plural JORNAL CULTURAL
NÚMERO 3 | SETEMBRO A OUTUBRO 2013 | Bh | MG
CONTO REAL
Conto de uma cidade surreal José Luiz Quadros de Magalhães Era uma vez uma cidade que se tornou metrópole. Muito jovem foi submetida à ganância de empreiteiros que construíram muitos prédios. Prédios e mais prédios. Asfaltaram tudo. Homens empreendedores fizeram enormes crateras em suas lindas montanhas. Nesta bela cidade, com um pôr do sol tão lindo que inspirou seu nome, (contam isto uma vez que seus habitantes não tinham mais tempo de olhar o sol nem a lua), havia muita desigualdade. Em uma distância muito pequena alguns dos seus habitantes viviam em aglomerados (um monte de gente apinhada em um espaço pequeno) enquanto outros viviam em condomínios fechados (pouca gente vivendo em espaços grandes e murados para se defenderem dos apinhados). Os apinhados resolveram, num certo dia, fazer uma festa. Festa tradicional onde dançavam quadrilha, tomavam quentão e comiam pipoca, amendoim e outras coisas que não se podia comer todo dia. O poder desta cidade estava organizado na forma de estado moderno. Era um poder centralizado, organizado, burocratizado, encarregado de zelar pelo bem estar de todas as pessoas: os apinhados e os “desapinhados”. Este poder nem sempre existiu para zelar pelo bem estar de todos, mas, ao contrário, ele foi criado para zelar pelo bem e os bens dos “desapinhados”, protegendo a propriedade destes (muitas propriedades) contra os perigosos apinhados (“despropriados”
“desproprietários” ou seria “desapropriados” ou simplesmente sem propriedade). Contam que este poder, deste estado moderno tornou-se democrático, e agora, deveria zelar pelos bens e pelo bem dos apinhados e desapinhados, proprietários e desproprietários. Difícil tarefa! A tarefa se tornava ainda mais difícil pelo fato de que este estado serviu, durante quase quinhentos anos, aos desapinhados, ou seja, eles foram treinados durante muito, muito tempo a reprimir, bater, intimidar, perseguir os apinhados (aquele incomodo permanente, mas necessário, uma vez que os apinhados - desproprietários - serviam aos desapinhados - proprietários como, digamos... quase escravos). Logo, como o estado já estava acostumado a reprimir; bater; torturar; encher o saco; intimidar; humilhar; diariamente, durante quinhentos anos, os apinhados (desproprietários), a tarefa agora de proteger a todos, incluindo os apinhadosdesproprietários era um grande desafio. Voltemos, portanto, a nossa festa dos apinhadosdesproprietários. O que aconteceu foi muito interessante. Como os apinhadosdesproprietários moravam em um lugar apinhado de gente, e como a construção de suas despropriedades não observava os aspectos mínimos de segurança, e como agora, o estado deveria zelar pela segurança das pessoas (de todas as pessoas), antes da festa, o órgão estatal garantidor da segurança de todos, foi verificar se o local, onde ocorreria a festa, tinha segurança para realizá-la, garantindo a INTEGRIDADE FISICA DE TODOS. Ora, difícil isto, a despropriedade e o desbairro, onde desmoravam os apinhadosdesproprietários, não era um lugar muito seguro. Logo, o órgão do estado, que agora garantia a segurança de todos, PROIBIU a festa dos apinhadosdesproprietários. AÍ recomeçou a tragédia (mais um capitulo, pequeno, pois esta tragédia já dura quinhentos anos). Muitos apinhadosdesproprietários queriam fazer a festa assim mesmo. Afinal era ali que eles desviviam e desmoravam. ORA, O ESTADO MODERNO NÃO PODERIA DEIXAR QUE ESTAS PES-
SOAS COLOCASSEM EM RISCO SUAS VIDAS: A FESTA NÃO PODERIA OCORRER. A conclusão da história foi bem moderna: para proteger a integridade física das pessoas a festa foi proibida, e para impedir que as pessoas fizessem uma festa que colocava em risco a integridade dos apinhadosdesproprietários a polícia (órgão de proteção de apinhados e desapinhados) foi chamada. A polícia chegou e resolveu o problema, desceu o cacete (bateu, encheu o saco, humilhou, reprimiu e violou a integridade física dos apinhadosdesproprietários) tudo isto para evitar que fosse realizada uma festa que poderia colocar em risco a integridade física dos apinhadosdesproprietários. Afinal, agora nesta república moderna todos devem ser protegidos pelo estado. Belo Horizonte surreal. Este conto é baseado em uma história real que recentemente reencontrei em uns jornais guardados de um passado recente. Esta notícia publica no Jornal Estado de Minas deixaria Luis Buñuel (o cineasta surrealista espanhol) impressionado e faria Salvador Dali (o pintor surrealista também espanhol) pintar um novo quadro, uma Guernica em memória à incessante repressão da pobreza (é impressionante como o estado “enche o saco dos pobres”). A notícia tem o seguinte título: “Arraial proibido na Prado Lopes”. Resumindo: Moradores do aglomerado da Pedreira Prado Lopes organizaram uma festa “julina”. A festa foi autorizada pela Prefeitura. O “Corpo de bombeiros militar” fez a vistoria no local para verificar se havia segurança para os moradores. Como foram constatadas irregularidades que poderiam por em risco a segurança física dos participantes da festa o Ministério Público, para proteger estas pessoas proibiu a festa. Como pessoas insistiram na festa e se manifestaram contra a proibição a polícia foi chamada. Ocorreram confrontos violentos entre a polícia e os manifestantes, pessoas tiveram sua integridade física violada, incluindo uma criança de 6 (seis) anos que ficou ferida. Estado de Minas, 16 de Julho de 2011, página 2.
