento térmico
Os processos empregados são três: água quente; ar quente e vapor. Este método diminui a germinação das mudas, o que deve ser levado em conta no momento do plantio. Vale enfatizar os pontos críticos da termoterapia de mudas, iniciando com o preparo de mudas no campo antes do tratamento térmico: devem-se produzir as mudas em ótimas condições de crescimento evitando ao máximo o uso de herbicidas nesta área, selecionar mudas maduras com idade de 11 a 14 meses, selecionar mudas durante o crescimento, eliminando as touceiras com mosaico e escaldadura, evitar injúrias mecânicas nas gemas, eliminar toletes e mudas danificadas pela broca da cana, testar a germinação do material escolhido antes de iniciar a
termoterapia; mergulhar as mudas tratadas na água por algumas horas para aumentar a taxa de germinação. É importante, também, programar a termoterapia somente para épocas quentes e úmidas para facilitar a germinação, tratar as mudas após o corte o mais rápido, respeitar a proporção entre peso de cana tratada e água quente, sempre ao redor de 1 Kg para 5 a 6 L de água, após o tratamento não resfriar as mudas bruscamente em água fria ou muito lentamente em montes mal arejados, manusear o material tratado com cuidado, pois a gemas tornam-se tenras e frágeis; plantar as gemas nas melhores condições possíveis, enterrando o mínimo. Fazer o tratamento das mudas a 52º C por 30 minutos ou 50º C por 2 horas.
2.6.2
Roguing
O objetivo do “Roguing” é eliminar colmos e plantas doentes antes da liberação dos esporos. No roguing mecânico deve ser feita o arranque de touceiras com enxada, enterrando em local apropriado ou queimado. No roguing químico deve utilizar herbicidas.
2.7 Segurança na aplicação
2.7.1 Identificação de produtos
Classe toxicológica I (Rótulo Vermelho): produto no qual se encontram substâncias ou compostos químicos considerados "altamente tóxicos" para o ser humano. Classe
toxicológica
II
(Rótulo
Amarelo):
produto
considerado
medianamente tóxico para o ser humano. Classe
toxicológica
III
(Rótulo
Azul):
produto
considerado
pouco tóxico ao ser humano. Classe toxicológica IV (Rótulo Verde): produto considerado praticamente "não-tóxico" para o ser humano.
2.7.2 Utilização de EPIs
O uso de Epi é fundamental para reduzir o risco de absorção do produto tóxico pelo organismo, protegendo a saúde do trabalhador. Vias de contaminação: Oral, Dérmica, Respiratória, Ocular. Vestimenta (calça e jaleco) devem ser tratados com hidrorrepelentes ( para aplicação de equipamento de pulverização costal ou mangueira). A calça deve conter reforços extras. Vestir sobre a roupa comum. Os cordões da calça e do jaleco devem estar bem ajustados. As botas devem ser de PVC. Deve ser usada com meia e a barra da calça deve ficar para fora do cano. O avental protege o corpo durante o preparo da calda e durante a pulverização. Deve ser de material impermeável. Comprimento até a altura dos joelhos. Respirador evita inalação de vapores orgânicos, nevoas e partículas finas. Existem 2 tipos de respiradores: Sem manutenção (descartáveis) e os de baixa manutenção que possuem filtros. Os respiradores devem sempre possuir carvão ativado. O aplicador deve estar barbeado para permitir que o respirador fique encaixado perfeitamente na face O uso de viseiras serve para proteger os olhos e o rosto das gotas ou névoa da pulverização. A viseira deve ser de acetato com boa transparência para não distorcer a imagem, forrada com espuma na testa. Boné árabe feito em tecido de algodão para tornar-se hidrorrepelente. Protege o couro cabeludo e o pescoço contra respingos. As luvas protegem a parte do corpo com maior risco de exposição. As mais recomendadas são de borrachas nitrílica ou neoprene, servindo para todos os tipos de formulações.
3. Referências bibliográficas
BACCHI, O.O.S. Botânica da cana-de-açúcar. In: ORLANDO FILHO J., Coord. Nutrição e adubação da cana-de-açúcar no Brasil. Piracicaba: IAA/ PLANALSUCAR, 1983. p.25-37. (Coleção PLANALSUCAR, 2).
BERGAMIN FILHO, A.; KIMATI, H.; AMORIM, L. (Eds.). Manual de fitopatologia: doenças das plantas cultivadas. 4. ed. São Paulo: Agronômica Ceres, 2005. v.2, 185 - 196p. FILHO, J.O.; MACEDO, N.; TOKESHI, H.. Seja o doutor do seu canavial. Arquivo do Agrônomo, Piracicaba, potafos, n.6, 1994. p.1-17.
MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO. Sistema
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Disponível
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http://www.agricultura.gov.br. Acesso em: 9 abril 2008
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Distribuição
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Disponível em http://www.sugarcanecrops.com/p/introduction/. Acesso em: 8 abril 2008