7ª Edição – Junho 2017
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NOTÍCIAS
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SOLIDARIEDADE
17-19
ENTREVISTA
20-21 OPINIÃO 22
CULTURA
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RECEITA
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AGENDA
Edição: Diana Bernardo newsletteracademiabacalhau@gmail.com
NOTÍCIAS
Cidade do Cabo, África do Sul
Dia de Portugal comemorado por 250 compadres
“Foram chamados ao palco os sete jovens estudantes contemplados com ajuda financeira aos seus estudos”
Por Rui Santos, Presidente da Academia do Bacalhau da Cidade do Cabo
As comemorações do dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas tiveram lugar no dia 14 de junho nas instalações da Associação Portuguesa da Cidade do Cabo da Boa Esperança. A academia do Bacalhau de Cape Town, em conjunto com as demais associações comunitárias, foi a anfitriã deste prestigioso evento destacando-se na confeção do jantar de bacalhau servido aos mais de 250 compadres, comadres e convidados de honra. À chegada, os convivas foram recebidos por membros do grupo folclórico “Bailinho”, vestidos a preceito com trajes populares Portugueses, e foi
“A mesa VIP, decorada ao centro com escudos da Bandeira Portuguesa, foi enchendo, sentando ao seu redor cerca de 40 convidados”
outros, estiveram presentes o Cônsul Geral de Angola, Cônsul de Espanha, Cônsul de França, Cônsul da Roménia, Cônsul do Brasil, Cônsul e Vice-Cônsul da República Popular da China, Cônsul do Japão, Cônsul de Moçambique, Cônsul Geral da Alemanha, Cônsul Honorário da Colômbia, Cônsul Honorário das Maurícias e ainda o Cônsul Geral da Eslovénia. Estiveram também presentes Nora
servido um Porto de boas vindas. O Cônsul Geral de Portugal Dr. Jorge Teixeira de Sampayo disponibilizou-se para dar as boas-vindas, expressando uma calorosa receção aos seus 28 convidados do Corpo Consular acreditado nesta cidade. A mesa VIP, decorada ao centro com escudos da Bandeira Portuguesa, foi enchendo, sentando ao seu redor cerca de 40 convidados. Entre
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Groose, conselheira da City of Cape Town (Ward 23), a comadre Lígia Fernandes, Conselheira Oficial da Comunidade para a Secretaria de Estado das Comunidades, além de diversos líderes associativos. Numa iniciativa louvável da Liga da Mulher, foi anexada uma exposição com motivos históricos alusivos aos Descobrimentos, assim como artefatos de carater cultural Português. A noite de Gala começou com os hinos da África do Sul, seguido do Hino Nacional Português, cantado em uníssono pelos presentes. O presidente da Academia, Rui Santos, abriu formalmente o jantar dando as boas vindas e badalando o sino para o primeiro Gavião de Penacho da noite. De seguida, foi servida a famosa “Sopa de Chora”, tradicional dos navios da pesca do Bacalhau. Antes do prato principal o Cônsul Geral de Portugal tomou da palavra
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“No palco estavam os músicos do tradicional grupo folclórico “Bailinho” que abrilhantou o serão com temas populares do grupo folclórico de Santa Marta de Portuzelo.”
Cidade do Cabo, África do Sul
para agradecer aos presentes a sua comparência, enaltecer os valores da nossa comunidade e elogiar a Academia do Bacalhau de Cape Town, anfitriã do evento e a segunda Academia mais antiga do mundo. A noite já transbordava de calor humano quando foram chamados ao palco os sete jovens estudantes contemplados com ajuda financeira aos seus estudos. A comadre Lígia Fernandes, membro do júri das Bolsa de Estudo e Conselheira da Comunidade, explicou a origem do fundo monetário, exortando os estudantes ao bom uso das quantias atribuídas e desejando-lhes os melhores sucessos nas suas carreiras. Copos reabastecidos, Gavião de Penacho cantado pela voz do Compadre César Santos e o tão esperado Bacalhau Escondido foi servido. 65kgs de bacalhau gratinado no forno, guarnecido com lagosta do cabo. Um supremo estufado de bacalhau em azeite perfumado com alhos, louro, e estufado em cebola e pimentos, refrescado com vinho branco e escondido sob um manto branco de puré de batata. Os pratos foram decorados com meias rodelas de pimento verde e vermelho, em homenagem à nossa bandeira portuguesa. “Delicioso”, “o
melhor de sempre”, foram as opiniões gerais no final do repasto. Um bacalhau fantástico que encantou a tertúlia! O pano subiu e os projetores acenderam-se para mostrar um palco cheio de cor e instrumentos. Nele, estavam os músicos do tradicional grupo folclórico “Bailinho” que abrilhantou o serão com temas populares do grupo folclórico de Santa Marta de Portuzelo. Antes do terceiro e ultimo Gavião, o presidente Rui Santos agradeceu os 65kgs de Bacalhau gentilmente oferecidos e as pessoas que tornaram possível o pomposo evento, com especial destaque ao Carlos Aguiar, líder dos Amigos Portugueses.
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Em seguida, e em tom de despedida, o Presidente da Academia convidou o Cônsul Geral do Brasil, Dr. Carlos Alberto Asfora, a usar da palavra, sendo que este endereçou uma mensagem de carinho e simpatia à comunidade portuguesa. O grupo musical Kanimambo iniciou a sua atuação tocando um estrondoso êxito musical de Nelson Ned “E tudo Passa” pela voz de Carlos Aguiar, chamando assim as pessoas à pista afim de se divertirem pela noite dentro. Os fundos da bilheteira desta inesquecível noite reverteram a favor das obras de renovação da Associação Portuguesa do Cabo da Boa Esperança.
