10ª Edição – novembro 2017
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NOTÍCIAS
19-21 ENTREVISTA 22-23 SOLIDARIEDADE 24
CULTURA
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RECEITA
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AGENDA
Esta edição da Newsletter das Academias do Bacalhau foi gentilmente patrocinada pela Academia do Bacalhau de Paris, tal como anunciado pelo seu presidente no 46º Congresso Mundial das Academias.
Edição: Diana Bernardo Design: Anne-Claire Pickard newsletteracademiabacalhau@gmail.com
NOTÍCIAS
Paris, França
ABP organizou exibição de “Tous les Rêves du Monde”
Na quinta-feira, 9 de novembro, a Academia do Bacalhau de Paris realizou mais um dos seus eventos mensais. Desta vez, a escolha não recaiu sobre o tradicional jantar mas sim sobre uma exibição do mais recente sucesso cinematográfico sobre a comunidade portuguesa em França, o filme “Tous les Rêves du Monde”. O filme segue a história de Paméla, uma jovem luso-descendente dividida entre a vontade de agradar à sua família e o desejo de seguir os seus sonhos. Passada entre França e Portugal, a obra de Laurence Ferreira Barbosa é mais um tributo aos portugueses de França mas, como Fernando Lopes, presidente da ABP, salientou no evento “este não é um filme apenas para a nossa comunidade. É uma janela para uma comunidade, que é a nossa, mas é um filme para todos e, inclusivamente, está a ter muito sucesso junto da crítica cinematográfica”. Antes da exibição do filme, no Le Lido, em Saint-Maur-des-Fossés, realizou-se um cocktail que contou com a presença de duas das atrizes do filme: Paméla Constantino-Ramos e Lola Vieira que dão vida, respetivamente,
dualidade da identidade dos luso-descendentes. Durante o evento, fez-se ainda um minuto de silêncio pela memória do compadre Rui Pericão, falecido a 3 de novembro, um dos quatro fundadores das Academias do Bacalhau.
Para a projeção do filme estiveram presentes cerca de 90 compadres e comadres, a quem se juntou algum público, deixando composta a sala do Le Lido, com mais de 130 pessoas. Após os créditos finais, os presentes tiveram a oportunidade de colocar questões a Paméla Constantino-Ramos e Lola Vieira, assim como a António Torres Lima, que faz o papel de António no filme e que, entretanto, se juntara ao evento. Debateu-se a mensagem do filme, os clichés representados e a
“Estiveram presentes as duas atrizes do filme, Paméla ConstantinoRamos e Lola Vieira” a Paméla e Cláudia. As jovens atrizes conviveram com os compadres e comadres presentes enquanto todos saboreavam um aperitivo composto exclusivamente por produtos portugueses.
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NOTÍCIAS ABP Júnior organizou degustação no Portologia
A 15 de novembro, a Academia do Bacalhau de Paris Júnior (ABPJ) organizou o seu primeiro evento: uma soirée de degustação de vinho do Porto e de produtos portugueses, que decorreu no estabelecimento Portologia, em Paris. As inscrições para o evento atingiram rapidamente o número máximo e, por isso, naquela noite o Portologia encheu com um grupo de cerca de três dezenas de pessoas, que incluiu muitos dos jovens da ABP Júnior mas também alguns amigos e compadres da Academia do Bacalhau de Paris. O grupo degustou quatro diferentes tipos de vinho do Porto, usufruindo também de uma explicação sobre os produtos por parte da equipa do Portologia. Ao vinho juntaram-se outros produtos portugueses, como o queijo e enchidos.
Paris Júnior, França
“Esta bela noite permitiu-nos degustar, mais uma vez, as maravilhas de Portugal, ao mesmo tempo que nos proporcionou um momento de amizade”, declarou uma das comadres da ABPJ, Kelly de Sousa. “Por isso, a ABPJ agradece a todos os participantes e também à bela equipa do Portologia”. O Portologia é, atualmente, um projeto do jovem empresário Julien dos Santos e pretende ser, ao mesmo tempo, uma cave, um bar de vinhos e um espaço de degustação, tornando-se um local único em Paris ao oferecer uma seleção de mais de 450 vinhos do Porto.
“A ABPJ agradece a todos os participantes e também à bela equipa do Portologia”
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NOTÍCIAS Academia angaria fundos para bombeiros
Por Academia do Bacalhau de Rouen A Academia do Bacalhau de Rouen realizou mais uma belíssima tertúlia no passado dia 21 de outubro, no restaurante Hippopotamus em Bois Guillaume. O proprietário, senhor Albin, acolheu-nos calorosamente e serviu-nos um delicioso bacalhau e umas boas pataniscas... é uma casa bastante portuguesa com certeza. Como habitualmente nos nossos jantares, não esquecemos o lema das Academias e realizámos um bonito momento de amizade, portugalidade e solidariedade pois começámos a angariar fundos para ajudar os Bombeiros Portugueses. Esta angariação continuará no nosso jantar de gala, que decorrerá a 1 de dezembro. Desde já, convidamos todos aqueles que puderem participar a estar presentes! Neste jantar informamos os compadres que não puderam
Rouen, França
deslocar-se à Ilha Terceira sobre o Congresso e deixámos os nossos parabéns à equipa organizadora. Bravo, comadres e compadres da Academia da Ilha Terceira! Mencionámos também os próximos congressos às comadres e compadres da nossa Academia. É com muito gosto que informamos que a Academia de Rouen se encontra sempre a crescer e, desta vez, foram apadrinhados cinco novos compadres! Obrigado ao compadre Nino Lopy por os ter apadrinhado, é gente com este espirito de que precisamos nas Academias! A noite foi de animação musical, como vem sendo habitual. Acolhemos com carinho mais um artista português de nome artístico Rey Brandão que muito nos impressionou e animou com o estilo rock português. A ele, que veio gratuitamente, assim como à agencia Time Music que o representa em Portugal, o nosso obrigada. Obrigada a todos os presentes neste jantar, até dezembro!