editorial
Análise mítica
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Barroso da Costa
Por Bernardo G.B. Nogueira 3ª do Plural. Uma canção de Humberto Gessinger. Uma pessoa do plural. Pessoas plurais. Uma pessoa para viver os tempos verbais. Terceira edição do Jornal Plural. Três lados de um mesmo ângulo: Triângulo. Trois, ménage. Três pessoas em uma só. Tese, antítese e síntese. Verso. Estrofe e poesia. Sol. Chuva e poesia. Igualdade. Liberdade. Fraternidade. Mãe. Pai. Filho. Eu. Ele. Nós. Guitarra. Baixo. Bateria. E o vocal? Onde entraria nesse triângulo, amoroso? Estaria lá desde sempre? É o terceiro um fantasma? Seria possível amor a três depois do cristianismo? Sugestões imensas aparecem quando o terceiro excluído quer se mostrar. Pensar de maneira binária foi o mote que desde Platão aprendemos a fazer. Hetero. Homo. Bi. E quando aparece o inevitável? Seria então amor esse terceiro que é espectro? Ontem. Hoje. Amanhã. Passado. Presente e futuro. Imperfeito. Perfeito. Mais que perfeito. Haveria saída dessa conceituação que quer dar conta até do tempo? E ele, o que seria? Um terceiro que nos abraça e nos assombra sem dizer quem é? Sempre presente. Sempre ontem. Sempre amanhã. Estaríamos então fadados ao tempo? O primeiro chega como quem vem do florista, mas não nega nada: então não! O segundo chega como quem chega do bar, traz aguardente, mas não entrega nada: logo, não! O terceiro, humm, não traz nada, não pergunta, não fala o nome, apenas terceiro... mas antes que digam não!, o terceiro número do Plural chega aos leitores para trazer aquilo que ainda está por ser dito...Leitor, esse terceiro, entre o escritor, o papel e o sonho que vem...
expediente JORNAL CULTURAL PLURAL Editor: Bernardo G.B Nogueira APOIO TÉCNICO: Núcleo de Publicações Acadêmicas Newton: Cinthia Mara da Fonseca Pacheco
Moto-contínuo
Na grande cidade pós-moderna, o progresso um dia cultuado se traveste de barbárie. Nela jaz o sonho de felicidade fragmentado em rápidos prazeres. A produção se aliena no consumo, num movimento intenso e ininterrupto que não permite que o presente aceda ao futuro. Um perene agora de necessidades insatisfeitas e renovadas em que nada se fixa e o que seria amanhã se antecipa num eterno hoje em que só há eu e nunca você. Das entrelinhas e dos lapsos do discurso que a originou, insiste em emergir a desordem que procurou conter em traços firmes. Como atos-falhos, perambulam por suas esquinas angulosas sombras de vidas humanas, que trazem para o abandono público o que antes era restrito às fantasias privadas. Na cova dos rostos iluminados pelo crepitar de cachimbos e isqueiros, submergem vidas, já ausentes nos olhares opacos, petrificados no objeto que tragam; que sugam na tentativa de recuperar a satisfação absoluta desde nunca e para sempre perdida. A grande cidade contemporânea é a criatura que se volta contra o criador, como a comida que devora de dentro para fora os obesos que a habitam, expulsando-os do próprio corpo, mórbidos como os rios poluídos às custas das metástases de sua expansão. A coerência do clássico contorno de suas alamedas arborizadas convive com a esquizofrenia do bizarro trottoir de michês e ratos, que circulam por entre automóveis e carrinhos de cachorro-quente, na perigosa travessia de um bueiro a outro, equilibran-
do-se em saltos e requebros. As meninas que voam de suas janelas já não deixam bilhetes, não têm a quem culpar e, na saia justa em que se encontra, já nem mesmo sabe se abriga o masculino ou feminino. O silicone e o photoshop tudo resolvem, mesmo porque já não se é, mas se parecer ser, o que se quer, desde que se possa pagar por e, sendo dois em um, melhor para se consumir. Com satisfação e orgulho por se confundirem na massa que a anima, seus habitantes tragam com prazer a fumaça de seus ônibus, caminhões e velozes carros, imobilizados em meio a tantos outros que entulham os limites renovadamente insuficientes de suas ruas e avenidas. Sua marca é a obsolescência, a decadência de tudo aquilo que tem que dar lugar a algo novo assim que nasce, num engodo pluralista que se desfaz no mesmo da ininterrupta mudança, em que diferença se desmancha em passiva igualdade especular. Pluralidade indiferenciada e estéril. A capital pós-moderna é a casa de Narciso, o inferno do eu a contraditar Sartre, onde uma massa de indivíduos é plenamente livre para se afogar nas águas pútridas e sem margens que os reflete interiormente, sem contar com o socorro de algo externo a que possam se agarrar. E é na casa de Narciso que Prometeu e Tântalo se encontram em seus suplícios, por video chat. E por que não demolir tudo, destruir os antigos limites que impedem o livre fluxo de seus frenéticos movimentos? Simples: porque as cores fortes da perversão bárbara só se mantêm sedutoras se lançadas sobre a tela acinzentada de uma neurose civilizada.