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Joanesburgo, África do Sul
Academia-Mãe comemorou 49º aniversário
“Foi feita uma homenagem ao compadre presidente honorário Adriano Leão”
Por Michael Gillbee, Jornal “O Século”
No sábado, 24 de julho, no salão nobre do restaurante SilvaSale no Wanderers Club em Illovo, Joanesburgo, teve lugar o jantar de gala que assinalou os 49 anos de existência da Academia-Mãe do Bacalhau. Apesar de ter sido fundada a 10 de junho (de 1968), as celebrações tiveram lugar mais tarde para não colidirem com a agenda de eventos das comemorações oficiais do Dia de Portugal. Mais de 400 pessoas encheram o salão com requinte e pompa. Nesta edição do jantar de aniversário da Academia do Bacalhau de Joanesburgo foi feita uma homenagem ao compadre presidente honorário Adriano Leão pela sua dedicação, empenho e trabalho em prol não só da tertúlia, mas também da união da Comunidade portuguesa radicada na África do Sul, em particular na cidade de Joanesburgo. Foi-lhe entregue uma salva de prata com uma inscrição e a dita homenagem foi feita, com um improviso, na pessoa do embaixador de Portugal na África do Sul, o compadre
Bacalhau. A noite começou com o compadre Gilberto Martins a dar as boas-vindas a todos os presentes e a pedir que de pé todos cumprissem um minuto de silêncio em memória das vitimas António Ricoca Freire. No interior do salão, estiveram a rodar imagens antigas e recentes do homenageado da noite. Neste serão foram também feitos compadres honorários Rogério Varela Afonso, Manuel de Arede e António Ricoca Freire. Foi também entregue um cheque no valor de 120.000 randes para as obras do novo escritório da Sociedade Portuguesa de Beneficência (SPB), cujo valor é metade do custo da obra. Foi ainda dado a Eduardo Rafael, conselheiro da Embaixada de Portugal, o diploma de compadre, por ter já cumprido mais de três presenças em almoços e eventos da Academia do
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mortais dos incêndios em Portugal. O cançonetista Roberto Adão interpretou depois a Marcha da Academia, num tom forte e afinado, que levou a maioria do salão a acompanhar em coro o refrão. Foi feito o “Gavião de Penacho” como abertura oficial do jantar e, a comadre honorária Isabel Policarpo fez uma oração de ação de graças antes da refeição. O presidente da Academia-Mãe, José Contente, falou em seguida. Agradeceu ao compadre Pedro Silva, pelos já muitos anos em que cede o
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seu espaço para que a Academia-Mãe realize o seu jantar de aniversário, a custo zero. Após ter dado as boas-vindas a todos os presentes, autoridades oficiais portuguesas, ao cônsul-geral de Moçambique, aos presidentes das várias associações e organizações comunitárias, aos vários comendadores presentes na noite, afirmou “iniciamos aqui hoje com esta cerimónia de homenagem ao compadre presidente honorário Adriano Leão, também com o jantar
Joanesburgo, África do Sul num restaurante da nossa cidade de Joanesburgo. Onde quatro amigos se encontravam para matar saudades e comentar as últimas noticias à volta de um prato do “fiel amigo”. O presidente informou no seu discurso que foi criada uma comissão de organização do Congresso Mundial e que a dita comissão já está a trabalhar para assegurar o melhor congresso e as melhores condições para que este se realize. Após a sopa, o presidente leu uma mensagem do compadre presidente de todas as Academias, Durval Marques. “Caríssimos compadres, ao celebrar-se hoje o 49º aniversário da Academia-Mãe de Joanesburgo, envio para todos os compadres e comadres as mais efusivas saudações de muita amizade, formulando votos de que passem um bom dia e que no próximo ano possamos estar todos juntos para festejarmos o nosso meio século de existência, com muita saúde e cheio e imensas alegrias. Um
de aniversário, o ciclo de eventos que marcam e celebram os cinquenta anos, meio século, de existência da Academia-Mãe do Bacalhau. Estas irão decorrer nos próximos 15 meses e irão culminar em meados de outubro de 2018, com a festa de gala dos 50 anos da Academia e também com a realização do 47º congresso mundial de todas as Academias do Bacalhau. São 50 anos de um movimento de solidariedade, de amizade e portugalidade nascido aqui algures
“O presidente leu uma mensagem do compadre presidente de todas as Academias, Durval Marques” 5
enorme abraço para o compadre presidente José Contente e para todos os compadres e comadres.” O prato principal foi então servido, o do “fiel amigo”. A acompanhar a refeição, Roberto Adão interpretou alguns temas musicais. Já a noite ia adiantada quando os pratos foram levantados e seguiu-se o momento alto da noite, o da homenagem ao compadre presidente honorário, Adriano Leão. O compadre António Ricoca Freite subiu ao palco e proferiu o seguinte discurso, “Esta comemoração de hoje é a minha última, enquanto Embaixador de Portugal na África do Sul. Hoje rendemos aqui uma merecida homenagem a um homem que eu admiro e respeito
NOTÍCIAS muito, o compadre Adriano Leão, com quem aprendi a regra de ouro da Academia, a regra da igualdade. Os títulos, cargos, profissões e as posses materiais ficam à porta!” O compadre Ricoca rematou ao declarar “quero dizer ao compadre Adriano, que esta é uma homenagem de gratidão, pelo papel dele, pelo bem que fez, através da Academia e o bem que fez às 56 filhas desta pelo mundo e, o exemplo é a melhor forma de liderar. Em nome de todos, agradeço o seu exemplo”. O presidente José Contente afirmou está a ser preparado um álbum de fotos pelo compadre Carlos Silva com imagens do compadre Leão ao longo dos anos. Mas, para assinalar a noite, foi-lhe entregue uma salva de prata. Em seguida, visivelmente emocionado e feliz com a homenagem, o compadre Leão falou. “Ter estes amigos todos à volta, é prova de que vale a pena organizar e trabalhar. Algo que não consegui foi juntar a Comunidade, precisamos de fazer mais, de estar mais em conjunto. Hoje fico por aqui, dizendo um poema que fiz há muitos anos”. Adriano Leão, num momento extremamente tocante e emocionante, declamou então o poema “Mãe”. E, após esta declamação, foi-lhe feita uma ovação de pé.
Joanesburgo, África do Sul
A noite aproximava-se da sua conclusão, mas não sem antes serem feitos leilões para angariação de fundos para a Academia-Mãe. Foram leiloadas camisolas de futebol, todas elas autografadas pelos respetivos planteis. O bolo de aniversário da Academia-Mãe foi cortado e foram cantados os “Parabéns a Você” à tertúlia. Por ocasião do aniversário da Academia de Pretória, também simbolicamente, foi feito um corte de aniversário no mesmo bolo. As várias Academias do Bacalhau presentes e seus presidentes - Pretória, Pietermaritzburg, Nelspruit e Maputo - entregaram à Academia-Mãe lembranças para assinalar a data, com o compadre honorário da Academia de Maputo, António Costa, a proceder à entrega ao presidente da Academia-Mãe de uma cópia do Diploma de Valor e Mérito das Comunidades Portuguesas, atribuído às Academia do Bacalhau e entregue pelo então secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Lello, durante um Congresso Mundial das Academias realizado na capital moçambicana. O aniversário terminou já de madrugada, com dança e música, em noite abrilhantada pelo Conjunto “The Works”.