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NOTÍCIAS Academia ajuda criança em tratamento contra o cancro Por Jorge Campos, Lusojornal
Lyon, França
de um montante de dois mil euros, para poder custear os tratamentos que deve ter a filha, que sofre de cancro», disse ao LusoJornal
principal objetivo, temos desde a nossa criação, em 2006, ajudado instituições francesas e portuguesas, sempre que somos solicitados,
Na sexta-feira, 17 de novembro, a Academia do Bacalhau de Lyon reuniu para o seu habitual jantar entre compadres, no restaurante de especialidades portuguesas O Delta. Cerca de três dezenas de convivas apreciaram uma ementa onde não podia faltar o emblema da Academia, o bom bacalhau cozinhado, desta vez pela equipa do Delta, situado em Dardilly. Foram mais uns momentos de tertúlia, partilha de amizades entre os compadres, como sempre acontece nos encontros mensais. «Mas desta vez foi um dia especial, pois tivemos connosco a família beneficiária do nosso donativo
“Cerca de três dezenas de convivas apreciaram uma ementa onde não podia faltar o emblema da Academia, o bom bacalhau cozinhado”
José Luís Proença, o Presidente da Academia do Bacalhau de Lyon. «Como é a nossa única razão de existência, e também o nosso
e logo que possamos, atuamos nesse sentido que é o de ajudar financeiramente as pessoas em dificuldades, diretamente ou através
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“Tivemos connosco a família beneficiária do nosso donativo de um montante de dois mil euros para poder custear os tratamentos da filha, que sofre de cancro” das instituições a caráter humanitário e caritativo, com os fundos angariados ao longo do ano, nos nossos jantares, com donativos e com as cotas». Para poder integrar a Academia do Bacalhau de Lyon, e vir a ser compadre ou comadre, tem de ser formulado o pedido através de um compadre já confirmado e participar em três jantares seguidos, «para que se possa apreender todo o sentido destes encontros». Depois haverá um voto de aceitação e o resultado tem que ser por unanimidade. Precisamente nesse jantar foi confirmado um novo compadre da Academia do Bacalhau de Lyon.
NOTÍCIAS Academia sentou-se à mesa do chefe Por Vítor dos Santos, Academia do Bacalhau do Luxemburgo
Foi com três dezenas de compadres, comadres e afilhados e com a participação da Academia do Bacalhau de Bruxelas, que no dia 11 de novembro, a Academia do Bacalhau do Grão-Ducado do Luxemburgo começou o seu jantar com um minuto de silêncio pelo compadre honorário Rui Alberto Arrais Pericão,
Grão-Ducado do Luxemburgo
um dos pioneiros e notáveis fundadores das Academias do Bacalhau, falecido a 3 de novembro. Jantar que decorreu no Restaurante “Table du Chef”, 19, rue du Commerce em Dudelange, um excelente jantar da Academia do Bacalhau do Grão-Ducado do Luxemburgo que foi considerado um excelente momento de convívio e alegria. Conforme a tradição, o compadre presidente Vítor dos Santos deu inicio ao jantar com um Gavião de Penacho, cantado com energia por todas as comadres, compadres
assim como pelo compadre presidente da Academia do Bacalhau de Bruxelas, pelo compadre Domingos Ferreira e por todos os nossos simpáticos afilhados presentes no nosso jantar. Ao nosso carrasco, compadre Paulo Rosário, o nosso obrigado pelas multas passadas. Os Parabéns também foram cantados ao nosso estimado comadre Gustavo Cunha pelo seu aniversário. O convívio continuou muito para além do último Gavião de Penacho. Agradecemos a gentileza e o excelente jantar que a senhora Glória e o Chefe José serviram à ABGDL e recomendamos o Bacalhau à Chefe
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no 19 rue du Commerce, em Dudelange. O nosso obrigado a todos os nossos compadres, comadres e afilhados pela presença e até breve, com um Gavião de Penacho.
NOTÍCIAS
Lisboa, Portugal
Academia dá conta de eventos futuros
Bemfeita, a realizar no Salão Preto e Prata do Casino Estoril no dia 18 de abril de 2018. Antes de terminar o nosso convívio de amizade e solidariedade, fez-se o sorteio das rifas para a atribuição dos prémios e no final, como tradição, falou o Carrasco.
Por Mário Nunes, Presidente da Academia do Bacalhau de Lisboa A 27 de outubro realizou-se mais um Jantar muito animado da Academia do Bacalhau de Lisboa, onde não faltou um momento de poesia declamada pelo autor José Luis Gordo. Uma vez mais, compadres e comadres aderiram para irmos dando força à ajuda a quem mais necessita. Aproveitámos a oportunidade para informar os compadres presentes das decisões do Congresso, assim como do convite da Academia do Bacalhau do Minho para uma visita a combinar proximamente. Demos ainda conta da formalização da Academia do Bacalhau de Bordéus; com toda a certeza, a ABL far-se-á representar com os seus compadres e comadres na cerimónia
“Teremos como convidados para o Jantar de Natal, a realizar a 15 de dezembro, os meninos da Fundação António Luís Oliveira”
de oficialização. Estas notícias foram acolhidas com agrado e disponibilidade da maioria. Foram ainda entregues diplomas de compadres e comadres a quem cumpriu com as presenças necessárias nos nossos eventos e que, acreditamos, vêm engrossar as fileiras dos que solidariamente se dispõem a colaborar na ajuda a quem tanto necessita. Foi ainda solicitado para que no próximo jantar ABL, a realizar a 24 de novembro, as pessoas possam trazer as suas dádivas para que a nossa comadre Bernadette Matos construa os cabazes de natal a serem sorteados durante o jantar de dezembro. Destacamos ainda o facto de compa-
dres e comadres cada vez mais trazerem amigos que se disponibilizam para aderir ao nosso movimento, como é o caso do nosso futuro compadre José Peres Alves e comadre Paloma del Mar, que nos irão oferecer o momento musical do próximo convívio. Podemos anunciar que teremos como convidados para o Jantar de Natal, a realizar a 15 de dezembro, os meninos da Fundação António Luís Oliveira. Entretanto, foi anunciado o convite a todos os compadres e comadres das Academias do Bacalhau para a gala dos 50 anos de carreira dos compadres José Luís Gordo e Nuno Nazareth Fernandes, com uma homenagem ao nosso compadre, pintor Alberto
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NOTÍCIAS
Minho, Portugal
Academia realizou jantar na Casa do Outeirinho
Minho. O compadre António Araújo recebeu um brinde pelo seu aniversário; também o compadre António Mota e a comadre Júlia Mota foram brindados pelo seu 43º aniversário de casamento. A família minhota passou ainda a contar com mais um elemento nesta noite, depois do compadre Edgard Santos Lima ter sido apadrinhado por Jorge Fonseca, tendo recebido o seu pin e diploma de compadre da Academia do Bacalhau do Minho.