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Invadiu a minha alma Não me causou nenhum espanto Afinal eu procurava por ela Em todos os cantos Ela tem esse encanto Seu segredo... Com notas e melodias Em meios a tantas poesias Ela arranca o sorriso que a tanto Estava escondido Sim... Ela abraça a minha alma e faz voar Me faz acreditar em algo que vai além do futuro Me faz ver além do vidro embaçado
Da minha janela no inverno Nas ruas e vielas... Nas grandes avenidas E no encanto das praças Lá está ela a dançar com o vento A bailar em meio a brisa... E a sussurrar nosso nome nas fontes... Fontes que levam projetos Talvez sonhos inalcançáveis Mas o que importa ela está Sim... Mais que ritmos ou melodias.. São as músicas Que podem mudar todo o dia. Cristina Daniele
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JORNAL CULTURAL PLURAL | NÚMERO 3 | SETEMBRO A OUTUBRO DE 2013
DO QUE iMPORTA
CRôNiCA PLATôNiCA: CóPiA DA CóPiA...
De agora em diante
Os replicadores estão chegando os replicadores
Carlos Renatto Há um momento em que algumas questões se perdem e perdem importância. Palavras, amor, a pressa, o carro no mecânico, a próxima sessão no cinema, alguns amigos, o computador levado pelo menino que mora na rua. A partir de então há outros momentos que nos interessam, e questões que não interessam tanto assim saber. Buscamos tantos motivos sem os querer encontrar. Perde-se importância um amor perdido de anos e anos, que valeu à pena numa outra ocasião, quando promessas faziam sentido e havia algum significado no olhar, mas hoje está tão longe que não dói durante lembranças que nos tomam no final da tarde, quando o sol ameaça se pôr, todos querem voltar para casa e nós caminhamos absortos entre pressas e sinais abertos. Já não tem mais importância amizades que se perderam em momentos que poderiam ter estreitado laços. Pessoas que não se dão mais importância, então, já não importam mais. Pensamos no ponto de partida e o rumo antigo de tudo que ficou para trás se abre novo. De agora em diante o tempo é só uma miragem. Transforma a perda num instante bom e o vento sopra a nosso favor. Olhamos adiante, o pensamento está em paz, o acaso ao nosso alcance. E há tantas palavras novas a desvendar. Tempo, folha, jardim, vida, relógio, pedra, infinito. E o que importa na verdade são os segundos que antecedem. E o mundo se mostra novo. Miramos o tempo e ele permanece o que era. O que se esvaiu se perde no limiar de um novo amor, de outros versos. E há questões que se perdem e perdem importância. Outro amor, um beijo, outro jeito de olhar o tempo, a moça que passa no meio da rua empunhando um cartaz com palavras de ordem e não percebe que a olhamos. Entre seu mundo e meus olhos. Hoje sabemos de muita coisa que não conhecemos ou esquecemos que existe um começo, um fim, um intervalo, um recomeço. Escrevemos o que não foi vivido. Escrevemos o que outros já escreveram. Personagens são apenas palavras. Palavras que se transformam e não interessam tanto. Hoje sentimos falta de tanta coisa que não tivemos e nunca nos fez falta. Luta, palavras, honras, fotos, frases, o que penso, devaneio, infinito, mãos atadas, dezembros, sorte, amor, o nada, fim...