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Joanesburgo, África do Sul
Entregues bandeira e badalo para a Serra da Estrela Por Michael Gillbee, Jornal “O Século”
A Academia do Bacalhau de Joanesburgo reuniu-se novamente no restaurante da União Cultural, Recreativa, Desportiva Portuguesa em Turffontein, no Sul de Joanesburgo. Nesta edição do convívio, o compadre e vice-presidente Paulo Mariano, doou o 17º conjunto de badalo e bandeira à Academia-Mãe do Bacalhau para que esta possa oficializar as novas tertúlias que são abertas pelo Mundo. O compadre presidente deu as boas-vindas a todos os presentes, como é seu apanágio. Fez particular
“O compadre Paulo Mariano fez questão de marcar presença e de entregar em mãos, a bandeira e o badalo para a oficialização da Academia da Serra da Estrela”
compadre Jorge Araújo. O compadre Paulo Mariano chegou tarde, mas fez questão de marcar presença e de entregar em mãos, a bandeira e o badalo para a oficialização da Academia da Serra da Estrela. Vários compadres e comadres bateram palmas ao compadre Mariano, que esteve arredado por alguns meses dos convívios, por razões de
menção ao compadre Victor Garrana, que na semana anterior patrocinara o convívio com um donativo de 5.000 randes. O tratamento de luxo por parte da União Portuguesa à Academia-Mãe tem sido tal, que ficou logo assente que a edição seguinte do convívio semanal seria igualmente naquele clube português. Para “carrasco” da tarde, a escolha recaiu no
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trabalho. O compadre presidente distribuiu o programa na íntegra da inauguração/ oficialização da Academia do Bacalhau da Serra da estrela, a ter lugar de 28 a 30 de julho, em Fornos-de-Algodres, no distrito da Guarda. Após o prato principal, foi entregue à agora comadre Maria Laurinda Teixeira de Carvalho o seu certificado de membro da tertúlia. O compadre Mariano, o já rotulado “contador de anedotas-mor da Acadamia”, abrilhantou o almoço e fez as maravilhas dos compadres com algumas do seu vasto almanaque. Foi desvendada a bandeira da nova tertúlia e o badalo e foi cantado ao compadre Mariano um “Gavião de Penacho”, cujo tom foi dado pelo compadre Michael Gillbee. A palavra final da tarde foi dada ao “carrasco” que leu a sua “sentença”. Os “castigos” foram aplicados aos prevaricadores e os digestivos foram levados para a mesa a acompanhar os cafés. O almoço foi encerrado com o entoar do refrão da Marcha da Academia e o último Gavião de Penacho. Vários compadres e comadres ficaram em conversa pela tarde adentro em torno da mesa e ao sabor dos digestivos.
NOTÍCIAS Direção renova mandato
Por Manuel Coelho, Academia do Bacalhau da Namíbia A Academia do Bacalhau da Namíbia realizou o seu almoço de maio no dia 20, no restaurante Nyama. Foi a primeira vez que o repasto mensal se realizou neste restaurante, embora a Academia já tivesse realizado a festa do seu 39º aniversario neste restaurante. Com a comparência de 40 compadres, o almoço foi muito animado pois juntou vários compatriotas do Okahandja (cidade que fica a 80kms de Windhoek), para alem da simpática presença da nossa Embaixadora, que incentivou todos a marcarem presença no Dia de Portugal. O almoço serviu ainda para eleger a nova direção, que se manteve precisamente composta pelos membros do mandato anterior. Os compadres sentiram que “em equipa que vence, não se mexe”. Ficou decidido que o 40º aniversário da Academia se realizará no próximo dia 10 de fevereiro de 2018, com artistas “importados” de Portugal. Brevemente irá ser escolhida uma comissão organizadora para esse efeito.
Namíbia
A Academia do Bacalhau da Namíbia confirmou suportar alguns dos custos do Dia de Portugal, como já vem fazendo nos últimos anos. Na sequência do apoio da Academia às celebrações, a Embaixadora de Portugal na Namíbia, Isabel Brilhante Pedrosa, endereçou ao Presidente Honorário da Academia naquele país a carta que aqui se publica.
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NOTÍCIAS Academia comemorou Dia de Portugal
A 9 de junho, a Academia do Bacalhau de Brasília organizou um jantar comemorativo do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, que se celebra no dia seguinte. O evento teve lugar no Iate Clube de Brasília e foi servido pelo restaurante Carpe Diem. A ementa consistiu no seguinte:
Brasília, Brasil
- Ervilhas frescas refogadas com bacon, hortelã e creme de leite Sobremesa - Pudim de leite do convento - Pudim de claras - Arroz doce
Entrada - Couvert da casa com pão, pastas de azeitona, rúcula, tomate seco e de queijo e geleia de frutas vermelhas - Alho assado inteiro e bolinho de bacalhau - Canequinha de caldo verde do Chefe Pratos Principais - Arroz Branco - Arroz de Braga - Bacalhau a João do Buraco – assado no forno ao leite, azeite, pimentões, tomate cereja, alho, cebola, brócolos, ovo cozido, aipo, alho francês, coentro e cebolinha. - Batatas a murro com creme azedo e farinha de bacon;
“O evento teve lugar no Iate Clube de Brasília” 9
NOTÍCIAS
Paris, França
Quadro de inauguração da Academia exposto no Consulado
Em 2017, o dia 10 de junho – Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, ficará marcado na história da Academia do Bacalhau de Paris. Foi precisamente esta a data escolhida para entregar ao Consulado Geral de Portugal em Paris um quadro comemorativo da oficialização da ABP, que ali ficará exposto durante um ano. O quadro, composto por um painel de azulejos da autoria do compadre Duarte Pimentel, da Academia do Bacalhau de Lisboa, tinha sido oferecido à ABP pela sua madrinha, a Academia do Bacalhau de Lisboa, aquando da oficialização da tertúlia de Paris, a 17 de julho de 1998. Depois de vários anos itinerantes, desde o extinto restaurante Safranée até às instalações da Canelas, passando pelo Paris-Madeira e pelo restaurante A Ponte, chegou ao Consulado de Portugal em Paris, por iniciativa do presidente da ABP, Fernando Lopes, que fez questão de, nesta ocasião, se fazer acompanhar
“O quadro tinha sido oferecido à ABP pela sua madrinha, a Academia do Bacalhau de Lisboa”
pelos seus antecessores. Luís Malta, David Monteiro, António Fernandes e Carlos Ferreira, assim como alguns compadres e comadres da atual direção foram recebidos pelo Cônsul Geral e também compadre, António Albuquerque Moniz. “Tive a honra e o orgulho de as-
sistir a este ato simbólico onde cinco dos seis presidentes da academia estiveram presentes, acompanhados de alguns compadres”, referiu o compadre Luís Gonçalves, acrescentando que “foi pena não estarem presentes alguns pilares da Academia. Foi pena não lhes fazer referência também!