A 10 de novembro, a Academia do Bacalhau do Minho organizou mais um dos seus jantares mensais. Desta vez, o evento contou com a presença de cerca de 50 pessoas, entre compadres, comadres e convidados. O local escolhido para o jantar foi, pela primeira vez, o restaurante Casa do Outeirinho, que proporcionou aos presentes belos pratos com o tradicional bacalhau. O evento começou com um minuto de silêncio pelo falecido compadre fundador das Academias do Bacalhau, Rui Pericão. Com a proximidade do final do ano, foi tema de exposição à assembleia os donativos que a Academia do Minho usualmente realiza. Este ano foram selecionadas duas associações como beneficiárias desses donativos, nomeadamente uma de apoio à criança em Cabo Verde e outra de apoio a animais abandonados em Barcelos. A noite foi ainda ocasião para celebrar os compadres e comadres da Academia do Bacalhau do
“Uma instituição de apoio à criança em Cabo Verde e outra de apoio a animais abandonados em Barcelos” 8
NOTÍCIAS Academia celebra 23º aniversário
Por Academia do Bacalhau de São Miguel A Academia do Bacalhau de São Miguel comemorou o seu 23º aniversário a 24 de novembro no restaurante Verde Golfe, na Batalha. Além dos compadres e das comadres presentes, o evento contou também com a presença dos compadres da Academia do Bacalhau da Ilha Terceira - o Presidente da Assembleia Geral, João Rocha, e o Presidente da Direção, Francisco Aquilino Pereira. Fundada a 30 de outubro de 1994, a Academia do Bacalhau de São Miguel é atualmente presidida por Valter
São Miguel, Portugal
Franco, tendo como tesoureiro Jorge Laranjo Costa e como secretário Alberto Piedade. Na sua intervenção durante o jantar, o Presidente referiu que “em cada ano que passa, a nossa responsabilidade para com a sociedade aumenta. O que alimenta o voluntariado é o reconhecimento, mesmo que pequeno, a quem se empenha e pretende um objetivo comum.” Valter Franco defendeu também que “para o bom funcionamento das Academias “sem dúvida alguma tem que se passar por uma adaptação às realidades atuais, isentas de clubismos e realidades fictícias ou até de indisposições passageiras. Negá-lo é estagnar.” Os festejos terminaram com um serão dançante.
“Tem que se passar por uma adaptação às realidades atuais, isentas de clubismos e realidades fictícias ou até de indisposições passageiras.” 9
NOTÍCIAS
New Jersey, Estados Unidos
Academia comemorou Halloween
Evocando as tradições do país onde está estabelecida, a Academia do Bacalhau de New Jersey, nos Estados Unidos, aproveitou o jantar de outubro, realizado no dia 27 desse mês, para comemorar o Halloween. Cerca de 100 compadres e comadres vestiram-se a preceito, enchendo o Clube Português de South River de personagens assustadoras – e outras nem tanto. O evento foi também o pretexto para se eleger o melhor disfarce da noite, tendo os primeiros prémios sido atribuídos a Ana Paula Ferreira (vestida de capuchinho vermelho), Pedro Ferreira (disfarçado de árabe) e Tânia Ferreira (que envergou um fato de Super-Mulher). A noite contou ainda com a animação musical do Duo Malta Amiga. As origens do Halloween remontam aos celtas, antigos habitantes da Europa Oriental, Ocidental e parte da Ásia Menor, que acreditavam na imortalidade da alma, sendo que esta passava para outra pessoa ao deixar o corpo. Mas na noite de 31
se tornou parte do folclore popular. Acrescentaram-lhe diversos elementos pagãos tirados dos diferentes grupos de imigrantes, passando a incluir a crença em bruxas, fantasmas, duendes, Drácula e monstros de toda espécie. Daí propagou-se por todo mundo.
de outubro voltava ao seu antigo lar para pedir comida aos moradores. O ano celta terminava nesta data, que coincide com o outono, cuja característica principal é a queda
“As origens do Halloween foram levadas para os Estados Unidos por emigrantes irlandeses” 10
das folhas. Para eles significava o fim da morte ou iniciação de uma nova vida. Quando os povos celtas se cristianizaram, não renunciaram a todos os hábitos pagãos. A coincidência cronológica da festa pagã com a festa cristã de Todos os Santos e a dos defuntos, que é o dia seguinte, fizeram com que as duas tradições se misturassem. Imigrantes irlandeses nos Estados Unidos introduziram no país a celebração do Halloween, onde
NOTÍCIAS
New Jersey, EUA | Long Island, EUA
Academia faz donativos em jantar
São Martinho celebrado em Long Island
Por Cátia Cruz, Academia do Bacalhau de New Jersey
No dia 14 de novembro, a Academia do Bacalhau de Long Island celebrou o São Martinho, com um evento no Clube Português de Farmingville, em Long Island, no estado americano de Nova Iorque. A celebração contou com a presença de 95 compadres e comadres. A solidariedade, característica das Academias do Bacalhau, foi posta em prática com um sorteio de rifas cujo lucro reverteu para um fundo de beneficência. O prémio das rifas
O nosso último almoço da Academia do Bacalhau de New Jersey foi realizado no dia 12 de novembro, para a celebração de São Martinho. Foi no restaurante Ria Mar, em South River, New Jersey. Contámos com a presença de cerca de 170 compadres e comadres. Neste almoço houve duas entregas de ajuda, um cheque de $1500 para a Isabel Gravato, que sofre de cancro, e outro cheque de $1500 a um representante de Manuel Martins, que não pode estar presente no almoço. Para além do habitual bacalhau, houve castanhas e jeropiga. O nosso próximo almoço vai ser no dia 3 de dezembro, para a celebração de Natal e terá o Pai Natal a entregar prendas às crianças ate aos 11 anos. Vai ser no restaurante Mediterranean Manor em Newark, NJ pelas 13h00.