Carlos Magalhães Julio Cortázar escreveu no “Histórias de Cronópios e Famas” (1962): Cada vez más los países serán de escribas y de fábricas de papel y tinta, los escribas de día y las máquinas de noche para imprimir el trabajo de los escribas. Primero las bibliotecas desbordarán de las casas; entonces las municipalidades deciden (ya estamos en la cosa) sacrificar los terrenos de juegos infantiles para ampliar las bibliotecas. Después ceden los teatros, las maternidades, los mataderos, las cantinas, los hospitales. Los pobres aprovechan los libros como ladrillos, los pegan con cemento y hacen paredes de libros y viven en cabañas de libros. Entonces pasa que los libros rebasan las ciudades y entran en los campos, van aplastando los trigales y los campos de girasol [...] Mas Cortázar não sabia da banda larga, das redes sem fio e do fluxo infinito de dados que nos assola. Vivemos cercados por palavras e imagens, mas elas não estão apenas impressas em papel e não constituem somente o nosso piso e as nossas paredes. Flutuam no ar que respiramos. É sabido que as informações se distribuem mais ou menos desigualmente. Em qualquer época, existem os produtores/publicadores de informações e os que fruem. No passado havia simetria. Produtores/publicadores e os que fruíam formavam uma única comunidade. A ex-
pansão da alfabetização e a facilidade de divulgação por impressão em papel ou mesmo por meio do rádio e da televisão criaram uma realidade em que produtores/publicadores e consumidores (talvez comece aqui a diferenciação entre fruir e consumir) passaram a ter outra relação. Algumas empresas de comunicação, editoras, gravadoras etc. publicam; muitas pessoas apenas consomem. Depois da internet, tudo muda. Muitos produzem/ publicam (não apenas as empresas de comunicação), muitos consomem, alguns fruem. Mas o que mais me intriga nessa nova realidade é a renovação de uma figura que antes não tinha relevância: o replicador (o escriba informático pós cortazariano). Quem nunca replicou que atire a primeira pedra! O escriba replicador é alguém que, por definição, não tem muito tempo (ou disposição) para pensar nas informações que repassa. As informações replicadas circulam em pacotes fechados. Os pacotes guardam significados, mesmo quando o significado é a ausência de significado. São McLuhan, nos proteja! O fato de que muita gente não lê o que está espalhando ajuda a informação a se transformar em tijolo, piso, parede, vento. Não deixa de ser irônico (e sintomático) o fato de autores como Paulo Leminski e Clarice Lispector terem se transformado em banners de Facebook, os emblemas principais do ritual da replicação. Autores que propuseram uma reflexão profunda sobre a linguagem são agora replicados em pacotes fechados e esvaziados de significado. O que aconteceria com os replicadores se eles se deparassem com o Catatau?
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fiLOSOfiA DO AMOR
Amor com todos os riscos Tatiana Ribeiro de Souza1 Acabo de ler uma entrevista com o filósofo francês Alain Badiou, publicada em espanhol sob o título “Elogio del amor”2. Minha primeira satisfação com a leitura se manifestou com a ideia introdutória de que não se faz boa filosofia sem ser ao mesmo tempo sábio/a, artista, militante e amante. Nas palavras de Badiou, “el filósofo debe ser sin duda un científico despierto, un amante de la poesia y un militante político, pero también debe asumir que es imposible separar el pensamiento de las violentas peripécias del amor”. Falar do amor é sempre um convite à embriaguez, dessas que passariam ilesas a uma fiscalização da “Lei seca”, a despeito de todas as manifestações de entorpecência. A embriaguez a que me refiro é a do encontro amoroso, aquele que toma o outro por assalto, para que ele exista com você. Nesse ponto há que se distinguir o desejo do amor, porque só no amor o outro vale por si mesmo. Diferente do amor, o desejo mantém o laço no campo do imaginário, pois a existência se subsume ao próprio sujeito, que tem o outro apenas como mediação. O desejo move um tipo de olhar fetichista, em direção a uma representação, cujo laço é imaginário e o real é inteiramente narcisista. O amor, ao contrário, move o olhar ao ser mesmo do outro, permitindo a experiência única e extraordinária de existir a dois, de experimentar o mundo em dois. Quando amamos vemos o mesmo mundo que o ser amado vê, e nessa identidade existimos. Esse acontecimento cria o sujeito do amor. A possibilidade de inventar um ‘sujeito conjunto’ é o que nos permite dizer que o amor acontece e que amar é presenciar o nascimento de um mundo. O que chamo de sujeito conjunto está longe de ser uma fusão dos amantes, mas é antes de tudo a sublevação da subjetividade infinita de dois. O amor, sendo um acontecimento imprevisível, triunfa pela sua capacidade de atravessar dualidades. O mundo que se cria quando se está amando não está regulado pelas diferenças, pelo tempo ou o espaço a que estamos acostumados, o amor inventa uma maneira diferente de ser e de durar para a vida. O amor é diagonal. Quando se ama todas as luzes parecem acesas, os holofotes se voltam para os amantes, todas as outras coisas se tornam espectadoras do sujeito conjunto. Por mais estranho que pareça, vivemos um tempo em que as pessoas estão dispostas a abrir mão do acontecimento-encontro em nome da previsibilidade e da segurança. Badiou nos fala do “amor risco zero”, aquele procurado em sites de relacionamentos, que permite ao internauta tecer os mais profundos detalhes do parceiro que procura, a fim de não ter surpresas na estrada. Pensando sobre o assunto me dei conta de a filosofia é a ciência do acontecimento e de que a única filosofia que me interessa é a do amor, com todos os riscos. 1
Professora de Direito da Universidade Federal de Ouro Preto. 2 BADIOU, Alain; TRUONG, Nicolas. Elogio del amor. Buenos Aires: PAIDÓS, 2012.