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Talvez a emoção do momento... mas ainda assim é de louvar a iniciativa do presidente Fernando Lopes. Parabéns!” A emoção pode ter proporcionado algumas falhas mas, de coração, o presidente Fernando Lopes não quis melindrar ninguém. Espera, isso sim, que todas as comadres e compadres fiquem orgulhosos por ver um símbolo da ABP no Consulado. O Cônsul Geral elogiou o trabalho realizado pela ABP até à data, focando a importância da recente abertura aos jovens para dar continuidade e cimentar os símbolos da portugalidade, da solidariedade e da amizade. Por seu lado, todos os compadres que passaram pela presidência da ABP foram unânimes em realçar o facto do senhor Cônsul permitir que o quadro esteja exposto nas instalações do Consulado. Todos consideraram que a exposição do quadro vai dar visibilidade à ABP e ao trabalho que esta tem desenvolvido desde a sua fundação.
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O presidente da ABP, Fernando Lopes, agradeceu também o posicionamento do senhor Cônsul ao defender os símbolos da Academia.
Paris, França
Fernando Lopes aproveitou a ocasião para afirmar que “neste dia tão importante se juntaram os membros do Conselho dos Presidentes, como estava proposto do seu programa”. O presidente confessou-se feliz com este apoio e espera organizar, em breve, mais encontros do Conselho dos Presidentes. Durante este primeiro Conselho dos Presidentes, foi feito o pedido oficial ao Estado Português de ajudar a ABP a adquirir uma sede própria em Paris, O Senhor Consul comprometeu-se a realizar este pedido a Lisboa. Depois das habituais ‘’fotos de família’’, o compadre António Moniz convidou os presentes a erguerem, num brinde, o copo da amizade.
Evento mensal realizou-se no Jardin des Tuileries No dia seguinte à entrega do quadro no Consulado, a Academia do Bacalhau de Paris realizou o seu evento mensal. Ao contrário de outros meses, o evento de junho realizou-se à hora de almoço e ao ar livre, mais precisamente no Jardin des Tuileries, em frente ao Museu do Louvre, no coração de Paris. Cerca de oitenta compadres reuniram-se num convívio caloroso – e quente, com a temperatura a ultrapassar os 30 graus. Já a comida, não
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primou pela qualidade mas, nas palavras do presidente Fernando Lopes, “o principal não era o que estava no prato mas as pessoas que estavam no local”. Algo corroborado pelos compadres e comadres presentes, a quem o tipo de evento agradou. Luís Gonçalves, compadre, sugeriu mesmo “renovar a experiência, em setembro, num lugar mais privativo”. A tarde foi ainda a ocasião para acolher oficialmente na família da Academia do Bacalhau a comadre Ester Carreira, amadrinhada por Clotilde Lopes.
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Serra da Estrela, Portugal
Programa da oficialização
A oficialização da Academia do Bacalhau da Serra da Estrela foi aprovada no Congresso de Estremoz, em setembro de 2016. No último fim-de-semana de julho, a Academia serrana vai então proceder à oficialização da sua tertúlia, passando a ser a 58ª Academia do Bacalhau no mundo. As inscrições para o evento podem ser feitas junto da Academia do Bacalhau da Serra da Estrela, através do email academia.bacalhau.estrela@gmail. com. PROGRAMA Sexta-Feira, 28 de julho 16:00 h - Abertura secretariado - Palace Hotel & SPA - Termas de S. Miguel - Fornos de Algodres 19:00 h – Recepção Câmara Municipal Fornos de Algodres 20:00 h – Jantar de boas vindas - Casa da Praça - Fornos de Algodres
Sugestões de alojamento: - Eurosol Hotels - Gouveia - Eurosol Hotels Camelo - Seia Sábado, 29 de julho
Com apresentação e atuação de José Figueiras (SIC) e Animação Musical com o conjunto “Gin Tónico”
08:30 h – Abertura secretariado - Palace Hotel & SPA - Termas de S. Miguel - Fornos de Algodres
Domingo, 30 de julho
09:00 h – Saída para Passeio pela Região 10:00 h – Recepção Câmara Municipal Seia, seguida de degustação produtos locais. – Subida à Serra da Estrela com passagem pela Torre 13:00 h – Recepção Câmara Municipal da Covilhã, seguida de Almoço 17:30 h – Recepção Câmara Municipal Gouveia, seguida de lanche com sabores tradicionais serranos
08:45 h – Abertura secretariado - Palace Hotel & SPA - Termas de S. Miguel - Fornos de Algodres 09:00 h – Saída para Passeio pela Região 09:30 h – Visita Solar do Queijo - Celorico da Beira 10:15 h – Recepção Câmara Municipal Guarda, seguida de degustação produtos locais 13:00 h – Recepção Câmara Municipal de Figueira de Castelo Rodrigo
20:30 h – Jantar de Gala / Oficialização da ABSE - Palace Hotel & SPA Termas de S. Miguel - Fornos de Algodres
13:30 h – Almoço Despedida na Adega Cooperativa de Figueira Castelo Rodrigo
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- Palace Hotel & Spa Termas de S. Miguel – Fornos de Algodres - Hotel Quinta dos Cedros-Celorico da Beira - Casa da Rainha do Mundo - Gouveia - Escola Apostólica de Cristo Rei Gouveia Academia do Bacalhau da Serra da Estrela: “Aconselhamos os participantes, a entrar em contacto com os Alojamentos, o mais breve possível, com vista a informação mais detalhada, à reserva e pagamento do alojamento da sua preferência, devendo mencionar que se refere à participação nas Cerimonias de Oficialização da Academia do Bacalhau da Serra da Estrela”.