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foi um cabaz oferecido por um dos compadres daquela tertúlia. Para dezembro, a Academia de Long Island tem preparado um
NOTÍCIAS
Toronto, Canadá
Academia assinala aniversário com donativos
já tradicional entrega de bolsas de estudo a várias instituições que, segundo o presidente da Academia de Toronto, Rui Gomes, “promovem a nossa língua, costumes e tradições”. Foram entregues bolsas de estudo à escola oficial de Português do First Portuguese Cultural Centre, à Universidade de Toronto e à Universidade de York. A noite permitiu também o apadrinhamento da comadre Paula Medeiros, que agora fará parte oficial da família da Academia do Bacalhau. O evento terminou em tons bem portugueses, com uma atuação do fadista Hernâni Raposo e seus convidados.
A 24 de novembro, a Academia do Bacalhau de Toronto realizou o jantar comemorativo do seu 19º aniversário, nas instalações da Europa Catering, naquela cidade canadiana. A Academia de Toronto foi a primeira a ser oficializada na América do Norte, a 19 de setembro de 1998. O evento começou com os presentes a observarem um minuto de silêncio pelo falecimento do compadre Rui Pericão, fundador das Academias do Bacalhau. Depois do jantar, deu-se início à
“O evento terminou em tons bem portugueses, com uma atuação de fado”
“Foram entregues bolsas de estudo à escola oficial de Português do First Portuguese Cultural Centre, à Universidade de Toronto e à Universidade de York” 12
NOTÍCIAS
Cidade do Cabo, África do Sul
Academia comemorou 49º aniversário
uma ponte entre a Academia do Bacalhau e a comunidade local. A Academia do Bacalhau da Cidade do Cabo foi a segunda Academia a ser inaugurada, em outubro de 1968, poucos meses depois da criação da Academia Mãe. Desde 2016 que é seu presidente o compadre Rui Santos.
Com “Senhor Cabo”
A Academia do Bacalhau da Cidade do Cabo comemorou o seu 49º aniversário com um almoço no dia 2 de novembro, em Yesterplaat, uma base da força aérea sul-africana O evento começou com um discurso do presidente da Academia, Rui Santos, que deu as boas-vindas aos compadres e entoou o tradicional Gavião de Penacho. Seguiu-se um discurso do Cônsul Geral de Portugal na Cidade do Cabo, Carlos dos Reis Arsénio, que teve direito a uma ovação por parte dos presentes. A organização das mesas, com compadres misturados com elementos da força aérea, fomentou o convívio entre todos, estabelecendo
“Seguiu-se um discurso do Cônsul Geral de Portugal na Cidade do Cabo, Carlos dos Reis Arsénio” 13
NOTÍCIAS Academias de Maputo, Beira, Pretória e Costa do Estoril em Joanesburgo Por Michael Gillbee, Jornal “O Século” / Fotos: Carlos da Silva
Na quinta-feira, 23 de novembro, reuniram-se 37 compadres e comadres para o convívio semanal da Academia do Bacalhau de Joanesburgo, que confraternizou pela segunda semana consecutiva no restaurante português “O Castelo” em The Hill, no sul de Joanesburgo. Na edição desta semana, estiveram representadas várias Academias do Bacalhau: Maputo na pessoa do compadre Soares Coelho, Beira no compadre Reis, Pretória no compadre Lino Faria e Costa do Estoril no compadre Vasco Silva. Estive-
Joanesburgo, África do Sul
ram também presentes os artistas Sandra e Ricardo, nascidos na Venezuela e que se deslocaram da Madeira para atuar no jantar de Natal da Academia-Mãe e no Magusto 2017 organizado pela Sociedade Portuguesa de Beneficência. O almoço foi aberto pelas 13h30 com o presidente a soar o badalo e a pedir ao compadre José Valentim que desse o tom do Gavião de Penacho. Um tom forte, alto e afinado que deu um belo Gavião que ressoou por todo o “Castelo”. O presidente deu as boas-vindas a todos os presentes e para carrasco da tarde elegeu o compadre Orlan-
“Andamos todos envolvidos no Magusto da Beneficência, que é já este fim de semana. É um trabalho que vem de há seis meses. ” 14
do “Olly” Aleixo. Findo e levantado o primeiro prato, o compadre José Contente voltou a soar o badalo e afirmou “como sabem, andamos todos envolvidos no Magusto da Beneficência, que é já este fim de semana. É um trabalho que vem de há seis meses. Quero informar-vos que vai estar tudo a tempo e no seu lugar para uma linda festa de Natal. A presença artística que temos é o duo dos irmãos Sandra e Ricardo, a atuar na noite de sexta e depois no domingo. O nosso compadre SP Pereira patrocinou os bilhetes e tenho comigo a prova de pagamento.