Ítaca e África de ítaca roubei helenas tantas em áfrica montei os sete mares casei-me com mulheres todas santas cobri meu corpo gasto de alamares. as vidas são mais tantas e mais quantas em muros e desejos sacripantas castrados e vertidos pelos ares? poetas são delírios bem vulgares. Romério Rômulo
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Os que lutam Há aqueles que lutam um dia; e por isso são muito bons; Há aqueles que lutam muitos dias; e por isso são muito bons; Há aqueles que lutam anos; e são melhores ainda; Porém há aqueles que lutam toda a vida; esses são os imprescindíveis. Bertold Brecht
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Ode à diversidade
Estereótipos culturais Por Thalita Dittmaier Estereotipar implica “tornar algo fixo” e, deste modo, os estereótipos correspondem ao compartilhamento de crenças com base na categorização simplificada de um indivíduo ou grupo de pessoas. Cada um de nós, ao menos uma vez na vida, irá estereotipar alguém, alguma cultura diferente da nossa ou aquilo que desconhecemos, em maior ou menor grau. Nem todos os estereótipos, no entanto, devem ser vistos negativamente, uma vez que podem encerrar avaliações positivas, mesmo que esses não sejam os casos mais frequentes. Tomemos como exemplo a tendência dos brasileiros a serem menos formais e mais extrovertidos, quando comparados aos alemães. Tal afirmação auxilia numa melhor compreensão de que, no Brasil, os cumprimentos geralmente são feitos com um abraço e beijos no rosto. O alemão, por outro lado, já é adepto, na maioria das situações comunicativas, do aperto de mão. Beijar e abraçar, só depois de certa intimidade. Assim, os estereótipos, quando não envolvem generalizações excessivas, podem funcionar como guias de comunicação e integração em culturas distintas. Entretanto, por não ser simples estabelecer as fronteiras entre as categorizações e a realidade objetiva, a relação entre estereótipos e preconceito é legítima. Os estereótipos tornam-se negativos quando restringem a diversidade cultural, contextual e individual à cegueira da uniformização. Em várias partes do mundo, é comum relacionar o Brasil a tudo que remete ao prazer, para o bem ou para o mal, e, mais especificamente, à famigerada tríade samba-futebol-carnaval. Creio que nem valha a irritação diante de tais clichês, sabem por quê? Porque fazemos o mesmo. Os franceses não tomam banho. Os italianos só comem massa. Os muçulmanos são terroristas. Os alemães tomam muita cerveja. Os políticos são corruptos. Os homossexuais são uns pervertidos. Evangélicos são intolerantes. Fulana vai estudar Letras, coitada, vai morrer de fome. Nunca conversei com meu vizinho, aquele metido. Quem nunca? Os rótulos estão em todas as partes, deixando nosso mundo com gosto de sopa insossa. O problema não é, no nosso caso, estar vinculado a um sambódromo, mas a ideia falaciosa de que “todo” brasileiro está quase que exclusiva e geneticamente condicionado a gostar de samba e a sambar que
nem passista. A ignorância, ao conceder espaço para o preconceito, consolida partes (muitas vezes distorcidas) de uma cultura enquanto representação máxima de uma totalidade. O contato com o diferente deve, portanto, estimular uma consciência crítica cultural no complexo processo de aceitação, transformação e integração do Outro. Numa sociedade pós-moderna, onde os limites geográficos têm cada vez menos importância, num mundo onde as aldeias globais permitem o convívio e a interação entre povos de diversas origens, faz-se cada vez mais necessário uma competência desse nível. A “abertura de mentes” que o conviver
propicia, assim como o reconhecimento do Outro além de nós mesmos, não é utópica, tampouco indolor, já que sair do conforto da nossa rua e do nosso mundo envolve o desligamento de valores pré-concebidos. Não, não é fácil. Mas não é impossível e merece atenção, caso tenhamos a perpetuação de nossa espécie como meta a longo prazo. De fato, relacionar culturas entre si, de maneira crítica, amplia os horizontes do cidadão intercultural, humanizando-o ao possibilitar que ele vá muito além das estereotipizações. Nosso Brasil não é um salão de festas. Os alemães não são nazistas comedores de criancinhas. Temos todos muito mais a oferecer.