NOTÍCIAS Almoço Solidário com as vítimas de Pedrógão Grande Por Academia da Serra da Estrela
Foi com grande espírito de solidariedade e entreajuda que, a 25 de junho, a Academia do Bacalhau da Serra da Estrela, em colaboração com o Agrupamento de Escuteiros 256 de Gouveia, levou a cabo um almoço de solidariedade e angariação de fundos no Seminário Cristo Rei de Gouveia, para ajuda às vitimas dos incêndios de Pedrógão Grande. A ideia de organizar este movimento de apoio partiu destas associações e foi, desde logo, apoiada e acarinhada por vários empresários e particulares, tais como, as empresas Friopastel, Frijobel, Constantinos, Padaria Vimenta, Padaria José Hortas, PrediMarvão, entre outros. Com a ajuda e a contribuição de todos que os que quiseram ajudar neste infortúnio, foi possível organizar o almoço num espaço de tempo relativamente curto. Foi um momento de grande manifestação de solidariedade, amizade e de espírito de união entre todos. A iniciativa contou a presença de cerca de 100 pessoas que, no total,
Serra da Estrela, Portugal
“A iniciativa contou a presença de cerca de 100 pessoas que, no total, conseguiram reunir cerca de 1.000€” conseguiram reunir cerca de 1.000€. A verba angariada reverterá para o ás vitimas dos incêndios de Pedrógão Grande. Queremos dar um agradecimento especial às empresas e particulares que, com as suas dádivas, permitiram que este almoço de solidariedade fosse realizado, aos voluntários pela oferta de toda a mão-de-obra do serviço de confeção de alimentos. Queremos agradecer igualmente ao Seminário Cristo Rei de Gouveia pela cedência das instalações e de todo o apoio prestado. Por último, mas com um lugar especial no nosso coração, às cerca de 100 pessoas que, com a sua presença, fizeram com que este almoço fosse realmente solidário.
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Porto Santo, Portugal
Academia reuniu-se na “Casa da Avó”
Com um Gavião de Penacho foram feitas as despedidas e a certeza de novo encontro a 29 de junho, no “Restaurante Panorama”.
Por Academia do Porto Santo
No ano em que a Academia do Bacalhau do Porto Santo completará dez anos desde a sua formação, o grupo mantém a tradição de se reunir todos os meses, procurando diversificar os seus locais de convívio. Desta vez, a 25 de maio, foi escolhido o “Restaurante Casa da Avó”, uma casa de referência no panorama gastronómico da ilha do Porto Santo. Depois de uns aperitivos, muito apreciados por todos os compadres e seus convidados, o prato de bacalhau esteve muito bem confecionado e apresentado, o que originou uma excelente pontuação para o certame do “Rei do Bacalhau 2017”, em que todos os compadres tiveram que votar no final do repasto.
“O tema desenvolveuse à volta do verão que se aproxima, e das expectativas de “casa cheia” de turistas”
“O Porto Santo tem outros atrativos, tais como os passeios a pé, de barco, de cavalo, ou de jeeps, visitas a museus, muitas atividades ligadas ao desporto, ténis, pesca desportiva, mergulho e golfe, entre outros” metros de areia dourada, embora o Porto Santo também tenha outros atrativos, tais como os passeios a pé, de barco, de cavalo, ou de jeeps, visitas a museus (entre eles o museu dedicado a Cristóvão Colombo) muitas atividades ligadas ao desporto, ténis, pesca desportiva, mergulho e golfe, entre outros. Acima de tudo, o Porto Santo é uma ilha onde reina a segurança.
Durante o jantar, e no convívio que o antecedeu, os presentes aproveitaram para troca de impressões e informações, em que o tema se desenvolveu à volta do verão que se aproxima, e das expectativas de “casa cheia” de turistas, nesta época em que o Porto Santo é sempre muito procurado. Muitos visitantes procuram a ilha, sobretudo atraídos pela sua bela praia de nove quiló-
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SOLIDARIEDADE Lyon: Academia entrega cheque a Associação ELA
No início de junho, a Academia do Bacalhau de Lyon entregou à associação ELA um cheque no valor de 3,165€, valor angariado na gala do 10º aniversário da ABL, que teve lugar em março. A ELA é uma associação de pais e pacientes de leucodistrofias, isto é, doenças genéticas, progressivas e que afetam o sistema nervoso central devido a alterações na bainha de mielina. As leucodistrofias constituem um grupo heterogéneo de doenças mas, em geral, os sinais clínicos começam a manifestar-se após um período de vida sem sintomas. As manifestações ocorrem de maneira gradual, sendo paulatinamente notadas como mudança no tónus corporal e nos movimentos, alterações de marcha, fala, visão, audição, comportamento, memória e processos mentais. A associação ELA tem quatro objetivos principais: apoiar as famílias afetadas por uma doença leucodistrófica, estimular o desenvolvimento da investigação médica, sensibilizar a opinião pública e desenvolver esta ação ao nível internacional.
Como agradecimento pelo apoio da Academia do Bacalhau de Lyon, a associação ELA enviou a seguinte carta à ABL: “Caro presidente, Agradecemos-lhe calorosamente ter apoiado a ELA e a luta pelas doenças leucodistróficas aquando da gala da Academia do Bacalhau de Lyon, a 4 de março, em Ecully. Graças ao vosso apoio e à mobilização solidária dos participantes, esta operação permitiu-nos angariar 3,165€. O vosso apoio vai permitir-nos continuar o nosso combate contra estas doenças raras e, infelizmente, incuráveis que são as leucodistrofias. Escrevemos-lhe em nome das nossas crianças, dos seus pais, de todos os nossos amigos doentes e de todos os investigadores médicos, de maneira a transmitir-lhe todo o nosso reconhecimento e gratidão. Pascal Prin, Presidente da ELA França”
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“A ELA é uma associação de pais e pacientes de leucodistrofias, isto é, doenças genéticas, progressivas”
Pode consultar mais informações sobre esta associação em www.ela-asso.com.
SOLIDARIEDADE São Miguel apoia Bombeiros de Ponta Delgada
A 5 de junho, a Academia do Bacalhau de São Miguel entregou um donativo de mil euros à Associação Humanitária dos Bombeiros de Ponta Delgada, num gesto solidário que decorreu na sede da própria Associação, perante o Presidente Alberto Leça e alguns membros da corporação. Pela Academia do Bacalhau estiveram presentes o presidente, Valter Franco, Jorge Laranjo da Costa, Alberto Piedade e os compadres General Luciano Garcia Lopes e Monsenhor Weber Machado Pereira. A Associação agradeceu e referiu o exemplo que Alberto Leça dá
de envolvência na sociedade e numa instituição que carece de muitos meios para desenvolver cabalmente a missão que lhe está confiada. Por sua vez, o compadre Valter Franco referiu ter sido mesmo esta a intenção que presidiu à escolha desta data, dia dos Açores e o dia do Espírito Santo, por identificar e ir ao encontro dos alicerces das várias Academias espalhadas pelo mundo: a amizade, a solidariedade e a portugalidade, neste caso a “Açorianiedade”. Hoje, principalmente, somos muitos espalhados pelos quatro cantos do mundo e onde há um Açoriano há um devoto do Espírito Santo com sentimento de partilha. Sem duvida, o dia mais marcante da solidariedade açoriana, próprio para partilhar com quem tem por lema “vida por vida”.