Não foram só os 20.000 randes que faltavam, mas foi a despesa completa. Ao nosso compadre SP, muito obrigado”, concluiu o presidente da Academia. O compadre Vasco Silva, da Academia da Costa do Estoril, interveio e afirmou “estou cá na África do Sul e venho agradecer o apoio da Academia-Mãe aos nossos almoços lá na Costa do Estoril, que vários compadres daqui fazem questão, sempre que lá estão, de nos apoiar. Hoje, retribuo esse apoio e venho transmitir um abraço de todos os compadres e comadres e dizer que é um enorme prazer estar aqui”. O presidente José Contente informou que está em conversações com os futuros compadres de Bordéus para a oficialização da tertúlia daquela cidade francesa, onde há uma numerosa comunidade portuguesa. “Dei duas datas possíveis,
NOTÍCIAS ou principio ou fim de abril. Vão debater entre eles e dir-me-ão se principio ou fim de Abril. Temos contado com vários compadres da nossa Academia-Mãe, quer na Serra da Estrela, quer nos congressos mundiais e isso tem dado ainda mais validade e importância quando oficializamos uma nova Academia. Por isso, caros compadres e comadres, já sabem que em abril de 2018, a Academia de Bordéus será oficializada e quem quiser pode acompanhar-nos.” Após o prato de bacalhau, o presidente propôs um “Gavião de Penacho” ao restaurante “Castelo”, aos proprietários Isa e David Rodrigues, que já cimentaram a sua reputação como um dos melhores restaurantes de Joanesburgo. A palavra final foi dada ao carrasco da tarde. O
“O presidente José Contente informou que está em conversações com os futuros compadres de Bordéus para a oficialização da tertúlia daquela cidade francesa”
Joanesburgo, África do Sul
compadre “Olly” declarou que os compadres dos “Mafiosos da Caridade” doavam duas garrafas de whiskey e duas de vinho do Porto. Passou depois em redor da mesa um cestinho para que todos dessem uma contribuição de montante voluntário, que rendeu um total de 1.700 randes. “Olly”, de partida para Portugal, afirmou “deixo cá muitos amigos e aventuras vividas, mas tomei a decisão de partir de volta para Portugal. Não sei se voltarei cá, mas de qualquer das maneiras, obrigado a todos por tudo e desejo-vos as maiores felicidades e tudo de bom”, concluiu assim a sua tarefa de carrasco. O presidente José Contente deu duas camisolas do Dia de Golfe da Academia-Mãe ao proprietário do restaurante, David Rodrigues e ao artista Ricardo. As sobremesas foram servidas e os cafés foram acompanhados pelos digestivos. O almoço foi encerrado com o Gavião de Penacho.
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NOTÍCIAS
Namíbia
Academia realizou último evento de 2017
no Congresso dos Açores até aos preparativos da festa de aniversário. Como não haverá mais atividades este ano, endereço votos de Feliz Natal e Ano Novo Próspero a todas as Academias, seus compadres e comadres. Brevemente, iremos circular os convites para o nosso aniversário e teremos todo o prazer de dar as boas vindas a todos os compadres e comadres que nos queiram privilegiar com a vossa presença na dita data. Bem-vindos ao 40º aniversário da Academia do Bacalhau da Namíbia… Bem-vindos à Namíbia!
Por Manuel Coelho, Academia do Bacalhau da Namíbia
A Academia do Bacalhau da Namíbia realizou o seu ultimo almoço de 2017 no restaurante Nyama no passado dia 11 de novembro, com a presença de 32 compadres e comadres. Tradicionalmente, a Namíbia “fecha” a 10 de dezembro e “reabre” a 15 de janeiro, devido às férias de verão, por isso a razão de se realizar o último almoço do ano, estando a próxima atividade agendada para o dia 10 de fevereiro, na forma de um jantar de gala, com artistas de Portugal, para comemorar-se o 40º aniversário da “Tertúlia do Deserto”, que se realiza no Conference Hall do Hotel Safari.
“Tradicionalmente, a Namíbia “fecha” a 10 de dezembro e “reabre” a 15 de janeiro, devido às férias de verão”
O almoço começou com um minuto de silêncio em memória de um dos fundadores da Academia do Baca-
lhau, o compadre Rui Pericão. Durante o almoço debateram-se vários temas, desde a participação
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NOTÍCIAS Luanda impulsiona criação de Academia em São Tomé e Príncipe
A Academia do Bacalhau de Luanda está a impulsionar a criação de mais uma Academia do Bacalhau, desta vez na ilha africana de São Tomé. A ideia partiu do compadre de Luanda, Carlos Silva Duarte que, deslocando-se regularmente àquele país por razões profissionais, verificou a existência de um grupo de pessoas interessado em dar início a mais uma tertúlia “bacalhaoeira”. Assim, a Academia de Luanda organizou uma deslocação a São Tomé, que contou com 11 compadres que se juntaram a 22 pessoas da futura Academia do Bacalhau de São Tomé. O grupo chegou à ilha na sexta-feira, dia 24, à noite e começou as atividades no dia seguinte com um passeio de barco com mergulho e snorkeling, que culminou num petisco no “Sombra da Coleira”. De seguida, o grupo reuniu-se para um almoço no Restaurante Pirata, que contou com a presença do arquiteto Ginestal Machado, da Herdade do Sobroso.
Luanda, Angola
À noite, realizou-se o jantar oficial do evento, seguindo os preceitos das Academias do Bacalhau. O domingo começou com uma visita às praias da zona sul de São Tomé e contou depois com um almoço confecionado pelo famoso chef santomense João Carlos Silva, apresentador do programa da RTP “Na Roça com os Tachos” e autor de um livro com o mesmo
“Foi sugerida a ideia de que o chef pudesse deslocar-se a diversas Academias do Bacalhau pelo mundo, assim como estar presente no próximo Congresso” nome e de outro intitulado “Façam o Favor de Ser Felizes”. O chef disponibilizou-se a ajudar as Academias do Bacalhau no que fosse necessário e foi sugerida a ideia de que pudesse deslocar-se a diversas Academias do Bacalhau pelo mundo, assim como estar presente no próximo Congresso Mundial das Academias, em Joanesburgo, em
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NOTÍCIAS
outubro de 2018. Segundo o compadre Carlos Silva Duarte, a deslocação da Academia do Bacalhau de Luanda a São Tomé foi “um sucesso” e a ideia é agora que se comece a organizar jantares regularmente de maneira a que a Academia de São Tomé comece a formar-se de maneira sustentada e possa ser proposta a sua oficialização no Congresso de Joanesburgo. A liderar o processo estará Jorge Gramacho, português residente em São Tomé há largos anos. A acompanhar, de perto, estará a Academia do Bacalhau de
Luanda, Angola
Luanda, que será a madrinha desta nova tertúlia e que conta deslocar-se regularmente à ilha de São Tomé para acompanhar os primeiros passos da afilhada.
“...de maneira a que a Academia de São Tomé comece a formar-se de maneira sustentada e possa ser proposta a sua oficialização no Congresso de Joanesburgo.” 18
ENTREVISTA Rui Pericão, Fundador das Academias do Bacalhau
Rui Pericão foi um dos quatro fundadores das Academias do Bacalhau, em Joanesburgo, no ano de 1968. O compadre honorário de todas as Academias faleceu no dia 3 de novembro, vítima de doença prolongada. A entrevista que aqui se publica foi feita durante o 45º Congresso Mundial das Academias do Bacalhau, em Estremoz, em setembro de 2016. Foi originalmente publicada na revista semestral da Academia do Bacalhau de Paris, editada em dezembro desse ano, e é agora publicada aqui numa versão editada.