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A mulher e o tempo
As Mulheres e a Vida contemporânea Márcia Tiburi* Já notaram que se fala muito de “mulher contemporânea” em nossos dias e muito menos em homem contemporâneo? Pois é, as mulheres estão em alta. Vemos uma tendência geral crescente de valorizar o lugar das mulheres na sociedade. Esta tendência nasce das próprias demandas e necessidades das mulheres. Alguns homens capazes de pensar em termos de “reconhecimento” até aderem e defendem as mulheres, sua competência no trabalho, seus direitos em geral. Muitos homens pensam que as mulheres devem ter direitos assegurados como os dos próprios homens. Diria que esse é o “homem” contemporâneo. Um homem que ultrapassou o desejo de dominação. É bom para os próprios homens que pensem assim. Mas é fato que se as próprias mulheres não defendessem seu lugar e seus direitos, eles não fariam nenhum sentido. Alguém que ainda não analisou a questão historicamente falando pode se perguntar: “por que isso está acontecendo agora?”. Ora, não foi de repente que as mulheres começaram a se ocupar de suas próprias questões e passaram a construir um mundo onde haja espaço para elas. Antes, digamos que há meio século atrás, as mulheres viviam para a família e para seus maridos, correspondiam às expectativas dos homens, hoje elas são muito mais capazes de viver para si mesmas. Mesmo aquelas que escolhem casar e ter filhos não abdicam tão facilmente de si mesmas. Tentam equilibrar trabalho e família. Pesquisadores dizem que esse desejo de dar conta das duas causas (família e trabalho) é muito brasileiro. Em outros países, ou as mulheres trabalham ou tem filhos. Isso se explica, aliás, pelo fato de que no Brasil, as mulheres da classe média podem contar com o trabalho barato de mulheres de classes menos favorecidas. Na Europa ninguém consegue uma babá senão a preço de ouro. Isso desglamoriza um pouco o sucesso profissional e familiar da mulher brasileira, é verdade. Mas, muito melhor, nos dá o senso de uma verdade que implica a desigualdade de classes. Nenhum feminista que se preze pode esquecer esse fato, sob pena de mistificar as conquistas femininas como se elas não se dessem nos limites dos contextos sociais e históricos. Mesmo assim, ainda estamos no quadro da valorização das mulheres como era impossível em outras épocas. Esta valorização é evidentemente “autovalorização”. Hoje em dia, quando conhecemos uma mulher que não trabalha fora de casa, que não tem projeto profissional, somos capazes de olhar com estranheza para tal postura. Por mais que em nossa época as pessoas infelizmente vivam sob o jugo do poder do capital, há, na contramão, para as mulheres, uma expectativa de realização pessoal por meio de projetos de vida. Isso, é preciso enfatizar, vale muito mais para as mulheres do que para os homens. Dos homens ainda se espera que sejam provedores, que paguem as contas, que cumpram um papel no campo do poder e da hierarquia. Os poucos surge também a preocupação com a realização do homens. Mas ainda é rara diante da força do papel hierárquico que, a propósito, muitos deles também já não desejam.
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O feminismo irônico da mulher contemporânea Mas é verdade que enquanto o patriarcado põe todo mundo sob seu jugo, uma revolução vem acontecendo, às vezes mais silenciosa, às vezes mais falante. O que chamo de patriarcado é a lógica da “dominação masculina”. Ela não faz bem a ninguém, mas está ainda em voga na violência contra a mulher (seja doméstica, seja na mídia), e também na homofobia. A revolução é há muito tempo o feminismo que cresce como lógica interna da sociedade democrática que exige cada vez mais liberdade de ser e estar. Essa liberdade de ser e estar é a maior ofensa ao patriarcado que se impõe com todo o peso possível. Um peso que perde terreno se suas “vítimas” se contrapõem a ele em uma luta de vida e morte tal como, tantas vezes, fazem as diversas modalidades de feminismos. Mas o patriarcado é vencido também pelo cansaço, por aquilo que podemos chamar um feminismo irônico. O feminismo irônico não é estressado nem histérico. Ele é divertido. E muitas vezes quieto. Vejamos um exemplo interessante: é muito comum que em uma família as filhas mulheres possam estudar, mas que no fundo, se espera delas que casem com um bom marido e tenham filhos. Nesse campo é que as mulheres muitas vezes surpreendem justamente por que não se esperava muita coisa delas. Elas aproveitam que foram esquecidas e fazem o que querem na vida pessoal e no trabalho. Realizam-se como pessoas e profissionais sem se importar com o que os outros vão pensar. Aproveitam o vão onde não estão sendo observadas e seguem em frente. Um outro lado da questão que começa a surgir no campo do feminismo irônico que é, ao mesmo tempo, orgânico. Quando as mulheres falam em seu próprio trabalho não esperam apenas pagar contas e fazer sucesso segundo os padrões do capital, mas esperam estar se realizando como seres que são capazes de mudar o seu próprio mundo e o mundo ao seu redor. Tantas artistas, ativistas, empreendedoras sociais existem em nosso tempo que vemos a criatividade como uma marca feminina no campo do trabalho. Se há alguma diferença no modo de pensar das mulheres que em nossa época surgem em busca de direitos, creio que seja esta. As mulheres querem “ser” algo muito diferente do que os homens foram. Tendo a apostar que a cultura cooperativa e colaborativa tem a ver com esse desejo que nasceu no projeto feminista há 200 anos na forma de luta pelos direitos da “humanidade” como um todo. Humanidade na qual devem estar inclusas todas as pessoas independente de características biológicas ou fenótipos, independentemente de suas escolhas e destinos, inclusive as escolhas e experiências sexuais que hoje em dia vão para além do binômio “mulher” e “homem” e põem em cena a expressão de singularidades diversas.