Caros compadres e comadres, Lembramos que é URGENTE encontrar financiamento para o projeto da newsletter das Academias do Bacalhau. O primeiro passo será cumprir com os pagamentos de cada tertúlia à Academia-Mãe. No congresso de Estremoz foi debatido o assunto, com muitos compadres a argumentar que não cumprem com os pagamentos porque não vêm aplicação práticas dessas verbas. Pois aqui está um projeto a precisar urgentemente desses mesmos pagamentos, correndo-se o risco de ter que se por fim ao mesmo se não se encontrar forma de financiamento. O segundo passo será tentar encontrar empresas que estejam interessadas em fazer publicidade nesta publicação. Se souberem de potenciais interessados, agradecia que fizessem uma primeira abordagem com eles e me enviassem os contatos para que eu possa dar seguimento (newsletteracademiabacalhau@gmail.com). Um Gavião de Penacho, Diana Bernardo
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ENTREVISTA António Inocêncio Ribeiro, Embaixador de Portugal em Kinshasa
Em que altura e em que contexto tomou conhecimento da existência das Academias do Bacalhau? Na Beira, Moçambique, em outubro de 2012, quando exerci funções diplomáticas naquele país. É compadre de alguma Academia do Bacalhau? Sim, fui feito compadre da Academia do Bacalhau da Beira. Tenho o meu diploma em boa e devida ordem e excelentes recordações dos convívios com compadres e comadres na simpática cidade da Beira.
António Inocêncio Pereira atual Embaixador de Portugal em Kinshasa foi para a República Democrática do Congo com o sonho de aí estabelecer uma Academia do Bacalhau. Já conhecia o movimento através da tertúlia da Beira, da qual é oficialmente compadre. Mas a situação social em Kinshasa é, neste momento, frágil e preocupante – o que pode atrasar o sonho mas não impede o senhor Embaixador de acreditar que o tornará em realidade.
A que se deve a sua vontade de abrir uma Academia do Bacalhau em Kinshasa? Deve-se ao facto de não existir, atualmente, movimento associativo expressivo e dinâmico na nossa Comunidade, para além de uma associação, a “Casa dos Portugueses”, cujo projeto inicial foi ao longo dos anos sobretudo académico e que, com o encerramento do Colégio Português de Kinshasa, perdeu um pouco a sua razão de ser constitutiva, sem ter por enquanto avançado para novas formas de socialização entre portugueses, com exceção das celebrações religiosas do mês de maio. Estas já se tornaram parte da tra-
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dição de Kinshasa (Procissão das Velas que, neste contexto longínquo, deslumbra e encanta os Congoleses e muito honra as nossas tradições religioso-culturais). Como sempre gostei do convívio na Academia do Bacalhau da Beira e tal convívio se tornou afinal uma útil e interessante ferramenta para trabalho diplomático, alimentei a esperança que idêntico formato organizativo do nosso meio empresarial em Kinshasa pudesse resultar num benefício para todos em termos de socialização e redes de contactos, na interação entre si e com o meio empresarial Congolês, para lá, bem entendido, do aspeto humanitário e social.
Já existem potenciais compadres e comadres interessados em aderir à Academia do Bacalhau de Kinshasa? Sim, consultei a comunidade num jantar há cerca de um mês e os empresários mais expressivos aceitaram com muito agrado a ideia. Já foi realizado algum evento da futura Academia? Se sim, como correu? Se não, para quando está previsto o primeiro? Posso considerar que o jantar a que me refiro, que teve lugar a 13 de maio passado e se destinou sobretudo a angariar fundos para ajudar na construção de um Centro Comunitário adjacente à Igreja de Nossa Senhora de Fátima de Kinshasa, esteve eivado
ENTREVISTA Na sua opinião, quais considera serem os requisitos de uma localidade para ter uma Academia do Bacalhau? Ter uma classe média e empresarial e/ou liberal em número e qualidade, com motivação para networking e meios financeiros para a concretizar, não ter inibições securitárias para sair e conviver, especialmente no período noturno, ter motivação e meios financeiros para ser solidário com os que
de um certo espírito “Academia do Bacalhau” na sua vertente solidariedade social. Mas faltou-lhe, naturalmente, o ritual, que é parte do encanto da Academia. Quando espera que seja oficializada esta nova Academia? Gostaria que o fosse este ano. Mas há que ser realista. Conheço agora um pouco mais desta realidade local do que conhecia quando surgiu a ideia em Lisboa, em dezembro último, que me motivou bastante e continua a motivar. Os contactos com o nosso compadre Mário Nunes, mui digno presidente da Academia de Lisboa,
“Consultei a comunidade num jantar há cerca de um mês e os empresários mais expressivos aceitaram com muito agrado a ideia”
sempre solícito e dinâmico, também ajudaram a construir esse sonho-objetivo. Chegado à República Democrática do Congo, país onde nunca tinha estado antes, tenho-me dado conta dos enormes desafios que se colocam atualmente a este país, em várias vertentes, e aos quais a comunidade Portuguesa não escapa. Refiro-me sobretudo a uma situação securitária volátil e a um ciclo económico moroso, para dizer apenas quanto baste.... A Comunidade portuguesa vai vivendo na expetativa de melhores dias, mas enquanto esses dias não chegam, a situação não é fácil.
menos podem. Um aspeto que não pode ser ignorado é o facto de Kinshasa ser uma cidade muito cara quando se trata de socializar por padrões europeus (no mínimo o dobro de Lisboa, em termos médios, para um jantar, mais se for feita a opção por vinho) o que pode também inibir alguns de participar com regularidade nos eventos.