Leve-nos até 1968. Como é que surgiu a Academia do Bacalhau? Eu cheguei à África do Sul em 1966. Como qualquer outro emigrante, ia à procura de uma vida melhor. Comecei a olhar à minha volta, a tentar progredir, e comecei a sentir que havia uma certa reação contra a imigração em geral. Logo a seguir, houve eleições na África do Sul e apareceram os partidos da direita, xenófobos, que diziam mal dos imigrantes e que diziam que os portugueses eram os piores, que iam para lá roubar as casas aos sul-africanos. Isto começou a intrigar-me e a irritar-me e eu comecei a andar com amigos a indagar o que se estava a passar. O que é que eu descobri? Que aqueles sul africanos “degradados” (muitas vezes, pelo álcool) não iam trabalhar, perdiam as casas e vendiam-nas ao desbarato. O português chegava lá, comprava casas a cair de podres, pintava-as, retocava-as e fazia umas casas lindas. E isto a mim espantou-me, achei impossível
“Comecei a perceber que era preciso arranjar outro tipo de gente, um pouco mais instruída, tolerante”
os sul-africanos criticarem-nos por fazermos isto. Comecei a falar com associações de portugueses na África do Sul porque acreditava que se dizem mal de mim e eu não respondo, a culpa é minha. Só que essas associações portuguesas eram rivais entre si. E quando eu sugeria a uma associação que fizesse algo em colaboração com outra, diziam-me sempre que “nem pensar!”. Comecei a perceber que não estava a chegar a ponto nenhum e que era preciso arranjar outro tipo de gente, um pouco mais instruída, um pouco mais tolerante, mais independente destas associações. Como foram os primeiros tempos do movimento? Eu estive ativo nos primeiros anos da Academia, muito ativo. Eu, o Durval
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Marques, o Ivo Cordeiro e o engenheiro Ataíde fazíamos uma grande equipa, da qual tenho muitas saudades, mas que depois continuou sozinha. Ao início, como éramos poucos e precisávamos de massa crítica para sermos reconhecidos, tive a ideia de dizer que era obrigação de cada membro levar um convidado para cada almoço que partilhasse o espírito daquele grupo. E quem não levasse um convidado pagava multa, foi assim que nasceu a ideia do carrasco. O facto é que em dois ou três meses, passamos de quatro a quarenta. Um dia o Durval disse que o Embaixador queria a nossa ajuda para festejar o 10 de junho, que nunca tinha sido festejado na África do Sul. Nós ajudámos e o 10 de junho de 68 foi a nossa primeira grande manifestação oficial.
ENTREVISTA já não precisava de mim e eu ia só quando podia. Depois a minha carreira na Coca-Cola desenvolveu-se e, já na concorrência, fui para os Estados Unidos. Ainda regressei a Portugal por pouco tempo, mas logo de seguida fui para Bélgica e foram mais quinze anos em que estive desligado da Academia.
Ao fim de uns tempos, afastou-se da vida da Academia… Na África do Sul acabei o curso de Engenharia, que só ainda não tinha terminado para não ser mobilizado para a guerra como capitão. Depois de me licenciar, a Coca-Cola ofereceu-me um trabalho. Isto passou-se em Joanesburgo, nos anos 69 e 70. Mas o trabalho era duro e eu tinha que trabalhar de dia e estudar de noite, com o mestrado que eles me convidaram a fazer, de modo que eu acabei por ter cada vez menos tempo para ir à Academia. Por outro lado, a Academia estava a crescer tanto que também
Quando foi para os Estados Unidos não teve vontade de levar para lá a Academia do Bacalhau? Quando cheguei aos EUA fui para ser diretor técnico da região das Caraíbas e parte norte da América do Sul, era responsável pelo controlo de qualidade de mais de vinte fábricas. Eu vivia nos aviões e de vez em quando ia a casa visitar a família em Miami. E também não tive muita oportunidade de encontrar portugueses. Em Miami a comunidade de portugueses era o senhor Ricardo Santos e os sobrinhos. Nenhum deles precisava das ajudas da Academia, nem sequer me receberiam como tal. Portanto, eu aí desliguei. Mas foi-se mantendo a par das novidades? Não, com o trabalho que eu tinha nessa altura, não tinha tempo de manter contacto com os meus pais sequer,
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quanto mais com a Academia do Bacalhau. Eu andava a tentar sobreviver num novo país e havia também uma certa inveja da posição que eu tinha. Portanto, tive todos esses problemas, tinha que trabalhar muito, e não tinha tempo para me lembrar do que havia na África do Sul. Quando fui para Bruxelas, aí sim, voltei a pensar, até porque passei por Lisboa, fui convidado para a inauguração da Academia de lá, mas aconteceram coisas que me desanimaram em relação ao caminho que a Academia do Bacalhau estava a tomar. Tinha deixado de ser aquela organização de amigos, camaradas, solidários, alegres, com as suas cantorias, para passar a haver tentativas de politizar a Academia. Chegaram a fazer-me propostas para fazer lobby junto da Comissão Europeia e para formar gente para partidos políticos dentro da Academia mas isso é contra o ADN da Academia do Bacalhau.
“Chegaram a fazer-me propostas para fazer lobby junto da Comissão Europeia”
Tem mantido contato com a Academia desde que voltou a Portugal? Reformei-me em 2002 e voltei cheio de vontade de encontrar os meus velhos camaradas e amigos. Infelizmente uma série de doenças graves encontraram-me a mim primeiro e há dez anos que passo metade do meu tempo nos hospitais. Até que o Durval descobriu que eu estava de volta a Portugal, telefonou-me e foi buscar-me ao hospital com o Mário Nunes (presidente da Academia do Bacalhau de Lisboa). Entretanto comecei a melhorar e estou a apaixonar-me por isto outra vez.