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Cotidiano conto
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Pertencer a seu tempo, ser dona de seu próprio tempo Alguém poderá dizer que essa autovalorização e esse desejo de realização é uma questão de classe social. E que as mulheres de classe média e mais escolarizadas se envolvem com um tipo de liberdade que não é comum entre as classes menos favorecidas. Não é verdade, a tendência de lutas pelos direitos ou a mera consciência de si cresce entre as mulheres em todas as esferas. E é preciso fomentar essa liberdade. Conheço uma moça que é manicure, ou seja, pertence a classe social trabalhadora. Ela é mãe de três garotas jovens, ficou viúva, envolveu-se com outro homem e teve mais um filho. Trabalha muito e cria seus filhos todos. O pai do menino mais novo quer casar com ela. Mas ela não quer casar com ele. E quando pergunto a ela o motivo, ela sempre responde que ela ama a própria solidão, que ela precisa do seu próprio tempo. Achei revelador ela dizer que precisa de seu próprio tempo. Conto o exemplo dessa moça de quarenta e poucos anos porque me parece um ótimo caso para pensarmos na descoberta da liberdade de ser e estar. A nossa personagem é uma moça que é do seu tempo por que quer ter seu próprio tempo. A meu ver essa é a característica comum das mulheres contemporâneas. Há ainda muitas mulheres que se submetem ao patriarcado, que tentam agradar não apenas aos homens, mas a toda a moral masculinista, que sonham com um casamento ideal e a maternidade como se este fosse um objetivo de vida. Mas muitas outras já desconstruíram esse paradigma e defendem a liberdade de cada uma a partir da defesa da liberdade pessoal. Por isso, vemos tantas mulheres que ainda querem casar, ter filhos, etc. e outras tantas que não desejam fazer nada disso. Muitas mulheres hoje adoram crianças sem terem se casado, outras tantas casam e optam por não ter filhos. Outras tantas descobrem na homossexualidade uma vida mais feliz. Todas elas rompem com o padrão de subjugação que sempre fez tantas mulheres infelizes. Isso significa que encontram a liberdade que não pode ser realizada por ninguém, senão por elas mesmas. Isso significa ser uma mulher contemporânea: ser dona do seu próprio tempo respeitando o tempo de cada uma, respeitando primeiramente a si mesma. Texto gentilmente cedido pela autora e publicado originalmente no blog: http://filosofiacinza.com/
O Peixe Tânia Cristina Dias* O marido fez chegada. Abeirou-se da cozinha. Sentou. Convocou os cotovelos sobre os joelhos. Ficou sem se mexer, como quem não quer ser percebido. Camaleou-se, feito o banco posto no canto. A mulher continuou seu feito, sem nenhum vestígio de ter percebido o intruso em território seu. Como as mulheres sempre fazem, quando mais querem falar. Apenas observam. A faca, acostumada com o corpo do peixe, abria escamas feito quem abre caminho, vertendo o mato ao chão. O peixe, frio e submisso, cedia em sua única e última missão, dar de si, dar de si, dar de si. O homem de seu mirante-farol observava e afinava o olhar sobre a esposa, que gentilmente se fazia distraída, para que tivesse tempo. O tempo da retidão, o tempo propício dos homens diante das fogueiras, desde o início. Ele mirou o volume assimétrico do vestido dela, as pernas expostas. O pé esquerdo displicentemente apoiado na perna oposta. Era toda ela assim. Assim, de tal forma, que lhe fazia medo. Meio tolo, as vezes. Pueril, infantil. Um soluço chegou-lhe ao peito. Mas não devia. Passou a mão sobre o queijo, alisou-o, puxou-lhe os fios da barba. Teria ou não solução? Que mulher era aquela que lhe fazia pensar tanto e ansiar tanta coisa? Que o fisgara na terra e no céu, feito pipa em mão de menino. Tão feliz, tão feliz, em dia de vento. Ela pegou um bocado de alho e sal, esmagou com certeza da pasta que antevia. Pimenta, tomilho, um pouco de alfavaca. Quebrou os ovos, bateu-os com garfo. Pousou a mão no fubá. - Perdão! A palavra saiu assim. De repente. Fincada na coragem, aflita por ser viva, sedenta de ouvidos. O marido esperou a resposta. Esperava não. Ansiava. A cabeça ainda zonza parecia não encontrar equilíbrio sobre o pescoço. Tudo dependia do que ela diria a seguir. Pensou. E se ela não mais o quisesse, como faz algumas mulheres. E se não existisse mais vento. Nunca mais o céu. Nunca mais a mesa posta com tamanho carinho e com o cheiro que era só dela. Quer azeite? – Não, assim está ótimo. Vai beber chá? Sim, quero mais um pouco. Sim, assim são as mulheres quando amam. Passam a vida a encher a barriga dos pais, dos irmãos e mais tarde do marido e dos fi-