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Qual é a dimensão da comunidade portuguesa em Kinchasa? E na República Democrática do Congo? Não sabemos ao certo neste momento, pois há residentes que por razões várias, saíram do país, alguns temporariamente, devido à volatilidade securitária e ao ciclo menos bom na economia. Contudo, registados na Embaixada de Portugal com registos ativos, temos cerca de 1200 cidadãos com passaporte português na RDC, cerca de 900 dos quais em Kinshasa. Já chegaram a ser mais de duas dezenas de milhar, mas circunstâncias várias acabaram por reduzir o número. Espera que a existência de uma Academia do Bacalhau na República Democrática do Congo tenha um papel divulgador da cultura portuguesa naquele país? Os portugueses foram os primeiros europeus a entrar em contacto com este país e tal aconteceu há mais de cinco séculos, em 1482. Essa interação com este país e este povo foi ininterrupta ao longo do tempo e o facto de, a pouco mais de 300kms de Kinshasa se estar em território angolano, ajudou esse contacto e interação. Este país é o segundo maior de Áfri-
ENTREVISTA ca em território, logo a seguir à Argélia, representando 13% do total da área do continente Africano, com mais de 80 milhões de habitantes (Kinshasa tem cerca de 12 milhões de habitantes). O seu solo e subsolo tornam-no um “escândalo geológico”, dos mais ricos do mundo. Nos anos 50, o nível de vida de Leopoldville, hoje Kinshasa, chegou a ser superior ao da República da África do Sul. Hoje, infelizmente, por razões complexas que não cabem aqui, a sua população apresenta um padrão de vida médio dos mais baixos do mundo, como o comprovam a saciedade e de forma oficial e pública os Indicadores de Desenvolvimento Humano da ONU. Há esperança em melhores dias mas, por enquanto, é sobretudo esperança. Os Congoleses são um conglomerado de mais de 400 etnias, e na sua vasta maioria, gente afável e gentil, que guarda uma memória histórica positiva dos portugueses e que convivem harmonicamente no dia-a-dia com a nossa comunidade. É nosso dever histórico e humano corresponder no que estiver ao nosso alcance. O facto de termos um português como Secretário Geral das Nações Unidas cria aos portugueses mais um dever para, de forma especial, não esquecer este povo, já que é neste país
que a ONU tem estacionado, há mais de vinte anos, o maior contingente de tropas (capacetes azuis) do mundo. Há ainda, e por outro lado, milhares de Congoleses que, junto à fronteira
“Tenho-me dado conta dos enormes desafios que se colocam atualmente a este país, em várias vertentes, e aos quais a comunidade Portuguesa não escapa” 19
de Angola, se exprimem em português. Como situar a criação uma Academia do Bacalhau em todo este contexto? Que fique a pergunta à consciência e sentido humano e universal que cada português tem obrigação de ter, honrando a sua história. Será um “passo maior que a perna”, perdoem-me o coloquialismo, uma pequena loucura, experimentalista e ousada da Academia? Talvez. Mas, sobretudo em África, a história prova que foram as situações em que nós, Portugueses, ousamos driblar a escala e critérios da nossa zona de conforto e nos aventuramos a ir mais alto e mais longe,
tantas vezes apenas guiados pelo ideal ou pelo sonho, que afinal acabaram por nos tornar bem maiores que a exígua geografia de onde partimos. Mas, reconheço, face aos critérios objetivos, não posso deixar de ter plena consciência de que não será fácil manter a regularidade e, embora acarinhe o projeto, não me repugna a ideia de aguardar um pouco mais para entretanto ir acompanhando o evoluir da situação neste país. Mas se a magna decisão da Academia for a de luz verde para avançar, cá estaremos como Diogo Cão em 1482, dispostos e disponíveis para tentar… Por mim, tanto na qualidade de compadre da Academia, como na de Embaixador de Portugal neste país, estou disponível para fazer a minha parte, promovendo o projeto e ajudando na constituição de uma estrutura dirigente. Comprometo-me ainda a oferecer pessoalmente, na Embaixada, o eventual primeiro jantar da Academia em terras do Congo. Ontem, como hoje, o sonho comanda a vida… Das margens do majestoso rio Congo, saudações a todas as comadres e compadres e um Gavião de Penacho! António Gaspar Inocêncio Pereira Embaixador de Portugal em Kinshasa
OPINIÃO Academia do Bacalhau, um Polo de Portugalidade Por Michael Gillbee, Joanesburgo
Portugal não anda bem. Nós sabemos isso! E, apesar daquilo que o atual governo possa dizer, sobre os números do défice a baixar e das receitas a aumentarem, de qualquer forma que seja que se aborde o tema, é inescapável o facto de que o investimento publico praticamente parou e, o desemprego, não tem diminuído assim tanto. Depois, é preciso ver no quotidiano, como é que as tais “melhorias” de que o atual governo fala se traduzem na vida dos portugueses.
Mal, é o que eu posso dizer. Daí que, os aviões estejam sempre cheios de jovens e de outros portugueses de diferentes faixas etárias em busca de novos horizontes, que lhes possam dar algum conforto de vida, melhores perspetivas de futuro e alguma segurança na velhice (leia-se reforma). Que, aliás, não acredito muito seja algo com que a minha geração, por exemplo, possa contar. Da maneira como as coisas estão, com os bancos a cair como dominós, as dívidas publicas, o terrorismo e outras tantas incógnitas que nos são impostas, a reforma é algo que possivelmente será do passado. Bem, de toda a maneira, as pessoas emigram. Oooh, que palavra tão sensível, não é? Deixar tudo o que conhecemos para trás, família, amigos, amores e tudo o que nos é íntimo, para ir para um lugar estranho, diferente, onde muitas vezes nem a língua falamos e os costumes são completamente diferentes dos nossos. Ora, as pessoas emigram, tal como já dissemos, para melhorar as suas vidas e, muitas vezes e infelizmente, a Vida não permite que se volte tão regularmente como desejamos a Portugal. Daí que, na Diáspora, os portugueses criem um pedacinho de Portugal aonde quer que estejam. Temos ranchos folclóricos desde Macau ao Brasil e há
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revistas, jornais, rádios na língua de Camões. Temos clubes e associações, lares da Terceira Idade, Centros de Dia e claro, vários restaurantes e cafés portugueses. Há também várias igrejas católicas portuguesas espalhadas pelo planeta, onde vivemos a nossa Fé na nossa língua. Porque, para minimizar as saudades e a falta que sentimos de Portugal, criamos um espaço onde podemos falar Português, exercer e praticar os nossos costumes e tradições, onde por umas horas a comida, a música, as pessoas, são as nossas e aquilo que nos é familiar e que, infelizmente, tivemos que deixar a milhares de quilómetros de distância. E isto,
“É, a par das Misericórdias em Portugal, o maior movimento de solidariedade social e que nasceu foram de Portugal, mas que foi introduzido no país. Ou seja, nasceu de fora para dentro! O que é muito raro.”