ENTREVISTA O que sentiu ao ser nomeado compadre honorário de todas as Academias no Congresso de Estremoz? Senti uma grande honra. Traz-me alegria e responsabilidades, com certeza. Estou disposto a trabalhar, assim a saúde mo permita. A Academia que existe hoje, com academias espalhadas pelo mundo, é o equivalente a uma frota de navios mas que, na minha opinião, está um pouco desgovernada. Não tem um almirante que indique o caminho e está a precisar desse tipo de coordenação. Antigamente éramos reconhecidos pelo dono do restaurante onde íamos comer, hoje somos conhecidos pelas Embaixadas. Por isso temos que unificar um pouco, saber quem somos, o que queremos e para onde vamos. A primeira impressão que tive ao voltar foi a de ficar embasbacado com o que a Academia cresceu desde os tempos em que eu a deixei. Mas começa-me a preocupar um bocadinho o tamanho que isto já atingiu e as dificuldades de gestão.
“A Academia está um pouco desgovernada, não tem um almirante que indique o caminho”
Pensa que é um modelo sustentável ou tem um limite para crescer? Eu julgo que é um modelo sustentável se nós tivermos a força, a capacidade e a massa crítica suficientes para arranjar um grupo centralizador que vá orientar os rumos da Academia, que vá tentar harmonizar o que uns fazem e outros não fazem. E isso tem que ser muito bem pensado, porque não podemos mandar uns nos outros. A
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Academia cresceu espontaneamente e enquanto continuar a crescer assim nós não podemos chegar aqui e cortar. Há um grupo de gente a pensar que isto vai ter de se reorganizar um pouco mais. Mas concorda com a reorganização? Sim. Os pilares têm que ser mantidos por uma entidade supra Academia. Tem que ser um grupo de velhos, um
senado ou um conselho de anciãos que tenha ainda alguma credibilidade, que tenha sobretudo muita memória, que centralize documentação, que escreva a história verdadeira, o mais aproximadamente o possível, tanto quanto nos lembramos dela.
SOLIDARIEDADE Paris doou 50.000€ a jovem vítima de AVC
Em 2012, o jovem Romain Decogne trabalhava na VB Gaz, empresa dos compadres Benjamim Duarte e Virgile dos Santos. Aquando de uma deslocação de trabalho, sentiu-se mal ao sair do carro, caiu no chão e foi socorrido por um colega, sendo imediatamente direcionado para o hospital. Aí, o diagnóstico foi claro: AVC. Um acidente vascular cerebral de tal forma fulminante que Romain apenas conseguia mover as pálpebras. Depois de uma cirurgia, Romain
permaneceu nove meses no hospital Saint-Anne, tendo sido de seguida transferido para o Centre Médical et Pédagogique pour Adolescents (CMPA) em Neufmoutiers-en-Brie, nos arredores parisienses, um centro para jovens dos 11 aos 25 anos, onde tem vivido desde então. Mas Romain tem agora 24 anos e dentro em breve deixará de poder estar albergado no centro. Tornou-se urgente tomar duas medidas: por um lado, encontrar um novo centro que o possa acolher e, por outro, realizar obras de adaptação em casa dos pais para que Romain possa ser acolhido pela família. Mas estas obras têm um custo avultado. Denis Decogne, pai de Romain, estava resistente à ideia de pedir auxílio nesse sentido porque “pedir dinheiro não é fácil, sobretudo quando não
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se conhece as pessoas”. Mas, com o tempo a passar e a situação a tornar-se cada vez mais premente, a família Decogne não teve outra alternativa. Foi assim que o caso chegou ao conhecimento da Academia do Bacalhau de Paris e Fernando Lopes, presidente da instituição, entrou em contato com Denis Decogne, sugerindo que se fizesse um jantar cujas receitas reverteriam para Romain. Fernando Lopes entrou ainda em contato com algumas pessoas que se disponibilizaram a ajudar, nomeadamente: a ARS doou 10.000€ para as obras, o compadre Benjamim Duarte ofereceu todo o aquecimento para a casa da família Decogne, o compadre José de Oliveira ofereceu o material para as estruturas e o próprio compadre Fernando Lopes doou o cimento para o novo quarto de
“50.000€, o maior donativo de sempre feito pela Academia do Bacalhau de Paris” Romain. Foram ainda mobilizados o arquiteto Jean-Pierre Marques, encarregue do projeto arquitetónico, e Sébastien Meha, que se disponibilizou para oferecer todas as estruturas em madeira necessárias. Ainda assim, continuavam a faltar fundos. No mês de setembro, a Academia do Bacalhau de Paris realizou o seu jantar mensal na Sala Vasco da Gama, em Valenton, e foi decidido que todos os fundos angariados seriam destinados a esta causa. Sensibilizados, os compadres, comadres e amigos mobilizaram-se de uma forma notável e a sala encheu, com 175 pessoas presentes. “Ficámos muito surpreendidos. Havia tanta gente no evento e nós só tínhamos convidado 36 pessoas; de resto não conhecia ninguém”, diz Denis Decogne, emocionado. O pai de Romain continua com a emoção na voz quando fala sobre o valor doado ao filho, 50.000€, o maior donativo de sempre feito pela Academia do Bacalhau de Paris: “Tocou-nos
SOLIDARIEDADE muito. Não esperávamos uma participação assim nem nunca imaginámos uma soma destas”. O valor está agora a ser utilizado nas obras de remodelação necessárias para acolher Romain: construção de acessos para cadeira de rodas, sanitários adaptados ou uma cama médica, por exemplo. Apesar do valor elevado do donativo, Denis Decogne confessa que os 50.000€ serão “à justa” para o que é necessário: “Há muitas coisas em que não pensámos ao início e que foram surgindo. E, por exemplo, a meio das obras partiu-se a varanda e tivemos que a refazer. Tínhamos também pensado pôr um elevador mas este teria um custo de 15 a 20 mil euros, o que consumiria grande parte do orçamento, pelo que optámos por duas rampas para acesso em cadeira de rodas”. Denis Decogne espera que as obras estejam concluídas até ao fim do ano e que Romain possa passar o Natal em casa com a família. Mas mesmo
“Está numa cadeira de rodas, não fala, comunica apenas através dos olhos e levanta o braço direito”
depois, quando tudo estiver concluído, Romain não passará o tempo todo ali: “ele é completamente dependente. Está numa cadeira de rodas, não fala, comunica apenas através dos olhos e levanta o braço direito. Come alguns iogurtes mas, de resto, é alimentado por uma sonda gástrica. Mas apesar de ter a comunicação muito limitada, compreende tudo”, explica o pai. A dependência de Romain requer que esteja alguém com ele o tempo todo, pelo que a ideia é que o jovem possa passar umas temporadas em casa dos pais e outras num centro médico adequado à sua idade. O presidente Fernando Lopes pôs já a família Decogne em contato com Manuela Furtado,
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da associação Vivre Sa Vie (também apoiada pela ABP), de maneira a que ela possa apoiar a família na procura deste centro. “Nunca pensei que teríamos um apoio tão forte por parte da comunidade portuguesa”, explica Denis Decog-
ne que não é português nem sequer luso-descendente. “Nunca imaginei que as pessoas apoiassem tanto. Ainda hoje, continuamos surpreendidos com esta atitude. Queremos deixar um grande obrigado e desejamos que a Academia continue a ajudar as pessoas que têm necessidade”. Mas apesar de não ter origens em Portugal, a família Decogne tem o coração no país luso e já há muito tempo que fazia lá férias regularmente. Antes do acidente de Romain, chegaram, inclusivamente, a pensar em mudar-se para lá. “Continuamos a ter essa ideia”, explica Denis Decogne. “Temos que garantir que o Romain teria os cuidados necessários e temos que ter em atenção também os estudos da minha filha mas gostaríamos de, um dia, poder ir viver para Portugal”.