lhos. Só não cozinham quando não amam. Uma mulher não faz isso sem afeto. Por alguns segundos ela parou o que estava fazendo. Virou-se, olhou-o serenamente. Passou o dorso da mão, que ainda segurava a faca, na testa, espantando os cabelos dos olhos. Voltou aos seus afazeres, tempero, os ovos e o fubá. Levantou o corpo do peixe, deitou em óleo quente. Com uma maestria de causar inveja e a certeza de parecer este seu único ofício. O óleo estalava. Esperou o momento exato em que a cor lhe tornava outro tipo de peixe, distinto do que era há pouco no rio. Dispôs sobre o prato. Trouxe-o até à mesa. Colocou as mãos sobre o quadril, sentou-se. Ele pode sentir o cheiro dela, agora, assim tão perto. Parecia a mesma mulher de sempre. Dona da linha, dona do tempo. Ela olhou para ele. Ele pensou ter corado, mas essas coisas não acontecem com aqueles que usam barba. Ela moveu os lábios, como a dizer algo muito importante. Mas a palavra não chegou à superfície. Então ela esticou o braço sobre a mesa, atravessou a distância que os separavam. Colocou sua mão sobre a dele. - Coma... Deitou em óleo quente. A garganta do marido se apertava, esperando a resposta. Que não veio da forma esperada. Retirou o peixe recém feito, novo feito, nova função do frigideira. Dispôs em um prato. E colocou diante dele: Como sempre fazia quando era tempo. - Coma...
JORNAL CULTURAL PLURAL | NÚMERO 3 | SETEMBRO A OUTUBRO DE 2013
* Contista
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Estou partindo... quero viver! Um dia há de ouvireis falar de mim. Não me importa se falarás bem ou mal, mas ouvireis. Morrerei como um outro qualquer. E deixarei apenas saudades nos meus versos. Como respostas às muitas perguntas que me fizeram. Aos fascinantes enigmas que não pude decifrar, deixarei de lado Somente por ter que partir. Sinto que este dia se aproxima Desconfio: Nada mais pode ser feito a meu favor ou contra. Entretanto,ireis lamentar através de alguns,por não me terdes conhecido. E através de outros, dareis graças a Deus. Partirei convicto de que fui fraco, Pois nasci para voar, Sem medo do infinto. Sem provar do vazio da renúncia de quem se entrega. Voei.... Apaixonei-me a tudo que me foi mostrado, Contudo, nada poderei levar. Se hoje o mundo não me entendeu, Lamento... Afinal, eu não posso culpa-lo se fuihomem e mistério. O que me distancia do que é totalmente puro E me faz só pecado. Já me Basta. Senhor Deus.... Quero ser portador de alegria e verdade. Pois só consigo ser eu mesmo. Sou um blefe, sou mundano Sou um alguém qualquer. Sou desejo... Sou vontade... Minha alma chora. Quero um tempo qualquer para viver, Pra eu não me esquecer de mim mesmo. Apenas quero viver. Túlio Cária Acadêmico do curso de Direito da Newton
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A lógica de sentir Tudo que sinto Vou deixar guardado No meu mundo não sensível Até eu ter a certeza Se ser é Ou, se o não ser não é Presentemente entro em uma contradição E se o ser é? Mas e se o não ser for também? Sem conflitos Ou é Ou não é Chego em uma razão Se existe É Logo, a ideia Termo não virou O juízo Proposição não é Mas quem sabe um dia A razão vira argumento?
Bruna Corrêa Fonseca
Acadêmica – 2º período do curso de Direito da Newton
O dedo de caravaggio, 1 eu vou morrer dos licores avermelhados, chumaços entalhados em pedaços dos mares dos teus amores no podre destes espaços molhado pelo de cujo encontrei o santo sujo das tardes e dos mormaços por onde extravio as dores vou montar estardalhaços com meus estritos pavores no corte dos teus embaços. Romério Rômulo
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JORNAL CULTURAL PLURAL | NÚMERO 3 | SETEMBRO A OUTUBRO DE 2013