meus amigos, traz-me direitinho ao assunto de que quero falar, a Academia do Bacalhau. Esta tertúlia, que nasceu em 1968 em Joanesburgo, fundada por quatro amigos que queriam precisamente viver a sua portugalidade e, em torno de um prato do “fiel amigo” e de um copo de vinho tinto, angariar alguns fundos para ajudar os menos afortunados. Foi assim também que nasceu a Sociedade Portuguesa de Beneficência (SPB), para acudir os refugiados portugueses vindos das ex-colónias lusas, Angola e Moçambique, que chegavam à África do Sul muitas vezes só com a roupa do corpo. A SPB nasceu em 1975 e é o objeto de caridade da Academia-Mãe do Bacalhau. Assim, uma percentagem de todos os almoços, vão direitos para a conta bancária da Academia do Bacalhau de Joanesburgo, que mensalmente transfere fundos para a SPB que, além de acudir àqueles portugueses que estão destituídos de bens e não têm capacidade de conseguir sustento próprio, suporta também o lar da Terceira Idade, o Lar Rainha Santa Isabel, que é a casa de repouso de 80 portugueses e portuguesas. Hoje, a Academia do Bacalhau tem já 57 tertúlias espalhadas pelos quatro cantos do globo, onde os portugueses também se congregam e apadrinham uma instituição ou causa
OPINIÃO de bem-fazer. É, a par das Misericórdias em Portugal, o maior movimento de solidariedade social e que nasceu foram de Portugal, mas que foi introduzido no país. Ou seja, nasceu de fora para dentro! O que é muito raro. É um lugar onde os luso descendentes podem ter contacto mais profundo com as suas raízes e onde, por exemplo, aprendem a falar e aperfeiçoam a língua portuguesa. Exemplo disso, é o nosso compadre John Vieira, um dos fundadores e presidentes da Academia do Bacalhau de Port Elizabeth. Graças à Academia do Bacalhau, hoje fala muito bem o Português e é um dos exemplos de tudo positivo que se pode extrair da tertúlia. A Academia, como muitas pessoas pensam erradamente, não é um polo elitista e uma coisa só para ricos, até porque segundo as normas, os títulos, profissões, cargos ficam todos à porta. Em conjunto com os assuntos de politica, religião e com
“A Academia, como muitas pessoas pensam erradamente, não é um polo elitista e uma coisa só para ricos”
os negócios dos quais durante os almoços não podemos falar. Os telemóveis ficam desligados ou no “silêncio” e somos “obrigados” a interagir, a falar, a olhar olhos nos olhos os nossos compadres e comadres. É, sem sombra de dúvida alguma, uma coisa pertinente nos dias que correm, onde as pessoas são quase incapazes de
largar os computadores e telemóveis. Os valores de respeito, de solidariedade, de tradição e raízes profundas, patentes tão fortemente hoje como em 1968, são precisos num Mundo onde a gratificação imediata, a frivolidade e a descartabilidade são cada vez mais patentes. Pode ser aqui na África do Sul, em Londres ou Perth, os rituais,
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os “processos” são todos similares e reconhecíveis. Assim, é bom voltar a um lugar onde podemos estar em contacto com as nossas raízes e valores e com um país, que apesar de estar a muitos milhares de quilómetros, está sempre connosco no nosso coração. Um Gavião de Penacho!
CULTURA World Press Cartoon nas Caldas da Rainha
Depois de um interregno em 2016 por falta de verbas, o World Press Cartoon regressou este ano, na décima segunda edição daquele que é um salão de projeção global que todos os anos seleciona e premeia os melhores cartoons publicados nos jornais e revistas de todo o mundo. São 600 obras, caricaturas, cartoons editoriais e desenhos de humor que fazem a história de todo um ano, olhares de diferentes culturas, obras em que os cartoonistas retratam e criticam o andar do mundo com a acutilância do sorriso. O terrorismo, o Brexit, os refugiados e Donald Trump foram os temas preferidos dos cartoonistas este ano. A 10 de junho, foram anunciados os vencedores. “Immigrants” do autor iraniano Alireza Pakdel conquistou o primeiro prémio. O segundo e terceiro lugar couberam a “Nice Attack” do grego Michael Kontouris e a “Welcome” do francês Sunnerberg Constantin. Os trabalhos estarão agora em exposição no Centro Cultural das Caldas da Rainha até 10 de agosto.
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RECEITA Bacalhau de Cebolada
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Junte o bacalhau com a pele virada para cima e tempere a gosto. Tape o tacho e deixe cozer em lume brando durante 10 a 15 minutos. Caso seja necessário, junte um pouco de água.
Ingredientes: • 4 postas de bacalhau • 800g de batatas • 2 cebolas
• 4 dentes de alho • 2 folhas de louro • 2 dl de azeite
• 1 pimento vermelho
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• 1 ramo de salsa
• 1 colher de sopa de vinagre • q.b. de azeitonas pretas
© Fonte: 1001receitas.com
• q.b. de sal e pimenta
DICA
Retire o bacalhau, vire-o e salpique-o com o vinagre. Decore com salsa picada e azeitonas e sirva-o com a cebola os pimentos e a batata cozida.
Preparação: folhas de louro e leve a refogar Descasque as batatas e coza-as durante 20 minu- no azeite. tos. Entretanto, descasque e corte às rodelas os alhos e as cebolas, junte as duas
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Corte o pimento em tiras e ponha-o no tacho, deixando cozer mais 5 minutos.
Retire o bacalhau, vire-o e salpique-o com o vinagre. Decore com salsa picada e azeitonas e sirva-o com a cebola os pimentos e a batata cozida.
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AGENDA DE JULHO NOTA
Lisboa, Portugal Dia 21 Jantar mensal no Sana Metropolitan Hotel
Julho e agosto são, tradicionalmente, períodos de acalmia na atividade das Academias do Bacalhau devido às férias que, muita gente, aproveita para tirar nesta altura.
Lyon, França Dia 21 Jantar mensal
As indicações que tenho são de que muitas Academias não terão eventos num destes meses, sobretudo em agosto.
Namíbia Dia 15 Restaurante Nyama, Windhoek
Assim, a newsletter não será publicada no mês de julho, uma vez que os conteúdos seriam muito limitados. A próxima edição será então publicada a 31 de agosto, com notícias destes dois meses.
Porto Santo, Portugal Dia 27, às 20h30 Jantar mensal
Entretanto, pedia-vos que continuassem a enviar-me os conteúdos que tiverem durante estes meses, uma vez que serão todos usados para a próxima edição.
São Miguel, Portugal Dia 5, às 19h30 Jantar no restaurante “Traineira” na Cidade da Lagoa
Boas férias, Diana Bernardo
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