CULTURA Ana Bacalhau estreia-se em “Nome Próprio”
Durante uma década, foi o rosto da Deolinda, um projeto de música popular portuguesa inspirado pelo fado e pelos sons tradicionais. Mas em 2017, chegou a altura de Ana Bacalhau se estrear a solo, num álbum que saiu a 20 de outubro e que, muito corretamente, se chama “Nome Próprio”. Mas, para dar vida a este projeto, Ana Bacalhau contou com a colaboração de diferentes músicos portugueses, como Samuel Úria, Jorge Cruz, Nuno Prata, Afonso Cruz, Nuno Figueiredo, Capicua, Márcia, Carlos Guerreiro e Francisca Cortesão. O álbum foi produzido por João Bessa e pela própria Ana Bacalhau e foi masterizado nos míticos estúdios Abbey Road, em Londres. Entre temas escritos para si e outros escritos por si, Ana Bacalhau aborda experiências universais mas cria também espaço para as faixas que abrem
“O álbum foi gravado no mítico estúdio de Abbey Road”
a porta para o seu mundo, desde a infância até ao presente. “Tenho bichos-carapinteiros. Também são carpinteiros, claro, mas, sobretudo, carapinteiros. Quando era miúda, ouvia os graúdos a apontar-me o excesso de energia e inquietação e, sem perceber nada de carpintaria, convenci-me que o que me diagnosticavam era um caso bicudo de bichos que cara-pintavam. Foi assim que tive a ideia de pintar um sorriso na cara para ninguém notar que algo me moía por dentro. Resultou e lá fui eu, vida fora, sempre com os meus bichos-carapinteiros a roer-me as entranhas”, explica, acrescentando que “Sinto-me feliz por ter conseguido aquietar os bichos-carapinteiros, ainda que momentaneamente. Percebi que não há razão para fugir deles. Há que abraçá-los e estimá-los e deixar que a sua incessante carapintaria me dê o fôlego de que preciso para cantar”. “Nome Próprio” já está na estrada, tendo sido apresentado a 3 de novembro em Loulé e a 25 de novembro em Vila do Conde. Para dezembro estão previstos espetáculos em Aveiro (dia 1), Vila Nova de Famalicão (dia 2) e Ponte de Lima (dia 9). Janeiro terá um concerto em Lisboa (dia 26) e outro no Porto (dia 31).
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RECEITA Bacalhau assado com castanhas
Ingredientes: • 2 lombos de bacalhau • 2 cebolas • Azeite • 1 broa de milho • 3 dentes de alho • Pimenta • Colorau • 0,5 kgs de batatas • 0,5 kgs de castanhas • Tiras de presunto
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Numa taça à parte, desfaça a broa, acrescente a pimenta, o sal, os alhos bem picados e o azeite. Envolva muito bem estes ingredientes, e deite-os por cima do bacalhau.
Preparação: Para iniciar a receita de bacalhau assado no forno com castanhas, deve coNuma panela, coloque meçar por dar uma ligeira cozea cozer, ligeiramente, as dura aos lombos de bacalhau. batatas. Assim que estiEntretanto, deite num tabuleiro ver, corte-as aos bocadinhos e o azeite suficiente para cobrir disponha à volta do bacalhau. o fundo. De seguida, corte as
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© Fonte: Receitas Já
cebolas às rodelas e coloque-as no tabuleiro. Por cima das cebolas, deve dispor os lombos de bacalhau. Com cuidado, tente colocar algumas tiras de presunto no meio das lascas do bacalhau, e por cima polvilhe com pimenta.
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Coza as castanhas com erva doce, e depois coloque-as também ao redor do bacalhau. Regue o tabuleiro 25
com um pouco de azeite e leve ao forno a uma temperatura de 210ºC.
AGENDA DE DEZEMBRO Lisboa, Portugal Dia 15, às 19h30 Hotel Sana Metropolitan Jantar que contará com os meninos da Fundação António Luís de Oliveira
New Jersey, Estados Unidos Dia 3, às 13h00 Restaurante Mediterranean Manor, Newark
Madeira, Portugal Dia 9 Jantar de Natal
Rouen, França Dia 1 Gala de Natal
Minho, Portugal Dia 2, às 20h00 Jantar de Natal no Restaurante Casa dos Arcos, Barcelos
Setúbal, Portugal Dia 13, às 20h00 Jantar de Natal no Hotel do Sado
Paris, França Dia 10, às 13h00 Long Island, Estados Unidos Gala de Natal na Sala de FesDia 9, às 19h00 tas da Mairie de Saint-MaurFesta de Natal no PHS (Lusita- -des-Fossés no) de Mineola Porto Santo, Portugal Lyon, França Dia 14, às 20h00 Dia 15, às 20h00 Jantar de Natal no Hotel Vila Local a definir Baleira
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